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ESTUDO DE APROFUNDAMENTO SOBRE O CONCRETO COM

MASSA ESPECIFICA LEVE

JULIO CEZAR COSTA LANA NAZARENO


MARCO AURÉLIO MONTENEGRO

Junho/2021
JULIO CEZAR COSTA LANA NAZARENO
MARCO AURÉLIO MONTENEGRO

ESTUDO DE APROFUNDAMENTO SOBRE O CONCRETO COM


MASSA ESPECIFICA LEVE

Seminário apresentado ao Curso de Pós-


graduação Lato Sensu do IDD, como
exigência parcial para a obtenção do título
de Pós-graduação em Tecnologia da pré-
fabricação.

Coordenadores e Avaliadores: Prof. André


Figueiró e Ricardo Faria

São Paulo
Junho/2021
Sumário

Sumário.......................................................................................................................iii
Lista de Figuras..........................................................................................................iv
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................5
2. Objetivos...............................................................................................................6
2.1. Objetivo Geral.....................................................................................................6
2.2. Objetivo Específico.............................................................................................6
3. Estudo de Caso....................................................................................................7
3.1. Panorama Histórico............................................................................................7
3.2. Definições.........................................................................................................10
3.3. Concreto com agregado leve............................................................................11
3.3.1. Agregado leve sinterizado................................................................................13
3.3.2. Agregado forno rotativo....................................................................................13
3.3.3. Pérolas de EPS..................................................................................................14
3.4. Concreto com incorporação de ar....................................................................14
3.5. Concreto sem finos...........................................................................................16
3.6. Produção do Concreto Leve.............................................................................18
3.6.1. Dosagem............................................................................................................. 18
3.6.2. Trabalhabilidade................................................................................................19
3.6.3. Transporte, lançamento e adensamento.........................................................20
3.6.4. Procedimento de cura.......................................................................................21
4. Referências bibliográficas......................................................................................22

Lista de Figura
Figura 1 - Vista superior do Panteão...................................................................................................... 7
Figura 2 - Navio SS Selma..................................................................................................................... 9
Figura 3 - Rússia (1967)......................................................................................................................... 9
Figura 4 - Concreto leve: a) agregado leve; b) celular; c) sem finos....................................................11
Figura 5 - Espectro dos agregados leves. Fonte Verzegnasi (2015)....................................................12
Figura 6 - Argila expandida.................................................................................................................. 13
Figura 7 - Concreto leve EPS; Pérolas de EPS....................................................................................14
Figura 8 - Cura por autoclave............................................................................................................... 16
Figura 9 - Concreto permeável............................................................................................................. 17
Figura 10 - Representação diagramática da zona de transição e da matriz da pasta de cimento........18
1.INTRODUÇÃO

O concreto como conhecemos hoje produzido com cimento Portland é o


material de construção mais difundido em todo o mundo. Tendo se popularizado
pelo fato ou principalmente por ser produzido de modo relativamente simples,
utilizando matérias-primas locais e em abundância, bem como por ser um material
versátil e que permite notória adaptação devido a suas distintas formas de aplicação.
Nas últimas décadas o concreto está passando por uma evolução
tecnológica, esta proveniente da aplicação de novos materiais, ativos, técnicas e uso
de equipamentos que garantam a excelência no processo e no produto elaborado,
bem como o desenvolvimento de pesquisas e análises mais detalhadas que
fomentam a sua evolução enquanto material.
Dentre este processo evolutivo se destacam o uso de aditivos em suas
diversas funções, que permitiram o ganho de resistência; redução do fator A/C;
melhorias na trabalhabilidade; redução de massa específica; ganhos de durabilidade
entre outros aspectos positivos. Bem como novas técnicas de análise dos concretos
no seu estado fresco e endurecido, destacando técnicas de estudo de
comportamento entre a pasta de cimento e o agregado, que permitiram o
aprofundamento dos conhecimentos da microestrutura da matriz de cimento e da
zona de transição entre o agregado e a pasta de cimento.
Uma destas inovações na tecnologia dos concretos foi o advento do que hoje
é classificado como concreto leve. Que vem sendo amplamente estudado e
aprimorado em segmentos distintos deste tipo de concreto, que pode ser definido
em três subclassificações: concreto leve com agregados leves; concreto leve
autoclavado; concreto leve sem finos.
A ampla utilização deste segmento do concreto é caracterizada pela sua
versatilidade em atender as condições específicas, tais como, redução da massa
específica de estruturas atuando com função estrutural e ou de vedação, melhoria
acústica, térmica e função drenante. Não sendo o foco deste trabalho, mas são
observáveis os impactos indiretos da utilização deste material na redução de
esforços de peso próprio nas estruturas, a economia com formas e caibramentos,

5
bem como a redução de custos de transporte de elementos pré-fabricados e
equipamentos de movimentação de cargas.
Com isso, este trabalho visa o estudo do concreto leve e o melhor
entendimento das características deste material e suas subclassificações. Visando o
entendimento das modificações associadas na dosagem, na produção, no
transporte, na aplicação e no resultado final.
Este tema foi escolhido devido a sua relevância para a evolução do sistema
construtivo em pré-fabricados, no qual entendemos que a sua aplicação traz ganhos
potenciais para a maior versatilidade de aplicação do concreto neste segmento.

6
2.OBJETIVOS

1.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é estudar sobre o concreto com massa


específica leve e suas características.

1.2. Objetivo Específico

Estudar os processos para a fabricação de concretos com baixa massa


específica.
Estudar as características do concreto leve no seu estado fresco
correlacionados com sua trabalhabilidade.
Analisar as características resultantes de diferentes processos de produção
de concretos com baixa massa específica.

7
3.ESTUDO DE CASO

1.3. Panorama Histórico

As primeiras indicações de aplicação de uma mistura de elementos com


características similares ao concreto leve confeccionados para fins construtivos
datam de aproximadamente 1100A.C, localizadas na atual cidade de El Tajin -
Mexico, estas construções foram realizadas por construtores no período pré-
Colombiano utilizando um ligante à base de cinzas vulcânicas e cal juntamente com
pedra pomes na construção de elementos estruturais. (Rossignolo, 2003).

Os concretos leves também são encontrados em obras romanas, sendo uma


das principais a cobertura do Panteão, onde foi utilizada a combinação de um ligante
a base de cal e rochas vulcânicas com pedra pomes para a construção da abóboda
desse monumento com 44 m de diâmetro, com a intenção de reduzir as cargas nas
estruturas, atualmente, se encontra após 2000 anos de sua construção em bom
estado de conservação. (Angelin, 2014)

8
FIGURA
Figura 13- -Vista
Vistasuperior
superiordo
doPanteão
Panteão
Stephen J. Hayde, engenheiro norte-americano, foi o inventor do processo
para obter os agregados expandidos. O efeito foi observado por Hayde quando a
etapa de aquecimento nos fornos começou a ocorrer mais rápido que o normal,
transformando os tijolos de sua produção em elementos expandidos, deformados e
leves. Em 1918, depois de quase uma década de experimentação, Hayde patenteou
o processo de obtenção de agregados leves pelo aquecimento em forno rotativo de
pequenas partículas de xisto, de argila e ardósia, conhecidas como Haydite (ACI
213R-03, 2003).

Segundo Rossigno (2003), o início da utilização de agregados leves para


compor concretos de cimento Portland, tal qual conhecemos hoje, ocorre durante a
Primeira Guerra Mundial, quando a American Emergency Fleet Building Corporation
construiu navios com concreto leve, utilizando como agregado graúdo o xisto
expandido, obtendo resistência à compressão de 35Mpa e massa específica de
1700Kg/m3, em comparação com valores de resistência à compressão tradicionais
da época de 15 MPa.

Exemplo marcante dessas embarcações é o navio USS Selma, construído em


1919 utilizando está tecnologia, os valores obtidos para o concreto utilizado foram
considerados extraordinários para os materiais disponíveis na época. Os resultados
das análises realizadas na embarcação que hoje se encontra naufragada
demonstram que se manteve a resistência mecânica do concreto utilizado no casco.
(Rossignolo 2003)

Segundo Rossignolo (2003) durante a Segunda Guerra Mundial, com a


escassez do aço foram construídos cerca de 488 navios com concreto leve,
permitindo economia considerável em chapas de aço. Com o desenvolvimento de tal
tecnologia, houve após a segunda guerra mundial grande impulso na busca por
novas aplicações do concreto leve para execução de estruturas de tabuleiro de
pontes, edifícios e construções pré-fabricadas.

9
Figura
Figura3.2
2 - -Navio
NavioSS
SSSelma
Selma

A partir da década de 50 foi iniciada a execução de edifícios de múltiplos


pavimentos, e a aplicação dos concretos leves em edificações pré-fabricadas, uma
vantajosa aplicação para este tipo de concreto. A partir da década de 70 com
aprimoramento da tecnologia dos concretos e do desenvolvimento de componentes
novos, torna-se possível a obtenção de resistência e durabilidades mais altas nos
concretos de forma mais fácil, e com a aplicação destes conhecimentos nos
concretos leves, aumenta-se ainda mais o seu potencial de utilização na construção
civil.

Figura 3 - Rússia (1967)

Segundo Angelim (2014) a tecnologia do concreto leve teve início de estudos


e aplicações no Brasil a partir de 1970, com a implantação de uma unidade de
produção de agregados leves (argila expandida) pelo Grupo Rabello, a CINASITA

10
S.A (atual CINEXPAN S.A), com a finalidade de fornecer agregados leves para a
CINASA – Construção Industrializada Nacional – para a fabricação de elementos
pré-fabricados leves. No entanto, desde o início da utilização de agregados leves no
Brasil, não se observou evolução no quadro de aperfeiçoamentos do concreto leve.
E sua utilização encontra modesta na construção civil.

1.4. Definições

Por definição normativa (NBR12655, 2015) o concreto leve pode ser definido
como “Concreto leve (CL), concreto com massa específica seca, determinada de
acordo com a ABNT NBR 9778, inferior a 2000 kg/m³”.

Porém dentro desta definição de concreto leve podemos encontrar


subdivisões que como citado em Angelim (2014) podem ser classificados em:

a) Concreto com agregado leve: com substituição total ou parcial dos


agregados convencionais por agregados leves. Este grupo apresenta
condições para atendimento a solicitações estruturais aceitáveis.
b) Concreto celular ou aerado: resultado da incorporação de ar na pasta do
concreto, podendo ser realizada pela incorporação de bolhas por
equipamentos específicos ou por adição de agentes químicos na
argamassa de amassamento que reagem produzindo bolhas de ar.
c) Concreto sem finos: produzido com o agregado graúdo, aglomerante e
parcela mínima ou isenta de finos, este concreto apresenta baixa
capacidade de carga, mas alta permeabilidade.

A evolução do concreto busca inovações que podem fazer uso de


combinações múltiplas, que unem as características predominantes a fim de
alcançar resultados mais condizentes com a necessidade final.

11
A figura 4 ilustra os aspectos do arranjo estrutural dos diferentes tipos de
concreto leve que podem ser classificados.

A B C

Figura 4 - Concreto leve: a) agregado leve; b) celular; c) sem finos

Outro fator a se levar em consideração é sua capacidade de resistência a


solicitações a compressão, subdividindo a sua classificação em concreto leve com
ou sem função estrutural. Segundo o ACI 213R-03 (2003), o concreto leve estrutural
deve apresentar resistência à compressão aos 28 dias acima de 17 MPa, devido à
substituição de parte de materiais sólidos por ar. Já a norma brasileira, ABNT NBR
6118:2014, prescreve que a resistência mínima de um concreto estrutural deve ser
20 MPa.

1.5. Concreto com agregado leve

Segundo Maycá et al (2009) os agregados utilizados para confecção de


traços para concreto leve têm como característica principal a estrutura porosa que
12
resulta em uma baixa massa específica. No entanto, conforme a sua origem,
apresentam características inerentes que podem afetar as propriedades do concreto
no seu estado fresco ou endurecido.
Segundo Rossignolo (2003), as principais propriedades influenciadas pelo
agregado leve são a massa específica, a trabalhabilidade, a resistência
mecânica, o modulo de elasticidade, as propriedades térmicas, a retração, a
fluência e espessura da zona de transição entre agregado e a matriz.
(Maycá; et al (2009)
A classificação dos agregados leves pode ser feita em função de sua origem
em sendo naturais ou artificiais segundo Rossignolo (2003), sendo os materiais
naturais matérias-primas com formação geológica com estruturas físicas
cavernosas, exemplo disso a pedra pomes. Os materiais artificiais podem ser
produzidos através de tratamentos térmicos de matérias-primas naturais como
argilas, folhelo, vermiculita e ardósias como citado em Maycá et al (2009), mas com
ressalvas feitas segundo Neville (1997) quanto ao uso para obtenção de concretos
com funções estruturais. Para este grupo de agregados leves formados através do
tratamento térmico de matérias-primas naturais existem duas formas de produzir a
expansão em processos industriais basicamente: sinterização ou forno rotativo.
Estes processos encontram se descritos no trabalho de Versegnazi (2015).
O resultado final dos processos citados acima é da obtenção de agregados
com distinções em algumas de suas características, mantendo condições de
similaridade em relação a massa específica.

13

Figura
Figura3.5
5 - -Espectro
Espectrodos
dosagregados
agregadosleves.
leves.Fonte
FonteVerzegnasi
Verzegnasi(2015)
(2015)
1.5.1. Agregado leve sinterizado

Os materiais produzidos pelo processo de sinterização geralmente


apresentam poros abertos, sem recobrimento, altos valores de absorção de água,
arestas “vivas”, granulometria variada. Aspecto a ser observado, e a retenção da
argamassa de amassamento nos poros sem recobrimento que podem elevar a
massa específica final do concreto a ser produzido.

1.5.2. Agregado forno rotativo

Os materiais produzidos pelo processo de fornos rotativos, como exemplo,


utilizado nos trabalhos de Rossignolo, são as argilas expandidas, este agregado leve
oriundo da expansão de algumas argilas em temperaturas entre 1000ºC e 1350ºC
produzem um agregado que tem crescimento volumétrico de até 7 vezes causado
por gases liberados no processo que são enclausurados pela massa viscosa e
retidos após o resfriamento. Este agregado apresenta no seu formato final uma
camada vitrificada externa com baixa porosidade, que reduz a absorção de água,
formato arredondado com variabilidade de granulometria que hoje já são
subdivididas em classes pela única fabricante nacional Cinexpan.

14

Figura Figura
3.6 - Argila
6 - Argila
expandida.
expandida.
Fonte Googel
1.5.3. Pérolas de EPS

Segundo Sarport (2015), podemos ter como agregado leve para a produção
de concretos leves o uso de pérolas de EPS, material produzido através do
poliestireno, caracterizado pelo baixo custo de produção que apresenta
características atóxicas, inodoro, com baixa absorção de água e com resistência ao
amolecimento anterior a 90º C

Figura 7 - Concreto leve EPS; Perolas de EPS

1.6. Concreto com incorporação de ar

Com descrito em Silva (2015), define-se o concreto celular (concreto com


incorporação de ar) como um dos segmentos do concreto leve, este sendo
resultante de uma mistura de aglomerante e agregados finos, o qual submetido a
processamento mecânico, físicos ou químicos, criam nessa massa poros esféricos,
distribuídos com dimensões milimétricas de forma regular e uniforme por toda a
massa, permanecendo estáveis, indeformáveis e incomunicáveis ao longo de todo o
processo. Desta forma, após a solidificação da massa de concreto e obtido

15
resultados nos quais a massa específica aparente está entre cerca de 400kg/m³ a
1859kg/m.

De acordo com a ABNT NBR 12.645 (1992) o concreto com incorporação de


ar é definido da seguinte maneira:

Concreto leve obtido pela introdução, nas argamassas, de bolhas de ar, com
dimensões milimétricas, homogêneas, uniformemente distribuídas, estáveis,
incomunicáveis e indeformadas ao fim do processo, cuja densidade de massa
aparente no estado fresco deve estar compreendida entre 1300kg/m³ e
1900kg/m³.
Nota: As bolhas de ar podem ser obtidas na forma de uma espuma pré-
formada ou geradas no interior do misturador por ação mecânica deste,
devido a um agente espumante. (ABNT, 1992, p.3).

Com resultado da redução da massa específica do concreto, pela


incorporação de ar e por conseguinte a criação de uma porosidade no concreto
observasse grande impacto nas propriedades mecânicas do concreto endurecido.
Porém, no seu estado fresco a sua trabalhabilidade apresenta ganhos
consideráveis, devido a presença de vazios em sua composição. Silva (2019)
Ainda segundo Silva (2019) os resultados da incorporação de ar no concreto
vão trazer melhorias nos aspectos de isolamento térmico, acústico e resistência a
chamas.
O aumento da porosidade do concreto através do incremento do percentual
de espuma inserida a massa provoca diretamente o aumento dos valores de
retração, estes sofrendo uma variabilidade proporcional ao modelo de produção ao
qual podem ser classificados, como definido em Silva (2015), concretos com cura ao
ar livre e autoclavados.
Com relação a classificação dos concretos celulares pode ser definido como
citado acima pelo processo de cura ao ar livre ou por autoclave, onde são
consideradas as estruturas resultantes destes processos, no qual é observado
diferentes níveis de resistência a compressão e níveis de retração. O processo de

16
cura por autoclave proporciona a massa condições de formação de reações entre
seus compostos que vão proporcionar ganhos de resistência na ordem do dobro do
valor obtido pela cura ao ar livre.

Figura
Figura3.8
8 - -Cura
Curapor
porautoclave
autoclave

1.7. Concreto sem finos

O concreto sem finos conhecido como concreto poroso, é um dos concretos


leves, este adotado principalmente para pavimentação de baixa solicitação
mecânica. É composto por cimento Portland, materiais de granulometria aberta,
agregado graúdo, finos em baixa proporção ou ausência, aditivos e água. (Monteiro
2010).
Ainda segundo o mesmo autor este concreto poroso encontrasse aplicados
em barreiras de som, e como dispositivos drenantes em muros de arrimo.

17
Segundo Faria et al (2019) o concreto drenante se distingue do concreto
convencional e dos demais concretos leves citados anteriormente neste mesmo
trabalho por sua alta porosidade e alta capacidade de permeabilidade possibilitada
pela interconexão entre os seus vazios. Como pode ser visualizada na figura 3.9.

Figura
Figura3.9
9 - -Concreto
Concretopermeável
permeável

Como citado em Monteiro (2010) o concreto poroso deve ter granulometria


que garanta a abertura de poros e que permita a interconexão entre estes de forma
que a passagem de líquidos (água) seja possível pelo material, preferencialmente
agregados graúdos com ausência de finos. E esperado que apresente porosidade
na ordem de 15 a 20%, na qual é esperada com a aplicação de argamassa entre 20
e 30% do conteúdo.
Porém, é visto no trabalho de Faria et al (2019) que existem diversos traços
na busca pelo resultado mais promissor para determinado objetivo, sendo que a
graduação do agregado é um dos fatores que interferem nas propriedades do
concreto, pois exerce influência direta a resistência, a permeabilidade e ao consumo
de cimento.
Apesar de ser um concreto composto principalmente por uma graduação de
agregado graúdo de graduação linear, a presença de agregado fino é considerada
importante para a aumenta a resistência na zona da interface entre agregado graúdo
18
e a pasta. Esta zona de transição e considera reduzida e frágil. Com o incremento
de finos pode se perceber ganhos no aumento a resistência a compressão, pois a
pasta formada preenche os vazios entre os agregados graúdos, melhorando assim a
ligação entre eles. Porém com a redução dos vazios ocorre a obstrução da
comunicação entre os poros reduzindo a permeabilidade do concreto poroso.
Monteiro (2010)
Ainda em Monteiro (2010) é afirmado que a zona de transição pode ser
afetada de forma a se torna mais frágil com a utilização de agregados graúdos que
tem taxas mais elevadas de absorção de água.
A zona de transição é a porção da pasta em contato com os agregados e
normalmente mais fraca que os outros dois componentes, variando entre 10 e 50 um
de espessura. A escolha dos agregados pode contribuir diretamente no
comportamento de formação desta zona de transição, pois a exsudação interna
enfraquece a zona da interface entre a pasta e o agregado.

Figura 10 - Representação diagramática da zona de transição e da matriz da pasta de cimento

1.1. Produção do Concreto Leve

19
1.7.1. Dosagem

Segundo Rossignolo (2009) de forma geral, os métodos utilizados para


dosagem dos concretos convencionais podem ser aplicados para os concretos com
agregados leves, levando-se em consideração fatores que influenciam de forma
distinta ou fora dos padrões observáveis para concretos convencionais.
Já como descrito em Monteiro (2010), o método de dosagem poderá ser feito
por dosagens empíricas no que compete a concretos leves porosos com classe C10,
mas que estudos anteriores já tem como medida de partida composições correlatas
na ordem de 1:4 e 1:3 para suas composições (cimento: agregado).
Silva (2015), aborda o tema de dosagem afirmando que não é comum na
literatura métodos específicos para concretos leves celulares, de forma que os
métodos que são mencionados em outros estudos utilizam de uma matriz de
concreto convencional dosado por métodos já conhecidos, e com os ajustes
posteriores com incrementos de adição de aditivos ou a espuma pré-formada são
realizadas análises até o resultado almejado.
Dentre os três tipos classificados de concreto leve e suas variabilidades é
observado que os fatores listados a seguir geram influência direta na dosagem e
confecção do concreto leve no seu estado fresco. Estes fatores também vão refletir
aspectos importantes as condições de trabalhabilidade e na massa de concreto no
seu estado endurecido:
 Influência do agregado
 Relação a/c
 Consumo de cimento
 Aditivo

1.7.2. Trabalhabilidade

Levando-se em consideração os valores de abatimento para os concretos


leves como medida de correlacionar a trabalhabilidade do mesmo no seu estado
fresco em função de resultados para concretos convencionais, teremos a percepção
que valores obtidos através do teste do tronco de cone terão valores numéricos

20
menores, mas com resultados similares a resultados maiores para concretos
convencionais, isso se explica devido a menor massa específica, fato correlacionado
a ação da gravidade. (Rossignolo, 2009).
Aberta ressalvas para os concretos leves porosos que apresentam redução
de abatimento, mas que não se comportam de forma que os demais concretos
citados neste trabalho com relação ao ganho de trabalhabilidade, levando em
consideração aspectos como fluidez e força de corte.

1.7.3. Transporte, lançamento e adensamento

Fatores importantes devem ser considerados para aplicação do concreto leve


com incremento de agregados leves, visto que com sua baixa massa especÍfica os
agregados tendem a se segregar, fenômeno denominado “flutuação”. Este efeito
pode ser reduzido com a dosagem de concretos com coesão e consistência
adequados, fazendo uso de ajuste das variáveis com o fator A/C, curvas
granulométricas, umidificação previa dos agregados e fazendo uso de adições de
aditivos. (Rossignolo, 2009)
Para concretos com incorporação de ar em formato de espuma pré-formada
deve ser levado em consideração o tempo de mistura devido a redução da
homogeneização das bolhas de ar, devido a unificação das microbolhas que
aceleram o processo de “flutuação”. (Silva, 2015)
Para lançamentos de concretos leves em condições convencionais os
procedimentos se mantem similares segundo Rossignolo (2009) e Monteiro (2010),
observado apenas variações em relação ao tempo de pega mais acelerado devido a
presença de vazios que reduz o prazo de lançamento até condições de 30 min para
casos específicos.
Para o bombeamento do concreto leve, a pressão hidrostática gerada pelo
bombeamento para condução do concreto contribui para a entrada de água nos
agregados, portanto o agregado assume função importante neste processo, em que
a sua variação de umidade deve ser mantida constante para que não tenha perdas
bruscas da trabalhabilidade do concreto no estado fresco evitando o entupimento
21
dos dutos durante o lançamento. Para evitar esta problemática pode ser feito uso de
agregados com menor taxa de absorção ou a pré-saturação dos mesmos, esta
escolha deverá ser prevista na dosagem do traço. Resingnolo (2009)
Citada ainda pelo mesmo autor o adensamento dos concretos deve ser feito
com raio de ações menores com duração curta e com vibradores de baixa
frequência para evitar a segregação dos agregados.

1.7.4. Procedimento de cura

Os procedimentos de cura dos concretos convencionais podem ser adotados


em concretos com agregados leves, segundo Rossignolo (2003), observando ainda
benefícios como a cura interna para condições em que os agregados tenham água
retida e transferem para a pasta de cimento ao logo do período de hidratação sem
influência do meio esterno.
Para concretos poros os cuidados devem ser maiores devido a perda de
umidade superficial mais rapidamente devido à maior área exposta ao meio.
(Monteiro, 2010)
Para condições especÍficas como os concretos leves autoclavados existem os
parâmetros a serem seguidos para que se proporcione as condições físico/químicas
necessárias para a originar as reações que propiciaram ganhos de resistência
superiores aos conseguidos em cura ao ar livre.

22
4. Referências bibliográficas

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que favorece a drenagem e que afete o mínimo na resistência. Artigo Técnico. 33º
Congresso de Pesquisa e Ensino em Tratamento da ANPET. Balneário Camboriú,
2019.

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