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Apelos de Francisco para a

Vida Religiosa na Laudato Si


e na Fratelli Tutti

Assembleia da CRB – Regional Piauí 2021


Ir. Afonso Murad
Laudato Si

Introdução

1. O que acontece na casa


comum
2. O Evangelho da Criação
3. A raiz humana da crise
ecológica

4. Ecologia integral

5. Linhas de orientação 6. Educação e


espiritualidade ecológicas
A Terra é para nós
a casa onde habitamos com as outras
criaturas,
uma irmã com que partilhamos a
existência,
uma boa mãe que nos acolhe nos seus
braços (LS 1)
E não....
Nós mesmos somos parte da
Terra (LS 2).
Se não temos consciência disso,
pensamos que somos donos,
dominadores e saqueadores.
São Francisco é
exemplo do cuidado
pelo que é frágil, por
uma ecologia integral,
vivida com alegria e
autenticidade (LS 10).
INSEPARÁVEIS

preocupação pela natureza,

justiça para os pobres,

empenho na sociedade

paz interior (LS 10).


O mundo é algo mais do que um
problema a resolver; é um mistério
gozoso que contemplamos na
alegria e no louvor (LS 12).
Cap 1: O que está
acontecendo
com a nossa casa?
•Resenha das questões que nos inquietam e já
não se podem esconder debaixo do tapete.
•Para fazer ecoar o que acontece no mundo
como uma dor que nos toca por dentro, e
assim reconhecer a contribuição que cada
um pode dar (LS 19)
LS 20-26: Poluição e mudanças climáticas

LS 26-31: A água

LS 32-42: A biodiversidade

LS 43-47: Perda da qualidade da vida humana

LS 48-52: Desigualdade planetária

LS 53-59: Por que as reações a esta situação são tão fracas?

LS 60-61: Apelo ao debate e ao diálogo


Nunca maltratamos e ferimos a nossa
casa comum como nos últimos dois
séculos.
Mas somos chamados a colaborar com
Deus para que o nosso planeta seja o
que Ele sonhou ao criá-lo e corresponda
ao seu projeto de paz, beleza e
plenitude (LS 53).
Cap 2: O EVANGELHO
DA CRIAÇÃO
A luz oferecida pela fé (LS 63-64)

Sabedoria das narrações bíblicas (LS 65-75)

O mistério do Universo (LS 76-83)

A mensagem de cada criatura (LS 84-88)

Uma comunhão universal (LS 89-92)

Destino comum dos bens (LS 93-95)

O olhar de Jesus (LS 96-100)


De Dominar para cultivar
• Não somos Deus. A terra existe antes de nós e foi-nos
dada.
• Gn 2, 15: «Cultivar» quer dizer trabalhar um terreno,
«guardar» significa proteger, cuidar, preservar, velar. Isto
implica uma relação de reciprocidade responsável entre o
ser humano e a natureza.
• Cada comunidade toma da terra aquilo de que necessita
e deve garantir a continuidade da sua fertilidade para as
gerações futuras (LS 67).
A Bíblia não dá lugar a um
antropocentrismo
despótico, que se
desinteressa das outras
criaturas (LS 68).
A criação ainda não acabou. Deus está
presente no mais íntimo de cada ser e
nos processos da história.
O Espírito de Deus encheu o universo
de potencialidades que permitem que,
do próprio seio das coisas, possa brotar
sempre algo de novo (LS 80).
Sabedoria 11,24.26

Sim, amas tudo o que existe


e não desprezas nada do
que fizeste. Tudo se mantém
vivo porque é chamado por
ti. A todos tratas com
bondade, porque tudo é teu
Senhor, amante da vida!
Nós e todos os seres do universo, estamos
unidos por laços invisíveis e formamos uma
espécie de família universal, comunhão
que nos impele a um respeito sagrado,
amoroso e humilde (LS 89).
As criaturas deste mundo não são
uma realidade meramente
natural, porque o Ressuscitado as
envolve e guia para um destino
de plenitude (LS 100)!
Cap 4: Uma ecologia
integral
LS 138-142: Ecologia ambiental, econômica e social

LS 143-146: Ecologia cultural

LS 156-158: O princípio do bem comum

LS 159-162: A justiça intergeracional


Cap 6: EDUCAÇÃO E
ESPIRITUALIDADE
ECOLÓGICAS
Apontar para outro estilo de vida (LS 203-208)

Educar para a aliança entre a humanidade e o ambiente (LS 209-215)

Conversão ecológica (216-221).

Alegria e paz: sobriedade feliz (LS 222-227)

Amor civil e político (LS 228-232)

Sacramentos e descanso no domingo (LS 233-237)

A trindade e as criaturas (LS 238-240)

Maria e a criação (LS 241-242)

Para além do sol (LS 243-245)


A crise ecológica é um apelo a uma
profunda conversão interior.
Conversão ecológica: deixar emergir, nas
relações com o mundo que nos rodeia, todas
as consequências do encontro com Jesus.
Ser guardiões da obra de Deus não é algo
opcional nem um aspecto secundário da
experiência cristã, e sim parte essencial da
existência (LS 217).
Ações
Atitudes
coletivas e
individuais
cidadãs
Não se resolvem problemas sociais somente
com a soma de atitudes individuais, mas
sim com redes comunitárias.
Será necessária uma união de forças e uma
unidade de contribuições. A conversão
ecológica, para uma mudança duradoura,
é também uma conversão comunitária (LS
219).
Juntamente com os pequenos gestos diários, o
amor social impele-nos a grandes estratégias
que detenham a degradação ambiental e
incentivem uma cultura do cuidado, que
permeie toda a sociedade.
Intervir, com os outros, nas dinâmicas sociais,
faz parte da espiritualidade, é exercício da
caridade, que amadurece e santifica o cristão
(LS 231).
Caminhemos cantando! Que as nossas lutas e
a preocupação por este planeta não nos tirem
a alegria da esperança!
Deus nos dá as forças e a luz de que
necessitamos para prosseguir (LS 244).
No coração deste mundo, permanece
presente o Senhor da vida que tanto nos
ama.
Ele não nos abandona, não nos deixa
sozinhos, porque se uniu definitivamente à
nossa terra e o seu amor sempre nos leva
a encontrar novos caminhos.
Que Ele seja louvado! (LS 245)
Que apelos da Laudato Si para a Vida Religiosa?
• Cultivar uma espiritualidade ecológica: Oração dos Salmos, cantos,
contemplação com a natureza, meditação do cap.2 da Laudato Si.
• Desenvolver gestos pessoais de cuidado com o ambiente.
• Adotar na comunidade gestos ecológicos: com água e luz, cultivo de
plantas, alimentação natural, separação e destinação dos resíduos.
• Para quem tem instituições educacionais, sociais ou de saúde: iniciar
uma política ambiental da organização, envolvendo voluntários,
colaboradores, educadores e gestores -> O que vamos fazer para
diminuir o impacto negativo e aumentar o impacto positivo sobre o
meio ambiente? Como vamos difundir essa mensagem para nossos
destinatários?
Tempo para partilha,
perguntas e contribuições
Fratelli Tutti
1. As sombras de um mundo fechado
2. A inspiração do Bom Samaritano
3. Abertura ao local e a universal
4. A melhor política
5. Diálogo social para uma nova cultura
6. Caminhos para um novo encontro (Paz, perdão,
memória)
7. Religiões a serviço da fraternidade
Fratelli Tutti
• Um apelo para superar o ódio e a indiferença no mundo
• Foco na mudança de atitudes
• Completa a Laudato Si, voltando-se para a ecologia
humana.
• É um documento do Papa, de uma força admirável
• Assumir a beleza e a dor dos seres humanos,
especialmente os pobres.
1. As sombras de um mundo fechado
Algumas tendências que dificultam a fraternidade universal:
-Sinais de regressão. Novas formas de egoísmo e perda de sentido social (11)
- Procura-se dissolver as identidades das regiões mais frágeis e pobres,
tornando-as mais vulneráveis e dependentes.
- Novas formas de colonização cultural (14)
- Perda da consciência histórica (13)
- Semear o desânimo e despertar a desconfiança constante (15).
- Piora das condições de trabalho (20-24)
- Redes criminosas e tráfico de pessoas
- A pandemia: sofrimento e mortes (32-36)
- Migrantes e vidas dilaceradas (37-41)
- Fanatismo religioso (46)
- Perda das relações de pertença (53)
Esperançar....
• Deus continua a espalhar sementes de bem na
humanidade. A pandemia permitiu-nos valorizar tantos
companheiros e companheiras de viagem que, no medo,
reagiram dando a própria vida. Reconhecemos como as
nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns
que escreveram os acontecimentos decisivos da nossa
história compartilhada (54)
• Convido vocês à esperança. Ela é ousada e se abre aos
grandes ideais que tornam a vida mais bonita e digna.
Caminhemos na esperança! (55)
2. O bom samaritano e o estranho no caminho
• Esta parábola manifesta a opção fundamental para
reconstruir nosso mundo ferido. Diante de tanta dor, à vista
de tantas feridas, a única saída é ser como o bom samaritano.
• Qualquer outra opção deixa-nos ou como os salteadores ou
com os que passam sem se compadecer com o sofrimento do
ferido na estrada.
• A parábola mostra-nos as iniciativas para refazer uma
comunidade a partir de homens e mulheres que assumem
como própria a fragilidade dos outros. Não excluem, fazem-
se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que o bem
seja comum (67).
Uma Igreja samaritana
(Sínodo para a Amazônia)
Queremos ser uma Igreja amazônica, samaritana, encarnada
no modo como o Filho de Deus se encarnou: "Tomou sobre si
as nossas doenças e suportou as nossas dores" (Mt 8, 17b).
Jesus exorta os discípulos missionários de hoje a saírem ao
encontro de todos, especialmente dos povos originários, dos
pobres, dos excluídos da sociedade e dos outros (Sínodo, 52)
Todos temos algo do ferido, do salteador, daqueles que
passam ao largo e do bom samaritano (FT 69).

Habitualmente os «salteadores do caminho» têm, como


aliados secretos, aqueles que «passam pelo caminho olhando
para o outro lado» (FT 75)
Recomeçar...

Temos um espaço de corresponsabilidade para iniciar e gerar


novos processos e transformações. Sejamos parte ativa na
reabilitação e apoio das sociedades feridas.
Como o viajante da nossa história, é preciso apenas o desejo
gratuito, puro e simples de ser povo, de ser constantes e
incansáveis no compromisso de incluir, integrar, levantar quem
está caído (FT 77)
É possível começar por baixo e caso a caso, lutar pelo mais concreto e
local, e então expandir para os confins dos nossos países e do mundo,
com o mesmo cuidado que o caminhante da Samaria teve por cada
chaga do ferido.
Procuremos os outros e ocupemo-nos da realidade que nos compete,
sem temer a dor nem a impotência.
As dificuldades que parecem enormes são a oportunidade para
crescer, e não a desculpa para a tristeza que favorece a resignação.
Mas não o façamos sozinhos, individualmente. O samaritano procurou
o dono da pousada para cuidar daquele homem, como nós estamos
chamados a convidar outros e a encontrar-nos num «nós» mais forte
do que a soma de pequenas individualidades (FT 78)
Todos temos uma responsabilidade pelo ferido que é o nosso povo e
todos os povos da terra. (FT 79)
Uma espiritualidade encarnada

Deixar a música do Evangelho vibrar nas nossas entranhas”


(FT 277).
Com essa sintonia, desenvolvemos
- a alegria que brota da compaixão,
- a ternura que nasce da confiança em Deus e
- a capacidade de reconstruir as relações.
Aderir a outra lógica...
Não a do individualismo, da indiferença e da competição.
Sim a de sonhar, pensar, orar e atuar em vista de uma
sociedade diferente, interdependente, corresponsável pela
família humana (FT 127,165,166).
Apoio aos movimentos populares que criam variadas formas
de economia e produção comunitária. Enquanto “poetas
sociais”, trabalham, propõem, promovem e libertam (FT
169).
Que atitudes desenvolver para a
fraternidade, numa sociedade
dividida e violenta?
Ternura: expressa “no amor, que se torna próximo e
concreto. É um movimento que brota do coração e chega
aos olhos, aos ouvidos e às mãos. (...) A ternura é o caminho
que percorreram os homens e as mulheres mais corajosos e
fortes” (FT 194);
Diálogo: essa reúne uma série de atitudes, como
“aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se,
esforçar-se por entender-se, procurar pontos de contato” (FT
198). O diálogo nos conduz a buscar consensos (FT 206), para
sonhar, trabalhar e lutar juntos (FT 204);
Ser amável: “prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma
palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de
tanta indiferença (Gl 5,22). Esse esforço, vivido dia a dia, cria a
convivência sadia que vence as incompreensões e evita os conflitos”
(FT 224);
Memória penitencial: recordar as violências cometidas
contra as vítimas no passado e manter viva a indignação diante dos
atentados contra a dignidade humana hoje, aprendendo a não
repetir os erros (FT 226-227, 246-249).
Há “fatos históricos que nos fazem envergonhar de sermos humanos.
Devem ser recordados sempre, repetidamente, sem nos cansarmos
nem anestesiarmos” (FT 248), para que a consciência humana se
torne cada vez mais forte contra toda vontade de domínio e
destruição.
E mais...
• Proximidade e a amizade com os pobres (FT 234),
• Prática do perdão (FT 236),
• Assumir o conflito inevitável (FT 240),
• Manter as lutas legítimas sem vingança ou ódio (FT 241-
243),
• Buscar a reconciliação sem negar o conflito (FT 244),
• Promoção do ecumenismo e do diálogo entre as religiões
em vista da paz e da superação da pobreza (FT 217-284)

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