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8ª edição

Lubrificacão
C U R S O B Á S I C O
Indíce

I Petróleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

II Refinação e Manufatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

III Óleos Básicos e Aditivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

IV Características dos Lubrificantes . . . . . . . . . . 9

V Graxas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

VI Atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

VII Princípios da Lubrificação . . . . . . . . . . . . . . . . 20

VIII Fundamentos da Lubrificação . . . . . . . . . . . . 21

IX Métodos de Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

X Componentes de Máquinas . . . . . . . . . . . . . . 23

XI Motores de Combustão Interna . . . . . . . . . . . 28

XII Classificação de Lubrificantes . . . . . . . . . . . . . 36

XIII Noções sobre Lubrificantes Sintéticos . . . . . 43

XIV Armazenagem e Manuseio . . . . . . . . . . . . . . . 45

XV Anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
CAPÍTULO 1

Petróleo

HISTÓRICO mais, vegetais e outros compostos), fa-


vorecida por elevadas temperaturas e
O petróleo é uma mistura de hidro- pressões, no decurso de um longo
carbonetos de origem natural que período geológico. Os compostos as-
contém freqüentemente gás, alcatrão sim formados obedecem a uma dis-
e parafina. A designação de petróleo posição dentro dessa mistura, de acor-
deriva das palavras latinas “PETRA” do com suas respectivas densidades.
(pedra) e “OLEUM” (óleo).
Verifica-se que os lençóis de petróleo
Segundo a teoria atualmente aceita, o são encontrados nas dobras da terra
petróleo teve origem na decom- denominadas ANTI-CLÍVEIS ou AN-
posicão de resíduos orgânicos (ani- TICLINAIS.

Apesar de já ser conhecido pelos egí- EXTRAÇÃO


pcios, chineses, japoneses, incas, aste-
cas e de aparecer em citações na Bíblia A extração do petróleo exige uma
(Gênesis), o primeiro poço a produzir prévia sondagem da área possivel-
petróleo foi perfurado pelo coronel mente produtora. Esta operação é co-
“DRAKE” (1859), com aproximada- nhecida pelo nome de PROSPECÇÃO,
mente dez (10) metros de profundi- onde os geólogos, através de análise
dade. das rochas, concluem sobre a existên-
cia de prováveis lençóis petrolíferos.

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Uma vez conhecida a possibilidade de O petróleo existe na natureza sob as
produção de petróleo, estas áreas são formas:
pesquisadas através dos instrumentos
de geofísica.  Fluida ou Lfquida
 Pastosa
SISMÓGRAFO - Toma por base a ve-  Sólida
locidade de propagação das ondas sís-
micas, o que permite calcular a pro- Ao ser retirado da terra, o petróleo é
fundidade das camadas. conhecido como óleo CRU ou BRUTO
e apresenta uma cor que varia do
BALANÇA DE TORÇÂO - É utilizada alaranjado até o preto. Os óleos crus
para determinar a variação da força de obedecem a seguinte classificação, con-
gravidade em diversos pontos da área forme o tipo de resrduo deixado no re-
possivelmente produtora. fino:

MAGNETÔMETRO - Permite deter-  Base Parafínica: Resíduo Ceroso


minar a variação do campo magnético  Base Intermediária ou Mista: Resí-
de uma determinada jazida. duo Ceroso e Asfáltico
 Base Naftênica: Resíduo Asfáltico
Terminadas as pesquisas, de acordo
com os resultados obtidos, inicia-se a O óleo CRU ou BRUTO, antes de ser
perfuração, retirando-se de cada está- transportado para os depósitos da refi-
gio amostras para análise. Ainda assim, naria, fica durante algum tempo em
nem sempre os poços perfurados são reservatórios, a fim de que se possa
produtores de petróleo, apesar de to- processar a separação espontânea de
dos os estudos realizados. gases e a separação por gravidade de
água e areia.
A perfuração pode ser por PER-
CUSSÃO ou ROTAÇÃO. A rotativa
pode ser por mesa rotativa ou jato ro-
tativo.

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CAPÍTULO 2

Refinação e Manufatura

O óleo cru é normalmente processado na extratora, com a finalidade de se


por destilação fracionada. Este proce- produzir óleos com melhores pro-
dimento consiste na separação dos priedades.
produtos mais voláteis, não lubrificantes,
das frações residuais mais densas. Outro método de purificação, nâo
usual, é a refinação por ácidos, onde é
Os óleos lubrificantes, provenientes da possível extrair hidrocarbonetos ins-
destilação fracionada, passam por um táveis, resinas, asfaltos, enxofre, ni-
processo de refinação com a finali- trogênio e oxigénio.
dade de se produzir óleos de alta qua-
lidade. Na refinação, é possivel extrair Os óleos lubrificantes podem ser ain-
quantidades excessivas de parafina, da melhorados, dependendo da neces-
hidrocarbonetos instáveis, resinas, as- sidade, através da remoção de parafí-
faltos e outros elementos indesejáveis. nas, descoloração e hidrogenação.

A refinação dos óleos lubrificantes O esquema abaixo mostra o refino e a


pode ser processada através de sol- manufatura do óleo cru.
vente, em contracorrente numa colu-

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CAPÍTULO 3

Óleos Básicos e Aditivos

Os óleos básicos podem ser usados tais a oxidação, detergência-dispersância,


como são obtidos (se a viscosidade for proteção contra ferrugem e corrosão,
adequada) ou mesclados, isto é, mistu- resistência a extrema pressão e for-
rando-se óleos-base de diferentes vis- mação de espuma, melhor índice de
cosidades para se obter uma viscosi- viscosidade, maior adesividade, demul-
dade intermediária. São os chamados sibilidade etc. Estes aditivos devem ser
óleos minerais puros. compatíveis com os óleos básicos, a
A preparação de lubrificantes consiste fim de tornar as características do lu-
em misturar diversos óleos básicos e brificante equilibradas.
adicionar compostos e aditivos. Os tipos de aditivos utilizados deter-
COMPOSTOS - São óleos ou gorduras minam os diferentes tipos de lubrifi-
de origem animal ou vegetal que con- cantes e suas aplicações.
ferem ao óleo básico maior poder lu-
brificante (oleosidade). A seguir, apresentamos um quadro
ADITIVOS - São substâncias qui’micas simplificado que contém alguns tipos
que conferem ao lubrificante pro- de aditivos, sua natureza qurmica e
priedades adicionais, como resistência função principal.

TIPO NATUREZA QUÍMICA FUNÇÃO


Detergente básico Sulfonatos,Fenatos ou salicilatos Neutralização de ácidos e prevenção
De Cálcio,Bário ou Magnésio. na formação de gomas e lascas.
Dispersante sem cinzas Éster poli-isobutenil succínico ou Dispersão de fuligem e produtos da
succinimidas. oxidação.Prevenção contra depósitos.
Antioxidante Ditiofosfato de Zinco,compostos Prevenção contra a oxidação e
Fenólicos,olefinas e salicilatos metálicos. espessamento do lubrificante.
Antidesgaste e Compostos orgânicos de enxofre e Prevenção contra o desgaste dos
Extrema-pressão fósforo,compostos clorados e cames,ressaltos e excêntricos.
Ditiofosfato de zinco.
Anticarrosivo Sulfonatos de Cálcio,Sódio ou Bário; Prevenção contra a corrosão.
Aminas Orgânicas,etc.
Melhorador do índice Polímeros,como o poliestireno e alguns Redução da perda de viscosidade
Viscosidade copolímeros derivados do etileno/propileno com o aumento da temperatura.
Abaixador do ponto de Metacrilatos. Aumento das propriedades de fluidez
Mínima fluidez. a baixas temperaturas.
Antiespumante Compostos de Silicone ou Prevenção contra a formação de
Metacrilatos. espuma em condições de agitação
severa
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CAPÍTULO 4

Características dos Lubrificantes

As características dos lubrificantes a densidade API (American Petrole-


podem ser de ordem física, química e um Institute) e, por serem mais leves
prática. As principais caractensticas do que a água, seus valores são sempre
físicas são as que seguem: superiores a 10.

DENSIDADE PONTO DE MÍNIMA FLUIDEZ


É uma relação entre a massa “m” de PONTO DE CONGELAMENTO
um líquido e o seu volume unitário
“i”, a uma determinada temperatura Ponto de mínima fluidez é a menor
(por exemplo, WC ou 20°C). temperatura em que o óleo lubrifi-
cante ainda flui. No teste, resfria-se a
amostra de óleo dentro de um tubo e,
a cada decréscimo de 3°C na tempera-
DENSIDADE API tura, observa-se a existência ou não de
Trata-se de uma escala expressa em movimento da superficie do óleo den-
graus e dada por números inteiros. tro do tubo. Se após cinco (5) segun-
A escala é dada pela equação dos nao houver movimentação, nessa
temperatura teremos atingido o ponto
de congelamento, e a uma temperatu-
ra de 3°C acima desta estará a tempe-
onde a densidade a 60/60°F representa ratura do ponto de mínima fluidez.
um número que é obtido da relação Por exemplo, se determinado óleo
Medição da densidade com den-
símetro.A esquerda caracterizamos
entre a massa do produto e igual mas- apresentar um ponto de congelamento
a forma incorreta (lê-se um valor sa de água, ambas a 600F. de -10°C, seu ponto de mínima fluidez
maior na escala) e a direita a forma
correta.Vide posição do olho. Para os produtos de petróleo utiliza-se será de -7°C.

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PONTO DE FULGOR padr o de g s sobre o leo, at atingir o
PONTO DE COMBUSTÃO ponto de fulgor, quando a temperatura
do term metro registrada.
O ponto de fulgor a temperatura em
que os gases evaporados do leo, na
presen a de chama, d origem a um
flash , ou seja, h inflama o sem
haver combust o, chama, d origem a
um flash , ou seja, h inflama o
sem haver combust o.
O ponto de combust o a temperatura
em que toda a superf cie do leo entra
em combust o completa, por pelo
menos cinco segundos.
Estes ensaios s o feitos no aparelho
CLEVELAND (vaso aberto), con-
forme figura ao lado.

O leo colocado at o n vel indicado


e aquecido lentamente (10¡F por mi-
nuto), passando-se a cada 5¡F de au-
mento de temperatura uma chama

VISCOSIDADE cional a temperatura, assim sendo,


quanto maior a temperatura do leo
A viscosidade a medida da resist n- menor ser sua viscosidade (vide gr fi-
cia oferecida por qualquer fluido co ao lado). S o v rios os aparelhos
(l quido ou g s) ao movimento ou ao existentes para medir a
escoamento. a propriedade principal viscosidade, os quais s o
de um lubrificante, pois est direta- denominados viscos me-
mente relacionada com a capacidade tros e medem o tempo
de suportar cargas, ou seja, quanto (segundos) de escoamento
mais viscoso for o leo maior ser a do l quido em uma dada
carga suportada. A viscosidade a temperatura. Entretanto,
conseq ncia do atrito interno de um n o devemos deixar de considerar a vis-
fluido, a isto , da resist ncia que um cosidade como uma forca ou resist n-
fluido oferece ao movimento, da sua cia.
grande influ ncia na perda de pot ncia Entre os viscos metros mais emprega-
e na intensidade de calor produzido dos est o os de ENGLER, REDWOOD,
nos mancais. SAYBOLT OSTWALD, sendo este lti-
A viscosidade inversamente propor- mo, atualmente, o mais utilizado.

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As partes essenciais do aparelho de gulhado em banho de aquecimento
Ostwald modificado são um sistema (banho-maria), para manter a tempera-
de tubos de vidro fígados entre si, três tura do óleo exata e constante durante
reservatórios ou bulbos (A, B e C) a prova. A forma de fazer-se o ensaio é
eum tubo capilar que liga os reser- a seguinte (veja seqüéncia abaixo):
vatórios B e C. 0 diâmetro do tubo
capilar varia com o grau de viscosi-
dade do líquido-fino (light). médio
(medium) ou grosso (heavy) - mas é
sempre bastante estreito para impedir
que a velocidade de escoamento do
óleo exceda certo limite. Por essa
razao, para abranger toda a série de
viscosidades dos óleos lubrificantes,
usa-se apenas três tubos capilares de
diâmetros diferentes.
Como os demais viscosímetros, o apa-
relho de viscosidade cinemática é mer-

O tempo de escoamento multiplicado segundos Redwood e graus Engler,


por uma constante do aparelho, repre- recorrendo às tabelas publicadas pela
senta a viscosidade cinemática do ASTM e por outras entidades. Apre-
óleo, em centistokes, â temperatura da sentamos, a seguir, uma dessas tabelas,
prova. Este valor, multiplicado pela resumida, cujos valores foram calcula-
densidade do óleo, à mesma tempe- dos exclusivamente para a temperatura
ratura da prova, nos dá suaviscosidade de 37,80ºC (l00ºF), pois, a outras tem-
absoluta, em centipoises; também se peraturas, osfatoresde equi-valência
pode convertê-la a segundos Saybolt sofrem pequenas alterações.

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Saybolt Redwood Engler Cinemática Saybolt Redwood Engler Cinemática Saybolt Redwood Engler Cinemática

32 30 1.11 1.83 175 154 5.03 37.52 680 597 19.37 147.2
34 31.5 1.17 2.39 180 159 5.16 38.73 700 614 19.94 151.5
36 33 1.22 3.00 185 163 5.30 39.84 720 631 20.50 155.8
38 34.5 1.28 3.63 190 167 5.44 40.95 740 649 21.07 160.2
40 36 1.34 4.28 195 172 5.58 42.06 760 667 21.64 164.5
42 37.5 1.39 4.91 200 176 5.72 43.16 780 685 22.21 168.8
44 39 1.45 5.58 205 180 5.86 44.26 800 702 22.78 173.2
46 41 1.50 6.16 210 185 6.00 45.36 850 746 24.20 184.0
48 42.5 1.55 6.78 215 189 6.14 46.45 900 790 25.63 194.8
50 44 1.60 7.39 220 193 6.28 47.54 950 833 27.05 205.6
52 46 1.65 8.00 225 198 6.42 48.63 1000 877 28.46 216.5
54 47.5 1.71 8.59 230 202 6.56 49.72 1100 965 31.33 238.1
56 49 1.76 9.18 235 207 6.70 50.8 1200 1053 34.18 259.7
58 51 1.82 9.77 240 211 6.84 51.9 1300 1140 37.03 281.4
60 53 1.87 10.35 245 215 6.98 53.0 1400 1228 39.88 303.0
62 54.5 1.92 10.92 250 219 7.12 54.1 1500 1316 42.72 324.7
64 56 1.97 11.48 260 228 7.41 56.2 1600 1404 45.57 346.3
66 58 2.03 12.03 270 237 7.69 58.4 1700 1491 48.42 368.0
68 60 2.08 12.57 280 246 7.97 60.5 1800 1579 51.3 389.6
70 61.5 2.13 13.11 290 254 8.25 62.7 1900 1667 54.1 411
72 63 2.19 13.64 300 263 8.54 64.9 2000 1775 56.9 433
74 65 2.24 14.17 310 272 8.82 67.1 2100 1842 59.8 454
76 67 2.29 14.69 320 281 9.10 69.3 2200 1930 52.7 476
78 68 2.35 15.21 330 289 9.39 71.4 2300 2018 65.5 493
80 70 2.40 15.72 340 298 9.67 73.6 2400 2106 68.4 519
82 72 2.46 16.22 350 306 9.96 75.7 2500 2193 71.2 541
84 74 2.51 16.72 360 315 10.25 77.9 2600 2281 74.0 563
86 75.5 2.56 17.22 370 324 10.53 80.1 2700 2369 76.9 584
88 77 2.61 17.71 380 333 10.82 82.2 2800 2456 79.7 606
90 79 2.67 18.20 390 342 11.10 84.4 2900 2544 82.6 623
92 81 2.72 18.68 400 351 11.39 86.6 3000 2632 85.4 649
94 82.5 2.78 19.16 410 360 11.67 88.7 3100 2720 88.3 671
96 84 2.83 19.64 420 369 11.96 90.9 3200 2808 91.1 693
98 86 2.89 20.12 430 377 12.24 93.1 3300 2895 94.0 715
100 88 2.94 20.60 440 386 12.52 95.2 3400 2893 96.8 736
105 92 3.09 21.77 450 395 12.81 97.4 3500 3.071 99.7 758
110 96 3.23 22.93 460 404 13.09 99.5 3600 3158 102.5 780
115 101 3.37 24.09 470 412 13.38 101.7 3700 3246 105.4 801
120 105 3.51 25.24 480 421 13.67 103.9 3800 3334 108.2 823
125 110 3.65 26.39 490 430 13.96 106.0 3900 3421 111.1 845
130 114 3.78 27.53 500 439 14.25 108.2 4000 3509 113.9 866
135 118 3.92 28.67 520 456 14.81 112.5 4500 3948 128.2 975
140 123 4.06 29.80 540 473 15.38 116.9 5000 4386 142.4 1083
145 127 4.20 30.93 560 490 15.95 121.2 5500 4825 156.6 1190
150 132 4.33 32.06 580 508 16.52 125.5 6000 5264 170.2 1299
155 136 4.47 33.18 600 526 17.09 129.9 7000 6141 199.3 1515
160 141 4.61 34.29 620 544 17.66 134.2 8000 7018 227.8 1732
165 145 4.75 35.40 640 562 18.23 138.5 9000 7896 258.3 1948
170 150 4.89 36.51 660 579 18.80 142.8 10000 8772 284.8 2166

ÍNDICE DE VISCOSIDADE será a sua variação de viscosidade entre


duas temperaturas, conforme podemos
Como vimos, os óleos lubrificantes so- analisar no gráfico abaixo.
frem alterações na sua viscosidade
quando sujeitos a variações de temper-
atura. Essas modificações de viscosi-
dade, devidas â temperatura, são muito
diferentes, dependendo dos vários
tipos de óleos. O índice de viscosidade
(IV) é um meio con-vencional de se
exprimir esse grau de va-riação e pode
ser calculado por meio de uma fórmu-
la e de tabelas publicadas pe-la ASTM.
Existem também gráficos prepa-rados
para esse fim, que permitem determi-
nar o IV com bastante exatidão. Quan-
to maior for o IV de um óleo, menor

12
COR cura observa-se usando uma diluição
de 15% de óleo em 85% de querosene,
Os produtos de petróleo apresentam e ao resultado se acrescenta a palavra
variação de cor quando observados diluído. Antigamente, a cor clara indi-
contra a luz. Essa faixa de variação atinge cava um óleo de baixa viscosidade.
desde o preto até quase o incolor. Atualmente, consegue-se óleos de alta
As variações de cor são devidas as vari- viscosidade e bem claros.
ações da natureza dos crus, da viscosi-  Óleos de origem parafínica -re-
dade e dos métodos e formas de trata- fletem luz de cor verde fluorescente.
mento empregados durante a refi-  Óleos de origem naftênica - re-
nação, sendo que são usados corantes fletem luz azulada.
para uniformizar o aspecto de certos
produtos. No colorímetro da ASTM, Pode-se imitar essas cores com a adição
temos vidros com oito cores diferentes, de aditivos, o que vem mostrar a não
desde o mais claro (nº 1) até o mais es- influência da corno desempenho do lu-
curo (nº 8), abrangendo desde o claro brificante.
até o vermelho carregado. Cor mais es-

RESÍDUO DE CARVÃO CONRADSON através da qual os vapores do óleo po-


dem passar ao terceiro vaso (c) e daí,
Ensaio destinado a verificar a porcen- pelas pequenas frestas deixadas pela má
tagem de resíduo carbonoso de um vedação da tampa, à câmara exterior
óleo, quando submetido à evapora-ção (d), onde são inflamados pela chama da
por altas temperaturas, na ausência de fonte de calor (e). Desta forma, evita-se
oxigênio. Procede-se da seguinte o contato 2 do ar com o óleo colocado
maneira com o aparelho empregado em (a). A quantidade de calor necessária
para esta prova (ver figura a seguir): para produzir a evaporação é fornecida
sempre quando os vapores desprendi-
Coloca-se um vaso de porcelana (a), dos do vaso (a) cessam de queimar, aí
contendo uma amostra de dez aumenta-se o aquecimento do terceiro
gramas de óleo a ensaiar, dentro vaso (c) até o rubro cereja, mantendo-o
de outro vaso de ferro (b), assim durante sete minutos. Cessado o
fechado por um dispositivo aquecimento, pesa-se a quantidade do
especial. Este, por sua vez, é resíduo que ficou no vaso (a), represen-
colocado sobre uma cama- tando-se o índice de resíduo como por-
da de areia num terceiro centagem em relação ao volume de óleo
vaso, de ferro (c), com tam- empregado no ensaio (10 g).
pa mal vedada, de modo a Os óleos de maior viscosidade deixam
permitir o escapamento dos maior porcentagem de resíduos, sendo
gases. A tampa do segundo que os óleos dé origem naftênica dei-
vaso (b) tem uma pequena xam menor porcentagem que os de
válvula de descarga, origem parafínica.

13
No entanto, as condições existentes no presentes em um grama de amostra.
aparelho de teste não são repetidas na
prática. Além disso, uma aditivação Número de Alcalinidade Forte, Mineral
conveniente pode mudar o comporta- ou Inorgânica (SBN) é a quantidade de
mento do óleo, além do mesmo ser ácido, expressa em equivalentes miligra-
afetado pelo combustível. mas de hidróxido de potássio, necessária
para neutralizar as bases fortes presentes
As principais caracteristicas de ordem em um grama de amostra.
química são as que seguem:
CINZAS SULFATADAS
NÜMERO DE NEUTRALIZAÇAO (NN)
O conteúdo de cinzas de um óleo lu-
O número de neutralização (NN) é brificante inclui todos os materiais não
genericamente definido como sendo a combustíveis presentes. As cinzas são
quantidade de base, expressa em determinadas pela queima completa de
miligramas de hidróxido de potássio, uma amostra de óleo e consistem de
ou a quantidade de ácido, expressa em todos os compostos metálicos exis-
equivalentes miligramas de hidróxido tentes no óleo — aditivos e desgaste
de potássio, necessária para neutralizar tratados com acido sulfúrico e conver-
os constituintes de caráter ácido ou tidos â sulfatos, expressos em porcen-
básico contidos em um grama de uma tagem. Ôleos minerais puros não dei-
amostra de óleo. xam cinzas sulfatadas.

Número de Acidez Total (TAN) é a NÚMERO DE SAPONIFICAÇÃO


quantidade de base, expressa em
miligramasde hidróxido de potássio, De acordo com a ASTM, o número de
necessária para neutralizar todos os saponificação é um índice, que identi-
componentes ácidos presentes em um fica a quantidade de gordura ou de
grama de amostra. óleo graxo presente em um óleo mine-
ral novo. Realiza-se o ensaio medindo o
Número de Acidez Forte, Mineral ou peso, em mg, de KOH necessário para
Inorgânica (SAN) é a quantidade de saponificar um grama de óleo.
base, expressa em miligramas de Também serve para venficar uma even-
hidróxido de potássio, necessária para tual contaminação de óleo com graxa.
neutralizar os ácidos fortes presentes
em um grama de amostra. OXIDAÇÃO

Número de Alcalinidade Total (TBN) é Existem várias provas de laboratório


a quantidade de ácido, expressa em para determinar a resistência â oxi-
equivalentes miligramas de hidróxido dação dos óleos lubrificantes, que é
de potássio, necessária para neutralizar uma caracterfstica primordial em sua
todos os componentes básicos qualidade e desempenho. Finalmente,

14
as principais características de ordem quer impurezas formadas no interior
prática, ou seja, aquelas medidas ou do sistema (ou que nele penetrem),
determinadas empiricamente: até o momento de serem eliminadas
por ocasião da troca ou purificação do
DETERGÊNCIA - DISPERSÂNCIA lubrificante.

Os detergentes são compostos que


auxiliam a manter limpas as superfí-
cies metálicas, minimizando a for-
mação de borras e lacas de qualquer
natureza, por meio de reações ou
processos de solução. Não significa
propriamente uma enérgica ação de
limpeza, mas reduções na tendência
de se formarem depósitos.
A dispersância ou dispersividade de-
signa a propriedade dos óleos lubrifi-
cantes de poderem manter em sus-
pensão, finamente divididas, quais-

OLEAGINOSIDADE OU PODER Por definição, a oleaginosidade se re-


LUBRIFICANTE fere unicamente às propriedades redu-
toras do atrito interno dos óleos que
Propriedade que distingue dois óleos trabalham com película parcial, caso
ou substâncias de mesma viscosidade que ocorre em serviços severos, tais
(por exemplo, lado e óleo). como em motores diesel de alta rota-
ção e cargas elevadas e nas paredes
Não se tem uma explicação razoável dos mancais.
para se saber como o coeficiente de
atrito varia com a temperatura em
óleos de mesma viscosidade, mas tem-
se tentado algumas:

a) a espessura da película residual


em contato com as superfícies
atritantes são diferentes
b) a viscosidade aumenta com a pressão
c) as propriedades adesivas dos óleos
são distintas

15
RESISTÊNCIA A EXTREMA tantes e formando uma capa superfi-
PRESSÃO (EP) cial que evita a soldagem.

Propriedade de proteger superfícies em A eficiência dessa ação


contato, sob pressões tão elevadas que protetora depende da
provocar um rompimento da película quantidade e da ativi-
de óleo. Nessas condições, as partes em dade dos produ-
contato provocam a elevação de tem- tos químicos usa-
peratura, ocorrendo a solda. dos e das
A zona de soldagem, desprendendo-se, condições de carga e
atinge as superfícies próximas, raian- velocidade.Os aditivos são a
do-as e escoriando-as. base de enxofre, fósforo, chumbo* e
Característica de extrema pressão é cloro, puros ou combinados.
sinônimo de evitar solda.
Os aditivos EP trabalham combinan- * A Mobil nao utiliza chumbo em suas formulações porque
do-se com o metal das superfícies atri- este elemento pode tornar-se nocivo a saúde.

PROTEÇÃO CONTRA RESISTÊNCIA A FORMAÇÃO


A FERRUGEM E CORROSÃO DE ESPUMA

É a propriedade que os óleos minerais Como sabemos, a espuma é


possuem de proteger as partes metáli- formada pelo ar ou gás retido
cas contra a oxidação causada pela dentro de um líquido. Certos
umidade. Certos aditivos melhoram aditivos antiespumantes agem
essa característica, revestindo comple- sobre bolhas, enfraquecendo-as e
tamente as superfícies metálicas, for- provocando o seu rompimento -
mando uma película que as protegem o ar é liberado. A ação é muito
do contato com a água. parecida com a de furar uma bexiga.

AGENTE ANTIESPUMA
ADESIVIDADE

O óleo deve possuir adesividade in-


trínseca, que dá as finas películas
de óleo a propriedade de per-
manecerem aderidas ao metal,
apesar da ação raspadora
originada pelo movimento.

16
CAPÍTULO 5

Graxas

Graxas lubrificantes são produtos geralmente chamado de sabão, e adi-


compostos, semiplásticos, formulados tivos. Os sabões mais comuns são a
com óleos minerais (de diversas vis- base de cálcio, sódio, lítio, alumínio e
cosidades), um agente espessador, bário.

ÓLEO MINERAL + ESPESSADOR + ADITIVOS = GRAXA


O óleo mineral é quem realmente lu- dade estrutural, resistência ao desalo-
brifica e o espessador é um “retentor” jamento, a extremas pressões e a
do óleo mineral. lavagem pela água, etc.
Os aditivos conferem propriedades As graxas tem características mensu-
antioxidantes, adesividade, estabili- ráveis, tais como:

CONSISTÊNCIA
graxa a 25°C; após 5 segundos do dis-
A consistência de uma graxa é deter- paro do cone, faz-se a leitura direta-
minada através da medida, em déci- mente no aparelho.
mos de milímetro, da penetração de Através do valor obtido, entra-se em
um cone padronizado na mesma. uma tabela que nos permite obter o
O teste é realizado com a amostra de grau de consistência da graxa.

17
Quanto menor a variação de con- cating Grease Institute) arbitrou
sistência, melhor será o desempenho números que correspondem as
da graxa no uso prático. diferentes faixas de penetração
A classificação NLGI (National Lubri- (ASTM D 217 - 86).

Grau de consistência NLGI Penetração Trabalhada a 25ºC (77ºF) -0,1mm-


000 445 - 475
00 400 - 430
0 (mole) 355 - 385
1 310 - 340
2 (média) 265 - 295
3 (média) 220 - 250
4 175 - 205
5 130 - 160
6 (dura) 85 - 115

PONTO DE GOTA SEPARAÇÃO DO ÓLEO


É a temperatura na qual a graxa passa As graxas, quando armazenadas du-
do estado sólido ou plástico ao líquido, rante longo período, apresentam ra-
sob condições determinadas. Na práti- zoável tendência à decomposição, sepa-
ca, não se deve usar uma graxa em um rando-se o óleo do sabão. Mede-se o
serviço cuja temperatura normal de óleo separado num ensaio padrão, uti-
trabalho esteja muito próxima do seu lizando-se um aparelho denominado
ponto de gota. “Cone de Mistura”.

VISCOSIDADE APARENTE RESISTÊNCIA A LAVAGEM POR


É importante na lubrificação centra- ÁGUA
lizada, onde é necessário saber o com- As graxas que trabalham em contato
portamento da graxa quanto a fluidez com água devem ter propriedades que
nos tubos condutores do sistema. as tornem aceitáveis para esse uso. O
ensaio define a resistência da graxa a
OXIDAÇÃO lavagem por água em mancais.
Existe um ensaio denominado “NORMA
HOFFMANN” (ASTM D 942) que visa COR
determinar a quantidade de oxigênio A cor da graxa não significa nem de-
absorvido pela graxa em condições termina qualidade.
padronizadas. Em serviço, quanto maior
a temperatura, mais freqüentes deverão
ser as trocas e reposições.

18
CAPÍTULO 6

Atrito

Atrito, ou força de atrito, é a força de interno”, que consiste na força


resistência ao movimento de duas su- necessária para vencer a coesão entre
perfícies, e é proporcional a força de as moléculas de uma determinada
compressão. matéria, seja sólida, Iíquida ou gasosa.

Define-se o atrito externo como a re- Ao vencer o atrito interno apresenta-


sistência ao movimento de duas su- do pela camada de óleo, os choques
perfícies em contato, sendo que tal re- entre as moléculas de óleo geram
sistência deve-se as irregularidades calor, o que provoca um aumento
microscópicas que as superfícies apre- de temperatura.
sentam.
Ao usarmos uma lubrificação correta,
Quando se interpõe uma camada de pretendemos manter mínimos os atri-
óleo entre duas superfícies metálicas, a tos externo e interno, reduzindo o
força de atrito diminui consideravel- desgaste das peças sem, com isso,
mente, pois é evitado o contato entre provocarmos demasiado aumento de
as mesmas. temperatura.

Nesse caso, o atrito externo é substi- Abaixo, temos as ilustrações do acima


tuído pelo que chamamos de “atrito exposto.

Escorregamento
sem lubrificante
(há contato entre
as superfícies)

ATRITO SÓLIDO

Escorregamento
com lubrificantes
(não há contato entre
as superfícies)

ATRITO FLUÍDO

19
CAPÍTULO 7

Princípios da Lubrificação

Imaginemos a grande variedade de


máquinas utilizadas atualmente e que
devem ser lubrificadas. Em tais
máquinas, de um modo geral, o que
se lubrifica são mancais, engrenagens
e cilíndros. Sob o ponto de vista da lu-
brificação, funcionam todos subordi-
nados aos mesmos princípios funda-
mentais.

LUBRIFICAÇÃO INTERMITENTE LUBRIFICAÇÃO CONTINUA


OU RESTRITA OU PLENA:

É a aplicação do lubrificante a interva- É a aplicação abundante de lubrifi-


los certos e em quantidades restritas, cante, por circulação, a fim de que as
afim de manter-se uma camada delga- duas superfícies em movimento pos-
da de lubrificante entre as superfícies sam ficar separadas mediante uma
em movimento. cunha de óleo, que se forma devido a
velocidade relativa das superfícies e a
Características do lubrificante: adesão do óleo a elas.
a) grande adesividade
b) grande resistência a ruptura da Características do lubrificante:
película a) alta estabilidade química
c) alto poder lubrificante, oleosidade b) fácil demulsibilidade
d) viscosidade ou consistência c) viscosidade adequada
adequada d) resistência a ruptura da película
e) resistência a formação de depósitos e) propriedade de proteção contra
ferrugem

As características do lubrificante
ficarão melhor evidenciadas quando
estudarmos os componentes das
máquinas.

20
CAPÍTULO 8

Fundamentos da Lubrificação

Os fundamentos da lubrificação ba- exercida por uma bomba. A película


seiam-se nos tipos de camadas lubrifi- fluida ainda pode ocorrer por com-
cantes e nas condições requeridas para pressão, quando sujeita a choques in-
o óleo empregado. termitentes.

As camadas lubrificantes são as As camadas de película limítrofe ocor-


seguintes: rem quando a lubrificação é intermi-
tente ou restrita.
 Camada de Película Fluida
 Camada de Pelicula Limítrofe A separação das superfícies em movi-
 Camada de Película Mista mento se dá através de uma tênue
película, que, graças a aderência do lu-
A camada de película fluida ocorre brificante ao metal e aos aditivos espe-
quando a lubrificação é contínua ou ciais utilizados, impede a formação
plena. Tais camadas podem ser de dos pontos de solda, evitando o des-
película fluida hidrodinâmica, quando gaste das partes metálicas.
a separação das superficies metálicas
em movimento se dá em função da As películas de camada mista ocorrem
pressão hidrodinâmica criada no óleo quando há a combinação das anteri-
pelo movimento relativo destas, ou de ores. Por exemplo, em mancais de ro-
película fluida hidrostática, onde a lamentos temos entre as esferas e as
separação das partes metálicas aconte- pistas as películas de compressão e
ce em função da pressão hidráulica limíftrofe.

21
CAPÍTULO 9

Métodos de Aplicação

Dividiremos este assunto em duas


partes distintas, segundo os principios
de lubrificação utilizados.

DISPOSITIVOS DE LUBRIFI-
CAÇÃO

Servem para garantir uma lubrificação


intermitente correta, assegurando
uma quantidade mínima de lubrifi-
cante no lugar e no tempo certo.

Os dispositivos para óleo são almoto-


lias, copos conta-gotas, copos de me-
cha, copos de vareta, lubrificadores de
nivel constante, lubrificadores centra-
lizados, lubrificadores mecânicos, lubri-
ficadores de tinha, atomizadores, etc.

Os dispositivos para graxa são nipples


ou bicos graxeiros, copos graxeiros ou
stauffer, pistolas manuais, lubrificado-
res centralizados, manuais ou automá-
ticos, pistolas pneumáticas, etc.

SISTEMAS DE LUBRIFICAÇÃO

Servem para garantir uma lubrificação


contínua ou plena correta, asseguran-
do um suprimento abundante de óleo,
a fim de poder formar a camada de
película fluída. São os seguintes os sis-
temas de lubrificação: circulação, ban-
ho, salpico, anel, colar, corrente, etc.

22
CAPÍTULO 10

Componentes de Máquinas

Toda máquina, por mais complexa terpor entre o mancal e o eixo de-
que seja, sempre contém um ou mais pende da rotação, tamanho, pressões e
elementos que necessitam de lubrifi- condições mecânicas de funcionamen-
cação. Esses elementos, como vimos to e operação. Deve-se localizar o pon-
anteriormente, são: to, ou melhor, a área de pressão do
mancal, para aplicarmos o lubrificante,
MANCAIS o que ocorre geralmente no lado opos-
ENGRENAGENS to deste. Existem ranhuras no mancal
CILINDROS que servem para distribuir o óleo no
sentido longitudinal do mancal.
Daremos à seguir uma explicação sus-
cinta desses elementos, pois são as- A lubrificação pode ser feita por cir-
suntos específicos de outras publi- culação, banho, anel ou colar. Os dis-
cações da Mobil Oil do Brasil. positivos para aplicação intermitente
são copos conta-gotas, copos gra-
MANCAIS xeiros, almotolia etc.

São mangas ou buchas de diferentes O mancal de rolamento consiste de


materiais, desenhos e construções, que uma pista externa e outra interna, entre
servem para segurar os eixos de trans- as quais são colocadas esferas ou ro-
missão, suportando as cargas e evitan- letes, mantidos no lugar por uma gaiola
do a deflexão desses eixos. Existem ou separador. As folgas entre esferas e
dois tipos principais: mancais de pistas são mmimas e o atrito existente é
deslizamento e de rolamento. praticamente nulo, desde que não haja
deformação das pistas.
O mancal de deslizamento consiste O tipo de lubrificante, seja graxa ou
em geral de uma carcaça composta de óleo, também depende da rotação,
base e tampa. O material que serve de tamanho do mancal e condições de
assento ao eixo pode ser do próprio funcionamento e de operação, sendo
material da carcaça ou de uma bucha aplicado por banho, circulação, pisto-
de metal patente ou outro qualquer, las, nipples, copos graxeiros, etc.
normalmente mais mole que o do eixo.
Convém lembrar que, num rolamen-
Mancais de deslizamento são chama- to, a graxa deve ocupar no máximo
dos guias quando o movimento do dois terços do volume entre esferas e
eixo é no sentido axial e não rotativo. roletes, pois mais que isso provoca
aquecimento.
O tipo de lubrificante que iremos in-
23
ENGRENAGENS  condições de operação
 condições ambientais
São rodas dentadas de diversos tama-
nhos, desenhos, construções e materi- Existem engrenagens tanto abertas como
ais, que servem para transmitir energia fechadas (caixas de engrenagens) e o ti-
dinâmica de um eixo para outro. po de lubrificante a ser recomendado
depende muito do sistema de aplicação.
Quanto aos tipos de engrenagens, temos:
Métodos de aplicação:
cilíndricas dentes retos ou
helicoidais
cônicas dentes retos ou espirais  Para engrenagens abertas:
hipoidais dentes hiperbólicos Pincel, espátula, almotolia, lubrifi-
sem-fim parafusos helicoidais cadores mecânicos, lubrificado
centralizado, bandeja, etc.

 Para engrenagens fechadas:


Fatores que influem a lubrificação de engrenagens:
Salpico, banho, borrifo,
tipo de engrenagem e dentes
circulação, etc.
material e acabamento
rotação e carga ou potência No engrenamento, observamos os
seguintes movimentos das superfícies
redução de velocidade,quando se tratar de caixas
em contato: deslizamento, rolamento e
de engrenagens
deslizamento, ou só deslizamento,
temperatura de funcionamento quando se trata de parafuso sem-fim.
método de acionamento (turbina,motor elétrico,
máquina a vapor,motor de combustão interna,etc) A área de contato entre os dentes das
engrenagens é uma linha, reduzida a
Na recomendação de lubrificantes para um ponto no caso das engrenagens
engrenagens deve-se considerar minu- hipoidais, que, portanto, exigem sem-
ciosamente três condições básicas, pre um lubrificante de extrema-
quais sejam: pressão, contendo composto orgânico
com forte ação antifusão, geralmente à
 condições mecânicas base de enxofre, cloro e fósforo.

24
CILÍNDROS

Existem cinco tipos básicos: cilindros O óleo lubrificante deve:


de sistemas hidráulicos de máquinas a
resistir ao desalojamento pela água
vapor, decompressores de ar, de bom-
bas de vácuo, de compressores de frio possuir viscosidade adequada em altas temperaturas
e de motores de combustão interna. resistir à decomposição e à formação de carvâo
separar-se facilmente do vapor de escape e da água
Ao falar-se em cilindros, pensamos
condensada.
sempre em três elementos: camisa do
cilindro, pistão e anéis de segmento. Além de anéis, camisa e pistão, o mes-
mo óleo também lubrifica válvulas e
O óleo lubrificante deve: gaxetas.

reduzir ao mimimo o desgaste oriundo do contato


Métodos de aplicação: lubrificador
metálico entre camisa,anéis e pistão
mecânico, lubrificador hidráulico
evitar as fugas de gases entre os anéis e a camisa e e atomizador.
entre o pistão e os anéis
evitar a formação de incrustações nos anéis e Os óleos a serem recomendados são
ranhuras. minerais puros ou compostos, cujas
características conferem com as de um
A lubrificação de cilindros de sistemas óleo para lubrificação intermitente.
hidráulicos requer alguns cuidados
que dependem dos tipos de bombas Os fatores que influenciam na re-
utilizadas. A escolha correta do óleo comendação do lubrificante são a
lubrificante varia de acordo com as temperatura do vapor, destino do va-
condições de serviço. por condensado e sistema de purifi-
cação ou recuperação.
As caracterfsticas do óleo devem con-
ferir com as de um óleo para lubrifi- Cilindros de compressores de ar e
cação contmua. bombas de vácuo são sistemas muito
semelhantes no tocante a lubrificação.
Os fatores que influenciam na reco-
mendação do lubrificante são o tipo Tipos de compressores de ar
da bomba, capacidade do sistema, tipo
Compressores de pistões (movimento alternado)
da máquina, tipo de serviço e tempe-
verticais,horizontais e em V
ratura de operação.
Compressores rotativos,de parafuso ou de palhetas,
Cilindros de máquinas a vapor reque- e turbo compressores
rem atenção especial no que se refere Compressores de lóbulos (sopradores)
a temperatura e umidade do vapor.

25
A capacidade dos compressores é Métodos de aplicação:
geralmente indicada de acordo com a Compressores pequeno:
quantidade de ar deslocado à pressão mancais e cilindros:salpico,anel e névoa
atmosférica.
Compressores grandes:
mancais:salpico e circulação cilindros:lubrificador
Para evitar-se temperaturas muito ele- mecânico
vadas e reduzir-se o consumo de ener-
gia, normalmente a compressão é divi- Para a recomendação correta do lubri-
dida em dois ou mais estágios, depen- ficante, é necessário um estudo minu-
dendo da pressão final requerida. Para cioso dascondições mecánicas, de
aumentar a eficiência desse processo, é operação e ambientais.
necessário prover um resfriador inter-
mediário entre os vários estágios. Fatores que afetam a recomendação:
pressão final, número de estágios, tipo
Sabe-se que a compressão do ar gera de resfriamento (água ou ar) e método
calor, que aumenta a energia cinética de aplicação do lubrificante.
do ar e, por conseguinte, a pressão. Se
o ar não fosse resfriado antes de entrar A lubrificação das bombas de vácuo é
no segundo estágio, isto significaria semelhante à dos compressores de ar.
um trabalho extra a ser vencido inutil-
mente pelo compressor. Nos compressores de frio, os meios ou
gases refrigerantes são a amônia, dióxi-
A umidade contida no ar comprimido, do de carbono, gás sulfuroso ou dióxido
quando resfriada, se condensa e tende de enxofre, cloreto de etila, cloreto de
a desalojar o lubrificante. A influência metila, cloreto de metileno e freon 12.
desta umidade está intimamente ligada
às condições de operação e ambientais. Um sistema de refrigeração, de acordo
com o ciclo, tem como elementos bási-
O lubrificante deve cos o compressor, condensador, reser-
vatório do meio refrigerante, válvula
resistir ao desalojamento pela água
reguladora de expansão, evaporador e
resistir à formação de carvão nas válvulas, separador de impurezas.
especialmente as de escape,que trabalham mais
quentes Os fatores que afetam a recomendação
ter uma extraordinária adesividade ao metal e do óleo lubrificante correto são a tem-
pelicula de grande resistência,para evitar contato peratura mínima no evaporador, o
metálico nas partes superiores dos cilindros. tipo de gás refrigerante e o sistema de
funcionamento (inundado ou seco).

26
O óleo lubrificante deve O óleo lubrificante deve
ter seu ponto de congelamento abaixo da temperatura manter em suspensão as partículas de combustão
existente no evaporador; incompleta (para isso contém uma certa porcentagem
ter uma alta resistência contra a oxidação; de aditivo detergente dispersante);

separar-se facilmente do refrigerante Iíquido. resistir em alto grau à decomposição química,


oxidação e formação de carvão,queimando-se limpo;
possuir índice de viscosidade adequado.
Métodos de aplicação:
As demais características conferem com
Compressores pequenos :
as de óleo para lubrificação contínua. A
salpico
parte superior do cilindro é a mais
Compressores grandes: crítica quanto às exigências de lubrifi-
- mancais:circulação,salpico ou banho cação, devido as altíssimas temperaturas
- cilindros:lubrificador mecânico ali existentes e ao contato direto dos gas-
es e resíduos da combustão com o lubrif-
Cilindros de motores de combustão in- icante, além da maior pressão do anel su-
terna são cilindros de lubrificação críti- perior contra a parede do cilindro, o que
ca. Tipos de motores de combustão inter- tende a desalojar o lubrificante, provo-
na: cando, às vezes, ruptura da película.

 quanto ao combustível: motores Métodos de aplicação:


a gás, gasolina, querosene,
Pequenos motores à gasolina,mancais e cilindros:
óleo diesel, álcool e/ou misturas
- salpico.
 quanto à finalidade: motores auto-
motivos, motores industriais ou Motores automotivos a diesel,gasolina ou álcool
estacionários e motores marítimos - mancais:circulação torçada
 quanto à rotação: motores de - cilindros:borrifo
alta, média e baixa rotação Motores estacionários com cárter
 quanto ao funcionamento: mo- - mancais:circulação forçada
tores de 4 tempos e motores de 2 - cilindros:borrifo
tempos (ciclo Diesel ou Otto) Motores estacionários com depósito de óleo
 quanto a construção: motores de - mancais:circulação forçada
simples e de dupla ação (verticais - cilindros:lubrificador mecânico
e horizontais) motores de pistões
opostos e de pistões rotativos (Wankel) Para a recomendação correta de óleos
para motores, deve ser feito um estudo
Devido á queima do combustível den- minucioso das condicões mecânicas,
tro dos cilindros, é óbvio que há for- ambientais e de operação. Os fatores
mação de resíduos da combustão. que afetam a recomendação são a quali-
dade e o tipo do combustível, capaci-
dade do sistema, rotação, refrigeração e
tipo de carga.

27
CAPÍTULO 11

Motores de Combustão Interna

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS mo no caso dos automóveis, por meio


de um motor elétrico de partida. Uti-
São motores de combustão interna liza-se a energia externa até que a ener-
aqueles que utilizam diretamente a gia originada dentro do motor du-
energia produzida pela queima de de- rante o curso de explosão passe a
terminados produtos. Podem ser clas- fornecer o movimento necessário para
sificados como alternativos e rota- manter o motor em funcionamento,
tivos, tendo uma vasta gama de apli- assegurando novos impulsos de força.
cação, como automotiva, industrial,
em aviação e marinha. O eixo de comando das válvulas é liga-
do por engrenagens ou uma corrente
Os motores alternativos, quanto ao ci- ao eixo de manivelas, de maneira a gi-
clo mecânico, classificam-se em: rar à metade da velocidade deste.
 motores de 4 tempos e Conforme o eixo de comando gira, as
 motores de 2 tempos. suas partes salientes ou “cames” em-
purram de seus assentos as válvulas de
MOTORES DE 4 TEMPOS admissão e de escapamento, nos tem-
GASOLINA/ÁLCOOL pos certos de abertura. Quando as
válvulas devem ser fechadas, molas
Os quatro cursos sucessivos, por meio tornam a trazê-las para seus assentos.
dos quais se completa o ciclo de força, Os tempos de abertura e fechamento
são denominados: variam de acordo com a construção e
o desenho do motor.
a. Curso de ADMISSÃO
ou ASPIRAÇÃO Um tubo de entrada, ou coletor de ad-
b. Curso de COMPRESSÃO missão, ligado ao suprimento de
c. Curso de EXPLOSÃO ou FORÇA ar/combustível, conduz a mistura ao
d. Curso de ESCAPAMENTO cilindro, e uma fonte de corrente
elétrica fornece energia à vela de ig-
Inicialmente, para fazer o eixo de nição no tempo certo do ciclo. Uma
manivelas girar, é preciso haver uma tubulação de escapamento coleta os
fonte de energia externa, que pode ser gases da combustão para soltá-los na
produzida virando-se manualmente atmosfera.
uma manivela ligada à extremidade
dianteira do eixo de manivelas ou, co-

28
A. Curso de ADMISSÃO bustível é gradualmente comprimida
pela diminuição do espaço acima do
A rotação do eixo de manivelas faz o pistão. No fim, ou quase no fim deste
pistão mover-se para baixo neste cur- curso, uma faísca elétrica da vela de
so, criando uma sucção (vácuo) na câ- ignição inflama a carga de combustí-
mara de combustão. Como a válvula vel. O impulso das partes móveis (pis-
de admissão se abre praticamente no tão, biela, eixo de manivelas e volante)
início do curso, uma mistura de ar e faz o pistão vencer o seu ponto morto
combustível, em proporções ade- superior no final do curso, apesar do
quadas para a combustão, é aspirada aumento da pressão do gás resultante
para dentro da câmara de combustão, da combustão.
pois a pressão atmosférica é mais ele-
vada do que a existente no cilindro. C. Curso de EXPLOSÃO

A válvula de escapamento permanece O calor da combustão faz com que os


fechada durante este curso, mas a de gases aprisionados se expandam. Isto
admissão fica aberta até o pistão al- produz um aumento de pressão que
cançar a parte inferior do curso, ou força o pistão para baixo, girando o
mesmo até ser iniciado o curso para eixo de manivelas e o volante, assim
cima, o de compressão. desenvolvendo força. Para aprisionar
os gases e assim assegurar o máximo
B. Curso de COMPRESSÃO rendimento da pressão resultante, as
válvulas de admissão e de escapamen-
A continuação da rotação do eixo de to permanecem fechadas até quase o
manivelas faz o pistão mover-se para fim do curso. Nessa ocasião a válvula
cima e, desde que ambas as válvulas de escapamento se abre.
estejam fechadas, a carga de ar e com-

29
D. Curso de ESCAPAMENTO Quando o pistão sobe, cria no cárter
uma depressão, provocando assim a
Completado o curso de explosão, o aspiração do ar através do filtro de ar e
pistão passa o ponto morto inferior e carburador, originando a mistura que
move-se para cima, no curso de es- vai encher o cárter (Fig. 1).
capamento. Isto força os gases queima-
dos para fora do cilindro, pois a válvu- Com a expansão dos gases que é pro-
la de escapamento é aberta quase no duzida pela inflamação da mistura, o
inicio deste curso. Perto do fim do cur- pistão é impulsionado para baixo pro-
so de escapamento, a válvula de es- duzindo energia mecânica. Na sua de-
capamento é fechada, e a de admissão scida, o pistão descobre a janela de
aberta, começando um novo ciclo. descarga, permitindo a saída dos gases
de combustão.
MOTORES DE 2 TEMPOS
GASOLINA/ÁLCOOL Ao mesmo tempo, comprime ligeira-
mente a mistura que se encontra no
No motor de 2 tempos, o ciclo de força cárter, fazendo com que esta penetre
é completado em dois cursos do no cilindro logo que a abertura do
pistão. É impossível determinar com canal de transferência fique descoberta
precisão os movimentos como no mo- (Fig. 2).
tor de quatro tempos. Porém, os movi-
mentos de força e de escapamento po- Logo que a mistura penetra no cilin-
dem ser considerados como ocorrendo dro, é promovida a “lavagem” do mes-
no curso para baixo do pistão, e a en- mo, que ajuda a expulsar os gases
trada e compressão como se realizando queimados no ciclo anterior (Fig. 3). A
durante o curso para cima. partir daí, reinicia-se um novo ciclo.

30
MOTORES DE 4 TEMPOS
DIESEL a. Curso de ASPIRAÇÃO
ou ADMISSÃO
Nestes motores, os quatro cursos, por b. Curso de COMPRESSÃO
meio dos quais se completa o ciclo de c. Curso de EXPLOSÃO ou FORÇA
força, são denominados: d. Curso de ESCAPE

A. Curso de ASPIRAÇÃO B. Curso de COMPRESSÃO


No curso de aspiração, a válvula de Logo depois que o pistão passa pelo
admissão abre-se um pouco antes de o ponto morto inferior, a válvula de ad-
pistão atingir o ponto morto superior missão se fecha e o pistão ao subir ini-
e a válvula de escape fecha-se um ins- cia o curso de compressão. Pouco antes
tante depois. Quando o pistão inicia o de atingir o ponto morto superior
movimento descendente, causa uma começa a injeção do combustível. Du-
rarefação que permite a entrada de ar rante a compressão, a temperatura do
fresco no cilindro, através da válvula ar chega a alcançar 550/650°C e a
de admissão. Se o motor for dotado de pressão de compressão sobe de 30 até
superalimentação, a sincronização das 40 atm, ou mais. Nestas condições, o
válvulas é um tanto diferente e o ar, ao combustível, finamente pulverizado,
invés de ser aspirado ao descer o pistão, inflama-se espontaneamente ao pene-
é introduzido no cilindro sob pressão. trar no cilindro. Com isto, a pressão de
combustão sobe até 70 atm e a tempe-
ratura, pelo menos momentaneamente,
atinge um valor da ordem de 1 500°C.

31
C. Curso de FORÇA: D. Curso de ESCAPE:

A combustão continua durante parte O pistão, ao subir novamente, força os


do curso de força, até que cessa a in- gases queimados para fora, através da
jeção do combustível. A expansão dos válvula de escape. Pouco antes de o
gases força o pistão para baixo até o fi- pistão alcançar o ponto morto supe-
nal do curso. Pouco antes de o pistão rior a válvula de admissão se abre
alcancar o ponto morto inferior, os o ciclo se repete.
gases se expandiram suficientemente/e
então se abre a válvula de escape.

MOTOR DE 2 TEMPOS DIESEL


São aqueles em que, como o próprio
nome diz, o ciclo de força se completa-
com dois cursos do pistão

A. Curso de COMPRESSÃO:

O curso de compressão começa quan- admissão (a), ou as válvulas de escape


do o pistão, estando no ponto morto se fecham (b), e tem inicio o curso de
inferior, descobre as janelas de lava- compressão. As pressões e tempera-
gem, permitindo a entrada de ar sob turas alcançadas pelo ar comprimido
baixa pressão, que expele os gases são similares as do motor de 4 tempos.
queimados pelas janelas ou válvulas de A injeção do combustível começa
escape e enche o cilindro com ar fresco. pouco antes de ser alcançado o ponto
Ao subir, o pistão fecha as janelas de morto superior e é imediatamente
escape e seguida da inflamação do combustível.

32
B. Curso de FORÇA de satisfazer as necessidades de lubri-
ficação.
Logo após iniciar se este curso cessa a
injeção. A combustão e expansão dos As principais funções do lubrificante de
gases forçam o pistão para baixo, um motor são
fornecendo trabalho ao eixo de
Lubrificar
manivelas. Ao fim do curso, o pistão
abre as janelas (a), ou abrem-se as Vedar
válvulas de escape (b), pelas quais Resfriar
começam a sair os gases queimados.
Limpar e
Descendo um pouco mais, o pistão
abre as janelas de lavagem e o ar sob Proteger contra corrosão
pressão expele o restante dos gases e
enche o cilindro com nova B carga de 0 óleo deve lubrificar, evitando o des-
ar fresco, recomeçando o ciclo. gaste das partes metálicas em movi-
mento, tais como mancais da biela e
LUBRIFICAÇÃO CORRETA virabrequim, paredes do cilindro, eixo de
DO MOTOR comando de válvulas, anéis, tuchos, etc.
A outra função do óleo é vedar a pas-
Com o tempo, a tendência geral na sagem dos gases da explosão para o
construção dos motores automotivos cárter, através dos anéis de compressão.
tem sido a de reduzir o tamanho dos
motores e, ao mesmo tempo, aumen- O óleo também deve circular constan-
tar a sua potência útil. Isto foi conse- temente pelo motor, resfriando a cabeça
guido de diversas maneiras, por exem- do pistão. Um motor limpo está relati-
plo: reduzindo as dimensões dos cilin- vamente livre de depósitos de carvão,
dros e aumentando as velocidades, borra e verniz, e um óleo de alta quali-
usando razões de compressão mais ele- dade proporciona a máxima limpeza do
vadas, a fim de tornar mais eficiente a motor. O lubrificante deve possuir ele-
utilização da energia do combustível, e vada alcalinidade, garantindo a neces-
reduzindo as perdas causadas pelo atri- saria e eficaz neutralização dos ácidos
to, por meio de projetos e construções oriundos da combustão, protegendo as-
melhorados. Isto somente para men- sim o motor contra a corrosão.
cionar os progressos mais importantes.
Entretanto, ainda que com estas mu- IMPORTÂNCIA DOS PERÍODOS
danças, a maioria das quais sujeita o DE TROCA DO ÓLEO
óleo lubrificante a temperaturas mais
elevadas e outras influências destruti- Um óleo lubrificante de alta qualidade
vas, a capacidade do cárter não foi au- por si só não se deteriora facilmente,
mentada, tendo sido mesmo reduzida. porém, em serviço, está sujeito a
O resultado é que os motores moder- várias espécies de contaminação, que
nos exigem cada vez mais melhora- acabam por destruir a sua capacidade
mentos nas qualidades do óleo, a fim protetora.

33
A fuligem, por exemplo, forma-se con- É natural, portanto, que o óleo es-
tinuamente em maior ou menor quan- cureça com o tempo de uso.
tidade, em razão da queima de com-
bustível. O período real de troca somente deve-
ria ser estabelecido após uma análise
O carvão se forma pela coqueificação do óleo. Entretanto, o fabricante do
da fuligem e provoca depósitos na equipamento estabelece um período de
cabeça do pistão, nos anéis, na saia do troca baseado em experiências anteri-
pistão e nas valvulas, podendo ser duro ores, pois não poderá saber de an-
ou mole, conformea temperatura da temão qual será o óleo usado pelo
área considerada. comprador do equipamento e nem se
o mesmo dispõe de recursos para efe-
Quando os motores trabalham em tuar uma análise de óleo.
baixa temperatura, a formação de de-
pósitos macios de carvâo é grande, Um problema muito comum e que
sendo que no cárter, cámaras das representa forte motivo para a troca de
válvulas e outras partes relativamente óleo é a diluição do lubrificante pelo
frias do motor aparecem as borras for- combustível. A diluição acarreta a
madas a frio, caracterizadas por encer- diminuição da viscosidade do óleo,
rarem sempre certa quantidade de que não protege devidamente as peças
água. Tais depósitos são bastante prej- em movimento nem evita o atrito
udiciais, pois interferem no funciona- metálico. Havendo atrito metálico, de-
mento do motor, como é o caso dos terminadas peças poderão aquecer-se
anéis, que devem mover-se livremente, de modo anormal. Com o cárter cheio
reduzindo ao mínimo a fuga dos gases. de vapores de combustível em pre-
sença de ar, forma-se uma mistura ex-
Caso haja passagem dos gases da com- plosiva que a qualquer momento pode
bustão, teremos aumento no consumo detonar, arruinando o motor.
do óleo e contaminação do lubrificante
com o combustível e gases de combustão. A diluição tem sua principal origem
nos vazamentos pelos assentos inter-
Os óleos detergentes-dispersantes tem nos dos elementos das bombas de in-
a propriedade de impedir a formação jeção e pelos injetores de combustível,
de depósitos, pois mantêm em suspen- que, sendo peças de alta precisão, po-
são todo o material carbonoso forma- dem ter a eficiência prejudicada por
do pela combustão. Assim sendo, o impurezas sólidas contidas no com-
óleo torna-se cada vez mais sujo, até o bustível (pó, ferrugem, etc.).
ponto em que deve ser trocado.

34
PURIFICADOR DE AR tipo retém até 95% dos contami-
nantes, desde que seja mantido em
O purificardos de ar é das peças mais boas condições de funcionamento.
importantes num motor. Se não for
impedida a entrada de poeira, esta Os dois tipos de purificadores exigem
atingirá os cilindros e riscará ou des- freqüentes cuidados de limpeza, pois,
gastará a superfície dos mesmos e dos conforme as condições do ar ambi-
anéis, antes de passar para o cárter. ente, em pouco tempo poderão ficar
saturados de pó e impurezas.
Posteriormente, ocorrerá desgaste de
mancais e paredes de cilindros, até Para dar uma idéia da quantidade de
que o material abrasivo seja retirado pó que o purificador deve reter, lem-
do motor pela filtração ou troca de bramos que, em áreas rurais, cada m3
óleo. de ar contém cerca de 1 mg de pó, ou
cada km3 contém 1 t de poeira, en-
Dois tipos de purificador são usados, quanto que nas áreas industriais cada
os chamados “a seco”, de papel, feltro m3 de ar contém cerca de 10 mg de
ou tela metálica de malha fina, e os pó. Um carro, rodando 8 h por dia,
chamados “a banho de óleo”, que con- pode receber, em média, cerca de 200
sistem de um depósito de óleo pelo g de pó por mês no seu sistema de fil-
qual o ar é obrigado a passar e que tro, o que claramente indica a im-
retém praticamente todas as im- portância e a necessidade da correta
purezas. Um bom purificador desse manutenção dos purificadores de ar.

35
CAPÍTULO 12

Classificação de Lubrificantes

A SAE (SOCIETY OF AUTOMOTIVE ENGINEERS) classifica os lu-


brificantes para motores e engrenagens somente pela viscosidade,
não considerando a qualidade do óleo.

Classificação SAE para óleos normais


Grau Viscosidade (cP) Viscosidade (cSt)
SAE na temperatura ºC, a 100ºC
máx. mín. máx.
0W 3250 a -30 3,8
5W 3500 a -25 3,8
10W 3500 a -20 4,1
15W 3500 a -15 5,6
20W 4500 a -10 5,6
25W 600 a -5 9,3
20 _ 5,6 a < 9,3
30 _ 9,3 a < 12,5
40 _ 12,5 a < 16,3
50 _ 16,3 a < 21,9
60 _ 21,9 a < 26,1
Nota:1 cP = 1 mPa.s;1 mm2/s

Classificação SAE para óleos


de caixas de mudanças e diferenciais
Grau Viscosidade (ºC) Viscosidade (cSt)
SAE para a viscosidade de a 100ºC
150000cP (150 Pa.s.) mín. máx.
70W -55 4,1 -
75W -40 4,1 -
80W -26 7,0 -
85W -12 11,0 -
90 - 13,5 24,0
140 - 24,0 41,0
250 - 41,0 -
36
A API (AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE) estabelece as classificações de
serviços a que serão sujeitos os motores e engrenagens automotivos, conforme as
seguintes tabelas:

Designação Descrição API Descrição ASTM


AS Lubrificantes para motores diesel e gasolina, Óleos sem aditivação.
em serviços leves. Não requerem dados de
performance.
SB Lubificantes para motores à gasolina,em serviços Óleos com alguma capa-
leves. cidade antioxidante e
antidesgaste.
SC Lubrificantes para motores à gasolina,sob garantia Óleos que atendem aos
a partir de 1964.Devem proporcionar o controle dos requisitos dos fabricantes
depósitos em altas e baixas temperaturas,do dos motores de 1964 a
desgaste,da oxidação e da corresão. 1967.
SD Lubrificantes para motores à gasolina,sob garantia a Óleos que atendem aos
partir de 1968.Devem proporcionar proteção contra requisitos dos fabricantes
depósitos em altas e baixas temperaturas,contra o dos motores de 1968 a
desgaste,a ferrugem e a corrosão.Podem substituir 1971.
qualquer um dos anteriores.
SE Lubrificantes para motores à gasolina,sob garantia a Óleos que atendem aos
partir de 1972.Devem proporcionar maior resistência requisitos dos fabricantes
à oxidação,à formação de depósitos em altas e baixas dos motores de 1972 a
temperaturas,à ferrugem e à corrosão que os SD.Po- 1979.
dem ser usados onde esses são recomendados.
SF Lubrificantes para motores à gasolina a partir de 1980. Óleos que atendem aos
Devem proporcionar maior estabilidade contra a oxida- requisitos dos fabricantes
ção e melhor desempenho antidesgaste que os SE.Tam- dos motores de 1980 a
bém proporcionam proteção contra depósitos,ferrugem 1988.
e corrosão.Podem substituir qualquer um dos anteriores.
SG Lubrificantes para motores à gasolina sob garantia a Óleos que atendem aos
partir de 1989.Podem substituir qualquer um dos ante- requisitos dos fabricantes
riores. dos motores a partir de 1989.
SH Lubrificantes para motores à gasolina sob garantia a Óleos que atendem aos
partir de julho de 1993.Podem substituir qualquer um requisitos dos fabricantes
dos anteriores. dos motores a partir de 1993
*S - SPARK

37
Designação Descrição API Descrição ASTM
CA Lubrificantes para motores a diesel que operam Óleos que atendem aos
em condições leves e com combustíveis de alta requisitos da especificação
qualidade.Esses óleos proporcionam proteção MIL-L-2104A
contra corrosão e a formação de depósitos em
alta temperatura.
CB Lubrificantes para motores a diesel que operam Óleos que atendem aos
em condições de leves a moderadas,com com- requisitos da especeficação
bustíveis de baixa qualidade ( alto teor de enxfre) MIL-L-2104A.
CC Lubrificantes para motores a diesel que operam Óleos que atendem aos
em condições de moderadas a severas (turbinados requisitos da especificação
com baixa taxa de superalimentação).Proporcio- MIL-L-2104B.
nam proteção contra a ferrugem,a corrosão e a
formação de depósitos em altas temperaturas.
CD Lubrificantes para motores a diesel que operam Lubrificantes superiores,
em condições severas (turbinados).Podem ser conforme Catepillar Série 3.
utilizados com combustíveis com teor de enxofre
variável.
CD II Lubrificantes para motores a diesel de dois ciclos Óleos que atendem aos
que operam em condições severas. requisitos da categoria CD
e passam pelo teste 6V-53T
da Detroit Diesel.
CE Lubrificantes para motores a diesel turboali- Óleos que atendem aos
mentados que operam em condições extre- requisitos da categoria CD
mamente severas. e passam pelos testes Mack
EO-K/2 e Cummins NTC 400
CF-4 Lubrificantes para motores a diesel,que operam Óleos que atendem aos
em condições extremamente severas. requisitos da categoria CE
e passam pelo teste 6V-
92TA da Detroit Diesel.
* C - Compression

38
Designação Descrição API

GL-1 Lubrificantes para engrenagens de transmiss‰es que operam com baixas pres-
sões e velocidades, onde um óleo mineral puro apresenta bons resultados.
Inibidores de oxidação,antiespumantes e abaixadores de ponto de mínima
fluidez podem se utilizados;agentes de extrema-pressão e modificadores de
atrito não devem constar na formulação.

GL-2 Lubrificantes para engrenagens que operam sob condições mais críticas que
as anteriores,quanto a cargas,temperaturas e velocidades. Neste caso,um
API GL-1 não tem desempenho satisfat¢rio.

GL-3 Lubrificantes para engrenagens que operam sob condições moderadas de


Carga e velocidade.

GL-4 Lubrificantes para engrenagens que operam sob condiáções muito severas,
como algumas hipóides em veículos automotivos.Os lubrificantes desta
categoria têm que alcançar a performance descrita pela ASTM STP-512 e
os n°veis de proteção do CRC Reference Gear Oil RGO-105.

GL-5 Lubrificantes para engrenagens que operam sob condições muito severas,
Como algumas hipóides em veículos automotivos. Os lubrificantes desta
categoria têm que alcançar a performance descrita pela ASTM STP-512 e os
níveis de proteção do CRC Reference Gear Oil RGO-110.

GL-6 ê uma categoria obsoleta,listada somente para referência histórica.


* GL - Gear Lubricant

39
A Instituição “American Gear Manu- vação de extrema-pressão) devem pos-
facturers Association” (AGMA) tem as suir um IV mínimo de 60 e suportar
seguintes classificações: 30 Ibf no ensaio TIMKEN. Os óleos
sem EP, de 1 a 6, devem possuir um IV
AGMA PARA LUBRIFICANTES DE mínimo de 30 (se a temperatura de
ENGRENAGENS FECHADAS operação for maior do que 44°C, IV
mínimo de 60). Os 7, 8 e 8A Com-
A faixa de viscosidade que identifica o pounds têm de 3 a 10% de gordura
número AGMA está baseada na ASTM natural ou sintética e devem possuir
D 2422. Todos os óleos EP (com aditi- IV mínimo de 90.

Sem Extrema-Pressão Viscoside Com


(Com Inibidor de Extrema-Pressão
Ferrugem e Oxidação) SUS a 100ºF cSt a 37,8ºC
1 193/ 235 41,4/ 50,6 -
2 284/ 347 61,2/ 74,8 2 EP
3 417/ 510 90/ 110 3 EP
4 626/ 765 135/ 165 4 EP
5 918/ 1 122 198/ 242 5 EP
6 1 335/1 632 288/ 352 6 EP
7 Compound 1 919/ 2 346 414/506 7 EP
8 Compound 2 837/ 3 467 612/ 748 8 EP
8A Compound 4 171/ 5 098 900/ 1 100 -

AGMA PARA LUBRIFICANTES DE D 2422. O sufixo R identifica os lubri-


ENGRENAGENS ABERTAS ficantes com diluente volátil, não in-
flamável. As faixas de viscosidades cor-
A faixa de viscosidades que identifica o respondentes são referentes aos produ-
número AGMA está baseada na ASTM tos sem o solvente.

Sem Extrema-Pressão Viscoside Com


(Com Inibidor de Extrema-Pressão
Ferrugem e Oxidação) SUS a 100ºF cSt a 37,8ºC
4 626/ 765 - 4 EP
5 918/ 1 122 - 5 EP
6 1 335/ 1 632 - 6 EP
7 1 919/ 2 346 - 7 EP
8 2 837/ 3 467 - 8 EP
9 6 260/ 7 650 - 9 EP
10 13 350/ 16 320 - 10 EP
11 19 190/ 23 460 - 11 EP
12 28 370/ 34 670 - 12 EP
13 - 850/ 1 000 13 EP
14 R - 2 000/ 4 000 -
15 R - 4 000/ 8 000 -
40
A partir de 01.01.78, os graus de viscosi- tistokes) a 40°C. Os números que licam
dade dos lubrificantes industriais Mobil cada grau ISO representam o ponto
passaram a ser designados conforme es- médio de uma faixa de viscosidade
tabelece o sistema “International Stan- compreendida: entre 10% abaixo e 10%
dards Organization” (ISO), adotado acima desses valores. Por exemplo, um
pela “American Society of Testing and lubrificante designado pelo u ISO 100
Materials” (ASTM). O sistema ISO está tem uma viscosidade cinemática a 40°C
baseado na viscosidade cinemática (cen- na faixa de 90 cSt a 110 cSt.

Todas as viscosidades a 40ºC. Usar os “ASTM D 341 Charts”


ara determinar uma viscosidade em outra temperatura
ISO Standard 3448
ASTM D-2422 Ponto Médio Viscosidade Cinemática, cSt Equivalência
de Viscosidade Aproximada,
cSt mínima máxima SUS
ISO VG 2 2.2 1.98 2.42 32
ISO VG 3 3.3 2.88 2.88 36
ISO VG 5 4.6 4.14 5.06 40
ISO VG 7 6.8 6.12 7.48 50
ISO VG 10 10 9.00 11.0 60
ISO VG 15 15 13.5 16.5 75
ISO VG 22 22 19.8 24.2 105
ISO VG 32 32 28.8 35.2 150
ISO VG 46 46 41.4 50.6 215
ISO VG 68 68 61.2 74.8 315
ISO VG 100 100 90.0 110 465
ISO VG 150 150 135 165 700
ISO VG 220 220 198 242 1000
ISO VG 320 320 288 352 1500
ISO VG 460 460 414 506 2150
ISO VG 680 680 612 748 3150
ISO VG 1000 1000 900 1100 4650
ISO VG 1500 1500 1350 1500 7000

Obs.: O sistema ISO se aplica apenas Os óleos automotivos continuarão


aos lubrificantes industriais em que a sendo designados pelo grau SAE. Os
viscosidade é um fator preponderante graus de viscosidade ISO normalmente
para a seleção, estando excluídos, por- são fornecidos na faixa de 2 a 1500. No
tanto, os óleos de corte, óleos de têm- entanto, a Mobil tem alguns produtos,
pera, óleos protetivos, óleos de trans- tais como os Mobilgear SHC, com grau
formador, etc. ISO de 3200 a 6800.

41
A classificação CCMC, assim como a são um pouco mais severas que as da
API, está fundamentada no desempen- API SG.
ho dos lubrificantes em serviço. A
qualificação é determinada por uma Quanto aos motores a diesel, a antiga
comissão, através da análise dos resul- D1 foi eliminada, sendo que as D2 e
tados de uma série de ensaios. D3 são agora obsoletas, substituídas
que foram pelas D4, que delimita um
No início de 1989, o CCMC emitiu es- óleo para desempenho moderado, e
pecificações novas e revisadas para os D5, para serviços severos ou sujeitos a
lubrificantes. Para motores à gasolina, trocas prolongadas. As propriedades
a antiga G1, que era quase igual a API físicas especificadas para os dois são
SE, foi eliminada. As recentes especifi- iguais. Comparando as D2 e D3 com
cações G4 (óleo para aplicações gerais) as D4 e D5, as últimas são considera-
e G5 (óleo com baixa viscosidade e que velmente mais exigentes quanto a
economiza combustível) substituem as volatilidade do óleo (controle do con-
G2 e G3. Com exceção dos graus de sumo do lubrificante) e ao aumento da
viscosidade, da estabilidade ao cisalha- viscosidade do óleo usado. Segue,
mento e da volatilidade, os produtos abaixo, a classificação discriminada
que atendem G4 e G5 são idênticos. por combustível. O nível de exigências
Estas novas exigências de desempenho cresce da esquerda para a direita.

GASOLINA DIESEL
G1 G2 G3 G4 G5 PD1 D1 D2 D3 D4 D5

Obs.: CCMC = Comitê dos Constru- gasolina como diesel. Superam as exi-
tores do Mercado Comum Europeu. gências apresentadas na especificação
MIL-L-2104C. Serviço API CD,
Existem especificações governamentais MULTIGRAU (SAE 15W-40).
e de fabricantes baseadas no desem-
penho do lubrificante, sendo que algu-  Caterpillar Superior ou Série 3
mas são citadas a seguir:
É uma especificação de fabricante, co-
 Especificação Militar MIL-L-2104C brindo óleos de alta detergência-dis-
persância, indicados para motores
Refere-se a óleos lubriticantes para diesel de alta potência que usam com-
serviços pesados, tanto em motores à bustível com teor de enxofre acima de
gasolina como diesel. Superam as exi- 0,4%. Servico API CD.
gências apresentadas na especificação
MIL-L-2104B. Serviço APICD.  CaterpillarTO-2

 Especificação Militar MIL L-2104D É uma especificação de fabricante que


refere-se a testes antifricção para óleos-
Refere-se a óleos lubrificantes para de motores usadoscomo fluidos de
serviços pesados, tanto em motores à transmissão (SAE 10W).
42
CAPÍTULO 13

Noções sobre Lubrificantes Sintéticos

O petróleo cru é uma mistura completa trutura dos hidrocarbonetos nesse


de hidrocarbonetos. Apesar dos diferen- processo.
tes tipos de petróleo cru variarem em
sua composição química, todos pos- Por outro lado, os óleos sintéticos são
suem os mesmos elementos básicos. normalmente produzidos através de
Gases leves, como o etano, metano, bu- reações químicas, onde a pressão, tem-
tano e propano, são obtidos através da peratura e a proporção dos elementos e
destilação atmosférica. As frações de compostos podem ser cuidadosamente
gasolina, diesel e óleo combustível são controladas. Freqüentemente, o camin-
também destiladas do petróleo cru e o ho da reação para se chegar ao produto
resíduo é utilizado para a obtenção de desejado envolve vários passos, que re-
óleos lubrificantes básicos. Uma grande querem uma purificação dos produtos
variedade de métodos sofisticados de intermediários. Como resultante desse
refino são aplicados para remover com- processo de se catalisar vários compos-
ponentes indesejáveis, como asfaltos, tos, obtém-se os óleos sintéticos, com as
ceras e compostos de enxofre. suas excelentes características. Entretan-
to, deve-se considerar que os mesmos
O óleo lubrificante básico, apesar do al- apresentam um maior custo de pro-
to grau de refino, contém ainda uma dução, uma vez que aos custos da
série de compostos orgánicos de oxi- matéria-prima são adicionados os cus-
gênio, enxofre e nitrogênio; até mesmo tos de cada ass uma das reações quími-
uma pequena quantidade de substân- cas necessárias para a obtenção do pro-
cias inorgânicas. Em outras palavras, duto. Como em toda a indústria as
existem milhares de compostos pre- química, a matéria-prima é, na maioria
sentes no petróleo cru que são na dos casos, obtida do petróleo e gás na-
maioria removidos por refino, mas al- tural termicamente processados.
guns ainda permanecem no óleo lubri- O etileno e seus derivados são das
ficante básico. Nos óleos sintéticos, os matérias-primas mais importantes na
métodos de produção permitem que indústria petroquímica, servindo como
seiam evitados os elementos químicos e elementos básicos para a produção de
substâncias indesejáveis presentes no alguns lubrificantes sintéticos.
petróleo cru. Obtém-se, assim, um pro- Para exemplificar, alguns tipos de lubri-
duto mais estável, que é formado ape- ficantes sintéticos: polialfaolefinas
nas por hidrocarbonetos com estrutura (P.A.O.), poliglicóis, ésteres de fosfato,
controlada. silicones, ésteres de silicato, alquilado
aromático, etc.
Em resumo, podemos rearranjar a es-

43
BASES SINTÉTICAS
DERIVADAS DO ETILENO

H H
C C
H H
ETILENO

R1 R3
C C
R2 R4
DERIVADO DE
ETILENO

POLIGLICÓIS

ÓXIDO
ALQUILENO

CATALISADOR
POLIALFA- ETILENO ALQUILADO
DECENO
OLEFINA PROPILENO AROMÁTICO

ÁLCOOL
ÁCIDO (O)
ÉSTER ÁLCOOL ÁLDEÍDO ÁLCOOL ÉSTER

CH 2 0 H2

POLIOL

ÁCIDO

ÉSTER DE
POLIOL

44
CAPÍTULO 14

Armazenagem e Manuseio

Os cuidados com o lubrificante inici- e dilata-se, soltando para o ambiente


am-se na recepção do mesmo, que o ar que contém. Quando esfria ou
pode chegar transportado em cami- chove, a umidade do ar ou a água de-
nhões, por exemplo. Nunca se deve positada sobre o tambor entra no
jogar os tambores no chão, mesmo que mesmo e mistura-se com o óleo, po-
sobre pneus, pois os tambores pesam dendo deteriorá-lo rapidamente.
cerca de 200 kg e, apesar de serem feitos
de aço, as costuras (soldas) podem não Os tambores devem ser guardados em
resistir, dependendo da queda. local coberto e sob a responsabilidade
de uma pessoa, tendo-se o máximo de
O transporte dos tambores do local de cuidado para se evitar confusões no uso.
desembarque até o armazém deve ser
feito sobre trilhos ou em carrinhos, As latas, baldes e outros acessórios
pois se forem rolados no chão podem que são usados no transporte de óleo
perder a identificação. do tambor para os equipamentos de-
vem estar limpos.
A armazenagem propriamente dita
deve ser feita em local conveniente e Recomenda-se usar um balde ou lata
preparado para isso, não se devendo para cada tipo de óleo, e panos com
deixar os tambores ao relento. Um bainha costurada na limpeza dos re-
tambor que fica exposto ao sol aquece cipientes, a fim de se evitar os fiapos.

45
CAPÍTULO 15

Anexos

QUADRO COMPARATIVO DE GRAUS DE VISCOSIDADE

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VISCOSIDADE- TEMPERATURA
ASTN Standard Chart D 341 Modificado

47
MISTURA DE DOIS COMPONENTES - VISCOSIDADE (cSt) x % VOLUMÉTRICO
No caso de misturas, recomenda-se que sejam feitas entre produtos de mesma “família”

48
A N OTA Ç Õ E S :

49
50

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