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CURSO: DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO DO TRABALHO II


PROFESSOR: LEONARDO VAINE PEREIRA FONTES
TURMA: 4º e 8º Períodos DATA DA AULA: 10/08/2021

ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

O art. 114 da Constituição Federal dispõe sobre a competência material da Justiça do Trabalho,
estabelecendo que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar, dentre outras ações, as
seguintes:

• ações da relação de trabalho;


• ações do exercício do direito de greve;
• ações sobre representação sindical (entre sindicatos, sindicatos e trabalhadores e
sindicatos e empregadores);
• ações de indenização por dano moral ou patrimonial decorrentes da relação de
trabalho;
• ações de penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos
fiscalizadores (INSS, Receita Federal, Ministério do Trabalho e etc.);

ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A organização Judiciária Trabalhista está prevista nos art. 111 a 116 da Constituição Federal,
sendo composta hierarquicamente pelos seguintes órgãos:*
DIREITO COLETIVO

ESCORÇO HISTÓRICO

O direito coletivo do trabalho nasce com o reconhecimento do direito de associação dos


trabalhadores, o que efetivamente só se deu após a Revolução Industrial (século XVIII).

1720 – Londres (trade unions)

1917 – A 1ª Constituição que reconheceu o direito de livre sindicalização foi a do México;

1919 – 1ª Constituição Europeia

A Organização Internacional do Trabalho (OIT);

Convenção de 87 da OIT
Convenção 98 da OIT

No Brasil:

1872 – Ligas Operárias, como a de socorros mútuos;

1901 – Resistência dos trabalhadores em Madeira e Operários em Couro;

1906 – Resistência das Costureiras;

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO: DEFINIÇÃO (OBJETO).

Filiamo-nos aos que sustentam que o Direito Coletivo do Trabalho, também


denominado Direito Sindical, embora apresente características próprias e persiga fins especiais,
constitui parte do Direito do Trabalho, devendo este ser considerado como unidade harmônica
que, dada a sua extensão, permite essa subdivisão.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO: CONCEITO.

No Direito Coletivo é definido ora destacando-se o aspecto subjetivo, ora focalizando


também sua feição objetiva.

Cesarino Júnior, adepto da corrente subjetiva, conceitua o Direito Coletivo como sendo “o
conjunto de leis sociais que consideram os empregados e empregadores
coletivamente reunidos, principalmente na forma de ‘entidades sindicais’”.

Corrente Objetivista: Os seus defensores tomam como ponto de partida não os sujeitos,
mas as normas jurídicas, isto é, a matéria tratada no direito coletivo do trabalho.

Corrente mista: Congrega tanto os aspecto subjetivos quanto os objetivos.

Amauri Mascaro Nascimento: “é o ramo do direito do trabalho que tem por objeto o estudo das
relações coletivas do trabalho e estas são as relações jurídicas que têm como sujeitos
grupos de pessoas e como objetos interesses coletivos”.

O PROBLEMA DA AUTONOMIA

É possível identificar três correntes doutrinárias:


Teoria da unidade do direito do trabalho: o direito coletivo do trabalho nada mais é do que um
segmento, uma parte, do direito do trabalho.

Teoria da autonomia do direito coletivo do trabalho: Amauri Mascaro Nascimento, ao situar o


Direito Sindical brasileiro como parte do direito do trabalho, afirma ser aquele destituído de
autonomia legislativa, doutrinária, didática e jurisdicional.

Autonomia do direito coletivo do trabalho (ou direito sindical) em fase de transição: Esta
corrente não chega a afirmar solenemente a autonomia do direito coletivo do trabalho,
mas admite a sua crescente independência.

DIREITO COLETIVO – LIBERDADE SINDICAL –

CONCEITO

Conceituar liberdade sindical não é tarefa fácil, haja vista a variedade de opiniões
doutrinárias. Alguns autores preferem – a com razão – classificar as diversas formas de liberdade
sindical ao invés de conceituá-la.

CLASSIFICAÇÃO

Amauri Mascaro Nascimento prefere falar em princípios de apoio à liberdade sindical, a saber:

a) Liberdade de Associação

b) Liberdade de Organização

c) Liberdade de Administração

d) Liberdade do Exercício das Funções

e) Garantias aos Dirigentes Sindicais:

f) Liberdade de Filiação Sindical

A LIBERDADE SINDICAL E A POSIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO


TRABALHO (OIT)
Entre os principais objetivos que fundamentam a atuação da OIT, encontram-se o de difundir e
universalizar o princípio da liberdade sindical.

Convenção 87 de 1948 (não ratificada pelo Brasil) – Liberdade Sindical e direito de


sindicalização;

Convenção 98 de 1949 – direito de sindicalização e de negociação coletiva.

A Convenção 87 da OIT: Na 31ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho,


realizada em 17/06/1948, em São Francisco, foi aprovada a Convenção 87, que versa sobre
liberdade sindical e proteção do direito de associação.

A Convenção 98 da OIT: dispõe sobre o direito sindical e a negociação coletiva, e a


diferença basilar entre as Convenções 98 e 87 reside no fato de que esta protege a
liberdade sindical dos trabalhadores e empregadores contra ingerências ilegais ou abusivas
do poder público; ao passo que aquela protege os trabalhadores contra atos de ingerência ou de
discriminação antissindical por parte dos empregadores.

Outros Instrumentos: Preocupada em dar efetividade às citadas convenções


internacionais, a OIT instituiu a Comissão de Investigação e de Conciliação em Matéria de
Liberdade Sindical, tendo por objeto examinar os casos de supostas infrações aos direitos
sindicais que lhe sejam submetidos, apurar os fatos e examinar a situação com o governo
interessado, com a finalidade de lograr uma solução, por via de acordo.

O PROBLEMA DA UNICIDADE OU PLURALIDADE SINDICAL

Sustenta Octavio Bueno Magano que a regra da unicidade “foi adotada com base no argumento
de que seria necessário evitar a atomização das entidades sindicais. é possível que
estivesse encoberto o interesse das cúpulas sindicais dominantes de conservarem o
monopólio do poder, nas fortalezas em que muitas delas se encastelaram”.

Matéria controvertida é a que diz respeito a unicidade, à unidade e à pluralidade


sindical.

Unicidade sindical (ou monismo sindical): consiste no reconhecimento pelo estado de uma
única entidade sindical, de qualquer grau, para determinada categoria econômica ou
profissional, na mesma base territorial.
Unidade sindical: traduz a união espontânea em torno de um único sindicato, à
semelhança do que ocorre na unicidade, porém não em decorrência de uma imposição legal,
mas como uma opção, como manifestação espontânea dos seus integrantes.

Pluraridade sindical: consiste na possibilidade de se criar mais de uma entidade sindical,


de qualquer grau, dentro da mesma base territorial, para uma mesma categoria.

Os defensores do monismo sustentam, em geral, que o sindicato nasceu da


proximidade e não representa apenas seus associados, mas toda uma coletividade
profissional, cujos interesses são semelhantes, e, em consequência, os objetivos são os mesmos,
impondo-se a unicidade de representação.

A CF DE 1988

A convenção 87 da OIT, ratificada por mais de 120 países, enaltece como princípio
fundamental a ampla liberdade sindical, assegurando aos trabalhadores e
empregadores, sem nenhuma distinção e sem autorização prévia, o direito de
constituir as organizações que entenderem convenientes, bem como o direito de filiação (e
desfiliação) a essas organizações, tendo como única condição a observância dos seus respectivos
estatutos.

Lamentavelmente como bem salienta Arion Sayão Romita, a liberdade sindical no Brasil
encerra em “mera norma de fachada”, uma vez que, entres as diversas espécies de liberdades
propugnadas pela Convenção 87 da OIT, somente restou assegurada a autonomia sindical (CF,
Art. 8º, I), assim mesmo com o condicionamento da criação de sindicatos ao registro prévio no
órgão competente.

DIREITO COLETIVO - ORGANIZAÇÃO SINDICAL

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

CONCEITO DE SINDICATO

O sindicato constitui espécie do gênero associação, cuja missão precípua é a defesa dos
interesses profissionais e econômicos dos quais a integram.

BREVE HISTÓRICO DO SINDICALISMO NO BRASIL


Congnominadas Ligas Operárias e sob forte influência dos trabalhadores estrangeiros que para
cá migraram, surgiram no Brasil, no final do século XIX e início do século XX, os primeiros passos
do sindicalismo social.

Sindicatos rurais – 1903;

Sindicatos urbanos – 1907.

CF/37 – consagrou o sindicato único, cuja criação, organização e funcionamento era


regulamentada pelo Decreto 1402/1939.

A CF/43 – reconhece o direito de greve, que foi regulamentada muito tempo depois (lei 4330
de 01.06.1964), e declara ser “livre a associação sindical”, mas as formas de constituição,
organização, representação e exercício de funções delegadas do Poder Público serão reguladas
por lei.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988

A organização sindical brasileira sofreu, embora com indisfarçável caráter conservador,


sensíveis alterações com o novo modelo instituído pela Constituição Federal de 1988.

O regime, de forte interferência estatal, cedeu lugar ao sistema de autonomia das entidades
sindicais, sem que fosse, contudo, adotada a liberdade sindical plena.

NATUREZA JURÍDICA DO SINDICATO

Pessoa Jurídica de Direito Público; nos países totalitários não há liberdade sindical. Os
sindicatos não têm qualquer autonomia perante o Estado. São, ao revés, órgãos do próprio
Estado, do qual dependem diretamente.

Pessoa Jurídica de Direito Privado: Quando o sindicato tem plena autonomia perante o Estado,
sua disciplina jurídica resulta do seu poder normativo ou de normas que o situam como
associação nos moldes de direito comum, aflora ai a sua natureza de pessoa jurídica de direito
privado, embora com algumas peculiaridades, é claro, para que possa cumprir sua função
recíproca em defesa de interesses de grupos.

Pessoa Jurídica de Direito Social: Autores há, entre nós, Cesarino Júnior, que referem o
sindicato como pessoa jurídica de direito social, isto é, uma instituição coletiva de proteção aos
fracos.

CRITÉRIOS DE REPRESENTAÇÃO SINDICAL

Tendo em vista que a árvore sindical brasileira é bifurcada em dois ramos – um, integrado pelos
trabalhadores e outro, pelos empregadores -, é possível encontrar alguns critérios que
procuram explicar a base sociológica sobre a qual o sindicato se assenta.

No Brasil tradicionalmente adota-se o sindicato por profissão, que reúne todos os que militam
numa determinada atividade profissional, independentemente da empresa ou do setor de
atividade em que trabalhem.

O sindicato por categorias econômicas e profissionais, admitindo, excepcionalmente, o


sindicato por profissão, também chamada de sindicato representativo de categoria profissional
diferenciada (art. 511, § 3º, CLT).

Base territorial: no Brasil, deve necessariamente ser de, no mínimo, a correspondente a um


município, nos termos do art. 8º, II da CF;

Associações sindicais de grau superior: as confederações (3º grau) e as federações (2º grau).
Aqui, portanto, o sindicato seria entidade de primeiro grau.

A QUESTÃO DO REGISTRO SINDICAL

Art. 8º, I da CF, preceitua que a lei não poderá exigir autorização do Estado para fundação de
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e
a intervenção na organização sindical.

Com o advento da Instrução Normativa 03 de 10/08/1994, do Ministério do Trabalho, criando o


Cadastro Nacional das Entidades Sindicais, organizado pela Secretaria das Relações de Trabalho
daquele órgão estatal, o entendimento anterior foi modificado.

ADMINISTRAÇÃO DO SINDICATO

No ordenamento jurídico brasileiro, o sindicato é administrado nos termos dos seus estatutos,
os quais, no entanto, devem observar as regras estabelecidas na legislação pertinente.
Administração do sindicato – Art. 522, CLT. (assembléia Geral, Conselho Fiscal e Diretoria).

RECURSOS FINANCEIROS

São basicamente quatro as fontes dos recursos financeiros das entidades sindicais:

a) Contribuição confederativa: criada pela CF em seu art. 8º, IV, é destinada ao custeio do
sistema confederativo sindical brasileiro, sendo fixada pela assembléia geral.

b) Contribuição sindical: a Lei 13.467/2017, alterou a natureza jurídica da contribuição sindical,


na medida em que esta deixou de ser compulsória e passou a ser facultativa para os integrantes
de categorias profissionais diferenciadas.

c) Mensalidade sindical: é uma espécie prevista no respectivo estatuto social do sindicato,


sendo constituída de pagamentos realizados exclusivamente pelos associados/filiados, isto é,
pelos sócios inscritos na entidade sindical.

A mensalidade sindical e a contribuição sindical não se confundem porque:

- a mensalidade sindical é paga apenas pelos filiados ao sindicato, enquanto a contribuição


sindical é paga por todos os integrantes da categoria, inclusive os filiados;

- na mensalidade sindical, os percentuais e a aplicação dos recursos arrecadados dependem


apenas da previsão no Estatuto, enquanto na contribuição sindical, os percentuais e a aplicação
estão previstos em lei, não podendo o Estatuto contrariá-la.

f) Taxa assistencial (ou desconto assistencial, ou taxa de fortalecimento sindical): essa espécie
de receita sindical é fixada em acordos, convenções ou sentença normativa, como forma de
custeio das despesas realizadas durante a negociação coletiva.

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