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Curso de Fitoterapia Aplicada

Capítulo 6. Sistema reprodutor feminino e Sistema endócrino

Índice
Introdução......................................................................................................... 1
Melissa officinalis.............................................................................................. 3
Fucus vesiculosus ............................................................................................ 5
Oenothera biennis ............................................................................................ 7
Borago officinalis .............................................................................................. 8
Lavandula officinalis ....................................................................................... 10
Vitex agnus-castus ......................................................................................... 12
Alterações funcionais benignas da mama ...................................................... 13
Plantas úteis no tratamento da endometriose ................................................ 14
Arctium lappa .............................................................................................. 14
Actaea racemosa............................................................................................ 14
Tanacetum vulgare ......................................................................................... 16
Morus nigra..................................................................................................... 18
Pfaffia glomerata ............................................................................................ 20
Outras plantas úteis no tratamento das afecções do sistema reprodutor
feminino ........................................................................................... 21
Referências .................................................................................................... 21

Introdução
Os fitoterápicos que atuam no sistema reprodutor feminino, em geral,
apresentam fitoesterois, que são moléculas estruturalmente relacionadas aos
hormônios sexuais, ou esteroides sexuais. Uma categoria dessas moléculas são os
fitoestrogênios.
Os fitoestrogênios são substâncias, encontradas em plantas, com atividade
biológica semelhante aos estrogênios. São classificados em:
• Isoflavonas (genisteína, daidzeína). Ex: Soja
• Coumestanos (coumestrol). Ex: Brotos
• Lignanos (enterolactona e enterodiol). Ex: cereais
• Flavonoides Ex: linhaça, azeite de oliva
Os fitoestrogênios são considerados SERMS: moduladores seletivos dos
receptores estrogênicos, agindo como agonistas ou antagonistas, dependendo do
tipo de célula e do tecido em que atuam. Ativam preferencialmente os receptores β
com pouca atuação nos receptores estrogênicos α. Algumas evidências sugerem
ação não estrogênica como: inibição da proliferação celular, efeito antitrombótico,
antioxidante e antiangiogênese (atividade antiestrogênica por inibição competitiva).
A genisteína, por exemplo, tem 1/3 de potência de ação no receptor β (cérebro,
vasos e ossos) e 1/1.000 de potência de ação no receptor α (mama, endométrio),
quando comparada ao estradiol.
As manifestações clínicas da síndrome de tensão pré-menstrual (STPM)
estão provavelmente ligadas à sensibilidade da célula-alvo aos esteroides ovarianos.
Sabe-se que os ácidos graxos poli-insaturados possuem ação moduladora sobre as
estruturas das membranas celulares, participando diretamente da formação das
prostaglandinas e atuando na regulação da síntese e transporte do colesterol e no

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controle da permeabilidade das membranas celulares. Os principais sintomas da


STPM podem resultar de distúrbios de algumas funções orgânicas reguladas pelas
prostaglandinas e acredita-se que determinas alterações em seu metabolismo
possam estar relacionadas com a fisiopatologia da STPM. Os ácidos graxos
poliinsaturados essenciais vêm sendo preconizados por vários autores como opção
terapêutica válida para pacientes portadoras de STPM e parece não produzir
perturbações hormonais ou bioquímicas às pacientes.
Na síndrome dos ovários policísticos (SOP), são especialmente úteis as
plantas cujas folhas caem no inverno. Nestas plantas, no inverno, ocorre
concentração dos princípios ativos nas raízes e, no verão, estes vão para as partes
aéreas, gerando fluxo energético. Exemplos incluem a Curcuma longa, que é uma
planta mais quente, para pessoas mais ativas, ou a Curcuma zedoaria, que é mais
fria, para pessoas mais “apagadas.” A utilização destas plantas para esta patologia é
por mecanismo mais energético, e não químico, devendo ser usadas em DH1 até
DH5.
Em relação à síndrome do climatério, nessas mulheres os hormônios
funcionam como “tamponadores” de seus “conteúdos emocionais.” Enquanto as
mulheres possuem os hormônios atuantes, elas mantém certo equilíbrio e, quando
não os têm mais, elas podem desequilibrar-se de diferentes formas. O que mais
causa pânico no ser humano é se sentir “perdido” e não sentir que tem recursos. É
próprio daqueles que ainda não encontraram seu caminho. Assim, associam-se ao
climatério: depressão, pânico, comportamento antissocial, ou perda do
discernimento. Para quadros com pânico ou culpa, pode-se associar a Lavandula
officinalis, que atua no cérebro de forma mais sutil, auxiliando na busca pelo
equilíbrio da pessoa. De maneira geral, no climatério, quando a mulher não tem
tolerância à dor, aos fogachos, ou quando exageram nos sintomas, é necessário
tratar com abordagem mais energética utilizando diluições (DH5, por exemplo) com
dinamização.
Muitas das informações contidas neste capítulo são extraídas do Manual
prático de multiplicação e colheita de plantas medicinais (Pereira et al., 2010) e do
Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza (Pereira et al., 2014).

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Melissa officinalis

ESPÉCIE: Melissa officinalis L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Faucibarba officinalis (L.) Dulac, Melissa bicornis Klokov,
Mutelia officinalis (L.) Gren. ex Mutel, Thymus melissa (L.) E.H.L. Krause.
FAMÍLIA: Lamiaceae.
NOMES REGIONAIS: Melissa.
HISTÓRICO:
Originária da Europa e Ásia, cresce espontaneamente em áreas montanhosas
e sub-montanhosas, foi muito utilizada pelos Árabes, para ansiedade e depressão. É
largamente cultivada em várias regiões da Europa e no Brasil está bem adaptada.
PARTE UTILIZADA: Folhas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Óleos essenciais (até 0,5%): citral (4%), citronelal (3%), citronelol (6%),
linalol (10%), geraniol (12%), alfa-terpineol, cariofilenol, farnesol,
germacraneno, ocimenos, alfa-copaeno e cânfora;
• Sesquiterpenos;
• Triterpenos: ácido ursólico e oleanólico;
• Ácidos: rosmarínico, cafeico, clorogênico, elágico, ferúlico e succínico;
• Taninos (4 %);
• Flavonoides: luteolol, ramnocitrosídeo, apigenina, quercitrosídeo e
kaempferol;
• Outros: resinas e fitosterois (daucosterol).
TROPISMO: Sistema nervoso e endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Transtornos de ansiedade, herpes
simples e hipertireoidismo.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:

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• Geral: analgésica, antiviral contra herpes simples tipo I e rotavírus AS-11 e


antisséptica.
• Pele e anexos: antiviral (herpes simples) e cicatrizante (uso tópico).
• Boca: em gargarejos combate a halitose e estomatite herpética.
• Sistema circulatório: hipotensora suave e tônica cardiocirculatória.
• Sistema digestório: carminativa, antiespasmódica nas cólicas digestivas
inclusive nos recém-nascidos e eupéptica.
• Sistema nervoso: sedativa, ansiolítica, antidepressiva leve, hipnótica,
analgésica nas nevralgias faciais e dentárias e cefaleias vasculares e
tensionais, melhora zumbidos e vertigens e anticonvulsivante.
• Sistema reprodutor: reguladora menstrual.
• Sistema endócrino: anti-tireoidiana, bloqueando a ligação do TSH ao seu
receptor.
COMENTÁRIOS:
Em um ensaio in vitro, Santini et al estudaram os efeitos de um extrato seco
de M. officinalis sobre a produção de AMPc induzida pela ligação do TSH em seu
receptor. Eles demonstraram que o extrato de melissa inibiu significativamente a
ligação do TSH ao seu receptor, resultando em menor produção de AMPc. Os
autores concluíram que as substâncias presentes no extrato podem apresentar este
efeito por agirem tanto no hormônio quanto no receptor (Santini et al., 2003).
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 2–6 mL, 1–3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia,
em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).
o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017).
o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017).
• Droga vegetal em cápsulas – Uso oral: 250 mg, 1–3 x/dia (Pereira et al.,
2014).
• Gel e creme – Uso tópico: aplicar na área afetada 3–4 x/dia (Pereira et al.,
2014). Podem conter 1–2% de extrato seco ou até 20% de tintura de Melissa
officinalis.
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes. Não utilizar em pacientes com hipotireoidismo.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Pode, em doses elevadas, potencializar a atividade dos medicamentos anti-
tireoidianos, ou inibir a ação dos hormônios tireoidianos sintéticos. A associação de
melissa com Lavandula officinalis (alfazema) e Rosmarinus officinalis (alecrim) é
recomendada para estresse e depressão leve.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Em dose mais elevada do que a recomendada pode provocar hipotireoidismo,
além de diminuir o seu efeito sedativo. A absorção de mais de 2 g do óleo essencial
provoca entorpecimento, bradicardia, hipotensão arterial e depressão respiratória. O
uso em doses mais elevadas pode provocar edema nos membros inferiores,
especialmente tornozelos.

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Fucus vesiculosus

ESPÉCIE: Fucus vesiculosus L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Não encontrada.
FAMÍLIA: Fucaceae.
NOMES REGIONAIS: Fúcus.
HISTÓRICO:
Ocorre fixada nas rochas de todo o litoral do oceano Atlântico e Pacífico,
sendo coletada durante a maré baixa. Existe uma outra espécie, denominada Fucus
digitatus, que possui 8 vezes mais iodo do que a F. vesiculosus. Esta espécie foi
extensivamente usada no século XIX para tratar o bócio endêmico, pois seu alto
conteúdo de iodo era conhecido.
PARTE UTILIZADA: Alga toda.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Minerais (Iodo 0,1-2%, bromo, cloro, potássio, ferro, fósforo)
• Ácido algínico 30%, algina
• Óleo essencial, lípides
• Mucilagens
• Fucoidina 60%
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Hipotireoidismo.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: remineralizante, pelo seu conteúdo de iodo.
• Sistema digestório: laxativa suave.
• Sistema endócrino: estimulante da tireoide.
• Sistema locomotor: anti-inflamatória e analgésica.
• Sistema reprodutor: reguladora menstrual.
• Sistema urinário: diurética suave e anti-inflamatória.

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COMENTÁRIOS:
O iodo é um elemento químico essencial, responsável pela síntese dos
hormônios tireoidianos, a triiodotironina (T4) e a tiroxina (T3). O déficit de iodo
conduz ao hipotireoidismo, que pode resultar no bócio e pode estar ligado com a
baixa ingestão de alimentos fontes de iodo. Além disto, as deficiências de iodo
podem aumentar a susceptibilidade para doenças como o câncer de mama.
No geral, a maior parte da população mundial consome pouco iodo através de
alimentos que contenham naturalmente esse mineral em sua composição. Até o
século passado, era muito comum a ocorrência dos distúrbios de tireoide por conta
da baixa ingestão de iodo na dieta alimentar. Para prevenir o surgimento do bócio
endêmico, muitos países passaram a adicionar iodo no sal de cozinha, na forma de
iodeto de potássio. No Brasil, essa tentativa se deu a partir da década de 50, mas só
depois dos anos 80 conseguiu-se fazer valer a obrigatoriedade da iodação do sal
para a indústria. Portanto, nas últimas décadas, a incidência de bócio na população
reduziu expressivamente.
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 1–2 gotas/kg/dia, em 3 x/dia, diluídas em água.
• Droga vegetal – Uso oral: 20–40 mg/kg/dia, em 3–4 x/dia.
• Extrato seco – Uso oral: 50–300 mg/dia, em 2 x/dia.
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Pode potencializar riscos de hemorragias dos anticoagulantes e aspirina
(controlar o tempo de tromboplastina parcial ativado). Utilizar com muita cautela nos
pacientes que estejam fazendo uso de hormônios tireoidianos, lítio ou amiodarona.
Devido ao seu efeito hipoglicemiante, pode haver uma interação com outros
medicamentos hipoglicemiantes.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não deve ser usada nas pessoas sensíveis ao iodo. Contraindicada no
hipertireoidismo, gravidez, lactação e problemas cardíacos graves. Superdosagem
pode provocar hipertireoidismo, tremores, aumento da frequência cardíaca e da
pressão arterial e erupções acneicas na face (ou agravamento de acnes pré-
existentes). Supostamente nefrotóxica em doses mais elevadas que as habituais,
devendo ser evitada nos pacientes com disfunção renal. Pode agravar situações de
hiperglicemia ou hipoglicemia, sendo usada com cautela nos pacientes diabéticos.
Contraindicada nos casos de neoplasias malignas e hepatopatia grave, assim como
nos casos de infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca importante. Dependendo
da fonte utilizada, a alga pode vir contaminada com cádmio, chumbo ou arsênio.
Não deve ser usada para crianças menores que 12 anos. O seu uso prolongado
pode produzir um quadro de intoxicação chamado de iodismo, devido a uma
hiperatividade da tireoide (hipertireoidismo), caracterizado por um quadro de
ansiedade, insônia, taquicardia e palpitações. Como os fucoidanos têm alta
afinidade de ligação pelo ferro, o uso crônico em doses elevadas pode levar a
anemia ferropriva.

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Oenothera biennis

ESPÉCIE: Oenothera biennis L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Brunyera biennis Bubani, Oenothera chicaginensis de
Vries ex Renner & Cleland, Oenothera grandiflora L'Hér., Oenothera muricata
L., Oenothera renneri H.Scholz, Oenothera rubricaulis Kleb., Oenothera
suaveolens Pers., Onagra biennis (L.) Scop., Onagra muricata (L.) Moench.
FAMÍLIA: Onagraceae.
NOMES REGIONAIS: Prímula, prímula-da-tarde, evening primrose.
HISTÓRICO:
Planta originária da América do Norte, hoje disseminada em todas as áreas
de clima temperado do globo. Na natureza, a prímula-da-tarde age como um
colonizador primário, ou seja, aparece rapidamente em áreas recentemente
desmatadas. Ela germina em solos contaminados, e pode ser encontrada em
diversos habitats diferentes, como dunas, à margem de rodovias ou ferrovias, e em
áreas de despejos. Geralmente são casuais e podem ser superadas por outras
espécies.
PARTE UTILIZADA: Óleo das sementes.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Fitosterois
• Taninos
• Grande quantidade de óleos essenciais
• Fonte mais popular dos ácidos graxos essenciais ômega-6
• Ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs): linoleico (60-80%), gama-linolênico
(10-16%), oleico (10%)
TROPISMO: Sistema reprodutor feminino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Síndrome pré-menstrual, mastalgia e
doença fibrocística da mama.

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AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: fonte de ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs), principalmente
ômega-6.
COMENTÁRIOS:
É uma planta essencialmente feminina. Suas flores se abrem ao anoitecer.
Tem tropismo pela lua cujo magnetismo interfere no equilíbrio hormonal feminino. É
uma planta quente. Caracteristicamente, funciona melhor em pessoas com
extremidades frias.
MODO DE USAR:
• Óleo (cápsulas) – Uso oral: 500 mg, 2 x/dia. Usar por 3 meses e interromper
por 1 mês (WHO, 1999).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode reduzir o limiar convulsivógeno. Pode causar cefaleias e náuseas.

Borago officinalis

ESPÉCIE: Borago officinalis L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Borago advena Gilib., Borago aspera Gilib., Borago
hortensis L.
FAMÍLIA: Boraginaceae.
NOMES REGIONAIS: Borragem, starflower.
HISTÓRICO:

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É nativa do Mediterrâneo, mas encontra-se naturalizada em muitos outros


países. Suas folhas são comestíveis. Suas flores têm um formato característico de
estrela, e podem ser azuis ou brancas e, mais raramente, rosadas. Atualmente é
mais cultivada para a produção do óleo das sementes. As sementes são a maior
fonte vegetal de ácido gama-linolênico (GLA).
A planta é rica em mucilagem e nitrato de potássio, tendo propriedades
emolientes, sudoríferas e diuréticas, úteis no tratamento de sintomas relacionados
com gripe, bronquite e afecções das vias urinárias. É também utilizada em
medicamentos indicados para alívio da tensão pré-menstrual e em anti-inflamatórios
para patologias relacionadas com inflamações e tumores.
PARTE UTILIZADA: Óleo das sementes.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Grande quantidade de ácidos graxos (26-38%)
• Ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs): linoleico (35-38%), gama-linolênico
(17-28%), oleico (16-20%), palmítico (10-11%), entre outros.
TROPISMO: Sistema reprodutor feminino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Síndrome pré-menstrual.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: fonte de ácidos graxos poli-insaturados.
• Sistema reprodutor: alivia a síndrome pré-menstrual.
COMENTÁRIOS:
Watanabe et al estudaram os efeitos da ingestão de um óleo vegetal rico em
ácido gama-linolênico (GLA) sobre os sintomas da síndrome pré-menstrual (SPM)
em 28 mulheres em idade reprodutiva, comparado com placebo. Os autores
demonstraram que os níveis plasmáticos GLA eram significativamente mais baixos
em mulheres com SPM do que em mulheres sem a condição. Após a administração
do tratamento, os níveis plasmáticos de GLA foram significativamente maiores no
grupo de mulheres que recebeu o óleo rico em GLA do que nas que receberam
placebo. As mulheres tratadas apresentaram melhora significativa na duração e na
gravidade dos sintomas da SPM como um todo, assim como na irritabilidade. Os
autores concluíram que o GLA pode ser eficaz no tratamento dos sintomas da SPM
(Watanabe et al., 2005).
Esta é uma planta quente, porém não tanto quanto a O. biennis (prímula-da-
tarde). Em geral, funciona bem para pessoas que precisam da luz do sol, do dia, e
que se sentem mal quando o dia está nublado.
MODO DE USAR:
• Óleo (em cápsulas) – Uso oral: 900 mg/dia, 15 dias antes da menstruação
(informação em bula).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
O consumo do óleo é considerado seguro, porém as folhas, flores e o próprio
óleo de borragem contêm compostos potencialmente tóxicos - alcaloides
pirrolizidínicos - que podem causar danos ao fígado. Acredita-se que o uso
prolongado em altas quantidades de plantas com esses alcaloides pode estar
relacionado a alguns tipos de câncer, principalmente hepático.

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Lavandula officinalis

ESPÉCIE: Lavandula officinalis Chaix


SINONÍMIA BOTÂNICA: Lavandula angustifolia Mill.
FAMÍLIA: Lamiaceae.
NOMES REGIONAIS: Lavanda, alfazema.
HISTÓRICO:
Muito comum na Europa, especialmente na França. O famoso jardim de
Provença é todo forrado por alfazemas, que florescem em julho. O nome vem do
latim lavare, que significa lavar. Esta planta foi utilizada secularmente para lavar a
cabeça de pacientes psiquiátricos, na forma de banhos, como aromatizante, e no
preparo de sachês para perfumar roupas. Os romanos e gregos atribuíam à
fragrância de alfazema a capacidade de promover na alma um estado de
tranquilidade.
PARTE UTILIZADA: Folhas e sumidades floridas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Óleos essenciais (0,5 a 1%): alcanfor, cineol, beta-ocimeno, linalol, geraniol,
terpineol, furfurol, pinenos, limoneno, cariofileno, acetato de linalaoil e acetato
de linalilo, ocimeno e farneseno;
• Sesquiterpenos;
• Taninos;
• Ácidos rosmarínico, caproico e ursólico;
• Fitosterois: betasitosterol;
• Flavonoides: luteolol;
• Cumarinas: herniarina;
• Outros: princípios amargos, saponina ácida e resina

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TROPISMO: Sistemas nervoso e reprodutor feminino.


PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Cefaleias e alterações do ciclo
menstrual.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: antisséptica, antifúngica, analgésica e anti-inflamatória.
• Pele e anexos: anti-inflamatória e cicatrizante.
• Sistema circulatório: tônica da circulação periférica, hipotensora leve e
bradicardizante.
• Sistema digestório: antiespasmódica, carminativa, estomáquica, colerética,
colagoga e vermífuga.
• Sistema nervoso: analgésica, antivertiginosa, sedativa suave,
anticonvulsivante, hipnótica suave, adaptógena e antidepressiva leve.
• Sistema locomotor: analgésica.
• Sistema reprodutor: reguladora menstrual, antisséptica, alivia sintomas do
climatério e da tensão pré-menstrual.
• Sistema respiratório: broncodilatadora.
• Sistema urinário: anti-infamatória e diurética discreta.
COMENTÁRIOS:
É uma planta depressora da energia do sistema nervoso simpático, tranquiliza
e induz o sono, mas também reorganiza e equilibra o SNC. Na Medicina
antroposófica, atua sobre o Eu (ação tônica) mas sempre contendo o corpo astral. A
Lavandula é planta extremamente equilibrada: quente / frio, yin / yang. Para pessoas
muito desequilibradas ela traz equilíbrio.
É particularmente útil nas enxaquecas e quadros de irritabilidade com
componente hormonal: adolescentes peri-menarca, enxaquecas que pioram na
TPM, climatério, e estados de desequilíbrio emocional.
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 2–4 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2018; EMA, 2012); ou 1–3
gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Infusão – Uso oral: 1 a 2 g em 150 mL, 3 x/dia (EMA, 2012); ou 0,5 g em 150
mL, 2–3 X/dia (Pereira et al., 2017).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Pode potencializar o efeito dos benzodiazepínicos. Alguns fitoquímicos da
planta são incompatíveis com sais de ferro e iodo. Pode ser associada a Rosmarinus
officinalis (alecrim) ou Hypericum perforatum, nos casos de depressão, e a
Hellianthus annus (girassol – sementes) ou Lippia alba, nos casos de enxaqueca.
Nos casos de leucorreia, associar alfazema com quitoco (Pluchea quitoc), e banho
vaginal com Jequitibá (Cariniana brasiliensis).
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode irritar a mucosa gástrica (linalol) nas gastrites e úlceras gastroduodenais
e causar náuseas e vômitos. Usar com cuidado em pacientes com colites e
hepatopatias mais graves. Não usar em crianças menores que 6 anos de idade,
exceto em diluições decimais, por favorecer alterações neurológicas pré-existentes.
Em dose mais elevada do que a recomendada pode causar sonolência, cefaleia,
constipação, dermatite de contato, confusão mental e hematúria.

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Vitex agnus-castus

ESPÉCIE: Vitex agnus-castus L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Não encontrada.
FAMÍLIA: Lamiaceae.
NOMES REGIONAIS: Vítex.
HISTÓRICO:
É um arbusto nativo do Mediterrâneo e da Ásia Central, conhecido desde a
antiguidade, havendo referências a ele nos registros de Hipócrates. Sempre foi
considerado um calmante da libido, sendo também conhecido como árvore da
castidade (ou chaste tree).
PARTE UTILIZADA: Folhas e flores.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Glicosídeos iridoides
• Flavonoides: casticina, kempferol
• Óleos essenciais: cineol, alfa-pineno, beta-pineno, camphor, cimol, sabineno.
• Ácidos graxos.
TROPISMO: Sistema reprodutor feminino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Alterações funcionais da liberação de
prolactina, irregularidade menstrual e dismenorreia.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: antifúngica, antisséptica, simpaticolítica e antiespasmódica.
• Pele e anexos: anti-acneica e cicatrizante.
• Sistema digestório: antiespasmódica.
• Sistema nervoso: tônica, hipnótica e ansiolítica.
• Sistema reprodutor: reguladora menstrual, analgésica na mastalgia,
redutora de hiperprolactinemia, alivia sintomas da tensão pré-menstrual,
coadjuvante no tratamento da endometriose e sintomas funcionais da
menopausa e antisséptica tópica.
COMENTÁRIOS:
Acredita-se que esta planta atue no eixo hipotálamo-hipófise-ovário,
aumentando a produção de LH, e atuando na relação estrogênio/progesterona

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(aumentando a progesterona). Atua também na diminuição da produção de


prolactina, provavelmente por interação com receptores dopaminérgicos, agindo de
maneira benéfica nas alterações funcionais benignas da mama (AFBM),
principalmente nas mulheres que apresentam mastalgia e cistos mamários.
Schellenberg et al, em um estudo multicêntrico envolvendo 162 mulheres com
síndrome pré-menstrual, investigaram os efeitos de três diferentes doses (8, 20 e 30
mg) de um extrato padronizado de Vitex agnus-castus (Ze 400), comparando com
placebo. Os tratamentos foram bem tolerados. Houve melhora da sintomatologia em
geral com a dose de 20 mg, com efeito superior ao placebo e às outras doses,
inclusive de 30 mg. Os autores concluíram que o extrato Ze 440 foi eficaz no alívio
dos sintomas da síndrome pré-menstrual na dose de 20 mg (Schellenberg et al.,
2012).
Características da personalidade: planta relacionada à solidão. Pessoas que
se desequilibram pela solidão por saudades de alguém que se mudou, marido que
faleceu, ou filho que se casou. Desejo de alguém vir para si a ponto de secretar leite.
A energia sexual está desorganizada porque busca o outro (até de maneira
sexualmente desregrada). Para pessoas com comprometimento genésico, sem
parceiro atual. Como esta planta regulariza o fluxo da energia sexual ela aumenta a
fertilidade.
MODO DE USAR:
• Tintura das folhas – Uso oral: 2 mL, 1 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3
gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Infusão – Uso oral: 0,5 g das folhas e flores em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et
al., 2017).
• Extrato seco do fruto (7-13:1, etanol 60%) – Uso oral: 4 mg, 1 x/dia
(BRASIL, 2018).
• Extrato seco do fruto (10-18,5:1, etanol 50-52%) – Uso oral: 2–3 mg, 1 x/dia
(BRASIL, 2018).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes. Evitar em pacientes com hiperprogesteronemia.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Esta planta apresenta interação com antagonistas dos receptores de
dopamina e com terapias hormonais (ACO, TRH).
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode causar prurido, náuseas e vômitos. Em homens, pode diminuir a
potência sexual ou a libido. Aumenta a fertilidade feminina.

Alterações funcionais benignas da mama


Algumas plantas são muito úteis no tratamento das alterações benignas da
mama. São elas:
• Mastalgia
o Vitex agnus-castus (vítex)
o Óleo de prímula (Oenothera biennis): 1 g, 3 x/dia – 77% melhora
em mastalgias cíclicas e 44% nas acíclicas;
o Borago officinalis (borragem): 900 mg/dia
• Cistos mamários
o Vitex agnus-castus (vítex): 500 mg, 2 x/dia
o Óleo de linhaça (Linum usitatissimum): 1–2 g/dia

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Farmácia da Natureza

o Óleo de prímula (Oenothera biennis): 1–2 g/dia

Plantas úteis no tratamento da endometriose


Arctium lappa
A Arctium lappa (bardana) será melhor apresentada no capítulo sobre o
sistema tegumentar. É uma planta extremamente feminina. Atua na dor da
endometriose (tira a dor da “alma” feminina em geral). É rica em saponinas com
ação drenadora.
MODO DE USAR:
• Decocção das raízes – Uso oral: 2,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL,
2011); ou 1,0 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017).
• Infusão das folhas – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al.,
2017).
• Tintura – Uso oral: 8–12 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em
2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

Actaea racemosa

ESPÉCIE: Actaea racemosa L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Actaea gyrostachya Wender., Actaea monogyna Walter,
Actaea orthostachya Wender., Botrophis actaeoides Raf. ex Fisch. &
C.A.Mey., Botrophis pumila Raf., Botrophis serpentaria Raf., Cimicifuga
americana Muhl., Cimicifuga racemosa (L.) Nutt., Cimicifuga serpentaria var.
orthostachya Wender., Thalictrodes racemosa (L.) Kuntze.
FAMÍLIA: Ranunculaceae.
NOMES REGIONAIS: cimicífuga, black cohosh.
HISTÓRICO:

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Farmácia da Natureza

Planta originária da América do Norte, tendo sido muito usada como


medicamento pelos nativos americanos para o tratamento de doenças ginecológicas
e outras, como infecções de garganta, doenças dos rins e depressão. Esta planta
consta na primeira Farmacopeia Americana, de 1830. Médicos no século XIX
usavam esta planta no tratamento de endometriose, amenorreia, dismenorreia,
menorragia, esterilidade, dores pós-natais e para aumentar a produção de leite
materno. Atualmente é muito comercializada no mundo como suplemento para alívio
dos sintomas da síndrome pré-menstrual e da menopausa.
PARTE UTILIZADA: Raízes.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Alcaloides
• Taninos
• Terpenoides
• Ácidos orgânicos
• Racemosina
• Cimicifugina (15–20%)
• Acteína
• Fitosterois
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Síndrome pré-menstrual e climatério.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: anti-inflamatória.
• Sistema endócrino: fitoestrogênica suave.
COMENTÁRIOS:
A cimicífuga é uma planta de sombra, e representa o final de um ciclo: fim de
um relacionamento, morte de um parente, mudança de profissão, mudança de
situação (saúde para doença), fim do ciclo reprodutivo (climatério).
A maioria das revisões de literatura sobre esta planta não levou em
consideração diferenças na qualidade dos extratos nem nas indicações, o que levou
a resultados inconsistentes. Entretanto, Beer et al conduziram uma revisão mais
cuidadosa, demonstrando que os extratos desta planta são seguros e eficazes para
o tratamento dos sintomas do climatério (Beer e Neff, 2013; Shams et al., 2010).
MODO DE USAR:
• Extrato etanólico seco – Uso oral: 6 mg/dia ou 3 mg, 2 x/dia (BRASIL, 2016,
2018).
• Droga vegetal – Uso oral: desde 40–200 mg/dia, até 1–2 g, 3 x/dia (BRASIL,
2016; Ulbricht e Windsor, 2015).
• Tintura – Uso oral: 0,4–2 mL/dia (BRASIL, 2016).
• Decocção – Uso oral: 1–2 g em 150 mL, 3 x/dia (BRASIL, 2016).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Pode aumentar a hepatotoxicidade de algumas drogas como atorvastatina,
cisplatina, paracetamol, amiodarona, carbamazepina, isoniazida, metotrexate,
metildopa, fluconazol, eritromicina, fenitoína, etc. Pode reduzir a metabolização de
drogas que são metabolizadas pelo citocromo P450.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode causar náuseas e vômitos, tonturas, sudorese e bradicardia.

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Farmácia da Natureza

Tanacetum vulgare

ESPÉCIE: Tabacetum vulgare L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Chrysanthemum tanacetum Vis., Chrysanthemum vulgare
(L.) Bernh, Chrysanthemum vulgare var. boreale (Fisch. ex DC.) Makino ex
Makino & Nemoto, Pyrethrum vulgare (L.) Boiss, Tanacetum boreale Fisch. ex
DC, Tanacetum crispum Steud, Tanacetum umbellatum Gilib, Tanacetum
vulgare var. boreale (Fisch. ex DC.) Trautv. & C.A. Mey.
FAMÍLIA: Asteraceae.
NOMES REGIONAIS: Catinga-de-mulata.
HISTÓRICO:
O T. vulgare é nativo da Eurásia, sendo encontrado em todas as partes da
Europe, tendo sido usada como medicamento pelos gregos, para o tratamento de
verminoses, reumatismos, problemas digestivos, febre e caxumba. Como uma planta
feminina, já foi usado tanto para aumentar a fertilidade quanto como abortivo. Está
incluído na Farmacopeia dos Estados Unidos da América para o tratamento de
febre, resfriados e icterícia.
PARTE UTILIZADA: Folhas e flores.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Óleos essenciais (0,1-0,6%): Ex: ß-tuiona.
• Lactonas sesquiterpênicas: Ex: tanacetina
• Flavonoides: Ex: tanetina
• Compostos poliacetilênicos
• Esteroides: ß-sistosterol, campesterol, estigmasterol e taraxasterol.
TROPISMO: Sistema endócrino.

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Farmácia da Natureza

PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Afecções ginecológicas em geral,


climatério, eczemas e herpes simples.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: anti-inflamatória, antiviral, tônica e antiespasmódica.
• Sistema circulatório: analgésica nas varizes e hipolipemiante.
• Sistema digestório: eupéptica, vermífuga e carminativa.
• Sistema endócrino: hipoglicemiante.
• Sistema osteoarticular: analgésica e anti-inflamatória.
• Sistema reprodutor: reguladora hormonal e emenagoga.
COMENTÁRIOS:
Recentemente, esta planta tem sido estudada também devido às suas
propriedades antivirais, sobretudo contra o herpes simples (Alvarez et al., 2011).
As mulheres que se beneficiam com esta planta são cumpridoras do dever,
responsáveis, porém distantes de si mesmas. Resolvidas, mas sem sustentação;
aparentemente tudo está certo. Não dão problemas para o outro nem para a
sociedade mas não se encontraram ainda.
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 1–2 gotas/kg/dia, em 3 x/dia, diluídas em água (Pereira et
al., 2014).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes. A presença de lactonas sesquiterpênicas pode causar
alergia em pacientes sensíveis a estes compostos.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Esta planta deve ser associada com quitoco (Pluchea quitoc) nas seguintes
patologias: infertilidade, mioma, cistos nos ovários, irregularidade menstrual.
Associar com guduchi (Tinospora cordifolia) nos cistos e tumores ginecológicos.
Associar com cimicifuga (Cimicifuga racemosa) e sassafrás (Sassafras officinalis)
em diluição D1 nos quadros de menopausa. Associar com Hamamellis virginiana e
mil em rama (Achillea millefolium) nas hemorragias uterinas. Associar com óleo de
prímula (Oenothera biennis) nas displasias mamárias.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
É sabido que a catinga de mulata interfere com o sabor do leite, podendo
causar rejeição no lactente. Pode provocar dermatite de contato, provavelmente pela
ação das lactonas sesquiterpênicas e compostos poliacetilênicos. Em doses
elevadas pode provocar alterações da personalidade, e o uso crônico pode provocar
lesões renais. Possui elementos tóxicos como o ácido tanásico e a tanacetona.

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Farmácia da Natureza

Morus nigra

ESPÉCIE: Morus nigra L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Não há.
FAMÍLIA: Moraceae.
NOMES REGIONAIS: Amoreira.
HISTÓRICO:
É de origem asiática. Na mitologia grega, a árvore de amora foi dedicada à
deusa Minerva. A amoreira era considerada a mais sábia de todas as árvores, vez
que esperava passar todo o período de frio para brotar suas folhas. O nome amora
provém do nome latim morari, que significa demorar. A Morus spp faz parte da
Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS),
constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia
produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil.
PARTE UTILIZADA: Folhas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Compostos fenólicos (flavonoides isoprenilados, estilbenos, 2-
arilbenzopiranos, cumarinas, cromonas, xantonas)
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Climatério.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Sistema reprodutor: fitoestrogênica suave.
COMENTÁRIOS:
Em geral, a sintomatologia da menopausa é decorrente do hipoestrogenismo,
e para reverter este quadro, é feita a terapia de reposição hormonal com substâncias
de ação estrogênica.
Franzotti (2006), relata em seu trabalho, que os extratos aquoso e hexânico
das folhas de Morus nigra foram investigados com o objetivo de encontrar algum
composto que possivelmente poderia exercer alguma ação sobre os receptores de
estrogênio alfa e beta. Neste estudo, em condições experimentais, não foi
comprovada a existência de nenhum composto químico com ação estrogênica
nesses extratos para justificar o seu uso com opção para reposição hormonal. Este
resultado, porém, não prova que o uso desta planta não seja eficiente para amenizar
os fogachos, pois ainda não foi descrito cientificamente de forma clara como ocorre
este distúrbio. Sabe-se que está envolvido com a queda dos níveis de estrogênio,

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Farmácia da Natureza

mas podem haver outros mecanismos envolvidos, como as disfunções no centro


termorregulatório do hipotálamo e os aumentos de FSH e LH, decorrentes do
feedback negativo por causa do hipoestrogenismo. Por outro lado, se for realmente
comprovado que a amoreira-negra alivia os fogachos, a ausência de efeito
estrogênico, seria ideal para o tratamento daquelas pacientes que têm histórico de
câncer de mama e endométrio, as quais não podem utilizar medicamentos à base de
hormônios (Franzotti, 2006; Suassuna, 2011).
Um outro trabalho induziu o hipoestrogenismo em ratas através da
ooforectomia (remoção dos ovários, gerando um hipoestrogenismo), e após 21 dias,
observou os efeito da administração oral diária de um extrato hidroalcoólico das
folhas de Morus nigra durante 18 semanas, com doses pré-determinadas nesses
animais (Castro, 2010). A preparação originou uma maturação do epitélio vaginal e
efeito uterotrófico discreto, além de aumentar a concentração sérica de estradiol nas
ratas ooforectomizadas. Porém, não ficou claro se as alterações observadas
ocorreram por interação direta de alguma substância encontrada no extrato com os
receptores de estrogênio, ou por estímulo da produção de estrogênios endógenos
adrenais. Isto reforça a ideia de que o extrato de Morus nigra L., pode ter eficácia
contra os sintomas da menopausa, porém por outro mecanismo que não seja a
atividade estrogênica direta.
Recentemente, estudos por cromatografia gasosa do extrato de Morus nigra,
mostram que seus componentes têm sido comparados com a isoflavona, onde
apresentaram picos semelhantes. Já em seu trabalho, Bolzan et at concluíram, por
meio de uma análise cromatográfica, que o extrato metanólico das folhas de Morus
nigra apresenta características semelhantes ao 17 β-estradiol (Bolzan, 2008).
Segundo Vanoni et al, a amoreira-negra pode conter estrona em suas folhas,
hormônio esse que apresenta 40% da atividade do estradiol (ambos são hormônios
estrogênicos), ou outro componente que estimularia a produção endógena desse
hormônio (Vanoni, 2006).
É a planta preferida do bicho da seda, que é um dos insetos que mais se
reproduz, e se alimenta da folha pela fertilidade. A amoreira é frondosa, abarca,
acolhe, envolve com seus galhos. Atrai os insetos, oferece a sombra, a proteção, o
alimento, que é próprio do amor. A amoreira é isso. Ela é básica, mostrando a
humildade do amor. Geralmente não funciona para quem não foi mãe ou não
desenvolveu a maternidade.
MODO DE USAR:
• Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017).
• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia (Pereira et al., 2014).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pela alta concentração de taninos, o uso exagerado pode irritar as mucosas
gástrica e duodenal.

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Farmácia da Natureza

Pfaffia glomerata

ESPÉCIE: Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen


SINONÍMIA BOTÂNICA: Alternanthera glauca Griseb, Gomphrena dunaliana Moq,
Gomphrena glauca (Mart.) Moq, Gomphrena luzulaeflora (Mart.) Moq,
Gomphrena stenophylla Spreng, Iresine glomerata Spreng, Iresine luzuliflora
Griseb, Mogiphanes dunaliana (Moq.) Gris., Mogiphanes glauca (Mart.) Gris,
Pfaffia divergens Stutzer, Pfaffia dunaliana (Moq.) Schinz, Pfaffia glabrescens
Suess, Pfaffia glauca (Mart.) Spreng, Pfaffia iresinoides var. angustifolia
Stutzer, Pfaffia luzulaeflora D. Dietr, Pfaffia steinophylla (Spreng.) Stuchlik,
Sertuernera glauca Mart, Sertuernera luzulaeflora Mart.
FAMÍLIA: Amaranthaceae.
NOMES REGIONAIS: Fáfia ou ginseng-brasileiro.
HISTÓRICO:
Na medicina popular é prescrita em chás como um tônico estimulante, dando
uma nova vitalidade ao organismo. Também é conhecido como "paratudo" e "suma".
Por algumas de suas características bioquímicas (os ginsenosídeos) tem sido
comparado ao ginseng coreano (Panax ginseng).
Uma das notáveis e aparentes semelhanças entre a Pfaffia e as espécies
conhecidas do gênero Panax spp são o formato das raízes que, na planta Ginseng
ou Jen Sheng, a raiz celestial, cujo nome significa literalmente erva-humana, tem
forma semelhante à de uma figura humana, o que às vezes também ocorre na
Pfaffia. É nas raízes, contudo que concentram-se minerais, oligoelementos e os
componente bioativos de ambos os gêneros.
PARTE UTILIZADA: Raízes.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Triterpenoide: ácido glomérico;
• Nortriterpenoide: ácido pfamérico;
• Rubrosterona, ácido oleanólico e ß-glicopiranosil oleanolato;
• Saponinas triterpênicas, fitoecdisteroide beta-ecdisona e alantoína.
TROPISMO: Sistemas endócrino e nervoso.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Estados de convalescença e
estresse.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: adaptógena, antianêmica, cicatrizante, regeneradora celular e
desintoxicante.
• Boca: antisséptica.

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Farmácia da Natureza

• Pele e anexos: cicatrizante.


• Sistema imunológico: imunomoduladora.
• Sistema endócrino: aumenta a produção de estrogênio e hipoglicemiante.
• Sistema nervoso: tônica, adaptógena, alivia as labirintoses e relaxante
muscular.
COMENTÁRIOS:
Age como tônico geral do organismo, reduzindo a fadiga física e mental,
tendo sua ação facilitada pela ação das saponinas (diminuidoras da tensão
superficial). Atividade estimulante sexual. Favorece a produção de estrogênio, sendo
um anabolizante natural. Melhora a resistência muscular e melhora a fertilidade
masculina e feminina. Drenadora de conteúdos emocionais ligados a traumas
sexuais.
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 2 ou 3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Droga vegetal – Uso oral: 1 cápsula (300 mg), 2 x/dia (Pereira et al., 2014).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não indicar para pacientes que estiverem fazendo uso de medicamentos
indutores de sono.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode causar insônia, principalmente se usada à noite. Pode levar a aumento
da pressão arterial.

Outras plantas úteis no tratamento das afecções do sistema


reprodutor feminino
• Trifolium pratense L. (trevo vermelho)
o Planta do hemisfério norte, não cresce no Brasil. Sua principal
indicação é a menopausa. Para pessoas não adaptadas no
Brasil (com características europeias, por exemplo). Posologia; 1
cápsula, 1 a 2 x/dia.

Referências
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cimicifuga racemosa’s efficacy and safety for climacteric complaints.
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