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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Análise de Recalques Monitorados em Campo de Dois Edifícios


com Fundações em Maciço Rochoso da Cidade de Caruaru-PE
Yago Ryan Pinheiro dos Santos
Universidade Federal de Pernambuco, Caruaru, Brasil, yago_ryan@hotmail.com

Maria Isabela Marques da Cunha Vieira Bello


Universidade Federal de Pernambuco, Caruaru, Brasil, isabelamcvbello@hotmail.com

Alexandre Duarte Gusmão


Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil, gusmao.alex@ig.com.br

RESUMO: Este trabalho apresenta um caso de obra de dois edifícios (torres A e B) em concreto
armado, com fundações superficiais em maciço rochoso localizados na cidade de Caruaru-PE, e que
tiveram seus recalques monitorados em 6 estágios de sua obra, até a sua conclusão. Através da
instalação de pinos de monitoramento engastados em seus pilares e de instrumentação apropriada,
foram feitas as leituras desses valores. Registrou-se recalques absolutos máximos de 19 mm para a
torre A e de 12,15 mm para a torre B, além de valores de 12,4 mm de recalques diferenciais na torre
A e de 7,6 mm para a torre B. Evidenciou-se que, apesar do empreendimento estar assente em
maciço rochoso, os valores medidos foram significativos, mostrando a importância do
monitoramento de recalques de uma obra, cuja prática deve ser considerada nos projetos de
fundações de edifícios, independentemente do terreno que suportará os esforços da estrutura.

PALAVRAS-CHAVE: Instrumentação de Campo, Recalques, Maciço Rochoso.

1 INTRODUÇÃO verificado, dentre outras práticas, através do


controle e monitoramento de recalques.
O termo Recalque refere-se ao deslocamento É reconhecível a manifestação dos recalques
vertical, para baixo, sofrido pelos elementos (principalmente os diferenciais) nas edificações,
discretos da fundação devido à deformação por meio do aparecimento de patologias nos
sofrida pelo maciço de solos ou de rochas. seus elementos estruturais, como fissuras e
Segundo Antoniazzi (2011), os valores dos rachaduras; diante disto, o acompanhamento ou
recalques seriam praticamente uniformes caso o controle de recalques é necessário para a
os elementos de fundação tivessem as mesmas identificação precisa do comportamento real das
dimensões e o subsolo fosse homogêneo, o que fundações (MILITITISKY, CONSOLI E
não ocorre na prática, visto que o solo apresenta SCHNAID, 2008).
uma grande variabilidade e os elementos de A prática de acompanhamento de recalques
fundação, além dos tamanhos diversos, estão por meio de instrumentação de campo é usual,
também submetidos à diferentes carregamentos sendo retratada por diversos autores, a serem
que chegam até eles pelos pilares da citados Gusmão (1990), Gonçalves (2004),
superestrutura. Danziger et al. (2005), Russo Neto (2005),
Diante da grande variabilidade dos Mota (2009), Savaris, Hallak e Maia (2011),
elementos de fundação e do terreno, o Santos (2016) e Rosa (2016).
desempenho do sistema de fundação pode ser No seu item sobre o desempenho de
fundações, a NBR 6122 (2010) relata que o
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monitoramento de recalques é obrigatório nos


seguintes casos:
 Estruturas nas quais a carga variável é
significativa em relação à carga total, tais como
silos e reservatórios;
 Estruturas com mais de 60 m de altura do
térreo até a laje de cobertura do último piso
habitável;
Figura 1. Esquematização do procedimento para
 Relação altura/largura (menor dimensão) monitoramento de recalques (RUSSO NETO, 2005).
superior a quatro;
 Fundações ou estruturas não convencionais. Milititsky, Consoli e Schnaid (2008)
Ainda segundo a NBR 6122 (2010), o apontam que os pontos de medição dos
programa de monitoramento, incluído no recalques devem ser escolhidos de modo a
projeto de fundações, deve conter informações facilitar as leituras e fornecer os dados
como a referência de nível indeslocável a ser necessários ao acompanhamento do problema
utilizada, as características dos aparelhos de suscitado. Afirmam ainda que a periodicidade
medida e a frequência e período em que serão das medidas está relacionada com os efeitos a
realizadas as leituras dos recalques. serem acompanhados, podendo ser diárias em
Tal procedimento, que segue uma casos especiais ou situações de risco, semanais
instalação de controle segundo a NBR 9061 em casos de escavações e execução de tirantes,
(1995), utiliza um nível óptico de precisão que é mensais ou bimensais em casos de
interligado a um marco de referência (bench monitoramento de rotina e semestrais ou anuais
mark), além de uma mira em chapa de invar quando os efeitos a serem verificados são de
com escala graduada que é apoiada em pinos longo prazo.
metálicos de extremidade esférica e que são Tendo em vista a importância do assunto, o
engastados nos pilares da edificação, podendo presente trabalho mostra a prática de
ser fixos ou removíveis. Russo Neto (2005) monitoramento de recalques em edificações,
esquematiza, em seu trabalho, o monitoramento através de um caso de obra de um
de recalques e seus elementos, como pode ser empreendimento residencial composto por duas
visto na Figura 1. Russo Neto (2005) torres com fundações superficiais em maciço
recomenda ainda que as leituras sejam feitas, rochoso, localizadas na cidade de Caruaru,
sempre que possível, pelo mesmo operador, Pernambuco.
tanto do nível, como o da mira, verificando
sempre se a base da mira está limpa e que, seja 2 APRESENTAÇÃO DO CASO DE
feita a instalação de mais de uma referência de OBRA
nível no local, de modo a contemplar a aferição
de eventuais deslocamentos e a propiciar um O caso de obra a ser analisado neste trabalho
elemento de reserva contra eventuais acidentes trata-se de um empreendimento residencial
de obra. composto por dois edifícios em concreto
armado, localizados na Av. Adjar da Silva Casé,
Bairro Indianópolis, no município de Caruaru-
PE. As torres, intituladas “A” e “B”, possuem,
respectivamente, 32 e 35 pavimentos tipo, além
de ambas possuírem pavimento térreo com 2
níveis, 2 pavimentos de mezanino (onde
localiza-se o estacionamento para os veículos
dos moradores), pavimento de cobertura e ático
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(reservatório superior).
SPA1 SPA2 SPA4
Por se localizar na região do Planalto da SPA3
SPA5

Borborema, Caruaru apresenta um terreno com SM-01 SM-03

características resistentes, tendo a SM-02

SPA8 SPA9
predominância de rochas pouco a muito SPA6
SPA7/13 SPA10/16
SPA11

fraturadas. Após a campanha de investigação de


SM-A SM-B
subsolo na área de estudo, que consistiu na
execução de 14 furos de sondagens do tipo SPA12
SPA14 SPA15
SPA17

mista (8 furos na área da torre A e 6 furos na SM-04


SM-05
SM-06

área da torre B), constatou-se a presença de um


subsolo composto por uma camada superficial SPA18
SPA20
SPA21 SPA22
SPA19

fina de solo arenoso pedregulhoso, seguido por Figura 3. Projeção das sapatas da torre A.
uma camada de rocha alterada (área da torre A)
e por aterro arenoso (área da torre B); SM-09
SM-D

finalmente, até a profundidade investigada (em SM-07


SM-C
0,50
0,80
0,30 72
média 10 m em relação ao nível do terreno), foi 0,80
75
1,00 84 100
97
encontrado uma camada de rocha metamórfica 100
100
3,80
(m) RQD (%)
75
alterada (cataclasito), com valores de RQD 100
4,79
93

(rocky quality designation) predominantemente 70


(m) RQD (%)
100
maiores que 80%, e ausência de nível d’água. 40

Devido às características do terreno, o projeto 67 92


86
de fundações do empreendimento consistiu em 100 10,50
(m) RQD (%)
10,80
sapatas isoladas e associadas, com bases (m) RQD (%)

assentes em cotas diferentes. As Figuras 2 e 3


LEGENDA
mostram, respectivamente, o perfil geotécnico
Solo arenoso pedregulhoso, de cor clara Cataclasito (Rocha metamórfica alterada)
representativo e a projeção das sapatas da área
Aterro arenoso SM-0X (ID. do Furo)
da torre A, com a localização dos furos de ESCALA 1:400
xx,xx (Prof. das camadas/RQD)
(m) RQD (%)
sondagem executados; as Figuras 4 e 5
Figura 4. Perfil geotécnico representativo do terreno da
mostram, respectivamente, o perfil geotécnico torre B e localização dos furos de sondagem executados
representativo e a projeção das sapatas da área na área.
da torre B, com a localização dos furos de
SPB3 SPB4
sondagem executados na área. SPB1 SPB2 SPB5

SM-08
SM-06 SM-05 SM-07
SM-B
0,40 0,80 0,80m SPB9
0,60 SM-C
1,00 70 1,30 49 SPB8
SPB7
80 70
47 SPB6
100 84 70
83
91 70
93 SM-09
5,27 87 90 67 SPB11
(m) RQD (%) 100 70
52 SPB10
93 70
96
100 94
SPB12/13
98 70
96
10,40 SM-D
(m) RQD (%) 70
93 SPB14
11,30
(m) RQD (%)

SPB15/16
LEGENDA
SPB17
SM-10
Solo arenoso pedregulhoso, de cor clara Cataclasito (Rocha metamórfica alterada) SPB18

Rocha alterada, de cor clara SM-0X (ID. do Furo)


xx,xx (Prof. das camadas/RQD)
ESCALA 1:400 (m) RQD (%)
Figura 5. Projeção das sapatas da torre B e localização
Figura 2. Perfil geotécnico representativo do terreno da dos furos de sondagem executados na área.
torre A.
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Durante a execução da obra, foram


monitorados, de acordo com as recomendações
previstas pelas NBR 6122 (2010), os recalques 3 ANÁLISES E DISCUSSÕES
sofridos pela estrutura por meio de
instrumentação de campo. O procedimento A Tabela 3 mostra os valores, em milímetros,
consistiu na instalação de pinos de dos recalques absolutos parciais medidos nos
monitoramento nos 22 pilares da torre A (PA01 pilares da torre A, nos 6 diferentes estágios de
– PA22), e nos 18 pilares da torre B (PB01 – obra mencionados.
PB18), localizados no pavimento térreo, onde,
por meio de um nível óptico, foram registrados Tabela 3. Recalques absolutos parciais da torre A.
os valores dos recalques parciais. As leituras Recalques (mm)
foram realizadas em 6 diferentes estágios da Leituras
obra, onde a primeira leitura foi realizada no Pilar 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª
momento em que foram instalados os pinos e a
PA01 0.00 0.61 1.22 3.61 3.20 -
última leitura realizada após a conclusão da
PA02 0.00 1.81 -0.14 4.94 4.44 -
obra. As Tabelas 1 e 2 mostram,
respectivamente, os diferentes estágios em que a PA03 0.00 2.28 0.59 6.04 5.59 -
obra das torres A e B se encontravam no PA04 0.00 3.29 1.78 7.74 7.51 -
momento das leituras de recalques. PA05 0.00 1.59 -1.55 4.62 4.21 -
PA06 0.00 2.76 1.04 7.11 7.09 -
Tabela 1. Estágios da obra da torre A.
PA07 0.00 3.21 1.83 8.04 7.68 -
Nº da Data da Dias Estágio de obra Torre
leitura Leitura transc. “A” PA08 0.00 3.51 2.57 9.13 9.42 -
Laje do pav. térreo PA09 0.00 3.94 2.92 9.22 9.27 -
1 14/11/13 0
concluída PA10 0.00 4.12 3.32 9.59 10.64 -
Laje do 25º pav. tipo PA11 0.00 2.42 3.09 5.23 5.27 -
2 06/08/14 265
concluída PA12 0.00 2.63 0.77 6.58 6.33 -
3 04/11/14 355 Laje do ático concluída
PA13 0.00 3.26 5.44 8.12 - -
Alvenaria interna do 32º
4 28/04/15 530 PA14 0.00 3.70 5.96 8.88 - -
pav. tipo concluída
PA15 0.00 4.51 6.88 9.66 - -
Instalação de esquadrias
5 23/10/15 708 PA16 0.00 5.02 7.43 10.90 11.89 13.38
no 17º pav. tipo
6 04/07/16 963 Obra concluída PA17 0.00 1.72 2.51 7.11 - -
PA18 0.00 3.32 5.25 7.54 - -
Tabela 2. Estágios da obra da torre B. PA19 0.00 5.79 8.76 11.44 - -
Nº da Data da Dias Estágio de obra Torre PA20 0.00 9.84 14.48 18.37 - -
leitura Leitura transc. “B”
PA21 0.00 8.28 11.95 15.33 17.38 18.99
Laje do pav. térreo
1 14/11/13 0 PA22 0.00 2.32 3.73 6.09 6.03 6.52
concluída
Laje do 29º pav. tipo
2 06/08/14 265 Nota-se que alguns recalques da 5ª leitura e os
concluída
3 04/11/14 355 Laje do ático concluída
recalques da 6ª leitura não foram registrados,
Revestimento interno do
devido ao fato de que os pinos de
4 28/04/15 530 monitoramento foram removidos pelos
25º pav. tipo concluído
Instalação de esquadrias operadores da obra sem a autorização do
5 23/10/15 708 responsável pelas leituras; pode-se ainda
no 17º pav. tipo
6 04/07/16 963 Obra concluída observar possíveis erros no registro desses
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valores de recalques dos pilares PA02 e PA05 registrado entre os pilares PB11 e PB16, com o
durante a 3ª leitura. valor de 7,64 mm.
O recalque absoluto máximo final foi A Tabela 5 mostra o resumo dos principais
registrado no pilar PA21, com o valor de 18,99 valores de recalques registrados durante o
mm; já o recalque diferencial máximo final foi monitoramento.
registrado entre os pilares PA21 e PA22, com o
valor de 12,47 mm.
A Tabela 4 mostra os valores, em milímetros, Tabela 5. Informações sobre os recalques observados.
dos recalques absolutos parciais medidos nos Recalques (mm) Torre A Torre B
pilares da torre B, nos 6 diferentes estágios de Rec. Absoluto máx. 18,99 12,15
obra mencionados. Rec. Diferencial máx. 12,47 7,64

Tabela 4. Recalques absolutos parciais da torre B. Os valores dos recalques diferenciais ficaram
Recalques (mm) abaixo dos limites propostos por Bjerrum
Leituras (1963) para as ditorções angulares (razão entre
o recalque diferencial e a distância entre os
Pilar 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª
centros das sapatas onde foi registrado o
PB01 0.00 1.84 1.80 3.87 3.92 -
recalque diferencial) para o aparecimento de
PB02 0.00 4.60 4.50 6.93 - - problemas em elementos estruturais, que é de
PB03 0.00 5.90 6.98 9.90 11.02 - 1/150.
PB04 0.00 6.51 7.18 9.91 11.11 - A Tabela 6 registra os valores dos recalques
PB05 0.00 4.23 2.93 5.97 - - médios obtidos pela média entre os valores
PB06 0.00 3.15 3.57 6.45 6.91 - registrados para cada leitura das torres A e B,
PB07 0.00 4.17 4.43 6.81 7.39 - além da média de recalques considerando as
PB08 0.00 4.90 5.27 7.57 8.10 - duas torres juntas.
PB09 0.00 4.17 3.80 6.01 - -
Tabela 6. Recalques médios observados.
PB10 0.00 3.31 3.40 5.64 7.72 -
Recalque Médio (mm)
PB11 0.00 6.27 7.10 9.69 10.50 12.15
PB12 0.00 3.02 3.74 5.45 5.65 -
Leitura Torre A Torre B (Torre A + Torre B)
PB13 0.00 3.34 3.97 6.35 6.35 -
PB14 0.00 2.61 2.50 5.02 5.41 6.18 1ª 0 0 0
PB15 0.00 1.68 1.75 - 4.63 -
2ª 3.63 3.73 3.68
PB16 0.00 2.13 1.92 4.29 4.45 4.51
3ª 3.97 3.98 3.98
PB17 0.00 2.92 3.50 5.48 6.66 6.62
4ª 8.42 6.26 7.34
PB18 0.00 2.37 2.30 4.11 4.91 5.01
5ª 7.73 6.98 7.36
6ª 12.96 6.89 9.93

Da mesma forma que ocorreu na torre A,


Observa-se que, em relação ao recalque médio
observa-se que alguns recalques da 5ª leitura e
da torre A, o maior valor é notado na 6ª leitura
os recalques da 6ª leitura da torre B não foram
(12,96 mm); já na torre B, o maior recalque
registrados, pelos mesmos motivos já
médio pode ser observado na 5ª leitura (6,98
mencionados anteriormente.
mm). Considerando as duas torres juntas, o
O recalque absoluto máximo final foi
maior recalque médio é observado na 6ª leitura,
observado no pilar PB11, com o valor de 12,15
com o valor de 9,93 mm.
mm; já o recalque diferencial máximo final foi
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A Tabela 7 mostra os recalques médios


observados nos pilares centrais e de Tabela 8. Recalques médios dos pilares centrais e de
extremidade - Torre B.
extremidade da torre A; a Figura 6 representa a
Recalque Médio – Torre B (mm)
relação entre os recalques médios registrados
Dias Pilares
nos pilares centrais e de extremidade da torre A Leitura
transcorridos centrais extremidade
em função dos dias transcorridos do
monitoramento. 1ª 0 0 0
2ª 265 4.54 3.63
Tabela 7. Recalques médios dos pilares centrais e de 3ª 355 4.54 3.81
extremidade - Torre A. 4ª 530 6.79 6.34
Recalques Médio – Torre A (mm) 5ª 708 8.10 6.86
Dias Pilares 6ª 963 - 6.89
Leitura
transcorridos centrais extremidade
1ª 0 0 0
2ª 265 3.91 3.48
3ª 355 4.54 3.65
4ª 530 9.19 7.98
5ª 708 9.78 6.71
6ª 963 13.38 11.76

Figura 7. Recalques médios dos pilares centrais e de


extremidade – Torre B.

É possível observar através das figuras 6 e 7


que os recalque médios obtidos nos pilares
centrais são sempre maiores que os recalques
nos pilares de extremidade em ambas as torres;
pode-se dizer que isto ocorre devido ao fato de
Figura 6. Recalques médios dos pilares centrais e de que os pilares centrais transmitem maiores
extremidade – Torre A. esforços ao terreno se comparados com os de
extremidade, gerando assim, maiores recalques.
Pode-se mencionar ainda que, para as
A Tabela 8 mostra os recalques médios edificações analisadas, não ocorreu a
observados nos pilares centrais e de estabilização de seus recalques até o fim do
extremidade da torre B; a Figura 7 representa a período de tempo em que foi realizado o
relação entre os recalques médios registrados monitoramento, provavelmente pelo fato de
nos pilares centrais e de extremidade da torre B que, analisando seus últimos estágios da obra,
em função dos dias transcorridos do ainda havia um aumento considerável de
monitoramento. carregamento na estrutura, contribuindo, assim,
para o aumento de seus recalques.
A Tabela 9 apresenta os valores das
velocidades parciais da evolução dos recalques
médios em função dos dias transcorridos do
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monitoramento realizado nas torres A e B; a suporte das edificações citadas. Foi possível
Figura 8 apresenta o gráfico das velocidades observar, para este caso de obra, a evolução de
parciais dos recalques médios em função do recalques com valores significativos, apesar de
tempo transcorrido do monitoramento. sua estrutura estar assente em subsolo rochoso
com valores de RQD predominantemente
Tabela 9. Velocidades parciais dos recalques médios. maiores que 80%. Embora tenham apresentado
Velocidades Parciais (m/dia) valores de recalques diferenciais na ordem de
Dias 12 mm para a área da torre A e de 7 mm para a
Leitura Torre A Torre B
transcorridos área da torre B, tais números não apresentam
1ª 0 0.00 0.00 riscos e danos nos elementos estruturais das
2ª 265 13.70 14.08 edificações, segundo os limites estabelecidos
por Bjerrum (1963); além disso, considerando a
3ª 355 3.78 2.78
velocidade dos recalques absolutos médios, os
4ª 530 25.63 13.03 valores obidos apresentaram-se bem abaixo dos
5ª 708 -3.88 4.04 limites determinados por Alonso (1991) para
6ª 963 20.51 -0.35 fundações de edifícios em fase de construção. A
prática de monitoramento de recalques é,
portanto, essencial para avaliar o desempenho e
a segurança de construções, e deve ser
considerada em projetos de fundações
independentemente das características do
terreno que dará suporte aos seus esforços.

REFERÊNCIAS

ABNT. (1995). NBR 9061: Segurança de escavações a


céu aberto, Rio de Janeiro, 31 p.
ABNT. (2010). NBR 6122: Projeto e execução de
Figura 8. Velocidades parciais dos recalques médios. fundações, Rio de Janeiro, 91 p.
Alonso, U. R. (1991). Previsão e Controle das
Fundações. São Paulo: Edgard Blucher, 156p.
As velocidades parciais dos recalques médios Antoniazzi, J. P. (2011). Interação solo-estrutura de
de ambas as torres apresentaram uma certa edificações com fundações superficiais. 139 f.
variação nos intervalos de tempo observados. Dissertação (Mestrado em engenharia civil e ambiental),
As mesmas apresentaram valores abaixo do Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.
valor limite de velocidade permitido para Bjerrum, L. (1963). Interaction between structure and
soil. Proceedings... European CSMFE, Wiesbaden, Vol.
fundações superficiais e profundas em 2, pp. 135-137.
edificações em construção, que, segundo Danziger, B. R., Carvalho, E. M. L., Costa, R. V.,
Alonso (1991), é de 200 m/dia. Danziger, F. A. B. (2005). Estudo de caso de obra com
análise da interação solo estrutura. Revista de
Engenharia Civil, n. 23, p. 43-54.
Gonçalves, J. C. (2004). Avaliação da influência dos
4 CONCLUSÕES recalques das fundações na variação de cargas dos
pilares de um edifício. 141 f. Dissertação (Mestrado em
O monitoramento de recalques por meio de engenharia civil) - COPPE, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro.
instrumentação de campo mostrou-se, neste
Gusmão, A. D. (1990). Estudo da interação solo-estrutura
trabalho, essencial para analisar o e sua influência em recalques de edificações. 189 f.
comportamento da estrutura e do terreno de Dissertação (Mestrado em engenharia civil) - COPPE,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
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Milititisky, J., Consoli, N. C., Schnaid, F. (2008).


Patologia das fundações. São Paulo, ed. Oficina de
Textos, 207 p.
Mota, M. M. C. (2009). Interação solo-estrutura em
edifícios com fundação profunda: método numérico e
resultados observados no campo. 222 f. Tese
(Doutorado em engenharia de estruturas) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,
São Carlos.
Rosa, L. M. P. (2016) Interação solo-estrutura: Análise
contemplando a consideração da fluência do concreto.
203 f. Tese (Doutorado em engenharia civil),
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Russo Neto, L. (2005). Interpretação de deformação e
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