A propriedade rural de Rômulo de 50 mil hectares preenche todos os requisitos da função social, portanto não é passível de desapropriação para reforma agrária. A desapropriação por interesse social visa promover a justiça social e o desenvolvimento econômico através da extinção gradual de minifúndios e latifúndios improdutivos.
A propriedade rural de Rômulo de 50 mil hectares preenche todos os requisitos da função social, portanto não é passível de desapropriação para reforma agrária. A desapropriação por interesse social visa promover a justiça social e o desenvolvimento econômico através da extinção gradual de minifúndios e latifúndios improdutivos.
A propriedade rural de Rômulo de 50 mil hectares preenche todos os requisitos da função social, portanto não é passível de desapropriação para reforma agrária. A desapropriação por interesse social visa promover a justiça social e o desenvolvimento econômico através da extinção gradual de minifúndios e latifúndios improdutivos.
A propriedade rural que não cumprir sua função social é passível de
desapropriação para fins de reforma agrária (CASSETTARI, 2015). Destaca-se, entretanto, que, consoante art. 185 da Constituição Federal e art. 4º da Lei 8.629 da Constituição Federal, é insuscetível de desapropriação o imóvel rural classificado como pequeno, entre 1 e 4 módulos fiscais, e médio, entre 4 e 15 módulos fiscais (MARQUES, 2015). Assim, para que seja juridicamente possível uma ação de desapropriação para fins de reforma agrária da propriedade de Rômulo deve-se avaliar se ela é suscetível à desapropriação pelo seu tamanho e se houve o descumprimento de algum dos requisitos da função social da propriedade. Encontra-se no texto a informação de que a propriedade rural de Rômulo compreende 50 mil hectares. O art 186 da Constituição Federal e o art. 9º da Lei 8.629/93 dispõe que a função social é cumprida quando a propriedade atende, simultaneamente: aproveitamento racional e adequado; utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; observância das disposições que regulam as relações de trabalho; exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores (MARQUES, 2015). O aproveitamento racional e adequado corresponde, segundo Marques (2015) à produtividade, avaliada pelo grau de utilização e de eficiência na exploração, fixado, respectivamente, em 80% e 100%. Dessa forma, à medida que Rômulo foi premiado como produtor rural em razão da alta produtividade e da boa relação/lucros no mercado internacional de commodities, o requisito se encontra preenchido. Acerca da utilização dos recursos naturais assevera Cassetari (2015) que será adequada quando a exploração respeita a vocação natural da terra. A preservação do meio ambiente se dá, por sua vez, pela manutenção das características próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, nos termos do art. 9º, §3º da Lei 8.629/93 (BRASIL, 1993). Em virtude da propriedade ser cortada por uma reserva legal e dois rios, preenche-se os requisitos. No que diz respeito à observância das disposições que regulam as relações de trabalho, isto é, na obediência às leis trabalhistas referentes aos contratos de trabalho e disposições sobre contratos de arrendamento e parceria rurais (MARQUES, 2015), a menção à empregabilidade e não disposição sobre violações às leis do trabalho importa na subsunção ao requisito. O requisito da exploração que favorece o bem-estar de proprietários e de quem trabalha se refere, de acordo com Cassettari (2015), à propriedade que com sua produtividade atende as necessidades básicas dos que trabalham com a terra. Dessa forma, pela premiação por alta produtividade recebida por Rômulo, entende- se cumprido o requisito. Pelo exposto, percebe-se que a propriedade rural de Rômulo pode ser inserida na categoria de grande propriedade, todavia, cumpre cumulativamente todos os requisitos da função social, não sendo a desapropriação aplicável. Dessarte, já alerta Marques (2015) que não basta ser a propriedade um minifúndio e latifúndio para a desapropriação para fins de reforma agrária, o instrumento encontra-se vinculado ao cumprimento da função social, o qual resta cumprido no imóvel rural de Rômulo. Na possibilidade de haver um decreto expropriatório, isto é, a manifestação da União de que o imóvel rural é de interesse social para fins de reforma agrária, este tem por efeitos o direito de penetração, a fixação do estado do bem e a autorização à União a propor ação de desapropriação (CAMPOS, 2019). Todavia, a proposição da ação, que se dá nos termos da Lei Complementar 76/93, não é a única forma de se efetuar a desapropriação (MARQUES, 2015). Concordando o proprietário com a desapropriação e o valor ofertado para indenização, realiza-se um acordo extrajudicial (CAMPOS, 2019). Efetuada a desapropriação, o expropriante registra o título translativo de domínio e, em três anos, deve destinar a área aos beneficiários da reforma agrária (CASSETTARI, 2015). Para tanto, de acordo com o art. 16 da Lei 8.629/93, admite- se a exploração individual, condominial, cooperativa, associativa ou mista (BRASIL, 1993). A distribuição dos imóveis rurais pela reforma agrária se faz por meio de títulos de domínio, concessão de uso ou concessão de direito real de uso (CASSETTARI, 2015). Os títulos de domínio e a concessão de direito real de uso, inegociáveis no prazo de dez anos, são outorgados após a realização de medição e demarcação topográfica. O processo de seleção de indivíduos e famílias candidatos a beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária será realizado por projeto de assentamento, observada a seguinte ordem de preferência na distribuição de lotes ao desapropriado; aos que trabalham no imóvel desapropriado como posseiros, assalariados, parceiros ou arrendatários, identificados na vistoria; aos trabalhadores rurais desintrusados de outras áreas; ao trabalhador rural em situação de vulnerabilidade social; ao trabalhador rural vítima de trabalho em condição análoga à de escravo; aos que trabalham como posseiros, assalariados, parceiros ou arrendatários em outros imóveis rurais; aos ocupantes de áreas inferiores à fração mínima de parcelamento. Porquanto a desapropriação por interesse social é um instrumento da reforma agrária (MARQUES, 2015), cabe explicar as finalidades e características desta. Conforme art. 16 do Estatuto da Terra, estabelecer um sistema de relações entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país, com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio (BRASIL, 1964). Tem como principais características ser um meio de intervenção do Estado na propriedade privada; ser distinta em cada país; ser transitória, executada a longo prazo pela extinção gradual das propriedades improdutivas; ter dimensionamento de área mínima e máxima porque os lotes a serem distribuídos (propriedade familiar) não poderem ter área superior a dois módulos fiscais e inferior à fração mínima de parcelamento; ser vinculada a uma Política Agrícola; ter natureza punitiva a desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária (CASSETTARI, 2015). REFERÊNCIAS BRASIL. Lei 4.504 de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm> Acesso em: 26 jul 2021. BRASIL. Lei 8.629 de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8629.htm> Acesso em: 26 jul.2021. CAMPOS, Ana Cláudia. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. CASSETTARI, Christiano. Direito agrário. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2015