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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

RELATOR MAURÍCIO PESSOA DA A. 2ª CÂMARA RESERVADA


DE DIREITO EMPRESARIAL DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE
SÃO PAULO – SP

Autos sob n. 2088003-62.2021.8.26.0000

FAKIANI-ESTEFAM INCORPORADORA S.A (EM


RECUPERAÇÃO JUDICIAL), devidamente qualificada, por seus
procuradores subscritos, nos autos do recurso de AGRAVO DE
INSTRUMENTO em epígrafe, interposto por SANTA LÚCIA
ADMINISTRAÇÕES LTDA. , em trâmite perante essa A. Câmara e z.
Serventia, vem, com o devido respeito e acatamento, a presente de Vossa
Excelência, oferecer CONTRAMINUTA ao recurso.

Por fim, requer que todas as futuras intimações e publicações


oriundas do presente feito sejam expedidas EXCLUSIVAMENTE em
nome do advogado já constituído nos autos, DR. RICARDO PIRES,
inscrito na OAB/SP 353.389 , sob pena de nulidade absoluta e insanável
do ato, nos termos do art. 272, §§ 2º e 5º, do Código de Processo Civil.

Termos em que pede deferimento.


Campinas, 12 de maio de 2021.

RICARDO PIRES CAROLINE PEREZ VENTURINI


OAB/SP 353.389 OAB/SP 377.605

LEONARDO LOUREIRO BASSO


OAB/SP 425.820

Av. José de Souza Campos, 1073 • Ed. Helbor Offices • Norte - Sul • 11º andar • sala 1110 • Cambuí | Campinas • SP • CEP 13025-320 – Tel.: (19)
2121-4949
CONTRAMINUTA OFERECIDA POR FAKIANI-
ESTEFAM INCORPORADORA S.A (EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL) NOS AUTOS DO
RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
INTERPOSTO POR SANTA LÚCIA
ADMINISTRAÇÕES LTDA.

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA,

ÍNCLITOS JULGADORES,

I – BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de recurso de Agravo de Instrumento interposto pela


Agravante SANTA LÚCIA ADMINISTRAÇÕES LTDA em face de r.
Decisão proferida nos autos do processo de Recuperação Judicial de
origem, que houve por bem indeferir o pedido de declaração de nulidade
da Assembleia Geral de Credores, data venia , em acertada decisão do
MM. Juiz Dr. Marcelo Barbosa Sacramone.

Inconformada, recorre a Agravante alegando, em síntese, que fora


induzida em erro pela Agravada por não ter sido informada a respeito da
Recuperação Judicial ou da existência da indigitada Assembleia Geral de
Credores.

No entanto, é a presente contraminuta para demonstrar as razões


pelas quais o recurso interposto não merece ser conhecido e, em caso de
conhecimento, o porquê merece ter seu provimento negado, nos termos
da fundamentação exposta abaixo.

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II – DO NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO - DA
PRECLUSÃO DA PRETENSÃO DA AGRAVANTE

De introito, cumpre destacar que a Agravante fez sua primeira


manifestação nos autos recuperacionais da Agravada em 18 de dezembro
de 2020.

Verifica-se que a decisão agravada (fls. 2.263), que trata acerca da


pretensão da Agravante de buscar a anulação da Assembleia Geral de
Credores, foi publicada no DJE na data de 15/03/2021, decisão esta que a
Agravante não se insurgiu, embora já estivesse devidamente habilitada e
incontestavelmente ciente de todas as movimentações nos autos da
Recuperação Judicial:

Nesse espeque, constata-se que a decisão agravada, na realidade,


dispõe expressamente que o conteúdo já fora decidido às fls.
2.254/2.255, não se tratando de decisão proferida em complemento, esta
publicada no dia 22/03/2021:

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Verifica-se, assim, que a pretensão da Agravante de invalidar a
AGC foi totalmente afastada pelo MM. Juízo a quo, em decisão de fls.
2.254/2.255, publicada no DJE em 15 de março de 2021, sendo operada,
portanto, a preclusão da matéria decidida, pois não houve insurgência
recursal a seu respeito.

É clarividente que a segunda decisão trata da mesma matéria,


portanto já preclusa, qual seja, acerca do pedido de nulidade da
Assembleia Geral de Credores.

Dessa feita, em face da preclusão constatada, este recurso não


deve ser conhecido , ex vi lege .

III – INTEMPESTIVIDADE DA INTERPOSIÇÃO DO


PRESENTE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Alternativamente, sem embargo do quanto exposto acima, mesmo


que seja considerada a segunda decisão, esta publicada no DJE em
22/03/2021, o recurso da Agravante ainda sim seria intempestivo.

Isso porque, conforme cediço, com o advento das alterações


ocorridas com a reforma da Lei n. 11.101/05 (pela Lei n. 14.112/20),
todos os prazos passaram a ser contados em dias corridos:

Art. 189. (...)


§ 1º Para os fins do disposto nesta Lei:

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I - todos os prazos nela previstos ou que dela
decorram serão contados em dias corridos

Assim, com a publicação ocorrida no DJE em 22/03/2021, o início


do prazo para a interposição do recurso se deu em 23/03/2021, findando-
se em 06/04/2021 .

Considerando que (i) que o prazo para interposição do recurso de


Agravo de Instrumento é de 15 (quinze) dias, bem como (ii) que os
prazos previstos na LRE ou que dela decorram devem ser contados em
dias corridos, constata-se que o prazo de fato se findou em 06/04/2021.

Nessa senda, visto que o recurso fora interposto no dia 20/04/2021,


de forma claramente intempestiva, se faz cogente o seu não
conhecimento.

IV – DAS RAZÕES PARA NÃO PROVIMENTO DO RECURSO


INTERPOSTO

1) DO PLEITO DA AGRAVANTE DE NULIDADE DA ASSEMBLEIA


GERAL DE CREDORES – ENVIO DE CARTA – EDITAL
PUBLICADO EM CONFORMIDADE COM A LRE

Pugna a Agravante pela nulidade do conclave assemblear,


sustentando em síntese que: (i) não teve ciência acerca da data do
conclave assemblear, bem como (ii) que a Ilma. Administradora Judicial
enviou correspondência acerca da Recuperação Judicial em endereço
diverso do que consta em sua ficha cadastral na Junta Comercial do
Estado de São Paulo – JUCESP.

Não obstante às referidas alegações, é certo que o impasse restou


acertadamente afastado pelo D. Juízo a quo, visto que a credora, ora
Agravante, constou expressamente no Edital referente a relação de

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credores (art. 7, §2º, Lei n. 11.101/2005) e de aviso de AGC e
deliberação sobre o Plano de Recuperação Judicial apresentado e, por
consequência, teve ciência do Edital de Convocação acerca da
Assembleia Geral de Credores, acarretando a impossibilidade de alegação
de nulidade do ato assemblear.

No sentido de que a publicação do edital supre qualquer


intimação pessoal dos credores , cumpre trazer à baila o quanto disposto
pela Ilustre doutrina:

A determinação de edital contendo aviso aos


credores sequer caracteriza intimação; os credores
não são tomados como partes de um processo
judicial, mesmo se estiverem representados por
advogado. Aliás, sequer precisam ser representados
por advogados para participar da assembleia de
credores. Portanto, do edital não será necessário
constar, como destinatários, os nomes dos credores e
de seus advogados, não lhes beneficiando, neste
particular, o Código de Processo Civil. Cria-se para
todos os credores, portanto, um dever de
acompanhamento constante do Diário Oficial como
forma de tomar conhecimento do recebimento do
plano de recuperação judicial " 1 .

Nesse consectário, é certo que a única via adequada para a


manifestação de inconformismo pelos credores com relação à decisão
homologatória do Plano de Recuperação Judicial seria a interposição de
recurso de Agravo de Instrumento, nos termos do artigo 59, §2º, da Lei
n. 11.101/2005, o que, frisa-se, não foi feito pela Agravante em tempo.

1
MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: falência e recuperação de empresas. 7ª ed. vol. 4.
São Paulo: Atlas, 2015. p. 165

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Cumpre ressaltar que, conforme proferido em decisão pelo D. juízo
recuperacional, ainda que a credora não tivesse recebido a comunicação
por carta, este fato não acarretaria nulidade tendo em vista a
existência de publicação de edital de convocação dos credores , in
verbis:

Impugnação da credora SANTA LUCIA


ADMINISTRAÇÃO LTDA à deliberação da
Assembleia Geral de Credores. Acolho a cota
ministerial para afastar a impugnação. Com
efeito, ainda que a credora não tenha recebido a
comunicação por carta prevista no art. 22, I,
"a", da LREF, o que será apurado para fins de
verificação de violação dos deveres funcionais
pelo Administrador Judicial, disto não
decorreria nulidade da deliberação assemblear,
seja porque foi publicado edital de aviso do
pedido de recuperação judicial, seja porque a
Impugnante constou da relação de credores do
Administrador Judicial, também publicada em
edital.

Assim, foi lhe dada ciência do feito pela via


editalícia, sendo seu o ônus de nele ingressar e
participar ativamente .

É sabido que a natureza peculiar do processo de Recuperação


Judicial envolve o interesse de toda a coletividade . Nesse espeque, o
que se espera para a regular e correta consecução do projeto
recuperatório é a participação ativa de todas as “partes” sujeitas ou
envolvidas ao procedimento. Não foi a conduta de cooperação processual
oferecida pela Agravante que, mesmo intimada via edital da designação
da Assembleia Geral de Credores, restou inerte.

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De mais a mais, para que a tese ventilada pela Agravante seja
totalmente rechaçada, importante trazer à baila fatos incontestáveis sobre
o endereço fornecido pela Agravada.

Nota-se que o CEP costumeiramente informado como endereço da


Agravante à Agravada, trata-se do mesmo CEP do escritório que a
patrocina neste recurso, posto que todas as tratativas acerca do referido
contrato de investimento (SCP) sempre foram realizados diretamente no
referido endereço, inclusive suas reuniões, pois o escritório Benício
Advogados já fora patrono da Agravada e o era à época da realização dos
negócios que ensejaram o suposto crédito:

Conforme mencionado pela própria Agravante, todas as tratativas


do referido contrato de investimento sempre foram realizadas pelo
escritório de seu patrono, sendo inclusive a própria Notificação que
mencionam nas razões recursais acostadas a este recurso:

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De mais a mais, o patrono da Agravante, sócio do escritório
Benício Advogados, Sr. Sérgio Gonini Benício, é também sócio da
empresa Agravante, Santa Lúcia Administrações Ltda., conforme se
verifica nos documentos extraídos da Receita Federal do Brasil (Docs.
Anexos).

Tal fato demonstra a boa-fé da Agravada ao fornecer tal endereço,


local onde funciona o escritório de advocacia do Sr. Sérgio Gonini
Benício e endereço de praxe para as comunicações e reuniões até então.

Verifica-se que a intenção da Agravante é tentar a todo custo


induzir esse E. Tribunal em erro, se abstendo do quanto dispõe a Lei
Recuperacional no que diz respeito ao Edital, que é o instrumento eleito
pela legislação para a comunicação incontroversa dos credores, bem
como tentando desqualificar a carta enviada pela Ilma. Administradora
Judicial ao escritório do próprio sócio da Agravante, tentando levar à
conclusão de que houve má-fé da Agravada nesse sentido.

Por oportuno, em relação à alegação da Agravante de que não


houve a inclusão da pecha “Em Recuperação Judicial” ao nome
empresarial da Agravada, verifica-se que tal fato trata-se de inovação

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recursal, com o latente intuito de causar a supressão de instância, não
admitida por esse E. Tribunal de Justiça:

APELAÇÃO – INOVAÇÃO RECURSAL –


IMPOSSIBILIDADE – AUSENTE COMPROVAÇÃO
DA EXCEÇÃO PREVISTA NO ART. 1.014 DO CPC
– RECURSO NÃO CONHECIDO NA PARTE
OBJETO DE INOVAÇÃO . Havendo inadmissível
inovação dos fatos em sede recursal, e ausente
motivo de força maior que permite que a parte
suscite questões não propostas no juízo inferior, de
rigor o não conhecimento ao apelo, na parte
inovada. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS –
EMPREITADA – AÇÃO CAUTELAR EM CARÁTER
ANTECEDENTE AO JUÍZO ARBITRAL – DECISÃO
QUE INDEFERIU A TUTELA DE URGÊNCIA –
APELAÇÃO – AUSÊNCIA DA PROBABILIDADE
DO DIREITO E DO RISCO DE DANO – PEDIDO
INDEFERIDO – DECISÃO MANTIDA POR SEUS
FUNDAMENTOS – ART. 252 DO RITJ/SP –
RECURSOS NÃO PROVIDO. Não trazendo a autora-
recorrente fundamentos suficientes a modificar a
decisão de primeiro grau, que afastou a probabilidade
do direito e o perigo de dano sustentado pela
apelante, de rigor, a manutenção integral da decisão,
cujos fundamentos se adotam como razão de decidir
na forma do art. 252 do Regimento Interno deste
Tribunal. (TJ-SP - AC: 10461779820208260100 SP
1046177-98.2020.8.26.0100, Relator: Paulo Ayrosa,
Data de Julgamento: 27/10/2020, 31ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 27/10/2020). –
grifos nossos.

Tal inovação se dá ao passo de que a Agravante lança argumentos


jurídicos não discutidos na instância originária, malferindo o princípio
da ampla defesa, que na instância revisora deve prevalecer sobre o
princípio iura novit curia , implicando o não conhecimento da
argumentação inovadora , nos termos da Lei e da jurisprudência
hodierna.

Contudo, em respeito ao princípio da transparência, esclarece a


Agravada que por um lapso do antigo patrono que representava a

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Recuperanda no momento do deferimento de seu pedido de Recuperação
Judicial, não houve o envio do pedido de adição da referida pecha à Junta
Comercial do Estado de São Paulo.

Tão logo tomamos ciência deste recurso e, por consequência, do


referido lapso ocorrido, em clara demonstração de boa-fé, enviamos na
data de 06/05/2021 o ofício à Junta Comercial, requerendo seja incluída a
expressão “Em Recuperação Judicial” ao nome da Agravada, o que
certamente será feito nos próximos dias.

2) DO USO DA VIA INADEQUADA PROCESSUALMENTE


PARA DISCUTIR O VALOR E AS CARACTERÍSTICAS DO
CRÉDITO DA AGRAVANTE

Noutro bordo, no que tange à discussão relativa ao valor e


características do crédito inscrito nos autos recuperacionais, tem-se como
via escorreita a necessária distribuição de incidente de Impugnação de
Crédito.

A referida medida judicial deverá ser submetida ao crivo do Juízo


Recuperacional, respeitados os princípios da ampla defesa e do
contraditório, com participação ativa da Administração Judicial,
membros do Parquet e da Agravada.

Não obstante os relevantes pontos acima alinhavados que, por si


só, já teriam o condão de afastar a pretensão recursal da Agravante neste
sentido, apenas em observância ao princípio da boa-fé objetiva, passa-se
a aclarar o quanto segue.

A alegação de litigância de má-fé e de crime falimentar, pontuada


pela Agravante tem como único e frágil fundamento a alegação de que a
Agravada teria falsificado a data de vencimento de seu crédito, o que não
merece prosperar sob nenhuma ótica que se analise.

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Conforme exposto alhures, a relação existente entre a Agravante e
a Agravada, advém da constituição de uma SCP – Sociedade em Conta de
Participação.

A Agravante e Agravada celebraram o contrato de sociedade,


reconhecendo, sobretudo, o risco da operação inerente ao
empreendimento Roof Gardens (SPE – Fakiani Estefam Incorporação
Bela Cintra Ltda.), conforme constata-se em seu objeto de constituição.

Inclusive, o escritório que patrocina a Agravante Santa Lúcia


Administrações Ltda. e assina o presente recurso, possui como sócio o
Sr. Sérgio Gonini Benício, também sócio da empresa Agravante e que
era o advogado da Agravada à época da celebração do referido contrato
de SCP, tendo sido o responsável pela orientação e elaboração de todos
os instrumentos societários e contratuais que envolveram o
empreendimento denominado Roof Gardens (SPE – Fakiani Estefam
Incorporação Bela Cintra Ltda.), que é o que está sendo atacado em parte
deste recurso.

Sem embargo da natureza do contrato (SCP – Sociedade em Conta


de Participação), é possível verificar que o risco do investimento consta
expressamente na disposição da cláusula 10.5 do contrato de constituição
da sociedade:

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Restou pactuado entre as partes que o pagamento do valor aportado
ocorreria na finalização do empreendimento e seu consequente resultado
(que poderá ser até mesmo um resultado negativo), fato que ainda não
ocorreu . Assim, a bem da verdade, analisando a letra fria do contrato,
atualmente nenhum valor seria a ela devido.

Isso porque, não obstante ao previsto na cláusula 10.5 do contrato


de constituição, ambas as partes declaram na cláusula 9.4 que
participavam dos lucros e das perdas inerentes à participação adquirida
na SPE. Como se pode observar da cláusula 9.1.2. do contrato juntado
pela Agravante, as partes estipularam que a distribuição de resultados da
SCP observaria a mesma forma e periodicidade da SPE, inclusive com
relação ao compromisso de distribuição a partir do alcance do break even
previsto no empreendimento.

Contudo, de encontro ao quanto previsto nas cláusulas expostas em


linhas volvidas, a cláusula 12.1, alínea “e”, mais a cláusula 12.3 do
mesmo contrato de constituição da SCP, de forma totalmente
contraditória, trazem regra que simplesmente afasta da Agravante todo e

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qualquer risco do negócio, na medida em que lhe garante a devolução do
investimento, independentemente de a SCP apresentar resultados
positivos, acrescido de juros de 2,5% ao mês.

É certo que as partes já haviam estipulado no contrato de


constituição da SCP que reuniam esforços para desenvolver os negócios
sociais, a sócia ostensiva e a sócia participativa, repartindo entre si os
resultados (lucros e prejuízos), sendo que as cláusulas 12.1, alínea “e” e
12.3 não guardam relação nem com a intenção das partes ao se reunirem
em sociedade, nem com os usos e costumes do tipo de negócio a ser
desenvolvido, muito menos com a boa-fé objetiva.

Como bem asseverado por outro patrono que representa os


interesses da Agravada neste assunto específico, em resposta a uma
Notificação Extrajudicial enviada pela Agravante à Agravada (documento
juntado pela Agravante às fls. 155/162), é inclusive levantada a questão
de que, aparentemente, a cláusula 12.1 parece ter sido alterada às pressas
(pelo escritório Benício Advogados, no qual seu sócio era advogado da
Agravada à época da realização do negócio e dono da empresa
Agravante), pois nesta cláusula contém alíneas de “A” a “O”, porém a
cláusula 12.4 faz remissão às alíneas “L” à “P” da indigitada cláusula
12.1, sendo que a referida alínea “P” é inexistente nessa cláusula.

Causa espécie a esta Agravada as alegações feitas pela Agravante,


sendo que o sócio da empresa Agravante, Sr. Sérgio Gonini Benício, era
seu patrono à época, tendo sido o responsável pela orientação e
elaboração de todos os instrumentos societários e contratuais, como dito
alhures, em uma relação da mais pura fidúcia entre cliente e advogado.

No entanto, pelo princípio da boa-fé e, sobretudo, em homenagem


ao respeito mútuo que julgavam existir entre as partes (inclusive pelo
fato já informado de o subscritor deste recurso ter sido o advogado que
assessorava a Agravada à época da elaboração dos negócios relativos ao

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empreendimento em comento), a Agravada houve por bem fazer constar
em sua Recuperação Judicial o valor aportado pela empresa Santa Lúcia
Administrações Ltda., até mesmo porque tal montante constou
devidamente aclarado em seu Balanço Patrimonial. Diferentemente do
que faz querer crer a Agravante, a fim de induzir esse E. Tribunal em
erro, caso a Agravada quisesse a deixar “de fora da Recuperação
Judicial”, tal valor aportado pela Agravante certamente não seria
incluído pela própria Agravada.

Sobre as alegações acerca dos documentos contábeis, que


supostamente o acesso a eles foram negados pela Agravada na pessoa de
seu “representante legal” e foram apresentados nos autos
recuperacionais, mais uma vez tenta a Agravante valer-se de meios
ardilosos para induzir em erro esse E. Tribunal.

Primeiro, há que se aclarar que o Dr. Rodrigo Elian Sanchez


(advogado cujas mensagens eletrônicas foram colacionadas a este
recurso), não representa a Agravada em sua Recuperação Judicial, esta
que é representada unicamente pelo Escritório Bismarchi, Pires e
Peccinin Sociedade de Advogados, representado por este subscritor, Dr.
Ricardo Pires.

Nunca houve nenhum contato de qualquer natureza deste subscritor


ou de qualquer membro do escritório citado acima com o sócio/advogado
da Agravante, seja via e-mail, mensagens ou telefone, o único que possui
poderes outorgados pela Agravada para falar por ela quaisquer assuntos
relacionados à Recuperação Judicial.

Nesse consectário, é certo que a Agravante não colacionou provas


suficientes para embasar suas alegações, estas que não comprovam que a
Agravada cometeu qualquer dos atos irregulares descritos, o que
descaracteriza o cometimento de crime falimentar e desnuda, de forma

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bastante objetiva, o interesse da Agravante apenas de tumultuar o
processo recuperatório e inferir acusações descabidas à Agravada.

Não bastassem as alegações infundadas, com o singular propósito


de tumultuar o feito recuperacional, a Agravante deixou claro que sua
intenção era votar contra o plano de recuperação judicial, com o único
objetivo de ver a quebra da Recuperanda, ora Agravada, o que é deve ser
totalmente rechaçado por essa A. Câmara Especializada.

Diante do exposto, tendo sido prestados os esclarecimentos nos


termos lançados em linhas volvidas, de rigor que sejam completamente
afastadas todas as supostas alegações da Agravante, posto que a
Agravada sempre cumpriu com todas as obrigações e diligências exigidas
pela Lei n. 11.101/05 e, não obstante, para discutir o valor de seu
crédito, bem como sua classificação, a Agravante deve se valer do meio
jurídico adequado, não sendo o recurso de Agravo de Instrumento a via
escorreita.

IV - CONCLUSÃO

Ante ao exposto, é a presente contraminuta para pugnar pelo não


conhecimento do recurso interposto , em razão da preclusão da
pretensão da Agravante e/ou pela intempestividade do presente recurso.

Em caso de conhecimento, o que se admite apenas por


argumentação, pugnar pelo não provimento do recurso de Agravo de
Instrumento interposto por SANTA LÚCIA ADMINISTRAÇÕES LTDA.,
devendo ser mantida a r. Decisão agravada tal como proferida, ex vi
legis.

Por fim, requer que todas as futuras intimações e publicações


oriundas do presente feito sejam expedidas EXCLUSIVAMENTE em
nome do advogado já constituído nos autos, DR. RICARDO PIRES,

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do ato, nos termos do art. 272, §§ 2º e 5º, do Código de Processo Civil.

Termos em que pede deferimento.


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