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Faculdade de Ciências do Tocantins – FACIT

GUSTAVO CÂNDIDO

JULIANA ROCHA

LUCIANA FEITOSA

RAYNNA VITORIA

THÁRSILLA PAULA

VITOR AUGUSTO

Reabsorção Externa

Araguaína – TO

2021
Faculdade de Ciências do Tocantins – FACIT

GUSTAVO CÂNDIDO

JULIANA ROCHA

LUCIANA FEITOSA

RAYNNA VITORIA

THÁRSILLA PAULA

VITOR AUGUSTO

Reabsorção Externa

Trabalho apresentado como requisito


na disciplina de endodontia, do curso
de Odontologia.

Orientador: Caio Pacheco

Araguaína – TO

2021
SUMÁRIO
1. Introdução......................................................................................................4

2. Diagnóstico Diferencial..................................................................................5

3. Característica morfológica e fisiopatológica..................................................6

4. Tipos de Reabsorção Dentária Externa........................................................7

4.1 Reabsorção Cervical Externa..................................................................7

4.2 Região média e apical da raiz.................................................................8

4.3 Reabsorção Dental Externa Lateral........................................................9

4.4 Reabsorção Dental Externa Transitória................................................10

4.5 Reabsorção Dental Externa por Substituição..........................................10

5. Conclusão....................................................................................................12

6. Referências..................................................................................................13
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1. Introdução

As reabsorções no organismo como um todo são fenômenos que

podem estar presentes em várias situações clínicas e representam o

mecanismo pelo qual os tecidos mineralizados são desmontados

estruturalmente. Na interface dos clastos com o tecido mineralizado

odontogênico, há liberação de ácidos e enzimas e as moléculas resultantes são

transportadas pelo seu citoplasma em vacúolos, por um processo conhecido

como transcitose, e secretados para o espaço extracelular na forma de

aminoácidos, peptídeos e íons. Na matriz extracelular e nos líquidos corporais,

como o sangue e a linfa, esses componentes são reutilizados por outros

órgãos, tecidos e células.

As reabsorções dentárias representam o processo de desmontagem

dos tecidos odontogênicos mineralizados pela ação de células ósseas sobre as

suas superfícies, quando as estruturas de proteção dos dentes em relação à

remodelação óssea são eliminadas, especialmente os cementoblastos e restos

epiteliais de Malassez. As reabsorções representam manifestação patológica

nos dentes permanentes; e fisiológica, em dentes decíduos. Em algumas

situações clínicas, como no tratamento ortodôntico, as reabsorções dentárias

são frequentes e aceitáveis, desde que previstas e atenuadas, como parte do

custo biológico para se ter dentes estética e funcionalmente adequados. Os

mecanismos das reabsorções dentárias são conhecidos e suas causas bem

definidas. Clinicamente, são assintomáticas e, por si sós, não induzem

alterações pulpares, periapicais e periodontais, sendo geralmente

consequências dessas. As reabsorções dentárias são alterações locais e

adquiridas, e não representam manifestações dentárias de doenças sistêmicas.


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A reabsorção externa, é caracterizada pela perda progressiva de

estrutura dental, ocorre em área onde há exposição da porção mineralizada da

superfície dentária que fica sujeita à ação de células clásticas e dos

mediadores liberados pelos osteoblastos e pelas células mononucleares.

Fatores predisponentes incluem clareamento endógeno, tratamento periodontal

e reimplante de dentes avulsionados. A reabsorção externa pode ter seu início

em qualquer ponto da superfície radicular nos dentes irrompidos

completamente.

2. Diagnóstico Diferencial

No diagnóstico diferencial entre reabsorção interna e externa, um sinal

radiográfico definitivo consiste em acompanhar a linha correspondente a

parede interna da dentina e o contorno do canal radicular. Os clastos, quando

se aproximam da dentina mais próxima da polpa encontram a pré-dentina; a

fixação de clastos só ocorre em estruturas mineralizadas e desnudas de

osteóide, pré-cemento e pré-dentina. Assim, há deslocamento dos clastos

quando se aproximam da pré-dentina e da polpa; nesse espaço de tempo, a

pré-dentina mineraliza-se e, dessa forma, fica mantido o contorno pulpar e a

imagem radiográfica gerada correspondente exatamente ao delineamento do

canal radicular que se superpõe e sobressai sobre área irregular da reabsorção

externa. Nas áreas de reabsorção dentária externa, o exame microscópio

revela superfícies dentinária irregulares repletas de clastos em lacunas de

Howship no interior das quais abrem-se numerosos túbulos dentinários sem

alteração dos seus diâmetros, mesmo quando observados à microscopia

eletrônica de varredura. Na microscopia óptica os claustros apresentam

morfologia variada em seu contorno forma e distribuição bem como no número


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de núcleos, em média de um a sete. Quando a reabsorção dentária tem

natureza inflamatória associam-se ao quadro um rico infiltrado e exsudato

inflamatório especialmente em casos associados as perfurações por

trepanação, fraturas, granulomas periapicais e movimentação dentária

induzida.

A reabsorção externa é centrípeta, sendo também conhecida como

reabsorção periférica, também caracterizada como centrifuga e central.

3. Característica morfológica e fisiopatológica

Uma característica morfológica e fisiopatológica importante da

reabsorção dentária externa consiste na sua expansão predominantemente

lateral, gerando áreas afetadas amplas e extensas na superfície, porém rasas,

principalmente nas fases iniciais. A constante necessidade dos clastos em abrir

parcialmente o micro-ambiente estabelecido na sua interface com o tecido duro

em função da concentração iônica crescente, levam-no a gerar várias lacunas

de Howship distribuídas de forma irregular na superfície. Esse conjunto

analisado a microscopia eletrônica de varredura, sugere a ideia de uma

movimentação irregular e aleatória sobre a superfície dentária. Essa

necessidade de abrir parcialmente a lacuna de Howship, de tempos em

tempos, decorre da concentração iônica crescente no seu interior a partir do

desmonte da estrutura do tecido mineralizado.

Nas reabsorções externas o comprometimento extenso irregular da

superfície e raso em profundidade - considerando a fina espessura do cemento

no terço cervical e médio da raiz entre 20 a 50 micrômetros - leva a ampla

exposição de numerosos túbulos dentinarios no compartimento periodontal,

comunicando-se com o compartimento pulpar. Em casos de necrose pulpar e


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contaminação, os produtos bacterianos - entre os quais os lipopolissacarídeos

ou endotoxinas - podem acessar diretamente a área de reabsorção ativa,

incrementando-a. Essa propriedade consiste no fundamento principal do

impedimento de movimentação dentária induzida quando a possíveis

comprometimentos pulpares. Apenas depois de completar a terapêutica

endodôntica podemos incluir o dente em questão do planejamento ortodôntico.

4. Tipos de Reabsorção Dentária Externa

4.1 Reabsorção Cervical Externa

Ao iniciar-se na região correspondente à junção amelocementária

recebe a denominação de Reabsorção Cervical Externa que é uma forma de

reabsorção dentária externa relativamente rara e de natureza invasiva,

geralmente sua causa está associada a trauma dentário, tratamento

ortodôntico ou clareamento interno. Por não apresentar sintomatologia

dolorosa, muitas vezes é diagnosticada por exames radiográficos de rotina,

dificultando seu diagnóstico no estágio inicial. Caracterizada pela sua

localização cervical, este processo leva à reabsorção progressiva e geralmente

a perda destrutiva da estrutura dental. A partir da região cervical, a reabsorção

externa pode evoluir no sentido apical ou coronário.

Na coroa pode levar a perda significante de dentina em um ponto mais

localizado e simular clinicamente uma reabsorção interna, assumindo um

aspecto de mancha ou ponto rosado. Nessa situação clínica, a inspeção com

sondagem periodontal, a análise da integridade da superfície dentária cervical

e um exame radiográfico minucioso associado a uma consistente anamnese,

levarão a um diagnóstico preciso e seguro.


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O tratamento da RCE consiste na remoção de todo tecido de

granulação presente na região reabsorvida e no preenchimento desta região

com um material que não permita a penetração de células clásticas e não

agrida o tecido periodontal. Normalmente, nesse tipo de reabsorção não há a

comunicação da área reabsorvida com o canal radicular, portanto, não são em

todos os casos que o tratamento endodôntico deve ser realizado. No entanto,

na prática clínica, quando a reabsorção está muito próxima à pré-dentina, pode

ocorrer a exposição da polpa durante a curetagem. Nos casos de reabsorções

muito extensas, pode-se optar por realizar o tratamento endodôntico antes do

término do tratamento da reabsorção.

4.2 Região média e apical da raiz

Na região média e apical da raiz, dependendo da causa, a reabsorção

externa vai gradativamente comprometendo a estrutura dentária, seguindo um

sentido aleatório e irregular contornando e respeitando a polpa dentária. Este

tipo de comprometimento aleatório e assimétrico da estrutura dentinária

promoverá, pela superposição, uma imagem radiográfica irregular tanto no seu

contorno, quanto a sua radiolucidez, exatamente o oposto do que ocorre com a

reabsorção interna.

Na reabsorção radicular apical externa, particularmente a inflamatória,

é uma alteração diretamente relacionada à condição patológica do endodonto.

Seu envolvimento com a necrose pulpar ocorre por causa da marcante

presença de microorganismos no sistema de canais radiculares e nos túbulos

dentinários. Mesmo após a terapia endodôntica, se houver disponibilidade de

substrato no sistema de canais radiculares, bactérias residuais confinadas a

canais acessórios e túbulos dentinários podem estimular a reabsorção


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radicular. O tratamento de reabsorções inflamatórias apicais deve ser

direcionado ao combate da infecção endodôntica. O protocolo antimicrobiano

atualmente proposto consiste no preparo biomecânico seguido de curativo de

demora à base de hidróxido de cálcio por um período de tempo estendido, o

que proporciona difusão de íons de cálcio e de hidroxila no meio e resulta na

elevação do pH também no interior de túbulos dentinários. Entretanto a

dificuldade de obturação radicular em tais casos existe, pois, o selamento

apical deficiente, com materiais convencionais para obturação de canais

radiculares, pode a posteriori comprometer o êxito do tratamento. Entre

técnicas não convencionais de obturação de canais radiculares com ápices

abertos ou reabsorvidos figura o uso de um tampão de agregado de trióxido

mineral (MTA), material originalmente desenvolvido como retro-obturador e que

tem sido utilizado em diversas outras aplicações clínicas.

4.3 Reabsorção Dental Externa Lateral

É uma reabsorção progressiva que ocorre nos terços médio e/ou apical

da raiz, como consequência de traumas mais severos, como luxações ou

avulsões. Sobretudo, essas injúrias podem causar a ruptura de vasos

sanguíneos no forame apical e, consequentemente, necrose da polpa por

isquemia. Com isso, micro-organismos chegam até o canal radicular através

de microrrachaduras no esmalte e dentina ou de túbulos dentinários expostos,

desencadeando um processo infeccioso endodôntico.  

Radiograficamente é possível observar perda de tecido dentário,

associada a áreas radiolúcidas persistentes e progressivas no osso adjacente.

Portanto, podem se localizar nas faces laterais (mesial e distal) ou vestibular e

palatina da raiz. Mas quando localizada nas faces vestibular ou lingual, a lesão


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de reabsorção movimenta-se com alterações na angulação horizontal

radiográfica. Dessa forma, como não possui comunicação com a cavidade

pulpar, é possível diferenciar o contorno do canal através da

área radiolúcida de reabsorção.

4.4 Reabsorção Dental Externa Transitória

Também chamada de reabsorção de superfície, é uma reabsorção

externa que é interrompida sem qualquer intervenção. Essa reabsorção

é autolimitante e rapidamente reparada. Todavia, pode ocorrer em qualquer

ponto ao longo da raiz dental. Em síntese, tem como fator etiológico traumas

de baixa intensidade localizados nos tecidos de sustentação do dente, como a

concussão e a subluxação. Sendo assim, por serem de tamanho reduzido, são

difíceis de identificar na radiografia. No entanto, como seu reparo ocorre

espontaneamente, não é necessário nenhum tipo de tratamento e ao exame

clínico, o dente apresenta características de normalidade.  

4.5 Reabsorção Dental Externa por Substituição

Também chamada de reabsorção por substituição, é observada nos

reimplantes, transplantes e luxações. Em suma, qualquer trauma dental capaz

de ocasionar um dano irreversível ao ligamento periodontal e/ou à superfície

radicular, pode provocar uma reabsorção substitutiva. Mas, a intrusão e a

avulsão, pelo extenso prejuízo ao ligamento periodontal, são os traumatismos

responsáveis pelo maior número de reabsorção por substituição.  Na ausência

do ligamento periodontal, ou de parte dele, e de fatores antirreabsortivos, o

tecido ósseo fica justaposto à superfície radicular, causando uma anquilose.

Esse contato direto entre osso e raiz, favorece a atração de células clásticas à
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superfície radicular. Contudo, devido ao ciclo normal de remodelação óssea, o

dente anquilosado tem sua raiz substituída, gradativamente, por osso.  

A reabsorção por substituição é assintomática. Portanto, clinicamente,

o dente anquilosado não possui mobilidade fisiológica e, geralmente, está

em infraoclusão. À percussão, possui um som metálico, diferente dos dentes

adjacentes. Ao mesmo tempo, radiograficamente, ocorre desaparecimento do

espaço pericementário e a substituição da raiz por osso, que tem origem no

terço apical. Desse modo, quando o dente estiver sustentado apenas pela

inserção epitelial, a exodontia é indicada.


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5. Conclusão

Com base no exposto, podemos concluir que a reabsorção externa é

caracterizada pela perda de tecido duro dentário. Quando há um dano na

camada protetora de pré dentina ou pré cemento, uma inflamação pulpar ou do

periodonto desencadeia um processo de reabsorção devido ao desequilíbrio

funcional entre osteoblastos e osteoclastos. Este tipo de reabsorção é

geralmente muito mais grave e quase sempre resulta na extração do dente.

Existem muitas situações que podem causar a dissolução da raiz do dente, por

exemplo, pressão de outro dente ou materiais ortodônticos, bactérias que

resultam em infecção ou inflamação além disso, traumas. Uma vez que o

trauma ocorre os osteoclastos começam a dissolver a raiz do dente, este

processo continua até a raiz interna destruindo os vasos sanguíneos e o tecido

nervoso fazendo com que a coroa do dente fique solta e instável. De acordo

com as dimensões assim como dificuldade de acesso ao defeito pode não ser

possível o tratamento endodôntico e ser necessário o tratamento cirúrgico que

pode ser associado ao tratamento farmacológico para ajudar a reduzir ou

mesmo parar o processo de reabsorção.


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6. Referências

1- Consolaro A. O conceito de Reabsorções Dentárias ou As


Reabsorções Dentárias não são multifatoriais, nem complexas, controvertidas
ou polêmicas! Dental Press J Orthod. 2011;16(4):19-24.
2- Lopes HP, Siqueira JF. Endodontia – biologia e técnica. 4th ed.
Editora Elsevier, 2015.
3- Consolaro A. Reabsorções Dentárias nas especialidades clínicas.
3th ed. Maringá: Dental Press; 2002.

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