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Engenharia de Minas

Teoria das Variáveis Regionalizadas

Docente:  Marcos Vinicius Agapito Mendes

Discente: Guilherme Rodrigues dos Santos

Matrícula: 201903115

Catalão-GO

2021
Introdução

É apontado por Armstrong (1998) que Matheron (1963), percebendo a


importância do aspecto espacial dos dados geoestatísticos, determinou o termo
variável regionalizada para representar variáveis distribuídas no espaço. Tais
variáveis podem possuir:

 “... um aspecto aleatório, que explica as irregularidades locais ...”, e


 “... um aspecto estruturado, que reflete tendências em grande escala”

(Armstrong, 1998)

Além disso, são consideradas ideais para descrever “... quase todas as
variáveis encontradas nas ciências da terra...” (Journel e Huijbregts, 1978).

Considerando, por exemplo, um depósito de minério de ouro. O grau do


minério de ouro pode ser pensado como uma variável regionalizada, uma vez
que os valores da nota se distribuem em espaço, e exibem tanto um aspecto
estruturado (áreas de grau rico e pobre) quanto um aspecto aleatório
(variabilidade local nas medições de grau).

“Do ponto de vista matemático, uma variável regionalizada é


simplesmente uma função f(x) que assume um valor em cada ponto x, dentro
de um espaço ou região estudada...” (Journel e Huijbregts, 1978). Então, uma
variável aleatória pode ser vista variando aleatoriamente de acordo com
alguma distribuição de probabilidade, enquanto uma variável regionalizada
pode ser vista como uma variável que varia regionalmente, ou seja, de acordo
com sua localização espacial.

Desenvolvimento

A geoestatística utiliza um modelo probabilístico baseado em funções


aleatórias e variáveis regionalizadas (Journel e Huijbregts, 1978, e
Wackernagel, 1995). Geoestatística é a aplicação da teoria das variáveis
regionalizadas á estimativa de depósitos minerais (com tudo o que isso
implica). De maneira geral, quando um fenômeno se espalha no espaço e
exibe uma certa estrutura espacial, dizemos que ele é regionalizado. As
ciências da terra, entre outras, oferecem inúmeros exemplos.

A teoria das variáveis regionalizadas tem, portanto, dois objetivos


principais:

 em bases teóricas, para expressar essas propriedades estruturais de


uma forma adequada.
 em termos práticos, resolver o problema da estimativa de uma variável
regionalizada de dados de amostragem fragmentários.

Essas duas finalidades estão relacionadas para a mesma rede de


amostras. O erro de estimativa depende das características estruturais: por
exemplo, torna-se maior quando a variável regionalizada é mais irregular e
mais descontínua em suas variações espaciais.

O campo de uma variável regionalizada é a região onde difere de zero.


Frequentemente, uma função f(x) em si mesma é desconhecida, mas apenas
seu valor médio de f(x) em uma amostra desenhada no ponto x. Essa
regularização f(x) é notavelmente mais regular do que a variável regionalizada
f(x). Outro ponto importante da teoria das variáveis regionalizadas será
determinar as características para conhecer aquele f.

Matheron (1971) determinou que as próximas etapas da teoria das


variáveis regionalizadas seriam os métodos de transição e a teoria das funções
aleatórias intrínsecas. Para atingir esses objetivos, dois grupos de métodos
disponíveis:

 métodos transitivos: absolutamente gerais e, em particular, não


necessitando de nenhuma hipótese de natureza probabilística e, a
fortiori, de qualquer hipótese de estacionariedade.
 teoria intrínsica: uma aplicação da teoria das funções aleatórias; são
introduzidas interpretações linguísticas, bem como uma certa hipótese
de estacionareidade (a hipótese intrínseca).

Do ponto de vista teórico, esses dois grupos de métodos levam a


resultados equivalentes: isso é importante para a metodologia, pois mostra que
os resultados da teoria intrínseca não dependem da hipótese de
estacionareidade. Além disso, é possível construir uma teoria probabilística
livre desta hipótese, que ainda produz os principais resultados da geostatística.

Em uma maior abrangência, tratando da função aleatória em geral, essa


função, denominada por Y(x) pode ser sempre considerada uma variável
regionalizada e vice-versa. Posteriormente, Matheron estabelece definições de
uma função aleatória Y(x): estacionaridade, esperança, covariância,
estacionaridade de segunda ordem, variância à priori infinita e hipótese
intrínseca. Ademais, Matheron (1971) também define que um variogramas
possui outras variedades como continuidade, comportamento na origem, efeito
pepita, amplitude e anisotropias.

Nos métodos transitivos, o interesse é por uma região delimitada por S,


que pode ser por exemplo, uma formação geológica, que pode estar dentro ou
fora do “campo”. É por essa hipótese de estar dentro ou fora que esse método
recebe o nome de transitivo.

Matheron determina que a próxima etapa seja a krigagem, a qual é um


método geoestatístico estimador que leva em consideração as características
espaciais de autocorrelação de variáveis regionalizadas. Nas variáveis
regionalizadas deve existir uma certa continuidade espacial, o que permite que
os dados obtidos por amostragem de certos pontos possam ser usados para
parametrizar a estimação de pontos onde o valor da variável seja
desconhecido.

Considerações finais

Assim, conclui-se que a correlação espacial entre amostras é uma


característica fundamenta da variável regionalizada. Com base nisso, pode-se
definir uma variável regionalizada como qualquer função numérica com uma
distribuição e variação espacial, mostrando uma continuidade aparente, mas
cujas variações não podem ser previstas por uma função determinística (Biais;
Carlier, 1968 apud Olea, 1975).

Contudo, o seu entendimento pode descrever melhor o padrão espacial


do fenômeno em estudo. Ademais, o variograma é uma ferramenta básica de
suporte às técnicas de geoestatística, que permite representar
quantitativamente a variação de um fenômeno regionalizado no espaço
(Huijbregts, 1975). Temos ainda que o melhor estimador para uma variável
regionalizada deve levar em consideração as respectivas posições relativas e,
portanto, a característica estrutural do fenômeno.

Referências bibliográficas

Journel, A.G. and Huijbregts, C.J. Mining Geostatistics. Academic Press,


London, 1978.

SANTOS, Dionizio dos; Uma introdução ao semivariograma: e sua


importância dentro da geoestatística. Universidade Estadual de Londrina,
XXXIV Semana de Geografia.

YAMAMOTO, J.K.; LANDIM, P.M.B. Geoestatística: conceitos e aplicações.


São Paulo: Oficina de textos, 2013.

MATHERON, Georges.  Teoria das Variáveis Regionalizadas e Suas


Aplicações. Paris, École Nationale Supérieure des Mines de Paris,1971.

YAMAMOTO, J.K; Retrospectiva da Geoestatística II: Teoria das Variáveis


Regionalizadas e Suas Aplicações. Geokrigagem, 2018.

ARMSTRONG, Margaret; Regionalized Variables, 1998.

Guangren Shi. Data Mining and Knowledge Discovery for Geoscientists,


2014.

OLIVER, M.A. Basic Steps in Geostatistics: The Variogram and Kriging.


University of Reading, 2015.

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