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■ GRADUA�AO

Fenômenos de
Transporte
DR. RODRIGO ORGEDA
ESP. HENRYCK CESAR MASSAO HUNGARO YOSHI
Fenômenos de
Transporte
Professor Dr. Rodrigo Orgeda
Professor Esp. Henryck Cesar
Massao Hungaro Yoshi
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; YOSHI, Henryck Cesar Massao Hungaro; ORGEDA, NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Rodrigo. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
Fenômenos de Transporte. Henryck Cesar Massao Hungaro
Yoshi; Rodrigo Orgeda. e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. Reimpressão, 2021. Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
368 p. Design Educacional Débora Leite; Head de
“Graduação - Híbridos”. Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
1. Fenomeno. 2. Transporte . 3. Química 4. EaD. I. Título. Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
ISBN 978-85-459-2113-4 Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
CDD - 22 ed. 541.3
CIP - NBR 12899 - AACR/2 F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
Impresso por:
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock
Coordenador de Conteúdo Fabio Augusto Genti-
line e Crislaine Rodrigues Galan.
Designer Educacional Janaina de Souza Pontes e
NEAD - Núcleo de Educação a Distância e Amanda Peçanha dos Santos.
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Erica
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Fernanda Ortega.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Lavígnia da Silva Santos.
Ilustração Welington Vainer Satin de Oliveira e
Natalia de Souza Scalassara.
Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel,
Thiago Marçal Surmani, Matheus Alexander de Oli-
veira Guandalini e Kleber Ribeiro da Silva.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-
munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a), este livro iniciará seus estudos acerca dos chamados fenô-
menos de transporte, disciplina fundamental para a maioria dos cursos de
engenharia, uma vez que busca explicar como a transferência de momento
(mecânica dos fluidos), de calor e de massa acontecem na natureza. Este
entendimento permite desenvolver processos e equipamentos para diversas
aplicações, mas, mais do que isso, desenvolverá a habilidade de observar e
analisar os fenômenos da natureza.
Suponha que você, buscando concentrar-se melhor na leitura deste livro,
resolva preparar uma xícara de chá. Para isso, você precisará de água, a qual
é fornecida até a sua casa através de longos sistemas de abastecimento que
contam com tubulações, bombas, válvulas e caixas d’água. Entender quais
são as energias associadas ao escoamento de um fluido (neste caso, o fluido
é a água) é um clássico problema de mecânica dos fluidos.
Após colocar a água em um recipiente, será necessário aquecê-la. Isto pode
ser feito de diferentes maneiras, mas consiste, essencialmente, em adicio-
nar energia à água, até alcançar a temperatura desejada – um problema de
transferência de calor. Por fim, resta apenas colocar o saquinho de chá junto
da água, iniciando um processo de infusão – moléculas que dão aroma e
sabor saem das ervas do chá e são transportadas para a água. Tal processo
está relacionado à transferência de massa.
Você poderia então se perguntar: que potência seria necessária para
que a bomba seja capaz de escoar a água da estação de tratamento até
as torneiras de casa? Haverá diferença se você fizer o chá em um dia
mais frio ou em um dia mais quente? Quanto tempo levará até que a
infusão esteja completa? Quanto o chá terá esfriado por estar exposto
ao ambiente? O estudo dos fenômenos de transporte procura responder
a perguntas como essas, estando presente desde situações mais simples
do cotidiano até aplicações complexas por estar inseparavelmente li-
gado à natureza.
O objetivo deste livro é dar um enfoque prático à disciplina de Fenô-
menos de Transporte, apontando os caminhos que você, futuro Enge-
nheiro(a), deverá seguir caso necessite se aprofundar em qualquer um
dos assuntos aqui abordados. Assim, aproveite o processo de aprendi-
zagem e entenda que só não gostamos daquilo que sabemos pouco.
Siga o fluxo de leitura mesmo que naquele momento você não tenha
entendido algum termo. Lá na frente, ele fará sentido. E se mesmo lá
na frente você não entender? Não hesite em buscar outras fontes. Saber
pesquisar é uma das competências que esperamos de um profissional de
Engenharia. Quando tudo se conectar na sua mente, você comprovará
que o conhecimento é realmente libertador!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Dr. Rodrigo Orgeda


Doutor em Engenharia Química pela UEM, em 2017, na qual trabalhou com simulação e oti-
mização de processos, conceito de biorrefinaria e análise integrada, considerando aspectos
econômicos e ambientais em destilarias de etanol. Mestre em Engenharia Química (2013) na
área de desenvolvimento de novos processos. Possui graduação em Engenharia de Alimentos
(2010) e em Engenharia Química (2014) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Foi
um dos candidatos aprovados, dentre alunos de diversos países, para participar do estágio
de pesquisa do programa Mitacs Globalink, sob a supervisão de membros do corpo docente
da Universidade de Guelph, no Canadá. Parte de sua pesquisa de doutorado foi realizada
na Universidade Rovira i Virgili, na Espanha. Atualmente, trabalha como professor formador
e conteudista dos cursos híbridos de Engenharia da Unicesumar, roteirizando práticas com
metodologias ativas de aprendizagem em disciplinas técnicas e de gestão.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/3174430075612030

Esp. Henryck Cesar Massao Hungaro Yoshi


Especialista em Gestão Industrial e Negócios pela Universidade Estadual de Londrina (2019).
Graduado com láurea acadêmica em Engenharia Química pela Universidade Estadual de
Maringá (2018). Foi membro bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET – MEC/SESu) de
2014 a 2017. Atualmente, é mestrando em Engenharia Química pela Universidade Estadual
de Maringá, atuando principalmente na área de síntese e otimização de processos por meio
de modelagem e simulação.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/1729734963906608
Introdução aos
Fenômenos
de Transporte

13

Introdução à
Mecânica
dos Fluidos

61

Pressão e Estática
dos Fluidos

97
Introdução à
Cinemática
Transferência
dos Fluidos
de Calor

137 257

Equação da
Trocadores
Energia no
de Calor
Regime Permanente

169 297

Introdução à
Escoamento em
Transferência
Condutos Forçados
de Massa

209 331
113 Manômetro de Bourdon
188 Bombas e turbinas na equação da energia
219 Escoamento dos fluidos
281 Efeito do isolamento em tubos cilíndricos
304 Trocadores de calor de tubo e casco

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dr. Rodrigo Orgeda
Esp. Henryck Cesar Massao Hungaro Yoshi

Introdução aos
Fenômenos
de Transporte

PLANO DE ESTUDOS

Conceitos Fundamentais

Definindo os Fenômenos
Balanço Material
de Transporte

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Definir o que são os fenômenos de transporte: transfe- de transporte, como conversão de unidades e fração
rência de momento (mecânica dos fluidos), calor e massa. mássica.
• Estruturar os conceitos básicos necessários para li- • Estudar o conceito de balanço material, abordando estraté-
dar com os problemas relacionados aos fenômenos gias de resolução e aplicações, como reciclo, bypass e purga.
Definindo
os Fenômenos
de Transporte

Iniciaremos a apresentação dos conceitos desta


disciplina com uma notícia boa: os três fenômenos
de transporte são estudados de forma conjunta,
pois sua natureza é muito parecida, sendo, às
vezes, até matematicamente similares (modelos
matemáticos semelhantes para problemas análo-
gos). Isso quer dizer que, entendendo o conceito
de um dos fenômenos, não será difícil entender
o conceito dos outros. Um ponto fundamental
neste aspecto são as chamadas leis de conservação.
Leis de Conservação: definem que uma propriedade de um sistema isolado não varia
ao longo do tempo. Em outras palavras: a propriedade não se cria, nem é destruída.
Dessa forma, para cada relação de conservação, há uma equação de balanço que
é obedecida pelo sistema. Três dessas leis serão individualmente abordadas nos
capítulos a seguir (veja o Quadro 1).
Fonte: adaptado de Welty, Rorrer e Foster (2017).

Quadro 1 - Leis de conservação e suas equações correspondentes

Lei Equação
Lei da Conservação da Massa Equação da Continuidade
Segunda Lei de Newton Teorema do Momento
Primeira Lei da Termodinâmica Equação da Energia
Fonte: adaptado de Welty, Rorrer e Foster (2017).

As leis de conservação são mais facilmente entendidas observando a forma genérica


das equações de balanço:

Taxa de Entrada  Taxa de Saí da  Taxa de Acúmulo 


   
 no sistema   no sistema   no sistema 

Exemplificando: imagine que o sistema em questão seja uma pia de cozinha. Ao abrir
a torneira, você permite uma entrada de água no sistema. A água que desce pelo ralo,
por sua vez, é a saída de água do sistema. Se você tampar o ralo, você fecha a saída
do sistema, de modo que a pia começa a encher – este é o acúmulo do sistema. Esta
situação ilustra a lei de conservação da massa.
Evidentemente, estamos desconsiderando outras possíveis saídas ou entradas de
água (como a evaporação da água para a atmosfera), mas o intuito aqui é observar a
natureza das leis de conservação: tudo que entra no sistema, ou sai, ou fica. Apesar de
soar como um conceito bastante simples ou, até mesmo, óbvio, as leis de conservação
são instrumentos essenciais para o entendimento dos fenômenos de transporte.

UNIDADE 1 15
Uma segunda observação fundamental acerca dos fenômenos de transporte é:
se há um desequilíbrio de uma propriedade em um meio, a natureza tende a redis-
tribuí-la, até que um equilíbrio seja estabelecido – a esta tendência é dado o nome
de força motriz, frequentemente descrita no contexto dos fenômenos de transporte
como os “gradientes”:
• Mecânica dos Fluidos: gradiente de momento.
• Transferência de Calor: gradiente de temperatura.
• Transferência de Massa: gradiente de concentração.

Caso o significado de “gradiente” ainda seja estranho a você, observe a Figura 1:

Figura 1 - Gradiente de temperatura

O objeto em questão, semelhante a um cilindro metálico, tem duas extremidades, e a


sua cor está representada de acordo com a temperatura em cada ponto do objeto. A
parte azul está a uma temperatura menor, enquanto a parte avermelhada está a uma
temperatura maior. A variação de temperatura ao longo da superfície é gradativa,
aumentando da extremidade azul até a extremidade vermelha. Esta variação gradativa
é o chamado gradiente de temperatura. Os gradientes de momento e concentração
funcionam de maneira análoga.

16 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Neste exemplo, a tendência da natureza é fazer com que a temperatura da super-
fície fique uniforme, transferindo energia da parte mais quente para a parte mais fria
(considerando apenas a superfície, sem nenhuma interferência externa, promovendo
o seu aquecimento ou resfriamento). Isto acontece molécula a molécula, por meio
dos movimentos aleatórios e colisões entre elas – um processo de difusão molecular,
que pode ser descrito por equações. A Tabela 1 compara as equações para as três
propriedades em estudo.
Tabela 1 – Equações unidimensionais para os fenômenos de difusão

Propriedade Lei Equação


Momento Lei de Newton da Viscosidade dv

dy
Calor Lei de Fourier da Condução Térmi- dT
ca q  
dy
Massa Lei de Fick da Difusão dC
JA   DAB
dy

Fonte: adaptada de Hauke (2008).

Neste momento, é importante que você note a semelhança entre as equações


apresentadas na Tabela 1. Este é um exemplo do que foi dito no início: “modelos
matemáticos semelhantes para problemas análogos”. Estão sendo aqui apresen-
tadas apenas para ilustrar esta relação e serão detalhadas nos capítulos a seguir.

Até aqui, você esteve apenas conhecendo o que são os chamados fenômenos de trans-
porte e de que maneira os observamos na natureza. A partir de agora, iniciaremos
um estudo mais direcionado à definição de alguns conceitos básicos para entender e
interpretar os problemas que você irá encontrar durante todo o curso. Aproveitaremos
esta primeira unidade para tratar com mais rigor os chamados balanços materiais,
conhecimento que irá ajudar você a se familiarizar com o uso das leis de conservação.

UNIDADE 1 17
Conceitos
Fundamentais

Agora, revisaremos alguns conceitos que você cer-


tamente já teve algum contato quando estudou
disciplinas básicas de química e física. O objetivo é
fazer isto da forma mais objetiva e direta possível,
para que você possa progredir no estudo dos fe-
nômenos de transporte com tranquilidade. Além
disso, aproveite para se acostumar com alguns dos
muitos termos e notações que serão utilizados até
o fim deste material – literaturas e idiomas dife-
rentes frequentemente utilizam símbolos distintos
para os mesmos parâmetros (como “m” ou “w”
para massa, por exemplo).

18 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Dimensões e Unidades de Medida

Quando se trata de problemas de engenharia, a resposta dificilmente será apenas um


número – ela geralmente será um número acompanhado de uma unidade de medi-
da. Por exemplo: “a altura é de 9 metros”. Esta é uma resposta apropriada. Por outro
lado, ao dizer “a altura é de 9”, você não define a sua unidade de medida, portanto,
é uma resposta incompleta. Poderiam ser 9 centímetros, 9 metros ou, até mesmo, 9
quilômetros.
Uma habilidade fundamental para um engenheiro é ter noção das grandezas que
está trabalhando. Isto permite identificar quando algum valor parece errado e ajuda
a fazer comparações entre situações distintas. Mais ainda, saber trabalhar com as di-
mensões ajuda a interpretar o problema e muitas das grandezas físicas fundamentais
para a engenharia.
O primeiro passo para uma clara compreensão deste tópico é definir a diferença
entre dimensão e unidade de medida.

Dimensão: refere-se à grandeza física em questão, como distância/altura, veloci-


dade, temperatura e tempo.
Unidade de medida: refere-se à forma de expressar as dimensões, como metros
(para a distância/altura), quilômetros por hora (velocidade), graus Celsius (tempe-
ratura) e segundos (tempo).
Fonte: adaptado de Himmelblau e Riggs (2003).

Ao longo deste material, usaremos preferencialmente as unidades do Sistema Inter-


nacional de Unidades (SI): metro (m) para distância, quilograma (kg) para massa,
segundo (s) para tempo, Kelvin (K) para temperatura e mol (mol) para a quantidade
de matéria. Possíveis exceções estarão presentes apenas quando importantes.
Você observará que os cálculos apresentados frequentemente terão os números
acompanhados de suas unidades. É altamente recomendado que você passe a fazer
o mesmo, para que tenha uma melhor compreensão das operações e variáveis que
estiver trabalhando. Vejamos o exemplo a seguir:

UNIDADE 1 19
1 EXEMPLO Temos os seguintes fatores de conversão: uma milha são 5280 pés; um pé são 12
polegadas; uma polegada são 2,54 centímetros. Sabendo que a altura do Everest é de,
aproximadamente, 5,49 milhas, converta este valor para metros.

Solução:

Um método organizado e eficiente de converter unidades é multiplicar o número de


unidade conhecida (no caso, 5,498 milhas) pelos fatores de conversão necessários
(milha-pés, pé-polegadas, polegada-centímetros e, é claro, centímetros-metro). Para
melhor visualização, separaremos cada fator de conversão por uma barra vertical,
que você pode entender como um operador de multiplicação ou parênteses. Observe:
5, 498 milhas 5280 pés
= 29029, 44 pés
1 milha

29029, 44 pés 12 polegadas


= 348353, 28 polegadas
1 pé

348353, 28 polegadas 2, 54 cm 884817, 33 cm 1 m


  8848 m
1 polegada 100 cm

Note que cada uma destas “frações” é igual a um: se uma milha equivale a 5280 pés,
a divisão de 5280 pés por uma milha é igual a um. Isto comprova que não estamos
alterando a altura (dimensão) do Monte Everest, apenas convertendo-a entre dife-
rentes unidades de medida.
Uma maneira prática de acompanhar se você está fazendo as conversões adequadas é
escrever todas as conversões em uma única expressão e “cortar” as unidades que se “cance-
lam”, da mesma forma que provavelmente fez quando estudou matemática e física básicas:

5, 498 milhas 5280 pés 12 polegadas 2, 54 cm 1m


≈ 8848 m
1 milha 1 pé 1 polegada 100 cm

Você pode estar se perguntando: todos estes cálculos não poderiam ter sido resolvidos
por uma série de regra de três? A pergunta é fantástica e significa que seu raciocínio
está no caminho certo! Apesar de podermos utilizar uma série de regra de três para
chegarmos no mesmo resultado, a maneira prática apresentada anteriormente nos
ajuda a visualizar como as unidades irão se cancelar e qual será nossa unidade final.
Acredite, isso será muito útil em cálculos mais complexos, pois será um indicador
para saber se o resultado está correto. Dessa forma, os demais exemplos e problemas
presentes neste material serão preferencialmente resolvidos dessa maneira.

20 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Este exemplo teve por objetivo demonstrar o trabalho com dimensões e unida-
des de medida, por meio de um problema de conversão de unidades. Contudo,
note que o método descrito pode parecer problemático ao trabalhar com tem-
peraturas, pois suas diferentes unidades não estão relacionadas por fatores de
conversão, mas sim por equações. Assim, o correto é avaliar a variação de tem-
peratura: uma variação de 1 °C equivale a uma variação de 1,8 °F, por exemplo.

Frações Mássicas e Molares

Na prática, ao tratar de processos, é fundamentalmente importante conhecer os


componentes que estão presentes em cada uma de suas etapas. Mais do que isso,
frequentemente encontraremos mais de um componente no processo, na forma de
misturas e soluções. Conhecer as proporções em que cada componente se apresenta
permite uma melhor compreensão do sistema, levando a melhores soluções para
possíveis problemas. Para descrever estas proporções, utilizamos as chamadas frações
molares e as frações mássicas.

Fração mássica: a massa de uma substância dividida pela massa total de todos os
componentes da mistura (ou solução) em que ela está presente.
massa de A
fração mássica do componente A  ( x A ) 
massa total
Fonte: adaptado de Himmelblau e Riggs (2003).

Vamos iniciar com um exemplo simples sobre fração mássica de uma solução com
dois componentes.

UNIDADE 1 21
2 EXEMPLO Uma solução contém os componentes A e B, sendo 360 g de A e 700 g de B. Qual é a
composição mássica desta solução?

Solução:
massa de A  360 g 
fração mássica do componente A  x A     0, 34
massa total  360 g  700 g 

massa de B  700 g 
fração mássica do componente B  xB     0, 66
massa total  360 g  700 g 

Conhecendo a fração mássica do componente A, podemos utilizar outra maneira


para determinar a fração mássica do componente B.
x A  xB  1
xB  1  x A  1  0, 34  0, 66

É fundamental notar que a somatória das frações mássicas ou molares deve


sempre ser igual a 1, ou seja, a somatória das porcentagens deve ser igual a 100%.
Matematicamente, para n componentes:
n
 xn  x1  x2  ...  xn1  xn  1
i 1

Uma vez compreendido o conceito de fração mássica, fica fácil entender o conceito
de fração molar, pois são bastante semelhantes.

Fração molar: o número de mols de uma substância dividido pelo número total
de mols da mistura (ou solução) em que ela está presente.
mols de A
fração molar do componente A  y A 
mols totais
Fonte: adaptado de Himmelblau e Riggs (2003).

22 Introdução aos Fenômenos de Transporte


3 EXEMPLO Qual é a composição molar de uma solução que contém os componentes A, B e C
com 1 mol, 5 mols e 3 mols, respectivamente?

Solução:
mols de A  1 mol 
fração molar do componente A  y A     0, 11
mols totais  1 mol  5 mols  3 mols 

mols de B  5 mols 
fração molar do componente B  yB     0, 55
mols totais  1 mol  5 mols  3 mols 

mols de C  3 mols 
fração molar do componente C  yC     0, 33
mols totais  1 mol  5 mols  3 mols 

y A  yB  yC  1

Um tipo de cálculo importante consiste na conversão da fração mássica de uma


solução para fração molar ou o contrário. Para que possamos realizar tal conversão,
faz-se necessário uma informação adicional sobre a massa molar dos componentes
presentes na solução. Além disso, precisamos saber que o número de mols (n) pode
ser determinado pela razão entre a massa do composto (m) e sua massa molar (MM):

m
n=
MM

4 EXEMPLO A tabela a seguir mostra os dados de fração mássica e massa molar de cada composto
presente em uma solução. Dessa forma, calcule a composição molar sabendo que a
solução possui uma massa total de 100 g.

Solução:
Composto Massa Molar (g/gmol) Fração Mássica
A 50 0,20
B 40 0,30
C 20 0,45
D 25 0,05
Total - 1

UNIDADE 1 23
Para o composto A, temos que:
massa de A
xA =
massa total

massa de A = x A . massa total

massa
= de A 0=
, 2 . 100 20 g

Em posse dos valores de massa e massa molar do composto A, podemos facilmente


determinar o número de mols desse composto.
mA 20 g
nA
= = = 0, 40 mols
MM A 50 g

Utilizando o mesmo raciocínio para os outros compostos, chegamos ao seguinte


resultado:
Massa Molar Fração Número de
Composto Massa (g)
(g/gmol) Mássica mols (mols)
A 50 0,20 20 0,40
B 40 0,30 30 0,75
C 20 0,45 45 2,25
D 25 0,05 5 0,20
Total - 1 100 3,60

Finalmente, podemos calcular a fração molar do composto A na solução.


mols de A 0, 40 mols
=yA = = 0, 111
mols totais 3, 6 mols

Fazendo o mesmo cálculo para os outros compostos, obtemos a composição molar


da solução.
Massa Molar Fração Número de Fração
Composto Massa (g)
(g/gmol) Mássica mols (mols) molar
A 50 0,20 20 0,40 0,111
B 40 0,30 30 0,75 0,208
C 20 0,45 45 2,25 0,625
D 25 0,05 5 0,20 0,056
Total - 1 100 3,60 1

24 Introdução aos Fenômenos de Transporte


O objetivo é que você tenha entendido o raciocínio para realizar a conversão, e não
memorizado os passos. Para isso, faça a seguinte pergunta para si mesmo: eu consigo
converter de fração molar para fração mássica? Se a resposta for positiva, você está
no caminho certo! Caso seja negativa, aconselho a analisar o exercício novamente.
Quando estiver trabalhando com soluções e misturas, há também a ideia de “massa
molar média da mistura”, que nada mais é do que uma média ponderada das massas
molares dos componentes, como na equação a seguir:

Massa total da mistura


Massa molar da mistura =
N úmero de mols total da mistura
Massa do Compponente 1 + ... + Massa do Componente n
Massa molar da mistura =
Mols do Componente 1 + ... + Mols do componente n
m1  m2  ...  mn1  mn
MM mistura 
n1  n2  ...  nn1  nn

Sabendo que:
m
n  n . MM  m
MM
Temos que:

n1MM 1  n2 MM 2  ...  nn1MM n1  nn MM n


MM mistura 
n1  n2  ...  nn1  nn

Veja que, se conhecemos a composição da mistura, podemos lançar mão de uma base
de cálculo arbitrária para calcular a massa molar média da mistura. Tente calcular este
valor para a mistura do exemplo anterior. O resultado procurado é de 27,78 g/mol,
que também poderia ser calculado simplesmente dividindo a massa da mistura pelo
número de mols (afinal, esta é a definição da qual partimos para o desenvolvimento
da última equação).
Ao longo deste material, a composição de gases sempre será assumida como dada
em base molar, a menos que seja especificado o contrário. Da mesma maneira, a
composição de líquidos e sólidos será assumida como dada em base mássica, como
é geralmente usada na indústria, a menos que seja especificado o contrário.

UNIDADE 1 25
Balanço
Material

A partir daqui, iremos começar a aplicar as leis


de conservação discutidas no início da unidade,
partindo do princípio de conservação da massa:
a matéria não é nem criada, nem destruída. O
assunto será tratado com certa profundidade, po-
rém, por ser um tópico de caráter introdutório, as-
pectos mais complexos não serão abordados (por
exemplo, sistemas envolvendo reações químicas
e outros que demandem o uso de métodos de
cálculo numérico).

26 Introdução aos Fenômenos de Transporte


A descoberta do princípio de conservação da massa é atribuída ao cientista francês
Antoine Laurent Lavoisier, nascido no dia 26 de agosto de 1743, em Paris. Vindo de
uma família rica, desde jovem estudou em instituições reconhecidas pelo ensino
da ciência. Em 1771, casou-se com Marie Anne Pierrette Paulze, na época com 14
anos. Mesmo jovem, Madame Lavoisier auxiliou em publicações com suas notáveis
habilidades linguísticas e artísticas. Lavoisier publicou seu livro Tratado Elementar
de Química em 1789, ano que deu início à revolução francesa. Devido aos seus
envolvimentos com o estado, o cientista foi guilhotinado em 8 de maio de 1794.
Fonte: adaptado de Partington (1943).

Balanços materiais permitem uma melhor compreensão acerca de um processo,


como uma indústria, por exemplo. Na essência, é semelhante à contabilidade, mas
no lugar de dinheiro, usa-se matéria. Cálculos de balanço material são indispensáveis
para se compreender problemas de fenômenos de transporte, tanto simples quanto
complexos, e são sempre baseados na forma geral das equações de balanço. Assim,
para a matéria:
Taxa de Entrada de   Taxa de Saí da de  Taxa de Acúmulo de 
   
 Mat éria no sistema   Mat éria no sistema   Mat éria no sistema 

Sistemas

Vamos começar por um exemplo: considere um tanque contendo 100 kg de água,


como o da figura a seguir:

100 kg H2O

Figura 2 - Sistema fechado


Fonte: os autores.

UNIDADE 1 27
No contexto da engenharia, é comum o uso da palavra “sistema” para se referir a uma
parte arbitrária do processo que você deseja analisar. Dessa forma, nosso sistema, aqui,
coincide com o próprio tanque. É também usual se referir às “fronteiras do sistema”,
linhas imaginárias (que podem coincidir com partes dos equipamentos e processos)
que dão forma ao seu sistema.
Ainda, um sistema pode ser dito aberto ou fechado: aberto, se existe matéria
entrando ou saindo do sistema; fechado, se a matéria não entra nem sai do sistema.
Nosso tanque é, portanto, um sistema fechado.
Nesse caso, se aplicarmos a equação de balanço material para nosso sistema,
teremos:
00  0

Este resultado é, evidentemente, uma conclusão lógica simples. Se não entra nem sai
água do tanque, não haverá variação na quantidade de água dentro dele. Em outras
palavras, a taxa de acúmulo de matéria do sistema é nula.
Agora, suponha que este tanque faz parte de um processo industrial, que despeja
dentro dele 50 kg de água por hora. Deste mesmo tanque, são também retirados 50 kg
de água por hora.
Fronteira
do sistema

50 kg H2O/h 50 kg H2O/h

100 kg H2O

Figura 3 - Sistema aberto


Fonte: os autores.

Pela definição dada anteriormente, nosso tanque agora é um sistema aberto, pois
existe matéria cruzando a fronteira do sistema. Ao aplicar novamente a equação de
balanço material, temos:
kg H 2O kg H 2O
50  50 0
h h

Como a vazão de entrada é igual à de saída, o acúmulo de água no sistema ainda é nulo.
Sistemas nestas condições podem ser chamados de sistemas em estado estacionário.

28 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Em processos no estado estacionário, parâmetros como temperatura, pressão,
massa e vazão (entrada ou saída) permanecem constantes. Além disso, o processo
pode também ser dito contínuo.

Sistema em Estado Estacionário (Regime Permanente):


• As condições do sistema permanecem inalteradas ao longo do tempo.
• As correntes de entrada e saída permanecem inalteradas com o tempo.
Processo Contínuo: aquele em que a matéria entra ou sai do sistema sem inter-
rupções.
Fonte: adaptado de Himmelblau e Riggs (2003).

Na sua maioria, os problemas abordados ao longo desta disciplina serão processos


contínuos em estado estacionário, por serem naturalmente mais simples e objetivos
no sentido de aprendizagem. Contudo, é importante observar que, no mundo real,
não existe processo perfeitamente contínuo ou estacionário – as condições mudam
ao longo do tempo, às vezes até mesmo por ação de forças que não somos capazes de
controlar (clima, por exemplo). A natureza é essencialmente dinâmica, e o máximo
que se pode fazer é se aproximar de uma condição estacionária.
Entretanto, você poderia propor a seguinte situação: e se a taxa de entrada de
água no tanque fosse reduzida para 20 kg/h? Suponha a seguinte condição inicial
para o sistema:
Fronteira
do sistema

20 kg H2O/h 50 kg H2O/h

100 kg H2O

Figura 4 - Sistema aberto com acúmulo


Fonte: os autores.

UNIDADE 1 29
É fácil concluir que, se sai mais água do que entra, a quantidade de água no tanque
diminuirá com o tempo. Na equação de balanço:
kg H 2O kg H 2O kg H 2O
20  50  30
h h h
Isto é, a taxa de acúmulo de água no sistema é de -30 kg H₂O por hora. Observe que,
no contexto de balanços materiais, é comum o uso da palavra “acúmulo” tanto para
valores positivos (que elevariam o nível de água do tanque) quanto negativos (que
diminuem o nível de água no tanque). Com essa informação, você poderia, então,
responder a seguinte pergunta: quanto tempo levará até que a quantidade de água
no interior do tanque seja de 40 kg?
Vamos começar identificando a variação de água no interior do tanque:

Quantidade Final de  Quantidade Inicial de  Quantidade de á gua que 


   
 á gua no tanque   á gua no tanque   entra ou sai do sistema 

40 kg H 2O  100 kg H 2O  60 kg H 2O

Para atingir uma quantidade de 40 kg de água dentro do tanque, deve-se retirar 60 kg.
Por definição, temos que:

Massa
Vaz ão M ássica =
Tempo

Observe que a taxa de acúmulo de água do sistema é, evidentemente, uma vazão, pois
tem dimensões de massa por tempo (estudaremos mais detalhadamente o conceito
de vazão na Unidade 4). Podemos, portanto, aplicar a equação da seguinte forma:
kg H 2O - 60 kg H 2O
-30 =
h Tempo

60 kg H 2O h
Tempo 
30 kg H 2O

Tempo = 2 h

Evidentemente, não é absurdo chegar a esta conclusão sem fazer quaisquer contas
no papel. Se existem 100 kg de água dentro de um tanque, do qual são removidos 30
kg de água por hora (taxa de acúmulo negativa), o tempo necessário para que haja
apenas 40 kg de água no tanque (remover 60 kg) é de 2 horas. Problemas de balanço
material são resolvidos de maneira puramente lógica: não se trata de decorar equações,
mas sim de ter habilidade em analisar o problema e saber como abordá-lo.

30 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Sistemas como este último, em que a quantidade de água no sistema varia ao longo
do tempo, podem ser chamados de sistemas em estado não estacionário.

Sistema em Estado Não Estacionário (Regime Transiente ou Variado):


• Nem todas as condições do sistema permanecem inalteradas ao longo do
tempo.
• As correntes de entrada e saída podem variar com o tempo.
Fonte: adaptado de Himmelblau e Riggs (2003).

Agora que você compreende os princípios dos balanços materiais, iremos aprimorar
as suas capacidades analíticas estudando processos mais complexos, com múltiplos
componentes, etapas e correntes de processo.

Sistemas com Múltiplos Componentes

Imagine que estamos trabalhando com uma solução com concentração de 50% em
massa de soda cáustica (NaOH em H₂O). Isto significa que em 1000 kg de solução
há 500 kg de soda e 500 kg de água. Uma corrente de processo entra em um tanque,
enquanto outra sai deste mesmo tanque, como na figura a seguir:
Fronteira
do sistema

100 kg solução/h 100 kg solução/h


1000 kg
solução
Comp. Fração Más. Comp. Fração Más.
Água 0,50 Água 0,50
Soda 0,50 Soda 0,50

Figura 5 - Sistema aberto de balanço multicomponente


Fonte: os autores.

UNIDADE 1 31
Observe que se trata de um sistema aberto em regime estacionário. Poderíamos
analisar o sistema da seguinte forma:
• Dentro do tanque: 1000 kg de solução
• 500 kg de água + 500 kg de soda
• Entra no tanque: 100 kg de solução por hora
• 50 kg de água por hora + 50 kg de soda por hora
• Sai do tanque: 100 kg de solução por hora
• 50 kg de água por hora + 50 kg de soda por hora

É importante evidenciar estas informações, pois quando trabalharmos com múltiplos


componentes, abordaremos os balanços materiais por duas perspectivas: o balanço
global e os balanços por componente.
O balanço global considera inteiramente todas as correntes que entram e saem
do sistema. Dessa forma, na equação:
Taxa de Entrada de   Taxa de Saí da de  Taxa de Acúmulo de 
   
 Mat éria no sistema   Mat éria no sistema   Mat éria no sistema 

kg solução kg solução
100  100 0
h h
Evidentemente, estando em estado estacionário, a taxa de acúmulo é nula (a massa
de solução dentro do tanque permanece a mesma ao longo do tempo).
O balanço por componente, por outro lado, considera apenas o componente em análise
para todas as correntes. Por exemplo, fazendo o balanço material para a água, teremos:

Taxa de Entrada de  Taxa de Saída de  Taxa de Acúmulo de 


   
 Água no sistema   Água no sistema   Água no sistema 
kg água kg água
50  50 0
h h
Da mesma forma, para a soda:
Taxa de Entrada de  Taxa de Saída de  Taxa de Acúmulo de 
   
 Soda no sistema   Soda no sistema   Soda no sistema 

kg soda kg soda
50  50 0
h h
Este é um raciocínio bastante valioso para solucionar problemas de balanço material.
Observe o exemplo a seguir, em que passamos a trabalhar com mais de um compo-
nente e mais de duas correntes.

32 Introdução aos Fenômenos de Transporte


5 EXEMPLO Em certa etapa de um processo industrial de balas e biscoitos, duas correntes contendo
uma solução de açúcar (sacarose) em água devem ser misturadas. Para isto, elas são
despejadas em um tanque de mistura que apresenta uma única saída, conforme mostra
a figura a seguir. Conhecendo as correntes de entrada, admitindo que a mistura seja
homogênea e que o processo opera em regime estacionário, qual a fração mássica de
sacarose na corrente de saída?

A B

30 kg solução/min 50 kg solução/min

40% Sacarose 15% Sacarose


60% Água 85% Água

SAÍDA
C

Solução:

Como conhecemos as correntes de entrada, podemos descrevê-las da seguinte ma-


neira:
• Corrente A: 30 kg solução/min
• 12 kg sacarose/min + 18 kg água/min
• Corrente B: 50 kg solução/min
• 7,5 kg sacarose/min + 42,5 kg água/min

Podemos, então, fazer o balanço global:

 Entradas de   Saíd as de   Acúmulo de 


   
Solução no sistema  Solução no sistema  Solução no sistema 

As entradas são as correntes A e B, enquanto a única saída é a corrente C, e não há


acúmulo no sistema (regime estacionário). Dessa forma:

UNIDADE 1 33
A B -C  0

kg solução kg solução
30 + 50 -C=0
min min
kg solução
C = 80
min

Agora, fazendo o balanço material para a sacarose:

Sacarose em A + Sacarose em B - Sacarose em C = 0

Sendo xsac,i a fração mássica de sacarose na corrente “i”, podemos escrever esta equação
da seguinte forma:
xsac, A . A  xsac, B . B - xsac,C . C  0

kg sacarose kg solução kg sacarose kg solução


0,40 30 +0,15 50 - xsac,C . C = 0
kg solução min kg soluçção min

kg sacarose kg sacarose kg sacarose


xsac,C . C  12  7, 5  19, 5
min min min
Como já calculamos o valor da vazão mássica da corrente C, temos que:
kg sacarose min
xsac,C = 19, 5
min 80 kg solução

kg sacarose
xsac,C = 0, 2437
kg solução

Isto é, a concentração de sacarose na corrente de saída é de 24,37% em massa. Note


que, sem fazer o balanço material para a água, podemos concluir que a fração mássica
de água na corrente de saída é de 75,625% – afinal, estamos trabalhando apenas com
açúcar e água. Esta ideia tem fundamento no conceito de “graus de liberdade”, que
talvez você se lembre das suas disciplinas de álgebra linear. Exploraremos esta ideia
melhor no tópico seguinte, em que será desenvolvida uma estratégia para solucionar
problemas de balanço material.

34 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Como já mencionado, não trataremos situações envolvendo reações químicas
no escopo deste material. Contudo, é importante observar que, nesses casos, os
balanços por componente ficam mais complexos, uma vez que o componente que
entra não, necessariamente, sai com a mesma forma – eles podem ser “consumi-
dos”, enquanto novas espécies químicas podem ser “geradas”.

Estratégias para Resolução de Problemas

Himmelblau e Riggs (2003) sugerem uma estratégia de 10 passos para a resolução


de problemas de balanço material:
1. Leia e entenda o problema em questão.
2. Faça um esboço do processo e especifique a fronteira do sistema.
3. Anote todas as informações conhecidas no seu diagrama do processo, como
vazões, composições e outras relações úteis. Atribua símbolos para os valores
que você não conhecer.
4. Obtenha quaisquer informações necessárias para solucionar o problema que
esteja faltando.
5. Adote uma base de cálculo (arbitrária), se necessário.
6. Determine o número de variáveis desconhecidas.
7. Determine o número de equações independentes e analise os graus de liber-
dade do problema.
8. Escreva as equações a serem resolvidas em termos das variáveis conhecidas
e desconhecidas.
9. Resolva as equações e responda o que foi solicitado pelo problema.
10. Confira suas respostas.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo.


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UNIDADE 1 35
Na prática, você não é obrigado a seguir estes passos à risca nem os decorar, mas
abordar os problemas de maneira ordenada e analítica ajuda a identificar possíveis
pontos fracos, aprimorando suas habilidades de interpretação e resolução. Faremos,
agora, um exemplo com uma complexidade maior aplicando esta estratégia.

6 EXEMPLO Duas correntes de processo, F1 e F2, são misturadas. A corrente resultante (W) é então
direcionada para uma segunda etapa, que visa a purificação de um dos componentes,
obtendo, assim, duas correntes de produto, P1 e P2. Conhecendo as informações a
seguir, qual a vazão e a composição da corrente F1? As composições estão dadas em
quantidades mássicas.
• Corrente F2:
• Vazão: metade de F1
• Composição: 80% A, 20% B
• Corrente P1:
• Vazão: 1200 kg/h
• Composição: 60% A, 40% B
• Corrente P2:
• Vazão: 300 kg/h
• Composição: 5% B, 95% C

Solução:

Passo 1: o problema é simples – conhecemos as saídas, queremos conhecer as entra-


das. Estamos trabalhando com três componentes (A, B e C), cinco correntes (F1, F2,
W, P1 e P2) e duas etapas (E1 e E2). A etapa E1 une as correntes F1 e F2, formando a
corrente W. Em seguida, a etapa E2 separa a corrente W nas correntes P1 e P2.

Passo 2: esboços podem, geralmente, ser feitos de forma bastante simples por meio de
diagramas de blocos, em que as setas são as correntes de processo e os blocos são as etapas.

F1 P1

W
E1 E2

F2 P2

36 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Quanto à fronteira do sistema, note que esta pode ser estabelecida de três diferentes
formas: apenas o sistema 1, ou apenas o sistema 2, ou então analisar o processo de
forma global. Veja o esquema a seguir:
F1 P1

Fronteira do
Sistema 2
W
E1 E2
Fronteira do
Sistema 1

Fronteira do
F2 Sistema Global P2

• Fronteira do Sistema 1:
• Correntes de entrada: F1 e F2
• Corrente de saída: W
• Fronteira do Sistema 2:
• Corrente de entrada: W
• Correntes de saída: P1 e P2
• Fronteira do Sistema Global:
• Correntes de entrada: F1 e F2
• Corrente de saída: P1 e P2

Note que a escolha de um sistema não invalida o outro – muito pelo contrário, talvez
seja necessário estabelecer diferentes fronteiras até se obter os resultados procurados,
os quais devem validar todos os sistemas possíveis de serem estabelecidos. Do con-
trário, o princípio da conservação da massa não seria obedecido, indicando alguma
falha ou ineficiência do processo.

Passo 3: adicionamos os valores conhecidos ao esboço.


F1 = ? P1 = 1200 kg/h
xA, F1 = ? xA, P1 = 60%
xB, F1 = ? xB, P1 = 40%
xC, F1 = ? W=?
xA, W = ?
xB, W = ?
xC, W = ?
E1 E2

F2 = F1/2 P2 = 300 kg/h


xA, F2 = 80% xB, P2 = 5%
xB, F2 = 20% xC, P2 = 95%

UNIDADE 1 37
Passo 4: a princípio, nenhuma informação parece faltar, pois não estamos preocu-
pados com quem são os componentes A, B ou C, nem com o que são, na prática, as
etapas E1 e E2. Estamos preocupados apenas com valores de vazão e composição,
então estas informações deverão ser suficientes.

Passo 5: como o problema já nos forneceu valores de vazão, não precisamos adotar
uma base de cálculo. Caso o enunciado fosse “a vazão de P1 é quatro vezes a de P2”,
poderíamos adotar um valor arbitrário para a vazão P2, e com ela chegaríamos às
mesmas composições em todas as correntes. Contudo, a vazão de F1 mudaria para
cada base de cálculo adotada.

Passo 6: nossas variáveis desconhecidas são as vazões e composições das correntes


F1 e W, totalizando 8 variáveis desconhecidas.

Passo 7: para determinar o número de equações independentes, faremos os balanços


nos sistemas e usaremos as relações fornecidas. Uma informação que facilita a análise
é que, ao escrever as equações dos balanços para cada componente, uma delas sempre
será dependente das demais.
• Na etapa E1:
F1  F 2  W
x A, F 1 . F1  x A, F 2 . F 2  x A,W . W
xB , F 1 . F1  xB , F 2 . F 2  xB ,W . W
xC , F 1 . F1  xC , F 2 . F 2  xC ,W . W
x A, F 1  xB , F 1  xC , F 1  1
x A,W  xB ,W  xC ,W  1

Nestas equações, temos as oito variáveis desconhecidas, junto de cinco equações


independentes. Elas não são, portanto, suficientes para determinarmos todas as
variáveis desconhecidas.
• Na etapa E2:
W  P1  P2
x A,W . W  x A, P1 . P1  x A, P 2 . P2
xB ,W . W  xB , P1 . P1  xB , P 2 . P2
xC ,W . W  xC , P1 . P1  xC , P 2 . P2
x A,W  xB ,W  xC ,W  1

Aqui, temos quatro das variáveis desconhecidas (referentes à corrente W), junto de
quatro equações independentes. Como nosso número de equações é igual ao número
de incógnitas, o sistema é possível e determinado (graus de liberdade iguais a zero).

38 Introdução aos Fenômenos de Transporte


• Global:
F1  F 2  P1  P2
x A, F 1 . F1  x A, F 2 . F 2  x A, P1 . P1  x A, P 2 . P2
xB , F 1 . F1  xB , F 2 . F 2  xB , P1 . P1  xB , P 2 . P2
xC , F 1 . F 1  xC , F 2 . F 2  xC , P1 . P1  xC , P 2 . P2
x A, F 1  xB , F 1  xC , F 1  1

Observe que, para o balanço global, todas as variáveis referentes à corrente interme-
diária W não estão presentes. Temos apenas as quatro variáveis desconhecidas para a
corrente F1, junto de quatro equações independentes. Isto é, como o problema solicita
apenas a caracterização da corrente F1, podemos utilizar este sistema para que não
precisemos trabalhar com a corrente intermediária W.

Passo 8: usando as equações para o sistema global (exceto uma das equações de ba-
lanço por componentes, por ser dependente das demais) e substituindo as variáveis
conhecidas.
F1
F1 1200 300
2

F1
x A, F 1 . F1 0, 80 . 0, 60 . 1200 0, 00 . 300
2

F1
xB , F1 . F1 0, 20 . 0, 40 . 1200 0, 05 . 300
2

x A, F 1 xB , F 1 xC , F 1 1

Passo 9: simplificando e resolvendo as equações, chegamos aos valores solicitados


pelo problema – vazão e composições da corrente F1.
3
F1  1500  F1  1000 kg / h
2

( x A, F 1  0, 40) . F1  720
( x A, F 1  0, 40) . 1000  720  x A, F 1  0, 320

( xB , F 1  0, 10) . F1  495
( xB , F 1  0, 10) . 1000  495  xB , F 1  0, 395

X C , F 1  1  X A, F 1  X B , F 1
X C , F 1  1  0, 32  0, 395  X C , F 1  0, 285

UNIDADE 1 39
Passo 10: podemos conferir o resultado com a equação de balanço para o compo-
nente C, que não utilizamos.

xC , F 1 . F1  xC , F 2 . F 2  xC , P1 . P1  xC , P 2 . P2
1000
0, 285 . 1000  0 .  0 . 1200  0, 95 . 300
2
285  285

Note que o fato de o componente C estar presente somente em uma corrente de


entrada e uma corrente de saída (no sistema global) facilita consideravelmente o
problema, pois tudo o que estava saindo de C na corrente P2 estava entrando no
sistema por meio da corrente F1.
Para praticar, você pode retornar aos balanços por etapas e caracterizar a corrente
W. Conseguiu chegar aos seguintes resultados: vazão de 1500 kg/h, sendo 48% A,
33% B e 19% C?

Reciclo, Bypass e Purga

Neste tópico final, abordaremos brevemente três aspectos importantes quando tra-
tamos dos balanços materiais em termos de aplicação industrial. Essencialmente, são
manobras realizadas nas correntes de processo que permitem seu funcionamento
de maneira eficiente, contínua e controlável. Os balanços materiais entram com o
papel de mensurar estas manobras e passam a ter um nível de complexidade maior.

Reciclo: corrente do processo que é alimentada em uma etapa anterior àquela que
a originou (veja Figura 6).
Fonte: adaptado de Himmelblau e Riggs (2003).

Reciclo

Alimentação Processo 1 Processo 2 Produto

Figura 6 - Diagrama de blocos representativo para processos envolvendo reciclo


Fonte: os autores.

40 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Em processos envolvendo reação química, o uso de reciclo pode aumentar a conver-
são alcançada pelos reatores, retornando os reagentes não consumidos ao processo
e garantindo que eles sejam transformados no produto desejado. Em operações de
separação, como destilação ou filtração, o reciclo pode ser utilizado com uma ideia
semelhante: aumentar a eficiência do processo e servir para manter alguma corrente
dentro das suas especificações.
Vejamos, a seguir, um exemplo de operação com uso de reciclos.

7 EXEMPLO Deseja-se concentrar uma corrente (F) contendo uma solução de 10% Hidróxido de
Sódio (NaOH) em água por meio de um processo integrado de evaporação, cristaliza-
ção e filtragem. Para atingir maior eficiência no processo, a corrente líquida que passa
pelo filtro é retornada na forma de reciclo (R). O diagrama a seguir ilustra o processo
e apresenta as concentrações em cada corrente. Qual a razão entre as vazões R e P?
R
50% NaOH
50% H2O

E
30% NaOH
70% H2O
Processo
F A P
10% NaOH 96% NaOH
90% H2O 4% H2O

W
100% H2O

Passos 1, 2, 3 e 4: o diagrama fornecido pelo problema já é o resultado dos primeiros


passos.

Passo 5: por praticidade ao trabalhar com porcentagens, adotaremos a base de cál-


culo de F = 100 kg/h.

Passo 6: nossas variáveis desconhecidas são as vazões P, R, E e W.

Passo 7: mais de um sistema pode ser avaliado. Aqui, faremos em dois deles: no ponto
em que o reciclo é adicionado à alimentação (ponto A) e o global.

Passo 8: assim, teremos as seguintes equações:

UNIDADE 1 41
• No ponto A:

FRE
xNaOH , F . F  xNaOH , R . R  xNaOH , E . E
x H 2O , F . F  x H 2O , R . R  x H 2O , E . E

• Global:
F  P W
xNaOH , F . F  xNaOH , P . P  xNaOH ,W . W
xH 2O, F . F  xH 2O, P . P  xH 2O,W . W

Em ambos os casos, temos duas variáveis desconhecidas e duas equações indepen-


dentes. Portanto, temos graus de liberdade zero em ambas.

Passo 9: resolvendo as equações, chegamos nas respostas desejadas.


• No ponto A:
FRE
100  R  E  R  E  100

xNaOH , F . F  xNaOH , R . R  xNaOH , E . E


0,10 . 100  0, 50 . R  0, 30 . E
10  0, 50 . ( E  100)  0, 30 . E
10  0, 50 E  50  0, 30 . E
E  200 kg / h  R  100 kg / h

Utilizando só o balanço por componente do hidróxido de sódio no ponto A foi


suficiente para encontrar uma das variáveis desejadas (R). Caso tivéssemos usado
o balanço por componente da água, chegaríamos no mesmo resultado. Se quiser,
pode conferir. Aliás, você já deve ter percebido que este é um assunto que demanda
curiosidade e exercita o raciocínio lógico.
• Global:
F  P W
100  P  W

xNaOH , F . F  xNaOH , P . P  xNaOH ,W . W


0, 10 . 100  0, 96 . P  0 . W
P  10, 42 kg / h  W  89, 58 kg / h

42 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Assim:

R 100 kg / h
  9, 60
P 10, 42 kg / h

Passo 10: podemos conferir os resultados obtidos verificando as duas equações


dependentes não utilizadas.
x H 2O , F . F  x H 2O , R . R  x H 2O , E . E
0, 90 . 100  0.50 . 100  0, 70 . 200
140  140

xH 2O, F . F  xH 2O, P . P  xH 2O,W . W


0, 90 . 100  0, 04. 10, 42  1, 00 . 89, 58
90  90
Um exercício interessante é repetir este balanço, mas sem a utilização de um reciclo: se
quiséssemos obter exatamente o mesmo produto P (em vazão e composição), consi-
derando que a razão R/P é mantida (R/P ≈ 9,60), qual seria a alimentação necessária?

R
50% NaOH
50% H2O

R/P ≈ 9,60
F
10% NaOH Processo
90% H2O P = 10,42 kg/h
96% NaOH
4% H2O

W
100% H2O

Temos o balanço material global e por componente:

F W  R  P
xNaOH , F . F  xNaOH ,W . W  xNaOH , R . R  xNaOH , P . P
xH 2O, F . F  xH 2O,W . W  xH 2O, R . R  xH 2O, P . P

UNIDADE 1 43
Resolvendo as duas primeiras equações com os valores conhecidos, e utilizando a
relação R/P ≈ 9,60:
F W  R  P
F  W  9, 60 . P  P
F  W  10, 60 . 10, 42  F  W  110, 452

xNaOH , F . F  xNaOH ,W . W  xNaOH , R . R  xNaOH , P . P


0, 10 . F  0 . W  0, 50 . 9, 60 . P  0, 96 . P
0,, 10 . F  5, 76 . P  0,10 . F  60, 0192
F  600, 192 kg / h  W  489, 74 kg / h
R  100, 032 kg / h

Como você pode observar, para obter a mesma quantidade de produto, o processo
sem reciclo exigiria uma alimentação seis vezes maior devido às perdas pela corrente
R, que não foi reaproveitada. A indústria sempre irá buscar minimizar o desperdício.

Bypass: corrente do processo que pula uma ou mais etapas de um processo,


unindo-se novamente em um estágio posterior. Pode ser usada, por exemplo, para
controlar a composição de saída de uma etapa (Figura 7).
Purga: corrente retirada do processo com o objetivo de remover inertes (substân-
cias que não reagem quimicamente) e materiais indesejados, os quais poderiam
se acumular no sistema pelo uso de correntes de reciclo (Figura 8).
Fonte: adaptado de Himmelblau e Riggs (2003).

Bypass

Alimentação Processo Produto

Figura 7 - Diagrama de blocos representativo para processos envolvendo bypass


Fonte: os autores.

44 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Reciclo
Purga

Alimentação Processo Separador Produto

Figura 8 – Diagrama de blocos representativo para processos envolvendo bypass


Fonte: os autores.

8 EXEMPLO Certo processo industrial é alimentado por uma corrente composta de 30% compo-
nente X e 70% componente Y. O processo é responsável por remover apenas com-
ponente Y, e a corrente de saída precisa sair com 80% de X e 20% de Y para atender
às especificações de operação dos equipamentos. Contudo, um cliente solicita um
produto contendo 60% X e 40% Y. Para atender a este pedido, o engenheiro de pro-
cessos sugere o uso de uma corrente de bypass, conforme o diagrama a seguir. Calcule
a razão entre as vazões B e F que deve ser utilizada para atender ao pedido.
B

F E P
30% X Processo 60% X
70% Y 1 S 2 40% Y
80% X
20% Y

W
100% Y
Solução:

Passos 1, 2, 3 e 4: o diagrama apresentado contém as informações necessárias.


Observe que, no ponto 1, a corrente de alimentação se divide entre as correntes B e
E – esta divisão é puramente física, ou seja, presume-se que as composições são as
mesmas em ambas as correntes, diferenciando apenas em suas vazões. No ponto 2,
a corrente de bypass retorna unindo-se à saída do processo (corrente S), formando
o produto P na composição desejada.

Passo 5: adotaremos a base de cálculo de F = 100 kg/h.

Passo 6: como definimos um valor para F, as variáveis desconhecidas são agora as


vazões B, E, W, S e P.

UNIDADE 1 45
Passo 7: os quatro principais sistemas que devemos prestar atenção são os pontos 1
e 2, o processo e o sistema global.
Para o sistema global, temos as seguintes equações:

F  P W
x X , F . F  x X , P . P  x X ,W . W
xY , F . F  xY , P . P  xY ,W . W

Aqui temos duas variáveis desconhecidas e duas equações independentes. Dessa


forma, conseguiremos determinar os valores de vazão para P e W.
Conhecido o valor de P, faz sentido analisar o ponto 2 como segundo sistema.
Para ele, temos as equações:
BS  P
x X , B . B  x X ,S . S  x X , P . P
xY , B . B  xY ,S . S  xY , P . P

Portanto, teremos apenas duas variáveis desconhecidas (B e S) e duas equações


independentes. Com isso, podemos determinar B e calcular a resposta pedida pelo
problema. Traçar a estratégia correta para a resolução de um balanço é uma questão
clássica para o engenheiro na indústria.

Passos 8 e 9: como proposto, vamos começar resolvendo as equações do sistema global.


F  P W
100  P  W

x X , F . F  x X , P . P  x X ,W . W
0, 30 . 100  0, 60 . P  0, 00 . W
P  50 kg / h  W  50 kg / h
Agora, para as equações do ponto 2:
BS  P
B  S  50  B  50  S

x X , B . B  x X ,S . S  x X , P . P
0, 30 . B  0, 80 . S  0, 60 . 50
0, 30 . (50  S )  0, 80 . S  30
15  0, 30 . S  0, 80 . S  30
0, 50 . S  15
S  30 kg / h  B  20 kg / h

Portando, a razão B/F = 0,20.

46 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Passo 10: apesar de não ser de extrema necessidade, você poderia conferir o seu
resultado verificando que os valores obtidos são válidos para calcular a vazão da
corrente E (80 kg/h). Em seguida, ao fazer o balanço no processo, você observará
que as equações são válidas.

9 EXEMPLO Certo processo para a formação de água a partir dos gases hidrogênio (H2) e oxigênio
(O2) foi implantado. Uma corrente (F), contendo ambos os componentes, é alimentada
a um reator. Em seguida, a corrente de saída passa por um condensador, que remove
água líquida do processo como produto.
Para evitar a perda de material, procurou-se utilizar os gases remanescentes (que
não reagiram) como uma corrente de reciclo do processo. Contudo, ao testar a nova
configuração, observou-se que os níveis de argônio (Ar) – que é um gás inerte – no
processo começaram a subir. Isto aconteceu porque a corrente contendo hidrogênio
e oxigênio apresentava, também, baixos traços do gás. Como forma de solucionar o
problema, você, engenheiro de processos, sugere utilizar uma corrente de purga (P).
Considerando o diagrama a seguir, qual deve ser a razão entre as vazões P e F, se a
concentração de argônio na corrente de reciclo não pode ser superior a 7,5%?
Reciclo
P
92,5% H2 e O2
7,5% Ar

F Reator Condensador W
99,7% H2 e O2 100% Água
0,3% Ar
Passos 1 a 4: o diagrama nos fornece todas as informações necessárias para analisar
o problema. Note que, apesar de envolver um reator, o problema não está preocupado
com a reação química, de modo que ela não será necessária. Além disso, é importante
observar que o reciclo possui a mesma composição da purga, apesar de não estar
especificado.

Passo 5: como estamos interessados principalmente nas correntes F e P, definiremos


como base de cálculo o valor de F = 100 kg/h.

Passo 6: observe que os dados fornecidos são, essencialmente, as composições de


entrada e saída do sistema global. Portanto, intuitivamente, parece fazer sentido
analisá-lo. Assim, temos duas variáveis desconhecidas: P e W.

UNIDADE 1 47
Passo 7: note que não conhecemos as composições de H2 e O2 separadamente.
Contudo, se fizermos o balanço global e o balanço por componente para o argônio,
teremos duas equações independentes:
F  P W
x Ar , F . F  x Ar , P . P  x Ar ,W . W

Logo, se temos duas equações independentes e duas variáveis desconhecidas, a solução


do nosso problema é possível e determinada (grau de liberdade = 0).

Passos 8, 9 e 10: substituindo os valores conhecidos e resolvendo as duas equações


do balanço global, podemos calcular o valor pedido pelo problema.

100  P  W
0, 003 . 100  0, 075 . P  0, 000 . W

P  4 kg / h  W  96 kg / h

P 4
  0,004  4%
F 100

Isto é, para manter a concentração de argônio no reciclo igual a 7,5%, deve-se purgar
uma vazão equivalente a 4% da vazão de alimentação.
Com isso, terminamos nossa introdução aos balanços materiais. Como você
pode ter notado, apesar de não demandarem cálculos sofisticados, os balanços de
massa trabalham fortes habilidades de interpretação do problema, análise crítica e
organização. Aprimorar estas qualidades facilitará o seu estudo dos fenômenos de
transporte, que começaremos propriamente na unidade a seguir.

48 Introdução aos Fenômenos de Transporte


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Um processo precisa produzir 300 libras de uma solução a 10% em massa de


cloreto de potássio (KCl) em água. Para isso, deve-se misturar uma solução a 0,9%
do sal e o próprio sal puro seco. Quais devem ser as quantidades misturadas?
Apresente a resposta em quilogramas (1 kg ≈ 2,205 lb).

2. Deseja-se produzir 1000 kg/h de uma solução de soda cáustica, com concentra-
ção molar de 14,89%. Devido ao alto calor de dissolução da soda em água, este
processo deve ser feito em duas etapas, de modo que parte da água alimentada
siga por uma corrente de bypass e retorne no tanque de diluição. Considerando
o diagrama a seguir, calcule a razão entre as vazões mássicas das correntes E
e B. As porcentagens são todas molares. Considere que MMNaOH = 40 g/mol,
MMH2O = 18 g/mol.

B=?

Água de 31,03%
Alimentação E=? NaOH Solução Produto
Tanque de Tanque de
Dissolução Diluição
F=? P = 1000 kg/h
100% H2O 14,89% NaOH

Soda Cáustica

S=?
100% NaOH

49
3. A dessalinização da água do mar e de águas salobras é comum em países de-
sérticos ou com pouca disponibilidade de água potável, como no Oriente Médio
e na África. A dessalinização de água pode ser realizada por meio de processos
de osmose reversa. Admitindo que estão presentes apenas sal e água e consi-
derando a figura a seguir, determine:
a) A vazão de água do mar necessária para alimentar o processo (F).
b) A vazão de salmoura removida (W).
c) A porcentagem da salmoura que sai das células de osmose reversa e é reciclada.

Reciclo de Salmoura
R=?

E
Água do Mar 4,0% Sal Células de S Salmoura Removida
F=? Osmose W=?
3,1% Sal Reversa 5,25% Sal

Água Dessalinizada
P = 2000 kg/h
0,05% Sal

50
LIVRO

Engenharia Química – Princípios e Cálculos 8ª Edição


Autor: David M. Himmelblau e James B. Riggs
Editora: LTC Editora – GEN | Grupo Editorial Nacional
Sinopse: uma obra consagrada pela excelente fundamentação de habilidades
e conhecimentos básicos no contexto da engenharia química. Seu principal
objeto de estudo são os balanços de massa e de energia, mas trata também da
descrição de gases, vapores, líquidos e sólidos e diagramas de fases.
Comentário: as duas primeiras partes deste livro abordam os assuntos desta
primeira unidade de maneira bastante extensiva, com vários exemplos aplicados.
Além disso, são trabalhados os balanços materiais envolvendo reações quími-
cas, caso o aluno tenha a curiosidade e deseje aprender mais sobre processos
químicos industriais.

51
HAUKE, G. An introduction to fluid mechanics and transport phenomena. 1. ed. Holanda: Springer
Netherlands, 2008.

HIMMELBLAU, D. M.; RIGGS, J. B. Engenharia química – princípios e cálculos. 7. ed. São Paulo: Editora
LTC – GEN (Grupo Editorial Nacional), 2003.

PARTINGTON, J. R. Antoine Laurent Lavoisier, 1743-1794. Nature, [S.l.], v. 152, p. 207-208, ago. 1943.

WELTY, J. R.; RORRER, G. L.; FOSTER, D. G. Fundamentos de Transferência de Momento, de Calor e de


Massa. 6. ed. São Paulo: Editora LTC – GEN (Grupo Editorial Nacional), 2017.

52
1. O processo descrito pode ser resumido pelo diagrama:

M
100% KCI

F P = 300 lb
0,9% KCI 10% KCI
99,1% H2O 90% H2O

Fazendo o balanço do processo, temos as equações:

F M  P
xKCl , F . F  xKCl ,M . M  xKCl , P . P
x H 2O , F . F  x H 2O , M . M  x H 2O , P . P

Temos duas variáveis desconhecidas e duas equações independentes. Substituindo os valores conhecidos e
resolvendo as equações:

F  M  300  M  300  F
0, 009 . F  1 . M  0, 10 . 300
0, 009 . F  (300  F )  30
0, 991 . F  270
F  272, 45 lb  M  27, 55 lb

Por fim, convertendo os resultados em quilogramas:

272, 45 lb 1 kg
F  123, 56 kg
2, 205 lb
27, 55 lb 1 kg
M  12, 49 kg
2, 205 lb

53
2. O diagrama contém todas as informações que conhecemos sobre o problema. Contudo, as composições
das correntes de solução foram dadas em frações molares. Como estamos mais interessados em trabalhar
com valores mássicos, calcularemos inicialmente as composições mássicas.

Para a corrente P, temos, em base molar, 14,89% NaOH e, portanto, 85,11% H2O. Assumindo a base de cálculo
de 100 mol de solução P, podemos calcular a massa molar da solução P da seguinte forma:

n1MM 1  n2 MM 2  ...  nn1MM n1  nn MM n


MM mistura 
n1  n2  ...  nn1  nn
nNaOH MM NaOH  nH 2O MM H 2O
MM P 
100 mol

Veja que, como conhecemos a composição molar para a base de cálculo empregada, teremos 14,89 mols de
NaOH e 85,11 mols de H2O:

14, 89 mol . MM NaOH  85, 11 mol . MM H 2O


MM P 
100 mol

Substituindo as massas molares:

g g
14, 89 mol . 40  85, 11 mol . 40
MM P  mol mol
100 mol
MM P  21, 2758 g / mol
Este valor pode ser utilizado para converter a vazão mássica em molar:

Pmássica 1000 kg 1 mol 47000 mol


Pmolar   
MM P 1h 21, 2758 g h

54
Como conhecemos as frações molares, temos as seguintes vazões por componente na corrente de produto:

mol mol
PNaOH ,molar  0, 1489 . 47000  7000
h h
mol mol
PH 2O,molar  0, 8511 . 47000  40000
h h
Convertendo estes valores em vazões mássicas:

mol g kg
PNaOH ,mássica 7000
= = . 40 280
h mol h
mol g kg
PH 2O,mássica = 40000 . 18 = 720
h mol h
Isto é, a corrente de produto P possui 28% NaOH e 72% H2O em massa. Agora, podemos fazer o balanço no
sistema global, em termos das vazões mássicas:

F S  P
xNaOH , F . F  xNaOH ,S . S  xNaOH , P . P
x H 2O , F . F  x H 2O , S . S  x H 2O , P . P
Temos duas incógnitas (F e S) e duas equações independentes. Além disso, como F e S são correntes puras, a
solução é bastante simples:

0 . F  1 . S  0, 28 . 1000
S  280 kg / h

1 . F  0 . S  0, 72 . 1000
F  720 kg / h

55
Agora, como conhecemos F, podemos fazer o balanço no tanque de dissolução, do qual sai a corrente interme-
diária I. Como não se sabe a composição e vazão mássica desta corrente, faz-se o balanço material em termos
molares. Teremos o sistema:

ES  I
X NaOH , E . E  X NaOH ,S . S  X NaOH , I . I
X H 2O , E . E  X H 2O , S . S  X H 2O , I . I
Podemos calcular a vazão molar de S:

kg mol mol
=S 280
= 7000
h 40 g h

Substituindo os valores conhecidos nas duas primeiras equações do sistema, temos:

E  7000  I
0 . E  1 . 7000  0, 3103 . I

mol
7000  0, 3103 . I  I  22558, 81
h
mol
E  I  7000  E  15558, 81
h

Observe que também podemos calcular a vazão mássica de E, por ser uma corrente de água pura:

mol g kg
E  15558, 81 18  280
h mol h
Fazendo o balanço no ponto em que a corrente F se divide, temos:

F  BE
kg kg
720  B  280
h h
kg
B  440
h

56
Assim, podemos enfim calcular a razão pedida pelo problema:

E 280
  63, 63%
B 440
3. O diagrama nos fornece todas as composições das correntes e a vazão de água dessalinizada que deve ser
atingida. Dessa forma, as únicas variáveis desconhecidas são as demais vazões.

Fazendo o balanço global, temos as equações:

F  P W
xSal , F . F  xSal , P . P  xSal ,W . W
xH 2O, F . F  xH 2O, P . P  xH 2O,W . W
Portanto, temos duas equações independentes e duas variáveis desconhecidas (F e W). Resolvendo estas
equações com os valores conhecidos, teremos:

F  2000  W
0, 031 . F  0, 0005 . 2000  0, 0525 . W
0, 031 . (2000  W )  1  0, 0525 . W
62  0, 031 . W  1  0, 0525 . W
W  2837, 21 kg / h  F  4837, 21 kg / h

57
Com isso, chegamos às respostas pedidas nos itens (a) e (b).

Em seguida, para chegar à porcentagem da salmoura que é reciclada, precisamos definir sua vazão. Para isto,
faremos um balanço no ponto em que o reciclo se une à alimentação do sistema, formando a corrente resul-
tante que entra na célula de osmose (E) com concentração de 4,0% em sal:
FRE
xSal , F . F  xSal , R . R  xSal , E . E
x H 2O , F . F  x H 2O , R . R  x H 2O , E . E

Como agora conhecemos F, temos novamente duas equações independentes e apenas duas variáveis desco-
nhecidas (R e E). Logo:

4837, 21  R  E
0, 031 . 4837, 21  0, 0525 . R  0, 04 . E
149, 95  0, 0525 . R  193, 49  0, 04 . R
R  3483, 2 kg / h  E  8320, 41 kg / h
Agora, precisamos apenas saber a vazão de saída de salmoura do processo (S). Ela pode ser obtida fazendo
o balanço nas células de osmose reversa ou, até mesmo, no ponto que se divide entre o reciclo e a salmoura
removida:

E  PS
8320, 41  2000  S
S  6320, 41 kg / h

S  R W
S  3483, 2  2837, 21
S  6320, 41 kg / h

Finalmente, podemos calcular a resposta pedida no terceiro item:

R 3483, 2
  55, 11%
S 6320, 41

58
59
60

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