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Império Persa

Tribos nômades, originárias da Ásia Central e do sul da Rússia, estão na origem étnica do Império Persa (539 a.C.-331
a.C.). Remonta a 6.000 a.C., data presumível da primeira comunidade instalada no planalto iraniano, entre o mar
Cáspio e o Golfo Pérsico.

O altiplano iraniano sofre, no decorrer dos milênios, invasões de vários povos, sobrevivendo, portanto, sob a
influência de diversos domínios, em que se destacam os assírios e os caldeus. Mas a data da criação do Império é
reconhecida como a do ano de 539 a.C., quando o chefe persa Ciro II, o Grande submete as sociedades da
Mesopotâmia (caldeus e assírios). Torna-se rei também dos medos, povo que derrotara os assírios, em 612 a.C. Ciro
cria a dinastia Aquemênida, assim chamada em homenagem ao pai, Aquemenes. Excelente estrategista militar,
consolida a hegemonia no Irã com campanhas exemplares. Conquista a Babilônia, o reino da Lídia e as colônias
gregas da Ásia Menor. Trata com respeito os vencidos, poupando seus costumes e sua religião. É chamado de o rei
do mundo.

Cambises (529 a.C.-522 a.C.), seu filho e sucessor, estende o Império até o Egito. Morre em 522 a.C. e é substituído
por Dario, o Grande, que derrota uma tentativa de usurpação do trono pela casta sacerdotal. É exatamente durante
seu reinado que o Império Persa atinge o auge. Dario dá continuidade aos planos de hegemonia universal de Ciro,
conquistando a Trácia, a Macedônia e territórios na Índia. Considerado um gênio político da Antiguidade, divide o
reino em 20 províncias, as satrapias, para facilitar seu governo. Conjuga a autonomia regional com o poder central
irrefutável. Constrói estradas entre as satrapias que permitem o deslocamento rápido de tropas e mercadorias.
Incentiva a difusão do zoroastrismo, religião baseada nos ensinamentos de Zoroastro, que tolera as crenças entre os
povos, incentivando a prática da sinceridade e a adoção do bem e da verdade contra o mal e a mentira. Mas a
extensão do Império, calculada em cerca de 8 milhões de km, coloca em risco sua administração. Torna-se
impossível controlar as constantes rebeliões no vasto território.

Xerxes (519 a.C.-465 a.C.) sucede Dario em 486 a.C. e enfrenta lutas no Egito e na Babilônia. Seus herdeiros perdem
a supremacia para os gregos durante as Guerras Médicas. O antigo rival grego, agora protagonizado na figura de
Alexandre, o Grande, acaba por transformar-se na potência do Mediterrâneo Oriental. Derrota Dario III, último
representante da dinastia Aquemênida, na Batalha de Arbela, em 331 a.C., pondo fim ao Império Persa.

Civilização Persa

Os persas, tribos nômades aparentadas dos escitas, do Cáucaso, deslocam-se para o planalto do Irã, mesclando-se
aos povos locais (medas). Por volta de 700 a.C., cidades-estados como Pasárgada e Persépolis vivem sob hegemonia
meda. Em 539 a.C., os persas derrotam os medas e, sob a liderança de Ciro II, iniciam o Império Persa. Ciro submete
as sociedades da Mesopotâmia, consolida a hegemonia na Pérsia, conquista a Babilônia, o reino da Lídia e as
colônias gregas da Ásia Menor. A partir de 522 a.C., durante o reinado de Dario, o Grande (558 a.C.?-486 a.C.), o
Império estende-se para Trácia, Macedônia e parte da Índia. Sem conseguir administrar rebeliões no vasto território,
Xerxes (519 a.C.-465 a.C.), que sucede Dario em 486 a.C., entra em conflito com as cidades gregas. As Guerras
Médicas (492 a.C.-448 a.C.) acabam com a vitória dos gregos. Em 331 a.C., os persas são submetidos ao Império
Macedônico.

Praticam a agricultura, a pecuária, o artesanato, a metalurgia e a mineração de metais e pedras preciosas. Realizam
intensos intercâmbios comerciais, constroem estradas de pedra e canais para facilitar o transporte, as trocas e o
correio a cavalo. Implantam uma economia monetária e um sistema de pesos e medidas e instituem impostos fixos.
No topo da estrutura social está a nobreza territorial, militar e burocrática e, na base, servos e escravos. Em 539 a.C.,
com Ciro II, passam a viver sob Monarquia absoluta. Criam uma literatura diversificada, particularmente a religiosa.
Seguem os ensinamentos do profeta Zaratustra (ou Zoroastro), que realiza importante reforma religiosa no século VI
a.C. A religião persa é dualista: os deuses são Ahura-Mazda, o bem, e Arimã, o mal.

Cyro, o Grande

Rei da Pérsia (590/580? a.C.-529 a.C.). Iniciador da dinastia dos aquemênidas, nome que homenageia seu pai,
Aquemenes. Educado na infância por pastores e na juventude por um guerreiro, torna-se chefe das tribos da Pérsia
(atual Irã), em 548 a.C., ao submeter o povo dos medas, que viviam na mesma região. Busca terras férteis para
instalar seu povo, em rápido crescimento populacional. Funda o Império Persa em 539 a.C., quando conquista o
vizinho Império Babilônio, na região que hoje é o Iraque. Considerado mestre da estratégia militar, organiza um
exército eficiente, que utiliza a tática de assalto, com arqueiros montados e maciço combate de soldados. Conquista
depois o reino da Lídia, as colônias gregas da Ásia Menor e chega até as margens do rio Indo, na Índia. Respeita os
costumes e a religião dos vencidos e com isso garante a estabilidade do império. Sua política de tolerância religiosa
com os povos conquistados é mencionada na Bíblia, em que aparece como o soberano que libertou os judeus ao
conquistar a Babilônia. É sucedido pelo filho Cambises I, que expande o império ao conquistar o Egito.

Dario, o Grande

Imperador persa (550 a.C.-486 a.C.). Um dos principais governantes do Império Persa, fundado por Ciro, o Grande.
Assume o trono em 521 a.C., após derrotar a casta de sacerdotes que assumira o poder. Dá continuidade aos planos
de hegemonia universal de Ciro. Em seu governo, o Império Persa atinge a extensão máxima, chegando até a Índia.
Conquista a Trácia e a Macedônia, regiões contíguas à Grécia, mas fracassa na tentativa de submeter os gregos e é
derrotado na Batalha de Maratona. Também como Ciro, procura respeitar a liberdade de culto religioso e os
costumes dos povos dominados. Considerado um gênio administrativo, reestrutura o império, dividindo-o em 20
regiões denominadas satrapias, com relativa autonomia mas subordinadas ao poder central. Constrói estradas que
ligam essas unidades administrativas a Susa, capital do reino, onde reside o soberano. A "estrada real" entre Sardes
e Susa, por exemplo, tem 2,5 mil quilômetros de extensão. Realiza importantes obras arquitetônicas em Susa:
restaura fortificações, constrói um enorme salão de audiências e um palácio residencial.

Civilização Assíria

Os assírios resultam da mestiçagem entre as tribos de semitas da Samaria (região da Palestina) e os povos do norte
do rio Tigre. O Império Assírio novo (883 a.C.-612 a.C.), que se estende da Pérsia (atual Irã) à cidade egípcia de Tebas,
atinge o apogeu sob o reinado de Sargão II. As principais cidades-estados são Assur e Nínive.

Formam o primeiro Exército organizado e o mais poderoso até então. Desenvolvem armas de ferro e carros de
combate puxados a cavalo. Impõem práticas cruéis aos vencidos, como a mutilação. Os guerreiros e sacerdotes
desfrutam muitos privilégios: não pagam tributos e são grandes proprietários de terra. A população, formada por
camponeses e artesãos, é sujeita ao serviço forçado na construção de imensos palácios e estradas e ainda paga altos
tributos. Os assírios implantam a horticultura e aperfeiçoam o arado. São politeístas e possuem um deus supremo,
Assur.

Alexandre, o Grande

Rei da Macedônia (356 a.C.-13/6/323 a.C.). Filho do rei Felipe II e da rainha Olímpia, nasce em Pela, antiga capital da
Macedônia, região no norte da Grécia. Sob a influência do filósofo Aristóteles, seu preceptor dos 13 aos 16 anos,
passa a apreciar filosofia, medicina e ciências. Enquanto Felipe II está fora em uma expedição bélica, Alexandre lidera
uma expedição à atual Bulgária, vence os bárbaros locais e erige sua primeira cidade, Alexandrópolis. Pela façanha,
torna-se general do Exército do pai com 16 anos. Assume o trono aos 20 anos, após o assassinato de Felipe. Nos 13
anos de reinado, Alexandre, também conhecido como Magno (do latim grande), cria o império mais extenso até
então. Domina a Grécia, a Palestina e o Egito, anexa a Pérsia e a Mesopotâmia e chega à Índia. Organiza o Império
Macedônico em nove reinos e funda mais de 70 cidades, várias com o nome de Alexandria, que servem para o
intercâmbio comercial com China, Arábia, Índia e interior da África. Dessas, a mais famosa é a localizada no delta do
rio Nilo, no Egito. As conquistas de Alexandre propagam a cultura grega no Oriente. A criação da biblioteca de
Alexandria, com 700 mil volumes, transforma a cidade em centro irradiador da cultura helenística. Alexandre casa-se
com Roxana, com quem tem um filho, Alexandre Aegus. Morre aos 33 anos, de febre, na Babilônia.

Pérsia

Segundo Heródoto e outros historiadores gregos da antiguidade, o nome Pérsia deriva de Perseu, antepassado
mitológico dos soberanos daquela região. A civilização persa conheceu grande esplendor com a dinastia
aquemênida, que manteve longa disputa com as cidades gregas pela hegemonia na Anatólia e no Mediterrâneo
oriental.
O território central da civilização persa foi o planalto do Irã, entre o mar Cáspio e o golfo Pérsico, um dos grandes
focos de civilização do rio Indo e da Mesopotâmia. Desde tempos ancestrais, sucessivos grupos étnicos
estabeleceram-se na região. Ao longo do terceiro e do segundo milênios anteriores à era cristã foram formados os
reinos dos guti, dos cassitas e dos elamitas, entre outros. No segundo milênio surgiram também as primeiras tribos
indo-européias, provavelmente originárias das planícies do sul da Rússia, e no início do primeiro milênio ocorreu a
segunda chegada de povos indo-europeus procedentes da Transoxiana e do Cáucaso, entre os quais estavam os
medos e os persas. Os dois grupos são mencionados pela primeira vez em inscrições da época do rei assírio
Salmanasar III, por volta do ano 835 a.C.
Entre os séculos IX e VII a.C. ocorreu o estabelecimento, em solo iraniano, de povos citas chegados através do
Cáucaso. Acredita-se que os citas já tivessem se diluído entre os povos árias quando surgiu a figura de Ciaxares, que
levou os medos ao auge de seu poderio. Rei dos medos entre 625 e 585 a.C., Ciaxares reorganizou o exército -- com
a adoção de unidades de arqueiros montados -- e, depois de unir suas forças às da Babilônia, enfrentou o poder
hegemônico da região, o da Assíria, cuja capital, Nínive, foi destruída em 612. Medos e babilônios dividiram entre si
o império assírio. Astíages, que reinou de 585 a 550 a.C., herdou do pai um extenso domínio, que compreendia a
planície do Irã e grande parte da Anatólia.
Dinastia aquemênida. O rei persa Ciro o Grande, da dinastia aquemênida, rebelou-se contra a hegemonia do império
medo e em 550 a.C. derrotou Astíages, apoderou-se de todo o país e em seguida empreendeu a expansão de seus
domínios. A parte ocidental da Anatólia era ocupada pelo reino da Lídia, ao qual estavam submetidas as colônias
gregas da costa da Anatólia. Uma hábil campanha do soberano persa, que enganou o rei lídio Creso com uma falsa
operação de retirada, teve como resultado sua captura, em 546 a.C. A ocupação da Lídia se completou mais tarde
com a tomada das cidades gregas, as quais, à exceção de Mileto, resistiram durante vários anos.
A ambição de Ciro voltou-se então para a conquista da Babilônia, a poderosa cidade que dominava a Mesopotâmia.
Ciro tirou proveito da impopularidade do rei babilônio Nabonido e apresentou-se como eleito pelos deuses da
cidade para reger seu destino, e, apoiado pela casta sacerdotal, dominou-a facilmente em 539 a.C.
Sucedeu a Ciro o Grande seu filho Cambises II, que em seu reinado, de 529 a 522 a.C., empreendeu a conquista do
Egito, então governado pelo faraó Ahmés II, da XXVI dinastia. Ahmés tentou defender suas fronteiras com a ajuda de
mercenários gregos, mas, traído por estes, abriu as portas do Egito a Cambises, que cruzou o Sinai e destroçou o
exército de Psamético III, sucessor de Ahmés, na batalha de Pelusa. A capital egípcia, Mênfis, caiu em poder dos
persas e o faraó foi aprisionado e deportado. Do Egito, Cambises tentou levar a cabo a conquista de Cartago, o
poderoso império comercial do Mediterrâneo ocidental, mas a frota fenícia negou-se a colaborar com a campanha, o
que a inviabilizou. Ao retornar de uma vitoriosa expedição à Núbia, o exército persa foi dizimado pela fome.
Enquanto isso, um impostor, fazendo-se passar por irmão de Cambises, apoderou-se da parte oriental do império.
Cambises morreu quando descia o Nilo com o resto de suas tropas.
Dario I o Grande. Dario I reinou entre 522 e 486 a.C. Um conselho de nobres persas decidiu reconhecer como
herdeiro de Cambises um príncipe da casa real, Dario, que se distinguira como general dos exércitos imperiais por
mais de um ano. Os esforços para consolidar-se no trono ocuparam o novo "rei dos reis", que soube manejar
habilmente o castigo e o perdão, até que as forças inimigas foram dizimadas em todo o império. Tão logo se livrou
de seus adversários, Dario prosseguiu com a política de expansão e incorporou a seus domínios grandes territórios
do noroeste do subcontinente indiano (mais tarde o Paquistão). Depois, as tropas persas tentaram, com pouco êxito,
estabelecer o controle das terras litorâneas do mar Negro, para opor obstáculo ao comércio grego. Em 500 a.C., as
colônias helênicas da Anatólia se rebelaram contra a autoridade imperial, apoiadas por Atenas. A reação tardou
vários anos, mas depois da derrota da frota grega em Mileto, o exército persa recuperou todas as cidades rebeldes.
Quando, no entanto, o imperador persa tentou tomar as cidades da Grécia européia, sofreu a derrota de Maratona,
em setembro de 490 a.C. Dario começou a recrutar um enorme exército para dominar a Grécia, mas morreu em 486,
ao tempo em que a rebelião do Egito proporcionava um repouso aos helênicos.
As principais atividades de Dario o Grande à frente do império persa foram as de organização e legislação. Dividiu o
império em satrapias (províncias), a cada uma das quais fixou um tributo anual. Para desenvolver o comércio,
unificou a moeda e os sistemas de medidas, construiu estradas e explorou novas rotas marítimas. Respeitou as
religiões locais e parece ter, ele mesmo, introduzido o zoroastrismo como religião estatal. Deslocou a capital para
Susa e construiu um palácio em Persépolis.
O exército persa, antes formado mediante recrutamento em tempo de guerra, foi reorganizado por Ciro e depois por
Dario, que criaram um exército profissional e permanente, só reforçado por recrutamento geral em caso de guerra.
A elite do exército profissional era constituída pelos "dez mil imortais", guerreiros persas ou medos, dos quais mil
integravam a guarda pessoal do imperador.
Xerxes I. Imperador entre 485 e 465 a.C., Xerxes, filho de Dario, reprimiu duramente a revolta que abalou o Egito no
momento em que subiu ao trono, e abandonou a atitude respeitosa de seu pai frente aos costumes das províncias.
Nova revolta, na Babilônia, foi dominada em 482 a.C. Conseguida a pacificação do império, o exército de Xerxes
invadiu a Grécia dois anos mais tarde. Depois de vencerem a resistência grega nas Termópilas, os persas tomaram e
incendiaram Atenas, mas foram derrotados na batalha naval de Salamina. A derrota de Platéias, em 479 a.C.,
conduziu ao abandono da Grécia pelas tropas persas. O próprio imperador perdeu o interesse por novas conquistas
e dedicou-se à vida palaciana nas capitais do império até 465 a.C., quando foi assassinado.
Sucessores de Xerxes I. Artaxerxes I, imperador de 465 a 425 a.C., teve que enfrentar uma nova rebelião no Egito,
que levou cinco anos para ser dominada. Depois do breve reinado de Xerxes II, que governou de 425 a 424 a.C.,
subiu ao poder Dario II, ocasião em que os governadores da Anatólia souberam aproveitar habilmente a rivalidade
entre Esparta e Atenas. Nas guerras do Peloponeso, inicialmente a Pérsia ajudou Atenas, mas depois da desastrosa
campanha ateniense contra a Sicília, o império aquemênida contribuiu para o triunfo final de Esparta.
Artaxerxes II reinou de 404 a 359 a.C. e manteve a política de dividir as cidades gregas. Uma revolta levou à
independência do Egito, e o império começou a se debilitar. No ano 401 a.C., pela primeira vez uma força militar
grega internou-se até o centro do império persa. Dez mil mercenários, sob o comando de Xenofonte, deram apoio a
Ciro o Jovem, que se rebelara contra Artaxerxes II. Depois da derrota de Cunaxa, tiveram que empreender uma longa
retirada, narrada por Xenofonte em Anábasis, até voltarem a sua pátria.
Durante seu reinado, de 359 a 338 a.C., Artaxerxes III conseguiu reconquistar o Egito, o que levou o faraó a fugir para
a Núbia. Enquanto isso, uma nova potência, a Macedônia, surgia nas fronteiras ocidentais do império. Seu rei, Filipe
II, depois de derrotar os gregos em Queronéia, em 339 a.C., conseguiu manter toda a Grécia sob sua hegemonia.
Concluído o curto reinado de Arses (de 338 a 336), subiu ao poder o último rei aquemênida, Dario III (336 a 330). A
batalha de Granico, em maio de 334, pôs o império persa em mãos do filho de Filipe, Alexandre o Grande. Dario III
foi assassinado pouco depois de fugir de Persépolis.
Significado histórico do império aquemênida. A formação e o desenvolvimento do império aquemênida significaram
a criação de um vasto espaço político no mundo, no qual reinou uma tolerância até então desconhecida. Os impérios
anteriores -- o egípcio, o babilônio, o assírio -- tinham uma visão política muito mais localista. O império aquemênida
foi precursor, em certa medida, dos sonhos universalistas de Alexandre e de Roma. Graças a sua tolerância teve
lugar nele, e a partir dele, uma fermentação filosófica, científica, econômica e religiosa de vastas conseqüências no
mundo antigo.
O império aquemênida esteve na origem das nações mais antigas do mundo. A lembrança do esplendor de Ciro e de
Dario manteve-se presente ao longo da história dos governantes do Irã. Isso ficou demonstrado durante a
comemoração solene, nas ruínas de Persépolis, antiga capital persa, dos 2.500 anos da monarquia persa, celebrada
em 1971 pelo xá Mohamed Reza Pahlevi.
Reino selêucida. Depois da morte de Alexandre, ocorrida na Babilônia em 323 a.C., o enorme império por ele
conquistado foi dividido entre seus generais. Seleuco I subiu ao poder na Síria, na Pérsia, na Mesopotâmia e no
noroeste do subcontinente indiano, mas a dinastia selêucida, por ele fundada, não conseguiu manter um controle
eficaz sobre tão vasta área, que ficou reduzida com a separação da região do Indo. Em 247 a.C., a província de Pártia
tornou-se independente, e o soberano Ársaces fundou uma dinastia que com o tempo haveria de reinar sobre a
Pérsia.
O mais destacado dos imperadores selêucidas foi Antíoco III o Grande, que reinou de 223 a 187 a.C. e estendeu os
limites do império a leste e a oeste. Em sua expansão para a Anatólia, ele entrou em conflito com Roma. Depois da
derrota sofrida em Magnésia frente aos romanos, em 190 a.C., o império selêucida, pressionado em sua parte
ocidental por Roma e na oriental pelo reino dos partas, foi progressivamente se decompondo.
Império arsácida. O estado parto, fundado por Ársaces I, procurou, desde seu início, restabelecer a tradição
aquemênida. Mitrídates I, que governou entre 171 e 138 a.C., engrandeceu o reino parta à custa dos selêucidas, aos
quais arrebatou os territórios do Irã e da Babilônia. A partir de 140, os soberanos arsácidas adotaram o título de rei
dos reis, que tinha sido empregado pelos imperadores aquemênidas. O domínio parta estendeu-se das margens do
Eufrates às do Indo.
Roma, que pretendia reconstruir o mítico império de Alexandre o Grande tentou várias vezes subjugar o império
arsácida. Finalmente, o imperador romano Augusto concluiu, no ano 20 a.C., um tratado de paz com o arsácida
Fraates IV, que fixava o rio Eufrates como fronteira entre os dois impérios. A paz durou pouco mais de um século,
durante o qual o comércio de caravanas, que unia China e Índia a Roma, através da Pérsia, registrou extraordinário
desenvolvimento.
Império sassânida. Ardashir I, que se dizia descendente dos grandes imperadores aquemênidas, esteve à frente de
um pequeno reino iraniano entre os anos 224 e 241 da era cristã e ampliou seus domínios até apoderar-se do
império parta. Foi com Ardashir que teve início a dinastia sassânida, que dominou um novo império persa até o ano
636, quando os árabes o derrubaram em campanha tão violenta quanto a empreendida pelas tropas de Alexandre
contra o império aquemênida.
Interessados em restaurar o esplendor aquemênida, os sassânidas tinham adotado o zoroastrismo como religião de
estado, mas ao contrário do que ocorrera durante o primeiro império persa, a intolerância religiosa foi muito grande.
Shapur I, que reinou entre 241 e 272, estendeu seu império do Cáucaso até o Indo. Khosrau II, rei entre 591 e 628,
chegou a apoderar-se, por algum tempo, da Síria, da Palestina e do Egito.
Um novo império e uma nova religião surgiram na Arábia na terceira década do século VII: o Islã. Senhores da Síria,
os exércitos islâmicos invadiram a Mesopotâmia, derrotaram os persas no ano 637 e se apoderaram da capital
imperial, Ctesifonte. O último soberano sassânida, Yezdegerd III, foi derrotado definitivamente no ano 641 e morreu
assassinado no exílio dez anos mais tarde, ao tempo em que os invasores se apoderavam do planalto iraniano.

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Suméria
Com as escavações iniciadas em 1877 nas ruínas de Lagash, na Mesopotâmia, ao sul da Babilônia, Ernest de Sarzec
descobriu os vestígios da mais antiga civilização humana, a da Suméria. Os sumérios inventaram a escrita cuneiforme
-- mais antiga forma grafada para representar sons da língua, ao invés dos próprios objetos --, os primeiros veículos
sobre rodas e os primeiros tornos de cerâmica.
O território da Suméria localizava-se no extremo sul da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, na área onde
posteriormente se desenvolveu a Babilônia e que modernamente corresponde ao sul do Iraque, entre Bagdá e o
golfo Pérsico. Nessa região desenvolveu-se a civilização dos sumérios, povo de origem desconhecida que, já no
quarto milênio antes da era cristã, agrupava-se em cidades-estados.
História. Antes da chegada dos sumérios, a baixa Mesopotâmia fora ocupada por um povo não pertencente ao grupo
semita, modernamente conhecido como ubaida, termo derivado da cidade de al-Ubaid, onde foram encontrados
seus primeiros vestígios. Primeira força civilizatória presente na área, os ubaidas estabeleceram-se no território
entre 4500 e 4000 a.C. Drenaram os pântanos para a agricultura, desenvolveram o comércio e estabeleceram
indústrias, entre as quais manufaturas de couro, metal, cerâmica, alvenaria e tecelagem. Mais tarde, vários povos
semitas infiltraram-se no território dos ubaidas e formaram uma grande civilização pré-suméria.
O povo conhecido como sumério, cuja língua predominou no território, veio provavelmente da Anatólia e chegou à
Mesopotâmia por volta de 3300 a.C. No terceiro milênio, haviam criado pelo menos 12 cidades-estados: Ur, Eridu,
Lagash, Uma, Adab, Kish, Sipar, Larak, Akshak, Nipur, Larsa e Bad-tibira. Cada uma compreendia uma cidade murada,
além das terras e povoados que a circundavam, e tinha divindade própria, cujo templo era a estrutura central da
urbe. Com a crescente rivalidade entre as cidades, cada uma instituiu também um rei.
O primeiro rei a unir as diferentes cidades, por volta de 2800 a.C., foi o rei de Kish, Etana. Por muitos séculos, a
liderança foi disputada por Lagash, Ur, Eridu e a própria Kish, o que enfraqueceu os sumérios e os tornou
extremamente vulneráveis a invasores. Entre 2530 e 2450 a.C., a região foi dominada pelos elamitas procedentes do
leste. Teve maiores conseqüências a invasão, pelo norte, dos acadianos, cujo rei Sargão de Acad integrou a Suméria
a seu império. Sargão conseguiu ainda submeter os elamitas, antes de lançar-se à conquista das terras ocidentais,
até a costa síria do Mediterrâneo. Criou assim um modelo unificado de governo que influenciou todas as civilizações
posteriores do Oriente Médio. Sua dinastia governou aproximadamente entre 2350 e 2250 a.C.
Após o declínio da dinastia acadiana, por volta do ano 2150 a.C. o território foi invadido e devastado pelos gútios,
povo semibárbaro originário dos montes Zagros, a leste da Mesopotâmia. Graças à reação do rei de Uruk, que
expulsou os invasores, as cidades ficaram novamente independentes. O ponto alto dessa era final da civilização
suméria foi o reinado da terceira dinastia de Ur, cujo primeiro rei, Ur-Nammu, publicou o mais antigo código legal
encontrado na Mesopotâmia. Depois de 1900 a.C., quando os amorritas conquistaram todo o território
mesopotâmico, os sumérios perderam sua identidade como povo, mas a cultura suméria foi assimilada pelos
sucessores semitas.
Civilização suméria. A escrita cuneiforme surgiu na Mesopotâmia, no terceiro milênio anterior à era cristã. Escrevia-
se sobre tábulas de argila, com estiletes de bambu. Depois, a tábula era endurecida ao sol ou em fornos. Graças a
essa escrita, decifrada por lingüistas e arqueólogos, foi possível conhecer inúmeros aspectos da vida, religião e
instituições da Suméria. Os sumérios possuíam uma rica literatura, que incluía poemas, epopéias, hinos,
lamentações, provérbios etc. A criação poética mais notável foi o Gilgamesh, ao qual se somam os mitos de Tamuz e
da deusa Nanai Ishtar de Uruk, do pastor Etana, do herói Adapa etc.
Os templos e edifícios, em geral feitos de tijolos crus e cozidos, não se conservaram, pois os materiais empregados
não resistiram ao passar dos séculos. Em compensação, além das tábulas, conservaram-se estelas e cilindros
gravados, que eram utilizados como selos, além de esculturas em pedra. Os sumérios trabalhavam o bronze, o cobre,
o ouro e a prata.

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