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Belém
2006
ANA ELISA BONIFÁCIO BARROS
Banca Examinadora:
_____________________________
Profa. Dra. Marianne Kogut Eliasquevici
Presidente da Banca
_________________________________
Profa. Ms. Adriana C. Melo Couceiro
________________________________
Profº. Ms. Luiz Oliveira Maia
A todos que me amam e a quantos amo.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho, por meio de pesquisa bibliográfica, realiza um estudo sobre os principais
pontos da temática software, educação, tecnologia e música, com o objetivo de apresentar e
descrever o Método Informatizado de Iniciação ao Alaúde Renascentista (MIAR), expondo,
portanto, suas características e as etapas envolvidas durante a concepção (design instrucional) e
elaboração do projeto. O MIAR é um método de ensino instrumental para o uso a distância que
utiliza recursos visuais e sonoros dentro de uma arquitetura aberta e modular, de forma a fornecer
o acesso rápido a informações integradas sobre a execução alaudística. O software desenvolvido
é dividido em cinco módulos (histórico, tablatura, postura, execução e manutenção), os quais
foram implementados em JavaScript e eXtensible Markup Language (XML) , utilizando o
browser Internet Explorer para a sua interface. Possui um banco de dados que inclui arquivos de
texto explicativo, figuras ilustrativas, exemplos musicais no formato Musical Instrument Digital
Interface (MIDI) e MusicXML. Observaram-se no método vantagens e desvantagens, entretanto,
pode ser considerado positivo por contribuir com informações pertinentes para os estudantes de
música antiga e para os interessados em alaúde. O MIAR representa, portanto, um pequeno,
porém importante passo em relação à democratização de informações no âmbito musical, por
meio do ensino a distancia.
This technical report describes the theoretical and methodological groundwork for the
development of a distance music education system. MIAR – Computer-Based Method for the
Renaissance Lute – is a system that brings together multimedia resources within a modular, open
software architecture. The objective of the system is to provide efficient access to information on
Renaissance Lute techniques. MIAR is structured around five modules: history, tablature,
posture, execution and maintenance. The software was developed using the JavaScript language,
targeting the browser Internet Explorer for Windows. An XML database features explanatory
texts, figures, and musical examples both in MIDI and MusicXML formats. Being the first such
method in Portuguese, MIAR opens the path to a wider musical audience, providing easy access
to a wide array of information on the Renaissance Lute and facilitating the learning process.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11
1 INTRODUÇÃO
1
Nova disposição espacial de múltiplas telas sobrepostas e interligadas, envolvendo texto, sons, imagens,
movimentos e símbolos.
13
2 TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Uma análise do MIAR do ponto de vista tanto técnico quanto educacional requer uma
discussão prévia que aborde o tema tecnologia e educação devido a sua contribuição na música.
No presente capítulo será tratado as transformações na sociedade impulsionadas pela tecnologia,
tendo como o seu agente propulsor a Internet. Será discutido, também, como a Internet pode
apoiar a educação quando utilizada como fonte de interlocução na modalidade da Educação a
Distância.
[...] O uso dessa tecnologia não como “máquina de ensinar” mas, como uma
nova mídia educacional: O computador passa a ser uma ferramenta
educacional, uma ferramenta de complementação, de aperfeiçoamento e de
possível mudança na qualidade de ensino. [...]
Ainda é freqüente encontrar situações nas quais a tecnologia não trouxe mudanças
significativas nas metodologias anteriormente utilizadas. Mesmo assim, o avanço tecnológico fez
com que fosse reavaliado o papel do professor, o qual dentro dessa nova perspectiva, passa a ser
um mediador e facilitador do processo de ensino. Cabe ressaltar que “As novas tecnologias não
substituirão o educador, pelo contrário, ajudarão a intensificar o pensamento complexo, interativo
e transversal, criando novas chances para a sensibilidade solidária no interior das próprias formas
do conhecimento” (VIANA, 2004, p.13). O aluno, por sua vez, passa a ser um agente participante
do processo educacional e responsável pelo próprio aprendizado. A partir do momento em que as
tecnologias invadiram o espaço de aprendizado, novos esquemas de relações surgiram na
sociedade, conforme pode ser demonstrado na Figura 1.
15
2
A educação por meio da EAD pode ser realizada em qualquer lugar onde haja ferramenta de comunicação
necessária para o ensino; dependendo do curso ou método pode ser o computador, a câmera filmadora, o microfone,
as caixas de som, o Data-Show, etc.
17
De acordo com Eliasquevici (1995), softwares educativos são programas criados para
auxiliar tanto o processo de ensino e de aprendizagem, quanto o desenvolvimento de diversas
habilidades. Por meio do uso de softwares, o aluno pode ter acesso a assuntos do currículo
escolar ou universitário, como também pode desenvolver habilidade sobre qualquer temática.
Existe uma grande diversidade de softwares, os quais exploram um leque de temas
distintos, apresentando, portanto, características e objetivos pedagógicos nem sempre
convergentes. Segundo Valente (2005) podem ser classificados em três principais categorias:
instrução auxiliada por computador (Computer aided instruction CAI), aprendizagem por
descoberta e ferramentas educacionais tanto para o aluno como para o professor. O Quadro 1
descreve a classificação o software e suas ramificações.
3
Por exemplo, o som ouvido pelo telefone é de qualidade inferior ao da fala humana (presencial) (PIMENTEL e
ANDRADE, 2005).
18
a) Tutoriais
• Apresenta informações que não são permitidas ao papel, como animação, sons e a
manutenção do controle da performance do aprendiz, facilitando o processo de
administração das lições e possíveis programas de remediações.
• É facilmente usado na escola, pois não causa mudanças significativas, uma vez que pode
ser considerado uma versão computadorizada dos métodos de ensino tradicionais.
Para Cantarelli (2005), as desvantagens dos tutoriais residem no fato de muitos deles
estarem preocupados mais com o aspecto de entretenimento do que com aspectos pedagógicos, o
que resulta em um ensino extremamente artificial. Outro fator negativo é que a elaboração de um
bom tutorial é algo que normalmente requer altos custos financeiros, além de ser de difícil
elaboração. Um tutorial não pode verificar se as informações nele contidas foram bem
compreendidas pelo aluno, ou se foram assimiladas da maneira correta.
b) Exercício-e-prática
Caracterizam-se por apresentar informações que precisam ser revisadas e fixadas pelo
aprendiz, cujo resultado pode ser avaliado pelo próprio computador. O computador fornece um
estímulo ao aluno para obter a resposta desejada, informando em seguida se está correta a
resposta. De acordo com Macêdo e Corrêa (1996), a vantagem desse tipo de software está na
possibilidade de realizar levantamentos estatísticos sobre os números de erros e acertos, podendo
assim saber como anda o nível de conhecimento dos alunos. Como desvantagem, porém, os
programas utilizam como base de aprendizado a memorização e a repetição, não despertando a
criatividade do aluno.
Com o desenvolvimento e o avanço de novas técnicas de inteligência artificial (IA), e a
sua posterior incorporação ao sistema CAI, surgiu o ICAI (Intelligent CAI), que é uma versão
avançada do CAI. Sobre isso comenta Fritsch et al (2003, p. 144):
Nos softwares que estimulam o ensino por descoberta, o usuário é livre para descobrir por
si mesmo em lugar de repetir e memorizar as informações a ele impostas. Exemplo de softwares
nesta modalidade são programas de controle de processo, simulação, jogos e as linguagens de
programação (como exemplo o LOGO).
Permitem que alunos e professores implementem seus próprios protótipos, sem exigir
conhecimentos avançados sobre programação. Uma característica deste tipo de software é a
possibilidade de o aluno desenvolver um produto. Desta forma, a aprendizagem é realizada de
maneira mais profunda e positiva (CANTARELLI, 2005).
b) Simulação
A simulação pode ser de dois tipos: fechada ou aberta. É considerada fechada quando a
simulação é completamente elaborada no computador, não permitindo que o aprendiz desenvolva
a sua imaginação amplamente. A simulação é aberta quando fornece algumas situações definidas
no computador e estimula o aprendiz a desenvolver as suas hipóteses através da modelagem4.
Assim, o aprendiz escolhe e seleciona as situações que deseja vivenciar virtualmente.
Como indica o próprio nome, o programa de simulação e modelagem mostra situações
surreais ou situações que, se fossem realmente realizadas, seriam perigosas; por exemplo,
experiências químicas, dissecação de cadáveres, balística, criação de plantas e viagens pela
geografia e a história.
4
Na modelagem, o modelo do fenômeno é criado pelo aprendiz que utiliza recursos de um sistema computacional
para implementar esse modelo no computador, utilizando-o como se fosse uma simulação. (CANTARELLI, 2005).
21
c) Jogos educativos
Atraem a atenção das crianças pelo fato de propiciar uma atividade permanente delas com
a brincadeira. Entretanto, é importante informar que um software de jogo só é considerado
educativo quando o seu conteúdo é voltado para a aprendizagem. A grande desvantagem deste
tipo de software é que ele pode desviar a atenção do aluno para a competição, dificultando a
reflexão sobre os processos e estratégias de aprendizagem envolvidas nas atividades.
d) Linguagens de programação
[...] através de ordens simples dadas à tartaruga, esta se desloca pela tela, e ao
se deslocar pode deixar seu rastro obtendo resultado gráficos atraentes, ao
mesmo tempo em que permite a criança obter o processo de construção de
estruturas gerais do pensamento facilitado.
Aplicativos que não foram desenvolvidos com finalidade educacional também podem ser
bem aplicados na educação. Dentre estes se encontram os processadores de texto, a planilhas, os
manipuladores de banco de dados e a calculadoras numéricas. Quando utilizados com software
educativos, esses aplicativos podem fornecer grandes possibilidades de ensino. Um exemplo de
utilização de aplicativos em software educacionais é o programa “Bank Street”, lançado pela
“LOGO Computer System” que consiste em uma combinação de LOGO e processamento de texto
(VALENTE, 2005, p. 5).
Qualquer que seja o software educacional, este necessitará de uma base pedagógica
traçada durante a etapa de concepção. Segundo Ramos (apud TEIXEIRA, 2005), nos softwares
educativos essa base é invariavelmente construtivista ou comportamentalista. Sendo assim, a
corrente pedagógica que fundamenta o CAI se caracteriza por ser comportamentalista.
• A abordagem dura apresenta “[...] planos previamente traçados para uso do computador e
as atividades dos alunos resumem-se a responder a perguntas apresentadas, registrando-se
e contabilizando o resultado” (Teixeira, 2005, p. 4).
3 O SOFTWARE EDUCATIVO-MUSICAL
Sendo o MIAR uma proposta de ensino do alaúde auxiliado por computador, mostrou-se
adequado apresentar em um capítulo separado o que compreende um software educativo-musical.
Isto por que, para a elaboração de um software musical, é necessário agregar aos conhecimentos
anteriores, o entendimento de questões peculiares ao ensino da musica, tais como linhas
pedagógicas e teorias de ensino.
Uma pesquisa realizada pelo músico e pedagogo Keith Swanwick (1988) nas escolas da
Inglaterra, para verificar a prática musical curricular, constatou a existência de três linhas de
pedagogia musical, caracterizadas como tradicional, progressista e multicultural. (MATEIRO,
2005).
A pedagogia tradicional (ou centrada na matéria) consiste na seleção e elaboração de
material didático restritamente pelo professor, que é quem determina como, quando e onde o
aluno deve aprender. Já ao aluno, cabe apenas memorizar e reproduzir o conteúdo transmitido
pelo professor. A multiculturalidade é a linha pedagógica que defende a inclusão de diferentes
culturas por meio do ensino musical a fim de evitar a rotulação e a estereotipação cultural,
“fazendo com que os alunos vivenciem experiências construídas a partir de elementos
independentes de vinculação cultural” (SWANWICK, 1998 apud MATEIRO, 2005, p.6). A linha
pedagógica progressista, por sua vez defende a auto-educação e o desenvolvimento musical a
partir de processos mentais e habilidades cognitivas. Algumas propostas de ensino surgiram
amparadas pela linha pedagógica progressista, dentre elas encontra-se a proposta de atividade
denominada (T)EC(L)A - Técnica, Execução, Composição, Literatura e Apreciação
(SWANWICK, 1979).
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ATIVIDADE DESCRIÇÃO
(T) (Técnica) Aquisição de habilidades - aurais, instrumentais e de escrita
musical; “controle técnico, execução em grupo, manuseio do som
com aparatos eletrônicos ou semelhantes, habilidades de leitura à
primeira vista e fluência em notação”.
E Execução Comunicação da música como uma “presença”, geralmente
implica uma audiência [público] - não importando o tamanho ou
caráter.
C Composição Formulação de uma idéia musical; “todas as formas de
investigação musical, [...] improvisação [...]; ato de fazer um
objeto musical agrupando materiais sonoros de uma forma
expressiva”.
(L) (Literatura) “Literatura de” e “literatura sobre” música; inclui ‘não somente o
estudo contemporâneo ou histórico da literatura da música em si
por meio de partituras e execuções, mas também por meio do
criticismo musical, histórico e musicológico.
A Apreciação Audição receptiva como (embora não necessariamente em) uma
audiência; “envolve uma empatia com os executantes, um senso
de estilo musical relevante à ocasião, uma disposição a ‘ir com a
música é [...] uma habilidade em responder e relacionar-se com o
objeto musical como uma entidade estética”.
Quadro 4 - Modelo (T)EC(L)A
Fonte: Hentschke e Del Ben (2003, p.26).
• O modelo (T)EC(L)A é indicado para o uso em cursos de música que utilizem a forma de
ensino de software para auxílio a professores (ensino presencial com auxílio de softwares)
ou semi-presencial (contato com o professor é realizado mesmo que a distância, por meio
da Internet e/ou outros sistemas de comunicação). A sua utilização no ensino a distância,
sem a avaliação e acompanhamento constante do professor, é praticamente inviável,
particularmente na realização de improvisos e composições.
5
Segundo Fritch et al (2003), um programa de habilidades específica é o software voltado ao desenvolvimento de
um conjunto de habilidades específicas, tais como percepção musical, ou no caso do MIAR execução instrumental.
32
(instrumento inventado pelo alemão E. Trautwein, que consistia em um teclado que não tocava
melodias ou acordes, mas produzia diversos timbres distintos). Hoje esse instrumento eletrônico é
conhecido como sintetizador. Assim, houve o encontro da música com a tecnologia. Desde então,
o uso da tecnologia no meio musical tem sido cada vez mais comum e freqüente, sendo
incorporada nos últimos anos também na educação musical com a utilização de aplicativos de
software para o professor em sala de aula, e também com software elaborados especificamente
para a educação musical, que também podem ser aplicados na modalidade de ensino a distância.
Encontram-se atualmente diversos tipos de softwares utilizados por músicos, ou
desenvolvidos especificamente para o ensino musical, fornecendo ao professor e ao aluno a
possibilidade de escolha de acordo com as suas preferências e/ou necessidades pessoais. Este
capítulo descreve alguns tipos de programas educativo-musicais desenvolvidos no Brasil,
enfocando as especificações e o emprego destes, de forma a subsidiar a elaboração do MIAR.
Entre a grande diversidade de softwares musicais existentes mencionam-se programas
para edição de partituras, seqüenciamento, acompanhamento, gravação de áudio e síntese sonora.
Embora os objetivos desses programas não sejam necessariamente educativos, estes podem ser
empregados como auxílio ao professor em sala de aula, de acordo com os propósitos
educacionais e musicais do professor (FRISCH et al, 2003). (Ver anexos 1 e 2).
Já os programas de educação musical (educativo-musicais) são elaborados para o ensino
de habilidades musicais específicas, tais como história, percepção, teoria, análise e prática
instrumental. Dentro dessa categoria de software educativos encontra-se os CD-ROMs multimídia
e os web-sites (MILETTO et al., 2004), os quais não contam com o auxílio presencial do
professor, sendo utilizados tanto no ensino a distancia quanto para o ensino auto-direcionado.
Já existem experiências brasileiras na produção de softwares educativo-musical,
destacando: o sistema de treinamento rítmico - STR (Fritsch et al. 1998 apud Milleto et al 2004),
o Sistema para Treinamento de Intervalos - STI (Flores, 2000 apud Milleto et al 2004), o Sistema
Especialista para Teoria Musical - SETMUS (Fritsch & Viccari, 1995; Zucco, 1997 apud Milleto
et al 2004), o Método de Ensino de Programação Sônica para Músicos - MEPSOM (Fritsch, 2002
apud Milleto et al 2004) e o LOGO-Música (MARTINS, 199O). Inserido nesta perspectiva de
softwares educativo-musicais, se encontra o MIAR que será detalhado no capítulo seguinte.
33
Caracteriza-se por ser um software para auxílio nas aulas de música (portanto não é auto-
instrucional). O sistema contém quatro módulos: ditado rítmico, recursos rítmicos, composição
rítmica e repertório rítmico (Figura 2). Seu público-alvo é o estudante com idade superior a 12
anos, tendo como pré-requisito o conhecimento teórico-musical, especialmente em notação
tradicional. O STR caracteriza-se por apresentar uma pedagogia embasada no modelo (T)EC(L)A
(SWANWICK, 1979).
c) Sistema Especialista para Teoria Musical - SETMUS (Fritsch & Viccari, 1995; Zucco,
1997 apud Milleto et al 2004).
É um programa elaborado para ensinar manipulações simples do som (Figura 5). Para
tanto, a utilização do software é tida como um laboratório para a realização de experiências de
programação. Os autores propõem o seu uso para o ensino de programação, mas esse objetivo
parece fora de contexto já que o sistema foi desenvolvido no ambiente Max/MSP (Puckette,
1988). Max/MSP é um software comercial criado com objetivo de facilitar a criação de música
interativa.
Figura 5 - MEPSOM
Fonte: Milleto et al (2004, p.9).
e) LOGO-Música
É um método de ensino musical que utiliza a linguagem LOGO, cujo objetivo é “fornecer
possibilidades para as pessoas construir seu conhecimento através do fazer e do refletir sobre esse
fazer” (MARTINS, 1990, p.2). O método consiste na programação do aluno do som desejado
(esse procedimento denomina-se composição). Ou seja, o aluno “manuseia” os parâmetros
sonoros (timbre, intensidade, duração e freqüência) e, conforme ele modifica esses parâmetros,
constrói sons diferentes, realizando, assim, a sua própria composição. Neste processo são
introduzidos vários conceitos musicais, como frase, variação, motivo e repetição.
37
6
Experiência pessoal obtida em palestras ministradas pela professora de alaúde Regina Albanes para alunos de
violão, realizada no festival de música antiga em MG (Juiz de fora, 2003). Palestras ministradas pela autora no
Conservatório Carlos Gomes durantes as aulas do professor Ms Sidney Molina para alunos de violão (Belém - PA
2003). Palestras sobre Alaúde Renascentista realizadas durante a Bienal Internacional de Música de Belém 2004
38
foi desenvolvido é para pessoas a partir de 15 anos de idade, pelo fato do método não apresentar
uma linguagem simplificada para acrianças, sendo porém, perfeitamente compreensível para
adolescentes e adultos. Como pré-requisito é necessário o conhecimento dos princípios básicos da
teoria musical, especificamente a escrita rítmica da partitura tradicional, já que o MIAR apesar de
ensinar a ler os símbolos da tablatura, este não apresenta treinamento rítmico, devendo, portanto
este tema ser anteriormente conhecido pelo usuário.
ATIVIDADE DESCRIÇÃO
(T) (Técnica) O aluno tem acesso a informações, apresentadas em forma de
textos e imagens, sobre técnicas de execução específicas para o
alaúde renascentista, contexto histórico, manutenção e afinação
do instrumento.
E Execução O aluno executa obras através da leitura de tablaturas. O MIAR
provê o auxílio sonoro e visual para a execução das tablaturas.
(L) (Literatura) O MIAR apresenta textos e imagens sobre todo o histórico do
alaúde, desde a idade média até a contemporaneidade. Inclui
também informações específicas sobre a interpretação musical do
alaúde renascentista.
A Apreciação Por meio da audição dos exercícios e das obras musicais, o aluno
é estimulado à apreciação da obra antes, durante e depois da
execução musical
Quadro 5 - Modelo (T)E(L)A
Fonte: adaptado de Hentschke e Del Ben (2003 p.26).
O MIAR passou por várias etapas de elaboração não somente referente a seus aspectos
pedagógicos, como também na sua implementação (design instrucional).
Visualização Visualização
Reconhecimento das posições dos dedos Reconhecimento das notas musicais (e suas
respectivas posições dos dedos para a execução
musical), além dos símbolos de tonalidade,
dinâmica, expressão etc.
Execução
Execução
7
A tablatura é um sistema de notação musical que apresenta símbolos para indicar o posicionamento dos dedos e
uma escrita rítmica simplificada.
8
Todas as obras musicais para alaúde foram compostas e escritas em tablatura.
44
9
O ritmo na tablatura é representado somente pelas hastes da nota.
45
MIAR
a) Módulo Histórico:
10
O alaúde europeu derivou do Ud, um instrumento de origem Árabe. O Ud foi introduzido na Europa durante a
idade média, durante a ocupação da Espanha (714-1492), pelos invasores árabes, e pelas cruzadas (peregrinações que
levavam o Cristianismo aos povos do oriente). Os espanhóis chamavam este instrumento de al’ ud, no que
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próprio alaúde barroco (o alaúde barroco pode possuir as seguintes ramificações: Teorbas,
Chitarrone e Archalaúde). Destaca-se, entretanto, o período da renascença por este ter sido o auge
do alaúde (ALMEIDA, 2001). Acredita-se que, para uma execução do instrumento de maneira
consciente, é primordial ao aluno apreender o histórico e evolução do instrumento, de forma a
contextualizar a sua performance e técnicas atuais.
b) Módulo Tablatura:
Neste módulo é iniciada a leitura da tablatura francesa (ver Anexo 5), estudando a
digitação da mão direita e esquerda, leitura de ritmo e símbolos da tablatura. Para a melhor
compreensão deste módulo é sugerido que o seu estudo seja sistemático, sem pular os tópicos
apresentados, pois estes estão concatenados e coordenados em níveis crescentes de dificuldade e
conhecimento.
c) Módulo Postura:
Com o objetivo de conscientizar o aluno para esse tema, o presente módulo foi elaborado
(ver Anexo 6). Compreende-se, portanto que é de grande importância para o aluno a
compreensão da postura (posição corporal) em relação ao instrumento, mantendo-se o mais
confortável possível. O objetivo é o maior rendimento físico com o menor esforço. Sabe-se que
problemas de postura acarretam lesões de diversos níveis, se estendendo de leve até as mais
graves.
d) Módulo Execução:
Este módulo é dedicado ao ensino sobre como tocar o alaúde, envolvendo a leitura de
texto, a tablatura, a audição de arquivos com formato Musical Instrument Digital Interface
(MIDI) e a observação de figuras (ver Anexo 7). As técnicas alaudisticas observadas no método
são as tradicionais, que foram obtidas por meio de estudos e pesquisas dos documentos, pinturas
e gravuras obtidos do período do final da idade média e início da renascença (OHLSEN, 1986). O
MIAR procura não interferir nos padrões técnicos construídos e estudados durante séculos.
e) Módulo Manutenção:
Este módulo se destina ao ensino dos cuidados necessários para a manutenção do alaúde
(ver Anexo 8). É importante que todo alaudista saiba alguns cuidados básicos, tais como o
cuidado com as cravelhas e cordas, sem os quais o alaúde perde em afinação e qualidade sonora.
Para tanto, este módulo inicia-se dando informações sobre a estrutura do alaúde, para em seguida
abordar os procedimentos para a manutenção e bom funcionamento do instrumento.
Tão importante quanto à base pedagógica do MIAR está a estrutura tecnológica, pois a
implementação de um bom software educativo, pressupõe uma concepção pedagógica e
técnica/computacional. Para a melhor compreensão da estrutura tecnológica empregada no
projeto, este tópico foi dividido em: linguagens empregadas, banco de dados, formato de
arquivos, edição e manipulação de conteúdos, e montagem da interface.
O MIAR é um sistema multimídia11 que apresenta na sua interface elementos de texto,
imagem e áudio, além de ferramentas para manipulação de dados musicais (específicos da escrita
musical tradicional), e para manipulação da tablatura (específica para a escrita musical do
alaúde). O sistema é estruturado de forma modular, sendo facilmente extensível, uma vez que foi
concebido como banco de dados no padrão Extensible Markup Language (XML), inclui arquivos
de imagem (jpg e gif) e musicais (MusicXML e MIDI). A interface do MIAR inclui métodos
desenvolvidos para executar as peças codificadas em formato MIDI. Todos os exemplos didáticos
fornecem informações visuais e sonoras.
O procedimento de manipulação dos dados musicais é realizado em duas etapas.
Primeiramente edita-se a partitura ou tablatura utilizando os editores Finale (editor de partituras
11
A reunião de dois ou mais mídias em um computador forma um sistema multimídia.
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em formatos múltiplos) ou Django (editor para tablatura alaudística). O editor Finale gera um
arquivo próprio, do tipo “MUS” o qual pode ser exportado para o padrão MusicXML , utilizando
o plug-in Dolet (Good, 2002). Este editor permite também exportar arquivos para o formato
MIDI.
a) HTML
A sigla HTML vem do inglês Hiper-Text Markup Language, que significa linguagem de
hipertexto baseada em marcas, tornando-se uma linguagem de primordial importância para
criação de páginas da Internet e de softwares multimídias. Quanto à sua funcionalidade, o HTML
informa ao navegador (Mozila, Internet Explored, Planet, Opera,e Netscape,) o conteúdo da
página, quais tipos de arquivo ela contém e onde eles se encontram; o navegador por sua vez, tem
a tarefa de formatar esses arquivos, podendo portanto existir diferentes formas de formatação da
mesma página, dependendo de que navegador é acessado (CONTI, 2005). No MIAR, a
linguagem HTML foi utilizada para o desenho da interface e exibição dos dados XML.
b) JavaScript
A linguagem JavaScript, lançada em 1995, é uma linguagem lançada pela Netscape, para
a utilização em paginas da Web. Com essa linguagem, é possível adicionar recursos dinâmicos às
páginas HTML, ou seja, possibilitando a interação do internauta com a página. (ALECRIM,
2003). A utilização do JavaScript é feita por meio da sua inserção no código do HTML,
49
utilizando a tag12 (marcação) <SCRIPT> </SCRIPT>. Todo o código que estiver entre essas tags
é entendida como escrito na linguagem JavaScript (Figura 9). A execução do JavaScrpt pode ser
realizada através de um browser, que pode ser, por exemplo o Internet Explored, o Mozila,ou o
Netscape.
<html>
<body>
<script language=”Javascript”>
socument. write(“MIAR”)
</script>
</html>
12
As tags são elementos de identificação, que obedecem a uma hierarquia estrita pela qual é formada uma arvore de
representação, denominada DOM (modelo do documento objeto).
50
return data;}
...
Com o conteúdo armazenado em uma variável, podemos usá-la para formatar nossa página,
para isso, utilizamos a função writePage(), que recebe os elementos como argumentos e um
índice para controlar qual dado deve ser exibido:
...
function writePage(titles, texts, figures, references, midifiles, index){
document.write("<h3 align=\"center\">" + titles[index] + "</h3>");
document.write("<p align=\"justify\">" + texts[index] + "</p>");
document.write("<a href=" + references[index] + ">[1]</a>");
document.write("<img align=\"center\" src=" + figures[index] + " ><br>" );
document.write("<embed src=" + midifiles[index] + " ></embed>");
}
c) XML
< pessoa>
<nome> João da Silva </nome>
<endereço> Rua da 25 </endereço>
<cep> 15015-500 </cep>
<cidade> São Paulo </cidade>
<estado> SP </estado>
</pessoa>
De acordo como Ramalho (2002), o XML tem se convertido na estrutura de dados mais
utilizada no desenvolvimento de ferramentas de trabalho em rede. A principal utilização do XML
no MIAR, foi durante a elaboração do banco de dados (melhor detalhada no item 4.4.3).
51
d) MusicXML
• O nível técnico das obras para instrumentistas iniciantes, sendo assim de fácil execução.
Com relação à triagem de imagens, esta foi realizada de acordo com as necessidades
apresentadas pelo conteúdo. As imagens foram retiradas do site <www.alaude.kit.net> com a
permissão dos autores Jorge Almeida e Humberto Ugenti Almeida e elaboradas também por
ensaios fotográficos realizadas no Conservatório Carlos Gomes
Já quanto à escolha da notação musical utilizada no método, esta foi pautada nos
seguintes critérios:
O banco de dados, como já citado, foi estruturado no formato XML, por apresentar
“portabilidade elevada porque tudo que um navegador precisa para ver XML é ter noção que ela
controla a aparência” (ALVES, 2005, Pág. 4). Os elementos compreendidos na base dedado são
textos, imagens, arquivos com formato MIDI (sons), arquivos com formato MusicXML (tablatura)
e referências. Houve a necessidade de criar tags próprias para organizar esses elementos na base
de dados (Figura 12).
4.4.4 A Interface
A primeira tela com a qual o aluno interage ao acessar o MIAR é a tela de validação dos
dados do usuário13 (Figura 13), implementada para prover maior segurança.
13
A senha será fornecida aos usuários junto com o CD-ROM do software.
54
São aspectos que compõem a interface de apresentação do MIAR, um efeito atraente com
letras chamativas para seduzir o usuário, um texto de apresentação do método e um Menu com as
opções básicas de navegação pelo conteúdo. Procurou-se manter em todas as páginas
(subseqüentes à tela de validação) um layout padronizado, de maneira a tornar a navegação mais
fácil e intuitiva. As cores selecionadas são neutras (branco e preto) dando maior destaque ao
conteúdo gráfico do método. Os ícones foram pensados em função da sua simplicidade e
facilidade de identificação (DIAS, 2004). A ordem da distribuição das informações foi
organizada na seguinte seqüência (Figura 14):
55
4 5
6
Figura 14 - A organização da interface geral
14 O link é um botão virtual que serve como atalho, caminho, ou ligação para um determinado o conteúdo.
Desempenhando assim a função de designador das hiperligações do hipertexto.
56
TELA 1
Neste tipo de navegação, primeiro o usuário visualiza na interface a página número 1 com
a apresentação do presente módulo e com as instruções para o melhor aproveitamento e
aprendizagem do mesmo. Depois são apresentadas as demais telas seqüencialmente, e nelas estão
as informações respectivas de cada módulo (exemplificado na Figura 17).
Módulo
Histórico Origem do O alaúde
Apresentação alaúde Medieval
O alaúde Etc.
Renascentista
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
com a “presença” de um tutor que possa acompanhar o processo de ensino e de aprendizado. Para
tal, será indispensável a utilização de câmeras e microfones que permitam o diálogo entre os
participantes e a visualização (através de webcam) da postura e desenvolvimento técnico do
aluno. Intenciona-se realizar, também, uma ampliação do repertório musical e exercícios para
estudo.
Ao analisar as vantagens e desvantagens do método observa-se que o MIAR é positivo,
por mostrar que é possível o casamento entre música antiga e tecnologia, e principalmente por
representar um passo rumo à democratização da informação musical.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Luiz Felipe Dias. Mídias Integradas de Baixo Orçamento. Relatório parcial
PIBIC/CNPq. Belém, Pará. 2004.
ALVES, Wesin Ribeiro. Mídia Integrada de Baixo Orçamento. Relatório Final PIBIC/CNPq.
Belém, Pará., 2005.
ALMEIDA, Jorge Dos Santos. Introdução à história do alaúde. Manuscrito do autor. Rio de
Janeiro, 2001.
BARROS, Ana Elisa Bonifácio. Mídia Integrada de Baixo Orçamento. Relatório parcial
PIBIC/CNPq. Belém, Pará,. 2004.
BRUNNER, José Joaquín. Educação no encontro com as novas tecnologias. In: TEDESCO, Juan
Carlos. Educação e novas tecnologias: esperança ou incerteza? São Paulo: Cortez; Buenos
Aires: IIEP; Brasília: Unesco, 2004. p.9-75.
HENTSCHKE, Liane & DEL BEN, Luciana. Aula de música: do planejamento e avaliação à
prática educativa. In HENTSCHKE, Liane & DEL BEN, Luciana. (Org.) Ensino de Música:
propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003. p. 176 - 189.
KRÜGER, Suzana Ester; FRITSCH, Eloi Fernando; VICCARI, Rosa Maria. Avaliação
Pedagógica do Software STR. Disponível em: <http://gmc.ucpel.tche.br/rbie-artigos/nr8-
2001/kruger-fritsch-viccari.html>. Acesso em: 5 out. 2005.
KOGUT, Marianne. Informática ao encontro das crianças de rua: uma proposta. Dissertação
de mestrado. COPPE/UFRJ. 1991.
POULTON, Diana. An introduction to lute playing. London: SCHOTT & Co. LTD. 1961.
62
______. English Ballad tunes for the lute. London: Gamut Publications-Cambridg. 1975.
POULTON, Diana, & LAM, Basil. Jonh Dowland: the collected lute music. London: Faber
Music. 1974.
RAMALHO, J.A. XML Teoria e prática. São Paulo: Berkeley Brasil, 2002.
STALEY, Buentens. Method for the renaissance lute. California: Instrumenta Antiqua
Publications, 1969.
Requisitos mínimo
Categorias Recursos desejáveis para para uso Exemplos
utilização do software
Biblioteca de estilos, controle de Arranger’s
arranjo, editor de estilos, gravação Interface MIDI, tool, Band-in-
Acompanhamento da melodia, harmonização da teclado ou a-box,
melodia, controle de expressividade, controlador MIDI e CAMPS,
impressão da partitura, edição e impressora. Jammin’Keys,
impressão da letra da música, Visual
configuração de sintetizador e Arranger,
suporte a MIDI file. Winchime.
Tipos de clave, multiplas vozes, Sibelius,
letra da música e cifra, ferramentas Interface MIDI, Encore, Finali.
Edição de partitura de edição, editor de símbolos, instrumento
gravação/execução via MIDI, controlador MIDI e
quantização, seleção de bancos, impressora
listas e instrumentos, multiplas
portas MIDI, suporte a arquivos
Standart MIDI file.
Multiplas entradas e saídas de áudio, Placa de áudio, Pro Tools,
suporte a vários arquivos de áudio, espaço em disco, Sonar, Logic
Gravação de áudio. gravação multipista, controle de equipamento para Áudio,
volume e pan, ferramentas de gravação e audição, Platinum,
edição, processamento de sinal, velocidade de SAW, Studio,
sicronização externa, recursos de processamento, e SoundForge.
backup, instrumentos virtuais. dispositivo de
backup.
Fonte: Miletto et al (2004 p.7).
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Requisitos mínimo
Categorias Recursos desejáveis para para uso Exemplos
utilização do software
Multimédia
Elements of
Music,
Instrução Interface MIDI, Musique,
Diversidades de exercícios, tabela de instrumento MIDI, Keyboard
resultados, suporte a MIDI, níveis microfone, placa de Intervals,
de dificuldade. áudio. Auralia, Ear
Training,
Listen,
Keyboard
Skills, Music
Lessons.
Configuração do modo de gravação Interface MIDI, Cakewalk,
MIDI em replace, loop, overdub, controlador MIDI, Cubase, Logic
punch-in-out, ferramentas de edição, dispositivo SMTPE, Áudio, Vision.
Seqüenciamento quantização, suporte a seleção de placa de áudio,
bancos de som, listas de espaço e velocidade
instrumentos, multiplas portas no disco rígido,
MIDI, edição gráfica, mixer, equipamento de
visualização da partitura, áudio, computador
sincronismo externo, suporte a rápido.
SysEx, trilhas de áudio,
instrumentos virtuais.
Placa de áudio, VAZ, Virtual
Polifonia, multitimbralidade, mais velocidade de SoundCanvas,
de uma técnica de síntese sonora processamento, Reaktor,
Síntese além da subtrativa, possibilidade de espaço em disco, Csound,
expansão, compatibilidade MIDI, no interface MIDI MaxMSP,
mínimo três tipos de filtro(BPF, editores como
HPF, LPF), modalidades como o Clavia Nord
LFO, S/H ADSR, Envelop Modular e
Follower, Vocoder Plug-ins como
o PPGWave.
Fonte: Miletto et al (2004 p.7).
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