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Ano/Semestre 2020.

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Faculdades Integradas Maria Thereza FAMATh
Nota
Prova
Disciplina: Psic. e Políticas Públicas de Saúde
Turno: Noite Turma: 112N
VA1
Data Professor: LUIS EDUARDO RIBEIRO FERREIRA
Nomes: -
26/05/2020 - Bernardo Baima Lamoglia
- Karolina de Mello Ferreira Pompeo
- Rafael de Amorim Siqueira

Obs.: O trabalho deve ser realizado em grupo de no máximo 4 alunos. O texto autoral deve apresentar
coerência argumentativa com introdução desenvolvimento e conclusão, bem como, apresentar linguagem culta.
A questão abaixo tem o peso de 10 pontos

Desenvolva um texto articulando os conceitos norteadores da Atenção Primária em Saúde com os princípios do
SUS, enfatizando os desafios para a sua consolidação.

A atenção primária ou básica faz parte da engrenagem dos sistemas de saúde do país, ou
seja, é o atendimento inicial que não está focado apenas na cura, e sim, nos cuidados sutis e
básicos como: a prevenção de doenças, vacinas, conscientização dos usuários perante possíveis
agravamentos de doenças, atendimento aos moradores de rua, clínica da família, e muitos outros
cuidados. Diversos programas são realizados com o objetivo de oferecer integralmente uma
melhor qualidade de vida da população local, contudo, para que isso impacte de forma
abrangente e eficaz o maior número de pessoas, uma série de ações é disponibilizada para cada
indivíduo, sendo eles o diagnóstico, tratamento, reabilitação, conscientização, e talvez o mais
importante, a prevenção de agravos. Toda essa reestruturação no sistema público de saúde
proporciona de forma integral os cuidados às pessoas mais pobres e esquecidas de forma
aparente pelo Estado.
São conceitos norteadores da atenção primária à saúde: i. territorialidade, que agasalha o
entendimento de que o território não é um simples recorte geopolítico, mas um espaço de
construção de modos de existência; ii. intersetorialidade, a qual assevera que para impactar os
determinantes da saúde, o sistema deve trabalhar com setores e atores diferentes; iii.
abrangência/integralidade, segundo a qual os serviços disponíveis devem ser suficientes em
quantidade e qualidade para atender às necessidades da população; iv. multidisciplinaridade, sob
a compreensão de que todo saber médico tem limites para promover a saúde; v. coordenação, que
implica a abordagem integrada e coordenada de todos os níveis do sistema de saúde; vi.
continuidade, que pressupõe a existência de uma fonte de atenção que não sofra solução de
continuidade; vii. porta de entrada, que preconiza que a atenção primária deve ser a porta de
entrada para todos os novos problemas de saúde, alcançando-se o percentual de 80% de
resolução de problemas no nível primário de atenção.
Quando relacionamos os conceitos norteadores da atenção primária à saúde com os
princípios do SUS (Sistema Único de Saúde), verificamos que em ambos estão presentes 3
principios doutrinarios, a saber: universalização, equidade e integralidade. Segundo o
fundamento da universalização, a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas, cabendo
ao Estado assegurar este direito, que deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente
de sexo, raça, ocupação ou quaisquer outras características sociais ou pessoais. Conforme o
fundamento da equidade, que significa em última análise tratar desigualmente os desiguais, pois
as pessoas são distintas entre si, os recursos em saúde devem ser investidos onde a carência é
maior. Por fim, consoante o fundamento da integralidade as pessoas devem ser atendidas em
todas as suas necessidades. Para tanto, faz-se mister a integração de ações, que inclui promoção
de saúde, prevenção de doenças e a respectiva reabilitação. Há também os principios
organizacionais que são: descentralização, participação social, regionalização e hierarquização.
Segundo o fundamento da descentralização, implica em transferir poder e recursos para mais
próximo de onde estão as pessoas que necessitam de atenção à saúde. Redistribui as
responsabilidades às ações e aos serviços de saúde e permite maior participação social na
definição de prioridades para a saúde, aproximando população dos gestores responsáveis, além
de possibilitar a adequação/mudança da forma que se organiza a assistência à saúde e a
fiscalização mais próxima e melhor aplicabilidade dos recursos destinados a saúde.
A Participação social, é um instrumento de controle que possibilita a população através de
seus representantes definir, acompanhar a execução e fiscalizar as políticas de saúde. Como por
exemplo : conferências, conselhos e comissões locais de saúde. Já a Regionalização tem como
base a distribuição dos serviços em uma determinada região, levando-se em conta a oferta de
serviços e a população a ser atendida. Fundamento que evita a duplicidade de ações e desperdício
de recursos e possibilita oferecer as ações de saúde mais próximas de onde as pessoas moram
além de permitir o oferecimento de outras ações de saúde. Por fim temos como fundamento a
hierarquização que organiza os níveis de atenção na saúde numa cadeia de complexidade.
Primário, Secundário e Terciário
Inegavelmente, as maiores conquistas do SUS foram quanto ao direito legal de acesso
universal e igualitário às ações e serviços de saúde em todos os níveis de complexidade, bem
como o estabelecimento da Atenção Primária como porta de entrada à Saúde no Brasil. No
entanto, existem muitos desafios a serem vencidos para que tais conquistas sejam usufruídas de
forma plena.
Há o desafio do financiamento, pois os gastos públicos com saúde no Brasil são cada vez
menores. Há o desafio das desigualdades regionais, considerando que o Brasil tem dimensões
continentais, que refletem as diferenças nas condições de vida e também no acesso aos serviços
de saúde. Há o desafio da cobertura, qualidade e gestão dos serviços de saúde, considerando que
a estratégia da atenção primária em saúde, que começou a ser implantada em meados da década
de 1990, ainda possui um percentual baixo de implantação. Há o desafio dos determinantes da
situação de saúde, pois apesar de melhorias ocorridas nas décadas recentes, o Brasil ainda
apresenta um quadro desfavorável em relação a vários determinantes sociais que têm influência
sobre a situação de saúde.
Concluindo, faz-se necessária a elaboração de uma agenda para o enfrentamento dos
desafios acima delineados, que exigirá a busca de soluções técnicas e gerenciais apropriadas,
com a renovação do compromisso com uma política social universalista para a saúde, capaz de
responder à realidade calamitosa em saúde que vive atualmente o País, mormente quando
pensamos na pandemia do coronavírus.

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