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“TUDO ESTÁ CONSUMADO!”
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O cenário desse processo de descoberta foi na manhã de um
domingo em que fui à Lanesville Congregational Church, onde
minha esposa e eu íamos quando estávamos estudando no
seminário; e o meu professor preferido, querido amigo e professor
de hebraico, estava pregando um sermão naquele mesmo dia, e o
pastor Huggenberger estava pregando rapidamente, por alguns
minutos, a morte de Jesus na cruz de acordo com o evangelho de
João. Ele citou João 19,30 onde Nosso Senhor grita: “Tudo está
consumado!”. E então, passando por esse versículo, ele levanta uma
pergunta: ‘o que Jesus quer dizer com tudo está consumado?’. A
minha mente imediatamente recorreu a uma costumeira
interpretação que eu já havia ouvido anteriormente de muitas outras
pessoas, que isso se referia ao trabalho de redenção de Jesus. Uma
vez que Ele morreu na cruz não resta mais nada a fazermos para que
sejamos salvos, mas então ele aponta para Romanos 4,25. São Paulo
nos ensina como foi essencial que Jesus fosse ressuscitado para que
nós pudéssemos ser justificados, então nossa Salvação não está
completa com o fim dos sofrimentos de Jesus porque a sua
ressurreição é também uma parte essencial de nossa salvação. Daí
então eu fiquei lá sentado ouvindo e pensando: ‘okay, então ao que
Cristo se refere?’. Daí o pastor tem a coragem de dizer, em frente a
toda congregação, que ‘essa é uma pergunta que eu ainda não
encontrei a resposta, então vamos seguir em frente’. Ele disse isso
e eu fiquei tipo ‘Como assim?!... Espera um pouco, você não pode
fazer isso!’ E eu era aquele tipo de estudante que achava aquele tipo
de observação especialmente problemática, porque eu sempre fui
aquele tagarela socrático que sempre levantava as questões mais
difíceis e procurava as respostas difíceis; então, francamente, eu não
ouvi mais nenhuma palavra daquele sermão de domingo. Apenas
me concentrei na Escritura tentando achar uma reposta para a
pergunta que ele tão rudemente levantou sem nem saber a reposta e
levou semanas, meses, para encontrar a resposta.
E a resposta final veio em 1986 quando eu entrei para a Igreja
Católica e recebi o Sacramento da Comunhão pela primeira vez.
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Mas vamos voltar algumas etapas; à primeira etapa do meu processo
de descoberta, tentando descobrir ao que Jesus estava se referindo
quando ele disse “Tudo está consumado!”. Eu queria voltar um
pouco e dar alguns passos para trás, e descobrir qual era o contexto
para interpretar os sofrimentos de Cristo na cruz e também as suas
últimas palavras. E é claro que quando você volta e estudo isso em
contexto percebe que Jesus começa a se oferecer como um sacrifício
voluntário quando Ele começa a celebrar a Última Ceia. Então a
primeira etapa do meu processo de descoberta começou estudando
o Velho Testamento como um plano de fundo da Última Ceia de
Jesus, especialmente focando na ocasião da festa judaica da Páscoa.
Acredito que todos nós estamos cientes do fato de que os judeus
celebravam a Páscoa com grande admiração e reverência, realmente
é a mais notável e venerável festa do calendário sagrado que
remonta ao tempo quando os judeus eram escravos no Egito e Deus
mandou pragas, e a décima praga marcava o primogênito do Egito
para a destruição enquanto que as famílias israelitas eram instruídas
por Moisés a acharem um cordeiro macho, sem mácula, para
sacrificá-lo, para aspergir o sangue em suas portas e, desse modo,
seus filhos primogênitos seriam poupados. E então, na noite da
Páscoa, todas as famílias israelitas no Egito sacrificavam o cordeiro,
aspergiam o sangue, assavam a carne, comiam a refeição em pé;
porque assim que eles terminassem o que eles fariam? Fugiriam do
Egito sob a liderança de Moisés através do Mar Vermelho para o
Monte Sinai onde, claro, os Dez Mandamentos foram dados e a
Aliança foi selada entre Deus e Israel através de sacrifícios de
animais e uma refeição de comunhão.
Logo, a Páscoa em seu ambiente original era algo que
preparava Israel para ser redimida da escravidão e ser trazida a um
relacionamento de aliança com Deus. Agora, parte dessa pesquisa
me levou a descobrir que para os antigos hebreus a Aliança era mais
do que um contrato, e que envolvia nada menos do que um sagrado
vínculo familiar, nesse caso, entre Yahweh (o Deus dos deuses) e
Israel (o povo de Deus): a família de Yahweh. Por toda Escritura
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essa Aliança é expressa em termos familiares: Yahweh é o Pai e
Israel seu filho primogênito ou Yahweh é o noivo e o povo israelita
é a noiva do Senhor, isso está em Jeremias, Ezequiel 16, Oséias 2...,
em vários lugares que nos remonta a Aliança que foi selada entre
Deus e seu povo no Monte Sinai. Sob a luz desse ponto de vista,
dessa aliança, toda a liturgia, o ritual e o sacrifício é conduzido
como parte das alianças; todas essas coisas são para significar e
fortalecer o vínculo familiar de comunhão entre Deus e o seu povo.
Esse é o propósito essencial e o significado por trás da liturgia e
ritual de sacrifício do Velho Testamento. Eles significam o vínculo
familiar entre Deus e seu povo, ao mesmo tempo que eles
fortalecem esse vínculo.
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A CEIA CERIMONIAL SÉDER DA PÁSCOA
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JOÃO, A TESTEMUNHA OCULAR
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Páscoa, por volta da hora sexta. Pilatos disse aos judeus: ‘Eis o
vosso rei!’. Eles, porém, gritavam: ‘Fora! Fora! Crucifica!”.
Precisamente na sexta hora, percebeu João. Coincidentemente era
na sexta hora do dia da preparação que o cordeiro pascal deveria ser
imolado, e aqui o Cordeiro de Deus é sentenciado a morte no exato
momento em que o cordeiro da Páscoa era levado para o abate.
São João percebe outros importantes detalhes sendo
testemunha ocular, como, por exemplo, em João 19,23-24 menciona
que Jesus não estava apenas vestindo as roupas que foram divididas
entre os soldados, mas Ele também estava com uma vestimenta de
linho sem costura; isso em grego é um “quíton”. Eles tiveram que
tirar a sorte para ver com quem ficaria, o interessante é que essa
palavra em grego, descrevendo a vestimenta de linho sem costura,
é exatamente a mesma utilizada em Êxodo 28,4 e em Levítico 16,4
para descrever o que o sumo sacerdote deveria usar enquanto
estivesse sacrificando, quando o sumo sacerdote ia oferecer o
sacrifício do cordeiro pascal também estava vestindo um “quíton”,
a vestimenta de linho sem costura. João percebe que Jesus não é
somente a vítima, o cordeiro, o sacrifício; Ele também é o sacerdote
que oferece, ou seja, os dois: sacerdote e vítima. João também é a
única testemunha ocular (dos doze), o único discípulo que teve
coragem de ficar com Jesus e sua mãe aos pés da cruz. Apenas João
percebe, em João 19,33-36, que Jesus era o único crucificado
naquele dia, entre os três, que não teve nenhum de seus ossos
quebrados. Relembre que os soldados quebraram as pernas dos dois
ladrões para agilizar a morte deles, logo após a morte de Jesus. E
João nota que, para cumprir a Escritura, nenhum osso deveria ser
quebrado. Mas ao que isso está se referindo? Vá lá em Êxodo 12,46
e Deus mandará Moisés dizer ao povo que peguem do rebanho um
cordeiro pascal sem mácula e o abata como sacrifício, mas Deus
ordena que o cordeiro não deverá ter os ossos quebrados. Então
Jesus é sacerdote e vítima do princípio ao fim e João percebe tudo
isso. E João nos prepara para isso quando nós lemos o seu evangelho
indo para o início, como que ele retrata Jesus sendo apresentado a
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todos nós? João Batista apresenta Jesus em João 1,29. O Batista
aponta para Jesus e diz: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o
pecado do mundo.”, em outras palavras, desde o início do
Evangelho de João e até o final do mesmo Jesus é apresentado como
o Cordeiro Pascal do Novo Testamento que foi enviado para tirar os
nossos pecados.
Esse é o plano de fundo, nós precisamos entender o que Jesus
está fazendo lá na cruz. Gradualmente, esses temas em volta da
Páscoa e o Reino que Cristo estava estabelecendo começou a mudar
meu pensamento.
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“TENHO SEDE!”
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E o que acontece? João percebe, nesse capítulo, aquela vara
de hissopo que eles pegaram e uma pequena tigela com vinagre
(vinho azedo); e havia uma esponja. Eles pegaram essa esponja,
mergulharam no vinagre e levantaram até os lábios de Jesus usando
uma vara de hissopo. João relata isso, no entanto Mateus, Marcos e
Lucas também relatam essa cena. Todos os quatro evangelistas
relatam como o vinho foi levantado até os lábios de Jesus, todavia
Mateus, Marcos e Lucas não nos dizem se Jesus bebeu ou não do
vinho. Ele bebeu ou não? Porque, afinal de contas, a caminho do
Calvário o que eles oferecem a Jesus enquanto Ele estava
carregando a cruz? Eles oferecem vinho misturado com fel ou mirra,
que é um narcótico, um tipo de analgésico. No caminho do Calvário
quando Jesus percebe o que eles o estavam oferecendo, que Ele faz?
Recusa. Afinal de contas, Ele disse que não beberia do fruto da
vinha até que seu Reino fosse manifestado. Então, aqui temos Ele
dizendo com grande dor: “Tenho sede!”. Mateus, Marcos e Lucas,
todos relatam como o vinagre é levantado até Ele, porém apenas
João nos diz se Jesus recebe ou não o vinagre; e João ainda nota que
a esponja foi levantada até os lábios de Jesus com uma vara de
hissopo que, coincidentemente, é a vara estipulada lá em Êxodo 12
como a vara que era utilizada para espalhar o sangue dos cordeiros
nas portas. Outra coincidência, certo? Dificilmente! E João percebe
que assim que Jesus recebe o vinho azedo (vinagre) diz: “Tudo está
consumado!”.
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O CÁLICE DA CONSUMAÇÃO
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VOCÊ TEM QUE COMER O CORDEIRO
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‘SOA MUITO CATÓLICO’
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celebrada por esse Sacerdote e Rei que João viu parecendo um
Cordeiro.
Então, estudiosos católicos e, para o meu espanto, estudiosos
protestantes estavam discutindo que desde o início da Igreja as
visões que João teve da Ceia das Núpcias do Cordeiro na assembleia
celestial, onde a liturgia estava sendo celebrada por todos os Santos
e Anjos, representam um “esboço” da Santa Missa.
Desde o início a missa é baseada na Liturgia Celestial e a
Liturgia Celestial é a Páscoa da Nova Aliança baseada na Ceia da
Páscoa, e o principal celebrante é Cristo, descrito como sacerdote e
vítima. Ele é o Rei e Ele é o Cordeiro de Deus que apresenta ter sido
morto.
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UMA MISSA PELA PRIMEIRA VEZ
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VAMOS REZAR AO SENHOR...
... e pedir por mais Graça para amolecer nossos corações para
preparar as nossas almas para receber Nosso Senhor com mais
santidade: “Em nome do Pai, e do Filho e do Espirito Santo. Nós
rezamos: Deus Todo-Poderoso, Nosso Pai que está no Céu, nós vos
agradecemos pela Aliança que vós estabelecestes através de Jesus
Cristo. Em seu Corpo e Sangue nós temos um laço familiar que nos
une a Ti, Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espirito Santo. Nós
desejamos estar envolvidos em seu amor e sua comunhão da vida.
Nós somos fracos, nós somos ignorantes, nós somos pecadores, nós
somos miseráveis que não conseguimos nem admitir a nós mesmos.
Tenha piedade de nós, Senhor! Olhe seus filhos rebeldes. Estamos
tão orgulhosos de nossa tecnologia, nossas riquezas materiais,
nossas forças econômicas e políticas. Tenha piedade de nós, nos
conceda uma nova Graça, nos mostre mais de sua misericórdia, faça
com que voltemos com uma disposição santa de receber a plenitude
da graça quando nós recebemos todo o Cristo. Eu oro para que o
Santo Espírito mova nossos corações, que os amoleçam para que
fortaleça as nossas mentes para que possamos entender e crer e amar
a Verdade que Cristo revelou, a Verdade que é Cristo. O Senhor
conhece cada pessoa que está aqui hoje e aquilo que atinge a cada
um, cada sofrimento que cada pessoa enfrenta, seja no casamento,
em suas famílias, em seus trabalhos, algum problema de saúde...
Nos mostre o quão perto estás na Santa Eucaristia, que possamos ir
a Ti e que possamos ganhar toda a ajuda que nós precisamos de Ti.
Nos perdoe também por nossa desobediência e nossa ingratidão,
porque nós não demos o devido valor por tanto tempo. Vós
morrestes Senhor Jesus para fazer de nós uma única família e agora
tu vives para nos abençoar e nos tornar santos. Que assim seja,
Senhor Jesus, que assim seja! Em nome do Pai, e do Filho e do
Espirito Santo. Amém!”
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SUMÁRIO
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