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Élcio Santana
1 INTRODUÇÃO................................................................................................
4 ALFORIA...........................................................................................................
6 A NACIONALIDADE ESCRAVA.................................................................
8 CONCLUSÃO..................................................................................................
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................
1 Introdução
De acordo com a perspectiva dos senhores de escravos do Rio de Janeiro, havia apenas
um papel apropriado para os cativos: realizar todas as atividades manuais e servir de “bestas
de carga” da cidade. Eles eram não apenas as máquinas e “cavalos” da capital, mas também
fontes de riqueza e do capital de seus donos.
É preciso lembrar que, em função da ideologia escravista, então arraigada na
sociedade brasileira, todo trabalho manual era considerado degradante e vergonhoso, só sendo
digno de ser executado por escravos. Isso incluía o transporte de qualquer tipo de objeto pelas
ruas, por menor e por mais leve que fosse.
Além de trabalhar, os escravos exerciam muitas outras funções. Nas manhãs de
domingo, por exemplo, os donos faziam-nos desfilar pelas ruas da cidade para exibir sua
posição social e riqueza. Se um senhor precisasse tomar emprestado dinheiro, os escravos
serviriam de garantia. Quando a filha do senhor casava, eles podiam servir de dote, assim
como, em ocasiões especiais, podiam ser dados de presente a amigos ou parentes do dono ou
ainda doados a instituições de caridade. Também ganhavam dinheiro para ele, que às vezes os
alugava. Com freqüência, os senhores viviam dos proventos de seus escravos ou faziam-nos
trabalhar de “negros de ganho”, recebendo uma parte do que eles obtinham. Além disso, as
escravas tinham, às vezes, de servir de parceiras sexuais de seus senhores, na qualidade de
concubinas, amantes ou companheiras.
Alguns dos canteiros faziam parte do maior grupo de escravos em obras públicas.
Na maioria dos casos um grupo misto de condenados, escravos sob punição, escravos
alugados e africanos livres trabalhavam em todos os projetos de obras públicas da época.
Um dos trabalhos mais difíceis era a construção de estradas que, em alguns casos,
compreendia a drenagem de pântanos e a preparação de um leito elevado, precisando de
bandos de escravos para mover a terra. Em grande medida, a cidade obtinha sua mão-de-obra
para carregar terra e pôr pedras dos presos acorrentados, cativos alugados e africanos livres.
Os escravos alugados eram aparentemente pavimentadores especializados.
A prática de alugar escravos para o governo municipal era tão comum que os senhores
os alugava até como acendedores de lampião. Alguns africanos livres também trabalhavam
como acendedores de lampião.
Outro serviço público que empregava tanto escravos quanto africanos livres era o dos
bombeiros.
Sempre que a raiva ameaçava a cidade, o governo municipal alugava escravos para a
perigosa tarefa de capturar e matar cães vadios e possivelmente infectados.
A venda de qualquer coisa de porta em porta era uma atividade constante dos escravos
de todas as idades e de ambos os sexos. Era feita em tempo parcial ou integral. Escravos
ambiciosos usavam seu tempo livre de domingo, feriados ou as noites para vender alimentos
ou objetos que haviam feito, comprado ou roubado.
Havia escravos que conseguiam sucesso como vendedor, e com a permissão de seus
donos efetuavam a atividade em tempo integral. Já outros escravos pertenciam a senhores que
já tinham algo a vender, e simplesmente eram utilizados como escravos de ganho - criado.
Esse padrão cresceu evidentemente ao longo da primeira metade do século XIX.
Existe um fator característico dos escravos utilizados como vendedores ambulantes e
que se sobressai às outras atividades exercidas por escravos. Trata-se do fato de que essa
categoria necessitava de licenças para trabalhar, o que fez com que houvesse registros, que
estão conservados até hoje. É importante também mencionar o fato dessa categoria fascinar os
que pintavam frequentemente seus trajes tradicionais.
Não existiam limitações para a venda de mercadorias nas ruas, desde que pudesse ser
carregada de porta em porta. Alguns escravos se tornavam especialistas em vender certos
artigos, porque eram empregados péla pessoa que os fazia. Mas era comum também um
escravo vender vários artigos e produtos
Uma das mais importantes ações dos ambulantes estava na venda de todos os tipos de
alimentos frescos ou preparados. Em particular o negócio de comida exceto a carne e o peixe
vendidos por homens, parece ter sido uma especialidade das mulheres africanas.
A prostituição também estava presente nas ruas como uma forma de comércio, e as
escravas se encontravam nessa atividade em tempo parcial ou até mesmo integral. Algumas
escravas se prostituíam para ganhar dinheiro, mas também havia senhores que forçavam suas
cativas com melhor aparência, a se prostituírem, e agenciavam essas escravas obrigando-as a
trabalhar na rua.
Os escravos mais peritos do Rio e, com freqüência, os mais bem pagos, eram os
profissionais especializados e artesãos. Alugados pelas autoridades municipais, faziam parte
da elite dos escravos da cidade. Muitos trabalhavam para seus donos, que também eram
artífices peritos, e haviam lhes ensinado a profissão, ou sozinhos, como negros de ganho.
Havia tal demanda por libertos e escravos peritos que eles encontravam pleno emprego e bom
pagamento.
A instrução de um escravo levava tempo, porém se compensava com a valorização do
escravo e com os aluguéis mais altos que seu amo passava a receber. Segundo Gorender,
baseado em informações de Eschwege, enquanto se pagava pelo aluguel de um escravo
comum 300 réis diários, aos piores aprendizes de um ofício qualquer, 600 rés e, aos mestres,
900 a 1.200 réis. Um escravo comum custava cerca de 400$000, enquanto que o preço de
venda de um escravo oficial oscilava entre 600$000 e 1:000$000.
Os escravos especializados faziam-se presentes em todos os ofícios urbanos –
carpinteiros, pedreiros, calceteiros, impressores, pintores de tabuletas, construtores de móveis
e de carruagens, artífices de objetos de prata, joalheiros e litógrafos, alfaiates, sapateiros,
barbeiros, cabeleireiros, curtidores, ferreiros, ferradores e outros.
A descrição acima, feita por Rugendas, dá uma idéia do que eram os mercados de escravos
nas grandes cidades portuárias brasileiras.
O Rio de Janeiro, juntamente com Pernambuco, Maranhão e Bahia, era um dos focos
de penetração de grupos africanos. As necessidades variavam, porém a mão-de-obra durante
quase três séculos e meio era a mesma. Era o negro lavrador, minerador, doméstico,
boiadeiro. Com o desenvolvimento das cidades, observamos estes negros sendo destinados a
atividades bem diferenciadas das que originalmente motivaram a retirada tão violenta do seu
território.
O mercado do Valongo, no Rio de Janeiro chegou a ser o maior mercado de escravos
do Brasil. Segundo MacDouall, em 1826, havia, no Valongo, cinqüenta salas nas quais
ficavam expostos cerca de 2 mil escravos. Calcula-se que tenha passado por ali cerca de 1
milhão de africanos.O perfil típico do africanos que desembarcavam como escravos, no Rio,
era de indivíduos do sexo masculino (70% do total) e com idade variando de 10 a 24 anos
(83% do total).
No mercado do Valongo, não eram negociados somente escravos africanos recém-
chegados. Eram feitos negócios também com escravos ladinos , ou de segunda mão, que eram
mais valorizados, por serem já assimilados e capacitados. Da mesma forma, também eram
negociados escravos nascidos no Brasil.
8 Conclusão
http://www.webartigos.com/articles/13618/1/uma-revisao-sobre-a-historiografia-da-
escravidao-urbana-no-rio-grande-do-sul-porto-alegre-pelotas-rio-grande-e-cruz-
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