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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1 Comportamentos
A ampla pesquisa na área de comportamento interpessoal nos leva a entender, através da Psicologia Social, os
diversos comportamentos manifestos nas dinâmicas dos processos interativos dos sujeitos sociais.
Neste campo, encontramos vários tópicos de destaque, como, por exemplo, a definição e o estudo da proxêmica,
da comunicação não verbal, da personalidade e da interação social, como veremos nas próximas telas.
Você já parou para pensar por quê quando chegamos a um local nunca antes visitado, aproximamo-nos
sempre primeiro das pessoas que julgamos ser mais parecidas fisicamente e/ou psicologicamente com a
gente?
Poxêmica
Em relação ao estudo da proxêmica observamos pesquisas sobre as distâncias físicas que mantemos com outras
pessoas e grupos em relação a diversos fatores como sexo, status, papel social, entre outros.
Em outras palavras, o quão próximos nos colocamos dos outros, em função de diversos elementos determinantes
do grupo social.
Muitas vezes, mantemos uma proximidade maior daquelas pessoas que representam papeis sociais semelhantes
Como, por exemplo, quando vamos almoçar com colegas que exercem o mesmo cargo que nós.
Assim, dentro da sala de aula, é normal nos sentirmos mais próximos de nossos colegas do que do nosso
professor, pois ainda que ele se posicione de maneira acessível à turma, o papel por ele desempenhado no
Mas, talvez, em outro ambiente, como, por exemplo, em uma confraternização, os alunos possam se sentir mais
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“Presume-se que as pessoas tendem a preservar distâncias médias estabelecidas pelo grupo social do qual façam
parte, nas diversas situações interativas de que venham a participar. Desse modo, é de supor que haja a
necessário recorrer a conceitos e definições de fatores centrais que participam no comportamento social
interpessoal.
Percepção da pessoa
Em termos gerais, o ato de perceber implica a possibilidade de tornar conscientes informações dos estímulos
Por outro lado, este processo perceptivo não pode ser considerado como linear ou passivo.
A percepção implica a construção destas informações de forma que as mesmas passem a ser significativas para o
Krüger (1986) identifica esta condição da percepção como a subjetividade do processo perceptivo.
Desta forma, entendemos como percepção de pessoa as contribuições de cada um de nós na obtenção de
Para tornar consciente e dar sentido às sensações provenientes do mundo externo, todos os sujeitos interpretam
Esta subjetividade da percepção de pessoa pode ser definida através de várias particularidades, como veremos a
seguir.
• Seletividade
Para Krüger (1986), os diversos elementos que compõem a realidade objetiva não se apresentam em
iguais condições para todos os sujeitos. De fato, quando percebemos aplicamos, inevitavelmente,
valorizações diferentes para os diversos componentes da realidade objetiva, construindo assim nossa
realidade subjetiva.
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Desde o ponto de vista psicológico, necessitamos ressaltar que nossas percepções dos objetos são
ordenadas, ou seja, respondem às leis de ordem e significado, e que precisamos das mesmas para poder
significar as nossas sensações. Devemos ressaltar que, na maioria das vezes, buscamos interpretar o que
foi percebido. Por estes motivos, dois sujeitos podem chegar a conclusões diferentes ao perceber o
mesmo estímulo.
• Categorização
É inevitável aplicar rótulos verbais a tudo que estimula os nossos sentidos no mundo circundante.
generalizados, na percepção de membros de grupos sociais, tais como étnicos, profissionais, ideológicos
e outros.
• Formação de impressões
Em antigos trabalhos experimentais, como os de Asch (1946), pesquisou-se a hipótese de que os traços
centrais da personalidade influem, de forma significativa, a impressão global que temos de outras
pessoas.
Para Asch (1946): "(...) uma constelação de traços da personalidade não deve ser interpretada
aditivamente, pois essas variáveis se interinfluenciam, determinando uma resultante que decorre da
articulação peculiar das características arroladas, não sendo, por conseguinte, redutível à sua mera
Neste sentido, podemos entender que a forma como percebemos os outros é o resultado da inter-relação
do conjunto de traços que caracterizam o sujeito. O resultado desta mistura de características nos
permite formar impressões sobre os outros, muito mais do que uma simples soma de cada traço.
Por outro lado, o comportamento não verbal nos permite entender também a maneira como formamos
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3 Comunicação não verbal
Normalmente, prestamos enorme atenção ao que o outro fala quando interagimos. Mas, na verdade, as palavras
que ouvimos não representam a totalidade do que percebemos no momento. Existem outras fontes de
informação muito importantes além da fala que, muitas das vezes, percebemos sem tomar plena consciência
delas.
Estamos nos referindo à comunicação não verbal que vem sendo estudada de forma significativa para desvendar
como as pessoas se comunicam, seja intencionalmente ou não, sem o emprego das palavras.
As fontes de informação mais importantes aqui estão representadas pelas expressões faciais, o tom de voz, os
Expressões faciais
As expressões faciais representam o ponto forte da comunicação não verbal. Elas vêm recebendo atenção e
sendo pesquisadas desde longa data. O próprio Charles Darwin (1872) escreveu um livro sobre este assunto
Segundo Darwin, as expressões primárias transmitidas pelo rosto são universais. Em outras palavras, os animais
de uma mesma espécie expressam as emoções da mesma forma e os outros conseguem interpretá-las com a
mesma precisão. Este processo de codificação e decodificação das emoções pelas expressões faciais estaria
relacionado, segundo o autor, com o fenômeno da evolução e não com fatores culturais.
Para Darwin, as expressões faciais foram adquirindo uma função adaptativa e, por tanto, a expressão de certos
Por este motivo, a maioria dos autores, hoje, coincide em afirmar que existem pelo menos seis grandes
A decodificação de fotos de pessoas representando facialmente estes seis tipos de emoções é feita com precisão,
No entanto, Paul Elkman e seus colegas (1969 apud Aronson et al, 2002) notaram existirem regras de
Estes autores destacaram que manifestamos de forma específica nossas emoções dependendo do grupo cultural
ao qual pertencemos.
Assim, por exemplo, na cultura americana, os meninos são desestimulados a expressar tristeza de forma aberta
como o choro. Já em outras culturas como no Japão, as mulheres não devem exibir um sorriso largo e completo.
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Segundo Aronson et al. (2002), a comunicação não verbal serve a vários fins. Através dela podemos expressar
Certamente, o comportamento não verbal nos fornece diferentes pistas que contribuem de forma significativa na
Existem várias outras formas de comunicação não verbal obedecendo a fatores culturais. Assim, temos o contato
do olhar, o espaço pessoal, o toque físico, os gestos das mãos e cabeça, entre outros.
Desta forma, como Aronson, Wilson e Akert (2002) destacam, o fenômeno da comunicação acaba acontecendo
por uma multiplicidade de canais, permitindo-nos obter informações completas e complementares da mensagem
4 Atribuição de Causalidade
A teoria de atribuição de causalidade analisa como explicamos o comportamento das pessoas. Apesar de
existirem diferentes variações desta teoria elas compartilham vários pontos em comum.
Nas teorias de atribuição encontramos, normalmente, dois grupos de fatores relevantes: os fatores ambientais e
Estes dois grupos podem exercer pressão em conjunto ou não, e a dinâmica resultante se manifesta no
comportamento observável.
Um dos grandes representantes das teorias de atribuição, Fritz Heider (1958), observou como as pessoas
explicam os eventos cotidianos e concluiu que a maioria tem a tendência de atribuir o comportamento dos
outros a causas externas (fatores ambientais, situacionais) ou causas internas (fatores pessoais, características
da pessoa).
Esta diferenciação entre os dois grupos de fatores/causas se torna, muitas das vezes, pouco clara, já que em
Por exemplo, quando afirmamos que alguém é pouco capaz (atribuição pessoal) quando na verdade as condições
do ambiente e das circunstâncias são as responsáveis pela falta de motivação dessa pessoa (atribuição
situacional).
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Na atribuição de causalidade existe um tipo de erro que muitas vezes realizamos quando tentamos explicar
porque alguém fez o que fez. É chamado de erro fundamental de atribuição. Em muitas ocasiões consideramos
que os outros são responsáveis pelo que acontece e quando se trata de nós mesmos, consideramos que as nossas
Da mesma forma, quando nos referimos a nós mesmos usamos verbos que descrevem as nossas ações, já quando
falamos de outra pessoa temos a tendência de usar o verbo ser, como por exemplo, “ele é pouco interessante”.
Em outras palavras, existe uma distorção na maneira como explicamos o comportamento dos outros, onde
muitas vezes ignoramos importantes determinantes situacionais. Isto pode ser explicado através da diversidade
Existe uma perspectiva diferente quando analisamos o nosso comportamento e de quando analisamos o
comportamento dos outros. Ao agirmos, o ambiente exige a nossa atenção. Já quando observamos o que outra
pessoa faz, é ela quem ocupa nosso centro de atenção e por este motivo, ela parece responsável por tudo o que
acontece.
Adicionalmente, o tempo pode alterar nossas perspectivas sobre a explicação de nosso comportamento ou do
comportamento dos outros. Com o passar do tempo, consideramos que os determinantes do comportamento são
Outro fator que contribui no erro de atribuição é a cultura. Em uma visão do mundo ocidental é mais frequente
considerar que os determinantes do comportamento são pessoais mais do que circunstanciais. Segundo Myers
(2000, p. 47): “Na cultura ocidental, à medida que as crianças crescem, tendem cada vez mais a explicar o
O pai da teoria da atribuição, Fritz Heider (1958), destacou assim, que as atribuições internas são
Este fato constitui o ponto de partida da teoria da inferência correspondente, formulada por Edward Jones e
Teoria da inferência correspondente: Teoria que descreve o processo pelo qual chegamos a uma atribuição
interna. Em outras palavras, estuda como inferimos disposições ou características internas de personalidade.
Muitas das vezes, frente a uma história ou relato de alguém, costumamos inferir aquilo que desconhecemos,
Assim, consideramos que as verdadeiras causas por trás do acontecido estão relacionadas com fatores pessoais e
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Imagine você no supermercado fazendo as compras da semana...
... quando encontra uma senhora de aproximadamente 35 anos, brigando com uma criança de mais ou menos 4 e
Na maioria das vezes, quando não presenciamos o acontecimento anterior, consideramos a mulher pouco
paciente ou muito estressada e que briga com o filho por todas estas condições internas.
Outra teoria que tenta explicar este processo de atribuição causal é o modelo de covariação, proposto por Harold
Kelley (1967) que se preocupou em explicar como decidimos em fazer uma atribuição interna ou externa.
Esse pensamento coincide com o do Heider ao supor que no processo de atribuição, reunimos informações que
Estes dados são variações do comportamento do sujeito avaliado ao longo de certo tempo.
Ou seja, para poder explicar porque alguém fez o que fez, podemos usar informações relativas à maneira como o
Para Kelley (1967), existem três tipos de informações que podemos usar. São eles:
Consenso A informação distintiva refere-se como o sujeito avaliado reage frente outros estímulos.
Distintividade A informação distintiva refere-se como o sujeito avaliado reage frente outros estímulos.
No exemplo visto da mãe no supermercado, se fosse o caso de conhecer essa mulher antes, poderíamos contar
com estes três tipos de informação. A informação de consenso seria, por exemplo, como esta mãe interage com a
criança normalmente quando está no supermercado. O segundo tipo de informação seria como essa mulher
interage com adultos, se ela é simpática ou calma ou pelo contrário, estressada e pouco paciente. O terceiro tipo
seria como esta mãe interage com o menino em outros locais, como por exemplo, em casa. Para Kelley, quando
combinamos estes três tipos de informação, estamos mais capacitados a realizar inferências mais claras e
precisas. Porém, as pesquisas feitas parecem apontar ao fato de que as informações de consenso não são usadas
Comparando as teorias
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Para as duas teorias apresentadas, a da inferência e a de covariação, as atribuições causais são feitas de forma
racional e lógica.
Mas porque nos parece que nossas impressões são corretas quando na maioria das vezes elas acabam
sendo erradas?
Segundo Aronson, Wilson e Akert (2002, p. 84) este fato pode ter várias razões.
Destacamos algumas:
Em primeiro lugar, vemos as pessoas em um número limitado de situações e, por tanto, nunca temos a
Em segundo lugar, muitas vezes não percebemos que nossas atribuições são erradas porque, sem notar, fazemos
com que elas se transformem em realidade. Este fenômeno é conhecido como profecias autorrealizadoras.
Isto acontece quando interagimos de tal forma com as pessoas que elas acabam reagindo a nós da maneira que
esperamos. Por exemplo, podemos cumprimentar secamente a alguém que consideramos antipático e esta
pessoa acaba cumprindo com as nossas expectativas, sendo antipático conosco pelo jeito pouco sociável com o
Em terceiro lugar, talvez deixemos de compreender que estamos enganados se várias outras pessoas concordem
Para podermos melhorar a precisão de nossas atribuições e impressões, não podemos esquecer a existência do
erro fundamental de atribuição e das profecias autorrealizadoras. Na medida em que somos mais conscientes
das nossas tendenciosidades, poderemos ser mais justos ao julgar aos outros. Não entanto, segundo Myers, o
erro de atribuição é, na verdade, fundamental, já que nos permite entender porque explicamos da nossa forma os
outros, e desta maneira podemos estudar com mais clareza as atribuições que fazemos e suas consequências. De
fato, as atribuições podem estar relacionadas a diversos fatores importantes dos comportamentos interpessoais.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
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• compreendeu em que consiste a percepção social e a formação de impressões;
• aprendeu as principais características da teoria de atribuição causal;
• conheceu o modelo de covariança e a teoria de inferência correspondente.
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