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15832018 1897
REVISÃO REVIEW
intervenções com mulheres de países de média e baixa renda
Abstract The scope of this systematic review was Resumo A revisão sistemática objetivou carac-
to characterize interventions for HIV prevention terizar as intervenções para prevenção do HIV
that included adult women and was conduct- que incluíam mulheres adultas e desenvolvidas em
ed in low- and middle-income countries after países de baixa e média renda após 1996, identif-
1996, identifying how they covered individual, icando como abarcavam as vulnerabilidades indi-
social and programmatic vulnerabilities. Data- viduais, sociais e programáticas. Foram acessadas
bases were accessed from 1997 to July 2016 and bases de dados de 1997 a julho de 2016 e selecio-
the studies selected included adult women, with nados estudos que incluíam mulheres adultas,
combined strategies or otherwise, only excluding com estratégias combinadas ou não, excluindo-se
biomedical or mass media interventions. Thus, intervenções apenas biomédicas ou de mídia em
72 interventions developed in 32 countries were massa. Foram selecionadas 72 intervenções desen-
selected, most of them in African countries and/ volvidas em 32 países, sendo a maioria africanos
or in the upper-middle income bracket, with 26 e/ou de renda média-alta e 26 só com mulheres.
focusing solely on women. Among the 64 inter- Entre 64 intervenções que avaliaram aspectos
ventions that evaluated results in behavioral, comportamentais, psicossociais, biomédicos, de
psychosocial and biomedical knowledge on HIV/ conhecimentos sobre HIV/IST e uso de serviços
STI and use of health services, 62 reported positive de saúde, 62 tiveram resultados positivos, mas
results, but also of no-effect (n = 52). Few of them também de não efeito (n = 52). Poucas relataram
reported a reduction in HIV/STI incidence (n = diminuição na incidência de HIV/IST (n = 9), no
9), in partner numbers (n = 12) and in stigma número de parceiros (n = 12), dos relatos de estig-
and violence reports (n = 7). The content analysis ma e de violências (n = 7). A análise de conteúdo
of the interventions revealed that the majority (n das intervenções mostrou que a maioria (n = 51)
1
Programa de Pós- = 51) considered only individual vulnerabilities. contemplava apenas vulnerabilidades individu-
Graduação em Saúde The need to strengthen preventive approaches ais. Discute-se a necessidade de fortalecer abord-
Coletiva, Universidade
do Vale do Rio dos Sinos. targeting structural determinants of the epidemic, agens preventivas que atuem nos determinantes
Av. Unisinos 950, São encompassing the social contexts of women in a estruturais da epidemia, abarcando os contextos
João Batista. 93022-000 relational and intersectional perspective of vul- sociais das mulheres numa perspectiva relacional
São Leopoldo RS Brasil.
tonanrib@yahoo.com.br nerabilities was discussed. e interseccional das vulnerabilidades.
2
Graduação em Key words HIV, Primary Prevention, Human Palavras-chave HIV, Prevenção Primária, Direi-
Biomedicina, Universidade Rights, Women, Review tos Humanos, Mulheres, Revisão
do Vale do Rio dos Sinos.
São Leopoldo RS Brasil.
1898
Gonçalves TR et al.
urbanas ou rurais e 26 abordavam apenas mu- Tabela 1. Descrição geral das intervenções incluídas
na revisão (n=72).
lheres. Predominou o uso de técnicas individuais
como aconselhamento e sessões educativas, se- N %
guidas de abordagens grupais como EP, e ações Ano da publicação
de MC e QC. As intervenções foram realizadas 2001-2005 17 23,6
na maior parte em serviços de saúde e espaços 2006-2010 24 33,3
comunitários (Tabela 1). 2011-2016 31 43,1
A maioria empregou ensaios clínicos e/ou co- Continente*
munitários randomizados (ECR), estudos obser- África 55 70,5
vacionais pré e pós-teste ou transversais (Tabela Ásia 15 19,2
1). Onze intervenções usaram métodos qualita- Américas 8 10,3
tivos como entrevistas em profundidade, grupos Classificação da renda do País (n=32)
focais e observações, sendo que em dez tais técni- Baixa 9 28,1
cas foram aplicadas em etapas formativas de ECR Média baixa 10 31,3
ou de estudos observacionais quantitativos. Média alta 13 40,6
Em 64 intervenções cujos resultados foram População quanto ao sexo
avaliados, quase todas tiveram achados positivos Homens e mulheres 46 63,9
Apenas mulheres 26 36,1
População quanto ao recrutamento
Geral 36 50,0
Usuários de serviço de saúde/clínicas 23 31,9
Busca compreensiva Trabalhadores 9 12,5
resultou em 6.644 Estudantes/universitários 4 5,6
citações População quanto região
Urbana 19 26,4
1.690 duplicatas
Rural 19 26,4
excluídas
Rural e Urbana 10 13,9
Não especifica 24 33,3
4.954 citações
avaliadas por dois Técnicas**
pesquisadores de Individuais 49 68,1
modo independente Grupais 41 56,9
4.765 citações Comunitária 28 38,9
excluídas após Família/Casal 8 11,1
avaliação por pares Mídia em Massa 8 11,1
Locais das intervenções***
189 artigos revisados Serviços de saúde 33 45,8
na íntegra Espaços comunitários 23 31,9
Domicílios 10 13,9
94 artigos excluídos:
- 37: país de alta renda Local de trabalho 9 12,5
- 15: não envolvia Não se aplica (formativo ou em 11 15,3
intervenção de prevenção redes/políticas)
72 intervenções do HIV Avaliação de resultados da intervenção
incluídas - 13: envolvia populações Sim 64 88,9
(94 artigos) específicas (p. ex.
trabalhadoras do sexo,
Não 8 11,1
escolares, curandeiros) Delineamentos dos estudos**
- 8: intervenção iniciou Ensaio Clínico ou Comunitário 28 38,9
antes de 1996 Randomizado
- 7: pessoas com HIV Observacional/Transversal 29 40,3
- 6: intervenção biomédica
ou só de testagem
Pesquisa Qualitativa 11 15,3
- 4: só envolvia homens Coorte 8 11,1
- 4: intervenções de mídia Outros delineamentos**** 8 11,2
em massa *Duas intervenções foram desenvolvidas na África e Ásia; **As
intervenções podiam empregar mais de uma técnica e serem
avaliadas com diferentes delineamentos nos estudos; ***Doze
intervenções ocorriam em mais de um local; ****Avaliação
Figura 1. Processo de seleção dos estudos. econômica, quasi-experimentais, ecológicos e de revisão
sistemática sobre uma intervenção específica.
1901
Tabela 2. Caracterização dos resultados das intervenções quanto aos desfechos avaliados (n=64).
Resultados Resultados
Intervenções*
Positivos** Negativos**
% (N) % (N) % (N)
Comportamentais 89,1 (57) 64,4 (67) 35,6 (37)
Mudança no uso de preservativo 53 33 20
Número de parceiros 26 12 14
Uso de drogas/álcool 8 7 1
Comunicação/negociação com parceiros sobre sexo seguro e/ 7 5 2
ou HIV
Outros (Uso de anticoncepcional, gravidez, sexo transacional, 10 10 0
risco sexual, compartilhamento de seringas, adiamento do
debut, abstinência sexual)
Aspectos psicossociais 35,9 (23) 78 (39) 22 (11)
Autoeficácia para o uso de preservativo 15 13 2
Intenção de reduzir comp. de risco 12 10 2
Redução do estigma 6 4 2
Autorrelato de violência psicológica ou física 5 3 2
Outros (Controle sobre vida sexual e sobre comp. preventivos, 12 9 3
avaliação de riscos, atitudes quanto à prevenção e às relações
sexuais, normas sociais de gênero, autoeficácia e participação em
prevenção comunitária, difusão social do preservativo)
Conhecimentos sobre HIV e outras IST 35,9 (23) 91,3 (21) 8,7 (2)
Aspectos biomédicos 29,7 (19) 63,6 (14) 36,4 (8)
Aquisição de HIV/IST 16 9 7
Uso de ARV como prevenção 6 5 1
Uso de serviços de saúde 29,7 (19) 77,3 (17) 22,7 (5)
Realização de testagem anti-HIV 11 8 3
Acesso aos preservativos 4 4 0
Testagem de parceiros 4 2 2
Outros (Aconselhamento, testagem para Sífilis, Planejamento 3 3 0
familiar)
*Cada intervenção foi contabilizada apenas uma vez quando avaliou a dimensão descrita; **Cada intervenção pode ter
relatado mais de um desfecho em relação ao aspecto descrito, sendo que resultados positivos e negativos foram contabilizados
individualmente.
1902
Gonçalves TR et al.
uma. O ATV foi a mais utilizada (n = 35), segui- Ainda, dentre as 23 intervenções que usavam
da pela EP (n = 34), distribuição de preservativos ATV, 17 utilizaram duas ou mais estratégias com-
(n = 18), ações de educação em saúde (n = 16) e binadas (*7-*23). Quatro objetivavam também a
construção de habilidades (n = 16). Foram me- prevenção da TV, sendo conduzidas em popula-
nos utilizadas ações de MC (n = 12), QC (n = ções de gestantes (*4,*7,*13,*14). A intervenção
12), mídia em massa (n = 10) e oferta de trata- SISTA (Sisters Informing Sisters about Topics on
mento para HIV/IST, tuberculose ou prevenção AIDS), desenvolvida na África do Sul para mulhe-
da TV ou circuncisão (n = 9). Poucas interven- res de 18 a 35 anos da comunidade Xhosa, ilustra
ções relataram estratégias como apoio psicológi- esse subconjunto. A mesma foi adaptada de outra
co ou social, planejamento familiar, visita domi- realizada com afro-americanas nos EUA, baseada
ciliar, microcrédito, redução de danos e serviço na Teoria da Cognição Social e de Gênero (*10).
itinerante (Tabelas 3 e 4). Envolvia ATV, além de sessões grupais e ativida-
Na análise de conteúdo, verificou-se que a des de escrita e leitura sobre as experiências das
maior parte das intervenções contemplava apenas mulheres. Duas mulheres treinadas da comuni-
vulnerabilidades individuais ao HIV, oito abarca- dade lideravam discussões sobre gênero, orgulho
vam vulnerabilidades sociais, quatro programáti- étnico, estigma e comportamentos de risco, além
cas e nove abordavam duas ou as três dimensões. de treinar habilidades de uso de preservativos e
A seguir, as intervenções são descritas conforme comunicação com parceiros.
tais dimensões. As referências das intervenções Outras 18 intervenções (*24-*41) tinham
incluídas encontram-se sinalizadas numerica- como estratégia principal sessões educativas so-
mente, precedidas por asterisco (*) no texto e nas bre comportamentos sexuais de risco. Porém,
Tabelas 3 e 4, e podem ser consultadas no link: em comparação com as intervenções que usaram
https://www.dropbox.com/s/twfgdfi6zydl90f/ ATV, nessas houve maior uso de recursos infor-
REFER%C3%8ANCIAS%20PREVMULHER.do- mativos e ilustrativos como vídeos, clipes e técni-
cx?dl=0. cas de role-play, para auxiliarem no treinamento
de habilidades comunicativas com parceiros e
Vulnerabilidades individuais para o uso de preservativos. Algumas ainda dis-
tribuíam preservativos ou treinavam educadores
Neste eixo foram classificadas intervenções (n pares. No geral, essas intervenções possuíam uma
= 51) cujo enfoque predominante era a promo- implementação muito similar, variando apenas
ção de aspectos individuais e/ou subjetivos para no número de encontros e materiais usados. To-
a prevenção do HIV, tais como conhecimentos, das consistiam em pelo menos um encontro edu-
construção de habilidades, oferta de aconselha- cativo focando questões individuais da prevenção.
mento e testagem, dentre outros. Identificaram-se Muitas eram divididas em módulos, compostos
três subconjuntos de intervenções: a) as que utili- por uma parte informacional-educativa sobre o
zaram de modo exclusivo ou não a abordagem de HIV e outra de mudança comportamental e/ou
ATV (n = 23); b) as que usavam de modo central treinamento de habilidades. Duas intervenções
enfoques de educação em saúde e mudança com- desenvolvidas pelo mesmo grupo de autores na
portamental (n = 18); c) e as que envolviam estra- África do Sul (*33,*34) buscavam ainda reduzir
tégias de marketing social e treinamento comuni- o uso do álcool em contextos sexuais entre usuá-
tário, mas cujo foco permanecia nas habilidades e rios/as de uma clínica de IST e frequentadores de
conhecimentos dos indivíduos (n = 10). comércios informais de bebidas, respectivamente.
Muitas intervenções (n = 23) utilizaram ATV, Dentre essas intervenções, onze mencionaram
sendo que seis (*1-*6) a empregaram como úni- embasamento teórico, predominando teorias
ca estratégia e apenas seis citaram algum emba- motivacionais, comportamentais e da cognição
samento teórico (Tabela 3). A aplicação do ATV social. Ilustra esse subconjunto de intervenções a
consistia basicamente na oferta de testagem Partners, que era um programa de prevenção do
anti-HIV e de sessões de aconselhamento pré e HIV por pares para mulheres em assentamentos
pós-teste, sendo suas principais mensagens de na África do Sul baseado no modelo de influências
pré-teste focadas na mudança de comportamen- sociais (*38). Os pesquisadores capacitaram mu-
to quanto ao uso de preservativo, redução do lheres dessas comunidades para conduzir oficinas
número de parceiros e testagem do parceiro. Nas de educação sobre HIV. Elas também distribuíam
sessões pós-teste, priorizava-se mensagens de mensagens de prevenção, demonstravam o uso de
apoio, testagem do parceiro e encaminhamento preservativos masculinos e femininos e estimula-
para tratamento, se necessário. vam práticas de saneamento e higiene adequadas.
Tabela 3. Descrição das intervenções classificadas na dimensão de vulnerabilidade individual/subjetiva quanto à população, estratégias, técnicas e modelos teóricos, listadas em conforme a data de
publicação (n=51).
Autor/ano País Rendaa População Mulheres Estratégias usadasb Locais envolvidos Teoria Técnicasc
VULNERABILIDADES INDIVIDUAIS/SUBJETIVAS
Desgrees-du-Lou (2009) Ditrame Costa do Marfim M 702 702 ATV Serviço de Saúde NI 1e4
Plus *1 *81
Samayoa (2010) *2 Guatemala M 144 82 (57%) ATV Serviço de Saúde NI 1
Wanyenze (2013) *3 Uganda B 2.066 1.186 (57%) ATV, cuidado Serviço de Saúde NI 1
integrado com HIV
Cremin (2010) *4 Zimbábue B 27.395 16.096 (59%) ATV Serviço de Saúde móvel NI 1e3
Mola (2006) *5 Moçambique B 1.220 601 (49%) ATV Serviço de Saúde NI 1
Kiene (2010) *6 Uganda B 245 126 (51%) ATV Serviço de Saúde NI 1
Villar-Loubet (2013) África do Sul MA 478 239 (50%) ATV, CH, EP Serviço de Saúde Cognitivo-comportamental 1e2
PARTNERPLUS*7
Maman (2014) *8 África do Sul MA 1.480 1.480 ATV, ES, ApS Serviço de Saúde NI 1e4
Roux (2014) PIP*9 África do Sul MA 1.238 1.238 ATV, TTO, VD Residências NI 1e3
Wingood (2013) SISTA*10 África do Sul MA 342 342 ATV, CH, EP Espaços comunitários Cognitivo Social/ Gênero e 1e2
Poder
Hammet (2012) *11 Vietnã M 232 232 ATV, EP, TTO, PF, RD Serviço de Saúde NI 1e2
Cottler (2010) *12 Índia M 100 100 ATV, ES Residências NI 1e2
van der Straten (2010) Zimbábue e B e MA 801 801 ATV, DP, TTO Serviço de Saúde NI 1e2
MIRA *13*79*80 África do Sul
Callegari (2008) *14 Zimbábue B 394 394 ATV, DP Serviço de Saúde Cognitivo Social 1
Rugpao (2008) *15 Tailândia MA 1.350 1.350 ATV, DP Serviço de Saúde NI 1
Corbett (2007) *16 Zimbábue B 4.316 518 (12%) ATV, RD Local trabalho NI 1e4
Arthur (2007) *17 Quênia B 400 192 (48%) ATV Serviço de Saúde NI 1e2
Solomon (2006) *18 Índia M 500 250 (50%) ATV, EP, DP Serviço de Saúde RRC 2e3
Wong (2005) *19 Camarões M 966 966 ATV, DP Serviço de Saúde NI 1
Jones (2004) *20 Zâmbia M 150 150 ATV, ES, DP Serviço de Saúde e espaços Cognitivo-comportamental 1e2
comunitários
Xu (2002) *21 Tailândia MA 779 779 ATV Serviço de Saúde NI 1
Mulogo (2013) *22 Uganda B 759 526 (69%) ATV, VD Serviço de Saúde e ABC 1
Residências
continua
1903
Tabela 3. Descrição das intervenções classificadas na dimensão de vulnerabilidade individual/subjetiva quanto à população, estratégias, técnicas e modelos teóricos, listadas em conforme a data de
publicação (n=51).
Autor/ano País Rendaa População Mulheres Estratégias usadasb Locais envolvidos Teoria Técnicasc
VULNERABILIDADES INDIVIDUAIS/SUBJETIVAS
Reed (2013) The Women’s CoOp África do Sul MA 720 720 ATV, ES Espaços comunitários NI 1e2
*23*74
Lin (2010) *24 China MA 300 300 ES, CH Local de trabalho PMT 1, 2 e 3
Shrestha (2016) *25 Nepal B NI NI ES, CH Espaços comunitários IMB 1e2
Darbes (2014) *26 África do Sul MA 350 175 (50%) ATV para casais Não informado Interdependência 1e4
Adam (2014) ICL*27 Quênia B 182 NI EP, ES Espaços comunitários ABC 2
Thato (2013) *28 Tailândia MA 392 210 (53,3%) EP, CH Serviço de Saúde e espaços IMB 1e2
comunitários
Bogart (2013) *29 África do Sul MA 130 68 (52%) CH, EP Local trabalho NI 1, 2 e 4
Saad (2012) *30 Nigéria M 235 60 (25%) EP Espaços comunitários IMB 2
Essien (2011) *31 Nigéria M 346 346 EP Local trabalho e espaços IMB 2
comunitários
Pereira (2011) *32 Venezuela MA 540 540 ES Serviço de Saúde NI 2e3
Kalichman (2008) *33 África do Sul MA 353 236 (67%) EP, CH Serviço de Saúde Cognitivo Social 1e2
Kalichman (2007) *34 África do Sul MA 143 21 (15%) EP, CH Serviço de Saúde Cognitivo Social 1e2
Terry (2006) SHAPE *35 Zimbábue B 869 388 (45%) EP, CH Espaços comunitários NI 1
Simbayi (2004) *36 África do Sul MA 228 77 (34%) EP, DP Serviço de Saúde IMB 2
Vieira (2004) *37 Brasil MA 165 165 ES Serviço de Saúde NI 1e2
Murdock (2003) Partners *38 África do Sul MA 480 NI EP Espaços comunitários Influencias sociais 2e3
Ronald (2003) PEHAPP *39 Botsuana MA 439 131 (30%) EP, DP Local trabalho NI 2e3
Klimovski (2001) *40 Argentina MA 117 117 EP, DP Serviço de Saúde NI 2
B ES, incentivo
Packel (2012) RESPECT*41 Tanzânia 2.399 1.207 (50%) Não se aplica BCC 1
financeiro
Adelore (2006) *42 Nigéria M 180 27 (15%) MS, EP Residências NI 1e3
Gregson (2011) *43 Zimbábue B 4.047 NI MS, ES Serviço de Saúde NI 2
Ssali (2005) *44 Uganda B 84 84 DP, QC Espaços comunitários NI 2e3
Agha (2001) JeitO *45 Moçambique MA 5.142 NI MS, ES Residências NI 1, 2 e 3
Bogale (2010) *46*77 Etiópia B 30 30 MS, EP Espaços comunitários Cognitivo-comportamental 2
B Residências e espaços Crenças em Saúde/ Gênero e
Cummings (2006) MARCH *47 Etiópia 94 52 (55%) MS, EP 1, 2 e 3
comunitários Poder
continua
1905
1, 2 e 3
1, 2 e 3
2e3
Especificamente, quatro das intervenções
vativos e outros insumo; EP: Educação por Pares; ES: Educação em Saúde; MC: Mobilização Comunitária; MS: Marketing Social; PF: Planejamento Familiar; QC: Qualificação ou reestruturação do Cuidado ou serviços de
NI: Não Informado. a B: renda baixa; M: renda média; MA: renda média-alta. b ApS: Apoio Social ou psicológico; ATV: Aconselhamento e Testagem Voluntária; CH: Construção de Habilidades; DP: Distribuição de preser-
desse subconjunto foram realizadas com estu-
dantes universitários em ações informativas de
Cognitivo-comportamental
Saúde/
Aprendizado Social/ Ação
EP, orientações para uso de preservativo, ativida-
des para construção de habilidades e outras vol-
Aprendizagem social tadas para os jovens (*27,*28,*30,*35). Por exem-
Aprendizado Social
Teoria
em
Cognitivo Social
Action, Prevention, Education), desenvolvida no
Zimbábue por uma ONG objetivava a promoção
Racional
Crenças
da saúde e prevenção do HIV através do ensino,
pesquisa e advocacia para a igualdade de gênero
saúde; RD: Redução de Danos; TTO: Tratamento para HIV, IST, prevenção da TV ou tuberculose; VD: Visita domiciliar. c 1: Individual; 2: Em grupos; 3: Comunitária; 4: Familiar.
Residências e espaços (*35). Por fim, em contraste com as intervenções
de ATV e sessões educativas, a RESPECT (*41),
Locais envolvidos
Espaços comunitários
Espaços comunitários
Espaços comunitários
774 (67%)
965 (46%)
1.152
2.097
607
MA
MA
M
B
Tailândia
Jamaica
Malawi
Meekers (2005)
las rurais da província tailandesa de Chiang Mai, treinadas em liderança e, após, trabalhavam na
tinha um modelo de desenvolvimento comuni- prevenção do HIV e violência intrafamiliar nas
tário. A intervenção contava com a colaboração comunidades. A IMAGE melhorou a comunica-
de líderes comunitários, chefes e voluntárias da ção com parceiros, a autoconfiança e contribui-
saúde e das mulheres casadas, que eram a popu- ção financeira nos lares, a participação social e as
lação-alvo. O objetivo era aprimorar a autoeficá- atitudes quanto às normas de gênero. Após dois
cia, a autoestima, os conhecimentos sobre HIV, as anos, o risco de autorrelato de violência física ou
habilidades para negociação de sexo seguro e uso sexual por parceiro íntimo foi reduzido em mais
de preservativo. O chefe do centro de saúde era o da metade nas comunidades da intervenção.
mentor das voluntárias e ajudava o líder comuni- Já a Stepping Stones é um amplo programa
tário a distribuir preservativos e outros materiais de treinamento comunitário, inspirado em mo-
de prevenção. As voluntárias eram treinadas para delos Freirianos, visando à transformação dos
liderar encontros grupais com as mulheres, usan- papéis de gênero para prevenção de HIV em co-
do técnicas como confecção de pôsteres, jogos e munidades vulneráveis (*53). Foi adaptada para
role-play, além de manter a comunicação entre as 60 países da África e Ásia, com tradução para 16
mulheres e os líderes locais. O objetivo secundá- línguas e estudos publicados desde 2000. O nú-
rio era mobilizar a comunidade para prevenção mero de sessões grupais de pares, conforme faixa
do HIV, mas o estudo não detalhou como isso era etária e gênero, variava de 13 a 19 encontros de 3
implementado. horas de duração, sendo a intervenção manuali-
zada e coordenada por facilitadores. Apesar dis-
Vulnerabilidades Sociais so, na maior parte de suas aplicações, as técnicas
enfocavam diretamente apenas os próprios par-
Oito intervenções (*52-*59) focavam aspec- ticipantes, já que o componente de desenvolvi-
tos da vulnerabilidade social à infecção, visando, mento comunitário encarecia muito a interven-
principalmente, a MC e a modificações de nor- ção (*53,*60) e dificultava sua sustentabilidade e
mas sociais quanto à prevenção do HIV, mas tam- ganho de escala. Os resultados da Stepping Stones
bém o empoderamento das mulheres e a dimi- foram inconsistentes. O ECR mostrou redução
nuição de desigualdades de gênero (*53,*57,*58), significativa da incidência de herpes genital, mas
do estigma (*52,*56) e da violência (*52,*57). não do HIV. O uso de preservativo aumentou em
Em particular, uma intervenção também oferecia comunidades de dois países dentre oito avaliados
um componente de microcrédito para as mulhe- e houve redução no número de parceiros em um
res (*57). As intervenções se baseavam em teorias de dois países. O abuso de álcool diminuiu em
da difusão social, em modelos sociocognitivos, dois países dentre três e a comunicação sobre
ecológicos, da aprendizagem e ação participativa HIV melhorou em três países de sete. A iniqui-
e de mudança social. Um estudo não descreveu dade de gênero reduziu apenas na Índia, dentre
embasamento teórico (Tabela 4). outros cinco países, e o estigma diminuiu nas co-
Duas intervenções ilustram esse eixo. A IMA- munidades de quatro países avaliados (*53).
GE (Intervention with Microfinance for AIDS and
Gender Equity) foi desenvolvida para mulheres Vulnerabilidades programáticas
em comunidades rurais na África do Sul por meio
de um ECR comunitário (*57). O objetivo era Quatro intervenções focavam apenas aspec-
aumentar o bem-estar econômico das famílias, tos programáticos, duas desenvolvidas na Ásia
empoderar as mulheres e reduzir a vulnerabili- (*61,*62) e duas na África (*63,*64). Todas en-
dade para violência intrafamiliar. O microcrédito volviam a implementação, reestruturação e/
era conduzido por uma ONG e mulheres adultas ou qualificação da oferta e do acesso a serviços
mais pobres de cada vila eram convidadas. Gru- de saúde relacionados à prevenção do HIV/IST.
pos de cinco mulheres serviam como garantia do Uma intervenção enfocava gestantes (*61), en-
empréstimo uma das outras e se encontravam a quanto as demais enfocavam a população em
cada duas semanas para troca de experiências e geral (Tabela 4). Nenhuma dessas intervenções
supervisão. Paralelo a isso, o Sisters-for-Life era informou bases teóricas e todas tinham deline-
um módulo de EP e MC para prevenção do HIV amentos observacionais de pré e pós-teste, com
e promoção da equidade de gênero, do qual qual- exceção de uma que era ecológica (*64).
quer mulher podia participar. Na segunda fase do A intervenção testada na Etiópia propunha
programa, se incentivava a MC, envolvendo jo- a integração do planejamento familiar aos ser-
vens e homens. Para tanto, mulheres-chave eram viços de ATV, treinando profissionais de saúde
Tabela 4. Descrição das intervenções classificadas nas dimensões de vulnerabilidade social, programática e múltiplas quanto à população, estratégias, técnicas e modelos teóricos, listadas em
conforme a data de publicação (n=21).
Autor/ano País Rendaa População Mulheres Estratégias usadasb Locais envolvidos Teoria Técnicasc
VULNERABILIDADES SOCIAIS
Abramsky (2014) Uganda B NI NI EP, MC Serviço de saúde, espaços Modelo ecológico da 1e3
SASA!*52*83 comunitários Violência
Skevington Índia, Gambia, África M, B, MA, 14.630 NI EP, CH, MC Espaços comunitários Modelos Freirianos de 1, 2 e 3
(2013) Stepping do Sul, Etiópia, Angola, MA, B, B reflexão crítica
Stones*53*60*84 Tanzânia, Uganda e Fiji e MA
Rotheram-Borus (2012) China, Índia, Peru, Rússia MA, M, 3.912 2.137 (55%) ATV, EP, CH, MC Local de trabalho e espaços Difusão de inovações 1e3
CPOL *54*85*86 e Zimbábue MA, MA comunitários
eB
Taylor (2010) África do Sul MA 1.294 868 (67%) MS, EP, QC, MC Espaços comunitários e Cognitivo Social/ Ecológica/ 1, 3 e 4
Lovelife *55*87-*89 mídia Difusão de inovações
Khumalo-Sakutukwa Tailândia, Zimbábue, MA, B, B 14.657 7.837 (53%) ATV, ApS, MC Serviço de saúde e espaçosDifusão de inovação/ 1, 2 e 3
(2008) Accept *56 Tanzânia e África do Sul e MA comunitários Mudança Social
Kim (2007) *57*90*91 África do Sul MA 833 833 MC, EP, Microcrédito Espaços comunitários Aprendizagem 1, 2 e 3
IMAGE participatória
Erulkar (2004) Quênia B 2.736 1.471 (54%) MC, EP, QC, Subsídio Serviços de saúde e espaços NI 1, 2 e 4
Nyeri Youth Health *58 para uso de serviço comunitários
Welsh (2001) IEC *59*92 Quênia B 1.929 1.929 MC, DP, ES, PF Serviço de saúde, local de Aprendizagem Social/ 1, 2, 3 e 4
trabalho e mídia Mudança Cultural
VULNERABILIDADES PROGRAMÁTICAS
Delvaux (2011) LR *61 Camboja M 64.000 NI QC, ATV Rede de saúde NI 1e3
Sgaier (2014) *62 Índia M NI NI QC Rede de saúde NI 1e3
Gillespie (2009) *63 Etiópia B NI NI QC, ATV, DP, PF Rede de saúde NI 1e3
Van Schalkwyk (2013) Suazilândia M NI NI QC, ATV, TTO Rede de saúde NI 1e3
*64
MÚLTIPLAS VULNERABILIDADES
Liambila (2009) *65 Quênia B 538 538 QC, ATV, PF Serviços de saúde NI 1e4
Vermund (2013) HPTN África do Sul e Zambia MA e M 52.500 NI QC, ATV, TTO, DP, Serviços de saúde, NI 1, 3 e 4
071 *66 VD residências e espaços
comunitários
continua
1907
Técnicasc
Tabela 4. Descrição das intervenções classificadas nas dimensões de vulnerabilidade social, programática e múltiplas quanto à população, estratégias, técnicas e modelos teóricos, listadas em
1, 2 e 3
1, 2 e 3
1, 2 e 3
orais, o que qualificou e ampliou o acesso a esses
1e3
2e3
1e4
2
preservativos e outros insumo; EP: Educação por Pares; ES: Educação em Saúde; MC: Mobilização Comunitária; MS: Marketing Social; PF: Planejamento Familiar; QC: Qualificação ou reestruturação do Cuidado ou
atendimentos (*63). Já na Suazilândia se avaliou
NI: Não Informado. a B: renda Baixa; M: renda Média; MA: renda Média-Alta. b ApS: Apoio Social ou psicológico; ATV: Aconselhamento e Testagem Voluntária; CH: Construção de Habilidades; DP: Distribuição de
o impacto da implementação do programa na-
cional para prevenção e tratamento do HIV e
da tuberculose a partir de dados secundários de
1997 a 2010 (*64). A ATV passou a ser ofertada
CASCADA (teoria
Teoria
comportamento)
em todos os serviços de saúde, o que ampliou a
Cognitivo Social
de mudança de
cobertura de testagem e reduziu a mortalidade e
serviços de saúde; RD: Redução de Danos; TTO: Tratamento para HIV, IST, prevenção da TV ou tuberculose; VD: Visita domiciliar. c 1: Individual; 2: Em grupos; 3: Comunitária; 4: Familiar.
incidência de HIV.
O The Linked Response visava fortalecer o sis-
TTM
tema de saúde de Camboja, Vietnã, e aumentar o
Serviços de saúde e espaços NI
NI
NI
NI
acesso a serviços de prevenção, educação e trata-
Espaços comunitários
Serviços de saúde,
comunitários
comunitários
ços de saúde sexual e reprodutiva e de HIV/IST
do país. Após 18 meses, verificou-se alta cobertu-
ra de testagem do HIV e da Sífilis entre mulheres.
Houve melhora também na cobertura de pelo
menos uma consulta de pré-natal, no número de
Estratégias usadasb
403 MC, EP
2.154
325
403
1.675
NI
População
MA
MA
MA
M
M
B
África do Sul
Suazilândia
conforme a data de publicação (n=21).
Uganda
*73*93
de microcrédito, pontes para os serviços de saú- contextos sociais, contribui para invisibilizar as
de e prevenir a infecção pelo HIV entre mulheres desigualdades e re(produzir) padrões hetero-
pobres e suas filhas adolescentes. Uma rede de normativos. Em uma cultura hegemonicamente
duplas treinava organizações locais de autoajuda sexista e heteronormativa, há muito se reconhece
para coordenar um programa de educação não- a importância do gênero para a vulnerabilidade
formal em finanças e saúde: Learning Games for ao HIV, pois a hierarquização de diferentes mo-
Girls. Resultados positivos avaliavam apenas des- dos de ser homem e mulher ocorre nos contextos
fechos individuais como conhecimentos, atitudes sociais20. Porém, poucas foram as iniciativas que
e comportamentos e não houve efeito no uso de endereçavam desigualdades socioeconômicas es-
preservativo, na testagem de mulheres e suas fi- truturais e normas sociais relativas ao gênero que
lhas e nem no nível de conforto das meninas em vulnerabilizam as pessoas de modo diferencial.
falar sobre prevenção. Chamou atenção que muitas intervenções
não declararam qualquer abordagem teórica. Se-
gundo relatório da UNAIDS21, intervenções para
Discussão prevenção do HIV são frequentemente imple-
mentadas sem modelos operacionais claramente
A presente revisão apontou que estratégias de conceituados. Isso é problemático, pois favorece
prevenção do HIV voltadas aos conhecimentos, uma aplicação apenas técnica das estratégias sem
habilidades e comportamentos de indivíduos da contemplar os diferentes contextos sociais e/ou
população geral continuam sendo a forma mais estruturas organizacionais dos sistemas de saúde.
recorrente de intervenção, sem endereçar as di- Ao mesmo tempo, quando presente, o enfoque
nâmicas sociais que produzem vulnerabilidades teórico mais recorrente entre as intervenções
diferenciais ao HIV, particularmente quanto ao era de inspiração cognitivo-comportamental,
gênero. Mesmo empregando estratégias baseadas sublinhando o predomínio da lógica biomédica
na teoria da influência social, como a EP, bastante nas intervenções revisadas, especialmente as que
citada nos estudos, em muitos casos, era usada abarcavam apenas vulnerabilidades individuais.
apenas para disseminar informações de modo A ênfase biomédica também foi constatada
mais adaptado ao público da intervenção, não pelo uso majoritário de ECRs e pesquisas quanti-
visando alterar normas sociais. Tal achado corro- tativas na avaliação de seus resultados, sendo que
bora a ideia de que intervenções comportamen- quando presentes, abordagens qualitativas tende-
tais com foco no indivíduo dominam o cenário ram a ter uma posição secundária no estudo. As
da prevenção do HIV, concentrando ações na evidências de efeitos de intervenções comporta-
distribuição de preservativos e na realização de mentais para prevenção de HIV/IST são diver-
palestras e capacitações18. gentes, com a maior parte dos resultados de meta-
Ainda que evidências sublinhem o papel dos nálises não indicando efeitos4,5 especialmente em
aspectos estruturais e sociais na epidemia de desfechos como a incidência de HIV/IST. Na pre-
HIV14,18, particularmente entre as mulheres10,17, sente revisão, os resultados foram massivamente
essas noções parecem ser tímida e lentamente ab- positivos em que pese a diversidade dos desfe-
sorvidas pelas propostas de intervenção, as quais chos, formas de avaliação e o caráter não-analíti-
pressupõem, na sua maioria, que os comporta- co desses achados. Resultados menos positivos ou
mentos de risco são decisões conscientes basea- de não efeito foram encontrados quanto à aquisi-
das em escolhas racionais. Apesar das críticas a ção de HIV/IST, à redução do número de parcei-
abordagens com mensagens únicas de preven- ros, ao estigma e ao relato de violências. Apesar
ção17, a presente revisão identificou intervenções de mudanças de comportamento e inovações so-
com esse propósito como aquela baseada no re- ciais serem altamente dependentes dos contextos
embolso financeiro a partir do resultado negativo locais de cultura e prática sendo, portanto, difícil
na testagem anti-HIV. Ainda que algumas sejam atestar sua efetividade apenas por meio de ECRs,
desenvolvidas em larga escala, intervenções com- argumenta-se que tais programas, se bem plane-
portamentais não impactam os contextos sociais jados e implementados, podem ter efeitos posi-
em que as decisões são feitas e, portanto, não são tivos, ensejando que esse ainda seria o método
consideradas abordagens estruturais19. mais rigoroso22. Tais posições parecem reforçar a
O destaque das intervenções focadas nas ênfase atual no acesso individual ao tratamento
vulnerabilidades individuais, muitas envolven- nas políticas globais de combate a aids, sem inte-
do homens e mulheres sem qualquer aborda- gração com políticas populacionais que garantam
gem que distinguisse particularidades de seus o direito à prevenção do HIV23,24. Tal tendência é
1911
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