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Doenças Inflamatórias Intestinais

DOENÇA DE CROHN RETOCOLITE ULCERATIVA INESPECÍFICA


CARACTERÍSTICAS Intolerância alimentares
COMUNS: Diarreia exsudativa
Febre
Perda de peso
Desnutrição (Principalmente em DC)
Deficiência de crescimento
Manifestações extra intestinais
Risco aumentado de doença maligna.
LOCAL: Pode envolver qualquer parte do A doença envolve apenas o cólon e sempre se
TGI, da boca ao ânus, estende a partir do reto
principalmente o íleo terminal.
TIPO DE Segmentar: áreas de inflamação Contínua: a inflamação começa e termina, sem
INFLAMAÇÃO intercaladas por áreas saudáveis. áreas intercaladas com mucosa normal.
Inflamação transmural: afeta Inflamação limitada a camada mucosa.
todas as camadas da parede O sangramento retal ou diarreia com sangue são
intestinal causando estenose ou comuns.
promover uma fístula.
TRATAMENTO Corticosteroides
CLÍNICO Aminossalicilatos
Agentes imunossupressores
Antibióticos
Biológico – anti TNF-α: ajuda na cicatrização do intestino
CUIDADO Objetivos:
NUTRICIONAL - Recuperar e/ou manter o estado nutricional
- Manter o crescimento em crianças
- Fornecer aporte adequado de nutrientes
- Contribuir para o alívio dos sintomas
- Proporcionar recursos nutricionais adequados para facilitar a cicatrização das
lesões
- Garantir suporte nutricional no pré e pós-operatório de pacientes com indicações
cirúrgicas
- Utilizar dietas que diminuam a atividade de doença
- Aumentar o tempo de remissão da doença
- Reduzir as indicações cirúrgicas

PRINCIPAIS PROBLEMAS NUTRICIONAIS NAS DIIS

Anemias relacionadas a perda de sangue e pouca ingestão alimentar. (NA DC – por deficiência de Fe,
folato e B12; Na RCU – deficiência de Fe.
Estreitamento GI que levam ao inchaço, náusea, crescimento bacteriano excessivo e diarreia (DC)
Inflamação e ressecções cirúrgicas resultando em diarreia e má absorção de sais biliares, micronutrientes
e macronutrientes
Secreções GI aumentadas com inflamações e trânsito aumentados
Dor abdominal, anorexia, náusea, vômito, inchaço e diarreia
Aversões alimentares, ansiedade e medo de comer relacionado a experiências com os sintomas citados
anteriormente
Interações com droga-nutrientes:
- Corticóides (diminui a absorção de cálcio e estimula perda de proteínas)
- Sulfassalazina ( inibe a absorção de folato e é irritante gástrico)
- Colestiramina (retentor de sais biliares – diminui a absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis)
Alergias alimentares verdadeiras e percebidas

@nutrifuturaR1
Aumento das necessidades nutricionais  febre, infecção, formação de abcesso e fístula e atividade
da doença
Restrições alimentares
Falha de crescimento, perda de peso, deficiências de micronutrientes e desnutrição proteico-calórica
Concentrações séricas elevadas de homocisteína, representando depleção de vitaminas do complexo B

CUIDADO NUTRICIONAL NA FASE AGUDA DAS DIIS

CARACTERÍSTICAS DA DIETA RECOMENDAÇÃO


Valor energético total Cuppari, 2005 – GEB x FA x 1,75 (devido ao hipermetabolismo das
DIIS) – hipercalórica
Krause: Necessidades não são muito aumentadas a não ser que se
deseje ganho de peso – Normo
Chemin (2011): 35- 40 Kcal/dia – Hiper
Projeto Diretrizes e Cuppari, 2014: 25-30 kcal/dia - Normo
Proteínas Cuppari e Chemin (2011): 1 a 1,5 g/kg/dia (até 2g para desnutrido)
Krause: Aumentar 50% das necessidades na fase ativa da doença –
sempre hiperproteica devido ao processo inflamatório da doença
Krause, 2013: 1,3 a 1,5 g/kg/dia
Lipídios Hipolipídica (< 20% das calorias totais), uma vez que podem piorar
a diarreia (deficiência de sais biliares).
Carboidrato Normoglicídica
Isenta de lactose – níveis de lactase diminuído pela diarreia
Controle de mono e dissacarídeos para evitar soluções
hiperosmolares que possam aumentar a diarreia
Rica em fibras solúveis (atuam na formação de AGCC) e pobre em
fibras insolúveis.
Antifermentativa Evitar alimentos formadores de gases – brócolis, couve-flor, repolho,
nabo, cebola crua, pimentão verde, rabanete, pepino, batata doce,
grãos de leguminosas, frutos do mar, melão, abacate, melancia, ovo
cozido ou frito quando consumido inteiro, semente de oleaginosas,
bebidas gasosas, excesso de açúcar e doces concentrados.
Vitaminas e Minerais Estimula-se a suplementação devido às restrições alimentares
A reposição de zinco e vitamina C tem importância para o sistema
imune, estimulando a proliferação de linfócitos T.
Krause (2010/2013): a suplementação de vitaminas, especialmente
folato, vitamina B6 e B12, minerais e oligoelementos pode ser
necessária. A diarreia pode agravar as perdas de zinco, potássio
e selênio.
Volume Diminuído
Fracionamento Aumentado

EFEITOS DE NUTRIENTES ESPECÍFICOS

NUTRIENTES FUNÇÕES
Glutamina Fonte de energia para células de replicação rápida (enterócitos, linfócitos, fibroblastos),
auxilia na manutenção da barreira mucosa
Cuppari: 30g/dia
Arginina e Ativadores potentes de células polimorfonucleares e células T (melhor resposta-imune)
glutamina
Ácido graxo - RCU: melhoras da inflamação 3-5g/dia – Cuppari e Chemin (2011)
ômega-3 - Cuppari 2014: 3 a 6g/dia

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Fibras solúveis São fermentadas pelas bactérias que produzem AGCC que fornecem 4,4 kcal/g,
importante fonte E no cólon
Chemin (2011) – Menor frequência de evacuações com sangue em pacientes com RCU
em atividade com a utilização de enema de butirato por via retal. Uso de fibra mostrou
ser útil na remissão em RCU

A desnutrição aguda observada durante os surtos de - A melhora do crescimento e


atividade de doença tem como principais desenvolvimento, sem os efeitos colaterais
manifestações clínica  perda de peso, anemia e dos corticoides, faz com que a terapia
hipoalbuminemia. nutricional enteral a melhor escolha para
tratamento de primeira linha em crianças com
Pacientes com DII (especialmente DC) tem risco
DC ativa.
aumentado de fratura óssea consequente da redução
do conteúdo mineral ósseo. Constituem fatores de risco ADULTOS:
para osteoporose nesses pacientes: uso de corticoide,
baixo peso, má absorção de cálcio e vitaminas - Adultos com DC: a taxa de remissão com o
lipossolúveis e o próprio processo inflamatório. uso da NE exclusiva é alta, independente da
fórmula, mas os corticoides são mais efetivos
Crianças e adolescentes apresentam redução na em induzir remissão.
velocidade de crescimento em 15 a 40% dos casos.
- As fórmulas com aminoácidos livres ou
peptídeos não são recomendadas no
tratamento da DC, sendo preferidas as
TERAPIA NUTRICIONAL NAS DIIS
fórmulas poliméricas.
- TNE  utilizada quando os pacientes não conseguem
- O benefício de fórmulas especializadas
atingir suas necessidades VO. (modificações do teor lipídico, inclusão da
- Uso de dietas elementares pode ser mais vantajoso, já glutamina, ácido graxo ômega-3 e TGF-β)
que promove repouso intestinal mais completo e menores não está claro no tratamento da DC.
cargas bacteriana e antigênica proteica  não Sabe-se que o “descanso intestinal” com NPT
conclusivo. não é necessário para atingir a remissão e a
- KRAUSE, 2010: teoria de que o uso de dieta enteral NE é o meio preferido de suporte nutricional
pode auxiliar a indução da remissão da doença – e pode resultar em sucesso de maior indução
demora de 4 a 8 semanas para que os efeitos clínicos da remissão que a NPT. Porém, a NPT pode
sejam observados (Doença de Crohn). Hipóteses em ser necessária para restaurar a nutrição em
relação ao mecanismo de ação: alteração na flora pacientes com obstrução, fístulas, doença
microbiana intestinal, eliminação da ingestão de grave clinicamente de difícil controle e frente
antígenos dietéticos; diminuição da síntese intestinal dos a ressecções GI.
mediadores inflamatórios pela redução da gordura Nos períodos de remissão de doença a dieta
dietética; reposição nutricional global e administração deve ser o mais liberal possível. (Chemin,
de micronutrientes importantes ao intestino doente. 2011)
PROJETO DIRETRIZES:

CRIANÇAS:

- a TNE deve ser indicada para evitar atraso no


crescimento na doença leve a moderada;
- a TNE exclusiva melhora a qualidade de vida em
crianças.

@nutrifuturaR1

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