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FACULDADE DE DESIGN GRÁFICO

FERNANDO GUIMARÃES LEITE

PROJETO DE IDENTIDADE VISUAL

PARA MARCA DE ALIMENTO

PRODUZIDO POR PROJETO SOCIAL

PORTO ALEGRE
2013
FERNANDO LEITE

PROJETO DE IDENTIDADE VISUAL

PARA MARCA DE ALIMENTO PRODUZIDO

POR PROJETO SOCIAL

Projeto de Trabalho de Conclusão de


Curso apresentado ao UniRitter Laureate
International Universities como requisito
para elaboração da monografia de
conclusão do curso de Design Gráfico.

Orientador: Prof. Norberto José Pinheiro


Bozzetti

Porto Alegre

2013 / 1
RESUMO

Diante do forte crescimento de ações que envolvem organizações sem fins


lucrativos, principalmente no ambiente de trabalho da Faculdade UniRitter que já
produzia muito conteúdo interessante envolvendo a Creche Boa Esperança, surgiu o
interesse sobre o tema.

Este trabalho tratará sobre o desenvolvimento de um Sistema de Identidade


Visual para um alimento fabricado no ambiente da Escola Infantil Boa Esperança no
projeto social (com jovens de 12 a 18 anos) no qual aprendem a preparar o produto
bolo de banana. O projeto se orientará a partir das metodologias do Projeto E,
juntamente com a metodologia para Design de Identidade de Marca de Alina
Wheeler.

Palavras-chave: Design. Identidade de marca. ONG. Social. Marca. Boa


Esperança. Logotipo. Identidade Visual. Embalagem.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Método Alina Wheeler ............................................................................. 06


Figura 2 – Metódica Human-Centered Design.......................................................... 07
Figura 3 – HCD e Fatores Projetuais.........................................................................08
Figura 4 – Projeto E...................................................................................................09
Figura 5 – Marcas com Palavras...............................................................................15
Figura 6 – Monogramas.............................................................................................15
Figura 7 – Emblemas.................................................................................................16
Figura 8 – Marcas Pictóricas......................................................................................16
Figura 9 –Marcas Abstratas Simbólicas.....................................................................17
Figura 10 – Logotipo ..................................................................................................23
Figura 11 – Assinatura Visual.....................................................................................23
Figura 12 – Padrão Cromático.................................................................................. 24
Figura 13 – Padrão Cromático aplicado a Website....................................................25
Figura 14 – Sistema de Apoio Jogos Olímpicos de Londres 2012.............................27
Figura 15 – Sistema de Apoio Jogos Olímpicos de Londres 2012.............................28
Figura 16 – SIBD e SFBD .........................................................................................34
Figura 17 – Fatores Projetuais...................................................................................34
Figura 18 – Identidade Visual Orfolinho.....................................................................35
Figura 19 – Identidade Visual Ana Maria ..................................................................36
Figura 20 – Identidade Visual Seven Boys................................................................36
Figura 21 – Identidade Visual Nutrella ......................................................................37
Figura 22 – Identidade Visual Trakinas .....................................................................37
Figura 23 – Embalagem Ana Maria ...........................................................................38
Figura 24 – Embalagem Seven Boys.........................................................................39
Figura 25 – Embalagem Nutrella ...............................................................................40
Figura 26 – Geração de alternativas para nome .......................................................42
Figura 28 – Geração de alternativas para nome .......................................................48
Quadro 5– Geração de alternativas para nome ........................................................48
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Marca segundo definições encontradas em dicionários .........................06


Quadro 2 – Identidade segundo definições encontradas em dicionários...................07
Quadro 2 – Embalagem segundo definições encontradas em dicionários................07
Quadro 4 – Atribuitos conceituais para marca...........................................................09
Quadro 5 – Análise de viabilidade de nomes.............................................................15
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................01
2. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................02
3. OBJETIVOS...........................................................................................................04
3.1 Objetivo geral.......................................................................................................04
3.2 Objetivos específicos...........................................................................................04
4. METODOLOGIA....................................................................................................05
4.1 Alina Wheeler ......................................................................................................05
4.2 Human-Centered Design......................................................................................06
4.3 Projeto E...............................................................................................................07
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................10
5.1 MARCA.................................................................................................................10
5.1.1 O Papel das marcas............................................................................................................12
5.1.2 Identidade de marca..........................................................................................12
5.1.2.1 Ideais fundamentais para a diferenciação de identidade de marca...............13
5.1.3 Tipologia das marcas........................................................................................16
5.1.4 Posicionamento e estratégia de marca.............................................................18
5.1.5 Pontos de contato..............................................................................................20
5.2 SISTEMA DE IDENTIDADE VISUAL...................................................................20
5.2.1 Elementos do Sistema de Identidade visual......................................................22
5.2.1.1 Símbolo..........................................................................................................22
5.2.1.2 Logotipo..........................................................................................................23
5.2.1.3 Assinatura visual............................................................................................24
5.2.1.4 Padrão cromático...........................................................................................25
5.2.1.5 Sistemas de apoio..........................................................................................26
5.2.1.6 Tipografia........................................................................................................28
5.3 EMBALAGEM......................................................................................................,29
5.3.1 As embalagens..................................................................................................29
5.3.2 Embalagens e o design.....................................................................................30
5.3.3 Pós-uso, descarte e reciclagem das embalagens.............................................30
6. CONDUÇÃO DE PESQUISA.................................................................................33
6.1 CONTEXTUALIZAÇÃO........................................................................................33
6.1.1 Situação inicial e final bem definidas.................................................................33
6.1.2 Questões projetuais...........................................................................................34
6.1.3 Condição atual e condição pretendida..............................................................35
6.1.4 Fatores projetuais..............................................................................................35
7. ANÁLISES.............................................................................................................37
7.1 Análise conotativa................................................................................................37
7.2 Análise de contexto..............................................................................................38
7.3 Análise estrutural..................................................................................................38
7.4 Lista de requisitos e restrições.............................................................................44
8. DESENVOLVIMENTO...........................................................................................45
8.1 Conceituação de marca……….............................................................................45
8.2 Mensagem-chave da marca.................................................................................45
8.3 Proposta de nome …………….............................................................................47
8.4 Desenhos e esboços para embalagem................................................................50
8.5 Definição de embalagem final..............................................................................53
8.5.1 Definição de materiais para a embalagem........................................................54
8.6 Elementos do sistema de identidade visual.........................................................54
8.6.1 O logotipo………………….................................................................................55
8.6.2 A tipografia institucional….................................................................................61
8.6.3 Cromografia……………….................................................................................62
8.7 Especificações técnicas……………………………………………………………….65
8.8 Principal aplicação……………....……………………………………………………..66
8.9 Aplicações secundárias……………………………………………………………….67

9. CONCLUSÃO........................................................................................................68
1
 

1. INTRODUÇÃO

O tema selecionado para o desenvolvimento do trabalho de conclusão de


curso de Design Gráfico envolve o desenvolvimento de uma Identidade Visual para
marca de produto, bolo de banana, visando aplicação final em embalagem. Esse
sistema se destina ao alimento produzido em um projeto de padaria na Escola
Infantil Boa Esperança, que tem por finalidade incluir o jovem de baixa-renda no
mercado de trabalho. A realização deste tem por objetivo responder o seguinte
problema: como desenvolver um Sistema de Identidade Visual para a marca de um
produto bolo de banana, objetivando transmitir a qualidade do produto através de
representações gráficas?

A fins de compreendimento geral do trabalho, este está estruturado em fases,


na qual a primeira visa o aprofundamento do contexto em que está inserido, e a
seguir é apresentado ao leitor o desenvolvimento do projeto com a solução do
problema citado.

A idéia de desenvolver este projeto partiu no momento em que o engajamento


da Creche Boa Esperança com seus alunos foi apresentado pela turma de Projeto 4
(2011-2) do curso de Design de Produto do UniRitter (Porto Alegre). A partir de
então surge a principal motivação pessoal de participar e colaborar com o
crescimento e a valorização do trabalho que lá acontece. Através de reuniões com
os profissionais que trabalham no projeto, foram apresentadas, maneira
aprofundada, como são os mecanismos do processo de inclusão do jovem que
aprende processos de padaria.

A partir disto surge a idéia de desenvolver um Sistema de Identidade Visual


para o produto que estes alunos produzem (bolo de banana), para auxiliar na
organização, motivação e divulgação da marca (ainda inexistente), que será
referenciada como projeto social ao longo do trabalho de conclusão. Ao mesmo
tempo o tema foi eleito por interesses próprios de conhecer melhor a forma como
trabalham estes alunos e assim auxiliá-los com meus conhecimentos de estudante
de Design.
2
 

2. JUSTIFICATIVA

Conforme Strunck (2003), o desenvolvimento de uma cultura sempre se deu


através do modo como nos comunicamos com o mundo, e assim o homem em seu
estado atual, deve toda sua existência para sua visão, audição, fala e os outros
sentidos, que o fazem compreender o que as coisas informam. Todos os objetos, e
todas as ações possuem uma carga de informação, que, de forma cognitiva,
interpretamos de determinada maneira. Assim, a comunicação se relaciona
diretamente com o passado, presente e futuro de tudo o que acontece, e por isso se
torna tão delicada e deve ser tratada com tamanha importância para modificar o
mundo de maneira ideal.

Aplicando esse discurso às visões de mercado, Strunck (2007, p.18) afirma


que em decorrência da evolução do homem e da velocidade do trâmite de
informações hoje existentes, hoje não a dificuldade em transmitir os diferenciais de
um produto é muito alto, e por consequência disso o grande trunfo de vendas acaba
por ser o valor de venda final. Por isso, nos negócios vencedores, as marcas têm se
utilizado de seu valor conceitual como um patrimônio capaz de transferir valor junto
ao seu público. Através desses conhecimentos torna-se necessário definir um
conceito que manifeste corretamente, de forma visual, o conceito deste projeto
realizado na padaria da creche Boa Esperança, e obtendo por fim um sistema de
identidade visual adequado para o produto final. Bonsiepe (1997) diz que para as
questões gráficas, que possuem uma metódica de trabalho, um sistema de produção
e/ou um modelo padrão de produção, cabe ao designer otimizar esses processos, se
utilizando do conhecimento de grafismos, comunicação e metodologia quando
convir. Assim, com esse trabalho, a partir dos conhecimentos obtidos durante o
período de graduação no curso de design gráfico pretendo desenvolver um sistema
de identidade visual para produto bolo de banana .

Criar um sistema identidade visual para um bolo de banana que é produzido


por jovens financeiramente carentes, dentro da creche Boa Esperança, é visualizar
um futuro financeiro para esta e os que lá atuam. Wheeler (2008, p.16) comenta que
as empresas têm necessidade da identidade de marca e que assim é importante
para um designer ouvir os sonhos das pessoas. Para ela, uma identidade de marca
3
 

tangibiliza alguns fatores principais para a promoção de uma empresa, produto ou


serviço no mercado de trabalho tais como: visão, significado, autenticidade,
diferenciação, sustentabilidade, coerência, flexibilidade, comprometimento e valor;
que são palavras-chave para impulsionar a motivação desses jovens envolvidos
nesse projeto. A visão aparece como um preceito motivador, e parte de alguém que
possua a inteligência de imaginar e visualizar o futuro da empresa. Nesse caso o
significado deve ser construído por essa pessoa também, junto com designers e
pessoas que possuam habilidades de entender o mercado no qual a empresa irá se
inserir. A diferenciação se trata da marca identificada conseguir se destacar, e ser
reconhecida em um mercado de grande competição.

A motivação social parte do preceito de que de acordo com Wheeler (2008) o


gerenciamento e a busca para aprimoramento do valor de marca não se limita mais
apenas às grandes empresas. Pessoas com pensamentos determinados podem
hoje encontrar meios distintos para a gestão, seja ele terceirizado ou buscando
fontes de informação sobre o assunto em meios gratuitos, que não necessitem um
investimento monetário de alto valor.
4
 

3. OBJETIVOS

Este capítulo apresentará o objetivo geral da pesquisa e os objetivos


específicos que constituem-se em subdivisões necessárias para a compreensão
desta pesquisa.

3.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um Sistema de Identidade Visual para o produto bolo de banana.


Sistema que represente o produto principalmente como um bolo de qualidade, e a
idéia principal de profissionalismo de seus fabricantes.

No desenvolvimento deste trabalho aqui apresentado, tenho por objetivo geral


decompor e analisar as etapas principais do processo de elaboração de um Sistema
de Identidade Visual voltado, principalmente, para produtos alimentícios que tenham
apelo da alimentação saudável, e que primem pela qualidade no ambiente de
produção e distribuição.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Conceituar marca, investigar o papel da marca na identificação de um


produto e um serviço;

b) Conceituar identidade visual e investigar seus elementos e os princípios


que regem o dever da mesma;

c) Descrever embalagem e identificar sua importância na divulgação e


conservação do produto.
5
 

4. METODOLOGIA

Este trabalho será dividido em duas principais etapas, sendo a primeira


teórica e científica e a segunda projetual . Na etapa teórica esta pesquisa se
caracteriza como exploratória, descritiva e aplicada. Com a utilização das pesquisas
realizadas (documental e bibliográfica), é possível identificar as maneiras ideais para
o desenvolvimento de um projeto de identidade visual, de valorização de marca e de
estratégias de posicionamento, visando a aplicação no produto final.

Para o desenvolvimento projetual será utilizado uma metodologia híbrida .


Para execução das análises necessárias será utilizado o método Projeto E, de
Meurer e Szabluck (2012). Para o desenvolvimento da geração de alternativas e o
próprio sistema de identidade visual final me apropriarei de fragmentos da
metodologia de Alina Wheeler (2008). Durante esse processo, para auxilio nas
pesquisas e compreensão plena do conteúdo a ser abordado, utilizarei partes do
método HCD (Human Centered Design (Cooley 2009) por conter processos
adaptados a meios de baixa renda e tem seu fim o processo de implementação de
projetos. A seguir serão apresentados os três métodos citados.

4.1 ALINA WHEELER

A metodologia de Alina Wheeler publicada em Design de Identidade de Marca


(2008) foi desenvolvida pensando desde o nascimento de uma idéia de marca até a
concepção do produto final, com seus pontos de contatos estabelecidos e indo até o
plano de lançamento desse, com sua manutenção posteriormente. Ela se divide em
5 fases que contemplam um dos mais eficazes meios de desenvolvimento de uma
identidade de marca. São eles:
 

 
6
 

Figura  1  -­‐  Método  Alina  Wheeler  

 
Fonte:  Wheeler  (2008)  adaptado  pelo  autor  

Pela razão de este trabalho de conclusão não possuir tamanha complexidade,


foram eleitas as fases: Classificação da Estratégia, Design da identidade e Criação
de pontos de contato como guias para o desenvolvimento do sistema de identidade
visual, conforme ilustra a figura 1.

4.2 HUMAN-CENTERED DESIGN

A utilização do processo HCD será apenas em conversas informais com as


pessoas atuantes no projeto. Apesar de serem conversas registradas, essas serão
citadas na etapa de desenvolvimento a fins de reforço conceitual. O processo HCD
(Human-Centered Design) é citado na metologia de Alina Wheeler e consiste em um
processo de entender melhor o produtor e o público-alvo utilizando três palavras-
chave, na língua inglesa, que remetem ao nome deste que são:
 

 
7
 

Figura  2  -­‐  Metódica  Human-­‐Centered  Design

 
Fonte:  IDEO  (2012)  adaptado  pelo  autor

Diante destes três elementos principais é possível ir do abstrato (idéia inicial)


ao concreto (implementação) e assim mensurar resultados da proposta e
desenvolvimento deste trabalho. Este processo por si possui conexões diretas com
os fatores projetuais de Redig (1977), que devem ser levados em consideração para
que o projeto de design seja bem sucedido.

 
8
 

Figura  3  -­‐  HCD  e  Fatores  Projetuais

 
Fonte:  O  autor

A utilização do processo HCD será apenas em conversas informais com as


pessoas atuantes no projeto. Apesar de serem conversas registradas, essas serão
citadas na etapa de desenvolvimento a fins de reforço conceitual.

4.3 Projeto E

A fase Estratégia da metodologia de Meurer e Szabulck (2010) possui itens


suficientes para um desenvolvimento adequado de análises preliminares para
identificar restrições, detalhes e possibilidades para o projeto.
Figura  4  -­‐  Projeto  E
9
 

Fonte:  Meurer  e  Szabluck  (2010)


10
 

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo destina-se á apresentação respectiva do desenvolvimento dos


objetivos específicos citados.

O primeiro capítulo apresentará conteúdo relacionado à conceituação teórica


de marca a fins de excluir o conhecimento popular da palavra, uma vez que este
pode ser prejudicial à compreensão geral do trabalho. Em seguida, no mesmo
capítulo, será apresentado conteúdo referente à importância da marca na
identificação de um produto, ou serviço.

O segundo capítulo destinar-se-á ao conceito de identidade visual de marca,


e ao reconhecimento dos elementos que a caracterizam. Nesta fase será abordada
a relevância para uma marca possuir uma identidade visual adequada, quais seus
prós e quais mudanças podem acarretar no futuro desta.

Já o terceiro capítulo fará breve abordagem sobre a importância das


embalagens para a divulgação e conservação de um produto, uma vez que a
aplicação principal da identidade visual será apresentada através representações
gráficas em um produto de embalagem para o bolo de banana.

5.1 Marca

De acordo com Neumeier (2008), marca não é um logotipo, não é uma


identidade e não é um produto, conforme o conhecimento popular costuma afirmar.
Marca é um sentimento visceral, porque marcas são definidas por pessoas
individuais e não por um conceito adequado à elas.

É um sentimento visceral porque as pessoas são seres emocionais,


intuitivo. É um sentimento visceral pessoal, porque as marcas são definidas
por indivíduos, não empresas, mercados ou público (NEUMEIER, 2008,
p.15).

O autor afirma que marcas possuem um valor que pode ser mensurado
através de 5 fatores principais, entre eles: Diferenciação, Colaboração, Inovação,
Validação e o Cultivo. Esses fatores são denominados como as cinco disciplinas do
Branding, que geram um círculo virtuoso, e que a cada volta completa deste, o seu
11
 

valor de marca aumenta. Por fim, Neumeier define Marca como uma ferramenta
estratégica carismática de uma serviço, empresa, produto ou pessoa, mas que só é
alcançado quando estas etapas são seguidas rigorosamente.

Strunck (2007) acrescenta a teoria de Neumeier (2008) de que marcas


possuem um objetivo, dizendo que este é de criar também benefícios (relação com a
etapa de Colaboração) emocionais que incentivam a fidelização da pessoa com a
qual interage, benefícios esses ligados diretamente a experiências ocorridas em
algum momento posterior. Os efeitos da globalização invadem nossas vidas de
forma avassaladora. A forma de demonstrar qual o maior patrimônio entre as marcas
está nos valores que são informados ao público geral. Segundo Strunck (2007,
p.18):

Hoje em dia praticamente todos os negócios sofrem os efeitos da competição


global. Inovações tecnológicas são rapidamente lançadas no mercado e as
empresas que não conseguem transmitir diferenciais perceptivos em seus produtos
ou serviços tornam-se empresas que passam a brigar somente por preço com seus
concorrentes.

Wheeler (2008) afirma que uma marca, para se destacar no mercado que
possui inúmeros concorrentes, precisa se manter focada em seus objetivos
principais, e manter seus pontos de contato (oportunidades de fortalecimento e
comunicação) sempre ativos, pois esta se comunica diretamente com a mente e com
o coração das pessoas. “A marca é a promessa, a grande idéia e as expectativas
que residem na mente de cada consumidor.” (WHELLER, 2008, p.12).

É válido para este trabalho, ressaltar a importância de registro de uma marca


– atividade realizada no Brasil pelo órgão INPI (Instituto Nacional da Propriedade
Industrial) que segue no Código da Propriedade Industrial (Lei 5.772, de 21 de
dezembro de 1971) e é imprescindível a aplicação de qualquer trabalho que inclua a
valorização de marca ao seu conteúdo. “O INPI considera como marca um nome,
símbolo, ou figura utilizados para identificar empresas entidades, produtos ou
serviços” (STRUNCK, 2007, p.23). A instituição decreta que marca é um sinal
distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de
outros análogos de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos
mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas. Assim colocado, a
12
 

distinção pode e deve ser mensurada e registrada de acordo com seu meio, origem
ou categoria, visando a proteção da marca desejada

5.1.1 O papel das marcas

Para Aaker (1998), as marcas sempre existiram como maneira de identificar


bens ou serviços de seus concorrentes. Sempre pensando no registro de quem era
tal material, visando apontar a discrepância de produtos ou serviços a fins de
melhorias entre seus concomitantes. O autor considera as evidências da história
medial de nomes que foram aplicados a objetos, como tijolos, com a finalidade de
identificar o fabricante, e que já nessa época as sociedades na Europa pensavam na
segurança do produto que seria usufruído pelo consumidor. E as associações de
marca com a palavra branding surgiram com força no século XX, mas apenas pelo
fato de a partir de então a pesquisa de mercado ter começado a participar e a
interferir na maneira de pensar a construção do valor de marca.

5.1.2 Identidade de Marca

De acordo com Kotler (2008), uma marca é o que gera expectativa,


percepções ou idéias e que ficam impregnadas na mente dos indivíduos que estão
em contato com uma empresa, ou produto. Para ele, marca é uma representação
que permita a identificação de uma entidade qualquer, seja ele um símbolo, um
signo, ícone ou até mesmo uma palavra.

Conforme o quadro 1, a palavra marca está diretamente relacionada ao


reconhecimento ou distinção de uma entidade, produtos ou serviços.

 
13
 

Quadro  1  –  Marca  segundo  definições  encontradas  em  dicionários

 Fonte:  Elaborado  pelo  autor  segundo  definições  encontradas  nos  dicionários

Para Wheeler (2008), identidade está ligada a expressão visual e verbal de


uma marca. Como suporte tangibilizador, a identidade se comunica através de
meios expressivos e geralmente sintetizados por formas gráficas como ferramentas
de comunicação. O que antes fora apenas um sentimento, em um passo seguinte,
com uma identidade de marca transmite alguma informação mais concreta,
remetendo ao explorador dessa, sensações significativas para um reconhecimento
imediato sobre a marca.

Uma identidade visual fácil de lembrar e imediatamente reconhecível


viabiliza a conscientização e o reconhecimento da marca. A identidade
visual engatilha a percepção e desencadeia associações a respeito da
marca (WHELLER, 2008, p.16).

Ou seja, as marcas sempre funcionam de acordo com a experiência, e a


identidade visual sempre se expressa de forma invariável para os seus receptores, o
que mudam são as percepções sobre cada uma delas.

5.1.2 Ideais Fundamentais para a Diferenciação de Identidade de Marca

Wheeler (2008) destaca ideais fundamentais para um sistema de identidade


de marca se diferenciar e obter sucesso em sua comunicação, dentre eles estão a
14
 

Visão, o Significado, a Autenticidade, a Diferenciação, a Sustentabilidade, a


Coerência, a Flexibilidade, o Comprometimento e o Valor.

VISÃO

Tem o dever de remeter a valores imagéticos estimulantes tanto para seus


funcionários quanto para seu público-alvo. A visão da empresa não pode obter
relações a associações negativas da marca.

SIGNIFICADO

Representação de algum conceito ou sentido acrescentado à marca, geralmente


remetidos ao seu posicionamento ou valores.

AUTENTICIDADE

Usualmente refere-se ao foco principal da marca. A identidade de marca autêntica é


facilmente reconhecida pelo seu público-alvo por ter seu foco ligado a eles, gerando
assim uma identificação imediata entre ambos. Quando não se comunica com seu
usuário correspondente, pode haver um conflito de sutis informações que podem
acarretar em uma confusão de marcas concorrentes.

DIFERENCIAÇÃO

Também diretamente relacionada ao foco da marca, uma identidade visual precisa


ser única dentro de sua categoria de mercado, para poder competir sem maiores
desvios de informação.

SUSTENTABILIDADE

A capacidade de manter um ambiente em constante transformação e movimento -


principalmente em épocas constantes mudanças em um curto período de tempo- e
15
 

não perder sua particularidade básica, é o que caracteriza o ato da marca ser
sustentável.

COERÊNCIA

A harmonia entre todas as linguagens e formas de identidade de marca fazem o


consumidor depositar confiança em suas experiências com a marca. Todos os
pontos de contato devem comunicar a base consolidada da marca através de
ferramentas comunicativas coerentes entre si.

FLEXIBILIDADE

A versatilidade da identidade de marca representará a possibilidada empresa de se


adaptar ao meio que se encontra.

COMPROMETIMENTO

A identidade de marca não deve ser um trabalho feito como um fim e sim como um
início de engajamento com a marca e com seus consumidores. O bem-estar deve se
manifestar para ambos, e acontecer de forma natural.

VALOR

O valor de uma identidade de marca só será alto quando sua importância for
reconhecida pelas pessoas responsáveis e investidores da marca. Por ser um bem
agregado à esta, ele só será identificado como alto quando seus produtos e/ou
serviços forem sem dúvida da mais alta qualidade. Vale lembrar que a marca de
uma empresa, hoje no Brasil e em outros países é reconhecida como um bem ativo,
e que por conseqüência disso, as empresas têm procurado melhorar seus produtos
e serviços.
16
 

5.1.3 Tipologia das Marcas

A classificação de marcas é necessária para levantar questões relevantes


sobre as necessidades da marca no instante de seu desenvolvimento. Por não haver
um concenso universal sobre essas classificações para os mais variados modelos
de marcas, foi adotado o esquema elaborado por Wheeler (2008) por ser o mais
completo. A autora faz a divisão através das denominações de: Marcas com
Palavras, Monogramas, Emblemas, Marcas Pictóricas e Marcas Abstratas ou
Simbólicas.

Marcas com Palavras: uma palavra (seja uma nominação ou não) aplicada
de forma natural aplicada para passar certa informação de alguma característica da
marca, conforme a figura 5.

Figura  5  –  Marcas  com  Palavras

       
Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

Monograma: representação através de uma letra ou de um conjunto de letras


de alguma marca (figura 6). Usualmente utilizada pois carrega consigo um ponto
focal valorizado e muita estilização dos caracteres devido à forte concorrência.
 

Figura  6  -­‐  Monogramas

 
Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor  

 
17
 

Emblemas: representação de uma marca que esteja sempre conectada à


formas pictóricas, conforme apresenta a figura 7.
Figura  7  -­‐  Emblemas

Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

Marcas Pictóricas: conforme a figura 8, é a representação imagética literal de


alguma forma de modo simplificado, as vezes por meio da técnica de
geometrização.

Figura  8  -­‐  Marcas  Pictóricas

 
Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

Marcas Abstratas/Simbólicas: representação de algum conceito através de


formas que se apropriam de elementos da semiótica para apresentar determinadas
informações (figura 9).

 
18
 

Figura  9  -­‐  Marcas  Abstratas  Simbólicas

 
Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

5.1.4 Posicionamento e Estratégia de Marca

A maneira como uma marca irá se posicionar nada mais é o foco principal, e
momentâneo de uma marca, e sua estratégia é de que maneira ela alcançará tal
objetivo e fará essa manutenção quando esta meta for atingida. “O posicionamento
aproveita as vantagens das mudanças que ocorrem nos dados demográficos, na
tecnologia, nos ciclos de marketing, nas tendências dos consumidores e nas
brechas do mercado, para encontras novos meios de chamar a atenção do público”
(WHEELER, 2008, p.46). O posicionamento considera todos os fatores mutáveis dos
quatro p’s (preço, praça, produto e promoção) de Kotler (2000), que afetam
diretamente na sistemática de vendas do serviço ou produto.

Para Wheeler (2008), a estratégia de marca participa ativamente no marketing


da marca, e por conseqüência em sua valorização. Para defini-la, cabe aos
elaboradores e demais envolvidos no projeto conhecerem rigorosamente sua
instituição, seus pontos de contato e seus clientes, com o objetivo de que esses três
se comuniquem alternadamente trocando informações consideráveis para uma
19
 

atuação mais objetiva da marca no seu posicionamento e objetivo final de venda, e


assim crie experiências positivas em todos os envolvidos.

Geralmente para o desenvolvimento da estratégia de marca, profissionais da


área de marketing, e hoje de design e branding se responsabilizam pela eficácia e
pela clareza destas informações aplicadas. Segundo Wheeler (2008, p.44):

A estratégia de marca é o resultado de um extenso diálogo entre CEO,


marketing, vendas, propaganda, relações públicas, operações e distribuição. As
empresas globais contam freqüentemente contam com estrategistas de marcas
externos [...]. Às vezes, uma estratégia de marca nasce em uma empresa formada
por algum visionário, tal como fizeram Anita Roddick, Steve Jobs, Martha Stewart ou
Jeff Bezos. [...] As empresas freqüentemente sobrevivem e prosperam porque têm
uma clara estratégia de marca.

Aaker (1998) defende a lealdade à marca como um dos fatores principais


como valor estratégico. Ele declara que o consumidor possui alta relevância no
âmbito de proporcionar valor quando se torna leal à uma determinada marca, seja
reduzindo os custos de divulgação e marketing, seja por sua alavancagem comercial
dominando as posições de escolha em determinados momentos, seja pela sua
facilidade de atrair novos consumidores, ou seja por estar possuir uma visão
privilegiada sobre a concorrência se situando de forma atemporal em relação a estes
e assim obtendo um tempo maior para reação à ameaças.

Há vários níveis de lealdade à marca. Cada um deles representa um


diferente desafio de marketing e um diferente tipo de ativo para ser
gerenciado e explorado. Nem todos podem estar representado numa classe
de produtos ou mercado específicos (AAKER, 1998, p.41).

Para uma obter uma estratégia de marca bem definida, Wheeler (2008)
conclui que esse esclarecimento deve ser feito através de uma investigação
metódica acrescida de uma imaginação estratégica. Ou seja, a utilização dos dois
lados do cérebro (hemisfério esquerdo representando o pensamento lógico e o
hemisfério direito representando o pensamento intuitivo-emocional). “Trata da
análise, da descoberta, da síntese e da clareza. Essa combinação de pensamento
racional com inteligência criativa caracteriza as melhores estratégias, as que vão
onde outros não conseguiriam chegar” (WHEELER, 2008, p.104).
20
 

5.1.5 Pontos de Contato

De acordo com Wheeler (2008), um produto possui diferenciados pontos de


contato com seu público-alvo, e dentre todos os a seguir listados, estes devem
conter uma linguagem única, que transmita a essência da marca, seus conceitos
ideiais. Sãos eles: websites, newsletters, formulários timbrados, sinalização,
embalagens, exposições, propostas, e-mails, correios de voz, publicações, web
banners, papel de correspondência, cartão de visitas, quadros de aviso, material
efêmero, viaturas, serviços, produtos, empregados, palestras e apresentações,
networking, telefone, boca-a-boca, mala-direta, feiras de negócios, relações
públicas, assuntos públicos, marketing cívico, promoção de vendas, propaganda,
meio ambiente e experiências.

Pode-se perceber que dentre os meios listados, existem formas de


comunicação tanto visuais, como verbais, sendo assim todos os sentidos devem ser
trabalhados (quando houver oportunidade e necessidade) para existir coerência na
informação transmitida.

5.2 Sistema de identidade visual

“A identidade visual é o conjunto de elementos gráficos que irão formalizar a


personalidade visual de um nome, idéia, produto ou serviço. Esses elementos agem
mais ou menos como as roupas e as formas de as pessoas se comportarem. Devem
informar, substancialmente, à primeira vista. Estabelecer com quem vê um nível
ideal de comunicação” (STRUNCK, 2007, p.57).
 

 
21
 

Quadro  2  –  Identidade  segundo  definições  encontradas  em  dicionários

 Fonte:  Elaborado  pelo  autor  segundo  definições  encontradas  nos  dicionários

Com essa primeira citação o autor coloca em primeiro plano a utilidade de um


sistema de identidade visual, estabelecendo que uma identidade visual se comunica
e informa o que deseja através de componentes gráficos, não interessando, em uma
primeira análise, por qual suporte este é aplicado.

Strunck (2007), relata a necessidade do homem de se expressar, seja no


mundo primitivo em que a sensação de segurança era ínfima, e que nele nos
expressávamos através de símbolos, já convencionados, riscados em paredes das
cavernas representando momentos do cotidiano e de informalmente já deixando um
legado como guia de sobrevivência para sua linhagem. Ainda nesse contexto, os
capazes de interpretar esses símbolos eram supervalorizados e regiam as regras da
comunidade em que viviam. Ou seja, quem nessa época obtinha essa aptidão, já era
posicionado como alguém importante.

Os primeiros símbolos caracterizados como identidades visuais foram


encontrados em jarros de vinho e óleo que identificavam os vendedores dos tais.
Com o surgimento de corporações na Idade Média, os artesãos consolidam sua
profissão com regras, direitos e princípios que visam melhorar o meio de trabalho
entre esses, e assim também surgem métodos de produção diferenciados, em que
cada setor desenvolvia sua identidade visual para registrar sua autoria. E assim é
22
 

perceptível a constante evolução na busca do homem em demarcar o seu trabalho e


buscar aperfeiçoá-lo em defesa de seu posto de trabalho devido à competitividade.

Hoje, afirma Strunck (2007), a concorrência não permite que o


desenvolvimento de forma desordenada e aleatória como era feito antigamente pois
os estudos sobre o tema se aprofundaram e chegaram à áreas do conhecimento
que o homem necessita estudar e conhecer a maneira ideal de desenvolver um
sistema de identidade visual para uma marca que represente conceitos e que
incorporem o verdadeiro espírito da marca que representam. Cabe ao designer
gráfico conceber um projeto de identidade visual e transformá-lo em um bem
palpável representante do valor agregado à marca.

5.2.1 Elementos do Sistema de Identidade Visual

Este capítulo apresenta os principais elementos de um sistema de identidade


visual: símbolo, logotipo, assinatura visual, padrão cromático, sistema de apoio e
tipografia.

5.2.1.1 Símbolo

Segundo Strunck (2007), símbolo “é um sinal gráfico que, com o uso, passa a
identificar um nome, idéia, produto ou serviço.” Para ele nem todas as marcas têm
necessariamente símbolos. O autor ressalta a diferenciação entre signo com
símbolo, que possuem como principal diferencial a sua carga cognitiva.

Os desenhos usados nas placas de sinalização viária são signos, pois têm
um significado específico, destituído de emoção. Já um símbolo nos
desperta uma série de informações e experiências que tenhamos
armazenadas sobre uma marca (STRUNCK, 2007, p.71).

Símbolo Abstrato: não possui representação alguma. O significado deve ser


ensinado.

Símbolo Figurativo: dividido em Fonograma, Pictograma e Ideograma.

Erros comuns acontecem no momento de desenvolver símbolos quando não


se existe uma metodologia específica aplicada, como o símbolo não estar
23
 

conceitualmente ligado ao modelo de negócio, estratégia e posicionamento


provocando uma incoerência formal entre suas portas de comunicação; O símbolo
não ser imediatamente entendido as vezes por excesso de informação ou por
ausência de legibilidade; O desenho do símbolo ser primário e assim acabar sendo
confundindo com demais imagens ou o símbolo ser semelhante a muitos outros
posteriormente elaborados. Para evitar esses erros a elaboração do projeto deve ser
guiada por análises e pesquisas incessantes sobre o meio que o cerca (STRUNCK,
2007, p.96).

Wheeler (2008) confirma as colocações acima citadas através da citação de


que “um símbolo deve ser uma forma simples que seja forte, memorável e
apropriada, por que vivemos em um ambiente visual supersaturado, onde é
fundamental assegurar que a solução é especial, única e diferenciada.

5.2.1.2 Logotipo

A apresentação de palavras em uma maneira estilizada define a


nomenclatura de Logotipos de acordo com Wheeler (2008):

Um logotipo é uma palavra (ou palavras) composta em uma determinada


fonte tipográfica que pode ser normal, modificada ou inteiramente redesenhada.
Frequentemente, um logotipo é justaposto com um símbolo em um relacionamento
formal denominado assinatura visual. Os logotipos precisam ser não somente
distintos, mas também duráveis e sustentáveis. A legibilidade é obrigatória em várias
proporções e numa amplitude de mídias, seja o logotipo impresso em serigrafia no
corpo estreito de uma caneta esferográfica ou iluminado em um gigantesco cartaz
externo, 20 andares acima do solo.

A partir dessa afirmação podemos certificar a importância da compreensão de


quais serão os principais meios de comunicação da marca, para que no
desenvolvimento do projeto sejam sempre relevantes e que nunca sejam colocadas
de lado as aplicações finais desta identidade visual. O desenho de um logotipo
necessita cautela para que a composição tipográfica seja sempre ser legível e assim
evite ruídos de comunicação. As formas podem ser sempre redesenhadas e
manipuladas, mas sempre levando em consideração esse fator da aplicação final.
24
 

Figura  10  -­‐  Logotipos

Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor  e  www.google.com

Vale ressaltar a importância de manter a forma do caractere do alfabeto


legível para que quando essa identidade visual seja registrada, que seja como uma
marca nominativa, caso contrário os analisadores do INPI a registrarão como uma
marca figurativa.

5.2.1.3 Assinatura Visual

Existe para reforçar a marca e representá-la em todos os momentos de sua


aplicação. Pode ser apenas um logotipo, apenas um símbolo ou a soma de ambos.
“A assinatura visual é a combinação de design específica e inegociável da marca
comercial e do logotipo. As melhores assinaturas têm zonas de isolamento
especificadas para proteger a sua presença” (WHEELER, 2007, p.116).

Para que a aplicação de uma assinatura visual seja padronizada, e assim


tenha coerência em suas aplicações, é desenvolvido um MIV (Manual de Identidade
Visual) que registra de modo técnico todas possíveis aplicações da identidade
visual, do símbolo, de sua assinatura visual e demais formas como a marca irá
advertir a mensagem desejada.
Figura  11  -­‐  Assinatura  Visual

 
Fonte:  O  autor
25
 

5.2.1.4 Padrão Cromático

Para Danger (1973), as cores possuem forte importância quando relacionadas


à vendas, uma vez que essas são conectadas às emoções e não à razão. Diante da
vasta possibilidade de variação de tons e matizes das cores, o autor afirma que é
necessário escolher uma cor ou mais que transmitam a idéia desejada, sempre
levando em consideração a diferença que esses níveis tonais podem fazer quando
entram em contato com o usuário ou comprador. O padrão cromático estabelece
quais cores que servirão de apoio para a marca, contendo em si grande
responsabilidade de comunicar de maneira mais intensa ou mais tímida o que
deseja, com sua gama de variações tonais.

Sempre que vemos cores aplicadas da mesma maneira e de mesmos tons


acabam por se fixar em nossa memória e remetem a alguma sensação. Wheeler
(2008) assegura que na sequência de nossa percepção visual o nosso cérebro
registra as cores antes de qualquer outra informação, até mesmo antes das formas,
e por isso que estas devem ser escolhidas cautelosamente. Strunck (2007) ratifica a
informação afirmando que em alguns casos, como o de um ônibus escolar, a cor é o
elemento de um sistema de identidade visual que tem mais importância dentre todos
os outros.
Figura  12  -­‐  Padrão  Cromático

 
Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor
26
 

Danger ainda cita os fabricantes que selecionam cores distintas para


adicionarem a seus produtos um rápido reconhecimento (como nos casos de
exposição do produto em prateleiras como demonsta a figura acima), mas que de
mesma maneira, dependendo do ambiente em que está exposto, ou do modo que
será utilizado o produto, podem causar danos ao usuário uma vez que não foram
escolhidas de forma apropriada. Como por exemplo, uma cor rosa pode ser
aplicada a produtos que não ficam expostos ao longo do dia aos olhos das pessoas,
como embalagens de detergentes, porém não é uma cor aconselhável a ser utilizada
em capas protetoras para celular, uma vez que essa está em contato mais freqüente
com seu usuário e pode acarretar em um cansaço visual em um curto Período de
exposição.

Como consumidores, dependemos da nossa familiaridade com as latas de


Coca-Cola, que são vermelhas, e com os caminhões UPS, que são
marrons. Não é necessário ler a tipografia de uma caixa de presentes da
Tiffany para saber onde o presente foi comprado. A assinatura azul da
Tiffany desencadeia uma série de impressões que estão alinhadas com o
posicionamento e a estratégia de identidade da marca da empresa
(WHEELER, 2008, p.118).

Figura  13  -­‐  Padrão  Cromático  aplicado  a  Website

 
Fonte:  www.vivo.com.br
27
 

De acordo com Wheeler (2008), a escolha da cor requer um conhecimento


amplo sobre o círculo cromático acessível e aplicável, e além disso requer
compreensão total sobre o foco da marca, sua visão e seus atributos, para que
assim ela possa se diferenciar das demais concorrentes e transmitir seus conceitos
para seus funcionários e público-alvo. De acordo com Maria Luísa Peón, um padrão
cromático bem escolhido fornece forte embasamento para a valorização da marca e
a proliferação desta para outros meios, sendo assim o autor Eric Danger elaborou
em seu livro A cor na comunicação (1973) um guia com as principais questões que
se deve levantar na hora de escolher um padrão cromático ideal. São elas: 1) Onde
o produto é usado – na casa, no jardim, na pessoa? 2) Onde é usado na casa – na
sala de estar, na cozinha, no banheiro, no quarto? 3) É provável que o produto seja
vendido em mais de um tipo de mercado? Caso afirmativo, será necessária uma
escolha de cor mais ampla 4) Quais as características do produto no que diz respeito
à cor? É comum uma ampla escolha de cores, duas ou três são suficientes, ou uma
é bastante? 5) É uma compra de impulso ou uma compra refletida? Pode ser isto
uma característica do produto, ou ditado pelo mercado onde é vendido? 6) É um
produto que, normalmente, “segue” as tendências da cor ou poderia ele estar
avançado a elas?

Vale ressaltar nesse trabalho, por se tratar de uma identidade visual para um
produto alimentício, a importância das cores para controle de temperatura. Danger
(1973) afirma que as cores vivas e claras repelem calor e as cores escuras
absorvem a temperatura ambiente. Sendo assim, para um padrão cromático
adequado para produtos alimentícios o designer deve tomar cuidado para evitar
danos ao produto, uma vez que a temperatura influencia de forma direta na vida-útil
deste.

5.2.1.5 Sistemas de Apoio

As assinaturas visuais podem utilizar de elementos gráficos repetidamente


iguais ou similares para reforçarem sua identidade na memória de transeuntes,
usuários ou compradores. A idéia de ter um sistema de formas que representem os
28
 

ideais da marca de maneira simples e direta pode ser muito útil uma vez que o
produto esteja em contato direto com essas pessoas no dia a dia.

Para que um sistema de apoio funcione com sucesso, é necessário encontrar


a principal característica de uma identidade visual, e que além disso possa ser
repetida de maneira inteligente remetendo o usuário diretamente ao mundo da
marca. Essas características devem ser trabalhadas exaustivamente, e para que
esse sistema não se torne cansativo ou enjoativo, o designer deve procurar
harmonias entre cores e formas que sejam agradáveis aos olhos humanos.

Figura  14  -­‐  Sistema  de  Apoio  Jogos  Olímpicos  de  Londres  2012

 
Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor  

 
29
 

Figura  15  -­‐  Sistemas  de  Apoio  Jogos  Olímpicos  de  Londres  2012

 
Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

5.2.1.6 Tipografia

Nem sempre a forma de comunicação da empresa será apenas através da


exposição de seu logotipo ou de sua assinatura. Sendo assim a forma escrita
(cartas, e-mails, websites) deve ter harmonia entre todos os elementos gráficos e
conceituais da empresa para passar uma informação coerente ao receptor. Alina
Wheeler (2008) afirma que uma imagem unificada de uma empresa não é possível
sem uma tipografia que tenha personalidade especial e uma legibilidade inerente.

Com a vasta quantidade de famílias tipográficas disponíveis hoje, o projeto de


um sistema de identidade visual deve ter sua tipografia de texto e apoio unificada
30
 

com o conceito principal da empresa, passando assim a informação da maneira mais


adequada. No entanto, é necessário prestar atenção a requisitos técnicos de
legibilidade e leiturabilidade para que essa não perca sua funcionalidade.

Algumas tipografias têm um aspecto sereno, obedecendo às espectativas


tipográficas diárias. Outras nasceram com formas inusitadas, ainda que
casuais e oferecem o melhor disso. (SPIEKERMANN, 2011, p.65)

Spiekermann (2011) salienta a importância da escolha tipográfica para um


projeto dizendo que um negócio em particular pode ser classificado com facilidade
de acordo com a tipografia que o representa.

5.3 Embalagem

Este capítulo apresenta breves definições de embalagem, sua relação com o


design e sua relevância quando associada aos meios de comunicação.

5.3.1 As Embalagens

Em Design de Embalagem, 2002, o autor Fabio Mestriner diz que a


embalagem final é o produto de um sistema de produção responsável desde a
matéria-prima, passando pelos convertores (indústrias) e até o ponto de venda, ou
seja, “o mundo da embalagem é o mundo do produto, da indústria e do marketing”.
Com essa afirmação, o autor diz que as embalagens estão presentes em toda a
cadeira produtiva de um produto.
31
 

Quadro  3  –  Embalagem  segundo  definições  encontradas  em  dicionários

 Fonte:  Elaborado  pelo  autor  segundo  definições  encontradas  nos  dicionários

As embalagens podem ser divididas nos segmentos de consumo ou


transporte, cada uma delas com suas especificidades. Os materiais utilizados para
cada uma delas podem variar em uma abrangência de larga escala, devendo o
designer responsável projetá-las de acordo com os requisitos pertinentes.

A amplitude do estudo de embalagens é divididas em 8 principais


componentes: funções primárias, econômicas, tecnológicas, mercadológicas,
conceituais, comunicação e marketing, sociocultural e meio ambiente. Essas funções
se subdividem em diversas outras que assumem papéis importantes para o bom
funcionamento do sistema de logística, comunicação ou financeiro das empresas.

5.3.2 Embalagens e o Design

Mestriner (2002) explica a relação direta das embalagens com o design uma
vez que o projeto de desenho é necessário para o desenvolvimento de um produto
de embalagem, e que os dois possuem um fim que estará em contato direto com
seu usuário ou consumidor. A embalagem por ser uma importante ferramenta de
marketing, deve ser projetada com cuidado pois, mesmo com toda influência das
32
 

propagandas e outras mídias, é ela quem entra em contato com o consumidor na


hora da compra.

Não se trata apenas de um trabalho de criação artística, mas a imagem final


e tudo o que foir realizado até aquele momento, e o vinculo definitivo do
produto da cadeia produtiva com o consumidor final, pois a embalagem
carrega também a imagem das empresas que a produrizam e a marca de
seu fabricante (MESTRINER, 2002, p.4)

Para que uma embalagem seja boa, não significa necessariamente que tenha
que inovar em forma, conteúdo ou interação, mas sim que ela represente de forma
correta e direta os conceitos da empresa, não perdendo sua funcionalidade básica e
conceitos mínimos de venda. Mestriner (2002) reforça que os designers precisam
estar atualizados sobre estratégias e ferramentas de marketing para que o projeto
acompanhe as evoluções do mercado e cumpra sua respectiva função final.

5.3.3 Pós-uso, Descarte e Reciclagem das Embalagens

É inconcebível que embalagens no momento do desenvolvimento e da


concepção de seus projetos não possuam pesquisas e análises sobre a maneira que
venham a ser produzidas e utilizadas com o menor impacto ambiental possível. De
acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, publicado em
2010, “o consumo de produtos pelo homem em seu dia-a-dia é muito grande, e por
sua vez grande parte desses possui algum invólucro ou alguma parte que seja de
descarte imediato”, causando assim um grande acúmulo de lixo sem uma possivel
utilização posterior.
33
 

6 CONDUÇÃO DA PESQUISA

Conforme Wheeler (2008), empresas e complexidades do compromisso com


o projeto, não alteram o processo de construção deste. Apenas a profundidade e o
relacionamento com cada um dos fatores do processo que devem ser alterados de
acordo com a necessidade, com a demanda de tempo e de recursos. Para a autora,
a utilização do processo de maneira correta assegura o cliente em relação a
qualidade de seu produto final, acelera a aprovação do investimento (tempo e
recursos), e gera segurança e confiança na identidade da empresa.

6.1 Contextualização

A etapa de contextualização visa pensar o projeto em situações reais. Nessa


etapa são apresentadas listas que se referem a situação atual e pretendidas do
produto, para que assim o problema do projeto seja compreendido por completo
(MEURER, 2010).

6.1.1 Situação inicial e final bem definidas

De acordo com Gomes (2011), no processo inicial de uma metodologia, o


desenvolvedor do projeto deve possuir o máximo de informações possíveis,
definindo estas informações em duas etapas: situação inicial bem definida (SIBD) e
situação final bem definida (SFBD).

SIBD: Projetar uma identidade visual para um bolo de banana produzido na escola
de ensino infantil Boa Esperança, visando sua comercialização, utilizando a
metodologia de Alina Wheeler (2008) e Projeto E (Meurer, Szabluck, 2012).

SFBD: Identidade visual do projeto aplicada a uma embalagem e meios de


comunicação da empresa.
34
 

6.1.2 Questões projetuais

O que desenvolver

Projeto de desenho de identidade visual para um bolo de banana com


finalidade de comercialização.

Por que desenvolver

Antecedentes pessoais: o desenvolvimento da identidade visual aplicado a


uma embalagem é uma maneira de tangibilizar os conhecimentos que aprendi na
faculdade UniRitter no curso de Design Gráfico. Sendo assim, escolhi esse tema
para realizar meu trabalho de conclusão de curso por ser abrangente em quesitos
teóricos e práticos.

Paixão: apesar de não ser explicitamente apresentado, o projeto possui um


alto valor social de ajuda aos fabricantes desse produto, que são jovens que
participam do projeto de inclusão na escola infantil Boa Esperança. Esse trabalho
serve como um artifício de motivação tanto para designers do ramo gráfico que por
muitas vezes não sabem como o projeto gráfico pode fazer diferença em causas
sociais, como motivação para os jovens atuantes nesse empreendimento.

Estado da Arte: atualmente não encontramos bolo de banana disponíveis


para a comercialização no mercado de varejo. Os produtos que envolvem a banana
e que podem ser encontrados (além da fruta) são: . Além desses, deve-se analisar
os sabores de bolos disponíveis para a venda. Os sabores mais encontrados foram:
chocolate, laranja, baunilha e milho.

Como desenvolver

O desenvolvimento do projeto deve ser feito através de exaustivas, porém


diretas, análises de concorrência, dos produtores, e de demanda do mercado. O
produto deve ter uma linguagem adequada aos moldes de venda e simultaneamente
de sustentabilidade. Para auxílio no desenvolvimento utilizarei a metodologia de
35
 

Alina Wheeler (2008), e para a fase de análises o Projeto E, de Meurer e Szabluck


(2012).

6.1.3 Condição Atual e Condição Pretendida

Figura  16  -­‐  SIBD  e  SFBD  

Fonte:  O  autor  

6.1.4 Fatores Projetuais

Conforme Gomes (2004), e Brod Junior (2009), reclassificaram a afirmação


de Redig (1977) de que design é o equacionamento dos fatores projetuais que são:
antropológicos (comportamento e idéias), ecológicos (conservação e proteção),
econômicos (custo e valor), ergonômicos (adequação e conforto), filosóficos
(estética e ética), geométricos (síntese e coerência), mercadológicos (preço e
promoção), psicológicos (percepção e criatividade) e tecnológicos (materiais e
fabricação). esses devem ser relacionados no projeto de sistema de identidade
visual de marca. Sendo assim, os fatores foram analisados de tal maneira (figura
17):

 
36
 

Figura  17  -­‐  Fatores  Projetuais

Fonte:  O  autor  

Antropológico: alta relevância, uma vez que o produto bolo de banana é fabricado
por jovens (14 a 18 anos), pertencentes à famílias de baixa-renda, transformando
assim, o projeto com alta relevância social.

Ecológico: média relevância. O trabalho a ser desenvolvido é de cunho


identificador, no entanto possui carga ecológica relevante por ter sua aplicação
principal em uma embalagem.

Econômico: alta relevância. Durante o desenvolvimento desse projeto, deve-se


atentar da situação financeira dos principais atuantes na fabricação do alimento para
se fazer ciente das possibilidades e restrições que podem existir.

Ergonômico: média-alta relevância por se tratar de um sistema de identidade visual,


esse entra em contato com o usuário através de diversas representações gráficas.
Diante disso, o contato ergonômico (como por exemplo: legibilidade) com o usuário
deve ser levado em consideração.

Filosófico: alta relevância. O fator filosófico desse trabalho consiste no desafio de


transformar um trabalho social em um produto que venha a ser comercializado.
37
 

Geométrico: alta relevância. Uma identidade visual geometrizada auxilia a produção


e aplicação do material gráfico no produto de embalagem final.

Mercadológico: alta relevância, uma vez que o sistema de identidade visual que
aqui será desenvolvido visa auxiliar a venda do o alimento.

Psicológico: média-alta relevância. Através de representações glíficas (embalagem)


e gráficas (identidade visual) é possível aguçar os sentidos criativos e perceptivos do
produto e assim tornar efetiva a venda do alimento.

Tecnológico: média relevância. Para esse projeto de identidade visual não é


necessário alto nível de cuidados perante seus materiais e processos de fabricação,
se não à aplicação final em embalagem.

7 ANÁLISES

Neste capítulo são apresentadas as análises relevantes ao projeto, retiradas


da metodologia Projeto E (Meurer e Szabluck, 2012).

7.1 Análise Conotativa

A análise conotativa, visa buscar a representação cultural, de conotação


popular, ou seja, o conhecimento geral por determinados termos. De acordo com
Meurer e Szabluck (2012), nessa etapa de análise o que deve ser levado em
consideração é o valor simbólico de cada termo e a busca de compreender a
informação que vá além do significado literal de cada palavra. Diante disso, os
termos analisados foram:

Design: desenvolver, projetar, desenho industrial, concepção, criatividade,


produção em série.

Identidade Visual: marca, elementos, grafismo, conceito, leiaute.

Logotipo: tipografia, símbolo, elementos, selo, aplicação.

Marca: conceito, conjunto, identificação, representação


38
 

Embalagem: transporte, cuidado, segurança, comunicação, informação

Bolo: alimento, doce, criança, festa, café-da-manhã, farinha, gordura

7.3 Análises de Contexto

Para essa etapa serão apresentadas análises referentes à assinatura visual


de marcas e produtos concorrentes, disponíveis hoje no mercado. Em um primeiro
momento é apresentada a assinatura visual do produto que se refere este trabalho,
conforme a figura 18:

Figura  18  -­‐  Identidade  Visual  Orfolinho

Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

A figura apresentada acima representa a atual assinatura visual do bolo de


banana produzido pelo projeto da Escola Infantil Boa Esperança. Seu logotipo é
ilegível e com muitas cores. Gimmick utilizado é a representação de uma banana
com braços e rosto, porém com uma aparência pouco amigável. Representação
gráfica do produto através de uma ilustração de um bolo. Apresentação da sigla
BBPO que os responsáveis não souberam explicar o significado.
39
 

Figura  19  -­‐  Identidade  Visual  Ana  Maria

Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

Assinatura visual com bom contraste entre letras e fundo. Possui um outline
azul que caracteriza assinatura como um selo, facilitando as aplicações do produto.
O nome Ana Maria disposto em duas linhas, em formato de triangulo hierarquiza a
composição e facilita a leitura Tipografia arredondada nas bordas e escrita
movimento, dando um tom amigável. Decodificador “Tradicional” um pouco fora de
contexto.

Figura  20  -­‐  Identidade  Visual  Seven  Boys

Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

Assinatura visual com bom contraste entre suas cores. Gimmick com poucas
formas e alto valor simbólico agregado ao longo dos anos, aplicado dentro do selo. A
tipografia em formato condensado ajuda na composição pelo fato da marca ter um
nome composto relativamente grande. O nome Seven Boys possui a característica
de ser facilmente pronunciado tanto na língua portuguesa como na inglesa.
40
 

Figura  21  –  Identidade  Visual  Nutrella

Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

Assinatura visual em formato de selo com bom contraste entre as cores. O


nome Nutrella faz alusão a nutrição, remetendo a marca a produtos alimentícios.
Tipografia em caixa-baixa e em formato negrito e condensado entram em harmonia
com o formato vermelho por trás.

Figura  22–  Identidade  Visual  Trakinas

 Fonte:  Arquivo  pessoal  do  autor

A assinatura visual não caracteriza um selo, porém possui um círculo azul ao


fundo no início da palavra, que particular. O nome Trakinas faz alusão a um tipo de
comportamento de muita energia das crianças(gíria brasileira), remetendo o conceito
de produto para um público que tenha essa característica. Tipografia em caixa-alta e
com suas arestas bem pontiagudas e 6 cores vibrantes e um outline em preto que
aumenta o contraste em suas aplicações. O logotipo está com uma angulação que
permite o usuário ter uma sensação de movimento. Destaque para as letras T, que
possui uma personalização de mordida, e K que está refletida na horizontal.
41
 

7.4 Análises Estrutural

Essa etapa pretende analisar a maneira de como cada produto ou empresa


se apropriam dos elementos gráficos respectivos de cada identidade visual de
marca, e como esses são aplicados em seus produtos finais (embalagem).

Figura  23  -­‐  Embalagem  Ana  Maria  

Fonte:  O  autor  

A figura 23 apresenta uma embalagem (frente e verso) que é vendida com 2


bolos pequenos de chocolate, contendo um total de 80g. A frente do produto e o
verso são limpos e possuem informações diretas ao assunto desejado sem muitas
interferências. Indicação clara do sabor do produto. Foto do produto. Utilização do
gimmick na frente e no verso reforçando a identidade do produto. Informações
nutricionais também são dispostas em ambos os lados. No verso os ingredientes
escritos em branco ficam bem legíveis, apesar de possui uma barra de fechamento
da embalagem sobreposta a eles. A embalagem contém a indicação de reciclagem.
 
42
 

Figura  24  -­‐  Embalagem  Seven  Boys  

Fonte:  O  autor  

A figura 24 apresenta uma embalagem (frente e verso) que é vendida com 1


bolo de chocolate em seu interior, contendo um total de 300g. A frente do produto e
o verso são limpos e possuem informações diretas ao assunto desejado porém com
pequenas interferências (informações em outros idiomas escritas em dourado).
Indicação clara do sabor do produto. Foto do alimento com pouco contraste em
relação ao vermelho utilizado como cor de fundo. Selo de ausência de gordura trans
aplicado na frente da embalagem. Informações nutricionais dispostas no verso com
boa legibilidade. Pictogramas utilizados para cuidados especiais com a embalagem
e para com o produto. A embalagem não contém a indicação de reciclagem. Nas
43
 

laterais a embalagem apresenta dicas de receitas e fotos de outros produtos da


linha.

Figura  25  -­‐  Embalagem  Nutrella  

Fonte:  O  autor  

A figura 25 apresenta uma embalagem (frente e verso) que é vendida com 1


bolo de chocolate, contendo um total de 300g. A frente do produto e o verso são
limpos e possuem informações diretas ao assunto desejado sem interferências.
Indicação clara do sabor do produto. Foto do alimento com bastante contraste em
relação ao amarelo utilizado como cor de fundo. Informações nutricionais dispostas
no verso com boa legibilidade. Pictogramas utilizados para cuidados especiais com
44
 

a embalagem e para com o produto. A embalagem contém a indicação de


reciclagem. Nas laterais a embalagem apresenta dicas de receitas e fotos de outros
produtos da linha.

7.5 Lista de Requisitos e Restrições

Por se tratar de um projeto que visa desenvolver uma identidade visual e que
necessariamente essa seja aplicada em uma embalagem, esse possui o requisito de
ser pensado como um projeto que necessita de cuidados em relação a validade do
produto, logística e formato de impressão de modo que não altere os componentes
químicos do produto.
45
 

8 DESENVOLVIMENTO

Pelo fato de o produto (bolo de banana) a qual se refere esse trabalho não
possuir atributo algum de marca, a primeira etapa de desenvolvimento de projeto
será de Conceituação de Marca. De acordo com Wheeler (2008), para que o
desenvolvimento de um sistema de identidade visual de marca seja bem sucedido, é
imprescindível que se conheça o ideal do produto e que assim esse seja coerente
com a linguagem por ele representado. Diante desta fase concluída, e uma vez
verificado que a principal aplicação do sistema de identidade visual, a segunda
etapa a ser apresentada nesse trabalho será de definição de estrutura de
embalagem, visando compreender plenamente o comportamento do produto em
gôndolas e pontos de venda. E por fim, a terceira etapa a ser apresentada é a de
desenvolvimento do sistema de identidade visual, com suas respectivas aplicações.

8.1 Conceituação de marca

A partir da utilização do método HCD, como a pratica de conversa com os


fabricantes do bolo, orientações com os professores e desenvolvimento de análises,
foi constatado que o fator social do projeto não deve ser utilizado como ponto
principal de compra do produto. Ou seja, o produto não deve se valer deste conceito
para sua comercialização, visto que o principal motivo de venda a ser abordado é o
de qualidade e sabor do alimento.

Se valendo destes motivos, são definidos os atributos que servirão como base
para a construção da mensagem simbólica principal que a marca deve passar para
seu público. Para que a definição de atributos representasse a situação real do
projeto, foi elaborada uma reunião com os organizadores do projeto a fins de
compreender melhor o intuito pretendido. O quadro 4 revela os atributos e seus
significados.
 

 
46
 

Quadro  4  –  Atribuitos  conceituais  para  marca  

Fonte:  O  autor  

Os organizadores ressaltaram a importância dos atributos Engajada e


Transformadora, visto que esses não são pré-requisitos de trabalho como são os
atributos Saudável e Natural. A visualização simbólica dos dois primeiro atributos
relacionados no quadro 4 deve ser recebida pelo usuário de maneira natural por se
tratar do produto que será vendido, e as duas seguintes características relacionadas
devem ser reconhecidas como filosofia principal da marca.

8.2 Mensagem-chave da marca

Segundo a colocação de Wheeler (2008) é necessário que, a partir dos


atributos descritos, seja implementada uma mensagem-chave coerente com esses
conceitos. Sendo assim, a mensagem-chave que deve permanecer em evidência
para a marca é: lanche saudável.

Conforme demonstra a figura 26, a imagem do alimento produzido é mais


associada ao bolo que é ingerido em horários de lanche e refeições matinais, que o
bolo de celebração.
 

Figura  26  –  Imagens  representativas  da  mensagem-­‐chave  


47
 

Fonte:  Acervo  pessoal  do  autor  

8.3 Proposta de nome

Para a proposta de nome, Wheeler (2008) sugere métodos comumente


usados por escritórios que desenvolvem esse modelo de trabalho, e dentre eles
surgem propostas como utilizar o nome do fundador para registrar a marca. Outra
maneira é se apropriar de forma descritiva do trabalho, que transmitam a natureza
da empresa. Assim como gerar nomes através do uso de acrônimos, metáforas, e
figuras simbólicas pode acarretar problemas de interpretação, a autora ressalta a
dificuldade de posicionamento da marca quando a concepção do nome for por
intermédio da técnica de nomes inventados. Dentre as outras opções, a autora cita o
modelo de utilização de palavras mágicas que consiste em alterar a estrutura de
uma palavra original, para transformar em outra, ou utilizar mais de uma técnica das
acima citadas (brainstorm).

Wheeler (2008), ressalta características importantes que um nome deve


atingir que atribuídas a:

SIGNIFICADO: deve comunicar o conceito da marca;

DIFERENCIAL: único, além de possuir boa pronúncia e memorização;


48
 

ORIENTAÇÃO PARA O FUTURO: que posicione a empresa em direção ao


crescimento;

MODULAÇÃO: que permita extensões da marca;

PROTEÇÃO: ser passível de proteção e registro e ter domínio digital disponível;

POSITIVIDADE: ter conotações positivas;

VISIBILIDADE: que possua boa apresentação em sua grafia, evitando cacofonia, e


que se adapte com facilidade ao logotipo.

Sendo assim, como podemos observar na figura 27, foi gerado, através da
técnica de brainstorm, uma quantidade de possibilidades suficiente de nomes para
que sejam analisadas posteriormente sobre sua eficácia diante dessas
características citadas.
 

Figura  27  –  Geração  de  alternativas  para  nome  de  marca  

Fonte:  O  autor  

A partir desses nomes listados foi realizada uma pesquisa de opinião para
auxiliar no processo de escolha (atributo: visibilidade), e assim, foram excluídas as
opções que estão representadas a seguir (figura 28).

 
49
 

Figura  28  –  Definições  preliminares  para  nome  de  marca  

   

Fonte:  O  autor  

O quadro 5 representa a análise de viabilidade dos nomes restantes quando


questionados sobre sua participação nos requisitos posteriormente referidos por
Wheeler (2008).

Quadro  5  –  Análise  de  viabilidade  de  nomes  

Fonte:  O  autor  
50
 

Diante do conteúdo apresentado pelo quadro 5, o nome escolhido para


representar a marca foi Bem Bolado por responder a maioria dos atributos
necessários, e em cada um desses possuir carga relevante de significado. O nome
Bem Bolado, foi também eleito por possuir características sonoras que atendem um
público de faixa etária mais baixa (jovens) transmitindo as informações de modo
mais informal e dinâmico.

8.4 Desenhos e esboços para embalagem

Tendo como um dos pré-requisitos a aplicação do sistema de identidade


visual em uma embalagem para o alimento, verificou-se a necessidade de
compreender o comportamento de embalagens nas prateleiras e gôndolas. Visto
que essa será a principal aplicação, apresentam-se nessa etapa, em primeiro
momento (figura 29) esboços de embalagens e desenhos de possíveis embalagens
para o alimento bolo, e em seguida imagens referentes ao desempenho visual de
cada uma delas no quesito mancha-visual.
 

Figura  29  –  Desenhos  e  esboços  para  embalagem  

 
Fonte:  O  autor  

 
51
 

Figura  30  –  Desenhos  e  esboços  para  embalagem  

 
Fonte:  O  autor  

Figura  31  –  Desenhos  e  esboços  para  embalagem  

 
Fonte:  O  autor  

Figura  32  –  Desenhos  e  esboços  para  embalagem  

 
Fonte:  O  autor  

Figura  33  –  Desenhos  e  esboços  para  embalagem  


52
 

 
Fonte:  O  autor  

Figura  34  –  Desenhos  e  esboços  para  embalagem  

 
Fonte:  O  autor  

Diante das figuras 30, 31, 32, 33 e 34, é notável o formato de embalagem que
possui menor interferências em sua estrutura, e maior área de aproveitamento para
a elaboração de uma mancha visual, é o da embalagem apresentada na figura 33.
Vale constatar que, se caso o alimento fosse apresentado em todos os seus pontos
de venda sobre uma mesa ou suporte que permitisse o contato da visão do
consumidor com o produto em uma angulação diferente da convencional
(prateleiras), os outros suportes de acondicionamento apresentados, por possuírem
formatos modulares e geométricos, poderiam ser aproveitados por apresentarem
comportamento de encaixe de suas formas.

O modelo eleito (figura 33), se destaca pela sua estrutura verticalizada,


preenchendo assim, um percentual maior de espaço disponível entre as prateleiras.
Ainda sobre essa particularidade, vale ressaltar a diferença da exposição desse
modelo de estrutura uma vez que o produto, quando disposto em seu ponto de
53
 

venda, deve ter sua embalagem alocada lado a lado, e não empilhada, sugerindo
assim um número menor de produtos ocupando um espaço visual maior. Outro
ponto a ser destacado é de o modelo possuir configuração de sacola, podendo
assim ser carregada sem prejudicar o alimento, e quando agarrada pela sua parte
superior, transmitir a sensação de peso, que o produto produzirá na base da
embalagem.

8.5 Definição final de embalagem

O modelo final de embalagem ficou estabelecido como uma sacola de papel,


com estrutura retangular verticalizada. A embalagem foi desenvolvida com 25 cm de
altura, para melhor aproveitamento do vão comum de gôndolas de supermercado
(que geralmente possuem 45 cm de altura), 15 cm de largura, e 6 cm de
profundidade em sua base (figura 35).
Figura  35  –  Formato  embalagem  final  

Fonte:  O  autor  
54
 

8.5.1 Definição de material para embalagem

Por se tratar de embalagem para alimentos, é necessário que na definição


dos materiais para essa, sejam levados em consideração aspectos referentes à
conservação do produto, logística (do fabricante para o ponto de venda, e do ponto
de venda para o local de consumo), shelf-life, estrutura, e não menos importante, a
apresentação visual da embalagem (visto que essa pode ficar engordurada caso
entre em contato com o alimento). Ainda é necessário que haja cautela na escolha
do material caso esse venha a entrar em contato com tinta de impressão no
momento da produção gráfica (ainda que apenas na parte externa da embalagem).

O material definido para a embalagem externa foi o papel Kraft branco de


gramatura 250g, revestido internamente com verniz atóxico. A escolha do papel se
justifica pela possibilidade de impressão em formato de 4 cores sem necessidade de
processos burocráticos e trabalhosos (diminuindo o custo de produção), e sua
espessura se fundamente por sustentar o peso do alimento de 120g sem causar
danos à fibra do papel. O alimento, além de ter a embalagem de papel externa,
deve, por obrigação, possuir uma segunda proteção que evite o contato com o ar, pó
e micropartículas, uma vez que no ato de fechamento da embalagem externa podem
acontecer o aparecimento pequenos vãos. Sendo assim, foi definido que o alimento
deve ser embalado em uma sacola de plástico PP (polipropileno, nº5) transparente,
por se tratar do plástico mais eficiente e econômico disponível no ramo de
embalagem para essa categoria. Além desses cuidados é importante ressaltar a
presença do verniz atóxico na parte interior da embalagem de papel, que permitirá o
armazenamento do produto na embalagem de papel – uma vez que o invólucro de
polipropileno tenha sido violado – obstruindo a passagem de gordura para o papel
Kraft.

8.6 Elementos do sistema de identidade visual

Nesta fase é apresentado o desenvolvimento dos elementos que compõem o


sistema de identidade visual da marca Bem Bolado.
55
 

8.6.1 O logotipo

Para a elaboração do logotipo, foi desenvolvido um painel semântico que


representasse de maneira adequada a mensagem-chave da marca: lanche
saudável. Sendo assim, a busca tornou-se focada em alimentos saudáveis, práticas
diárias que fizessem bem ao corpo e à mente, e imagens que simbolizassem
momentos para saborear o alimento (figura 36).

Figura  36  –  Logotipo:  painel  semântico  

Fonte:  O  autor  

Observando essa figura é possível relatar o contraste das cores quentes de


alimentos tropicais com as cores que representam o turno do dia em que esses
alimentos são ingeridos, sejam eles em cores amareladas (representando o
entardecer) ou azuladas (representando o amanhecer). Com a conclusão de que
esse alimento será ingerido principalmente nesses dois turnos, foram realizados
56
 

testes de logotipo com tipografias que tivesse a terminação de suas hastes


curvilíneas, a fins de buscar uma comunicação menos formal, diminuir o impacto
visual e transmitir o sentimento de leveza durante cada refeição (figura 37 e 38).

   

Figura  37–  Logotipo:  geração  de  alternativas  

 
Fonte:  O  autor  

Figura  38  –  Logotipo:  geração  de  alternativas  em  negativo  

   

Fonte:  O  autor  

 
57
 

Dentre as opções de tipografias apresentadas, é possível perceber problemas


de legibilidade em algumas delas. Portanto, a partir desse critério, foram
selecionadas 5 opções que correspondiam a esse requisito e que através de suas
estruturas e formas transmitiam o conceito da marca Bem Bolado. Visto que a
embalagem possui sua estrutura verticalizada, se tornou necessária que a
disposição do nome Bem Bolado fosse transformada em duas linhas, ao invés de
uma. Assim, conforme apresenta a figura 38, a mancha gráfica do logotipo se torna
um ponto focal na embalagem, auxiliando a leitura do nome da marca.

Figura  39  –  Logotipo:  teste  de  hierarquia  

   

Fonte:  O  autor  

Figura  40  –  Logotipo:  tipografias  escolhidas  para  análise  

 Fonte:  O  autor  

  Através da disposição do logotipo em duas linhas, é possível observar que as


alternativas que constituem seu corpo tipográfico em caixa-baixa geram conflito das
hastes dos caracteres “L” e “D“ com a palavra que está acima. Sendo assim, foram
designadas para análise de comportamento as opções em caixa-alta, retratadas na
figura 41.
Figura  41  –  Logotipo:  teste  de  alternativas  
58
 

 
Fonte:  O  autor  

Ainda que com a tipografia em caixa-alta não existisse interferência das


hastes, as composições resultantes não foram satisfatórias quanto ao dinamismo e à
correspondência ao conceito de saúde e bem-estar. Enquanto o primeiro modelo
(figura 41) apresenta suas hastes muito rígidas - ainda que com a suas terminações
arredondadas -, o segundo modelo tem características excessivamente informais.
Portanto, o nome da marca foi testado com o texto em caixa-baixa, porém, já com
suas hastes ascendentes (letra “L” e “D”) modificadas, buscando harmonia na
composição (figura 42).

Figura  42  –  Logotipo:  teste  de  alternativas  

 Fonte:  O  autor  

Os três modelos apresentados possuem características marcantes, sejam


elas de dinâmica na espessura das hastes, movimentos arrendados gerados por
suas geometrias aparentemente calculadas, ou inclinação das palavras (família
tipográfica em estrutura itálica), sendo assim, contemplam o requisito de
informalidade, porém, harmônica. A fins de aprimorar as formas, foi eleito um dos
logotipos para serem analisados quanto à sua construção técnica, e para serem
adaptados de acordo com as necessidades (figura 43).

Figura  43  –  Logotipo:  teste  de  alternativas  


59
 

Fontes:  O  autor  

Para maior contraste e melhor reconhecimento da identidade visual da marca


à distância, foi desenvolvido um elemento que servirá como base para o logotipo, se
tornando assim um selo. As aplicações são facilitadas no momento em que o
logotipo for apresentado como um selo, pois esse mesmo se responsabiliza pela
área de respiro da palavra. Selos são formados por um determinado símbolo gráfico,
que se utilizam da força da silhueta para captar a visão do homem, uma vez que
essa é percebida antes de qualquer outra informação que é exposta no interior
dessa forma. As figuras 44 e 45 demonstram, respectivamente, o desenvolvimento
do símbolo e sua aplicação sob o logotipo.

Figura 44 – Logotipo: desenvolvimento do selo


60
 

 
Fonte: O autor

Figura 45 – Logotipo: formato de selo definido

Fonte: O autor

 
61
 

8.6.2 A tipografia institucional

Em virtude da alta abrangência de pontos de contato que uma marca de


produtos alimentícios possuí, se torna necessário que se determinem e padronizem
famílias tipografias específicas para comunicados institucionais ou de venda, sejam
eles impressos ou digitais. Ou seja, as tipografias utilizadas em cada área devem ser
escolhidas com cautela para que assim preencham os requisitos mínimos de
leiturabilidade e legibilidade, evitando possíveis falhas de comunicação que
costumam ocorrer quando estes itens não são atendidos com sucesso. Para que a
escolha acontecesse de maneira mais acertiva possível, foram listadas palavras em
diferentes famílias tipográficas com a finalidade de comparar suas formas.

Para essa seção é necessário destacar a importância de eleger uma família


tipográfica que disponha um alto nível de legibilidade, visto que será aplicada em
textos informativos nos materiais de comunicação (recibos, cartão de visitas, folders,
websites, materiais promocionais, etc.), e que não devem competir com o logotipo no
âmbito estético. A figura 46 apresenta as famílias tipográficas que foram testadas e
comparadas para contemplar essa necessidade.

Figura 46 – Análise de tipografia de apoio institucional

 
Fonte: O autor

  Para essa categoria foi eleita a família Bariol Regular, em virtude de possuir
uma altura de X suficientemente eficaz para a leitura de textos curtos, e do mesmo
modo apresenta pequenas serifas que facilitam a leitura de um texto longo.
62
 

Conforme demonstra a figura 47, é irrelevante o tamanho de corpo que a Bariol


Regular se apresente em uma peça gráfica junto com o selo, pois ambos não
competem entre suas informações visuais e textuais. O que justifica esse fato é a
família tipográfica apresentar formas sutis, por serem de característica rounded e
light, que entram em harmonia com o selo.

Figura 47 – Tipografia de apoio aplicada

 
Fonte: O autor

8.6.3 Cromografia

   

Em uma primeira etapa, para a elaborar a definição do padrão cromático que


irá regir a marca Bem Bolado, foram analisadas as embalagens dos produtos
concorrentes – que se encontram disponíveis para comercialização – e na segunda
etapa são dispostas imagens que representam conceitualmente as palavras “saúde”,
“bem-estar”, e “apetite”, e através dessas são selecionas as principais cores que
guiarão o padrão cromático (figura 48).

Figura 48 – Padrão Cromático


63
 

Fonte: O autor

A cor adotada para aplicação no selo foi o Vermelho Carmim (tabela CMYK e
RGB respectivamente: 25, 95, 100, 5 e 183, 50, 42) por participar da zona cromática
de cores quentes, porém, essa tonalidade de vermelho possui menos saturação,
sendo assim, essa assume postura menos vibrante se mostrando eficaz como cor
base para um selo desenvolvido para um produto alimentício do ramo farináceo
(figura 49). Como a marca produzir

Figura 49 – Cor aplicada ao selo

Fonte: O autor
64
 

Figura 50 – Versões do selo: colorida e tom de cinza

Fonte: O autor

Figura 51 – Cor aplicada como identidade de marca

Fonte: O autor
65
 

8.7 Especificações técnicas

Área mínima de interferência: distância mínima de 1L

Aplicação no grid: 10m x 10m (m: módulos)


66
 

8.8 Principal aplicação


67
 

8.9 Aplicações secundárias

Envelope Carta:

Papel timbrado:

 
68
 

9 Conclusão

O desenvolvimento deste trabalho, buscou encontrar resultados gráficos e


simbólicos para um produto fabricado por um projeto social, dentro de uma escola
infantil, que até então não possuía marca, identidade visual e embalagem. Esse
projeto social acontece com a proposta de mostrar para os jovens – que são
pertencentes à famílias de baixa renda – uma possibilidade de futuro trabalho. No
entanto, o alimento por eles fabricados era apenas consumido pelos alunos da
escola. Sendo assim, foi possível, através de meus conhecimentos em design,
auxiliar esse projeto de padaria a ganhar futura visibilidade, uma vez que não
produzem apenas um bolo de banana, e sim possuem uma marca, e um sistema de
identidade visual para o produto que fabricam.

O trabalho de monografia foi desenvolvido no período de dois semestres


letivos na faculdade UniRitter Laureate International Universities, na habilitação de
design gráfico, no qual o primeiro semestre contemplou a elaboração da
fundamentação teórica, e o segundo foi orientado conceber o desenvolvimento do
sistema de identidade visual, conforme era a proposta apresentada na introdução
deste trabalho. Durante o primeiro semestre foi necessário haver uma imersão no
que o trabalho contemplaria, e assim, através de assessoramentos com professores,
conversas informais com profissionais da área e amigos, muitas informações foram
trocadas e o crescimento foi de grande valia. O segundo semestre voltado para
desenvolvimento de monografia de conclusão, e conseqüentemente de projeto, foi
altamente produtivo no âmbito de conhecimento do cliente através da metódica
HCD. O período que passei ouvindo, conversando e anotando informações sobre os
atuantes do projeto, desde o sistema de logística de alimentos para a produção, até
o momento em que acontecia a distribuição para degustação, foram
importantíssimos para captar a essência de marca que o projeto deveria ter. Ainda,
vale relatar a importância da utilização de metodologias para guiar o
desenvolvimento de projeto. A metodologia geral utilizada (híbrido de Alina Wheeler
69
 

com Meurer e Szabluck) se complementaram de modo eficaz para o


desenvolvimento de um sistema de identidade visual.

A proposta inicial quando foi iniciado esse projeto de sistema de identidade


visual era visualizar uma oportunidade de motivação e de retorno financeiro para os
atuantes deste projeto social. Sendo assim, com o término desse projeto, será feita
uma apresentação formal para investidores que já demonstraram interesse em fazer
essa monografia se tornar um projeto aplicável.

 
70
 

Bibliografia

Livros:

BARROS, Lilian Ried Miller. A cor no processo criativo. 4. Ed. SENAC, 2011.

AAKER, David A.; ANDRADE, André (Trad.). Marcas: brand equity: gerenciando o
valor da marca. 14. ed. São Paulo: Elsevier, 1998.

NEUMEIER, Marty. The brand gap, o abismo da marca: como construir a ponte
entre a estratégia e o design. Porto Alegre: Bookman, 1998.

BONSIEPE, Gui (Coord.). Metodologia experimental: desenho industrial. Brasília:


CNPq, 1984.

WHEELER, Alina. Design de Identidade de Marca. 2.ed. Porto Alegre: Bookman,


2008.

STRUNCK, Gilberto Luiz Teixeira Leite. Como criar identidades visuais para
marcas de sucesso: um guia sobre marketing das marcas e cmo representar
graficamente seus valores. 3. ed. Rio de Janeiro: Rio Books, 2007

SPIEKERMAN, Erik. A linguagem invisível da tipografia: escolher e expressar


com tipos. 2. Ed. São Paulo: Blücher, 2011.
71
 

GOMES, Luiz Antônio Vidal de Negreiros. Criatividade e design: um livro de


Desenho industrial para projeto de produto. Porto Alegre: sCHDS, 2011.

MESTRINER, Fabio. Design de embalagem – curso básico. 2º. ed. São Paulo:
Makron Books, 2002.  

Artigos:

MEURER, Heli; SZABLUK, Daniela. Projeto E: aspectos metodológicos para o


desenvolvimento de projetos dígito-virtuais. Ação Ergonômica, 2012.

MEURER, Heli; SZABLUK, Daniela. Projeto E: metodologia projetual para ambientes


dígito-virtuais. Anais do 3º InfoDesign Brasil | Congresso Brasileiro de Design da
Informação. Rio de Janeiro RJ: PUC RIO, 2009.

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