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Conhecimentos e habilidades

da equipe de enfermagem na
identificação da violência
contra a criança

Rebeka Brabo Hadge


Profª Drª Carla Pedroso Marega Luciano Gomes
Introdução
✓ A violência contra a criança é um problema
de saúde pública, e gera sofrimento para a
vitima, e pode ter consequências na vida
adulta (BRASIL, 2017);
✓ Com a construção do Estatuto da Criança e
do Adolescente 1990, o profissional de saúde
é responsabilizado por comunicar as
autoridades competentes nos casos de
suspeita ou confirmação de maus-tratos
infantis (BRASIL, 1990).
✓ Identificar que a criança é violentada é o
primeiro passo para cessar com essa prática.
A equipe de enfermagem está em posição
privelegiada para a identificação da
violência infantil (MARTINS et al., 2017).
Objetivo

Compreender quais os parâmetros utilizados pelos


profissionais de enfermagem para identificar a criança que
sofre maus tratos e quais as ações realizadas por estes diante
dessas situações. Entendendo as dificuldades que os mesmos
possam apresentar, em lidar com as crianças vítimas de
violência.
Método
• Foi optado por estudo de campo, com uma abordagem
qualitativa.
• A pesquisa foi realizada no pronto-socorro do Hospital das
Clínicas - Unidade II da cidade de Marília.
• A população estudada foi a equipe de enfermagem que atuam
no pronto-socorro infantil (P.S).
• A coleta aconteceu por meio de uma entrevista
semiestruturada, as respostas da entrevista foram gravadas
em áudio e posteriormente transcritas, com intuito de maior
fidedignidade do material coletado.
• Para garantir a anonimato e o sigilo das informações foi
optado por utilizar um nome de flor para o depoimento de
cada profissional entrevistado.
• Como referencial para a análise dos dados obtidos através da
entrevista foi utilizado a descrição de Bardin (2011).
Resultado
• Foram entrevistados 18 profissionais
de enfermagem com idade entre 30 e
65 anos;
• A partir da analise do material
coletado foram construidas quatro
categorias:
O conhecimento dos
profissionais de Muitos entrevistados atrelam a violência ao ato de ferir:
enfermagem em relação “No meu ponto de vista a violência é tanto física como emocional,
as vezes por espancamento, e não apenas só um espancamento,
ao conceito de violência mas as vezes os pais batem muito na criança.” (Hortência)
infantil
A Organização Mundial de Saúde (2014), conceitua: TODAS as
formas de tratamento a criança que resulte danos reais a sua
saúde, sobrevivência, desenvolvimento ou que afete a sua
dignidade, sendo de origem física e/ou emocional, sexual, por
exploração, ou por negligência .
.
Identificando os aspectos
utilizados pelos profissionais na
identificação das crianças que
sofrem violência.

"Consigo identificar no comportamento, ela fica


coagida né? Possuem medo de alguém. Tem também
os hematomas, que a gente consegue identificar”.
(Lavanda)
• Diversos fatores estão associados à violência, e quando
estes fatores compõem a história da criança é
importante que estes sejam considerados no
rastreamento das vítimas de maus tratos (ANTUNES,
2019).
• Fatores: evasão escolar, carência e fragilidade
familiar; má comunicação e falta de diálogo;
desigualdade entre os membros da família e
desrespeito; cultura machista adotando a desigualdade
entre os gêneros; condições sociais e econômicas
desfavoráveis; crianças com problemas de saúde
mental; e o uso de álcool e drogas pelos pais ou
responsáveis (ANTUNES, 2019).
• A anamnese e o exame físico são os instrumentos
imprescindíveis no reconhecimento das vítima
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018);
A visão dos profissionais sobre a atuação da enfermagem no
atendimento à criança vítima de violência.
“Da nossa parte? É difícil, por que sempre
chega é diretamente pro médico né? A gente
não tem aquele contato, a gente vai ter aquele
contato depois né? [...] Fica responsável as
outras coisas por outras pessoas né.” (Tulipa)
• A equipe de enfermagem está em maior número
nos serviços de saúde, possui contato direto e
prolongado com a população, sendo esssencial
para o reconhecimento da violência (VALERA et
al., 2015).
• É sujeito essencial na intervenção integral e
resolutiva, na avaliação e no cuidado, e na
realização da comunicação transdiciplinar e
intersetorial (BORGES, 2014).
• A enfermagem é legalmente e moralmente
respaldada para agir na interrupção da violência
infanto-juvenil (BRASIL, 1990)
• Todos, como cidadãos, mesmo que anonimamente,
temos que notificar os casos maus tratos
(BRASIL, 1988).
Maus tratos infantis é um assunto
pouco abordado na graduação em
enfermagem.

“[...] a gente não tem isso nem na formação.”


(Rosa)
“Acho que preparada não, mas a gente se
preparou aqui.” (Azaleia)

• A formação profissional tem falhado na abordagem sobre o


tema (MACHADO; VILELA, 2018; BARAGARATTI; AUDI;
MELO, 2014);
• Os profissinais não se sentem capacitados para atender as
demandas da violência infantil, e esse sentimento esta
associado a lacuna na formação, e a falta de capacitações
durante a vida profissional (VIERA; HASS, 2017).

• É necessário que os profissionais de saúde sejam


capacitados para diagnosticar, tratar, e atuar na prevenção
da violência, tendo em vista as políticas públicas de saúde
e a leis que asseguram os direitos da sociedade (ZANATTA
et al., 2018).
Conclusão
• Os profissionais de enfermagem possuem conhecimento sobre o
assunto, apesar de apresentar fragilidades, o que reflete diretamente
na identificação. Pois um conceito limitado gera parâmetros limitados.s
• Pode se dizer que a fragilidade de conhecimento, é um dos fatores faz
com que o profissional não se sinta corresponsavel na luta contra a
violência infantil.
• Sendo necessário que as instituições de formação profissional de ensino
superior e formação técnica invistam no assunto, e que os serviços
invistam em educação em saúde, e não apenas no tema em questão,
mas todos os conteúdos que as equipes identificarem como fragilidades.
“A maior tragédia dessa história é que a criança
confia nos adultos, […] confia na mãe, quando é
chamada por esta de inútil, […] confia no
padrasto, quando ele apaga cigarros no seu corpo
por que foi uma menina má. […] confia no médico
e na enfermeira que abre as chagas do seu corpo
a um custo sem medidas. A maior tragédia dessa
história, tenho certeza, é que as crianças
confiam nos adultos.” (Eliane Brum)
Bibliografia

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