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Programa de Eficiência Energética e Geração Distribuída de Energia


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E GESTÃO DE ENERGIA

Programa de Eficiência Energética e Geração Distribuída de Energia

Jônatas Duarte Lima

Resumo
Programa de Eficiência Energética (PEE/ANEEL), tipologias de projetos e os
critérios de viabilidade econômica, sob a ótica do setor elétrico (energia
economizada e redução de demanda na ponta), com ênfase na melhoria da
eficiência energética nos usos finais de energia.

Modelos de análise e estudos de viabilidade econômica em eficiência


energética; Critérios de seleção de projetos e tomada de decisão (VPL; TIR;
Playback Simples e Descontado, entre outros).

Geração Distribuída (conceitos, aplicações e os tipos de geração distribuída) e


a sua inserção no mercado de energia elétrica.

Programa de Eficiência Energética e Geração Distribuída de Energia


Sumário
1. Análise de Viabilidade Econômica de Projetos de Eficiência
Energética................................................................................................................................................ 4
1.1. Revisão Conceitual ............................................................................................................... 5
1.2. Métodos Tradicionais de Avaliação de Investimentos............................... 7
1.3. Métodos Complementares de Avaliação Econômica para Projetos
de Eficiência Energética ..............................................................................................................10
1.4. Análises Complementares ...........................................................................................11
2. Programa de Eficiência Energética (PEE) .............................................................13
2.1. Chamadas Públicas de Projetos ..............................................................................13
2.2. Seleção e Implantação de Projetos .......................................................................14
2.3. Tipologias de Projetos......................................................................................................15
2.4. Critérios de Seleção de Projetos...............................................................................17
2.5. Observações e Recomendações ..............................................................................18
3. Geração Distribuída (GD) ...................................................................................................21
3.1. Regulação da Micro e Minigeração Distribuída ...........................................21
3.2. Modelos de Negócio em Geração Distribuída ...............................................22
3.3. Análise de Viabilidade Econômica .........................................................................24
3.4. Geração Distribuída no PEE ........................................................................................24
Referências ............................................................................................................................................25
Biografia ..................................................................................................................................................25

Programa de Eficiência Energética e Geração Distribuída de Energia


1.
Análise de Viabilidade
Econômica de Projetos de
Eficiência Energética
Uma vez realizada a auditoria energética técnica de uma instalação e especificadas
as ações de eficiência energética (AEEs) a serem executadas, o próximo passo
fundamental é a elaboração de um estudo de viabilidade técnica e econômica
(EVTE). O EVTE é o último passo para conclusão da Auditoria Energética, porém o
primeiro passo rumo à efetiva implantação do projeto.
A viabilidade técnica do projeto residirá no projeto inicial de engenharia que
procederá com o cálculo dos ganhos energéticos associados, já considerando as
melhorias proporcionadas pelas AEEs (mudanças de técnicas operacionais,
substituição de equipamentos obsoletos por outros de maior eficiência,
implementação de automação de processos etc.). Estes estudos compõem a
primeira parte do Relatório de Diagnóstico Energético, já considerando a análise
dos fluxos de energia dos sistemas, medições, construção da linha de base e
proposição de ações para redução do consumo.
A viabilidade econômica, por sua vez, consistirá em um estudo financeiro que
contemple a análise dos custos operacionais atuais (operação e manutenção dos
sistemas no estado atual) comparados aos custos associados ao projeto (compra
de equipamentos, contratação de serviços etc.) e custos operacionais futuros
(operação e manutenção de equipamentos novos), valorando os ganhos
energéticos calculados no estudo de viabilidade técnica e procedendo, assim, com
a avaliação da efetiva viabilidade, isto é, “se o projeto se paga”.
O jargão “se o projeto se paga” é diariamente proferido pelos gestores empresariais
para a aquisição de novos equipamentos, ampliação da linha de produção,
contratação de funcionários, abertura de filiais e, não é de se surpreender, é um
requisito que deve ser atendido também para investimentos em projetos de
eficiência energética.

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Entretanto, além de “se o projeto se paga”, tão ou mais importante é responder
“quando” e “como” o projeto se paga, além de comparar (em bases equivalentes)
o projeto de eficiência energética com outras opções financeiras à disposição da
organização.

1.1. Revisão Conceitual

Conceitos fundamentais da engenharia econômica devem ser previamente


conhecidos para, então, se proceder com a análise de viabilidade de um projeto e
concepção de um EVTE.
Nesta seção, serão revisados alguns conceitos importantes, porém é
fortemente recomendado o aprofundamento no tema. Sugere-se a leitura de
Torres (2006), Blank e Tarkin (2008) e Panesi (2006).

a) Taxa de juros: Taxa percentual que mede o valor do juro por capital
inicial num certo período de tempo. Pode ser simples ou composto e,
em geral, aplica-se na maioria dos investimentos o juro composto.

b) Taxa mínima de atratividade (TMA) ou taxa de desconto: Representa a


rentabilidade mínima aceitável de um investimento. Serve como base
de comparação com a taxa de rentabilidade do investimento (TIR).
Trata-se de uma premissa fundamental que deve ser alinhada com a alta
administração da organização. Neste material, a TMA será representada
pela letra j.

𝑗 = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑇𝑀𝐴

c) Capital ou valor presente: Valor aplicado através de alguma operação


financeira.

d) Montante simples ou valor futuro: É a soma do capital com os juros.

e) Fator de recuperação de capital (FRC): Anualiza o valor de um


determinado investimento feito no presente, considerando uma

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determinada taxa de desconto e um período de n anos. O FRC é dado
por:

𝑗 × (1 + 𝑗)𝑛
𝐹𝑅𝐶 =
(1 + 𝑗)𝑛−1 − 1

Em que: j = taxa mínima de atratividade;


n = período (meses, anos).

f) Fluxo de caixa (FC): É representado graficamente pelas entradas e saídas


de um capital, através de períodos determinados.

g) Fluxo de caixa descontado: Consiste no valor de caixa (positivo ou


negativo) em um dado período (t) descontado a uma taxa (j), que pode
ser a TMA, uma taxa de juros arbitrária ou correção monetária
(inflação).

𝑛
𝐹𝐶𝑡
𝐹𝐶𝐷𝐸𝑆𝐶𝑡 = ∑
(1 + 𝑗)𝑡
𝑡=1

h) Custo de oportunidade: O custo de oportunidade representa o valor


associado a melhor alternativa não escolhida. Ao se tomar determinada
escolha, deixa-se de lado as demais possibilidades, pois são excludentes,
(escolher uma é recusar outras). É um conceito importante para a
comparação de duas alternativas financeiras, que pode também ser
utilizado no universo dos projetos de eficiência energética.

Com base nos conceitos revisados, é possível compreender os métodos utilizados


para a análise de projetos de eficiência energética. Neste material, os métodos
foram separados em duas classes: métodos tradicionais e métodos
complementares.
O critério associado à classificação dos métodos reside na observação de quais
destes são considerados com maior frequência nas organizações para a tomada de
decisão. Todavia, ressalta-se que os métodos são complementares entre si, e a
tomada de decisão por investir ou não em um projeto deveria, na melhor das
hipóteses, considerar a observação de todos os métodos em conjunto.

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Adicionalmente, abaixo são padronizados alguns elementos das equações
matemáticas dos métodos a serem estudados:

▪ CIC = custo de investimento da tecnologia convencional;


▪ CIE = custo de investimento da tecnologia eficiente;
▪ PE = preço base da energia (em R$/kWh ou R$/MWh);
▪ EAC = energia anual consumida com a tecnologia convencional
(em kWh ou MWh);
▪ EAE = energia anual consumida com a tecnologia eficiente (em
kWh ou MWh);
▪ FC = fluxo de caixa.

É importante destacar que os termos EAC e EAE estão em bases anuais, mas podem
ser ajustados para bases mensais, transformando-os em EMC e EME,
respectivamente.

Um último conceito importante está relacionado com a natureza dos métodos de


avaliação de investimentos, classificados em métodos empíricos ou científicos.
Resumidamente, os métodos empíricos são aqueles que não consideram o “valor
do dinheiro no tempo”, isto é, o impacto de fatores macroeconômicos (ex. inflação)
e da taxa mínima de atratividade; são, portanto, métodos práticos e, talvez, os mais
utilizados pelas organizações para avaliações rápidas, porém não oferecem uma
análise realista acerca da viabilidade associada com a desvalorização do capital no
médio e longo prazos. Já os métodos científicos apresentam diferentes
perspectivas de avaliação por considerarem o custo do capital do investidor na
análise, porém requerem maior conhecimento das variáveis econômicas e o
dimensionamento adequado de premissas.

1.2. Métodos Tradicionais de Avaliação de Investimentos

a) Payback simples: Método simples para avaliar investimentos de


eficiência energética que indica para o investidor quanto tempo levará
para retornar o capital investido no projeto. Para equipamentos ou
maquinários que possuem a mesma vida útil, o tempo de retorno pode
ser determinado por:

𝐶𝐼𝐸 − 𝐶𝐼𝐶
𝑃𝐵𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 [𝑎𝑛𝑜𝑠] =
𝑃𝐸 × (𝐸𝐴𝐶 − 𝐸𝐴𝐸 )

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Observe que o termo do numerador da equação é a diferença entre o
investimento do projeto (ou tecnologia) eficiente e o projeto (ou
tecnologia) convencional (ineficiente). Isto se dá ao fato que,
geralmente, os projetos são avaliados sob a ótica da escolha da reforma
(ou substituição) ocorrer considerando um investimento adicional pela
eficiência; sendo assim, o “investimento efetivo” do projeto seria a
diferença que o investidor estaria disposto a pagar para obter a
eficiência energética adicional num dado sistema. Contudo, caso não
seja o caso, o termo referente ao investimento na tecnologia
convencional CIC pode ser igualado a zero.

b) Valor Presente Líquido (VPL): Representa o valor presente líquido no


instante considerado inicial (t0), de todas as variações de caixa.

𝑛 𝑛
𝐹𝐶𝑡
𝑉𝑃𝐿 = −𝐶𝐼𝐸 + ∑ = −𝐶𝐼𝐸 + ∑ 𝐹𝐶𝐷𝐸𝑆𝐶𝑡
(1 + 𝑗)𝑡
𝑡=1 𝑡=1

Se o VPL de uma alternativa de investimento der positivo, isso significa


que é interessante tal investimento do ponto de vista econômico à taxa
mínima de atratividade. Se der negativo, não compensa o investimento,
uma vez que o somatório dos valores presentes dos recebimentos é
menor que o somatório dos valores presentes dos desembolsos. Caso o
VPL seja nulo, não houve perda nem ganho do investimento, sendo
nesse caso não interessante realizar o investimento. No caso de se
comparar duas propostas de investimento (com períodos iguais), a que
apresentar o maior VPL será a melhor economicamente preferida.

c) Payback descontado: Os valores acumulados do fluxo de caixa


descontado utilizado para o cálculo do VPL são utilizados para se calcular
o payback descontado. De maneira análoga ao payback simples, o
payback descontado é igual à quantidade de períodos em que o valor
acumulado do fluxo de caixa descontado é negativo. Por se considerar a
desvalorização do capital investido, espera-se uma quantidade maior de
períodos para o payback descontado quando comparado ao payback
simples. Porém, o payback descontado conta com vantagens razoáveis
frente ao payback simples, como o fato de considerar o custo de capital
das empresas, levar em conta as variações do dinheiro ao longo do

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tempo, é adequado para a avaliação de projetos de risco elevado ou vida
limitada e é mais fiel à realidade financeira dos negócios.

d) Valor Presente Líquido Anualizado (VPLA): Em relação ao VPL, uma das


vantagens do “VPLA” (também chamado de Benefício Uniforme
Equivalente – BUE) é a possibilidade de comparar projetos com
diferentes vidas úteis (período n). A explicação é simples: para que dois
ou mais projetos sejam corretamente comparados é preciso obter o
valor de recuperação periódico utilizando a mesma taxa de juros.
Realizando essa abordagem o projeto com maior benefício anual
equivalente será selecionado. Em outras palavras, é o VPL transformado
em um valor que representa uma série de pagamentos anuais do
projeto. É também chamado de PMT (do inglês payment).

𝑗 × (1 + 𝑗)𝑛
𝑉𝑃𝐿𝐴 = 𝑉𝑃𝐿 × = 𝑉𝑃𝐿 × 𝐹𝑅𝐶
(1 + 𝑗)𝑛 − 1

e) Taxa Interna de Retorno (TIR): A taxa interna de retorno ou taxa interna


de rentabilidade, em inglês IRR (Internal Rate of Return), é uma taxa de
desconto hipotética que, quando aplicada a um fluxo de caixa, faz com
que os valores das despesas, trazidos ao valor presente, sejam iguais aos
valores dos retornos dos investimentos, também trazidos ao valor
presente. De posse do valor dessa taxa, compara-se com a taxa mínima
de atratividade (TMA).

𝑛
𝐹𝐶𝑡
𝑉𝑃𝐿 = 0 = −𝐶𝐼𝐸 + ∑
(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑡
𝑡=1

O cálculo é efetuado por tentativa e erro até obter-se uma aproximação


adequada da taxa que resulta em VPL igual a zero.

É razoável afirmar que, curiosamente, o payback simples e a TIR têm se


apresentado como os métodos preferidos pelos gestores de empresas para a
avaliação de investimentos. Enquanto o primeiro método sinaliza o horizonte de
tempo necessário para que os ganhos cumulativamente superem as perdas (sem
considerar o custo do capital investido), o segundo apresenta um valor percentual
que pode ser facilmente comparado a outras alternativas de investimento com o
propósito de se avaliar o custo de oportunidade da operação financeira.

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Contudo, faz-se necessário repetir que quanto mais métodos forem
utilizados no processo decisório, melhor. Por exemplo, a técnica do VPL (preferida
entre acadêmicos) transmite melhor o valor econômico atribuído ao projeto hoje,
já levando em consideração o custo do capital. Além disso, os demais métodos, por
exemplo, são sensíveis a fluxos de caixa não-convencionais (isto é, com mais de
uma mudança de sinal) e, nestes casos, o VPL se mostra uma alternativa mais
sensata.

1.3. Métodos Complementares de Avaliação Econômica para Projetos de


Eficiência Energética

a) Custo do Ciclo de Vida (lifecycle costs – LCC): É o valor presente de todos


os custos associados com uma alternativa de investimento durante o
seu ciclo de vida. O cálculo do LCC exige a especificação de uma taxa de
desconto e a projeção dos preços futuros da energia. Calcula-se o LCC
para cada alternativa (convencional e eficiente) com as mesmas vidas
úteis. A opção com o menor LCC é aquela mais eficiente. Para
alternativas com diferentes vidas úteis, O LCC pode ser obtido por:

𝑃𝐸 × 𝐸𝐴
𝐿𝐶𝐶 = 𝐶𝐼 +
𝐹𝑅𝐶

Observe que os termos CI e EA estão em forma genérica, e deverão ser


considerados separadamente para o cálculo do LCC da tecnologia
convencional (LCCC, CIC e EAC) e tecnologia eficiente (LCCE, CIE e EAE),
respectivamente.

b) Custo do Ciclo de Vida Anualizado (VCA): É outro parâmetro também


utilizado quando as vidas úteis dos equipamentos analisados são
diferentes, dado por:

𝑉𝐶𝐴 = 𝐶𝐼 × 𝐹𝑅𝐶 + 𝑃𝐸 × 𝐸𝐴

Semelhantemente ao cálculo do LCC, o cálculo do VCA deve ser utilizado


para os parâmetros da tecnologia convencional e eficiente.

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c) Relação Custo-Benefício (RCB): A relação de custo-benefício é um
indicador que relaciona os benefícios de um projeto ou proposta,
expressos em termos monetários, e o seus custos, também expressos
em termos monetários. Tanto os benefícios como os custos devem ser
expressos em valores presentes. Atualmente, é o método oficial
utilizado para avaliação econômica de projetos de eficiência energética
no âmbito do Programa de Eficiência Energética – PEE regulamentado
pela ANEEL.

𝐶𝐴𝑇
𝑅𝐶𝐵 =
𝐵𝐴𝑇

O Módulo 7 do manual de Procedimentos do Programa de Eficiência


Energética (PROPEE) explica em detalhes a construção e cálculo dos
termos CAT e BAT apresentados acima, uma vez que premissas
específicas do PEE são aplicadas. Logo, recomenda-se a leitura deste
recurso para melhor compreensão do método, muito útil para a
avaliação de empreendimentos na esfera pública de contratação.

d) Custo da Energia Conservada (cost of saved energy – CSE): O CSE é


calculado como o quociente entre os custos não energéticos
anualizados do ciclo de vida e o valor anual esperado da economia de
energia. O custo da energia conservada ou economizada, assim
calculada, pode ser comparada com o preço da energia gerada. Se o CSE
é menor do que o preço da energia gerada, a alternativa sob
consideração é eficiente. O CSE pode ser determinado por:

(𝐶𝐼𝐸 − 𝐶𝐼𝐶 )
𝐶𝑆𝐸 = 𝐹𝑅𝐶 ×
(𝐸𝐴𝐶 − 𝐸𝐴𝐸 )

1.4. Análises Complementares

Os métodos apresentados nas seções 1.2 e 1.3 consistem na análise fundamental


da viabilidade econômica de projetos. Entretanto, estas técnicas não incorporam,
em si, a devida análise das incertezas associadas às variáveis do projeto. Assim,
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dizemos que a Análise de Riscos é um passo incremental na avaliação de
oportunidades de investimento.

a) Análise de Sensibilidade: Conforme cita Calôba (2018), um primeiro


passo no sentido da avaliação de riscos do projeto seria realizar uma
análise de sensibilidade. Nessa análise, cada variável que possa ter
impacto no resultado (no VPL, por exemplo) é variada
individualmente, sendo registrado seu efeito no resultado. Para uma
análise final, teremos uma lista de variáveis que mais impactam,
individualmente, no resultado desejado. A partir dessa lista obtida,
é possível tomar decisões para conter as variações e reduzir os
impactos indesejados.

b) Análise de Cenários: Nesse tipo de situação, são projetadas possíveis


situações de futuro que implicam em determinados valores para as
variáveis que importam (cenário de queda ou aumento de preços de
energia, por exemplo). Trata-se de uma análise mais complexa e
trabalhosa, em que podem ser utilizadas técnicas como a Matriz
SWOT e Árvores de Decisão.

c) Análise de Riscos: Nesta fase, é realizada uma Simulação Estocástica,


em que o objetivo é obter uma distribuição de probabilidade para
um determinado resultado. Ou seja, é possível desenvolver a análise
ao ponto de identificar cada variável importante e modelá-la
segundo a probabilidade de ocorrência dos valores possíveis.

As análises adicionais supracitadas são um meio importante para o


investidor avaliar as incertezas do projeto e, ao mesmo tempo, envidar
esforços para a formatação de medidas para mitigação dos riscos
identificados.
A Análise de Riscos, portanto, trata-se de uma etapa de alta
complexidade, porém altamente recomendada para a tomada de decisão.
Em certa medida, é possível afirmar que projetos aparentemente inviáveis
podem se mostrar viáveis e seguros após uma análise de riscos consistente,
e vice-versa.

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2.
Programa de Eficiência
Energética (PEE)
No início da década de 2000, como resultado de uma série de medidas públicas
para a promoção da eficiência energética a nível nacional, foi promulgada a Lei nº
9.991, de 24 de julho de 2000, determinando que as empresas concessionárias ou
permissionárias de distribuição de energia elétrica devem aplicar um percentual
mínimo da receita operacional líquida (ROL) em Programas de Eficiência Energética,
segundo regulamentos da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.
Desde então, o Programa de Eficiência Energética (PEE) tem se caracterizado como
um meio importante para o desenvolvimento da cultura da eficiência energética,
disseminação de informação e conhecimento, alavancagem de investimentos,
democratização do acesso à eficiência energética, entre outros benefícios. Entre os
anos de 2009 e 2018, a ANEEL aponta investimentos anuais médios da ordem de
R$ 132 milhões, perfazendo um volume total investido de aproximadamente R$ 1,4
bilhões.

2.1. Chamadas Públicas de Projetos

Com o objetivo de tornar o processo de seleção e implantação dos projetos do PEE


mais abrangente e transparente para a sociedade, o documento “Procedimentos
do Programa de Eficiência Energética – PROPEE”, aprovado pela Resolução
Normativa nº 556, de 02 de julho de 2013, introduziu em seu Módulo 3 as CPPs
como forma preferencial de captação de projetos.
O principal objetivo da CPP é tornar o processo decisório de escolha dos projetos e
consumidores beneficiados pelo PEE mais transparente e democrático,
promovendo maior participação da sociedade. Por meio desse instrumento, todos
os interessados podem apresentar suas propostas.

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2.2. Seleção e Implantação de Projetos

A ANEEL define as diretrizes regulatórias e os critérios de seleção das Chamadas


Públicas de Projetos do PEE, deixando a cargo de cada distribuidora a
responsabilidade pelo estabelecimento do montante a ser disponibilizado,
formatação do edital, divulgação da CPP e aplicação dos critérios de seleção de
projetos dentro dos limites definidos pelo PROPEE.
Assim, é de responsabilidade do consumidor interessado o atendimento aos
requisitos publicados no edital da distribuidora, sejam estes cadastrais, técnicos ou
econômicos. Além da formatação técnica de uma proposta de projeto, o
consumidor deverá atender pré-requisitos administrativos importantes como estar
adimplente com suas obrigações junto à distribuidora, não estar impedido de
realizar atividades na esfera pública e, por exemplo, atender critérios fiscais
obrigatórios.

Ainda, além do desenvolvimento de um projeto técnico robusto e atendimento a


requisitos administrativos, o projeto deve atender a condições econômicas
mínimas, que vão desde a previsão de custos importantes inerentes ao PEE, bem
como o atendimento a premissas de viabilidade econômica, neste caso, da melhor
relação custo-benefício (RCB).

O diagrama abaixo resume as principais etapas de uma CPP e procedimentos


típicos, sob a ótica do consumidor interessado em pleitear os recursos
disponibilizados pela distribuidora.

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Preparação de
Estratégia (ou Plano) de Análise preliminar de
Publicação de Edital
M&V por um viabilidade econômica
pela Distribuidora
profissional certificado do projeto (RCB)
(CMVP)

Coleta de orçamentos
de equipamentos, Análise dos critérios de
Análise do Edital pelo
serviços e outras seleção e
Consumidor
rubricas solicitadas no competitividade
Edital

Análise da viabilidade
Atendimento aos pré- técnica do projeto Refinamentos e ajustes
requisitos (Energia Evitada - EE e necessários no projeto e
administrativos Redução de Demanda estudo econômico
na Ponta - RDP)

Elaboração dos estudos Checklist dos


Contratação de ESCO
técnicos e especificação documentos
pelo Consumidor
de ações de eficiência necessários e Envio da
(opcional)
energética Proposta de Projeto

O diagrama anterior evidencia a responsabilidade inerente ao consumidor


interessado (proponente) e sugere um engajamento de vários setores importantes
no desenvolvimento dos trabalhos para atendimento dos requisitos da CPP (setor
administrativo, financeiro, contabilidade, engenharia, manutenção etc.).

2.3. Tipologias de Projetos

O Módulo 4 do PROPEE, “Tipologias de Projeto”, elenca as condições gerais para


participação dos interessados nas Chamadas Públicas de Projeto (CPPs),
destacando, dentre outros fatores, quais os setores da economia podem
apresentar propostas de projetos em CPPs, quais ações de eficiência energética
podem ser desenvolvidas e, também, quais as modalidades de investimento
poderão ser implementadas pela concessionária. A imagem abaixo elenca quais
setores, via de regra, são contemplados nas CPPs.

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Industrial

Iluminação Comércio e
Pública Serviços

Tipologias
Residencial
Poder Público
(Condomínios*)

Serviços
Rural
Públicos

É importante destacar que usualmente há algumas restrições para projetos que


contemplem consumidores residenciais, geralmente permitindo o acesso aos
recursos por meio de um projeto para um condomínio, por exemplo.

Outro ponto relevante que o Módulo 4 do PROPEE faz destaque é com relação às
ações de eficiência energética permitidas.

Melhoria na
Instalação

Treinamento
Fontes
e
Incentivadas
Capacitação

Ações de
Eficiência
Aquecimento
solar de água Energética Reciclagem

Gestão
Bônus
Energética

Cada concessionária, mediante publicação de Edital, distribuirá os recursos


conforme tipologias permitidas e, adicionalmente, indicará quais ações de
eficiência energética são permitidas. Vale ressaltar, por exemplo, que a realização
de projetos de Fontes Incentivadas (por exemplo, instalação de micro usinas de
geração solar fotovoltaica) não podem ser realizados sem a implantação simultânea
de ações de eficiência energética “de fato”, isto é, melhorias na instalação do
consumidor contemplado; outra alternativa seria o consumidor proponente
comprovar que já realizou projetos anteriores de melhorias na instalação para,
então, proceder com um projeto de Fontes Incentivadas.

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Por fim, outro fator importante refere-se às tipologias de investimentos existentes,
conforme imagem abaixo.

Contrato de
Performance

Investimento

Contratação
a Fundo
Perdido

Como padrão, são celebrados Contratos de Desempenho (Contratos de


Performance) com os proponentes selecionados, procedendo com a amortização
dos investimentos, por parte do consumidor, baseada nas economias obtidas pelo
projeto. Por se tratar de um recurso financeiro regulado, um benefício imediato por
parte do consumidor é a ausência de juros financeiros, limitando as parcelas
somente à correção monetária. Clientes que exerçam atividades sem fins lucrativos
(como poder público, serviços públicos e instituições filantrópicas), porém, podem
se beneficiar de investimentos a fundo perdido.

2.4. Critérios de Seleção de Projetos

O PROPEE também apresenta, em seu Módulo 9 – “Avaliação dos Projetos e


Programa”, os critérios para seleção de projetos pelas concessionárias de energia
elétrica. Ao todo, são nove critérios (alguns deles divididos em subcritérios) que
objetivam avaliar de forma quantitativa e qualitativa a viabilidade dos projetos
submetidos nas CPPs, visando aplicar os recursos do PEE de forma eficiente.

A tabela abaixo, extraída do “Guia Prático de Chamadas Públicas do PEE para


Proponentes” (ANEEL, 2016), apresenta os critérios utilizados e parâmetros de
avaliação.

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Para um melhor entendimento da forma de aplicação dos critérios de avaliação,
sugere-se a leitura do Módulo 9 do PROPEE e do “Guia Prático de Chamadas
Públicas do PEE para Proponentes”, disponível no site da ANEEL.

2.5. Observações e Recomendações

Algumas observações importantes e recomendações úteis podem ser feitas


àqueles possíveis interessados em participar das CPPs. O pleito dos recursos do
PEE, além de demandar atendimento de requisitos objetivos, requer também a
adoção de uma postura estratégica com vistas à aprovação do projeto e,
posteriormente, para o sucesso em sua execução.

Preparação anterior à publicação do Edital. Salvo raras exceções, geralmente cada


distribuidora realiza somente uma CPP por ano, e o prazo entre a publicação do
edital e a data limite para envio das propostas de projeto por parte dos interessados
varia de 30 a 90 dias. Com isso, tem-se no máximo três meses para a confecção
técnica do projeto, além da preparação da documentação de habilitação,
solicitação de orçamentos e afins. É recomendável, portanto, que a preparação se
inicie antes mesmo da publicação do edital, adiantando itens críticos como o

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registro adequado de informações e dados técnicos, organização de
documentações cadastrais, regularizações de dívidas (inclusive junto à
distribuidora) e análises preliminares de quais usos finais poderão ser
contemplados no projeto (ex. iluminação, motores etc.).

Engajamento da alta administração. Como qualquer empreendimento de alto valor


agregado, os projetos de eficiência energética e, consequentemente, a
participação da empresa em uma CPP devem ter o devido apoio da alta
administração da companhia. Isso permitirá o saudável relacionamento entre
setores-chave no processo (setor financeiro, engenharia, manutenção etc.), bem
como acarretará uma melhor comunicação entre os interessados e celeridade na
realização das atividades.

Compreensão de conceitos do PEE. O setor elétrico, e em especial o PEE, é repleto


de termos e conceitos complexos que precisam ser devidamente compreendidos
para o correto desenvolvimento de empreendimentos. A leitura de toda a
documentação disponibilizada na CPP (editais, anexos, contratos etc.) é de suma
importância para que todos os envolvidos tenham ciência dos riscos associados e
requisitos que devem ser atendidos para, assim, maximizar as chances de sucesso.

Atenção ao cronograma e prazos estabelecidos. Este é, sem dúvida, um dos pontos


críticos do processo de preparação dos projetos. Por se tratar de um processo
público de seleção de projetos, as CPPs são extremamente zelosas com relação ao
cronograma estipulado, sobretudo com a data limite de submissão da proposta de
projeto. Naturalmente, para se atender à data solicitada, é imprescindível que
todos os documentos se encontrem prontos e disponíveis com razoável
antecedência, havendo tempo hábil para conferências e revisões.

Atenção aos critérios de seleção. Os critérios utilizados pelas distribuidoras para


pontuação e seleção dos projetos são informados no edital e, normalmente, é um
conjunto de nove itens (de A à I), sendo alguns dos itens compostos por outros
subitens. É aconselhável que a proponente tenha conhecimento dos critérios e,
sempre quando possível, simule a competitividade de sua proposta. Alguns dos
itens são estritamente quantitativos (como o valor da RCB e impacto na economia

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de energia), enquanto outros são qualitativos (como a experiência em projetos
anteriores – se há uma ESCO assessorando o cliente –, profissional certificado em
M&V envolvido e qualidade na apresentação do projeto).

Contratação de ESCO e profissionais especializados. A contratação de ESCOs


(Energy Service Companies) e profissionais especializados para a preparação da
proposta de projeto e, posteriormente, seu acompanhamento e execução consiste
em uma ação estratégica das organizações na busca pelo sucesso em uma CPP.
Além de agregar conhecimento especializado na concepção dos projetos, as ESCOs
potencializam a pontuação em critérios qualitativos, em função de sua experiência
no setor. Ainda, ressalta-se que diversas distribuidoras atribuem como obrigatória
a alocação de um profissional certificado em M&V (CMVP) no projeto. Por fim, as
ESCOs podem, também, ser um agente importante na dinâmica de todo o processo
de concepção do projeto.

Disponibilização de informações. Para a devida análise e especificação das ações de


eficiência energética, os responsáveis por esta tarefa devem ter à sua disposição a
máxima quantidade possível de informações dos usos finais selecionados para
estudo. Sendo assim, é imprescindível que os diferentes setores das empresas
contribuam com a disponibilização de informações e dados e, se possível, comecem
a fazê-lo antes da publicação do edital da CPP.

Para maiores informações acerca das CPPs, além do acesso aos websites das
distribuidoras, recomenda-se a leitura do “Guia Prático de Chamadas Públicas do
PEE para Proponentes”, publicado pela ANEEL.

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3.
Geração Distribuída (GD)

Em síntese, pode-se definir Geração Distribuída (GD) como uma fonte de energia
elétrica conectada diretamente à rede de distribuição. Em outras palavras, é a
energia elétrica produzida no local de consumo ou próximo a ele, desde que siga
algumas regras quanto à capacidade instalada e eficiência energética.

É, portanto, o oposto conceitual à Geração Centralizada (GC), caracterizada por


grandes usinas instaladas em locais remotos conectadas aos grandes centros
urbanos por meio de extensas linhas de transmissão.

A partir de 2012, o Brasil integrou em sua regulação a Micro e Minigeração


Distribuída, modalidades de menor escala que têm como objetivo o acesso à GD
por parte de agentes consumidores.

3.1. Regulação da Micro e Minigeração Distribuída

A Resolução Normativa 482/2012 e suas atualizações (RN 687/2015 e RN


786/2017) perfazem, até a data de elaboração deste material, o arcabouço
regulatório para a implantação de micro e miniusinas de geração distribuída.
De um ponto de vista técnico, a microgeração distribuída consiste na central
geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75 kW e que
utilize cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes
renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de
instalações de unidades consumidoras; a minigeração distribuída contém os
mesmos requisitos, com a única diferença de abranger centrais geradoras de 75
kW a 5 MW.
De um ponto de vista econômico, diferentes alternativas têm sido utilizadas mundo
afora para a “valoração” da energia que é gerada e eventualmente injetada na rede
de distribuição local. Como os sistemas conectados à rede geralmente não
possuem sistemas de armazenamento (baterias) para o caso em que a geração da
central excede o consumo da unidade, a rede da distribuidora é beneficiada pela

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injeção de energia que é, instantaneamente, utilizada por outra unidade
consumidora.
No Brasil, adotou-se o Sistema de Compensação de Energia (SCE, conhecido
internacionalmente como net-metering), que consiste na geração de créditos de
energia que podem ser compensados futuramente.

Fonte: ANEEL, 2016

Cabe, portanto, à unidade consumidora que será beneficiada com a energia


proveniente de uma micro ou miniusina realizar os devidos estudos e
dimensionamento correto no projeto.
Ainda, a regulação atual prevê algumas modalidades para o aproveitamento dos
créditos da energia gerada pelas usinas em GD. Autoconsumo Remoto e Geração
Compartilhada são modalidades que permitem, respeitadas suas características
fiscais e jurídicas, o aproveitamento de créditos gerados em uma unidade por outra
unidade consumidora situada na mesma área de concessão da distribuidora. Essas
modalidades, inclusive, potencializaram alguns modelos de negócio inovadores,
acelerando o desenvolvimento de projetos e afetando o mercado de GD como um
todo.

3.2. Modelos de Negócio em Geração Distribuída

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Em resposta às atualizações na regulação da micro e minigeração distribuída no
Brasil desde a RN 482/2012, o mercado da GD tem desenvolvido alguns modelos
de negócio inovadores, adaptando-se às diferentes realidades e estratégias dos
consumidores, sobretudo as empresas.
Para citar dois dos modelos mais utilizados atualmente, mencionamos os contratos
de locação (tipo opex) e as usinas rooftop (tipo capex).
As usinas rooftop, literalmente instaladas no telhado das instalações, tornaram-se
uma alternativa viável por conta da constante queda dos preços da tecnologia solar
fotovoltaica, que tem alta flexibilidade (pequena e grande escala) e de relativa
facilidade para instalação. Neste modelo, um integrador se responsabiliza por todo
o desenvolvimento do projeto, com o investidor (consumidor final) adquirindo os
equipamentos e remunerando pelos serviços prestados.
Neste modelo, qualquer unidade consumidora (seja residencial, comercial ou
industrial) torna-se uma potencial unidade para um projeto de GD. Os fatores
limitantes deste modelo residem nas características do local/telhado (orientação
geográfica, sombreamento, área disponível etc.) e na capacidade econômica do
investidor, tanto do chefe de família como do empresário.
O modelo de locação, por sua vez, consiste na realização dos investimentos por
uma terceira parte, geralmente um investidor especialista no setor elétrico, que
constrói a microusina e a aluga (seu terreno e equipamentos) para um consumidor
interessado, (locatário). Sendo assim, o locatário (que é o consumidor final e
beneficiado dos créditos energéticos) não mais se responsabiliza por grandes
volumes de investimento iniciais, contudo celebra contratos de locação de longo
prazo com o investidor (locador), geralmente da ordem de 10 a 15 anos.
Além do investimento inicial nulo, a responsabilidade pela operação e manutenção
da usina é do locador que, em contrapartida, faz jus a uma remuneração mensal
pelos serviços prestados. Por se tratar de um modelo que faz sentido para usinas
de maior porte, essa alternativa tem se tornado a preferida de grandes
consumidores de energia (muitas unidades consumidoras), como redes do varejo,
farmácias, academias e bancos.
Um ponto de atenção, porém, reside na complexidade contratual do modelo de
negócios, sendo recomendada a contratação de consultorias especializadas para a
devida assessoria técnica, regulatória e econômica no assunto.

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3.3. Análise de Viabilidade Econômica

Um ponto relevante a se considerar na concepção dos projetos de GD, seja para o


modelo rooftop como para o modelo de locação, é o seu respectivo estudo de
viabilidade econômica.

Além dos métodos existentes para avaliação de investimentos (mais aderente à


modalidade rooftop, em que o consumidor é o investidor), destacamos aqui a
atenção especial que deve ser dada às questões tarifárias e tributárias do setor de
energia elétrica, aplicadas à GD.

Além de sua complexidade característica, a valoração dos benefícios da GD nas


tarifas de energia elétrica tem tratamento específico e deve ser realizada com
atenção, principalmente observando possíveis alterações regulatórias, uma vez que
a regulação da GD ainda é recente e tem revisões programas pela ANEEL.

Ainda, como medida de subsídio ao desenvolvimento das tecnologias de energia


limpa, alguns mecanismos têm sido utilizados na esfera tributária, como o Convênio
Confaz ICMS n° 16, de 22 de abril de 2015. Neste caso específico, devem ser
observadas as adesões dos Estados ao convênio e a validade dos benefícios, quando
aplicável. Naturalmente, essas análises tributárias devem ser incorporadas às
tarifas estudas para, então, construir-se a base de cálculo adequada para a correta
valoração da energia gerada/injetada.

3.4. Geração Distribuída no PEE

Apesar de não se caracterizar como uma medida de eficiência energética em sua


essência, a geração distribuída (ou “fontes incentivadas”) é um recurso permitido
no PEE. Todavia, ressalta-se que a introdução de fontes de geração de energia
limpa, como fotovoltaica ou eólica, são permitidas no PEE da ANEEL desde que
associadas a outras ações de eficiência energética.

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Referências

[1] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Cadernos Temáticos


ANEEL: Micro e Minigeração Distribuída – Sistema de Compensação de
Energia Elétrica, 2ª Edição, 2016.
[2] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Guia Prático de
Chamadas Públicas do PEE para Proponentes, 2016.

[3] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Procedimentos do


Programa de Eficiência Energética – PROPEE, 2018.

[4] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Resolução Normativa


n° 482 de 17 de abril de 2012.

[5] BLANK, Leland; TARKIN, Anthony. Engenharia econômica. São Paulo:


McGraw-Hill, 2008. 756 p.

[6] CALÔBA, Guilherme. Gerenciamento de riscos em projetos. Rio de Janeiro:


Alta Books, 2018. 288 p.

[7] EFFICIENCY VALUATION ORGANIZATION – EVO. Conceitos Básicos:


Protocolo Internacional de Medição & Verificação de Performance, 2017.

[8] PANESI, André. Fundamentos de eficiência energética. São Paulo: Ensino


Profissional, 2006. 189 p.

[9] TORRES, Oswaldo Fadigas Fontes. Fundamentos da engenharia econômica


e da análise econômica de projetos. São Paulo: Cencage, 2006. 160 p.

[10] VIANA, Augusto Nelson Carvalho et al. Eficiência Energética: fundamentos


e aplicações. Campinas: Elektro, 2012. 314 p.

Biografia

Jônatas Duarte Lima é engenheiro eletricista (Centro Universitário da FEI) e


técnico em eletroeletrônica (SENAI). É profissional certificado em Medição &
Verificação (CMVP) pela Association of Energy Engineers (AEE) e Efficiency
Valuation Organization (EVO). Atua no setor de energia desde 2011, com foco
especial no desenvolvimento de projetos de eficiência energética e engenharia
de M&V, experiência comercial no Mercado Livre de Energia e Geração
Distribuída e no desenvolvimento de novos negócios.

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