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CIÊNCIAS DA NATUREZA,

MATEMÁTICA E
SUAS TECNOLOGIAS 6
ENSINO
MÉDIO

Capa_Exatas_CAD6_AL.indd 2 07/12/16 09:39


MATEMÁTICA
Kátia Stocco Smole
Maria Ignez Diniz

ESTATÍSTICA, CONTAGEM E PROBABILIDADE


1 Estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Contagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3 Probabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Jogos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

2137687 (AL)

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MÓDULO
Estatística, Contagem
e Probabilidade

Cariacus albinos (veado-de-cauda-branca) com seu


filhote. O albinismo é uma anomalia genética que causa
ausência parcial ou total da pigmentação da pele, dos pe-
los, dos olhos e dos cabelos devido a um defeito na produ-
ção de melanina. É uma característica hereditária trans-
mitida quando os pais são portadores do gene recessivo.

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MICHAEL CROWLEY/ GETTY IMAGES
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM

Considerado o “pai da Genética”, os trabalhos


de Gregor Johann Mendel (1822-1884) sobre as
leis que regem a transmissão de caracteres he-
reditários (conhecidas atualmente como leis de
Mendel) se embasam no raciocínio matemático
dos princípios básicos da Probabilidade.
Você sabe o que é um evento aleatório? E o que é
um evento independente? Sabe calcular a pro-
babilidade de um casal gerar um filhote albino?

www.sesieducacao.com.br

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CAPÍTULO

1 Estatística

Objetivos: PARA QUE SERVE A ESTATÍSTICA?


c Identificar, interpretar Os gráficos e o texto que os acompanha mostram os hábitos de consumo de usuários
e construir gráficos de smartphones.
de distribuição de

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frequência.

c Calcular medidas de
tendência central.

c Resolver problemas
que impliquem a
coleta, organização,
representação e
interpretação de dados.

c Utilizar a noção de
amostra de uma
pesquisa estatística.

c Utilizar conhecimento
de Estatística
como recurso para
a construção de
argumentação.

Nesta unidade, iniciamos o estudo


da Estatística neste volume. Apesar
de parte desse conteúdo estar
presente no livro do 1 o ano, aqui ele
é retomado para permitir avançar no
sentido de apresentar a terminologia Como você utilizaria as informações contidas nesses gráficos?
e os conceitos básicos da Estatística, E se você fosse fabricante de aparelhos de telefone celular?
bem como as medidas de tendência
central. Esse estudo se completa no Gráficos, tabelas, inferências, projeções são elementos inerentes a estudos estatísticos.
volume do 3 o ano com as aplicações da De origem muito antiga, a Estatística é um ramo da Matemática que desenvolveu um
Probabilidade na Estatística.
conjunto de técnicas e métodos de pesquisa que, entre outras coisas, envolve o planejamento
do experimento que será realizado, a coleta organizada de dados, o processamento e a
LEIA O LIVRO análise das informações obtidas por meio do experimento e permite conclusões que podem
orientar a tomada de uma decisão.
Leia o capítulo 16 de O jeito ma-
temático de pensar, de Renato
J. Costa Valladares (Ed. Ciência
A LINGUAGEM DA ESTATÍSTICA
Moderna). Ele trata de estimati- Em diversas reportagens de jornais e revistas, em pesquisas de opinião, em
vas, erros e acertos e seus usos recenseamentos, em ciências tais como Geografia, Economia e Medicina, são utilizados
pelos meios de comunicação. números para descrever e representar fatos observados. Esses números assim utilizados

4 Estatística, Contagem e Probabilidade

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são chamados dados estatísticos.
O vocabulário usado em estudos estatísticos tem sua origem nos primeiros estudos
desse tipo feitos pela humanidade e que eram relativos à demografia. Por isso a Estatística
emprega termos próprios dessa área de conhecimento, mas com uma acepção diferenciada.
Por exemplo, chamamos de população o conjunto de elementos a serem observados e de
indivíduo todo elemento da população.
Dentro do estudo de uma população, o interesse do pesquisador é direcionado a um
determinado aspecto, comum a todos os indivíduos. Esse aspecto é denominado variável. A
variável é a característica ou a propriedade que será estudada, ou observada, na população.
As variáveis podem ser de dois tipos.

Quantitativas: quando exprimem contagens, ou seja, quando os valores tomados são


numéricos. Exemplos: idade, altura, temperatura, massa, número de filhos, número de
irmãos etc.
Qualitativas: quando exprimem uma qualidade ou atributo. Neste caso, os valores tomados
não são numéricos. Exemplos: sexo, cor da pele, cor dos olhos, nacionalidade etc.

As variáveis quantitativas podem ainda ser classificadas em:

Discretas: variáveis cujos valores podem ser ordenados de modo que entre dois valores
consecutivos não exista nenhum outro, ou seja, essas variáveis só podem assumir
valores pertencentes a um conjunto enumerável de elementos. Exemplos: gols de um
jogo de futebol, idade em anos, número de filhos etc.
Contínuas: variáveis que podem assumir qualquer valor em um certo intervalo.

Exemplos: tempo que um atleta leva para correr 100 m, “peso” de um indivíduo, variação
de temperatura etc.

Embora essa distinção entre variáveis seja importante nas pesquisas estatísticas, nas
aplicações do dia a dia é muito tênue a fronteira entre o discreto e o contínuo. A altura
das pessoas, por exemplo, é contínua, mas, como é medida por uma aproximação em
centímetros, torna-se discreta.
Esses são os termos básicos utilizados em Estatística. Há ainda outros que você
aprenderá ao longo desta unidade.

PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

d) População: peças produzidas por certa máquina.


Antes de resolver esta sequência de exercícios, faça Variável: número de peças produzidas por hora.
um esquema com as ideias centrais de A linguagem
da Estatística para usar na resolução das propostas. e) População: países da América do Sul.
Variável: PIB em milhões de dólares.
1 Classifique as variáveis em discretas ou contínuas. f) População: agências de telemarketing.
a) População: alunos de uma escola. Variável: tempo médio de uma ligação. MATEMÁTICA
Variável: número de irmãos de cada aluno.
2 Para cada população, dê um exemplo de variável quantitati-
b) População: pais de alunos de uma escola. va (discreta ou contínua) e outro de variável qualitativa.
Variável: número de filhos.
a) População: funcionários de uma empresa.
c) População: indústrias de uma cidade.
b) População: dados meteorológicos de uma cidade.
Variável: ganhos em um ano.
c) População: casais residentes em uma cidade.

Estatística, Contagem e Probabilidade 5

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REPRESENTAÇÃO DE DADOS ESTATÍSTICOS
A representação de dados em Estatística tem como objetivo sintetizar os
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A CONTA DO CLUBE DO CARBONO valores que uma ou mais variáveis podem assumir e facilitar a percepção de
As emissões de CO2 dos países industrializados sua variação.
e suas promessas* de corte
Há duas formas de representar dados estatísticos: por meio de tabelas ou
Por país, em de gráficos.
milhões de
ton. de CO2 1990 2006 2020 Promessa
de corte
As tabelas resumem um conjunto de observações em um quadro. Veja o
exemplo ao lado.
EUA 6.084,5 7.006,6 6.084,5 0%
Um elemento importante na tabela é o título, pois fornece informações
U. Europeia 5.565,8 5.131,5 3.896,0 -30%
sobre o que está sendo representado. Outro elemento característico é o cabe-
Rússia 3.326,4 2.190,2 2.827,4 -15% çalho, que especifica o conteúdo das colunas.
Japão 1.272,1 1.340,1 954,1 -25% Há também a fonte, que indica de onde foram coletados os dados. É a fonte
Canadá 592,3 720,6 576,5 -3% que determina maior ou menor credibilidade nos dados apresentados, seja por
Austrália 552,6 599,0 424,6 -23% uma tabela, seja por um gráfico.
Ucrânia 922,0 433,2 737,6 -20% Embora as tabelas auxiliem na representação e interpretação dos dados cole-
Bielorússia 127,4 81,0 114,6 -10% tados, muitas vezes o excesso de informações que contêm contribui para que seja
N. Zelândia 61,9 77,9 49,6 -20% difícil distinguir com clareza os aspectos centrais do levantamento estatístico. Uma
Noruega 49,7 53,5 34,8 -30% forma de contornar esse problema é apresentar os dados por meio de gráficos.
Suíça 52,8 53,2 37,0 -30% O gráfico estatístico utiliza variados recursos visuais para apresentar os
Islândia 3,4 4,2 2,9 -15% dados de uma pesquisa de maneira atraente, possibilitando ao leitor compre-
Liechtenstein 0,2 0,3 0,2 -30% ender e comparar esses dados rapidamente.
Mônaco 0,1 0,1 0,1 -20% Veja a seguir os principais tipos de gráficos estatísticos que utilizaremos ao
longo do nosso trabalho nesta unidade.
Fonte: Folha de S.Paulo, São Paulo, Grupo Folha, 9 set. 2009.

Barras verticais (colunas) e barras horizontais

ABRIL CHUVOSO
Mês teve chuva recorde em São Paulo neste ano

Editoria de Arte/Folhapress
CHUVA, EM MM, NO MÊS DE ABRIL
150
Abril de
2012
143,7
120

90

60

30

0
2000

2004

2010

2012
1995

Fonte: CGE (Centro de Gerenciamento de


Emergências, da prefeitura de SP)
Fonte: IBPT

Os gráficos em barras verticais ou horizontais são geralmente utilizados para comparar

6 Estatística, Contagem e Probabilidade

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diferentes variáveis ou diferentes valores de uma mesma variável. Um exemplo desta
segunda aplicação é o gráfico sobre o total de chuva acumulada no mês de abril entre os Traga para a aula revistas e jornais
antigos. Enquanto reveem os tipos de
anos de 1995 e 2012. Observando as barras é possível concluir que, nos últimos 9 anos, a gráficos, peça aos alunos que procurem
marca de 90 mm foi ultrapassada cinco vezes. nesse material gráficos como os aqui
apresentados. Solicite-lhes que façam
uma leitura do que encontraram,
para ampliar a compreensão sobre o
Setores assunto.
No gráfico em setores, salienta-se a participação de uma variável no universo inteiro
da população, ou seja, destaca-se a relação entre os diversos valores da variável e o total
da população.

Para entender um pouco

Editoria de Arte/Folhapress
mais o papel da Estatística,
consulte o site do Institu-
to Brasileiro de Geografia e
Estatística, o IBGE, para jo-
vens (http://www.ibge.gov.
br/ibgeteen). Nele, você en-
contrará textos, tabelas e
gráficos com dados sobre a
população e a economia do
Brasil, dicas sobre publica-
ções da área, mapas, entre
outras informações.

** 18 e 19 de abril de 2012; * 19 a 21 de
novembro de 2001; fonte: Datafolha.

Com base nesse gráfico, percebe-se que em 2012 os brasileiros reduziram sua vontade de
ter negócio próprio em relação a 2001. No entanto, a maioria dos brasileiros ainda deseja
ter negócio próprio.

Linha
O gráfico em linha é utilizado para representar o cresci-
mento ou o decrescimento de uma variável quantitativa. A
situação mais comum é o estudo de uma variável no decor-
rer do tempo. Nesse tipo de gráfico se visualizam o ponto
de máximo e o de mínimo, entre os quais a variável tem um
determinado comportamento.
A partir de um gráfico, podemos analisar alguns aspectos
de uma pesquisa. Acompanhe o ER1 para compreender como
podemos interpretar um gráfico.

MATEMÁTICA

Fonte: Folha de S.Paulo, 13 de maio de 2012.

Estatística, Contagem e Probabilidade 7

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EXERCÍCIO RESOLVIDO
Analise cuidadosamente esta resolução. b) Qual foi o valor médio de aumento anual da população
indígena brasileira nesse período?
3 Observe o gráfico: c) Suponhamos que esse aumento médio se mantenha nos
Cresce a população indígena no país próximos anos. Qual é o valor esperado para a população
População (em mil)* indígena em 2012? E em 2015?
600
512 519 RESOLUÇÃO
444 454
450 424
358 382 a) O aumento da população no período entre 2000 e 2009
328
foi de 191 mil pessoas.
300
191 000
b) A média anual foi de > 21 000 indígenas.
150 9
c) Mantida essa média de crescimento anual, a população
indígena será:
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2007 2009
em 2012, de 3 · 21 000 1 519 000 5 582 000 indivíduos;
a) De quanto foi o aumento da população indígena no Brasil em 2015, de 6 · 21 000 1 519 000 5 645 000 indivíduos.
entre 2000 e 2009?

PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

3 A tabela mostra o percentual de crescimento ou decresci- Em que acredita a juventude brasileira


mento da população brasileira em grupos etários, com pre-
Distribuição das Crença Crença Crença Sem
visão de valores até o ano de 2050. alta média baixa resposta
respostas (em %)
Taxa média anual de crescimento (%) da população,
por grupos etários (Brasil, 2000-2050)
Você
Grupo etário (anos) acredita em
Período Total
0 a 14 15 a 24 25 a 64 65 a 74 75 em diante reencarnação?
2000-2005 1,45 0,17 0,77 2,26 3,05 4,97 67 23 6 4
Você acredita que
2010-2015 1,15 0,20 ]0,25 1,77 3,18 4,05
é importante
2020-2025 0,87 ]0,48 0,64 0,95 4,30 3,91 participar de
2030-2035 0,63 ]0,33 ]0,59 0,70 2,34 4,54 atividades
religiosas? 57 24 18 1
2045-2050 0,28 ]0,46 ]0,36 ]0,05 2,48 2,38
Fonte: Dados obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Você acredita
que Deus
a) Construa um gráfico em barras no qual a taxa média anual interfere em
de crescimento da população seja descrita ao longo do sua vida?
período 2000 a 2050. 60 25 12 3
b) Analisando a tabela, qual é o grupo etário que mais cres-
cerá até 2025? Você acredita
na importância
4 Observe o uso dos diferentes tipos de gráficos em uma única da oração?
reportagem sobre a crença do jovem brasileiro. 79 12 8 1

O credo da juventude brasileira Fonte: Dados


Dois terços dos jovens afirmam seguir o catolicismo Quantas vezes você reza? obtidos da Unesco
(entre os que acreditam em Deus) e de pesquisa feita
Sou religioso, mas não praticante por Bertelsmann
7,9% 57% Stiffung, em 21
Ateu, não tem religião países, com jovens
66,2% 18,8% 4,0%
Católico Protestante Espírita 43% entre 18 e 29 anos e
1,4% publicada em meados
Outros de 2008.
1,4%
In: Revista Época,
15% Não sabe/Não opina
0,3% São Paulo, Abril, 15
Várias vezes ao dia Uma vez ao dia jun. 2009.

8 Estatística, Contagem e Probabilidade

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a) Use os dados dos gráficos e comprove a informação do a) Qual foi o horário de maior lentidão no trânsito nesse
2 dia?
cabeçalho de que da população jovem é católica.
3
b) O gráfico de barras horizontais acumula quatro informa- b) Qual foi a diferença, em quilômetros, de lentidão em São
ções para cada faixa que corresponde a cada pergunta. Paulo nesse dia, às 9 h da manhã, em relação à terça-feira
anterior?
O que significa o número 57 na segunda barra?
c) Entre 8 h e 20 h, qual é o horário com menor lentidão em
Em que pergunta foi maior o percentual de resposta como São Paulo na média das terças-feiras do segundo semestre
“crença alta”? de 2008?
c) Considerando que a população jovem, de 15 a 30 anos, em d) Isso também aconteceu no dia 1o de setembro de 2009?
2010 seja de aproximadamente 40 milhões de pessoas:
qual é o valor estimado de jovens que responderá ser ateu 6 (UFRS) Observe os gráficos abaixo e o quadro a seguir.
ou não ter religião?
2009 2014
quantos responderão ter crença média de que Deus inter- E
fere em sua vida? AB AB
E 8%
15,6% D 23%
d) Invente duas perguntas que possam ser respondidas a 17,4%
9%
partir das informações dos gráficos apresentados.
D
5 No dia 8 de setembro de 2009, um forte temporal inundou a 13,4%
cidade de São Paulo e provocou o caos no trânsito da gran-
de cidade. C C
53,6% 60%
Observe o gráfico. Editoria de Arte/Folha Imagem

LENTIDÃO NA Ontem
Definição de classes sociais por renda familiar mensal
CAPITAL PAULISTA 1o set. 09
Média das terças do 2 sem. 08
o Classe AB acima de 4.806 reais
Em km
160 152 160 Classe C de 1.150 a 4.806 reais
Classe D de 804 a 1.140 reais
140
132 134 129 125 Classe E até 803 reais
120 120
113
Os gráficos e os quadros apresentam as divisões das classes
100 sociais brasileiras por renda familiar mensal em 2009 e a
103
projeção para 2014.
80 75
72 64 Se a taxa de variação da projeção de cada uma das classes
60 51
48 56 for constante, então, o número de brasileiros na classe AB
40 43 superará, pela primeira vez, o número total de brasileiros nas
40 36 36
30 28 38 classes D e E entre os anos de
35
20 22 a) 2009 e 2010. d) 2012 e 2013.
7h 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h
Fontes: Inmet, CET e Defesa Civil de SP b) 2010 e 2011. e) 2013 e 2014.
c) 2011 e 2012.
Fonte: Folha de S.Paulo, São Paulo, Grupo Folha, 9 set. 2009.

AMOSTRA
Muitas vezes, quando queremos realizar um estudo estatístico, não é possível analisar
toda a população envolvida com o fato que pretendemos investigar. Quando isso ocorre, MATEMÁTICA
utilizamos uma amostra da população para conseguir os dados que desejamos.

Uma amostra é um subconjunto finito de uma população.


O número de indivíduos da amostra é menor que o da população.

Recorremos à técnica da amostragem quando:


o número de elementos da população é muito grande. Exemplos de populações

Estatística, Contagem e Probabilidade 9

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desse tipo: peixes do mar, número de vezes que podemos lançar um dado, número de
habitantes de uma cidade;
queremos economizar tempo e dinheiro, pois a investigação de determinada variável
em uma população muito numerosa, como por exemplo o estudo do “peso” de recém-
nascidos ou uma pesquisa de intenção de voto entre eleitores, envolve um alto custo e
um longo período de tempo, sendo assim inviável;
desejamos realizar uma pesquisa mais elaborada, detalhada e com maior precisão. Isso
porque podemos examinar uma amostra com mais cuidado do que faríamos com uma
população inteira.

A validade da amostra
Com base nos resultados verificados em amostras de determinada população, podemos
tirar conclusões ou fazer inferências sobre o conjunto dessa população. No entanto,
para que as inferências não sejam equivocadas, é preciso garantir uma amostragem não
tendenciosa e representativa da população.
Um primeiro cuidado nesse sentido é assegurar que a amostra ou as amostras que
serão utilizadas possuam as mesmas características básicas da população no que diz
respeito aos fenômenos que desejamos investigar.
Há casos em que a obtenção da amostra é simples, como, por exemplo, a separação
de peças produzidas por uma indústria para controle de qualidade, em que basta pegar
uma quantidade de peças para analisar, e outros em que estabelecer uma amostra é
extremamente complexo, como é o caso de pesquisas sociais e de opinião. Tendo isso em
conta, um segundo cuidado a ser tomado é decidir qual será o processo utilizado para
selecionar a amostra.
Existem técnicas de seleção de amostras que garantem, tanto quanto possível, que cada
elemento da população tenha a mesma chance de ser escolhido para compor a amostra, o
que confere um grau de representatividade importante, uma vez que as conclusões relativas
à população estarão baseadas nos resultados da pesquisa com a amostra.
Apresentaremos a seguir algumas técnicas de amostragem. Para exemplificar cada
uma, vamos imaginar esta situação:
“Um dono de cantina escolar deseja melhorar o atendimento dado aos alunos. Para isso,
pensa em realizar uma pesquisa para saber a opinião deles quanto aos funcionários que ali
trabalham. Como ele não tem tempo para entrevistar os 800 alunos que estudam na escola,
de que forma pode escolher uma amostra?”
Amostragem casual ou simples: por este tipo de amostragem, todos os
S. T. Yiap/Keystone

elementos da população têm igual possibilidade de serem selecionados para


constituir a amostra. A forma de seleção de cada elemento é o sorteio.
Na prática essa amostragem pode ser realizada numerando-se a população de
1 a n, onde n é o número de elementos da população, e sorteando-se a seguir,
por meio de um dispositivo qualquer (urna, cartões, bolas numeradas), uma
quantidade de números dessa sequência, que corresponderá aos elementos
da amostra.
No caso do dono da cantina, se desejar construir uma amostra casual, ele
deve dar um número a cada aluno da escola e escolher ao acaso alguns desses
números até atingir determinada quantidade de estudantes, por exemplo 15%,
com os quais fará a pesquisa que deseja.
Amostragem sistemática: ocorre quando os elementos da amostra são

10 Estatística, Contagem e Probabilidade

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selecionados por um critério preestabelecido pelo pesquisador. Essa estratégia
normalmente é usada quando os elementos já estão ordenados de alguma forma.
Vejamos alguns exemplos: nos prontuários médicos e nas listas de alunos das classes,
os nomes estão dispostos em ordem alfabética; e nas linhas de produção, os elementos
se encontram arranjados segundo a ordem do processo de fabricação.
Assim, o dono da cantina, para fazer uma amostra sistemática, pode simplesmente
selecionar os elementos diretamente das listas de alunos de cada classe e escolher
apenas os números pares, ou os múltiplos de 5, ou os de 8 etc.
Amostragem estratificada proporcional: é utilizada sempre que a população estiver
dividida em subgrupos ou faixas também chamadas de estratos, uma vez que a variável
em estudo pode apresentar um comportamento diferente de estrato para estrato.
Nesse caso, o número de elementos componentes da amostra deve ser proporcional ao
número de elementos dos estratos.
Na situação da cantina, a estratificação mais simples que encontramos na população de
800 alunos da escola é a divisão entre sexo masculino e feminino. Imagine que o dono
da cantina queira estabelecer uma amostra de 15% dos alunos que seja proporcional ao
número de estudantes do sexo masculino e feminino da escola.
Supondo que haja 431 meninas e 369 meninos, a amostra poderá ser determinada como
na tabela a seguir.

Sexo População 15% Amostra


Masculino 369 0,15 · 369 5 55,35 55
Feminino 431 0,15 · 431 5 64,65 65
Total 800 0,15 · 800 5 120,00 120

Outra estratificação possível seria considerar os alunos por ano escolar.


A escolha dos elementos da amostra de 120 alunos pode ser feita por um dos
procedimentos anteriores, mas respeitando as proporções para que os estratos sejam
considerados na composição desejada.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

2 Em uma escola, os professores de Educação Física resolve- sortear um número de 1 a 10; se o sorteado for 5, por
ram fazer um estudo sobre o “peso” dos alunos do 1o ano do exemplo, a amostra será formada pelos números: 5, 15,
Ensino Médio. Sabendo que há 400 alunos nesse ano, sele- 25, 35, 45, 55, 65, 75, 85, 95, 105, 115, 125, 135, …, ou seja,
cione uma amostra de 40 alunos pelo: os múltiplos de 5, até obtermos 40 alunos.
a) método casual; c) Para a amostragem estratificada proporcional, podemos
b) método sistemático; considerar o número de estudantes de cada classe do 1o
ano e sortear os alunos que participarão da pesquisa em
c) método estratificado proporcional.
quantidades proporcionais ao número de alunos de cada
classe.
RESOLUÇÃO
Suponhamos que a quantidade de alunos por classe seja:
a) Para construir uma amostra pelo método da amostragem
casual, podemos: No de alunos No de alunos
MATEMÁTICA
Classe Classe
fazer uma lista com os 400 alunos, objeto do estudo A 35 F 36
estatístico, numerada de 1 a 400;
B 40 G 45
sortear ao acaso alguns números até obter 10% de 400. Os
40 alunos sorteados serão os componentes da amostra. C 45 H 42
b) Para a amostra pelo método da amostragem sistemática, D 30 I 45
podemos:
E 42 J 40
elaborar uma lista como no processo anterior;

Estatística, Contagem e Probabilidade 11

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Sabemos que nossa amostra deve ter 40 alunos tomados de Para efetuarmos o arredondamento de um número, opta-
10 classes. Para a constituição da amostra, precisamos, em mos por usar neste livro a regra a seguir, entre as muitas
primeiro lugar, calcular a porcentagem de alunos de cada que existem. Se o algarismo que vai ser eliminado:
classe em relação à população de 400 alunos. é maior ou igual a 5, acrescentamos 1 ao primeiro alga-
rismo que está à sua esquerda.
Classe No de alunos %
é menor que 5, não fazemos nenhuma alteração no al-
A 35 8,75 garismo à sua esquerda.
B 40 10 Podemos, agora, organizar uma tabela.
C 45 11,25
No de No de alunos
D 30 7,5 Classe %
alunos para a amostra
E 42 10,5
A 35 8,75 4
F 36 9
B 40 10 4
G 45 11,25
C 45 11,25 5
H 42 10,5
D 30 7,5 3
I 45 11,25
E 42 10,5 4
J 40 10
F 36 9 4
Total 400 100
G 45 11,25 5
O 1o A, com 35 alunos, tem 8,75% dos elementos da po-
H 42 10,5 4
pulação; logo, na amostra, 8,75% dos elementos deverão
ser dessa classe. O mesmo raciocínio deve ser utilizado I 45 11,25 5
para as demais classes.
J 40 10 4
Como desejamos uma amostra de 40 alunos, calculamos:
Total 400 100 42
A: 8,75% de 40 é 3,5 F: 9% de 40 é 3,6
Como queremos uma amostra com 40 alunos, é preciso
B: 10% de 40 é 4 G: 11,25% de 40 é 4,5 retirar 2 deles, que se originaram dos arredondamentos
C: 11,25% de 40 é 4,5 H: 10,5% de 40 é 4,2 para valores superiores. Podemos fazer isso reduzindo
D: 7,5% de 40 é 3 I: 11,25% de 40 é 4,5 para 4 o total de alunos das classes C e G, por exemplo.
E: 10,5% de 40 é 4,2 J: 10% de 40 é 4 Finalmente, estabelecida a quantidade de alunos de cada
classe que comporá a amostra, a escolha efetiva desses
Depois, arredondamos esses dados para o inteiro mais alunos poderá ser feita por um dos processos anteriores.
próximo, porque, como indicam o número de alunos,
constituem-se uma variável discreta.

PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

A escolha de uma amostra é um dos passos mais importantes em uma


9 Em uma escola com 1 200 alunos, foi feito um recen-
seamento, recolhendo-se dados referentes às seguintes va-
pesquisa de opinião. Por isso, se tiver dúvida nestes exercícios, releia o riáveis:
texto e os exercícios resolvidos.
idade dos alunos;
anos de escolaridade;
7 Imagine que se pretenda fazer um estudo de opinião para veri- meio de transporte utilizado para ir à escola;
ficar se as pessoas são a favor da entrada de torcidas uniformi-
local de almoço;
zadas nos jogos de futebol ou contra. Pense em duas maneiras
distintas de escolher uma amostra: uma que leve a uma respos- número de irmãos;
ta negativa e outra que leve a uma resposta positiva. local de trabalho;
número de televisores em casa;
8 Em uma pesquisa de opinião sobre a utilização de um canal de local de moradia.
televisão pela Igreja católica, foram entrevistadas 232 pessoas
na entrada de uma igreja. Analise com os colegas de classe o a) Das variáveis observadas, quais são quantitativas e quais
processo de escolha da amostra, apontando possíveis falhas. são qualitativas?
b) Como organizar uma amostra simples e uma sistemática

12 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 12 07/12/16 18:52


para fazer esse recenseamento? de um forno que se mantém a uma temperatura fixa durante
o tempo desejado.
10 O dono de uma fábrica de louças feitas de vidro deseja reali- a) Explique como você faria esse estudo.
zar um estudo para comprovar durante quanto tempo a lou-
b) Para esse estudo, seria necessário ou apenas aconselhá-
ça que fabrica resiste a certa temperatura. Para tal, dispõe
vel escolher uma amostra?

INVENTE VOCÊ Utilize as pesquisas realizadas pelos alunos para avaliar o que aprenderam e identificar possíveis dúvidas. Esta
atividade terá continuidade no próximo Invente você.

1 Você e mais quatro amigos vão fazer uma pesquisa sobre o refrigerante preferido dos alunos do 2o ano do Ensino Médio de
sua escola. Descreva o processo de organização dessa pesquisa até a estratificação de uma amostra. Determinada a amos-
tra, proceda à coleta de dados.

Proponha aos alunos que leiam em grupos o texto sobre distribuição de frequências para, depois, discutirem as aprendizagens com toda a classe.

DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIAS
Frequência absoluta e frequência relativa
Uma professora organizou os resultados obtidos em uma prova como no quadro abaixo. Nota No de alunos
4,0 5
4,0 5,0 7,0 9,0 9,0
5,0 3
4,0 5,0 7,0 9,0 9,0
4,0 5,0 7,0 9,0 9,0 6,0 2

4,0 6,0 8,0 9,0 9,0 7,0 3


4,0 6,0 8,0 9,0 9,0 8,0 2
9,0 10
Agora, ela quer fazer uma representação gráfica para analisar o desempenho da turma.
Total 25
Como ela pode proceder?
Em primeiro lugar, a professora pode fazer uma tabulação dos dados, ou seja, organizá-

Zapt
los de modo que a consulta a eles seja simplificada, conforme mostra a tabela ao lado. Desempenho dos alunos na prova
Essa forma de organizar os dados é conhecida como distribuição de frequências e o No de
alunos
número de vezes que um dado aparece é chamado de frequência absoluta desse dado.
10
Representamos a frequência absoluta por f. 9
8
Exemplos: 7
a) A frequência absoluta da nota 4,0 é 5. 6
5
b) A frequência absoluta da nota 9,0 é 10.
4
Para representar graficamente as frequências absolutas, podemos recorrer a um grá- 3
fico em colunas, como este ao lado. 2
1
A professora poderia também calcular o percentual que o número de alunos com
0 Nota
cada nota representa no total dos alunos. Nesse caso, ela estaria calculando a frequência 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0
relativa com que as notas aparecem.
Frequência relativa é o quociente entre a frequência absoluta e o número de elementos
da população. Nota f fr (%)
Representamos a frequência relativa por fr. 4,0 5 20 MATEMÁTICA

Exemplos: 5,0 3 12

a) A frequência relativa da nota 4,0 é fr 5 5 5 0,2 5 20%. 6,0 2 8


25
7,0 3 12
b) A frequência relativa da nota 5,0 é fr 5 3 5 0,12 5 12%.
25 8,0 2 8
A tabela ao lado mostra a frequência relativa de cada uma das notas. 9,0 10 40
De modo geral: Total 25 100

Estatística, Contagem e Probabilidade 13

Book_MAT2_CAD6.indb 13 07/12/16 18:52


Frequência absoluta de um acontecimento é o número de vezes que ele é observado.
Representamos por f.
Frequência relativa de um acontecimento é a razão entre sua frequência absoluta e
o número de elementos da população. Representamos por fr.

Observe que a frequência absoluta é a medida dos resultados obtidos diretamente e


varia entre turmas com as mesmas características de acordo com o número de indiví-
duos que possuem. Já a frequência relativa
Desempenho dos alunos na prova Desempenho dos alunos na prova
nos permite inferir que a mesma prova, se
fr (%)
repetida com outro grupo de alunos seme-
40 Legenda:
12% lhante ao observado, apresentará como re-
8% Nota 4,0
30 sultado valores aproximados aos obtidos
20% Nota 5,0
12%
na turma analisada (cerca de 40% de notas
20 Nota 6,0
9,0, por exemplo), independentemente do
8% Nota 7,0 número de alunos desse novo grupo.
10
40% Nota 8,0 Podemos representar as frequências rela-
Nota 9,0 tivas por meio de um gráfico em colunas ou
4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 Nota
em setores, como nas figuras ao lado.

Frequência absoluta acumulada e frequência relativa acumulada


Além da frequência absoluta e da frequência relativa, temos também a frequência
absoluta acumulada, ou simplesmente frequência acumulada, e a frequência relativa
acumulada.

A frequência absoluta acumulada até certo dado em uma distribuição de frequência é


a soma da frequência absoluta desse dado com a frequência absoluta dos dados anteriores.
Representamos essa frequência por fa.

Exemplo:
No problema das notas, a frequência absoluta acumulada da nota 7,0, por exemplo, é a
soma das frequências das notas 4,0; 5,0; 6,0 e 7,0:
fa 5 5 1 3 1 2 1 3 5 13
Isso significa que 13 alunos tiraram nota menor ou igual a 7.

A frequência relativa acumulada de um dado é a razão entre a frequência absoluta


acumulada até esse dado e a frequência absoluta acumulada do total de dados.
Representamos essa frequência por fra.

Exemplo:
fra A frequência relativa acumulada da nota 7,0,
Nota f fa fr (%)
(%)
por exemplo, é dada por:
4,0 5 5 20 20
fa (nota 7,0) 13
5,0 3 8 12 32 → (20 1 12)% com nota até 5,0 fra 5 5 5 0,52 ou 52%
no de indivíduos 25
6,0 2 10 8 40 → (20 1 12 1 8)% com nota até 6,0
Isso significa que 52% dos alunos tiveram nota
7,0 3 13 12 52 → (20 1 12 1 8 1 12)% com nota até 7,0
igual ou inferior a 7,0.
8,0 2 15 8 60 → (20 1 12 1 8 1 12 1 8)% com nota até 8,0
Veja ao lado como ficaria a tabela de
9,0 10 25 40 100 → (20 1 12 1 8 1 12 1 8 1 40)% com nota até 9,0
frequências:
Total 25 100

14 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 14 07/12/16 18:52


EXERCÍCIO RESOLVIDO

3 Uma loja de produtos de informática resolveu fazer uma dentes a cada frequência.
pesquisa com seus 200 clientes adolescentes, entre 11 e 17 360° 100% ou 3,6 ? 20 5 72°
anos, para saber a idade da maioria deles. Para isso, selecio-
x 20% 3,6 ? 28 > 101°
nou, aleatoriamente, uma amostra de 25 clientes.
As idades dos componentes da amostra eram:
Os alunos podem ter outras 3,6 ? 32 > 115°
formas de fazer os cálculos
12, 13, 14, 13, 12, 13, 12, 13, 14, 14, 14, 15, 13, 14, 15, 15, 16, 12, 13, dos ângulos correspondentes 3,6 ? 12 > 43°
aos setores do gráfico.
14, 14, 16, 13, 14, 12. 3,6 ? 8 > 29°
Socialize isso.
a) Qual a idade mais frequente, segundo a amostra?

Zapt
Nossos clientes adolescentes por idade
b) Construa um gráfico em setores para representar a fre-
quência relativa das idades.
12 anos
c) Analisando o gráfico que você construiu, o que poderemos 28%
20% 13 anos
inferir sobre a idade dos clientes se a pesquisa for repe-
tida com uma amostra maior, dessa mesma população, 14 anos
8%
formada, por exemplo, por 50 clientes? 32% 15 anos
12%
d) Quantos clientes têm idade inferior a 15 anos? 16 anos
e) Qual a porcentagem de clientes que têm idade igual ou
inferior a 15 anos?
c) Analisando o gráfico, observamos que 32% dos clientes
RESOLUÇÃO têm 14 anos. Esse dado nos permite inferir que, qualquer
a) Para responder a essa questão, podemos organizar uma que seja o número de clientes da amostra, é provável que
tabela de frequências absolutas. 32% deles tenham essa idade. Assim, em uma amostra
Analisando a tabela, observamos que a maioria dos en- de 50 clientes, 16 possivelmente teriam 14 anos.
trevistados tem 14 anos. d) Para responder a essa pergunta, devemos calcular a
b) Para construir o gráfico em setores, precisamos calcular frequência absoluta acumulada somando as frequências
as frequências relativas. absolutas dos dados anteriores à idade de 15 anos.
Idade f fr (%) fa 5 5 1 7 1 8 5 20
12 5 20 Portanto, 20 clientes têm idade inferior a 15 anos.
13 7 28
e) Para encontrar essa resposta calculamos a frequência
14 8 32 relativa acumulada.
15 3 12 5171813
fra 5 25 5 0,92 ou 92%
16 2 8
Total 25 100 Portanto, 92% dos clientes da amostra têm idade igual
Construímos o gráfico calculando os ângulos correspon- ou inferior a 15 anos.

ANOTAÇÕES

PROBLEMAS E EXERCÍCIOS
MATEMÁTICA

11 Um dado foi lançado 50 vezes, obtendo-se os resultados da


tabela. a) Qual foi a frequência com que saiu a face 3?
b) Qual a porcentagem de saída da face 6?
Face 1 2 3 4 5 6
c) Quantas vezes saiu uma face menor ou igual a 5?
f 8 7 12 10 8 5
d) Qual a porcentagem de saída de uma face menor que 6?

Estatística, Contagem e Probabilidade 15

Book_MAT2_CAD6.indb 15 07/12/16 18:52


12 Uma marca de refrigerante foi analisada por uma amostra a) No caderno, copie e complete
de clientes de um supermercado, obtendo-se este resultado. a tabela. Marca f fr

a) Qual a porcentagem de clientes que b) Quantos automóveis da marca A 0,35


considerou o refrigerante ruim? C participaram da amostra? B 115 0,23
Muito bom 60% b) Construa um gráfico para representar c) Qual o total de elementos da C 0,19
Bom 20% esses resultados. amostra? D
Regular 15% c) Se essa mesma pesquisa fosse feita
Ruim j em outros supermercados, qual seria
a porcentagem de consumidores que 15 Realizada uma pesquisa com os 60 funcionários da Empresa
provavelmente consideraria o refrige- de Transportes É-pra-já S.A. sobre o número de filhos de
rante bom? cada um deles, obtiveram-se estes resultados:

No de filhos por No de
13 Selecionou-se uma amostra de alunos do 2o ano do Ensino fa fr (%) fra (%)
funcionário funcionários (f)
Médio para pesquisar a marca de tênis que usavam. Feita a
0 18
pesquisa, foram obtidos os dados apresentados na tabela.
1 10
Marca f fr (%) 2 23
Mike 36 18 3 4
Didas 34 4 3
Rucanor 48 5 1
Outras marcas 82 6 1
a) Qual o total de elementos da amostra? a) Copie e complete essa tabela no caderno.
b) Em seu caderno, copie e complete a tabela, calculando a b) Quantos funcionários da empresa têm menos de 3 filhos?
frequência relativa de cada marca.
c) Que percentual dos funcionários da empresa tem no
c) Qual a soma de todas as porcentagens? Por quê? máximo 3 filhos?
d) Que percentual dos funcionários da empresa não tem filhos?
14 O levantamento de dados referentes a uma amostra de auto-
móveis em circulação em uma cidade, durante o ano de 2010, e) Quantos funcionários da empresa têm mais de 3 filhos? Que
proporcionou estes resultados. percentual isso representa do total?

NO COMPUTADOR Planilhas eletrônicas


Você utilizará uma planilha eletrônica para trabalhar com os dados a seguir. Monte-a no LibreOffice.
Observe as tabelas que apresentam dados relativos ao eleitorado brasileiro entre os anos de 2000 e 2008, segundo
informações do IBGE.

www.libreoffice.org

Fonte: IBGE (no cabeçalho estão indicados o ano e o mês da pesquisa; os dados incluem eleitores no exterior).

16 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 16 07/12/16 18:52


1a proposta:
a) Na planilha eletrônica, digite os dados como apresentados nas tabelas. Entre uma tabela e outra, deixe três linhas em
branco. Se necessário, ajuste a largura das colunas, por meio do menu Formatar, selecionando largura e, em seguida,
coluna, ou manualmente, arrastando a borda direita do cabeçalho com o mouse.

b) Determine o total de eleitores entre 16 e 24 anos no ano 2000. Para isso, selecione a célula B5 e utilize a função “soma”
que você encontrará no menu “Função”.

c) Digite os números fornecidos nas colunas B2, B3 e B4 e clique em “OK”. O resultado da soma aparecerá
automaticamente no campo B5.

MATEMÁTICA

Estatística, Contagem e Probabilidade 17

Book_MAT2_CAD6.indb 17 07/12/16 18:52


d) Repita o procedimento para as células C5, D5, E5, F5, G5 e H5 e também para as células B11, C11, D11, E11, F11, G11 e H11.

www.libreoffice.org
Você acabou de organizar duas tabelas de distribuição de frequências. Você já sabe que, em Estatística, chamamos
o número de vezes que um dado aparece de frequência absoluta desse dado. Assim, o valor da célula B5 representa a
frequência absoluta dos eleitores entre 16 e 24 anos do ano 2000, do mesmo modo que a frequência absoluta de todos os
eleitores brasileiros em 2000 é de 109 589 892 pessoas.

Agora analise:
a frequência absoluta de eleitores na faixa de 16 a 24 anos em 2006;
em qual célula da planilha aparece a frequência absoluta de eleitores brasileiros em 2006;
que dado é mostrado nas células G5 e G11.

2a proposta:
a) Insira uma coluna ao lado de cada uma das colunas de frequência absoluta. Para inserir uma coluna à direita da coluna
B, selecione qualquer elemento da próxima coluna, ou seja, da coluna C, e clique no menu “Inserir” e, em seguida, em
“Coluna”. Repita o procedimento para as outras colunas.
b) Na célula C2, que agora está em branco, insira a fórmula 5B2/B$11*100 e verifique que o programa determinará a
porcentagem de eleitores com 16 anos em relação ao total de eleitores no Brasil no ano de 2000.

c) Repita o procedimento para as células C3 e C4. A digitação do cifrão teve a função de impossibilitar que a célula referente
ao total variasse.

Na linguagem do programa LibreOffice, o símbolo $ fixa o valor à


sua direita, ou seja, o valor referente à linha 11 fica constante.

d) Repita o procedimento para determinar as porcentagens relativas aos totais em cada ano.

Você já sabe que a razão entre a incidência de um acontecimento em relação ao total é chamada frequência relativa
ou frequência porcentual. A frequência relativa é determinada dividindo-se a frequência absoluta pelo número total de
elementos da população.

frequência absoluta
Frequência relativa 5
no total de elementos

18 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 18 07/12/16 18:52


Você sabe também que representamos a frequência relativa por fr e o número de elementos por n. Assim:

fr 5 f
n

Na planilha do LibreOffice, insira uma linha em cada distribuição de frequência para indicar a frequência absoluta e a
frequência relativa.
Lembre-se de que: quando queremos comparar os resultados de pesquisas feitas em populações com diferentes números
de elementos, utilizamos a frequência relativa.

3a proposta:
A planilha eletrônica também nos permite calcular a média de eleitores no período entre 2000 e 2008.
a) Na tabela de eleitores brasileiros entre 16 e 24 anos, selecione a célula I2. No menu, acesse “Inserir” e escolha a função
“Média”.
Digite B2 e H2, que indicam as células entre as quais você deseja calcular a média. Clique em “Ok” e a média será
calculada.
b) Repita o procedimento para calcular as médias de eleitores por faixa etária na primeira tabela e também as médias
correspondentes a cada tipo de eleitor na segunda tabela.

INVENTE VOCÊ
2 Continue a pesquisa que você e seus amigos iniciaram sobre o refrigerante preferido dos alunos de 2o ano da sua escola e
organize uma tabela com as frequências absoluta e relativa.
Construa um gráfico para representar esses dados e elabore perguntas sobre a pesquisa que envolvam o cálculo de fa e fra.
Exponha a pesquisa e as perguntas para a classe. Se achar conveniente, sugira aos alunos que construam o
gráfico utilizando a planilha eletrônica.

MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL


Em geral, o valor 23 °C é a média mais usada para a temperatura em ambientes com
ar-condicionado.
O que significa temperatura média igual a 23 °C? Será que todos os aparelhos de ar-
condicionado são regulados nessa temperatura? É claro que a resposta à última pergunta é não.
Quando temos os diversos valores de uma variável, no caso de nosso exemplo
as temperaturas dos muitos aparelhos de ar-condicionado, é comum analisarmos as
tendências desse conjunto de valores. Em Estatística, são definidas algumas medidas que
revelam essas tendências. Vamos conhecê-las.
As mais utilizadas são as medidas de tendência central, que têm esse nome pelo
fato de os dados observados tenderem, em geral, a se agrupar em torno de valores
centrais. As medidas de tendência central são a moda, a mediana e a média aritmética. MATEMÁTICA
Lembre-se de que, mais do que conhecer, os alunos
precisam saber como e onde podem usar estas medidas.
Moda
O basquetebol foi inventado nos Estados Unidos há mais de um século. Atualmente, é
um dos esportes com maior projeção nesse país.
Uma característica dos jogadores de basquetebol é sua elevada estatura. O pictograma a
seguir mostra as alturas (em metros) de 15 jogadores de uma equipe de basquetebol.

Estatística, Contagem e Probabilidade 19

Book_MAT2_CAD6.indb 19 07/12/16 18:52


Zapt
1,85 1,95 1,98 2,01 2,07 2,10 2,13 2,18

As alturas desses jogadores variam entre 1,85 m e 2,18 m e o maior número de jogadores
com a mesma altura é quatro. De fato, há quatro jogadores com 2,07 m de altura. Dizemos
que 2,07 é a moda desse conjunto de alturas.

Moda de um conjunto de valores é o elemento que ocorre mais


frequentemente dentro desse conjunto. Representamos a moda por Mo.

A moda pode ser calculada para qualquer tipo de variável. Sua função é possibilitar a
percepção de uma forte tendência, de uma preferência ou de uma rejeição evidente.
Um conjunto de dados pode não ter moda por não ter um único elemento que ocorra
mais frequentemente que os outros.

Conjuntos de dados Valores mais frequentes


7 9 9 9 10 10 12 9
3 5 8 10 12 15 16 não há
3 4 4 4 5 5 7 7 7 4e7

Observe que no primeiro conjunto de dados o valor mais frequente é 9; logo, a moda
desse conjunto de dados é 9.
No segundo caso, não há um único valor que seja mais frequente; logo, não há moda.
No terceiro caso, há dois valores mais frequentes: 4 e 7. Temos, assim, um caso de
situação bimodal, ou seja, esse conjunto de dados possui duas modas.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

4 Luís organizou uma árvore genealógica com as idades dos integrantes da família de sua mãe. Veja.
Avô Avó
72 68

Mãe Pai
42 40 40 40 37 40 35 32

14 13 7 8 13 7 7 5
Luís

Qual é a moda das idades da família da mãe de Luís?


RESOLUÇÃO
Para calcular a moda, devemos verificar com que frequência cada uma das idades, que variam entre 5 e 72 anos, se repete:

Idade 5 7 8 13 14 32 35 37 40 42 68 72
Frequência absoluta 1 3 1 2 1 1 1 1 4 1 1 1

A tabela nos revela que 40 é a idade mais frequente na família da mãe de Luís; logo, a moda desse conjunto de dados é 40.

20 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 20 07/12/16 18:52


Mediana
Voltando à equipe de basquetebol, se colocarmos os jogadores em fila, por ordem
crescente de altura, verificaremos que o jogador que ocupa a posição central tem
2,01 m de altura. Dizemos, então, que 2,01 é a mediana desse conjunto de dados.

Mediana de um conjunto finito de valores, dispostos em ordem crescente ou


decrescente de grandeza, é o valor central, se o conjunto tiver um número ímpar
de elementos, ou é a média aritmética dos dois valores centrais, se o conjunto
tiver um número par de elementos. Representamos a mediana por Me.

A mediana pode ser calculada para variáveis qualitativas ordenáveis e para variáveis
quantitativas. Uma das funções mais importantes da mediana é auxiliar a entender a razão
pela qual a média sofre variações acentuadas, isso porque uma discrepância na mediana
interfere na média, fazendo com que ela aumente ou diminua muito.
Todos os conjuntos finitos de números têm mediana.
Se o conjunto tiver um número ímpar de elementos, a mediana será sempre um valor
do próprio conjunto; se tiver um número par de elementos, a mediana poderá ou não ser
um elemento desse conjunto.
Exemplos:
Observe o cálculo da mediana dos conjuntos de dados a seguir.
a) {1, 2, 2, 3, 4, 4, 5} → mediana 5 3
313
b) {1, 2, 3, 3, 3, 5, 6, 7} → mediana 5 5 3 (pertence ao conjunto)
2
314
c) {1, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 7} → mediana 5 5 3,5 (não pertence ao conjunto)
2

Média aritmética
Considere mais uma vez a equipe de basquete. A soma das alturas dos jogadores é:
1,85 1 1,85 1 1,95 1 1,98 1 1,98 1 1,98 1 2,01 1 2,01 1 2,07 1 2,07 1 2,07 1 2,07 1
1 2,10 1 2,13 1 2,18 5 30,3
Se dividirmos esse valor pelo número total de jogadores, obteremos a média aritmética
das alturas:
30,3
média 5 5 2,02
15
A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02 m.

Média aritmética de um conjunto de números é o valor que se obtém dividindo a soma


dos seus elementos pelo número de elementos do conjunto. Representamos a média
aritmética por X.

A média pode ser calculada apenas se a variável envolvida na pesquisa for quantitativa.
Não faz sentido calcular a média aritmética para variáveis qualitativas. Você já imaginou o
que significaria calcular a cor média de camiseta preferida por um grupo de pessoas ou o
time médio de futebol para o qual a maioria dos alunos de sua classe torce? MATEMÁTICA
Utilizamos a média para observar o valor em torno do qual os dados se distribuem. Ela
é tanto mais representativa quanto menor for a variação dos dados.
Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre diferentes grupos, se for
possível calcular a média, ficará mais fácil estabelecer uma comparação entre esses grupos
e perceber tendências.
Das três medidas de tendência central, a que mais utilizamos no dia a dia é a média
aritmética. Nós a encontramos por todo lado. Costumamos calcular, por exemplo, a média

Estatística, Contagem e Probabilidade 21

Book_MAT2_CAD6.indb 21 07/12/16 18:52


dos resultados dos testes, a média de quilômetros rodados por um automóvel com um litro
de combustível, a média de temperaturas, a média de salários etc.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

5 A tabela a seguir mostra a temperatura máxima (em °C) re-


gistrada em uma cidade entre 14 e 22 de julho. Temperaturas (°C)
17,5

DATA TEMPERATURA (°C) 15,1


14/7 4,6 12,4
12,1
15/7 10,4 10,5
10,4
9,9
16/7 9,9
17/7 15,1
18/7 12,4 4,6

19/7 17,5
20/7 15,1
0 14/7 15/7 16/7 17/7 18/7 19/7 20/7 21/7 22/7
21/7 10,5 Datas
22/7 12,1
Em seguida, marcamos os pontos correspondentes a cada
a) Qual é a moda das temperaturas? par (data, temperatura) e traçamos os segmentos de reta
que unem esses pontos.
b) Qual é a média aritmética das temperaturas?
Temperaturas sobem
c) Calcule a mediana dos dados da tabela. Temperaturas (°C)
17,5
d) Construa um gráfico em linha para registrar a variação
das temperaturas. 15,1
12,4
Dê um título a esse gráfico. 12,1
10,5
10,4
RESOLUÇÃO 9,9

a) A moda das temperaturas é 15,1 °C, porque essa foi a


temperatura mais frequente (registrada duas vezes). 4,6

b) Para calcular a média aritmética das temperaturas, faze-


mos: 0 14/7 15/7 16/7 17/7 18/7 19/7 20/7 21/7 22/7
Datas
4,6 1 10,4 1 9,9 1 15,1 1 12,4 1 17,5 1 15,1 1 10,5 1 12,1
X5 > 11,96 > 12 °C 6 (Enem) Um sistema de radar é programado para registrar
9
automaticamente a velocidade de todos os veículos trafe-
gando por uma avenida, onde passam em média 300 veí-
c) Para calcular a temperatura mediana, o conjunto de dados
culos por hora, sendo 55 km/h a máxima velocidade per-
deve ser inicialmente ordenado:
mitida. Um levantamento estatístico dos registros do radar
permitiu a elaboração da distribuição porcentual de veícu-
4,6; 9,9; 10,4; 10,5; 12,1 ; 12,4; 15,1; 15,1; 17,5
los de acordo com sua velocidade aproximada.
45
40
Como o número de elementos do conjunto é ímpar e o 40
valor central é 12,1 °C, esse é o valor da mediana. Portanto, 35
30
Me 5 12,1 °C. 30
Veículos (%)

25
d) Para construir o gráfico em linha, traçamos dois eixos 20
15
perpendiculares. No eixo horizontal marcamos as datas 15
(porque será em função delas que as temperaturas va- 10
5 6 3 1
riarão) e no eixo vertical marcamos as temperaturas. 5
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Velocidade (km/h)

22 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 22 07/12/16 18:52


A velocidade média dos veículos que trafegam nessa ave- 5 5 · 20 1 15 · 30 1 30 · 40 1 40 · 50 1 6 · 60 1 3 · 70 1 1 · 80
nida é de: 5 1 15 1 30 1 40 1 6 1 3 1 1
a) 35 km/h. e) 85 km/h. d) 76 km/h. 100 1 450 1 1 200 1 2 000 1 360 1 210 1 80
Vm 5
c) 55 km/h. b) 44 km/h. 100
RESOLUÇÃO Vm 5 4 400 ⇒ Vm 5 44 km/h
O valor médio de velocidade para os veículos que trafegam 100
na referida avenida é determinado pela média ponderada
Logo, a alternativa correta é a b.
das velocidades citadas no gráfico. Nessa média ponderada,
o peso de cada velocidade é a respectiva porcentagem de Observação: O enunciado dessa questão pede “a velocidade
veículos que apresentam essa velocidade: média dos veículos”. Entendemos que seria mais adequada a
expressão “o valor médio de velocidades para os veículos”,
Vm 5
já que velocidade média é um conceito físico bem definido:
razão entre o deslocamento e o intervalo de tempo.

PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

16 A fábrica Docinhos vende doces em embalagens de vários 22 Em uma pequena empresa de tecnologia avançada traba-
tamanhos. A tabela mostra a quantidade de cada tipo de em- lham 13 pessoas, cujos salários por função estão indicados
balagem usada no último ano. Se a gerência da fábrica deci- na tabela a seguir.
dir vender doces em um só tipo de embalagem, qual deverá
escolher? Justifique a sua resposta. 6 operárias R$ 400,00

Tipos de embalagens Número de embalagens 1 operário R$ 500,00

125 g 10 000 3 secretárias R$ 600,00


250 g 35 000 1 encarregado R$ 900,00
500 g 50 000 1 diretor R$ 2.100,00
1 kg 10 000
1 presidente R$ 4.000,00

17 a) Calcule a moda, a mediana e a média aritmética das ida- Use as medidas de tendência central para analisar a distri-
des dos pais dos alunos da sua classe. buição de salários. A maioria dos funcionários recebe salário
b) Faça um gráfico da frequência absoluta e outro da frequ- próximo à média?
ência relativa das idades.
c) Há alguma idade cuja frequência relativa seja superior a ANOTAÇÕES
40%? E a 60%?

18 Calcule a moda, a mediana e a média aritmética dos dados


apresentados no exercício resolvido 3.

19 Indique, se possível, a moda dos dados apresentados no pro-


blema 12.

20 Qual é a média do número de páginas, por unidade, deste


livro de Matemática?
MATEMÁTICA
21 As notas de Flávio, aluno do 3o- ano, nas provas de Matemá-
tica foram: 8,5; 6 e 8.
a) Qual é a média aritmética dessas notas?
b) Quanto Flávio precisa obter em uma 4a- prova para que
sua média seja 8,0?

Estatística, Contagem e Probabilidade 23

Book_MAT2_CAD6.indb 23 07/12/16 18:52


LER
PARA RESOLVER

A leitura em Matemática é essencial para a resolução de algumas questões. Veremos um exemplo disso em uma
questão que envolve argumentação a partir de informações contidas em gráficos. O julgamento das argumentações e a
tomada de decisão sobre a que lhe parecer verdadeira dependerá da leitura dos gráficos. Siga estes passos.
1. Leia toda a questão sem se deter nos detalhes dos gráficos.
2. Identifique a pergunta.
3. Volte ao texto marcando as informações de que precisa para a resolução.
4. Resolva a questão.
5. Depois, use o que aprendeu aqui para resolver os problemas e exercícios de 23 a 29.

(Simulado Novo Enem) As condições de saúde e a qualidade de vida de uma população humana estão diretamente rela-
cionadas à disponibilidade de alimentos e à renda familiar.
O gráfico I mostra dados da produção brasileira de arroz, feijão, milho, soja e trigo e do crescimento populacional, no
período compreendido entre 1997 e 2003.
O gráfico II mostra a distribuição da renda familiar no Brasil, no ano de 2003.
Gráfico I Gráfico II
Produção de grãos e população brasileira entre Distribuição da renda da população em 2003

Zapt
1997 e 2003
6% 4%

sem rendimento
60 178

ma ários
arroz

população (milhões de habitantes)

sal
is d m
produção (milhões de toneladas)

feijão 176

e 2 ínim
50 milho 10%

0
soja 174 entre
40 trigo salár 10 e 20
ios m até 2 salários mínimos

os
população 172 ínimo
s 28%
30 170
entre 5 e 10
168 salários mínimos
20
166 19%
10 entre 2 e 5
164 salários mínimos
0 162 33%
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
ano
Fonte: Dados obtidos do IBGE.
Fonte: Dados obtidos do IBGE.

Considere que três debatedores, discutindo as causas da fome no Brasil, chegaram às seguintes conclusões:
Debatedor 1 ] O Brasil não produz alimento suficiente para alimentar sua população. Como a renda média do brasileiro é
baixa, o País não consegue importar a quantidade necessária de alimentos e isso é a causa principal da fome.
Debatedor 2 ] O Brasil produz alimentos em quantidade suficiente para alimentar toda sua população. A causa principal
da fome, no Brasil, é a má distribuição de renda.
Debatedor 3 ] A exportação da produção agrícola brasileira, a partir da inserção do País no mercado internacional, é a
causa majoritária da subnutrição no País.
Levando em conta que são necessários, em média, 250 kg de alimentos para alimentar uma pessoa durante um ano, os
dados dos gráficos I e II, relativos ao ano de 2003, corroboram apenas a tese do(s) debatedor(es)

a) 1. b) 2. c) 3. d) 1 e 3. e) 2 e 3.
Vale a pena destacar que nessa questão aparece o conceito de média da quantidade de alimentos para uma pessoa
durante um ano.
A informação de que essa média é de 250 kg não significa que todos os brasileiros devem comer essa quantidade
de alimentos, uns mais, outros menos, mas sim que, na média, para quem cuida da alimentação dessa nação, é preciso
garantir essa quantidade de quilogramas, para cada brasileiro, em um ano.
Esse dado mais a leitura do primeiro gráfico no eixo à direita que contém a população brasileira em 2003 permitem
concluir que eram necessários alimentos iguais a

24 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 24 07/12/16 18:52


177 milhões de habitantes x 250 kg de alimentos 5
5 44 250 milhões de kg de alimentos >
> 44 milhões de toneladas de alimentos, para alimentar a população brasileira em 2003.
Esse primeiro gráfico, lido no eixo à esquerda, que contém a quantidade de grãos produzidos, mostra que em 2003
tivemos pelo menos 5 milhões de toneladas de trigo e a mesma quantidade de feijão, 10 milhões de toneladas de arroz,
50 milhões de toneladas de soja e 40 milhões de toneladas de milho.
Ou seja, a produção de grãos foi suficiente para alimentar a população brasileira em 2003.
Essa informação mostra que o debatedor 1 está enganado e o debatedor 2 argumenta corretamente.
Já o debatedor 3 deve ser descartado, porque sua argumentação não se baseia nas informações dos gráficos e do
texto da questão.
A alternativa b é então a resposta a essa questão.
Use o que você aprendeu aqui na resolução das próximas questões. Ler de forma consciente e estratégica é um
recurso importante para a resolução de problemas de Matemática e de qualquer outra área do conhecimento.

PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

As informações a seguir referem-se às questões 23 e 24. nele não está representada a quantidade x de alunos com
(Enem) Uma pesquisa de opinião foi realizada para avaliar os 20 anos de idade. Sabendo que ao considerarmos todos os
níveis de audiência de alguns canais de televisão, entre 20 h alunos da turma (inclusive os que tenham 20 anos), a média
e 21 h, durante uma determinada noite. aritmética das idades é 20,25.

Os resultados obtidos estão representados no gráfico de Número de alunos


barras a seguir:

100 13
80
No de residências

10
60
40
20 3
0 Idade (em anos)
TvA TvB TvC TvD Nenhum 19 20 21 22
canal

23 O número de residências atingidas nessa pesquisa foi apro- Então, o valor de x é tal que
ximadamente de: a) x é par. c) x.
a) 100. c) 150. e) 220. b) x é divisível por 5. d) x é primo.
b) 135. d) 200.
27 (UFJF-MG) Realizou-se um experimento no qual oito pessoas
24 A porcentagem de entrevistados que declararam estar as- foram pesadas no primeiro dia. Suas massas em kg estão
sistindo à TvB é aproximadamente igual a: dadas na tabela a seguir.
a) 15%. c) 22%. e) 30%. Pessoa A B C D E F G H
b) 20%. d) 27%. 71 67 81 55 51 74 56 85
Massa (kg)

25 Em uma seleção para ascensoristas e recepcionistas de Após 20 dias de observação, notou-se que as pessoas cuja massa MATEMÁTICA
uma grande empresa, compareceram 500 candidatos para era menor que 70 kg engordaram 6 kg e as pessoas cuja massa
ascensoristas e 100 para recepcionistas. Na prova, a média era maior que 70 kg emagreceram 10 kg. Em relação a esse
de todos os candidatos foi 4, mas a média dos candidatos a experimento que durou 20 dias, pode-se afirmar que a mediana
ascensorista foi 3,8. Nessas condições, qual foi a média dos da distribuição inicial das massas em relação à mediana da dis-
candidatos a recepcionista? tribuição final das massas:
a) diminuiu de 2. d) diminuiu de 6.
26 (UFU-MG) A distribuição das idades dos alunos da turma b) diminuiu de 4. e) não se alterou.
do 5o- período de um curso de agronomia está descrita no
c) aumentou de 4.
gráfico de barras abaixo. Esse gráfico está incompleto, pois

Estatística, Contagem e Probabilidade 25

Book_MAT2_CAD6.indb 25 07/12/16 18:52


28 (FGV-SP) A média aritmética dos elementos do conjunto sumidores sobre sua satisfação em relação a uma certa mar-
{17, 8, 30, 21, 7, x} supera em uma unidade a mediana dos ca de sabão em pó. Cada consumidor deu uma nota de 0 a 10
elementos desse conjunto. para o produto, e a média final das notas foi 8,5. O número
Se x é um número real tal que 8 , x , 21 e x Þ 17, então a mínimo de consumidores que devem ser consultados, além
média aritmética dos elementos desse conjunto é igual a dos que já foram, para que essa média passe para 9, é igual a
a) 16. b) 17. c) 18. d) 19. e) 20. a) 250. c) 350. e) 450.
b) 300. d) 400.
29 (UFSCar-SP ) Em uma pesquisa, foram consultados 600 con-

Agrupamento de classes
Sempre que em uma coleta de dados quantitativos para uma amostra há uma grande va-
riedade de valores, é preciso agrupar os valores da variável para analisar as informações. Os
intervalos de classe são representados pelo símbolo , que indica que apenas o limite inferior
está incluído na classe representada. O limite superior de uma classe deve ser igual ao limite
inferior da classe seguinte. Vejamos um exemplo.
Durante um trabalho de Biologia sobre o tempo (em dias) de gestação dos animais, um
grupo de alunos coletou os seguintes dados de uma amostra de 42 mamíferos.

Alce 250 Chimpanzé 231 Porco 112


Alce americano 240 Coelho 37 Porquinho-da-índia 68
Babuíno 187 Esquilo americano 31 Puma 90
Baleia 365 Esquilo 44 Raposa 52
Búfalo 278 Gambá 17 Rato 21
Burro 365 Gato 63 Rinoceronte 496
Cabra doméstica 151 Girafa 425 Texugo 60
Cabra-montesa 184 Gorila 257 Tigre 105
Camelo 406 Leão 100 Urso-pardo 225
Canguru 42 Leão-marinho 350 Urso-polar 240
Cão 61 Leopardo 98 Urso-negro 219
Carneiro 154 Lobo 63 Vaca 284
Castor 122 Macaco 165 Veado 201
Cavalo 330 Morcego 50 Zebra 265

A tabela abaixo apresenta a organização em classes do tempo de gestação dos ani-


mais da amostra e as frequências absolutas dessas classes:

Tempo de gestação
17 £ 77 77 £ 137 137 £ 197 197 £ 257 257 £ 317 317 £ 377 377 £ 437 437 £ 497
(em dias)

Frequência absoluta 13 6 5 7 4 4 2 1

Frequências relativa, absoluta acumulada e relativa acumulada


de classes
A noção de como obter as frequências relativa, absoluta acumulada e relativa acumu-
lada de classes a partir de intervalos de classe é semelhante ao que fizemos anteriormente.
A notação utilizada também é a mesma. Acompanhe os exercícios resolvidos para compreen-
der como fazer esses cálculos.

26 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 26 07/12/16 18:52


EXERCÍCIO RESOLVIDO

7 Considere a tabela organizada para o tempo de gestação Tempo de gestação fra


dos animais. Classe f fa fr (%)
(em dias) (%)
a) Calcule a frequência relativa das classes dessa tabela. 1a 17 £ 77 13 13 31 31
b) Calcule a frequência absoluta acumulada e a frequência 2a 77 £ 137 6 19 14 45
absoluta de cada classe. 3a 137 £ 197 5 24 12 57
4a 197 £ 257 7 31 17 74
RESOLUÇÃO 5a 257 £ 317 4 35 10 83
a) Para obter as frequências relativas (fr), calculamos as 6a 317 £ 377 4 39 10 93
razões entre as frequências absolutas de cada classe e 7a 377 £ 437 2 41 5 98
o total de elementos da amostra. Observe que o total da 8a 437 £ 497 1 42 2 100
frequência relativa ultrapassou 100%, o que se deve aos Total 42 101
arredondamentos feitos.
8 Analise a tabela do ER7 e responda ao que se pede.
b) Para calcular a frequência absoluta acumulada (fa) de
uma classe, somamos a frequência absoluta (f) dessa a) Quantas espécies de animais têm um tempo de gestação
classe com as frequências absolutas de todas as classes entre 17 e 257 dias?
anteriores. b) Qual a porcentagem de animais cujo tempo de gestação
é inferior a 197 dias?
Para obter a frequência relativa acumulada (fra) de uma c) Qual é a porcentagem de animais cujo tempo de gestação
classe, calculamos a razão entre a frequência absoluta acu- é superior a 377 dias?
mulada dessa classe e a frequência total da distribuição. RESOLUÇÃO
Por exemplo, a frequência absoluta acumulada da terceira a) Para responder a essa pergunta, devemos olhar a coluna
classe é dada por: de frequências acumuladas. Nela, verificamos que a res-
posta é dada na 4a classe: 31. Porém, devemos excluir os
fa 5 13 1 6 1 5 5 24 dois limites (17 e 257). Mas como o tempo de 257 dias de
gestação não está incluído nos intervalos até a 4a classe,
A frequência relativa acumulada dessa mesma classe é dada por: temos que, das 42 espécies de animais, 20 têm um tempo
de gestação entre 17 e 257 dias.
24
fra 5 > 0,571 > 57%
42 b) Na coluna de frequências relativas acumuladas encon-
tramos a resposta: 57%.
Organizando todos os resultados em uma nova tabela, temos:
c) Se 93% dos animais têm tempo de gestação inferior a 377
dias, então 7% deles têm tempo de gestação superior a
377 dias.

Representação gráfica de uma


distribuição de frequências em classes
A representação gráfica das frequências dos intervalos de classe de uma pesquisa pode
ser feita por meio de um histograma ou de um polígono de frequência.

Histograma é um gráfico formado por um conjunto de retângulos justapostos, cujas bases


se localizam sobre o eixo horizontal, de tal modo que seus pontos médios coincidam com
os pontos médios dos intervalos de classe. MATEMÁTICA
As larguras das bases dos retângulos são iguais às amplitudes dos intervalos de classe e as
alturas correspondem às frequências de cada classe.
Polígono de frequências é um gráfico de linha no qual as frequências são marcadas
sobre retas perpendiculares ao eixo horizontal, traçadas pelos pontos médios dos intervalos
de classe.

Observe o histograma e o polígono de frequências relativos à tabela com 8 classes


sobre o tempo de gestação dos 42 mamíferos.

Estatística, Contagem e Probabilidade 27

Book_MAT2_CAD6.indb 27 07/12/16 18:52


Zapt
Zapt
Frequência Frequência
13 13

7 7
6 6
5 5
4 4
2 2
1 1
0 17 77 137 197 257 317 377 437 497 Tempo de 0 17 77 137 197 257 317 377 437 497 Tempo de
gestação gestação
(dias) (dias)

A diferença entre um histograma e um gráfico de barras verticais está na eliminação de


espaço entre as colunas, porque o ponto final de uma classe coincide com o ponto inicial
da próxima.
É comum um histograma ser traçado sem as linhas de separação entre as colunas
verticais. Veremos isso no ER a seguir.
Já o polígono de frequências é um gráfico de linhas cujos pontos têm abscissa no valor
médio de cada classe e que se fecha em linhas com pontos no eixo horizontal no início e no
final de todas as classes.
Vejamos como construir um histograma e um polígono de frequências nos exercícios
resolvidos a seguir.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

9 Dada a tabela, construa um histograma para representá-la. 2o passo:


Calculamos os pontos médios das classes.
DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS DE
UMA FIRMA, SEGUNDO A IDADE Idade Ponto médio
Idade Frequência 10 £ 20 15
10 £ 20 3 20 £ 30 25
20 £ 30 7 30 £ 40 35
30 £ 40 10 40 £ 50 45
40 £ 50 6 50 £ 60 55
50 £ 60 4
3o passo:
Traçamos os retângulos justapostos de modo que a base de
RESOLUÇÃO cada um seja a amplitude das classes e os pontos médios
1o passo: das classes coincidam com os pontos médios das bases dos
Traçamos o sistema de eixos coordenados e escrevemos os retângulos. As alturas de cada retângulo são dadas pelas
intervalos de classe no eixo das abscissas e as frequências frequências das respectivas classes.
no eixo das ordenadas, escolhendo uma escala adequada
Imagens: Zapt

Frequência
para cada eixo.
10
Frequência
10 8

8 6

6 4
4 2
2 0
0 10 20 30 40 50 60 Idade
10 20 30 40 50 60 Idade

28 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 28 07/12/16 18:52


4o passo: no eixo das ordenadas, marcamos os pontos do polígono
Os traços no interior do histograma podem ser apagados. de frequência.

Frequência Frequência
10 10

8 8

6 6

4 4

2 2

0 0
15 25 35 45 55 Idade
10 20 30 40 50 60 Idade

3o passo:
Para finalizar, colocamos título e podemos acrescentar tra-
ços auxiliares para facilitar a leitura. Unimos os pontos por segmentos de reta.

Imagens: Zapt
Frequência
Distribuição dos empregados de uma firma, segundo a idade 10
Frequência
8
10
6
8
4
6
2
4
0
2 15 25 35 45 55 Idade

0 4o passo:
10 20 30 40 50 60 Idade
Unimos a figura obtida ao eixo das abscissas em pontos
Note que a principal diferença entre um histograma e um equidistantes dos pontos médios.
gráfico em barras é que, neste último, cada retângulo, ou Frequência
barra, equivale a um só valor, enquanto no histograma equi- 10
vale a um intervalo de valores.
8

10 Construa um polígono de frequência para representar a dis- 6


tribuição dada pela tabela do exercício anterior.
4
RESOLUÇÃO 2
1o passo:
0
Traçamos o sistema de eixos cartesianos e marcamos os 5 15 25 35 45 55 65 Idade
pontos médios dos intervalos de classe no eixo das abscissas
e as frequências no eixo das ordenadas. 5o passo:
Frequência Colocamos título e, se quisermos, acrescentamos traços
10 auxiliares.
8 Distribuição dos empregados de uma firma, segundo a idade
6 Frequência
10
4
8
2 MATEMÁTICA
6
0
10 20 30 40 50 60 Idade 4

2o passo: 2

No cruzamento entre as retas que passam pelos pontos 0


médios no eixo das abscissas e pelas frequências de classe 5 15 25 35 45 55 65 Idade

Estatística, Contagem e Probabilidade 29

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PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

30 Uma organização de consumidores pesquisou o preço de


um mesmo aparelho eletrodoméstico em 35 pontos de Montante (R$) f a) Construa uma tabela de frequ-
venda. Os resultados obtidos, em reais, foram estes. 500 £ 1 000 28 ências absolutas.
1 000 £ 1 500 12 b) Faça uma estimativa do número
234 355 238 345 248 274 328
1 500 £ 2 000 32 de entrevistados que recebem me-
280 225 299 345 254 350 283
nos de R$ 5 .500,00.
300 332 299 285 300 310 280 2 000 £ 2 500 50
c) Considerando o número de en-
275 285 285 320 296 324 315 2 500 £ 3 000 38
trevistados, analise se o número
300 294 285 349 252 280 285 3 000 £ 3 500 32 de classes foi adequado para essa
3 500 £ 4 000 7 pesquisa.
a) Qual a diferença entre o maior e o menor preço?
b) Que porcentagem a diferença encontrada representa em
relação ao menor preço? 32 A tabela ao lado mostra o montante de pagamentos efetua-
c) Reorganize, de duas formas diferentes, os dados em dos em um banco durante um dia.
classes.
a) Construa um polígono de frequência para representar a
d) Calcule as frequências relativa, absoluta acumulada e tabela.
relativa acumulada das classes nos dois casos.
b) Calcule as frequências absolutas acumuladas e as frequ-
e) Construa um histograma para representar as distribuições
ências relativas acumuladas.
de frequência em cada caso.
f) Compare os dois histogramas e aponte as semelhanças c) Quantos foram os pagamentos inferiores a R$ 2.000,00?
e as diferenças entre eles. d) Qual a porcentagem aproximada de pagamentos inferio-
res a R$ 3.500,00?
31 Um estudo estatístico sobre os salários mensais de certo
grupo de pessoas permitiu construir este histograma. 33 As alturas dos 40 alunos de uma classe estão indicadas nesta
tabela.
N de
o

entrevistados
180 Altura (cm) Ponto médio f fr (%) fa
Zapt

146 £ 150 10
150
150 £ 154 7

154 £ 158 25

158 £ 162 12,5


100
162 £ 166 164

166 £ 170 15 40

50 a) No caderno, copie e complete a tabela com os dados que


faltam.
b) Construa o polígono de frequência dessa tabela.
20
c) Quantos alunos têm altura até 1,62 m? E até 1,70 m?

0
Salário (R$|)
00
00

00
00

00
00

59
55

63
47

67
51

INVENTE VOCÊ
1 Organize uma pesquisa sobre as alturas ou as idades de seus colegas de classe e elabore um problema como o 33.

Na coleta de alturas, há grande dispersão das variáveis, porque dificilmente dois de seus alunos terão exatamente a mesma altura. Aqui há a
necessidade do agrupamento em classes que pode ser feito em intervalos de 5 em 5 cm ou de 10 em 10 cm, dependendo da variação, de modo a ter de
4 a 6 intervalos de mesma amplitude para considerar todos os alunos da classe. Problematize essa situação com os alunos e observe que alternativas
30 Estatística, Contagem e Probabilidade eles sugerem para agrupar as alturas.

Book_MAT2_CAD6.indb 30 07/12/16 18:52


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

34 Lance 30 vezes um dado e anote os resultados. a) Quais são a moda, a mediana e a média dos resultados
a) Construa uma tabela para apresentar os resultados ob- de cada turma?
tidos. b) Calcule as frequências relativas de cada turma e construa
b) Com os dados da tabela, construa um gráfico e compare-o dois gráficos em setores para representar os resultados.
com os dos colegas. Discuta a possibilidade de algum dos c) Escreva um texto em seu caderno comparando os resul-
dados utilizados por você e seus colegas estar viciado. tados de cada turma.
c) Construa um gráfico de frequências relativas com os 36 Em uma empresa, foram escolhidos, ao acaso, cinco funcioná-
resultados que você obteve no lançamento do dado. Se rios para participar de um estudo sobre salários, obtendo-se
lançasse um dado 3 600 vezes, o gráfico de frequências estes resultados:
relativas que você obteria seria muito diferente do que
Funcionário Salário (R$/mês)
acabou de construir? Por quê?
A 540,00
35 Em um exame em que é necessário obter 50% de acertos B 420,00
para ser aprovado, os resultados de duas turmas, cada uma C 600,00
com 11 alunos, foram estes: D 480,00
E 1 800,00
Turma A Turma B
Antônio 48 Ana 51 a) Qual é o salário médio desses funcionários?
Berta 45 Bernardo 53 b) É possível afirmar que a maioria desses cinco funcionários
tem um ordenado de x reais por mês? Quantos funcioná-
Carla 45 Carlos 51
rios entre os cinco não concordarão com essa afirmação?
Daniel 98 Diana 53
c) Por que a média não é representativa nesse caso? O que você
Ester 45 Evaristo 7 mudaria no problema para que ela fosse?
Fernando 46 Fátima 51 37 (Enem) Como medida de economia, em uma residência com
Gina 48 Guilherme 51 4 moradores, o consumo mensal médio de energia elétrica
Hélia 48 Horácio 53
foi reduzido para 300 kWh. Se essa residência obedece à dis-
tribuição dada no gráfico, e se nela há um único chuveiro de
Inês 45 Isabel 53 5 000 W, pode-se concluir que o banho diário de cada mora-
Jorge 48 Joana 53 dor passou a ter uma duração média, em minutos, de
Luísa 45 Lino 52 a) 2,5. c) 7,5. e) 12,0.
b) 5,0. d) 10,0.

SAIA DESSA As respostas se encontram no final do caderno

1 Durante o jantar, Ana 4 a 5


]
sentou-se imediatamen- 1 5 b
te à esquerda de Ber-
c 7 7
nardo. Camila não ficou
ao lado de Daniel nem
imediatamente à direita Nas condições dadas, b · c]a é igual a:
de Estela. Em compen- 1 1
sação, ficou de frente a) 0. b) . c) . d) 1. e) 16.
16 4
para Fernando, com
quem trocou inúmeros 3 João iniciou uma corrente enviando pela internet uma men-
olhares furtivos. Qual sagem para 10 pessoas, que, por sua vez, enviaram, cada MATEMÁTICA
era a posição de cada uma, a mesma mensagem a outras dez pessoas. E estas fi-
um ao redor da mesa? nalizaram a corrente enviando a mesma mensagem a outras
10 pessoas.
2 (UFSCar–SP) Considere a, b e c algarismos que fazem com
que a conta a seguir, realizada com números de três algaris- Quantas pessoas no máximo receberam a mensagem de
mos, esteja correta. João?

Estatística, Contagem e Probabilidade 31

Book_MAT2_CAD6.indb 31 07/12/16 18:52


PARA RECORDAR

1 Em um mapa feito com escala de 17 km por milíme- 5 Calcule a soma dos cem primeiros termos da sequência an
tro, a distância em linha reta entre duas cidades é de 5 cos (n p ), n [ N*.
0,185 m. Pode-se afirmar que a distância real, em linha reta, 3
entre essas cidades, é de 314,5 km? 6 Calcule a área do terreno na forma de um losango que, repre-
sentado na escala 1:100 000, apresenta as medidas a seguir.
2 Um mapa está desenhado em uma escala em que 2 cm cor-
respondem a 5 km. Uma região assinalada nesse mapa tem

Zapt
60°
a forma de um quadrado de 3 cm de lado. Qual é a área
dessa região?

x3 ] y3 x3 1 y3
3 Simplificando a expressão x ] y ] x 1 y , Adriana che- 4 cm
gou ao resultado x2 1 xy 1 y2. Ela fez a simplificação correta?

4 Seja x 5 21 000. Sabendo que log 2 é aproximadamente igual a 60°


0,30103, qual é o número de algarismos de x?

ANOTAÇÕES

PALAVRAS-CHAVE
Escreva no caderno um resumo das principais ideias abordadas nesta unidade. Antes,
porém, faça, de memória, uma lista de palavras que exprimam os conceitos fundamentais
que você aprendeu ao longo desta unidade. Ao lado de cada palavra, escreva uma pequena
explicação sobre ela.
Depois, usando o livro, confira a sua lista e as explicações e acrescente o que for ne-
cessário para fazer o resumo pedido.

32 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 32 07/12/16 18:52


CÁLCULO RÁPIDO As respostas se encontram no final do caderno

Nesta e nas próximas unidades, será importante relembrar um pouco


sobre as porcentagens, que também são muito úteis no dia a dia.
Para calcular 10% de 480, podemos usar um dos procedimentos a
seguir.

a) Podemos dividir 480 em 100 partes iguais (dividir por 100) e tomar 10
dessas partes (multiplicar por 10).
10
10% de 480 5 de 480 5 (480 : 100) · 10 5 48.
100
10 1
b) Lembrar que 5 ; então, calcular 10% de 480 é o mesmo que
100 10
calcular um décimo de 480. Logo, basta dividir 480 por 10.
1
10% de 480 5 de 480 5 480 : 10 5 48.
10
c) Multiplicar 480 pelo número 10 e dividir o produto pelo número 100.
10
10% de 480 5 de 480 5 (480 · 10) : 100 5 48.
100
10
d) Multiplicar o número 480 pelo número 0,1, porque 10% 5 5 0,1.
100
10
10% de 480 5 de 480 5 0,1 de 480 5 0,1 · 480 5 48.
100

1 Use um ou dois desses procedimentos e calcule:


a) 10% de 243. d) 5% de 1 520.
b) 20% de 1 240. e) 10% de 383.
c) 10% de 56. f) 20% de 2.

2 Sabendo-se que 5% de 120 é 6, calcule mentalmente:


a) 15% de 120. g) 5% de 60.
b) 20% de 120. h) 25% de 60.
c) 35% de 120. i) 60% de 60.
d) 50% de 120. j) 20% de 240.
e) 75% de 120. k) 50% de 240.
f) 80% de 120. l) 80% de 240.

3 Use a calculadora e calcule 0,02%, 0,2%, 2%, 20% e 200% de 70 e de 150.

4 Utilize os resultados da atividade 3 e calcule mentalmente as porcentagens a seguir.


a) 2,2% de 150.
b) 2,2% de 70.
c) 220% de 150.
d) 22,2% de 300. MATEMÁTICA
e) 22,2% de 150.
f) 220% de 70.
g) 22,2% de 70.
h) 22,2% de 80.
i) 220% de 80.
As resoluções encontram-se no
portal, em Resoluções e Gabaritos

Estatística, Contagem e Probabilidade 33

Book_MAT2_CAD6.indb 33 07/12/16 18:52


CONEXÃO MATEMÁTICA – FÍSICA

A DANÇA DE MICROPARTÍCULAS
No final do século XIX, a tas. Em particular, no início do século XX, mais especifica-
Zapt

partir das investigações reali- mente em 1905, um aluno de pós-graduação mostrava sua
zadas pelo botânico Robert Bro- tese de doutorado explicando o movimento browniano. Era
wn (1773-1858), os cientistas Albert Einstein (1879-1955).
descobriram que no universo Seu estudo foi de grande relevância, pois apresentava
microscópico as partículas mais uma descrição matemática para o movimento das partícu-
minúsculas, tais como átomos, las e comprovava, definitivamente, a existência de átomos
moléculas, íons, entre outras, e moléculas (até então a existência dessas partículas era
Representação
da movimentação se movimentam incessantemen- apenas uma hipótese). Além disso, foi considerável sua
de partículas que te, ziguezagueando de forma
constituem um fluido.
contribuição para impulsionar um ramo da Física cujo de-
As setas indicam a aleatória e complicada, sofren- senvolvimento na época era muito recente: a Mecânica es-
direção aleatória dos do grandes colisões, umas com tatística.
movimentos.
as outras. Esse movimento, de- Resumindo a forma como Einstein pensou, poderíamos
nominado browniano, em homenagem àquele que levantou descrever: é praticamente impossível ter em detalhe o mo-
as primeiras hipóteses sobre o fenômeno, despertou muito vimento de cada uma das partículas de um sistema que
interesse na comunidade científica. contém uma infinidade delas. Porém, pode-se fazer uma
Em todas as muitas investigações sobre essa “dança análise estatística do conjunto delas (sistema), de forma a
das micropartículas”, uma questão estava sempre pre- ter estimativas razoáveis sobre o estado dinâmico de cada
sente: como estudar o comportamento de um grande uma das partículas.
número de minúsculas partículas para entender o movi- De fato, é impossível medir os deslocamentos e veloci-
mento aleatório que realizam e colher dados dinâmicos, dades das 1023 moléculas que compõem um sistema. Para
tais como posição, velocidade, energia, entre outros, de analisar o movimento de cada uma delas, estuda-se o mo-
cada uma delas? vimento de partículas muito maiores, que podem ser vistas
Foi a Estatística que trouxe respostas para os cientis- ao microscópio, que são colocadas imersas no fluido.

Zapt

t1 t2 t3 t4 t5 t6

Essa sequência de desenhos simula o movimento browniano de uma partícula grande de poeira imersa em um
fluido. Einstein provou que o movimento aleatório da partícula grande é consequência dos movimentos das
partículas do fluido. Por ser aleatório, este movimento produz infinitas colisões e empurra a partícula em direções
variadas. Essa simulação mostra seis cenas, vistas por microscópio, em diferentes instantes, começando em t1.

Einstein percebeu que não era possível nem necessário medir cada ziguezague do movimento browniano, nem medir
a velocidade da partícula em um dado instante. Era mais adequado medir as distâncias quadráticas médias, em intervalos
de tempo.
Juntando dados teóricos e experimentais, sobre taxas de viscosidade e de difusão, para chegar a medições precisas,
Einstein concluiu que há um padrão dinâmico e bem definido no movimento aleatório e que, medindo o que nossos sentidos
podem perceber, é possível, com o tratamento matemático adequado, obter informações sobre o que não podemos visualizar.
Assim, usando métodos estatísticos, comprovou que a distância quadrática média pode ser calculada, utilizando-se a equa-

34 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 34 07/12/16 18:52


RT
ção que se tornou célebre devido à sua importância: [x(t)2] 5 2Dt 5 t, onde [x(t)2] é o deslocamento quadrático
3pNAha
médio no intervalo de tempo t; R é a constante dos gases perfeitos; T é a temperatura absoluta do sistema; NA é a constante
de Avogadro; η é o coeficiente de viscosidade do ar; e a é o raio da partícula.
A importância da Estatística na Física permitiu que o universo microscópico fosse explorado, a “dança de mi-
cropartículas” se tornasse conhecida em detalhes e que muitas teorias da Física se desenvolvessem. Na atualidade,
esse conhecimento tem várias aplicações. Por exemplo, na área de neurocirurgia estudos têm sido desenvolvidos
com base no conhecimento sobre o movimento browniano e, consequentemente, o uso dos cálculos estatísticos, para
avaliar o funcionamento cerebral usando técnicas modernas de imagem, como a ressonância magnética funcional.

Zapt
x(t)

Representação
esquemática da
distância quadrática
média entre as
micropartículas.

“Há imagens que têm um aspecto em que as fibras nervosas é que são mostradas e isso se aproveita daquele movimen-
to browniano das partículas ] movimento de difusão que as partículas fazem quando estão em meio líquido. (...) Essa é
uma técnica relativamente recente, mas de importância extremamente grande se pensarmos que, para um neurocirurgião,
antes de abrir a cabeça de um paciente, seria muito bom que ele soubesse como as coisas estão organizadas lá dentro.”

(Prof. Dr. Roberto Covolan, em palestra publicada na revista Fapesp.)

MATEMÁTICA

Estatística, Contagem e Probabilidade 35

Book_MAT2_CAD6.indb 35 07/12/16 18:52


CAPÍTULO

2 Contagem

Este texto do Para ler permite um trabalho integrado com Geografia e Biologia que busque analisar questões
ambientais e propor intervenções usando conhecimentos matemáticos.
Objetivos: Na unidade anterior, vimos como a Estatística trata da coleta, da análise, da
interpretação e da apresentação de dados. Agora, vamos continuar o estudo com outra
c Resolver situações- área da Matemática que analisa dados e tenta quantificá-los para avaliar tendências e
problema de contagem
tomar decisões. A contagem organizada de grande número de dados é conhecida como
usando diagrama,
Análise Combinatória, e ela é o foco desta unidade.
lista, árvore de
possibilidades ou
fórmulas. PROBLEMAS DE CONTAGEM
c Utilizar os Quantos números de telefone podem ser feitos com oito algarismos?
conhecimentos Quantas placas de automóvel é possível ter usando-se três letras e quatro algarismos?
sobre contagem Quantas senhas bancárias podem ser criadas com seis caracteres, sendo pelo menos
para construir dois deles letras e pelo menos um deles algarismo?
argumentações. Responder a essas questões permite estimar o tamanho de uma rede telefônica, da
frota de automóveis ou ainda o potencial de clientes de um banco e da segurança nas
transações que exigem senhas.
Aprender a organizar e a contar um grande número de possibilidades exige formas
adequadas para ordenar informações. Comecemos analisando essas formas em diferentes
situações de contagem.

LEIA O LIVRO

“Pesca, senado e racionamen-


to” é um capítulo do livro O EXERCÍCIO RESOLVIDO
jeito matemático de pensar, de
Renato J. Costa Valladares (Ed.
Ciência Moderna), que mostra 1 Suponha que você tenha 4 camisas, uma branca (b), uma azul (a), uma preta (p) e uma
vermelha (v), e 3 calças, uma preta (P), uma branca (B) e uma azul (A). De quantas ma-
como os cálculos matemáticos
neiras diferentes você pode se vestir usando uma camisa e uma calça?
auxiliam na preservação am-
Você pode escolher qualquer uma das 4 camisas e, para cada camisa escolhida, optar por
biental e em outros contextos.
qualquer uma das 3 calças.

RESOLUÇÃO
Nesta unidade, continuaremos os estudos Podemos resolver este problema de vários modos.
sobre análise de dados, explorando conta-
gem e Análise Combinatória Inicialmente,
1o) Escrevendo os grupos possíveis de camisa e calça.
esse estudo será feito sem o uso de fórmu- camisa branca, calça branca
las, a fim de que os alunos se apropriem do
princípio fundamental da contagem, para camisa branca, calça azul
em seguida compreender e valorizar o sen- camisa branca, calça preta
tido das fórmulas.
camisa azul, calça branca
Deixe que os alunos pensem e tentem re- camisa azul, calça azul
solver esses problemas da abertura de uni-
dade. Mais adiante, volte aos registros dos camisa azul, calça preta
alunos para esses problemas, realize com camisa preta, calça branca
eles a análise e discuta as resoluções.
camisa preta, calça azul

36 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 36 07/12/16 18:52


camisa preta, calça preta Calça Camisa
camisa vermelha, calça branca 3 possibilidades 4 possibilidades
camisa vermelha, calça azul Para cada escolha de calça, temos 4 possibilidades de camisa
camisa vermelha, calça preta ou, ao todo, 12 possibilidades diferentes de se vestir.
Vemos, então, que há 12 maneiras diferentes de se vestir. 2 Quantos números de 3 algarismos distintos podemos formar
o com 1, 3 e 6?
2 ) Usando diagramas de Euler-Venn.
Camisa
Calça
RESOLUÇÃO
Branca Observe que a palavra distintos tem aqui o significado de
Branca diferentes; logo, números como 333 ou 113 não podem ser
Azul contados.
Preta
Preta Vamos resolver o problema utilizando alguns dos recursos
Azul vistos anteriormente.
Vermelha
1o) Escrevendo os números.

Também assim chegamos a 12 maneiras diferentes. 136 163 316 361 613 631

3o) Montando uma tabela. Temos, então, 6 números diferentes.


2o) Usando os diagramas de Euler-Venn.
Calça
Branca Azul Preta
Camisa 1o algarismo 2o algarismo 3o algarismo
Branca BB BA BP
1 1 1
Azul AB AA AP
Preta PB PA PP
Vermelha VB VA VP 3 3 3

Vemos que há 4 · 3 5 12 possibilidades diferentes de se vestir. 6 6 6


4o) Visualizando as possibilidades por meio de um diagrama
chamado árvore de possibilidades. Observe que aqui o diagrama já não é tão esclarecedor.
Modos de Imagine o que aconteceria se fosse para formar números
Camisa Calça de 5 algarismos!
se vestir
P BP 3o) Usando o diagrama de árvore.
B B BB
1o algarismo 2o algarismo 3o algarismo No formado
A BA
P AP 3 6 136
1
A B AB 6 3 163
A AA 1 6 316
P PP 3
6 1 361
P B PB
1 3 613
A PA 6
3 1 631
P VP
V B VB Vemos que, além de mais esclarecedor, o diagrama de árvore
A VA também nos permite visualizar as 6 possibilidades.
4o) Fazendo um esquema.
5o) Fazendo um desenho.
1o algarismo 2o algarismo 3o algarismo MATEMÁTICA
3 possibilidades 2 possibilidades 1 possibilidade

Para cada uma das 3 possibilidades de escolher o primeiro


algarismo, sobram 2 possibilidades de escolher o segundo
algarismo e, escolhido este, só há 1 possibilidade para o
terceiro algarismo, o que dá um total de 6 possibilidades de
6o) Fazendo um esquema formar números nas condições mencionadas no problema.

Estatística, Contagem e Probabilidade 37

Book_MAT2_CAD6.indb 37 07/12/16 18:52


As respostas se encontram no final do caderno
PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

4 algarismos conseguimos formar?


Em todos os problemas a seguir, procure utilizar dois ou d) É possível que um número palíndromo tenha todos os
mais recursos para a resolução. Não despreze nenhum: use seus algarismos diferentes? Por quê?
desenho, tabela, diagrama ou faça uma lista dos elementos ou
dos resultados possíveis. Se tiver dúvidas, reveja os ERs. 7 a) De quantas maneiras diferentes 6 pessoas podem se aco-
modar em uma perua que leva 4 passageiros atrás e 2 na
1 Quantas peças tem um jogo de dominó? Quais são elas? frente?
b) Nessa mesma perua, uma das pessoas insiste em dirigir.
2 No lançamento simultâneo de 5 moedas, em que pode sair De quantas maneiras diferentes os lugares da parte de
cara ou coroa em cada uma, quantos e quais são os resulta- trás poderão ser ocupados?
dos possíveis?
8 Usando todas as letras de uma palavra, podemos formar
3 Em um jogo com 2 dados comuns, quais e quantas são as anagramas com elas. Os anagramas foram muito utilizados
somas possíveis de todos os números que poderão sair na no passado como códigos de mensagens secretas e hoje ain-
face superior quando os 2 dados forem lançados? da são usados como códigos de computadores e em jogos.
a) CAOL é um dos anagramas da palavra COLA. Dê outros
4 Imagine o mesmo jogo do exercício dois anagramas para essa palavra, sendo que um deles
anterior, agora com 2 dados em forma não precisa ser uma palavra compreensível.
de tetraedros regulares com faces nu- 2 b) Quantos anagramas podemos obter a partir da palavra COLA?
meradas de 1 a 4. Quantas e quais são 1
3 c) Quantos anagramas da palavra COLA começam com C?
as somas possíveis?
4 d) Quantos anagramas da palavra COLA não começam com L?
5 Quais e quantas seriam as somas se:
a) jogássemos um dado convencional 9 Alguns truques com palavras também en- A M O
com um tetraédrico? volvem Matemática. Veja. M O
b) jogássemos 2 dados tetraédricos numerados com os 4 De quantas maneiras distintas podemos O
primeiros números ímpares? obter a palavra AMO partindo sempre do A
e indo para a direita e/ou para baixo?
c) jogássemos 3 dados convencionais?
Invente outra situação para este problema. 10 Usando a regra de exercício 9, determine de quantas ma-
neiras diferentes podemos obter a
6 Número palíndromo é aquele que, tanto da esquerda para a palavra AMORA. A M O R A
direita como da direita para a esquerda, tem a mesma leitu- M O R A
ra. Como 121, 13 531 ou 122 221.
O R A
a) Dê um exemplo de números palíndromos de 3 e de 4
R A
algarismos.
A
b) Quantos números palíndromos de 3 algarismos há em
nosso sistema de numeração?
c) Com os algarismos 1, 3, 5, 7 e 9, quantos palíndromos de

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM


Ao resolver os problemas anteriores, utilizamos diferentes procedimentos de
representação das contagens que fizemos. No entanto, em todos eles, mesmo sem explicitar,
nos valemos do princípio fundamental da contagem ou princípio multiplicativo.
Para entender o princípio multiplicativo, podemos retomar o exemplo dado no ER1 e
lembrar que havia 12 possibilidades diferentes de você se vestir porque poderia escolher
qualquer uma das 4 camisas e, com cada camisa escolhida, combinar qualquer uma das
3 calças.
Informalmente, o que o princípio multiplicativo diz é que, se temos um acontecimento
formado por diversas etapas (no ER1, a primeira etapa pode ser escolher a camisa e
a segunda etapa escolher a calça), do qual conhecemos o número de possibilidades
de cada uma dessas etapas se realizar, multiplicando todos esses números, teremos a

38 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 38 07/12/16 18:52


quantidade de possibilidades de o acontecimento completo se realizar. De modo geral:

Princípio fundamental da contagem


Se um acontecimento A1 pode ocorrer de m1 maneiras diferentes, para cada maneira de
A1 ocorrer, um acontecimento A2 pode ocorrer de m2 maneiras diferentes e, para cada
maneira de A1 e de A2 ocorrerem, um acontecimento A3 pode ocorrer de m3 maneiras
diferentes; então, o número de maneiras diferentes de ocorrerem A1, A2 e A3 é:

m1 · m2 · m3

O mesmo se aplica a dois ou a mais de três acontecimentos.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

Para cada algarismo das centenas e para cada algarismo das


Leia com atenção cada um destes exercícios resolvi- dezenas, o algarismo das unidades poderá ser qualquer um
dos e suas resoluções. Depois, use o que aprendeu dos 3 restantes; logo, temos 3 possibilidades para o algarismo
para solucionar os problemas da próxima sequência das unidades.
de Problemas e exercícios. Usemos o esquema.

Os números são da forma:


3 Com os algarismos 0, 1, 2, 3 e 6, quantos números de:
a) 3 algarismos podemos formar? ↓ ↓ ↓
b) 3 algarismos distintos podemos formar? O número de possibilidades é: 4 4 3
Portanto, temos 4 · 4 · 3 5 48 números.
RESOLUÇÃO
a) 1a etapa: escolha dos algarismos das centenas 4 Calcule quantos anagramas da palavra PALCO:
Os números são da forma e o algarismo das a) começam com C.
centenas não pode ser 0; logo, podemos preencher b) não terminam com O.
essa posição com 1 ou 2 ou 3 ou 6, ou seja, temos
4 possibilidades. RESOLUÇÃO

2a etapa: escolha dos algarismos das dezenas a) A primeira letra do anagrama só pode ser C, então:
O algarismo das dezenas pode ser 0 ou 1 ou 2 ou C
3 ou 6 (pode haver repetição); logo, temos 5 possibilida-
des para essa posição. ↓

3a etapa: escolha dos algarismos das unidades 1


O algarismo das unidades pode ser 0 ou 1 ou 2 ou Para cada uma das outras posições, como não pode haver
3 ou 6 (pode haver repetição); logo, temos 5 possibilida- repetição de letras, temos:
des para essa posição.
C
Vamos esquematizar.
↓ ↓ ↓ ↓ ↓
Os números são da forma:
Número de possibilidades: 1 4 3 2 1 ou
↓ ↓ ↓
1 · 4 · 3 · 2 · 1 5 24 anagramas
O número de possibilidades é: 4 5 5 b) Se os anagramas não podem terminar com O, teremos
Portanto, temos 4 · 5 · 5 5 100 números. apenas 4 letras que podem ocupar a última posição;
então:
MATEMÁTICA
b) Os números são da forma e o algarismo das cen-
tenas não pode ser 0; logo, para essa posição temos 4
possibilidades. ↓ ↓ ↓ ↓ ↓
Para cada algarismo colocado na posição das centenas, o
Número de possibilidades: 1 2 3 4 4 ou
algarismo das dezenas pode ser qualquer um dos 4 restantes
(não pode haver repetição); logo, temos 4 possibilidades para 1 · 2 · 3 · 4 · 4 5 96 anagramas
preencher a posição das dezenas.

Estatística, Contagem e Probabilidade 39

Book_MAT2_CAD6.indb 39 07/12/16 18:52


5 Com as letras do alfabeto e os algarismos do sistema deci- mo pode ocorrer com os 10 algarismos do sistema decimal.
mal, calcule o número de placas de automóveis que podem Logo, temos:
ser fabricadas com (imaginando que pode haver placas com Placas:
4 algarismos iguais a zero): ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓
a) 2 letras seguidas de 4 algarismos. Número de possibilidades: 26 26 10 10 10 10
b) 3 letras seguidas de 4 algarismos. Portanto, podem ser fabricadas 26 · 26 · 10 · 10 · 10 · 10 5
5 262 · 104 5 6 760 000 placas.
RESOLUÇÃO b) Caracterização da placa:
Letras Algarismos
a) Caracterização da placa:
Letras Algarismos ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓
Número de possibilidades: 26 26 26 10 10 10 10
O alfabeto tem 26 letras, que poderão ser repetidas. O mes- Portanto, podem ser fabricadas 263 · 104 = 175 760 000 placas.

Os exercícios 12, 14, 15, 16, 17, 23 e 24 auxiliam na avaliação de propostas para a intervenção na realidade.

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

a) A ] B ] C ] D c) A ] B ] C ] D ] C
Se achar necessário, utilize o princípio multiplicativo e o b) A ] B ] A d) B ] C ] D ] C
diagrama de árvore para resolver os problemas a seguir.
17 Em um colégio, existem 2 rampas do andar térreo para o 1o
11 Resolva novamente os problemas 2 e 6 (itens b e c) e os andar, 4 escadas do 1o para o 2o andar e 3 escadas do 2o para
problemas 7 e 8 utilizando o princípio fundamental da con- o 3o andar. Calcule o número de trajetos possíveis para um
tagem ou princípio multiplicativo. aluno se deslocar:
a) do andar térreo para o 2o andar.
12 Uma empresa vai colocar código em alguns produtos em b) do 2o andar para o 3o e, a seguir, para o térreo.
fase de testes. Ficou resolvido que para esses testes serão
usados códigos formados por 5 algarismos diferentes, es-
colhidos entre 1, 2, 3, 4 e 5. Considerando que cada produto 18 Com os algarismos 3, 4 e 5, calcule a quantidade de números
que podemos formar com:
receberá um código, quantos produtos entrarão em fase de
testes? a) 2 algarismos.
b) 2 algarismos distintos.
13 Um salão de festas tem 8 portas. De quantas maneiras dife-
rentes uma pessoa pode entrar e sair dele uma única vez? 19 (UFSCar-SP) Quantos números existem entre 1 000 e 2 000,
cada um formado por algarismos distintos e escolhidos en-
14 Com as letras do alfabeto e os algarismos do sistema deci- tre os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6?
mal, quantas placas podem ser fabricadas com 3 letras se-
guidas de 4 algarismos, sabendo que não podem ser feitas 20 Usando os algarismos 1, 2, 3, 4 e 6, quantos números ímpa-
placas com 4 algarismos zero? res de 3 algarismos podemos formar?

15 As placas dos automóveis eram formadas por 21 Usando os algarismos 0, 4, 5, 7 e 9, quantos números pares
2 letras e 4 algarismos, sendo ao menos um deles diferen- de 3 algarismos distintos podemos formar?
te de zero. Hoje, no entanto, as placas são formadas por
3 letras e 4 algarismos, que não podem ser todos iguais a 22 (Mack-SP) Cada um dos círculos da figura deverá ser pinta-
zero. Em quanto foi possível aumentar a frota de automó- do com uma cor, escolhida dentre três disponíveis. Sabendo
veis com a mudança das placas? que dois círculos consecutivos nunca serão pintados com a
mesma cor, o número de formas de se pintar os círculos é
16 Considere estes meios de transporte utilizados para o deslo-
camento entre as cidades.
A e B: ônibus, trem e avião.
B e C: ônibus e trem.
a) 72 b) 68 c) 60 d) 54 e) 48
C e D: ônibus, trem, avião e navio.
23 A mesa de saladas de um restaurante tem alface, pepino,
Calcule o número de modos de fazer o percurso: pimentão verde, cebola, ovos fatiados, pedaços de bacon

40 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 40 07/12/16 18:52


e pequenas torradas de pão. Há 4 temperos disponíveis. 27 (Ufal) Considere o conjunto A, formado pelos algarismos de
Quantos tipos de saladas diferentes podem ser preparados 0 a 9, e analise as afirmações que seguem. Classifique-as em
com esses ingredientes? (Suponha que cada tipo de salada verdadeiro ou falso, justificando suas respostas.
inclua pelo menos alface e apenas um tempero.)
a) Com os elementos de A, é possível escrever 32 542 nú-
meros de 5 algarismos distintos entre si.
24 Em uma sala existem 10 lâmpadas. Calcule o número de ma-
neiras de essa sala estar iluminada, sabendo que todas as b) De todos os números de 4 algarismos distintos entre si que
lâmpadas não podem estar acesas ao mesmo tempo. podem ser escritos com os elementos de A, 3 120 são pares.
c) De todos os números de 3 algarismos distintos entre si
25 Quantos são os anagramas da palavra PÁTIO que:
Selecione ao menos quatro destes que podem ser escritos com os elementos de A, 176 são
a) começam por vogal? problemas e explore-os em painéis de menores do que 350.
b) terminam com IO? soluções. Esse procedimento amplia o
repertório dos alunos no que se refere a d) Com os elementos ímpares de A, é possível escrever exa-
ações de resolução de problemas.
tamente 60 números de 3 algarismos distintos entre si.
26 Em uma cidade, os números de telefone são formados por 8
algarismos. Responda às questões. e) De todos os números de 3 algarismos distintos entre si
a) Quantos números diferentes de telefone podem ser for- que podem ser escritos com os elementos de A, 150 são
mados nessa cidade? divisíveis por 5. Volte aos problemas da abertura desta
unidade e resolva-os com os alunos. Analise
b) Quantos números de telefone diferentes, mas com prefixo as resoluções que eles propuseram antes do
5514, podem ter nessa cidade? estudo desta unidade.

INVENTE VOCÊ
1 Invente um problema sobre escolha de roupa, comida ou bebida para ser resolvido por meio do princípio multiplicativo e cuja
resposta seja 24.

2 Elabore um problema para ser resolvido pelo diagrama de árvore que tenha a seguinte pergunta:
De quantos modos diferentes eles podem se sentar?

Outras formas de contagem


As situações-problema que resolvemos nesta unidade exigiram uma forma organiza-da
de dispor os dados de modo a permitir a contagem dos elementos ou resultados possíveis.
Como foi dito antes, a parte da Matemática que desenvolve modelos que permitem a
resolução de problemas desse tipo é chamada de Análise Combinatória.
Apesar de o princípio fundamental da contagem ser a ideia básica para a resolução
desses problemas, há alguns processos de contagem que possuem características
especiais e que aparecem com frequência. Por isso, vamos analisar algumas dessas formas
específicas de organizar contagens, denominadas permutações, arranjos e combinações.

PERMUTAÇÕES E ARRANJOS SIMPLES


Permutação
Observe novamente o enunciado do ER2, em que se pergunta quantos números
diferentes podemos formar usando 3 algarismos distintos sem repeti-los. MATEMÁTICA
Essa situação é o que chamamos de uma permutação simples e se caracteriza pela
colocação, em uma fila ordenada, de n objetos distintos.

Permutação simples de n elementos distintos é todo


agrupamento ordenado formado por esses n elementos.

Estatística, Contagem e Probabilidade 41

Book_MAT2_CAD6.indb 41 07/12/16 18:52


A palavra simples significa que em cada agrupamento formado não haverá repetição
de elementos.
Por exemplo, as permutações simples dos elementos a, b e c são abc, acb, bca, bac, cab
e cba, em um total de 6 permutações.
Outra situação seria calcular de quantas maneiras diferentes 4 amigos sentados lado a
lado em um banco de jardim podem ser fotografados.
Em cada fotografia há 4 possíveis pessoas para sentar na 1a posição do banco. Para cada
uma dessas escolhas, há 3 possíveis pessoas para sentar na 2a posição.

1a posição 2a posição 3a posição 4a posição


no banco no banco no banco no banco
4 possibilidades 3 possibilidades 2 possibilidades 1 possibilidade

Seguindo esse raciocínio, temos no total:

4 · 3 · 2 · 1 5 24 diferentes fotografias

Isso pode ser generalizado para n elementos distintos. Pelo princípio fundamental da
contagem podemos escolher de n modos o elemento que ocupará o 1o lugar da permutação,
de n ] 1 modos o elemento que ocupará o 2o lugar, de n ] 2 modos o elemento que ocupará
o 3o lugar e assim por diante, até que a escolha do último lugar possa ser feita de apenas 1
modo. Daí, o número de permutações de n elementos ser:

Pn 5 n · (n ] 1) · (n ] 2) · … · 1

Arranjos
No entanto, podemos ter n elementos distintos que desejamos ordenar em filas com p elementos
distintos escolhidos entre os n elementos dados, sendo, portanto, p < n.
Esse é o caso dos exemplos que seguem:

1o elemento 2o elemento “Palavra” a) No começo desta unidade,


b ab questionamos sobre a quantidade
a c ac de placas de automóvel e de senhas
d ad bancárias. Um exemplo simples de
arranjo seria o de formar todas as
a ba
“palavras” com 2 letras usando os
b c bc
elementos a, b, c e d. O 1o elemento
d bd
pode ser a ou b ou c ou d; logo, para
a ca a escolha desse elemento, temos 4
c b cb possibilidades. Para cada uma des-
d cd sas escolhas, temos 3 possibilidades
a da para o 2o elemento.
d b db Portanto, o número de “palavras”
c dc formadas é 12.

b) Vamos formar agora todas as “palavras” com 3 letras escolhidas entre os elementos
a, b, c e d. Para a escolha do 1o elemento, temos 4 possibilidades; para cada uma delas,
temos 3 possibilidades de escolher o 2o elemento; e, para cada escolha feita para o 1o e
o 2o elementos, temos 2 possibilidades de escolher o 3o elemento.

42 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 42 07/12/16 18:52


1o elemento 2o elemento 3o elemento “Palavra”
c abc
b d abd
b acb
a c d acd
b adb
d c adc
c bac
a d bad
a bca
b c d bcd
a bda
d c bdc
b cab
a d cad
a cba
c b d cbd
a cda
d b cdb
b dab
a c dac
a dba
d b c dbc
a dca
c b dcb

Portanto, foram formadas 24 “palavras”.


Nesses exemplos, temos o que chamamos de arranjo simples.

Arranjo simples de n elementos distintos, p a p, é todo agrupamento ordenado formado


por p elementos distintos escolhidos entre os n elementos dados.

O número p é denominado classe ou ordem do arranjo simples, e pela definição de


arranjo facilmente percebemos que p < n.
O número de arranjos simples de n elementos distintos, p a p, é indicado por An, p
p
ou An. Para o cálculo de An, p, organizamos esta tabela.

Escolha No de possibilidades
Do 1o elemento n
o o
Do 2 , depois de escolhido o 1 n]1
Do 3o, depois de escolhidos o 1o e o 2o n]2
… …
Do p-ésimo, depois de escolhidos os anteriores n ] (p ] 1)

Portanto: An, 1 5 n
An, 2 5 n(n ] 1)
An, 3 5 n(n ] 1)(n ] 2)
.................................. MATEMÁTICA
An, p 5 n(n ] 1)(n ] 2) … [n ] (p ] 1)]

Note que An, p é o produto de p fatores decrescentes em 1 unidade a partir de n.

Exemplos:
a) A4, 1 5 4
b) A4, 2 5 4 · (4 ] 1) 5 4 · 3 5 12

Estatística, Contagem e Probabilidade 43

Book_MAT2_CAD6.indb 43 07/12/16 18:52


c) A4, 3 5 4 · (4 ] 1)(4 ] 2) 5 4 · 3 · 2 5 24
d) A4, 4 5 4 · (4 ] 1)(4 ] 2)(4 ] 3) 5 4 · 3 · 2 · 1 5 24

Uma permutação é um caso particular de arranjo quando n 5 p: Pn 5 An, n

EXERCÍCIO RESOLVIDO

Desse modo, teremos:


Leia com atenção cada um destes exercícios resolvidos e suas A10, 4 ] A9, 3 5 10 · 9 · 8 · 7 ] 9 · 8 · 7 5 4 536 números inteiros
resoluções. Depois, use o que aprendeu para solucionar os de 4 algarismos distintos.
problemas da próxima sequência de Problemas e exercícios. Outro modo:
Lembre-se de que também é possível resolvermos este
An ] 1, 3 3 problema pelo princípio multiplicativo.
6 Resolva a equação An, 3
5 .
4 Nesse caso, fazemos porque, na primeira posição,
RESOLUÇÃO 9 9 8 7
não podemos colocar o 0; na segunda, eliminamos o alga-
Notemos, inicialmente, que:
rismo que usamos na posição anterior; e assim por diante.
existe An ] 1, 3 ⇔ n ] 1 [ N, n ] 1 > 3 ⇔ n > 4. Daí, teremos: 9 · 9 · 8 · 7 5 4 536.
existe An, 3 ⇔ n [ N, n > 3.
Logo, a condição de existência é n > 4, n [ N.
8 Calcule a quantidade de números inteiros positivos menores
que 1 000 e que têm algarismos distintos.
Substituindo An ] 1, 3 por (n ] 1)(n ] 2)(n ] 3) e An, 3 por
RESOLUÇÃO
n(n ] 1)(n ] 2) na equação dada, vem:
Dos números inteiros positivos inferiores a 1 000, devemos
(n ] 1)(n ] 2)(n ] 3) 3 n]3 3 contar os que têm 1 algarismo, 2 algarismos distintos e
5 ⇒ n 5 ⇒
n(n ] 1)(n ] 2) 4 4 3 algarismos distintos:
⇒ 4n ] 12 5 3n ⇒ n 5 12 Inteiros positivos com 1 algarismo: 9.
Portanto, o conjunto solução da equação dada é S 5 {12}. Inteiros positivos com 2 algarismos distintos: são todos
os arranjos dos 10 algarismos, dois a dois, menos aqueles
7 No sistema de numeração decimal, quantos números de 4 que começam com zero: A10, 2 ] A9, 1 5 10 · 9 ] 9 5 81.
algarismos distintos podemos formar?
Inteiros positivos com 3 algarismos distintos: são todos os
RESOLUÇÃO arranjos dos 10 algarismos, três a três, menos aqueles que
começam com zero: A10, 3 ] A9, 2 5 10 · 9 · 8 ] 9 · 8 5 648.
Para resolvermos este problema, basta calcularmos o nú-
mero de agrupamentos formados por 4 algarismos distintos Portanto, a quantidade de números inteiros positivos meno-
escolhidos entre 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 e subtrairmos a res que 1 000 e com algarismos distintos é: 9 1 81 1 648 5
quantidade de números da forma 0 constituídos por 5 738.
algarismos distintos.

PARA SABER MAIS


Fatorial
Antes de continuarmos, é importante observar que, em problemas de Análise Combi-
natória, surgem, com frequência, expressões como:

1·2·3 1·2·3·4 1·2·3·4·5

Por exemplo: quando calculamos a quantidade de números com 6 algarismos distintos


usando 4, 5, 6, 7, 8 e 9, obtemos 1 · 2 · 3 · 4 · 5 · 6 5 720 possibilidades de números nessas
condições.

44 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 44 07/12/16 18:52


Uma forma de exprimir todos esses produtos é usar o fatorial, indicado por um ponto
de exclamação ao lado do número.
Exemplos:
a) 1 · 2 · 3 5 3!
b) 1 · 2 · 3 · 4 5 4!
c) 1 · 2 · 3 · 4 · 5 5 5!

Lemos, respectivamente, 3 fatorial, 4 fatorial e 5 fatorial.

n fatorial (notação: n!), n [ N, n > 1, é o produto dos números naturais de 1 a n.

n! 5 1 · 2 · 3 · … · (n ] 1) · n

Por motivos que veremos adiante, estenderemos essa definição para o caso de n 5 0,
assim: 0! 5 1

Note que:
3! 5 1 · 2 · 3 ⇒ 3! 5 2! 3
4! 5 1 · 2 · 3 · 4 ⇒ 4! 5 3! 4
5! 5 1 · 2 · 3 · 4 · 5 ⇒ 5! 5 4! 5

De forma geral: n! 5 (n ] 1)! n

Com o símbolo de fatorial, podemos reescrever a fórmula que permite obter o número
de permutações de n elementos.

Pn 5 n · (n ] 1) · … · 1 5 n!

Vejamos, agora, como expressar An, p usando fatoriais. Vamos observar primeiro um
exemplo: A7, 3 5 7 · 6 · 5.

Multiplicando-se e dividindo-se 7 · 6 · 5 por 4 · 3 · 2 · 1, vem:

7·6·5·4·3·2·1 7! 7!
A7, 3 5 7 · 6 · 5 5 ⇒ A7, 3 5 ⇒ A7, 3 5
4·3·2·1 4! (7 ] 3)!

Para An, p 5 n(n ] 1)(n ] 2) … [n ] (p ] 1)], multiplicando-se e dividindo-se o 2o membro


por (n ] p)(n ] p ] 1)(n ] p ] 2) … 3 · 2 · 1, vem:

n(n ] 1)(n ] 2) ... [n ] (p ] 1)] (n ] p) (n ] p ] 1) ... 3 · 2 · 1


An, p 5
(n ] p) (n ] p ] 1) ... 3 · 2 · 1

MATEMÁTICA
An, p 5 n! , p < n
(n ] p)!

n! n!
Quando p 5 0, temos An, 0 5 5 5 1.
(n ] 0)! n!

Estatística, Contagem e Probabilidade 45

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EXERCÍCIO RESOLVIDO

9 Retome o significado de anagrama, dado no exercício 8. basta, então, permutar os elementos E S A , C, O, L.


Com relação aos anagramas da palavra ESCOLA, qual é o Logo, a resposta é P4 5 4! 5 24.
número:
e) Cada bloco formado pelas vogais (por exemplo, E O A )
a) total deles? funciona como um elemento e, para cada bloco, temos
b) dos que começam com consoante? P4 anagramas.
c) dos que começam e terminam com vogal? Permutando ainda as vogais, o número de anagramas
d) dos que mantêm as letras E, S, A juntas e nessa ordem? solicitado será: P3 · P4 5 3! 4! 5 144.
e) dos que mantêm as vogais juntas?

RESOLUÇÃO 10 Formados e dispostos em ordem crescente todos os núme-


ros que se obtêm permutando os algarismos 1, 2, 3 e 4, qual
a) Cada anagrama é uma permutação simples das letras E,
é a posição ocupada pelo número 4 213?
S, C, O, L, A.
Logo, a resposta é P6 5 6! 5 720. RESOLUÇÃO
b) Nesse caso, temos anagramas que começam com S, C ou Na sequência citada, 4 213 é precedido pelos números da
L. Em cada um deles basta permutar as 5 letras restantes. forma:
Logo, a resposta é 3 · P5 5 3 · 5! 5 360. 1
vogal
, que são em número de P3 5 6;
vogal
c) São anagramas do tipo . 2 , que são em número de P3 5 6;
Para preencher as extremidades, temos os elementos E,
3 , que são em número de P3 5 6;
O, A; logo, há A3, 2 possibilidades.
Para cada uma dessas possibilidades, podemos preencher 4 1 , que são em número de P2 5 2.
as posições restantes com as 4 letras que sobraram. Logo, 4 213 é precedido por:
Logo, a resposta é A3, 2 · P4 5 3 · 2 · 4! 5 144. P3 1 P3 1 P3 1 P2 5 6 1 6 1 6 1 2 5 20 números
d) O bloco E S A funciona como se fosse um elemento; Portanto, na sequência citada, 4 213 é o 21o elemento.

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

33 Resolva o item a do exercício 32 de modo errado. Depois,


Os exercícios de 28 a 32 servem apenas para você praticar troque sua resolução com um colega para que um descubra
um pouco cálculos com fatorial, relacionando-os com outras o erro do outro.
operações já conhecidas.
34 Entre os problemas 1 e 26, quais são os de arranjo?
28 Calcule o valor de:
a) 8! b) 9! c) 4! 1 5! d) (3!) 2 ] 35 Usando as noções de permutação e arranjo, resolva nova-
mente o problema 25.
5 · 5!
29 Simplifique. 36 Calcule.
10! 12! 6 · 7! 30! a) A10, 2 1 A5, 2 b) A4, 3 · A7, 2
a) b) c) d)
9! 13! 6! 5 27! 3!
30 Efetue. 37 Simplifique.
1 1 10! 1 9! An, 3 A2n, 2
a) ] b) a) b)
5! 6! 9! ] 8! An ] 1, 2 A2n 1 1, 2
31 Simplifique. 38 Resolva as equações.
(n 1 1)! (n 1 2)!
a) b) a) An, 2 5 56 b) An, 3 5 8 · An, 2
(n ] 1)! n!

32 Efetue. 39 No sistema decimal, quantos números de 5 algarismos dis-


(n 1 1)! ] n! tintos podemos formar?
a) 1 ] 1 b)
n! ] (n ] 1)!
n! (n 1 1)!

46 Estatística, Contagem e Probabilidade

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40 Quantos números inteiros, formados por algarismos distintos, a) começam e terminam com consoante.
maiores que 100 e menores que 1 000 existem? b) começam com vogal e terminam com consoante.
c) mantêm as vogais juntas.
41 Quantos números inteiros positivos, maiores que 10 e meno-
res que 1 000, têm algarismos repetidos? d) mantêm as consoantes juntas e em ordem alfabética.

42 Em relação aos anagramas da palavra VISTA, qual é o nú- 45 (UFMG) Para montar a programação de uma emissora de
mero: Durante a correção dos exercícios, abra espaço rádio, o programador musical conta com 10 músicas distin-
para que os alunos levantem causas de possíveis tas, de diferentes estilos, assim agrupadas: 4 de MPB, 3 de
a) total deles? erros cometidos na resolução dos problemas
Rock e 3 de Pop.
de permutação e arranjo. Uma lista com
b) dos que começam com T? esses erros e suas soluções
Sem tempo para fazer essa programação, ele decide que,
pode ser criada para
c) dos que terminam com vogal? consulta posterior. em cada um dos programas da emissora, serão tocadas, de
d) dos que contêm as letras IA juntas e nessa ordem? forma aleatória, todas as 10 músicas.
e) dos que mantêm as vogais juntas? Assim sendo, é CORRETO afirmar que o número de progra-
mas distintos em que as músicas vão ser tocadas agrupadas
43 (UEMG) Observe a tirinha de quadrinhos a seguir: por estilo é dado por
a) 4! ? 3! ? 3! ? 3! c) 4! ? 3! ? 3!

Mauricio de Sousa
Produções Ltda.
b) 10! d)10!
7! 7! ? 3!
46 Resolva o problema sobre as senhas bancárias proposto na
abertura desta unidade: quantas podem ser escritas com 6
caracteres, com pelo menos 2 letras e 1 algarismo?
47 (UFJF-MG) Para uma viagem, seis amigos alugaram três
A Mônica desafia seus amigos numa brincadeira de “cabo motocicletas distintas, com capacidade para duas pessoas
de guerra”. cada uma. Sabe-se que apenas quatro desses amigos são
Supondo que a posição da Mônica pode ser substituída habilitados para pilotar motocicletas e que não haverá troca
por qualquer um de seus amigos, e que ela pode ocupar o de posições ao longo do percurso. De quantas maneiras dis-
outro lado, junto com os demais, mantendo-se em qualquer tintas esses amigos podem se dispor nas motocicletas para
posição, o número de maneiras distintas que podem ocorrer realizar a viagem?
nessa brincadeira será igual a a) 24 d) 144
a) 60. b) 150. c) 600. d) 120. b) 72 e) 720
44 Calcule o número de anagramas da palavra CONVERSA que: c) 120

INVENTE VOCÊ
3 Com um colega, escolha uma palavra que não tenha letras repetidas e elabore um problema como o 44.
4 Modifique o problema 39 para que a resposta seja: Há 3 024 números de 5 algarismos que se iniciam com o algarismo 1.
Organize uma lista com esses problemas, para que sejam analisados coletivamente em aula.

CÁLCULO RÁPIDO As respostas se encontram no final do caderno

Alguns cálculos envolvendo fatorial podem ser 5!


a) 6! b) 2! 5! c)
agilizados. Por exemplo: 2!
5 12 2 Simplificar ao máximo antes de calcular é outra técnica que
auxilia a realizar cálculos com fatorial. Por exemplo:
5! 5 5 · 4 · 3 · 2 · 1 5 10 · 12 5 120 ou MATEMÁTICA
8! 8 · 7 · 6 · 5!
5 10 5 5 8 · 7 · 6! 5 8 · 7 5 56
3! 5! 3! 5! 3·2
5! 5 5 · 4 · 3 · 2 · 1 5 20 · 6 5 120
Faça o mesmo nos itens a seguir.
5 20 5 6
5! 6! 7!
a) b) c)
1 Tente calcular dessa forma: 3! 4! 5! 2!

Estatística, Contagem e Probabilidade 47

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COMBINAÇÕES SIMPLES
Vamos estudar, agora, um tipo de agrupamento distinto da permutação e do arranjo.
Mas, antes disso, vamos analisar três exemplos.

A B a) Na figura ao lado, vamos destacar todas as retas e semirretas determinadas por 2 dos
3 pontos A, B e C para verificar o total de retas e semirretas.

3 retas
C
A B A B A B

C C C

AB BC AC

6 semirretas

A B A B A B

C C C

AB BC AC

A B A B A B

C C C

BA CB CA

Na descrição das retas, percebemos que a ordem não interfere na contagem (por
exemplo, AB 5 BA) e 2 agrupamentos diferem um do outro somente se tiverem
elementos distintos (por exemplo, AB Þ AC). Agrupamentos desse tipo são chamados
de combinações.
Já na descrição das semirretas, 2 agrupamentos diferem um do outro se tiverem elemen-
tos distintos (exemplo: AB Þ AC) ou, se tendo os mesmos elementos, estes estiverem
em ordem diferente (exemplo: AB Þ BA). Agrupamentos desse tipo são arranjos dos 3
pontos, 2 a 2.

b) Consideremos 4 moças: Maria, Cecília, Andreia e Beatriz.


Escolhendo 3 das 4 moças, vamos formar todos os grupos possíveis.

Maria — Cecília — Andreia Maria — Andreia — Beatriz

Maria — Cecília — Beatriz Cecília — Andreia — Beatriz

Esses agrupamentos são combinações, pois o grupo formado, por exemplo, por
Maria — Cecília — Andreia é igual ao grupo formado por Cecília — Maria — Andreia.
Escolhendo 3 das 4 moças e colocando seus nomes em fila, por exemplo, para

48 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 48 07/12/16 18:52


fotografar as 3 moças lado a lado vamos formar os agrupamentos da página a seguir.

Maria — Cecília — Andreia Andreia — Beatriz — Maria


Maria — Andreia — Cecília Andreia — Maria — Beatriz
Maria — Cecília — Beatriz Andreia — Beatriz — Cecília
Maria — Beatriz — Cecília Andreia — Cecília — Beatriz
Maria — Andreia — Beatriz Andreia — Maria — Cecília
Maria — Beatriz — Andreia Andreia — Cecília — Maria

Cecília — Maria — Andreia Beatriz — Maria — Cecília


Cecília — Andreia — Maria Beatriz — Cecília — Maria
Cecília — Beatriz — Andreia Beatriz — Maria — Andreia
Cecília — Andreia — Beatriz Beatriz — Andreia — Maria
Cecília — Beatriz — Maria Beatriz — Cecília — Andreia
Cecília — Maria — Beatriz Beatriz — Andreia — Cecília

Esses agrupamentos são arranjos, porque, por exemplo, a série Maria — Cecília —
Andreia em uma fotografia é diferente da série Maria — Andreia — Cecília.

c) O grêmio de uma escola, composto de 5 alunos, precisa organizar uma comissão


formada por 3 de seus membros para conversar com um grupo de professores. De
quantos modos diferentes essa comissão pode ser constituída?
Para resolver este problema, vamos combinar as 5 pessoas do grêmio 3 a 3.
Após identificar os alunos por a1, a2, a3, a4 e a5, combinamos como a seguir:

{a1, a2, a3} {a1, a4, a5}


{a1, a2, a4} {a2, a3, a4}
{a1, a2, a5} {a2, a3, a5} Portanto, o número de combinações é 10.
{a1, a3, a4} {a2, a4, a5}
{a1, a3, a5} {a3, a4, a5}

Analisando, porém, as combinações, podemos perceber que, para a escolha do 1o


elemento, há 5 possibilidades (a1 ou a2 ou a3 ou a4 ou a5); para a escolha do 2o, depois de
definido o 1o elemento, há 4 possibilidades; e para a escolha do 3o, definidos o 1o e o 2o
elementos, restam 3 possibilidades.

↓ ↓ ↓
Número de possibilidades: 5 4 3

Isso significa que temos um total de 5 · 4 · 3 5 60 combinações possíveis. No entanto,


existem combinações, como {a1, a2, a3} e {a1, a3, a2}, que são idênticas, mas que foram
contadas como se fossem diferentes.
Na verdade, na resposta 60 combinações, estamos contando cada combinação uma vez
para cada ordem de escrita de seus elementos. Como em cada combinação os elemen-
tos podem ser escritos em diferentes ordens um número de vezes correspondente a MATEMÁTICA
P3 5 3!, cada uma delas foi contada 6 vezes. Por isso, a resposta correta não é 60, mas
60
5 10, pois aqui a ordem dos elementos não importa.
6

Nesses três exemplos, foram destacados casos de combinação. Mas, afinal, o que é
combinação?

Estatística, Contagem e Probabilidade 49

Book_MAT2_CAD6.indb 49 07/12/16 18:52


Combinação simples de n elementos distintos, p a p (p < n), é todo agrupamento
formado por p elementos distintos escolhidos entre os n elementos dados, de modo que a
mudança de ordem dos elementos não modifique o agrupamento. Pode-se escrever:

n
Cn, p ou ou Cpn.
p

Cálculo do número de combinações simples


Quantos arranjos simples de 3 alunos podemos formar com um grupo de 5 alunos (A,
B, C, D e E)?
Observe como podemos resolver esse problema. Primeiro fazemos combinações
simples e, depois, as permutações simples de cada combinação.
Observe, por exemplo, os arranjos simples da combinação {A, B, D}:
(A, B, D), (B, A, D), (B, D, A), (D, A, B), (D, B, A), (A, D, B) ou P3 5 3!
Assim, podemos encontrar o número de arranjos simples multiplicando o número
de combinações simples dos 5 elementos, tomados 3 a 3, pelo número de permutações
simples de 3 elementos, isto é:

A5, 3 5 C5, 3 · P3 ou A5, 3 5 10 · 3 · 2 · 1 5 60

Generalizando esse raciocínio, podemos dizer que o número de arranjos simples dos
n elementos de um conjunto, tomados p a p (p < n), é igual ao produto do número de
combinações simples desses n elementos, tomados p a p, pelo número das permutações
simples dos p elementos.

Podemos escrever: An, p 5 Cn, p · Pp (p < n)

An, p
Assim: Cn, p 5
p!

n! n!
Substituindo An, p por , vem: Cn, p 5
(n ] p)! p! (n ] p)!

n! n! n! n!
Observação: Cn, n 5 5 1 e Cn, 0 5 5 5 51
n! (n ] n)! 0! (n ] 0)! 0! n! 1 · n!

EXERCÍCIO RESOLVIDO

11 Calcule o número de diagonais de um polígono convexo de n Logo, o número de diagonais é dado por:
lados. Organize a classe em duplas para que leiam e n! (n ] 1)n
estudem estes exercícios resolvidos. Esse estudo Cn, 2 ] n 5 ]n5 ]n5
2! (n ] 2)! 2
RESOLUÇÃO servirá de base para que trabalhem a próxima seção
Problemas e exercícios. (n ] 1)n 2n n(n ] 1 ] 2) n(n ] 3)
5 ] 5 5 .
Para resolvermos este problema, basta contarmos o núme- 2 2 2 2
ro de segmentos de reta determinados pelos n vértices do
polígono e subtrairmos o número de lados. 12 Na figura a seguir, marcamos 4 pontos distintos em s e 5
Número total de segmentos: Cn, 2. pontos distintos em r. Calcule o número de:
a) triângulos com vértices nesses pontos.
Número de lados: n.
b) quadriláteros convexos com vértices nesses pontos.

50 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 50 07/12/16 18:52


s 14 (UFRJ) Em todos os 53 finais de semana do ano 2000, Júlia
vai convidar duas de suas amigas para sua casa em Teresó-
polis, sendo que nunca o mesmo par de amigas se repetirá
durante o ano.
a) Determine o maior número possível de amigas que Júlia
poderá convidar.
b) Determine o menor número possível de amigas que ela
r
poderá convidar.

RESOLUÇÃO
RESOLUÇÃO
Usaremos para a resolução deste problema a notação Cpn .
a) Como a ordem de citação dos vértices não interfere na
a) Júlia convidará o maior número possível de amigas quando
contagem, os agrupamentos são combinações.
chamar, a cada vez, amigas que não tenham sido convida-
Temos: das anteriormente. Como são 53 finais de semana, poderá
Triângulos com 2 vértices em s e o outro em r: C4, 2 · 5; convidar no máximo 2 · 53 5 106 amigas.
b) Se Júlia fizer uma lista com os nomes de n amigas, o
Triângulos com 2 vértices em r e o outro em s: C5, 2 · 4.
número de pares distintos que poderá formar é:
O número de triângulos é C4, 2 · 5 1 C5, 2 · 4 5 70. n! n(n ] 1)(n ] 2)! n(n ] 1)
Cn2 5 5 5
2! (n ] 2)! 2! (n ] 2)! 2
Outro modo:
Podemos contar o total de agrupamentos dos 9 pontos, Se Cn2 , 53, Júlia não poderá levar as amigas em todos os
3 a 3, e subtrair o número de agrupamentos, 3 a 3, que não finais de semana sem repetir os pares. Portanto, n deve ser
determinam triângulos. Veja a seguir. tal que Cn2 > 53, isto é:
Total de agrupamentos dos 9 pontos, 3 a 3: C9, 3. n(n ] 1)
2 > 53
Pontos de s, tomados 3 a 3, que não determinam triângulos: C4, 3.
n(n ] 1) > 106 ou n2 ] n ] 106 > 0
Pontos de r, tomados 3 a 3, que não determinam triângulos: C5, 3.
Resolvendo a equação, temos:
O número de triângulos é C9, 3 ] C4, 3 ] C5, 3 5 70.
Δ 5 b2 ] 4ac 5 1 1 4 · 106 5 425
b) Cada quadrilátero terá 2 vértices em s e 2 vértices em r.
Δ
]b 6 1 6 425
Número de pares não ordenados em s: C4, 2. n5 5
2a 2
Número de pares não ordenados em r: C5, 2. Como se trata de uma inequação, fazemos:
O número de quadriláteros convexos é C4, 2 · C5, 2 5 60. 1 – 425 1 + 425
2 2
13 (Unesp-SP) O setor de emergência de um hospital conta, para
os plantões noturnos, com 3 pediatras, 4 clínicos gerais e 5 + 0 – 0 +
enfermeiros. As equipes de plantão deverão ser constituídas n
por 1 pediatra, 1 clínico geral e 2 enfermeiros. Determine:
1 ] 425 1 1 425
a) quantos pares distintos de enfermeiros podem ser formados. n[ ou n >
2 2
b) quantas equipes de plantão distintas podem ser formadas. 1 1 425
Como n [ N, então n > ou n > 11.
2
RESOLUÇÃO Portanto, o menor número possível de amigas que Júlia
n poderá convidar é 11.
Usaremos para a resolução deste problema a notação .
p
a) Como há 5 enfermeiros, podem ser formados 15 Com 6 rapazes e 6 moças, quantos grupos de 5 pessoas po-
demos formar, tendo em cada um deles:
5 5! 5 · 4 · 3! 5·4
5 5 5 5 10 pares distintos a) 2 rapazes e 3 moças?
2 2! (5 ] 2)! 2! 3! 2!
de enfermeiros. b) pelo menos 3 moças? MATEMÁTICA

b) Devemos escolher 1 entre os 3 pediatras, 1 entre os 4 clí- RESOLUÇÃO


nicos gerais e 2 entre os 5 enfermeiros. Portanto, podem
a) Número de possibilidades de escolher 2 dos 6 rapazes: C6,
3 4 5
ser formadas: · · 5 3 · 4 · 10 5 120 equipes .
1 1 2 2

de plantão distintas. Número de possibilidades de escolher 3 das 6 moças: C6, 3.


Portanto, o número de grupos é C6, 2 · C6, 3 5 300.

Estatística, Contagem e Probabilidade 51

Book_MAT2_CAD6.indb 51 07/12/16 18:52


b) Cada grupo poderá ser formado por: identificar com D a posição de um país desenvolvido e com
3 moças e 2 rapazes ou E a de um país emergente.
4 moças e 1 rapaz ou Como os elementos E não podem se sentar lado a lado, va-
mos inicialmente acomodar os países D, deixando entre
5 moças.
eles espaço livre para depois sentar os representantes dos
Portanto, o número de grupos é: países E.
C6, 3 · C6, 2 1 C6, 4 · C6, 1 1 C6, 5 5 20 · 15 1 15 · 6 1 6 5 396 _ D _ D _ D _ D _ D _ : aqui temos P5 5 5! 5 5 · 4 · 3 · 2 · 1 5
5 120 possibilidades de organizar os países desenvolvidos.
16 Em uma conferência internacional, haverá uma mesa de con- Para cada uma dessas possibilidades, existem 6 espaços
versações na qual devem se sentar, lado a lado, representan-
livres: 4 entre os países D e 2 nas extremidades.
tes de 5 países desenvolvidos e de 4 países emergentes. De
quantas maneiras diferentes é possível dispor as pessoas na Esses espaços livres serão ocupados pelos 4 países emer-
mesa, sendo que não importa a ordem em que se sentam gentes, combinando-se os 6 espaços de 4 em 4 dos repre-
os representantes dos países emergentes, desde que não se sentantes. Assim:
sentem juntos? 6! 6·5
C6,4 5 5 5 15 possibilidades.
(6 ] 4)! · 4! 2
RESOLUÇÃO
No total temos, então, 120 · 15 5 1 800 formas de arrumar
Vamos imaginar as pessoas à mesa com 9 lugares e vamos as pessoas à mesa.

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

total de 10 pessoas?
Os exercícios de 48 a 50 têm como objetivo auxiliar na
memorização das fórmulas relativas ao cálculo de combinações. 52 Considere 8 pontos distintos, dos quais 3 quaisquer nunca
estão alinhados. Calcule o número de triângulos que pode-
48 Calcule o valor de: mos formar com vértices nesses pontos.
a) C7, 5 c) 2! C8, 3 1 3! C7, 4 53 Em uma urna há 10 fichas numeradas de 1 a 10. De quantos
C10, 3 modos podemos retirar 3 fichas para que a soma delas seja
b) C6, 3 1 C9, 2 d)
C8, 3 ] C5, 3 maior ou igual a 9?

49 Simplifique. 54 (Unicamp-SP) O grêmio estudantil do Colégio Alvorada é


Cn, 3 C2n 1 2, 2 composto por 6 alunos e 8 alunas. Na última reunião do
a) b)
Cn ] 1, 2 C2n, 2 grêmio, decidiu-se formar uma comissão de 3 rapazes e 5
moças para a organização das olimpíadas do colégio. De
50 Ao resolver os dois exercícios a seguir, um aluno cometeu quantos modos diferentes pode-se formar essa comissão?
alguns erros. Descubra esses erros e corrija-os.
a) 6 720 c) 806 400
a) C6, 2 1 C5, 3 b) 100 800 d) 1 120
6! 5! 6! 5! 6! 5!
1 5 1 5 1 5
2! (6 ] 2)! 3! (5 ] 3)! 2! 4! 3! 2! 8! 6! 55 Uma caixa contém 5 bolas vermelhas e uma outra
4 bolas verdes. Calcule o número de modos diferentes de
6! 5! 1 1 6 1 56 62
5 1 5 1 5 336 5 retirarmos, simultaneamente, 3 bolas vermelhas e 2 verdes.
8 · 7 · 6! 6 · 5! 56 6 336
b) C7, 3 1 C8, 4 ] C6, 3
56 São dadas 2 retas paralelas distintas. Marcam-se 7 pontos
7! 8! 6! distintos em uma delas e 4 pontos distintos na outra. Calcule
1 ] 5
3! (7 ] 3)! 4! (8 ] 4)! 3! (6 ] 3)! o número de:
7! 8! 6! a) triângulos que podemos desenhar com vértices nesses
5 1 ] 5
3! 4! 4! 4! 3! 3! pontos.
2 2 b) quadriláteros convexos que podemos desenhar com vér-
7 · 6 · 5 · 4! 8 · 7 · 6 · 5 · 4!
5 1 ] tices nesses pontos.
3! 4! 4! 4!
2
6 · 5 · 4 · 3!
] 5 70 1 420 ] 40 5 450 57 Em uma aula de dança de salão, há 5 homens e 5 mulheres.
3! 3!
De quantos modos diferentes podem ser formados casais
51 Quantos grupos de 3 pessoas podem ser formados em um para uma dança?

52 Estatística, Contagem e Probabilidade

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Ao resolver este problema, Pedro pensou: “A primeira pessoa incorretas, justificando sua resposta.
do casal pode ser escolhida entre as 10, porque pode ser
homem ou mulher. Depois que a primeira for escolhida, a 61 (Unifesp-SP) Numa classe há x meninas e y meninos, com
segunda só poderá ser escolhida entre as 5 pessoas do sexo x, y > 4. Se duas meninas se retirarem da classe, o número
oposto ao da primeira. Então há 10 · 5 modos de formar um
de meninos na classe ficará igual ao dobro do número de
casal para uma dança”.
meninas.
Você concorda com Pedro? Por quê?
a) Dê a expressão do número de meninos na classe em
função do número de meninas e, sabendo que não há
58 Considere um grupo de 3 rapazes e 5 moças.
mais que 14 meninas na classe, determine quantos
a) De quantos modos podemos organizá-los em fila, com os meninos, no máximo, pode haver na classe.
rapazes nos extremos?
b) A direção do colégio deseja formar duas comissões entre
b) De quantos modos podemos organizá-los em fila, com as os alunos da classe, uma com exatamente 3 meninas e
pessoas de mesmo sexo ficando juntas? outra com exatamente 2 meninos. Sabendo-se que, nessa
classe, o número de comissões que podem ser formadas
59 De quantos modos distintos podemos separar os números com 3 meninas é igual ao número de comissões que po-
de 1 a 10 em dois conjuntos de 5 elementos, de modo que 1 e dem ser formadas com 2 meninos, determine o número
8 não estejam no mesmo conjunto? de alunos da classe.
Renato resolveu este problema assim:
”Os números 1 e 8 ocupam posições como elementos de 62 (Uerj) A tabela abaixo apresenta os critérios adotados por
cada um dos dois conjuntos; então, restam 4 posições a dois países para a formação de placas de automóveis. Em
serem preenchidas em cada conjunto, a partir dos 8 núme- ambos os casos, podem ser utilizados quaisquer dos 10 alga-
ros restantes. Assim, a forma de organizar os 8 números rismos de 0 a 9 e das 26 letras do alfabeto romano.
no primeiro dos conjuntos é C8, 4, e, para cada uma delas, é
possível fazer o mesmo no outro conjunto. Aqui exploramos País Descrição Exemplo de placa
a análise e a
Portanto, o total de possibilidades é: elaboração de
C8, 4 · C8, 4 5 70 · 70 5 4 900 possibilidades”. argumentação. X 3 letras e 3 algarismos, em qualquer ordem M3MK09
Angélica discordou do colega e disse:
um bloco de 3 letras, em qualquer ordem,
”Você está enganado! No primeiro conjunto, de fato, existem Y à esquerda de outro bloco de 4 algarismos, YBW0299
C8, 4 possibilidades de organizar os 4 números, pois o quinto também em qualquer ordem
número já é 1 ou 8; mas, depois que os 4 números estiverem
escolhidos no primeiro conjunto, o segundo conjunto estará Considere o número máximo de placas distintas que podem
determinado: é só colocar nele os 4 números que restaram. ser confeccionadas no país X igual a n e no país Y igual a p.
n
Não é preciso multiplicar nada. A resposta do problema é A razão corresponde a:
p
C8, 4 5 70 possibilidades.” a) 1 b) 2 c) 3 d) 6
Quem está com a razão? Justifique sua resposta.
63 (UFPel-RS) Sendo 15 pontos distintos pertencentes a uma
60 Observe como Tiago, Rodrigo e Sofia resolveram esta ques- circunferência, o número de retas, distintas, determinadas
tão: Quantos grupos de 3 ou mais pessoas podem ser esco- por esses pontos, é
lhidos entre um total de 5 pessoas? a) 14 b) 91 c) 105 d) 210
Resolução de Tiago:
5 · 4 · 3 1 5 · 4 · 3 · 2 1 5 · 4 · 3 · 2 · 1 5 300.
64 (Udesc) Um tanque de um pesque-pague contém apenas 15
peixes, sendo 40% destes carpas. Um usuário do pesque-
5 5 5 -pague lança uma rede no tanque e pesca 10 peixes. O núme-
Resolução de Rodrigo: · · 5 50
3 4 5 ro de formas distintas possíveis para que o usuário pesque
5 5 5 exatamente 4 carpas é:
Resolução de Sofia: 1 1 5 16
3 4 5 a) 151 200 c) 210 e) 1 260
Explique como cada um pensou e diga quais são as soluções b) 720 d) 185 MATEMÁTICA

INVENTE VOCÊ
5 Invente um problema de combinação no qual constem os seguintes dados: os números 10 e 6 e times de vôlei.

Estatística, Contagem e Probabilidade 53

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No Manual do
professor, encontra-se PERMUTAÇÃO COM ELEMENTOS REPETIDOS
o desenvolvimento dos
conteúdos: Como vimos, os processos de contagem que estudamos (permutações, arranjos e
• Triângulo de Pascal; combinações) são chamados de simples porque em cada agrupamento não há repetição
• Relação de Stifel;
• Binômio de Newton. de elementos. Vamos propor, agora, problemas de contagem com elementos repetidos,
como é o caso do cálculo do número de anagramas da palavra BANANA.
Se as letras fossem todas diferentes, cada anagrama seria uma permutação de 6 letras,
o que corresponderia a 6! anagramas. Mas, como a letra N se repete 2 vezes, para cada um
dos 6! anagramas formados há outro idêntico com as letras N nas mesmas posições.

NABANA e NABANA são o mesmo anagrama.

Então, na verdade, temos 6! anagramas.


2!
Além disso, a letra A se repete 3 vezes, o que significa que dos 6! anagramas, 3! deles
2!
são idênticos e correspondem à permutação da letra A em 3 posições.

NABANA NABANA

Isso reduz o número de anagramas da palavra BANANA a 6! 5 60.


3! 2!
O número de anagramas da palavra BANANA é indicado por P6(3, 2, 1), onde 3, 2 e 1 denotam,
respectivamente, que existem 3 elementos A, 2 elementos N e 1 elemento B.

Portanto, P6(3, 2, 1) 5 6! .
3! 2!
De forma geral, considerando-se n elementos:

A1, A1, …, A1, A2, A2, …, A2, …, Ak, Ak, …, Ak,

n1 n2 nk

o número Pn(n1, n2, …, nk) de permutações desses elementos será calculado por:

n!
P(nn , n , …, n ) 5
1 2 k
n1! n2! ... nk! , onde n1 1 n2 1 … 1 nk 5 n

EXERCÍCIO RESOLVIDO

17 Calcule o número de anagramas da palavra ORNITORRINCO. RESOLUÇÃO


Para encontrarmos a solução deste problema, devemos con-
RESOLUÇÃO
tar as permutações cujo algarismo das unidades seja 3 ou 5.
Nessa palavra há 3 letras O, 3 R, 2 N, 2 I, 1 T e 1 C. 3 como algarismo das unidades
O número de anagramas dela é: 3
12!
P(123, 3, 2, 2, 1, 1) 5 5 3 326 400 Definido o 3 como algarismo das unidades, as demais posi-
3! 3! 2! 2! 1! 1!
ções deverão ser preenchidas pelos algarismos restantes:
18 Permutando os algarismos de 2 533 234, quantos números 2, 5, 3, 3, 2 e 4. Assim:
ímpares obtemos? 6!
P6(2, 1, 2, 1) 5 5 180
2! 1! 2! 1!

54 Estatística, Contagem e Probabilidade

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5 como algarismo das unidades 19 Quantos anagramas de CAMARÃO começam pela letra A?
5 RESOLUÇÃO
Definido o 5 como algarismo das unidades, as demais posi- A palavra tem 3 letras "A"; assim, fixada a primeira, temos:
ções deverão ser preenchidas pelos algarismos restantes:
7!
2, 3, 3, 2, 3 e 4. Assim: P7(3, 1, 1, 1, 1) 5 5 7 · 6 · 5 · 4 5 840 anagramas começados
3!
6! por A.
P6(2, 3, 1) 5 5 60
2! 3! 1!
Portanto, a quantidade pedida é 180 1 60 5 240.

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

65 Considere os anagramas da palavra ARARA. Calcule: os lados dos triângulos, percorrendo X caminhos distintos,
a) o total deles. cujos comprimentos totais são todos iguais a d.

b) o número deles que têm as vogais juntas.


B
c) o número deles que não têm as vogais juntas.

66 Quantos números inteiros podemos escrever usando 3 alga-


rismos 1, 4 algarismos 5 e 2 algarismos 7?
A

67 Considere os números que se obtêm permutando os algaris-


mos de 566 776. Sabendo que d corresponde ao menor valor possível para
os comprimentos desses caminhos, X equivale a:
a) Quantos desses números são pares?
a) 20 b) 15 c) 12 d) 10
b) Quantos desses números são ímpares?

69 Ao resolverem o problema “Quantos anagramas tem a pala-


68 (UERJ) Uma rede é formada de triângulos equiláteros con- vra JULIANA?”, Fábio e Eduardo não chegaram a um acordo.
gruentes, conforme a representação ao lado. O primeiro dizia que o número de anagramas era 5 040. O se-
Uma formiga se desloca do ponto A para o ponto B sobre gundo afirmava que era 2 520. Quem estava certo? Por quê?

INVENTE VOCÊ
5 Conclua este problema:
Há 4 livros de Matemática, 3 de Física e 2 de Língua Portuguesa para serem colocados em uma prateleira…

As respostas se encontram no final do caderno


PARA RECORDAR

1 Um explorador descobriu, na selva amazônica, uma nova es- espécie com 3 anos de vida.
pécie de planta. Pesquisando-a durante anos, comprovou que b) a idade, em anos, na qual a planta tem uma altura média
MATEMÁTICA
o seu crescimento médio variava de acordo com a fórmula A de 1,6 m.
5 40 · (1, 1)t, onde a altura média A é medida em centímetros
e o tempo t em anos. Verificou também que seu crescimento 2 Uma vara tem 1 metro de comprimento. Quando o Sol está a
estacionava, após os 20 anos de vida, abaixo de 3 metros. pino, o comprimento da sua sombra em um plano horizon-
Sabendo que log 2 5 0,30 e log 11 5 1,04, determine: tal depende da sua inclinação.
a) a altura média, em centímetros, de uma planta dessa

Estatística, Contagem e Probabilidade 55

Book_MAT2_CAD6.indb 55 07/12/16 18:52


Sol B

3
4 5
Sol
A
C D
1m Sol
Fábio partiu de bicicleta de B e fez uma volta completa:
1m 1m passou por C e D e depois voltou a B pelos lados do nBCD.
Como a bicicleta não tem hodômetro, ele acha que andou
73º 41º 28º mais de 25 km. Isso é possível? Por quê?

a) Calcule os comprimentos das sombras da vara nas 3


figuras.
ANOTAÇÕES
b) Podemos variar o comprimento da sombra mudando o
ângulo de inclinação. Mantendo o comprimento da vara
e considerando o Sol a pino, entre que valores é possível
fazer variar o comprimento da sombra? Explique sua
resposta.

3 “Em um triângulo, a medida de qualquer lado deve ser me-


nor que a soma das medidas dos outros dois lados.”
Use essa informação para responder às questões a seguir.
a) É possível construir um triângulo com quaisquer 3 núme-
ros inteiros positivos e consecutivos?
b) Sabendo que em um triângulo dois lados medem respec-
tivamente 3 cm e 7 cm, entre que valores inteiros pode
variar o outro lado?
c) As distâncias do ponto A até os pontos B, C e D são 3,
4 e 5 km, respectivamente.

CALCULADORA As respostas se encontram no final do caderno

Conheça sua calculadora


1 0 2nd n! : 4 2nd n!
Algumas calculadoras possuem a tecla n! , que é,
geralmente, acionada por meio da tecla 2nd ou = 0000000151200
SHIFT (segunda função). Ela auxilia no cálculo de A opção por um ou outro modo depende de a máquina
fatoriais e na resolução de problemas de Análise Combina- aceitar ou não os procedimentos de cálculo.
Agora é com você! Calcule.
tória. Use uma calculadora com a tecla n! para resolver
a) A8, 3 · P4 b) A10, 2 ] A9, 1 c) 5 · C10, 4
os problemas a seguir.
3 (Fuvest-SP) Em um programa transmitido diariamente, uma
1 Calcule. emissora de rádio toca sempre as mesmas 10 músicas, mas
a) 5! c) 10! e) 15! nunca na mesma ordem.
b) 6! d) 12! Para esgotar todas as possibilidades de sequências dessas
músicas são necessários aproximadamente:
2 Observe dois modos diferentes de calcular, por exemplo, A10, 6. a) 100 dias. c) 10 séculos.
b) 10 anos. d) 100 séculos.
1o) Com o auxílio das teclas ( e ) .
4 Para participar do jogo da Mega-Sena, o apostador deve
2nd n! : escolher 6 dentre os números de 1 a 60. Ganha a sena se
1 0 ( 1 0 –
os 6 números apostados forem sorteados.
6 ) 2nd n! = 0000000151200 Se você fizesse 2 jogos todas as semanas, um para cada
sorteio, com a combinação 2, 13, 20, 28, 34, 49 e, por infe-
licidade, essa fosse a última combinação a ser sorteada,
2o) Sem o auxílio das teclas ( e ) . quantos anos você teria de esperar, supondo que nenhuma
combinação se repita, para ganhar a Mega-Sena? (Consi-
dere 1 ano 5 52 semanas.)

56 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 56 07/12/16 18:52


As resoluções encontram-se no
PARA SABER MAIS
portal, em Resoluções e Gabaritos
Por que 0! 5 1?
Por que 0! 5 1? Por que 20 5 1?

Essas são perguntas legítimas que têm respostas semelhantes.


Se relembrarmos, por um lado, a definição de n! 5 n · (n ] 1) · … · 1 e de 2n como o produ-
to de n parcelas iguais a 2, ou seja, 2n 5 2 · 2 · 2 · … · 2, verificaremos que as duas definições
na forma em que estão não fazem sentido para n 5 0.
Por outro lado, se observarmos algumas propriedades e fórmulas verdadeiras para n > 1,
n n!
e 2p 5 2n ] p, perceberemos que no caso de n 5 p elas precisariam
n
como 5
p p! (n ] p)! 2
ser modificadas.
n
5 1 e que 2n 5 1. Então, para mantermos as propriedades
n
No entanto, sabemos que
n 2
válidas no caso de n 5 p sem precisar fazer nenhuma ressalva, definimos 0! 5 1 e 20 5 1.
Isso na verdade é feito por convenção, para conveniência na escrita e descrição das regras
e fórmulas, a fim de que as propriedades das operações continuem válidas.
Tal raciocínio, porém, poderia nos levar ao seguinte questionamento: Por que, então,
0 não é igual a 1?
0
Neste caso, a resposta é diferente. A operação de divisão entre números naturais não
está definida quando o divisor é zero, não importa qual seja o valor do dividendo. Na ver-
dade, não existem valores nem para 0 nem para a , qualquer que seja o valor de a, porque
0 0
o quociente de dois números a e b é definido como um número q que satisfaz a relação:
a 5q⇔b·q5a
b
No caso de b 5 0 e a Þ 0, não existe q que torne verdadeira a igualdade 0 · q 5 a.
Já quando a 5 b 5 0, todo valor de q seria aceitável, porque 0 · q 5 0 vale para qual-
quer valor de q.

PALAVRAS-CHAVE
No dicionário, encontramos:

Arranjar v.t. Pôr em boa ordem; dispor; obter; arrumar; ajustar; reparar.
Permutar v.t. Trocar; dar reciprocamente.
Combinar v.t. Agrupar; juntar em certa ordem; dispor metodicamente; ajustar; pactuar;
aliar; harmonizar; unir; ligar; cotejar; comparar.

A partir do que você estudou nesta unidade, encontre semelhanças e diferenças entre
esses termos e os correspondentes em Análise Combinatória. Registre suas conclusões
no caderno.
MATEMÁTICA

Estatística, Contagem e Probabilidade 57

Book_MAT2_CAD6.indb 57 07/12/16 18:52


CONEXÃO MATEMÁTICA – CIDADANIA

63 COMBINAÇÕES, MUITAS POSSIBILIDADES!


Na década de 1820, quando o francês Louis Braille (1809- Com um sistema de símbolos que representam letras
1852) publicou um método de leitura pelo tato, o sistema do alfabeto convencional, acentuações, pontuações, al-
Braille, o portador de deficiência visual ganhou um aliado garismos, sinais algébricos e notas musicais, Braille abriu
para vencer os limites de acesso à cultura e ao conheci- muitas possibilidades para a leitura e a escrita de qualquer
mento intelectual. Braille perdeu a visão ainda na infância, tipo de texto, intervindo nas limitações da falta de visão.
devido a um acidente na oficina do pai, que era seleiro. No sistema Braille, cada um dos caracteres é formado
por um conjunto de seis pontos alinhados em três linhas
AGERM/Alamy/Other Images

a b c d e f g h i j
e duas colunas, dos quais pelo menos um dos pontos se
destaca em relevo. Por meio da combinação desses pontos,
k l m n o p q r s t cada um dos conjuntos registra um valor ortográfico, per-
fazendo um total de 63 combinações.
De fato, têm-se seis pontos, e cada um deles apresenta
u v w x y z . , ? ! duas opções – destaque em relevo ou não –, podendo ser
feito o seguinte raciocínio matemático:
2 ? 2 ? 2 ? 2 ? 2 ? 2 5 64 possibilidades.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0
Porém, o conjunto de pontos deve ter pelo menos um
ponto em relevo; logo, a possibilidade de nenhum ponto
Símbolos criados por Louis Braille para possibilitar a leitura e a em destaque deve ser descartada. Assim, tem-se:
escrita de deficientes visuais.

64 2 1 5 63 possibilidades.

Desde 1854, quando o sistema Braille começou a ser uti- à medida que a sociedade se apropria do valor da inclu-
lizado no Brasil (primeiro país da América Latina a adotá- são de todos ao direito cidadão. Na atualidade, é possível
-lo), seus benefícios têm sido cada vez maiores. Esse é o identificar o sistema Braille sendo utilizado em caixas de
modo de alfabetizar crianças com deficiência visual, dando medicamentos, em controles remotos, cardápios de restau-
acesso à estrutura de textos, à ortografia das palavras e à rantes, painéis de elevador, contas de serviço público e
pontuação, entre outros conhecimentos e habilidades que manuais de instruções de produtos eletrodomésticos, en-
formam o leitor competente. As situações em que estão tre tantos outros objetos que fornecem informações e ins-
disponíveis informações nessa linguagem são progressivas, truções. A expectativa é de que tal opção se amplie.
Jader Alto/Keystone

Helene Rogers/Keystone

BrailleNote: aparelho
desenvolvido para
deficientes visuais, com
teclado e sintetizador
de voz, permite o
Painel de elevador com
registro e a impressão
números em arábico e seus
de dados em Braille.
correspondentes em Braille.

58 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 58 07/12/16 18:52


CAPÍTULO

3 Probabilidade

Objetivos: Nesta unidade, estudaremos Probabilidade, área da Matemática que, assim como a
Estatística, permite interpretar conjuntos de dados ou informações que não podem ser
c Utilizar conhecimentos quantificados direta ou exatamente. A Probabilidade sinaliza para resultados possíveis,
de contagem e
mais ou menos prováveis do que outros. Vamos conhecê-la melhor.
Probabilidade para
analisar a possibilidade
de ocorrência de um A TEORIA DAS PROBABILIDADES
evento. A Mega-Sena é um jogo muito popular. Para

Cristina Xavier
apostar nesse jogo, é preciso escolher no mínimo
c Identificar experimento
aleatório e espaço seis e no máximo quinze números entre os números
amostral. 01 e 60, que são chamados de dezenas. A escolha de
apenas seis dezenas é chamada de aposta simples.
c Resolver situações-
A Caixa Econômica Federal, que administra essa
problema que envolva
loteria, sorteia seis dezenas distintas e premia as
a probabilidade de
ocorrência de um
apostas que contêm 4 (quadra), 5 (quina) ou todas
evento. as 6 (sena) dezenas sorteadas.
Como não é possível saber antecipadamente
c Utilizar conhecimentos que números serão sorteados, só se pode torcer
de Probabilidade
para que saiam aqueles que escolhemos e podemos nos questionar: qual é a chance de
para a construção de
acertarmos a sena?
argumentação.
Para podermos responder a questões como essa, vamos estudar nesta unidade um
pouco sobre a teoria das probabilidades.
Por essa teoria, um acontecimento isolado constitui um acaso, mas a análise de grande nú-
mero de ocorrências desse acontecimento permite prever as chances de ele ocorrer de novo.
Como na unidade anterior, apresentare-
mos aqui os conceitos básicos de proba-
Atualmente, as aplicações do cálculo de probabilidades ultrapassam largamente as re-
bilidade, inicialmente sem fórmulas, até lacionadas com jogos de azar (dados, cartas, loterias, rifas etc.), por onde a teoria das pro-
que os alunos se apropriem das ideias
básicas e possam utilizá-las na reso-
babilidades começou a ganhar força e aos quais ela é associada habitualmente. É comum o
lução de problemas. Depois, apresen- uso das probabilidades em áreas como Política, Medicina, Biologia etc.
taremos a análise combinatória como
recurso para o cálculo de probabilidade
envolvendo experimentos com maior
número de elementos.
A LINGUAGEM DAS PROBABILIDADES
A teoria das probabilidades é o ramo da Matemática que pesquisa e desenvolve modelos
visando estudar experimentos ou fenômenos aleatórios. Todos esses modelos apresentam
variações segundo sua complexidade, mas possuem aspectos básicos comuns. Vamos
estudar inicialmente a linguagem das probabilidades, que é bastante peculiar. MATEMÁTICA
Experimento aleatório, espaço amostral, evento
A situação inicial da Mega-Sena, em que não sabemos o que vai acontecer, é denominada
experimento aleatório.

Experimento aleatório é todo experimento que, mesmo repetido várias vezes, sob
condições semelhantes, apresenta resultados imprevisíveis, dentre os resultados possíveis.

Estatística, Contagem e Probabilidade 59

Book_MAT2_CAD6.indb 59 07/12/16 18:52


Exemplos:
a) Lançamento de um dado.
b) Lançamento de uma moeda.
c) Loteria de números.
d) Extração de uma carta de baralho.
e) Abertura de um livro ao acaso para ver o número da página.
f) Escolha de um aluno ao acaso para lhe perguntar quantos irmãos tem.
No exemplo do lançamento de um dado, obteremos um entre os números de 1 a 6,
enquanto no lançamento de uma moeda, os resultados possíveis são cara ou coroa.
Definimos então espaço amostral.

Espaço amostral de um experimento aleatório é o conjunto


de todos os resultados possíveis desse experimento.
Notação: S.

Exemplos:
a) No lançamento de um dado, temos S 5 {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
b) No lançamento de uma moeda, temos S 5 {cara, coroa}.
c) Para o sorteio do primeiro número da Mega-Sena, temos S 5 {1, 2, 3, …, 60}. E para o
sorteio das seis dezenas, o espaço amostral será formado por todos os conjuntos de seis
dezenas com números distintos de 1 a 60. Neste caso, com o que estudamos na unidade
anterior, sabemos que o espaço amostral possui C60, 6 5
possíveis.
1 2
60
6
5 50 063 860 resultados

No caso do lançamento de um dado, o fato de o resultado obtido ser menor que 4 é


um acontecimento ou evento para o espaço amostral {1, 2, 3, 4, 5, 6} representado pelo
subconjunto {1, 2, 3}.
Para a Mega-Sena, o fato de o primeiro número sorteado ser par é chamado de
acontecimento ou evento para o espaço amostral {1, 2, …, 60}, que pode ser representado
pelo subconjunto {2, 4, 6, …, 60} desse espaço amostral.
Esse é um acontecimento ou evento que pode ocorrer outras vezes. De modo geral, eis
o que dizemos sobre evento.

Evento é todo subconjunto de um espaço amostral S de um experimento aleatório.

Suponha alguém que ao assistir ao sorteio da Mega-Sena diga “o primeiro número


sorteado será menor que 55”. Essa pessoa tem maior chance de acertar que de errar,
porque quase todos os números a serem sorteados são menores que 55. Pode ocorrer que
o palpite esteja errado, mas o mais esperado é que esteja certo. Sair um número menor que
55 é um acontecimento ou evento muito provável; não ocorre sempre, mas ocorre mais
frequentemente.
Veja outros acontecimentos prováveis no sorteio do primeiro número da Mega-
-Sena:
sair um número maior que 7;
sair um número entre 6 e 56.
Se alguém disser “vai sair o número que é a minha idade’’, estará prevendo um evento
pouco provável.
Outros eventos pouco prováveis, se comparados com o evento “sair um número entre

60 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 60 07/12/16 18:52


2 e 60”, são:
• sair um número maior que 57;
• sair o número 50.
“Vai sair um número menor que 100”, diz o espectador do sorteio. Não há dúvida de que
ele vai acertar. Esse acontecimento nunca falha. É um evento certo.
Outros eventos desse tipo são:
sair um número inteiro;
sair um número positivo;
sair um número entre 0 e 60.
Se alguém disser “vai sair um número maior que 60”, estará prevendo um acontecimento
impossível.
De modo geral, dizemos que:

Todo subconjunto unitário de S é denominado evento simples ou elementar.


Chamamos S de evento certo e [ de evento impossível.

Exemplos:
No lançamento de um dado, observando o número da face superior, podemos descrever
alguns eventos.
a) A: obtenção de número par ⇒ A 5 {2, 4, 6}.
b) B: obtenção de número menor que 3 ⇒ B 5 {1, 2}.
c) C: obtenção de número maior que 5 ⇒ C 5 {6} (evento simples).
d) D: obtenção do número zero ⇒ D 5 [ (evento impossível).
e) E: obtenção de um número menor que 7 ⇒ E 5 {1, 2, 3, 4, 5, 6} (evento certo).

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

1 Pegue 2 moedas e faça vários lança- a) impossível. d) muito provável.


mentos sobre uma mesa. Descreva: Consulte o b) possível. e) certo.
a) o espaço amostral. texto do livro c) pouco provável.
b) o evento A: obtenção de faces de caso tenha
mesmo nome. dúvidas ao 5 Crie uma frase que comece por:
c) o evento B: obtenção de faces de resolver estes a) “É muito provável que amanhã…”.
nomes diferentes. exercícios. b) “É certo que amanhã…”.
c) “É pouco provável que amanhã…”.
2 Repita o experimento aleatório an-
terior utilizando 2 dados em vez de moedas e observe os
números que aparecerão nas faces superiores. Descreva:
6 Crie uma frase que termine com: “… isto sempre ocorre por
azar”.
a) o espaço amostral.
b) o evento A: obtenção de números iguais. 7 Imagine que você vá colocar em um saco bolas vermelhas,
c) o evento B: obtenção de soma 5. verdes e azuis, em um total de 200. Quantas bolas de cada
cor você colocaria para que, ao tirar uma bola ao acaso:
d) o evento C: obtenção de soma 12. MATEMÁTICA
a) fosse muito provável sair uma bola azul?
e) o evento D: obtenção de soma 1.
b) fosse pouco provável sair uma bola azul?
3 A respeito do problema anterior, pesquise no dicionário os c) fosse impossível sair uma bola azul?
significados da palavra aleatório.
8 Em uma caixa, você tem 150 moedas de R$ 0,50 e 10 de R$
4 Encontre uma palavra ou frase que signifique o mesmo 0,10. Você vai tirar uma moeda ao acaso. Indique:
que: a) um acontecimento muito provável.

Estatística, Contagem e Probabilidade 61

Book_MAT2_CAD6.indb 61 07/12/16 18:52


b) um acontecimento pouco provável. a) o número de elementos do espaço amostral.
b) um evento não simples.
9 Durante uma aula de Matemática, verificam-se muitos even- c) um evento simples.
tos. Faça uma lista de 10 eventos e classifique-os como cer-
tos, impossíveis, pouco prováveis ou muito prováveis. Procu-
re fazer sua lista com pelo menos um evento de cada tipo.
12 Com relação ao problema 11, verifique se são verdadeiras ou
falsas as afirmações a seguir e justifique no caderno.
10 Faça uma lista semelhante à do exercício anterior para: a) O espaço amostral dos eventos é {copas, espadas, ouros,
paus}.
a) um jogo de futebol.
b) Retirar uma figura (dama, valete ou rei) é um evento
b) uma viagem de carro.
simples.
c) um show de rock.
c) Sair um 2 de copas é um evento simples.
11 De um baralho comum com 52 cartas, retirou-se uma ao acaso. d) O evento certo é sair uma carta vermelha.
Indique: e) Retirar uma carta de copas é um evento impossível.

INVENTE VOCÊ
1 Elabore um problema como o 11 envolvendo o jogo de baralho.

PROBABILIDADE
Como vimos, quando se lança um dado, há 6 resultados possíveis, ou seja,
S 5 {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
Sendo o dado um cubo perfeito, não há razão para que um dos números saia mais
facilmente que outro. Todos têm a mesma probabilidade de sair na face superior.
Se Ana apostar que sairá 5 e Paulo disser que vai sair 4, nenhum deles estará em
vantagem, pois ambos terão 1 chance em 6 de acertar.
Dizemos, então, que a probabilidade de cada um deles acertar é de:

1 em 6 ou 1 ou 0,167 ou 16,7%
6

Admitiremos daqui para a frente que as chances de eventos simples ocorrerem em um


espaço amostral S (não vazio e finito) sejam iguais e chamaremos S de espaço de eventos
equiprováveis, para que possamos definir a probabilidade de um evento em S.
Seja um evento A de espaço amostral finito S (não vazio). A probabilidade de ocorrer o
evento A é a razão entre o número de elementos de A e o número de elementos de S.
Indicando por:
n(A) o número de elementos de A,
n(S) o número de elementos de S e
P(A) a probabilidade de ocorrer A,

n(A)
temos P(A) 5
vn(S)

Essa razão foi estabelecida pelo matemático e astrônomo francês Pierre Laplace (1749-
1827). Como consequência imediata da definição dessa razão, temos:

62 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 62 07/12/16 18:52


0 < P(A) < 1 ou 0% < P(A) < 100%

De fato, como [ , A , S, vem:

n([) < n(A) < n(S)

Dividindo os membros dessa dupla desigualdade por n(S), obtemos:

0 < n(A) < n(S) ⇒ 0 < P(A) < 1


n(S) n(S) n(S)

Nos casos extremos, em que:


a probabilidade é 0, o evento nunca ocorre nesse experimento, é um acontecimento
impossível;
a probabilidade é 1, o evento ocorre sempre nesse experimento, é um evento certo.

Exemplos:
a) Jogando um dado e observando a face de cima, temos S 5 {1, 2, 3, 4, 5, 6}, n(S) 5 6 e a
probabilidade dos seguintes eventos:
A: obtenção de face de número par ⇒ A 5 {2, 4, 6}, n(A) 5 3.
1o dado
1 2 3 4 5 6
Logo, P(A) 5 n(A) 5 3 ⇒ P(A) 5 1 5 50%.
o
2 dado
n(S) 6 2
B: obtenção de face de número menor que 5 ⇒ B 5 {1, 2, 3, 4}, 1 (1, 1) (1, 2) (1, 3) (1, 4) (1, 5) (1, 6)
n(B) 5 4. 2 (2, 1) (2, 2) (2, 3) (2, 4) (2, 5) (2, 6)

Logo, P(B) 5 n(B) 5 4 ⇒ P(B) 5 2 > 67%. 3 (3, 1) (3, 2) (3, 3) (3, 4) (3, 5) (3, 6)
n(S) 6 3 4 (4, 1) (4, 2) (4, 3) (4, 4) (4, 5) (4, 6)
C: obtenção da face de número 6 ⇒ C 5 {6}, n(C) 5 1.
5 (5, 1) (5, 2) (5, 3) (5, 4) (5, 5) (5, 6)
Logo, P(C) 5 n(C) 5 1 ⇒ P(C) 5 1 > 17%.
n(S) 6 6 6 (6, 1) (6, 2) (6, 3) (6, 4) (6, 5) (6, 6)
D: obtenção da face de número zero ⇒ D 5 [, n(D) 5 0.
Logo, P(D) 5 n(D) 5 0 ⇒ P(D) 5 0 (evento impossível) 5 0%.
n(S) 6
b) Jogando 2 dados, simultaneamente, temos o espaço amostral organizado no quadro ao
lado, com n(S) 5 36 e a probabilidade dos seguintes eventos:
A: obtenção de soma 5 ⇒
⇒ A 5 {(4, 1), (3, 2), (2, 3), (1, 4)}, n(A) 5 4.
Logo, P(A) 5 n(A) 5 4 ⇒ P(A) 5 1 > 11%.
n(S) 36 9
B: obtenção de números iguais ⇒
⇒ B 5 {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 4), (5, 5), (6, 6)}, n(B) 5 6.
Logo, P(B) 5 n(B) 5 6 ⇒ P(B) 5 1 > 17%.
n(S) 36 6 No portal do professor
c) Voltando ao sorteio da Mega-Sena do início desta unidade, podemos afirmar que a do MEC, há dois links de
1 1 jogos virtuais para você
probabilidade de acertar a sena com uma aposta simples é de 5 ,
1 2
60 50 063 860 compreender melhor o MATEMÁTICA
ou seja, bem pouco provável.
6 conceito de probabilidade.
Acesse ,http://
É importante perceber que a probabilidade é uma medida de tendência, e não de certeza. portaldoprofessor.mec.gov.
No primeiro evento exemplificado no item a, espera-se que a cada duas jogadas saia um br/storage/recursos/917/
número par, mas não se pode garantir que isso ocorra. No entanto, se o dado for perfeito
probabilidades/mat5_ativ1.
e o jogarmos muitas vezes, a tendência 1 : 2 se revelará e isso significa que há 50% de
htm. e mãos à obra!
chance de obtermos face par.

Estatística, Contagem e Probabilidade 63

Book_MAT2_CAD6.indb 63 07/12/16 18:52


EXERCÍCIO RESOLVIDO

1 Uma urna contém 6 bolas vermelhas e 4 pretas. Retirando- plo da quantidade pescada por Cláudio. Fernando pescou
-se ao acaso uma bola, qual é a probabilidade de ela ser: duas vezes mais trutas do que carpas, enquanto Cláudio
a) vermelha? pescou quantidades iguais de carpas e trutas. Os peixes fo-
b) preta? ram todos jogados em um balaio e uma truta foi escolhida ao
Se for possível, realize com os alunos uma acaso desse balaio.
RESOLUÇÃO simulação desta atividade.
Determine a probabilidade de que esta truta tenha sido
a) Há 10 bolas na urna, sendo 6 vermelhas. Logo, a probabili- pescada por Fernando.
dade de sortearmos uma bola ao acaso e ela ser vermelha
é dada por: RESOLUÇÃO
6 3 Vamos indicar por n o número de peixes pescados por Cláu-
P(A) 5 5 5 60%
10 5 n n
b) Do mesmo modo, a probabilidade de sair uma bola preta dio, sendo trutas e carpas.
2 2
é dada por: Fernando pescou 3n peixes, sendo 2n trutas e n carpas. A
4 2 probabilidade de que uma truta escolhida ao acaso tenha
P(B) 5 5 5 40% sido pescada por Fernando é de:
10 5
2n 4
2 (UFRJ) Fernando e Cláudio foram pescar em um lago onde n
5
5
5 80%
só existem trutas e carpas. Fernando pescou, no total, o tri- 2n 1
2

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

13 Retome o problema 2. a)
1
. b)
1
. c)
1
. d)
1
. e)
1
.
a) Calcule a probabilidade de sair soma maior ou igual a 5 2 3 4 5 6
nos dados.
b) Calcule a probabilidade de sair soma 3. 19 Veja como Clarice, uma aluna do Ensino Médio, resolveu a
c) O que é maior: a probabilidade de sair soma 1 ou soma 12? questão.

d) Por que a probabilidade de sair soma 13 é zero? “0,7v 1 0,2p 5 0,3(v 1 p)


7v 1 2p 5 3v 1 3p
14 Tirando-se, ao acaso, uma carta de um baralho comum, de
52 cartas, qual é a probabilidade de sair um rei? 4v 5 p
Então, a probabilidade de sair bola preta é 4 vezes maior
15 No lançamento de um dado comum, descreva eventos que que a de sair bola vermelha; logo, a resposta correta é a
têm as probabilidades a seguir. alternativa c.”
1
a) c) 25% Você concorda com Clarice?
2
1 d) 1
b)
3 e)
5 20 Em um cubo com faces em branco, foram gravados os nú-
6 meros de 1 a 12, utilizando-se o seguinte procedimento: o
número 1 foi gravado na face superior do dado; em seguida,
16 Dois números naturais diferentes são selecionados do con-
o dado foi girado, no sentido anti-horário, em torno do eixo
junto de números naturais menores ou iguais a 5. Qual é a
indicado na figura a seguir, e o número 2 foi gravado na nova
probabilidade de que a soma dos dois números seja maior
face superior, conforme o esquema.
ou igual ao seu produto?
O procedimento continuou até que foram gravados todos
17 As notas de um teste aplicado a um grupo de alunos estão os números.
descritas no gráfico a seguir.
Observe que duas faces ficaram em branco.
Com base nesse gráfico, qual é a probabilidade de um aluno
escolhido ao acaso ter obtido uma nota superior a 6? Ao se jogar aleatoriamente o dado apresentado, qual é a
probabilidade de que a face sorteada tenha a soma máxima?
18 (UFPI) Uma urna contém somente bolas vermelhas e pretas. Se
somarmos 70% das bolas vermelhas com 20% das bolas pretas, 21 A tabela indica as apostas feitas por 5 amigos em relação ao
obteremos 30% do total de bolas da urna. A probabilidade de, resultado decorrente do lançamento de um dado, cuja planifi-
ao retirarmos uma bola dessa urna, esta ser vermelha é: cação está indicada na figura abaixo da tabela.

64 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 64 07/12/16 18:52


Ana Face branca ou número par. 23 Veja como Luís resolveu a questão anterior e corrija, caso
Bruna Face branca ou número 5. haja erros.
Carlos Face preta ou número menor que 2. K 5 cara; C 5 coroa
Diego Face preta ou número maior que 2. Espaço amostral: V 5 {(K,K); (K,C); (C,C)}
Érica Face branca ou número menor que 4.
Assim, a probabilidade de João lavar a louça será de P 5
1
5 33,3%. Quando corrigir problemas resolvidos
3 pelos alunos, ou mesmo avaliações,
Luís marcou alternativa d. escolha alguns erros para analisarem
coletivamente. Sugerimos não expor o
nome do autor do erro para preservá-
lo do julgamento dos colegas.

JOGOS
Se trocarmos o conectivo “ou” pelo conectivo “e” na aposta
de cada um, o jogador que terá maior redução em suas chan-
Na página 84, encontra-se um jogo denominado Role
ces de acertar o resultado, em decorrência dessa troca, será: os dados. Junte-se a um colega para jogá-lo, seguindo
estas etapas.
a) Ana. b) Bruna. c) Carlos.
d) Diego. e) Érica. a) Leiam as regras e vejam quem tem mais chance de
ganhar: o jogador A ou o B. Façam isso antes do jogo.
22 (UFPR) André, Beatriz e João resolveram usar duas moedas b) Após o jogo, construam um gráfico em barras em
comuns, não viciadas, para decidir quem irá lavar a louça do que constem as probabilidades de o jogador A e o B
jantar, lançando as duas moedas simultaneamente, uma única vencerem.
vez. Se aparecerem duas coroas, André lavará a louça; se apa- c) Analisem o gráfico e discutam na classe se esse é
recerem duas caras, Beatriz lavará a louça; e se aparecerem um jogo justo ou injusto e por quê.
uma cara e uma coroa, João lavará a louça. A probabilidade d) Modifiquem as regras do jogo de modo que ele se
de que João venha a ser sorteado para lavar a louça é de: torne um jogo "justo".
a) 25%. c) 30%. e) 50%.
b) 27,5%. d) 33,3%.

PARA SABER MAIS As respostas se encontram no final do caderno

Probabilidade experimental
Junte-se a um colega e realizem estas atividades.

1. Copiem no caderno a tabela a seguir, lancem uma moeda 20 vezes e anotem os resultados, usando ca para cara e co para coroa.

Lançamento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Resultado

A partir dos resultados obtidos, determinem a probabilidade experimental de sair cara no lançamento de uma moeda.

2. Copiem esta outra tabela, lancem a moeda 30 e 40 vezes e registrem os dados obtidos.

No de lançamentos No de ocorrências de cara Probabilidade experimental MATEMÁTICA


20
30
40

Observem os resultados obtidos por vocês e comparem com os dos colegas. Depois, escrevam suas conclusões no caderno.

Estatística, Contagem e Probabilidade 65

Book_MAT2_CAD6.indb 65 07/12/16 18:52


Experiências como essas, para verificação de probabilidade, foram realizadas por matemáticos há tempos. Assim como
você, alguns deles se propuseram a lançar uma moeda um certo número de vezes. Veja.
Georges-Louis Leclerc Buffon (1707-1788), um nobre francês, lançou uma moeda 4 040 vezes e observou 2 048 caras em seu
experimento.
O matemático sul-africano John Kerrich esteve preso durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse período, fez a experiência,
obtendo 5 067 caras em 10 000 lançamentos.
Há aproximadamente um século, uma moeda chegou a ser lançada 24 000 vezes por Karl Pearson, um estatístico inglês. Em seu
experimento, obteve 12 012 resultados cara.

3. Calculem a ocorrência, em porcentagem, do resultado cara nos experimentos realizados por Buffon, Kerrich e Pearson.

4. a) Respondam rápido: No lançamento simultâneo de 2 moedas, qual a probabilidade de ocorrer 2 caras?


b) Depois de responder à questão, façam o experimento efetuando 20 lançamentos. Copiem e completem a tabela a fim
de organizar seus registros.

Lançamento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Moeda 1
Moeda 2

PROBABILIDADE DE NÃO OCORRER UM EVENTO


Seja A um evento de espaço amostral S. O conjunto complementar de A em relação a S
é o conjunto dos elementos de S que não pertencem a A. É indicado por A ou CSA ou S 2 A.
A S
Em outras palavras, A é o evento “não ocorrer A”.

Como n(A) 1 n(A) 5 n(S), dividindo os dois membros por n(S), vem:
A
n(A) 1 n(A) 5 n(S) ⇒ n(A) 1 n(A) 5 1 ⇒ P(A) 1 P(A) 5 1 ⇒
P(A) 5 1 2 P(A)
n(S) n(S) n(S) n(S)

A representação de conjuntos com


diagramas de Euler-Venn auxiliará A probabilidade de não ocorrer um evento é igual
na compreensão das próximas a 1 menos a probabilidade de que ele ocorra.
definições relativas a probabilidades
de eventos que não ocorrem, ocorrem
simultaneamente ou acontecem de
forma excludente. Se necessário, Exemplo:
retome o texto sobre a linguagem
dos conjuntos e as definições que se No lançamento simultâneo de 2 dados, vamos calcular a probabilidade de obtermos
encontram no volume 1 (unidade 1) soma diferente de 11. Sabemos que n(S) 5 36.
desta coleção.
Seja A o evento “obtenção de soma 11” ⇒ A 5 {(5, 6), (6, 5)}, n(A) 5 2.

Logo, P(A) 5 n(A) 5 2 5 1 > 6% é a probabilidade de obtermos soma 11.


n(S) 36 18

O evento “soma diferente de 11” é A; temos, então:

P(A) 5 1 2 P(A) ⇒ P(A) 5 1 2 1 ⇒ P(A) 5 17


18 18

Portanto, a probabilidade de obtermos soma diferente de 11 é 17 > 94%.


18

66 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 66 07/12/16 18:52


As respostas se encontram no final do caderno
PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

24 Uma urna contém 6 bolas verdes, 5 azuis e 4 pretas. Calcule 26 Foram formados todos os anagramas da palavra SAPO. Sor-
a probabilidade de se extrair uma bola azul ou preta. teando um desses anagramas, calcule a probabilidade de ele
ser diferente de SOPA.
25 No lançamento simultâneo de 2 dados, calcule a probabilida-
de de aparecerem faces diferentes. 27 Retirando-se 3 cartas de um baralho comum, de 52 cartas,
qual é a probabilidade de sair pelo menos um ás?

PROBABILIDADE DA UNIÃO DE EVENTOS


Vamos retirar uma bola de uma urna que contém 20 bolas numeradas de 1 a 20 e
considerar os eventos A “obtenção de divisor de 16” e B “obtenção de divisor de 18”.

Temos, então:
S
espaço amostral: S 5 {1, 2, 3, …, 20};
n(S) 5 20; •5 •20 •17 •19
A 5 {1, 2, 4, 8, 16}, n(A) 5 5; •7
B 5 {1, 2, 3, 6, 9, 18}, n(B) 5 6. •3
•4
Note que existem elementos que satisfazem: •1 •6
A •8 B
•2 •9
apenas o evento A: 4, 8, 16; •16 •18
apenas o evento B: 3, 6, 9, 18;
o evento A e o evento B: 1, 2; •10
•11 •12 •13 •14 •15
o evento A ou o evento B: 4, 8, 16, 3, 6, 9, 18, 1, 2.

Sabemos que {1, 2} 5 A > B e {4, 8, 16, 3, 6, 9, 18, 1, 2} 5 A < B.

Podemos, então, dizer que:


a ocorrência do evento A e do evento B é dada por A > B;
a ocorrência do evento A ou do evento B é dada por A < B.

Vamos calcular P(A), P(B), P(A > B) e P(A < B):

P(A) 5 n(A) ⇒ P(A) 5 5 P(B) 5 n(B) ⇒ P(B) 5 6


n(S) 20 n(S) 20
n(A > B)
P(A > B) 5 ⇒ P(A ù B) 5 2
n(S) 20

n(A < B)
P(A < B) 5 ⇒ P(A < B) 5 9
n(S) 20
Esses resultados mostram que P(A < B) 5 P(A) 1 P(B) 2 P(A > B).
Para demonstrar essa relação, quaisquer que sejam os eventos A e B de um espaço
amostral S finito e não vazio, vale a igualdade:
MATEMÁTICA
n(A < B) 5 n(A) 1 n(B) 2 n(A > B)
Dividindo os membros dessa relação por n(S), obtemos:
n(A < B) n(A > B)
5 n(A) 1 n(B) 2
n(S) n(S) n(S) n(S)

P(A < B) 5 P(A) 1 P(B) 2 P(A > B)

Estatística, Contagem e Probabilidade 67

Book_MAT2_CAD6.indb 67 07/12/16 18:52


A probabilidade de ocorrer o evento A ou o evento B é igual à probabilidade de ocorrer
A mais a probabilidade de ocorrer B menos a probabilidade de ocorrer A e B.

Se A e B são conjuntos disjuntos, isto é, A > B 5 [, os eventos A e B são ditos


mutuamente exclusivos.
Nesse caso, como n(A > B) 5 0 e P(A > B) 5 0, vem P(A < B) 5 P(A) 1 P(B).

A B

EXERCÍCIO RESOLVIDO

3 Em uma comunidade de 1 000 habitantes, 400 são sócios de Temos:


um clube A, 300 de um clube B e 200 de ambos. Qual é a S 5 {A1, A2, A3, A4, V1, V2, V3, B1, B2}, n(S) 5 9
probabilidade de uma pessoa escolhida ao acaso ser sócia
A: retirada de bola amarela ⇒ A 5 {A1, A2, A3, A4}, n(A) 5 4
de A ou de B?
B: retirada de bola branca ⇒ B 5 {B1, B2}, n(B) 5 2
RESOLUÇÃO
Temos n(S) 5 1 000, n(A) 5 400, n(B) 5 300 e P(A) 5 n(A) ⇒ P(A) 5 4 > 44,4%
n(S) 9
n(A > B) 5 200.
P(B) 5 n(B) ⇒ P(B) 5 2 > 22,2%
Logo, P(A) 5 400 5 2 , P(B) 5 300 5 3 e n(S) 9
1 000 5 1 000 10 Como A > B 5 [, A e B são eventos mutuamente exclusi-
vos; logo:
P(A > B) 5 200 5 1 .
1 000 5 P(A < B) 5 P(A) 1 P(B) 5 4 + 2 = 6 ⇒
Portanto, P(A < B) 5 P(A) 1 P(B) 2 P(A > B) 5 9 9 9
5 2 1 3 2 1 5 1 1 3 5 5 ⇒ ⇒ P(A < B) 5 2 > 67,0%
5 10 5 5 10 10 3
Outro modo:
⇒ P(A < B) 5 1 5 50%.
2 Esse problema também pode ser resolvido pelo princípio da
probabilidade complementar, porque a probabilidade de a
4 Uma urna contém 4 bolas amarelas, 2 bolas brancas e 3 bo- bola retirada ser amarela ou branca é 1 menos a probabili-
las vermelhas. Retirando-se uma bola ao acaso, qual a pro- dade de ela ser vermelha:
babilidade de ela ser amarela ou branca?
1 2 3 5 1 2 1 5 2 > 67,0%
RESOLUÇÃO 9 3 3
Sejam A1, A2, A3 e A4 as bolas amarelas, B1 e B2 as brancas e Usamos uma ou outra resolução dependendo do que é mais
V1, V2 e V3 as vermelhas. fácil fazer. Às vezes, como nesse caso, é indiferente aplicar
qualquer uma das duas.

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

28 No lançamento de um dado, calcule a probabilidade de se a) 8 ou 11. b) par ou ímpar.


obter face de número par ou face de número menor que 3.
31 Retirando-se, ao acaso, uma carta de um baralho de 52 car-
29 De uma coleção de 8 livros de Matemática, 5 de Física e 7 de tas, qual é a probabilidade de sair uma carta de ouros ou um
Química, retirou-se um livro. Calcule a probabilidade de esse valete?
livro ser de Química ou de Física. Leia a questão da UFSCar e resolva apenas o item a.

30 Lançando-se, simultaneamente, 2 dados, calcule a probabili- 32 (UFSCar-SP — 2000) Um espaço amostral é um conjunto
dade de se obter soma: cujos elementos representam todos os resultados possíveis

68 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 68 07/12/16 18:52


de algum experimento. Chamamos de evento ao conjunto de P(B) 5 4 5 1
resultados do experimento correspondente a algum subcon- 12 3
junto de um espaço amostral.
a) Descreva o espaço amostral correspondente ao lançamento Resolução da Ellen
simultâneo de um dado e de uma moeda. Sejam
b) Determine a probabilidade de que no experimento des- Evento A1: sair cara na moeda,
crito ocorram os eventos: Evento A2: sair número par no dado,
Evento A: resulte cara na moeda e um número par no dado. Evento B1: sair cara,
Evento B: resulte 1 ou 5 no dado. Evento B2: sair coroa,
Evento B3: sair número 1 no dado,
33 Observe como Luís e Ellen resolveram o item b do problema
anterior e faça uma lista das semelhanças e diferenças entre Evento B4: sair número 5 no dado.
os dois modos de resolução. Como A1 e A2 mutuamente exclusivos, P(A1 ù A2) 5
Resolução do Luís 5 P(A1) · P(A2) 5 1 · 1 5 1
2 2 4
C: cara 1
Como P(A) 5 (A1 > A2) 5
c: coroa 4
A 5 {(C, 2), (C, 4), (C, 6)} P(B) 5 P(B1 < B2) > P(B3 < B4) 5
n(A) 5 3 1 1 1 1 1 1
5 1 · 1 51· 5
P(A) 5 3 5 1 2 2 6 6 3 3
12 4
Você acha que as explicações da UFSCar sobre espaço
B 5 {(C, 1), (C, 5), (c, 1), (c, 5)}
amostral e evento são úteis para quem resolve o problema?
n(B) 5 4 Por quê?

LER
PARA RESOLVER

Algumas vezes, os dados relacionados a probabilidades aparecem como porcentagens ou na forma de números
decimais. Como interpretar essas informações?
Leia o problema a seguir.

(Fatec-SP — 2009) O resultado de uma pesquisa publicada pelo jornal Folha de S.Paulo de 27 de julho de 2008 sobre
o perfil do jovem brasileiro mostra que 25% estudam e trabalham, 60% trabalham e 50% estudam. A probabilidade de
que um jovem brasileiro, escolhido ao acaso, não estude e não trabalhe é:
a) 10%. c) 20%. e) 30%.
b) 15%. d) 25%.

Quando se afirma que em 2008, 25% dos jovens brasileiros estudam e trabalham, não há referência ao número
de elementos do espaço amostral n(S) dos jovens brasileiros nem ao número de elementos (jovens) que estudam e
trabalham, n(A). No entanto, a razão 25% significa que a cada 100 jovens, 25 estudam e trabalham. Então:
25 n(A)
é equivalente a .
100 n(S)
Ou seja, a probabilidade de os jovens brasileiros estudarem e trabalharem é
1
P 5 25% 5 5 0,25, em 2008.
MATEMÁTICA
4
Como interpretar os valores 60% e 50% no texto?

Responda a essa questão e confira sua resolução com as dos colegas.


Utilize essa forma de relacionar probabilidade a dados em porcentagem e em números decimais na resolução dos
problemas 38, 44 e 45.

Estatística, Contagem e Probabilidade 69

Book_MAT2_CAD6.indb 69 07/12/16 18:52


PROBABILIDADE CONDICIONAL
Em uma turma de 2o ano do Ensino Médio, sabe-se que 40 alunos leem o jornal X, 46 o
jornal Y, 16 são leitores de ambos e 20 não leem nenhum dos dois.

X Y

16 30
24 S

20

Vamos calcular a probabilidade de:


a) um aluno dessa turma ler X e Y.
b) um aluno, que lê X, ser leitor de Y.
c) um aluno, que lê Y, ser leitor de X.
Notemos, inicialmente, que 24 leem apenas X e 30 leem apenas Y.
No caso a, o espaço amostral S é formado por todos os alunos dessa turma de 2o ano;
logo, n(S) 5 90 e:
n(X > Y) 16
P(X > Y) 5 ⇒ P(X > Y) 5
n(S) 90
No caso b, dentre os alunos que leem X, devemos destacar os que leem Y; logo, o espaço
amostral desse evento é X e a probabilidade citada é dada por:
n(X > Y) 16
5
n(X) 40
No caso c, dentre os alunos leitores de Y, devemos analisar os que leem X; logo, o
espaço amostral desse evento é Y e a probabilidade citada é dada por:
n(X > Y) 16
5
n(Y) 46
n(X > Y)
No caso b, a razão é chamada de probabilidade de Y condicionada ao evento
n(X)
X e é indicada por P(Y | X).
n(X > Y)
No caso c, a razão é chamada de probabilidade de X condicionada ao evento
n(Y)
Y e é indicada por P(X | Y).

Sejam A Þ [ e B Þ [ eventos de mesmo espaço amostral S.


A probabilidade de ocorrência de A condicionada a B (notação P(A | B)) é o número dado por:

n(A > B)
P(A | B) 5
n(B)

Chamamos essa relação de probabilidade condicional.

Podemos expressar P(A | B) em função de P(A > B) e de P(B).


n(A > B)
Dividindo o numerador e o denominador do 2o membro de P(A | B) 5 por n(S), vem:
n(B)
n(A > B)
n(S) P(A > B)
P(A | B) 5 ⇒ P(A | B) 5 P(B)
n(B)
n(S)

70 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 70 07/12/16 18:52


EXERCÍCIO RESOLVIDO

5 Ao se jogar um dado, verificou-se que foi obtida face com 6 No lançamento simultâneo de 2 dados, qual a probabilidade
número maior que 2. Qual é a probabilidade de esse número de aparecerem faces com números ímpares, com a condição
ser primo? de que a soma seja 8?

RESOLUÇÃO RESOLUÇÃO
Temos: Temos:
S 5 {1, 2, 3, 4, 5, 6} B: soma das faces igual a 8 ⇒ B 5 {(2, 6), (3, 5), (4, 4),
B: face com número maior que 2 ⇒ B 5 {3, 4, 5, 6}, n(B) 5 4 (5, 3), (6, 2)}, n(B) 5 5
A: face com número primo ⇒ A 5 {2, 3, 5} A: faces com números ímpares ⇒ A 5 {(1, 1), (1, 3), …, (5, 5)}
A > B 5 {3, 5}, n(A > B) 5 2 A > B 5 {(3, 5), (5, 3)}, n(A > B) 5 2
n(A > B)
Portanto, P(A | B) 5 ⇒ P(A | B) 5 2 ⇒ n(A > B)
n(B) 4 Portanto, P(A | B) 5 ⇒ P(A | B) 5 2 5 40%.
⇒ P(A | B) 5 1 5 50%. n(B) 5
2

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

34 No lançamento de um dado, calcule a probabilidade de se PESO


obter face com número divisível por 2, sabendo-se que esse PRESSÃO
número é diferente de 6. Excesso Normal Deficiente Total

Alta 0,10 0,08 0,02 0,20


35 (Ifal) Um casal planeja ter 4 crianças. A probabilidade de que
o casal tenha exatamente 3 meninos, dado que a primeira Normal 0,15 0,45 0,20 0,80
criança que nasceu é menina é:
Total 0,25 0,53 0,22 1,00
a) 1 c) 1 e) 1
4 3 5
Com base nesses dados, considere as afirmativas:
b) 1 d) 1
8 2 1. A probabilidade de uma pessoa escolhida ao acaso nesse
grupo ter pressão alta é de 0,20.
36 De um total de 100 alunos que se destinam aos cursos de 2. Se se verifica que uma pessoa escolhida ao acaso, nesse
História, Letras e Pedagogia, sabe-se que: grupo, tem excesso de peso, a probabilidade de ela ter
30 destinam-se a História e, destes, 20 são do sexo femi- também pressão alta é de 0,40.
nino; 3. Se se verifica que uma pessoa escolhida ao acaso, nesse
o total de alunos do sexo masculino é 50, dos quais 10 se grupo, tem pressão alta, a probabilidade de ela ter tam-
destinam a Letras; bém peso normal é de 0,08.
10 moças destinam-se ao curso de Pedagogia. 4. A probabilidade de uma pessoa escolhida ao acaso nesse
Sorteando-se, ao acaso, um aluno desse grupo, qual é a grupo ter pressão normal e peso deficiente é de 0,20.
probabilidade: Assinale a alternativa correta.
a) de que ele se destine ao curso de Letras, sabendo-se que a) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
é do sexo masculino? b) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
b) de que ele se destine ao curso de História, sabendo-se c) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
que é do sexo feminino? d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
c) de que seja do sexo feminino, sabendo-se que se destina e) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. MATEMÁTICA
ao curso de História?
39 Humberto resolveu o problema a seguir cometendo alguns
37 Ao se retirar uma carta de um baralho de 52 cartas, verifi- erros. Encontre esses erros e corrija-os.
cou-se que ela era de espadas. Qual é a probabilidade de que
seja uma dama ou um ás? Em uma turma do Ensino Médio, 20 alunos praticam fu-
tebol, 23 praticam basquete, 8 praticam os dois esportes
38 (UFPR) Um grupo de pessoas foi classificado quanto ao peso e 10 não praticam nenhum deles.
e à pressão arterial, conforme mostrado no quadro a seguir. a) Qual é a probabilidade de um aluno que pratica futebol ser

Estatística, Contagem e Probabilidade 71

Book_MAT2_CAD6.indb 71 07/12/16 18:52


praticante de basquete?
b) Qual é a probabilidade de um aluno que pratica basquete “A partir dos dados, apenas 12 alunos praticam somente
ser praticante de futebol? futebol e 15 praticam somente basquete. E a turma tem, no
Veja a resolução de Humberto. total, 45 alunos.
Seja x o evento correspondente ao aluno jogar futebol e y
10 o evento correspondente ao aluno jogar basquete, então:
n(x) 5 12 e n(y) 5 15 e n(x > y) 5 8.
Assim:
15 8 12 8
a) P(x | y) 5 > 66,6%.
12
8
y x b) P(y | x) 5 > 53,3%.”
15

ANOTAÇÕES

Antes de iniciar a leitura deste trecho,


reúna os alunos em duplas e proponha PROBABILIDADE DA INTERSECÇÃO DE EVENTOS
o problema das fichas brancas e azuis.
Após finalizarem o trabalho, leia com Em um saco há 4 fichas brancas e 6 azuis. Qual é a probabilidade de retirarmos,
a classe o trecho e discutam a maneira sucessivamente, uma ficha branca e outra azul, com reposição?
como as duplas trabalharam para
chegar à solução. Assim, ampliarão No saco estão 10 fichas para a primeira retirada; logo, há 4 possibilidades de
o conhecimento a respeito de retirarmos uma ficha branca. Colocando novamente a ficha no saco, na segunda
probabilidade.
retirada teremos as 10 fichas outra vez, e 6 possibilidades de sair ficha azul. Temos,
então:

4 ? 6 5 24 possibilidades de sair ficha branca na primeira retirada e azul na segunda;


10 ? 10 5 100 possibilidades de retirar a primeira ficha (10) e de retirar a segunda ficha (10).

A probabilidade de retirarmos uma ficha branca e uma azul sucessivamente com


reposição da primeira ficha é:
P 5 24 5 24%
100

Note que a probabilidade de sair ficha branca na primeira retirada é de 4 5 40%, a de


10
sair ficha azul na segunda retirada é de 6 5 60% e que 4 · 6 5 24 5 24%.
10 10 10 100

Desse modo, a probabilidade de sair ficha branca na primeira retirada e azul na segunda
é igual ao produto das probabilidades de cada condição. Isso ocorre porque as exigências

72 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 72 07/12/16 18:52


feitas são independentes, ou seja, sair ficha branca ou ficha azul na primeira retirada não
influencia os possíveis resultados da segunda retirada.
De modo geral:

Se dois eventos, A e B, que ocorrem em um mesmo espaço amostral, são independentes


entre si (a ocorrência de um não influi na ocorrência do outro), a probabilidade de
ocorrência de A e B é igual ao produto das probabilidades de cada um desses eventos.

P(A > B) 5 P(A) · P(B)

Exemplo:
Jogando-se um dado e uma moeda, vamos calcular a probabilidade de sair face de
número menor que 3 no dado e face cara na moeda.
Sejam os eventos:

A: obter face de número menor que 3;


B: obter face cara.

A e B são independentes um do outro.

P(A) 5 2 5 1 P(B) 5 1
6 3 2

Portanto, P(A > B) 5 P(A) · P(B) 5 1 · 1 ⇒ P(A > B) 5 1 .


3 2 6

Se dois eventos, A e B, não são independentes, a probabilidade da intersecção deve ser


calculada diretamente. Nesse caso, a fórmula acima não é válida. Isso pode ser observado
na situação a seguir.

Em um grupo de 100 pessoas, 40 delas são loiras, 30 usam óculos e 20 são loiras e
usam óculos.

No espaço amostral dessas 100 pessoas, os eventos A “pessoa loira” e B “pessoa que
usa óculos” não são independentes. Assim, temos:

P(A > B) 5 20 P(A) 5 40 P(B) 5 30 , com P(A > B) Þ P(A) ? P(B)


100 100 100

É importante observar que essa fórmula para calcular P(A > B) não é verdadeira
quando os eventos não são independentes. Por exemplo, admita a situação a seguir para
o lançamento de um dado.

Vamos chamar de A o evento de sair um resultado par A 5 {2, 4, 6} e de B o evento de


se obter resultado maior que 3, B 5 {4, 5, 6}. MATEMÁTICA

P(A) 5 3 5 1 P(B) 5 3 5 1
5 2 6 2

A > B corresponde ao resultado no dado ser par e maior do que 3, A > B 5 {4, 6}; logo,
P(A > B) 5 2 5 1 .
6 3
Nesse caso, P(A > B) Þ P(A) · P(B).

Estatística, Contagem e Probabilidade 73

Book_MAT2_CAD6.indb 73 07/12/16 18:52


As respostas se encontram no final do caderno
PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

40 Uma caixa contém 3 válvulas defeituosas e 7 perfeitas. veio a resposta de que não previam chuvas para o domingo
Retirando-se sucessivamente 2 válvulas da caixa (sem re- e que, normalmente, acertavam 3 vezes em cada 4.
posição), calcule a probabilidade de as 2 válvulas serem: Qual é a probabilidade de que realmente não chova e o al-
a) defeituosas. b) perfeitas. moço da família Viana seja um êxito, pelo menos do ponto
de vista meteorológico?
41 Uma urna A contém 3 bolas brancas e 2 azuis e uma urna B
contém 4 bolas vermelhas e 5 pretas. Retirando-se uma bola 44 Em certo país, uma pesquisa realizada recentemente por
de cada urna, calcule a probabilidade de saírem uma bola médicos geriatras indica que 36% de todos os homens e
branca e uma preta. 40% de todas as mulheres viverão até 80 anos de idade.
a) Qual a probabilidade de que os 4 avós de uma pessoa
42 No lançamento de 2 dados, calcule a probabilidade de obter- cheguem aos 80 anos de idade?
mos face 5 em um dado e face par no outro. b) Qual a probabilidade de que exatamente 3 dos 4 avós de
uma pessoa vivam até os 80 anos de idade?
43 A família Viana quer organizar um grande almoço ao ar livre
no próximo domingo, mas, claro, precisa ter algumas garan- c) Qual a probabilidade de que um casal de avós, do mesmo
tias de que não vai chover nesse dia. Resolveram por isso ramo familiar, chegue até os 80 anos de idade?
telefonar para o Serviço Meteorológico. De lá informaram d) Qual a probabilidade de que nenhum dos avós viva até
que a previsão era de que não iria chover no domingo e que, os 80 anos de idade?
em média, eles acertavam 4 vezes em cada 5. Ficaram ani- e) Qual a probabilidade de que pelo menos um dos avós viva
mados, apesar da dúvida. De repente, a filha lembrou-se de até os 80 anos de idade?
que existia um serviço privado que fazia análises meteoro- f) Por que as respostas de a até e não totalizam 1,00?
lógicas por um sistema diferente. Novo telefonema e de lá

PROBABILIDADE E CONTAGEM
Até aqui foi possível descrever o espaço amostral e os conjuntos dos eventos, ou foi
possível contar diretamente o número de elementos desses conjuntos. No entanto, nem
sempre isso é possível e, nestes casos, temos de recorrer à Análise Combinatória para
calcular probabilidades. Vamos ver isso nos problemas a seguir.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Oriente os alunos para que façam a análise sugerida para cada exercício resolvido desta sequência e depois possibilite a troca das análises realizadas.
pelas 10 bolas consideradas individualmente, pois a retirada
Analise o modo de resolução de cada problema desta é feita em blocos de 2 bolas. Assim:
sequência, identificando:
n(S) 5 C10, 2 ⇒ n(S) 5 45
a escolha feita pelo resolvedor;
o que, no enunciado do exercício, pode ter levado o a) A 2 obter 2 bolas vermelhas
resolvedor a optar por arranjo, permutação ou com-
binação; n(A) 5 C6, 2 ⇒ n(A) 5 15
em qual momento a probabilidade entrou na resolução. n(A) 15 1
Logo, P(A) 5 ⇒ P(A) 5 ⇒ P(A) 5 > 33,3%.
n(S) 45 3

7 Uma urna contém 6 bolas vermelhas e 4 bolas brancas. Reti- b) B 2 obter 2 bolas brancas
rando-se, simultaneamente, 2 bolas, calcule a probabilidade de:
n(B) 5 C4, 2 ⇒ n(B) 5 6
a) ambas serem vermelhas b) ambas serem brancas.
n(B) 6 2
Logo, P(B) 5 ⇒ P(B) 5 ⇒ P(B) 5 > 13,3%.
RESOLUÇÃO n(S) 45 15
É importante notar que o espaço amostral S não é formado
8 Uma caixa contém 10 etiquetas diferentes, sendo 4 com uma

74 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 74 07/12/16 18:52


letra em cada e 6 com um algarismo em cada. Novas etique- n(A) 72 1
Portanto, P(A) 5 ⇒ P(A) 5 ⇒ P(A) 5 5 10%.
tas serão formadas agrupando-se as 10 etiquetas de 2 em 2. n(S) 720 10
Calcule a probabilidade de uma etiqueta nova:
11 Dois prêmios serão sorteados entre 10 pessoas,
a) ter 2 letras. b) ter 2 algarismos. sendo 7 mulheres e 3 homens. Admitindo que uma pessoa
não possa ganhar os dois prêmios, responda às questões.
RESOLUÇÃO
a) Qual a probabilidade de que os dois ganhadores sejam
O espaço amostral é formado pelos agrupamentos, 2 a 2, homens?
das 10 etiquetas, com a ordem dos elementos influindo na
b) Qual a probabilidade de que ao menos uma mulher receba
contagem. Assim:
um prêmio?
n(S) 5 A10, 2 ⇒ n(S) 5 90
a) A — formar etiquetas com 2 letras RESOLUÇÃO
O espaço amostral é formado por todos os grupos de 2
n(A) 5 A4, 2 ⇒ n(A) 5 12 10
pessoas entre as 10, ou seja, n(S) 5 C10, 2 5
n(A) 12 2 2
Portanto, P(A) 5 ⇒ P(A) 5 ⇒ P(A) 5 > 13,3%. 10 3 9
n(S) 90 15 10!
n(S) 5 5 5 45
8! 2! 2!
b) B — formar etiquetas com 2 algarismos Então, os prêmios podem ser distribuídos de 45 maneiras
n(B) 5 A6, 2 ⇒ n(B) 5 30 diferentes.
a) Seja A o evento de que os 2 ganhadores sejam homens,
n(B) 30 1 o número de grupos com 2 homens entre os 3 possíveis
Portanto, P(B) 5 ⇒ P(B) 5 ⇒ P(B) 5 > 33,3%.
n(S) 90 3 ganhadores é
3
9 Com 5 engenheiros e 4 físicos serão formadas comissões de n(A) 5 C3, 2 5
2
5 3.
5 pessoas. Calcule a probabilidade de uma dessas comissões
ser formada por 3 engenheiros e 2 físicos. Logo, a probabilidade de que os prêmios saiam para
2 homens é
RESOLUÇÃO n(A) 3 1
5 5
O espaço amostral S é formado pelas comissões de 5 ele- n(S) 45 15
mentos escolhidos entre os 9 profissionais. Logo:
b) Seja B o evento de que ao menos uma mulher seja ga-
n(S) 5 C9, 5 ⇒ n(S) 5 126 nhadora de um prêmio. B corresponde a não acontecer
Chamemos de A a comissão com 3 engenheiros e 2 físicos: A, ou seja, B acontece quando os dois ganhadores não
n(A) 5 C5, 3 · C4, 2 ⇒ n(A) 5 60 são homens.
n(A) 60 10 1 14
Portanto, P(A) 5 ⇒ P(A) 5 ⇒ P(A) 5 . Logo, P(B) 5 1 2 P(A) 5 1 2 5 .
n(S) 126 21 15 15
Observe que há outras maneiras de resolver o item b sem
10 (PUC-SP) Três crianças do sexo masculino e três do sexo femi- usar a probabilidade de não ocorrer A, calculando-se n(B)
nino são chamadas ao acaso para submeterem-se a um exame diretamente, de uma das seguintes formas:
biométrico. Qual é a probabilidade de serem chamadas, alter-
nadamente, crianças de sexos diferentes? n(B) 5 45 2 n(A), pois os casos de pelo menos uma mulher
ganhadora são todos do espaço amostral, exceto aqueles
RESOLUÇÃO em que os dois ganhadores são homens.
É usual o símbolo: 42 14
O espaço amostral é constituído pe- n(B) 5 42 e P(B) 5 5
para mulher, 45 15
las permutações dessas 6 crianças.
para homem.
n(S) 5 P6 ⇒ n(S) 5 720 n(B) é a soma dos casos em que uma mulher entre 7 é
ganhadora com um homem mais os casos em que 2 mu-
O evento A é formado pelas permutações com crianças de
lheres são ganhadoras.
sexos diferentes dispostas alternadamente.

7 7 7! 7!
n(B) 5 3 · 1 53· 1 5 3 · 7 1 21 5 42,
. 1 2 6! 1! 5! 2! MATEMÁTICA
ou 42 14
que resulta novamente em P(B) 5 5 .
45 15
.
O item b mostra a simplificação possível na resolução,
Em cada uma dessas possibilidades, temos P3 · P3; logo: usando-se a probabilidade de um evento não ocorrer, e ao
n(A) 5 2 · P3 · P3 ⇒ n(A) 5 72. mesmo tempo destaca a contagem como importante recurso
na resolução de problemas de probabilidade.

Estatística, Contagem e Probabilidade 75

Book_MAT2_CAD6.indb 75 07/12/16 18:52


Escolha alguns problemas desta sequência para analisar com os alunos e estimule-os a argumentar sobre
como e por que usaram uma determinada forma de resolução.
As respostas se encontram no final do caderno
PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

48 Para fazer uma aposta na Mega-Sena, deve-se escolher, no


Ao resolver cada problema desta sequência, faça uma análise mínimo, 6 dezenas e, no máximo, 15 dezenas em um espaço
como a realizada para a última seção ER. Em caso de dúvidas, amostral {01, 02, 03, 04, 05, ..., 59, 60}. A Caixa Econômica
volte a ler aqueles exercícios e suas resoluções. Federal sorteia 6 dezenas distintas e premia as apostas que
contêm 4 (quadra), 5 (quina) ou 6 (sena) das dezenas sortea-
das. Uma sena é um conjunto de 6 números escolhidos de 1 a
45 Em uma cidade de 100 000 habitantes, fez-se um estudo para 60. Calculando o total de combinações possíveis para as seis
saber qual era a distribuição dos diversos grupos sanguí- dezenas em cada sorteio teremos 50 063 860 possibilidades.
neos. Foram feitas análises com 1 000 pessoas e obtidos os (Confira!)
resultados a seguir.
Vamos ver como calcular a probabilidade de alguém ser
sorteado com uma quadra em uma aposta mínima (a de 6
Grupo sanguíneo A B AB O dezenas). Para ganhar uma quadra, o apostador precisa que
o
N de pessoas 350 116 22 512 4, das 6 dezenas nas quais aposta, sejam sorteadas e as 2
outras devem estar entre as 54 dezenas restantes.
a) Com essas informações, é possível saber a probabilidade 6
As 4 dezenas podem ser escolhidas de 5 15 maneiras e
exata de encontrarmos uma pessoa com sangue do tipo 4
as outras duas,
B? Por quê?
b) Ao escolhermos uma pessoa ao acaso na cidade, quais 54
5 1 431 maneiras. Portanto, há 15 · 1 431 5 21 465 possi-
das seguintes afirmações seriam verdadeiras em relação 2
a ela?
bilidades que dariam o prêmio da quadra para o apostador. O
A probabilidade de ter sangue do tipo A é de aproximada-
mente 30%. que corresponde a uma probabilidade de se ganhar a quadra
A probabilidade de ter sangue do tipo A é de 35%. 21 465
na Mega-Sena de , com uma aposta de 6 dezenas.
50 063 860
A probabilidade de ter sangue AB é de cerca de 2%. Agora é com você.
A probabilidade de não ter sangue do tipo O é de 51,2%.
a) Faça os cálculos para ver a probabilidade de um apostador
acertar a quina ou a sena com apenas uma aposta de 6
46 Um cofre tem 3 rodas na fechadura, sendo que cada uma dezenas.
delas tem 16 letras que vão de A até Q.
b) Use o que aprendeu para comentar a frase: “Para acertar
a) Escolhendo uma letra de cada roda, quantos são os có-
na Mega-Sena com uma única aposta, tem que ter muita
digos possíveis?
fé!”.
b) Uma pessoa esqueceu-se do segredo, mas sabe que as letras
c) Use o que aprendeu para analisar se é verdade que um
da primeira e da última roda são vogais diferentes e que a da
jogador que aposte 15 dezenas aumenta muito as suas
segunda é consoante. Quantos são os códigos que satisfazem
chances de ganhar na Mega-Sena.
essa condição?
c) Qual é a probabilidade de essa pessoa acertar já na pri- 49 (Fuvest-SP)
meira tentativa?
a) Dez meninas e seis meninos participarão de um torneio
47 (UFF-RJ) Dado um conjunto A, o conjunto das partes de A, de tênis infantil. De quantas maneiras distintas essas 16
denotado por P(A), é o conjunto cujos elementos são todos crianças podem ser separadas nos grupos A, B, C e D,
os subconjuntos de A. cada um deles com 4 jogadores, sabendo que os grupos
A e C serão formados apenas por meninas e o grupo B,
Se A tem 10 elementos, determine:
apenas por meninos?
a) o número de subconjuntos de A que possuem exatamente
b) Acontecida a fase inicial do torneio, a fase semifinal terá
dois elementos;
os jogos entre Maria e João e entre Marta e José. Os
b) a probabilidade de que, ao se escolher aleatoriamente um vencedores de cada um dos jogos farão a final. Dado que a
elemento de P(A), esse seja um subconjunto de A com 3
exatamente dois elementos. probabilidade de um menino ganhar de uma menina é ,
5
calcule a probabilidade de uma menina vencer o torneio.

INVENTE VOCÊ
2 Elabore um problema como o 46 envolvendo segredos de cofre com números.

76 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 76 07/12/16 18:52


DISTRIBUIÇÃO BINOMIAL
Quando repetimos um experimento várias vezes, de maneira independente uma da
outra, a probabilidade de que ocorra o evento desejado em uma, duas ou em todas as
vezes em que o experimento se realiza é calculada pelo que chamamos de lei binomial das
probabilidades.
Vamos, inicialmente, analisar o problema a seguir.
Lançando-se um dado 7 vezes, calcule a probabilidade de se obter 4 vezes a face de
número 5.
Seja A o evento “ocorrer a face de número 5”; então, o evento “ocorrer a face de número
diferente de 5” é o complementar A. Temos:
1
> 16,7%
P(A) 5
6
5
P(A) 5 1 2 P(A) ⇒ P(A) 5 > 83,3%
6
Veja uma das possibilidades de se obter 4 vezes a face 5 em 7 lançamentos:
no 1o lançamento aparece face 5 (A);
no 2o lançamento aparece face diferente de 5 (A);
no 3o lançamento aparece face diferente de 5 (A);
no 4o lançamento aparece face 5 (A);
no 5o lançamento aparece face 5 (A); 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
no 6o lançamento aparece face diferente de 5 (A);
no 7o lançamento aparece face 5 (A).
Esquematicamente, temos:

Lançamento 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
Evento A A A A A A A
1 5 5 1 1 5 1
Probabilidade
6 6 6 6 6 6 6

Então, a probabilidade de ocorrer essa possibilidade é:


4

1 2 · 1 65 2
3
1
P(A) · P(A) · P(A) · P(A) · P(A) · P(A) · P(A) 5 [P(A)]4 · [P(A)]3 5
6
Algumas das outras possibilidades são:

Lançamento 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
Evento A A A A A A A
1 1 1 1 5 5 5
Probabilidade 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
6 6 6 6 6 6 6

Lançamento 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
Evento A A A A A A A
1 1 1 5 5 5 1 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
Probabilidade
6 6 6 6 6 6 6

Lançamento 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
MATEMÁTICA
Evento A A A A A A A
5 5 5 1 1 1 1 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
Probabilidade
6 6 6 6 6 6 6

Notamos, então, que cada possibilidade de ocorrer o evento A 4 vezes em 7 jogadas é


dada por [P(A)]4 · [P(A)]3.

Para calcularmos o número de possibilidades de ocorrer 4 vezes o evento A em 7

Estatística, Contagem e Probabilidade 77

Book_MAT2_CAD6.indb 77 07/12/16 18:52


7
jogadas, basta colocar A em 4 das 7 posições, o que pode ser feito de maneiras.
4
Portanto, a probabilidade de o evento A ocorrer 4 vezes em 7 jogadas é dada por:
4

1 2 1 2,
3
7 7 1 5
[P(A)]4 · [P(A)]3 5
4 4 6 6
que é um dos termos do desenvolvimento do binômio de Newton:

[P(A) 1 P(A)]7

Daí a denominação distribuição binomial de probabilidades.


De modo geral, podemos dizer que:

Se, em cada uma das n tentativas de um experimento aleatório, a probabilidade de ocorrer


um evento A é P(A), então a probabilidade de ocorrer p vezes o evento A nas n tentativas é:

n [P(A)]p [P(A)]n – p
p

onde p < n e A é o evento complementar de A.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

12 Em uma prova de 20 testes com 5 alternativas cada um, P(A) 5


1
e P(A) 5 1 2 P(A) 5 1 2
1
5
4
das quais uma única atende às condições do teste, calcule a 5 5 5
probabilidade de um aluno acertar a metade se ele “chutar”
todos os testes. Nos 20 testes, a probabilidade de um aluno acertar 10 é:

RESOLUÇÃO 20 20 1
10
4
10

[P(A)]10 [P(A)]20 2 10 5 > 0,2%.


Em cada teste, se A é o evento “acertar”, A é o evento 10 10 5 5
“errar”.

As respostas se encontram no final do caderno


PROBLEMAS E EXERCÍCIOS

50 Um dado é lançado 5 vezes. Calcule a probabilidade de se 52 Uma prova consta de 40 questões do tipo verdadeiro ou fal-
obter 3 vezes a face de número 4. so. Se um aluno “chutar” todas as questões, qual é a proba-
bilidade de ele acertar 20?
51 Um casal planeja ter 8 filhos. Qual a probabilidade de:
a) 3 serem do sexo masculino? 53 Uma urna contém 4 bolas vermelhas e 2 brancas. Depois de
retiradas 8 bolas, uma de cada vez, com reposição, qual a
b) 4 serem do sexo feminino?
probabilidade de ter aparecido 3 vezes uma bola branca?

ANOTAÇÕES

78 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 78 07/12/16 18:52


SAIA DESSA As respostas se encontram no final do caderno

1 José guarda suas meias e luvas em uma mesma gaveta do seu armário. Ele tem 6 pa-
res de meias azuis, 5 pares de meias verdes, 4 pares de luvas pretas e 3 pares de luvas
cinza. Infelizmente, a gaveta está bastante desarrumada e as várias peças estão todas
misturadas. Certa manhã de inverno, estava ainda escuro e faltou luz. José precisava de
um par de meias e outro de luvas, mas, devido ao frio, tinha as mãos congeladas e não
conseguia distinguir uma meia de uma luva. Qual é o mínimo de peças que ele tem de
tirar da gaveta para ter a certeza de que pegou um par de meias iguais e um par de luvas
da mesma cor?

2 As figuras de A até E representam alvos de um jogo de dardos.

A B C D E

Os pontos nesse jogo são marcados de acordo com estas regras.


1 ponto para quem acerta o dardo dentro de um círculo.
nenhum ponto para quem acerta o dardo dentro do quadrado, mas fora de um círculo.
Se o dardo é atirado fora do quadrado, pode-se jogá-lo mais uma vez.
Nessas condições, qual dos 5 alvos você escolheria para jogar? Como você justifica sua
resposta matematicamente?

3 Um elevador panorâmico tem capacidade para 18 adultos ou 24 crianças. Se 8 crianças


já estiverem no elevador, qual é o número máximo de adultos que ainda podem entrar?

As respostas se encontram no final do caderno PARA RECORDAR

1 A despesa mensal de uma empresa, contando com os en- aberta uma licitação na qual concorreram duas empresas.
n A primeira cobrou R$ 100.000,00 por km construído (n),
cargos sociais, é dada pela função D(n) 5 20 1 , onde D acrescidos de um valor fixo de R$ 350.000,00, enquanto
10
é a despesa em milhares de reais e n é o número de funcio- a segunda cobrou R$ 120.000,00 por km construído (n),
acrescidos de um valor fixo de R$ 150.000,00. As duas
nários. empresas apresentam o mesmo padrão de qualidade dos
a) Qual será a despesa dessa empresa quando ela chegar serviços prestados, mas apenas uma delas poderá ser
a ter 200 funcionários? contratada.
b) Qual será o número de funcionários quando a despesa Do ponto de vista econômico, qual equação possibilitaria
for de R$ 100.000,00? encontrar a extensão da rodovia que tornaria indiferente
para a prefeitura escolher qualquer uma das propostas
2 Uma mercadoria, cujo preço de tabela é de R$ 800,00, é ven- apresentadas?
dida à vista com desconto de x% ou em 2 parcelas iguais de a) 100n + 350 = 120n + 150
R$ 400,00, sendo a primeira no ato da compra e a segunda
um mês após a compra. Suponha que o comprador dispõe b) 100n + 150 = 120n + 350
do dinheiro necessário para pagar à vista e que ele sabe que c) 100(n + 350) = 120(n + 150)
a diferença entre o preço à vista e a primeira parcela pode d) 100(n + 350 000) = 120(n + 150 000)
ser aplicada no mercado financeiro a uma taxa de 1,5% ao
mês. Nessas condições: e) 350(n + 100 000) = 150(n + 120 000) MATEMÁTICA
a) se x 5 15, será vantajosa para ele a compra a prazo?
Explique. 4 Um agricultor quer construir um canal de irrigação que leve
a água da nascente N até o ponto A.
b) qual é o valor de x que torna indiferente comprar à vista
ou a prazo? Explique. Pediu, então, que um agrimensor calculasse a distância d
para que ele pudesse comprar o encanamento. Qual foi a
3 (ENEM) O prefeito de uma cidade deseja construir uma medida encontrada pelo agrimensor?
rodovia para dar acesso a outro município. Para isso, foi

Estatística, Contagem e Probabilidade 79

Book_MAT2_CAD6.indb 79 07/12/16 18:52


ferente mede 15°. Quanto mede cada um dos ângulos

Rodval Matias
N iguais?
c) Em um triângulo, um dos ângulos agudos mede 60°.
Quanto mede o outro ângulo agudo?
d) Pode existir um triângulo retângulo em que os doisângu-
d
los agudos meçam 35° e 56°? Por quê?

ANOTAÇÕES
113°
34° B
A
100 m
Você já deve ter aprendido que a soma das medidas dos
ângulos internos de um triângulo qualquer é 180°. Use essa
propriedade e resolva os problemas a seguir.
5 Quanto mede(m):
a) o terceiro ângulo de um triângulo acutângulo em que os
outros ângulos medem 60° e 65°?
b) os ângulos de um triângulo retângulo em que um dos
ângulos mede 35°?
c) o terceiro ângulo de um triângulo obtusângulo em que
os outros ângulos medem 50° e 135°?
d) os ângulos de um triângulo equilátero?

6 a) Dois ângulos de um triângulo medem, respectivamente,


20° e 30°. Quanto mede o terceiro ângulo?
b) Em um triângulo com dois ângulos iguais, o ângulo di-

Leia mais sobre a proposta de projetos


neste livro no Manual do professor. PROJETO
Probabilidade: história e aplicações
Ao terminarem o estudo sobre Probabilidade, você e seus colegas terão o
conhecimento necessário para auxiliá-los em uma investigação acerca da história
da Probabilidade e de suas aplicações no mundo à sua volta.
Siga as orientações do professor e prepare-se para produzir uma publicação
sobre os resultados dessa pesquisa que possa servir para outras pessoas
aprenderem com você.

CALCULADORA As respostas se encontram no final do caderno

Resolva os problemas a seguir utilizando a calculadora para 2 No jogo da Mega-Sena, ganha não só quem acerta a sena, mas
realizar os procedimentos de cálculo que você achar neces- também quem acerta a quadra ou a quina. Um apostador, que
sários. dispõe de muito dinheiro para jogar, escolhe 20 números de
um total de 60 e faz todos os 38 760 jogos possíveis de serem
1 Em uma certa comunidade, 52% dos habitantes são mulheres realizados com esses 20 números, marcando apenas 6 deles
e, destas, 2,4% são canhotas. Dos homens, 2,5% são canho- em cada volante. Realizado o sorteio, ele verifica que todos os
tos. Calcule a probabilidade: 6 números sorteados estão entre os 20 que ele escolheu. Além
de uma aposta premiada com a sena:
a) de que um indivíduo dessa comunidade, selecionado ao
a) quantas apostas premiadas com a quina esse apostador
acaso, seja canhoto.
acertou?
b) de que um recém-nascido do sexo masculino nessa comu- b) quantas apostas premiadas com a quadra ele acertou?
nidade seja canhoto.

80 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 80 07/12/16 18:52


As respostas se encontram no final do caderno

CÁLCULO RÁPIDO

Vamos ver mais um pouco cálculos com porcentagem. Use a ideia do treinador e calcule mentalmente a porcenta-
gem de acerto dos demais jogadores do time.
1 Observe a tabela que informa a quantidade de cestas de dois
pontos feitas por oito jogadores em um torneio de basquete. 2 Determine mentalmente as porcentagens a seguir.
a) 10% de 1 200 f) 40% de 640
Total de b) 20% de 1 200
Nome do jogador Total de acertos g) 80% de 640
arremessos
c) 25% de 1 200 h) 5% de 2 800
Nenê 21 30
d) 50% de 1 200 i) 15% de 2 800
Oscar 24 40
e) 1% de 640 j) 7,5% de 2 800
Paulão 10 50
Abel 14 20 3 Transforme as frações em porcentagens.
Luís 54 60 12 10 17
a) c) e)
20 20 30
Magrão 21 35
8 5 11
Juninho 45 60 b) d) f)
20 25 18
Pedro 15 20
4 Observe as igualdades e procure identificar os erros come-
tidos, corrigindo-os.
Veja como o treinador do time calculou a porcentagem de
0,18 183
acertos de Nenê. a) 0,18% 5 5 0,1 800 c) 1,83 5 5 18,3%
100 100
45
Thinkstock/Getty Images

b) 5 0,45 5 0,45% 0,95


100 d) 5 000,95 5 0,95
100
Nenê acertou 21 de 30 5 Transforme:
7 a) 68 m2 em cm2. d) 5,9 cm2 em mm2.
lançamentos ou ou 0,7;
10
então, Nenê acertou 70% b) 37,0 km2 em m2. e) 124 603,45 cm2em m2.
dos lançamentos que fez. c) 55 678 m em km .
2 2

Lembre-se: 1 m2 5 10 000 cm2


1 km2 5 1 000 000 m2
1 cm2 5 100 mm2

PALAVRAS-CHAVE
Converse com o professor a respeito da ideia de mapa conceitual.
Use um mapa conceitual para organizar uma síntese do que estudou nesta unidade. Nós começamos
e você continua e completa no caderno.
PROBABILIDADE

Linguagem da A probabilidade de
probabilidade ocorrer um evento A
aprendeu em uma aula, um capítulo
Evento do livro ou um trimestre de aula, por
exemplo.
• Mapas conceituais são representações gráficas Em geral, para fazer um mapa
semelhantes a diagramas, que indicam relações Simples conceitual:
entre conceitos ligados por palavras. Representam • registra-se o tema principal no topo do relação com o assunto inserido no
uma estrutura que vai desde os conceitos mais papel, por meio de um conceito claro, retângulo principal; são escritos MATEMÁTICA
abrangentes até os menos inclusivos. dentro de um retângulo principal ou de dentro de outras figuras e unidos
• Servem como instrumento para facilitar o outras figuras geométricas; à principal por meio de setas
aprendizado sistematizado em conteúdo significativo • em seguida, logo abaixo, vêm aqueles descritivas que estabelecem
para o aluno. outros conceitos que têm alguma conexões entre os elementos
• São utilizados para auxiliar a conceituais.
ordenação e a sequenciação
hierarquizada dos conteúdos de De não ocorrer
ensino, de forma a oferecer ao E contagem
um evento As resoluções encontram-se
aluno a possibilidade de organizar
as ideias centrais daquilo que no portal, em Resoluções e
Gabaritos

Estatística, Contagem e Probabilidade 81

Book_MAT2_CAD6.indb 81 07/12/16 18:52


CONEXÃO MATEMÁTICA – FÍSICA QUÂNTICA

ONDA OU PARTÍCULA, EIS A QUESTÃO!


Um dos problemas mais interessan-
tes e intrigantes da natureza, explica-
do pela Física Moderna, é a caracterís-
tica dual da luz. O problema era: em
alguns fenômenos a luz se comporta
como uma onda, em outros, como par-
tícula; então, a luz é onda ou partícu-
la? A busca por uma resposta a esse
problema impulsionou o desenvolvi-
mento da Teoria Quântica.
Resumidamente, podemos dizer
que a Quântica é a teoria que descreve
a matéria e suas interações no nível
atômico. Nesse nível, as coisas não se
comportam como estamos acostuma-
dos a perceber nos fenômenos do dia a
dia. Ou seja, apesar de se buscar esta-
belecer analogias entre uma partícula
atômica com bolas de boliche, futebol,
entre outras, as partículas na escala
atômica não se comportam como os
objetos observáveis no nosso dia a dia.
Tais partículas têm natureza dual, on-
dulatória e corpuscular.
A Matemática que descreve uma
determinada situação experimental
na Teoria Quântica é a Teoria das Pro- Representação artística de feixes de luz branca atravessando prismas e separando-se
em várias cores em ângulos diferentes (Andrzej Dudzinski, 1992).
babilidades. Nesse campo da ciência,
um determinado experimento envolve
duas conjunturas: a situação a ser analisada, que se refere ao experimento em si, e a interpretação do fato experimental,
que tem como base o conhecimento de que dispomos sobre ele. No entanto, o conhecimento que possuímos tem base na
Física Clássica, é determinístico (aquilo que se pode determinar, precisar), enquanto a Mecânica Quântica é probabilística.
Isto é um verdadeiro paradoxo, já que a Teoria Quântica descreve experimentos tendo os conceitos da Física de Newton
como base, embora saibamos que estes não se ajustam à descrição da natureza atômica. É exatamente neste paradoxo que
reside o caráter probabilístico da Teoria Quântica.
Para o entendimento de como a quântica é pensada, nada melhor do que buscar compreender um experimento clássi-
co para comprovação da dualidade onda-partícula.
Em poucas palavras, tal experimento é feito a partir de três simulações, representadas nas figuras abaixo, nas quais
se apresentam quatro colunas, identificadas por algarismos romanos de I a IV. Cada uma das simulações utiliza o que
chamaremos de “dispositivo disparador” (I), uma parede com dois orifícios (II) e um anteparo com dispositivo detector
que faz contagem (III).

82 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 82 07/12/16 18:52


Em uma primeira simulação (Experimento 1), o dispositivo disparador I II III IV
lança partículas macroscópicas sobre a parede com os dois orifícios (nesse
caso, pode ser imaginada uma metralhadora disparando projéteis). O de- 1
P12
tector faz a contagem dos "projéteis" que conseguem passar pelos orifícios.
Com base nessa contagem, é traçado um gráfico que representa a somatória 2

das probabilidades P12 de os projéteis atravessarem a parede pelos dois


orifícios (IV).
Experimento 1:
Em uma segunda simulação (Experimento 2), o mesmo procedimento comportamento de partícula.
é realizado, porém, no lugar de projéteis, são lançadas sobre a parede
com dois orifícios ondas (pode-se imaginar um tanque com água, pro-
vido de um mecanismo que gere ondas). Nesse caso, o detector registra
I II III IV
as intensidades de ondas. O gráfico que se obtém a partir dos registros
do detector é diferente daquele que se obteve no experimento com as 1
partículas. De fato, ao passarem simultaneamente pelos orifícios 1 e 2, I12

as ondas causam interferências umas nas outras. O gráfico I12 (IV) apre-
2
sentará vários picos, decrescentes, evidenciando as regiões de maior ou
menor intensidade de onda.
Nesses dois experimentos, os gráficos permitem que se observe que Experimento 2:
comportamento de onda.
ondas e partículas, no nível macroscópico, têm comportamentos dife-
rentes.
Em uma terceira situação (Experimento 3), o mesmo procedimento é
realizado; porém, o dispositivo disparador lança elétrons, um elemento I II III IV
no nível atômico. Como elétron é partícula, a hipótese mais lógica seria:
vamos obter o mesmo gráfico do experimento 1, um gráfico compatível 1
P12
com o comportamento de partículas. No entanto, ao disparar os elétrons
em todas as direções, tal como foi feito com a metralhadora, o gráfico de 2

probabilidade das partículas que atravessam os orifícios 1 e 2 apresenta


uma curva característica ao comportamento das ondas (Experimento 2),
Experimento 3:
ou seja, embora partículas, os elétrons se comportam como ondas. comportamento dual onda-partícula.
Essa é uma clássica comprovação de que as partículas atômicas têm
comportamento dual. Uma significativa parte do desenvolvimento tecno-
lógico alcançado nos dias atuais se deve ao melhor entendimento da Teoria Quântica e, por consequência, do potencial
da Teoria da Probabilidade na interpretação da natureza. As aplicações desses conhecimentos são inimagináveis. Por
exemplo, praticamente todos os dispositivos ópticos eletrônicos, tais como as câmeras fotográficas digitais, os leitores
de CD, os controles remotos da TV, o microcomputador, entre outros, fazem uso da natureza dual da luz. O computador
quântico já é uma realidade como tecnologia futura!

MATEMÁTICA

Estatística, Contagem e Probabilidade 83

Book_MAT2_CAD6.indb 83 07/12/16 18:52


JOGOS
PROBABILIDADE
Número de participantes: 2

Material necessário: 2 dados (um para cada jogador), papel e lápis para anotações.

Jupiter Unlimited/Image Plus


Regras:
Os participantes decidem quem será o jogador
A e quem será o B.
Os jogadores deverão realizar 10 partidas ou
rodadas.
A cada rodada, os dois jogadores lançam, ao
mesmo tempo, cada um o seu dado.
O jogador A marca 1 ponto se o valor da dife-
rença entre os números que saírem nos dados
for 0, 1 ou 2. O jogador B marca 1 ponto se o
valor da diferença for 3, 4 ou 5.
Após as 10 rodadas, vence o jogador com o
maior número de pontos.

SIGNIFICADO DAS SIGLAS


Cefet-MG — Centro Federal de Educação Tecnológica (Minas Gerais) UFC-CE — Universidade Federal do Ceará
Cefet-PR — Centro Federal de Educação Tecnológica (Paraná) UFF-RJ — Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro)
Enem-MEC — Exame Nacional do Ensino Médio — Ministério da Educação UFJF-MG — Universidade Federal de Juiz de Fora (Minas Gerais)
e Cultura UFMA — Universidade Federal do Maranhão
ESPM-SP — Escola Superior de Propaganda e Marketing (São Paulo) UFMG — Universidade Federal de Minas Gerais
Fatec-SP — Faculdade de Tecnologia de São Paulo Ufop-MG — Universidade Federal de Ouro Preto (Minas Gerais)
FEI-SP — Faculdade de Engenharia Industrial (São Paulo) UFPE — Universidade Federal de Pernambuco
FOC-SP — Faculdades Oswaldo Cruz (São Paulo) UFPI — Universidade Federal do Piauí
Fuvest-SP — Fundação Universitária para o Vestibular (São Paulo) UFRGS — Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Ifal — Instituto Federal de Alagoas UFRJ — Universidade Federal do Rio de Janeiro
ITA-SP — Instituto Tecnológico de Aeronáutica (São Paulo) UFRN — Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Mack-SP — Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo) UFSCar-SP — Universidade Federal de São Carlos (São Paulo)
OBMEP — Olimpíadas Brasileiras de Matemática da Escola Pública. UFSE — Universidade Federal de Sergipe
PUC-MG — Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais UFSM-RS — Universidade Federal de Santa Maria (Rio Grande do Sul)
PUC-PR — Pontifícia Universidade Católica do Paraná UFU-MG — Universidade Federal de Uberlândia (Minas Gerais)
PUC-RJ — Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro UFV-MG — Universidade Federal de Viçosa (Minas Gerais)
PUC-SP — Pontifícia Universidade Católica de São Paulo UMC-SP — Universidade de Mogi das Cruzes (São Paulo)
PUCC-SP — Pontifícia Universidade Católica de Campinas (São Paulo) Umesp-SP — Universidade Metodista de São Paulo
UA-AM — Universidade do Amazonas Unesp-SP — Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (São
UCDB-MS — Universidade Católica Dom Bosco (Mato Grosso do Sul) Paulo)
Uece — Universidade Estadual do Ceará Unicamp-SP — Universidade Estadual de Campinas (São Paulo)
UEM-PR — Universidade Estadual de Maringá (Paraná) Unifor-CE — Universidade de Fortaleza (Ceará)
Uepa — Universidade do Estado do Pará Unopar-PR — Universidade Norte do Paraná
Ufal — Universidade Federal de Alagoas Vunesp-SP — Fundação para o Vestibular da Unesp (São Paulo)
UFBA — Universidade Federal da Bahia

84 Estatística, Contagem e Probabilidade

Book_MAT2_CAD6.indb 84 07/12/16 18:52


MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

SAIBA COMO SÃO REALIZADOS OS SORTEIOS DAS LOTERIAS

Grande parte dos brasileiros tem o hábito de apostar nas Quina:


loterias da Caixa Econômica Federal, a famosa “fezinha”, mas será É utilizado um globo, com bolas numeradas entre 01 e 80.
que você sabe como são organizados e distribuídos esses sorteios? São sorteados 5 números por concurso. Nesse jogo, o partici-
A sua realização envolve planejamento, tecnologia e, claro, pante deve escolher 5, 6 ou 7 números para fazer sua aposta.
a população, que é a responsável por apostar e também auxiliar O prêmio máximo vai para aqueles que acertarem 5 números,
na fiscalização dos procedimentos. O cuidado com as etapas é mas quem acertar 4 ou 3 também é premiado.
grande para evitar fraudes e erros, como, por exemplo, a repe- Fonte: Portal Brasil. Saiba como são realizados os sorteios das loterias.
tição de números durante o sorteio. 30 jul. 2014. Disponível em: <www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/
Sorteio 2014/07/saiba-como-sao-realizados-os-sorteios-das-loterias>.
Acesso em: 06 dez. 2016. Adaptado.
Para o sorteio, as bolas são carregadas em colunas, em re-
positórios com capacidade para 100, 80 ou 60 bolas. Esse total 1 Em uma aposta mínima na Mega-Sena, o número de combina-
varia conforme o local de sorteio e a modalidade a ser sorteada. ções que é possível escolher é de: b
Desse modo, as bolas são inseridas automaticamente no a) 24 040 016. c) 52 047 068. e) 35 242 800 200.
globo e, após seu acionamento, é que ocorre o embaralhamento. b) 50 063 860. d) 36 045 979 200.
Em relação a saída dos números sorteados, as bolas, depois
de extraídas, não retornam ao globo, pois ficam expostas para 2 Um jogador marcou 7 números em um volante de apostas da
posterior conferência. Quina. O número de combinações com que ele concorrerá ao
Modalidades prêmio máximo é de: a
Confira o total de números sorteados referentes a algumas a) 21. c) 42. e) 50.
modalidades: b) 35. d) 49.

Mega-Sena: 3 No jogo da Mega-Sena, ao marcar 15 números em um volante


É utilizado um globo, com bolas numeradas entre 01 e 60. de apostas, a quantidade de combinações de 6 números que
São sorteados 6 números por concurso. Em cada volante de apos- estarão concorrendo ao prêmio é de: c
ta, o jogador deve marcar no mínimo 6 e no máximo 15 números, a) 1 365. c) 5 005. e) 6 540.
sendo premiados se 4, 5 ou 6 forem iguais aos sorteados. b) 3 508. d) 5 587.

85

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ANOTAÇÕES

86 Estatística, Contagem e Probabilidade

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ANOTAÇÕES

MATEMÁTICA

Estatística, Contagem e Probabilidade 87

Book_MAT2_CAD6.indb 87 07/12/16 18:52


Gerente editorial: M. Esther Nejm
ANOTAÇÕES Editor: Silvana Rossi Júlio
Editores assistentes: Carlos Eduardo de Oliveira,
Cláudia Renata Costa Colognori, Erich Gonçalves da Silva,
Marcelo de Hollanda Wolff, Marcos Soel
Assistente editorial: Carla Daniela Ribeiro Araujo
Coordenador de revisão: Camila Christi Gazzani
Revisores: Cárita Negromonte, Fausto Barreira, Maria do
Rosário Sousa, William Silva
Assistente de produção editorial: Rachel Lopes
Corradini
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Pesquisa iconográfica: Enio Rodrigo Lopes
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Ilustrações: Alex Silva, BIS, Conceitograf, Paulo César,
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de Lima
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Colaboraram para esta Edição do Material:
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dos Santos

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Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de 1 a


12 : exatas, biológicas : aluno. -- 2. ed. -- São
Paulo : Ática, 2017.

Vários autores.

1. Biologia (Ensino médio) 2. Física (Ensino médio)


3. Matemática (Ensino médio) 4. Química (Ensino
médio).

16-08187 CDD-373.19

Índices para catálogo sistemático:


1. Matemática : Ensino médio 510.7
2016
ISBN 978 85 8 18346 3 (AL)
ISBN 978 85 8 18353 1 (PR)
2ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação

88 Estatística, Contagem e Probabilidade

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FÍSICA FRENTE A

Antônio Máximo
Beatriz Alvarenga
Carla Guimarães

TEMPERATURA – DILATAÇÃO – GASES


1 Temperatura e dilatação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Temperatura e escalas termométricas . . . . . . . . . . . . . . . 4
Dilatação dos sólidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Dilatação dos líquidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 Comportamento dos gases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Transformação isotérmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Transformação isobárica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Transformação isovolumétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Lei de Avogadro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Equação de estado de um gás ideal . . . . . . . . . . . . . . . 34
Modelo molecular de um gás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Comportamento de um gás real . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

2137687 (AL)
MÓDULO
Temperatura –
dilatação – gases

A dilatação dos trilhos devido a temperaturas altas pode


causar descarrilamento de trens. Na foto, um trem da empre-
sa Amtrak, que saiu de Chicago com destino a Union Station,
em Washington, descarrilou em Kensington, em 29 de julho de
2002. Danos causados nos trilhos devido a altas temperaturas
foram apontados como causa principal.
REX FEATURES/KEYSTONE BRASIL
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM

Se deixarmos uma garrafa com líquido no con-


gelador por muito tempo, o líquido congela e,
comumente, a garrafa quebra. Quando se tem
dificuldade para abrir um vidro com tampa de
rosca, é comum despejar água quente na tam-
pa para ficar mais fácil abri-lo. Você sabe por
que isso acontece? Ou por que são deixados
espaços entre os trilhos de trem e nos viadutos?
Para compreender fenômenos térmicos como
esses, é fundamental entender o que é tempe-
ratura e quais as consequências de suas varia-
ções em sólidos e líquidos.

www.sesieducacao.com.br
CAPÍTULO

1 Temperatura e dilatação

Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos:
TEMPERATURA – ESCALAS TERMOMÉTRICAS
c Relacionar e aplicar
os conceitos de Equilíbrio térmico
temperatura e
Usando o tato, podemos perceber, entre dois corpos, qual é o mais quente e qual é o mais
equilíbrio térmico.
frio, isto é, sabemos reconhecer qual dos dois tem temperatura mais elevada. Em outras palavras,
c Identificar e relacionar a temperatura de um corpo é uma propriedade relacionada com o fato de ele estar mais quente ou
temperaturas em mais frio.
diferentes escalas Suponha que tivéssemos, em um ambiente isolado de influências externas, dois corpos com
termométricas. temperaturas diferentes: uma pedra de gelo e uma chaleira com água fervente, por exemplo. À medida
que o tempo passa, mesmo que os corpos não estejam em contato, notamos que a água fervente
c Reconhecer os fatores irá esfriar, enquanto o gelo irá se aquecer, derretendo. Depois de certo tempo, os corpos atingirão a
que influenciam na mesma temperatura, isto é, as temperaturas dos corpos deixarão de sofrer alterações. Dizemos, então,
dilatação térmica de que os corpos atingiram uma situação final, denominada estado de equilíbrio térmico. Portanto:
sólidos e líquidos.

Dois (ou mais) corpos, isolados de influências externas, tendem para um estado final, de-
nominado estado de equilíbrio térmico, no qual a temperatura dos corpos é a mesma.

Termômetros
A comparação das temperaturas dos corpos por meio do tato nos fornece apenas uma ideia
qualitativa dessas temperaturas. A temperatura, grandeza que caracteriza o estado de equilíbrio
térmico dos corpos, pode ser medida com um termômetro.
Existem vários tipos de termômetros (fig. 1), cada um deles utilizando a variação de certa pro-
priedade física, provocada por uma variação da temperatura. Há termômetros construídos com base
nas variações que a temperatura provoca no comprimento de uma haste metálica, no volume de um
Fig. 1 – Diversos tipos de termômetros. gás, na resistência elétrica de um material, na cor de um sólido muito aquecido, etc.

Termômetro
ILUSTRAÇÕES: AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

Álcool Vácuo Termômetro de Termômetro clínico: em


de gás: nesse
MÍNIMA

MÁXIMA

parcial máxima e mínima: virtude de um estreitamento


instrumento, a na base do tubo capilar, a
temperatura é obti- esse aparelho indica,
0 100
por meio de dois Temperatura coluna de Hg é impedida de
da pela leitura da normal retornar ao reservatório. Por
pressão de um gás índices, as tempe-
50 50
raturas máxima e isso, esse termômetro conti-
mantido a volume nua indicando a temperatura
constante. mínima ocorridas em Estreitamento de uma pessoa, mesmo não
Índice 100 0
Mercúrio um certo intervalo de
tempo. estando mais em contato
com ela.
T

Termômetro infravermelho digital de


Termômetro metálico: superfície: a temperatura do objeto é
o aquecimento faz com obtida comparando-se a intensidade
que a espiral bimetálica da radiação infravermelha (calor)
Pirômetro ótico: a temperatura do
se encurve, movendo emitida por um objeto com a emissivi-
objeto (uma fornalha, por exemplo)
o ponteiro, que indica o dade do material. Similar ao
é obtida comparando-se seu brilho
valor da temperatura. termômetro clínico, a escala costuma
com o do filamento de uma
variar entre 34 ºC e 42 ºC, que é a
lâmpada elétrica.
Aço Latão temperatura do corpo humano.

4 Temperatura – dilatação – gases


Entretanto, para se compreender o conceito quantitativo de temperatura, não é necessário
analisar essa grande variedade de aparelhos. Vamos desenvolver o nosso estudo baseando-nos
apenas no tipo de termômetro que relaciona a temperatura com a altura da coluna de um líqui-

GES
IMA
do no interior de um tubo capilar de vidro (fig. 2). Nesse termômetro, variações na temperatura

W
provocam dilatações ou contrações do líquido, fazendo a coluna subir ou descer dentro do tubo

GLO
CK/
de vidro. A cada altura da coluna, podemos atribuir um número, correspondente à temperatura

O
RST
que determinou aquela altura.

TTE
HU
O líquido mais utilizado nesse tipo de termômetro é o mercúrio (Hg), que em contato com um

J/S
corpo quente se expande e aumenta o comprimento da coluna de líquido no tubo de vidro. Alguns

SKI
V
DO
termômetros mais baratos utilizam álcool colorido, geralmente de cor vermelha.

VO
RAZ
Termômetros e escalas

GEJ
SER
Para que possamos medir temperaturas, será necessário graduar o termômetro, isto é, marcar
nele as divisões e atribuir números a elas. Quando procedemos dessa maneira, estamos construindo Fig. 2 – Termômetro comum de líquido
uma escala termométrica. As escalas mais conhecidas são Celsius, Kelvin e Fahrenheit. (mercúrio ou álcool) em tubo de vidro.

A proposta de Celsius

ILUSTRAÇÕES: AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


A B
Para tornar possível a medida da temperatura, usando os primeiros termômetros
construídos, os especialistas procuraram estabelecer escalas termométricas para gra- 100 °C
duar esses aparelhos. Como essa graduação podia ser feita de maneira arbitrária, foram
surgindo várias escalas, bastante diferentes umas das outras. Cada país adotava a pró-
pria escala e, muitas vezes, cientistas diferentes de um mesmo país trabalhavam com
escalas diferentes. No início do século XVIII, a proliferação de escalas termométricas
0 °C
era tão grande que existiam mais de 35 em uso. Entre elas tiveram maior aceitação as
escalas de Réaumur, de Fahrenheit e de Celsius. O cientista francês Réaumur, em sua
escala, marcava zero para o ponto de fusão do gelo e 80° para o ponto de ebulição da
água. Esse intervalo foi dividido em 80 partes iguais. Portanto, a escala de Réaumur não
era centígrada.
A primeira escala centígrada foi proposta pelo sueco Anders Celsius, em 1742. Essa
escala indicava zero no ponto de fusão do gelo e 100° no ponto de ebulição da água. Talvez
por essa característica, ela tenha se tornado conhecida e usada em todo o mundo e tenha
Gelo derretendo
sido denominada escala centígrada por cerca de 200 anos. A partir de 1948, em homena- Água em ebulição
gem a seu idealizador, ela passou a ser oficialmente chamada escala Celsius. Essa escala foi
escolhida em congressos internacionais como padrão a ser adotado em qualquer atividade Fig. 3 – Por convenção, a temperatura do gelo
fundente é 0 °C e a da água em ebulição é 100 °C.
em todos os países do mundo.
Escala Celsius 130
125
120
A escala termométrica Celsius, anteriormente denominada escala centígrada, é atualmente ado- 110
115
105 100 °C
tada em quase todos os países do mundo, exceto nos Estados Unidos, nas ilhas Cayman e no Belize 100
95
90 Água em ebulição
que utilizam a escala Fahrenheit. Para determinar os valores dessa escala: 80
85
75
1) Introduz-se o termômetro em uma mistura de gelo e água em equilíbrio térmico (gelo fundente) 70
65
60
à pressão de 1 atm. Aguarda-se até que o termômetro entre em equilíbrio térmico com a mistura, 50
55
45
quando a altura da coluna líquida se estabiliza. Marca-se zero na extremidade da coluna (fig. 3-A). 40
35
30
Podemos dizer que a temperatura do gelo em fusão (à pressão de 1 atm) é zero grau Celsius e 20
25 20 °C
15
escrevemos 0 °C. 10
5
0 0 °C
2) Introduz-se, depois, o termômetro em água em ebulição, à pressão de 1 atm. No ponto em 25
FRENTE A
210 Gelo em fusão
215
que a coluna líquida se estabilizar, marca-se cem. Podemos dizer que a temperatura da água 220
225
230
em ebulição (à pressão de 1 atm) é 100 graus Celsius e escrevemos 100 °C (fig. 3-B). 240
235
245
3) Divide-se o intervalo entre 0  °C e 100  °C em 100 partes iguais, estendendo-se a graduação 250
acima de 100 °C e abaixo de 0 °C. Cada intervalo entre duas divisões sucessivas (o “tamanho”
FÍSICA

de 1 °C) corresponde a uma variação de temperatura que é representada por Δ (1 °C), como
indicado na figura 4. Fig. 4 – Termômetro marcando 20 °C na
escala termométrica Celsius. Intervalo de
Depois dessas operações, o termômetro estará pronto para nos fornecer, na escala Celsius, a 1 °C, isto é, Δ (1 °C). Os intervalos são
temperatura de um corpo com o qual ele tenha entrado em equilíbrio térmico. iguais ao longo da escala do termômetro.

Temperatura – dilatação – gases 5


Escala Kelvin
Outra escala usada universalmente, principalmente nos meios científicos, foi proposta pelo
físico irlandês William Thomson, conhecido como Lord Kelvin (1824-1907) e denominada escala
Kelvin ou escala absoluta.
A ideia de se propor essa escala surgiu das discussões em torno de temperaturas máximas e
mínimas que podem ser atingidas por um corpo. Verificou-se que não há, teoricamente, um limite
superior para a temperatura que um corpo pode alcançar. Até 2013 acreditava-se que existia um
limite inferior para a temperatura, que corresponde a 2273,15  °C (aproximadamente 2273  °C).
Essa temperatura é denominada zero absoluto. Entretanto, pesquisadores da Universidade Ludwig
Maximilian, na Alemanha, obtiveram pela primeira vez, uma temperatura abaixo do zero absoluto,
apenas alguns bilionésimos de 1 Kelvin. Mesmo assim, por convenção, adota-se 2273 °C.
K °C
Ponto de
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

ebulição 373 100 O limite inferior para a temperatura de um corpo é 2273 °C. Essa temperatura é denomi-
da água 363 90
353 80 nada zero absoluto.
343 70
333 60
323 50 Kelvin propôs como zero de sua escala (representado por 0 K) a temperatura do zero absoluto e
313 40 um intervalo unitário igual ao de 1 °C, isto é, Δ (1 K) 5 Δ (1 °C). Pela figura 5, podemos perceber que:
303 30
293 20
Ponto de 283 10
0K corresponde a 2273 °C
congelamento 273 0 1K corresponde a 2272 °C
da água 263 210 2K correspondem a 2271 °C
253 220
243 230  
233 240 273 K correspondem a 0 °C
223 250
213 260  
203 270
193 280 373 K correspondem a 100 °C, etc.
183 290
Zero absoluto 2273 De modo geral, designando por T a temperatura Kelvin e por TC a temperatura Celsius corres-
pondente, observando a figura 5, concluímos que:
Fig. 5 – Comparação entre T 5 TC 1 273
as escalas Kelvin e Celsius.
Observando a figura, Logo, para expressar, na escala Kelvin, uma temperatura dada em graus Celsius, basta adicionar
concluímos que T 5 TC1 273. 273 a esse valor.

COMENTÁRIOS
É comum ouvirmos algumas pessoas dizerem que “temperatura é uma medida do calor do corpo”. Essa afirmativa não é correta, pois a tempe-
ratura é um número usado para traduzir o estado de quente ou frio de um corpo. Logo, a expressão calor do corpo não tem significado físico.
Uma maneira correta de conceituar a temperatura seria dizer que ela é uma medida da maior ou menor agitação das moléculas ou átomos
que constituem o corpo. No capítulo seguinte, veremos que, quanto maior for a temperatura de um gás, maior será a energia cinética de suas
moléculas. Da mesma forma, quando a temperatura de um gás diminui, a agitação de suas moléculas torna-se menor. Assim, o zero absoluto
corresponderia a uma situação de energia cinética mínima dos átomos e moléculas do corpo.

Tabela 1 – Algumas temperaturas notáveis, desde o zero absoluto até a temperatura do Sol
1 000
2 000

4 000
5 000
6 000
7 000
3 000
–200
–273

–100

200
300
400
500
600
700
800
900
100

°C
0
er ol o h o
rio on lio

Ág po o g do
em um o
eb no

ão

io

da

l
s g do

ão

So
d lut

h el

ic
ín
é

pa
Co ão d ela

a

Fu on la

ar
um
ão o

do
ul
ul
ge

m
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al

e
m

ci
em

do

de
Eb ero

c
cú c

rfí
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r

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o

to
Z

rio

a
M lco

ua

am

en

Su

Fu
Á

m
Ch
er

la
M

Fi

6 Temperatura – dilatação – gases


Escala Fahrenheit
Na escala Fahrenheit, ainda utilizada nos EUA, nas ilhas Cayman e no Belize, o ponto de fusão

ILUSTRAÇÕES: AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


212 °F
do gelo é marcado com 32 graus Fahrenheit (32 °F) e o ponto de ebulição da água com 212 °F (fig. 6).
Assim, o intervalo entre essas temperaturas corresponde a 180 divisões. Como na escala Celsius esse
180 divisões Δ (1 °F)
mesmo intervalo de temperatura corresponde a cem divisões, concluímos que o intervalo de 1  °F,
isto é, Δ (1 °F), corresponde aproximadamente à metade do intervalo de 1 °C. Realmente, tem-se:
32 °F 32 °F
5
Δ (1 °F) 5 Δ (1 °C)
9
Suponha dois termômetros, um deles graduado na escala Celsius e o outro na escala Fahrenheit,
ambos sendo usados para medir uma mesma temperatura (de um líquido, por exemplo, como mostra
a figura 7). Seja TC a leitura do termômetro Celsius e TF , a do termômetro Fahrenheit. Evidentemente,
TC e TF são leituras diferentes de uma mesma temperatura.
Observando essa figura, notamos que: TC divisões em °C correspondem a (TF 2 32) divisões
em °F; e que 100 divisões em °C correspondem a 180 divisões em °F. Fig. 6 – Um termômetro na escala Fahrenheit
indica 32 °F para a fusão do gelo e 212 °F
°F °C
Ponto de para a ebulição da água.
ebulição 212 100
da água
194 90
176 80
158 70
140 60
122 50
104 40
86 30
68 20
Ponto de 50 10 TC TF 2 32
congelamento 5
32 0 5 9
da água
14 210
24 220
222 230
240 240
258 250
276 260
294 270
2112 280
2130 290
Zero absoluto 2459 2273

Fig. 7 – Comparação entre as escalas Celsius e Fahrenheit.

Logo, podemos escrever:

TC T − 32 T T − 32
5 F ou C 5 F
100 180 5 9

Essa expressão nos permite converter as leituras Celsius em leituras Fahrenheit e vice-versa. Por
exemplo, sabendo-se que os termômetros de Nova York, em um dia quente de verão, acusam 104 °F, FRENTE A
podemos obter a temperatura equivalente na escala Celsius da seguinte maneira:

TC 104 − 32 Projeto de
TC 5 40 °C
FÍSICA

5 Desenvolvimento
5 9
Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e
Embora a escala Fahrenheit seja a mais popular nos EUA, tem sido feito um grande esforço aprofunde-se no assunto.
para substituí-la pela escala Celsius, não só nos trabalhos científicos, mas também entre a população.

Temperatura – dilatação – gases 7


As competências e habilidades do Enem estão indicadas em questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique aos alunos que a utilidade
deste “selo” é indicar o número da(s) competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja área de conhecimento está diferenciada por cores (Lin-
guagens: laranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Matemática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência do Enem está
disponível no portal.
PARA CONSTRUIR

1 Dois corpos, A e B, com temperaturas diferentes, sendo TA . TB, b) “A energia cinética das moléculas do gás em A é maior do
são colocados em contato e isolados de influências externas. que a energia cinética das moléculas do gás em B.”
Correto, pois, quanto maior for a temperatura de um corpo,
a) Diga o que se passa com os valores de TA e TB.
maior será a energia de agitação dos seus átomos ou moléculas.
O corpo mais aquecido esfria-se e o corpo mais frio se
aquece, isto é, TA diminui e TB aumenta.

5 (Uerj) Observe na tabela os valores das temperaturas dos pon-


b) Como se denomina o estado para o qual tendem os dois m
Ene-5
tos críticos de fusão e de ebulição, respectivamente, do gelo e
C 7
corpos? H1
- da água, à pressão de 1 atm, nas escalas Celsius e Kelvin.
Os corpos tendem para o estado de equilíbrio térmico.
m
Ene-6
C 1
Considere que, no intervalo de temperatura entre os pontos
H-2 críticos do gelo e da água, o mercúrio em um termômetro
apresenta uma dilatação linear.

c) Quando esse estado é alcançado, o que podemos dizer Temperatura


Pontos críticos
sobre os valores de TA e TB?
°C K
Alcançado o equilíbrio térmico, temos TA 5 TB.
Fusão 0 273
Ebulição 100 373

2 Para medir a temperatura de uma pessoa, devemos manter Nesse termômetro, o valor na escala Celsius correspondente
o termômetro em contato com ela durante um certo tempo. à temperatura de 313 K é igual a: c T 5 TC 1 273
Por quê? a) 20. c) 40. TC 5 T 2 273
TC 5 313 2 273
b) 30. d) 60.
Procedemos assim para que seja alcançado o equilíbrio térmico TC 5 40 ºC
entre o termômetro e a pessoa, isto é, para que a temperatura do 6 (UEA-AM) Um turista leu em um manual de turismo que a
aparelho seja igual à da pessoa. m
Ene-5
temperatura média do estado do Amazonas é de 87,8 graus,
C 7
H-1 medido na escala Fahrenheit. Não tendo noção do que esse
m valor significa em termos climáticos, o turista consultou um
Ene-6
3 a) A temperatura normal do corpo humano é cerca de 37 °C. C 1
H2
- livro de Física, encontrando a seguinte tabela de conversão
Ene
m Expresse essa temperatura na escala Kelvin. entre escalas termométricas:
C-5 1
H-2 Temos: T 5 TC 1 273 5 37 1 273 [ T 5 310 K
b) A temperatura de ebulição do nitrogênio líquido é 78 K. Celsius Fahrenheit
Qual é o valor dessa temperatura em °C?
De T 5 TC 1 273, obtemos:
Fusão do gelo 0 32
TC 5 T 2 273 5 78 2 273 [ TC 5 2195 °C
Ebulição da água 100 212
c) A temperatura de um corpo se elevou em 52 °C. Qual foi a
elevação da temperatura Kelvin desse corpo? Com base nessa tabela, o turista fez a conversão da tempe-
Devemos nos lembrar que Δ (1 K) 5 Δ (1 °C), isto é, são iguais os ratura fornecida pelo manual para a escala Celsius e obteve
“tamanhos” dos graus K e °C. Então, uma variação de 52 °C será TC T − 32
o resultado: b 5 F
equivalente a uma variação de 52 K, ou seja, se a temperatura 5 9
Celsius do corpo elevou-se em 52 °C, podemos afirmar que sua a) 25. c) 21. TC 87,8 − 32 e) 16.
temperatura Kelvin elevou-se em 52 K. b) 31. d) 36. 5 5 9
TC 5 31 oC
4 Dois recipientes, A e B, contêm massas iguais de um mesmo 7 Conta-se que Fahrenheit, ao estabelecer os pontos fixos de sua
gás, a temperaturas diferentes, sendo TA . TB. Lembrando-se m
Ene-5
escala, definiu que 100 °F corresponderia à temperatura do corpo
C 1
do que você leu no texto neste capítulo, responda se é corre- H2
- humano. Se isso fosse verdadeiro, o que se poderia dizer sobre o
to dizer: estado de saúde da pessoa que Fahrenheit usou como referência?
a) “O gás em A possui mais calor do que o gás em B.” Temos:

Errado, pois, como discorremos, a expressão calor em um corpo


é destituída de sentido físico. Isto é, a temperatura de 100 °F equivale a 37,7 °C. Logo, a pessoa
estaria com febre.

8 Temperatura – dilatação – gases


8 Sabe-se que a temperatura na qual o papel entra em com- a) 32. TC
5 F
T 2 32

bustão é de aproximadamente 233 °C. O título de um famoso b) 50. 5 9


T 2 32
50
c) 82. 5 F
livro de ficção científica (e de um filme nele baseado) é exa- 5 9
d) 122. 450
tamente o valor dessa temperatura na escala Fahrenheit. Essa TF 5
5
1 32
obra faz uma crítica da queima de livros que costuma ocorrer e) 212. TF 5 122 oF
em sociedades dominadas por ditaduras, quando difundem
11 (IFCE) Um estudante de Física resolveu criar uma nova escala
ideias contrárias aos interesses do poder instituído. Qual é o
m
Ene-5
termométrica que se chamou Escala NOVA ou, simplesmente,
título desse livro? C 1
H-2 Escala N. Para isso, o estudante usou os pontos fixos de refe-
Usando a mesma relação do exercício anterior, temos:
m rência da água: o ponto de fusão do gelo (0 °C), corresponden-
TC TF − 32 233 TF − 32 Ene-5
= ⇒ = ∴ TC  451 °F C 7
do ao mínimo (25 °N) e o ponto de ebulição da água (100 °C),
5 9 5 9 H-1

O título do livro é Fahrenheit 451, tendo servido de base para o enre- m correspondendo ao máximo (175 °N) de sua escala, que era
Ene-6
do de um filme com o mesmo nome (é possível que esse fato seja C 1
H-2
dividida em cem partes iguais. Dessa forma, uma temperatura
do conhecimento de alguns estudantes). de 55°, na escala N, corresponde, na escala Celsius, a uma tem-
peratura de: b
9 Existe uma temperatura na qual um termômetro Celsius e um a) 10 °C.
Fahrenheit marcam o mesmo valor. Qual é essa temperatura? b) 20 °C.
Como TF 5 TC, vem:
c) 25 °C.
TC TC − 32
d) 30 °C.
= ⇒ 9TC = 5TC − 160 ⇒ e) 35 °C.
5 9
⇒ 4TC = − 160 ∴ TC = − 40 °C Esquematicamente a escala é dada por:
Portanto, a temperatura de 240 °C corresponde a 240 °F.
100 °C 175 °N

10 (Fatec-SP) Durante uma corrida de Fórmula Indy ou de Fór- TC 55 °N

m
Ene-5
mula 1, os pilotos ficam sujeitos a um microambiente quente
C 1 0 °C 25 °N
H-2 no cockpit que chega a atingir 50 °C, gerado por diversas fon-
m tes de calor (do Sol, do motor, do terreno, do metabolismo
Ene-5
C 7
H-1 cerebral, da atividade muscular, etc.). Essa temperatura está
m
muito acima da temperatura corporal média tolerável, por A relação dada pela figura é dada por:
Ene-6
C 1 isso, eles devem se manter sempre com bom condiciona- TC 2 0 55 2 25
H-2 5
mento físico. 100 2 0 175 2 25
TC 30
5
As corridas de Fórmula Indy são mais tradicionais nos EUA, 100 150
onde se adota a leitura da temperatura na escala Fahrenheit. TC 5 20 oC
Baseado nas informações apresentadas no texto, é corre-
to afirmar que a temperatura do cockpit que um carro de
Fórmula Indy chega a atingir durante a corrida, em grau
Fahrenheit, é: d

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 6 Para aprimorar: 1 a 6

DILATAÇÃO DOS SÓLIDOS


Dilatação FRENTE A
Um fato bastante conhecido é que as dimensões de um corpo aumentam quando aumentamos
sua temperatura. Salvo algumas exceções, todos os corpos, sólidos, líquidos ou gasosos dilatam-se
quando a temperatura aumenta.
FÍSICA

A figura 8 mostra uma experiência simples que ilustra a dilatação de um sólido: à temperatura
ambiente, a esfera metálica pode passar, com pequena folga, pelo anel (fig. 8-A e 8-B). Aquecendo-se
apenas a esfera, verifica-se que ela não poderá mais passar pelo anel (fig. 8-C e 8-D). Devido à elevação
da temperatura, a esfera se dilatou. Se você esperar que a temperatura volte ao valor inicial, a esfera
se contrairá e tornará a passar pelo anel.

Temperatura – dilatação – gases 9


AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA
A B

Bola de metal

Haste

Anel de metal

C D

Fig. 8 – Uma bola de metal fria está suspensa


sobre um anel de metal preso a uma haste
(A). Nesse estado, a bola de metal fria Aquecendo a bola
consegue atravessar o anel de metal (B). de metal
Após ser aquecida (C), a bola de metal se
dilata e não consegue mais atravessar o anel
de metal (D).

Por que um sólido se dilata


Se analisarmos a estrutura interna de um sólido, poderemos entender por que ocorre a dilata-
ção. Os átomos que constituem o sólido se ligam uns aos outros. A ligação entre esses átomos se faz
por meio de forças interatômicas, que atuam como se existissem pequenas molas unindo um átomo
a outro (fig. 9-A). Esses átomos estão em constante vibração em torno de uma posição média, de
equilíbrio.
Quando a temperatura do sólido é aumentada, há um aumento na agitação de seus átomos,
fazendo com que eles, ao vibrar, afastem-se mais da posição de equilíbrio. Entretanto, a força que
se manifesta entre os átomos atua como se a “mola” fosse mais dura para ser comprimida do que
para ser distendida. Em consequência, a distância média entre os átomos torna-se maior (fig. 9-B),
ocasionando a dilatação do sólido.

A Baixa
temperatura

B Alta
temperatura

Fig. 9 – A elevação de temperatura acarreta aumento na distância média


entre os átomos de um sólido. Por isso, o sólido dilata.

10 Temperatura – dilatação – gases


Dilatação linear
Se aquecermos uma barra a certa temperatura, haverá aumento em todas as dimensões linea-
res, isto é, aumentarão o comprimento, a altura, a largura ou qualquer outra linha que imaginarmos
traçada na barra. Em um laboratório, podemos descobrir experimentalmente quais os fatores que
vão influenciar na dilatação de qualquer uma dessas linhas.
Consideremos que L0 seja o comprimento inicial de uma barra, à temperatura T0. Elevando a
temperatura da barra para T, seu comprimento passa a ser L. Logo, uma variação de temperatura
ΔT 5 T 2 T0 provocou uma dilatação ΔL 5 L 2 L0 no comprimento da barra (fig. 10). Fazendo-se
várias medidas de ΔT e ΔL para barras de diversos comprimentos (diversos valores de L0), foi possível
concluir que a dilatação (ΔL) depende do comprimento inicial (L0) e do aumento de temperatura
(ΔT), sendo proporcional a ambos, isto é:
ΔL ∝ L0 e ΔL ∝ ΔT

T0

L0

ΔL

Fig. 10 – Dilatação linear de uma barra.

Uma das propriedades das proporções nos permite escrever que:

ΔL ∝ L0ΔT ∴ ΔL 5 aL0ΔT

A constante de proporcionalidade a é denominada coeficiente de dilatação linear ou coe-


ficiente de expansão linear. A equação ΔL 5 aL0ΔT nos permite calcular a dilatação de qualquer
dimensão linear, se conhecermos seu valor inicial, L0, a variação de temperatura, ΔT, e o valor de a.

O coeficiente de dilatação linear


Da expressão ΔL 5 aL0ΔT, vemos que é possível obter o valor de a se medirmos os valores de
ΔL, L0 e ΔT:

a 5 ∆L
L 0 ∆T

∆L
Pela expressão a 5 L 0 ∆T , vemos que a unidade de medida de a é o inverso de uma unidade

de temperatura, pois ∆L é um número adimensional (número puro, sem unidades). Logo, a pode
L0
ser expresso em: FRENTE A
1 5 C21 ou 1 5 K21
°
°C K
FÍSICA

Realizando-se experiências com barras feitas de diferentes materiais, verifica-se que o valor de
a é diferente para cada um desses materiais. Isso pode ser entendido se lembrarmos que as forças
que ligam os átomos e as moléculas variam de uma substância para outra, fazendo com que as
substâncias se dilatem diferentemente. A tabela 2 a seguir nos fornece os coeficientes de dilatação
linear de alguns materiais.

Temperatura – dilatação – gases 11


Tabela 2 – Coeficiente de dilatação linear

Substância a (°C21)

Alumínio 23 ? 1026
Cobre 17 ? 1026
Invar 0,7 ? 1026
Vidro (comum) 9,0 ? 1026
Zinco 25 ? 1026
Vidro (pirex) 3,2 ? 1026
Tungstênio 4 ? 1026
Chumbo 29 ? 1026
Sílica 0,4 ? 1026
Aço 11 ? 1026
Diamante 0,9 ? 1026

Observe que, na tabela 2, os coeficientes estão expressos em °C21 e todos têm mesma potência
(10 ) para facilitar a comparação. Para o cobre, por exemplo, temos a 5 17 ? 1026 °C21. Isso significa
26

que uma barra de cobre, de 1 cm (ou 1 m, ou 1 km, etc.) de comprimento, aumenta em 17 ? 1026 cm
(ou m, ou km, etc.) quando a temperatura é elevada em 1 °C.

Dilatação superficial e volumétrica


No estudo da dilatação superficial, isto é, o aumento da área de um objeto provocado por uma
variação de temperatura, são observadas as mesmas leis da dilatação linear. Considerando uma placa
de área inicial A0 e elevando sua temperatura em ΔT, a área passa a ser A, sofrendo uma dilatação
superficial ΔA 5 A 2 A0 (fig. 11).
Pode-se verificar que:

ΔA ∝ A0ΔT [ ΔA 5 bA0ΔT

T0 A0 b0

a0

T A b

Fig. 11 – Dilatação superficial de uma placa. a

12 Temperatura – dilatação – gases


O coeficiente de proporcionalidade b é denominado coeficiente de dilatação superficial
ou coeficiente de expansão superficial. Seu valor também depende do material do qual a placa
é feita. Entretanto, não é necessário construir tabelas com valores de b pois sabe-se que, para um
determinado material, tem-se:

b 5 2a

Se desejarmos saber, por exemplo, o valor de b para o aço, consultaremos a tabela 2 e obteremos:
b 5 2a 5 2 ? 11 ? 1026 ou b 5 22 ? 1026 °C21
De maneira idêntica, verificamos que a dilatação volumétrica, isto é, a variação do volume de
um corpo com a temperatura, segue as mesmas leis. Se um corpo de volume V0 tem sua temperatura
aumentada em ΔT, seu volume aumenta em ΔV 5 V 2 V0:

ΔV 5 gV0ΔT

O coeficiente g é denominado coeficiente de dilatação volumétrica ou coeficiente de ex-


pansão volumétrica, e pode-se mostrar que, para um dado material, g 5 3a.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

1 Imagine que a Terra fosse envolvida, na região da linha do RESOLUÇÃO:


equador, por um anel de alumínio, como está representado O anel se dilataria como se fosse um disco maciço de alumí-
na figura abaixo. Se a temperatura do anel fosse elevada em nio. Logo, a altura procurada representa a dilatação do raio
apenas 1,0 °C, sem que a temperatura da Terra sofresse modifi- do anel, indicada por ΔR na figura. Mas o raio inicial, R0, do
cações, a que altura, acima da superfície da Terra, o anel ficaria? anel, é o próprio raio da Terra. Assim:
(a)
A B
(b) ΔR 5 aR0ΔT
ΔR Considerando o coeficiente de dilatação do alumínio
a 5 23 ? 1026 °C21 (tabela 2), o raio da Terra R0 5 6,4 ? 106 m
R0 R0
e ΔT 5 1,0 °C, temos:
ΔR 5 23 ? 1026 ? 6,4 ? 106 ? 1,0 [ ΔR 5 147 m
Esse valor corresponde à altura de um edifício de aproxima-
damente 50 andares.

PARA CONSTRUIR

12 a) Explique por que um copo de vidro comum provavelmen- c) Por que o copo não se quebrará se for de vidro pirex?
te se quebrará se você o encher parcialmente com água Porque, como mostra a tabela 2, o vidro pirex tem um coefi-
fervendo. ciente de dilatação relativamente pequeno, isto é, o copo de vidro
A parte do copo em contato com a água se aquecerá mais e, por- pirex dilata-se muito pouco e, por isso, não se quebra quando

FRENTE A
tanto, se dilatará mais do que a parte superior. Isso provavelmente é aquecido.
fará com que o copo se quebre.
13 (Fuvest-SP) Uma lâmina bimetálica de bronze e ferro, na tem-
m
Ene-6
peratura ambiente, é fixada por uma de suas extremidades,
b) Por que, enchendo-o completamente, há menor probabi- C 1
H-2 como visto na figura a seguir.
FÍSICA

lidade de o copo se quebrar?


Nesse caso, todas as partes do copo aquecem-se e dilatam-se,
Nessa situação, a lâmina está plana e horizontal. Em seguida,
ela é aquecida por uma chama de gás. Após algum tempo de
isto é, o copo dilata-se como um todo e, assim, provavelmente não
aquecimento, a forma assumida pela lâmina será mais ade-
se quebrará. quadamente representada pela figura: d

Temperatura – dilatação – gases 13


Dados: O coeficiente de b) a dilatação na largura da chapa.
Bronze
dilatação térmica linear do Ferro Podemos usar novamente a expressão ΔL 5 aL0ΔT (dilatação
ferro é 1,2 ? 10–5 °C21; o coe- linear), mas agora temos L0 5 40 cm (largura da chapa). Assim:
ficiente de dilatação térmi- ΔL 5 aL0ΔT 5 25 ? 1026 ? 40 ? 100
ca linear do bronze é 1,8 ? 1025 °C21; após o aquecimento, a [ ΔL 5 0,10 cm
temperatura da lâmina é uniforme.
16 Considere a chapa do exercício anterior.
a)
a) Qual é o valor do coeficiente de dilatação superficial b?
Temos:
b 5 2a 5 2 ? (25 ? 1026) [ b 5 50 ? 1026 °C21
b) b) Calcule o aumento na área da chapa usando o valor de b
Como o coeficiente de dilatação do bron-
ze é maior do que o do ferro, a lâmina
obtido em (a).
Sabemos que ΔA 5 bA0ΔT. Em nosso caso:
maior (bronze) curva-se sobre a menor
c) A0 5 60 cm ? 40 cm 5 2,4 ? 103 cm2
(ferro).
Logo:
ΔA 5 bA0ΔT 5 50 ? 1026 ? 2,4 ? 103 ? 100
[ ΔA 5 12 cm2
d)

e) 17 (IFTO) Na Rússia, uma estrada de ferro com 900 km de com-


m
Ene-5
primento varia sua temperatura de 26 °C no inverno até
C 1
H-2 24 °C no verão. O coeficiente de dilatação linear do material
14 a) Duas barras, A e B, de mesmo comprimento inicial, sofrem m de que é feito o trilho é 1026 °C21. A variação de comprimento
Ene-6
a mesma elevação de temperatura. As dilatações dessas C 1
H2
- que os trilhos sofrem na sua extensão é igual a: e
barras poderão ser diferentes? Explique. a) 370 m.
Temos ΔL 5 aL0ΔT. Os valores de L0 e ΔT são iguais para as duas b) 37 m. ΔL 5 aL0ΔT

barras. Vemos então que, se elas possuírem diferentes valores c) 270 m. ΔL 5 1026 ? 900 000 ? (24 2 (26))
d) 45 m. ΔL 5 27 m
de a (barras feitas de materiais diferentes), sofrerão dilatações
e) 27 m.
diferentes.
18 Uma esfera de aço está flutuando na superfície do mercúrio
m
Ene-6
contido em um recipiente. Suponha que, por um processo
b) Duas barras, A e B, de mesmo material, sofrem a mesma C 1
H-2 qualquer, apenas a temperatura da esfera seja aumentada.
elevação de temperatura. As dilatações dessas barras po-
a) A densidade da esfera aumentará, diminuirá ou não sofre-
derão ser diferentes? Explique.
rá alteração?
Examinando novamente a expressão ΔL 5 aL0ΔT, vemos que,
A esfera de aço se dilatará, isto é, terá o volume aumentado. Então,

( )
agora, a e ΔT são iguais para as duas barras. Entretanto,
sua densidade se tornará menor m .
lembre-se de que ρ 5
elas poderão apresentar dilatações diferentes, se seus V

comprimentos iniciais forem diferentes.

b) A fração submersa da esfera aumentará, diminuirá ou não


15 Uma chapa de zinco, de forma retangular, tem 60 cm de sofrerá alteração?
comprimento e 40 cm de largura à temperatura de 20 °C. Su- Como a densidade do Hg não se modificou e a densidade da
pondo que a chapa tenha sido aquecida até 120 °C e consul-
esfera tornou-se menor, concluímos que ela flutuará com
tando a tabela 2, calcule:
uma menor fração de seu volume submerso no Hg (de fato,
a) a dilatação no comprimento da chapa;
Sendo L0 5 60 cm, ΔT 5 120 °C 2 20 °C 5 100 °C e, pela tabe- sabemos da Hidrostática que, quanto menor for a densidade
la 2, obtemos: a 5 25 ? 1026 °C21 (zinco). de um sólido que flutua em um líquido, menor será a fração
Então:
do volume desse sólido que ficará submersa no líquido).
ΔL 5 aL0ΔT 5 25 ? 1026 ? 60 ? 100
[ ΔL 5 0,15 cm

14 Temperatura – dilatação – gases


19 (UPE) Uma esfera oca metálica tem raio interno de 10 cm e raio externo de 12 cm a 15 °C. Sendo o coeficiente de dilatação linear
m
Ene-5
desse metal 2,3 ? 1025 (°C)21, assinale a alternativa que mais se aproxima da variação do volume da cavidade interna em cm3 quan-
C 1
H-2 do a temperatura sobe para 40 °C. c
4
m
Ene-6 Considere p 5 3 e volume da esfera 5 ? p ? R3
C 1
H-2
3
a) 0,2
b) 2,2 4
Como g 5 3a e V0 5 ? p ? R3 , temos:
c) 5,0 3
∆V 5 V0 g∆T
d) 15
4
e) 15,2 ∆V 5 ? 3 ? 103 ? 6,9 ? 1025 ? (40 2 15)
3
∆V 5 6,9 cm3

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 7 a 12 Para aprimorar: 7 a 13

DILATAÇÃO DOS LÍQUIDOS


Os líquidos se dilatam obedecendo às mesmas leis que estudamos para os sólidos. Apenas
devemos nos lembrar de que, como os líquidos não têm forma própria, mas tomam a forma do
recipiente, é importante o conhecimento da dilatação volumétrica. Por isso, para os líquidos, são
tabelados apenas os coeficientes de dilatação volumétrica (tabela 3).

Tabela 3 – Coeficientes de dilatação volumétrica

Substância g (°C21)

Álcool etílico 0,75 ? 1023


Dissulfeto de carbono 1,2 ? 1023
Glicerina 0,5 ? 1023
Mercúrio 0,18 ? 1023
Petróleo 0,9 ? 1023

Dilatação aparente
Para observarmos a dilatação de um líquido, devemos colocá-lo em um frasco e aquecer esse
conjunto. Ambos se dilatarão e, como a capacidade do frasco aumenta, a dilatação que observare-
mos, para o líquido, será apenas aparente. A dilatação real do líquido será maior do que a observada.
Essa dilatação real é igual à soma da dilatação aparente com a dilatação volumétrica do recipiente.
Quando usamos um recipiente cujo coeficiente de dilatação é muito pequeno, a dilatação aparente
torna-se praticamente igual a sua dilatação real.

Dilatação irregular da água


Como vimos, os corpos sólidos e líquidos, em geral, têm o volume au-
mentado quando elevamos sua temperatura. Entretanto, algumas substâncias, V (cm3)
em determinados intervalos de temperatura, apresentam um comportamen- 1,01

to inverso, isto é, diminuem de volume quando sua temperatura aumenta. FRENTE A


Essas substâncias, nesses intervalos, têm coeficiente de dilatação negativo.
A água, por exemplo, é uma das substâncias que apresentam essa
irregularidade na dilatação. Quando a temperatura da água é aumenta- 1,00
FÍSICA

da, entre 0 °C e 4 °C, seu volume diminui. Elevando-se sua temperatura


acima de 4 °C, ela se dilata normalmente. O gráfico volume × temperatura 0 4 10 20 30 T (°C)
para a água tem o aspecto mostrado na figura 12. Portanto, uma certa
massa de água tem um volume mínimo a 4 °C, ou seja, sua densidade é Fig. 12 – O volume de uma dada massa
máxima nessa temperatura. de água é mínimo a 4 °C.

Temperatura – dilatação – gases 15


MCSWEENY/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Um homem pesca em lago congelado, no Canadá.


Há regiões muito frias em que a água da superfície de lagos e rios congelam, mas é possível
pescar pois a água abaixo da camada de gelo encontra-se em estado líquido, com temperatura
entre 0 °C e 4 °C.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

2 Um frasco de vidro, cujo volume é exatamente 1 000 cm3 a a) Como sabemos, essa dilatação é dada por:
0 °C, está completamente cheio de mercúrio a essa tempe- ΔVHg 5 gHgV0ΔT
ratura. Quando o conjunto é aquecido até 100 °C, entornam Nesse caso, o volume inicial do mercúrio é V0  5  1 000  cm3
15,0 cm3 de mercúrio (veja figura abaixo). e o aumento de temperatura vale ΔT 5 100 °C. O valor do
a) Qual foi a dilatação real do mercúrio? coeficiente de dilatação volumétrica do mercúrio é forneci-
b) Qual foi a dilatação do frasco? do pela tabela 3: gHg 5 0,18 ? 1023 °C21. Assim:
c) Qual o valor do coeficiente de dilatação linear do vidro de ΔVHg 5 0,18 ? 1023 ? 1 000 ? 100 ∴ ΔVHg 5 18,0 cm3
que é feito o frasco?
b) A dilatação aparente do mercúrio é dada pela quantidade
RESOLUÇÃO: que entornou, isto é, 15,0 cm3. Como a dilatação real foi de
18,0 cm3, é claro que a dilatação do frasco foi:
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

ΔVf 5 18,0 2 15,0 [ ΔVf 5 3,0 cm3


0 ºC 100 ºC
c) Sabemos que:
ΔVf 5 gfV0ΔT
em que gf é o coeficiente de dilatação volumétrica do frasco,
V0 5 1 000 cm3 e ΔT 5 100 °C. Assim, como ΔVf 5 3,0 cm3:
3,0 5 gf ? 1 000 ? 100 [ gf 5 3,0 ? 1025 °C21
Lembrando gf 5 3af , obtemos:
g 3,00 ? 11025
af 5 f 5 a f 5 1,00 ? 11025 °°C
C21
3 3

16 Temperatura – dilatação – gases


PARA CONSTRUIR

20 Uma pessoa encheu completamente o tanque de gasolina b) Se o conjunto recipiente 1 líquido for aquecido, o nível
m do carro e deixou-o estacionado ao sol. Depois de certo tem- do líquido subirá, descerá ou não sofrerá alteração?
Ene-6
C 1
H-2 po, verificou que, em virtude da elevação de temperatura, Deve-se observar que o líquido e o alumínio possuem o mesmo
certa quantidade de gasolina havia entornado. coeficiente de dilatação volumétrica. Então, aquecendo-se igual-
a) O tanque de gasolina se dilatou? mente o líquido e o recipiente, eles se dilatarão igualmente e,
É de se esperar que, em virtude da elevação de temperatura, assim, o nível do líquido não se modificará.
tenha ocorrido a dilatação do tanque de gasolina (a capacidade
c) Qual foi a dilatação aparente do líquido?
tornou-se um pouco maior).
A dilatação aparente, isto é, aquela que é observada, terá
sido evidentemente nula.
b) A quantidade que entornou representa a dilatação real
que a gasolina sofreu?
Não, como vimos, em virtude de ter ocorrido a dilatação no tanque,
22 Um recipiente, cujo volume inicial é V0 5 100 cm3, está
completamente cheio de glicerina à temperatura de 20 °C.
o volume que entornou representa a dilatação aparente da
Aquecendo-se o conjunto até 50 °C, verifica-se que entorna
gasolina. 1,5 cm3 de glicerina.
a) Qual foi a dilatação aparente da glicerina?
c) A dilatação real da gasolina foi maior, menor do que a di- A dilatação aparente é aquela que observamos. Nesse caso
latação do tanque ou igual a ela? terá sido, então, de 1,5 cm3.
Se entornou uma parte da gasolina, concluímos que sua dilatação
b) Consulte a tabela 3, e calcule a dilatação real sofrida pela
real foi maior do que a dilatação do tanque. glicerina.
Na tabela 3, vemos que, para a glicerina, temos:
g 5 0,5 ? 1023 °C21
d) E o coeficiente de dilatação da gasolina é maior, menor ou Então, a dilatação real foi:
igual ao coeficiente de dilatação volumétrica do material ΔV 5 gV0ΔT 5 0,5 ? 1023 ? 100 ? (50 2 20)
[ ΔV 5 1,5 cm3
de que é feito o tanque?
O tanque e a gasolina apresentavam o mesmo volume inicial V0
(tanque cheio) e sofreram a mesma elevação de temperatura c) Qual é o valor do coeficiente de dilatação do recipiente?
ΔT. Como houve maior aumento no volume da gasolina, Vemos que a dilatação aparente da glicerina foi igual à dilatação
concluímos, pela expressão ΔV 5 g V0 ΔT, que o valor de g para real. Então, não houve dilatação do recipiente, isto é, o coeficiente
a gasolina é maior do que para o material do tanque. de dilatação é nulo (muito pequeno).

23 Uma esfera de madeira está flutuando na superfície da água,


m
Ene-6
contida em um recipiente, à temperatura de 2 °C. Somente a
C 1
H-2 água foi aquecida até sua temperatura atingir 4 °C. Responda:
21 Um líquido, cujo coeficiente de dilatação volumétrica é gL 5 a) O volume da água aumentará, diminuirá ou não sofrerá
5 6,9 ? 10 °C , foi colocado em um recipiente de alumínio,
25 21 alteração?
atingindo uma altura h dentro desse recipiente. Ao passar de 2 °C para 4 °C, o volume da água diminui.
a) Consultando a tabela 2, determine o coeficiente de dilata-
ção volumétrica, gAl, do alumínio.
b) A densidade da água aumentará, diminuirá ou não sofrerá
FRENTE A
Pela tabela 2 vemos que:
aAl 5 23 ? 1026 °C21 alteração?
Então:
Em virtude da contração sofrida, a densidade da água aumentará
gAl 5 3aAl 5 3 ? 23 ? 1026 [ gAl 5 69 ? 1026 °C21
ou gAl 5 6,9 ? 1025 °C21 (densidade máxima a 4 °C).
FÍSICA

c) A parte submersa da esfera aumentará, diminuirá ou não


sofrerá alteração?
Como houve aumento na densidade da água, temos que a esfera
passará a flutuar com menor volume submerso.

Temperatura – dilatação – gases 17


25. 01 1 02 1 04 1 16 5 23
(08) Alternativa incorreta, pois a dilatação volumétrica é dada por: ΔV 5 gV0ΔT
Ou seja, a dilatação é diretamente proporcional ao coeficiente de dilatação térmica (g).
24 Responda às questões do exercício anterior supondo, agora, 25 (UEPG-PR) Dilatação térmica é o fenômeno pelo qual va-
que a temperatura da água fosse aumentada, a partir de 4 °C, m
Ene-5
riam as dimensões geométricas de um corpo quando este
C 7
para 20 °C. H-1 experimenta uma variação de temperatura. Sobre esse fe-
m nômeno físico, dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
a) Acima de 4 °C, a água se dilata normalmente. Logo, o volume Ene-6
C 1
aumentará ao ser aquecida de 4 °C para 20 °C.
H-2 (01) Em geral, as dimensões de um corpo aumentam
quando a temperatura aumenta.
b) Havendo aumento de volume, haverá diminuição na densidade
(02) Um corpo oco se dilata como se fosse maciço.
da água.
(04) A tensão térmica explica por que um recipiente de
c) Consequentemente, para a esfera flutuar em equilíbrio (continuar
vidro grosso comum quebra quando é colocada água
recebendo o mesmo empuxo), ela deverá afundar um pouco mais
em ebulição em seu interior.
na água (o volume submerso aumentará).
(08) A dilatação térmica de um corpo é inversamente pro-
porcional ao coeficiente de dilatação térmica do ma-
terial que o constitui.
(16) Dilatação aparente corresponde à dilatação observa-
da em um líquido contido em um recipiente.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 13 e 14 Para aprimorar: 14 e 15

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA PRATICAR 3 (ESPCEX-SP) Um termômetro digital, localizado em uma pra-


ça da Inglaterra, marca a temperatura de 10,4 °F. Essa tempe-
ratura, na escala Celsius, corresponde a:
1 (IFCE) Ao tomar temperatura de um paciente, um médico do
m programa Mais Médicos só tinha em sua maleta um termô- a) 25 °C. c) 212 °C. e) 239 °C.
Ene-5
C 1
H-2 metro graduado na escala Fahrenheit. Após colocar o termô- b) 210 °C. d) 227 °C.
metro no paciente, ele fez uma leitura de 104 °F. A correspon- 4 (IFBA) O conjunto de valores numéricos que uma dada tem-
dente leitura na escala Celsius era de: m peratura pode assumir em um termômetro constitui uma
Ene-5
C 1
a) 30. H-2 escala termométrica. Atualmente, a escala Celsius é a mais
b) 32. m utilizada; nela adotou-se os valores 0 para o ponto de fusão
Ene-5
C 7
c) 36. H-1 do gelo e 100 para o ponto de ebulição da água. Existem al-
d) 40. m guns países que usam a escala Fahrenheit, a qual adota 32 e
Ene-6
e) 42. C 1
H-2 212 para os respectivos pontos de gelo e de vapor. Certo dia,
um jornal europeu informou que, na cidade de Porto Segu-
2 (Acafe-SC) Largamente utilizados na Medicina, os termôme- ro, o serviço de meteorologia anunciou, entre a temperatura
m
Ene-5
tros clínicos de mercúrio relacionam o comprimento da colu- máxima e a mínima, uma variação ΔF 5 36 °F. Essa variação
C 7
H-1 na de mercúrio com a temperatura. Sabendo-se que quando de temperatura expressa na escala Celsius é:
m
Ene-6
a coluna de mercúrio atinge 2,0 cm, a temperatura equivale a
C 1
H-2 34 °C e, quando atinge 14 cm, a temperatura equivale a 46 °C. a) ΔC 5 10 °C.
Ao medir a temperatura de um paciente com esse termôme- b) ΔC 5 12 °C.
tro, a coluna de mercúrio atingiu 8,0 cm. c) ΔC 5 15 °C.
d) ΔC 5 18 °C.
A alternativa correta que apresenta a temperatura do pacien- e) ΔC 5 20 °C.
te, em °C, nessa medição é:
a) 36. 5 (Ceteps-SP) Em algumas cidades brasileiras encontramos,
b) 42. em vias de grande circulação, termômetros que indicam a
c) 38. temperatura local medida na escala Celsius. Por causa dos
d) 40. jogos da Copa, no Brasil, os termômetros deverão passar

18 Temperatura – dilatação – gases


por modificações que permitam a informação da tempe- 9 (IFCE) Um bloco em forma de cubo possui volume de 400 cm3
ratura também na escala Fahrenheit, utilizada por alguns m a 0 °C e 400,6 cm3 a 100 °C. O coeficiente de dilatação linear
Ene-5
países. Portanto, após essa adaptação, um desses termô- C 1
H-2 do material que constitui o bloco, em unidades de °C21, vale:
metros que indique, por exemplo, 25 °C, também aponta-
a) 4 ? 1025.
rá a temperatura de:
b) 3 ? 1026.
a) 44 °F. c) 2 ? 1026.
b) 58 °F. d) 1,5 ? 1025.
c) 64 °F. e) 5 ? 1026.
d) 77 °F.
e) 86 °F 10 (UFG-GO) Uma longa ponte foi construída e instalada com
m
Ene-5
blocos de concreto de 5 m de comprimento a uma tempera-
6 (Senai-SP) Em 1966, foi lançado o filme Fahrenheit 451, do C 1
H-2 tura de 20 °C em uma região na qual a temperatura varia ao
m
Ene-5
diretor francês François Truffaut. O foco da ação do filme é longo do ano entre 10 °C e 40 °C. O concreto desses blocos
C 7
H-1 um grupo de bombeiros, o grupo Fahrenheit 451, responsá- tem coeficiente de dilatação linear de 1025 °C21. Nessas con-
m vel por queimar todos os livros que encontrassem, em uma dições, qual distância em cm deve ser resguardada entre os
Ene-6
C 1
H-2 temperatura de 451 graus Fahrenheit (451 °F). No Brasil e na blocos na instalação para que, no dia mais quente do verão, a
maior parte dos países do mundo, a escala de medida de separação entre eles seja de 1 cm?
temperaturas mais usual é a Celsius. No entanto, a escala de a) 1,01
temperaturas oficial do Sistema Internacional de Unidades b) 1,10
(SI) é o Kelvin. A temperatura que dá nome ao filme é equiva- c) 1,20
lente, aproximadamente, a: d) 2,00
a) 233 °C. e) 2,02
b) 178 K.
c) 724 °C. 11 (Ceteps-SP) Quem viaja de carro ou de ônibus pode ver, ao
d) 451 °C. m
Ene-5
longo das estradas, torres de transmissão de energia tais
C 7
e) 724 K. H-1 como as da figura.
m
Ene-6
7 (UFABC-SP) Uma placa metálica de espessura desprezível tem C 1
H-2
m
Ene-5
um orifício circular e está encaixada horizontalmente num cone
C 7
H-1 de madeira, como mostra a figura. À temperatura de 20 °C, a
m distância do plano que contém a placa ao vértice do cone é Elemento
Ene-6
C 1
H-2 20 cm. A placa é, então, aquecida a 100 °C e, devido à dilata- condutor
ção térmica, ela escorrega até uma nova posição, onde ainda
continua horizontal. Sendo o coeficiente de dilatação linear do
material da placa igual a 5 ? 1025 °C21 e desconsiderando a dila-
tação do cone, determine, em cm, a nova distância D do plano
que contém a placa, ao vértice do cone, a 100 °C.
Placa
20 cm Elemento de
metálica D suporte

Cone de
Olhando mais atentamente, é possível notar que os cabos
madeira são colocados arqueados ou, como se diz popularmente, “fa-
zendo barriga”.
Antes Depois
A razão dessa disposição é que:
(20 °C) (100 °C) a) a densidade dos cabos tende a diminuir com o passar dos
FRENTE A
anos.
8 (Ifsul-RS) Com uma régua de latão (coeficiente de dilatação b) a condução de eletricidade em alta tensão é facilitada
linear a 5 2,0 ? 1025 °C21) aferida a 20 °C, mede-se a distância desse modo.
entre dois pontos. Em qual temperatura, acima de 20 °C essa c) o metal usado na fabricação dos cabos é impossível de ser
medida deveria ter sido feita para ter um desvio de 0,05%?
FÍSICA

esticado.
a) 50 °C d) os cabos, em dias mais frios, podem encolher sem derru-
b) 45 °C bar as torres.
c) 40 °C e) os ventos fortes não são capazes de fazer os cabos, assim
d) 35 °C dispostos, balançarem.

Temperatura – dilatação – gases 19


12 (PUC-RS) O piso de concreto de um corredor de ônibus (02) Se a variação de temperatura for de 15 °C para 25 °C a
é constituído de secções de 20 m separadas por juntas de garrafa não se romperá.
dilatação. Sabe-se que o coeficiente de dilatação linear do (04) Sendo o coeficiente de dilatação da água maior que o
concreto é 12 ? 1026 °C21 e que a variação de temperatura no coeficiente de dilatação do vidro, a dilatação observada
local pode chegar a 50 °C entre o inverno e o verão. Nessas na água não é real.
condições, a variação máxima de comprimento, em metros, (08) Aquecido o sistema, o volume interno da garrafa au-
de uma dessas secções, devido à dilatação térmica, é: menta, enquanto o volume de água permanece o
a) 1 ? 1022. mesmo.
b) 1,2 ? 1022.
c) 2,4 ? 1024. PARA APRIMORAR
d) 4,8 ? 1024.
e) 6,0 ? 1024.
1 (UPF-RS) Em um laboratório, um estudante deseja realizar
13 (Enem) De maneira geral, se a temperatura de um líquido co- m
Ene-5
medidas de variações pequenas de temperatura, no entanto,
C 7
m mum aumenta, ele sofre dilatação. O mesmo não ocorre com a H1
- percebe que o termômetro comum disponível nesse labo-
Ene-6
C 4
H-2 água, se ela estiver a uma temperatura próxima a de seu ponto m ratório é pouco eficiente, pois possui divisões de meio grau.
Ene-6
m de congelamento. O gráfico mostra como o volume específico
C 1
H-2 Dessa forma, resolve construir um novo termômetro, que
Ene-6
C 5 (inverso da densidade) da água varia em função da temperatu- possua uma escala com décimos de grau, tomando para tal,
H-2
ra, com uma aproximação na região entre 0 °C e 10 °C, ou seja, algumas providências, que estão descritas a seguir. Qual de-
m
Ene-6 las NÃO irá contribuir para a ampliação da escala do termô-
C 1
H-2
nas proximidades do ponto de congelamento da água.
metro?
A
Volume específico (cm3/g)

1,05
a) Usar um líquido de maior coeficiente de dilatação.
1,04 b) Aumentar o volume do depósito de líquido.
c) Diminuir o diâmetro do tubo capilar de vidro.
1,03
d) Usar um vidro de menor coeficiente de dilatação.
1,02 e) Aumentar, exclusivamente, o comprimento do tubo de
vidro.
1,01
2 (AFA-SP) Dois termômetros idênticos, cuja substância ter-
1,00
0 20 40 60 80 100 m
Ene-5
mométrica é o álcool etílico, um deles graduado na escala
C 7
B
Temperatura (°C) H-1 Celsius e o outro graduado na escala Fahrenheit, estão sendo
Volume específico (cm3/g)

m usados simultaneamente por um aluno para medir a tem-


Ene-6
1,00020 C 1
H-2
peratura de um mesmo sistema físico no laboratório de sua
escola. Nessas condições, pode-se afirmar corretamente que: 
1,00010
a) os dois termômetros nunca registrarão valores numéricos
1,00000 iguais. 
0 2 4 6 8 10
Temperatura (°C)
b) a unidade de medida do termômetro graduado na escala
Celsius é 1,8 vezes maior que a da escala Fahrenheit. 
HALLIDAY; RESNICK. Fundamentos da Física: gravitação, c) a altura da coluna líquida será igual nos dois termômetros,
ondas e termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 1991. v. 2.
porém com valores numéricos sempre diferentes. 
A partir do gráfico, é correto concluir que o volume ocupado
d) a altura da coluna líquida será diferente nos dois termô-
por certa massa de água:
metros.
a) diminui em menos de 3% ao se resfriar de 100 °C a 0 °C.
b) aumenta em mais de 0,4% ao se resfriar de 4 °C a 0 °C. 3 (UFPB) Durante uma temporada de férias na casa de praia, o
c) diminui em menos de 0,04% ao se aquecer de 0 °C a 4 °C. m filho caçula começa a apresentar um quadro febril preocu-
Ene-5
d) aumenta em mais de 4% ao se aquecer de 4 °C a 9 °C. C 7
H1
- pante. A mãe para saber com exatidão a temperatura dele,
e) aumenta em menos de 3% ao se aquecer de 0 °C a 100 °C. m usa um velho termômetro de mercúrio, que não mais apre-
Ene-6
C 1
H-2 senta com nitidez os números referentes à escala de tempe-
14 (UEPG-PR) Considere uma garrafa de vidro totalmente cheia
ratura em graus Celsius. Para resolver esse problema e aferir
m
Ene-5
com água, hermeticamente fechada, submetida a alterações
C 7 com precisão a temperatura do filho, a mãe decide graduar
H-1 de temperatura. Nesse contexto, dê a soma da(s) alternativa(s)
novamente a escala do termômetro usando como pontos fi-
m correta(s).
Ene-6
C 1
xos as temperaturas do gelo e do vapor da água. Os valores
H-2 (01) Diminuindo a temperatura do sistema, até 4 °C, o volu- que ela obtém são: 5 cm para o gelo e 25 cm para o vapor.
me da água diminui em relação ao volume da garrafa, Com essas aferições em mãos, a mãe coloca o termômetro
criando um espaço vazio no seu interior. no filho e observa que a coluna de mercúrio para de crescer

20 Temperatura – dilatação – gases


quando atinge a marca de 13 cm. Com base nesse dado, a
Barra A
mãe conclui que a temperatura do filho é de:
a) 40,0 °C.
b) 39,5 °C. Barra B
c) 39,0 °C.
d) 38,5 °C. Sabendo-se que as retas que representam os comprimentos
e) 38,0 °C. da barra A e da barra B são paralelas, pode-se afirmar que a
razão entre o coeficiente de dilatação linear da barra A e o da
4 (Cefet-MG) Um termômetro de mercúrio apresenta no ponto barra B é:
de fusão da água uma coluna de 20 mm de altura e, no ponto a) 2,00. c) 1,00.
de ebulição, 80 mm. A uma temperatura de 92 °F, a coluna de b) 0,50. d) 0,25.
mercúrio desse termômetro, em mm, é igual a:
a) 30. c) 50. 8 (Fuvest-SP) Para ilustrar a dilatação dos corpos, um grupo de
b) 40. d) 60. m
Ene-5
estudantes apresenta, em uma feira de ciências, o instrumen-
C 7
H-1 to esquematizado na figura a seguir.
5 (PUC-PR) O clima em Curitiba é caracterizado pelas altas va- m
Ene-6
m
Ene-5
riações de temperatura em um mesmo dia. Segundo dados C 1
H-2
C 1
H-2 do Simepar (www.simepar.br), ao final do inverno de 2011,
os termômetros chegaram a marcar 8,00 °C e 25,0 °C em um 10 cm
período de 24h. Determine essa variação de temperatura na
escala Fahrenheit. O 30 cm
2 cm
Dados: ponto de fusão do gelo: 32 °F; ponto de ebulição da
água: 212 °F.
a) 17,0 °F.
Nessa montagem, uma barra de alumínio com 30 cm de
b) 30,6 °F.
comprimento está apoiada sobre dois suportes, tendo uma
c) 62,6 °F.
extremidade presa ao ponto inferior do ponteiro indicador e
d) 20,0 °F.
a outra encostada num anteparo fixo. O ponteiro pode girar
e) 16,5 °F.
livremente em torno do ponto O, sendo que o comprimento
6 (Fatec-SP) Durante a aula de termometria, o professor apre- de sua parte superior é 10 cm e, o da inferior, 2 cm. Se a barra
m senta aos alunos um termômetro de mercúrio, graduado na de alumínio, inicialmente à temperatura de 25 °C, for aque-
Ene-5
C 7
H-1 escala Kelvin que, sob pressão constante, registra as tempera- cida a 225 °C, o deslocamento da extremidade superior do
turas de um corpo em função do seu volume V conforme re- ponteiro será, aproximadamente, de:
m
Ene-6
C 1
H-2 lação TK 5 mV 1 80. Sabendo que m é uma constante e que Dados: coeficiente de dilatação linear do alumínio: 2 ? 1025 °C21.
à temperatura de 100 K o volume do corpo é 5 cm3, os alunos a) 1 mm. c) 6 mm. e) 30 mm.
podem afirmar que, ao volume V 5 10 cm3 a temperatura do b) 3 mm. d) 12 mm.
corpo será, em kelvin, igual a:
9 (UPE) Uma barra de coeficiente de dilatação a 5 5p ? 10−4 °C−1,
a) 200.
m
Ene-5
comprimento 2,0 m e temperatura inicial de 25 °C está presa
b) 120. C 7
H-1 a uma parede por meio de um suporte de fixação S. A outra
c) 100.
m extremidade da barra B está posicionada no topo de um disco
d) 80. Ene-6
C 1
H-2 de raio R 5 30 cm.
e) 50.
Quando aumentamos lentamente a temperatura da barra até
7 (AFA-SP) No gráfico a seguir está representado o comprimen- um valor final T, verificamos que o disco sofre um deslocamen-
m
Ene-6
to L de duas barras A e B em função da temperatura T. to angular Δu 5 30° no processo. Observe a figura a seguir:
C 4
H-2
Barra B FRENTE A
m
Ene-6 L
C 5
H-2 Du
Barra A
m
Ene-6
C 1
FÍSICA

H2
-
2L S

R
L

Temperatura – dilatação – gases 21


Supondo que o disco rola sem deslizar e desprezando os a) 1.
efeitos da temperatura sobre o suporte S e também sobre o 1
disco, calcule o valor de T. b) 2 .
a) 50 °C
b) 75 °C c) 1 .
4
c) 125 °C
d) 1 .
d) 300 °C 5
e) 325 °C 1
e) .
10
10 (UPF-RS) O diâmetro externo de uma arruela de metal é de
m
Ene-5
4,0 cm e seu diâmetro interno é de 2,0 cm. Aumentada a 14 Um balão de vidro está completamente cheio de um líquido,
C 9
H-1 temperatura da arruela de ΔT, observa-se que seu diâmetro m a uma certa temperatura inicial. Um tubo fino, cuja área da
Ene-5
m externo aumenta em Δd. Então, pode-se afirmar que seu diâ- C 7
H-1 seção reta é A, é adaptado ao balão, como mostra a figura
Ene-5
C 1
H-2 metro interno: m deste problema. Quando a temperatura do balão é aumen-
Ene-6
a) diminui de Δd.
C 1
H2
- tada em ΔT, o líquido sobe no tubo até a altura h.
b) diminui de ∆d .

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


2 A

c) aumenta de Δd.
d) aumenta de ∆d . h
2
e) não varia.

11 (Udesc) Certo metal possui um coeficiente de dilatação linear a.


m
Ene-5
Uma barra fina desse metal, de comprimento L0, sofre uma di-
C 7
H-1 latação para uma dada variação de temperatura ΔT. Para uma
m chapa quadrada fina de lado L0 e para um cubo também de
Ene-6
C 1
H-2 lado L0, desse mesmo metal, se a variação de temperatura for
2ΔT, o número de vezes que aumentou a variação da área e
do volume, da chapa e do cubo, respectivamente, é:
a) 4 e 6.
b) 2 e 2.
c) 2 e 6.
d) 4 e 9.
e) 2 e 8.
Supondo que a área A do tubo tenha se mantido constante
e sendo V0 o volume inicial do balão, gL o coeficiente de dila-
12 (UERN) Duas chapas circulares A e B de áreas iguais a uma
tação volumétrica do líquido e a V o coeficiente de dilatação
m
Ene-5
temperatura inicial de 20 °C foram colocadas no interior de
C 2 linear do vidro do balão, mostre que:
H2
- um forno cuja temperatura era de 170 °C. Sendo a chapa
V
A de alumínio e a chapa B de ferro e a diferença entre suas h 5 0 ( gL 2 3a V )∆T
áreas no instante em que atingiram o equilíbrio térmico com A
o forno igual a 2,7p cm2, então o raio inicial das chapas no 15 (Mack-SP) Quando um recipiente totalmente preenchido
instante em que foram colocadas no forno era de: com um líquido é aquecido, a parte que transborda repre-
m
Ene-5
Dados: aAl 5 22 ? 10−6 °C−1; aFe 5 12 ? 10−6 °C−1. C 7
senta sua dilatação________. A dilatação _________ do lí-
H-1
a) 25 cm. c) 35 cm. quido é dada pela ________ da dilatação do frasco e da dila-
m
b) 30 cm. d) 40 cm. Ene-6
C 1
H-2
tação __________.
Com relação à dilatação dos líquidos, assinale a alternativa
13 (UFRGS-RS) Duas esferas maciças e homogêneas, X e Y, de
que, ordenadamente, preenche de modo correto as lacunas
m
Ene-5
mesmo volume e materiais diferentes, estão ambas na mes-
C 9 do texto acima.
H1
- ma temperatura T. Quando ambas são sujeitas a uma mesma
a) aparente – real – soma – aparente
variação de temperatura ΔT, os volumes de X e Y aumentam
b) real – aparente – soma – real
de 1% e 5%.
c) aparente – real – diferença – aparente
A razão entre os coeficientes de dilatação dos materiais de X
d) real – aparente – diferença – aparente
e Y, a X é: e) aparente – real – diferença – real
aY

22 Temperatura – dilatação – gases


CAPÍTULO

2 Comportamento dos gases

Objetivos: Suponha que em um dia de verão, depois de remar com uma prancha
inflável no mar, você tenha deixado a prancha exposta ao sol sobre a areia
c Identificar algumas da praia. Depois de algumas horas, o que deve acontecer com a pressão na
transformações que
prancha inflável? E com a temperatura dela? Existe alguma relação entre
um gás pode sofrer.
essas grandezas e o volume de ar dentro da prancha inflável?
c Descrever o O estudo dos gases permite entender essa e outras situações
comportamento dos envolvendo a matéria nesse estado físico.
gases reais.

c Associar temperatura e
energia cinética média
de moléculas.
AGE FOTOSTOCK/KEYSTONE BRASIL

O Stand Up Paddle (SUP) é um dos esportes aquáticos que mais ganha adeptos no Brasil. As pranchas infláveis de
SUP suportam pressão de 10 até 17 psi (libras por polegada quadrada).

TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA
No capítulo anterior, ao estudarmos a dilatação dos sólidos e líquidos, não fizemos nenhuma
referência sobre a influência da pressão nesse fenômeno, porque somente grandes variações na
pressão podem influenciar sensivelmente as dimensões de sólidos e líquidos. De modo geral, em FRENTE A
situações comuns, a influência da pressão na dilatação de sólidos e líquidos pode ser desprezada.
Analisando o comportamento de um gás, entretanto, percebemos que as variações de pressão
Portal
SESI podem provocar variações apreciáveis no volume e na temperatura do gás analisado. Estudando
Educação
FÍSICA

www.sesieducacao.com.br experimentalmente o comportamento de uma dada massa de gás, verificou-se que seria possível
expressar esse comportamento por meio de relações matemáticas simples entre sua pressão, P, seu
Acesse o portal e veja a experiên-
volume, V, e sua temperatura, T. Uma vez que sejam conhecidos os valores dessas grandezas (massa,
cia presente no vídeo Compor-
tamento dos gases. pressão, volume e temperatura), a situação em que está o gás fica definida ou, em outras palavras,
fica definido o seu estado.

Temperatura – dilatação – gases 23


Provocando-se uma variação em uma dessas grandezas, nota-se que, em geral, as outras tam-
bém se modificam, e esses novos valores caracterizam outro estado do gás. Dizemos que o gás sofreu
uma transformação ao passar de um estado para outro (fig. 1).

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


P1 T1 P2 T2

Transformação

Estado 1 Estado 2

Fig. 1 – Quando um gás passa de um estado para


outro, dizemos que ele sofreu transformação.

Nas leis que veremos a seguir serão estudadas algumas transformações que um gás pode sofrer.
Essas leis são válidas apenas, aproximadamente, para os gases que existem na natureza, denominados
gases reais (O2 , H2 , N2 , etc.). Um gás que se comporte de acordo com tais leis é denominado gás
ideal. Os gases reais, submetidos a pequenas pressões e altas temperaturas, comportam-se como
ideais; portanto, nessas condições, o estudo que faremos neste capítulo poderá ser usado para des-
crever, com boa aproximação, o comportamento dos gases reais.

O que é uma transformação isotérmica (T 5 constante)


Suponha que um gás tenha sido submetido a uma transformação na qual sua temperatura foi
mantida constante. Dizemos que ele sofreu transformação isotérmica (isos 5 “igual” 1 thérme 5
5 “temperatura”). Considerando que a massa do gás também se manteve constante (não houve es-
capamento nem entrada de gás no recipiente), concluímos que apenas a pressão e o volume do gás
foram as grandezas que variaram na transformação isotérmica.
A figura 2 apresenta uma maneira de realizar uma transformação isotérmica. Na figura 2-A, uma
massa de ar está confinada em um determinado volume de recipiente. A pressão que atua nesse
volume de gás é de 1 atm. Dobrar ou triplicar a pressão exercida sobre o gás ocasiona redução em
seu volume (fig. 2-B e 2-C). Se a operação for feita lentamente, a massa de ar permanecerá sempre
em equilíbrio térmico com o meio ambiente e, assim, sua temperatura se manterá praticamente
constante, ou seja, a transformação será isotérmica.

1,0 atm 2,0 atm 3,0 atm AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

Ar
Fig. 2 – Em uma transformação isotérmica, quando a pressão
sobre o gás aumenta, o volume diminui.
(As moléculas de gás estão ampliadas para que
possam ser representadas no desenho.) A B C

24 Temperatura – dilatação – gases


Lei de Boyle
Se medirmos a pressão e o volume do gás (ar) na experiência apresentada na figura 2, podere-
mos encontrar uma relação simples entre essas grandezas. Suponha que, na figura 2-A, o volume do
ar confinado fosse V1 5 60 mm3 e a pressão total sobre ele, P1 5 1 atm. Em seguida, imagine que, na
figura 2-B, a pressão tenha sido aumentada para P2 5 2 atm. Nessas condições, o volume do gás se
reduz para V2 5 30 mm3. Aumentando-se novamente a pressão para P3 5 3 atm (fig. 2-C), o volume
passa a ser V3 5 20 mm3, e assim sucessivamente. Tabelando as medidas, obtemos:

P (atm) 1 2 3
V (mm3) 60 30 20

Compare a primeira coluna com as demais e observe que:


duplicando P → V é dividido por 2;
triplicando P → V é dividido por 3, e assim sucessivamente.
Esse resultado mostra que o volume V é inversamente proporcional à pressão P e, consequen-
temente, o produto P ? V é constante. O físico inglês Robert Boyle, em 1660, chegou a essas mesmas
conclusões depois de realizar uma série de experiências semelhantes a essa que descrevemos. Por
esse motivo, o resultado a que chegamos é conhecido como lei de Boyle:

Se a temperatura T de uma dada massa gasosa for mantida constante, o volume V desse
gás será inversamente proporcional à pressão P exercida sobre ele, ou seja, PV 5 constante (se
T 5 constante).

O gráfico P 3 V
Na figura 3, apresentamos o gráfico P 3 V, construído com os valores de P e V da tabela relativa
à transformação isotérmica da experiência que descrevemos. Veja como foram lançados, no gráfico,
os dados da tabela e observe que a curva obtida mostra a variação inversa do volume com a pressão
(enquanto V aumenta, P diminui).
Como, nessa transformação, P e V estão relacionados por uma proporção inversa, podemos
concluir que a curva da figura 3 é uma hipérbole. Por descrever uma transformação isotérmica,
essa curva também é denominada uma isoterma do gás.
3,0 atm

2,0 atm
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

1,0 atm

3,0
Pressão (atm)

2,0 FRENTE A

1,0
FÍSICA

20 30 60
Volume
(mm3) Fig. 3 – Isoterma de um gás ideal.

Temperatura – dilatação – gases 25


Influência da pressão na densidade
A densidade de um corpo é dada por ρ 5 m. Para os corpos sólidos e líquidos, uma variação
V
na pressão exercida sobre eles praticamente não altera o volume V, de modo que a densidade desses
corpos é muito pouco influenciada pela pressão. O mesmo não acontece com os gases. Em uma
transformação isotérmica, por exemplo, quando aumentamos a pressão sobre uma massa gasosa,
seu volume reduz-se apreciavelmente. Em consequência, sua densidade também aumenta sensivel-
mente, uma vez que o valor de m não se altera. De fato, para determinado valor de m, a lei de Boyle
nos permite deduzir o seguinte:
duplicando P → V fica dividido por 2 → ρ duplica;
triplicando P → V fica dividido por 3 → ρ triplica;
quadruplicando P → V fica dividido por 4 → ρ quadruplica, e assim sucessivamente.
Com base nesse esquema, podemos concluir que:

ρ∝P

isto é, se mantivermos constante a temperatura de uma dada massa gasosa, sua densidade será
diretamente proporcional à pressão do gás.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

1 Um recipiente contendo O2 é provido de um pistão (ver figu- a) Qual o volume V2 do oxigênio nesse novo estado?
ra) que permite variar a pressão e o volume do gás. Verifica-se b) Supondo que a densidade do O2, no estado inicial, fosse
que, quando está submetido a uma pressão P1 5 2,0 atm, o de 1,2 g/L, qual seria sua densidade no estado final?
O2 ocupa um volume V1 5 20 L. Comprime-se lentamente o
RESOLUÇÃO:
gás, de modo que sua temperatura não varie, até que a pres-
são atinja o valor P2 5 10 atm. a) Supondo que o O2 esteja se comportando como um
gás ideal, podemos aplicar a lei de Boyle, por se tratar
de uma transformação isotérmica. Portanto, como PV 5
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

5 constante:
P2V2 5 P1V1 ou 10 ? V2 5 2,0 ? 20 [ V2 5 4,0 L
b) Em uma transformação isotérmica, ρ é diretamente pro-
porcional a P. A pressão passou de P1 5 2,0 atm para P2 5
5 10 atm, isto é, foi multiplicada por 5. Consequentemen-
te, a densidade também ficará 5 vezes maior e o novo va-
lor de ρ será:
A B ρ 5 5 ? 1,2 [ ρ 5 6,0 g/L

PARA CONSTRUIR

1 a) Quais são as grandezas que determinam o estado de um 2 a) O que são gases reais?
m gás? São os gases existentes na natureza: O2 , H2 , N2 , CO2 , etc.
Ene-6
C 1
H-2
O estado de um gás fica definido quando conhecemos as seguintes
grandezas: sua massa m, seu volume V, sua pressão P e sua
b) Em que condições os gases reais se comportam como um
temperatura T. gás ideal?
b) O que significa dizer que um gás sofreu uma transformação? Os gases existentes na natureza, quando submetidos a pressões
Dizemos que um gás sofreu uma transformação quando variam baixas e a altas temperaturas, comportam-se como um gás ideal.
pelo menos duas das grandezas que caracterizam seu estado.

26 Temperatura – dilatação – gases


3 Considere a transformação isotérmica mostrada na figura 2. 5 a) Com os dados da tabela do exercício anterior, construa o
m Das grandezas P, V, m e T: gráfico P 3 V.
Ene-5
C 9 P
H-1 a) quais permanecem constantes? (atm)
Como não há entrada nem escapamento de ar no recipiente, a 2,0
1,5
massa m do gás permanece constante. Além disso, como
1,0
a transformação é isotérmica, o valor da temperatura T também
0,50
não varia.
0 3,0 6,0 9,0 12 V (L)

b) quais estão variando? b) Como se denomina a hipérbole assim obtida?


A pressão sobre o gás aumentou e seu volume diminuiu, isto é, Essa curva, representando uma transformação isotérmica, é

P e V variaram. denominada isoterma do gás.

6 Suponha que o gás do exercício 4 no estado I tenha den-


sidade de 2,0 g/L. Calcule os valores de sua densidade nos
4 Certa massa de um gás ideal sofre transformação isotérmica.
estados II, III e IV.
m Lembrando-se da lei de Boyle, complete a tabela a seguir:
Ene-6 Como a temperatura é constante, temos r ∝ P. Concluímos que, ao
C 4
H-2
duplicar a pressão (de 0,50 atm para 1,0 atm), a densidade r também
Estado P (atm) V (L) PV (atm ? L) duplica (de 2,0 g/L para 4,0 g/L). Com raciocínio análogo, concluímos
m
Ene-6 que os valores de r nos estados III e IV são 6,0 g/L e 8,0 g/L.
C 5
H2
-
I 0,50 12 6,0
7 (Uerj) Um mergulhador precisa encher seu tanque de mer-
II 1,0 6,0 6,0 gulho, cuja capacidade é de 1,42 ? 1022 m3, a uma pressão de
140 atm e sob temperatura constante.
III 1,5 4,0 6,0
O volume de ar, em m3, necessário para essa operação, à
IV 2,0 3,0 6,0 pressão atmosférica de 1 atm, é aproximadamente igual a: c
1 P1V1 5 P2 V2
Lembrando que, ao duplicar o valor de P, o valor de V reduz-se à meta- a) 4 . 140 ? 1,42 ? 10−2 5 1 ? V2 c) 2.
de e que, triplicando P, teremos V dividido por 3, etc., é fácil completar V2 5 198 ? 10 −2
a coluna de V. Em seguida, preenchendo a coluna com o produto de P 1
b) . V2 5 1,98 m3 d) 4.
e V, observamos que esse produto permanece constante. 2
V2 2 m3

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2 Para aprimorar: 1

TRANSFORMAÇÃO ISOBÁRICA
O que é uma transformação isobárica (P 5 constante)
Consideremos uma certa massa de gás, em um tubo de vidro, suportando uma pressão igual à
pressão atmosférica mais a pressão de um pequeno peso (fig. 4-A). Aquecendo-se o gás e deixando-
-o expandir-se livremente, a pressão sobre
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

A B
ele não se altera, pois continua exercida pela
atmosfera e pelo peso (fig. 4-B).
Uma transformação como essa, em que
o volume do gás varia com a temperatura,
enquanto a pressão é mantida constante, Peso
FRENTE A
é denominada transformação isobárica
Ar
(isos 5 “igual” 1 baros 5 “pressão”).
FÍSICA

Fig. 4 – Em uma transformação isobárica,


quando a temperatura sobre o gás aumenta, o
volume aumenta.

Temperatura – dilatação – gases 27


Todos os gases se dilatam igualmente
Consideremos volumes iguais de dois gases diferentes (O2 e H2, por exemplo) a uma mesma
temperatura inicial. Acrescentando o mesmo valor à temperatura dos dois gases, e mantendo cons-
tantes suas pressões, observaremos um fato inesperado, pois eles apresentam o mesmo volume
final, ou seja, têm o mesmo coeficiente de dilatação. O físico francês Gay-Lussac, no início do século
passado, realizando uma série de experiências, verificou que esse resultado é válido para todos os
gases. Podemos, assim, destacar:

Se tomarmos um dado volume de gás a uma certa temperatura inicial e o aquecermos sob
pressão constante até outra temperatura final, a dilatação observada será a mesma, qualquer
que seja o gás usado na experiência, isto é, o valor do coeficiente de dilatação volumétrica é o
mesmo para todos os gases.

O gráfico V 3 T
Em suas experiências, Gay-Lussac realizou medidas do volume e da temperatura de determina-
do gás enquanto esse gás era aquecido e se expandia à pressão constante. Com os resultados dessas
medidas, ele construiu um gráfico do volume V em função da temperatura T, expressa em graus
Celsius. Obteve um gráfico retilíneo, semelhante ao da figura 5, concluindo que o volume de uma
dada massa gasosa, sob pressão constante, varia linearmente com sua temperatura Celsius.

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


Volume

Fim

2V

Início

Fig. 5 – Em uma transformação isobárica, o volume de um gás varia


linearmente com a temperatura Celsius. V50 T 2T Temperatura °C

No gráfico da figura 5, vemos que o gás ocupa um volume V a T °C. O volume do gás se redu-
ziria gradualmente à medida que a temperatura se reduzisse. Pensando nessa redução, Gay-Lussac
procurou determinar a que temperatura o volume do gás se anularia (se isso fosse possível), pro-
longando a reta do gráfico, como mostra a figura 5. Dessa maneira, verificou que o ponto em que
V V 5 0 corresponde à temperatura T 5 2273 °C. Essa temperatura é denominada zero absoluto e
considerada o zero da escala Kelvin.
Considerando esses fatos, se construirmos um gráfico do volume, V, do gás, à pressão constante,
em função de sua temperatura absoluta, T, obteremos uma reta passando pela origem (fig. 6). Isso
nos mostra que o volume do gás é diretamente proporcional a sua temperatura Kelvin, portanto, o
quociente V é constante.
T
Em resumo, para uma transformação isobárica, podemos afirmar que (lei de Gay-Lussac):
T (K)
O volume V de uma dada massa gasosa, mantida à pressão constante, é diretamente pro-
Fig. 6 – Sob pressão constante, o volume
de um gás é diretamente proporcional à porcional a sua temperatura absoluta T, ou seja, V 5 constante (se P 5 constante).
T
sua temperatura absoluta.

28 Temperatura – dilatação – gases


Influência da temperatura na densidade
Já que o volume de um certo gás, à pressão constante, varia com a temperatura, a densidade
m
desse gás ρ 5 terá valores diferentes para diferentes valores da temperatura. Baseando-se nas
V
conclusões a que chegamos a respeito da transformação isobárica, podemos deduzir que, para uma
certa massa m do gás, teremos:
duplicando T → V duplica → ρ fica dividido por 2;
triplicando T → V triplica → ρ fica dividido por 3;
quadruplicando T → V quadruplica → ρ fica dividido por 4, e assim sucessivamente.
Com base nesse esquema, podemos concluir que:
ρ ∝ 1
T
isto é, sendo mantida constante a pressão de uma dada massa gasosa, sua densidade varia em pro-
porção inversa a sua temperatura absoluta.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

2 Um recipiente contém um volume V1 5 10 L de CO2 gasoso, à RESOLUÇÃO:


temperatura T1 5 27 °C (situação (A), da figura abaixo). Aque- a) Como se trata de uma transformação isobárica, V 5cons-
cendo o conjunto e deixando que o êmbolo do recipiente se tante, isto é: T
desloque livremente, a pressão do gás se manterá constante V2 V1
5
enquanto ele se expande. Sendo T2 5 177 °C a temperatura T2 T1
final do CO2 (situação (B) da figura): Observe que a expressão acima se refere a temperaturas
absolutas do gás. Portanto:
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

P
T1 5 27 °C → T1 5 27 1 273 [ T1 5 300 K
T2 5 177 °C → T2 5 177 1 273 [ T2 5 450 K
Como V1 5 10 L:
V2 10
5 V2 5 15 L
450 300
b) Vimos que, em uma transformação isobárica, a densidade
de um gás é inversamente proporcional a sua temperatura
A B absoluta. Como ela passou de T1 5 300 K para T2 5 450 K,
isto é, foi multiplicada por 1,5, concluímos que a densida-
a) qual será o volume final, V2, do gás? de será dividida por esse fator. Portanto, a densidade do
b) Supondo que a densidade inicial do CO2 fosse 1,8 g/L, gás, no estado final, será:
qual será sua densidade no estado final? ρ 5 1,8 : 1,5 [ ρ 5 1,2 g/L

PARA CONSTRUIR

8 Considere a transformação isobárica mostrada na figura 4. Das grandezas P, V, m e T:


a) quais permanecem constantes? FRENTE A
m
Ene-5
C 9
H1
-
Como estamos supondo que não há entrada nem saída de gás no tubo, a massa m do gás que está sendo aquecida não varia. Além disso,
a pressão sobre o gás não se altera, pois ela é exercida pela pressão atmosférica e pela coluna de Hg, e ambas se mantêm constantes.
FÍSICA

b) quais estão variando?


V e T.

Temperatura – dilatação – gases 29


9 a) Considere dois blocos sólidos, um de alumínio e o outro 11 a) Se fosse construído um gráfico V × T com os dados do
m de cobre, ambos com volume de 500 cm3 à temperatura m exercício anterior, qual seria seu aspecto?
Ene-6 Ene-5
C 1 C 9
H-2 de 20 °C. Aquecendo os dois blocos (à pressão constante) H-1
Com P constante, V varia linearmente com a temperatura
até 200 °C, qual terá maior volume final? Consulte a tabe-
m
Ene-6 Celsius T, porém, não são proporcionais. Assim, o gráfico V 3 T
la 2, página 12. C 4
H-2
seria uma reta que não passa pela origem.
Consultando a tabela 2, vemos que o coeficiente de dilatação
do alumínio é maior do que o do cobre. Como os dois blocos
b) Usando a tabela do exercício anterior, construa o gráfico
V × T. Que tipo de gráfico você obteve?
têm o mesmo volume inicial e sofreram a mesma elevação Os alunos não terão dificuldade em construir o gráfico V 3 T e
de temperatura, o bloco de alumínio terá maior volume final. obterão uma reta passando pela origem.

b) Considere dois recipientes (providos de êmbolos que po-


dem se deslocar livremente), um deles contendo O2 ga-
soso e o outro, N2 gasoso, ambos ocupando um volume
de 500 cm3, a 20 °C. Aquecendo os dois gases, à pressão
constante, até 200 °C, qual terá maior volume final?
Como vimos, Gay-Lussac verificou que todos os gases têm o
mesmo coeficiente de dilatação volumétrica. Assim, ao contrário
do que acontece com os sólidos, os dois gases terão o mesmo c) Você esperava obter esse tipo de gráfico V × T para uma
volume final. transformação isobárica?
Sim, pois quando a temperatura do gás, à pressão constante ,
10 Certa massa de um gás ideal sofre transformação isobárica.
Lembrando-se dos resultados das experiências de Gay-Lus- é medida na escala Kelvin, temos V ∝ T.
m
Ene-6
C 4
H-2 sac, complete a tabela deste exercício: 12 Suponha que o gás do exercício 10, no estado I, tenha densi-
m dade de 6,0 g/L. Calcule sua densidade nos estados II, III e IV.
Ene-6 Estado T (°C) T (K) V (cm3)
C 5
H-2 Como, à pressão constante, concluímos que, ao duplicar T (de

I 273 200 150 200 K para 400 K), a densidade ρ do gás será reduzida à metade
(passará de 6,0 g/L para 3,0 g/L). Com raciocínio análogo, concluímos

II 127 400 300 que os valores de ρ nos estados III e IV serão 2,0 g/L e 1,5 g/L.

13 (PUC-RJ) Seja um mol de um gás ideal a uma temperatura


III 327 600 450
de 400 K e à pressão atmosférica P0. Esse gás passa por uma
expansão isobárica até dobrar seu volume. Em seguida, esse
IV 527 800 600 gás passa por uma compressão isotérmica até chegar à me-
tade de seu volume original. Qual a pressão ao final dos dois
Lembrando que T 5 TC 1 273, é fácil completar a coluna de T (K), processos? c
conforme vemos na resposta deste exercício, e observamos que os
valores de T são o dobro, o triplo, etc. do valor inicial. Como, à pressão a) 0,5 P0 c) 2,0 P0 e) 10,0 P0
constante, temos V ∝ T, podemos concluir que os valores de V serão b) 1,0 P0 d) 4,0 P0
também o dobro, o triplo, etc. do valor inicial.

13. A P constante, quando V → 2V, temos T → 2T 5 800 K. Quando TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 e 4 Para aprimorar: 2
T é constante, PV é constante e se 2V → V, temos P0 → 2P0.
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

TRANSFORMAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA
O que é uma transformação isovolumétrica (V 5 constante)
Consideremos a situação mostrada na figura 7, na qual o pistão foi fixado às paredes do recipiente,
impedindo que o volume do gás aumente ou diminua. Aquecendo-se o gás, sua temperatura T e pressão
P aumentam e ele, então, sofre uma transformação denominada transformação isovolumétrica (ou seja,
V 5 constante), também conhecida como transformação isocórica.

V 5 constante
Fig. 7 – Em uma expansão isovolumétrica, o volume não se altera.

30 Temperatura – dilatação – gases


Essa transformação foi estudada experimentalmente pelos mesmos cientistas franceses que
estabeleceram a lei da transformação isobárica, chegando ao seguinte resultado:

Se o volume de uma dada massa gasosa for mantido constante, sua pressão vai variar em
proporção direta a sua temperatura Kelvin, isto é:
P
constante se V 5 constante
T
Ou seja:
P1 P P
5 2 5 3 5
T1 T2 T3

EXERCÍCIO RESOLVIDO

3 Suponha que o gás mostrado na figura 7 esteja em estado RESOLUÇÃO:


P1 P
inicial (1), em que sua temperatura e pressão sejam T1 5 27 °C a) Ao aplicar a equação 5 2, o estudante usou os valo-
e P1 5 1,5 atm. O gás é aquecido até atingir um estado final T1 T2
res da temperatura expressos na escala Celsius. Ele deveria
(2), em que sua temperatura seja T2 5 127 °C e sua pressão P2. expressar esses valores na escala Kelvin, como consta no
a) Para determinar o valor de P2, um estudante desenvolveu enunciado da lei referente à transformação isovolumétrica.
equivocadamente o seguinte cálculo: Assim, o valor de P2 por ele encontrado não está correto.
P2 1,5
1, 127 ? 1,5 b) Temos:
5 ou P2 5 P2 5 77,0 atm
127 27 27 T1 5 273 1 27 5 300 K T2 5 273 1 127 5 400 K
Então:
Qual foi o engano cometido pelo estudante? P2 1, 5 400 ? 1,5
5 P2 5 P2 5 2,0 atm
b) Qual é o valor correto da pressão P2? 400 300 300
300

PARA CONSTRUIR

14 (Cefet-PB – Adaptada) Relacione os tipos de transformação 15 (UFPR) Segundo o documento atual da FIFA “Regras do Jogo”,
m para gases na coluna da esquerda com os fenômenos ligados m no qual estão estabelecidos os parâmetros oficiais aos quais
Ene-5 Ene-5
C 7 C 4
H-1 aos mecanismos de transformação na coluna da direita. H-2 devem atender o campo, os equipamentos e os acessórios
para a prática do futebol, a bola oficial deve ter pressão entre
m
Ene-6 (1) Transformação isotérmica ( 3 ) O volume do gás m
Ene-5 0,6 e 1,1 atm ao nível do mar, peso entre 410 e 450 g e cir-
C 1 C 7
H-2 não se altera, mas va- H-1
cunferência entre 68 e 70 cm. Um dia antes de uma partida
riam a temperatura e m oficial de futebol, quando a temperatura era de 32 °C, cinco
Ene-6
a pressão. C 1
H-2 bolas, identificadas pelas letras A, B, C, D e E, de mesma marca
e novas foram calibradas conforme mostrado na tabela:

(2) Transformação isobárica ( 1 ) A temperatura do Bola Pressão (atm)


gás permanece cons-
tante, variando a A 0,60 FRENTE A
pressão e o volume.
B 0,70
FÍSICA

C 0,80
(3) Transformação isocórica ( 2 ) A pressão perma-
nece constante, va- D 0,90
riando o volume e a E 1,00
temperatura.

Temperatura – dilatação – gases 31


No dia seguinte e na hora do jogo, as cinco bolas foram levadas para o campo. Considerando que a temperatura ambiente na hora
do jogo era de 13 °C e supondo que o volume e a circunferência das bolas tenham se mantido constantes, assinale a alternativa
que apresenta corretamente as bolas que atendem ao documento da FIFA para a realização do jogo. d
a) A e E apenas. Uma bola calibrada com pressão 0,6 atm tem em seu interior o valor da pressão do ar (0,6 atm) 1 o valor da pressão
atmosférica (1,0 atm), logo, o ar no interior da bola está sob pressão de 1,6 atm.
b) B e D apenas.
Para o ar no interior tendo comportamento de gás perfeito, temos:
c) A, D e E apenas. T 5 TC 1 273
d) B, C, D e E apenas. T0 5 32 1 273 5 305 K
e) A, B, C, D e E. T 5 13 1 273 5 286 K

P P0
5
T T0
T 286
P 5 P0 P5 P0
T0 305
Para cada valor da tabela, teremos:
286
PA 5 ? 0,6 5 0,56 atm
305
286
PB 5 ? 0,7 5 0,67 atm
305
286
PC 5 ? 0,8 5 0,75 atm
305
286
PD 5 ? 0,9 5 0,84 atm
305
286
PE 5 ? 1,0 5 0,93 atm
305

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 5 e 6

LEI DE AVOGADRO
A hipótese de Avogadro
Até o início do século XIX, os cientistas já haviam obtido uma razoável quantidade de informa-
ções sobre as reações químicas observadas entre os gases. O cientista italiano Amedeo Avogadro,
baseando-se nessas informações e em resultados de experiências realizadas por ele próprio, formulou,
em 1811, uma hipótese muito importante, relacionando o número de moléculas existentes em
duas amostras gasosas.
Segundo Avogadro, se considerarmos dois recipientes, de mesmo volume, contendo gases
diferentes, ambos à mesma temperatura e pressão, o número de moléculas contidas em cada
recipiente deveria ser o mesmo (fig. 8).

Fig. 8 – Segundo Avogadro, essas duas amostras gasosas, ocupando Mesmo número
volumes iguais, sob a mesma pressão e temperatura, têm o mesmo de moléculas
número de moléculas.

Posteriormente, um grande número de experiências confirmou essa afirmativa, que passou a


ser conhecida como lei de Avogadro:

Volumes iguais, de gases diferentes, à mesma temperatura e pressão, contêm o mesmo


número de moléculas.

32 Temperatura – dilatação – gases


Confirmações experimentais
Uma das verificações da lei de Avogadro pode ser feita quando analisamos, no laboratório, a
decomposição de alguns gases. Consideremos volumes iguais de HCl, H2O e NH3, sob a forma gasosa,
à mesma pressão e temperatura. De acordo com a lei de Avogadro, as três amostras dos gases devem
ter o mesmo número, N, de moléculas. Decompondo esses gases e recolhendo o hidrogênio liberado
em cada amostra, deveríamos obter:
para o HCl ⎯⎯⎯ N átomos de H
para o H2O ⎯⎯⎯ 2N átomos de H
para o NH3 ⎯⎯⎯ 3N átomos de H
A experiência confirma esse resultado, pois, enquanto se recolhe uma massa m de hidrogênio
na decomposição do HCl, verifica-se que uma massa 2m é recolhida na decomposição do H2O e
uma massa 3m, na decomposição do NH3.

O número de Avogadro
Uma vez conhecida a lei de Avogadro, pode-se indagar qual é o número de moléculas existente
em uma dada massa do gás. Suponha, por exemplo, 1 mol de vários gases diferentes (2 g de H2 , 32 g
de O2 , 28 g de N2 , etc.). O número de moléculas em cada uma dessas amostras é o mesmo. Esse
número é denominado número de Avogadro e é representado por N0.
O cientista Perrin, no início do século XX, realizou uma série de experiências procurando determi-
nar o valor de N0 e concluiu que esse valor estaria compreendido entre 6,5 ? 1023 e 7,2 ? 1023 moléculas
em cada mol. Por esse trabalho, Perrin recebeu o prêmio Nobel de Física, em 1926. Posteriormente,
medidas mais precisas mostraram que o valor de N0 é mais próximo de 6,02 ? 1023 moléculas/mol.

Densidade e massa molecular


Consideremos duas amostras gasosas, A e B, ocupando o mesmo volume, à mesma pressão e
temperatura. Pela lei de Avogadro, sabemos que essas amostras contêm o mesmo número de molé-
culas. Supondo que a massa molecular de A, MA, seja o dobro da massa molecular de B, MB, a massa
total de A, mA, também será o dobro da massa total, mB, de B. Mas, como as amostras têm volumes
iguais, concluímos que a densidade de A, ρA, será o dobro da densidade de B, ρB. Do mesmo modo,
se tivéssemos MA 5 3MB, teríamos também ρA 5 3ρB. Portanto, podemos concluir que:

isto é, a densidade de um gás é diretamente proporcional a sua massa molecular.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

4 Considere dois recipientes, um deles contendo 6 g de H2 e o b) Como verificamos na questão anterior, o número de mols
outro, 96 g de O2. é o mesmo para os dois gases. Consequentemente, as
a) Qual o número de mols de H2 e O2 em cada amostra? duas amostras terão o mesmo número de moléculas. Em
b) Qual o número de moléculas existente em cada amostra? 1 mol há 6,02  ?  1023 moléculas (número de Avogadro);
c) Supondo que as duas amostras estejam à mesma pressão portanto, em 3 mols teremos:
e temperatura, qual é a relação entre os volumes que elas 3 ? (6,02 ? 1023) ∴ 1,8 ? 1024 moléculas
ocupam?
d) Considerando ainda que as duas amostras estejam à mes- c) Já que ambas estão à mesma pressão e temperatura e
FRENTE A
ma pressão e temperatura e que a densidade do H2 é de contêm o mesmo número de moléculas, concluímos,
0,1 g/L, qual é a densidade do O2? pela lei de Avogadro, que os volumes ocupados pelas
duas amostras são iguais.
RESOLUÇÃO: d) Vimos que, nessas condições, a densidade de um gás é
FÍSICA

a) Em 1 mol de H2, há 2 g desse gás. Logo, em nossa amostra diretamente proporcional a sua massa molecular (ρ ∝ M).
de 6 g, teremos 3 mols de H2. Para o O2, 1 mol correspon- Portanto, já que a massa molecular do O2 é 16 vezes
de a uma massa de 32 g, portanto, 96 g correspondem a maior do que a do H2, teremos, para o O2, uma densidade
3 mols de O2. 16 ? 0,1 g/L ou 1,6 g/L.

Temperatura – dilatação – gases 33


PARA CONSTRUIR

16 Três recipientes, A, B e C, de volumes iguais, contêm, respec- b) Quantas moléculas de água o estudante bebeu?
m tivamente, HCl, H2O e NH3, todos no estado gasoso, à mesma (Considere o número de Avogadro igual a 6 ? 1023.)
Ene-6 Se em cada 1 mol temos 6 ? 1023 moléculas, o estudante tomou
C 1
H2
- pressão e temperatura. Suponha que o recipiente A conte-
20 ? 6 ? 1023 5 1,2 ? 1025 moléculas.
nha 1,0 ? 1024 moléculas de HCl.
m
Ene-7
c) Baseando-se nas respostas dadas em (a) e (b), calcule, em
C 4
H-2
a) Quantas moléculas de vapor de H2O existem em B? E gramas, a massa de uma molécula de água.
quantas moléculas de NH3 existem em C? Como em 360 g de água temos 1,2 ? 1025 moléculas, é claro que
Como as três amostras gasosas possuem o mesmo volu- a massa de cada molécula será:
me, mesma pressão e mesma temperatura, sabemos, pela
360
lei de Avogadro, que elas têm o mesmo número de moléculas m5 m 5 3,0 ? 10−23
1,2 ? 1025
(1,0 ? 1024 moléculas em cada recipiente).
b) Qual é o número de átomos de H existentes em cada reci-
piente?
Cada molécula de HCl tem apenas um átomo de H. Logo, no 18 Considere os gases contidos nos recipientes A, B e C do exer-
recipiente A teremos, evidentemente, 1,0 ? 1024 átomos de hi-
m cício 16.
drogênio. Ene-6
C 1
Cada molécula de H2O tem dois átomos de hidrogênio. Logo, em H-2 a) Coloque os gases em ordem crescente de suas massas
B teremos 2 ? 1,0 ? 1024 5 2,0 ? 1024 átomos de H. Em C teremos moleculares.
m
3 ? 1,0 ? 1024 5 3,0 ? 1024 átomos de H. Ene-7 Consultando uma tabela periódica, podemos obter as seguin-
C 4
H-2
c) Quantos gramas de hidrogênio seriam recolhidos na de- tes massas moleculares: HCl 5 36,5; H2O 5 18; NH3 5 17.
composição de cada um desses gases? (A massa de um Então, em ordem crescente dos valores de M, temos: NH 3;
H2O; HCl.
átomo de H é 1,7 ? 10224 g.)
Em A, a massa de H recolhida seria: b) Como foi estudado, os três gases têm o mesmo volume,
(1,0 ? 1024) ? (1,7 ? 10224) 5 1,7 g mesma pressão e mesma temperatura. Nessas condições,
Em B seria duas vezes maior (3,4 g) e, em C, três vezes maior (5,1 g). qual é a relação entre a densidade ρ e a massa molecular
M de cada um dos gases?
17 Um estudante de Química informa a um colega que, para
“matar” a sede, teve de beber 20 mols de água. Vimos que, nessas condições, temos ρ ∝ M.
m
Ene-6
C 1
H-2 a) Quantos gramas de água o estudante bebeu? c) Considerando as respostas dadas em (a) e (b), coloque os
m
(Considere a massa atômica do oxigênio igual a 16 u e a gases em ordem crescente de suas densidades.
Ene-7
C 4
H-2
do hidrogênio igual a 1 u.) Tendo em vista a resposta do item anterior, a ordem crescente
Com os dados fornecidos, concluímos que 1 mol de H2O tem
massa de 18 g. Portanto, a massa de água que o estudante to- dos valores de r é a mesma dos valores de M.
mou foi de:
20 ? 18 g 5 360 g.

TAREFA PARA CASA: Para aprimorar: 3

EQUAÇÃO DE ESTADO DE UM GÁS IDEAL


Vimos até o momento que, para um gás ideal, temos:

Pela lei de Boyle (T constante) →


1
Pela lei de Gay-Lussac (P constante) → ρ
T
Pela lei de Avogadro (P, V e T constantes) → ρ M
Uma propriedade das proporções nos permite agrupar os resultados anteriores em uma única
relação:

ρ PM
T
Sendo m a massa da amostra gasosa, temos:
m PM ou PV m T
V T M

34 Temperatura – dilatação – gases


O quociente m entre a massa do gás e sua massa molecular, fornece-nos o número de mols, n,
M
da amostra. Introduzindo, na relação anterior, a constante de proporcionalidade, que vamos designar
por R, obteremos a seguinte igualdade:
PV 5 R(n)T ou PV 5 nRT

A pressão P, o volume V e a temperatura absoluta T de uma dada massa gasosa, contendo


n mols do gás, estão relacionados pela equação:
PV 5 nRT
(equação de estado de um gás ideal)

Observações:
A equação PV 5 nRT define um estado do gás. Isso significa que, para uma dada massa gasosa (um valor
determinado, n, de mols), se medirmos sua pressão, seu volume e sua temperatura, em certa situação, o
produto PV será igual ao produto nRT quaisquer que sejam os valores encontrados.
Se colocarmos n mols de um gás em um recipiente, é possível escolher arbitrariamente para ele os
valores apenas de duas das três variáveis de estado (P, V e T). Por exemplo, se escolhermos arbitra-
riamente o volume que o gás vai ocupar e sua temperatura, a pressão que ele exercerá não poderá
ser escolhida por nós, como foi feito para o volume e a temperatura. A pressão, nessas condições,
atingirá um valor que satisfaça à equação PV 5 nRT. Em contrapartida, se escolhêssemos arbitra-
riamente a pressão e a temperatura, o gás ocuparia um volume não arbitrário, determinado pela
equação PV 5 nRT.
A equação PV 5 nRT pode ser escrita assim:
PV 5 nR
T
Portanto, para uma dada massa de gás (n 5 constante), como R também é constante, con-
PV 5
cluímos que constante. Assim, se a massa gasosa passar de um estado (1), caracterizado
T
por P1, V1 e T1, para outro estado (2), definido por P2, V2 e T2, poderemos relacionar os dois estados
pela equação:
P1V1 PV
5 2 2
T1 T2
Não podemos nos esquecer de que a equação PV 5 nRT se refere a um gás ideal. Entretanto, de
acordo com o que foi dito no início deste capítulo, essa equação pode ser aplicada, com muito boa
aproximação, a um gás qualquer, desde que sua temperatura não seja muito baixa e sua pressão
não seja muito elevada.

A constante universal dos gases


Verifica-se experimentalmente que a constante R, da equação PV 5 nRT, tem o mesmo valor
n 5 1 mol
para todos os gases, por isso ela é denominada constante universal dos gases. Da equação de

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


V 5 22,4 L
estado, obtemos:
R 5 PV 273 K
nT
O valor de R poderá ser calculado se medirmos, em um laboratório, os valores de P, V, n e T
para um dado estado do gás. FRENTE A

Por exemplo, verifica-se experimentalmente que, considerando-se 1 mol de qualquer gás P 5 1 atm

(n 5 1 mol), à temperatura de 0 °C (ou seja, T 5 273 K) e à pressão P 5 1 atm, ele ocupará um


volume V 5 22,4 L (fig. 9).
FÍSICA

Substituindo esses valores na R 5 PV obtemos:


nT
Fig. 9 – A constante universal dos gases,
R 5 0,082 atm ? L R, pode ser calculada por intermédio dos
mol ? K
dados experimentais mostrados na figura.

Temperatura – dilatação – gases 35


O valor de R dependerá das unidades usadas nas medidas de P, V e T. Frequentemente, o valor
de P é expresso em N/m2 e o valor de V, em m3. Nessas condições, o valor de R será:

R 5 8,31
( N/m ) ? m
2 3

ou R 5 8,31
joule
mol ? K mol ? K

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

5 Uma pessoa afirma que colocou 3,5 mols de um gás (com- 6 Suponha que um recipiente, fechado e que não se dilata,
portando-se como gás ideal) em um recipiente de volume contenha hidrogênio. Aquecendo-se o gás, de uma tempe-
igual a 8,0 L e que, após atingido o estado de equilíbrio, a ratura Kelvin T1 até uma temperatura T2, como será o gráfico
temperatura do gás era de 27 °C e sua pressão de 5,0 atm. P × T para essa transformação?

a) Poderiam estar corretas as medidas feitas por essa pessoa? RESOLUÇÃO:


b) Se, após uma verificação, constatou-se que os valores de P,
V e T estavam corretos, qual o número real de mols do gás
Da equação PV 5 nRT, obtemos P 5 nR T.
V ( )
colocado no recipiente? Nessa experiência, uma dada massa de gás (n 5 constante) é
mantida a um volume constante (transformação isovolumé-
RESOLUÇÃO:
a) Um gás ideal, em certo estado, obedece à equação PV 5 trica). Portanto, nR mantém-se constante e concluímos que
V
5 nRT. Com os dados fornecidos pela pessoa, temos: P é diretamente proporcional a T. Esse resultado costuma ser
PV 5 5,0 ? 8,0 [ PV 5 40 atm ? L denominado “lei de Charles”, por ter sido observado expe-
nRT 5 3,5 ? 0,082 ? 300 [ nRT ? 86 atm ? L rimentalmente por esse cientista (contemporâneo de Gay-
Como PV não é igual a nRT, concluímos que as medidas -Lussac). O gráfico P × T, de T1 até T2, será igual ao da figura
não podem estar corretas, isto é, não é possível, para qual- abaixo.
quer gás (ideal), apresentar-se em um estado com aque- P
les valores de P, V, n e T.
b) Da equação de estado, obtemos:
5,00 ? 88,0
n 5 PV 5 n 5 11,6 mol
RT 0,082 ? 300
Logo, no recipiente havia 1,6 mol do gás, e não 3,5 mols
como a pessoa havia afirmado. Observe que usamos o va-
lor R 5 0,082 atm ? L/mol ? K, uma vez que o valor de P foi
T1 T2 T
fornecido em atmosferas e o de V, em litros.

PARA CONSTRUIR

19 Verifica-se que, para um gás contido em um recipiente, o pro- 20 O reservatório de um frigorífico, cujo volume é 0,15 m3, con-
m duto nRT vale 26 atm ? L. m tém 480 g de O2 à pressão de 2,0 ? 105 N/m2.
Ene-6 Ene-6
C 1 C 1
H-2 a) Qual é o valor do produto PV para o gás nesse estado? H-2 a) Quantos mols de O2 existem no reservatório?
Como, em qualquer estado do gás, devemos ter PV 5 nRT, con- Como 1 mol de O2 corresponde a 32 g, teremos:
m
cluímos que PV também é igual a 26 atm ? L. Ene-7 480
C 4 n5 n 5 15 mols
H-2 32

b) Adaptando-se um manômetro ao recipiente, ele indica,


para o gás, uma pressão de 2,0 atm. Qual é o volume do b) Na equação PV 5 nRT, quando P está expresso em N/m2 e
recipiente? V em m3, qual é o valor que deve ser usado para R?
De PV 5 26 atm ? L, com P 5 2,0 atm, vem: Como vimos, nessas condições temos:
2V 5 26 [ V 5 13 L R 5 8,31 J/mol ? K

36 Temperatura – dilatação – gases


c) A que temperatura absoluta está o O2 no reservatório? 24 (Unicamp-SP) Alguns experimentos muito importantes em Físi-
Da equação PV 5 nRT obtemos:
2,0 ? 105 ? 0,15 m ca, tais como os realizados em grandes aceleradores de partícu-
PV Ene-5
T5 5 T 5 241 K C 7
las, necessitam de um ambiente com uma atmosfera extrema-
nR 15 ? 8,31 H-1
mente rarefeita, comumente denominada de ultra-alto-vácuo.
m
Ene-6 Em tais ambientes a pressão é menor ou igual a 1026 Pa.
C 1
H-2
d) Expresse a temperatura do O2 em °C. a) Supondo que as moléculas que compõem uma atmosfe-
De T 5 TC 5 273, vem: m
Ene-7
C 4 ra de ultra-alto-vácuo estão distribuídas uniformemente
TC 5 T 2 273 5 241 2 273 [ TC 5 232 °C H-2
no espaço e se comportam como um gás ideal, qual é o
número de moléculas por unidade de volume em uma at-
mosfera cuja pressão seja P 5 3,2 ? 1028 Pa, a temperatura
21 Uma pessoa coloca 0,50 mol de um gás ideal em um botijão ambiente T 5 300 K? Se necessário, use:
m de 15 L. Ela deseja que o gás, ao entrar em equilíbrio térmico Número de Avogadro NA 5 6 ? 1023; constante universal
Ene-6
C 1
H2
- com o ambiente (27 °C), tenha pressão de 1,5 atm. É possível dos gases ideais R 5 8 J/mol ? K.
alcançar as condições desejadas pela pessoa? Explique.
Definindo N como o número de moléculas em um volume de
Para que seja possível encontrar um gás em certo estado, é necessá- 1 m3:
rio que, nesse estado, tenhamos o produto PV igual ao produto nRT
(PV 5 nRT). No estado desejado, teremos: N 5 n ? NA n 5 NV
V NA
PV 5 1,5 atm ? 15 L [ PV 5 22,5 atm ? L
atm ? litro Assim:
nRT 5 0,50 ? 0,082 ? 300 K nRT 5 12,3 atm ? L
mol ? K
PV 5 nRT
Como PV ± nRT, podemos afirmar que é impossível alcançar as con- NV
dições desejadas pela pessoa. PV 5 RT
NA
22 Um recipiente, provido de um êmbolo móvel, contém um N5
NAP
gás ideal, a uma pressão P1 5 1,0 atm, ocupando um volume RT
V1 5 4,5 L e à temperatura T1 5 0 °C. Aquecendo-se o recipien- 3,2 ? 1028 ? 6 ? 1023
N5
8 ? 300
te, o gás se expande, passando a ocupar um volume V2, com
12 moléculas
uma pressão P2 5 1,5 atm e a uma temperatura T2 5 273 °C. N 5 8 ? 10
m3
a) Qual a equação que relaciona P2, V2 e T2 com P1, V1 e T1?
b) Use essa equação e calcule o valor de V2.
Como T1 5 0 1 273 ou T1 5 273 K, T2 5 273 1 273 ou T2 5 546 K.
Portanto: b) Sabe-se que a pressão atmosférica diminui com a altitude,
P1V1 PV 1,0 ? 4,5 1,5 ? V2 de tal forma que, a centenas de quilômetros de altitude,
5 2 2 5
T1 T2 273 546
ela se aproxima do vácuo absoluto. Por outro lado, pres-
Daí, obtemos:
V2 5 6,0 L
sões acima da encontrada na superfície terrestre podem
ser atingidas facilmente em uma submersão aquática.
23 Considere a transformação isovolumétrica analisada no exer- Psub
Calcule a razão entre as pressões que devem su-
m cício resolvido 6. Pnave
Ene-3
C 0 portar a carcaça de uma nave espacial (Pnave ) a centenas
H-1 a) Das grandezas P, V, n e T, quais permanecem constantes?
de quilômetros de altitude e a de um submarino (Psub) a
Quais delas variam?
100 m de profundidade, supondo que o interior de am-
O valor de n é constante, pois o recipiente é fechado (não
bos os veículos se encontra à pressão de 1 atm. Considere
há entrada nem saída de gás) e, além disso, o valor de V também a densidade da água como ρ 5 1 000 kg/m3.
é constante, pois o recipiente não é dilatável. Então, as grandezas
Psub ρ ? g ? hsub
5
que variam são T e P. Pnave 1 atm
b) Expresse a inclinação do gráfico P 3 T em função de n, R e V. Psub 1000 ? 10 ? 100 Pa
5
nR Pnave 105 Pa
A relação entre P e T é P = T. Essa equação é do tipo
V Psub
5 10 FRENTE A
nR Pnave
y 5 ax, em que se identifica a com . Então, a inclinação do
V
nR
gráfico P 3 T é .
V
FÍSICA

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 7 a 12 Para aprimorar: 4 a 7

Temperatura – dilatação – gases 37


MODELO MOLECULAR DE UM GÁS
Modelo cinético de um gás
As leis estudadas até agora, e que descrevem o comportamento dos gases, foram obtidas expe-
rimentalmente. No estudo do modelo molecular de um gás, procuraremos relacionar essas leis com
o comportamento das partículas que constituem o gás, isto é, seus átomos ou suas moléculas.
Foi a partir do século XIX que os cientistas intensificaram os estudos sobre a estrutura molecular
dos gases, baseando-se nas suposições seguintes.
Um gás é constituído de pequenas partículas: seus átomos ou suas moléculas. Estudos mais recentes
mostraram que a dimensão de uma molécula de um gás corresponde, aproximadamente, a 1028 cm.
O número de moléculas existentes em uma dada massa gasosa é muito grande. Em 1 mol de um
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

gás há cerca de 6 ? 1023 moléculas.


A distância média entre as moléculas é muito maior do que as dimensões de uma molécula.
As moléculas de um gás estão em constante movimento e esse movimento é inteiramente ao acaso, isto
é, as moléculas se movimentam em qualquer direção (fig. 10), com velocidades que podem apresentar
diferentes valores.
Ao estabelecerem essas hipóteses, os cientistas tentavam descrever o comportamento de um
gás por meio do movimento de suas moléculas, isto é, supunham que as leis dos gases poderiam ser
obtidas aplicando-se as leis da Mecânica ao movimento das moléculas, tratando-as como partículas.
Em resumo, eles estavam estruturando um modelo para descrever o comportamento de um gás.
Esse modelo é denominado modelo cinético, por se basear no movimento das moléculas do gás.
Várias conclusões obtidas por intermédio desse modelo estavam em concordância com as leis
experimentais já conhecidas, evidenciando, assim, que as suposições sobre a constituição molecular
de um gás eram válidas. Desse modo, foi possível usar o modelo para se obter novas informações
sobre o comportamento dos gases.

Fig. 10 – As moléculas de um gás


Cálculo cinético da pressão
estão em constante movimento com No modelo cinético de um gás, o número de moléculas é muito grande e elas estão em cons-
velocidades de valores e direções tante movimento. Em consequência disso, as moléculas colidem continuamente contra as paredes
distribuídos ao acaso.
do recipiente que contém o gás e exercem uma pressão nessas paredes (fig. 11).
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

Fig. 11 – A pressão de um gás sobre uma


parede é causada pelas colisões de suas
moléculas contra ela.

Como o número de colisões é muito grande, não se percebe o efeito do choque de cada par-
tícula. O que se observa é o efeito médio da frequente sucessão de colisões, que ocasiona o apare-
cimento de uma força contínua, sem flutuações, pressionando as paredes do recipiente. Portanto:

A pressão que um gás exerce sobre as paredes do recipiente que o contém se deve às
incessantes e contínuas colisões das moléculas do gás contra essas paredes.

38 Temperatura – dilatação – gases


Aplicando as leis da Mecânica às colisões das moléculas contra as paredes do recipiente, os
físicos do século XIX obtiveram uma expressão matemática relacionando a pressão exercida por um
gás com as seguintes grandezas:
N – número total de moléculas no recipiente;
V – volume do recipiente;
m – massa de cada molécula;
v 2 – média dos quadrados das velocidades das moléculas.
A expressão a que chegaram foi a seguinte:

P 5 1 N mv 2
3 V
Analisando essa expressão, concluímos que:
1) P ∝ N – esse resultado é intuitivo, pois, quanto maior o número total de moléculas,
maior o número de colisões contra as paredes, portanto maior a pressão exercida pelo gás.
1
2) P – de fato, quanto maior o volume do recipiente, maior a distância que uma
V
molécula terá de percorrer para colidir contra as paredes, consequentemente menor será o
número de colisões, isto é, menor a pressão exercida pelo gás.
3) P ∝ m – esse resultado era esperado, pois, quanto maior a massa de uma molécula, maior
sua quantidade de movimento, portanto maior a força que ela exerce ao colidir contra a parede do
recipiente.
4) P ∝ v 2 – realmente, quanto maior v 2, mais rapidamente as moléculas estarão se movimen-
tando. Podemos perceber que, nessas condições, maior será a força que cada molécula exercerá ao
colidir contra a parede e maior será o número de colisões.

Interpretação cinética da temperatura


No capítulo anterior, mencionamos que a temperatura de um corpo se relaciona com a energia
de agitação dos átomos e moléculas desse corpo. Mostraremos agora como os físicos do século XIX,
baseados no modelo cinético de um gás, chegaram a essa conclusão.
1 N mv 2
A expressão P 5 que havia sido obtida baseando-se no modelo cinético, pode
3 V
ser escrita desta maneira:
PV 5 1 Nmv 2
3
Comparando-a com a equação de estado de um gás ideal, PV 5 nRT, que havia sido obtida
experimentalmente, conclui-se que:
1
Nmv 2 5 nRT
3

Mas, como N0 (número de Avogadro) é o número de moléculas existente em 1 mol e n, o


número de mols que corresponde a N moléculas:
N 5 nN0
Substituindo esse valor de N na igualdade anterior:
1 R
nN mv 2 5 nRT mv 2 5 3 T
3 0 N0
Dividindo-se os dois membros dessa igualdade por 2: FRENTE A

1 mv 2 5 3 R T
2 2 N0
FÍSICA

Observe que o primeiro membro dessa expressão representa a energia cinética média das
moléculas (a soma das energias cinéticas das moléculas dividida pelo número delas). Essa energia
cinética média será representada por εc , isto é, εc 5 21 mv 2 .
O quociente NR , que aparece no segundo membro, é constante, pois tanto R quanto N0 são
0

Temperatura – dilatação – gases 39


constantes. Esse quociente é representado por k e denominado constante de Boltzmann, em
homenagem a Ludwig Boltzmann, físico austríaco do século XIX. Assim:
k5 R 5 8,31 ou k 5 1,38 ? 10223 J/K
N0 6,02 ? 1023
Dessa maneira, chegamos à seguinte expressão:
εc 5 3 kT
2
que mostra ser a energia cinética média das moléculas de um gás diretamente proporcional a sua
temperatura absoluta, isto é, quanto maior a energia cinética média das moléculas, maior a tempe-
ratura do gás (fig. 12). Assim:

A temperatura absoluta, T, de um gás ideal está relacionada com a energia cinética média,
εc , de suas moléculas pela expressão:
εc 5 3 kT, em que k é a constante de Boltzmann.
2

T1 T2
Fig. 12 – Quanto
maior a
temperatura de
um gás, maior a T2 . T1
energia cinética
média de suas
moléculas.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

7 a) Um recipiente contém H2 a 27 °C. Qual é a energia cinética c) Como devemos ter εc 5 1 mv 2, temos:
média de suas moléculas? 2
1
b) Qual seria a εc para as moléculas de O2 à mesma tempera- (3,3 ? 10227 )v 2 5 6, 10221 ∴ v 5 1,9
6,22 ? 10 1, 9 ? 11003 m
m/s
2
tura do item anterior?
Esse resultado nos mostra que o movimento das molé-
c) Sabendo-se que a massa de uma molécula de H2 é 3,3 ?
culas é muito rápido, pois 1,9 ? 103 m/s equivalem a cerca
? 10227 kg, qual deve ser sua velocidade para que ela tenha
de 7 000 km/h.
uma energia cinética igual ao valor médio calculado em (a)? d) A massa de uma molécula de O2 é 16 vezes maior do que
d) Qual seria a resposta para o item anterior se a molécula a massa de uma molécula de H2, isto é, para uma molécula
fosse de O2? de O2, temos:
RESOLUÇÃO: m 5 16 ? 3,3 ? 10227 ou m 5 53 ? 10227 kg
3k
a) Sabemos que εc 5 kT e, em nosso caso, T 5 300 K (273 1 De εc 5 1 mv 2 obtemos:
2
1 27). Logo: 2
εc 5 3 kT 5 3 ? 1, 38 ? 10223 ? 300 ∴ εc 5 6,2
6, 2 ? 10
10221 J 1 (533 ? 10
10 ) mv 2 5 6,2
227
6, 2 ? 10
10221
2 2 2
Observe que esse valor de εc é muito pequeno, pois se ∴ v 5 4,84 ,8 ? 102 m/s
refere à energia cinética média por molécula. É importante perceber que, a uma mesma temperatura, o
3k
b) A expressão εc 5 kT nos mostra que a energia cinética valor da energia cinética média das moléculas é igual para
2
todos os gases, mas o valor médio das velocidades des-
média das moléculas só depende da temperatura, não da
sas moléculas varia de um gás para outro: quanto maior
natureza do gás. Como o O2 e o H2 estão à mesma tempe-
a massa molecular do gás, menor a velocidade média de
ratura, o valor de εc é o mesmo para os dois gases.
suas moléculas.

40 Temperatura – dilatação – gases


PARA CONSTRUIR

25 Como vimos, os cientistas procuraram interpretar o compor- 28 Uma amostra de gás hélio está à temperatura de 1 000 K.
m tamento dos gases formulando algumas hipóteses sobre sua a) Calcule a energia cinética média, εc , das moléculas dessa
Ene-6
C 1
H-2 constituição. No texto, foram citadas quatro dessas hipóteses. amostra.
Quais são elas? Sabemos que:
m
Ene-7 3 3
C 4
H2
- 1a) Um gás é constituído de pequenas partículas (moléculas e
εc 5 kT 5 ? 1,38 ? 10223 ? 1000 ∴ εc 5 2,07 ? 10220 J
2 2
átomos).
b) Se duplicarmos a temperatura absoluta da amostra, por
quanto será multiplicado o valor de εc ?
2a) O número de moléculas é muito grande.
Como εc ∝ T, concluímos que o valor de εc também será dupli-
3a) A distância entre as moléculas é muito maior do que o tamanho cado.
de uma delas.
c) A que temperatura a εc das moléculas do gás se anularia?
4a) As moléculas se movimentam constantemente em todas a 3
A relação εc 5 kT mostra-nos que, se T 5 0, teremos εc 0, isto
direções. 2
é, a energia cinética das moléculas se anulará no zero absoluto.

26 De acordo com o modelo cinético, por que um gás exerce 29 (ITA-SP) Um recipiente é inicialmente aberto para a atmos-
pressão contra as paredes do recipiente que o contém? m fera à temperatura de 0 °C. A seguir, o recipiente é fechado
Ene-5
C 7
Como as moléculas estão em constante movimento, elas colidem H-1 e imerso num banho térmico com água em ebulição. Ao
sucessivamente contra as paredes do recipiente. Essas colisões
atingir o novo equilíbrio, observa-se o desnível do mercúrio
m
Ene-6 indicado na escala das colunas do manômetro. Construa um
C 1
dão origem à pressão exercida pelo gás. H-2
gráfico P 3 T para os dois estados do ar no interior do reci-
piente e o extrapole para encontrar a temperatura T0 quan-
do a pressão P 5 0, interpretando fisicamente esse novo
27 Um recipiente de volume V contém N moléculas de H2, com
estado à luz da teoria cinética dos gases.
m um certo valor de v 2, uma pressão de 1,2 atm. Supondo que
Ene-5
C 1
H-2 o valor de v 2 não se altere, diga qual será o valor da pressão

cm

cm
do gás em cada um dos casos seguintes. 14 14
m
Ene-6
C 1
H-2 a) Mantém-se o valor de V e mais N moléculas de H2 são in- 0 0
troduzidas no recipiente. P1T1 P2T2
O aluno responderá facilmente às questões desse exercício usan-
1 N 214 214
do a relação P 5 mv 2. Temos:
3 V
O valor de N foi duplicado. Como as demais grandezas não va- Temos uma relação linear, pois a pressão é proporcional à tempera-
riaram, concluímos que P duplicará, pois P ∝ N. Assim, a nova tura conforme a equação de Clapeyron:
pressão será: PV 5 nRT
P 5 2 ? 1,2 5 2,4 atm. nR
P5 T
V
P1 5 1 atm 5 760 mmHg
P2 5 760 1 280 5 1 040 mmHg
b) Aumenta-se o volume para 2V, e o número de moléculas
T (°C)
para 2N.
Como o valor de N foi duplicado e o de V também, vemos fa- T2 5 100 °C
cilmente pela equação anterior que o valor de P não se altera, T1 5 0 °C
permanecendo, pois, igual a 1,2 atm.

c) Mantém-se o volume V e substitui-se o H2 por N molécu- 0 760 1 040 P (mmHg)


las de He (massa atômica 5 4 u). T1 2 T0
5
T2 2 T1 FRENTE A
A massa molecular do H2 é 2 u e a massa atômica do He é 4 u. P1 2 P0 P2 2 P1
Então, o valor de m na equação citada torna-se 2 vezes maior
0 2 T0 100 2 0
quando o He substitui o hidrogênio. Como as demais grandezas 5
não variam e P ∝ m, concluímos que a pressão exercida pelo 760 2 0 1040 2 760
FÍSICA

He será 2 vezes maior do que a pressão do H2, isto é, será: 2T0 100
5
P 52 ? 1,2 5 2,4 atm. 760 280
T0 5 2271,43 °C (zero absoluto)

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 13 a 16 Para aprimorar: 8 a 11

Temperatura – dilatação – gases 41


COMPORTAMENTO DE UM GÁS REAL
O comportamento de um gás ideal obedece à lei de Boyle e à lei de Gay-Lussac, que podem ser
sintetizadas pela equação PV 5 nRT. Em geral, consideramos que os gases reais (O2 , N2 , He, H2 , etc.),
se comportam como um gás ideal quando submetidos a pressões baixas e temperaturas elevadas,
ou seja, quando a densidade do gás é pequena.

Um gás real pode não se comportar como um gás ideal


Suponha que um gás real esteja encerrado em um cilindro provido de um pistão e de um ma-
nômetro que nos permita ler os valores de sua pressão, como mostra a figura 13.

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/


ARQUIVO DA EDITORA
A B C D

Gás real
Fig. 13 – Um gás real é comprimido no interior
de um cilindro provido de um manômetro.

Mantendo constante a temperatura do gás, vamos comprimi-lo a partir da posição A do pistão,


quando a pressão do gás é, relativamente baixa. Durante a compressão, verifica-se que, inicialmente,
o gás real se comporta como um gás ideal, isto é, os valores de P, V e T do gás satisfazem à equação
PV 5 nRT.
Entretanto, após o pistão atingir certa posição, por exemplo, a posição B da figura 13, na qual
a pressão já é um pouco mais elevada, observa-se que o gás real deixa de se comportar como um
gás ideal. Seu comportamento torna-se mais complexo, exigindo, para descrevê-lo, equações mais
sofisticadas do que a equação de estado de um gás ideal.

O que é pressão de vapor?


Prosseguindo-se na compressão do gás, quando o pistão atingir a posição C, percebe-se que
começam a se formar pequenas gotas de líquido no interior do cilindro, isto é, naquela pressão inicia-
-se a condensação do gás que é denominada pressão de vapor do gás.
A partir dessa posição, continuando-se a empurrar o pistão, a pressão do gás não se altera, mas
a quantidade de líquido condensado aumenta gradativamente, até que todo o gás tenha se liquefeito
na posição D.

A pressão de vapor aumenta com a temperatura


Considere, agora, que essa mesma experiência seja repetida, porém, com o gás a uma tempera-
tura um pouco mais elevada. Durante a compressão, verificaremos que todas as situações observadas
na experiência anterior se repetirão. Entretanto, uma modificação importante será constatada: o valor
da pressão na qual o gás começa a se condensar torna-se mais elevado. Em outras palavras, a pressão
de vapor do gás apresenta, agora, um valor maior.
Realizando novas experiências, com o gás a diversas temperaturas, chegaremos à conclusão de
que o resultado anterior é geral: a pressão de vapor de um gás é tanto maior quanto maior for a sua
temperatura. Assim, quanto mais aquecido estiver um gás, maior deverá ser a pressão que teremos
de exercer sobre ele para condensá-lo.

Temperatura crítica de um gás


O que acabamos de afirmar sobre a condensação de um gás é válido até que ele atinja certa
temperatura. De fato, se o gás se encontrar nessa temperatura, ou em valores superiores a ela, não con-
seguiremos liquefazê-lo por maior que seja a pressão exercida sobre ele. Essa temperatura denomina-se
temperatura crítica, Tc , do gás. Portanto, só é possível liquefazer um gás por aumento de pressão se ele
estiver a uma temperatura inferior a sua temperatura crítica. Acima dessa temperatura, não é possível
encontrar a substância no estado líquido.
É a distinção entre os termos gás e vapor. Quando uma substância se encontra no estado
gasoso, em temperatura inferior a Tc , diz-se que ela é um vapor, e se sua temperatura for supe-
rior a Tc , diz-se que ela é um gás.

42 Temperatura – dilatação – gases


Temperaturas críticas do oxigênio e do anidrido carbônico
O valor da temperatura crítica é característico de cada substância. A temperatura crítica do oxi-
gênio (O2) é Tc 5 2118 °C. Então, para obtermos oxigênio líquido, devemos reduzir sua temperatura
para um valor inferior a 2118 °C e, em seguida, exercer sobre ele uma pressão igual a sua pressão de
vapor. Acima de 2118 °C será impossível fazer o oxigênio se condensar. O oxigênio no estado gasoso,
em temperatura inferior a 2118 °C, seria vapor e, acima desta, seria gás.
Para o anidrido carbônico (CO2), a temperatura crítica é Tc 5 31 °C. Portanto, tomando-se uma
certa quantidade de O2 e CO2 do ar ambiente, em um dia no qual a temperatura é cerca de 20 °C, o CO2
poderá ser condensado se o comprimirmos convenientemente (pressão de vapor), mas o O2 permane-
cerá sempre no estado gasoso, qualquer que seja a pressão sobre ele. Em um dia muito quente (acima
de 31 °C), nem mesmo o CO2 poderá ser condensado pelo aumento da pressão que atua sobre ele.

Vapor de água na atmosfera


O ar atmosférico é uma mistura de alguns gases, tais como: oxigênio, nitrogênio, anidrido
carbônico e vapor de água. A quantidade de vapor de água existente em dado volume de ar
é um fator importante para a nossa vida, pois está relacionado com a ocorrência das chuvas,
com o clima em geral e até mesmo com a sensação de conforto que experimentamos em de-
terminado ambiente (o desconforto é causado tanto por excesso quanto por baixo percentual
de vapor na atmosfera).
Para caracterizar a quantidade de vapor existente em uma dada massa de ar, define-se a umi-
dade absoluta, Ua, da atmosfera como a razão entre a massa de vapor (m) e o volume (V) de ar:
Quando uma pessoa transpira,
se seu suor evaporar, haverá ab-
Ua 5 m sorção de calor de sua pele e ela
V sentirá mais conforto. Isso ocorre,
por exemplo, em um ambiente
quente e seco (baixa umidade).
A pressão atmosférica é a soma das pressões exercidas por todos os gases presentes no ar. A Se a umidade do ar, entretanto,
pressão que cada um desses gases exerce isoladamente é denominada pressão parcial do gás. A for elevada, a evaporação do suor
pressão parcial que o vapor de água exerce é, em geral, muito baixa, estando situada em torno de será mais lenta, fazendo com que
alguns milímetros de mercúrio (mmHg). a pessoa tenha uma sensação
mais desagradável, mesmo que a
Para uma dada temperatura, a pressão parcial do vapor de água não pode ser maior do que a temperatura ambiente não seja
sua pressão de vapor, pois nessas condições o vapor se condensaria. Quando a pressão parcial se igua- muito quente.
la à pressão de vapor (ele está prestes a se condensar), dizemos que o vapor está saturado; quando
ela é inferior a esse valor, o vapor é denominado vapor seco ou não saturado. A umidade relativa
do ar, Ur, usualmente empregada no lugar da umidade absoluta, é definida por:

pressão parcial do vapor de água Tabela 4 – Pressão de vapor de água


Ur 5
pressão de vapor de água na mesma temperatura
Temperatura Pressão de vapor
(°C) (mmHg)
Como exemplo, suponhamos que em um ambiente, à temperatura de 20 °C, a pressão par- 0 4,6
cial do vapor de água fosse de 10 mmHg. A tabela 4 nos mostra que a pressão de vapor de água 5 6,5
a essa temperatura é 17,5 mmHg, isto é, o vapor estaria saturado se sua pressão tivesse esse valor.
10 8,9
Então, a umidade relativa do ambiente seria:
15 12,6
Ur 5
10
5 0,57 20 17,5 FRENTE A
17,5 40 55,1
Usualmente o valor de Ur é representado sob forma percentual, isto é: 60 150
FÍSICA

Ur 5 57% 80 355
Se o vapor no ambiente estivesse saturado, sua umidade relativa seria Ur 5100% e, se não hou- 100 760
vesse vapor presente na atmosfera, teríamos Ur 5 0. Nessa última situação, a velocidade de evaporação
120 1 490
da água colocada em um recipiente aberto seria muito alta, e no primeiro caso (Ur 5 100%) a água
não se evaporaria. 140 2 710

Temperatura – dilatação – gases 43


A medida da umidade relativa do ar é feita por meio de aparelhos denominados higrômetros.
Um modelo muito simples de higrômetro pode ser construído se dispusermos de um termômetro
e de um recipiente metálico liso (ou até mesmo de um copo de vidro comum).
Colocando-se água no recipiente e acrescentando-se a ela, lentamente, pequenos pedaços de
gelo, sua temperatura decrescerá gradualmente. Em certo momento, observa-se que a superfície
externa do recipiente torna-se embaçada, em virtude da condensação sobre essa superfície do
vapor de água existente na atmosfera. A temperatura em que isso ocorre é denominada ponto
de orvalho.
Suponha que essa condensação tenha ocorrido quando a temperatura do recipiente atingiu
10  °C. A tabela 4 nos fornece o valor da pressão de vapor de água a 10  °C, que é de 8,9 mmHg.
Sabe-se que o vapor se condensa quando sua pressão parcial se iguala à pressão de vapor. Logo,
a pressão parcial de vapor de água na atmosfera é igual a 8,9 mmHg. O termômetro nos fornece
também a temperatura do ar ambiente. Supondo que ela seja de 20  °C, obtemos a pressão de
vapor a essa temperatura: 17,5 mmHg (tabela 4). Temos assim os dados que nos permitem obter
a umidade relativa do ar:
8,9
Ur 5 . 0,51 ∴ Ur . 51%
17,5

PARA CONSTRUIR

30 Considere um gás contido em um recipiente a alta pressão e 32 (Unicamp-SP) Pressão parcial é a pressão que um gás perten-
m baixa temperatura. Duplicando-se isotermicamente a pressão m cente a uma mistura teria se o mesmo gás ocupasse sozinho
Ene-3 Ene-5
C 0 C 1
H1
- desse gás, verifica-se que seu volume não se reduz à metade. H2
- todo o volume disponível. Na temperatura ambiente, quan-
Supondo que não tenha havido escapamento do gás, que do a umidade relativa do ar é de 100%, a pressão parcial de
m m
Ene-6 Ene-6 vapor de água vale 3,0 ? 103 Pa. Nessa situação, qual seria a
C 1
H-2 explicação você daria para o fato observado? C 1
H-2
porcentagem de moléculas de água no ar?
O volume se reduz à metade ao duplicarmos a pressão (com
Dados: A pressão atmosférica vale 1,0 ? 105 Pa. Considere que
temperatura constante) quando se trata de um gás ideal. No caso
o ar se comporta como um gás ideal. d
mencionado, temos um gás real que não está se comportando como
a) 100% P 5 1 ? 105 Pa 100%
um gás ideal (o gás real está a alta pressão e baixa temperatura). b) 97% p 5 3 ? 103 Pa x
c) 33% p
31 a) O que se entende por pressão de vapor? x5
P
d) 3% 3
m 3 ? 10 ? 100
Ene-6 O gás vai sendo comprimido isotermicamente e se condensa x5 5 3%
C 1 1 ? 105
H-2
quando a pressão sobre ele atinge um certo valor. Esse valor
é denominado pressão de vapor. 33 Considere um ambiente quente e seco (como o de uma sau-
na, por exemplo), no qual a temperatura é de 60 °C e a umi-
b) Certa massa de vapor de água encontra-se a 20 °C. Qual
dade relativa do ar é 30%. Qual é a pressão parcial do vapor
a pressão que se deve exercer sobre esse vapor para con-
de água nesse ambiente?
densá-lo?
A 60 °C, a pressão de vapor de água é de 150 mmHg. Então, como
Na tabela 4, vemos que a pressão de vapor de água a 20 °C é Ur 5 30% 5 0,30, vem:
17,5 mmHg. Portanto, o vapor de água, a 20 °C, se condensa
pressão parcial
0,30 5 ∴ pressão parcial 5 45 mmHg
quando a pressão sobre ele é de 17,5 mmHg. 150

c) Responda à questão anterior supondo que o vapor esteja


a 100 °C.
Na tabela 4, vemos que, agora, devemos exercer uma pressão
de 760 mmHg para condensar o vapor de água.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 17 e 18 Para aprimorar: 12

44 Temperatura – dilatação – gases


Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

a) isotérmicos, a densidade do gás permanece constante.


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR
b) isocóricos, a pressão diminui e a temperatura aumenta.
c) isobáricos, a razão entre volume e temperatura é constante.
1 (Fatec-SP) Uma das atrações de um parque de diversões d) isobáricos, a pressão é proporcional ao volume.
é a barraca de tiro ao alvo, onde espingardas de ar com-
primido lançam rolhas contra alvos, que podem ser derru- 7 (ESPCEX-SP) Em um laboratório, um estudante realiza alguns
bados. Ao carregar uma dessas espingardas, um êmbolo m experimentos com um gás perfeito. Inicialmente o gás está
Ene-5
C 1
comprime 120 mL de ar atmosférico sob pressão de 1 atm, H-2 a uma temperatura de 27 °C; em seguida, ele sofre uma ex-
reduzindo seu volume para 15 mL. A pressão do ar após a pansão isobárica que torna o seu volume cinco vezes maior.
compressão será, em atm: Imediatamente após, o gás sofre uma transformação e sua
a) 0,2. c) 4,0. e) 8,0. pressão cai a um sexto do seu valor inicial. O valor final da
b) 0,4. d) 6,0. temperatura do gás passa a ser de:
a) 327 °C. d) 223 °C.
2 (Uerj) Sabe-se que a pressão que um gás exerce sobre um b) 250 °C. e) 272 °C.
m recipiente é decorrente dos choques de suas moléculas c) 27 °C.
Ene-3
C 0
H1
- contra as paredes do recipiente. Diminuindo em 50% o vo-
lume do recipiente que contém um gás ideal, sem alterar 8 (Uece) Considere um gás ideal que passa por dois esta-
sua temperatura, estabeleça a razão entre a pressão final e m dos, através de um processo isotérmico reversível. Sobre a
Ene-3
C 0
a pressão inicial. H-1 pressão P e o volume V desse gás, ao longo desse proces-
so, é correto afirmar que:
3 (Udesc) Um sistema fechado, contendo um gás ideal, sofre a) PV é crescente de um estado para outro.
um processo termodinâmico isobárico, provocando mudan- b) PV é constante.
ça de temperatura de 200 °C para 400 °C. Assinale a alternati- c) PV é decrescente de um estado para outro.
va que representa a razão aproximada entre o volume final e d) PV é inversamente proporcional à temperatura do gás.
o inicial do gás ideal.
a) 1,5 c) 1,4 e) 1,0 9 (ESPCEX-SP) Para um gás ideal ou perfeito temos que:
b) 0,5 d) 2,0 a) as suas moléculas não exercem força uma sobre as outras,
exceto quando colidem.
4 Suponha que um gás ideal tenha sofrido uma transformação b) as suas moléculas têm dimensões consideráveis em com-
isobárica, na qual sua temperatura varia de 27 °C para 57 °C. paração com os espaços vazios entre elas.
Qual seria a porcentagem de variação que o volume do gás c) mantido o seu volume constante, a sua pressão e a sua
iria experimentar? temperatura absoluta são inversamente proporcionais.
d) a sua pressão e o seu volume, quando mantida a tempe-
5 (Uece) Seja um recipiente metálico fechado e contendo ar ratura constante, são diretamente proporcionais.
m comprimido em seu interior. Considere desprezíveis as de- e) sob pressão constante, o seu volume e a sua temperatura
Ene-6
C 1
H-2 formações no recipiente durante o experimento descrito absoluta são inversamente proporcionais.
a seguir: a temperatura do ar comprimido é aumentada de
24 °C para 40 °C. Sobre esse gás, é correto afirmar que: 10 Um gás está contido em um cilindro, provido de um pis-
a) sua pressão permanece constante, pois já se trata de ar m tão de peso P 5 200 N e área da seção reta A 5 100 cm2.
Ene-5
C 7
comprimido. H-1 Inicialmente, o sistema está em
b) sua pressão aumenta. equilíbrio nas condições mos-
m
Ene-6
tradas na figura ao lado. Inver-
c) sua energia interna diminui, conforme prevê a lei dos ga- FRENTE A
C 1
H-2
ses ideais. tendo-se o cilindro de modo
d) sua energia interna permanece constante, pois o recipien- que o pistão passe a comprimir 9,0 cm
te não muda de volume e não há trabalho realizado pelo o gás, qual será a nova altura
que esse gás ocupará dentro do
FÍSICA

sistema.
cilindro? Suponha que a tempe-
6 (UFTM-MG – Adaptada) Considere os processos termodinâ- ratura foi mantida constante e
micos isobárico, isotérmico e isocórico em um gás ideal. É que a pressão atmosférica local P
correto afirmar que, nos processos: seja 1,0 ? 105 N/m2.

Temperatura – dilatação – gases 45


11 (UFMG) Na figura está repre- Êmbolo (04) Sendo o coeficiente de dilatação da água maior que o
m sentado um pistão constituí- coeficiente de dilatação do vidro, a dilatação observada
Ene-5
C 7
H-1 do de um cilindro e um êm- na água não é real.
Cilindro
bolo. O êmbolo, que pode se (08) Aquecido o sistema, o volume interno da garrafa au-
m
Ene-6 mover livremente, tem massa menta, enquanto o volume da água permanece o
C 1
H-2
de 0,30 kg e uma área de selão h Gás
mesmo.
transversal de 8,0 cm2.
Esse pistão contém 4,0 ? 1023 15 (UFPR) Segundo a teoria cinética, um gás é constituído
mol de um gás ideal à tempe- m
Ene-6
por moléculas que se movimentam desordenadamente
C 1
ratura de 27 °C. A pressão no H-2 no espaço do reservatório onde o gás está armazenado.
ambiente é de 1,0 atm. As colisões das moléculas entre si e com as paredes do re-
servatório são perfeitamente elásticas. Entre duas colisões
a) Determine o valor da força que o gás exerce sobre o êm- sucessivas, as moléculas descrevem um MRU. A energia
bolo na situação de equilíbrio. cinética de translação das moléculas é diretamente pro-
b) Determine o valor da altura h em que o êmbolo se encon- porcional à temperatura do gás. Com base nessas informa-
tra nessa situação. ções, considere as seguintes afirmativas:
Em seguida, o gás é aquecido até que sua temperatura atinja 1. As moléculas se deslocam todas em trajetórias paralelas
57 °C. entre si.
c) Determine o valor do deslocamento Δh do pistão devido 2. Ao colidir com as paredes do reservatório, a energia ciné-
a esse aquecimento. tica das moléculas é conservada.
3. A velocidade de deslocamento das moléculas aumenta se
12 (UFPE) Um gás ideal passa por uma transformação termodi- a temperatura do gás for aumentada.
m
Ene-3
nâmica em que sua pressão dobra, seu número de moléculas Assinale a alternativa correta.
C 0
H-1 triplica e seu volume é multiplicado por um fator de 12. Nes- a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
sa transformação, qual a razão entre as temperaturas absolu- b) Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
tas final e inicial do gás? c) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
d) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
13 (UEM-PR) Dê o valor da soma das afirmações que estiverem
e) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
m corretas.
Ene-6
C 1
H-2 (01) O volume de uma dada massa gasosa será inversamente 16 Dois recipientes, de mesmo volume, contêm 2N molécu-
proporcional à pressão exercida sobre ela se a tempera- m
Ene-6
las de um gás A e N moléculas de um gás B, cuja massa
C 1
tura desse gás for mantida constante. H2
- molecular é maior do que a de A (veja a figura a seguir).
(02) Mantida constate a pressão de uma massa gasosa, o vo- Sabendo que A e B estão à mesma temperatura, analise as
lume dessa massa gasosa é diretamente proporcional a afirmativas seguintes e assinale aquelas que são corretas.
sua temperatura absoluta.
Gás A Gás B
(04) O número de moléculas em volumes iguais de gases di-
ferentes à mesma temperatura e pressão é o mesmo.
(08) Não existe relação entre a energia cinética das moléculas
de um gás e a temperatura do gás.
(16) A pressão exercida por um gás sobre as paredes do re- 2N N
cipiente que o contém é consequência das contínuas e
incessantes colisões das moléculas desse gás contra as
paredes do recipiente.

14 (UEPG-PR) Considere uma garrafa de vidro totalmente cheia


m com água, hermeticamente fechada, submetida a alterações a) A energia cinética média das moléculas de A é igual à
Ene-6
C 1
H-2 de temperatura. Nesse contexto, some as alternativas que fo- energia cinética média das moléculas de B.
rem corretas. b) A velocidade média das moléculas de A é igual à velocida-
(01) Diminuindo a temperatura do sistema até 4 °C, o volu- de média das moléculas de B.
me da água diminui em relação ao volume da garrafa, c) A pressão exercida pelo gás A é duas vezes maior do que
criando um espaço vazio no seu interior. a pressão exercida pelo gás B.
(02) Se a variação de temperatura for de 15 °C para 25 °C, a d) A energia cinética total das moléculas de A é igual à ener-
garrafa não se romperá. gia cinética total das moléculas de B.

46 Temperatura – dilatação – gases


17 Durante muitos anos os cientistas tentaram liquefazer o gás 4 (Uerj) Em um reator nuclear, a energia liberada na fissão
hélio, sem sucesso. Procure apontar a causa dessa dificuldade m de 1 g de urânio é utilizada para evaporar a quantidade de
Ene-3
C 8
sabendo que a temperatura crítica do hélio é de 2268  °C, H- 3,6 ? 104 kg de água a 227 °C e sob 30 atm, necessária para
ou seja, 5 K (a temperatura crítica mais baixa entre todas as movimentar uma turbina geradora de energia elétrica.  Ad-
substâncias). mita que o vapor d’água apresenta comportamento de gás
ideal. O volume de vapor d’água, em litros, gerado a partir da
18 A temperatura crítica da água é de 374 °C. Se tivermos água fissão de 1 g de urânio, corresponde a:
em ebulição em uma panela aberta, devemos dizer que dela
a) 1,32 ? 105. c) 3,24 ? 107.
se desprende vapor de água ou gás de água?
b) 2,67 ? 10 .
6
d) 7,42 ? 108.

PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR 5 (Unicamp-SP) Existem inúmeros tipos de extintores de in-
m cêndio que devem ser utilizados de acordo com a classe do
Ene-5
C 8
H-1 fogo a se extinguir. No caso de incêndio envolvendo líquidos
1 (Fuvest-SP) Um equipamento possui um sistema formado por
inflamáveis, classe B, os extintores à base de pó químico ou
m um pistão, com massa de 10 kg, que se movimenta, sem atrito, de dióxido de carbono (CO2) são recomendados, enquanto
Ene-5
C 1
H-2 em um cilindro de secção transversal S 5 0,01 m2. Operando extintores de água devem ser evitados, pois podem espalhar
em uma região onde a pressão atmosférica é de 10,0 ? 104 Pa o fogo.
m
Ene-6 (1 Pa 5 1 N/m2), o ar aprisionado no interior do cilindro man-
C 1
H-2 a) Considere um extintor de CO2 cilíndrico de volume interno
tém o pistão a uma altura H 5 18 cm. Quando esse sistema
V 5 1 800 cm3 que contém uma massa de CO2 m 5 6 kg.
é levado a operar em uma região onde a pressão atmosférica
Tratando o CO2 como um gás ideal, calcule a pressão no
é de 8,0 ? 104 Pa, mantendo-se a mesma temperatura, a nova
interior do extintor para uma temperatura T 5 300 K.
altura H no interior do cilindro passa a ser aproximadamente de:
Dados: R 5 8,3 J/mol K e a massa molar do CO2  M  5
5 44 g/mol.
b) Suponha que um extintor de CO2 (similar ao do item a),
g completamente carregado, isolado e inicialmente em re-
10 kg pouso, lance um jato de CO2 de massa m 5 50 g com
velocidade v 5 20 m/s. Estime a massa total do extintor
Mext e calcule a sua velocidade de recuo provocada pelo
lançamento do gás. Despreze a variação da massa total do
cilindro decorrente do lançamento do jato.
H
6 (Unicamp-SP) Os balões desempenham papel importante em
m pesquisas atmosféricas e sempre encantaram os espectadores.
Ene-6
C 1
H-2 Bartolomeu de Gusmão, nascido em Santos em 1685, é consi-
S derado o inventor do aeróstato, balão empregado como aero-
nave. Em temperatura ambiente, Tamb 5 300 K, a densidade do
a) 5,5 cm. c) 20 cm. e) 36 cm.
ar atmosférico vale ρamb 5 126 kg/m³. Quando o ar no interior
b) 14,7 cm. d) 22 cm.
de um balão é aquecido, sua densidade diminui, sendo que a
2 (Fatec-SP) Um gás ideal exerce pressão de 2 atm a 27 °C. O pressão e o volume permanecem constantes. Com isso, o balão
gás sofre uma transformação isobárica na qual seu volume é acelerado para cima à medida que seu peso fica menor que o
sofre um aumento de 20%. Supondo não haver alteração na empuxo.
massa do gás, sua temperatura passou a ser, em °C: a) Um balão tripulado possui volume total V 5 3,0 ? 106 li-
a) 32. c) 87. e) 120. tros. Encontre o empuxo que atua no balão.
b) 54. d) 100. b) Qual será a temperatura do ar no interior do balão quan-
do sua densidade for reduzida a ρquente 5 1,05 kg/m³? Con-
3 Três recipientes A, B e C, de volumes iguais, contêm respecti- sidere que o ar se comporta como um gás ideal e note
vamente os gases NO, NO2 e N2O3 à mesma pressão e tempe-
FRENTE A
m
Ene-6 que o número de mols de ar no interior do balão é pro-
C 1
H-2 ratura. Decompondo esses gases, um estudante recolheu o porcional à sua densidade.
oxigênio desprendido em cada recipiente, obtendo resulta-
m
Ene-7
C 4 dos que confirmaram a lei de Avogadro. Quais das alternati- 7 Um gás ideal está no interior de um cilindro metálico, provido de
H-2
vas seguintes poderiam corresponder às massas de oxigênio um êmbolo e de uma torneira, a uma pressão inicial de 4,0 atm.
FÍSICA

recolhidas, respectivamente, em A, B e C? Abre-se a torneira e desloca-se o êmbolo de forma que metade


da massa do gás escape lentamente. Sabendo-se que o gás que
a) 0,50 g, 1,0 g e 1,5 g d) 3,0 g, 6,0 g e 9,0 g
b) 1,0 g, 1,0 g e 1,0 g e) 2,0 g, 3,0 g e 4,0 g permanece no cilindro passa a ocupar um volume igual a 2 do
3
c) 3,0 g, 1,5 g e 1,0 g volume inicial, determine o valor de sua pressão.

Temperatura – dilatação – gases 47


8 (UFSC) Calibrar os pneus de um carro consiste em colocar destino de sua viagem, o motorista percebeu que a pressão
m ou retirar ar atmosférico do pneu, e é uma prática que todos manométrica do ar (gás) nos pneus aumentara para 160,0 ?
Ene-5
C 8
H-1 os motoristas devem fazer pelo menos a cada 15 dias, para ? 103 Pa. Considere o ar dentro dos pneus como um gás ideal.
garantir a segurança do veículo e de seus integrantes, assim Dada a constante de Boltzmann 1,38 ? 10223 J/K.
como para aumentar a vida útil do pneu. Em média, o pneu a) Calcule a energia cinética média das moléculas do gás no
de um carro de passeio é calibrado com uma pressão que interior dos pneus, no início da viagem.
pode variar entre 28 e 30 psi (libras por polegada quadrada). b) Ao chegar ao destino, qual a temperatura do gás nos
Em situações de grande carga no veículo e viagens longas, pneus, sabendo que eles expandiram, aumentando seu
orienta-se que se calibrem os pneus com duas libras a mais de volume interno em 5%.
pressão. (Não vamos considerar os pneus que são calibrados c) Considerando as condições iniciais da viagem e que os pneus
com nitrogênio.) suportem, no máximo, uma variação de volume de 8%, cal-
cule a pressão do gás no interior dos pneus nessa condição
limite. Sabe-se ainda que a temperatura do gás dentro dos
pneus, na condição limite, atinge aproximadamente 360 K.

10 O avião supersônico Concorde podia alcançar cerca de


800  m/s de velocidade. Imagine que uma molécula de H2,
cuja massa é de 3,4 ? 10227 kg, esteja se deslocando com essa
velocidade.
a) Qual seria a energia cinética dessa molécula?
b) Suponha que a energia cinética média das moléculas de
uma amostra de H2 fosse igual ao valor calculado em (a).
Qual é, em graus Celsius, a temperatura dessa amostra?
c) Se a amostra for constituída por 1 mol de H2, qual será a
Disponível em: <http://guiadicas.net/como-economizar-alcool- energia cinética total de suas moléculas?
e-gasolina-no-carro/>. Acesso em: 25 ago. 2013.
Considerando o ar atmosférico como um gás ideal e com
11 Mostre que a expressão P 5 1 N mv 2 pode ser escrita
base no que foi exposto, dê a soma da(s) proposição(ões) 3 V
m
correta(s). Ene-5
C 1 1
H-2 sob a seguinte forma: P 5 ρv 2 em que ρ é a densidade
(01) Quando o carro está em movimento, os pneus aquecem; 3
sendo assim, podemos considerar que o ar atmosférico do gás.
dentro dos pneus sofre uma transformação isobárica.
(02) Para uma correta calibragem da pressão, é necessário 12 Um botijão de gás de cozinha, hermeticamente fechado,
que ela seja feita com os pneus frios, pois a alta tempera- m contém gás liquefeito em equilíbrio com seu vapor (veja a
Ene-5
C 8
tura indicaria uma pressão maior. H-1 figura a seguir).
(04) Independentemente das medidas de um pneu, se o cali-
brarmos com 30,0 psi, o número de mols de ar é o mesmo.
(08) A pressão de um gás confinado em um recipiente de-
pende de alguns fatores: quantidade de gás, tempe-
ratura do gás e volume do recipiente. Esses fatores Gás
influenciam diretamente o número de colisões e a in-
tensidade dessas colisões com as paredes do recipiente.
(16) Um pneu com as seguintes medidas: raio interno
14,0 cm, raio externo 19,0 cm e largura 18,0 cm, calibra- Líquido
do com 30,0 psi a 25 °C, possui um volume de ar atmos-
férico de 45 L.
(32) A dilatação do pneu quando aquecido pode ser despreza-
da se comparada com a expansão que o gás pode sofrer
quando é submetido à mesma variação de temperatura. a) A pressão do gás do botijão é maior, menor ou igual a sua
pressão de vapor?
9 (Udesc) Um motorista, antes de iniciar sua viagem, calibrou b) Abre-se a válvula do botijão e deixa-se escapar certa mas-
m os pneus de seu carro, deixando-os a uma pressão manomé- sa de gás. Fechando-se novamente a válvula, a pressão do
Ene-5
C 8
H-1 trica de 150,0 ? 103 Pa. No momento da calibração a tempera- gás no interior do botijão será maior, menor ou igual ao
tura ambiente e dos pneus era de 27,0 °C. Quando chegou ao valor da pressão inicial? Explique o que ocorreu.

48 Temperatura – dilatação – gases


Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Revisão”. As resolu-
ções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

REVISÃO As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

1 (UFJF-MG) Durante uma aula no laboratório de Física, o Quando a temperatura for de 20 °C, a altura da coluna de
m professor colocou dois termômetros em um forno cuja líquido, em mm, será de:
Ene-5
C 2
H-2 temperatura pode atingir até 500 °C. O primeiro termô- a) 25.
metro tinha graduação em Celsius e o segundo, em Fah- b) 30.
renheit. O professor esperou o equilíbrio térmico e notou c) 35.
que o termômetro graduado na escala em Celsius indicava d) 40.
um valor que correspondia exatamente à metade do valor e) 45.
indicado no termômetro graduado na escala Fahrenheit.
A temperatura medida pelo professor, em graus Celsius, é: 6 (PUC-PR) Dona Maria do Desespero tem um filho chama-
a) 130 °C. c) 160 °C. e) 180 °C. m do Pedrinho, que apresentava os sintomas característicos
Ene-5
b) 142 °C. d) 174 °C. C 7
H1
- da gripe causada pelo vírus H1N1: tosse, dor de garganta,
dor nas articulações e suspeita de febre. Para saber a tem-
2 (PUC-RJ) Temperaturas podem ser medidas em graus Cel- m
Ene- 6
C 1 peratura corporal do filho, pegou seu termômetro digital,
H-2
sius (°C) ou Fahrenheit (°F). Elas têm uma proporção linear entretanto a pilha do termômetro tinha se esgotado.
entre si. Temos: 32 °F 5 0 °C; 20 °C 5 68 °F. Qual a tempe- Como segunda alternativa, resolveu utilizar o termôme-
ratura em que ambos os valores são iguais? tro de mercúrio da vovó, porém constatou que a escala
a) 40 c) 100 e) 0 do termômetro tinha se apagado com o tempo, sobran-
b) 220 d) 240 do apenas a temperatura mínima da escala 35 °C e a tem-
peratura máxima de 42 °C.
3 (UERN) Em um determinado aeroporto, a temperatura
Lembrou-se, então, de suas aulas de Termometria do En-
ambiente é exibida por um mostrador digital que indica,
sino Médio. Primeiro ela mediu a distância entre as tem-
simultaneamente, a temperatura em 3 escalas termomé-
peraturas mínima e máxima e observou h 5 10 cm. Em
tricas: Celsius, Fahrenheit e Kelvin. Se em determinado
seguida, colocou o termômetro embaixo do braço do
instante a razão entre a temperatura exibida na escala
filho, esperou o equilíbrio térmico e, com uma régua, me-
Fahrenheit e na escala Celsius é igual 3,4, então a tempe-
diu a altura da coluna de mercúrio a partir da temperatura
ratura registrada na escala Kelvin nesse mesmo instante é:
de 35 °C, ao que encontrou h 5 5 cm.
a) 272 K. c) 293 K.
b) 288 K. d) 301 K. Com base no texto, assinale a alternativa correta.
a) Pedrinho estava com febre, pois sua temperatura era
4 No interior de um freezer, a temperatura se mantém a de 38,5 °C.
220 °C. Quanto valeria a soma algébrica das indicações b) Pedrinho não estava com febre, pois sua temperatura
de dois termômetros graduados nas escalas Fahrenheit e era de 36,5 °C.
Kelvin, após o equilíbrio térmico ser estabelecido, se am- c) Uma variação de 0,7 °C corresponde a um desloca-
bos fossem colocados no interior desse congelador? mento de 0,1 cm na coluna de mercúrio.
d) Se a altura da coluna de mercúrio fosse h 5 2 cm, a
5 (Vunesp) Um termoscópio é temperatura correspondente seria de 34 °C.
m um dispositivo experimental, e) Não é possível estabelecer uma relação entre a altura
Ene-5
C 7
H-1 como o mostrado na figura,
da coluna de mercúrio com a escala termométrica.
capaz de indicar a tempera-
m
Ene- 6 tura a partir da variação da
C 1
7 (Cefet-MG) Nos pontos de fusão e de ebulição da água, as
H-2
colunas líquidas de um termômetro de mercúrio valem,
altura da coluna de um líqui- FRENTE A
do que existe dentro dele. Um respectivamente, 10,0 cm e 25,0 cm. Para a temperatura
aluno verificou que, quando de 33,3 °C, a altura aproximada dessa coluna, em centí-
a temperatura na qual o ter- metros, vale:
FÍSICA

moscópio estava submetido a) 5,00.


era de 10 °C, ele indicava uma altura de 5 mm. Percebeu b) 10,0.
ainda que, quando a altura havia aumentado para 25 mm, c) 15,0.
a temperatura era de 15 °C. d) 20,0.

Temperatura – dilatação – gases 49


8 (Unifesp) O texto a seguir foi extraído de uma matéria d) e)
m sobre congelamento de cadáveres para preservação por
Ene- 6
C 1
H 2 muitos anos, publicada no jornal O Estado de S. Paulo de
-

21 de julho de 2002.
Após a morte clínica, o corpo é resfriado com gelo.
Uma injeção de anticoagulantes é aplicada e um fluido
especial é bombeado para o coração, espalhando-se
pelo corpo e empurrando para fora os fluidos naturais.
O corpo é colocado numa câmara com gás nitrogênio,
onde os fluidos endurecem em vez de congelar. Assim 10 (UEM-PR) Duas barras de materiais diferentes A e B têm o
que atinge a temperatura de 2321°, o corpo é levado mesmo comprimento a 20 °C. Colocando-se a barra A num
para um tanque de nitrogênio líquido, onde fica de refrigerador e a barra B num forno, elas atingem, respectiva-
cabeça para baixo. mente, as temperaturas de 210 °C e 200 °C, passando a apre-
Na matéria, não consta a unidade de temperatura usada. sentar uma diferença de 0,06 cm nos seus comprimentos.
Considerando que o valor indicado de 2321° esteja cor- Sendo os coeficientes de dilatação linear dos materiais de
reto e que pertença a uma das escalas Kelvin, Celsius ou A e B, respectivamente iguais a 22 ? 1026 °C21 e 3 ? 1026 °C21,
Fahrenheit, pode-se concluir que foi usada a escala: então o comprimento inicial das barras a 20 °C é:
a) Kelvin, pois trata-se de um trabalho científico e essa é a) 30 cm. c) 50 cm.
a unidade adotada pelo Sistema Internacional. b) 60 cm. d) 40 cm.
b) Fahrenheit, por ser um valor inferior ao zero absoluto
e, portanto, só pode ser medido nessa escala. 11 (Unesc) Normalmente encontra-se como invólucro de
c) Fahrenheit, pois as escalas Celsius e Kelvin não admi- m cigarros, no interior do maço, uma folha que apresenta
Ene- 6
C 1
tem esse valor numérico de temperatura. H-2 duas faces: uma de papel comum e outra de alumínio,
d) Celsius, pois só ela tem valores numéricos negativos coladas entre si. Se pegarmos essa folha dupla e a aproxi-
para a indicação de temperaturas. marmos, cuidadosamente, de uma fonte de calor, o que
e) Celsius, por tratar-se de uma matéria publicada em observaremos em relação à dilatação dessa folha?
língua portuguesa e essa ser a unidade adotada ofi- a) A folha curva-se para o lado do papel.
cialmente no Brasil. b) A folha não sofre nenhum tipo de curvatura.
c) A folha curva-se para o lado do alumínio.
9 (FGV-SP) O princípio de um termostato pode ser esque- d) A folha curva-se ora para o lado do papel, ora para o
matizado pela figura abaixo. Ele é constituído de duas lado do alumínio.
lâminas de metais, A e B, firmemente ligadas. e) A folha dilata sem sofrer curvatura.

A B 12 (Enem) O quadro oferece os coeficientes de dilatação li-


nem
near de alguns metais e ligas metálicas:
E -5
C 7
H-1
Substância Coeficiente de dilatação linear (? 1025 °C21)
m
Ene- 5
C 8
H1
- Aço 1,2
Alumínio 2,4
Bronze 1,8
Sabendo que o metal A apresenta coeficiente de dilata- Chumbo 2,9
ção volumétrica maior que o metal B, um aumento de
Níquel 1,3
temperatura levaria a qual das condições abaixo?
Latão 1,8
a) b) c)
Ouro 1,4
Platina 0,9
Prata 2,4
Cobre 1,7
FONTE: GREF. FÍSICA 2; CALOR E ONDAS. SÃO PAULO: EDUSP, 1993.

50 Temperatura – dilatação – gases


Para permitir a ocorrência do fato observado na tirinha, a Elevando-se igualmente a temperatura de todas as partes
partir do menor aquecimento do conjunto, o parafuso e da arruela de um valor Δu, o raio externo dilata-se de um
a porca devem ser feitos, respectivamente, de: valor ΔR e o raio interno dilata-se de:
a) (R 2 r) ? ΔR. d) ΔR.
NÃO CONSIGO
DESATARRAXAR EU CONSIGO. R ? ∆R
ESTA PORCA. b) (R 1 r) ? ΔR. e) .
r
r ? ∆R
c) .
R
16 (PUC-RS) As variações de volume de certa quantidade de

ENEM
m água e do volume interno de um recipiente em função
Ene-6
C 4
H-2 da temperatura foram medidas separadamente e estão
a) aço e níquel. d) ouro e Iatão. representadas no gráfico abaixo, respectivamente, pela
b) alumínio e chumbo. e) cobre e bronze. m
Ene-6 linha contínua (água) e pela linha tracejada (recipiente).
C 5
H- 2
c) platina e chumbo.
Volume

13 (Ifsul-RS) Muitos portões de ferro abrem mais facilmente Água

no inverno do que no verão, pois um dos efeitos pro-


vocados pela elevação da temperatura é a dilatação dos Recipiente
corpos. Assim, no verão, o ferro tem seu volume aumen-
tado, o que dificulta a abertura desses portões.
O coeficiente de dilatação linear do ferro é de 12 ? 1026 0 4 10 Temperatura (°C)
°C21, esse valor representa a variação:
a) no comprimento de uma barra de ferro para uma va- Estudantes, analisando os dados apresentados no gráfi-
riação em 1 °C na sua temperatura. co e supondo que a água seja colocada dentro do reci-
b) na temperatura para qualquer variação no compri- piente, fizeram as seguintes previsões:
mento de uma barra de ferro. I. O recipiente estará completamente cheio de água,
c) no comprimento unitário de uma barra de ferro para sem haver derramamento, apenas quando a tempe-
qualquer variação de temperatura. ratura for 4 °C.
d) no comprimento unitário de uma barra de ferro II. A água transbordará apenas se sua temperatura e
quando sua temperatura varia em 1 °C. a do recipiente assumirem, simultaneamente, valo-
res acima de 4 °C.
14 (Mack-SP) O gráfico abaixo nos permite acompanhar o III. A água transbordará se sua temperatura e a do reci-
m comprimento de uma haste metálica em função de sua
piente assumirem, simultaneamente, valores acima
Ene-6
C 4 temperatura. O coeficiente de dilatação linear do mate-
H-2
de 4  °C ou se assumirem, simultaneamente, valores
rial que constitui essa haste vale: abaixo de 4 °C.
m
Ene-6 A(s) afirmativa(s) correta(s) é(são):
C 5 L (m)
H-2
a) I, apenas. d) II e III, apenas.
4,02
b) I e II, apenas. e) I, II e III.
c) I e III, apenas.
4,00
17 (Vunesp) Nos últimos anos, temos sido alertados sobre
20 120 0 °C
m o aquecimento global. Estima-se que, mantendo-se as
Ene-3
C 2
a) 2 ? 1025 °C21. d) 6 ? 1025 °C21. H-1 atuais taxas de aquecimento do planeta, haverá uma ele-

b) 4 ? 1025 °C21. e) 7 ? 1025 °C21. vação do nível do mar causada, inclusive, pela expansão
c) 5 ? 1025 °C21. térmica, causando inundação em algumas regiões costei-
FRENTE A
ras. Supondo, hipoteticamente, os oceanos como siste-
15 (Famerp-SP) À tempe- mas fechados e considerando que o coeficiente de dilata-
m ratura de 20 °C, uma
ção volumétrica da água é aproximadamente 2 ? 1024 °C21
Ene-5
C 7 arruela (disco metálico
H1
- e que a profundidade média dos oceanos é de 4 km, um
R
FÍSICA

com um orifício cen- r aquecimento global de 1 °C elevaria o nível do mar, devi-
m
Ene-6
C 1
tral) tem raio externo do à expansão térmica em, aproximadamente:
H-2
R e raio interno r. a) 0,3 m. c) 0,8 m. e) 1,7 m.
b) 0,5 m. d) 1,1 m.

Temperatura – dilatação – gases 51


18 (Enem) A gasolina é vendida por litro, mas em sua utiliza- Ao retirar-se uma dose de
m ção como combustível, a massa é o que importa. Um au- 40 mL de líquido do frasco, que
Ene-6
C 1
H 2 mento da temperatura do ambiente leva a um aumento
- continha um volume ocupado
no volume da gasolina. Para diminuir os efeitos práticos pelo ar de 100 mL, o êmbolo
dessa variação, os tanques dos postos de gasolina são encontra certa resistência, de-

CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


subterrâneos. Se os tanques NÃO fossem subterrâneos: vido ao fato de a pressão no in-
10
I. Você levaria vantagem ao abastecer o carro na hora terior do frasco ter se tornado,
20
mais quente do dia, pois estaria comprando mais aproximadamente, em Pa: 30
massa por litro de combustível. 40
Dados: Pressão atmosférica 5
50ml
II. Abastecendo com a temperatura mais baixa, você 5 1 ? 105 Pa. Suponha que o
estaria comprando mais massa de combustível para ar dentro do frasco se com-
cada litro. porte como um gás ideal.
III. Se a gasolina fosse vendida por kg em vez de por litro, Considere desprezível o atri-
o problema comercial decorrente da dilatação da ga- to entre o êmbolo e a parede
solina estaria resolvido. interna da seringa.
a) 57 000.
Dessas considerações, somente:
a) I é correta. d) I e II são corretas. b) 68 000.
b) II é correta. e) II e III são corretas. c) 71 000.
c) III é correta. d) 83 000.
e) 94 000.
19 (UFTM-MG) A equação de estado, representada pela
expressão PV 5 nRT, se aplica a gases que apresentam 21 (Fatec-SP) Dentro de um balão volumétrico, tem-se um
m
Ene-6
C 7
H-1 comportamento chamado “ideal”, ou seja, aquele em gás perfeito a uma temperatura de 0 °C ocupando um
que as interações intermoleculares são consideradas volume de 22,4 litros sob pressão de 1 atm. Esse gás sofre
inexistentes e o volume total das moléculas do gás é uma transformação gasosa, obtendo temperatura final
considerado desprezível quando comparado ao volume de 27 °C a uma pressão de 1 atm. Assinale a afirmação
por ele ocupado. correta sobre a transformação gasosa sofrida e sobre seu
Considere as seguintes condições que podem ser apre- volume final aproximado, em L.
sentadas por um gás: a) Isométrica e 25,4.
I. altas temperaturas; b) Isométrica e 22,4.
II. baixas pressões; c) Isobárica e 22,4.
III. altas densidades; d) Isobárica e 24,6.
IV. baixas temperaturas; e) Isotérmica e 24,6.
V. altas pressões.
O comportamento de um gás se aproxima mais do 22 (PUC-RJ) Um processo acontece com um gás ideal que
“ideal” quando apenas duas das condições apresentadas mestá dentro de um balão extremamente flexível em con-
Ene-3
C 0
ocorrem ao mesmo tempo. Essas condições são: H-1tato com a atmosfera.
a) I e II. d) III e V. Se a temperatura do gás dobra ao final do processo, po-
b) I e III. e) IV e V. demos dizer que:
c) II e IV. a) a pressão do gás dobra, e seu volume cai pela metade.
b) a pressão do gás fica constante, e seu volume cai pela
20 (FGV-SP) Para garantir a dosagem precisa, um medicamen- metade.
m to pediátrico é acompanhado de uma seringa. Depois de c) a pressão do gás dobra, e seu volume dobra.
Ene-6
C 1
H-2 destampado o frasco de vidro que contém o remédio, a d) a pressão do gás cai pela metade, e seu volume dobra.
seringa é nele encaixada com seu êmbolo completamen- e) a pressão do gás fica constante, e seu volume dobra.
te recolhido. Em seguida, o frasco é posicionado de cabe-
ça para baixo e o remédio é então sugado para o interior 23 Um motorista calibra os pneus de seu carro com uma
da seringa, enquanto o êmbolo é puxado para baixo. pressão de 20 libras/pol2 a uma temperatura de 20 °C.
Como consequência da retirada do líquido, o ar que já se Após realizar uma viagem, a temperatura dos pneus su-
encontrava dentro do frasco, expande-se isotermicamen- biu para 40 °C. Supondo desprezível a dilatação do pneu,
te, preenchendo o volume antes ocupado pelo remédio. responda:

52 Temperatura – dilatação – gases


a) Qual o tipo de transformação sofrida pelo ar contido 26 (Vunesp) Um frasco para medicamento com capacidade de
no pneu? m 50 mL, contém 35 mL de remédio, sendo o volume restante
Ene-3
C 0
b) Qual a pressão na câmara de ar no fim da viagem? H1
- ocupado por ar. Uma enfermeira encaixa uma seringa nesse
frasco e retira 10 mL do medicamento, sem que tenha entra-
m
24 (Udesc) Uma dada massa gasosa, que está limitada em Ene- 5
C 7 do ou saído ar do frasco. Considere que durante o processo a
H-1
m um cilindro por um êmbolo móvel, sofre as transforma- temperatura do sistema tenha permanecido constante e que
Ene-6
C 4
H 2 ções representadas pelos seguintes gráficos:
- o ar dentro do frasco possa ser considerado um gás ideal.
I. P (Pa) Situação Situação
inicial final
Ar
Ar

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


35 mL

10 mL

T (°C)

II. P (Pa)

Na situação final em que a seringa com o medicamento


ainda estava encaixada no frasco, a retirada dessa dose
fez com que a pressão do ar dentro do frasco passasse a
T (°C)
ser, em relação à pressão inicial:
a) 60% maior.
III. V (m3) b) 40% maior.
c) 60% menor.
d) 40% menor.
e) 25% menor.

27 (Uerj) Sabe-se que a pressão que um gás exerce sobre


m um recipiente é decorrente dos choques de suas molé-
Ene-3
C 0
H-1 culas contra as paredes do recipiente.
T (°C)
Diminuindo em 50% o volume do recipiente que con-
Assinale a alternativa que contém a correta classificação tém um gás ideal, sem alterar sua temperatura, estabele-
das três transformações apresentadas acima. ça a razão entre a pressão final e a pressão inicial.
a) I. isovolumétrica / II. isobárica / III. isotérmica.
b) I. isotérmica / II. isobárica / III. isovolumétrica. 28 (UFRGS-RS) Considere as afirmações a seguir, sobre gases
c) I. isobárica / II. isovolumétrica / III. isotérmica. m ideias.
Ene-6
C 1
d) I. isovolumétrica / II. Isotérmica / III. isobárica. H2
- I. A constante R presente na equação PV 5 nRT tem o
e) I. isobárica / II. isotérmica / III. isovolumétrica mesmo valor para todos os gases ideais.
II. Volumes iguais de gases ideais diferentes, à mesma
25 (Ibmec-RJ) Um submarino, a uma profundidade de 50 temperatura e pressão, contêm o mesmo número de
metros abaixo do nível do mar, libera uma bolha de ar por moléculas.
meio do seu sistema de escape com volume igual a 0,1 m³. III. A energia cinética média das moléculas de um gás
ideal é diretamente proporcional à temperatura ab-
FRENTE A
A bolha sobe até a superfície, onde a pressão é igual a 1,0
atm (pressão atmosférica). Considere que a temperatura da soluta do gás.
bolha permanece constante e que a pressão aumenta 1,0 Quais estão corretas?
atm a cada 10 m de profundidade. Nesse caso, sendo o ar a) Apenas I.
FÍSICA

um gás ideal, o valor do volume da bolha na superfície é: b) Apenas II.


a) 0,05 m³. d) 0,5 m³. c) Apenas III.
b) 0,01 m³. e) 1,5 m³ . d) Apenas I e II.
c) 1,0 m³. e) I, II e III.

Temperatura – dilatação – gases 53


29 O ar da sala em que você está contém, entre outros, os a) Para que valor deveria ser reduzida a temperatura da
m seguintes gases: O 2 , CO 2 , H 2O, N 2 e H 2. Suponha que a sala, a fim de que esse vapor se condensasse (ponto
Ene-6
C 1
H 2 temperatura do ar seja a mesma em qualquer ponto da
- de orvalho)?
sala. b) Mantendo-se a temperatura a 40 °C e aumentando-se
em
En - 7
C 4
a umidade da sala, qual seria o valor da pressão parcial
H-2 a) Qual desses gases possui moléculas com maior ener- quando o ambiente estivesse saturado de vapor?
gia cinética média?
31 Qual seria o valor da umidade relativa do ar na sala do
b) Coloque esses gases em ordem crescente dos valores
exercício anterior nas condições mencionadas na ques-
das velocidades médias de suas moléculas.
tão a? E na questão b?
30 Uma sala a 40 °C contém vapor de água a uma pressão 32 Determine a umidade relativa do ar na sala referida no
parcial de 12,6 mmHg. exercício 30, nas condições iniciais ali fornecidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Uberaba, 19-24 out. 2009. Disponível em: <www.fazu.br/hd2/jornada2009/pdf/engenharia.pdf>. Acesso
em: 9 fev. 2015.

54 Temperatura – dilatação – gases


MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

AGSTOCKUSA/KEYSTONE BRASIL

ANIMALS/KEYSTONE BRASIL
A B

Fig. 1 – Lagarta falsa-


-medideira (A) e
lagarta mede-palmos
ou medideira (B) que
costumam atacar as
lavouras de várias
culturas no Brasil.

A soja faz parte da alimentação oriental desde a China antiga, à aplicação descontrolada de inseticidas e fungicidas na lavoura, que
cerca de 5 000 anos atrás, ao lado de outros grãos como o arroz e o mi- eliminam as populações dos inimigos naturais dessa lagarta, como
lho. A expansão do cultivo da soja pelo mundo aconteceu lentamente. as vespas Copidosoma sp. e os fungos que provocam a doença branca
Do sul da China a soja seguiu para Coreia, Japão e países do sudeste (Nomuraea rileyi), ou a doença marrom (Pandora sp. e Zoophthora sp.),
asiático, chegando ao ocidente muitos anos depois, na época das gran- que causariam a morte da lagarta.
des navegações europeias. Os EUA começaram o cultivo comercial da
1 Existe uma grande variedade de pratos que podem ser prepara-
oleaginosa no século XX, quando a soja ganhou destaque devido ao
dos com soja. Desde saladas, pratos principais e até sobremesas,
alto teor de óleo e proteína do grão, tornando-se um item de comér-
a soja vem sendo largamente empregada na culinária.
cio exterior. No Brasil, apesar de existirem registros de cultivo do grão
em 1882 na Bahia, o grão começa a ser mais facilmente encontrado Válvula com pino
Válvula de
com o aumento da migração japonesa no ano de 1908. Somente nos segurança
anos 1970, a soja viria a ser cultivada em larga escala com a expansão
da indústria do óleo. Hoje, a soja está presente nas refeições de prati- Vapor
camente todos os brasileiros. Em todo supermercado há grande varie-
dade de produtos feitos de soja, que vão desde óleos, leite (extrato de Água
Grãos de soja
soja), carnes, molhos, salgados, farinhas, queijos (tofu), até chocolates
e biscoitos. Entretanto, plantar oleaginosas nem sempre é fácil e requer
cuidados especiais para não perder a lavoura com o ataque de lagartas
de normal ocorrência na cultura. A lagarta falsa-medideira (Pseudoplu-
sia includens), considerada como praga secundária na cultura da soja, Na maior parte das receitas, sugere-se cozinhar a soja em uma
se transformou, nas últimas safras, na praga principal. Ela se chama panela de pressão coberta com 1 litro de água por 20 minutos
falsa-medideira, pois ao se deslocar, forma um arco quando aproxima para que fique macia.
a parte da frente do corpo da parte de trás (figura 1), movimento si- Uma panela de pressão é utilizada para cozinhar soja em uma
milar ao da lagarta mede-palmo (Trichoplusia ni) ou bicho agrimensor, cozinha onde o termômetro está marcando 27 °C. Considerando
que recebe esse nome por se movimentar de forma semelhante ao que o vapor de água dentro da panela de pressão é um gás ideal
movimento de medir com a palma da mão. Ambas as lagartas são da e sabendo que a água no interior da panela de pressão entra em
mesma família (Noctuidae) e da mesma ordem (Lepidoptera) e adoram ebulição a 120 °C, calcule a razão aproximada entre a pressão
atacar as folhas da soja, raspando-as e provocando pequenas manchas inicial e a pressão final da água. Despreze o pequeno volume de
claras enquanto são lagartas pequenas e, à medida que crescem, ficam água que se transformou em vapor escapando pela válvula de
vorazes e destroem completamente as folhas. Uma falsa-medideira segurança. b
pode atingir mais do que 15 mm e chega a consumir de 120 a 200 cm² a) 0,50 c) 1,31 e) 4,40
de área foliar. Os pesquisadores acreditam que essa mudança deve-se b) 0,76 d) 0,23
Veja comentários desta questão no Guia do Professor.

55
QUADRO DE IDEIAS

Direção editorial: Renata Mascarenhas


Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Temperatura
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Carvalho
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Tayra Alfonso, Vanessa Lucena.
Escalas Edição de Arte: Kleber de Messas
termométricas: Dilatação de Gases ideais Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Gases reais Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Celsius, Fahrenheit sólidos e líquidos PV 5 nRT Fernando Vivaldini
e Kelvin Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
Ilustrações: Ideario Lab, Ilustra Cartoon
Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita
Guedes
Colaboraram para esta Edição do Material:
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5 F Superficial: ΔA 5 bA0ΔT Gestão do Projeto: Thiago Brentano
5 9 (T 5 constante)
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T 5 TC 1 273 (b 5 2a; g 5 3a) Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane
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Transformação isobárica Diagramação: lab 212
(P 5 constante) Capa: lab 212
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Transformação
Física: Dr. Arthur Eugênio Quintão Gomes e Dr. Dácio
isovolumétrica Guimarães de Moura
(V 5 constante) SESI DN
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Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
Teoria cinética dos gases Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga

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Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de 1


a 12 : exatas, biológicas : aluno. -- 2. ed. -- São Paulo:
Ática, 2017.

Vários autores.

1. Biologia (Ensino médio) 2. Física (Ensino médio)


3. Matemática (Ensino médio) 4. Química
(Ensino médio).

16-08187 CDD-373.19

Índice para catálogo sistemático:


1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino médio 373.19
2016
ISBN 978 85 08 18346 3 (AL)
ISBN 978 85 08 18349 4 (PR)
2ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação
FÍSICA FRENTE B

Antônio Máximo
Beatriz Alvarenga
Carla Guimarães

ÓTICA: A REFLEXÃO DA LUZ


1 Reflexão da luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Reflexão da luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Espelho plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Espelhos esféricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Imagem de um objeto extenso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 FRENTE B
A equação dos espelhos esféricos . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
FÍSICA

2137687 (AL)

Ótica: a reflexão da luz


MÓDULO
Ótica: a reflexão da luz

O Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo. Ele fica localizado


nos departamentos de Potosí e de Oruro, no sudoeste da Bolívia, a 3 650 m
de altitude. Esse deserto é uma das joias do altiplano andino. A Nasa usa o
Salar de Uyuni, uma vez que é imóvel e facilmente detectável, para descobrir
e ajustar o posicionamento de seus satélites.
MARTIN RIETZE/WESTEND61/CORBIS/LATINSTOCK
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM
Quando olhamos para um lago, podemos ver a
paisagem ao redor dele refletida na superfície
da água, como se fosse um espelho. Por que
isso acontece? Em quais condições esse fenô-
meno se repete? Observe a figura e discuta se
nessa situação temos reflexão e, em caso afir-
mativo, se é regular ou difusa.

www.sesieducacao.com.br
CAPÍTULO

1 Reflexão da luz

Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos:
INTRODUÇÃO
c Utilizar as leis da Neste módulo iniciaremos o estudo da Ótica, isto é, o estudo da luz e dos fenômenos luminosos
propagação e da em geral. Dos nossos sentidos, a visão é o que mais colabora para conhecermos o mundo que nos
reflexão da luz para rodeia e, provavelmente por isso, a Ótica é uma ciência muito antiga.
interpretar processos Filósofos gregos, como Platão e Aristóteles, já se preocupavam em responder a perguntas como:
tecnológicos no âmbito por que vemos um objeto, o que é a luz, etc. Platão, por exemplo, supunha que nossos olhos emitiam
da ótica geométrica. pequenas partículas que, ao atingirem os objetos, os tornavam visíveis. Aristóteles considerava a luz
c Reconhecer um fluido imaterial que se propagava entre o olho e o objeto visto.
propriedades físicas Além de Platão e Aristóteles, outros físicos notáveis como Newton, Huygens, Young e Maxwell,
dos espelhos e tentaram explicar a natureza da luz. Inicialmente, vamos procurar estudar alguns fenômenos óticos,
relacioná-las às as leis e os experimentos que descrevem o comportamento da luz nesses fenômenos e algumas de
finalidades a que suas aplicações.
se destinam.
Propagação retilínea da luz
Observando os corpos que nos rodeiam, verificamos que alguns deles emitem luz, isto é, são
fontes de luz, tais como o Sol, uma lâmpada acesa, a chama de uma vela, etc. Outros não emitem luz,
mas podem ser vistos porque são iluminados pela luz proveniente de alguma fonte.
Um dos fatos que podemos observar facilmente sobre o comportamento da luz é que, quando
ALBUM/AKG/NORTH WIND PICTURE ARCHIVES/LATINSTOCK

ela se propaga em um meio homogêneo, a sua propagação é retilínea. Isso pode ser constatado quan-
do a luz do Sol passa através da fresta de uma janela, penetrando em um quarto escurecido (fig. 1).
Sabendo que a luz se propaga em linha reta, podemos determinar o tamanho e a posição da
sombra de um objeto sobre um anteparo.
Na figura 2, por exemplo, o Sol emite luz que se propaga em linha reta em todas as direções. Um
objeto opaco, colocado entre a fonte e um anteparo, interrompe a passagem de parte dessa luz, origi-
nando a sombra. O contorno desta é definido pelas retas que saem da fonte e tangenciam o objeto.

PURINO/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Fig. 1 – Newton observando a


propagação retilínea de um feixe de luz
que penetra por uma fresta da janela.

LEIA O LIVRO
Ótica, de Isaac Newton. São Pau-
lo: Edusp, 2002.
Fig. 2 – Formação de sombra de uma criança ao ser iluminada por raios solares.

4 Ótica: a reflexão da luz


Utilizando uma fonte de luz, como uma lanterna ou uma vela, em um ambiente às escuras, mostre que é possível projetar imagens
de animais em uma parede utilizando as mãos.
EXPERIMENTANDO

MORPHART CREATION/SHUTTERSTOCK/
GLOW IMAGES
Eclipse do Sol e da Lua
Quando a Lua passa entre o Sol e a Terra, sua sombra é projetada sobre uma região do nosso planeta, que deixa então de receber a
luz solar. Como o Sol é uma fonte extensa, a sombra da Lua não é bem definida, apresentando uma região totalmente escura, envolvida
por uma penumbra, como vemos na figura (A). Para uma pessoa situada na região totalmente escura, temos um eclipse total do Sol
(o disco solar é totalmente coberto pela Lua). A visão que essa pessoa tem do fenômeno é mostrada na figura (B).
Outra pessoa, situada na região de penumbra, veria apenas parte do Sol eclipsada pela Lua (eclipse parcial do Sol), como vemos na
figura (C). A figura (D) está mostrando o que ocorre quando a Terra se interpõe entre o Sol e a Lua: nesse caso a Lua não recebe diretamen-
te a luz solar (está situada na sombra da Terra), isto é, temos um eclipse da Lua. No entanto, a Lua ainda pode ser vista por um observador
na Terra devido aos raios solares que, ao tangenciarem a borda da Terra, são desviados pela atmosfera terrestre e atingem a superfície lunar.

ILUSTRAÇÕES: ESTÚDIO AVITS/


ARQUIVO DA EDITORA
A B
Penumbra
Lua

Sombra

Terra
REV. RONALD ROYER/SPL/
STOCK PHOTOS

C D

Ilustrações fora de escala.

FRENTE B
KAZUHIRO NOGI/AGÊNCIA
FRANCE-PRESSE

FÍSICA

Combinação de fotos em momentos diferentes do eclipse solar visto da cidade de Tóquio.

Ótica: a reflexão da luz 5


Raios e feixes de luz
Consideremos uma fonte que emite luz em todas as direções. As direções em que a luz se
propaga podem ser indicadas por meio de linhas retas, como mostra a figura 3. Essas linhas são
denominadas raios de luz.
Raios de luz

Fig. 3 – Raios luminosos se propagando em linha


reta da lâmpada até os olhos do observador.

Na figura 4-A está representada uma parte dos raios de luz que são emitidos por uma fonte. Esse
conjunto de raios constitui um feixe luminoso divergente. Esse feixe divergente, depois de passar
por alguns processos (que veremos oportunamente), pode se transformar em um feixe convergente,
como aquele mostrado na figura 4-B, ou em um feixe de raios paralelos (fig. 4-C).
A B C

Fonte Fonte

Fig. 4 – Os feixes luminosos podem ser constituídos


por raios divergentes, convergentes ou paralelos. Raios de luz

O feixe de luz que é emitido por um ponto luminoso é sempre divergente. No entanto, em holo-
fotes e faróis de veículos, por exemplo, o feixe que sai da lâmpada sofre modificações, transformando-
-se em um feixe de raios praticamente paralelos (fig. 5). O feixe que nos atinge, se proveniente de uma
fonte de luz muito afastada, é também constituído de raios praticamente paralelos (por exemplo, a
luz do Sol que chega à Terra – fig. 6).

Luz solar

Feixe Farol
paralelo

Fig. 5 – Em um farol, um feixe luminoso Fig. 6 – Um feixe de luz solar que atinge a Terra é
divergente se transforma em um feixe de constituído de raios luminosos praticamente paralelos.
raios paralelos.

Uma importante propriedade da luz é a independência que se observa na propagação dos raios
ou feixes luminosos. Após dois feixes se cruzarem, seguem as mesmas trajetórias que seguiriam se não
tivessem se cruzado, isto é, um feixe não perturba a propagação do outro (fig. 7). Por esse motivo,
vários observadores em uma sala enxergam nitidamente os objetos existentes nela, apesar de os raios
luminosos que levam as imagens a seus olhos estarem se cruzando.

6 Ótica: a reflexão da luz


HXDYL/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Fig. 7 – O fato de dois raios luminosos


se cruzarem não afeta suas direções de
A velocidade da luz propagação.
Durante muito tempo pensou-se que a luz se transmitia instantaneamente de um ponto
a outro. Entretanto, experiências cuidadosas, realizadas durante os séculos XVIII e XIX, vieram
mostrar que, na realidade, a velocidade de propagação da luz é muito grande, mas não é infinita. LEIA O LIVRO
O valor da velocidade da luz desempenha um papel muito importante no desenvolvimento da
Física e, em várias ocasiões, teremos oportunidade de trabalhar com ele. A luz, de Ricardo Barthem. São
Paulo: Editora Livraria da Física,
Baseando-se em medidas atuais, o valor da velocidade da luz no vácuo, que é usualmente
2005.
representado por c, é 299 792 458 m/s. Costuma-se aproximá-lo a:
c 5 3,00 ? 108 m/s,
isto é, c 5 300 000 km/s. Para se ter uma ideia do significado desse valor, podemos ressaltar
Portal
que, se um objeto possuísse essa velocidade, poderia dar cerca de 7,5 voltas ao redor da Terra SESI
em apenas 1 segundo. Aliás, devemos observar que, de acordo com a Teoria da Relatividade de Educação www.sesieducacao.com.br
Einstein, esse valor representa um limite superior para a velocidade dos corpos.
A velocidade da luz foi medida também em vários meios materiais, obtendo-se sempre um Acesse o portal e veja a linha do
tempo Câmera digital e foto-
valor inferior a c. Por exemplo, na água, a luz se propaga com uma velocidade v . 225 000 km/s e, grafia.
no diamante, com v 5 120 000 km/s.

Câmara escura de orifício


Caixa de papelão
Uma câmara escura de orifício, muito simples, consiste em uma caixa

ILUSTRAÇÕES: AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO


fechada, na qual uma das faces laterais é feita de papel semitransparente Cortar um círculo
e cobrir com papel
(papel vegetal ou de seda, por exemplo). Na face oposta é feito um peque- alumínio
no orifício, com uma agulha ou alfinete (veja a figura I). Com esse disposi-
tivo pode-se obter a imagem de um objeto, usando o fato de que a luz se
propaga em linha reta.
Para que você entenda como isso ocorre, observe a figura II, na qual
um objeto AB é colocado em frente ao orifício de uma câmara escura. Cada

DA EDITORA
Orifício feito
ponto do objeto, como o ponto A, emite luz em todas as direções. Um com alfinete
estreito feixe que parte de A passa através do orifício e incide na parede Papel vegetal
oposta, dando origem a uma pequena mancha luminosa A'.
De modo semelhante, o feixe que sai do ponto B e passa pelo orifício Fig. I – Uma câmara escura de orifício pode ser
dará origem à mancha B'. Qualquer outro ponto do objeto corresponderá a facilmente construída.
uma pequena mancha luminosa sobre a parede semitransparente. Assim, o
objeto é reproduzido ponto por ponto, dando origem a uma imagem A'B'
semelhante a ele sobre aquela parede. Observe, na figura II, que a imagem
é invertida em relação ao objeto e que uma pessoa poderá observá-la, uma
vez que a parede é semitransparente. FRENTE B
Usando uma caixa de papelão e orientando-se pela figura I, você po- A B'
derá construir facilmente uma câmara escura. Se usar como objeto a chama
de uma vela e realizar a experiência em um quarto escurecido, a imagem
FÍSICA

projetada sobre a parede semitransparente será claramente visível. B


A'
Quando o orifício da câmara é muito pequeno, a imagem obtida pode
ser bastante nítida, mas, como os feixes de luz que passam através dele são
muito estreitos, a imagem apresenta pouca luminosidade. Para que ela seja Fig. II – A'B' é a imagem do objeto AB fornecida por uma
percebida, o objeto precisa estar fortemente iluminado. câmara escura de orifício muito pequeno.

Ótica: a reflexão da luz 7


Um recurso para aumentar a luminosidade da imagem seria aumentar a área
do orifício. Entretanto, nesse caso, como vemos na figura III, cada ponto do objeto A B'
dará origem a uma mancha luminosa de dimensões maiores (que não poderá ser
assimilada a um ponto), prejudicando, então, a nitidez da imagem.
Nas câmaras que fornecem imagens nítidas e de luminosidade razoável, a pare- A'
B
de semitransparente poderá ser fechada e, em seu lugar no interior da câmara, pode
ser adaptado um filme fotográfico. Nessas condições e com um tempo suficiente
de exposição, é possível obter boas fotos de um objeto. Experimente. Fig. III – Aumentando-se o tamanho do orifício, a
imagem apresenta-se com maior luminosidade,
mas com menor nitidez.

PARA CONSTRUIR

1 A figura deste exercício mostra um objeto AB, colocado em 2 No exercício anterior, suponha que o objeto permanecesse
frente a uma pequena lâmpada acesa (que atua como fonte na posição mostrada, mas a fonte fosse deslocada, para a es-
pontual de luz). Atrás do objeto existe um anteparo opaco, querda, até uma posição muito afastada do objeto. Nessas
situado paralelamente a AB. condições:
a) Como foi feito na figura II, bastará traçar os raios
luminosos que partem da fonte de luz e tangenciam a) Como seria o feixe de raios luminosos, provenientes da
o objeto, definindo sobre o anteparo a sombra A'B'. fonte, que alcançam o objeto?
b) É evidente que toda a região AA' B'B não recebe luz.
Estando a fonte muito afastada do objeto, o feixe de luz que
A
Anteparo

alcança o objeto é constituído de raios praticamente paralelos.

b) Desenhe abaixo uma cópia da figura indicando a sombra


do objeto sobre o anteparo. Ela é maior, menor ou igual
a) Desenhe na figura a sombra A'B' do objeto, projetada so- ao objeto?
bre o anteparo. Na figura abaixo, mostramos a sombra A'B' para esse caso.
b) Indique na figura a região do espaço que fica escura, isto Vemos que a sombra tem o mesmo tamanho do objeto.
é, que não recebe luz da fonte.
c) Se o objeto for aproximado da fonte, o tamanho de sua
sombra aumentará, diminuirá ou não se modificará? (Trace
um diagrama para justificar sua resposta.)
A
Traçando um novo diagrama, com o objeto mais próximo A'
da fonte de luz, os alunos perceberão facilmente que o tamanho
da sombra aumentará.

A'

A
B'
B

B'

8 Ótica: a reflexão da luz


As competências e habilidades do Enem estão indicadas em questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique aos alunos que a utilidade deste
“selo” é indicar o número da(s) competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja área de conhecimento está diferenciada por cores (Linguagens: la-
ranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Matemática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência do Enem está disponível no portal.
3 O ano-luz é uma unidade de comprimento muito usada em 5 Um objeto opaco O está colocado diante de duas pequenas
m Astronomia. O seu valor é igual à distância que a luz percorre, m lâmpadas, como mostra a figura deste problema. A lâmpada
Ene-5 Ene-5
C 7 C 7
H-1 no vácuo, durante o tempo de 1 ano. H-1 V é vermelha e a lâmpada A é azul. Sobre um anteparo si-
m
tuado atrás do objeto formam-se duas regiões sombreadas
Ene-3 a) Sabendo-se que em 1 ano temos 3,2 ? 107 s, calcule, em
C 0
H-1
coloridas, CD e C'D', uma delas azul e a outra vermelha. Qual
metros, o valor de 1 ano-luz. das sombras é vermelha? Qual é azul?
Como a velocidade da luz no vácuo é constante e vale
c 5 3,00 ? 108 m/s, obtemos, de ΔS 5 vt: C
1 ano-luz 5 (3,00 ? 108) ? (3,2 ? 107)
∴ 1 ano-luz 5 9,6 ? 1015 m
V

O
D

C'

D'

É fácil perceber que a região CD não pode receber luz da lâmpada


A (azul), mas recebe luz da lâmpada V (vermelha). Então, essa região
aparece parcialmente iluminada, isto é, sombreada com a cor
b) Considere uma estrela situada a 20 anos-luz da Terra. Quan-
vermelha. Com raciocínio análogo, vemos que C'D' será uma região
tos anos a luz dessa estrela gasta para chegar até nós?
sombreada com a cor azul (seria interessante que os alunos
Como 1 ano-luz representa a distância que a luz percorre em
observassem experimentalmente esses resultados).
1 ano, a luz dessa estrela gasta 20 anos para chegar até nós.

c) Qual é, em quilômetros, a distância dessa estrela em rela-


ção à Terra?
Como 1 ano-luz 5 9,6 ? 1015 m 5 9,6 ? 1012 km, a distância da
estrela será: 6 Durante o dia, uma pessoa dentro de casa olha através de
ΔS 5 20 anos-luz 5 20 ? (9,6 ? 1012 km) m uma vidraça e vê o que está lá fora. À noite (quando o exte-
Ene-5
∴ ΔS . 1,9 ? 1014 km C 8
rior da casa está escuro), a mesma pessoa, olhando através
H-1
da mesma vidraça, vê sua imagem refletida e não enxerga
praticamente nada do que está lá fora. Explique a causa da
diferença entre as duas observações.
A pessoa dentro de casa, próxima à vidraça, recebe raios lumi-
nosos de duas origens:
1a) raios provenientes dos objetos situados no exterior, que

4 A luz do Sol demora cerca de 8 minutos para chegar à Terra. atravessam a vidraça;

Imaginando que o espaço entre o Sol e a Terra fosse total- 2a) raios provenientes de objetos no interior da casa, que são
mente cheio de água, o tempo que a luz solar gastaria para refletidos pela vidraça.
chegar até nós seria maior, menor ou igual a 8 minutos? Durante o dia, os primeiros são muito mais intensos, predominando
Dissemos que a velocidade da luz em qualquer meio material é sobre os demais e fazendo com que apenas objetos do exterior sejam
menor do que seu valor no vácuo. Portanto, se o vácuo entre o Sol vistos pela pessoa. À noite, os últimos são mais intensos do que os FRENTE B

e a Terra fosse preenchido com água, o tempo que a luz do Sol primeiros e, assim, a pessoa perceberá as imagens dos objetos do
gastaria para chegar até nós seria, evidentemente, maior do interior, refletidas na vidraça.
FÍSICA

que 8 minutos.

Ótica: a reflexão da luz 9


7 (IFSP) 8 (UFTM-MG) Uma câmara escura de orifício reproduz uma
m m imagem de 10 cm de altura de uma árvore observada. Se re-
Ene-5 Ene-5
C 7 Mecanismos do eclipse C 7
duzirmos em 15 m a distância horizontal da câmara à árvore,
H-1 H-1
A condição para que ocorra um eclipse é que haja um essa imagem passa a ter altura de 15 cm.
m
alinhamento total ou parcial entre Sol, Terra e Lua. A in- Ene-4
C 6
H-1
clinação da órbita da Lua com relação ao equador da Terra
provoca o fenômeno de a Lua nascer em pontos diferentes
no horizonte a cada dia. Se não houvesse essa inclinação, Orifício
todos os meses teríamos um eclipse da Lua (na Lua cheia) Objeto
e um eclipse do Sol (na Lua nova).
Lua nova passando pelo
nodo orbital: eclipse solar
Imagem
Órbita da Terra

Terra a) Qual é a distância horizontal inicial da árvore à câmara?


Órbita da Lua Lua Para encontrar a distância horizontal consideremos:
Sol
dal Antes:
a no Órbita da Lua
Linh

Terra
Lua H h 5 10 cm

Lua cheia passando pelo


nodo orbital: eclipse lunar D d
Disponível em: <www.seara.ufc.br/astronomia/fenomenos/eclipses.htm>. Depois:
Acesso em: 3 out. 2012.
Abaixo vemos a Lua representada, na figura, nas posições 1, 2,
3 e 4, correspondentes a instantes diferentes de um eclipse. H h' 5 15 cm
(1)
(2)
(3) D 2 15 m d
h 5 10 cm
Sol Terra (4) Lua
H 5 h ⇒ Hd 5 10D
D d
h' 5 15 cm
Órbita da Lua H 5 h' ⇒ Hd 5 15 (D 2 15)
D d

As figuras a seguir mostram como um observador, da Terra, pode 10D 5 15(D 2 15) ⇒ 10D 5 15D 2 225 ⇒
ver a Lua. Numa noite de Lua cheia, ele vê como na figura I. ⇒ 5D 5 225 ⇒ D 5 45 m

b) Ao se diminuir o comprimento da câmara, porém man-


tendo seu orifício à mesma distância da árvore, o que
(I) (II) (III) (IV) (V)
ocorre com a imagem formada? Justifique.
A imagem irá diminuir, pois, se observarmos a relação abaixo,
Assinale a alternativa em que haja correta correspondência vemos que sendo H e D constantes, h é diretamente proporcional
entre a posição da Lua, a figura observada e o tipo de eclipse. d a d, logo se d diminui h também diminui.
H 5 h
D d
Lua na posição Figura observada Tipo de eclipse
h 5 Hd
D
a) 1 III Solar parcial
b) 2 II Lunar parcial
c) 3 I Solar total
d) 4 IV Lunar total
e) 3 V Lunar parcial
A correspondência correta é:
1. I – Não acontece o eclipse, pois a Lua está totalmente clara.
2. V – Não acontece o eclipse, pois a Lua está na região de penumbra e não recebe luz do Sol, tendo
TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 7
seu brilho ofuscado. Se fosse possível ao observador estar na Lua, assistiria a um eclipse parcial do Sol.
3. II – Acontece o eclipse parcial, pois metade da Lua está na região da sombra e não recebe luz do Sol.
4. IV – Há eclipse total da Lua.
10 Ótica: a reflexão da luz
REFLEXÃO DA LUZ
Reflexão
Consideremos um feixe luminoso que se propaga no ar e incide na superfície lisa de um bloco
de vidro (fig. 8). É um fato conhecido que, em virtude de o vidro ser transparente, parte dessa luz
penetra no bloco, mas a outra parte volta a se propagar no ar. Dizemos que a porção do feixe que
voltou a se propagar no ar sofreu reflexão, ou seja, parte da luz se refletiu ao encontrar a superfície
lisa do vidro. O feixe de luz que se dirige para a superfície é denominado feixe incidente e o feixe
devolvido pela superfície refletora é o feixe refletido (fig. 8).
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

Fig. 8 – Um feixe luminoso sofrendo reflexão


ao encontrar uma superfície lisa.

Quando o feixe incidente encontra uma superfície lisa, o feixe refletido é bem definido, como na
figura 9. Quando isso ocorre, dizemos que a reflexão é especular, porque esse fenômeno é observado Fig. 9 – Reflexão especular dos Cuernos del
quando a luz é refletida em um espelho. Paine nas águas paradas do lago Pehoé, na
patagônia chilena.
YONGYUT KUMSRI/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

FRENTE B
FÍSICA
Difusão da luz
Suponha que um feixe de luz incida em uma superfície irregular (fig. 10). Nesse caso, cada pequena
porção da superfície reflete a luz numa determinada direção e, consequentemente, o feixe refletido
não é bem definido, observando-se o espalhamento da luz em todas as direções. Dizemos, então, que
ocorreu uma reflexão difusa ou, em outras palavras, houve difusão da luz pela superfície (fig. 11).

Fig. 10 – Um feixe luminoso sofrendo reflexão ao encontrar uma superfície irregular.

RUBENS CHAVES/PULSAR IMAGES


DMITRY KALINOVSKY/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Fig. 11 – Reflexão difusa nas águas de um lago no Jardim Botânico de Curitiba, Paraná. Devido à rugosidade da
superfície do lago, a luz é refletida em várias direções.

A maioria dos corpos reflete difusamente a luz que incide sobre eles. Assim, essa folha de
papel, uma parede, um móvel de uma sala, etc. são objetos que difundem a luz que recebem,
espalhando-a em todas as direções. Quando essa luz penetra nos olhos, enxergamos o objeto. Se
ele não difundisse a luz, não seria possível vê-lo. Como, na difusão, a luz se espalha em todas as
Fig. 12 – A uva difunde a luz que recebe, direções, várias pessoas podem enxergar um objeto, apesar de situadas em posições diferentes
podendo, então, ser vista de várias em torno dele (fig. 12).
posições diferentes.

12 Ótica: a reflexão da luz


Outro exemplo de difusão da luz pode ser mostrado quando acendemos uma lanterna em um
quarto escuro. A trajetória do feixe luminoso, que sai da lanterna, não poderá ser percebida a não ser
que haja partículas em suspensão no ar. Nesse caso, as partículas, difundindo a luz, permitem-nos
perceber o feixe quando nossos olhos recebem a luz espalhada (fig. 13).

Fig. 13 – As partículas presentes no


ar difundem a luz, tornando visível
o feixe luminoso.

Um fato semelhante ocorre com a luz solar, que é difundida pelas partículas da atmosfera
terrestre. O céu apresenta-se totalmente claro, durante o dia, em virtude desse espalhamento. Se a
Terra não possuísse atmosfera, o céu seria totalmente negro, exceto nas posições ocupadas pelo Sol
e pelas estrelas. Como a Lua não possui atmosfera, é esse o aspecto do “céu lunar” observado por
um astronauta situado na superfície de nosso satélite.
NASA

Fig. 14 – Céu lunar visto da superfície da Lua.


FRENTE B

As leis da reflexão
Na figura 15 mostramos um estreito feixe de luz que incide no ponto P de uma superfície refle-
FÍSICA

tora. Traçando a normal a essa superfície no ponto P, vemos que ela e o raio incidente determinam
um plano. Na figura 15, esse plano é o da folha de papel. A experiência nos mostra que a reflexão
ocorre de tal maneira que o raio refletido está sempre contido nesse mesmo plano. Portanto, na
figura 15, o raio refletido, o raio incidente e a normal NP estarão todos situados no plano da folha de
papel. Essa observação experimental é conhecida como a primeira lei da reflexão.

Ótica: a reflexão da luz 13


^
O ângulo i, que o raio incidente forma com a normal (fig. 15), é denominado ângulo de inci-
^
dência, e o r, formado pela normal e pelo raio refletido, é o ângulo de reflexão. É possível fazer a
medida desses ângulos em uma experiência de reflexão e, assim, pôde-se verificar, desde a Antigui-
dade, que eles são sempre iguais entre si.

Raio
incidente
Raio
refletido
^
i ^r
Fig. 15 – Quando um raio de luz se
reflete, o ângulo de incidência é
igual ao ângulo de reflexão. P

^ ^
A conclusão de que, na reflexão da luz, tem-se i 5 r é conhecida como a segunda lei da reflexão.
Temos, então, em resumo:

Leis da reflexão
O raio incidente, a normal à superfície refletora no ponto de incidência e o raio refletido estão
situados em um mesmo plano.
^ ^
O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão ( i 5 r).

EXERCÍCIO RESOLVIDO

1 Uma pessoa faz com que um estreito feixe luminoso incida perpendicularmente à superfície de um espelho (veja a figura abaixo).
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

Espelho

a) Qual é o valor do ângulo de incidência?


b) Qual é a direção do feixe refletido?

RESOLUÇÃO:
^
a) Como o ângulo de incidência é formado pelo raio incidente e a normal, nesse caso temos i 5 0°, pois o feixe está incidindo ao
longo da normal.
^ ^ ^
b) Como na reflexão da luz temos sempre i 5 r, teremos, nesse caso, r 5 0°. Isso significa que o feixe refletido voltará dirigido
também ao longo da normal.

14 Ótica: a reflexão da luz


PARA CONSTRUIR

9 Nas figuras apresentadas anteriormente no texto, identifique a) Trace na figura a normal à superfície no ponto de incidência.
aquelas nas quais: b) Qual é o valor do ângulo de incidência?
^
Temos i 5 0.
a) um feixe de luz sofre reflexão especular.
Na reflexão especular, um feixe incidente definido dá origem a
um feixe refletido também bem definido, como ocorre na figura 8.

c) Qual será o valor do ângulo de reflexão?


b) um feixe de luz sofre difusão. ^ ^
Como i 5 r, temos r 5 0.
^

Na difusão, um feixe bem definido dá origem a raios luminosos


refletidos em várias direções, como nas figuras 9, 10 e 11.

d) Desenhe, então, na figura, a direção do raio refletido.


10 A figura deste exercício mostra um raio de luz incidindo em ^
Como r 5 0, concluímos que o raio refletido terá a mesma direção
uma superfície refletora (NP é normal à superfície). do raio incidente, porém com sentido contrário a ele.
a) Desejamos b) O ângulo
apenas que o de reflexão
^
aluno se habitue N r o ângulo
a traçar o raio formado por
refletido de tal ^
NP (normal)
modo que o ân- i com o raio
gulo de reflexão refletido (o
seja aproxima- P aluno deverá
damente igual indicar esse
ao ângulo de ângulo no
incidência. desenho).
12 Responda às mesmas questões do exercício anterior, consi-
a) Trace na figura a posição aproximada do raio refletido. m derando a figura abaixo.
Ene-3
^ C 0 A'
b) Mostre na figura o ângulo de reflexão r. H-1

^ ^ m N
c) Se i 5 32°, qual é o valor de r? Ene-5 Raio refletido
C 7
^
H-1
^ ^
Como i 5 r, temos r 5 32°.
50°
50°
A
40° P

11 Considere um raio luminoso que incide sobre uma superfície


m refletora da maneira indicada na figura deste exercício.
Ene-3
C 0 a) Como o raio incidente é perpen-
H-1
dicular à superfície, a direção da
m
Ene-5 normal coincidirá com a direção
C 7
H1
- desse raio. a) A normal NP está indicada na figura acima.

90º b) O ângulo de incidência é aquele formado pelo raio incidente e a


FRENTE B
^
normal. Então, temos i 5 90° 2 40° 5 50°, como está indicado na
figura.
^ ^ ^
c) Como i 5 r, temos r 5 50°.
FÍSICA

d) O raio refletido deverá formar um ângulo de 50° com a normal


(raio PA' mostrado na figura).

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 8 a 11

Ótica: a reflexão da luz 15


ESPELHO PLANO
Definição
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

E
Uma superfície lisa e plana, que reflete especularmente a luz, é denominada espelho pla-
no. Consideremos um pequeno objeto luminoso (ou um objeto que esteja difundindo luz),
representado por O na figura 16, colocado em frente a um espelho plano EE'. A luz que sai do
objeto e incide no espelho é refletida. Tracemos, a partir de O, alguns raios luminosos incidentes
no espelho.
I O
Usando as leis da reflexão, podemos desenhar os raios refletidos correspondentes, como foi
feito na figura 16, e verificamos que esses raios refletidos formam um feixe divergente. Entretanto,
traçando os prolongamentos desses raios, veremos que todos passarão pelo mesmo ponto I.
Assim, a luz, após ser refletida pelo espelho plano, diverge, como se estivesse sendo emitida do
E'
ponto I, situado atrás do espelho.

Fig. 16 – Formação da imagem virtual de Imagem virtual


um objeto em um espelho plano.
Suponha um observador, situado em frente ao espelho, recebendo em seus olhos certa parte
do feixe refletido (fig. 16). Esse feixe, como vimos, parece ter sido emitido do ponto I, isto é, tudo se
passa como se em I existisse um objeto emitindo aquele feixe. É por esse motivo que o observador
enxerga, naquele ponto, uma imagem do objeto O. Observe que a imagem I está situada atrás do
espelho, no ponto de encontro dos prolongamentos dos raios refletidos. Dizemos que I é uma
imagem virtual do objeto O.
Observe que não veremos a imagem virtual se nos localizarmos atrás do espelho. Para que ela
seja vista, teremos de nos situar em frente ao espelho, de modo a receber a luz refletida por ele.
Assim, em resumo:

A luz emitida por um objeto e refletida em um espelho plano chega aos olhos de um
observador como se estivesse vindo do ponto de encontro dos prolongamentos dos raios
refletidos. Nesse ponto, o observador vê uma imagem virtual do objeto (fig. 16).

Distância da imagem ao espelho


Para se determinar a posição da imagem virtual de um pequeno objeto (pontual), colocado em
frente a um espelho plano, será suficiente traçar apenas dois raios luminosos que partem do objeto
Fig. 17 – Em um espelho plano, a e se refletem no espelho. Isso foi feito na figura 17, na qual foram traçados os raios incidentes OA
^
distância da imagem ao espelho é igual (perpendicular ao espelho) e OB, cujo ângulo de incidência é i.
à distância do objeto a esse espelho. Os raios refletidos correspondentes, traçados de acordo com
as leis da reflexão, são AO e BC. A posição da imagem virtual, I, é
encontrada prolongando-se esses raios refletidos.
O
C Sejam Do e Di , respectivamente, as distâncias do objeto e
^ ^
da imagem até o espelho (fig. 17). Como r 5 i, concluímos fa-
cilmente que os triângulos OAB e IAB são iguais entre si. Logo,
^
i teremos Di 5 Do. Então, a imagem de um pequeno objeto, em um
Do espelho plano, é simétrica ao objeto em relação ao espelho, isto
^
i ^
r é, está situada sobre a perpendicular ao espelho tirada do objeto,
A
e as distâncias da imagem e do objeto até o espelho são iguais.
B Dessa maneira, se você colocar uma lâmpada de lanterna a uma
distância de 30 cm de um espelho plano, sua imagem se formará
atrás do espelho e também a 30 cm de distância dele.
Di ^
r
Outro exemplo ocorre quando uma superfície refletora, como a
água, forma uma imagem virtual de um objeto (figuras 9 e 11). Nesse
caso, tudo se passa, para a pessoa que recebe a imagem, como se
I os raios que dão origem à imagem estivessem sendo emitidos dela.

16 Ótica: a reflexão da luz


Imagem de um objeto extenso B

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


D
Suponhamos, agora, que se deseje determinar a imagem de um objeto extenso, como a seta C
A
AB da figura 18, situado em frente a um espelho plano. Essa imagem será obtida determinando-
-se a imagem de cada ponto do objeto, como já aprendemos.
M
Assim, a imagem A', do ponto A, será localizada traçando-se, de A, a perpendicular ao
espelho e tomando-se A'M 5 AM. Da mesma forma, podemos localizar as imagens dos demais
pontos do objeto. A seta A'B' (fig. 18) é, então, a imagem de AB. Observe que essa imagem é do
mesmo tamanho que o objeto e simétrica a ele em relação ao espelho. Como o espelho plano A'
C'
é um objeto de nosso uso diário, esses fatos já devem ter sido observados por você. D'
B'
Fig. 18 – Em um espelho plano, a imagem
tem o mesmo tamanho do objeto e é
Atividade Experimental
simétrica a ele em relação ao espelho.
Acesse o Material Complementar disponível no Portal e aprofunde-se no assunto.
EXPERIMENTANDO

Para determinarmos experimentalmente algumas características da imagem fornecida por um espelho plano, vamos fazer a
experiência mostrada na figura abaixo. Uma vela acesa é colocada em frente a uma placa de vidro semitransparente (ou semiescu-
recida), que funciona como um espelho plano, dando origem a uma imagem dessa vela (situada atrás da placa).
EDUARDO SANTALIESTRA/ESTÚDIO PAULISTA

A imagem virtual, fornecida por um


espelho plano, é do mesmo tamanho
que o objeto e é simétrica a ele em
relação ao espelho.

Peça a um colega para deslocar outra vela, apagada, igual à primeira, na região atrás da placa. Você verá, então, a imagem da
vela acesa e também a vela apagada nas mãos de seu colega. Orientando-o, faça com que ele consiga colocar a vela apagada
coincidindo com a imagem da vela acesa (nessa posição, você terá a impressão de que a vela apagada está acesa). Realizando essa
experiência, você poderá chegar às seguintes conclusões sobre a imagem de um objeto fornecida por um espelho plano:
a vela apagada coincide exatamente com a imagem da vela acesa. Logo, o tamanho da imagem é igual ao tamanho do
objeto;
um ponto qualquer da vela acesa (do objeto) e sua respectiva imagem estão situados sobre uma mesma reta perpendicular FRENTE B
ao espelho;
a distância do objeto (vela acesa) ao espelho é igual à distância de sua imagem (onde está a vela apagada) ao espelho. Então, na
figura acima, se a vela acesa estiver, por exemplo, a 50 cm da placa (espelho), sua imagem estará situada a 50 cm atrás do espelho.
FÍSICA

Observação: as imagens formadas pelos espelhos planos são enantiomorfas (simetria de dois objetos que não podem ser sobre-
postos); pois há inversão lateral da imagem formada. É por isso que na frente da ambulância está escrito AICNÂLUBMA, para que o
carro da frente, ao observá-lo pelo retrovisor, veja escrito AMBULÂNCIA.

Ótica: a reflexão da luz 17


EXERCÍCIO RESOLVIDO

2 Um objeto O e dois observadores, A e B, estão situados nas proximidades de um espelho I

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


O
plano, como mostra a figura ao lado. Esses observadores poderão ver a imagem do objeto
através do espelho? P

RESOLUÇÃO:
A Q
M
Para que um observador possa ver a imagem de um objeto, deverá receber um feixe de
luz proveniente do objeto, depois de refletido pelo espelho. Traçando-se o raio OP, que
atinge a extremidade do espelho, e usando as leis da reflexão, obteremos um raio refletido R
PM, que não atinge os olhos do observador A. Qualquer outro raio que incide no espelho,
como OQ, OR, etc., reflete-se abaixo de PM e também não atinge os olhos de A. N
B
Logo, esse observador não poderá ver a imagem do objeto O. Como o observador B está
situado abaixo do raio limite PM, é evidente, pela figura, que haverá um feixe de luz refleti-
do que atinge o olho dele. Assim, B verá a imagem de O, localizada no ponto de encontro
dos prolongamentos dos raios refletidos pelo espelho.

PARA CONSTRUIR

13 Suponha que você esteja em frente a um espelho plano, se- Figura 1

m gurando uma pequena lâmpada acesa situada a 50 cm do


Ene-5
C 8
H-1 espelho.

a) O que ocorre com o feixe de luz emitido pela lâmpada ao


ela
atingir o espelho? Ja
n

Esse feixe é refletido pelo espelho.


Espelho
E
b) O feixe refletido é convergente ou divergente?
x Fora de
Vendo a figura 16, temos que o feixe refletido é divergente. L escala

c) Ao chegar em seus olhos, de que ponto parece estar vin-


do o feixe refletido pelo espelho?
Ainda com base na figura 16, verificamos que tudo se passa
como se o feixe refletido se originasse de um ponto situado
Figura 2
atrás do espelho e simétrico ao objeto. Em nosso caso, esse
x
ponto estará a 50 cm do espelho.
E
d) Então, o que se vê nesse ponto?
Nesse ponto, vemos uma imagem virtual da lâmpada. 1,2 m

14 (Unifesp) Dentro de uma casa uma pessoa observa, por meio O


m de um espelho plano E, uma placa com a inscrição VENDO 4,4 m L
45º
Ene-5
C 7
H-1 colocada fora da casa, ao lado de uma janela aberta. A janela
m
e o espelho têm as dimensões horizontais mínimas para que Fora de
Ene-5 escala
C 2
H2
- o observador consiga ver a placa em toda sua extensão late- 1,2 m
ral. A figura 1 representa o espelho e a janela vistos de dentro
da casa. A figura 2 representa uma visão de cima da placa, Placa

do espelho plano E, do observador O e de dois raios de luz


emitidos pela placa que atingem, depois de refletidos em E,
os olhos do observador. 2,8 m 0,6 m

18 Ótica: a reflexão da luz


Considerando as medidas indicadas na figura 2, calcule, 16 Desenhe a imagem A'B' do objeto AB, fornecida pelo espelho EE'.
em metros: A

a) a largura (L) da janela.


Considerando o triângulo a partir da figura 2, temos:
Figura 2 B
x
E E'
E
A
1,2 m
B
O
4,4 m L 45º B'
L 1 1,2 m A'
Fora de
1,2 m escala
3,4
tg 45o 5
3,4 m L 1 1,2 B
3,4
15
L 1 1,2
2,8 m 0,6 m L 5 2,2 m

b) a largura mínima x do espelho E para que o observador


possa ver por inteiro a imagem da placa conjugada por ele.
Observando o triângulo a seguir, por semelhança de triângulos,
temos: A
Figura 2 E E'
x
E
B

1,2 m
A
O
4,4 m L 45º
A'
Fora de
1,2 m escala
B'
2,8 m
x 5 1,2
2,8 4,4 1 1,2
2,8 m 0,6 m x 5 0,6 m
A

15 A figura deste exercício mostra um espelho plano EE' e os pa-


m res de pontos AA', BB', CC' e DD'. Entre esses pares de pontos, B
Ene-5
C 7
H-1 quais podem estar representando um pequeno objeto e sua
imagem? E E'
B
D
A
C
B
A

E E'

A' B'
B'
C'
D' Seguindo a orientação ilustrada pela figura 18, os alunos não terão di-
A' ficuldade em traçar as imagens mostradas nas figuras deste exercício. FRENTE B

Como sabemos, a imagem de um pequeno objeto em um espelho 17 Explique, sucintamente, por que o observador A da figura do
plano está situada sobre a perpendicular traçada do objeto ao exercício resolvido 2 não enxerga a imagem I do objeto O.
FÍSICA

espelho, tal que Do = Di. Pela figura deste exercício, vemos que os Porque nenhum dos raios luminosos provenientes de O, após
pares de pontos que satisfazem essas condições são AA' e CC'. se refletirem no espelho, atinge o olho do observador A.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 12 e 13 Para aprimorar: 1 e 2

Ótica: a reflexão da luz 19


ESPELHOS ESFÉRICOS
Espelhos côncavos e convexos
Uma superfície lisa, de forma esférica, que reflete especularmente a luz, é um espelho esférico.
Se a luz estiver se refletindo na superfície interna, como na figura 19-A, dizemos que o espelho é
côncavo, e se a reflexão ocorrer na superfície externa (fig. 19-B), dizemos que o espelho é convexo.
Alguns elementos importantes de um espelho esférico estão mostrados na figura 20. São os
seguintes:
o ponto V (centro da superfície refletora), denominado vértice do espelho;
o ponto C (centro de curvatura da esfera), denominado centro do espelho;
a reta CV, denominada eixo do espelho;
o raio, R, do espelho (raio de curvatura da esfera).
A B

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


Fig. 19 – Raios luminosos se refletindo
em um espelho côncavo (A) e em um
espelho convexo (B).

A B

R R
V V
C C
Fig. 20 – O vértice, V, o centro de
curvatura, C, e o raio, R, de um espelho
côncavo (A) e de um espelho convexo (B).

Imagem real
Suponha que um pequeno objeto O seja colocado sobre o eixo do espelho côncavo, como
mostra a figura 21. Parte da luz que é emitida por O incide no espelho e será refletida por ele de
acordo com as leis da reflexão.
Tracemos um raio de luz incidindo no espelho no ponto A (segmento OA da figura 21). A normal ao
espelho, nesse ponto, é CA, pois sabemos que o raio de uma esfera é sempre perpendicular a sua superfície.
^
Assim, determinamos o ângulo de incidência i e podemos traçar o raio refletido AI, bastando
^ ^
lembrar que i 5 r. Repetindo esse procedimento com o raio de luz incidente OB, verificamos que o
raio refletido correspondente, BI, também passará pelo ponto I, e isso ocorrerá com qualquer outro
raio que seja emitido por O e se reflita no espelho.
Se um observador se colocar em frente ao espelho, na posição mostrada na figura 21, os raios
refletidos, após passarem todos por I, divergem e alcançam seus olhos. Tudo se passa, então, como
se em I existisse um objeto enviando luz para os olhos do observador.
Por esse motivo, ele verá em I uma imagem do objeto O, fornecida pelo espelho côncavo.
Lembre-se de que a imagem virtual é vista no ponto de encontro dos prolongamentos dos raios
refletidos, enquanto a imagem I da figura 21 é vista, pelo observador, em um ponto onde realmente
passam os raios refletidos. Essa imagem é denominada imagem real. Assim, podemos destacar:

Quando um feixe de luz emitido por um objeto se reflete em um espelho côncavo, de modo
a convergir para um ponto, teremos, neste, a formação de uma imagem real do objeto (fig. 21).

20 Ótica: a reflexão da luz


Como na posição onde se forma a imagem real passam raios luminosos, se colocarmos nela
um anteparo, observaremos a imagem projetada sobre ele (o que não ocorre com a imagem virtual).
Entretanto, o observador poderá ver a imagem real mesmo sem utilizar o anteparo. Basta, para isso,
que ele se coloque, como na figura 21, em uma posição tal que seus olhos recebam os raios refletidos
após terem convergido no ponto I.
A Fig. 21 – Formação de uma imagem real (I)
de um objeto (O) por um espelho côncavo.

C I V

Foco de um espelho
A figura 22-A mostra um feixe de raios luminosos incidindo em um espelho côncavo paralela-
mente a seu eixo. Usando as leis da reflexão, podemos traçar os raios refletidos, verificando, então,
que eles convergem em um ponto F, denominado foco do espelho. Por esse motivo, é costume dizer
que o espelho côncavo é um espelho convergente.
Por outro lado, fazendo um feixe de raios incidir paralelamente ao eixo de um espelho
convexo, observamos que eles divergem após a reflexão (fig. 22-B). Entretanto, os prolongamen-
tos dos raios refletidos passam pelo ponto F, que é o foco do espelho convexo. Assim, tudo se
passa como se o feixe divergente fosse emitido de F. O espelho convexo costuma, então, ser
denominado espelho divergente.

A B

F F
V
V
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/
ARQUIVO DA EDITORA

FRENTE B
Fig. 22 – Foco de um espelho
côncavo (A) e de um espelho
convexo (B).
FÍSICA

Devemos notar que, no espelho côncavo, raios paralelos ao eixo, após se refletirem, passam
realmente por F e, por isso, o foco do espelho côncavo é um foco real (pode ser recebido em um
anteparo). Já no espelho convexo, o foco é virtual, pois está situado no ponto de encontro dos
prolongamentos dos raios refletidos.

Ótica: a reflexão da luz 21


FOTOS: LATINSTOCK/ANDREW LAMBERT PHOTOGRAPHY/SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL
A B

Fig. 23 – Em colheres de metal, a parte interna (A) é um espelho côncavo em que a imagem refletida é real, menor e
invertida em relação ao objeto. O lado externo da colher (B) é um espelho convexo em que a imagem produzida é
virtual, maior e não invertidas.

Em resumo:

Um feixe de raios luminosos incidindo paralelamente ao eixo de um espelho côncavo é


refletido convergindo para um foco real e, incidindo em um espelho convexo, diverge após a
reflexão como se fosse emitido de um foco virtual.

O telescópio
Os espelhos côncavos são utilizados nos telescópios, permitindo-nos observar (ou fotografar)
estrelas e galáxias, mesmo aquelas que não podem ser vistas a olho nu. Como os corpos celestes se
encontram muito afastados da Terra, a luz que chega até nós, emitida por eles, é constituída de raios pra-
ticamente paralelos. Essa luz, sendo recebida pelo espelho côncavo de um telescópio, converge para o
IMAGINECHINA/AGÊNCIA FRANCE-PRESSE seu foco, formando-se aí uma imagem real
do astro que está sendo observado. Em-
bora seja muito pequena a intensidade da
luz que chega à Terra proveniente de uma
estrela, por exemplo, a concentração de
luz provocada pelo espelho côncavo torna
possível observar ou fotografar sua imagem.
Quanto mais fraca for a luz que rece-
bemos de um corpo celeste, maior deverá
ser o tamanho do espelho, a fim de co-
letar luz suficiente para que ele possa ser
observado.

Fig. 24 – O maior telescópio do mundo, chamado


de FAST (Five hundred meter Aperture Spherical
Telescope), está sendo construído pela China.

22 Ótica: a reflexão da luz


Na figura 24, mostramos o espelho côncavo com 500 m2 do telescópio chinês FAST. Esse espe-
lho, bem como os espelhos côncavos de qualquer telescópio, não são esféricos, e sim parabólicos,
pois com eles obtém-se maior nitidez nas imagens de objetos distantes. O FAST é o maior telescópio
do mundo e é formado por 4 400 painéis de alumínio triangulares que juntos formam um espelho
parabólico com aproximadamente 300 m.
Um telescópio que ficou famoso é o telescópio espacial Hubble, que, apesar de possuir um
espelho de 2,40 m de diâmetro, permitiu uma grande melhoria na obtenção das imagens, já que está
na órbita da Terra, a cerca de 600 quilômetros de altitude, longe do efeito de turbulência da atmosfera
terrestre (fig. 25). O telescópio Hubble foi lançado para o espaço no dia 24 de abril de 1990 e sua
substituição está prevista para 2018. O Hubble será substituído pelo telescópio espacial James Webb
(fig. 26), que tem um espelho maior, com 6,5 m de diâmetro, e deverá ficar em uma órbita situada a
1,5 milhões de quilômetros da Terra.
FOTOS: NASA

Fig. 25 – Telescópio espacial Hubble, em órbita,


a 600 km da superfície terrestre.

FRENTE B
FÍSICA

Fig. 26 – Concepção artística do telescópio


James Webb que substituirá o telescópio
Hubble em 2018.

Ótica: a reflexão da luz 23


O holofote
Os holofotes são dispositivos capazes de nos fornecer um feixe de raios luminosos parale-
los. Isso é possível porque um holofote é constituído, basicamente, de um espelho côncavo, no
foco do qual se coloca uma lâmpada (fig. 27).
Como já sabemos, um feixe de luz que incide paralelamente ao eixo de um espelho côncavo
converge em seu foco. No holofote, a luz segue o caminho inverso, isto é, o feixe divergente que sai do
foco se torna paralelo após ser refletido (fig. 27). O holofote permite melhor iluminação de objetos
distantes porque a luz emitida por ele é praticamente paralela, não se espalhando em várias direções,
como acontece com a luz emitida por uma fonte luminosa comum.

ILUSTRAÇÕES: AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/


ARQUIVO DA EDITORA
Fig. 27 – Em um holofote, a lâmpada deve ficar
no foco do espelho côncavo para que o feixe
refletido seja constituído de raios paralelos.

Distância focal
Nas figuras 22-A e 22-B, mostramos os focos de um espelho côncavo e de um espelho convexo.
A distância FV, entre o foco e o vértice, é denominada distância focal, f, do espelho.
Vamos procurar obter uma relação entre a distância focal, f, e o raio, R, do espelho. Para isso,
consideremos um raio luminoso, paralelo ao eixo de um espelho côncavo, incidindo nesse espelho
no ponto M (fig. 28).
Sendo C o centro de curvatura, sabemos que CM é a normal ao espelho em M. Assim, podemos
^ ^
traçar o raio refletido, formando com a normal um angulo r igual ao ângulo de incidência i. Como
sabemos, o ponto em que esse raio corta o eixo CV é o foco, F, do espelho. O triângulo CFM da figura
^ ^
28 é isósceles, porque r 5 FBCM (temos FBCM 5 i porque são alternos internos). Logo, CF 5 FM.

M
^
i
^
a r V
C F

Fig. 28 – A distância focal de um espelho esférico é igual à


metade de seu raio de curvatura  f 5 R  .
 2

A partir desse instante, vamos supor que os raios luminosos sempre incidam no espelho pró-
ximos ao seu vértice. Nessas condições, podemos considerar que FM 5 FV. Então CF 5 FV, ou seja,
FV 5 CV . Mas CV é o raio, R, do espelho e FV é a sua distância focal, f. Logo, temos f 5 R . Esse
2 2
resultado é válido também para um espelho convexo. Então, podemos destacar:

A distância focal, f, de um espelho esférico é aproximadamente igual à metade do seu raio


de curvatura, R, isto é, f = R . Em outras palavras, o foco de um espelho esférico está situado no
2
meio da distância entre o centro e o vértice do espelho.

24 Ótica: a reflexão da luz


EXERCÍCIO RESOLVIDO

3 O espelho côncavo do farol de um automóvel tem um raio de raios luminosos paralelos. Então, a distância da lâmpada de
de curvatura R 5 20 cm. Qual deve ser a distância entre o um farol ao vértice do espelho deve ser igual à distância focal, f,
filamento da lâmpada e o vértice desse espelho para que saia desse espelho. Mas, como vimos, f 5 R e, em nosso caso:
do farol um feixe de raios luminosos paralelos? 2
R
f5 5 20 cm 5 10 cm
RESOLUÇÃO: 2 2
Sabemos que a lâmpada de um farol (holofote) deve estar situa- Assim, o filamento da lâmpada deve estar a 10 cm do vértice
da no foco do espelho côncavo para que saia do farol um feixe do espelho.

PARA CONSTRUIR

18 A figura deste exercício mostra um espelho côncavo, de raio 19 Responda às questões do exercício anterior para o espelho
m R 5 6,0 cm. m convexo, de raio R 5 6,0 cm, mostrado na figura abaixo.
Ene-5 Ene-5
C 7 C 7
H-1 H-1

m m
Ene-3 Ene-3
C 3 C 3
H-1 H-1

C F V F C
V

Os pontos V, F, C e o eixo do espelho são


mostrados na figura acima, à direita, sen-
do CV 5 6,0 cm e FV 5 3,0 cm. Deve-se
observar que C e F estão situados, nesse
caso (espelho convexo), atrás do espelho.

a) Marque na figura a posição do vértice V do espelho. 20 Suponha que o espelho esférico côncavo de um telescópio
O vértice V está situado no centro da calota esférica, que constitui m tenha um raio de curvatura R 5 5,0 m e que esteja sendo
Ene-3
C 0
H-1 usado para fotografar uma estrela.
o espelho, como mostra a figura apresentada acima, à esquerda.
a) Como é o feixe de raios luminosos, proveniente da estrela,
que chega ao telescópio?
Como a estrela está muito afastada de nós, o feixe de raios
b) Desenhe o eixo do espelho.
luminosos proveniente dela é constituído praticamente de
O eixo é uma reta perpendicular ao espelho, passando por V.
raios paralelos.

b) A que distância do vértice do espelho se forma a imagem


da estrela?
c) Indique a posição do centro, C, do espelho. Como os raios incidentes são paralelos, a imagem da
O centro C está na frente do espelho a uma distância CV 5 6,0 cm. estrela se formará no foco do espelho, isto é, a 2,5 m do
seu vértice  f 5 R 5 2,5 m . FRENTE B
 2 

d) Mostre onde está localizado o foco, F, do espelho.


FÍSICA

O foco F está no meio do segmento CV, isto é, FV 5 3,0 cm. c) Essa imagem é real ou virtual?
Como sabemos, o foco de um espelho côncavo é real (veja a
figura 22-A), logo, a imagem da estrela é real.

Ótica: a reflexão da luz 25


21 A figura abaixo mostra um espelho côncavo, seu centro C e 22 Responda às questões do exercício anterior para o espelho
m dois raios luminosos que incidem no espelho paralelamente m convexo mostrado na figura abaixo.
Ene-5 Ene-5
C 7
H-1 ao eixo CV. a) O foco F está localizado no meio do segmento CV. O C 7
H-1
aluno deverá marcar esse ponto na figura.
m
Ene-5
c) Como os raios inci- m
Ene-5
C 8 C 8
H-1 dentes são paralelos ao H-1
eixo do espelho, eles se
refletirão passando pelo V F C
C F V
foco F. Os alunos deve-
rão traçar esses raios
refletidos na figura.

a) Os alunos deverão marcar o foco F no meio do segmento CV.


a) Marque na figura o ponto em que se localiza o foco do
espelho. b) Como o espelho é convexo, sabemos que seu foco é virtual.

b) Esse foco é real ou virtual? c) Como os raios incidentes são paralelos ao eixo, os alunos

Como o espelho é côncavo, sabemos que o foco F é real. deverão traçar os raios refletidos, de tal modo que seus
prolongamentos passem pelo foco F.
d) Os alunos verão, na figura traçada por eles, que os raios divergem

c) Trace na figura a trajetória dos raios após serem refletidos após serem refletidos pelo espelho, isto é, o espelho é divergente.
pelo espelho.
d) O espelho é convergente ou divergente?
Os alunos verão, na figura traçada por eles, que os raios, após
refletidos, convergem no foco, isto é, o espelho é convergente.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 14 a 16

IMAGEM DE UM OBJETO EXTENSO


Até aqui analisamos apenas a formação de imagens de pequenos objetos (objetos pontuais)
nos espelhos esféricos. Consideremos um objeto não pontual, como a lâmpada mostrada na
figura 29, colocado em frente a um espelho esférico. Para localizarmos a imagem desse objeto,
deveríamos procurar determinar a posição da imagem de cada um de seus pontos. Entretanto,
não é difícil perceber que, localizando-se apenas a imagem da extremidade A, será possível vi-
sualizar a imagem de todo o objeto, como vamos mostrar nesta seção.

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


A

C F

Fig. 29 – Um objeto extenso situado


em frente a um espelho côncavo.

26 Ótica: a reflexão da luz


Raios principais
Podemos localizar, com maior facilidade, a posição da imagem de um ponto nos espelhos
esféricos, fazendo uso de determinados raios luminosos, denominados raios principais, os quais
serão apresentados a seguir:
1o) Um raio luminoso que incide em um espelho côncavo, paralelamente ao seu eixo, reflete-se
passando pelo foco (fig. 30-A).
Um raio luminoso que incide em um espelho convexo, paralelamente ao seu eixo, reflete-se de
tal modo que seu prolongamento passa pelo foco (fig. 30-B).
A

F C

Fig. 30 – Reflexão de um raio luminoso que incide em um


espelho côncavo e em um espelho convexo paralelamente ao
eixo desses espelhos.

2o) Um raio luminoso que incide em um espelho côncavo, passando por seu foco, reflete-se
paralelamente ao eixo do espelho (fig. 31-A).
Um raio luminoso que incide em um espelho convexo, de tal maneira que sua direção passe
pelo foco, reflete-se paralelamente ao eixo do espelho (fig. 31-B).
A
A

C F

B
FRENTE B
A
FÍSICA

F C

Fig. 31 – Reflexão de um raio luminoso que incide em um


espelho côncavo e em um espelho convexo, de tal modo que a
direção do raio incidente passe pelo foco desses espelhos.

Ótica: a reflexão da luz 27


3o) Um raio luminoso que incide em um espelho côncavo, passando pelo seu centro de curva-
tura, reflete sobre si mesmo (esse raio incide perpendicularmente ao espelho; figura 32-A).
Um raio luminoso que incide em um espelho convexo, de tal maneira que sua direção passe
pelo centro de curvatura do espelho, reflete sobre si mesmo (fig. 32-B).
A

C F

F C

Fig. 32 – Reflexão de um raio luminoso que incide em um espelho côncavo (A) e em um espelho
convexo (B), de tal modo que a direção do foco incidente passe pelo centro de curvatura desses espelhos.
Atividade
Experimental A partir de agora, sempre que quisermos localizar a posição da imagem de um ponto
(situado fora do eixo do espelho), usaremos apenas dois raios principais que são emitidos pelo
Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e
ponto. Nos exemplos seguintes, mostraremos o uso desse método para localizar a imagem de
aprofunde-se no assunto. um ponto da extremidade de um objeto extenso. Como estudamos, a localização da imagem
desse ponto nos permitirá visualizar a imagem de todo o objeto.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

4 O objeto AB da figura a seguir encontra-se em frente de um espelho côncavo a uma distância deste maior do que o seu raio. Lo-
calize a imagem desse objeto.

RESOLUÇÃO:
Como as posições do centro C e do foco F foram fornecidas na figura, podemos localizar a posição da imagem do ponto A
usando dois dos raios principais. Observe que na figura traçamos, a partir de A, um raio paralelo ao eixo do espelho, o qual se
reflete passando pelo foco, e o outro passando pelo foco, que se reflete paralelamente ao eixo do espelho. Os raios refletidos
se cruzam em A' e nesse ponto, portanto, está localizada a imagem (real) de A. Como o objeto AB é perpendicular ao eixo
do espelho, sua imagem também o será, de modo que a imagem de B estará em B' (sobre o eixo) e, assim, fica determinada
a imagem A'B', como mostra a figura. Observe que, nesse caso, a imagem do objeto AB, fornecida pelo espelho côncavo, é
real, menor do que o objeto e invertida em relação a ele.

28 Ótica: a reflexão da luz


EDUARDO SANTALIESTRA/ESTÚDIO PAULISTA
A

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/


B'

ARQUIVO DA EDITORA
B C F
A'
Imagem real e invertida de
uma vela, colocada em frente
a um espelho côncavo.

5 Suponha que o objeto AB do exemplo anterior fosse colocado entre o foco e o vértice do mesmo espelho, como mostra a figura
a seguir. Localize a imagem do objeto.

RESOLUÇÃO:
Para localizarmos a imagem do ponto A, usaremos os mesmos raios principais usados no exemplo anterior. O raio que parte de A
paralelamente ao eixo reflete-se passando pelo foco. O segundo raio parte de A e incide no espelho com sua direção passando
pelo foco, como mostra a figura. Tudo se passa, então, como se ele tivesse sido emitido do foco e, portanto, será refletido parale-
lamente ao eixo do espelho.
Observamos, agora, que os raios refletidos não se cruzam (a imagem de A não será real). Entretanto, os prolongamentos desses raios re-
fletidos se cruzam em A' que será, pois, a imagem virtual de A. Tirando uma perpendicular de A' sobre o eixo, determinamos a imagem B'
do ponto B e, assim, teremos localizado a imagem A'B' do objeto AB. Pela figura vemos que, nesse caso, o espelho côncavo fornece uma
imagem virtual, maior do que o objeto e direita, isto é, não invertida em relação ao objeto.

A'
EDUARDO SANTALIESTRA/ESTÚDIO

A
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/
ARQUIVO DA EDITORA

C F B V B'
Imagem virtual de uma
vela situada entre o foco
PAULISTA

e o vértice do espelho
côncavo.

6 Consideremos um objeto AB diante de um espelho convexo, como mostra a figura a seguir. Como será sua imagem?

RESOLUÇÃO:
Tiremos do ponto A dois raios principais: um paralelo ao eixo, que se reflete de tal modo que seu prolongamento passa pelo foco;
o outro, que incide no espelho de tal maneira que sua direção passa pelo foco e que se reflete paralelamente ao eixo. Vemos, pela
figura, que, também nesse caso, os raios refletidos não se cruzam, mas os seus prolongamentos se encontram em A'. Em A'B', temos
a imagem do objeto AB. Essa imagem é virtual, menor do que o objeto e direita.
EDUARDO SANTALIESTRA/ESTÚDIO PAULISTA

FRENTE B
A
A'
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/
ARQUIVO DA EDITORA

FÍSICA

B B' F A imagem da vela,


fornecida pelo
espelho convexo,
é virtual, direita e
menor que o objeto.

Ótica: a reflexão da luz 29


25. Como os raios incidentes, tanto no espelho côncavo quanto no conve-
xo, passam pelo foco F, eles serão refletidos paralelamente ao eixo do
espelho, como na figura 31 (os alunos deverão traçar
os raios refletidos em cada figura do exercício).
PARA CONSTRUIR

23 (UPF-RS) Na madrugada do dia 15 de abril de 2014, os olha- 25 Considere os espelhos esféricos mostrados nas figuras deste
m res dos latino-americanos voltaram-se para o céu, no qual era m exercício. F e V indicam, respectivamente, o foco e o vértice
Ene-5 Ene-5
C 8 C 7
H-1 possível observar o alinhamento entre Sol, Terra e Lua, for- H-1 de cada espelho. Trace, nas figuras, os raios refletidos corres-
mando o eclipse lunar conhecido por “Lua Vermelha”. Astrô- pondentes a cada um dos raios incidentes mostrados.
nomos e observadores amadores direcionaram telescópios A
para visualizar o fenômeno. Considerando a utilização de um
telescópio do tipo refletor, é correto afirmar que a imagem
final do objeto estelar que se apresenta aos olhos do obser-
F V
vador tem as seguintes características: a
a) real e invertida. Quando um feixe de luz emitido por
b) real e direita. um objeto se reflete em um espelho
côncavo que são utilizados nos teles-
c) virtual e invertida. cópios, a imagem é formada no foco
d) virtual e direita. e é real e invertida.
e) virtual e maior. B
24 As figuras a seguir mostram dois espelhos, um côncavo e o
m outro convexo. O centro de curvatura de cada espelho está
Ene-5
C 7
H-1 em C, e V é o vértice de cada um.
V F

C V

26 a) Orientando-se pelos exercícios resolvidos desta seção, faça


m um diagrama para localizar a imagem do objeto AB, colo-
Ene-5
C 7
H-1 cado em frente a um espelho côncavo, na posição mostra-
m
da na figura abaixo.
Ene-3
C 3
H-1

C F V
B

V C

a) Para cada um dos raios luminosos mostrados, qual é o va-


lor do ângulo de incidência? B'
C F
Os raios incidentes mostrados, tanto no espelho côncavo quanto B
Como se trata de um espelho A'
no convexo, passam pelo centro C. Portanto, esses raios são
^
côncavo, o aluno poderá se orien-
perpendiculares aos espelhos, isto é, temos i 5 0 para todos eles. tar pela solução do exercício re-
solvido 4. Traçando a partir de A
b) Indique, nas figuras, a trajetória de cada um desses raios os raios principais citados no tex-
após se refletirem nos espelhos. to desta seção, o aluno obterá, no
encontro dos raios refletidos, o ponto A', que é a imagem real de A (veja a
Nessas condições, os raios refletidos estarão sobre os raios inciden- figura). Tendo localizado o ponto A', ele poderá traçar a imagem A'B', verifi-
tes, mas em sentidos contrários a eles, como vemos na figura 32. cando que ela é invertida e menor do que o objeto, como mostra a figura.
30 Ótica: a reflexão da luz
b) Aproxime, do espelho, o objeto AB do item anterior, colo- 29 Considerando ainda o objeto AB do exercício 26, suponha
cando-o entre o centro e o foco. Faça um novo diagrama m agora que ele seja colocado entre o foco e o vértice do es-
Ene-3
para localizar a imagem do objeto nessa nova posição. C 3
H-1 pelho. Faça um diagrama para localizar a imagem do objeto
Usando os mesmos raios principais da para essa situação.
figura do item a, obtém-se o diagrama
A situação é idêntica àquela analisada no exercício resolvido 5. Portan-
mostrado na figura acima, em que A'B' A to, o diagrama que os alunos traçarão será igual ao daquele exercício.
é a imagem de AB. Como vemos no dia-
grama, essa imagem é real, invertida e
maior do que o objeto.
B' F
C B

A'

27 Para resolver este exercício, observe os diagramas que você


traçou no exercício anterior. Ao aproximarmos do foco de
um espelho côncavo um objeto que se encontrava afastado
dele, a imagem desse objeto: Observando as figuras da respos-
ta do exercício anterior, vemos fa-
cilmente que, ao aproximarmos o
a) permanece sempre real?
objeto do foco do espelho côncavo,
Permanece real. sua imagem:

b) afasta-se do espelho, aproxima-se dele ou permanece na


mesma posição?
Afasta-se do espelho.

c) aumenta, diminui ou permanece com o mesmo tamanho?


Aumenta de tamanho.

Agora, responda:
d) é sempre invertida em relação ao objeto?
a) A imagem obtida é real ou virtual?
Permanece invertida em relação ao objeto.
A imagem é virtual.

b) Ela é maior, menor ou do mesmo tamanho que o objeto?


Seu tamanho é maior do que a do objeto.
28 Suponha que o objeto AB do exercício 26 seja colocado so-
m bre o foco F do espelho. Nessa condição, não se formará uma
Ene-3
C 3
H-1 imagem do objeto. Por quê? c) É direita ou invertida?
Com o objeto situado sobre o foco, o feixe luminoso que parte Tem a mesma orientação do objeto (direita).
FRENTE B
de um ponto desse objeto, após se refletir, dá origem a um
feixe de raios paralelos (como na figura 27). Não havendo ponto d) Localize nas páginas anteriores a figura cujo diagrama
de encontro desses raios refletidos, não haverá formação de corresponde à situação deste exercício.
FÍSICA

imagem (costuma-se dizer que a imagem se forma no infinito). Como dissemos, o diagrama corresponde ao da figura do
exercício resolvido 5.

Ótica: a reflexão da luz 31


30 (UEL-PR) Considere a figura a seguir. c)
m
Ene-5 A'
C 7 A
H-1 A
m
Ene-3
C 3
H-1

B F C C F B V B'

Com base no esquema da figura, assinale a alternativa que


representa corretamente o gráfico da imagem do objeto AB
colocado perpendicularmente ao eixo principal de um espe- d)
lho esférico convexo. d A

a)
A'
A

B V B' F C
B
B' C F V

A'

e) A A'

b)

A
B F B' C

B' C B F V

Devido ao espelho ser convexo, a imagem será virtual, direita e menor,


sendo localizada entre o foco e o vértice. Já o raio que incide pelo centro
A' de curvatura reflete sobre si mesmo e o raio que incide paralelo reflete
pelo foco.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 17 a 24

A EQUAÇÃO DOS ESPELHOS ESFÉRICOS


Aumento produzido pelos espelhos
Vimos, nos exemplos da seção anterior, que a imagem de um objeto pode ser maior ou menor
do que ele, dependendo da posição do objeto e do tipo de espelho que produziu a imagem.
A relação entre o tamanho da imagem, A'B', e o tamanho do objeto, AB, é denominada aumento
linear ou ampliação fornecida pelo espelho, isto é,

tamanho da imagem
aumento linear 5 5 A'B'
tamanho do objeto AB

Logo, um aumento menor que 1 indica que a imagem é menor do que o objeto. Para obter uma
maneira de calcular esse aumento, vamos analisar a figura 33. Nela, a imagem, A'B', do objeto AB foi

32 Ótica: a reflexão da luz


localizada usando-se o raio principal que passa pelo centro, sendo, então, refletido sobre si mesmo,
^ ^
e o raio AV, que incide no vértice do espelho, reflete-se de tal modo que i 5 r. Dessa maneira, os
triângulos retângulos ABV e A'B'V são semelhantes e podemos escrever:

A'B' 5 B'V
AB BV

Mas B'V é a distância da imagem ao espelho, que designaremos por Di, e BV é a distância do
objeto ao espelho, que vamos designar por Do. Logo:

A'B' D
5 i 5 aumento linear
AB Do

Assim, o aumento produzido por um espelho pode ser obtido dividindo-se a distância da
imagem ao espelho pela distância do objeto ao espelho. Esse processo pode ser usado para calcular
o aumento tanto no espelho côncavo quanto no convexo.
A

^
B' F i V
B C
^
A' r
Fig. 33 – Nesta figura, o triângulo ABV é
semelhante ao triângulo A'B'V e o triângulo
ABC é semelhante ao triângulo A'B'C.

A equação dos espelhos esféricos


Analisando ainda a figura 33, poderemos obter uma equação que relaciona Do, Di e a distância
focal, f, do espelho. Os triângulos retângulos ABC e A'B'C são semelhantes, pois os ângulos opostos
pelo vértice, em C, são iguais. Assim, temos:

A'B' 5 B'C
AB BC

Mas, pela figura 33, vemos que:


B'C 5 CV 2 B'V 5 R 2 Di 5 2f 2 Di
BC 5 BV 2 CV 5 Do 2 R 5 Do 2 2f
A'B' 5 Di
Lembrando que , temos:
AB Do

Di 2f 2 Di
5 ⇒ DD i o 2 2fDi 5 2fD o 2 DD
i o
Do Do 2 2f
∴ 2DDi o 5 2fDi 1 2fD o

Dividindo todos os termos desta igualdade por 2fDiDo, obtemos:


FRENTE B

15 1 1 1
f Do Di
FÍSICA

Essa relação é denominada equação dos espelhos esféricos. Ela nos permite calcular a que
distância do espelho se formará a imagem, quando conhecemos a distância focal do espelho e a
distância do objeto a ele.

Ótica: a reflexão da luz 33


Convenção de sinais
A equação anterior foi deduzida para a situação mostrada na figura 32, isto é, um espelho côn-
cavo formando uma imagem real de um objeto. Entretanto, ela poderá ser usada também quando a
imagem for virtual ou quando o espelho for convexo, desde que seja obedecida a seguinte convenção
de sinais para as distâncias Do, Di e f:
1o) a distância Do é sempre positiva;
2o) a distância Di será positiva se a imagem for real e negativa se for virtual;
3o) a distância focal será positiva quando o espelho for côncavo (foco real) e negativa quando
for convexo (foco virtual).
Resumindo, podemos destacar que:

A imagem de um objeto, colocado a uma distância Do de um espelho esférico de distância


focal f, forma-se a uma distância Di do espelho tal que:
15 1 1 1
f Do Di
Nessa equação, Do é sempre positivo, f é positivo para o espelho côncavo e negativo para
o convexo e Di é positivo para uma imagem real e negativo para uma imagem virtual.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

7 Um objeto é colocado a 10 cm do vértice de um espelho côncavo, cuja distância focal é de 20 cm.


a) A que distância do espelho se formará a imagem do objeto?
b) Mostre, em um diagrama, a formação da imagem do objeto.
c) Qual o aumento produzido pelo espelho?

RESOLUÇÃO:

1 1 1
a) A equação 5 1 permitirá calcular o valor de Di, pois conhecemos os valores de Do e f. Como sabemos, Do é sempre
f Do Di
positivo, isto é, Do 5 10 cm e, como se trata de um espelho côncavo, f também é positivo, ou seja, f 5 20 cm. Então, temos:
1 5 1 1 1 ⇒ 1 5 1 2 1 ⇒
20 10 Di Di 20 10
⇒ 1 1
5 2 ∴ Di 5 2220 cm
Di 20
Como encontramos, para Di, um valor negativo, concluímos que a imagem é virtual e, portanto, não é invertida, estando situada
a 20 cm atrás do espelho.
b) A situação descrita no enunciado corresponde ao diagrama da figura do exercício resolvido 5. Observe que o diagrama con-
firma os resultados que encontramos algebricamente: a imagem é virtual, direita e está situada atrás do espelho. Em problemas
como este, o traçado do diagrama de formação da imagem nos ajuda a visualizar a solução algébrica e, por isso, recomenda-
mos que ele sempre seja feito. É também aconselhável acompanhar a solução de problemas com a observação da imagem
produzida em situação experimental.
c) Como vimos, o aumento é dado por:
A'B' 5 Di , llogo
ogoo A'B' 5 20 ⇒ A'B' 5 2
log
AB Do AB 10 AB
Esse resultado significa que a imagem é duas vezes maior do que o objeto. (Observe que, no cálculo do aumento, não é necessário
considerar o sinal de Di.)

34 Ótica: a reflexão da luz


31. O telescópio é um instrumento empregado para enxergarmos objetos que estão muito distantes de nós. Neste caso, podemos considerar que a distância
do objeto ao espelho é infinita (Do → `) e, aplicando a equação dos espelhos esféricos ao telescópio, temos:
1 1 1 1
5 1 ; Do → ` ⇒ → 0
f Do Di Do
1 1
5 ⇒ Di 5 f
f Di PARA CONSTRUIR

31 (UFTM-MG) Sobre o comportamento dos espelhos esféricos, 33 Em frente a um espelho côncavo, de distância focal f, é colo-
m assinale a alternativa correta. e m cado um objeto, exatamente sobre seu centro de curvatura,
Ene-5 Ene-3
C 8 C 2
H-1 a) Se um objeto real estiver no centro de curvatura de um H-1 C (isto é, Do 5 2f ).
espelho esférico, sua imagem será real, direita e de mes- m
Ene-4
a) Usando a equação dos espelhos esféricos, determine o
C 6
mo tamanho que a do objeto. H1
- valor de Di em função de f.
b) Os raios de luz que incidem, fora do eixo principal, sobre o Como Do 5 2f, temos:
1 1 1 1 1 1 1 1 1
vértice de um espelho esférico refletem-se passando pelo 5 1 ⇒ 5 1 ⇒ 5 2 ⇒
f Do Di f 2f Di Di f 2f
foco desse espelho. 1 221 1
⇒ 5 5 ∴ Di 5 2f
c) Os espelhos esféricos côncavos só formam imagens vir- Di 2f 2f
tuais, sendo utilizados, por exemplo, em portas de gara-
gens para aumentar o campo visual. b) Então, em que posição está localizada a imagem?
d) Os espelhos convexos, por produzirem imagens amplia- Como Di 5 2f, a imagem estará exatamente no centro C do
das e reais, são bastante utilizados por dentistas em seu espelho, ou seja, à mesma distância em que se encontra o objeto.
trabalho de inspeção dental.
e) Os espelhos utilizados em telescópios são côncavos e as
imagens por eles formadas são reais e se localizam, apro- c) A imagem é real ou virtual?
ximadamente, no foco desses espelhos. Como Di é positivo, a imagem é real.

32 Suponha que, na figura do exercício 26, a distância focal do


m espelho côncavo seja f 5 10 cm e que o objeto esteja situado d) Qual é, neste caso, o valor do aumento? O que significa
Ene-3
C 2
H-1 a uma distância Do 5 15 cm do vértice do espelho. este resultado?
Temos, para o aumento:
m
Ene-4
a) Usando a equação dos espelhos esféricos, determine a
C 6 A'B' D 2f A'B'
H1
- distância Di da imagem ao espelho. 5 i 5 ∴ 51
AB Do 2f AB
Como Do 5 15 cm e f 5 10 cm, vem:
1 1 1 1 1 1 Esse resultado, evidentemente, significa que o tamanho da
5 1 ⇒ 5 1 ∴ Di 5 30 cm
f Do Di 10 15 Di
imagem é igual ao do objeto.

34 a) Trace o diagrama para obter a imagem na situação men-


cionada no exercício anterior e verifique se ele concorda
com as respostas que você encontrou.
b) Tendo em vista o resultado encontrado na questão ante- A
rior, você conclui que a imagem é real ou virtual?
Como Di é positivo, a imagem é real.

c) Calcule o aumento proporcionado pelo espelho. Qual o C F

significado deste resultado?


A'B' D 30 A'B'
5 i 5 ∴ 52
AB Do 15 AB

A'

Traçando cuidadosamente o diagrama, o aluno obterá uma figura


como a apresentada acima. Observando esse diagrama, vemos
que a imagem que se forma sobre o centro C é real e do mesmo
Esse resultado significa que a imagem é 2 vezes maior do que o tamanho que o objeto, em perfeita concordância com os resulta-
objeto. dos encontrados no exercício anterior. FRENTE B
b) A imagem obtida é direta ou invertida?
d) Verifique se suas respostas concordam qualitativamente
A imagem é invertida.
com o diagrama que você traçou no exercício 26, item b.
FÍSICA

As respostas deste exercício concordam satisfatoriamente


com o diagrama.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 25 a 33 Para aprimorar: 3

Ótica: a reflexão da luz 35


Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

foi possível porque naquele dia, naquele local, foi visível um


PARA PRATICAR
eclipse total do Sol. Assim que o disco lunar ocultou comple-
tamente o Sol foi possível observar a posição aparente das
1 (IFSP) A figura ilustra, fora de escala, a ocorrência de um eclipse do estrelas. Sabendo-se que o diâmetro do Sol é 400 vezes maior
m Sol em determinada região do planeta Terra. Esse evento ocorre do que o da Lua e que durante o eclipse total de 1919 o cen-
Ene-5
C 7
H-1 quando estiverem alinhados o Sol, a Terra e a Lua, funcionando, tro do Sol estava a 151 600 000 km de Sobral, é correto afirmar
respectivamente, como fonte de luz, anteparo e obstáculo. que a distância do centro da Lua até Sobral era de:
a) no máximo 379 000 km. d) no mínimo 479 000 km.
Sol b) no máximo 279 000 km. e) exatamente 379 000 km.
c) no mínimo 379 000 km.
Lua
6 A figura deste problema representa a Lua girando em torno
Terra m da Terra, recebendo e refletindo os raios solares. Nas diver-
Ene-5
C 7
H-1 sas posições ocupadas por ela, mostradas na figura, em uma
volta completa em torno da Terra (cuja duração é de cerca
de 28 dias), identifique aquelas que correspondem:

Raios solares

N
Para que possamos presenciar um eclipse solar, é preciso que
estejamos numa época em que a Lua esteja na fase:
a) nova ou cheia. d) nova, apenas. P Terra M

b) minguante ou crescente. e) minguante, apenas.


c) cheia, apenas. Q

2 (Cefet-MG) A imagem formada em uma câmara escura de


m orifício é invertida em relação ao objeto. Para descrevê-la,
Ene-5
C 8
H1
- deve-se considerar a(o): a) à Lua cheia. c) ao quarto crescente.
a) propagação retilínea da luz. b) à Lua nova. d) ao quarto minguante.
b) reversibilidade dos raios de luz.
c) paralelismo geométrico dos raios de luz. 7 (Ufal) Um garoto de 1,75 m de altura está parado próximo a um
d) variação da velocidade da luz na câmara. m prédio de altura desconhecida H. Ele observa que, ao meio-
Ene-4
e) mudança de meio de propagação da luz no orifício. C 6
H-1 -dia em ponto, sua sombra, decorrente da incidência da luz
do Sol em seu corpo, bem como no prédio, tem uma dis-
3 (PUC-RJ) A certa hora da manhã, a inclinação dos raios solares é tância horizontal zero. Cerca de 4  horas depois, ele verifica
m tal que um muro de 4,0 m de altura projeta, no chão horizontal, que a sua sombra tem uma distância horizontal de 5,0 m e
Ene-4
C 6
H-1 uma sombra de comprimento 6,0 m. Uma senhora de 1,6 m de o comprimento horizontal da sombra do prédio mede 18 m.
altura, caminhando na direção do muro, é totalmente coberta Dessa forma, a altura H do prédio é dada por:
pela sombra quando se encontra a quantos metros do muro? a) 10 m. b) 7 m. c) 6,6 m. d) 6,4 m. e) 6,3 m.
a) 2,0 b) 2,4 c) 1,5 d) 3,6 e) 1,1
8 a) A maioria dos objetos que nos rodeiam (paredes, árvores,
4 (Cefet-MG) A formação de sombra de objetos iluminados é pessoas, etc.) não são fontes de luz. No entanto, podemos
m uma situação observável e comum em nosso cotidiano. Esse enxergá-los qualquer que seja nossa posição em torno
Ene-5
C 8
H1
- fato explica-se porque a luz: deles (considerando que eles estejam dentro do nosso
a) brilha intensamente. campo de visão). Por quê?
b) Um astronauta, na Lua, vê o céu escuro, mesmo que o Sol
b) reflete difusamente.
esteja brilhando (isto é, quando é “dia”, na Lua). Na Terra,
c) desloca em trajetória retilínea.
como você sabe, durante o dia o céu se apresenta total-
d) propaga com velocidade constante.
mente claro. Explique a causa dessa diferença.
5 (Uepa) Em 29 de maio de 1919, em Sobral (CE), a teoria da c) Mesmo não havendo atmosfera na Lua, durante o dia a
relatividade de Einstein foi testada medindo-se o desvio que região permanece iluminada permitindo perceber sua su-
a luz das estrelas sofre ao passar perto do Sol. Essa medição perfície e outros objetos ali existentes. Explique.

36 Ótica: a reflexão da luz


9 Um raio luminoso RO incide sobre um espelho plano coloca- 12 (Fuvest-SP) Um rapaz com chapéu observa sua imagem em um
m do na posição EO mostrada na figura deste problema. Sendo m espelho plano e vertical. O espelho tem o tamanho mínimo ne-
Ene-5 Ene-5
C 7
H-1 ON a normal a esse espelho: C 7
H-1 cessário, y 5 1,0 m, para que o rapaz, a uma distância d 5 0,5 m,
veja a sua imagem do topo do chapéu à ponta dos pés. A dis-
m
Ene-3 N m
Ene-3
C 0 C 3 tância de seus olhos ao piso horizontal é h 5 1,60 m. A figura a
H-1 H-1
R
seguir ilustra essa situação e, em linha tracejada, mostra o per-
m
Ene-3
C 3 curso do raio de luz relativo à formação da imagem do ponto
H-1
mais alto do chapéu.
a
Dados: O topo do chapéu, os olhos e a ponta dos pés do
rapaz estão em uma mesma linha vertical.
E O

E'

a) Trace cuidadosamente na figura o raio refletido OR' (use


y
um transferidor para medir os ângulos).
b) O espelho foi girado de um ângulo a 5 15°, passando
H
para a nova posição E'O (veja a figura). Desenhe a normal h
ON' nessa posição do espelho.
c) Considerando o mesmo raio incidente, trace o raio refleti- Y
do, OR'', para a posição E'O do espelho.
d) Meça com o transferidor o ângulo b formado pelo raio
refletido ao passar da posição OR' para OR''. d
e) Pode-se demonstrar que b 5 2a, isto é, quando o espe-
lho plano gira de certo ângulo, o raio refletido gira de um a) Desenhe na figura o percurso do raio de luz relativo à for-
ângulo duas vezes maior. Suas medidas estão de acordo mação da imagem da ponta dos pés do rapaz.
com esse resultado? b) Determine a altura H do topo do chapéu ao chão.
c) Determine a distância Y da base do espelho ao chão.
10 Um observador O en- A O B d) Quais os novos valores do tamanho mínimo do espelho
contra-se no meio da (y') e da distância da base do espelho ao chão (Y') para
parede AB de uma sala que o rapaz veja sua imagem do topo do chapéu à pon-
quadrada ABCD, na qual ta dos pés, quando se afasta para uma distância d' igual
existe um espelho plano a 1 m do espelho?
vertical MN (veja a figura N 13 (Vunesp) Uma pessoa está parada numa calçada plana e hori-
deste problema). Identifi-
m zontal diante de um espelho plano vertical E pendurado na fa-
que, entre os cantos A, B Ene-5
C 7
H-1 chada de uma loja. A figura representa a visão de cima da região.
e D da sala, aqueles cujas
imagens podem ser vis- m
Ene-3
5m
C 3
H-1
tas pelo observador atra-
D M C Calçada
vés do espelho MN.
1,8 m

11 Na figura deste problema, o ponto A é uma fonte de luz


2m
m e B é um ponto que deve ser iluminado pela luz prove-
Ene-5
C 7
niente de A. Considere o espelho plano EE' e o obstáculo V&
H-1

m
MN, que impede que a luz de A incida diretamente em B. O 1,2 m
Ene-3
C 3
H-1
Mostre na figura
a trajetória do N E
Fora de
raio que parte B escala
de A e atinge B FRENTE B
A
e determine o
ângulo com que
esse raio incide 3m Olhando para o espelho, a pessoa pode ver a imagem de um
FÍSICA

no espelho. 2m M motociclista e de sua motocicleta, que passam pela rua com


velocidade constante v 5 0,8 m/s, em uma trajetória retilínea
paralela à calçada, conforme indica a linha tracejada. Consi-
derando que o ponto O na figura represente a posição dos
E' 5m E olhos da pessoa parada na calçada, é correto afirmar que ela

Ótica: a reflexão da luz 37


poderá ver a imagem por inteiro do motociclista e de sua a) Superfície interna de uma colher.
motocicleta refletida no espelho durante um intervalo de b) Calota de um automóvel.
tempo, em segundos, igual a: c) Bola espelhada de árvore de Natal.
a) 2. c) 4. e) 1. d) Espelho do farol de um automóvel.
b) 3. d) 5.
17 (UFSM-RS) A figura de Escher, “Mão com uma esfera espelha-
14 Considere os espelhos côncavos I e II, mostrados na figura m da”, apresentada a seguir, foi usada para revisar propriedades
Ene-5
deste exercício. C 8
H-1 dos espelhos esféricos. Então, preencha as lacunas.
(I) (II)

FUNDAÇÃO M. C. ESCHER, BAARN, HOLANDA


a) Para qual deles o valor do raio R é maior?
b) Qual deles possui menor distância focal?

15 (UFF-RJ) O telescópio refletor Hubble foi colocado em órbita


m terrestre de modo que, livre das distorções provocadas pela
Ene-5
C 7
H-1 atmosfera, tem obtido imagens espetaculares do universo. O
m
Hubble é constituído por dois espelhos esféricos, conforme
Ene-5
C 8 mostra a figura abaixo. O espelho primário é côncavo e co-
H-1
leta os raios luminosos oriundos de objetos muito distantes,
refletindo-os em direção a um espelho secundário, convexo, A imagem na esfera espelhada é ___________; nesse caso,
bem menor que o primeiro. O espelho secundário, então, re- os raios que incidem no espelho paralelamente ao eixo
flete a luz na direção do espelho principal, de modo que esta, principal são ___________ numa direção que passa pelo
passando por um orifício em seu centro, é focalizada em uma __________ principal, afastando-se do __________ princi-
pequena região onde se encontram os detectores de imagem. pal do espelho.
Plano focal A sequência correta é:
Espelho a) virtual – refletidos – foco – eixo.
secundário b) real – refratados – eixo – foco.
Detector de c) virtual – refletidos – eixo – eixo.
imagem d) real – refletidos – eixo – foco.
Espelho e) virtual – refratados – foco – foco.
primário
18 (UPE) Em relação aos espelhos esféricos, analise as proposi-
Com respeito a este sistema ótico, pode-se afirmar que a ima- ções que se seguem:
m
Ene-5
gem que seria formada pelo espelho primário é: C 8
H-1 (1) A reta definida pelo centro de curvatura e pelo vértice do
a) virtual e funciona como objeto virtual para o espelho se-
espelho é denominada de eixo secundário.
cundário, já que a imagem final tem que ser virtual.
(3) O ponto de encontro dos raios refletidos ou de seus pro-
b) real e funciona como objeto real para o espelho secundá-
longamentos, devido aos raios incidentes paralelos ao
rio, já que a imagem final tem que ser virtual.
eixo principal, é denominado de foco principal.
c) virtual e funciona como objeto virtual para o espelho se-
(5) O espelho côncavo tem foco virtual, e o espelho convexo,
cundário, já que a imagem final tem que ser real.
foco real.
d) real e funciona como objeto virtual para o espelho secun-
(7) Todo raio de luz que incide passando pelo foco, ao atingir
dário, já que a imagem final tem que ser real.
o espelho, é refletido paralelo ao eixo principal.
e) real e funciona como objeto real para o espelho secundá-
(9) Quando o objeto é posicionado entre o centro de curva-
rio, já que a imagem final tem que ser real.
tura e o foco do espelho côncavo, conclui-se que a ima-
16 Vários objetos que apresentam uma superfície polida podem gem é real, invertida e maior do que o objeto.
se comportar como espelhos. Os objetos seguintes se com- A soma dos números entre parênteses que correspondem
portam como espelhos do tipo côncavo, convexo, conver- aos itens corretos é igual a:
gente ou divergente? a) 25. b) 18. c) 19. d) 10. e) 9.

38 Ótica: a reflexão da luz


19 Considere um espelho convexo cujo valor da distância focal é de 5 cm. Um objeto é colocado diante desse espelho, sucessivamente,
m às seguintes distâncias: Do 5 12 cm, Do 5 5 cm e Do 5 2 cm.
Ene-4
C 6
H-1 a) Trace diagramas para localizar a imagem do objeto em cada uma das posições citadas.
b) Tendo em vista os diagramas traçados, qual a conclusão que você pode tirar sobre a natureza e o tamanho da imagem forne-
cida por um espelho convexo?

20 (Fatec-SP) Como foi que um arranha-céu “derreteu” um carro?

DIVULGAÇÃO/BBC
m
Ene-5
C 7
“É uma questão de reflexo. Se um prédio é curvilíneo e tem várias janelas planas,
H-1 que funcionam como espelhos, os reflexos se convergem em um ponto” diz
m
Ene-5
Chris Shepherd, do Instituto de Física de Londres. O edifício de 37 andares, ain-
C 8
H1
- da em construção, é de fato um prédio curvilíneo e o carro, um Jaguar, estava
estacionado em uma rua próxima ao prédio, exatamente no ponto atingido por
luzes refletidas e não foi o único que sofreu estrago. O fenômeno é consequên-
cia da posição do Sol em um determinado período do ano e permanece nessa
posição por duas horas por dia. Assim, seus raios incidem de maneira oblíqua
às janelas do edifício.
Considerando o fato descrito e a figura da pessoa observando o reflexo do Sol
no edifício, na mesma posição em que estava o carro quando do incidente,
podemos afirmar corretamente que o prédio se assemelha a um espelho:
a) plano e o carro posicionou-se em seu foco infinito. d) côncavo e o carro posicionou-se em seu foco principal.
b) convexo e o carro posicionou-se em seu foco principal. e) côncavo e o carro posicionou-se em um foco secundário.
c) convexo e o carro posicionou-se em um foco secundário.

21 As figuras deste problema apresentam fotos de um objeto e sua imagem fornecida por um espelho esférico. Em cada foto, identi-
fique o tipo do espelho, a natureza da imagem e a posição do objeto em relação ao foco do espelho.
FOTOS: EDUARDO SANTALIESTRA/ESTÚDIO PAULISTA

22 (UTFPR) Sobre fenômenos óticos, considere as afirmações abaixo.


I. Se uma vela é colocada na frente de um espelho plano, a imagem dela localiza-se atrás do espelho.
II. Usando um espelho convexo, você pode ver uma imagem ampliada do seu rosto.
FRENTE B
III. Sempre que um raio luminoso muda de velocidade ao mudar de meio, também ocorre mudança na direção de propagação.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I. b) II. c) III. d) I e III. e) II e III.
FÍSICA

23 (UEMG) Muitos profissionais precisam de espelhos em seu trabalho. Porteiros, por exemplo, necessitam de espelhos que lhes permi-
m tam ter um campo visual maior, ao passo que dentistas utilizam espelhos que lhes fornecem imagens com maior riqueza de detalhes.
Ene-5
C 8
H-1 Os espelhos mais adequados para esses profissionais são, respectivamente, espelhos:
a) planos e côncavos. b) planos e convexos. c) côncavos e convexos. d) convexos e côncavos.

Ótica: a reflexão da luz 39


24 (UEPG-PR) Um objeto real é posicionado na frente de um es- (02) As distâncias focais dos espelhos côncavo e convexo
m pelho esférico entre o seu centro de curvatura e o seu foco. são, respectivamente, 5 cm e –15 cm.
Ene-5
C 8
H-1 Sobre a natureza do espelho e a imagem conjugada, assinale (04) O aumento linear transversal da imagem formada no es-
o que for correto. pelho convexo é 0,5.
(01) A imagem conjugada será virtual. (08) O aumento linear transversal da imagem formada no es-
(02) A imagem conjugada será ampliada. pelho côncavo é 4.
(04) O espelho é côncavo. (16) A imagem formada no espelho côncavo é real, invertida
(08) A imagem conjugada será direita. e igual ao objeto.

25 (Cesgranrio-RJ) Um espelho esférico côncavo tem distância fo- 28 (PUC-RS) A figura a seguir mostra um espelho côncavo e di-
versas posições sobre o seu eixo principal. Um objeto e sua
m cal (f) igual a 20 cm. Um objeto de 5 cm de altura é colocado de m
Ene-5
Ene-4 C 7 imagem, produzida por esse espelho, são representados pe-
C 6 H-1
H-1 frente para a superfície refletora desse espelho, sobre o eixo prin-
las flechas na posição 4.
cipal, formando uma imagem real invertida e com 4 cm de altura. m
Ene-3
C 3
A distância, em centímetros, entre o objeto e a imagem é de: H-1

a) 9. b) 12. c) 25. d) 45. e) 75.

26 (UPE) No esquema a seguir, E1 é um espelho plano e E2 é um


1 2 3 4 5 6 7 8
m espelho esférico côncavo cujo raio de curvatura é 60 cm. Con-
Ene-5
C 7
H-1 sidere, relativo ao espelho E2, C como o centro de curvatura, F, o
m
foco e V, o vértice. Em F, é colocada uma fonte pontual de luz. O foco do espelho está no ponto identificado pelo número:
Ene-3
C 3
H1
- a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 8.

29 (PUC-SP) Um estudante de física resolve brincar com espelhos


m esféricos e faz uma montagem, utilizando um espelho esférico
Ene-5
C 8
H-1 côncavo de raio de curvatura igual a 80 cm e outro espelho
V convexo de raio de curvatura cujo módulo é igual a 40 cm.
C F m
Ene-4
C 6 Os espelhos são cuidadosamente alinhados de tal forma que
H-1
foram montados coaxialmente, com suas superfícies refletoras
se defrontando e com o vértice do espelho convexo coinci-
E1 E2
dindo com a posição do foco principal do espelho côncavo.
O aluno, então, colocou cuidadosamente um pequeno objeto
Considere que a luz sofre dupla reflexão, primeiramente no no ponto médio do segmento que une os vértices desses dois
espelho E1 e, posteriormente, no espelho E2. Analise as afir- espelhos. Determine, em relação ao vértice do espelho conve-
mações a seguir e conclua. xo, a distância, em centímetros, da imagem formada por esse
( ) A distância focal do espelho esférico é de 30 cm. espelho ao receber os raios luminosos que partiram do objeto
( ) Considerando a primeira reflexão, pode-se afirmar que a e foram refletidos pelo espelho côncavo, e classifique-a.
distância da imagem ao vértice do espelho E2 é de 90 cm. a) 16 cm, virtual e direita. d) 40 cm, virtual e direita.
( ) Após a segunda reflexão, pode-se afirmar que a nova b) 16 cm, virtual e invertida. e) 13,3 cm, virtual e invertida.
imagem está a uma distância em relação à primeira ima- c) 40 cm, real e direita.
gem igual a 30 cm.
30 (Uerj) Um lápis é colocado perpendicularmente à reta que
( ) Após a segunda reflexão, pode-se afirmar que a distância
m contém o foco e o vértice de um espelho esférico côncavo.
da fonte pontual de luz à sua imagem é igual a 15 cm. Ene-4
C 6
H1
- Considere os seguintes dados:
( ) Após a segunda reflexão, observa-se que a imagem for- comprimento do lápis 5 10 cm;
mada no espelho E2 é virtual e está posicionada a 45 cm distância entre o foco e o vértice 5 40 cm;
à direita do vértice. distância entre o lápis e o vértice 5 120 cm.
Calcule o tamanho da imagem do lápis.
27 (UEM-PR) Um objeto real, direito, de 5 cm de altura, está localiza-
m
Ene-5
do entre dois espelhos esféricos, um côncavo (R 5 10 cm) e um 31 (UPE) Um objeto foi colocado sobre o eixo principal de um
C 8
H-1 convexo (R 5 30 cm), sobre o eixo principal desses espelhos. O m espelho côncavo de raio de curvatura igual a 6,0 cm. A partir
Ene-4
m
objeto está a uma distância de 30 cm do espelho convexo e de C 6
H-1 disso, é possível observar que uma imagem real foi formada
Ene-4
C 6
H-1
10 cm do espelho côncavo. Com relação às características das a 12,0 cm de distância do vértice do espelho. Dessa forma, é
imagens formadas nos dois espelhos e ao aumento linear trans- correto afirmar que o objeto encontra-se a uma distância do
versal, analise as alternativas a seguir e assinale o que for correto. vértice do espelho igual a:
(01) A imagem formada no espelho convexo é virtual, direita a) 2,0 cm. c) 5,0 cm. e) 8,0 cm.
e menor que o objeto. b) 4,0 cm. d) 6,0 cm.

40 Ótica: a reflexão da luz


32 Um objeto O está colocado diante de um espelho esférico, de
m centro C e foco F. Assinale, na figura deste problema, o diagrama
Ene-5
C 7
H-1 que nos permite localizar corretamente a imagem I do objeto.
a) O
O
O O E

FF
F 1m 10 m
F
C
C
C
C IIII Fora de escala

Qual é a medida encontrada por Pedro para a altura da árvore?


b)
O
O
O
O b) Posiciona o espelho E verticalmente em um suporte, 1 m
à sua frente, e fica entre ele e a árvore, de costas para ela,
C
C
C F
F
F
C F a uma distância de 16 m, conforme mostra a figura.
IIII

c) O
O
O
O
E
CC
C FF
F
C F
IIII 16 m 1m

Fora de escala

d) Qual é a altura mínima do espelho utilizado para que Pedro


O
O
O
O consiga avistar inteiramente a mesma árvore?
CC
C FF
F
C F

IIII 2 Um objeto O está situado entre dois espelhos planos perpen-


m diculares entre si. Os pontos A, B e C, mostrados na figura
Ene-5
C 7
H1
- deste problema, representam as posições das imagens do
e) O
O
O
O m
objeto O fornecidas pelos espelhos.
Ene-3
C 3
CC H-1 C
C
C θθ
θ
θθ
θ
θ
III
I

60 cm
33 O espelho usado por um dentista para observar com detalhes
os dentes de uma pessoa tem distância focal igual a 2,5 cm.
A
a) Esse espelho deve ser plano, côncavo ou convexo? Explique. 80 cm

b) Qual o aumento que esse espelho fornece de um dente


B
situado a 1,5 cm dele?
a) Localize na figura a posição do objeto O e calcule sua dis-
PARA APRIMORAR tância à imagem B.
b) Desenhe na figura as posições dos dois espelhos.
1 (UFTM-MG) Pedro tem 1,80 m de altura até a linha de seus
m olhos. Muito curioso, resolve testar seu aprendizado de uma 3 Um espelho plano pode ser considerado um caso particular
Ene-5
C 7 aula de física, levando um espelho plano E e uma trena até de um espelho esférico.
FRENTE B
H-1

m
uma praça pública, de piso plano e horizontal, para medir a al- a) Sob esse ponto de vista, qual seria o valor do raio de cur-
Ene-3
C 3 tura de uma árvore. Resolve, então, usar dois procedimentos: vatura e da distância focal de um espelho plano?
H-1
a) Posiciona horizontalmente o espelho E no chão, com a b) Usando a equação dos espelhos esféricos e considerando
FÍSICA

face refletora voltada para cima, de modo que a reflexão a resposta da questão anterior, determine a relação entre
dos raios de luz provenientes do topo da árvore ocorra a Di e Do para um espelho plano.
uma distância de 10 m da sua base e a 1 m de distância c) O resultado que você encontrou em b confirma o estudo
dos pés do menino, conforme mostra a figura. dos espelhos planos feito neste módulo?

Ótica: a reflexão da luz 41


Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Revisão”. As resolu-
ções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

REVISÃO As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

1 (Cefet-PE) Num dia em que o Sol está visível, um aluno c)


m do Cefet-PE, com 1,80 m de altura, mede a sua sombra,
Ene-4
C 6
H 1 encontrando 1,20  m. Se, naquele instante, a sombra de
-

um edifício nas proximidades medisse 9,0 m, a altura do


edifício seria:

H
d)

1,20 m 9,0 m

a) 10,50 m.
b) 11,40 m.
c) 12,00 m.
d) 13,50 m.
e) 15,00 m.
3 (PUCC-SP) Uma pessoa se coloca na frente de uma câma-
2 (AFA-SP) Um objeto luminoso é colocado em frente ao ori- m ra escura, a 2 m do orifício dessa câmara, e a sua imagem
Ene-5
C 7
fício de uma câmara escura, como mostra a figura abaixo. H1
- que se forma no fundo dela tem 6 cm de altura. Para que
nem
E -5
C 7
H-1 m
ela tenha 4 cm de altura, essa pessoa, em relação à câme-
Ene-4
C 6 ra, deve:
H-1
a) afastar-se 1 m.
b) afastar-se 2 m.
c) afastar-se 3 m.
d) aproximar-se 1 m.
e) aproximar-se 2 m.
A Espelho

Do lado oposto ao orifício é colocado um espelho plano 4 (Mack-SP) Um estudante interessado em comparar a
com sua face espelhada voltada para o anteparo trans- m distância da Terra à Lua com a distância da Terra ao
Ene-5
C 7
lúcido da câmara e paralela a este, de forma que um ob- H1
- Sol, comumente chamada unidade astronômica (uA),
servador em A possa visualizar a imagem do objeto esta- m
implementou uma experiência da qual pôde tirar al-
Ene-4
belecida no anteparo pelo espelho. Nessas condições, a C 6 gumas conclusões. Durante o dia, ele verificou que, em
H-1
configuração que melhor representa a imagem vista pelo uma das paredes de sua sala de estudos, havia um pe-
observador através do espelho é: queno orifício, pelo qual passava a luz do Sol, propor-
a) cionando na parede oposta a imagem do astro. Numa
noite de Lua cheia, observou que, pelo mesmo orifício,
passava a luz da Lua, e a imagem do satélite da Ter-
ra tinha praticamente o mesmo diâmetro da imagem
do Sol. Como, por intermédio de outra experiência, ele
havia concluído que o diâmetro do Sol é cerca de 400
vezes o diâmetro da Lua, a distância da Terra à Lua é de
b) aproximadamente:
a) 1,5 ? 1023 uA.
b) 2,5 ? 103 uA.
c) 0,25 uA.
d) 2,5 uA.
e) 400 uA.

42 Ótica: a reflexão da luz


5 (UEM-PR) Um homem, de 1,80 m de altura, está parado ocultaria o Sol. O estudante faria as observações, pro-
m sobre uma superfície plana a 2,0 m de um espelho pla- tegendo devidamente sua vista, quando o centro do
Ene-5
C 8
H 1 no que está à sua frente. Ele observa no espelho toda a
- Sol e o do balão estivessem verticalmente colocados
m
extensão de seu próprio corpo, dos pés à cabeça, e um sobre ele, num dia de céu claro. Considere as afir-
Ene-4
C 6 poste, de 2 m de altura, disposto 3 m atrás de si. Com
H-1 mações abaixo, em relação aos possíveis resultados
base nessas informações, some as alternativas que fo- dessa proposta, caso as observações fossem realmen-
rem corretas. te feitas, sabendo-se que a distância da Terra ao Sol
(01) A imagem observada pelo homem no espelho plano é de 150 ? 106 km e que o Sol tem um diâmetro de
é direita, virtual, igual e enantiomorfa. 0,75 ? 106 km, aproximadamente.
(02) O espelho possui uma altura mínima de 90 cm. I. O balão ocultaria todo o Sol, e o estudante não veria
(04) Se o homem der um passo para a frente, diminuindo diretamente nenhuma parte do Sol.
sua distância em relação ao espelho em 40 cm, ele
II. O balão é pequeno demais, portanto o estudante con-
não observará mais sua imagem, dos pés à cabeça,
tinuaria a ver diretamente partes do Sol.
no espelho plano.
III. O céu ficaria escuro para o estudante como se fosse
(08) A distância do poste até a imagem do homem, for-
noite.
mada no espelho plano, é de 5,0 m.
(16) A distância do homem à sua imagem, formada no Está(ão) correta(s):
espelho plano, é o dobro da distância do homem até a) I.
o espelho. b) II.
c) III.
6 (Unicamp-SP) A figura abaixo mostra um espelho retrovi- d) I e II.
m sor plano na lateral esquerda de um carro. O espelho está
e) II e III.
Ene-5
C 7
H-1 disposto verticalmente e a altura do seu centro coincide

com a altura dos olhos do motorista. Os pontos da figura 8 (Fuvest-SP) Um espelho plano, em posição inclinada, for-
m ma um ângulo de 45° com o chão. Uma pessoa observa-
pertencem a um plano horizontal que passa pelo centro Ene-5
C 8
do espelho. Nesse caso, os pontos que podem ser vistos H-1 -se no espelho, conforme a figura.
pelo motorista são: A flecha que melhor representa a direção para a qual essa
pessoa deve dirigir seu olhar, a fim de ver os sapatos que
está calçando, é:
Espelho
retrovisor

B
Olhos do
6 motorista
9 C
3

5 E
8

1 7

45°

FRENTE B
a) 1, 4, 5 e 9. c) 1, 2, 5 e 9.
b) 4, 7, 8 e 9. d) 2, 5, 6 e 9.

7 (Fuvest-SP) Em agosto de 1999, ocorreu o último eclip- a) A.


FÍSICA

m se solar total do século. Um estudante imaginou, en- b) B.


Ene-5
C 7
H-1 tão, uma forma de simular eclipses. Pensou em usar c) C.
m um balão esférico e opaco de 40 m de diâmetro que, d) D.
Ene-5
C 9
H-1 quando seguro por uma corda a uma altura de 200 m, e) E.

Ótica: a reflexão da luz 43


9 (UFG-GO) A figura a seguir representa um dispositivo ótico constituído por um laser, um espelho fixo, um espelho giratório e um
m detector. A distância entre o laser e o detector é d 5 1,0 m, entre o laser e o espelho fixo é h 5 3 m e entre os espelhos fixo e
Ene-5
C 8
H 1 giratório é D 5 2,0 m.
-

m
Ene-2
C 8 D
H-

fix elho
p
m

o
Ene-4
a b

Es
C 6
H-1

Espelho
giratório

Laser Detector

Sabendo-se que a 5 45°, o valor do ângulo b para que o feixe de laser chegue ao detector é:
a) 15°. c) 45°. e) 75°.
b) 30°. d) 60°.

10 (UEM-PR) Na noite de réveillon de 2013, Lucas estava usando uma camisa com o ano estampado nela. Ao visualizá-la através
m da imagem refletida em um espelho plano, o número do ano em questão observado por Lucas se apresentava da seguinte
Ene-5
C 8
H-1 forma:
a) 3102 c) 2013
b) 3102 d) 3102

11 (UFRGS-RS) Nos diagramas abaixo, O representa um pequeno objeto luminoso que está colocado diante de um espelho
m plano P, perpendicular à página, ambos imersos no ar; I representa a imagem do objeto formada pelo espelho, e o olho
Ene-5
C 7
H 1 representa a posição de quem observa a imagem.
-

Qual dos diagramas abaixo representa corretamente a posição da imagem e o traçado dos raios que chegam ao observador?
a) P c) P e) P

O O I O I

b) P d) P

O I O I

44 Ótica: a reflexão da luz


12 (Fuvest-SP) Um pequeno holofote H, que pode ser considerado como fonte pontual P de luz, projeta, sobre um muro vertical,
m uma região iluminada, circular, definida pelos raios extremos A1 e A2. Desejando obter um efeito especial, uma lente conver-
Ene-5
C 7
H 1 gente foi introduzida entre o holofote e o muro. No esquema a seguir estão indicadas as posições da fonte P, da lente e de
-

m seus focos f. Estão também representados, em tracejado, os raios A1 e A2, que definem verticalmente a região iluminada antes
Ene-3
C 3
H-1 da introdução da lente.

g
H A1
P
A2
Muro

Vista de frente
Lente convergente
A1

A1
P
f f

A2

A2

Muro

Para analisar o efeito causado pela lente, represente, no esquema acima:


a) O novo percurso dos raios extremos A1 e A2, identificando-os, respectivamente, por B1 e B2. (Faça a lápis as construções
necessárias e com caneta o percurso solicitado.)
b) O novo tamanho e formato da região iluminada, na representação vista de frente, assinalando as posições de incidência
de B1 e B2.

13 (Fuvest-SP) Um holofote é constituído por dois espelhos côncavos E1 e E2 de modo que a quase totalidade da luz emitida por
m uma lâmpada L seja projetada pelo espelho maior E1, formando um feixe de raios quase paralelos.
Ene
C-5 7
H-1
E1

L E2

Nesse arranjo, os espelhos devem ser posicionados de forma que a lâmpada esteja aproximadamente:
a) nos focos dos espelhos E1 e E2. d) nos centros de curvatura de E1 e E2.
FRENTE B
b) no centro de curvatura de E2 e no vértice de E1. e) no foco de E1 e no centro de curvatura de E2.
c) no foco de E2 e no centro de curvatura de E1.

14 (EEAR-SP) O satélite artificial Hubble possui um telescópio que usa um espelho para ampliar as
FÍSICA

m imagens das estrelas.


Ene-5
C 8
H-1 a) plano c) convexo
b) côncavo d) plano, com inclinação variável

Ótica: a reflexão da luz 45


15 (Cefet-MG) Diversos tipos de espelhos podem ser utiliza- c) imprópria quando o objeto estiver sobre o centro de
m dos em aparelhos tais como telescópio, binóculos e mi- curvatura.
Ene-5
C 7
H 1 croscópios. A figura a seguir representa um objeto punti-
- d) virtual somente no instante em que o objeto estiver
forme em frente a um espelho plano. sobre o foco.
Espelho 1
plano 17 (Fatec-SP) As superfícies esféricas e refletoras têm inúme-
Objeto m ras aplicações práticas no dia a dia. Os espelhos convexos,
Ene-5
3 4 C 8
H 1 que são usados em retrovisores de moto, ônibus e entra-
-

das de lojas comerciais, prédios e elevadores, têm como


2
finalidade:
a) aumentar o campo visual e formar imagens reais e
maiores.
Considerando-se a reflexão da luz nesse espelho, prove- b) aumentar o campo visual e formar imagens virtuais e
niente do objeto, sua imagem será formada na região. maiores.
a) 1. c) 3. c) aumentar o campo visual e formar imagens virtuais e
b) 2. d) 4. menores.
d) diminuir o campo visual e formar imagens virtuais e
16 (UERN) Um objeto que se encontra em frente a um es- menores.
pelho côncavo, além do seu centro de curvatura, passa a e) diminuir o campo visual e formar imagens virtuais e
se movimentar em linha reta de encontro ao seu vértice. maiores.
Sobre a natureza da imagem produzida pelo espelho, é
correto afirmar que é: 18 É desejável que, ao se barbear, uma pessoa possa perce-
a) real durante todo o deslocamento. m ber maiores detalhes em seu rosto. Para isso, ela deveria
Ene-6
b) real no trajeto em que antecede o foco. C 1
H-2 usar um espelho côncavo, convexo ou plano? Explique.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALONSO, M.; FINN, E. J. Física. Madrid: Addison-Wesley, 1999.
ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000.
GRUPO de reelaboração do ensino de física (Gref). Física. São Paulo: Edusp, 1990. v. 2.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2001.
MOTOYAMA, S. História da ciência: perspectiva científica. São Paulo: Gráfica Cairu, 1974.
POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Edusp, 1974.
PRICE, D. de S. O homem e a ciência: a ciência desde a Babilônia. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976.
SPEYER, E. Seis caminhos a partir de Newton. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
TIPLER, P. A. Física. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1978.

46 Ótica: a reflexão da luz


MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

AGE FOTOSTOCK/KEYSTONE BRASIL

Fig. 1 – Forno solar de Odeillo,


nos Pireneus Orientais.

Os Pireneus são uma cordilheira formada durante o período 1 Assinale a alternativa que melhor explica os caminhos óticos
terciário, situada entre a França e a Espanha, que se estende por mais dos feixes de luz solar quando estes incidem nos heliostatos e
de 400 km de comprimento desde o Golfo da Biscaia, no oceano são refletidos no conjunto refletor – coletor do forno solar de
Atlântico, até o mar Mediterrâneo. Palco de inúmeras batalhas, so- Odeillo. e
mente em 1659 a cordilheira passou a ser fronteira natural entre o a) Quando um feixe de luz paralelo proveniente dos heliostatos
reino espanhol e o francês, quando foi assinado o Tratado dos Pi- incide sobre os espelhos planos do refletor cuja configuração
reneus. Os Pireneus são divididos em: Pireneus Atlânticos, Pireneus torna-o um gigante espelho esférico, os raios refletidos pelo
Centrais e Pireneus Orientais. Os Pireneus Atlânticos são formados refletor convergem para o centro de curvatura do espelho
pelas encostas da cadeia de montanhas que vão perdendo altitude, esférico, onde está posicionada a torre do coletor.
com suas florestas verdes e inúmeros rios, até atingir o oceano Atlân- b) Quando um feixe de luz paralelo proveniente dos heliostatos
tico, região onde predomina a pesca. Devido ao clima oceânico com incide sobre os espelhos esféricos do refletor cuja configura-
chuvas abundantes, a região se destaca pelo cultivo de uva e milho. ção torna-o um gigante espelho esférico, os raios de luz que
Com largura de 130 km, os Pireneus Centrais constituem a região de incidem paralelamente e próximos ao eixo principal são re-
maior altitude, e nela estão localizados os maciços graníticos acima fletidos passando por uma região sobre o eixo denominada
de 2 000 m que estão constantemente cobertos de neve, como o foco, onde está posicionada a torre do coletor.
Pico Aneto (3 404 m) e o Pico Poseto (3 371 m). A base da economia c) Quando um feixe de luz paralelo proveniente dos heliostatos
dos Pireneus Centrais é a pecuária de ovinos, entretanto, o relevo incide sobre os espelhos planos do refletor cuja configura-
acidentado permitiu a construção de hidrelétricas e a instalação de ção torna-o um gigante espelho convexo, os raios refletidos
tecelagens, indústrias químicas e até metalúrgicas na região. Os Pire- pelo refletor são desviados, afastando-se do eixo principal,
neus Orientais são formados por maciços elevados, como o Pico Car- de modo que a posição de seu foco é obtida pelo prolonga-
litte (2 921 m), intercalados por planícies de baixas altitudes. Devido mento desses raios, onde está posicionada a torre do coletor.
ao clima mediterrânico, na encosta leste há predomínio da agricul- d) Quando um feixe de luz paralelo proveniente dos heliostatos
tura e a pequena atividade industrial se concentra em Barcelona. incide sobre os espelhos côncavos do refletor cuja configu-
Em Perpignan, nos Pireneus Orientais, está o forno solar de Odeillo ração torna-o um gigante espelho parabólico, os raios refle-
(figura 1) com potência térmica de 1 000 W/m2. Inaugurado em 1969, tidos pelo refletor convergem para o centro de curvatura do
ele possui 63 espelhos planos (heliostatos) que acompanham automa- espelho parabólico, onde está posicionada a torre do coletor.
ticamente a inclinação dos raios solares, concentrando a luz em um e) Quando um feixe de luz paralelo proveniente dos heliostatos
refletor. O refletor é formado por 9 500 espelhos planos individuais dis- incide sobre os espelhos planos do refletor cuja configuração
tribuídos em um edifício de oito andares, e sua função é focalizar os torna-o um gigante espelho parabólico, os raios refletidos
raios solares no coletor que está localizado na torre em frente ao refletor, pelo refletor convergem para o foco do espelho parabólico,
fazendo-o alcançar temperatura da ordem de 4 000 °C. onde está posicionada a torre do coletor.

47
QUADRO DE IDEIAS

Direção editorial: Renata Mascarenhas


Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Luz Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Carvalho
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Propagação, raios Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
Propriedades Espelhos (coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
e feixes
Tayra Alfonso, Vanessa Lucena.
Edição de Arte: Kleber de Messas
Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Raios divergentes, Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Reflexão Fernando Vivaldini
convergentes ou ^ ^ Planos Esféricos Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
i5r
paralelos Ilustrações: Ideario Lab, Ilustra Cartoon
Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita
Telescópio e Guedes

Eclipse do holofote Colaboraram para esta Edição do Material:


Difusão Projeto Sistema SESI de Ensino
Sol e da Lua Gestão do Projeto: Thiago Brentano
Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
Côncavo ou Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane

Câmara escura de convexo Botelho e Valdete Reis


Revisão: Juliana Souza
orifício Independência Diagramação: lab 212
dos raios Capa: lab 212
Imagem de Ilustração de capa: Aurielaki/ Golden Sikorka/
um objeto Sentavio/ Macrovector/ Shutterstock
Consultores:
extenso Coordenação: Dr. João Filocre
Física: Dr. Arthur Eugênio Quintão Gomes e Dr. Dácio
Guimarães de Moura
SESI DN
Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi
Equação dos Ramacciotti
espelhos Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira
Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
15 1 1 1 Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga
f Do Di dos Santos
Todos os direitos reservados por SOMOS Educação S.A.
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Pinheiros – São Paulo – SP
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(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de 1


a 12 : exatas, biológicas : aluno. -- 2. ed. -- São Paulo:
Ática, 2017.

Vários autores.

1. Biologia (Ensino médio) 2. Física (Ensino médio)


3. Matemática (Ensino médio) 4. Química
(Ensino médio).

16-08187 CDD-373.19

Índice para catálogo sistemático:


1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino médio 373.19
2016
ISBN 978 85 08 18346 3 (AL)
ISBN 978 85 08 18350 0 (PR)
2ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação
QUÍMICA FRENTE A

Martha Reis

ELETROQUÍMICA II
1 Baterias ou acumuladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
2 Descarte de pilhas e baterias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
3 Eletrólise ígnea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4 Eletrólise em meio aquoso e descarga de íons . . . . 25
5 Os diferentes casos de eletrólise
em meio aquoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
6 Outras aplicações de eletrólise . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7 Exercícios sobre eletrólise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
8 Leis de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
9 Exercícios sobre a aplicação das leis de Faraday . . 52
2137687 (AL)
MÓDULO
Eletroquímica II

A galvanoplastia, nome que homenageia o cientista Luigi Galva-


ni, além de ter a função de proteger peças metálicas da ação corrosiva
do ambiente, também as torna mais bonitas já que, muitas vezes, elas
passam a ter a mesma aparência de metais nobres cobiçados, como
prata e ouro. Mas esse processo tem um alto custo ambiental e social.
Na eletrodeposição do zinco, do ouro e da prata, por exemplo,
usa-se o cianeto, que é extremamente tóxico. As pessoas que traba-
lham em galvanoplastia ficam sujeitas a doenças ocupacionais devido
à exposição do organismo a névoas ácidas e/ou básicas contendo
contaminantes metálicos e vapores de cianetos. Além disso, se os
efluentes da galvanoplastia não forem tratados adequadamente an-
tes de serem lançados ao meio ambiente – o que inclui a precipita-
ção dos íons metálicos e a oxidação do cianeto, CN12(aq), a cianato,
OCN1−(aq), que é menos tóxico –, os impactos ambientais do pro-
cesso podem ser graves.
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM
1 Em que consiste o processo de galvanoplastia?
2 Qual o impacto econômico do processo de
galvanoplastia?
3 Qual o impacto ambiental do processo de gal-
vanoplastia?

www.sesieducacao.com.br

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CAPÍTULO

1 Baterias ou acumuladores

Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos:
O QUE SÃO BATERIAS?
c Conhecer as diferentes Quando estudamos sistemas eletroquímicos, uma das primeiras dúvidas que surge é: “Qual a
formas de se diferença entre pilha, bateria e acumulador?”.
classificar os sistemas A rigor, o termo pilha deveria ser empregado a todo dispositivo constituído de apenas dois
eletroquímicos. eletrodos (um cátodo e um ânodo) e um eletrólito.
c Identificar os tipos de Por sua vez, o termo bateria deveria ser empregado para designar um dispositivo constituído
baterias usadas no
pela associação de duas ou mais pilhas ligadas entre si, em série ou em paralelo (conforme seja ne-
cotidiano. cessária maior ddp ou corrente elétrica, respectivamente).
FOTOS: SÉRGIO DOTTA JR./ARQUIVO DA EDITORA

Fig. 1 – Lâmpada ligada


a uma pilha.

Bateria de pilhas ligadas em série


ILUSTRAÇÕES: LUIS MOURA/
ARQUIVO DA EDITORA

Quatro pilhas de 1,5 V cada, ligadas em série, fornecem um potencial final quatro vezes maior
6,0 V que o gerado por uma única pilha de 6,0 V, mas a corrente elétrica é a mesma que a produzida por
uma única pilha.

1
Fig. 2 – Bateria de pilhas ligadas em série. 1 2
1 2
1 2
2
Fig. 3 – Quatro pilhas de
1,5 V ligadas em série
fornecem uma ddp de
6,0 V, por isso a lâmpada
aparece mais brilhante
nesta foto do que na
foto acima.

Bateria de pilhas ligadas em paralelo


Quatro pilhas de 1,5 V cada, ligadas em paralelo, fornecem um potencial final de 1,5 V, mas a
1,5 V
corrente elétrica é quatro vezes maior que a gerada por uma única pilha.
Atualmente, porém, principalmente no dia a dia, os termos pilha e bateria têm sido usados
indistintamente para descrever qualquer sistema capaz de converter energia química em elétrica.
Fig. 4 – Bateria de pilhas ligadas em O termo acumulador é usado para designar todo sistema capaz de armazenar energia química ao
paralelo. sofrer passagem de corrente elétrica.

4 Eletroquímica II
SISTEMAS ELETROQUÍMICOS PRIMÁRIOS Nas baterias automotivas,
E SECUNDÁRIOS as placas de chumbo revesti-
Outra maneira de classificar os sistemas eletroquímicos atualmente é separá-los em primários das de PbO2(s) são ligadas ao
ou secundários. conector positivo, e as placas
Sistema eletroquímico primário: não é recarregável. de chumbo metálico, ao co-
As reações químicas que constituem o sistema eletroquímico primário são irreversíveis. Uma vez nector negativo. As placas são
que elas se completam, o sistema para de funcionar. É o que ocorre, por exemplo, com a pilha seca montadas de maneira alterna-
ácida de Leclanché, a pilha seca alcalina e outros tipos de pilha como as de zinco/óxido de prata, da e separadas por papelão ou
de lítio/iodo ou de lítio/dióxido de manganês. plástico.
Sistema eletroquímico secundário: é recarregável. O conjunto é inserido
É possível reverter as reações químicas que constituem o sistema eletroquímico secundário pelo nos compartimentos e preen-
fornecimento de energia elétrica. chido com solução aquosa de
Energia química Energia elétrica ácido sulfúrico. A colocação
Dessa forma, eles podem ser reutilizados muitas vezes (de centenas a milhares de vezes, conforme do conjunto de placas em
a tecnologia envolvida). cada compartimento é tal que
Um parâmetro para que um sistema eletroquímico seja considerado secundário é que ele deve os conectores das extremida-
ser capaz de suportar no mínimo 300 ciclos completos de carga e descarga com 80% da sua capa- des têm capacidade de forne-
cidade, como ocorre, por exemplo, com a bateria de níquel/cádmio e a bateria de automóvel de cer uma diferença de potencial
chumbo/óxido de chumbo. de 12 V.
Como o termo acumulador é usado para designar todo sistema capaz de armazenar energia
química ao sofrer passagem de corrente elétrica contínua, podemos dizer que toda pilha ou bateria
que pode ser recarregada – ou seja, todo sistema eletroquímico secundário – é um acumulador.

BATERIA DE AUTOMÓVEL
Uma bateria de automóvel é planejada para fornecer uma grande quantidade de corrente elé-
trica por um curto período de tempo, de modo que acione a partida do carro e os sistemas de
iluminação e rádio.
Ela é composta de um conjunto de seis células (ou pilhas).
Em geral, cada célula contém 11 eletrodos – 6 ânodos e 5 cátodos – arranjados de forma al-
ternada, começando e terminando por um ânodo e conectados entre si em paralelo, de modo que
cada célula forneça um potencial de cerca de 2 V.
As seis células são então conectadas umas às outras em série para aumentar o potencial elétrico,
fornecendo 12 V no total.
As reações que ocorrem durante a descarga da bateria, ou seja, durante a transformação quí-
mica, que produz energia, são as seguintes:

SÉRGIO DOTTA JR./THE NEXT


Ânodo – polo negativo – ocorre oxidação
Ocorre a oxidação do chumbo metálico a cátion chumbo II.
0 +2
Pb(s) + HSO41−(aq) + H2O(l) PbSO4(s) + H3O1+(aq) + 2 e−
Cátodo – polo positivo – ocorre redução
Ocorre a redução do cátion chumbo IV a chumbo II.
+4 +2
PbO2(s) + HSO41−(aq) + 3 H3O1+ (aq) + 2 e− PbSO4(s) + 5 H2O(l)
A equação global é fornecida pela soma das equações parciais:
Pb(s) + HSO1− (aq) + H2O(l) PbSO4(s) + H3O1+(aq) + 2 e−
FRENTE A
4
PbO2(s) + HSO41−(aq) + 3 H3O1+(aq) + 2 e− PbSO4(s) + 5 H2O(l)
Pb(s) + PbO2(s) + 2 HSO1−
4
(aq) + 2 H3O1+(aq) 2 PbSO4(s) + 4 H2O(l)
Fig. 5 – A bateria de automóvel é um
Como vimos anteriormente, essas reações de descarga da bateria de automóvel são reversíveis. exemplo de sistema secundário. A
QUÍMICA

As reações no sentido inverso não ocorrem espontaneamente, mas com a passagem de corrente energia química acumulada na bateria do
elétrica fornecida por um gerador de corrente contínua (alternador ou dínamo) que atua enquanto o automóvel é utilizada para dar a partida
no carro. Com o carro em funcionamento,
carro está em funcionamento, recarregando a bateria. Isso prolonga a vida útil da bateria de automóvel. o dínamo (ou alternador) fornece
Observe na equação global que, à medida que o processo se desenvolve, o ácido sulfúrico vai energia elétrica para carregar a bateria
sendo consumido, provocando uma diminuição na densidade da solução da bateria. novamente.

Eletroquímica II 5
Logo, é possível testar se a bateria se encontra ou não descarregada medindo-se a densidade
da solução com um densímetro.
A densidade da solução ácida quando a bateria está carregada é igual a 1,28 g/cm3, mas esse
valor vai diminuindo com o tempo conforme o uso. Se o teste com o densímetro acusar uma den-
sidade inferior a 1,20 g/cm3, a bateria está descarregada e, para usá-la novamente (recarregá-la), será
preciso fornecer energia para inverter as reações.
A tabela a seguir fornece mais alguns exemplos de baterias secundárias com as quais convi-
vemos diariamente.

Bateria Características físicas e/ou químicas Aplicações

Nobreak (Pb/H3O+)
REPRODUÇÃO/
ARQUIVO DA EDITORA

Fornece energia ininterrupta aos equipamentos, mesmo


É projetada para oferecer uma quantidade constante de corrente por um longo
na ausência total de energia proveniente da rede elétrica.
período de tempo. Também pode ser descarregada completamente várias vezes.
Nobreaks de baixa potência possuem autonomia de
Para conseguir isso, utiliza-se placas de chumbo mais espessas.
cerca de 15 minutos. Nobreaks de alta potência possuem
Por outro lado, sua vida útil diminui toda vez que é submetida a uma alta corrente.
autonomia de várias horas.

Ni-Cd
CHARLES D. WINTERS/
PHOTORESEARCHERS/LATINSTOCK

Apresenta uma voltagem constante de 1,4 V, longa duração e pode ser recarregada
até 4 000 vezes.
1 Cd(s) + 2 OH1−(aq) *( 1 Cd(OH)2(s) + 2 e− Aparelhos sem fio, como telefones, barbeadores,
2 NiO(OH)(s) + 2 H2O(l) + 2 e− *( 2 Ni(OH)2(s) + 2 OH1−(aq) ferramentas, câmeras de vídeo e brinquedos.

1 Cd(s) + 2 NiO(OH)(s) + 2 H2O(l) *( 1 Cd(OH)2(s) + 2 Ni(OH)2(s)

Ni-hidreto metálico
Semelhante às baterias de Ni-Cd, mas utiliza hidrogênio na forma de hidreto
REPRODUÇÃO/
ARQUIVO DA EDITORA

metálico em vez de cádmio (metal tóxico) em seu eletrodo negativo.


Aparelhos eletrônicos portáteis em substituição às
Equação global:
baterias de Ni-Cd.
*MH(s) + NiO(OH)(aq)  F M(s) + Ni(OH)2(aq)
Podem armazenar até 20 mA de carga por grama da liga.
*M é um composto intermetálico de fórmula AB5, em que A é uma mistura de
terras-raras (La, Ce, Nd, Pr) e B, um metal como Ni, Co, Mn e/ou Al.

Li-íon Aparelhos eletrônicos de alta tecnologia, como notebook,


Ânodo: íons lítio intercalados na estrutura em forma de lâminas do composto
KRISTOFERB/
WIKIPEDIA/
WIKIMEDIA
COMMONS

celular, smartphones, câmeras digitais, veículos elétricos.


LiCoO2. Cátodo: íons lítio intercalados entre as estruturas hexagonais da grafita, LiC6.
Pode sofrer danos permanentes (ou explodir) quando
O eletrólito é constituído de sais de lítio, LiClO4, dissolvidos em solventes orgânicos.
exposta a altas temperaturas.

Combustível A eletricidade é obtida, com grande eficiência, da energia liberada em reações de


REPRODUÇÃO/
ARQUIVO DA EDITORA

combustão:
H2(g) + 2 OH1−(aq) *( 2 H2O(l) + 2 e−
Utilizada principalmente na indústria e também como
1
O2(g) + 1 H2O(l) + 2 e− *( 2 OH1−(aq) fonte de energia em algumas espaçonaves tripuladas,
2
como a Gemini e a Apollo.
1
H2(g) + O (g) *( H2O(l)  dE 5 0,9 V
2 2
Não gera poluentes, apenas água.

6 Eletroquímica II
As competências e habilidades do Enem estão indicadas em questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique aos alunos que a utilidade deste
“selo” é indicar o número da(s) competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja área de conhecimento está diferenciada por cores (Linguagens: la-
ranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Matemática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência do Enem está disponível no portal.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

(Ufscar-SP) A obtenção de novas fontes de energia tem sido vimento dessa tecnologia tem recebido apoio mundial, uma
m
Ene-7
C 6
um dos principais objetivos dos cientistas. Pesquisas com cé- vez que tais células poderão ser utilizadas em veículos muito
H-2
lulas a combustível para geração direta de energia elétrica menos poluentes que os atuais, sem o uso de combustíveis
vêm sendo realizadas, e, entre as células mais promissoras, fósseis.
destaca-se a do tipo PEMFC (Proton Exchange Membran Fuel 2 H1+(aq) + 2 e− ⎯⎯→ H2(g) E° 5 0,0 V
Cell), representada na figura. 1 O (g) + 2 H1+(aq) + 2 e− ⎯⎯→ H O(l) E° 5 +1,2 V
2 2
2
Combustível: H2 Q (calor) Ar: O2
a) Para a pilha em questão, escreva as semirreações de oxi-
dação e redução e a reação global. Calcule a diferença de
potencial da pilha.
Eletrólito
b) Em qual compartimento se dá a formação de água?
Ânodo
H3O11
Cátodo RESOLUÇÃO:
a) Reações que ocorrem na pilha:
Ânodo: 1 H2(g) *( 2 H1+(aq) + 2 e−
Cátodo: 1 O (g) + 2 H1+(aq) + 2 e− *( H O(l)
Trabalho elétrico 2 2 2

Global: 1 H2(g) + 1 O2(g) *( H2O(l)


Esse tipo de célula utiliza como eletrólito um polímero sólido, 2
o Nafion. A célula opera de forma contínua, e os gases oxigê- ΔE°pilha 5 E°red. cátodo − E°red. ânodo
nio e hidrogênio reagem produzindo água, convertendo a ΔE°pilha 5 +1,2 − (−0,0) ⇒ ΔE°pilha 5 +1,2 V
energia química em energia elétrica e térmica. O desenvol- b) Ocorre a formação de água no cátodo.

PARA CONSTRUIR

1 (UFRN) As baterias secundárias de ácido-chumbo, utilizadas c) escrever e balancear a reação global do processo de oxir-
m nos automóveis, caracterizam-se por serem recarregáveis. redução.
Ene-5
C 8 Pb(s) + PbO2(s) + 2 H3O+(aq) + 2 HSO4−(aq) → 2 PbSO4(s) + 4 H2O(l)
H-1 Essas baterias consistem, fundamentalmente, de um ânodo
e de um cátodo imersos em uma solução aquosa de ácido 2 (UFPE) Uma bateria de telefone celular muito comum é a ba-
sulfúrico. Sabendo-se que as semirreações I e II que ocorrem m teria de níquel-hidreto metálico.
Ene-5
nos eletrodos da bateria ácido-chumbo são: C 8
H-1
Nessa bateria, a reação global, escrita no sentido de descarga,
I. Pb(s) + HSO4−(aq) + H2O(l) → PbSO4(s) + H3O+(aq) + 2 e−
é:
II. PbO2(s) + 3 H3O+(aq) + HSO4−(aq) + 2 e− → PbSO4(s) +
+ 5 H2O(l) NiO(OH) + MH → Ni(OH)2 + M
a) identificar a semirreação que ocorre, respectivamente, no onde M é um metal capaz de se ligar ao hidrogênio e formar
ânodo e no cátodo da bateria; um hidreto metálico, MH. A partir dessa equação química,
No ânodo ocorre a semirreação de oxidação: podemos afirmar que:
Pb(s) + HSO−4(aq) + H2O(l) → PbSO4(s) + H3O+(aq) + 2 e−

FRENTE A
No cátodo ocorre a semirreação de redução: (0) o estado de oxidação do hidrogênio em MH é +1.
PbO2(s) + 3 H3O+(aq) + HSO−4(aq) + 2 e− → PbSO4(s) + 5 H2O(l) (1) o NiO(OH) é o cátodo da célula.
b) indicar, para cada semirreação, a direção de descarga dos (2) o estado de oxidação do níquel em Ni(OH)2 é +2.
eletrodos; (3) para cada mol de Ni(OH)2 produzido, 2 mols de elétrons
QUÍMICA

Na semirreação I, o ânodo é o polo negativo e fornece elétrons para o são transferidos do ânodo para o cátodo.
circuito externo. Na semirreação II, o cátodo é o polo positivo e recebe
(4) o agente redutor da reação é o hidreto metálico, MH.
elétrons do circuito externo.

2. (0) Falsa. Nos hidretos o estado de oxidação do hidrogênio é −1.


(1) Verdadeira.
(2) Verdadeira.
(3) Falsa. O estado de oxidação do níquel varia de +3 no NiO(OH) para +2 no Ni(OH)2. Portanto, para cada mol de Ni(OH)2 produzido,
1 mol de elétrons é transferido para cada mol de Ni(OH)2 produzido.
(4) Verdadeira. Eletroquímica II 7
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

Com base no enunciado, assinale a alternativa correta.


PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR
a) Durante a descarga, o número de oxidação do cobalto
aumenta.
1 (PUC-SP) Dados: Cd2+(aq) + 2 e− → Cd(s) E° = −0,40 V b) O cobalto recebe elétrons, para haver a recarga da bateria.
m
Ene-5 Cd(OH)2(s) + 2 e− → Cd(s) + 2 OH−(aq) E° = −0,81 V c) No cátodo, o cobalto é reduzido durante a descarga.
C 8
H-1 Ni2+(aq) + 2 e− → Ni(s) E° = −0,23 V d) O íon de lítio se desloca para o cátodo, durante a descarga,
Ni(OH)3(s) + e− → Ni(OH)2(s) + OH−(aq) E° = +0,49 V devido à atração magnética.
As baterias de níquel-cádmio (“Ni-Cad”) são leves e recarre- e) O solvente utilizado entre os polos deve ser um líquido or-
gáveis, sendo utilizadas em muitos aparelhos portáteis como gânico apolar.
telefones e câmaras de vídeo. Essas baterias têm como carac-
terística o fato de os produtos formados durante a descarga se- PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
rem insolúveis e ficarem aderidos nos eletrodos, permitindo a
recarga quando ligada a uma fonte externa de energia elétrica. 1 (UFRGS-RS) Um acumulador de chumbo (bateria convencional)
Com base no texto e nas semirreações de redução forneci- m é uma célula galvânica que funciona através das semirreações
Ene-5
das, a equação que melhor representa o processo de descar- C 8
H-1 abaixo, cujos potenciais de redução estão especificados:
ga de uma bateria de níquel-cádmio é:
PbSO4(s) 1 H+ 1 2 e− → Pb 1 HSO4− E° 5 20,300 V
a) Cd(s) + 2 Ni(OH)3(s) → Cd(OH)2(s) + 2 Ni(OH)2(s)
b) Cd(s) + Ni(s) → Cd2+(aq) + Ni2+(aq) PbO2 1 3 H+ 1 HSO4− 1 2 e− → PbSO4(s) 1 2 H2O E° 5 1,630 V
c) Cd(OH)2(s) + 2 Ni(OH)2(s) → Cd(s) + 2 Ni(OH)3(s) Com base nesses dados, são feitas as seguintes afirmações:
d) Cd2+(aq) + Ni2+(aq) → Cd(s) + Ni(s) I. há deposição de PbSO4 no cátodo e no ânodo;
e) Cd(s) + Ni(s) + 2 OH−(aq) → Cd(OH)2(s) + Ni2+(aq) II. no processo, há consumo de ácido sulfúrico;
III. o dióxido de chumbo é empregado na constituição do
2 (UEL-PR) Baterias de íon-lítio empregam o lítio na forma iô- ânodo;
m
Ene-7
nica, que está presente no eletrólito pela dissolução de sais
C 6 IV. são necessárias seis células desse tipo ligadas em série para
H-2 de lítio em solventes não aquosos. Durante o processo de
a obtenção de uma tensão nominal aproximada de 12 V.
descarga da bateria, os íons lítio deslocam-se do interior da
estrutura que compõe o ânodo (grafite) até a estrutura que Quais estão corretas?
compõe o cátodo (CoO2), enquanto os elétrons se movem a) Apenas I e III. d) Apenas I, II e IV.
através do circuito externo. b) Apenas II e IV. e) I, II, III e IV.
c) Apenas IV.
e− e−
A 2 (UEPB) O gás hidrogênio e o gás oxigênio podem ser combi-
m
Ene-7
nados em uma célula de combustível para produção de eletri-
C 6
Li+ H-2 cidade, como nos veículos espaciais. O hidrogênio reage com
e− e− o íon carbonato, CO32−, para produzir dióxido de carbono, água
e elétrons em um eletrodo. No outro, o dióxido de carbono
e− reage com os elétrons e o oxigênio para formar novamente
e−
o íon carbonato. Apresente as semirreações balanceadas de
e−
oxidação e de redução, respectivamente, para a célula a com-
e−
bustível baseada em carbonato.
Eletrólito a) 2 CO2 + O2 + 4 e− → 2 CO32−
Polo negativo
(Li dissolvido em
+
Polo positivo
2 H2 + 2 CO32− → 2 CO2 + 2 H2O + 4 e−
solvente não aquoso)
(Cu como coletor (AI como coletor b) 2 CO2 + O2 + 4 e− → 2 CO32−
de corrente) LiyC6 LixCoO2 de corrente) H2 + CO32− → CO2 + H2O + 2 e−
c) H2 + CO32− → CO2 + H2O + 2 e−
Neste processo, o cobalto sofre uma alteração representada 2 CO2 + O2 + 4 e− → 2 CO32−
pela equação a seguir. d) 2 H2 + O2 → 2 H2O
+1 e) H2 + CO32− → CO2 + H2O + 2 e−
CoO2(s) + 1 Li+(solv.) + 1 e− *( LiCoO2(s) CO2 + O2 + e− → CO32−

8 Eletroquímica II
CAPÍTULO

2 Descarte de pilhas e baterias

Objetivos: Você já se perguntou qual o caminho percorrido pela pilha ou bateria que descartamos no lixo
doméstico?
c Conhecer as etapas Os caminhões da prefeitura coletam o lixo doméstico da cidade e o levam para uma estação
relacionadas com o de transbordo, ou seja, um ponto intermediário entre a coleta e a destinação final.
descarte de pilhas Da estação de transbordo, o lixo pode ir para um vazadouro, um aterro controlado ou, o que se-
e baterias e suas
ria ideal, um aterro sanitário. Vamos ver agora as principais características de cada um desses destinos:
consequências para o

ALEXANDRE TOKITAKA/PULSAR IMAGENS


meio ambiente.

c Compreender como se
processa a reciclagem
de pilhas e baterias.

Fig. 1 – Estação de transbordo de lixo no


bairro do Bom Retiro, São Paulo, SP (2011).

LIXÃO – VAZADOURO
Não há nenhuma preparação prévia do solo para receber o lixo.
O chorume (líquido preto que escorre do lixo) penetra na terra e pode atingir o lençol freático,
levando substâncias contaminantes.
O lixo fica a céu aberto, e o gás metano formado na decomposição de restos orgânicos polui o ar.
Mau cheiro intenso.
Presença de catadores, adultos e crianças.
Presença de aves, ratos, baratas, moscas e até criações para abate, como porcos e galinhas.

LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA


Urubus e outros
animais

Lixo

FRENTE A
Poluição

Chorume
QUÍMICA

Lençol freático
Fig. 2 – Ilustração esquemática
de um lixão.

Eletroquímica II 9
ATERRO CONTROLADO
É formado a partir da remediação do lixão.
Em geral, recebe uma cobertura de argila e grama e uma manta de PVC na área adjacente.
Possui instalação de dutos para captação do gás metano.
É equipado com um sistema de recirculação do chorume, que é coletado e levado para cima da
pilha de lixo.
O lixo passa a receber uma cobertura de terra.

ILUSTRAÇÕES: LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA


Recirculação
Captação e queima do chorume Cobertura
do gás metano diária

Lixo
novo
Lixo velho
Cobertura com
terra e grama

Manta de PVC
Chorume

Fig. 3 – Ilustração
esquemática de aterro Lençol freático
controlado.

ATERRO SANITÁRIO
O solo é nivelado e impermeabilizado (com manta de PVC e argila), o que o torna preparado para
Ao contrário do que se receber o lixo.
acredita, o material disposto O chorume é coletado e enviado para uma estação de tratamento antes de ser lançado ao meio
em um aterro sanitário não se ambiente.
decompõe com a velocidade O gás metano é captado e queimado no local.
prevista de, por exemplo: folha O lixo nunca fica exposto, recebendo uma cobertura diária de terra.
de papel, em 3 meses; palito de Não há mau cheiro.
fósforo, em 6 meses; goma de Não há catadores.
mascar, em 5 anos; garrafa plás- Não há proliferação de animais e insetos.
tica, em 120 anos. Na realidade,
demora muito mais do que isso.
Não há urubus, outros animais
Para que haja decomposição, é Captação e queima
ou mau cheiro
do gás metano
necessária a presença de água e
de oxigênio, mas a maioria dos Tratamento
aterros sanitários é mantida rela- Cobertura diária do chorume
tivamente seca (para evitar que
o chorume contamine as águas Lixo novo
Captação do
subterrâneas). Desse modo, a Terra virgem chorume
Vedação com
manta de PVC
quantidade de oxigênio que e argila
penetra nos resíduos é muito
pequena e a decomposição não
ocorre no tempo previsto.

Não há contaminação do lençol freático

Fig. 4 – Ilustração esquemática de aterro sanitário.

10 Eletroquímica II
A tabela a seguir mostra a situação da coleta e do destino do lixo (resíduos sólidos urbanos – RSU)
em alguns estados do Brasil:

RSU gerado RSU coletado Destinação final Lixo coletado


Estado
(t/dia) (t/dia) adequada (%) (kg/hab/dia)
AC 516 415 3 0,73 Analise a tabela ao lado e
AP 501 485 38,8 0,808
considere um estado qualquer;
o Acre, por exemplo.
AM 3 701 3 186 53,8 1,156 Ali são geradas 516 tone-
ladas de lixo por dia, e dessas
PA 5 625 4 579 26,9 0,881 somente 415 toneladas são co-
letadas;101  toneladas deixam
RO 1 181 880 6,6 0,770
de ser coletadas diariamente e
RR 328 274 10,2 0,794 se acumulam no ambiente.
Das 415 toneladas de lixo
TO 1 068 804 31,6 0,737 coletadas, apenas 3% tem uma
destinação final adequada; 97%,
AL 2 891 2 180 3,1 0,948
ou seja, 402,55 toneladas de lixo
BA 13 565 10 375 28,3 1,027 por dia vão parar em vazadou-
ros e permanecem ali contami-
CE 8 735 6 794 44,2 1,071 nando o solo e o lençol freático,
constituindo um risco à saúde
MA 5 733 3 805 31,2 0,918 de animais e de pessoas.
PB 3 215 2 601 29,7 0,916
Analise agora a situação do
seu estado.
PE 8 314 6 779 42,8 0,962 Você consegue diminuir a
sua cota diária de lixo?
PI 3 335 1 903 48,1 0,928

RN 2 644 2 290 27,3 0,929

SE 1 613 1 391 45,1 0,915

DF 4 039 3 951 33,3 1,596

GO 6 162 5 540 28,6 1,022

MT 2 989 2 381 24,5 0,958

MS 2 349 2 095 25,8 0,999

ES 2 891 2 507 63,1 0,856

MG 17 036 14 986 63,1 0,897

RJ 20 465 20 024 67,1 1,295

SP 55 742 54 650 76,2 1,382


FRENTE A
PR 8 206 7 450 69,1 0,831

RS 7 960 7 302 69,5 0,802


QUÍMICA

SC 4 285 3 956 71,3 0,754

G1. Sobe 6,8% produção de lixo no país, mas só 57% têm destino adequado,
24 abr. 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/04/
sobe-68-producao-de-lixo-no-pais-mas-so-57-tem-destino-adequado.html>.
Acesso em: 8 abr. 2015.

Eletroquímica II 11
MATEE NUSERM/SHUTTERSTOCK/
GLOW IMAGES
TOME NOTA
As vantagens da reciclagem em geral
O lixo domiciliar – de residências, bares, lanchonetes, restaurantes, repartições públicas,
lojas, supermercados, feiras e comércio – contém basicamente sobras de alimentos, embalagens
plásticas, papéis, papelões, metais, vidros, trapos, etc. Esse lixo é o que apresenta potencial de
reciclagem, ou seja, capacidade de voltar ao ciclo de produção do qual foi descartado.
Estima-se que atualmente sejam produzidas no Brasil cerca de 240 mil toneladas de lixo por
dia. Apenas 2% desse lixo é reciclado. Na Europa e nos Estados Unidos, 40% do lixo produzido
é reciclado.
Além de reduzir a quantidade de resíduos a ser tratada, a reciclagem ameniza problemas
ambientais graves, pois diminui a necessidade de extração de matéria-prima e reduz a poluição
atmosférica e das águas, além de economizar energia.
A coleta seletiva de lixo é uma das etapas do processo de reciclagem, pois permite a sepa-
ração de materiais recicláveis (papéis, vidros, latas e plásticos) do lixo orgânico.
Papel e papelão
Em 2009, 46% do papel que circulou no Brasil retornou à produção por meio da reciclagem.
Nesse ano, o consumo aparente de papel no país foi de 8,5 milhões de toneladas, e a quantidade
de aparas recicladas foi de 3,9 milhões de toneladas.
Essa reciclagem do papel diminuiu a poluição do ar em cerca de 73% e a das águas em cerca
de 44%. A economia de energia atingiu 71%.
Para fazer uma tonelada de papel, a indústria derruba vinte eucaliptos, que demoram sete
anos para crescer. Um estudo realizado pelo Midwest Research Institute, dos Estados Unidos,
mostrou que a reciclagem do papel poderia reduzir em até 100% a necessidade de matéria-prima
virgem, ou seja, o papel poderia ser novamente produzido sem que nenhuma árvore precisasse
ser derrubada.
Metais
O alumínio é o maior alvo da reciclagem de metais, já que é possível reduzir o consumo de
matéria-prima virgem em cerca de 90%. Em 2010, aproximadamente 98% da produção nacional
de latas de alumínio foi reciclada. A fabricação de latinhas recicladas polui 86% menos ar e 76%
menos água, garantindo uma economia de energia de 95%.
A energia gasta para reciclar uma tonelada de latas equivale a apenas 5% da necessária para
produzir a mesma quantidade de alumínio a partir da bauxita (minério utilizado na produção
do alumínio). Sem contar que, para obter uma tonelada de alumínio, a indústria metalúrgica
retira da natureza quatro toneladas de bauxita.
Vidro
O Brasil produz, em média, 980 mil toneladas de vidro por ano. A indústria brasileira utiliza
cerca de 47% de matéria-prima reciclada na forma de cacos. Parte desses cacos de vidro foi ge-
rada como refugo nas fábricas, e parte é fruto da coleta seletiva.
A reciclagem do vidro tem reduzido a extração de matéria-prima (areia) da natureza em até
55%, diminuindo a emissão de poluentes em 6% e o consumo de energia em 32%.
Plásticos
Em 2010, foram reciclados no Brasil 953 mil toneladas de plásticos (sendo 606 mil toneladas
de plásticos pós-consumo e o restante de plásticos industriais), representando um crescimento
de 2,5% em relação a 2009.
O maior mercado de reciclagem no Brasil é o da reciclagem primária, que se baseia
na regeneração de um único tipo de plástico separadamente. Esse mercado absorve 5% do
plástico consumido no país e, em geral, é associado à produção industrial pré-consumo, ou
seja, ao reaproveitamento das aparas produzidas na própria indústria durante a fabricação de
um produto.

12 Eletroquímica II
Roteiro de Estudos

Acesse o Material Comple-


mentar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto.

A reciclagem de pilhas e baterias de pilhas e baterias que podem estar fora do padrão de segurança.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrô- Além disso, ainda que a quantidade de substâncias tóxicas
nica (Abinee), são comercializados por ano no Brasil 1,2 bilhão de seja mínima em cada pilha vendida e esteja de acordo com a lei,
pilhas e 400 milhões de baterias de celular. são milhões de pilhas descartadas que, juntas, somam uma quan-
Assim como essa quantidade imensa chega às mãos do con- tidade considerável dessas substâncias.
sumidor, uma quantidade igualmente enorme acaba no lixo co- A reciclagem ou reaproveitamento das pilhas e baterias reali-
mum todos os anos. zada no Brasil é muito pequena.
A princípio isso não seria um problema já que, desde 2001, No caso específico de baterias automotivas, a reciclagem
uma nova legislação regulamenta a quantidade máxima de mate- no Brasil é feita em larga escala, atingindo índices de 99,5%. Isso
rial tóxico permitida em pilhas e baterias, como chumbo e cádmio. obedece a razões econômicas. Para as empresas, a reciclagem é
Dessa forma, alguns tipos de pilha – como as alcalinas –, lucrativa porque o chumbo precisa ser importado.
cujos níveis de resíduos tóxicos ficaram abaixo do limite estabe- Já a reciclagem responsável de pilhas e outros tipos de ba-
lecido no artigo 6o dessa lei, agora podem ser descartados dire- terias é um processo mais difícil e complexo. Assim como existe
tamente no lixo doméstico para serem encaminhados, segundo uma grande variedade de tipos e tamanhos de pilhas e baterias,
consta no artigo, a “aterros sanitários licenciados”. também existem vários processos diferentes para reciclagem.
O problema é que apenas 10% dos aterros brasileiros, segun- Empresas de baterias de celulares geralmente recolhem o ma-
do estimativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re- terial e o enviam para recicladoras fora do Brasil.
cursos Naturais Renováveis (Ibama), atendem a esse quesito. Existe apenas uma empresa do tipo em operação no Brasil,
Também é preciso considerar que nem todas as pilhas que que recicla cerca de 6 milhões de pilhas e baterias por ano, menos
compramos estão de acordo com o padrão. Segundo o Conselho de 1% do total comercializado.
Nacional do Meio Ambiente (Conama), cerca de 33% das pilhas e As imagens a seguir, cedidas por essa empresa, mostram re-
baterias existentes no país são provenientes de contrabando ou de sumidamente o procedimento geral utilizado na reciclagem de
outras origens, ou seja, temos em circulação cerca de 400 milhões baterias simples usadas em calculadoras.
FOTOS: REPRODUÇÃO/
SUZAQUIM INDÚSTRIAS QUÍMICAS

Fig. 5 – Descarregamento, seleção e separação. Produtos Fig. 6 – Triagem de pilhas para corte posterior. A carcaça de
semelhantes são separados para serem enviados ao processo plástico é separada do restante. O plástico é enviado para ser
adequado. reciclado por outras empresas.

FRENTE A
QUÍMICA

Fig. 7 – Moagem. É onde ocorre a separação de alguns metais, Fig. 8 – Reator químico. O pó químico passa por reações de
como o aço do chamado pó químico (resíduo da pilha gasta). precipitação formando diferentes compostos químicos.

Eletroquímica II 13
FOTOS: REPRODUÇÃO/
SUZAQUIM INDÚSTRIAS QUÍMICAS

Fig. 9 – Filtragem e prensagem. Com filtros e prensa, é feita Fig. 10 – Calcinador. Forno em que Fig. 11 – Nova moagem. Os sólidos
uma nova separação entre líquidos e sólidos. os sólidos são calcinados. calcinados passam por outra moagem.

Fig. 12 – Produto final. São obtidos sais e óxidos metálicos usados Fig. 13 – Lavador de gases: controla as emissões que não poluam o
por indústrias de tintas, cerâmicas e outras. meio ambiente.

Projeto de Pesquisa

Acesse o Material Complementar disponível


no Portal e aprofunde-se no assunto.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

(Cefet-PR) O mercúrio, o cádmio e o chumbo são metais ex- As pilhas de mercúrio são usadas em relógios e cronômetros.
m tremamente tóxicos. Afetam o sistema nervoso central, o fí- As reações que ocorrem nessas pilhas são:
Ene-3
C 2
H-1 gado, os rins, os pulmões e são biocumulativos. Esses metais Zn(s) # Zn2+(aq) + 2 e−
estão presentes nas baterias do tipo zinco-carbono e alcali- HgO(s) + H2O(l) + 2 e− # Hg(l) + 2 OH−(aq)
m
Ene-7 nas, que contêm de 0,025 a 1% de mercúrio, nas pilhas de
C 4
H2
- De acordo com as reações acima, o que é correto afirmar?
níquel-cádmio, no “botão” de mercúrio e nas pequenas bate- a) Quando a pilha está fornecendo energia, os elétrons par-
rias de chumbo. As pilhas ou baterias são usadas em rádios tem do eletrodo de zinco.
portáteis, brinquedos, controles remotos, telefones celulares, b) Quando a pilha está em funcionamento, as quantidades
aparelhos auditivos, entre outros. de Zn(s) e de Hg(l) diminuem.
A produção brasileira anual é de cerca de 800 milhões de pi- c) O eletrodo de HgO(s) é o ânodo.
lhas. O destino final das pilhas no Brasil ainda são os lixões ou d) Quando a pilha está em funcionamento, as quantidades
aterros sanitários, contaminando o solo, os cursos de água, de Zn(s) e de Hg(l) aumentam.
o lençol freático, a flora e a fauna, devido ao vazamento dos
metais tóxicos, que chegam ao ser humano através das teias RESOLUÇÃO:
alimentares. Porém, já está em vigor, desde 1o de julho de Quando a pilha está em funcionamento (fornecendo ener-
2000, a resolução n. 257/99 do Conama, que obriga os fa- gia), os elétrons partem do ânodo (eletrodo de zinco) e se
bricantes a receberem as pilhas após o seu uso, bem como dirigem ao cátodo (eletrodo de HgO).
tratá-las adequadamente. Alternativa a.

14 Eletroquímica II
PARA CONSTRUIR

1 (UEL-PR) Ainda hoje, muitos trabalhadores exercem suas atividades sem os devidos equipamentos de proteção e segurança. As
m substâncias mais comuns que podem contaminar o trabalhador em cortumes, garimpos de ouro, refinarias de petróleo e fábricas
Ene-7
C 7
H-2 de baterias automotivas apresentam, respectivamente, em sua composição: e
a) mercúrio, enxofre, crômio, chumbo. Principais poluentes presentes:
• cortumes – crômio;
b) chumbo, crômio, mercúrio, enxofre. • garimpos de ouro – mercúrio (é usado para amalgamar o ouro residual do garimpo e, assim,
c) enxofre, mercúrio, crômio, chumbo. aumentar o rendimento do processo);
d) crômio, enxofre, chumbo, mercúrio. • refinarias de petróleo – enxofre;
e) crômio, mercúrio, enxofre, chumbo. • fábricas de baterias automotivas – chumbo (usado como eletrodo nas baterias).

2 (PUCC-SP) Baterias e pilhas usadas são em geral jogadas no lixo comum e, nas grandes cidades, acabam indo para aterros sanitá-
rios, onde causam problemas ambientais principalmente porque: b
a) aceleram a decomposição do restante do lixo.
b) contêm íons de metais pesados.
c) são fontes do gás metano.
d) contêm ferro metálico.
e) se degradam antes dos materiais orgânicos.

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA PRATICAR

(Fatec-SP)
m
Ene-3 Resíduo eletrônico: redução, reutilização e reciclagem
C 2
H1
- A popularização dos eletrodomésticos e a rápida obsolescência dos modelos cria o mito da necessidade de substituição,
m
que se torna quase obrigatória para os aficionados em tecnologia e para algumas profissões específicas. No entanto, o des-
Ene-7
C 7
H-2
carte desenfreado desses produtos tem gerado problemas ambientais sérios, pelo volume, por esses produtos conterem
materiais que demoram muito tempo para se decompor e, principalmente, pelos metais pesados que os compõem, altamen-
te prejudiciais à saúde humana. Além disso, faltam regras claras e locais apropriados para a decomposição desses equipa-
mentos que, em desuso, vão constituir o chamado lixo eletrônico ou e-lixo.
Faz parte desse grupo todo material gerado a partir de aparelhos eletrodomésticos ou eletroeletrônicos e seus compo-
nentes, inclusive pilhas, baterias e produtos magnetizados. Quando as pilhas e os equipamentos eletroeletrônicos são des-
cartados de forma incorreta no lixo comum, substâncias tóxicas são liberadas e penetram no solo, contaminando lençóis
freáticos e, aos poucos, animais e seres humanos.
A tecnologia ainda não avançou o suficiente para que essas substâncias sejam dispensáveis na produção desses aparelhos.
O que propõem cientistas, ambientalistas e legisladores é que se procure reduzir, reciclar e reutilizar esses equipamentos.
Disponível em: <www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=32&id=379>. Acesso em: 14 set. 2009. Adaptado.
Boa parte do lixo eletrônico é constituída pelas pilhas comuns. São elas as principais fontes dos elementos zinco e manganês pre-
sentes nesse tipo de lixo. A figura mostra os principais componentes de uma pilha comum nova e sem uso.
FRENTE A

Aço Pasta úmida de NH4Cl e MnO2


QUÍMICA

Papelão Bastão central de grafita

Copo de zinco Papel

Eletroquímica II 15
O quadro seguinte mostra o que acontece com os consti- mercúrio e níquel; e as baterias de carros possuem chumbo.
tuintes de uma pilha comum, logo após sua utilização e de- Considerando os metais presentes nos produtos acima, fo-
pois de alguns meses exposta ao ambiente. ram apresentadas as seguintes ações:
I. As baterias de celular apresentam metais pesados e de-
Depois de alguns
Componente da Período logo após vem ser recolhidas pelo fabricante.
meses exposta ao
pilha sua utilização II. Orientar os usuários de que apenas as pilhas comuns
ambiente
podem ser descartadas, desde que em aterros sanitários,
Invólucro de aço Permanece intacto. Torna-se enferrujado. pois seus componentes são facilmente oxidáveis.
III. Orientar o usuário quanto ao descarte das baterias de car-
Papelão que separa o
Fica manchado, úmido e ro, pois possuem um metal altamente tóxico com poder
invólucro de aço do copo Permanece intacto. acumulativo no organismo humano.
sem resistência.
de zinco IV. O número de usuários de baterias de aparelhos de audi-
Boa parte do metal é ção é muito pequeno, portanto esse tipo de bateria não
Permanece
corroída, aparecendo traz problemas ao ambiente.
aparentemente
Copo de zinco buracos no copo; o metal A alternativa que contém todas as afirmações aceitáveis é:
intacto, mas com
que resta fica recoberto a) I e II.
massa menor.
por ZnO. b) I e III.
Papel que separa o copo c) I, II e III.
Permanece intacto. Desfaz-se. d) I, III e IV.
de zinco da pasta úmida
e) I, II, III e IV.
Torna-se mais poroso e
Bastão de grafita Permanece intacto.
quebradiço. 2 (Uece) O lixo eletrônico é mais um desafio que se soma a
Diminui a quantidade Diminui mais ainda a m
Ene-3
outros inúmeros problemas ambientais hoje enfrentados
C 2
de MnO2 e de NH4Cl; quantidade de MnO2 e H-1 pela humanidade (Revista Química Nova na Escola, v.  32,
Pasta úmida passa a conter de NH4Cl; passa a conter nov. 2010). Em uma sucata de computador, são encontrados
chumbo, vanádio, bromo, antimônio, cádmio, bário, mercú-
também Mn2O3, ZnCl2 também ZnO, Mn(OH)2 e
rio, berílio, etc. Numere as informações contidas na coluna II,
e NH3. outras substâncias.
associando-as aos elementos da coluna I:
Analisando-se essas informações, pode-se concluir que:
Coluna I Coluna II
I. ocorrem transformações químicas durante o uso da pilha
e após seu descarte no ambiente; ( ) É sólido à temperatura ambiente e é utiliza-
1. Cádmio
II. quanto antes uma pilha usada for encaminhada para re- do na fabricação de aços especiais.
ciclagem, maiores serão as quantidades de componentes ( ) Foi usado na guerra, graças ao baixo ponto
originais que poderão ser recuperadas; 2. Mercúrio de fusão, para ser lançado derretido sobre
III. quando depositadas no lixo comum, as pilhas comuns os invasores.
não acarretam riscos para o ambiente, uma vez que são ( ) Foi usado na guerra, graças ao baixo ponto
biodegradáveis. 3. Chumbo de fusão, para ser lançado derretido sobre
É correto o que se afirma apenas em: os invasores.
a) I. ( ) Seu principal uso é como anticorrosivo, em
b) II. 4. Antimônio baterias alcalinas, associado ao níquel.
c) III. ( ) Embora extremamente tóxico, possui várias
d) I e II. aplicações fungicida e, na medicina, é utiliza-
e) II e III. 5. Vanádio do como antisséptico de aplicação tópica.
( ) O elemento químico correspondente é cinza
PARA APRIMORAR metálico e pertence à família dos metais
6. Berílio
alcalinoterrosos.
1 (Cefet-SP) No Brasil ainda não se sabe o que fazer com resí-
m duos tóxicos como pilhas, baterias de celular, de carro e de A sequência correta, de cima para baixo, é:
Ene-7
C 6
H-2 aparelhos de audição. Nas embalagens, não existe nenhuma a) 5, 3, 1, 2, 6.
recomendação ao consumidor. As pilhas comuns possuem b) 6, 3, 4, 2, 5.
lítio e níquel; as baterias de aparelhos de audição, mercúrio; c) 4, 2, 1, 3, 6.
as de celular, além do metal magnésio, possuem chumbo, d) 1, 3, 6, 4, 5.

16 Eletroquímica II
CAPÍTULO

3 Eletrólise ígnea

Objetivos: A eletrólise (do grego eletro, “corrente elétrica”, e lise, “quebra”; ou seja, “quebra pela corrente
elétrica”) é um processo inverso ao da pilha, isto é, utiliza a energia elétrica para forçar a ocorrência
c Conhecer o que é um
de uma reação química não espontânea.
processo eletroquímico
não espontâneo.
Eletrólise é um processo não espontâneo de descarga de íons, no qual, à custa de energia
c Compreender a elétrica, o cátion recebe elétrons e o ânion doa elétrons de modo que ambos fiquem com
diferença entre energia química acumulada.
eletrodos inertes e
eletrodos ativos. Para efetuar o processo de eletrólise, é necessário que haja íons livres no sistema, o que só pode
ocorrer de duas maneiras:
c Compreender como
se obtêm substâncias
pela fusão (passagem para a fase líquida) de uma substância iônica;
simples a partir da
pela dissociação ou pela ionização de certas substâncias em meio aquoso.
eletrólise ígnea.
Logo, por meio da eletrólise é possível obter uma série de substâncias que não são encontra-
das na natureza; por exemplo, cloro, iodo, soda cáustica e outras, que servem de matéria-prima
em vários ramos da indústria, como o de medicamentos, de alimentos, de produtos têxteis e de
derivados de petróleo.
Os eletrodos (ânodo e cátodo) que compõem o sistema de uma eletrólise podem apenas
conduzir corrente elétrica sem participar ativamente das reações – eletrodos inertes – ou podem
participar ativamente do processo – eletrodos ativos.
Neste capítulo veremos os casos de eletrólise que utilizam eletrodos inertes e, portanto, não
participam das transformações.
Sabemos que os íons são formados por causa de uma transferência de elétrons entre átomos
de determinados elementos químicos na tentativa de adquirir estabilidade.
Considere, por exemplo, a formação do cloreto de sódio:
0 0 +1 –1
1 Cl2(g) + 2 Na(s) **( 2 NaCl(s) + 642,4 kJ/mol
O NOX de cada substância da reação mostra que houve transferência de elétrons do sódio metáli-
co para o gás cloro, formando o cristal iônico de cloreto de sódio (ou rede cristalina de íons Na1+ e Cl1−).
1 Cl2(g) + 2 e– **( 2 Cl1−
2 Na(s) **( 2 e– + 2 Na1+

CHARLES D. WINTERS/
PHOTORESEARCHERS/LATINSTOCK
ILYA ANDRIYANOV/
SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
K
TOC
TINS

FRENTE A
S/LA
HER /
S
ESE INTER
ARC
W
PHO LES D.
TOR
R

QUÍMICA
CHA

Fig. 1 – Cloro gasoso – Cl2(g). Fig. 2 – Cloreto de sódio – NaCl(s). Fig. 3 – Sódio metálico – Na(s).

Eletroquímica II 17
A energia liberada durante a reação mostra que se trata de um processo espontâneo. Se quisermos
inverter esse processo, ou seja:
fazer o cátion sódio receber de volta o elétron que o átomo de sódio havia doado:
2 Na1+ + 2 e− *( 2 Na(s)
fazer o ânion cloreto doar o elétron que o átomo de cloro havia recebido:
2 Cl1− **( Cl2(g) + 2 e−
estaremos forçando a passagem de um estado de maior estabilidade, portanto menos energéti-
co (da substância iônica), para outro de menor estabilidade, portanto mais energético (da substância
simples).
Para conseguir isso, teremos de fornecer energia, no caso, 642,4 kJ por mol de NaCl(l).
2 NaCl(l) **( 2 Na(s) + 1 Cl2(g) + 2 ? 642,4 kJ
A energia utilizada para provocar a descarga dos íons, transformando-os em substâncias sim-
ples ou metálicas, é a energia elétrica que fica armazenada nessas substâncias, na forma de energia
química.
A eletrólise ígnea (do latim igneus, “ardente, inflamado”) é feita com a substância iônica na fase
líquida (fundida); logo, na ausência de água.
O recipiente em que ocorre a eletrólise é denominado célula ou cuba eletrolítica e é cons-
truído para suportar temperaturas bastante elevadas, pois o ponto de fusão das substâncias iônicas
geralmente é muito alto. Nela são adaptados dois eletrodos inertes feitos de material condutor,
normalmente grafita ou platina.
O ânodo é ligado ao polo positivo de um gerador de corrente contínua, e o cátodo é ligado ao
polo negativo desse gerador que, ao ser acionado, produz uma ddp suficiente para descarregar os
íons da substância iônica fundida que se encontra na cuba.

Ânodo: onde ocorre oxidação. Cátodo: onde ocorre redução.


É o eletrodo ligado ao polo positivo do gerador. É o eletrodo ligado ao polo negativo do gerador.
É do ânodo que saem os elétrons, portanto é É ao cátodo que chegam os elétrons, portanto é onde os
onde os ânions se descarregam. cátions se descarregam.
Ay−(l) *( A(l) + y e− (oxidação) C x+(l) + x e− *( C(l) (redução)

s#
lé tron
se
do
o
Fonte de inh
corrente a m
C
contínua #
&
ns
ro
el
ét

d os
& Caminho
Aquecedores Cátodo

Íons da
substância
ARQUIVO DA EDITORA

Observe que, assim como numa pilha, o


LUIS MOURA/

ânodo é o polo onde ocorre oxidação, e o


cátodo é o polo onde ocorre redução.

Fig. 4 – Ilustração esquemática de eletrólise ígnea.

18 Eletroquímica II
OBTENÇÃO DE SUBSTÂNCIAS SIMPLES
A eletrólise ígnea é o método utilizado industrialmente para a obtenção de metais alcalinos
(família 1), de metais alcalinoterrosos (família 2), de alumínio (família 13) e de halogênios (família 17)
na forma de substâncias simples.
Por exemplo, a eletrólise ígnea do cloreto de sódio, NaCl(s). Na temperatura de 800,4 °C esse
sal passa para a fase líquida:
Δ
NaCl(s) **( NaCl(l)
Na fase líquida, não existe a organização que havia no cristal de NaCl(s). O cloreto de sódio
líquido dissocia-se em íons Na1+(l) e Cl1−(l), que adquirem certa mobilidade.
NaCl(l) **( Na1+(l) + Cl1−(l)
Ao ligar o gerador de corrente contínua, ocorrem os seguintes fenômenos:
Os cátions Na1+(l) migram para o cátodo, polo negativo, onde cada cátion recebe um elétron,
sofrendo descarga e se transformando em sódio metálico, Na(s). O sódio metálico apresenta
O metal fica depositado na superfície do cátodo e pode ser recolhido em um reservatório adap- densidade igual a 0,9712 g/cm3
tado ao sistema. a 20  °C, enquanto o cloreto de
1 Na1+(l) + 1 e− **( 1 Na(s) (redução) sódio apresenta densidade igual
Os ânions Cl1−(l) migram para o ânodo, polo positivo, onde cada ânion doa um elétron, sofrendo a 2,163 g/cm3 a 20  °C. Como a
descarga e se transformando em átomos de cloro, que imediatamente se combinam dois a dois densidade do sódio metálico é
para formar moléculas de Cl2(g). bem menor, à medida que ele vai
sendo formado, passa a ocupar a
2 Cl1−(l) **( 2 e− + 1 Cl2(g) (oxidação)
parte de cima do eletrodo, enca-
O cloro é um gás e borbulha no ânodo, e deve ser recolhido por meio de um tubo de vidro minhando-se ao reservatório.
adaptado ao sistema, conforme mostra a ilustração a seguir.
Cloreto de sódio Tubo para coleta
fundido de gás cloro
ARQUIVO DA EDITORA
LUIS MOURA/

Reservatório de
sódio fundido

As pilhas só se formam a
Polo ou Polo ou
cátodo (ferro) cátodo (ferro)
partir de reações espontâneas,
nas quais o sentido do fluxo de
Polo ou ânodo elétrons é do eletrodo mais rea-
(grafita)
tivo para o menos reativo. Por
Fig. 5 – Eletrólise ígnea do cloreto de sódio, NaCl(l). isso, a força eletromotriz de uma
A equação global da eletrólise é fornecida pela soma de todas as equações parciais: pilha será sempre um número
positivo.
Dissociação iônica: 2 NaCl(l) **( 2 Na1+(l) 1 2 Cl1−(l) Já um processo de eletrólise é
FRENTE A
Redução catódica: 2 Na (l) 1 2 e− **( 2 Na(s)
1+
não espontâneo, e o sentido
Oxidação anódica: 2 Cl1−(l) **( 2 e− 1 Cl2(g) do fluxo de elétrons é do ânion
Reação global: 2 NaCl(l) **( 2 Na(s) 1 Cl2(g) para o cátion. Esse processo só
Pelos potenciais padrão de redução, observamos que essa reação não é espontânea: ocorre com fornecimento de
QUÍMICA

2 Na1+(l) 1 2 e− 2 Na(s) Eredução 5 22,71 V energia externa. Por isso, a força


2 Cl1−(l) 2 e− 1 Cl2(g) Eredução 5 11,36 V eletromotriz em um processo
ΔE 5 Eredução do cátodo − Eredução do ânodo ⇒ ΔE 5 22,71 2 (11,36) ⇒ ΔE 5 −4,07 V de eletrólise será sempre um nú-
mero negativo.
Por isso, o sinal da força eletromotriz é negativo.

Eletroquímica II 19
Teoricamente, a diferença de potencial que o gerador de corrente contínua deve aplicar entre
os eletrodos para obter a descarga dos íons – que significa ganho de elétrons pelos cátions e perda
de elétrons pelos ânions – é calculada pela força eletromotriz em módulo somada às resistências
elétricas existentes no circuito.
No caso da eletrólise ígnea do cloreto de sódio, o valor da ddp é igual a 4,07 (desconsiderando
qualquer resistência elétrica no circuito).

TOME NOTA
Sódio metálico e gás cloro
O sódio metálico é um sólido brando (que cede facilmente à pressão) e pode ser cortado com uma faca comum, mas é preciso usar
luvas de borracha para manuseá-lo e tomar muito cuidado.
À temperatura ambiente, possui consistência de cera; e se torna quebradiço à baixa temperatura.
É prateado, oxida rapidamente no ar e reage violentamente com a água.
Por causa de suas propriedades, tanto a obtenção como a armazenagem do sódio metálico deve ocorrer na ausência de ar.
Em geral, o sódio metálico é armazenado imerso em óleo mineral ou querosene.
Apresenta risco elevado de incêndio em contato com a água em qualquer forma. Queima espontaneamente no ar seco quando é
aquecido (nesse caso, para extinguir o fogo, utiliza-se sal ou cal).
O cloro é um gás verde-amarelado, de cheiro sufocante e extremamente tóxico. Apresenta tolerância máxima igual a 1 ppm de ar.
Foi usado como arma química pela primeira vez em 1915, na Primeira Guerra Mundial.
É utilizado no tratamento de águas (possui forte ação bactericida) e na fabricação de plásticos (como o PVC ou policloreto de vini-
la – responsável pelo consumo de 40% de todo o cloro produzido), de solventes (como o tetracloreto de carbono, CCl4), de inseticidas
(como o BHC ou benzeno hexaclorado, C6Cl6) e de branqueadores (como o hipoclorito de sódio, NaClO, usado no branqueamento da
celulose para a fabricação de papel).
A indústria alimentícia também utiliza substâncias cloradas para obter o branqueamento da farinha de trigo.
No mundo, a cada ano, são produzidos cerca de 36 milhões de toneladas de cloro.

OBTENÇÃO DE ALUMÍNIO METÁLICO


O alumínio metálico é obtido industrialmente pela eletrólise ígnea da bauxita, que consiste em
uma mistura de óxidos de alumínio, principalmente óxido de alumínio di-hidratado, Al2O3 ? 2 H2O(s),
que, ao ser separado das impurezas, recebe o nome de alumina.
Como o ponto de fusão da alumina, Al2O3(s), é muito alto – de aproximadamente 2 060 °C –, é
necessário o uso de um fundente (substância que tem a propriedade de baixar o ponto de fusão de
outra substância) para permitir que a eletrólise ocorra a uma temperatura mais baixa.
Como fundente da alumina utiliza-se o fluoreto duplo de sódio e alumínio, 3 NaF ? AlF3(s), também
conhecido como criolita (do grego kriós, “gelo”, e líthos, “pedra”). Uma característica curiosa da criolita é
que essa substância possui o mesmo índice de refração da água e, assim, um cristal de criolita imerso na
água fica praticamente invisível.
LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

Barras de Polo positivo O único depósito natural importante de criolita é encontrado na


carvão Groenlândia. Para uso industrial, a criolita é produzida artificialmente a
(ânodo) Eletrólito: partir da fluorita, CaF2(s), bem mais abundante.
alumina A mistura de alumina e criolita funde-se a cerca de 1 000 °C, e os íons
dissolvida em
Al3+(l) e O2− (l) ficam livres da organização mantida no cristal.
criolita
2 Al2O3(l) *( 4 Al3+(l) + 6 O2−(l)
Gás A eletrólise, nesse caso, é feita da mistura de alumina e criolita fun-
Recipiente carbônico dida, que fica contida em recipientes de aço, cujas paredes atuam como
de aço: cátodo polo negativo da eletrólise – o cátodo –, onde ocorre a redução dos
(polo negativo) cátions alumínio:
Saída do
Alumínio fundido alumínio 4 Al3+(l) + 12 e– *( 4 Al(l)
Revestimento de carvão
Como o alumínio funde-se a 660,37 °C e é mais denso que a mis-
tura de alumina e criolita, ele vai se acumulando na forma líquida, no
Fig. 6 – Esquema da eletrólise da alumina. fundo do recipiente, de onde é vazado periodicamente.

20 Eletroquímica II
O ânodo ou polo positivo é composto de uma série de cilindros de carvão fabricados com
coque de petróleo (resíduo da refinação do petróleo). A bauxita é o minério mais
Nesses cilindros, constituídos basicamente de carbono, ocorre a reação de oxidação: importante para a produção
de alumínio, contendo de 35%
6 O2−(l) *( 12 e– + 3 O2(g)
a 55% de óxido de alumínio.
O oxigênio aí formado reage com o carbono do eletrodo, produzindo gás carbônico: O Brasil possui a terceira maior
3 O2(g) + 3 C(s) *( 3 CO2(g) reserva mundial de bauxita, o
que representa 5,9 bilhões de
A equação global (5) da eletrólise é a soma das equações (1) de dissociação, (2) catódica, toneladas, localizada na região
(3) anódica e (4) combustão da grafita: amazônica, ficando atrás apenas
(1): 2 Al2O3(l) *( 4 Al3+(l) 1 6 O2−(l) da Austrália e da Guiné.
(2): 4 Al3+(l) 1 12 e− *( 4 Al(l) Além da Amazônia, o
alumínio pode ser encontrado
(3): 6 O2−(l) *( 12 e− 1 3 O2(g) no sudeste do Brasil, na região
(4): 3 O2(g) 1 3 C(s) *( 3 CO2(g) de Poços de Caldas (MG) e de
Cataguases (MG). O Pará conta
(5): 2 Al2O3(l) 1 3 C(s) *( 4 Al(l) 1 3 CO2(g)
com reservas nos municípios de
Para se obter uma tonelada de alumínio são necessárias aproximadamente duas toneladas de Oriximiná, Paragominas e Juruti.
alumina (extraídas de 4 a 5 toneladas de bauxita), 50 quilogramas de criolita e 0,6 tonelada de car-
bono grafita para formar os eletrodos.
Um dos primeiros usos do alumínio foi nas aeronaves alemãs zepelim da Primeira Guerra
Mundial. Essas aeronaves eram feitas de duralumínio (liga constituída de 95,5% de Al, 3% de Cu,
1% de Mn e 0,5% de Mg), inventada em 1906, cuja densidade é cerca de um terço da densidade
do aço. Atualmente, o consumo desse metal, que apresenta elevada resistência mecânica, baixa
densidade (2,698 g/cm3) e elevada resistência à corrosão, ultrapassa 38 milhões de toneladas por
ano, em aplicações tão diversas como tampas de iogurte, frigideiras, carrocerias de automóveis
(foto) e fuselagens de aviões.
RICARDO AZOURY/
PULSAR IMAGENS

FRENTE A
QUÍMICA

Fig. 7 – Linha de produção de automóveis.

Eletroquímica II 21
A obtenção do alumínio
Em 1827, aos 27 anos de idade, o químico alemão Friedrich Wöhler (1800-1882) – famoso por ter feito a primeira síntese de um composto
orgânico em laboratório – desenvolveu um método que envolvia o aquecimento do cloreto de sódio com cloreto de alumínio e sódio
metálico. Por meio desse método obteve alumínio metálico em quantidade mais significativa.
Mas o método de Wöhler era caro e muito complexo, de modo que o alumínio chegou a ser vendido por 220 dólares o quilograma.
Durante a década de 1880, o professor de química do Oberlin College, em Ohio (Estados Unidos), chamado Frank F. Jewett – que havia
sido aluno de Friedrich Wöhler –, comentava sempre com seus alunos que, embora o alumínio fosse muito abundante na Terra (8,1% em
massa), ninguém até aquele momento havia sido capaz de extraí-lo de seus compostos por meio de um processo economicamente viável.
Charles Martin Hall (1863-1914), um jovem de 22 anos que morava em Ohio e era aluno de Jewett, ficou impressionado com o desafio le-
vantado pelo professor e decidiu que esse seria o tema de seu projeto de graduação em Oberlin: pesquisar uma forma econômica de obter
alumínio.
Hall desconfiou de que poderia alcançar esse objetivo usando a eletricidade e também de que seria necessário encontrar um fundente
para a bauxita (o composto mais abundante de alumínio). O nome bauxita vem de Les Baux, localidade da França onde foram descobertos
os primeiros depósitos naturais em 1821.
A bauxita é um óxido impuro. Apresenta de 48% a 64% de Al2O3 e o restante de SiO2, Fe2O3, TiO2, CaO e água de cristalização.
Hall construiu uma bateria improvisada e um forno no barracão atrás da casa de sua família. Testou várias substâncias como fundente até
que chegou à criolita, 3 NaF ? AlF3(s).
Aqueceu a criolita no forno até a fusão e, em seguida, adicionou a bauxita e percebeu que ela se dissolvia facilmente na criolita fundente.
Hall ligou a bateria, de modo que a corrente elétrica atravessasse a mistura, e observou o alumínio metálico se acumulando ao redor do
eletrodo negativo da bateria. Tão logo o metal esfriou o suficiente para poder ser segurado nas mãos, Hall correu para Oberlin para mostrá-
-lo ao professor Jewett.
Isso aconteceu no dia 23 de fevereiro de 1886, 59 anos depois de Wöhler, o professor de Jewett, ter produzido alumínio.
Consta que, poucos meses depois, um jovem francês chamado Paul L. T. Heroult (1863-1914), também com 22 anos, desenvolveu o mes-
mo processo eletrolítico para a obtenção de alumínio (sem
nunca ter ouvido falar do trabalho de Hall).

WWW.SANDATLAS.ORG/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
Quem se impressiona com coincidências não deixará de
notar que os jovens Hall e Heroult criaram independente-
mente o mesmo processo quando tinham 22 anos e que
morreram 28 anos depois, com a mesma idade.
De qualquer forma, Hall entrou primeiro com o pedido de
patente do processo e recebeu a prioridade.
A Companhia Americana de Alumínio (Alcoa) nasceu e
desenvolveu-se a partir do experimento de Hall, usando
essencialmente o mesmo processo eletrolítico.
Hall ficou milionário com sua descoberta e, ao morrer, dei-
xou grande parte de sua fortuna para o Oberlin College,
onde havia mandado construir um auditório em homena-
gem a sua mãe.
No prédio de Química do Oberlin College há uma estátua
de Hall, e na casa de sua família, que fica a um quarteirão do
campus, foi colocada uma placa comemorativa.
É curioso mencionar que tanto a estátua como a placa fo-
ram feitas de alumínio.
Em 1889, o químico alemão Johann Friedrich Wilhelm
Adolf von Baeyer (1835-1917) aperfeiçoou o processo de-
senvolvido por Hall. Trata-se do processo de Baeyer que as
indústrias utilizam hoje.

Fig. 8 – As diversas fases da bauxita podem ser vistas com


facilidade no minério.

22 Eletroquímica II
EXERCÍCIO RESOLVIDO

(Cefet-MG) O alumínio, com inúmeras aplicações em nosso d) o gás oxigênio é formado no eletrodo positivo.
m cotidiano, pode ser obtido através da eletrólise ígnea do óxi- e) a energia química é transformada em elétrica.
Ene-7
C 5
H-2 do de alumínio fundido a 1 000 °C, usando eletrodos de gra-
fite. Quando se fornece energia elétrica à célula eletrolítica: RESOLUÇÃO:
a) os íons alumínio são oxidados. Na eletrólise ígnea do óxido de alumínio, o alumínio metálico
b) o alumínio é produzido no ânodo. é formado no cátodo (eletrodo negativo) e o oxigênio (O2) é
c) a reação ocorre espontaneamente. formado no ânodo (eletrodo positivo).
Alternativa d.

PARA CONSTRUIR

1 (Fuvest-SP) O alumínio é obtido pela eletrólise da bauxita. Nessa eletrólise, ocorre a formação de oxigênio que reage com um dos
m eletrodos de carbono utilizados no processo. A equação não balanceada que representa o processo global é:
Ene-7
C 5
H2
-
Al2O3 + C → CO2 + Al
Para 2 mols de Al2O3, quantos mols de CO2 e Al, respectivamente, são produzidos nesse processo? e
a) 3 e 2
b) 1 e 4
c) 2 e 3 Equação balanceada: 2 Al2O3 + 3 C → 3 CO2 + 4 Al
d) 2 e 1
e) 3 e 4

2 Os metais alcalinos e alcalinoterrosos, assim como os halogênios, são muito reativos e não são encontrados na natureza na forma
m de substâncias simples, apenas como substâncias compostas. No entanto, eles podem ser obtidos pela eletrólise ígnea de seus
Ene-7
C 5
H-2 sais, feita com eletrodos inertes. Considere que os sais relacionados a seguir sejam submetidos a uma eletrólise ígnea. Indique em
cada caso a equação de dissociação do sal, a reação catódica, a reação anódica e a equação global do processo.
a) Iodeto de lítio – LiI(s).
2 LiI(l) *( 2 Li1+(l) + 2 I1−(l)
2 I1−(l) *( 2 e− + 1 I2(s) (ânodo)
2 Li1+(l) + 2 e− *( 2 Li(s) (cátodo)
2 LiI(l) *( 2 Li(l) + 1 I2(s)

b) Fluoreto de cálcio – CaF2(s).


2 CaF2(l) *( 1 Ca2+(l) + 2 F1−(l)
2 F (l)
1−
*( 2 e− + 1 F2(g) (ânodo)
1 Ca2+(l) + 2 e− *( 1 Ca(s) (cátodo)
1 CaF2(l) *( 1 Ca(l) + 1 F2(s)

3 (Mack-SP) A eletrólise é uma reação química não espontânea de oxirredução provocada pela passagem de corrente elétrica atra-
FRENTE A
m
Ene-7
vés de um composto iônico fundido (eletrólise ígnea) ou em uma solução aquosa de um eletrólito (eletrólise aquosa). O processo
C 4
H-2 eletroquímico ígneo é amplamente utilizado na obtenção de alumínio a partir da alumina, Al2O3, que é fundida em presença de
criolita (3 NaF ? AlF3), para diminuir o seu ponto de fusão. A respeito do processo de eletrólise ígnea, é incorreto afirmar que: c
a) a equação global do processo de obtenção do alumínio é 2 Al2O3 → 4 Al0 1 3 O2.
QUÍMICA

b) a semirreação Al3+ 1 3 e− → Al0 ocorre no cátodo da célula eletrolítica.


c) no ânodo ocorre o processo de redução. No ânodo ocorre o processo de oxidação:
2 O2−(l) → O2(g) + 4 e−
d) há um elevado consumo de energia na realização desse processo.
e) os eletrodos mais utilizados são os de grafita e platina.

Eletroquímica II 23
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

Nomeie o tipo de ligação interatômica presente no cloreto


PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR de rádio e escreva a equação química que representa a ele-
trólise desse elemento.
1 (ITA-SP) Discutindo problemas relacionados com a obtenção
m de metais, alunos fizeram as afirmações listadas nas opções a 2 (Unaerp-SP) Durante grande parte do século passado, o alu-
Ene-7
C 4
H-2 seguir. m mínio, devido ao alto custo dos métodos de obtenção, era
Ene-7
C 5
H-2 considerado um metal precioso. Com a descoberta em 1886
m
Ene-7 Qual é a opção que contém a afirmação errada?
C 5
H-2
do método eletrolítico para a obtenção de alumínio a partir
a) As reservas minerais de ferro são muitíssimo maiores que
da alumina fundida (Al2O3), a produção mundial de alumínio
as de cobre.
aumentou, com consequente redução do preço, populari-
b) A redução de um mol de óxido de alumínio, Al2O3, exige
zando o uso desse metal.
muito mais energia que a redução de um mol de óxido de
ferro, Fe2O3. Sobre a produção de alumínio, pode-se afirmar que:
c) Sódio metálico foi obtido pela primeira vez por H. Davy, a) Ocorre oxidação do alumínio no cátodo.
por meio da eletrólise de NaOH fundido. b) Ocorre desprendimento de hidrogênio.
d) Atualmente, o alumínio metálico é obtido por redução de c) A formação de alumínio ocorre no ânodo.
Al2O3 em altos-fornos, análogos aos utilizados no preparo d) Ocorre redução de alumínio no cátodo.
de ferro metálico. e) Ocorre liberação de O2 no ânodo e de H2 no cátodo.
e) Embora o titânio seja um metal relativamente abundante 3 (Unimontes-MG) O magnésio metálico é obtido comercial-
na crosta terrestre, jazidas de vulto dessa substância são mente através de um processo eletrolítico, utilizando apenas
m
raras. Ene-7
C 4
H-2 cloreto de magnésio fundido (MgCl2). Uma corrente externa
2 (Cefet-MG) A água do mar possui uma quantidade apreciá- é fornecida para que se estabeleça a oxidação em um ele-
vel de íon magnésio, que pode ser extraído e precipitado trodo e a redução no outro, como mostra o esquema geral a
m
Ene-7 seguir:
C 4
H-2 como hidróxido de magnésio. Posteriormente, o hidróxido é
Fonte de corrente
convertido em cloreto por tratamento com ácido clorídrico.
Fluxo de elétrons
Após a evaporação da água, o cloreto de magnésio fundido 1 2
é submetido à eletrólise.
Sobre essa técnica, é correto afirmar que se: Ânodo Cátodo
1 2
a) forma gás cloro no polo negativo.
b) trata de um processo espontâneo.
c) obtém magnésio metálico no cátodo.
d) formam massas de substâncias iguais nos eletrodos.
e) mantém constante o número de oxidação do cloreto du-
Cátions
rante o processo.
Oxidação

Redução

3 (Vunesp) O íon magnésio está presente na água do mar em


m quantidade apreciável. O íon Mg2+(aq) é precipitado da água
Ene-7
C 4
H-2 do mar como hidróxido, que é convertido a cloreto por tra- Ânions
tamento com ácido clorídrico. Após a evaporação da água, o
cloreto de magnésio é fundido e submetido à eletrólise.
Sobre esse processo, pode-se afirmar que:
a) Escreva as equações de todas as reações que ocorrem. a) o processo é espontâneo, pois gera magnésio metálico a
b) Quais os produtos da eletrólise e seus estados físicos? partir de MgCl2.
b) a redução dos íons cloreto (Cl−) ocorre no ânodo (polo po-
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR sitivo).
c) a reação anódica é representada por:
1 (Uerj) Em um experimento pioneiro, a cientista Marie Curie Mg2+ + 2 e− → Mg(l).
m isolou a forma metálica do elemento químico rádio, por meio d) os produtos dessa eletrólise são magnésio metálico e gás
Ene-7
C 4
H-2 da eletrólise ígnea com eletrodos inertes do cloreto de rádio. cloro (Cl2).

24 Eletroquímica II
CAPÍTULO

4 Eletrólise em meio aquoso e


descarga de íons

Objetivos: O sistema usado para fazer uma eletrólise em meio aquoso é semelhante ao da eletrólise ígnea,
porém menos sofisticado, uma vez que ocorre a temperaturas bem mais baixas.
c Entender as diferenças Um dos fatores que precisamos levar em conta é a descarga seletiva de cátions e ânions que
entre a eletrólise ígnea ocorre em meio aquoso, como veremos a seguir.
e a eletrólise em meio
aquoso.
DESCARGA SELETIVA
c Compreender o
Quando uma substância qualquer, CxAy, libera íons em meio aquoso, seja por dis-
conceito de descarga
sociação seja por ionização, obtemos um sistema constituído pelos íons dessa substân-
seletiva de cátions
cia e pelos íons resultantes da autoionização da água que, apesar de ocorrer em esca-
e ânions em uma
la muito pequena (cada litro de água a 25 °C contém 10−7 mol de cátions H3O1+ e 10−7 mol
eletrólise em meio
de ânions OH1−), possibilita duas alternativas de cátions para se descarregarem no cátodo e duas
aquoso.
alternativas de ânions para se descarregarem no ânodo.
Dissociação ou ionização da substância dissolvida:
1 CxAy(s) x Cy+(aq) + y Ax−(aq)
Autoionização da água:
2 H2O(l) 1 H3O1+(aq) + 1 OH1−(aq)
Cada tipo de íon exige uma voltagem adequada para que possa descarregar-se durante a eletrólise.
Sem levar em contra outros fatores, podemos dizer que:

Quanto menos reativo for o íon, mais baixa será a


voltagem necessária para que ele sofra descarga.

Quanto menos reativo for o metal, menor será a voltagem necessária para que o cátion desse
metal receba elétron. Assim, preferencialmente, o cátion de um metal menos eletropositivo se
Fig. 1 – Cristais de cloreto de sódio. descarrega primeiro.
NIN
AM
Quanto menos reativo for o ametal, menor será a voltagem necessária para que
/SH
UT
TE
o ânion desse ametal perca o elétron. Assim, preferencialmente, o ânion de um
RS
TO
C
ametal menos eletronegativo se descarrega primeiro.
Considere agora um problema prático: ao se dissolver, por exemplo, o cloreto
K/
GL
OW

de sódio, NaCl(s), em meio aquoso, teremos:


IM
AG

Dissociação do sal:
ES

1 NaCl(s) 1 Na1+(aq) + 1 Cl1−(aq)


Autoionização da água:
2 H2O(l) 1 H3O1+(aq) + 1 OH1−(aq)
Para decidir qual cátion, Na1+(aq) ou H3O1+(aq), e qual ânion,
FRENTE A
Cl (aq) ou OH1−(aq), se descarrega primeiro, teremos que saber qual
1−

deles é o menos reativo. É o que faremos a seguir.

ORDEM DE DESCARGA DE CÁTIONS


QUÍMICA

Como a eletrólise é um processo não espontâneo, a ordem de des-


carga dos cátions deve ser, a princípio, a ordem inversa da reatividade dos
metais. Quanto mais reativo for o metal, maior será sua força para doar
elétrons e menor sua aceitação para recebê-los de volta.
O cátion do metal menos reativo se descarrega primeiro.

Eletroquímica II 25
A ordem decrescente de facilidade de descarga dos principais cátions encontra-se esquemati-
zada na tabela a seguir.

Características Ordem decrescente de descarga de cátions


Cátions que se descarregam antes do hidrônio, H3O1+. Au3+ + 3 e−   Au0
São metais nobres.
Pt2+ + 2 e−   Pt0
Menos eletropositivos.
Menos reativos. Hg2+ + 2 e−   Hg0
Aceitam receber elétrons mais facilmente.
Ag1+ + 1 e−   Ag0

Cu2+ + 2 e−   Cu0

Ni2+ + 2 e−   Ni0

Cd2+ + 2 e−   Cd0

Pb2+ + 2 e−   Pb0

Fe2+ + 2 e−   Fe0

Zn2+ + 2 e−   Zn0

Mn2+ + 2 e−   Mn0


Hidrônio (formado na autoionização da água). 2 H3O1+ + 2 e−    1 H2(g) + 2 H2O(l)
Os cátions que se descarregam depois do hidrônio, H3O1+, são o alumínio e os Al3+ + 3 e−   Al0
metais alcalinos e alcalinoterrosos.
Mg2+ + 2 e−   Mg0
São metais não nobres.
Mais eletropositivos. Na1+ + 1 e−   Na0
Mais reativos.
Apresentam dificuldade em receber elétrons. Ca2+ + 2 e−   Ca0

Ba2+ + 2 e−   Ba0

K1+ + 1 e−   K0

Li1+ + 1 e−   Li0

Cs1+ + 1 e−   Cs0

Note que o cátion H3O1+(aq) está numa posição diferente da que esperávamos pela simples
inversão da escala de reatividade dos metais ou da tabela dos potenciais padrão do eletrodo. Isso
ocorre porque:
Quando o H3O1+(aq) se descarrega, forma-se H2(g) que fica em parte aderido ao polo negativo,
dificultando a passagem da corrente elétrica, tornando necessária a aplicação de uma sobrevolta-
gem para que o H3O1+(aq) possa continuar se descarregando.
As condições padrão, que são 25 °C, 1 atm, 1 mol de íons por litro de solução, dos valores da tabela
de potenciais padrão de eletrodo, são muito difíceis de ser mantidas em um processo de eletrólise.

ORDEM DE DESCARGA DE ÂNIONS


Como a eletrólise é um processo não espontâneo, a ordem de descarga dos ânions deve ser, a
princípio, a ordem inversa da reatividade dos ametais.
Quanto mais eletronegativo(s) for(em) o(s) elemento(s) que forma(m) o ânion, maior será a sua
tendência de atrair elétrons e, portanto, menor sua capacidade de doá-los. Logo, o ânion do ametal
menos eletronegativo se descarrega primeiro.

26 Eletroquímica II
Fig. 2 – A eletrólise do iodeto de potássio gera
gás hidrogênio e iodo.

Observe a escala parcial, em ordem decrescente de eletronegatividade dos elementos, fornecida


a seguir (em que E− representa a eletronegatividade segundo a escala de Linus Pauling).

Elemento F O Cl N Br I S C H P

E2 4, 3,5 3, 3, 2,8 2,5 2,5 2,5 2,1 2,1

Com base nessa escala, concluímos que o ânion fluoreto, F1−, e os ânions oxigenados, nos quais
o oxigênio está ligado a um elemento que precede o hidrogênio nessa escala, são mais difíceis de
se descarregar que o ânion OH1−; e este, por sua vez, estando ligado ao oxigênio, é mais difícil de se
descarregar que os ânions não oxigenados.
A ordem decrescente de facilidade de descarga dos principais ânions é:

Ânions não oxigenados e o HSO41− . OH1− . ânions oxigenados e o F1−.

Os ânions não oxigenados se descarregam antes do ânion hidróxido, OH1− (exceto o HSO41−), e
o OH1− se descarrega antes dos ânions oxigenados e do fluoreto, como informa em detalhes a tabela
a seguir:

Características Ordem decrescente de descarga de ânions

S2− S + 2 e−

Ânions que se descarregam antes do hidróxido, OH1−. HSO1−4 + 3 H1+ + 1 e− H2SO3 + + H2O
São ânions não oxigenados e o HSO1−4 .
2 I1− I2 + 2 e−
Menos eletronegativos.
Menos reativos, perdem elétrons mais facilmente. 2 Br1− Br2 + 2 e−

2 Cl1− Cl2 + 2 e−
FRENTE A
1
Hidróxido (formado na autoionização da água). 2 OH1− O + 1 H2O + 2 e−
2 2
QUÍMICA

Os ânions que se descarregam depois do hidróxido, OH1−, Ânions oxigenados em geral como:
são os oxigenados e o fluoreto, F1−. SO 2−
4
, NO1−
3
, ClO1−
4
, BrO1−, S2O82−
São mais eletronegativos.
Mais reativos, apresentam dificuldade em perder elétrons. 2 F1− F2 + 2 e−

Eletroquímica II 27
EXERCÍCIO RESOLVIDO

(UEA-AM) Na eletrólise da salmoura, solução aquosa que contém, além de moléculas de água, os íons Na+, Cl−, H+ e OH−, a espécie
m
Ene-7
química que se forma no cátodo é:
C 4
H-2 a) H2(g). d) O2(g).
b) Na(s). e) HCl(g).
c) Cl2(g).

RESOLUÇÃO:
Na eletrólise da salmoura, ocorrem as seguintes reações:
Cátodo: 2 H+(aq) + 2 e− # H2(g)
Ânodo: 2 Cl− (aq) # Cl2(g) + 2 e−
Alternativa a.

PARA CONSTRUIR

1 (UFF-RJ) Os esquemas I e II ilustram transformações químicas: 2 (PUC-PR) Na eletrólise aquosa do Na2SO4(aq), com eletrodos
m
Ene-5
m
Ene-7
inertes, obteremos no ânodo e no cátodo, respectivamente: e
C 8 C 4
H-1 Voltímetro Bateria H-2
V

KCl(aq)
Pb Zn Carbono Carbono
metálico metálico

H1 OH−
Pb21(aq) Zn21(aq) K1(aq), I−(aq)

Esquema I Esquema II SO42− Na1

Voltímetro Bateria a) H2(g) e SO2(g)


V b) Na(s) e SO2(g)
KCl(aq) c) O2(g) e Na(s)
Pb Zn Carbono Carbono
metálico metálico d) Na(s) e O2(g)
e) O2(g) e H2(g)
Cátodo: 4 H+(aq) + 4 e− → 2 H2(g)
Ânodo: 4 OH− → 2 H2O(l) + O2(g) + 4 e−
Pb21(aq) Zn21(aq) K1(aq), I−(aq) Reação global:
4 H+(aq) + 4 OH−(aq) → 2 H2(g) + O2(g) + 2 H2O(l)
Esquema I Esquema II

Observando-se os esquemas, pode-se assegurar que: d


a) no esquema I, ocorre uma reação não espontânea de oxirre-
dução.
b) no esquema I, a energia elétrica é convertida em energia
química.
c) no esquema II, os eletrodos de carbono servem para man-
ter o equilíbrio iônico.
d) no esquema II, a energia elétrica é convertida em energia
química.
e) no esquema II, ocorre uma reação espontânea de oxir-
redução.

1. O esquema I é de uma pilha (reação química espontânea que provoca uma corrente elétrica).
O esquema II é de uma eletrólise (corrente elétrica que provoca uma reação química não espontânea).
28 Eletroquímica II
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

b) Cl2 é produzido no polo negativo.


PARA PRATICAR
c) H2 é produzido no polo positivo.
d) H2 é produzido no cátodo.
1 (Unicamp-SP) O uso industrial do cloreto de sódio se dá prin-
m
Ene-3
cipalmente no processo de obtenção de alguns importantes 2 (UFRGS-RS) Um estudante apresentou um experimento so-
C 8
H- produtos de sua eletrólise em meio aquoso. Simplificada- m
Ene-7
bre eletrólise na feira de ciências de sua escola. O esquema
C 4
mente, esse processo é feito pela passagem de uma corrente H2
- do experimento foi representado pelo estudante em um car-
elétrica em uma solução aquosa desse sal. Pode-se afirmar taz como o reproduzido abaixo.
que, a partir desse processo, seriam obtidos: Os números 1 e 2
indicam eletrodos
a) gás hidrogênio, gás oxigênio e ácido clorídrico. de grafite.
b) gás hidrogênio, gás cloro e ácido clorídrico.
c) gás hidrogênio, gás cloro e hidróxido de sódio em solução. 1 2
d) gás hidrogênio, gás oxigênio e hidróxido de sódio em Bateria
solução.
1 2
2 (Cefet-MG) Leia o fragmento de texto seguinte: Solução aquosa de NaCl
m
Ene-5 O ácido sulfúrico – H2SO4 – é de grande importância
C 8
H-1
Em outro cartaz, o aluno listou três observações que realizou
industrial. É um ácido forte e apresenta somente ligações
e que estão transcritas abaixo.
covalentes entre seus átomos. Reage com o hidróxido de
sódio – NaOH – produzindo sulfato de sódio – Na2SO4 – e I. Houve liberação de gás cloro no eletrodo 1.
água. Uma solução aquosa desse ácido, ao sofrer eletrólise, II. Formou-se uma coloração rosada na solução próxima ao
produzirá H2(g) no cátodo e O2(g) no ânodo. eletrodo 2 quando se adicionaram gotas de solução de
O número de erros presentes no fragmento acima é: fenolftaleína.
a) 0 d) 3 III. Ocorreu uma reação de redução do cloro no eletrodo 1.
b) 1 e) 4 Quais observações são corretas?
c) 2 a) Apenas I. d) Apenas I e II.
b) Apenas II. e) I, II e III.
3 (Vunesp) “Piscina sem Química” é um anúncio envolvendo c) Apenas III.
m
Ene-7
tratamento de água.
C 7
H-2 Sabe-se, no entanto, que o tratamento consiste na adição de
3 (UFPA) A indústria cloro-soda é uma das mais importantes in-
m dústrias de base de um país. Por meio da utilização de NaCl
cloreto de sódio na água e na passagem da água por um re- Ene-7
C 6
H-2 como matéria-prima, diversos produtos são obtidos, confor-
cipiente dotado de eletrodos de cobre e de platina ligados a
me mostrado no esquema abaixo:
uma bateria de chumbo de automóvel.
NaCl 1 H2O
a) Com base nessas informações, discuta se a mensagem do
anúncio é correta.
Processo A
b) Considerando os eletrodos inertes, escreva as equações
das reações envolvidas que justifique a resposta anterior. NaOH Produto Y
Produto X

PARA APRIMORAR Reação química

FRENTE A
Produto Z
1 (Ifsul-RS) Um dos processos industriais mais importantes é a
m
Ene-7
eletrólise de soluções de salmoura (solução aquosa de NaCl). O processo A e os produtos X, Y e Z são, respectivamente:
C 5
H-2 Quando uma corrente elétrica é passada através da salmoura, a) pirólise, O2, Cl2 e Na2O.
o NaCl e a água produzem H2(g), Cl2(g) e NaOH(aq), todos
QUÍMICA

b) eletrólise, H2, Cl2 e NaH.


valiosos reagentes químicos. c) hidrólise, Cl2, Na2O e NaClO.
Considerando o exposto acima, é correto afirmar que o gás: d) eletrólise, Cl2, H2 e NaClO.
a) Cl2 é produzido no cátodo. e) hidrólise, Cl2, HCl e Na2O.

Eletroquímica II 29
CAPÍTULO

5 Os diferentes casos de
eletrólise em meio aquoso

Objetivo: Vimos que há uma prioridade de descarga para cátions e ânions no processo de eletrólise em
meio aquoso.
c Relacionar os Isso faz com que, de modo ideal, existam quatro casos possíveis de eletrólise:
diferentes tipos Eletrólise do cátion da água e do ânion do sal.
de eletrólise com
Eletrólise do cátion do sal e do ânion da água.
as prioridades de
descarga para cátions
Eletrólise do cátion e do ânion do sal.
e ânions em meio Eletrólise do cátion e do ânion da água.
aquoso. Veremos a seguir cada uma dessas possibilidades com mais detalhes.

ELETRÓLISE DO CÁTION DA ÁGUA E DO ÂNION DO SAL


Esse tipo de eletrólise ocorre quando o composto dissolvido na água possui um cátion mais
reativo que o hidrônio, H3O11(aq), e um ânion menos reativo que o hidróxido, OH12(aq). É o caso,
por exemplo, da eletrólise do NaCl(aq).
Membrana
Quando dissolvemos cloreto de sódio na água, obtemos os seguintes
LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

íons:
Os ânions Cl12(aq) e OH12(aq): como o OH12(aq) é mais reativo, o Cl12(aq)
NaCl(aq) Cl2(g) H2(g) descarrega-se primeiro no ânodo.
saturado H2O(l)
Os cátions Na11(aq) e H3O11(aq): como o Na11(aq) é mais reativo, o H3O11(aq)
descarrega-se primeiro no cátodo.
+ − Relacionamos, então, todas as equações químicas que participam do
processo: dissociação do sal, autoionização da água, reação anódica e reação
Cl1–(aq) catódica.
Ânodo Cátodo A equação global que representa o processo de eletrólise será a soma de
NaCl(aq) todas essas equações parciais devidamente balanceadas.
diluído
O balanceamento deve basear-se no seguinte:
O número de elétrons ganhos pelo cátion na redução é igual ao número de
Na1+(aq) NaOH(aq)
elétrons perdidos pelo ânion na oxidação.
O número de ânions Ax2 que participam da reação anódica é igual ao
número de ânions Ax2 liberados na dissociação do sal ou na ionização da
Fig. 1 – Esquema industrial da eletrólise do cloreto de
sódio em meio aquoso. água.
O número de cátions Cy1 que participam da reação catódica é igual ao número
de cátions Cy1 liberados na dissociação do sal ou na ionização da água.
Observe:
Dissociação do sal: 2 NaCl(aq) **( 2 Na11(aq) 1 2 Cl12(aq)
Ionização da água: 4 H2O(l) **( 2 H3O11(aq) 1 2 OH12(aq)
Reação anódica: 2 Cl12(aq) **( 1 Cl2(g) 1 2 e2
Reação catódica: 2 H3O (aq) 1 2 e **( 2 H2O(l)
11 2
1 1 H2(g)
Equação global: 2 NaCl(aq) 1 2 H2O(l) **( 1 H2(g) 1 1 Cl2(g) 1 2 Na11(aq) 1 2 OH12(aq)

ELETRÓLISE DO CÁTION DO SAL E DO ÂNION DA ÁGUA


Esse tipo de eletrólise ocorre quando o composto dissolvido na água possui um cátion menos
reativo que o hidrônio, H3O11(aq), e um ânion mais reativo que o hidróxido, OH12(aq).

30 Eletroquímica II
É o caso, por exemplo, da eletrólise em meio aquoso do nitrato de zinco, Zn(NO3)2(aq).
Quando dissolvemos nitrato de zinco na água, obtemos os seguintes íons em solução:
Os ânions nitrato, NO12
3
(aq), e hidróxido, OH12(aq): como o NO12
3
(aq) é mais reativo, o OH12(aq)
descarrega-se primeiro no ânodo.
Os cátions Zn21(aq) e H3O11(aq): como o H3O11(aq) é mais reativo, o Zn21(aq) descarrega-se
primeiro no cátodo.
Relacionando todas as equações químicas que participam do processo, temos:
Dissociação do sal: 2 Zn(NO3)2(aq) **( 2 Zn21(aq) 1 4 NO12 3
(aq)
Ionização da água: 8 H2O(l) 4 H3O (aq) 1 4 OH (aq)
11 12

Reação anódica: 4 OH12(aq) **( 2 H2O(l) 1 1 O2(g) 1 4 e2


Reação catódica: 2 Zn21(aq) 1 4 e2 **( 2 Zn(s)
Equação global: 2 Zn(NO3)2(aq) 1 6 H2O(l) **( 2 Zn(s) 1 1 O2(g) 1 4 H3O11(aq) 1 4 NO12
3
(aq)
O esquema a seguir mostra a eletrólise em meio aquoso do nitrato de zinco, Zn(NO3)2(aq).

Fonte de corrente contínua

Ânodo + − Cátodo
Eletrodos
inertes
LUIS MOURA/ARQUIVO DA
EDITORA

H3O1+
OH1–
Zn(s): obtido
O2(g): obtido Zn2+ no cátodo
no ânodo NO31−

Note que a eletrólise Zn(NO3)2(aq) produz, além de zinco metálico no cátodo e de gás oxigênio
no ânodo, ácido nítrico, H3O11(aq) 1 NO12 3
(aq), na cuba eletrolítica (como se trata de um ácido
forte, podemos representá-lo na forma ionizada).
O ácido nítrico concentrado em condições ambiente apresenta-se na forma de um líquido
transparente, incolor, sufocante, tóxico, fumegante, cáustico, corrosivo e fortemente oxidante.
É usado na fabricação de nitratos para fertilizantes ou explosivos, corantes, drogas e sínteses
orgânicas. Era conhecido pelos alquimistas com o nome de aqua fortis.

ELETRÓLISE DO CÁTION E DO ÂNION DO SAL


Esse tipo de eletrólise ocorre quando o composto dissolvido na água possui um cátion menos
reativo que o hidrônio, H3O11(aq), e um ânion menos reativo que o hidróxido, OH12(aq).
FRENTE A
É o caso, por exemplo, da eletrólise do brometo de níquel, NiBr2(aq).
O brometo de níquel é um sólido esverdeado solúvel na água que apresenta ponto de fusão
963  °C e densidade igual a 5,098 g/cm3. É encontrado na natureza como constituinte do mineral
zaratita. É utilizado em processos de deposição eletrolítica, na composição de corantes para cerâmica
QUÍMICA

e na preparação de catalisadores de níquel.


Quando dissolvemos o brometo de níquel na água, obtemos os seguintes íons:
Os ânions brometo, Br12(aq), e hidróxido, OH12(aq).
Como o OH12(aq) é mais reativo, o Br12(aq) descarrega-se primeiro no ânodo.
Os cátions, níquel II, Ni21(aq), e hidrônio, H3O11(aq).

Eletroquímica II 31
Como o H3O11(aq) é mais reativo, o Ni21(aq) descarrega-se primeiro no cátodo.
Relacionamos, então, todas as equações químicas que participam do processo: dissociação do
sal, reação anódica e reação catódica.
A equação global que representa o processo de eletrólise será a soma de todas essas equações
parciais devidamente balanceadas.
O balanceamento deve fundamentar-se no seguinte:
O número de elétrons ganhos pelo cátion na redução é igual ao número de elétrons perdidos pelo
ânion na oxidação.
O número de ânions Ax2 que participam da reação anódica é igual ao número de ânions Ax2
liberados na dissociação do sal.
O número de cátions Cy1 que participam da reação catódica é igual ao número de cátions Cy1
liberados na dissociação do sal.
Observe:
Dissociação do sal: 1 NiBr2(aq) ***( 1 Ni21(aq) 1 2 Br12(aq)
Reação anódica: 2 Br12(aq) ***( 1 Br2(l) 1 2 e2
Reação catódica: 1 Ni (aq) 1 2 e2 ***( 1 Ni(s)
21
SÉR
GIO

Equação global: 1 NiBr2(aq) ***( 1 Ni(s) 1 1 Br2(l)


DO
TTA

Nesse caso, a água não participa do processo, apenas serve de meio para que ocorra a dissocia-
JR.

ção do sal, permanecendo na cuba no fim da eletrólise.


/AR
QU
IVO

Fig. 2 –
DA

ELETRÓLISE DO CÁTION E DO ÂNION DA ÁGUA


ED

Brometo de
ITO

níquel.
RA

A água destilada não sofre eletrólise, pois o número de íons resultantes da autoionização da água
é muito pequeno e insuficiente para conduzir corrente elétrica com intensidade que possibilite aos
íons H3O11(aq) e OH12(aq) se descarregarem continuamente. Assim, esse tipo de eletrólise só ocorrerá
quando dissolvermos na água um eletrólito bastante solúvel, que forneça uma grande quantidade de
íons para conduzir corrente elétrica e possibilitar a descarga dos íons H3O11(aq) e OH12(aq).
Além disso, esse eletrólito deve possuir um cátion mais reativo que o hidrônio, H3O11(aq), e um
ânion mais reativo que o hidróxido, OH12(aq). Normalmente são utilizados para esse fim:
CHARLES D. WINTERS/PHOTO RESEARCHERS/LATINSTOCK

O ácido sulfúrico, H2SO4(aq), cujo ânion, SO22 4


(aq), é mais reativo que o OH12(aq).
O hidróxido de sódio, NaOH(aq), cujo cátion, Na11(aq), é mais reativo que o H3O11(aq).
Um sal, como o sulfato de sódio, Na2SO4(aq), que possui ao mesmo tempo o cátion e o ânion mais
reativos que os íons formados pela água.
Considere, por exemplo, a eletrólise de uma solução aquosa de Na2SO4(aq).
Relacionando todas as equações químicas que participam do processo, temos:
Ionização da água: 8 H2O(l) 4 H3O11(aq) 1 4 OH12(aq)
Reação anódica: 4 OH (aq) ***( 2 H2O(l) 1 1 O2(g) 1 4 e2
12

Reação catódica: 4 H3O (aq) 1 4 e2 ***( 4 H2O(l) 1 2 H2(g)


11

Equação global: 2 H2O(l) ***( 2 H2(g) 1 1 O2(g)


Observe que não escrevemos a fórmula do sal nem a dos íons obtidos na sua dissociação em
meio aquoso na equação global da eletrólise, porque eles não participaram ativamente das trans-
formações químicas. Nesse caso, os íons do sal serviram apenas para conduzir corrente elétrica e,
Fig. 3 – Montagem de laboratório para
eletrólise da água.
portanto, efetivar a eletrólise da água.
Assim, ocorre a liberação de gás hidrogênio no cátodo e a liberação de gás oxigênio no ânodo.
Teoricamente, esses gases se formam na proporção de 2 volumes de H2(g) para 1 volume de O2(g),
o que está de acordo com a fórmula da água.
Na prática, a razão rigorosa 2 : 1 não se verifica por causa da diferença de solubilidade do O2(g)
e do H2(g) em meio aquoso.
Por exemplo, a 0 °C:
O2(g): 4,89 cm3 por 100 mL de água;
H2(g): 2,1 cm3 por 100 mL de água.
Descontando-se essa diferença de solubilidade, concluímos que a razão em volumes é, de fato,
2 V de hidrogênio .
1 V de oxigênio

32 Eletroquímica II
EXPERIMENTANDO
Eletrólise do iodeto de potássio Prenda uma extremidade da garra jacaré em um dos cilin-
A eletrólise do iodeto de potássio, Kl(aq), é muito utilizada para dros de grafita e a outra extremidade no polo negativo da ba-
demonstrar o processo em sala de aula e em feiras de ciência, uma teria de 9 V.
vez que produz um efeito muito bonito e bem distinto em cada um Repita o procedimento com a outra garra jacaré e o outro
dos eletrodos. Além disso, pode ser feita sobre um retroprojetor uti- cilindro de grafita, ligando o sistema no polo positivo da bateria
lizando materiais relativamente simples, como mostramos a seguir. de 9 V.
1. Material necessário Coloque os dois cilindros de grafita na placa de Petri de tal
1 retroprojetor com uma folha de papel acetato (transpa- forma que apenas o carbono da grafita fique em contato com a
rência) solução que se encontra na placa (a presilha da garra jacaré não
1 placa de Petri deve encostar na solução).
1 g de iodeto de potássio Como o iodeto, I12(aq), é um ânion menos reativo que o hi-
dróxido, OH12(aq), ele vai descarregar-se primeiro no ânodo:
solução 1 g/L de amido aquecida sem fervura no preparo
fenolftaleína (solução) 2 I12(aq) *( I2(s) 1 2 e 2
colher de plástico
O iodo formado, I2(s), reage com os íons iodeto da solução,
conta-gotas
formando o íon complexo tri-iodeto, I312(aq). Os íons tri-iode-
1 cilindro de grafita tirado do interior de um lápis (ou de uma to inserem-se no interior da estrutura em novelo da amilose
lapiseira grossa) (parte interna, relativamente solúvel, dos grânulos de amido)
1 bateria de 9 volts formando um complexo de cor azul intensa, permitindo visua-
2 conectores elétricos (vendidos no comércio com o nome lizar facilmente o fenômeno:
de garra jacaré)
I312(aq) 1 amido *( complexo azul de I312(aq) e amido
2. Procedimento
Se a experiência for feita com água no lugar da solução de
O professor deve preparar a solução de amido com antece-
amido, será possível observar no ânodo uma coloração casta-
dência. O experimento deve ser conduzido pelo professor em
nho-clara por causa da dissolução de uma pequena quantidade
laboratório, com uso da capela de exaustão, ou em ambiente
de iodo na água, apesar da baixa solubilidade dessa substância
aberto e ventilado.
(0,03 g de I2(s) a cada 100 mL de água).
Coloque um pouco da solução de amido na placa de Petri
Como o hidrônio, H3O11(aq), é um cátion menos reativo que
– até mais ou menos a metade de sua capacidade – e adicione
o potássio, K11(aq), ele vai descarregar-se primeiro no cátodo:
o iodeto de potássio. Mexa bem com a colher de plástico até
dissolver todo o sal. Adicione uma gota de fenolftaleína. 2 H3O11(aq) 1 2 e2 *( 2 H2O(l) 1 1 H2(g)
Coloque o papel acetato (transparência) sobre o retroproje-
As pequenas bolhas de hidrogênio gasoso formadas no cá-
tor e arrume a placa de Petri no centro. Corte dois pedaços (de
todo podem ser observadas facilmente através do retroprojetor.
3 cm cada um) do cilindro de grafita.
Como os íons hidrônio estão sendo consumidos, o meio
torna-se básico.
JAMES HOENSTINE/
SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Em virtude da presença de fenolftaleína, a solução vai adqui-


LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

rindo uma coloração vermelha.


Todas essas transformações simultâneas tornam o processo
visualmente muito bonito, otimizando o entendimento dos fe-
nômenos.
A reação global do processo de eletrólise aquosa do iodeto FRENTE A
de potássio é:
Cátodo
Ânodo
2 KI(aq) 1 2 H2O(l) *( I2(s) 1 H2(g) 1 2 K11(aq) 1 2 OH12(aq)
QUÍMICA

Dessa forma, a eletrólise em solução aquosa de iodeto


de potássio produz: iodo, gás hidrogênio e hidróxido de po-
Eletrodos de grafita tássio.

Eletroquímica II 33
EXERCÍCIO RESOLVIDO

(UFPR) O hidróxido de sódio, NaOH, o álcali industrialmente mais importante, é utilizado, entre outras aplicações, no tratamento da celu-
m lose para a fabricação da viscose e do celofane. A preparação industrial de NaOH se dá através da eletrólise em solução aquosa do NaCl,
Ene-7
C 6
H-2 de acordo com a reação:
2 NaCl 1 2 H2O **( Cl2 1 H2 1 2 NaOH
Em relação à eletrólise do NaCl, é correto afirmar:
(01) Na eletrólise, a oxidação ocorre no cátodo.
(02) A eletrólise é uma reação não espontânea, exigindo a passagem de uma corrente elétrica para se processar.
(04) Somente compostos iônicos, como o NaCl, conduzem a corrente elétrica quando dissolvidos em água.
(08) O hidróxido de sódio apresenta tanto ligação iônica como covalente.
(16) O gás hidrogênio, H2, é produzido durante a eletrólise pela redução preferencial do íon H11, em relação ao íon Na11. O cátion
H3O11, presente na solução aquosa, se origina da ionização da água.
RESOLUÇÃO:
As reações envolvidas na eletrólise do cloreto de sódio em solução aquosa são as seguintes:
Dissociação do sal: 2 NaCl(aq) **( 2 Na11(aq) 1 2 Cl12(aq)
Ionização da água: 4 H2O(l) **( 2 H3O11(aq) 1 2 OH12(aq)
Reação anódica: 2 Cl12(aq) **( 1 Cl2(g) 1 2 e2
Reação catódica: 2 H3O (aq) 1 2 e2 **( 2 H2O(l) 1 1 H2(g)
11

Equação global: 2 NaCl(aq) 1 2 H2O(l) **( 1 H2(g) 1 1 Cl2(g) 1 2 Na11(aq) 1 2 OH12(aq)


(01) Errado. A oxidação (perda de elétrons) ocorre no ânodo.
(04) Errado. Os ácidos, que são compostos moleculares, também conduzem corrente elétrica quando dissolvidos em água. Nesse
caso, o ácido reage com a água formando íons que tornam o meio condutor (processo de ionização).
Resposta: 02 1 08 1 16 5 26

PARA CONSTRUIR

(Unemat-MT) A obtenção industrial do hidróxido de sódio e do cloro tem como matéria-prima: a


m
Ene-7 a) água do mar. c) gás natural. e) ácido clorídrico.
C 6
H-2 b) petróleo. d) hipoclorito de sódio.
O cloro e o hidróxido de sódio são obtidos industrialmente por eletrólise de uma solução aquosa de cloreto de sódio.

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR
Cátodo Ânodo

1 (UFVJ-MG) A eletrólise é usada na sociedade moderna para


m
Ene-3
obtenção de alguns gases em escala industrial. Nesta figura, é
C 8
H- apresentado o esquema da eletrólise de uma solução aquosa
de iodeto de potássio (KI). A confirmação do processo eletrolí-
tico que ocorre no cátodo foi realizada mediante adição do in-
dicador ácido-base (fenolftaleína) à solução, resultando numa
mudança de coloração.

34 Eletroquímica II
Observe a tabela a seguir, que apresenta os potenciais pa- a) Cloro gasoso.
drão de redução (E°) de todas as espécies contidas no eletró- b) Ácido clorídrico.
lito no início desse experimento de eletrólise. c) Sódio metálico.
Tabela: Potenciais padrão de redução das semirreações de d) Hidrogênio gasoso.
redução. e) Hidróxido de sódio.
E° / V (Versus eletrodo 2 (UFMT) A partir da eletrólise industrial do NaCl, segundo o
Semirreação de redução
padrão de hidrogênio) m esquema abaixo, obtêm-se importantes subprodutos:
Ene-3
C 8
H-
K1 1 1 e2 K 22,93
Água do mar

I2 1 2 e2 2 I2 10,54
Extração de sal marinho

2 H2O 1 2 e2 H2 1 2 OH2 20,83

Adição de água
Com base nessas informações, assinale a alternativa que
apresenta os produtos da reação de eletrólise do KI.
a) H2 e O2
Processo de eletrólise
b) OH− e K+
c) O2 e I2
d) I2 e H2

2 (UFG-GO) Uma chave, imersa em uma solução de sulfato de


1 NaOH 2 Cl2 3 H2
m cobre, é conectada a uma placa de cobre por meio de uma
Ene-7
C 6
H2
- pilha comum, como mostra a figura abaixo.

4 NaClO HCl 5

A partir dessas informações, analise as afirmativas.


Cu I. O subproduto 1 da eletrólise é o hidróxido de sódio, co-
nhecido como soda cáustica, matéria-prima utilizada na
fabricação de sabão, detergentes e papel.
II. Para obtenção de 36,5 g do subproduto 5, são necessários
0,5 mol de H2 e 0,5 mol de Cl2.
III. A eletrólise ocorrida entre o sal marinho e a água é uma
reação espontânea, sem necessidade de energia para a
CuSO4 sua realização.
IV. O subproduto 4 é utilizado para lavagem de roupas colo-
Observa-se que a chave fica amarela por causa da: ridas.
a) redução dos íons Cu2+(aq). V. O subproduto 3 é extremamente reativo e perigoso, utili-
b) oxidação dos íons Cu2+(aq). zado na produção de amônia.
c) redução do Cu metálico. Estão corretas as afirmativas:
d) oxidação do metal da chave. a) I, II e III, apenas.
e) redução do metal da chave. b) I, II e V, apenas.
c) III e V, apenas. FRENTE A
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR d) I, II, IV e V, apenas.
e) III, IV e V, apenas.
1 (UFPI) A eletrólise da salmoura – uma solução aquosa de clo-
QUÍMICA

m reto de sódio – é um processo industrial que permite a ob- 3 (Fuvest-SP) Hipoclorito de sódio é obtido industrialmente
Ene-7
C 5
H-2 tenção de importantes produtos químicos industriais. Qual m por eletrólise de soluções aquosas de cloreto de sódio. Es-
Ene-3
C 8
dos seguintes produtos é formado no ânodo durante esse H- creva as reações químicas envolvidas nessa eletrólise e que
processo? conduzem à formação do hipoclorito.

Eletroquímica II 35
CAPÍTULO

6 Outras aplicações
de eletrólise

Objetivos:
ELETRÓLISE DE PURIFICAÇÃO
c Estudar casos em que Em alguns processos eletroquímicos, é conveniente o uso de eletrodos que participem ativa-
o eletrodo participa mente das reações, isto é, os denominados eletrodos ativos. É o caso da eletrólise de purificação e
ativamente das reações. da galvanoplastia.
c Entender o que são os O tratamento metalúrgico dos minérios de cobre produz o metal com pureza da ordem de
processos de eletrólise 98%, é o denominado cobre metalúrgico. Entretanto, para certas aplicações, esse grau de pureza é
de purificação e insuficiente, como para a fabricação de fios elétricos, em que a presença de quantidades mínimas de
galvanoplastia. impurezas diminui exageradamente a condutividade elétrica dos metais.
Para aplicações desse tipo, é necessário um cobre com 99,9% de pureza, denominado cobre
eletrolítico, que pode ser obtido por meio de eletrólise montada segundo o esquema abaixo:

Cátodo Ânodo Cátodo Ânodo

Redução Oxidação

Eletrodo inerte Cobre metalúrgico


de platina ou de (impuro)
cobre puro

ILUSTRAÇÕES: LUIS MOURA/


Após certo tempo

ARQUIVO DA EDITORA
Migração
de íons Cobre metálico
Solução aquosa de Cu21(aq) purificado
CuSO4

Fig. 1 – Ilustração esquemática de eletrólise de purificação.


Lama anódica

76997 233/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

ZHA
NGYA
NG135 O ânodo (+) é uma placa do cobre metalúrgico que se quer purificar.
O cátodo (–) é um eletrodo inerte adequado, de platina, por exemplo, ou, o que
seria preferível, uma chapa delgada de cobre puro.
A solução aquosa é de um sal de cobre, como sulfato de cobre II, CuSO4(aq), já
que a presença de um sal em solução é necessária para torná-la condutora de
corrente elétrica.

Denominam-se processos galvânicos todos os fenômenos de gera-


ção de corrente elétrica por meio de reações químicas.

Fig. 2 – Fios de cobre eletrolítico.

36 Eletroquímica II
Observe o que ocorre em cada eletrodo:
No ânodo (polo positivo) poderia haver retirada de elétrons (descarga) dos ânions SO422(aq),
OH12(aq), ou do próprio cobre metálico Cu(s), que constitui o eletrodo.
Como é mais fácil a retirada de elétrons do cobre metálico (pois um metal naturalmente já possui
tendência a doar elétrons), ele será oxidado primeiro:
Cu(s) *( Cu21(aq) + 2 e2
No cátodo (polo negativo), poderia haver fornecimento de elétrons (descarga) para os cátions
H3O11(aq) ou Cu21(aq). Como o Cu21(aq) é menos reativo, ele será reduzido primeiro:
Cu21(aq) 1 2 e2 *( Cu(s).
Somando as equações de oxidação e redução:
Reação catódica: Cu21(aq) 1 2 e2 **( Cu(s)
Reação anódica: Cu(s) **( Cu21(aq) 1 2 e2
Reação global: zero
Em resumo, a placa de cobre metalúrgico (o ânodo) se dissolve, liberando cátions Cu21(aq)
para a solução e, à medida que a corrente elétrica passa, deposita-se cobre no polo negativo com
altíssimo grau de pureza (99,9%).
O resultado zero como reação global indica que não houve transformação química, mas apenas
um transporte de cobre do polo positivo (ânodo) para o polo negativo (cátodo):
Cu0(impuro) **( Cu0(puro)
As impurezas encontradas no cobre metalúrgico são uma mistura de resto de minério, sílica
(areia) e uma pequena quantidade de metais preciosos, como a prata e o ouro.
A diferença de potencial aplicada na eletrólise de purificação do cobre é suficiente para provocar
a formação de cátions Cu21(aq), mas não de cátions de prata, ouro ou de qualquer outro material
que constitui as impurezas, por isso elas não se dissolvem e formam no fundo da cuba eletrolítica a
chamada lama anódica.
A extração e a venda dos metais presentes na lama anódica podem, de certo modo, compensar
o alto custo da produção de cobre eletrolítico.
ANDREW AITCHISON/CORBIS/LATINSTOCK

FRENTE A
QUÍMICA

Fig. 3 – Operário
trabalhando na
laminação do cobre.

Eletroquímica II 37
GALVANOPLASTIA
A galvanoplastia (nome que homenageia o cientista Luigi Galvani), além de ter a função de
Em escavações realizadas proteger peças metálicas da ação corrosiva do ambiente, também as torna mais bonitas já que,
perto de Bagdá, encontraram- muitas vezes, elas passam a ter a mesma aparência de metais nobres cobiçados (como prata e ouro).
-se objetos de decoração da Procede-se, assim, a niquelação, a cromação, a prateação, a douração, etc.
Pérsia antiga, dourados e pra-
teados, em meio a uma rudi- A galvanoplastia é uma técnica que permite dar um revestimento metálico a uma peça,
mentar bateria galvânica, data- colocando-a como cátodo (polo negativo) em um circuito de eletrólise.
da de 1200 a.C., ou seja, três
mil anos antes da primeira
A peça a ser submetida a galvanoplastia deve ser feita de

RAFAEL RAMIREZ LEE/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES


eletrodeposição de metais de
um material condutor ou ter recebido um tratamento que a
caráter científico, realizada em
torne condutora, por exemplo, peças de plástico podem se
1800 por Luigi Valentino
tornar condutoras se forem cobertas com uma camada de
Brugnatelli, um colaborador
metal pulverizado. Essa peça será o próprio cátodo (eletrodo
de Ale ssandro Volta. […]
negativo) do processo.
Brugnatelli pode ser conside-
rado o fundador da galvano-
técnica, já que efetuou várias
deposições de prata, cobre, Fig. 4 – As obras do escultor francês Auguste
zinco e desenvolveu métodos Rodin (1840-1917) eram recobertas com
com complexos metálicos metal, apesar de serem originalmente
esculpidas em material não condutor, através
amoniacais. de uma técnica aprimorada por seu mentor,
Adaptado de: SILVA, Carlos Sér-
gio. Um estudo crítico sobre a saúde dos o também escultor francês Albert-Ernest
trabalhadores de galvânicas, por meio das Carrier-Belleuse (1824-1887).
relações entre as avaliações ambientais,
biológicas e otorrinolaringológicas. 2. ed. O ânodo (eletrodo positivo) deve ser constituído de uma placa do metal que vai revestir a peça,
São Paulo: Fundacentro, 2010. Dispo-
nível em: <http://fundacentro.gov.br/ e a solução aquosa (banho eletrolítico) deve conter um sal desse metal.
biblioteca/biblioteca-digital/download/ Observe o que ocorre em cada eletrodo por meio de um exemplo prático, como a niquelação
Publicacao/125/Estudo_Critico-pdf>.
Acesso em: 27 abr. 2015.
(revestimento de níquel) de uma chave:
O cátodo (eletrodo negativo) será a chave que se deseja niquelar.
O ânodo (eletrodo positivo) será uma placa de níquel metálico, Ni(s) (o metal escolhido para o
revestimento).
A solução aquosa será de um sal solúvel de níquel II; por exemplo, sulfato de níquel II, NiSO4(aq).
A pessoa que trabalha em galvanoplastia está sujeita a acidentes de trabalho e doenças ocu-
pacionais. Os acidentes podem ser causados por choques elétricos, umidade, temperatura extrema,
entre outros. As doenças ocupacionais decorrem da exposição do organismo a névoas ácidas e
básicas contendo contaminantes metálicos e cianetos.

Ânodo # Fonte de
Elétrons Ca
mi corrente contínua
nh
od
os
e lét
Átomos de níquel ron
& s#
metálico transformam-se Ca
em íons Ni21(aq), que min
ho
passam para a solução. dos
elét
rons
&

Cátodo
LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

Ni21

Íons Ni21(aq)
Ni21
transformam-se em
Fig. 5 – Ilustração esquemática níquel metálico, que se
do processo de niquelação. deposita sobre a peça.

38 Eletroquímica II
EXERCÍCIO RESOLVIDO

m
Ene-7
(UFU-MG) No processo de galvanoplastia de um anel de alu- a) a placa de ouro será o cátodo.
C 6
H-2 mínio com uma fina camada de ouro, insere-se o material em b) o anel deverá ser ligado ao polo negativo de um gerador
uma solução aquosa de Au(NO3)3 que possui uma placa de elétrico.
ouro ligada a um gerador. c) a solução eletrolítica será condutora de elétrons.
Dados: potencial-padrão de redução, E° (25 °C, 1 atm, d) o potencial da cuba eletrolítica será de 13,16 V.
íons = 1 mol L21)
Semirreação de redução E°(V) RESOLUÇÃO:
Al 1 3 e ( Al
31 2
21,66 No polo negativo do gerador (cátodo), ocorrerá a redução
Au31 1 3 e2( Au 11,50 dos íons Au31(aq) para Au(s).
Nessa reação de galvanoplastia: Alternativa b.

O processo (não espontâneo) envolve a oxidação do cobre presente junto com outras impurezas no ânodo. No cátodo, ocorre redução dos íons Cu2+(aq)
presentes em solução. Trata-se de uma eletrólise.
PARA CONSTRUIR

(UFRN) A purificação do cobre é essencial para sua aplica- a) pilha galvânica, sendo que, no ânodo, ocorre a oxida-
m ção em fios condutores de corrente elétrica. Como esse ção do cobre metálico, e o metal que se deposita no
Ene-7
C 5
H2
- metal contém impurezas de ferro, zinco, ouro e platina, cátodo é resultado da redução dos íons Cu21 da solu-
é preciso realizar um processo de purificação na indús- ção aquosa.
tria para obtê-lo com mais de 99% de pureza. Para isso, b) eletrólise, sendo que, no ânodo, ocorre a oxidação do
é necessário colocá-lo no ânodo de uma cuba com solu- cobre metálico, e o metal que se deposita no cátodo é
ção aquosa de sulfato de cobre e aplicar corrente elétrica resultado da redução dos íons Cu21 da solução aquosa.
de forma a depositá-lo no cátodo, fazendo-o atingir essa c) eletrólise, sendo que, no ânodo, ocorre a redução do
pureza. Apesar de ser um método lento e de consumir cobre metálico, e o metal que se deposita no cátodo é
grande quantidade de energia, os custos de produção são resultado da oxidação dos íons Cu21 da solução aquosa.
d) pilha galvânica, sendo que, no ânodo, ocorre a redução
compensados pelos subprodutos do processo, que são
do cobre metálico, e o metal que se deposita no cátodo
metais como ouro, platina e prata. O método de purifica-
é resultado da oxidação dos íons Cu21 da solução aquosa.
ção do cobre é conhecido como: b

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TAREFA PARA CASA


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PARA PRATICAR 2 (UFV-MG) Na indústria de galvanoplastia, uma das técnicas


m utilizadas é a cromagem, que consiste na cobertura de pe-
Ene-6
C 1
H-2 ças metálicas com crômio para proporcionar beleza e dura-
1 (UFU-MG) O níquel é um metal resistente à corrosão, compo-
bilidade. Neste processo, a própria peça metálica funciona
m nente de superligas e de ligas, como o aço inoxidável e o me- como um dos eletrodos. Na eletrólise do sulfato de crômio III,
Ene-6
C 3

FRENTE A
H-2 tal monel (usado em resistências elétricas), sendo também Cr2(SO4)3, o íon Cr31 é reduzido a Cr0 sobre a peça e o oxigênio
usado na galvanização do aço e do cobre. da água é oxidado a O2 no outro eletrodo.
Considerando o exposto, marque a opção correta. É correto afirmar que:
a) O ânodo é o eletrodo que sofre redução. a) a deposição de um mol de crômio requer um mol de elé-
QUÍMICA

b) O cátodo é o eletrodo que sofre oxidação. trons.


c) A niquelagem ocorre no cátodo. b) o íon Cr31 oxida a peça metálica.
d) A niquelagem ocorre no ânodo. c) a peça metálica funciona como ânodo.
e) Na eletrólise, a reação química gera corrente elétrica. d) a solução fica mais ácida no decorrer da eletrólise.

Eletroquímica II 39
3 (UTFPR) A célula eletrolítica abaixo esquematiza um proces- I. no cátodo, ocorre a redução do Zn21.
m so de eletrólise de uma solução aquosa de cloreto de zinco II. na cuba eletrolítica, o banho deve conter um composto
Ene-6
C 1
H-2 (ZnCl2). Dadas as semirreações e seus respectivos potenciais, de zinco.
são feitas as seguintes afirmações: III. o ânodo é constituído por peças de ferro.
Dessas afirmações, somente:
Cl2(g) 1 2 e2 ( 2 Cl2(aq) E° = 11,36 V
a) I é correta.
Zn21(aq) 1 2 e2 ( Zn(s) E° = 20,76 V b) II é correta.
Fluxo de elétrons c) III é correta.
2
1 d) I e II são corretas.
bateria e) II e III são corretas.
Texto para as questões 3 e 4.
O silício metalúrgico, purificado até atingir 99,99% de pu-
Pt Solução reza, é conhecido como silício eletrônico. Quando cortado
contendo em fatias finas, recobertas com cobre por um processo ele-
ZnCl2(aq)
trolítico e montadas de maneira interconectada, o silício
eletrônico transforma-se em microchips.
I. O eletrodo de platina corresponde ao cátodo. A figura reproduz uma das últimas etapas da prepa-
II. Para que ocorra a eletrólise, a bateria deverá fornecer no ração de um microchip.
mínimo 2,12 V. As fatias de silício são colocadas numa solução de
III. Na chave, ocorrerá o processo de oxidação. sulfato de cobre. Nesse processo, íons de cobre deslocam-
IV. Na forma como o sistema está montado, haverá redução -se para a superfície da fatia (cátodo), aumentando a sua
do Zn21 no cátodo. condutividade elétrica.
V. No eletrodo de platina, será formado O2(g). Disponível em: <http://umumble.com>. Adaptado.

Destas, estão corretas, somente:

VUNESP
a) I e III.
b) II e IV.
c) IV e V.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.

PARA APRIMORAR

1 (UFU-MG) As medalhas olímpicas não são de ouro, prata ou


m bronze maciços, mas sim peças de metal submetidas a pro-
Ene-6
C 2
H-2 cessos de galvanoplastia que lhes conferem as aparências
características graças ao revestimento com metais nobres.
Sobre o processo de galvanoplastia, assinale a alternativa correta.
3 (Vunesp) O processo de recobrimento das fatias de silício é
a) O processo é espontâneo e gera energia elétrica no reves-
conhecido como:
timento das peças metálicas.
b) Consiste em revestir a superfície de uma peça metálica a) eletrocoagulação.
com uma fina camada de outro metal, por meio de eletró- b) eletrólise ígnea.
lise aquosa de seu sal. c) eletrodeformação.
c) É um fenômeno físico, pois, no revestimento da peça me- d) galvanoplastia.
tálica, ocorrem fenômenos que alteram a estrutura do e) anodização.
material. 4 (Vunesp) A semirreação na superfície da fatia de silício, cáto-
d) A peça submetida ao revestimento metálico atuará como do, é representada por:
ânodo e será o eletrodo de sinal positivo. a) Cu21 1 2 H2O ( O2(g) 1 4 H1 1 Cu(s)
2 (PUCC-SP) O ferro galvanizado (ferro recoberto por camada b) 2 Cu1 1 H2O ( 2 Cu(s) 1 H2O 1 2 e2
de zinco) pode ser obtido mergulhando-se o ferro em banho c) 2 SO422 ( S2O822 1 2 e2
m
Ene-7 d) Si(s) 1 4 e2 ( Si41(s)
C 2
H-2 de zinco metálico fundido ou, então, por eletrodeposição,
em que: e) Cu21 1 2 e2 ( Cu(s)

40 Eletroquímica II
CAPÍTULO

7 Exercícios sobre eletrólise

Objetivo: EXERCÍCIO RESOLVIDO


c Exercitar os conceitos
sobre os diferentes m
Ene-6
(Fuvest-SP) Em uma aula de laboratório de Química, a professora propôs a realização da
tipos de eletrólise. C 1
H-2 eletrólise da água.
Após a montagem de uma aparelhagem como a da figura a seguir, e antes de iniciar a
eletrólise, a professora perguntou a seus alunos qual dos dois gases, gerados no processo,
eles esperavam recolher em maior volume. Um dos alunos respondeu: “O gás oxigênio
deve ocupar maior volume, pois seus átomos têm oito prótons e oito elétrons (além dos
nêutrons) e, portanto, são maiores que os átomos de hidrogênio, que, em sua imensa
maioria, têm apenas um próton e um elétron”.
Observou-se, porém, que, decorridos alguns minutos, o volume de hidrogênio recolhido
era o dobro do volume de oxigênio (e essa proporção se manteve no decorrer da eletró-
lise), de acordo com a seguinte equação química:
2 H2O(l) *( 2 H2(g) 1 O2(g)
2V 1V

Fluxo de elétrons

Pilha
Grafita
ou
platina

Na1 H2(g)
Cl2(g) OH 2
Cl2 H1

a) Considerando que a observação experimental não corresponde à expectativa do alu-


no, explique por que a resposta dada por ele está incorreta.
Posteriormente, o aluno perguntou à professora se a eletrólise da água ocorreria caso
a solução de Na2SO4 fosse substituída por outra. Em vez de responder diretamente, a
professora sugeriu que o estudante repetisse o experimento, porém substituindo a
solução aquosa de Na2SO4 por uma solução aquosa de sacarose (C12H22O11).
b) O que o aluno observaria ao realizar o novo experimento sugerido pela professora?

FRENTE A
Explique.

RESOLUÇÃO:
a) Na decomposição eletrolítica da água formam-se, para cada mol de H2O, 2 mol de H2
QUÍMICA

e 1 mol de O2. Por isso o volume ocupado pelo hidrogênio é, aproximadamente, o


dobro do volume ocupado pelo oxigênio.
b) A glicose não forma com a água um meio eletrolítico. Por isso, a substituição de sulfato
de sódio por glicose faria com que a solução não pudesse ser eletrolisada. O aluno, neste
caso, não observaria formação de gases porque a decomposição da água não ocorreria.

Eletroquímica II 41
PARA CONSTRUIR

1 (Uerj) A eletrólise da ureia, substância encontrada na urina, 2 (Fuvest) O fluxograma a seguir representa um processo para
m está sendo proposta como forma de obtenção de hidrogê- m a produção de magnésio metálico a partir dos íons Mg21 dis-
Ene-6 Ene-7
C 3
H-2 nio, gás que pode ser utilizado como combustível. Observe C 5
H-2 solvidos na água do mar.
as semirreações da célula eletrolítica empregada nesse pro-
Mg21
cesso, realizado com 100% de rendimento: A na água do mar
água
reação anódica: CO(NH2)2 1 6 OH2 ( N2 1 5 H2O 1 CO2 1 Ca(OH)2
1 6 e2 cal apagada

reação catódica: 6 H2O 1 6 e2 ( 3 H2 1 6 OH2


Considere as seguintes informações: B
precipitado
1. A ureia tem fórmula química CO(NH2)2 e sua concentração
na urina é de 20 g ? L21.
D
2. Um ônibus movido a hidrogênio percorre 1 km com 100 g
(secagem)
desse combustível.
MgCl2
Apresente a reação global da eletrólise da ureia. Em seguida, Eletrólise com
calcule a distância, em quilômetros, percorrida por um ôni- NaCl e CaCl2
a 700 °C
bus utilizando o combustível gerado na eletrólise de dez mil H2 C

litros de urina. Subprodutos


A reação global corresponde à soma das semirreações anódica e
Mg
catódica. em lingotes
Reação anódica: CO(NH2)2 1 6 OH2 ( N2 1 5 H2O 1 CO2 1 6 e2
Reação catódica: 6 H2O 1 6 e2 ( 3 H2 1 6 OH2
Reação global: CO(NH2)2 1 H2O ( N2 1 CO2 1 3 H2 a) Preencha a tabela a seguir com as fórmulas químicas das
Cálculo da massa de ureia presente em 10 000 L de urina: substâncias que foram representadas, no fluxograma, pe-
1L 20 g las letras A, B, C e D.
10 000 L xg
x 5 2 ? 105 g
Pela estequiometria da reação global, 1 mol de ureia produz 3 mols
Substância A B C D
de gás hidrogênio. Fórmula
Logo, 60 g de ureia forma 6 g de H2. Então, a massa de H2 gerada a CaO Mg(OH)2 CI2 HCI
química
partir de 2 ? 105 g de ureia será:
CO(NH2)2 3 H2 b) Escreva as duas semirreações que representam a eletró-
60 g (3 ? 2 g) lise ígnea do MgCl2, identificando qual é a de oxidação e
2 ? 105 g x
qual é a de redução.
x 5 2 ? 104 g
Distância que o ônibus percorreu: 
c) Escreva a equação química que representa um método,
100 g H2 1 km economicamente viável, de produzir a substância A.
2 ? 104 g H2 s No fluxograma teremos:
s 5 200 km A + H2O ( Ca(OH)2
A = CaO, então:
CaO + H2O ( Ca(OH)2
Mg2+(aq) + Ca(OH)2 ( Ca2+(aq) + B (precipitado)
B = Mg(OH)2, então:
Mg2+(aq) + Ca(OH)2 ( Ca2+(aq) + Mg(OH)2
B + D ( água + MgCl2
B = Mg(OH)2 e D = HCl, então:
Mg(OH)2 + 2 HCl ( 2 H2O + MgCl2
Eletrólise
MgCl2 Mg(s) + C + subprodutos
C = Cl2, então:
Eletrólise
MgCl2 Mg(s) + Cl2 + subprodutos
H2 + C ( D
C = Cl2 e D = HCl
H2 + Cl2 ( 2 HCl
b) Eletrólise ígnea do MgCl2(s):
(+) 2Cl2(l) ( 2e2 + Cl2(g) (oxidação/ânodo)
(–) Mg2+(l) + 2e2 ( Mg(s) (redução/cátodo)
c) Um método economicamente viável para produzir a substância
Δ
A é a calcinação do CaCO3: CaCO3(s) CaO(s) + CO2(g)

42 Eletroquímica II
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA PRATICAR 2 (UFPR) A respeito de processos em que ocorre transferência


m de elétrons entre espécies químicas, considere as seguintes
Ene-6
C 1
H-2 afirmativas:
Texto para as questões 1 a 3. Fluxo de elétrons
A soda cáustica, nome comer- I. Baterias de celular são celas galvânicas onde as reações de
cial do hidróxido de sódio, oxidação e redução são espontâneas.
Pilha II. O enferrujamento de alguns metais pode ser evitado pela
é muito usada para limpe-
Grafita galvanização, que é uma cobertura de zinco metálico por
zas pesadas. Ela recebe esse ou
platina
meio de um processo eletrolítico.
nome porque é corrosiva,
III. O recobrimento de bijuterias com metais ocorre em celas
sendo muito perigosa para
eletrolíticas e é um processo não espontâneo.
tecidos de animais. Esse pro-
IV. O hidróxido de sódio reage com ácido clorídrico, onde o
duto não é encontrado na na- Na1 H2(g)
Cl2(g) OH 2 sódio sofre oxidação.
tureza, sendo produzido em Cl 2 H1
Assinale a alternativa correta.
laboratório por meio de um
a) Somente a afirmativa IV é verdadeira.
processo chamado de eletró-
b) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
lise aquosa de cloreto de sódio (NaCl), isto é, eletrólise da sal-
c) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
moura, conforme o esquema acima.
d) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
1 (IFSul-RS) A base produzida na eletrólise da salmoura é: e) As afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.
m
Ene-7 a) insolúvel e forte. 3 (UPE) Realizou-se um experimento para recuperar metais a
C 4
H-2 b) insolúvel e fraca. m partir de placas de circuito impresso de sucatas de micro-
Ene-5
c) solúvel e fraca. C 7
H-1 computadores e aparelhos de TV, utilizando-se do método
d) solúvel e forte. denominado eletro-obtenção. A mistura metálica foi previa-
2 (IFSul-RS) Ao reagir completamente com ácido sulfúrico, a mente separada dos demais componentes e dissolvida em
m soda produz o: H2SO4 concentrado e, depois, diluída em água. Montou-se
Ene-7
C 4
H2
uma célula para os ensaios de eletro-obtenção, usando-se
-
a) sulfito de sódio, um sal de caráter básico.
uma placa de cobre como cátodo e uma placa de platina
b) sulfato de sódio, um sal de caráter neutro.
como ânodo. O gráfico a seguir se refere à variação da con-
c) sulfito de sódio, um sal de caráter neutro.
centração dos metais na solução, ao longo do período de
d) sulfato de sódio, um sal de caráter básico. passagem da corrente pela solução.
3 (IFSul-RS) Durante o processo de eletrólise, ocorre a produ-
6
Concentração (g/L)

m
Ene-6
ção de gás cloro no: 5
C 1
H-2 a) polo positivo, pois há ganho de elétrons pelo cloro. 4
3
b) cátodo, que é o polo em que ocorre a oxidação. 2
c) polo negativo, onde ocorre a corrosão do sal. 1
d) ânodo, que é o polo positivo da cuba eletrolítica. 0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo (minutos)
PARA APRIMORAR Cobre Estanho Chumbo
VEIT, H. M. et al. Rev. Esc. MINAS, 61,2, 159-164 2008. Adaptado.
1 (UFVJM-MG) Sobre a eletrólise do KCl, em solução aquosa,
As informações contidas no gráfico acima indicam que, nessa
FRENTE A
m quantas das seguintes afirmações são corretas?
Ene-6
C 1
eletro-obtenção:
H-2 I. Durante a eletrólise, o pH vai aumentando. a) o chumbo foi depositado na placa de platina.
II. No cátodo (polo 2) há formação de K(s). b) a deposição do estanho no ânodo foi mais acentuada.
III. No ânodo (polo 1) há desprendimento de cloro gasoso, c) a pilha apresentou um melhor rendimento para o estanho.
QUÍMICA

Cl2(g). d) os íons cobre que estavam em solução se depositaram no


IV. Se for adicionada fenolftaleína na solução inicial, haverá cátodo.
mudança, durante a eletrólise, de incolor para vermelho. e) o método se mostrou pouco eficiente para a reciclagem
a) 4 b) 3 c) 2 d) 1 e) 0 do cobre a partir da sucata.

Eletroquímica II 43
CAPÍTULO

8 Leis de Faraday

Objetivos: O químico inglês Michael Faraday (1791-1867) foi o responsável por uma série de descobertas
importantes, como as leis que determinam quantitativamente os fenômenos relacionados à eletrólise.
c Compreender os
Com os conhecimentos atuais, podemos prever a massa das substâncias que serão formadas
conceitos relacionados
ou transformadas por eletrólise a partir da relação entre a quantidade de eletricidade que percorre o
com a primeira e
sistema eletrolítico e a massa molar das substâncias envolvidas.
a segunda leis de
Faraday.
PRIMEIRA LEI DE FARADAY
c Conhecer as aplicações
das leis de Faraday em
Por meio de um grande número de experimentos, Faraday chegou à seguinte conclusão em
eletroquímica.
relação à massa da substância que participa de um processo de eletrólise e à carga elétrica que atra-
vessa o sistema:

A massa, m, de uma substância, formada ou transformada por eletrólise, é diretamente


proporcional à quantidade de carga elétrica, Q, que atravessa o sistema de um eletrodo a outro.

No sistema a seguir, verifica-se que, ao aplicar uma carga elétrica Q ao sistema, é possível obter
um depósito de massa igual a m g do metal M no cátodo.

LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA


Δt1 Carga Δt2 5 Δt1
elétrica Q Carga elétrica 2Q

Ânodo Ânodo
Cátodo Cátodo

Eletrodos Eletrodos
inertes inertes
Mx1 Mx1
Solução Ay2 Ay2
contendo o sal H3O11 Depósito de Solução H3O11 Depósito de
My Ax dissolvido. m g do metal M contendo o sal 2m g do metal M
OH12 OH12
My Ax dissolvido.

Fig. 1 – Eletrodeposição por Δt1.


Fig. 2 – Eletrodeposição por Δt2.

Como a carga Q aplicada é diretamente proporcional à massa m da substância formada, se


dobrarmos a carga elétrica no sistema para 2Q, mantendo-se constante as demais condições, vamos
obter uma massa de metal M igual ao dobro da massa obtida na situação anterior.
A carga elétrica, Q, que percorre o sistema é calculada multiplicando-se a intensidade da cor-
rente elétrica, i, em ampères, A, pelo tempo, t, de passagem da corrente elétrica, em segundos, s:

Q 5 i ? t (A ? s)

O produto das unidades (A ? s): ampère ? segundo é igual a unidade coulomb (C).

44 Eletroquímica II
Essa lei pode ser comprovada experimentalmente medindo-se:

GEORGIOS KOLLIDAS/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES


a intensidade de corrente elétrica, i, em um amperímetro, que passa por uma cuba eletrolítica;
o tempo, t, de passagem dessa corrente, com um cronômetro;
a massa, m, da substância formada durante a eletrólise.
À medida que aumentarmos a intensidade da corrente elétrica, i, e o tempo, t, em que a cor-
rente elétrica percorre o sistema, a massa, m, da substância formada ou transformada por eletrólise
aumentará na mesma proporção.

SEGUNDA LEI DE FARADAY


A segunda lei de Faraday relaciona a quantidade de matéria de elétrons que participa da ele-
trólise com os coeficientes das semirreações anódica e catódica (corretamente balanceadas), para
encontrar a massa de determinada substância formada ou transformada por eletrólise.
A carga de 1 elétron (valor experimental) é igual a 1,602189 ? 10219 C. Logo, a carga de uma
quantidade de matéria de elétrons igual a 1 mol ou 6,02214 ? 1023 elétrons pode ser calculada da
seguinte maneira:
1 elétron 1,602189 ? 10219 C Fig. 3 – Michael Faraday.
6,02214 ? 10 elétrons
23
x
6,02214 ⋅ 1023 ⋅ 1,602189 ⋅ 10219 ⇒ x 5 96 486 C
x5
1
A quantidade de carga que equivale a 1 mol de elétrons, 96 486 C/mol, é conhecida por cons-
tante de Faraday (F).

1 F 5 96 486 C/mol (carga elétrica de 1 mol de elétrons)

Conhecendo a quantidade de matéria n de elétrons que atravessa o circuito, calculamos a carga


elétrica Q necessária à eletrólise.
96 486 C 1 mol de e2
Q n mol de e2

Q 5 n ? 96 486 C

Lembre-se de que Faraday não sabia da existência dos elétrons e não conhecia a grandeza mol.
Aliás, utilizar a relação entre constante F (determinada experimentalmente por Faraday) e a carga
de 1 elétron, que o físico Robert Andrews Millikan (1868-1953) também determinou experimen-
talmente, é uma maneira clássica de se chegar ao valor da constante de Avogadro.

APLICAÇÕES DAS LEIS DE FARADAY


As leis de Faraday podem ser utilizadas para resolver uma série de problemas de ordem prática,
relacionados aos processos de eletrólise e de pilhas. Vamos ver dois desses problemas a seguir.
Suponha que seja necessário calcular as massas dos metais depositadas em três cubas eletrolíti-
cas, ligadas em série, submetidas a uma corrente de 5 A, durante 32 minutos e 10 segundos, conforme
o esquema abaixo.
Dadas as massas molares em g/mol: Cu 5 63,5; Fe 5 56; Ag 5 108.
A F
FRENTE A
LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

QUÍMICA

CuSO4 FeCl3 AgNO3

Eletroquímica II 45
Primeiro devemos passar o valor do tempo de minutos para segundos:
Também é possível encontrar
32 ? 60 1 10 5 1 930 s
diretamente o valor de Q pelo
1A 1 C/s
cálculo:
5A x
Q 5 i ? t ⇒ Q 5 5 ? 1 930 ⇒
⇒ Q 5 9 650 C x 5 5 C/s
Observação: 5C 1s
Se: 1 A ? 1 s 5 1 C y 1 930 s
Então: 1 A 5 1 C y5
1930 ⋅ 5
⇒ y 5 9 650 C
s
1
Da semirreação catódica do Cu21 sabemos que:
Cu21 (aq) 1 2 e2 *( Cu(s)
2 mol 1 mol
2 ? 96 500 C 1 ? 63,5 g
9 650 C z

z 5 9 650 ⋅ 1 ⋅ 63,5 ⇒ z 5 3,175 g de Cu(s)


2 ⋅ 96500
Da semirreação catódica do Fe31 sabemos que:
Fe31 (aq) 1 3 e2 *( Fe(s)
3 mol 1 mol
3 ? 96 500 C 1 ? 56 g
9 650 C w
w 5 9 650 ⋅ 1 ⋅ 56 ⇒ w . 1,867 g de Fe(s)
3 ⋅ 96 500
Da semirreação catódica da Ag11, temos:
Ag11(aq) 1 1 e2 *( Ag(s)
1 mol 1 mol
1 ? 96 500 C 1 ? 108 g
9 650 C a

Fonte de corrente a5 9 650 ⋅ 1 ⋅ 108 ⇒ a510,8 g de Ag(s)


contínua 1 ⋅ 96 500

As massas dos metais depositadas nas três cubas eletrolíticas foram aproximadamente
3,175 g de Cu(s), 1,867 g de Fe(s) e 10,8 g de Ag(s).
Agora imagine outra situação: uma calota de automóvel de área igual a 500 cm 2
constitui o cátodo de uma cuba eletrolítica que contém solução aquosa de cloreto de
Caminho dos níquel II, NiCl 2(aq). Para niquelar a calota, faz-se passar através da cuba uma corrente
elétrons
elétrica de 35,5 A. O cálculo do tempo necessário para que seja depositada na calota uma
Caminho dos
elétrons camada de níquel igual a 0,01 mm de espessura pode ser feito da maneira descrita a seguir.
Dados: Ni 5 59 g/mol, dNíquel 5 8,9 g/cm3, 1 F 5 96 500 C.
O primeiro passo é calcular qual a massa de Ni(s) que vai cobrir a calota de área 500 cm2
Ânodo com uma espessura de 0,01 mm.
1 cm 10 mm
x 0,01 mm
LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

0,01 ⋅ 1
x5 ⇒ x 51023 cm
10
Cátodo
V 5 área ? espessura
V 5 500 cm2 ? 1023 cm ⇒ V 5 0,500 cm3
d5m ⇒ m5d?V ⇒
V
⇒ m 5 8,9 ? 0,500 ⇒ m 5 4,45 g

46 Eletroquímica II
Em seguida é possível calcular a carga elétrica Q necessária:
Também é possível encon-
Semirreação catódica
trar diretamente o valor de t pelo
Ni21(l) 1 2 e2 *( Ni(s)
cálculo:
2 mol 1 mol Q
Q 5i?t ⇒ t 5 ⇒
2 ? 96 500 C 1 ? 59 g i
x 4,45 g 14 556,7
⇒ t 5 ⇒ t 5 410 s
4,45 ⋅ 2 ⋅ 96 500 35,5
x5 ⇒ x . 14 556,78 C
1 ⋅ 59
E, finalmente, o tempo necessário para o depósito do níquel:
Como 35,5 A 5 35,5 C/s, então temos:
35,5 C 1s
14 556,78 C t
14 556,78 C ⋅ 1 s
t5 ⇒ t . 410 s
35,5 C
De forma ideal são necessários 410 segundos para depositar na calota uma camada de níquel
de 0,01 mm de espessura.

BIOGRAFIA
Michael Faraday nasceu em Londres, na Inglaterra, em 22 de setembro de 1791. Precisou trabalhar cedo para ajudar a família financeiramente,
por isso só estudou até a escola elementar.
Aos 13 anos, tornou-se entregador de uma oficina de encadernação; depois de um ano de serviço passou a aprendiz, permanecendo no
emprego durante mais sete anos.
Sempre que podia, isolava-se para fazer aquilo de que mais gostava: ler livros científicos.
Em 1813, a Royal Society, a maior academia científica inglesa, realizou um ciclo de quatro conferências com o químico inglês Humphry Davy
(1778-1829), que pesquisava os problemas relacionados aos fenômenos elétricos.
Faraday assistiu a todas as conferências e percebeu que ninguém se dera ao trabalho de anotar o que havia sido dito. Resolveu então fazer
um grande manuscrito com as suas anotações e encaderná-lo (já que era mestre nesse ofício). Após ter concluído o trabalho, mostrou-o a
Davy, que ficou muito lisonjeado e impressionado com o interesse e o entusiasmo de Faraday. Resolveu convidá-lo para ser seu assistente.
Faraday aceitou prontamente, pois, apesar de ser um trabalho de criado, teria acesso a livros e a oportunidade de estudá-los.
Davy levou-o, então, como assistente, a uma viagem de dois anos pela Europa, os quais passou visitando os laboratórios das melhores uni-
versidades, participando de vários experimentos e palestras científicas.
Quando voltaram a Londres, em 1815, Faraday já dominava completamente as técnicas de laboratório e tinha livre acesso aos equipamentos
para fazer experimentos.
Trabalhando muito, conseguiu realizar importantes pesquisas em Química e em Física. Os resultados foram publicados em livros, o que cha-
mou a atenção dos membros da Royal Society para o seu talento científico.
Mas, quando Faraday foi julgado em condições de se tornar membro da Royal Society, faltou apenas um voto para que a assembleia da Aca-
demia o aceitasse por unanimidade: justamente o voto de Humphry Davy.
Faraday acabou sendo aceito e em 1825 foi eleito diretor do laboratório da Royal Society. Nesse mesmo ano descobriu o benzeno, C6H6(l).
Os anos de trabalho como assistente de Davy deram a Faraday a possibilidade de se tornar um excelente
químico experimental. Como sua formação em Matemática era muito precária, ele buscava compreen-

REPRODUÇÃO/ED. CONTRAPONTO
der a essência dos fenômenos que observava para poder transmiti-los em palavras, pois precisava tornar
acessíveis os resultados de suas descobertas usando uma linguagem comum.
Isso obrigou Faraday a procurar a explicação mais simples para cada fenômeno, o que se tornou útil na
realização de estudos cada vez mais complexos.
Faraday determinou as leis da Eletroquímica pelo menos 60 anos antes de o elétron ser efetivamente
“descoberto”, numa época em que ainda não se trabalhava com fórmulas (a notação dos símbolos e das FRENTE A
fórmulas das substâncias como utilizamos hoje foi proposta por Berzelius em 1814), por isso, Faraday
precisou utilizar conceitos que hoje em dia estão em desuso.
Aos 56 anos precisou abandonar em grande parte o trabalho científico por problemas de saúde. Faleceu
QUÍMICA

em Londres, em 1867, aos 76 anos de idade.


As conferências e os experimentos feitos por Michael
Faraday no século XIX podem ser encontrados em seu
livro A história química de uma vela: as forças da matéria
(Rio de Janeiro: Contraponto, 2003).

Eletroquímica II 47
EXERCÍCIO RESOLVIDO

m
Ene-6
(Unifor-CE) Na obtenção industrial de alumínio ocorre a seguinte reação catódica:
C 1
H-2 Al31 1 3 e2 # Al
Sabendo-se que 1 F (faraday) é a carga de 1 mol de elétrons, quantos faradays provocam a deposição de 9 kg de alumínio?
a) 3 d) 300
b) 30 e) 1000
c) 100

RESOLUÇÃO:
1 mol Al 3 mol e2 3F 27 g Al
y 9 000 g Al
y 5 1000 F
Alternativa e.

PARA CONSTRUIR

1 (Vunesp) O valor da Constante de Avogadro é determinado experimentalmente, sendo que os melhores valores resultam da
m medição de difração de raios X de distâncias reticulares em metais e em sais. O valor obtido mais recentemente e recomendado é
Ene-6
C 1
H-2 6,02214 ? 1023 mol21.
Um modo alternativo de se determinar a Constante de Avogadro é utilizar experimentos de eletrólise. Essa determinação se baseia
no princípio enunciado por Michael Faraday (1791-1867), segundo o qual a quantidade de produto formado (ou reagente consu-
mido) pela eletrólise é diretamente proporcional à carga que flui pela célula eletrolítica.
Observe o esquema que representa uma célula eletrolítica composta de dois eletrodos de zinco metálico imersos em uma solução
0,10 mol ? L21 de sulfato de zinco (ZnSO4). Os eletrodos de zinco estão conectados a um circuito alimentado por uma fonte de
energia (CC), com corrente contínua, em série com um amperímetro (Amp) e com um resistor (R) com resistência ôhmica variável.
e2

1 CC 2 2 Amp
1

Ânodo 1 2 Cátodo

SO422 Zn21

Zn21 SO422

Após a realização da eletrólise aquosa, o eletrodo de zinco que atuou como cátodo no experimento foi levado para secagem em uma
estufa e, posteriormente, pesado em uma balança analítica. Os resultados dos parâmetros medidos estão apresentados na tabela.

Parâmetro Medida
Carga 168 C
Massa do eletrodo de Zn inicial (antes da realização da eletrólise) 2,5000 g
Massa do eletrodo de Zn final (após a realização da eletrólise) 2,5550 g

48 Eletroquímica II
Escreva a equação química balanceada da semirreação que ocorre no cátodo e calcule, utilizando os dados experimentais contidos
na tabela, o valor da Constante de Avogadro obtida.
Dados: massa molar, em g ? mol21: Zn 5 65,4; carga do elétron, em C ? elétron21: 1,6 ? 10219.
A semirreação que ocorre no cátodo é a redução do zinco, dada por:
Zn21(aq) 1 2 e2 Zn0(s)
Cálculo da Constante de Avogadro:
A massa de zinco depositada no cátodo, de acordo com a tabela, foi:
mf 2 mi 5 2,5550 g 2 2,5000 g 5 0,055 g de Zn
Quantidade de carga do processo:
1 e2 1,6 ? 10219 C
1 mol de e2 x
x 5 1 mol de e2 ? 1,6 ? 10219 C
Assim:
Zn21(aq) 1 2 e2  Zn0 (s)
1 mol de e2 ? 2 ? (1,6 ? 10219 C) 65,4 g
168 C 0,055 g
1 mol de e2 5 6,243 ? 1023

2 (UFT-TO) Atualmente, César Cielo é o brasileiro mais rápido do mundo na natação estilo livre. Após ter vencido os 50 metros livres
m nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, é o campeão e recordista mundial dos 100 metros livres e campeão dos 50 metros livres.
Ene-6
C 1
H2
- Estas três medalhas de ouro são um marco para a natação brasileira e César Cielo, um exemplo de atleta para os jovens do Brasil.
As medalhas conquistadas, ao contrário do que muitos pensam, não possuem valor financeiro relevante, pois são feitas de prata
e apenas recobertas com uma fina camada de ouro. O uso de corrente elétrica para produzir uma reação química, chamada de
eletrólise, é a técnica aplicada para recobrir a medalha de ouro. O processo consiste em reduzir uma solução aquosa de ouro III
contendo excesso de íons cloreto, a ser depositada sobre a prata, que atua como um eletrodo, conforme a reação total a seguir:
3
Au31(aq) 1 3 Cl2(aq) *( Au(s) 1
Cl (g)
2 2
Supondo que tenha sido utilizada uma corrente elétrica constante de 3,5 ampères durante 35 minutos, determine qual das alter-
nativas abaixo representa corretamente a quantidade de ouro depositada em cada medalha: b
Dados: constante de Faraday 5 9,65 ? 104 coulomb ? mol21; 1 ampère 5 1 coulomb ? s21.
a) 15 gramas c) 7,0 gramas e) 10 gramas
b) 5,0 gramas d) 12 gramas
Q 5 i ? Δt
Q 5 3,5 A ? 35 ? 60 s 5 7 350 C
Au31(aq) 1 3 e2 → Au(s)
3 mol e2 1 mol Au
3 mol e2 197 g Au
3 ? 96 500 C 197 g Au
7 350 C x
x 5 5,0 g

3 (Uerj) O magnésio, graças a sua leveza, é usado na indústria espacial e aeronáutica, em aparelhos óticos e equipamentos em geral.
m As ligas de magnésio, muito resistentes, são empregadas na fabricação de motores e fuselagens de aviões. A maior parte desse
Ene-7
C 6
H-2 metal é produzida pela eletrólise ígnea do cloreto de magnésio obtido da água do mar. Ao passarmos uma corrente elétrica de
carga 19 300 C através de cloreto de magnésio fundido, são produzidas massas de magnésio metálico e de gás cloro, em gramas,
respectivamente iguais a: b
a) 2,4 e 3,55. c) 4,8 e 7,10. e) 14,2.
b) 2,4 e 7,10. d) 4,8.
Redução de Mg21(l) no cátodo:
FRENTE A
Mg21 1 2 e2 → Mg0
2 mol e2 2 ? 96 500 C 1 mol Mg 24,3 g
19 300 C x
x 5 2,4 g
Oxidação de Cl2 (l) no ânodo:
QUÍMICA

2 Cl2 → Cl2 1 2 e2
2 mol e2 2 ? 96 500 C 1 mol Cl2 71 g
19 300 C y
y 5 7,1 g

Eletroquímica II 49
4 (UFG-GO) Em metalurgia, um dos processos de purificação b) calcule a massa de NiCl2 com excesso de 50%, necessária
m de metais é a eletrodeposição. Esse processo é representado para garantir a eletrodeposição de 30 g de Ni(s).
Ene-6 Teremos:
C 1
H-2 pelo esquema abaixo, no qual dois eletrodos inertes são colo-
130 g NiCl2 59 g Ni
m
cados em um recipiente que contém solução aquosa de NiCl2 m 30 g Ni
Ene-5
C 9
Dados: constante de Faraday: 96 500 C/mol; massa molar do m 5 66,10 g
H-1
m(com excesso) 5 66,10 g 1 0,50 ? (66,10 g) 5 99,15 g
Ni: 59 g/mol.
Baseando-se no esquema apresentado,
a) escreva as semirreações, que 2 1
ocorrem no cátodo e no ânodo, e
calcule a corrente elétrica neces- Eletrodos
inertes
sária para depositar 30 g de Ni(s)
em um dos eletrodos durante um
período de uma hora;
Teremos:
Ânodo: 2 Cl2(aq) → Cl2(g) 1 2 e2
Cátodo: Ni21(aq) 1 2 e2 → Ni(s)
2 mols de e– 59 g Ni
2 ? 96 500 C 59 g Ni
Ni21(aq) Cl2(aq)
Q 30 g Ni
Q 5 98 135,59 C
Q 5 i ? t ⇒ 98 135,59 5 i ? 3 600
i 5 27,26 A

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TAREFA PARA CASA


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PARA PRATICAR 3 (PUC-SP) O alumínio é um metal leve e muito resistente, ten-


m do diversas aplicações industriais. Esse metal passou a ser
Ene-6
C 1
H-2 explorado economicamente a partir de 1886, com a imple-
1 (Unitau-SP) Na produção do cobre, uma indústria aplica uma
mentação do processo Héroult-Hall.
m corrente de 10 000 A em uma cuba eletrolítica. Qual é a mas- m
Ene-5
Ene-7
C 5
H2
- sa, em kg, de cobre produzido em 24 horas? C 9
H1
- O alumínio é encontrado geralmente na bauxita, minério
que apresenta alto teor de alumina (Al2O3). O processo Hé-
Dados: constante de Faraday (F) 5 96 500 C ? mol ; massa 21
roult-Hall consiste na redução do alumínio presente na alu-
molar Cu 5 63,5 g/mol.
mina (Al2O3) para alumínio metálico, por meio de eletrólise. A
a) 284 d) 56,8
semirreação de redução é representada por
b) 568 e) 14,2
c) 142 Al31 1 3 e2 → Al

2 (IFTM-MG) Num processo de niquelação utilizando-se solução Se uma cela eletrolítica opera durante uma hora, passando
m de NiSO4, houve deposição de 5,9 g de níquel metálico sobre carga equivalente a 3 600  F, a massa de alumínio metálico
Ene-6
C 1
H-2 uma peça. Supondo mesma intensidade da corrente elétrica e produzida é:
m
mesmo tempo, se a peça estivesse mergulhada numa solução a) 32,4 kg.
Ene-5
C 9
H-1
de AgNO3, qual seria a massa de prata depositada? b) 97,2 kg.
a) 108 g d) 9,4 g c) 27,0 kg.
b) 21,6 e) 4,7 g d) 96,5 kg.
c) 10,8 g e) 3,60 kg.

50 Eletroquímica II
PARA APRIMORAR 3 (Mack-SP) Pode-se niquelar (revestir com uma fina camada de
m níquel) uma peça de um determinado metal. Para esse fim, de-
Ene-6
C 1
H-2 vemos submeter um sal de níquel II, normalmente cloreto, a
1 (PUC-PR) Desde a Antiguidade, o homem passou a desenvolver
um processo denominado eletrólise em meio aquoso. Com o
m técnicas de obtenção e manipulação dos metais para os mais m
Ene-5
Ene-6
C 1 C 9 passar do tempo, ocorre a deposição de níquel sobre a peça
H-2 diversos usos. A obtenção de metais puros pode ser feita, por H-1
metálica a ser revestida, gastando-se certa quantidade de
m
exemplo, por meio de eletrólise ígnea, na qual um fluxo contí- energia. Para que seja possível o depósito de 5,87 g de níquel
Ene-5
C 9
H1
-
nuo de corrente elétrica é aplicado durante certo tempo a uma sobre determinada peça metálica, o valor da corrente elétrica
cuba contendo o composto iônico fundido. Supondo que por utilizada, para um processo de duração de 1 000 s, é de:
uma cuba contendo um sal férrico (íons Fe31) seja passada uma
corrente elétrica de 3 A por 2 horas, a massa de ferro metálico Dados: constante de Faraday 5 96 500 C; massa molar em
g/mol Ni 5 58,7.
acumulada no cátodo do dispositivo eletrolítico será de:
a) 9,65 A. d) 19,30 A.
a) 4,18 g.
b) 10,36 A. e) 28,95 A.
b) 12,53 g.
c) 15,32 A.
c) 168 g.
d) 3,42 g. 4 (UFMS) Numa pequena empresa que reveste acessórios por
e) 1,16 g. m deposição eletroquímica, foram montadas duas cubas ele-
Ene-7
C 5
H-2 trolíticas ligadas em série, com o objetivo de reduzir o consu-
2 (UFRN) A produção industrial de alumínio metálico pela ele-
mo de energia elétrica. Na primeira cuba, efetuou-se a depo-
m
Ene-7
trólise da bauxita fundida é um processo industrial que con- m
Ene-5
C 5 C 9 sição de níquel metálico e, na segunda, prata metálica, tendo
H-2 some grande quantidade de energia elétrica. A semirreação H1
-
ocorrido as seguintes semirreações:
de redução do alumínio é dada por:
m
Ene-5 1a cuba: Ni21(aq) 1 2 e2 # Ni0(s)
C 9
H-1 Al31 1 3 e2 → Al
2a cuba: Ag1(aq) 1 e2 # Ag0(s)
Para se produzirem 2,7 g de alumínio metálico, a carga elétri-
ca necessária, em coulombs, é: Sabendo que no cátodo da primeira cuba foram deposita-
a) 9 650. dos 12,02 g de níquel metálico, calcule a massa de prata, em
b) 28 950. gramas, depositada no cátodo da segunda cuba. Aproxime o
c) 32 160. resultado para o inteiro mais próximo.
d) 289 500. Dados: massas molares (g/mol): Ni 5 59; Ag 5 108.

ANOTAÇÕES

FRENTE A
QUÍMICA

Eletroquímica II 51
CAPÍTULO

9 Exercícios sobre a aplicação


das leis de Faraday

Objetivo: EXERCÍCIO RESOLVIDO


c Exercitar os conceitos
sobre a primeira e
m ((UFRRJ) A prateação pelo processo galvânico é de grande utilidade, tendo em vista que,
a segunda leis de Ene-7
C 6
H-2 com um gasto relativamente pequeno, consegue-se dar uma perfeita aparência de prata
Faraday.
aos objetos tratados.
m
Ene-5
C 9
H-1
A massa de prata (em gramas) depositada durante a prateação de uma pulseira de bijuteria,
na qual foi envolvida uma carga equivalente a 4 825 C, corresponde aproximadamente a:
a) 54 g. b) 27 g. c) 10,8 g. d) 5,4 g. e) 1,08 g.

RESOLUÇÃO:
Redução de Ag1(aq) no cátodo: Ag1 1 e2 # Ag
1 mol e2 1F 96 500 C 1 mol Ag 108 g
4 825 C x
x 5 5,4 g
Alternativa d.

PARA CONSTRUIR

1 (Pucc-SP) O mar contribui com a maior parte da produção 2 (Cefet-MG) Uma indústria de eletrodeposição pretende depo-
m industrial de magnésio metálico. O elemento é precipitado m sitar 232 g de níquel em uma peça metálica. Sendo a corrente
Ene-7 Ene-7
C 5 C 6
H-2 como Mg(OH)2. Em seguida, esse material é convertido em H-2 elétrica que atravessa o circuito externo da cuba eletrolítica
MgCl2, pela reação com HCl. O cloreto de magnésio seco é igual a 1 930 A, o tempo de eletrólise necessário para eletrode-
m m
Ene-5 misturado a outros sais para que possa ser fundido e, então, Ene-5 positar tal massa de níquel é: b
C 9 C 9
H-1 H-1
sofrer eletrólise para obtenção do metal. Supondo que o ren- a) 965 s.
dimento seja 100%, para cada tonelada de magnésio metá- b) 400 s.
lico produzido por eletrólise, a carga elétrica necessária, em c) 400 min.
faradays, é: b d) 16,08 min.
Dados: 1 faraday 5 carga elétrica de 1 mol de elétrons; massa e) 100 s.
molar do Mg 5 24 g/mol. Reação: Ni21 1 2 e2 → Ni
2 mol e2 1 mol Ni 58,7 g
a) 2. 2 ? 96 500 C 58,7 g
b) 8 ? 104. x 232 g
c) 2 ? 105. x 5 762 794 C
d) 1 ? 1024. Q 5 i ? Δt
762 794 C 5 1 930 A ? Δt
e) 5 ? 1028. Δt 5 395 s
Mg21 1 2 e2 → Mg (aproximadamente 400 segundos)
24 g 2 mol e2 2F
1t 10 kg
3
106 g x
x 5 0,083 ? 106 F (8,3 ? 104 F)

52 Eletroquímica II
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TAREFA PARA CASA


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Cátodo: Cu21(aq) 1 2 e2 # Cu0(s)


PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR puro
Após cerca de 5 h e 22 min (19 300 s) sob corrente de 10 A,
1 (Ueba) Um dos meios para se proteger peças de ferro da cor- todo o cobre havia sido purificado. Qual a massa correspon-
m rosão é a deposição eletrolítica de uma camada de crômio dente a impurezas que havia na barra não tratada?
Ene-7
C 6
H-2 metálico sobre elas, a partir de soluções ácidas de CrO3. A
massa, em gramas, de crômio metálico que será depositada 2 (Uepa) O cobre metálico é tecnologicamente muito importan-
pela passagem de 96 500 coulombs de eletricidade através m te. É usado como condutor elétrico, em tubulação hidráulica,
Ene-7
da solução ácida é igual a:
C 5
H-2 em ligas como bronze e latão, entre outros usos. Suponha que
a) 6 ? 1023. c) 100. e) 8,7. num processo de eletrorrefino empregado na obtenção do
m
Ene-5 cobre puro, usando as equações químicas abaixo:
b) 9,6 ? 104. d) 52. C 9
H-1
Ânodo: Cu0(s impuro) # Cu21(aq) 1 2 e2
2 (Uerj) Muitas latas utilizadas em embalagens de alimentos in- Cátodo: Cu21(aq) 1 2 e2 # Cu0(s puro)
m dustrializados são formadas a partir de uma folha de ferro, re- Uma massa de 90 g de um minério à base de cobre foi pro-
Ene-3
C 8
H- vestida internamente por uma camada de estanho metálico. A
cessada para purificação. Sabendo-se que uma corrente de
aplicação desta camada sobre o ferro se dá por meio de um pro-
m
Ene-5
10  A foi aplicada no sistema eletrolítico durante 19 300 se-
C 9 cesso de eletrodeposição, representado pela seguinte reação:
H1
- gundos, é correto afirmar que:
Sn21(aq) 1 2 e2 # Sn(s) Dados: Cu 5 63,5 g ? mol21 e constante de Faraday 5
Admitindo que em uma lata exista, em média, 1,19 ? 1023 g 5 96 500 C ? s21.
de estanho e que 1 F 5 96 500 C, calcule o tempo necessário a) a porcentagem de pureza do cobre é 70,5%.
para a eletrodeposição de uma lata, mediante o emprego de b) a porcentagem de pureza do cobre é 79,5%.
uma corrente elétrica com intensidade de 0,100 A. c) a porcentagem de pureza do cobre é 90%.
3 (Unicamp-SP) Ao contrário do que muitos pensam, a medalha d) a porcentagem de pureza do cobre é 80,5%.
de ouro da Olimpíada de Beijing é feita de prata, sendo apenas e) a porcentagem de pureza do cobre é 69,5%.
m
Ene-7
C 5
H-2 recoberta com uma fina camada de ouro obtida por depo- 3 (PUC-PR) Um dos metais mais importantes no mundo, dada
sição eletrolítica. Na eletrólise, a medalha cunhada em prata m sua versatilidade, é o alumínio. Pode ser usado desde a fa-
m
Ene-5 Ene-7
C 9 atua como o eletrodo em que o ouro se deposita. A solução C 6
H2
- bricação de panelas até painéis coletores de energia solar.
H-1
eletrolítica é constituída de um sal de ouro III. A quantidade de Apresenta propriedades peculiares: maleável, leve (densi-
ouro depositada em cada medalha é de 6,0 gramas. m
Ene-5 dade abaixo de 0,5 g/cm3) e muito resistente à corrosão. O
C 9
H-1
Dados: constante de Faraday 5 96 500 coulomb ? mol21; alumínio pode ser obtido por meio da eletrólise da alumina
1 ampère 5 1 coulomb ? s21. (óxido de alumínio), que é obtido pela bauxita.
a) Supondo que o processo de eletrólise tenha sido con- Considere 1 mol de elétrons 5 96 500 C.
duzido em uma solução aquosa de ouro III contendo ex- Em relação à eletrólise, afirma-se:
cesso de íons cloreto em meio ácido, equacione a reação I. É uma reação espontânea de oxirredução produzida a
total do processo eletroquímico. Considere que no ânodo partir da corrente elétrica.
forma-se o gás cloro. II. Através da eletrólise ígnea do óxido de alumínio é possí-
b) Supondo que tenha sido utilizada uma corrente elétrica vel obter, além de alumínio metálico, o oxigênio gasoso.
constante de 2,5 ampères no processo eletrolítico, quanto III. A redução ocorre no polo positivo denominado cátodo.
tempo (em minutos) foi gasto para se fazer a deposição IV. A oxidação ocorre no polo positivo denominado ânodo.
do ouro em uma medalha? Mostre os cálculos. V. Se numa célula eletrolítica industrial utilizarmos uma cor-
rente elétrica de 19 300 A, e admitindo uma eficiência de
PARA APRIMORAR 90%, será possível produzir em um dia aproximadamente FRENTE A
PARA PRATICAR
140 kg de alumínio.
Estão corretas apenas:
1 (PUC-RJ) A massa de uma barra de cobre contendo impure-
a) I, II e III. d) I, II e IV.
QUÍMICA

m zas é de 100 g. Para separar tais impurezas do cobre metálico,


Ene-7 b) I, III e IV. e) II, IV e V.
C 5
H-2 utilizou-se a seguinte célula eletrolítica:
c) I, III e V.
Ânodo: Cu0(s) → Cu21(aq) 1 2 e2 Nota da autora: A densidade do alumínio é 2,7 g/cm3, e não 0,5 g/cm3
impuro como informa o enunciado.

Eletroquímica II 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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EBBING, D. D. Química geral. Rio de Janeiro: LTC, 1998. v. I.
KOTZ, J. C.; TREICHEL JR., P. Química e reações químicas. Rio de Janeiro: LTC, 1998. v. 1-2.
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PIMENTEL, G. C. (Org.). Química: uma ciência experimental. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
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ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. Introdução à Química ambiental. Porto Alegre: Bookman, 2004.
SNYDER, C. H. The extraordinary chemistry of ordinary things. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 1995.
SPENCER, J. N.; BODNER, G. M.; RICKARD, L. H. Química: estrutura e dinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

54 Eletroquímica II
MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

Texto para as questões 1 e 2. c) A eletrólise ígnea ocorre na ausência de água.


A bauxita é usada na fabricação do alumínio. O Brasil é d) É denominado extração bruta, pois não é espontâneo.
o terceiro produtor mundial do minério e 85% da nossa bau- e) A energia necessária para o processo vem do rompimento
xita é extraída na Amazônia. das ligações químicas.
A Mina de Juruti é um projeto novo. Tenta não repetir erros
de antigas minerações na Amazônia que se tornaram ilhas de Texto para as questões 3 e 4.
excelência em um mar de pobreza e destruição, como Carajás. A idade do lítio
Hoje, a legislação é severa, exige mais compensações No século 20, ele foi um item discreto em produtos que
para as comunidades afetadas pela exploração mineral e mais definiram uma época: antidepressivos, celulares, refrigerantes,
respeito ao meio ambiente. carros e bombas atômicas. Mas, nas baterias de smartphones e
A exploração da bauxita é feita com a derrubada de lar-
motores elétricos, o mercado do lítio deve quadruplicar em
gas faixas de floresta. A empresa diz que vai replantar a mata
10 anos. [...]
em todos os lugares onde cavou.
Em 10 de maio de 1907, Edison registrou uma patente
“Aproximadamente entre 17 e 20 anos é o tempo espe-
rado para que essa floresta volte ao que era antes”, diz Tiniti em que descrevia a melhoria de 10% no desempenho de
Matsumoto Júnior, gerente-geral da construção. baterias após adicionar 2 g de hidróxido de lítio para cada
FERREIRA, Tonico; FERRO, Fernando. Exploração da bauxita demanda respeito 100 ml de solução eletrolítica [...] Não vingou.
à natureza e à população. Disponível em: <http://g1.globo.com/ Mas uma nova geração de carros elétricos está pronta
jornal-da-globo/noticia/2010/05/exploracao-de-bauxita-demanda- para provar que o palpite de Edison era profético: até 2020,
respeito-natureza-e-populacao.html>. Acesso em: 31 mar. 2015.
a consultoria Deloitte estima que os carros elétricos vão repre-
1. Sobre a fabricação do alumínio é incorreto afirmar que: c sentar até um terço das vendas em países desenvolvidos. E
a) A produção de alumínio tem impacto ambiental, e medidas esses veículos rodarão com baterias de lítio. […]
para restaurar o meio ambiente são de extrema importância. NATUSH, I. A idade do lítio. Disponível em: <http://super.abril.com.br/
b) A conscientização a respeito dos processos químicos e am- cotidiano/idade-litio-782479.shtml>. Acesso em: 31 mar. 2015.
bientais de produção do alumínio é de extrema importância
não só para a comunidade que vive ao redor das minas, mas 3. Sobre a bateria de Li-íon é correto afirmar que: c
de toda a sociedade. Também é importante a adoção de me- a) Elas são sistemas eletroquímicos não recarregáveis.
didas sustentáveis, como a reciclagem e reutilização de mate- b) As reações químicas que acontecem são irreversíveis.
riais produzidos a partir de alumínio. c) É um exemplo de sistema eletroquímico secundário e é re-
c) O alumínio é obtido industrialmente e um dos grandes desa- carregável.
fios para a sua produção é encontrar a criolita na amostra de d) É um exemplo de sistema eletroquímico primário e é recar-
bauxita. Como a criolita tem o mesmo índice de refração da regável.
água, ela se perde no cristal de alumina. e) Não é um acumulador.
d) O alumínio é produzido por um processo chamado eletróli-
se ígnea. 4. As baterias de Li-íon têm esse nome por usarem íons de lítio
e) No processo de produção de alumínio, há duas reações de em sua composição em lugar do metal lítio, que é altamente
oxirredução: uma envolvida com a redução de Al3+ e outra inflamável em presença de ar. Considere as seguintes semirrea-
relacionada à formação de CO2. ções que ocorrem em uma bateria de Li-íon:
I. LiyC6(s) # C6(s) 1 y Li1(solv) + y e2
2. O processo de obtenção de alumínio não é espontâneo, ele II. LixCoO2(s) + y Li1(solv) 1 y e2 # Lix1yCoO2(s)
acontece à custa de energia elétrica. A produção de algumas
substâncias não encontradas na natureza também ocorre gra- Sobre o sistema eletroquímico é correto afirmar que: d
ças a esse processo, que é o inverso da pilha. Sobre esse pro- a) O número de elétrons transferido deve ser múltiplo de 6.
cesso é correto afirmar que: c b) A semirreação I indica que há redução do lítio.
a) É denominado eletrólise e exige a ausência de íons livres em c) A semirreação II ocorre em meio aquoso.
solução. d) Na equação que representa a reação global não estão pre-
b) Os íons cloro e iodeto são exemplos de substâncias que po- sentes os íons Li1.
dem ser obtidas por eletrólise. e) A reação global é uma reação de dupla troca.

55
QUADRO DE IDEIAS
Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Eletroquímica Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Carvalho
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Baterias ou Tayra Alfonso, Vanessa Lucena.
Lei de Faraday Eletrólise
acumuladores Edição de Arte: Kleber de Messas
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Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
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eletroquímico pilhas e baterias eletroquímico não Ilustrações: Paulo Manzi
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meio aquoso purificação Coordenação: Dr. João Filocre
Química: Dra. Marciana Almendro David
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Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de


1 a 12 : exatas, biológicas : aluno. -- 2. ed.
-- São Paulo : Ática, 2017.

Vários autores.

1. Biologia (Ensino médio) 2. Física (Ensino


médio) 3. Matemática (Ensino médio) 4. Química
(Ensino médio).

16-08187 CDD-373.19

Índice para catálogo sistemático:


1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino médio 373.19
2016
ISBN 978 85 08 18346 3 (AL)
ISBN 978 85 08 18351 7 (PR)
2ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação

56 Eletroquímica II
QUÍMICA FRENTE B

Martha Reis

TERMOQUÍMICA
1 Conteúdo calorífico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Entalpia da reação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3 Lei de Hess . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4 Exercícios sobre a lei de Hess . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5 Entalpias-padrão de combustão e de formação . . . 28
6 Cálculo do ΔH a partir da entalpia de formação . . 32
7 Energia de ligação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
8 Exercícios sobre cálculo do ΔH a partir da
energia de ligação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
9 Entropia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
10 Energia livre de Gibbs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
11 Exercícios de termoquímica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
12 Taxa de desenvolvimento da reação . . . . . . . . . . . 56
13 Condições para que uma reação ocorra . . . . . . . . . 63
14 Fatores que influenciam a taxa de
desenvolvimento de uma reação . . . . . . . . . . . . . . 68
15 Catalisadores, inibidores e venenos de reação . . . 75
16 Exercícios sobre os fatores que influenciam
a taxa de desenvolvimento de uma reação . . . . . 84
17 Lei da ação das massas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
2137687 (AL) 18 Exercícios sobre a lei da ação das massas . . . . . . 92
MÓDULO
Termoquímica

O primeiro satélite artificial, o Sputnik 1, foi colocado em


órbita em 4 de outubro de 1957 pela Rússia. Ele orbitou a Terra a
uma altura de 577 km, durante cerca de seis meses antes de cair.
Ele era pequeno, com aproximadamente 58 centímetros, e foi
posto em órbita pelo acoplamento a um foguete de 19 metros
de altura com 153 toneladas, das quais mais de 10 t eram uma
mistura de querosene, o combustível, e de oxigênio líquido, o
comburente, utilizados em sua propulsão.
Ainda hoje, os lançamentos de satélites, como o mostrado
na imagem, usam energia originada a partir das reações quími-
cas para chegar ao espaço. Atualmente, um combustível muito
utilizado para colocar os satélites em órbita é uma mistura de
celulose, o combustível sólido, com óxido nitroso liquefeito e
pressurizado, o comburente.
Observe que em toda combustão há uma reação de oxir-
redução em que o combustível atua como agente redutor e o
oxigênio, como agente oxidante.
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM

1. Algumas reações químicas são capazes de


liberar energia sob a forma de calor. Indique
ao menos duas delas que estão presentes
em nosso cotidiano.
2. Liste ao menos três equipamentos que você
conhece que utilizam a energia originada
das transformações químicas para a obten-
ção de outras formas de energia.

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CAPÍTULO

1 Conteúdo calorífico

Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos: O número de reações cujo calor pode ser medido experimentalmente com precisão é limitado,
pois, para que a determinação seja precisa, é necessário satisfazer às seguintes condições:
c Compreender a relação
entre temperatura,
A reação deve ser rápida, o que permite que o calor possa fluir sem perdas entre o sistema em que
massa e quantidade de
ocorre a reação e o meio que o rodeia, no qual é medida a variação de temperatura.
calor relacionado com A reação deve ser completa, o que dispensa as correções que teriam de ser feitas caso alguma parte
as reações químicas. dos reagentes não participasse do processo.
Não devem ocorrer reações secundárias, o que vai garantir que todo calor envolvido na reação
c Conhecer o venha da transformação dos reagentes nos produtos finais, e não de reações paralelas.
funcionamento de um Um tipo de reação que se enquadra nas condições exigidas é a combustão.
calorímetro. A medida da quantidade de calor liberado na combustão de uma substância é feita em um
calorímetro bomba. Uma amostra da substância que se deseja estudar é colocada na câmara de
c Compreender que
reação onde se processa a combustão, e a medida do calor é feita pela variação da temperatura, Δt,
diferentes substâncias
têm capacidades
da água que circunda essa câmara.
caloríficas diferentes.
A temperatura da água é medida antes de a reação ter início (tinicial) e depois que ela se
completa (tfinal):
Δt 5 tfinal 2 tinicial
Da Física, sabemos que a quantidade de calor, Q, transferida de um corpo para o ambiente
(liberada) ou do ambiente para um corpo (recebida) depende da massa, m, da variação de tem-
peratura, Δt, e do calor específico do material que o constitui, c (valor tabelado, determinado
experimentalmente).

Q 5 m ? c ? Δt

O calor específico, c, é definido como a quantidade de calor que temos de fornecer ou retirar
para que um grama de substância sofra uma variação de temperatura igual a 1 °C. A água, por exem-
plo, apresenta calor específico igual a 1 cal/g ? °C.

A: Câmara de reação
B B: Termômetro de resistência
E
C: Vaso calorimétrico
D: Agitador
E: Contatos elétricos
E
F: Água

C F
LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

D
A

Fig. 1 – Calorímetro bomba.

4 Termoquímica
Na tabela a seguir, temos o valor do calor específico de algumas substâncias:

Substância Calor específico (cal/g ? °C)


Água 1,0

Álcool 0,6

Alumínio 0,22

Ar 0,24

Chumbo 0,031

Cobre 0,091

Ferro 0,11

Gelo 0,5

Hélio 1,25

Hidrogênio 3,4
Fig. 2 – Com base na tabela ao lado,
Mercúrio 0,033 você saberia explicar por que, quando
entramos em um ambiente com ar-
Ouro 0,032 -condicionado (temperatura constante),
os objetos e móveis parecem estar a
Oxigênio 0,22 temperaturas diferentes? Por exemplo,
a mesa de madeira parece estar a uma
Prata 0,056 temperatura maior que a luminária feita
de metal?
A quantidade de calor envolvido em uma reação é proporcio-

ATIKETTA SANGASAENG/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES


nal à massa da substância que reagiu; portanto, sabendo-se a massa
da amostra colocada no calorímetro, com uma simples regra de três
é possível calcular o calor liberado por uma massa igual à massa
molar da substância.
A reação química no calorímetro bomba ocorre em recipiente
fechado, isto é, a volume constante.
A partir de alguns cálculos que envolvem a equação de Clapeyron
e a constante universal dos gases, R, é possível encontrar o valor teórico
do calor trocado a pressão constante.
Isso é importante porque a maioria das reações químicas ocorre
em recipientes abertos, ou seja, sob a pressão atmosférica local, que é
constante em determinado intervalo de tempo.
O calor trocado à pressão constante é igual à variação de entalpia,
ΔH, da reação, que representa a quantidade de calor de um sistema.

ΔH 5 QP

Não existe uma maneira de determinar experimentalmente a en-


talpia inicial, HReagentes ou Hr , e a entalpia final, HProdutos ou Hp.
O que podemos determinar, utilizando calorímetros, é a variação FRENTE B
de entalpia, ΔH, da reação.

ΔH 5 HFinal 2 HInicial ∴ ΔH 5 HProdutos 2 HReagentes


QUÍMICA

O valor de Δ H pode ser negativo (se envolver a liberação de


calor para o ambiente) ou positivo (se envolver a absorção de calor
do ambiente).

Termoquímica 5
TOME NOTA
Como o organismo utiliza a energia dos alimentos?
Mesmo quando estamos com a saúde plena e em absoluto repouso, nosso organismo gasta energia para manter nossas funções vitais,
como a temperatura corporal constante, a respiração, a circulação sanguínea, as funções renais e hepáticas, etc. Esse estado é denominado
metabolismo basal.
BELINDA PRETORIUS/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

FOTOKOSTIC/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
Fig. 3 – Criança dormindo. Fig. 4 – Crianças jogando futebol.
Situações como doenças, sustos, estudo, trabalho, prática de exercícios físicos, etc. levam o organismo a consumir mais energia,
acima do requerido pelo metabolismo basal.
A soma da atividade metabólica nessas situações mais o metabolismo basal é chamada taxa metabólica e representa as ne-
cessidades calóricas do organismo de cada indivíduo.
As embalagens de alimentos informam a porcentagem calórica que determinado alimento fornece para suprir a necessidade
calórica média da população em geral, ou seja, “para uma dieta de 2 000 kcal” ou “2 500 kcal”.
Porém, como a necessidade calórica varia de pessoa para pessoa, o ideal é que ela seja calculada por um médico ou nutricionista que
levará em conta, além do metabolismo basal (que chega a representar 70% dos gastos calóricos do organismo em condições normais), o
grau de atividade física e fatores como idade, sexo, massa corpórea, altura, relação entre massa muscular e gordura corporal, etc.
A tabela a seguir, por exemplo, fornece valores mais precisos porque levam em conta a idade e o sexo:

Idade Homem Mulher


12 a 15 anos 2 800 kcal 2 300 kcal
15 a 18 anos 3 000 kcal 2 300 kcal
18 a 22 anos 3 000 kcal 2 200 kcal
22 a 35 anos 2 800 kcal 2 100 kcal

Uma dieta para manter a massa corporal precisa suprir as necessidades calóricas individuais. A ingestão de calorias além da necessidade
leva a um aumento de massa porque o organismo acumula a energia absorvida (e não gasta) na forma de gordura corporal.
Ao contrário, se o individuo tem um gasto calórico maior que o obtido na alimentação, o organismo passa a queimar as reservas de
energia e sua massa corporal diminui.
Existem parâmetros, como o índice de massa corpórea, IMC, calculados a partir da massa atual e da altura do indivíduo:
massa em kg
IMC 5
(altura em m)2
O resultado, obtido em kg/m2, é avaliado da seguinte maneira:
IMC Resultado
até 18,4 abaixo do peso
de 18,5 a 24,9 peso normal
de 25,0 a 29,9 sobrepeso
de 30,0 a 34,9 obesidade grau 1
de 35,0 a 39,9 obesidade grau 2
a partir de 40,0 obesidade grau 3

6 Termoquímica
TROCAS DE CALOR NAS MUDANÇAS DE ESTADO DE Se o corpo (sistema) libe-
AGREGAÇÃO rar energia na forma de calor em
vez de absorvê-la, de tal modo
Quando um corpo ou sistema absorve calor do meio, a energia mecânica total das partículas que a energia cinética média
desse corpo (átomos, íons, moléculas) aumentará de uma das seguintes maneiras: de suas partículas diminua, sua
aumentando a energia cinética média das partículas; temperatura vai diminuir.
aumentando a energia potencial média das partículas;
aumentando simultaneamente as energias cinética e potencial médias das partículas.
O arranjo hexagonal das
Porém, durante uma mudança no estado de agregação, a temperatura do sistema não é alterada, moléculas de água na fase sólida,
pois toda a energia recebida é direcionada para a mudança de estado; nesse caso não ocorre alteração em razão das ligações de hidro-
na energia cinética (temperatura) do sistema. gênio, como mostra a ilustração
Por exemplo, a água entra em fusão à temperatura de 0 °C, sob pressão de 1 atm. Um forne- abaixo, segue uma estrutura rígi-
cimento adicional de calor à água em fusão não provoca aumento de temperatura porque o calor da que faz com que as moléculas
absorvido é totalmente utilizado para romper as ligações de hidrogênio que mantinham as moléculas ocupem um espaço bem maior
unidas na fase sólida. do que ocupariam na fase líqui-
da, livres de tal rigidez. Por esse
motivo, o gelo flutua na água.

Ligações de hidrogênio
entre moléculas no gelo
LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

Ligação de hidrogênio
entre moléculas de água

Gelo ⎯→ Gelo em fusão ⎯→ Água líquida Oxigênio Hidrogênio

Fig. 5 – O gelo flutua na água por causa das ligações de hidrogênio.


NIYAZZ/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

FRENTE B
QUÍMICA

Termoquímica 7
Esse processo aumenta apenas a energia potencial das moléculas de água, enquanto a energia
cinética média dessas moléculas (e, portanto, a temperatura) permanece constante.
O calor envolvido na mudança de fase de uma substância é denominado calor latente, L, e
depende da massa, m, da substância e da fase de agregação para a qual ela vai mudar.
Para a água, por exemplo, temos:
Calor latente de fusão: 79 cal ? g21 ou 0,33 kJ ? g21 ou 1,428 ? 103 cal/mol ou 5,98 kJ/mol.
Calor latente de vaporização: 539 cal ? g21 ou 2,26 kJ ? g21 ou 9,697 ? 103 cal/mol ou 40,6 kJ/mol.
A quantidade de calor latente, Q, é calculada pela equação:

Q5m?L

Note, então, que a quantidade de calor total de um corpo é calculada por:


Q 5 m ? c ? Δt 1 m ? L

Uma aplicação prática para a troca de calor relacionada às mudanças de estado de agregação
das substâncias é a que ocorre nos refrigeradores domésticos.
Você já parou para pensar em como esse eletrodoméstico funciona? Como ele “tira” o calor dos
alimentos e das bebidas guardados em seu interior?
O refrigerador possui um sistema de refrigeração a volume constante (localizado na parte de
trás do aparelho).
O processo é, em resumo, o seguinte: um cano, que fica no congelador, contém um líquido
(normalmente o tetrafluoretano, R134a, cuja fórmula química é CF3CH2F) que evapora e absorve o
calor do interior da geladeira, pois a passagem de líquido para vapor ocorre com absorção de calor.
Ao passar por um compressor, o vapor torna-se líquido novamente, liberando o calor para o
meio ambiente ao circular pela tubulação da parte de trás da geladeira, pois a passagem de vapor
para líquido ocorre com liberação de calor.
Você já viu alguém tentando secar roupa pendurando-a na parte de trás do refrigerador?
Não é uma boa ideia. A roupa seca, mas o sistema de refrigeração, cuja função é retirar o calor
da geladeira e dispersá-lo no meio ambiente, fica sobrecarregado e pode ser danificado.
É importante ainda lembrar-se de deixar um espaço entre a geladeira e a parede, pois dessa
forma a dispersão do calor será otimizada.
CHARNSITR/
SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

3
Fig. 6 – Além dos refrigeradores
LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

domésticos, muitos outros equipamentos


fazem trocas de calor. Por exemplo, os
condicionadores de ar muitas vezes
apresentam equipamentos externos que
dispersam o calor absorvido.

Fig. 7 – Esquema de funcionamento de um refrigerador. 6


1. Congelador 4
2. Tubulação evaporadora
3. Válvula de expansão
4. Vapor refrigerante
5. Compressor e motor
6. Condensador e aleta refrigeradora 5 7
7. Refrigerante líquido

8 Termoquímica
EXPERIMENTANDO Calor e trabalho
O que acontece se colocarmos um copo de papel ou um balão de aniversário sobre a chama de uma vela? Você não precisa
fazer esse experimento para saber que o copo de papel vai pegar fogo e o balão vai estourar. Mas e se o copo de papel ou o
balão tiverem água em seu interior? O que vai ocorrer?
Como esse experimento envolve a manipulação de fogo e isso sempre é muito perigoso, o ideal é que ele seja feito como
demonstração em local ventilado ou capela de exaustão.
Você deve observar atentamente e propor uma explicação para o que acontece.
Material necessário
copo de papel água
balão (bexiga) de aniversário feito de látex uma vela e uma caixa de fósforo
1 metro de fio de arame grosso
Procedimento
Entorte o arame grosso, de modo que forme um suporte para o copo de papel com altura um pouco maior que a da vela a
ser utilizada, com cerca de 20 cm (veja a figura 8).
Coloque água no copo até aproximadamente 1/3 de sua capacidade e posicione-o no suporte. Acenda a vela, coloque-a
sob o suporte e observe o aquecimento. O que ocorre?
Agora, coloque um pouco de água no interior do balão de aniversário, infle o balão e amarre a extremidade. Acenda um
palito de fósforo e direcione a chama diretamente sob a parte do balão em que a água se acumulou.
O que você observa? (Tome o cuidado de não aquecer o balão por muito tempo porque, como se trata de um “sistema
fechado” – desconsiderando-se os poros do látex – e como a temperatura é diretamente proporcional à pressão, o balão pode
estourar com o aquecimento prolongado.)

ATENÇÃO!

O experimento deve ser feito somente pelo


professor, tomando extremo cuidado com a
chama e certificando-se de que não há materiais
inflamáveis por perto. Os alunos devem se man-
ter afastados, fazendo observações e anotações.

Investigue
1. O copo de papel com água queima ao ser colocado sobre a chama da vela? Por quê?
2. Em que momento você acredita que o copo de papel começará a queimar? Por quê?
3. O balão de aniversário com água estoura quando aproximamos o palito de fósforo da região em que a água se acumu-
lou? Por quê? EDUARDO SANTALIESTRA/ARQUIVO DA EDITORA

FRENTE B
EDITORA
UIVO DA

Fig. 8 – No laboratório
URA/ARQ

QUÍMICA

é possível fazer a
montagem indicada
LUIS MO

com suporte universal,


anel de ferro e bico Fig. 9 – Chama colocada diretamente sob a parte
de Bunsen. do balão com acúmulo de água.

Termoquímica 9
EXERCÍCIO RESOLVIDO

m
Ene-2
(UEL-PR) O homem utiliza o fogo para moldar os mais diversos utensílios. Por exemplo, um forno é essencial para o trabalho do
C 6
H- ferreiro na confecção de ferraduras. Para isso, o ferro é aquecido até que se torne moldável.
Considerando que a massa de ferro empregada na confecção de uma ferradura é de 0,5 kg, que a temperatura em que o ferro se
torna moldável é de 520 °C e que o calor específico do ferro vale 0,1 cal/g °C, assinale a alternativa que fornece a quantidade de
calor, em calorias, a ser cedida a essa massa de ferro para que possa ser trabalhada pelo ferreiro.
Dado: temperatura inicial da ferradura: 20 °C.
a) 25
b) 250
c) 2 500
d) 25 000
e) 250 000

RESOLUÇÃO:
Aumento de temperatura do ferro para que ele se torne moldável (Δt): 520 °C 2 20 °C 5 500 °C
0,5 kg 500 g
Q 5 m ? c ? Δt
Q 5 500 g ? 0,1 cal g21 °C21 ? 500 °C
Q 5 25 000 cal
Alternativa d.

PARA CONSTRUIR

(Unioeste-PR) O ferro possui calor específico de 0,46 J ? g21 ?  °C21 e o alumínio, o dobro desse valor. A densidade do ferro é
7,9 g ? cm23 e a do alumínio é 2 700 kg ? m23. Com essas informações, assinale, respectivamente, a alternativa que possui a energia
necessária para aquecer uma panela de ferro e outra de alumínio, ambas com cerca de 500 mL dos metais, em 1 °C. a
a) 1 817 J e 1 242 J.
b) 1 877 J e 1 717 J.
c) 3 726 J e 1 212 J.
d) 1 887 J e 3 634 J.
e) 1 887 J e 1 212 J.
Cálculo das massas de metais a partir de suas densidades (lembrar que 1 cm3 5 1 mL)
Alumínio:
1 mL 2,7 g
500 mL mAl
mAl 5 1 350 g
Ferro:
1 mL 7,9 g
500 mL mFe
mAl 5 3 950 g
Pela calorimetria, calcula-se o calor absorvido para um corpo usando-se a seguinte expressão: Q 5 m ? c ? ΔT
Para o ferro, teremos: Q 5 3 950 ? 0,46 ? 1 5 1 817 J
Para o alumínio, teremos: Q 5 1 350 ? 0,92 ? 1 5 1 242 J

10 Termoquímica
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA PRATICAR

1 (Unimontes-MG) O calor específico é uma propriedade que explica situações do cotidiano envolvendo aquecimento e resfriamen-
m
Ene-6
to de materiais.
C 4
H-2

REPRODUÇÃO/<HTTP://WWW.COTEC.UNIMONTES.BR>
Após a interpretação do esquema anterior, pode-se afirmar:
a) É necessário fornecer mais calor para o ferro, para que ele atinja a temperatura de cozimento.
b) A panela de ferro esfria mais rápido, pois o calor específico do ferro é menor que o do barro.
c) A panela menos apropriada para conservar a comida quente por mais tempo é a de barro.
d) A panela de barro sofre uma variação de temperatura maior do que a de metal ao ser aquecida.

2 (Udesc) Diferentes mecanismos contribuem para dissipar o calor do nosso corpo, sendo um deles a evaporação da água na
m
Ene-6
superfície da pele. Quando se faz um exercício vigoroso durante 1 hora, pode-se produzir até dois litros de suor, que contém pre-
C 1
H-2 dominantemente água. Considerando a entalpia de vaporização da água (44,65 kJ/mol) e a densidade da água líquida (1 g/cm3),
assinale a alternativa que indica quanto calor será necessário para vaporizar 2 litros de água.
a) 8,930 ? 107 J c) 4,961 ? 103 J e) 89,30 kJ
b) 4,961 ? 106 J d) 4,961 J

3 (FGV-SP) A rotulagem nutricional tem como principal função informar o consumidor sobre as propriedades nutricionais dos ali-
m mentos e bebidas.
Ene-5
C 9
H-1 Diferentes unidades como cal, kcal, Cal e kJ são utilizadas para esse fim, deixando as pessoas muito confusas quando procuram
m
selecionar alimentos a partir de seu valor calórico. O sistema Internacional de Unidades (SI) somente reconhece a unidade kJ, que
Ene-3
C 1
H-1
corresponde a 1 000 J. A unidade Caloria (Cal) com C maiúsculo corresponde a 1 000 calorias e é uma unidade praticamente des-
conhecida.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é o órgão responsável pela regulamentação de rotulagem nutricional, que
recomenda que os valores calóricos dos alimentos sejam expressos nos rótulos em quilocalorias e que sejam reportados em per-
centuais (%) de valores diários. Assim, temos a relação entre as diferentes unidades utilizadas.
1 kcal 5 1 000 cal 5 1 Cal 5 4,18 kJ 5 4 180 J
As tabelas apresentam partes dos rótulos de três produtos.
Produto I – porção de 30 g Produto II – porção de 40 g Produto III – porção de 15 g FRENTE B

Quantidade por porção % VD* Quantidade por porção % VD* Quantidade por porção % VD*
QUÍMICA

Valor calórico 75 kcal 3% Valor calórico 150 kcal 6% Valor calórico 50 kcal 2%
Carboidratos 18 g 4% Carboidratos 21 g 6% Carboidratos 10 g 2,5%
Cálcio 32 mg 4% Cálcio 16 mg 2% Cálcio 8 mg 1%
*Valores diários de referência com base em uma dieta de 2 500 calorias.

Termoquímica 11
Com base nas informações dos rótulos dos produtos, são feitas as seguintes afirmações:
I. No rótulo II, o valor energético da dieta poderia ser substituído por 2 500 kJ.
II. Três porções do produto II têm igual quantidade de valor energético que quatro porções do produto I.
III. O produto III é o mais rico em carboidratos.
É correto apenas o que se afirma em:
a) II. c) I e II. e) II e III.
b) III. d) I e III.

PARA APRIMORAR

1 (UFPB) A quantidade de energia liberada por um alimento pode ser medida experimentalmente através do aquecimento de uma
massa conhecida de água, provocado pela energia liberada na combustão desse alimento. A ilustração a seguir representa as
etapas de um experimento para determinar a energia liberada pela queima de uma amostra de castanha-do-pará. Nesse experi-
mento, admita que a perda de energia para o ambiente é desprezível.

REPRODUÇÃO/UFPB, 2010
Ti 5 20 °C Tf 5 90 °C

Água
120 g

Castanha

1. Medir a temperatura inicial da 2. Queimar a castanha. 3. Cobrir a castanha com uma lata.
água (Ti). 4. Esperar a castanha queimar
totalmente.
5. Medir a temperatura final
da água (Tf).

Com base nas informações e considerando que o calor específico da água é 1 cal / g ? °C, é correto afirmar que a quantidade de
energia liberada na queima dessa amostra da castanha-do-pará é de:
a) 10 800 cal c) 2 400 cal e) 1 260 cal
b) 8 400 cal d) 1 620 cal

2 (UCS-RS) Uma pessoa de peso médio utiliza cerca de 100 kcal/min ao correr. Supondo-se que essa pessoa tenha consumido uma
m porção composta de 30 g de um cereal com 120 mL de leite desnatado, o que forneceu 8 g de proteína, 25 g de carboidrato e 2 g
Ene-6
C 5
H-2 de gordura e utilizando-se os calores específicos de combustão fornecidos, quantas porções devem ser consumidas para fornecer
o calor específico de combustão necessário para correr 3 minutos?
Dados:

Substância Calor específico de combustão (kcal/g)

Carboidrato 4

Gordura 9

Proteína 4

a) 6 c) 2 e) 5
b) 4 d) 3

12 Termoquímica
CAPÍTULO

2 Entalpia da reação

Objetivos: Uma reação química pode ser classificada de acordo com a liberação ou a absorção de energia
na forma de calor. Reações que liberam calor para o meio são ditas exotérmicas, e reações que ab-
c Entender que as
sorvem calor do meio são ditas endotérmicas.
reações podem ser
classificadas de acordo
com a liberação ou REAÇÕES EXOTÉRMICAS
a absorção de calor O prefixo exo significa “para fora”. Logo, as reações exotérmicas são aquelas que liberam energia
durante o processo. na forma de calor.
c Representar
O esquema geral de uma reação exotérmica pode ser escrito da maneira a seguir, em que A, B,
graficamente a
C e D representam substâncias genéricas:
entalpia dos reagentes A 1 B *( C 1 D 1 calor
e dos produtos e
correlacionar com os Hr Hp
Entalpia dos reagentes Entalpia dos produtos
valores da variação
de entalpia de uma Com base na lei da conservação da energia, podemos afirmar que a energia total dos reagentes
reação.
é igual à energia total dos produtos; portanto, numa reação exotérmica, a entalpia dos produtos é
menor que a entalpia dos reagentes, pois uma parte da energia que estava “contida” nos reagentes é
liberada na forma de calor.
Em uma reação exotérmica:
HReagentes . HProdutos
EKTON/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Sendo ΔH 5 HProdutos 2 HReagentes, concluímos que ΔH , 0.

Reações exotérmicas são aquelas que liberam calor, portanto a entalpia dos reagentes é maior
que a entalpia dos produtos, Hr . Hp, e, consequentemente, apresentam ΔH negativo.

Por isso, é mais comum representarmos uma equação química de uma reação exotérmica
apenas fornecendo o valor de seu ΔH: Entalpia
A 1 B *( C 1 D ΔH 5 2x kcal/mol A1B
Hr
O valor de ΔH normalmente é expresso em
kcal/mol (ou kJ/mol) em relação a algum reagente ou
produto formado. ΔH , 0
Exemplo: combustão do gás hidrogênio
1
1 H2(g) 1 O (g) *( 1 H2O(l) C1D
2 2
FRENTE B
Hp

ΔH 5 268,3 kcal/mol de H2 que reage


O sinal negativo (268,3 kcal/mol de H2) indica
Desenvolvimento da reação
que se trata de uma reação exotérmica.
QUÍMICA

Se representarmos uma reação exotérmica genérica em um gráfico da entalpia em função do


desenvolvimento da reação, teremos um gráfico como o representado acima.

Fig. 1 – Queima de gases. A combustão é um exemplo de reação exotérmica.

Termoquímica 13
REAÇÕES ENDOTÉRMICAS

KA
MO
NR
O prefixo endo significa “para dentro”, logo as reações endotérmicas são aquelas que absorvem

AT
/SH
energia na forma de calor.

UT
T
O esquema geral de uma reação endotérmica pode ser escrito da maneira a seguir, em que A,

ER
ST
B, C e D representam substâncias genéricas:

OC
K/G
LO
A 1 B 1 calor *( C 1 D

W
IM
AG
Hr Hp

ES
Entalpia dos reagentes Entalpia dos produtos
Uma vez que a energia total se conserva dos reagentes para os produtos em qualquer reação
química, podemos afirmar que, numa reação endotérmica, a entalpia dos produtos é maior que a
entalpia dos reagentes, pois uma quantidade de energia é absorvida na forma de calor durante a
reação, ficando “contida” nos produtos.
Em uma reação endotérmica:
HReagentes , HProdutos
Sendo ΔH 5 HProdutos 2 HReagentes, concluímos que ΔH . 0.

Reações endotérmicas são aquelas que absorvem calor, portanto a entalpia dos reagentes é
menor que a entalpia dos produtos, Hr , Hp, e, consequentemente, apresentam ΔH positivo.
Fig. 2 – A fotossíntese é um processo
endotérmico. Por isso, é mais comum representarmos uma equação química de uma reação endotérmica
apenas fornecendo o valor de seu ΔH:
A 1 B *( C 1 D ΔH 5 1x kcal/mol
Se representarmos uma reação endotérmica genérica em um gráfico da entalpia em função do
desenvolvimento da reação, teremos:
Entalpia

C1D
Hp Exemplo: síntese do iodeto de hidrogênio
1 H2(g) 1 1 I2(g) *( 2 HI(g)
ΔH 5 125,96 kJ/mol de HI formado
ΔH . 0
O sinal positivo (125,96 kJ/mol de HI)
indica que se trata de uma reação endotérmica.
A1B
Hr

Desenvolvimento da reação

NOTAÇÃO DE EQUAÇÕES TERMOQUÍMICAS


O valor do ΔH de uma reação varia em função de vários fatores, por isso a equação termoquí-
mica deve trazer as seguintes informações:
As substâncias que reagem e que são produzidas, com os respectivos coeficientes (da equação
balanceada).
A fase de agregação (sólida, líquida ou gasosa) em que se encontra cada substância participante
da reação.
A variedade alotrópica de cada substância simples que participa da reação (no caso das substâncias
apresentarem formas alotrópicas).
A quantidade de calor que foi liberada ou absorvida durante a reação.
Para informar que uma reação é exotérmica ou endotérmica, utiliza-se uma das notações indi-
cadas nos exemplos a seguir:
Reação exotérmica (o calor é liberado, portanto é um produto da reação retirado dos reagentes):
2 H2(g) 1 1 O2(g) **( 2 H2O(l) ΔH 5 2136,6 kcal
2 H2(g) 1 1 O2(g) **( 2 H2O(l) 1 136,6 kcal
2 H2(g) 1 1 O2(g) 2 136,6 kcal **( 2 H2O(l)

14 Termoquímica
MARCELCLEMENS/SHUTTERSTOCK/
Reação endotérmica (o calor é absorvido, portanto é adicionado aos reagentes da reação):
4 C(grafita) 1 1 S8(rômbico) **( 4 CS2(l) ΔH 5 1104,4 kcal
4 C(grafita) 1 1 S8(rômbico) **( 4 CS2(l) 2 104,4 kcal
4 C(grafita) 1 1 S8(rômbico) 1 104,4 kcal **( 4 CS2(l)

GLOW IMAGES
A temperatura e a pressão nas quais a reação ocorreu.
Em Termoquímica, a menos que se faça alguma ressalva, os valores de ΔH fornecidos são
medidos em condições-padrão, que são as seguintes: 1 atmosfera e 298 K ou 25 °C (não
confunda com condições normais ou CNTP, 1 atm e 0 °C).
Substâncias na fase de agregação (sólida, líquida ou gasosa) comum nessas condições de
pressão e temperatura.
Exemplo: o bromo é líquido a 25 °C e 1 atm; portanto, em condições-padrão, trabalha-se
com o bromo na fase líquida, e não nas fases sólida ou gasosa.
Substâncias na forma alotrópica mais estável. Fig. 3 – Em condições-padrão trabalha-se
Exemplo: o enxofre rômbico é mais estável que o enxofre monoclínico, portanto, em condições- com o enxofre rômbico, que é o mais
estável.
-padrão, trabalha-se com o enxofre rômbico.
Em condições-padrão, o valor de ΔH é tabelado para muitas reações.
A quantidade de calor liberada ou absorvida numa reação química é diretamente proporcional aos Considerando as substâncias
coeficientes das substâncias participantes na equação balanceada e, portanto, pode ser calculada em simples formadas pelos elemen-
relação à massa, à quantidade de matéria (número de mols), ao número de moléculas (proporcional tos da tabela periódica, temos:
à constante de Avogadro) ou ao volume de reagentes e produtos que estejam na fase gasosa. São gasosas em condições-
-padrão: N2, O2, F2, Cl2, He, Ne,
Ar, Kr, Xe e Rn.
1 mol X 6 ? 1023 partículas X massa molar em g/mol X 22,4 L (nas CNTP) X
São líquidas em condições-
X ΔH kcal/mol ou kJ/mol -padrão: Br2 e Hg.
São sólidas em condições-
A tabela a seguir fornece um resumo dos fatores que alteram o valor do ΔH de uma reação -padrão: todas as demais.
química e exemplos de como isso ocorre.

Fator Influência Exemplo

A energia liberada em uma reação exotérmica será maior quando o estado de 1


1 H2(g) 1 O (g) *( 1 H2O(g) ΔH 5 257,8 kcal/mol
2 2
Estado de agregação agregação do produto formado for:
1
sólido . líquido . gasoso 1 H2(g) 1 O (g) *( 1 H2O(l) ΔH 5 268,3 kcal/mol
2 2
Partindo-se do reagente na forma alotrópica mais estável (menos energética), 1 C(grafita) 1 1 O2(g) *( 1 CO2(g) ΔH 5 294,0 kcal
Forma alotrópica
obtém-se menor quantidade de energia liberada ao fim da reação. 1 C(diamante) 1 1 O2(g) *( 1 CO2(g) ΔH 5 294,45 kcal

Uma reação que ocorra a uma temperatura X apresenta um ΔHx. a 25 °C: 1 Fe2O3(s) 1 3 H2(g) *( 2 Fe(s) 1 3 H2O(l)
Temperatura da A mesma reação feita a uma temperatura Y . X apresenta um ΔH 5 235,1 kJ
reação ΔHy ± ΔHx. Isso ocorre porque o calor necessário para aquecer os reagentes de X até Y a 85 °C: 1 Fe2O3(s) 1 3 H2(g) *( 2 Fe(s) 1 3 H2O(l)
é diferente do calor necessário para aquecer os produtos de X até Y. ΔH 5 229,7 kJ

Como as reações normalmente são padronizadas sob pressão atmosférica


Só influencia o ΔH de reações que envolvem substâncias gasosas. O valor do ΔH só
Pressão da reação normal (1 atm), a menos que haja alguma ressalva, não levamos em
varia de modo significativo para pressões da ordem de 1 000 atm. conta a variação no valor de ΔH com a pressão.

A quantidade de calor liberada ou absorvida numa reação química é diretamente


FRENTE B
Quantidade de proporcional aos coeficientes das substâncias participantes na equação balanceada e, 1 H2(g) 1 1 Cl2(g) **( 2 HCl(g) ΔH 5 244,2 kcal
matéria portanto, pode ser calculada em relação à massa, à quantidade de matéria, ao número 2 H2(g) 1 2 Cl2(g) **( 4 HCl(g) ΔH 5 288,4 kcal
de moléculas ou ao volume de reagentes e produtos.
1 H2(g) 1 1 Cl2(g) **( 2 HCl(g) ΔH 5 244,2 kcal
QUÍMICA

Quando dissolvemos uma substância em um solvente qualquer, ocorre liberação ou H 2O


absorção de energia na forma de calor. Assim, se fizermos uma reação na ausência de 1 H2(g) 1 1 Cl2(g) **( 2 HCl(aq) ΔH 5 280,2 kcal
Meio reacional A diferença 80,2 2 44,2 5 36,0 kcal é igual à energia liberada na
um solvente, o valor de ΔH será diferente daquele obtido quando fazemos a mesma
dissolução de 2 mol de HCl em água (a dissolução de 1 mol de HCl em água
reação na presença de um solvente.
libera uma energia igual a 18,0 kcal).

Termoquímica 15
Representação e
Linguagem
Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto.

Embalagens que aquecem ou que resfriam para obter ou retirar calor do meio ambiente também está sendo
Em casas de artigos esportivos, é possível encontrar sacos utilizada para aquecer ou resfriar latas de bebidas e alimentos. Em
plásticos que, ao serem agitados, liberam calor. supermercados europeus e americanos é possível encontrar latas ca-
O calor obtido provém de uma reação química, como a rea- pazes de aquecer o seu conteúdo – café com leite, sopa – sem a ne-
ção de oxirredução da limalha de ferro na presença de NaCl e cessidade de qualquer fonte de calor externa, batizadas de Hot when
água. you want (Quente quando você quer).
A lata que aquece funciona da seguinte forma: por fora, não
4 Fe(s) 1 3 O2(g) *( 2 Fe2O3(s) 1 calor difere em nada das demais existentes no mercado, mas por dentro
ΔH 5 2196,5 kcal/mol de Fe2O3(s) possui um compartimento interno com cal, CaO(s), e água.
Ao pressionar um botão na base, as duas substâncias se mistu-
O cloreto de sódio, NaCl(aq), funciona como um eletrólito
ram, gerando energia suficiente para elevar a temperatura do conteú-
(condutor de eletricidade, no qual o transporte de carga se realiza
do interno para aproximadamente 60 °C em três minutos.
por meio de íons), catalisando a reação de oxirreducão.
Também há no mercado produtos que absorvem calor do CaO(s) 1 H2O(l) *( Ca(OH)2(aq)
meio ambiente e são indicados, por exemplo, para compressas ΔH 5 2235,96 kcal/mol de Ca(OH)2(aq) formado
frias. Um desses produtos baseia-se na dissolução do nitrato de
amônio, NH4NO3(s), em água. Também há várias patentes e tecnologias desenvolvidas
com o objetivo de resfriar o conteúdo das latas, mas nenhuma
NH4NO3(s) *( NH411(aq) 1 NO312(aq) disponível no mercado até o momento. Um exemplo é o projeto
ΔH 5 16,14 kcal/mol de NH4NO3(s) dissolvido em água do sul-coreano Suh Won-Gill, que se baseia na expansão do gás
carbônico, CO2(g), e, segundo seu inventor, é capaz de diminuir a
Numa embalagem plástica, um pequeno invólucro selado con-
temperatura da bebida no interior da lata de 30 °C para até 4 °C
tendo nitrato de amônio é colocado num outro recipiente contendo
em apenas 15 segundos.
água. Rasgando-se o invólucro que contém o sal, a embalagem é ati-
Dentro da lata existe uma serpentina oca de metal toda
vada e as substâncias misturam-se. A hidratação do cátion amônio
preenchida com gás carbônico. Sua parte superior fica ligada ao
e do ânion nitrato ocorre com absorção de calor da vizinhança e a
anel usado para abrir a lata. Uma vez aberta, o gás carbônico é
temperatura ao redor diminui.
liberado e, ao ser expelido bruscamente, esfria a serpentina de tal
A ideia de usar as propriedades químicas e físicas das substâncias
forma que a bebida em contato com ela também fica gelada.
ILUSTRAÇÕES: LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

Superfície CO2
que aquece a
bebida
Região em
que fica a
bebida a ser
aquecida

Membrana
isolante

Cal

Botão de
Água plástico
Fig. 5 – Ilustração esquemática
Fig. 4 – Ilustração esquemática de uma lata de um projeto de lata para
Hot when you want. resfriamento de conteúdo.

16 Termoquímica
EXERCÍCIO RESOLVIDO

m (UFSM-RS) Geralmente usados por atletas, existem dispositivos de primeiros socorros que, através de reações endotérmicas ou
Ene-5
C 8
H-1 exotérmicas, podem gerar compressas frias ou quentes. Esses dispositivos, constituídos por bolsas plásticas em que o sólido e a
água estão separados, misturam-se e esfriam ou aquecem, quando golpeados.
Exemplos de compostos usados nas referidas compressas são mostradas nas equações a seguir.
HO
A NH4NO3(s) **( 
NH14 (aq) 1 NO23 (aq)
ΔH 5 126,2 kJ ? mol21

HO
B CaCl2 (s) **(

Ca21(aq) 1 2 Cl2(aq)
ΔH 5 282,8 kJ ? mol21
Em relação às equações, analise as afirmativas:
I. A equação A irá produzir uma compressa fria, e a equação B, uma compressa quente.
II. Na equação B, a entalpia dos produtos é menor que a entalpia dos reagentes.
III. Se na equação A forem usados 2 moles de nitrato de amônio, o valor de ΔH ficará inalterado.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I. d) apenas II e III.
b) apenas III. e) I, II e III.
c) apenas I e II.
RESOLUÇÃO:
I. Verdadeira. A equação A é endotérmica; portanto, ela absorve energia do sistema, o que contribui para diminuir sua tempera-
tura. A equação B é exotérmica; portanto, ela libera energia para o sistema, o que contribui para aumentar sua temperatura.
II. Verdadeira.
III. Falsa. O ΔH fornecido corresponde a 1 mol de nitrato de amônio. Se a quantidade de matéria dessa substância dobra, o valor
de ΔH também dobra.
Alternativa c.

PARA CONSTRUIR

1 (PUC-RJ) A decomposição de uma amostra de carbonato de d) a acetona sublima.


cálcio consumiu 266 kJ. A partir desse resultado e da equação e) a acetona foi previamente aquecida.
termoquímica abaixo, conclui-se que: b 3 (Unitau-SP) Nas pizzarias há cartazes dizendo “Forno a lenha”.
CaCO3(s) # CaO(s) 1 CO2(g); ΔH 5 1133 kJ ? mol21 m
A reação que ocorre nesse forno para assar a pizza é: b
Ene-6
a) A reação de decomposição do CaCO3 é exotérmica.
C 6
H- a) explosiva.
b) A massa de CaCO3 que se decompôs foi 200 g. b) exotérmica. Toda reação de queima (combustão) libera ener-
gia, é exotérmica.
c) O volume de CO2 formado ocupa 22,4 L a 1 atm e 0 °C. c) endotérmica.
d) hidroscópica.
d) Não há variação de energia nesse processo reacional.
e) catalisada.
e) A massa produzida de CO2 é igual a 44 g.
1 mol CaCO3 100 g consumo de 133 kJ 4 (Uerj) Ao se dissolver uma determinada quantidade de clore-
FRENTE B
x consumo de 266 kJ to de amônio em água a 25 °C, obteve-se uma solução cuja
x = 200 g temperatura foi de 15 °C. A transformação descrita caracteri-
za um processo do tipo: e
2 (Unisinos-RS) Derramando-se acetona na mão, tem-se uma
a) atérmico.
sensação de frio, porque:
QUÍMICA

m
Ene-6
b
C 1 b) adiabático.
H2
-
a) a acetona reage exotermicamente com a pele. c) isotérmico.
b) a evaporação da acetona é um processo endotérmico. d) exotérmico.
c) a evaporação da acetona é um processo exotérmico. e) endotérmico.

2. Ao evaporar (processo endotérmico), a acetona “rouba” calor da pele, o


que causa a sensação de frio.
Termoquímica 17
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARAPARA PRATICAR
PRATICAR

1 (UFPB) A dissolução de algumas substâncias pode vir acompanhada por aquecimento ou resfriamento. Uma aplicação in-
m
Ene-5
teressante desse fenômeno está nas compressas de emergência, que são usadas sobre o corpo em casos de contusões,
C 8
H-1 inflamação, etc. O recipiente plástico de compressas contém um produto químico seco e uma ampola de vidro com água.
Ao bater na compressa, a ampola se quebra e a água dissolve a substância, conforme processo representado nas equações:
HO
Compressa A CaCl2 **(

CaCl2(aq) ΔH 5 282,7 kJ/mol
HO
Compressa B NH4NO3 **( 
NH4NO3(aq) ΔH 5 123,6 kJ/mol
Em relação ao uso das compressas A e B, separadamente, sobre o corpo, pode-se afirmar:
I. O corpo vai receber calor da compressa A.
II. O corpo vai transferir calor para a compressa B.
III. A compressa A provoca sensação de resfriamento no corpo.
IV. A compressa B provoca sensação de aquecimento no corpo.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e IV.
b) II e III.
c) I e III.
d) I e II.
e) II e IV.

2 (Unimontes-MG) A queima de nitrogênio produz o monóxido de nitrogênio, NO, e ocorre regularmente como uma reação
m
Ene-3
lateral quando os hidrocarbonetos são queimados como combustíveis. Em altas temperaturas produzidas em um motor
C 2
H- funcionando, parte do nitrogênio reage com o oxigênio para formar NO, como expressa a equação:
N2(g) 1 O2(g) # 2 NO(g) ΔHo 5 2180,5 kJ
Se um motor gera 15,7 g de monóxido de nitrogênio durante um teste de laboratório, quanto de calor deve ser liberado nessa produção?
a) 47,20 kJ.
b) 180,5 kJ.
c) 94,50 kJ.
d) 361,0 kJ.

3 (UFSM-RS – Adaptada) O incêndio do dirigível Hindenburg, em Nova Jer-

2010.
m
Ene-1
sey, marcou o fim do uso de hidrogênio em dirigíveis, potencializando o

ÃO/UFSM,
C 2
H- uso de aviões.
O hidrogênio reage ao ar de acordo com a equação:

REPRODUÇ
2 H2(g) 1 O2(g) 2 H2O(g) ΔH 5 2483,6 kJ
Considerando a equação, analise as afirmações:
I. Como o valor de ΔH é negativo, o sistema libera calor para a vizinhança.
II. O valor da variação da entalpia permanece o mesmo, independente da
quantidade de reagentes consumida no processo.
III. A entalpia dos reagentes é maior que a entalpia dos produtos.
IV. A reação é endotérmica.
Estão corretas:
BROWN,
a) apenas I e II. Th
E. Químic eodore L.; LEMAY,
b) apenas I e III. a, a ciênc H. Eugen
ia central. e
Hall, 2005
. p. 151. São Paulo ; BURSTEN, Bruce
c) apenas II e III. : Pearson
Pretince
d) apenas II e IV.
e) apenas I, III e IV.

18 Termoquímica
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR

1 (Uncisal) O fósforo existe sob três formas alotrópicas: fósforo branco, amarelo e preto. O fósforo amarelo é uma variedade altamen-
m
Ene-6
te tóxica e instável, que se oxida espontaneamente a temperaturas próximas de 40 oC, liberando grande quantidade de calor. O
C 5
H-2 diagrama apresenta a reação espontânea do fósforo (P4) com o ar.

Energia

P4 1 5 O2
0

ΔH 5 22 980 kJ/mol

P4O10

Coordenada de reação

A quantidade de matéria produzida e o calor liberado (em kJ) pela combustão de 15,5 g de fósforo são, respectivamente,
a) 0,125 e 372,5.
b) 0,250 e 745,0.
c) 0,500 e 1 490,0.
d) 0,800 e 2 384,0.
e) 1,000 e 2 980,0.

2 (PUC-RJ) O mercúrio tem número atômico igual a 80 e é o único metal líquido na temperatura ambiente. O mercúrio pode ser
produzido a partir da decomposição do seu óxido HgO, que tem massa molar igual a 216,6 g mol21. A decomposição de uma
quantidade de HgO liberou 40 kJ de energia. Considerando o mercúrio e a reação de decomposição de seu óxido indicada abaixo,
faça o que se pede.
HgO(s) # Hg(l) 1 1 O2(g); ΔH 5 2200 kJ
2
Dado: R 5 0,082 atm L mol21 K21.
a) Calcule a massa de HgO que se decompôs.
b) Calcule o volume que O2(g) produzido ocupa a 1 atm e 25 oC.
c) Indique o número de nêutrons do isótopo 200Hg.
d) Calcule a percentagem em massa de Hg no HgO.

3 (Fuvest-SP) Para estudar a variação de temperatura associada à reação entre Zn(s) e Cu21(aq), foram realizados alguns experimentos
m
Ene-6
independentes, nos quais diferentes quantidades de Zn(s) foram adicionadas a 100 mL de diferentes soluções aquosas de CuSO4.
C 6
H-2 A temperatura máxima (Tf ) de cada mistura, obtida após a reação entre as substâncias, foi registrada conforme a tabela:

Quantidade de Quantidade de Quantidade de


Experimento Tf (°C)
matéria de Zn(s) (mol) matéria de Cu21(aq) (mol) matéria total* (mol)

1 0 1,0 1,0 25,0


2 0,2 0,8 1,0 26,9

FRENTE B
3 0,7 0,3 1,0 27,9
4 X Y 1,0 T4
*Quantidade de matéria total 5 soma das quantidades de matéria iniciais de Zn(s) e Cu21(aq).
QUÍMICA

a) Escreva a equação química balanceada que representa a transformação investigada.


b) Qual é o reagente limitante no experimento 3? Explique.
c) No experimento 4, quais deveriam ser os valores de X e Y para que a temperatura T4 seja a maior possível? Justifique suas
respostas.

Termoquímica 19
CAPÍTULO

3 Lei de Hess

Objetivos: Germain Henri Ivanovitch Hess (1802-1850) foi um médico e químico que, apesar de nascido
na Suíça, passou toda a sua vida na Rússia, e é considerado um precursor da Termoquímica. Entre
c Compreender que
inúmeros trabalhos nessa área, Hess constatou, em 1840, a seguinte lei:
um processo químico
pode ter várias etapas
intermediárias, mas A variação de entalpia envolvida numa reação química, sob determinadas condições experi-
que a entalpia da mentais, depende exclusivamente da entalpia inicial dos reagentes e da entalpia final dos produtos,
reação depende seja a reação executada numa única etapa, seja em várias etapas sucessivas.
apenas da etapa
inicial dos reagentes
Em outras palavras, o valor de ΔH de um processo não depende do número de etapas inter-
e da entalpia final dos
mediárias nem do tipo de reação que ocorre em cada etapa do processo. Isso reafirma a expressão:
produtos.

c Entender como se ΔHReação 5 HProdutos 2 HReagentes


calcula a entalpia de
um processo químico
Essa constatação é importante porque permite trabalhar com equações químicas como se
composto de várias
fossem equações matemáticas, isto é, permite calcular o ΔH de uma reação x pela soma de reações
etapas intermediárias.
de ΔH conhecidos, cujo resultado seja a reação x.
Considere, por exemplo, a reação de combus-
SUWAN WANAWATTANWONG/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
tão incompleta do carbono produzindo apenas
monóxido de carbono, CO(g):
2 C(grafita) 1 1 O2(g) *( 2 CO(g) ΔH 5 ?
É impossível medir com precisão o ΔH dessa
reação, pois, na prática, não se consegue parar a
oxidação do carbono exatamente no estágio cor-
respondente à formação do CO(g). Sempre se for-
ma um pouco de CO2(g).
REPRODUÇÃO/ARQUIVO DA EDITORA

Fig. 1 – A combustão
incompleta do carvão vegetal
gera, além de monóxido de
carbono, cinzas e fuligem.

Podemos medir no calorímetro, porém, a variação de entalpia, ΔH, das seguintes reações:
Equação I. 1 C(grafita) 1 1 O2(g) *( 1 CO2(g) ΔH 5 294,1 kcal
Equação II. 2 CO(g) 1 1 O2(g) *( 2 CO2(g) ΔH 5 2135,4 kcal
Obedecendo a algumas regras matemáticas, podemos “manipular” as equações I e II, de modo
que, ao somá-las, o resultado seja a equação da combustão incompleta do carbono, que vamos
chamar de equação x.
Fig. 2 – O químico Germain Henri
Ivanovitch Hess nasceu em Genebra, na Acompanhe:
Suíça, no dia 7 de agosto de 1802. Na equação x, temos como primeiro reagente 2 mol de C(grafita).

20 Termoquímica
O C(grafita) aparece na equação I, porém na quantidade de 1 mol.
Devemos então multiplicar toda a equação I por 2 para obter uma reação em que 2 mol de
C(grafita) sofram combustão completa.

Ao multiplicar ou dividir os coeficientes de uma reação termoquímica por um


número qualquer, deve-se multiplicar ou dividir o valor de ΔH dessa reação pelo
mesmo número.

Equação I ? 2: 2 C(grafita) 1 2 O2(g) *( 2 CO2(g) ΔH 5 2188,2 kcal

Na equação x, temos como produto 2 mol de CO(g). Na equação II aparecem 2 mol de CO(g)
no reagente. Devemos então inverter a equação II para obter uma reação em que se formam
2 mol de CO(g).

Ao inverter uma reação termoquímica, deve-se trocar o sinal do ΔH, pois, se em de-
terminado sentido a reação libera calor, em sentido contrário a reação terá de absorver
a mesma quantidade de calor que havia liberado e vice-versa.

Inverso da equação II: 2 CO2(g) *( 2 CO(g) 1 1 O2(g) ΔH 5 1135,4 kcal


Não consideramos o reagente O2(g) da equação x porque ele aparece tanto na equação I como
na equação II. Frequentemente, quando isso ocorre, o reagente (ou produto) acaba se ajustando
sozinho durante a soma algébrica das equações.
Somando-se as equações I e II, após a aplicação das regras descritas anteriormente, obtemos a
equação x. Observe:

Equação I ? 2: 2 C(grafita) 1 2 O2(g) ( 2 CO2(g) ΔH 5 2188,2 kcal


Inverso da equação II: 2 CO2(g) ( 2 CO(g) 1 1 O2(g) ΔH 5 1135,4 kcal
Equação x: 2 C(grafita) 1 1 O2(g) ( 2 CO(g) ΔH 5 252,8 kcal

Como de fato a soma da equação I multiplicada por 2 com o inverso da equação II


forneceu a equação x, então o ΔH da reação x é igual à soma dos valores dos ΔH dessas x A(s) 1 ..... ( ..... 1 .....
equações. ..... 1 ..... ( x A(s) 1 .....
Observe que o processo para somar as equações químicas segue as etapas: zero de A(s)
Se uma substância aparece na mesma quantidade no reagente de uma equação e no 2 x A(s) 1 ..... ( ..... 1 .....
produto de outra equação, a soma será igual a zero.
..... 1 ..... ( x A(s) 1 .....
Se uma substância aparece em maior quantidade no reagente de uma equação e em me-
x A(s) no reagente
nor quantidade no produto de outra equação, devemos subtrair essas quantidades em
módulo e colocar o resultado no reagente da equação final. x A(s) 1 ..... ( ..... 1 .....

Se uma substância aparece em maior quantidade no produto de uma equação e em me- ..... 1 ..... ( 2 x A(s) 1 .....
nor quantidade no reagente de outra equação, devemos subtrair essas quantidades em x A(s) no produto
FRENTE B
módulo e colocar o resultado no produto da equação final. x A(s) 1 ..... ( ..... 1 .....
Se uma substância aparece no reagente de duas ou mais equações diferentes, devemos y A(s) 1 ..... ( ..... 1 .....
somar todas as quantidades e colocar o total no reagente da equação final. O mesmo
x 1 y de A(s) no reagente
raciocínio deve ser seguido no caso de uma substância que aparece no produto de
QUÍMICA

duas ou mais equações diferentes. .... 1 ..... ( x A(s) 1 .....


..... 1 ..... ( y A(s) 1 .....
Se uma substância aparece no reagente ou no produto de apenas uma equação entre as
várias que estão sendo somadas, devemos colocar essa substância, respectivamente, no x 1 y de A(s) no produto
reagente ou no produto da equação final na quantidade em que ela se apresenta.

Termoquímica 21
Representação e
Linguagem
Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto.

O desenvolvimento do termômetro Fahrenheit descobriu um método especial para purificar o


Em maior ou menor grau, todas as substâncias dilatam-se ou mercúrio e foi o primeiro a utilizá-lo como fluido em termômetros,
expandem-se com o aumento de temperatura. Na Antiguidade, o que gerou progressos significativos nesse campo, pois o mercúrio
os gregos de Alexandria, por exemplo, já sabiam que o ar sofre abrange um intervalo mais amplo de temperatura; as medidas po-
expansão ao ser aquecido. dem ser facilmente reproduzidas nas mesmas condições.
Os termômetros (instrumentos utilizados para medir a tem- Fahrenheit aperfeiçoou sua escala passando a usar como
peratura) contêm um fluido que pode ser um gás (em geral o pontos de referência as temperaturas de fusão do gelo (32 °F) e
ar) ou um líquido (como mercúrio ou álcool). Esse fluido expan- de ebulição da água (212 °F), à pressão atmosférica, e dividiu esse
de-se ou se contrai de acordo com a temperatura do sistema intervalo (212 – 32) em 180 partes (grau Fahrenheit).
que esteja em contato com o termômetro, até que o equilíbrio Em 1742, o astrônomo, físico e matemático sueco Anders
térmico seja estabelecido. Nesse ponto, é só ler a temperatura Celsius (1701-1744) propôs uma nova es-
do sistema na escala do termômetro. Para cada grau Celsius de cala termométrica, publicada pela Real
variação de temperatura, o volume dos fluidos expande-se na Sociedade Sueca. Inicialmente, Celsius es-
seguinte proporção: colheu o “zero grau” como sendo o ponto
de ebulição da água, atribuindo os “100
Substância Expansão aproximada graus” ao ponto de congelamento. Mais
tarde, o biólogo sueco Carolus Linnaeus
Álcool 1,00 parte em 1 000 (1707-1778) inverteu esses pontos, sur-
gindo assim a escala “centígrada” (que
Mercúrio 2,00 partes em 10 000 significa literalmente “dividida em cem
Ar 3,67 partes em 1 000 graus”). Em 1948, o nome dessa escala
foi alterado para “escala Celsius”.
O mercúrio mede uma faixa extensa de temperatura; o álcool Mais ou menos na mesma época
mede uma faixa menor. O gás, cuja capacidade de expansão é em que Celsius publicou sua escala, o
cerca de quatro vezes maior que a do mercúrio, é usado apenas cientista francês René-Antoine Fer-
para detectar pequenas variações de temperatura dentro de uma chault Réaumur (1683-1757), que fazia
faixa bem estreita. experimentos com um termômetro
No século XVIII, o astrônomo dinamarquês Ole Christensen de álcool, concluiu que essa substân-
Römer (1644-1710) percebeu que era necessário utilizar dois pontos cia tem uma expansão da ordem de
fixos para obter uma escala termométrica que pudesse ser utilizada 80 partes por mil entre o ponto de
cientificamente: um “ponto de congelamento” e um “ponto de ebu- congelamento e o ponto de ebuli-
lição” e, em 1708, projetou seu termômetro à base de álcool líquido. ção da água.
Para obter o “ponto de congelamento” optou, após alguns ex- Conversão:
perimentos, por uma mistura de gelo e cloreto de amônio. Para o °C
5 °R 5 °F 2 32
“ponto de ebulição”, ele considerou a temperatura da água fervendo 5 4 9
e dividiu o espaço entre os dois pontos em 60 graus.
Em 1730, Réamur pro-
ES

Römer projetou seu termômetro em 1708, mas não recebeu


W IMAG

o reconhecimento devido por seu trabalho. O crédito para a escala duziu então uma escala ter-
mométrica de 80 graus, que
OCK/GLO

com dois pontos fixos – ou melhor, para uma modificação dela


– é concedido ao físico holandês Gabriel Daniel Fahrenheit (1686- foi muito utilizada durante
UTTERST

1736), que, após uma visita a Römer, em 1708, começou a produzir algum tempo na Europa oci-
seus próprios termômetros. dental.
SIZOV/SH

Fig. 3 – Termômetro
a álcool.

22 Termoquímica
EXERCÍCIO RESOLVIDO

m
(FGV-SP) Em um conversor catalítico, usado em veículos au- b) exotérmica e libera 120,5 kcal/mol.
Ene-5
C 8
H-1
tomotores em seu cano de escape para redução da polui- c) exotérmica e libera 67,7 kcal/mol.
ção atmosférica, ocorrem várias reações químicas, sendo que d) endotérmica e absorve 120,5 kcal/mol.
uma das mais importantes é: e) endotérmica e absorve 67,7 kcal/mol.
1
CO(g) 1 O2(g) # CO2(g) RESOLUÇÃO:
2
Sabendo que as entalpias das reações citadas abaixo são: CO(g) ( C (grafite) + 1 O2 ΔH 5 126,4 kcal
2
1
C(grafite) 1 O (g) # CO(g) ΔH 5 226,4 kcal C(grafite) + O2(g) ( CO2(g) ΔH 5 294,1 kcal
2 2
C(grafite) 1 O2(g) # CO2(g) ΔH 5 294,1 kcal CO(g) + 1 O2(g) ( CO2(g) ΔH 5 267,7 kcal
pode-se afirmar que a reação inicial é: 2
a) exotérmica e absorve 67,7 kcal/mol. Alternativa c.

PARA CONSTRUIR

m
Ene-3
(Unirio-RJ) A água da chuva nunca teve a pureza que o senso comum lhe atribui, mas por obra e graça de nossa civilização,
C 2
H-1 os gases, a matéria orgânica e as fuligens, que resultam de atividades humanas, interferem no processo de formação das nu-
vens, o que resulta em chuva ácida. Com base nas equações I, II e III, a entalpia da reação de formação de chuva ácida
(H2S 1 2 O2 # H2SO4 1 ΔH 5 ?) é: a
3 3
O *( H2O 1 SO2
I. H2O 1 SO2 # H2S 1 O2 ΔH 5 137,5 kJ/mol H2S 1
2 2
ΔH 5 237,5 kJ
2
II. H2O 1 SO3 # H2SO4 ΔH 5 240,8 kJ/mol
SO2 1 1 O2 *( SO3 ΔH 5 124,0 kJ
1 2
III. SO3 # O2 1 SO2 ΔH 5 224,0 kJ/mol
2 H2O 1 SO3 *( H2SO4 ΔH 5 240,8 kJ
a) ΔH 5 254,3 kJ/mol d) ΔH 5 127 kJ/mol
b) ΔH 5 227 kJ/mol e) ΔH 5 220,7 kJ/mol H2S 1 2 O2 *( H2SO4 ΔH 5 254,3 kJ
c) ΔH 5 154,3 kJ/mol

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARAPARA PRATICAR
PRATICAR 2 (Fatec-SP) A fermentação que produz o álcool das bebidas al-
m
Ene-7
coólicas é uma reação exotérmica representada pela equação:
C 5
H-2
1 (Fatec-SP) Em minas de carvão, é comum ocorrer despren- C6H12O6(s) # 2 C2H5OH(l) 1 2 CO2(g) 1 X kJ
m
Ene-7
dimento de metano, que juntamente com o O2 do ar forma
C 6
H-2 uma mistura explosiva conhecida como gás grisu. As equa- Considerando-se as equações que representam as combus-
ções que se seguem representam a combustão desse gás. tões da glicose e do etanol:

FRENTE B
CH4(g) 1 2 O2(g) # CO2(g) 1 2 H2O(g) ΔH 5 2 802 kJ C6H12O6(s) 1 6 O2(g) # 6 CO2(g) 1 6 H2O(l) 1 2 840 kJ
CH4(g) 1 2 O2(g) # CO2(g) 1 2 H2O(l) ΔH 5 2 890 kJ C2H5OH(l) 1 3 O2(g) # 2 CO2(g) 1 3 H2O(l) 1 1 350 kJ
As informações dadas permitem concluir que para ocorrer a
transformação: pode-se concluir que o valor de X em kJ/mol de glicose é:
QUÍMICA

H2O(l) # H2O(g) a) 140


são: b) 280
a) liberados 88 kJ/mol. d) absorvidos 44 kJ/mol. c) 1 490
b) absorvidos 88 kJ/mol. e) liberados 176 kJ/mol. d) 4 330
c) liberados 846 kJ/mol. e) 5 540

Termoquímica 23
Para a reação:
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
Na(s) 1 1 Cl2(g) # NaCl(s)
2
1 (Cesgranrio-RJ) O elemento químico tungstênio, de símbolo W, a variação de entalpia (ΔH), em kcal, a 25 °C e 1 atm, é igual a:
m
Ene-5
é muito utilizado em filamentos de lâmpadas incandescentes a) 298 d) 1153
C 8
H-1 comuns. b) 2153 e) 198
Quando ligado a elementos como o carbono ou o boro for- c) 255
ma substâncias inertes e muito duras.
3 (Fuvest-SP) O monóxido de nitrogênio (NO) pode ser produ-
O carbeto de tungstênio, WC(s), é muito utilizado em pon-
m
Ene-3
zido diretamente a partir de dois gases que são os principais
teiras de ferramentas como perfuratrizes, esmeris, lixas para C 0
H-1 constituintes do ar atmosférico, por meio da reação repre-
metais, etc.
sentada por:
Essa substância pode ser obtida pela reação:
N2(g) 1 O2(g) # 2 NO(g) ΔH 5 1180 kJ
C(grafite) 1 W(s) # WC(s)
O NO pode ser oxidado, formando o dióxido de nitrogênio
A partir das reações a seguir, calcule o ΔH de formação para (NO2), um poluente atmosférico produzido nos motores a
o WC(s). explosão:
Dados: 2 NO(g) 1 O2(g) # 2 NO2(g) ΔH 5 2114 kJ
Tal poluente pode ser decomposto nos gases N2 e O2:
W(s) 1 3 O2(g) # WO3(s) ΔHcombustão 5 2840 kJ/mol 2 NO2(g) # N2(g) 1 2 O2(g)
2
Esta última transformação:
C(grafite) 1 O2(g) # CO2(g) ΔHcombustão 5 2394 kJ/mol a) libera quantidade de energia maior do que 114 kJ.
b) libera quantidade de energia menor do que 114 kJ.
WC(s) 1 5 O2(g) # WO3(s) 1 CO2(g) ΔHcombustão 5 21 196 kJ/mol
2 c) absorve quantidade de energia maior do que 114 kJ.
d) absorve quantidade de energia menor do que 114 kJ.
a) 219 kJ/mol e) ocorre sem que haja liberação ou absorção de energia.
b) 138 kJ/mol
c) 238 kJ/mol 4 (Fuvest-SP) O besouro-bombardeiro espanta seus predado-
d) 12 430 kJ/mol res expelindo uma solução quente. Quando ameaçado, em
e) 22 430 kJ/mol seu organismo ocorre a mistura de soluções aquosas de hi-
droquinona, peróxido de hidrogênio e enzimas, que promo-
2 (PUC-MG) O diagrama a seguir contém valores das entalpias vem uma reação exotérmica, representada por:
m
Ene-5
das diversas etapas de formação do NaCl(s), a partir do Na(s) e
C 7
H-1 do Cl2(g). C6H4(OH)2(aq) 1 H2O2(aq) Enzimas C6H4O2(aq) 1 2 H2O(l)
O calor envolvido nessa transformação pode ser calculado,
H Na(g) 1 Cl(g) Estados iniciais considerando-se os processos:
(kcal)
C6H4(OH)2(aq) # C6H4O2(aq) 1 H2(g) ΔHo 5 1177 kJ ? mol21
1 129,0 kcal
Na(g) 1
2
Cl2(g) H2O(l) 1 1 O2(g) # H2O2(aq) ΔHo 5 195 kJ ? mol21
126,0 kcal 2
1 H2O(l) # 1 O2(g) 1 H2(g) ΔHo 5 1286 kJ ? mol21
Na(s) 1 Cl2(g)
2 2
2153,0 kcal Assim sendo, o calor envolvido na reação que ocorre no or-
ganismo do besouro é:
NaCl(s) Estado final a) 2558 kJ ? mol21 d) 1558 kJ ? mol21
b) 2204 kJ ? mol21
e) 1585 kJ ? mol21
c) 1177 kJ ? mol21

ANOTAÇÕES

24 Termoquímica
CAPÍTULO

4 Exercícios sobre
a lei de Hess

Objetivo:
c Exercitar os conceitos EXERCÍCIO RESOLVIDO
associados à lei de
Hess. (Unimontes-MG) Um inseto conhecido como besouro-bombardeiro consegue afugentar
m
Ene-7
C 4
seus predadores lançando sobre eles um “aerossol químico”, um vapor na forma de fina névoa.
H-2 Esse aerossol resulta de uma reação química entre as substâncias hidroquinona, C6H4(OH)2,
e o peróxido de hidrogênio, H2O2, catalisada por uma enzima. Além do efeito térmico da
reação, a quinona, C6H4O2, produzida atua como repelente contra outros insetos e animais.
A reação de formação do aerossol químico pode ser representada pela equação:
C6H4(OH)2(aq) 1 H2O2(aq) # C6H4O2(aq) 1 2 H2O(l)
Considere as reações representadas pelas equações I, II e III:
I. C6H4(OH)2(aq) # C6H4O2(aq) 1 H2(g) ΔH° 5 177 kJ.
1
II. H2O2(aq) # H2O(l) 1 O2(g) ΔH° 5 294,6 kJ.
2
1
III. H2(g) 1 O2(g) # H2O(l) ΔH° 5 2286 kJ.
2
Relacionando as equações I, II e III, pode-se afirmar que, para afugentar os predadores, o
besouro-bombardeiro libera uma quantidade de calor equivalente a:
a) 557,6 kJ. b) 203,6 kJ. c) 368,4 kJ. d) 407,2 kJ.

RESOLUÇÃO:
Reação I: C6H4(OH)2(aq) # C6H4O2(aq) 1 H2(g) ΔH° 5 1177 kJ
1
Reação II: H2O2(aq) # H2O(l) 1 O (g) ΔH° 5 294,6 kJ
2 2
Reação III: H2(g) 1 1 O2(g) # H2O(l) ΔH° 5 2286 kJ
2
Equação global: C6H4(OH)2(aq) 1 H2O2(aq) # C6H4O2(aq) 1 2 H2O(l)
ΔH° 5 1177 kJ 2 94,6 kJ 2 286 kJ 5 2203,6 kJ
Alternativa b.

PARA CONSTRUIR
FRENTE B
1 (Mack-SP) A hidrazina, cuja fórmula química é N2H4, é um composto químico com propriedades similares à amônia, usado entre
m
Ene-7
outras aplicações como combustível para foguetes e propelente para satélites artificiais.
C 4
H2
- Em determinadas condições de temperatura e pressão, são dadas as equações termoquímicas abaixo.
QUÍMICA

1
I. N2(g) 1 2 H2(g) # N2H4(g) ΔH 5 195,0 kJ/mol II. H2(g) 1 O2(g) # H2O(g) ΔH 5 −242 kJ/mol
2
A variação de entalpia e a classificação para o processo de combustão da hidrazina, nas condições de temperatura e pressão das
equações termoquímicas fornecidas são, de acordo com a equação:
N2H4(g) 1 O2(g) # N2(g) 1 2 H2O(g),

Termoquímica 25
respectivamente, a 2 (Vunesp) A reação entre alumínio e óxido de ferro III pulveri-
a) −579 kJ/mol; processo exotérmico. m zados é exotérmica e fornece, como produtos, ferro metálico
Ene-7
b) 1389 kJ/mol; processo endotérmico. C 6
H-2 e óxido de alumínio sólidos.
c) −389 kJ/mol; processo exotérmico. a) Escreva a equação balanceada da reação, indicando o es-
d) −147 kJ/mol; processo exotérmico. tado de agregação dos reagentes e dos produtos.
e) 1147 kJ/mol; processo endotérmico. 2 Al(s) + Fe2O3(s) # 2 Fe(s) + Al2O3(s)
1a reação invertida:
N2H4(g) # N2(g) + 2 H2(g) ΔH = −95,0 kJ
b) Calcule a variação de entalpia deste processo químico a
2a reação multiplicada por 2: partir das entalpias de reação dadas a seguir:
2 H2(g) + O2(g) # 2 H2O(g) ΔH = −484 kJ
3
2 Fe(s) 1 O2(g) # Fe2O3(s) ΔH1 5 2 824 kJ/mol
Reação global: 2
N2H4(g) + O2(g) # N2(g) + 2 H2O(g) ΔH = −579 kJ 3
2 Al(s) 1 O2(g) # Al2O3(s) ΔH2 5 21676 kJ/mol
2
3
2 Al(s) + O (g) ( Al2O3(s) ΔH 5 21 676 kJ
2 2
3
Fe2O3(s) ( 2 Fe(s) 1 O (g) ΔH 5 1824 kJ
2 2
2 Al(s) 1 Fe2O3(s) ( 2 Fe(s) 1 Al2O3(s) ΔH 5 2852 kJ

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TAREFA PARA CASA


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PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR

1 (Cefet-MG) O carbono pode ser encontrado na forma de alótropos como o grafite e o diamante. Considere as equações termoquí-
m
Ene-6
micas seguintes.
C 1
H2
- 1
C(grafite) 1 O2(g) # CO(g) ΔH 5 2110 kJ
2
C(grafite) 1 O2(g) # CO2(g) ΔH 5 2393 kJ
C(diamante) 1 O2(g) # CO2(g) ΔH 5 2395 kJ
A variação de entalpia da conversão de grafite em diamante, em kJ, é igual a:
a) 2788.
b) 22.
c) 12.
d) 1287.
e) 1788.

2 (Fuvest-SP) Benzeno pode ser obtido a partir de hexano por reforma catalítica. Considere os dados abaixo:
m
Ene-6
C 1
Reação de combustão Calor liberado (kJ/mol de combustível)
H2
-
1
H2(g) 1 O2(g) # H2O(l) 286
2
C6H6(l) 1 15 O2(g) # 6 CO2(g) 1 3 H2O(l) 3 268
2
C6H14(l) 1 19 O2(g) # 6 CO2(g) 1 7 H2O(l) 4 163
2
Pode-se então afirmar que na formação de 1 mol de benzeno, a partir do hexano, há:
a) liberação de 249 kJ.
b) absorção de 249 kJ.
c) liberação de 609 kJ.
d) absorção de 609 kJ.
e) liberação de 895 kJ.

26 Termoquímica
3 (Cesgranrio-RJ) O gás hilariante (N2O) tem características anestésicas e age sobre o sistema nervoso central, fazendo com que as
m
Ene-7
pessoas riam de forma histérica. Sua obtenção é feita a partir da decomposição térmica do nitrato de amônio (NH4NO3), que se
C 5
H-2 inicia a 185 °C, de acordo com a seguinte equação:
NH4NO3(s) **( Δ N2O(g) 1 2 H2O(g)
No entanto, o processo é exotérmico e a temperatura fornecida age como energia de ativação. Sabe-se que as formações das
substâncias N2O, H2O e NH4NO3 ocorrem através das seguintes equações termoquímicas:
N2(g) 1 1 O2(g) # N2O(g) 2 19,5 kcal
2
1
H2(g) 1 O2(g) # H2O(g) 1 57,8 kcal
2
3
N2(g) 1 2 H2(g) 1 O2(g) # NH4NO3(s) 1 87,3 kcal
2
A quantidade de calor liberada, em kcal, no processo de obtenção do gás hilariante é:
a) 8,8 b) 17,6 c) 28,3 d) 125,6 e) 183,4

PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR

1 (Uema) A revista Planeta, de agosto de 2009, ano 37, edição 443, publicou como reportagem de capa “Os refugiados ambientais – o
m
Ene-7
grande êxodo já começou. Mudanças climáticas farão milhões de pessoas abandonar seus lares e países em busca de sobrevivência”.
C 5
H2
- Dentre as causas elencadas para esse êxodo estão os clorofluorcarbonos (CFCs) que continuam colocados como redutores da blindagem
do ozônio na estratosfera. O processo consiste na absorção da radiação de alta energia pelos CFCs e o gás oxigênio, com produção de
átomos de cloro, os quais têm efeito catalítico para remover o ozônio. Observando esse processo nas equações termodinâmicas abaixo,
O2(g) 1 Cl(g) # ClO(g) 1 O(g) ΔH 5 164 kcal
O3(g) 1 Cl(g) # ClO(g) 1 O2(g) ΔH 5 230 kcal
indique o valor correto de ΔH, em kcal, para a reação da remoção de ozônio, conforme equação abaixo:
O3(g) 1 O(g) # 2 O2(g)
a) 194 b) 294 c) 134 d) 234 e) 260

2 (FMTM-MG) O gás natural é uma importante fonte energética, utilizado em indústrias e residências. A maior parte do gás utilizado
m
Ene-7
no Brasil é importada da Bolívia. Nesse ano, houve incertezas quanto ao futuro preço e abastecimento de gás no país. Na tabela,
C 6
H-2 são dadas as entalpias-padrão de combustão do metano, carbono e hidrogênio.
Substâncias ΔH°combustão (kJ/mol)
C(grafite) 2394
H2(g) 2286
CH4(g) 2890
A partir desses valores, pode-se afirmar que a entalpia-padrão de formação do metano a partir de seus elementos, em kJ/mol, é igual a:
a) 1360. b) 1210. c) 176. d) 276. e) 2210.

3 (Unifesp-SP) Quando o óxido de magnésio está na presença de uma atmosfera de gás carbônico, este é convertido a carbonato de
m
Ene-7
magnésio.
C 4
H-2
São dadas as entalpias-padrão de formação:
Mg(s) 1 1 O2(g) # MgO(s) ΔH°f 5 −602 kJ/mol
2
C(s, grafita) 1 O2(g) # CO2(g) ΔH°f 5 −394 kJ/mol
Mg(s) 1 C(s, grafita) 1 3 O2(g) # MgCO3(g) ΔH°f 5 −1 096 kJ/mol FRENTE B
2
A formação de um mol de carbonato de magnésio, a partir do óxido de magnésio e gás carbônico, é uma reação:
a) endotérmica, com valor absoluto de entalpia de 100 kJ.
QUÍMICA

b) exotérmica, com valor absoluto de entalpia de 100 kJ.


c) endotérmica, com valor absoluto de entalpia de 888 kJ.
d) exotérmica, com valor absoluto de entalpia de 888 kJ.
e) endotérmica, com valor absoluto de entalpia de 1 304 kJ.

Termoquímica 27
CAPÍTULO

5 Entalpias-padrão de
combustão e de formação

Objetivo: A variação de entalpia de uma reação termoquímica pode ser relacionada com o fenômeno
químico envolvido. Por exemplo:
c Conhecer os conceitos
a variação de entalpia de uma reação de combustão, quando medida para 1 mol de substância
de entalpia de
que sofre combustão, é denominada entalpia-padrão de combustão;
combustão e entalpia
a variação de entalpia de uma reação de formação, quando medida para 1 mol de substância
de formação.
obtida (formada em condições-padrão), é denominada entalpia-padrão de formação.

ENTALPIA-PADRÃO DE COMBUSTÃO
Considere, por exemplo, a reação de combustão do metano, CH4(g).
1 CH4(g) 1 2 O2(g) *( 1 CO2(g) 1 2 H2O(l)
Fig.1 – A chama contínua em uma
refinaria de petróleo provém da Para que a variação de entalpia dessa reação seja considerada uma entalpia-padrão de combus-
combustão do gás metano. tão, é necessário que ela seja medida em condições-padrão (25 °C e 1 atm) para exatamente 1 mol
da substância envolvida, no caso, o metano: ΔH°Combustão 5 2212,8 kcal.
LARRY LEE PHOTOGRAPHY/CORBIS/LATINSTOCK

Como são poucas as reações químicas cujo ΔH pode ser calculado experimentalmente com o
uso de um calorímetro, os valores experimentais tabelados das entalpias-padrão de combustão das
substâncias são importantes, porque, a partir deles, podemos calcular teoricamente o ΔH de reações
que não podem ser feitas em um calorímetro.
A tabela a seguir traz os valores de ΔH° de combustão para uma série de substâncias conhecidas:

Fórmula molecular Entalpia-padrão de combustão


Nome da substância
e fase de agregação kcal/mol kJ/mol
Hidrogênio H2(g) 268,3 2285,8
Grafita C(s) 294,1 2393,3
Monóxido de carbono CO(g) 267,6 2282,8
Metano CH4(g) 2212,8 2890,4
Etino C2H2(g) 2310,6 21 299,6
Eteno C2H4(g) 2337,2 21 410,8
Etano C2H6(g) 2372,8 21 599,8
Propano C3H8(g) 2530,6 22 220,0
Butano C4H10(g) 2688,0 22 878,6
Benzeno C6H6(l) 2781,0 23 267,7
Metanol H3C k OH(l) 2173,6 2726,3
Etanol H3C k CH2 k OH(l) 2326,5 21 366,1
Ácido etanoico H3C k COOH(l) 2208,5 2872,4
Glicose C6H12O6(s) 2673,0 22 815,8
Sacarose C12H22O11(s) 21 348,9 25 643,8

28 Termoquímica
ENTALPIA-PADRÃO DE FORMAÇÃO
Considere os exemplos de reações de formação (síntese) abaixo:
1
1 H2(g) 1 O2(g) *( 1 H2O(l) ΔH°f 5 268,3 kcal
2
1 H (g) 1 1 Cl (g) *( 1 HCl(g) ΔH°f 5 222,1 kcal
2 2 2 2
3 O (g) *( 1 O3(g) ΔH°f 5 134,0 kcal
2 2
A entalpia dessas reações é considerada uma entalpia-padrão de fomação, ΔH°f , porque seu
valor foi obtido na reação de síntese de 1 mol de moléculas da substância, a partir de substâncias Para os valores fornecidos
simples na forma alotrópica mais estável, em condições-padrão. nas tabelas abaixo, a incerteza
A tabela a seguir traz os valores da entalpia de formação de uma série de substâncias. no último dígito é de 11 ou 21.
Esses valores são importantes, porque, por meio deles, é possível calcular teoricamente o ΔH
de muitas outras reações.

Substância ΔH°f /kJ ? mol21 Substância ΔH°f /kJ ? mol21 Substância ΔH°f /kJ ? mol21
O3(g) 1142,3512 PCl3(g) 2306,5575 Fe2O3(s) 2822,7062
H2O(g) 2241,9882 PCl5(g) 2399,2114 Fe3O4(s) 21 117,8756
H2O(l) 2286,0313 Cn(s) diamante 11,8975 FeS2(s) 2178,0227
HF(g) 2268,7926 CO(g) 2110,5973 TiCl4(l) 2750,6932
HCl(g) 292,3734 CO2(g) 2393,7761 Al2O3(s) 21 670,9100
Br2(g) 130,7311 CH4(g) metano 274,8977 MgO(s) 2602,2293
HBr(g) 236,2577 C2H2(g) etino 1226,8994 MgCO3(s) 21 113,6888
HI(g) 125,9582 C2H4(g) eteno 152,3183 CaO(s) 2635,9749
SO2(g) 2297,0953 C2H6(g) etano 284,7241 CaC2(s) 262,8020
SO3(g) 2395,4433 C3H8(g) propano 2104,2513 Ca(OH)2(s) 2987,2474
H2S(g) 220,1594 C4H10(g) butano 2126,4414 CaCO3(s) calcita 21207,6825
H2SO4(l) 2811,8624 C6H6(l) benzeno 182,9824 Na2O(s) 2416,1679
NO(g) 190,4349 H3COH(l) metanol 2238,7313 NaOH(s) 2427,0117
NO2(g) 133,8754 C2H5OH(l) etanol 2277,8193 NaF(s) 2569,4048
N2O(g) 181,6007 HCHO(g) metanal 2115,9744 NaCl(s) 2411,2777
N2O3(g) 183,7360 C2H4O2(l) etanoico 2487,3435 NaBr(s) 2360,1904
N2O4(g) 19,6673 (SiO2)n(s) quartzo 2859,9687 NaI(s) 2288,2193
NH3(g) 246,2223 PbO(s) vermelho 2219,3883 Na2SO4(s) 21 385,4121
HNO3(l) 2173,3503 PbS(s) 293,7843 Na2SO4 ? 10 H2O(s) 24 326,9741

FRENTE B
NH4Cl(s) 2315,6010 AgCl(s) 2127,1196 NaNO3(s) 2466,9957

Observe que pela própria definição de entalpia-padrão de formação, concluímos que a ental-
pia-padrão de qualquer substância simples em condições-padrão é zero.
QUÍMICA

Exemplos:
1 H2(g) *( 1 H2(g) ΔH°f 5 0,0 kcal
1 O2(g) *( 1 O2(g) ΔH°f 5 0,0 kcal
1 C(grafita) *( 1 C(grafita) ΔH°f 5 0,0 kcal

Termoquímica 29
Resolução de Problemas

Acesse o Material Comple-


mentar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

m (UFRN) O etanol, C2H5OH, é um combustível muito usado no completa de 1 litro de etanol,


Ene-7
C 5
H2
- Brasil. Os valores de entalpia de combustão e da densidade a) absorvem-se, aproximadamente, 23 768,4 kJ de energia
dessa substância estão informados na tabela a seguir. em forma de calor.
b) liberam-se, aproximadamente, 1 093,4 kJ de energia em
Substância ΔH° (kj/mol) Densidade (kg/L) forma de calor.
c) absorvem-se, aproximadamente, 1 093,4 kJ de energia em
C2H5OH 21 366,8 0,8 forma de calor.
Massa molar do etanol: 46 g d) liberam-se, aproximadamente, 23 768,4 kJ de energia em
forma de calor.
Considerando esses valores, quando ocorre a combustão

RESOLUÇÃO:
1 L etanol ⇔ 0,8 kg ⇔ 800 g
1 mol etanol 46 g energia liberada 1 366,8 kJ
800 g x
x 5 23 770 kJ
Alternativa d.

PARA CONSTRUIR

1 (Cesgranrio-RJ) Observe o gráfico. O diagrama a seguir mostra a variação da entalpia da reação


m de combustão de 1 mol de etanol.
Ene-7
C 4 H
H-2
(kcal) H(kJ)
m 3
Ene-6 S(r) 1 O2(g)
C 5 2
H-2
0
C2H5OH(l) 1 3 O2(g)
Reagentes

ΔH 5 21368 kJ/mol

1
SO2(g) 1 O2(g)
2
271
ΔH 5 223 kcal
2 CO2(g) 1 3 H2O(l)
SO3(g)
Produtos
294

Analise as afirmativas:
O valor da entalpia de combustão de 1 mol de SO2(g), em
I. A energia liberada é chamada de calor de formação do
kcal, a 25 °C e 1 atm, é: b
etanol.
a) 271. d) 171.
II. O processo é exotérmico.
b) 223. e) 1165.
III. Na queima de 1 mol de etanol, são liberados 1 368 kJ.
c) 123.
Está(ão) correta(s): e
2 (UFSM-RS) Com o contínuo decréscimo das reservas de pe- a) apenas I. I. Falsa. A energia liberada na reação é cha-
m tróleo mundiais, o uso de outros combustíveis vem aumen- b) apenas II. mada calor de combustão do etanol.
Ene-7 II. Verdadeira.
C 6
H-2 tando cada vez mais. No Brasil, o etanol obtido pela fermen- c) apenas III.
III. Verdadeira.
tação da cana-de-açúcar é usado desde a década de 1980 d) apenas I e II.
m
Ene-6 como combustível em veículos automotores. e) apenas II e III.
C 5
H-2

30 Termoquímica
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA PRATICAR PARA APRIMORAR

1 (Fatec-SP) As reações de combustão do etanol e do heptano 1 (Fadergs-RS) Observe a tabela que apresenta alguns combus-
m
Ene-7
podem ser representadas pelas seguintes equações: m
Ene-7
tíveis e suas respectivas entalpias de combustão.
C 4 C 4
H-2 H-2
C2H5OH 1 3 O2 # 2 CO2 1 3 H2O 1 1,5 ? 10 kJ/mol 3

C7H16 1 11 O2 # 7 CO2 1 8 H2O 1 4,5 ? 103 kJ/mol m


Ene-6 Combustível Entalpia de combustão (kcal/mol)
C 5
Queima-se uma quantidade suficiente de etanol para obter H-2

a mesma energia que se obtém na queima de um mol de Gás natural, CH4 2213
heptano.
GLP, C4H10 2635
Nessas condições, na queima do etanol, a quantidade de mol
de CO2 formado é: Gasolina, C8H18 21 222
a) 2
b) 3 Álcool etílico, C2H5OH 2327
c) 5
Hidrogênio, H2 268
d) 6
e) 9
Qual dos combustíveis apresenta maior quantidade de ener-
2 (PUC-SP) O gás butano (C4H10) é o principal combustível presen- gia liberada por grama consumido?
m
Ene-2
te no gás liquefeito de petróleo (GLP) utilizado em bujões de gás a) Gás natural.
C 6
H- doméstico. No entanto, seu uso não é tão eficiente no maçarico; b) GLP.
neste último, o gás utilizado é o acetileno ou etino (C2H2). c) Álcool etílico.
a) Equacione as reações de combustão completa para esses d) Hidrogênio.
dois gases. e) Gasolina.
b) Sabendo-se que:
ΔH combustão do butano 5 2500 kcal ? mol21 2 (FGV-SP) No Brasil, a produção de etanol vem aumentando,
ΔH combustão do acetileno 5 2250 kcal ? mol21 m impulsionada pelo aumento da frota de carros bicombustí-
Ene-7
calcule a energia liberada por massas aproximadamente C 5
H2
- veis. O uso do álcool como combustível, por ser renovável,
iguais dos mesmos combustíveis (utilize para os seus cál- reduz o impacto da emissão de gás carbônico causado na
m
culos 11,7 g de acetileno e 11,6 g de butano). Ene-6
C 5
H-2
queima da gasolina.
c) Qual combustível possui maior poder calorífico por grama? A entalpia-padrão de combustão completa do etanol, em
3 (FCMMG) A produção de carboidratos na natureza ocorre nas kJ ? mol21, é igual a:
m plantas verdes por um processo chamado fotossíntese. As Dados:
Ene-6
C 1
H-2 plantas contêm o pigmento verde clorofila, que catalisa a con-
versão de dióxido de carbono e água em açúcares. A reação ΔH°f (kJ ? mol21)
simplificada pode ser representada pela seguinte equação:
6 CO2(g) 1 6 H2O(l) # C6H12O6(aq) 1 6 O2(g) C2H6O(l) 2278
Considere as entalpias de formação das seguintes substân-
CO2(g) 2394
FRENTE B
cias, todas a 25 °C e 1 atm de pressão:
CO2(g): 2393 kJ/mol; H2O(l): 2286 kJ/mol; C6H12O6(aq): H2O(l) 2286
21263 kJ/mol
A variação de entalpia (ΔH) da equação acima, é, em kJ, igual a: a) 11 368
QUÍMICA

a) 15 337 b) 1958
b) 12 811 c) 1402
c) 22 811 d) 2402
d) 25 337 e) 21 368

Termoquímica 31
CAPÍTULO

6 Cálculo do ΔH a partir da
entalpia de formação

Objetivo: É possível calcular a variação de entalpia, ΔH, de uma reação pela diferença entre as entalpias
de formação dos produtos e as entalpias de formação dos reagentes. Considere, por exemplo, a
c Compreender como
reação genérica:
são realizados os
cálculos de entalpia a A + b B *( c C + d D
a partir dos valores
em que A, B, C e D são substâncias que participam da reação química, e a, b, c e d são os coe-
associados à entalpia
de formação.
ficientes que tornam a equação balanceada.
Se chamarmos de:
ΔH°f A 5 entalpia de formação de A em kcal/mol;
ΔH°f B 5 entalpia de formação de B em kcal/mol;
ΔH°f C 5 entalpia de formação de C em kcal/mol;
ΔH°f D 5 entalpia de formação de D em kcal/mol;
teremos:
a entalpia dos reagentes, Hr , será ΔHr 5 a ? ΔH°f A + b ? ΔH°f B;
a entalpia dos produtos, Hp, será ΔHp 5 c ? ΔH°f C + d ? ΔH°f D.
Observe que é necessário multiplicar a entalpia de formação das substâncias pelo coeficiente
que elas apresentam na reação, pois a entalpia de formação se refere a apenas 1 mol de moléculas
da substância.
Assim, a variação de entalpia da reação pode ser calculada por:

HProdutos − HReagentes

ΔHReação 5 (c ? ΔH°f C + d ? ΔH°f D) − (a ? ΔH°f A + b ? ΔH°f B)

Como os valores dos ΔH°f de muitas substâncias são tabelados, podemos en-
contrar facilmente o ΔH de diversas reações por esse método.
Suponha que seja necessário conhecer o valor da variação de entalpia da reação
MICH
AL812/SHU
TTE
de redução da hematita, Fe2O3(s), com o monóxido de carbono, CO(g), para obten-
RS
T OC
K/
GL
ção de ferro metálico, Fe(s), e gás carbônico, CO2(g).
O
O primeiro passo é escrever a reação corretamente balanceada:
W
IM
AG

+ *( 2 Fe(s) +
ES

1 Fe2O3(s) 3 CO(g) 3 CO2(g)

Depois, verificamos os valores de entalpia de formação de reagentes e produtos:


ΔH°f Fe2O3(s)
5 −196,5 kcal/mol ΔH°f CO(g) 5 −26,4 kcal/mol
ΔH°f Fe(s)
5 0,0 kcal/mol ΔH°f CO (s) 5 −94,1 kcal/mol
2

Para finalmente podermos calcular a variação de entalpia, ΔH, da reação:


ΔH 5 [2 ? (ΔH°f Fe) + 3 ? (ΔH°f CO )] − [1 ? (ΔH°f Fe O ) + 3 ? (ΔH°f CO)] V
2 2 3
V ΔH 5 [2 ? (0,0) + 3 ? (−94,1)] − [1 ? (−196,5) + 3 ? (−26,4)] V
V ΔH 5 (−282,3) − (−275,7) V ΔH 5 −6,6 kcal
Fig. 1 – Hematita. Logo, o valor do ΔH da reação de redução da hematita é igual a −6,6 kcal.

32 Termoquímica
EXERCÍCIO RESOLVIDO

m
Ene-1
(UFSM-RS) O álcool etílico é considerado um desinfetante e antisséptico, com finalidade de higienização das mãos, para prevenir
C 2
H- a gripe H1N1. Esse álcool pode ser obtido pela fermentação de açúcares, como a glicose:
C6H12O6(s) # 2 C2H5OH(l) + 2 CO2(g) ΔH 5 −68 kJ mol−1
Entalpia-padrão de formação de um mol da substância na temperatura de 25 °C e 1 atm:

Substância ΔH°f (kJ ? mol−1)

C6H12O6(s) 21 275
CO2(g) 2394

A entalpia-padrão de formação de um mol de álcool etílico, em kJ ? mol−1, é, aproximadamente,


a) −950 b) −556 c) −278 d) −68 e) −34

RESOLUÇÃO:
ΔHr 5 ΔHf Produtos − ΔHf Reagentes
−68 kJ 5 [2 x + 2 (−394 kJ)] − [−1275 kJ]
x 5 −278 kJ
Alternativa c.

PARA CONSTRUIR

1 (FGV-SP) O teflon é um polímero sintético amplamente em- 2 (UFF-RJ) A cabeça de um palito de fósforo contém uma subs-
m pregado. Ele é formado a partir de um monômero que se ob- m tância chamada trissulfeto de tetrafósforo. Esse composto in-
Ene-7 Ene-6
C 5
H2
- tém por pirólise do trifluormetano. C 5
H2
- flama na presença de oxigênio, ocorrendo, à pressão normal,
O trifluormetano, CHF3, é produzido pela fluoração do gás a liberação de uma quantidade de calor de 3 677 kJ por mol.
m
Ene-6 A reação referente ao processo está representada abaixo:
C 5
H-2 metano, de acordo com a reação:
CH4(g) + 3 F2(g) # CHF3(g) + 3 HF(g) P4S3(s) + 8 O2(g) # P4O10(s) + 3 SO2(g)
Dados: Calcule a entalpia-padrão de formação do P4S3(s), conside-
rando a seguinte tabela:
ΔH°f (kJ ? mol−1)
Composto ΔH°f (kJ ? mol−1)
CHF3(g) −1 437
P4O10(s) −2 940,0
CH4(g) −75
SO2(g) −296,8
HF(g) −271
ΔHReação 5 ΔHf Produtos − ΔHf Reagentes
A entalpia-padrão da reação de fluoração do gás metano, em −3 677 kJ 5 [(−2 940 kJ) + 3 (−296,8 kJ)] − ΔHf Reagentes
kJ ? mol−1, é igual a: b ΔHReagentes 5 153,4 kJ ? mol−1
FRENTE B
a) −1 633.
b) −2 175.
c) −2 325.
d) +1 633.
QUÍMICA

e) +2 175.
ΔH 5 ΔHf Produtos − ΔHf Reagentes
ΔH 5 −1 437 kJ ? mol−1 + 3 (−271 kJ ? mol−1) − (−75 kJ ? mol−1) 5
5 −2 175 kJ ? mol−1

Termoquímica 33
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TAREFA PARA CASA


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PARA PRATICAR

1 (Udesc) A indústria siderúrgica utiliza-se da redução de minério de ferro para obter o ferro fundido, que é empregado na obtenção
m de aço. A reação de obtenção do ferro fundido é representada pela reação:
Ene-7
C 5
H-2 Fe2O3 + 3 CO # 2 Fe + 3 CO2
m
Ene-6
A entalpia de reação (ΔHºf ) a 25 °C é:
C 5
H2
- Dados: Entalpias de formação (ΔHºf ) a 25 °C, kJ/mol:

Fe2O3 Fe CO CO2
ΔH°f , kJ/mol −824,2 0 −110,5 −393,5

a) 24,8 kJ/mol d) −541,2 kJ/mol


b) −24,8 kJ/mol e) 1328,2 kJ/mol
c) 541,2 kJ/mol

2 (Unicamp-SP) Explosão e incêndio se combinaram no terminal marítimo de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, espalhando
m muita fumaça pela cidade e pela região. O incidente ocorreu com uma carga de fertilizante em que se estima tenham sido decom-
Ene-7
C 6
H2
- postas 10 mil toneladas de nitrato de amônio. A fumaça branca que foi eliminada durante 4 dias era de composição complexa,
mas apresentava principalmente os produtos da decomposição térmica do nitrato de amônio: monóxido de dinitrogênio e água.
Em abril de 2013, um acidente semelhante ocorreu em West, Estados Unidos da América, envolvendo a mesma substância. Infeliz-
mente, naquele caso, houve uma explosão, ocasionando a morte de muitas pessoas.
a) Com base nessas informações, escreva a equação química da decomposição térmica que ocorreu com o nitrato de amônio.
b) Dado que os valores das energias-padrão de formação em kJ ? mol−1 das substâncias envolvidas são nitrato de amônio (−366),
monóxido de dinitrogênio (82) e água (−242), o processo de decomposição ocorrido no incidente é endotérmico ou exotérmi-
co? Justifique sua resposta considerando a decomposição em condições padrão.

3 (Unicamp-SP) O nadador Michael Phelps surgiu na Olimpíada de Beijing como um verdadeiro fenômeno, tanto pelo seu desem-
penho como pelo seu consumo alimentar. Divulgou-se que ele ingere uma quantidade diária de alimentos capaz de lhe oferecer
uma energia de 50 MJ. Quanto disso é assimilado, ou não, é uma incógnita. Só no almoço, ele ingere um pacote de macarrão de
500 g, além de acompanhamentos.
a) Suponha que o macarrão seja constituído essencialmente de glicose (C6H12O6), e que, no metabolismo, toda essa glicose seja
transformada em dióxido de carbono e água. Considerando-se apenas o metabolismo do macarrão diário, qual é a contribui-
ção do nadador para o efeito estufa, em gramas de dióxido de carbono?
b) Qual é a quantidade de energia, em kJ, associada à combustão completa e total do macarrão (glicose) ingerido diariamente
pelo nadador?
Dados de entalpia de formação em kJ ? mol−1: glicose 5 −1274, água 5 −242, dióxido de carbono 5 −394.

4 (PUC-RJ) Um grande problema causado pela poluição atmosférica é a “deformação” que ocorre nas estátuas e nos monumentos,
m sobretudo nas grandes metrópoles. A acidez das chuvas ocasiona uma desintegração lenta e gradual das peças de mármore, con-
Ene-7
C 6
H-2 forme pode ser descrito pela reação:
CaCO3(s) + 2 HCl(aq) # CaCl2(aq) + H2O(l) + CO2(g)
Dados: Calores de formação (kJ/mol, a 25 °C e 1 atm)
CaCO3(s) −1207 H2O(l) −286
HCl(aq) −167 CO2(g) −393,5
CaCl2(s) −876,3 CaO(s) −635,5
De acordo com esses dados, determine:
a) a variação de entalpia da reação entre o ácido e o calcário (carbonato de cálcio).
b) a entalpia de decomposição do carbonato de cálcio (CaCO3). Escreva a reação de decomposição.

34 Termoquímica
a) +42,1 kcal c) −42,1 kcal
PARA APRIMORAR
b) +85,9 kcal d) −85,9 kcal

1 (Vunesp) A areia comum tem como constituinte principal o 3 (UFRJ) O prêmio Nobel de Química de 1995 foi concedido
m mineral quartzo (SiO2), a partir do qual pode ser obtido o silí- a três pesquisadores, F. S. Rowland, M. Molina e P. Crutzen,
Ene-7 m
Ene-7
C 5
H-2 cio, que é utilizado na fabricação de microchips. C 6
que há mais de vinte anos realizaram pesquisas sobre a
H-2
A obtenção do silício para uso na fabricação de processado- destruição da camada de ozônio. Em artigo publicado na
res envolve uma série de etapas. Na primeira, obtém-se o si- revista Nature, em 1974, Rowland e Molina propuseram
lício metalúrgico, por reação do óxido com coque, em forno que átomos de cloro, liberados pela fotólise de clorofluor-
de arco elétrico, à temperatura superior a 1900 °C. Uma das carbonos (CFCs), participaram de reações catalíticas que
equações que descreve o processo de obtenção do silício é destroem o ozônio presente na atmosfera terrestre, como
apresentada a seguir: mostrado a seguir:
SiO2(s) + 2 C(s) # Si(l) + 2 CO(g) Cl + O3 # ClO + O2
Dados: ΔHºf SiO2 5 −910,9 kJ ? mol−1 ClO + O # Cl + O2
ΔHºf CO 5 −110,5 kJ ? mol−1 Essas reações só podem ocorrer em grandes altitudes,
De acordo com as informações do texto, é correto afirmar onde existe uma quantidade suficiente de átomos isola-
que o processo descrito para a obtenção do silício metalúrgi- dos de oxigênio.
co correspondente a uma reação: Sabendo que a entalpia-padrão de formação do ozônio (O3) é
a) endotérmica e de oxirredução, na qual o Si4+ é reduzido a Si. de 142 kJ/mol e a entalpia-padrão de formação do oxigênio
b) espontânea, na qual ocorre a combustão do carbono. atômico é de 249 kJ/mol, determine a variação de entalpia-
c) exotérmica, na qual ocorre a substituição do Si por C. -padrão da reação global desse processo.
d) exotérmica, na qual ocorre a redução do óxido de silício.
e) endotérmica e de dupla troca. 4 (IME-RJ) O consumo de água quente de uma casa é de
m 0,489 m3 por dia. A água está disponível a 10,0 °C e deve
Ene-6
2 (Uece) O cloreto de amônio, considerado um dos quatro es- C 1
H-2 ser aquecida até 60,0 °C pela queima de gás propano. Admi-
m píritos da alquimia islâmica, é usado para limpeza de solda, tindo que não haja perda de calor para o ambiente e que a
Ene-7 m
C 5
fabricação de xampus, em estamparia de tecidos e em ex- Ene-6
H-2 C 5 combustão seja completa, calcule o volume (em m3) neces-
H2
-
pectorantes. Ele é obtido na fase sólida pela reação de amô- sário desse gás, medido a 25 °C e 1,00 atm, para atender à
m
Ene-6 nia gasosa com cloreto de hidrogênio gasoso a 25 °C e 1 atm
C 5
H2
-
demanda diária.
de pressão. Considere os dados constantes na tabela abaixo
e marque a opção que corresponde, aproximadamente, à en- Dados: Substância ΔHf / kcal
talpia do processo.
Dióxido de carbono – CO2(g) −94
Substância Entalpia de formação Água – H2O(g) −58
Amônia (g) −10,9 kcal/mol Propano – C3H8(g) −25
Cloreto de hidrogênio (g) −21,9 kcal/mol Constante dos gases: R 5 0,082 atm ? L / K ? mol
Cloreto de amônio (s) −74,9 kcal/mol Calor específico da água 5 1,0 cal / g ? °C

ANOTAÇÕES

FRENTE B
QUÍMICA

Termoquímica 35
CAPÍTULO

7 Energia de ligação

Objetivos: Sabemos que os átomos dos diversos elementos químicos estabelecem ligações entre si para
adquirirem estabilidade.
c Compreender que a
formação da ligação
Quase sempre, adquirir estabilidade significa sair de uma situação de maior energia para
química libera energia
passar a outra situação de menor energia.
e, portanto, é um
processo exotérmico.
Desse modo, concluímos que:
c Entender como se Quando 2 átomos estabelecem entre si uma ligação covalente simples, dupla ou tripla, ocorre
calcula a energia de liberação de uma quantidade x de energia. Os átomos liberam energia e adquirem estabilidade.
ligação e a relação Logo, a formação da ligação química é um processo exotérmico (ΔH negativo).
com os valores de Para romper a ligação covalente simples, dupla ou tripla estabelecida entre dois átomos é neces-
energia de dissociação
sário fornecer a mesma quantidade x de energia que os átomos haviam liberado na formação
das ligações presentes
da ligação. Os átomos absorvem essa energia x e voltam a uma situação de instabilidade. Logo,
na molécula.
o rompimento da ligação química é um processo endotérmico (ΔH positivo).
Na prática, não podemos medir a energia liberada quando 2 átomos estabelecem uma ligação
química, mas podemos medir a energia necessária para romper 1 mol de ligações de mesmo tipo
entre 2 átomos.
Essa energia associada à ligação química é denominada energia de ligação.

A energia de ligação é uma medida da energia média, ΔH, necessária para romper 1 mol
de ligações covalentes (simples, duplas ou triplas) entre 2 átomos a fim de obter esses átomos
isolados na fase gasosa.
GLOSSÁRIO

ICP-OES
Espectrômetro de emissão óptica com O valor da energia de ligação é sempre fornecido em módulo, pois o sinal irá depender de a
plasma acoplado indutivamente. ligação estar sendo rompida (ΔH . 0) ou formada (ΔH , 0). Ou seja:
o processo de rompimento de uma ligação química é sempre endotérmico.
Exemplo: H k H(g) *( H(g) 1 H(g) ΔH 5 1104,2 kcal/mol
o processo de formação de uma ligação química é sempre exotérmico.
Exemplo: H(g) 1 H(g) *( H k H(g) ΔH 5 2104,2 kcal/mol
JAVIER LARREA/EASYPIX

W
BL
AN
CH
AR
D /W
I KI P E D IA / W I KI M E

Fig. 1 – O ICP-OES é um
equipamento que determina
a composição elementar de
DI A

uma amostra promovendo a


CO
M

M
quebra das ligações químicas por
ON
S

aquecimento.

36 Termoquímica
É importante observar que o valor da energia de ligação definida é um valor médio. Se tomarmos a
molécula de metano, CH4, por exemplo, e rompermos sucessivamente as quatro ligações covalen-
tes simples carbono-hidrogênio, encontraremos quatro valores diferentes, denominados energias
de dissociação, D.
CH4 1 energia ( H3C 1 H D(H3C — H) 5 81,0 kcal/mol (quebra da 1a ligação)

H3C 1 energia ( H2C 1 H D(H2C — H) 5 103,9 kcal/mol (quebra da 2a ligação)

H2C 1 energia ( HC 1 H D(HC — H) 5 104,3 kcal/mol (quebra da 3a ligação)

HC 1 energia ( C 1 H D(C — H) 5 106,0 kcal/mol (quebra da 4a ligação)

A energia de ligação associada à quebra da ligação carbono-hidrogênio, entretanto, é um valor


médio de aproximadamente 98,8 kcal/mol.
A tabela a seguir fornece os valores de algumas energias de ligação.

Entalpia de formação da ligação Entalpia de rompimento da ligação


Ligação
kcal/mol de ligações kJ/mol de ligações kcal/mol de ligações kJ/mol de ligações
H−H −104,2 −436,0 1104,2 1436,0
H−F −134,6 −563,2 1134,6 1563,2
H−Cl −103,2 −431,8 1103,2 1431,8
H−Br −87,5 −366,1 187,5 1366,1
H−I −71,4 −298,7 171,4 1298,7
C−H −98,8 −413,4 198,8 1413,4
C−O −84,5 −353,5 184,5 1353,5
C−F −103,8 −434,3 1103,8 1434,3
C−Cl −78,2 −327,2 178,2 1327,2
C−Br −67,1 −280,7 167,1 1280,7
C−I −57,7 −241,4 157,7 1241,4
C−C −82,9 −346,8 182,9 1346,8
ClC −146,8 −614,2 1146,8 1614,2
CmC −199,2 −833,4 1199,2 1833,4
C l O (carbonila) −178,0 −745,3 1178,0 1745,3
C l O (CO2) −192,1 −804,3 1192,1 1804,3
H−O −110,8 −463,5 1110,8 1463,5
O−O −33,2 −138,9 133,2 1138,9
OlO −119,1 −468,6 1119,1 1468,6
NmN −225,8 −945,4 1225,8 1945,4
N−H −93,4 −391,0 193,4 1391,0
FRENTE B
N−F −65,0 −272,1 165,0 1272,1
N−Cl −46,0 −192,6 146,0 1192,6
F−F −36,6 −153,1 136,6 1153,1
QUÍMICA

Cl−Cl −58,0 −242,6 158,0 1242,6


Br−Br −46,1 −192,8 146,1 1192,8
I−I −36,1 −151,0 136,1 1151,0

Termoquímica 37
Observações:
1a) A energia de ligação entre 2 átomos determinados é praticamente constante, qualquer que
seja a substância da qual façam parte. Isso prova que a energia de ligação é uma propriedade intrín-
seca aos átomos ligantes, que sofre muito pouca influência da vizinhança constituída pelos demais
átomos.
2a) Quanto maior a energia de ligação, mais forte serão as forças que unem os 2 átomos.
Com os valores tabelados das energias de ligação entre os átomos, podemos calcular o ΔH
da reação pela somatória de todas as energias de ligações rompidas nos reagentes e formadas nos
produtos:

O 1,2-dicloroetano ocu- ΔHReação 5 S(ΔHLigações rompidas no reagente) 1 S(ΔHLigações formadas no produto)


pa a 14a posição na produção
química dos Estados Unidos. Na relação acima, temos:
Trata-se de um líquido oleoso ΔHLigações rompidas no reagente: indica a soma de toda a energia absorvida para romper as ligações nos
e incolor, de odor forte e sabor reagentes. O processo é endotérmico, e o ΔH é positivo.
doce. É inflamável e altamente
tóxico. É utilizado na produção ΔHLigações formadas no produto: indica a soma de toda a energia liberada na formação dos produtos.
do cloreto de vinila que, por sua O processo é exotérmico, e o ΔH é negativo.
vez, dá origem ao plástico PVC Considere, por exemplo, a reação de adição de gás cloro, Cl2(g), ao eteno, C2H4(g), produzindo
(policloreto de vinila), matéria- o composto 1,2-dicloroetano, C2H4Cl2(l).
-prima, entre outras coisas, para Cl Cl
a fabricação de dutos e de tubos H H
rígidos para água e esgoto. C C 1 Cl Cl *( H C C H
H H H H

A partir das energias de ligação fornecidas na tabela abaixo, podemos calcular o ΔH da reação:

Ligação H− C C lC Cl− Cl C− C C− Cl

Energia/kcal ? mol21 98,8 146,8 58,0 82,9 78,2

  S(ΔHLigações rompidas no reagente): é a energia absorvida (1) no rompimento de:


4 mol de ligações H−C 5 4 ? 198,8
ES
AG

1 mol de ligações C l C 5 1 ? 1146,8


IM
W
LO

1 mol de ligações Cl−Cl 5 1 ? 158,0


K/G
OC

(ΔHLigações rompidas no reagente) 5 1600 kcal


R ST
T TE
/S H U

 S(ΔHLigações formadas no produto): é a energia liberada (2) na for-


T O A5 5

mação de:
2 mol de ligações C −Cl 5 2 ? 278,2
4 mol de ligações C −H 5 4 ? 298,8
1 mol de ligações C −C 5 1 ? 282,9
S(−ΔHLigações formadas no produto) 5 2634,5 kcal
Fazendo a somatória, encontramos o ΔH da reação:
ΔHReação 5 S(ΔHLigações rompidas no reagente) 1
1 S(ΔHLigações formadas no produto) V ΔHReação 5 600 1 (2634,5) V
V ΔHReação 5 234,5 kcal

Fig. 2 – Tubos de PVC.

38 Termoquímica
EXERCÍCIO RESOLVIDO

(Mack-SP) O gás propano é um dos integrantes do GLP (gás liquefeito de petróleo) e, dessa forma, é um gás altamente inflamável.
m
Ene-7
Abaixo está representada a equação química não balanceada de combustão completa do gás propano.
C 4
H2
- C3H8(g) 1 O2(g) # CO2(g) 1 H2O(v)
m Na tabela, são fornecidos os valores das energias de ligação, todos nas mesmas condições de pressão e temperatura de combustão.
Ene-6
C 5
H-2
Ligação Energia de ligação (kJ ? mol21)
CkH 413
OlO 498
ClO 744
CkC 348
OkH 462

Assim, a variação de entalpia da reação de combustão de um mol de gás propano será igual a:
a) 21 670 kJ. c) 11 670 kJ. e) 14 160 kJ.
b) 26 490 kJ. d) 24 160 kJ.

RESOLUÇÃO:
Equação da reação de combustão completa balanceada do propano:
1 C3H8(g) 1 5 O2(g) # 3 CO2(g) 1 4 H2O(g)
H H H

H—C—C—C—H15OlO#3OlClO14HkOkH

H H H
ΔH 5 8 (1413 kJ) 1 2 (1348 kJ) 1 5 (1498 kJ) 1 6 (2744 kJ) 1 8 (2462 kJ)
ΔH 5 21 670 kJ
Alternativa a.

PARA CONSTRUIR

(UFC-CE) A natureza atua na fixação do nitrogênio de di- Assinale a alternativa correta. c


m versas maneiras. Uma dessas, que é responsável por cerca a) O processo descrito é acompanhado da formação se-
Ene-7
C 5
H-2 de somente 10% do processo natural total, é proveniente quenciada de espécies de mais baixos estados de oxida-
da ação da descarga elétrica dos raios sobre a massa at- ção do nitrogênio.
mosférica, que transforma o nitrogênio em óxido nítrico e, b) A fixação de nitrogênio é acompanhada de processos se-
posteriormente, em dióxido de nitrogênio. O NO2, por sua quenciados de redução, conduzindo à elevação do esta-
vez, reage com a água das chuvas produzindo HNO3, que do de oxidação do nitrogênio.
é, então, incorporado ao solo. c) Uma dificuldade admitida para a fixação do nitrogênio é a
elevada quantidade de energia requerida para quebrar a FRENTE B
O , hv O HO tripla ligação entre os átomos da molécula de N2.
N2 **(

NO **(

NO2 **(

HNO3
d) Somente com base nos valores das energias das ligações,
Dadas as energias de ligação: espera-se que o processo de formação do NO seja termo-
QUÍMICA

N2: 225 kcal/mol quimicamente espontâneo.


e) O processo descrito constitui-se de uma fonte natural de
O2: 118 kcal/mol inibição da formação de chuvas ácidas, seguido de neu-
NO: 162 kcal/mol tralização.

Termoquímica 39
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

a) 169,4 kJ/mol d) 2309,0 kJ/mol


PARA PRATICAR
b) 1309,0 kJ/mol e) 1154,5 kJ/mol
c) 269,4 kJ/mol
1 (PUC-RJ) O gás cloro (Cl2), amarelo-esverdeado, é altamente
tóxico. Ao ser inalado, reage com a água existente nos pul-
m
Ene-7 PARA APRIMORAR
C 5
H-2
mões, formando ácido clorídrico (HCl), um ácido forte capaz
de causar graves lesões internas, conforme a seguinte reação:
1 (UFMG) Metano, o principal componente do gás natural,
Cl2(g) 1 H2O(g) # HCl(g) 1 HClO(g)
é um importante combustível industrial. A equação ba-
Ligação Energia de ligação (kJ/mol; 25 °C e 1 atm) lanceada de sua combustão está representada adiante.
Consideram-se, ainda, as seguintes energias de ligação,
Cl k Cl 243
em kJ ? mol21:
HkO 464
E (C k H) 5 416
H k Cl 431
E (C l O) 5 805
Cl k O 205
E (O l O) 5 498
Utilizando os dados constantes na tabela acima, marque a
E (O k H) 5 464
opção que contém o valor correto da variação de entalpia
verificada, em kJ/mol. H
a) 1104 c) 152 e) 2104


b) 171 d) 271 C (g) 1 2 O l O(g) O l C l O(g) 1 2 O (g)
H
H H H H
2 (UFRGS-RS) Dadas as energias de ligação em kcal ? mol21
m C l C # 143 Utilizando-se os dados anteriores, pode-se estimar que a en-
Ene-7
C 4
H-2 C k H # 99 talpia de combustão do metano, em kJ · mol21, é:
C k Br # 66 a) –2 660 c) 2122 e) 806
Br k Br # 46 b) 2 806 d) 122
C k C # 80
2 (IFMG) O brometo de metila é um gás que age como fume-
A variação de entalpia da reação de adição de bromo ao alce- gante, utilizado para tratamento de solo, controle de formi-
m
no, representada pela equação: Ene-7
C 5
H-2 gas e tratamentos fitossanitários para fins quarentenários em
H2C l CH2 1 Br2 **( H2C — CH2 produtos de origem vegetal.
m
Ene-6

C 5 Dados os valores de energia média de algumas ligações quími-


H-2
Br Br cas, a energia envolvida no processo de hidrólise do brometo
é igual a: de metila é:
a) 223 kcal. c) 243 kcal. e) 1401 kcal.
b) 123 kcal. d) 2401 kcal. Ligação Energia de ligação (kJ · mol21)
C—H 413
3 (Ufam) A tabela abaixo representa os valores das energias de C — Br 176
m ligação química relativos a processos envolvendo quebras de
Ene-7 C—O 358
C 4
H-2
ligação. Dada a equação não balanceada abaixo, calcule a va-
riação de entalpia no processo e assinale a alternativa correta. H—O 433
m
Ene-6
C 5
H2
- CH4(g) 1 Cl2(g) # CHCl3(g) 1 HCl(g) H — Br 366
Fonte: <www.unep.fr/ozonaction/information/mmcfiles/
Ligação Energia de ligação (kJ · mol21) 6272-p-eliminação_do_brometo_de_metila.pdf>.

C—H 413,4 Dado: CH3Br 1 H2O # CH3OH 1 HBr (equação balanceada).


C — Cl 327,2 a) 15 kJ ? mol21.
b) 7,5 kJ ? mol21.
Cl — Cl 242,6
c) 30 kJ ? mol21.
H — Cl 431,8 d) 5,0 kJ ? mol21.

40 Termoquímica
CAPÍTULO
Exercícios sobre cálculo
8 do ΔH a partir da energia
de ligação

Objetivos:
c Rever os conceitos EXERCÍCIO RESOLVIDO
associados à entalpia
e energia de formação (Mack-SP) A variação de entalpia para a reação, dada pela equação:
de ligação química. 4 HCl(g) 1 O2(g) → 2 H2O(g) + 2 Cl2(g) é:
Dados: (Energia de ligação em kcal/mol)
c Exercitar os conceitos
associados à energia
H k Cl → 103,1
de ligação. H k O → 110,6
O l O → 119,1
Cl k Cl → 57,9
a) 11 089,2 kcal c) 226,7 kcal e) 2114,8 kcal
b) 2467,4 kcal d) 1911,8 kcal

RESOLUÇÃO:
4 H k Cl 1 O l O → 2 H k O k H + 2 Cl k Cl
ΔH 5 4 (1103,1 kcal) 1 (1119,1 kcal) 1 4 (2110,6 kcal) 1 2 (257,9 kcal)
ΔH 5 226,7 kcal
Alternativa c.

PARA CONSTRUIR

(IF Sudeste-MG) A combustão, desde que foi descoberta pe- a) 1 399 kJ/mol
m los povos primitivos, tem servido a muitos interesses das so- b) 419,7 kJ/mol
Ene-7
C 6
H-2 ciedades humanas. Sua utilização na transformação de subs- c) 199 kJ/mol
tâncias e no processo de aquecimento favoreceu o grande d) 59,7 kJ/mol
m
Ene-6 avanço das sociedades. Considere a combustão do eteno e) 11 751,6 kJ/mol
C 5
H-2
representado pela equação não balanceada abaixo: H—C—C—H1 3OlO → 2OlClO 1 2HkOkH
CH2CH2 1 O2 → CO2 1 H2O

Dados os valores de entalpia de ligação, marque a alternativa H H


que apresenta o valor da combustão de 8,4 g de eteno. b ΔH 5 4 (+413 kJ) + 614 kJ + 3 (+469 kJ) + 4 (−804 kJ) +
+ 4 (−464 kJ)
ΔH 5 −1 399 kJ
FRENTE B
Ligação ΔH° (kJ / mol)
1 mol eteno (C2H4) 28 g 1 399 kJ
CkH 413 8,4 g x
x 5 419,7 kJ
CkC 347
ClC 614
QUÍMICA

OlO 469
ClO 804
HkO 464

Termoquímica 41
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TAREFA PARA CASA


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PARA PRATICAR
Texto para as questões 1 e 2.
Apesar de todos os esforços para se encontrar fontes alternativas de energia, estima-se que em 2030 os combustíveis fósseis repre-
sentarão cerca de 80% de toda a energia utilizada. Alguns combustíveis fósseis são: carvão, metano e petróleo, do qual a gasolina
é um derivado.
1 (Unicamp-SP) O hidrocarboneto n-octano é um exemplo de substância presente na gasolina. A reação de combustão completa
m do n-octano pode ser representada pela seguinte equação não balanceada:
Ene-7
C 4
H2
- C8H18(g) + O2(g) # CO2(g) + H2O(g)
Após balancear a equação, pode-se afirmar que a quantidade de:
a) gás carbônico produzido, em massa, é maior que a de gasolina queimada.
b) produtos, em mol, é menor que a quantidade de reagentes.
c) produtos, em massa, é maior que a quantidade de reagentes.
d) água produzida, em massa, é maior que a de gás carbônico.
2 (Unicamp-SP) No funcionamento de um motor, a energia envolvida na combustão do n-octano promove a expansão dos gases e
m também o aquecimento do motor. Assim, conclui-se que a soma das energias envolvidas na formação de todas as ligações químicas é:
Ene-6
C 1
H-2 a) maior que a soma das energias envolvidas no rompimento de todas as ligações químicas, o que faz o processo ser endotérmico.
b) menor que a soma das energias envolvidas no rompimento de todas as ligações químicas, o que faz o processo ser exotérmico.
c) maior que a soma das energias envolvidas no rompimento de todas as ligações químicas, o que faz o processo ser exotérmico.
d) menor que a soma das energias envolvidas no rompimento de todas as ligações químicas, o que faz o processo ser endotérmico.

PARA APRIMORAR

1 (UFC-CE) Dadas as reações:


m
Ene-7
I. H2(g) + Cl2(g) # 2 HCl(g)
C 4
H2
- II. N2(g) + 3 H2(g) # 2 NH3(g)
m e as energias de ligação:
Ene-6
C 5
H-2
Ligação Entalpia de ligação (kJ/mol)
HkH 432
NkN 942
H k Cl 428
Cl k Cl 240
NkH 386
a) Determine o ΔH para as reações I e II.
b) Baseado apenas nos valores de ΔH, qual das reações é mais favorável?

2 A partir das seguintes energias de ligação:


m
Ene-7
ClC (+146 kcal/mol de ligações)
C 4
H-2 CmC (+200 kcal/mol de ligações)
CkH (+100 kcal/mol de ligações)
CkF (+116 kcal/mol de ligações)
HkF (+135 kcal/mol de ligações)
calcule a energia total envolvida na reação:
F F

H k C m C k H 1 H k F @# C lC
H H

42 Termoquímica
3 (Fuvest-SP) Em cadeias carbônicas, dois átomos de carbono podem formar ligações simples (C  k  C), dupla (C  l  C) ou tripla
m (C m C). Considere que, para uma ligação simples, a distância média de ligação entre os dois átomos de carbono é de 0,154 nm, e
Ene-7
C 4
H2
- a energia média de ligação é de 348 kJ/mol.
Assim sendo, a distância média de ligação (d) e a energia média de ligação (E), associadas à ligação dupla (C l C), devem ser,
respectivamente:
a) d , 0,154 nm e E . 348 kJ/mol.
b) d , 0,154 nm e E , 348 kJ/mol.
c) d 5 0,154 nm e E 5 348 kJ/mol.
d) d . 0,154 nm e E , 348 kJ/mol.
e) d . 0,154 nm e E . 348 kJ/mol.

4 (Unicamp-SP) A hidrazina (H2N k NH2) tem sido utilizada como combustível em alguns motores de foguete. A reação de combus-
m tão que ocorre pode ser representada, simplificadamente, pela seguinte equação:
Ene-6
C 1
H-2 H2N k NH2(g) + O2(g) # N2(g) + 2 H2O(g)
m
Ene-6
A variação de entalpia dessa reação pode ser estimada a partir dos dados de entalpia das ligações químicas envolvidas. Para isso,
C 5
H-2 considera-se uma absorção de energia quando a ligação é rompida, e uma liberação de energia quando a ligação é formada.
A tabela abaixo apresenta dados de entalpia por mol de ligações rompidas.

Ligação Entalpia/kJ mol−1

HkH 436
HkO 464
NkN 163
NlN 514
NmN 946
CkH 413
NkH 389
OlO 498
OkO 134
ClO 799

a) Calcule a variação de entalpia para a reação de combustão de um mol de hidrazina.


b) Calcule a entalpia de formação da hidrazina sabendo-se que a entalpia de formação da água no estado gasoso é de
2242 kJ ? mol21.

ANOTAÇÕES

FRENTE B
QUÍMICA

Termoquímica 43
CAPÍTULO

9 Entropia

Objetivos: Rudolf Julius Emanuel Clausius (1822-1888), em 1854, introduziu a ideia de que toda reação
espontânea tende a um aumento de desordem no sistema.
c Conhecer o conceito de
entropia.
O termo “desordem” em Química significa uma distribuição mais homogênea da matéria
c Compreender a relação e/ou da energia pelo sistema.
entre entalpia, entropia
e espontaneidade de
uma reação.
Clausius denominou a medida de desordem de um sistema de entropia, S, que deriva do grego
entropé (transformação).
c Conhecer o Terceiro
Princípio da Entropia, S, de um sistema é uma medida de desordem desse sistema.
Termodinâmica.

Considere, por exemplo, as seguintes experiências:


1a) Mantêm-se dois sistemas, A e B, isolados por uma placa móvel.
No sistema A adiciona-se um gás, no sistema B produz-se vácuo.
Se a placa que mantém os sistemas A e B isolados for removida, o gás se espalhará por todo o
espaço disponível.
A entropia do sistema aumenta quando o gás se difunde no vácuo, pois tem-se uma melhor
distribuição de matéria.
Como nesse processo há um aumento de desordem: ΔS . 0.

A B A+B

ILUSTRAÇÕES: LUIS MOURA/


ARQUIVO DA EDITORA
NICKU/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Gás Vácuo Gás em todo o volume

2a) Monta-se um sistema contendo duas barras metálicas, X e Y, de mesma


massa, isoladas uma da outra. Em seguida, a placa X é aquecida a 200 °C e a
placa Y, a 400 °C. Se as placas X e Y forem postas em contato, elas entrarão
em equilíbrio térmico e, após certo tempo, ambas estarão na mesma tem-
peratura: 300 °C.

Fig. 1 – Rudolf Clausius, o


cientista que introduziu o
conceito de entropia.

44 Termoquímica
A entropia aumenta quando as duas placas são postas em contato, pois tem-se uma melhor
distribuição de energia. Como a entropia final é maior que a inicial, temos que ΔS . 0.

X Y X +Y

200 °C 400 °C 300 °C

Desse modo, podemos concluir que a tendência que a entropia de um sistema possui para
aumentar corresponde à tendência do sistema de atingir espontaneamente um estado de equilíbrio
em termos de distribuição de matéria e/ou energia.
Para uma substância qualquer, temos ainda:

SFase sólida , SFase líquida , SFase gasosa


Logo, à medida que a entropia do sistema aumenta, a capacidade de esse sistema realizar uma
transformação espontânea diminui progressivamente.
Não é possível medir diretamente a entropia (desordem) de um sistema, mas é possível deter-
minar a variação de entropia, ΔS, que ocorre no sistema após uma transformação qualquer.
Para um sistema em que ocorre uma reação química, define-se:

ΔSReação 5 SProdutos − SReagentes


Nesse caso, o valor de ΔS é expresso em cal/K ? mol.
Toda reação química que ocorre com aumento de entropia tende a ser mais espontânea e
consequentemente irreversível.
Assim, se uma reação do tipo A + B *( C + D ocorre com aumento de entropia, de modo
que SProduto . SReagente, então a reação inversa C + D *( A + B não ocorrerá espontaneamente.

Uma reação será mais espontânea quanto menor for o valor de ΔH e maior for o valor de
ΔS, ou seja, quanto maior a quantidade de calor liberada e melhor a distribuição de matéria e
energia no final do processo.

Os processos espontâneos jamais se revertem por conta própria.


Assim, por exemplo, no sistema gás-vácuo, o gás ocupa espontaneamente todo o sistema quan-
do a parede móvel é retirada, mas jamais irá se reunir novamente do lado A por conta própria se a
parede for colocada de volta.
Da mesma forma, o sistema constituído por duas chapas metálicas a temperaturas diferentes atinge
o equilíbrio térmico espontaneamente, mas jamais voltará às temperaturas iniciais por conta própria.
Concluímos então:

Para diminuir a entropia de um sistema, é necessário realizar trabalho sobre ele.

FRENTE B
Para se ter um padrão de referência da entropia de uma substância, lançamos mão do Terceiro
Princípio da Termodinâmica, que diz:
QUÍMICA

Uma substância na forma de um cristal perfeito, cujas partículas que o constituem estão o
mais organizadas possível, na temperatura de zero kelvin, tem entropia igual a zero. Fig. 2 – Cristal perfeito a 0 K apresenta
entropia igual a zero.
Mede-se, então, a quantidade de calor necessária para aquecer as substâncias desde as tempe-
raturas mais próximas do zero absoluto (zero K) até 298 K ou 25 °C.

Termoquímica 45
Os valores encontrados são tabelados e correspondem a entropias-padrão das substâncias a
25 °C e 1 atm.
A tabela a seguir fornece os valores da entropia-padrão a 25 °C para algumas substâncias co-
muns conforme a fase de agregação.
Os valores fornecidos estão expressos em J/K ? mol.

Substância Entropia-padrão Substância Entropia-padrão

He(g) 124,604 Pb(s) 64,937


Ar(g) 154,840 Zn(s) 41,659
H2(g) 130,674 Cu(s) 33,327
HF(g) 173,627 Ag(s) 42,730
HCl(g) 186,802 Ni(s) 30,145
HBr(g) 198,609 Fe(s) 27,172
HI(g) 206,468 S8(s) rômbico 255,227
F2(g) 203,478 Cn(s) grafita 5,698
Cl2(g) 223,098 Cn(s) diamante 2,440
Br2(g) 245,510 PbO(s) vermelho 67,826
I2(g) 260,754 PbS(s) 91,272
O2(g) 205,166 ZnO(s) 43,961
N2(g) 191,617 HgO(s) vermelho 72,013
NO(g) 210,759 CuO(s) 43,543
CO(g) 198,040 CuS(s) 66,570
H2O(g) 188,850 AgCl(s) 96,171
O3(g) 237,810 CaC2(s) 70,338
H2S(g) 205,781 NH4Cl(s) 94,622
SO2(g) 248,696 MgCO3(s) 65,733
NO2(g) 240,615 CaCO3(s) calcita 92,947
N2O(g) 220,142 BaCO3(s) 112,206
NOCl(g) 263,768 NaNO3(s) 116,393
CO2(g) 213,782 KClO3(s) 143,063
SO3(g) 256,400 KClO4(s) 151,143
NH3(g) 192,635 (SiO2)n(s) quartzo 41,868
GONTAR/SHUTTERSTOCK/
GLOW IMAGES

P4(g) 280,097 Cu2O(s) 100,902


PF3(g) 268,458 Cu2S(s) 120,999
PCl3(g) 313,131 Ag2O(s) 121,794
C2H2(g) 200,954 Ag2S(s) rômbico 145,701
CH4(g) 186,313 MnO2(s) 53,172
SiH4(g) 203,897 TiO2(s) rutilo 50,283
SiF4(g) 284,702 Na2O(s) 72,850
N2O4(g) 304,506 Na2SO4(s) 149,594
PCl5(g) 352,947 Al2O3(s) 51,020
C2H4(g) 219,598 Fe2O3(s) 90,016
C2H6(g) 229,646 Fe3O4(s) 146,538
Fig. 3 – Cristal de quartzo.

46 Termoquímica
EXERCÍCIO RESOLVIDO

[...] Entropia é uma grandeza termodinâmica relacio- – Na dissolução há aumento de entropia e


nada com o grau de desordem dos sistemas. Quanto maior – Quando há aumento de temperatura, a entropia
a entropia, maior a desordem do sistema. [...] também é maior. [...]
Por meio de observações experimentais, percebeu-se Disponível em: <www.qieducacao.com/2010/11/
que nos processos espontâneos a energia do sistema tende termoquimica-ii-entalpia-e-entropia.html>. Acesso em: 29 jan. 2015.
a diminuir, enquanto que a entropia total tende a aumen- Com base no texto acima e nos seus conhecimentos de quí-
tar. Um exemplo disso é passagem da água do estado lí- mica, responda às seguintes questões:
quido para o gasoso. Esse processo ocorre naturalmente a) Indique, para cada item abaixo, a situação em que a entro-
no meio ambiente. No estado líquido, as moléculas estão pia é maior.
mais agrupadas, tendo menor espaço de movimentação,
estando, portanto, mais “ordenadas” que as moléculas de – água no estado sólido / água no estado líquido.
água no estado gasoso. Neste, as moléculas movimentam- – cloreto de sódio dissolvido em água / cloreto de sódio
-se com mais liberdade, estando, portanto, em um estado sólido.
de maior “desorganização”. Logo, na evaporação de um
líquido há aumento de entropia. b) Os processos exotérmicos (que liberam energia) têm ten-
Da mesma forma, a dissolução de qualquer substância dência maior a serem espontâneos do que os processos
em um líquido (sal do mar) também resulta em um siste- endotérmicos (que absorvem energia). A evaporação da
ma de maior entropia. água líquida, entretanto, é um exemplo de processo en-
Algumas situações em que há aumento de entropia: dotérmico espontâneo. Que fator contribui para a espon-
– Aumentando o número de moléculas gasosas de um taneidade da evaporação da água líquida?
sistema, aumenta-se a entropia;
RESOLUÇÃO:
– Íons e moléculas em solução têm normalmente
maior entropia; a) Água no estado líquido; cloreto de sódio dissolvido em
– Quando uma molécula é quebrada em partes me- água.
nores (diminuindo a quantidade de átomos em cada par- b) A evaporação da água é um processo que ocorre com
te), há aumento de entropia; aumento de entropia (aumento do grau de desordem do
– Nos processos de fusão (sólido à líquido) e ebulição sistema). Esse aumento de desordem contribui para a es-
(líquido à gasoso) a entropia aumenta; pontaneidade do processo.

3. Para que a reação seja exotérmica (ΔH , 0),


a entalpia do sistema 2 é menor que a entalpia
PARA CONSTRUIR do sistema 1.
Como no sistema 1 há duas substâncias no es-
1 (UEA-AM) Entre os fenômenos do cotidiano indicados nas al- c) II e IV, apenas. tado gasoso e no sistema 2 há uma substância
no estado gasoso, o grau de desordem (entro-
m ternativas, o único que ocorre com diminuição de entropia é: b d) II, III e IV, apenas. pia) do sistema 2 é menor que do sistema 1.
Ene-6
C 1
H-2 a) fusão do gelo.
b) formação da neve. 3 (Mack-SP) Dada a equação:
c) vaporização da água líquida. N2(g) + 3 H2(g) # 2 NH3(g)
d) dissolução do sal comum em água. Sistema 1 Sistema 2
e) decomposição térmica do fermento químico.
Estando os dois sistemas a 25 °C e 1 atm e sabendo-se que
2 (Unimontes-MG) Dadas as equações: ΔH 5 222,0 kcal, pode-se afirmar que: a
a) a entalpia e a entropia do sistema 1 são maiores que as do FRENTE B
m
Ene-6
I. 2 LiOH(aq) + CO2(g) # Li2CO3(aq) + H2O(l)
C 1
H-2 II. (NH4)2Cr2O7(s) # N2(g) + 4 H2O(g) + Cr2O3(s) sistema 2.
III. 2 N2O5(g) # 4 NO2(g) + O2(g) b) a entalpia e a entropia do sistema 1 são menores que as
QUÍMICA

IV. O2(g) + 2 F2(g) # 2 OF2(g) do sistema 2.


As reações que ocorrem com aumento de entropia (ΔS° . 0) são: a c) a entalpia do sistema 2 é maior, mas sua entropia é menor.
I. Há diminuição de entropia. O grau de desor-
a) II e III, apenas. ganização dos reagentes (com a presença de d) a entalpia do sistema 1 é maior, mas sua entropia é menor.
b) I, II e III, apenas. dióxido de carbono no estado gasoso) é maior e) não há variação de entropia e entalpia na reação.
que o dos produtos (em que não há gases).
II. Há aumento de entropia. O grau de desorganização dos produtos (com a presença de vários gases) é maior que o do reagente
(constituído por uma substância no estado sólido).
III. Há aumento de entropia. Para cada 2 mol de reagente no estado gasoso há 5 mol de produtos no estado gasoso.
Termoquímica 47
IV. Há diminuição de entropia. Para cada 3 mol de reagentes no estado gasoso há 2 mol de produto no estado gasoso.
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

b) Calcule a variação de entropia correspondente à combus-


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR
tão completa do propano com base nas entropias-padrão:

1 (UFG-GO) As equações químicas abaixo representam a mes- C3H8: 266,6 J/K ? mol
ma reação em condições experimentais diferentes. O2: 205,2 J/K ? mol
v CO2: 213,8 J/K ? mol
HCl(g) 1 NaOH(s) **( NaCl(aq) 1 H2O(l) ΔH , 0
v
HCl(g) 1 NaOH(s) **( NaCl(aq) 1 H2O(l) ΔH , 0 H2O: 188,8 J/K ? mol
Essas equações representam reações que:
a) ocorrem com v1 5 v2. PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
b) ocorrem com variação de entropia.
c) produzem a mesma quantidade de energia. 1 (PUC-MG) Qual dos seguintes estados é o mais desordenado?
d) são endotérmicas. m a) gás próximo à temperatura de condensação.
Ene-6
e) sofrem redução de volume. C 1
H2
- b) líquido próximo ao ponto de ebulição.
2 (UFPI) Assinale a alternativa que está incorreta no que con- c) sólido próximo ao ponto de fusão.
m cerne à entropia: d) líquido próximo ao ponto de congelação.
Ene-6
C 1
H-2 a) a entropia de gases é geralmente maior que a dos líquidos e 2 (PUC-RJ) Indique, entre as opções abaixo, a alternativa correta.
a entropia de líquidos é geralmente maior que a dos sólidos.
b) a entropia normalmente aumenta quando um líquido
m
Ene-6
C 1
a) O sinal de ΔS para a condensação do vapor de amônia é
H2
-
puro ou sólido se dissolve em um solvente. negativo.
c) a entropia aumenta quando um gás dissolvido escapa de b) O sinal de ΔS para a separação dos componentes do ar é
uma solução. positivo.
d) a entropia do universo está aumentando continuamente. c) O sinal de ΔS para o óleo queimando é negativo.
e) a entropia de um processo complexo é a soma das ental-
d) O sinal de ΔS para o congelamento do ar é positivo.
pias simples desse processo.
e) O sinal de ΔS para a queima da madeira é positivo.
3 É comum provocar uma transformação exotérmica para ob-
m ter energia e, com ela, executar reações endotérmicas que 3 O etino, C2H2, ou acetileno, é um gás obtido da hidratação de
Ene-6
C 1
H-2 nos interessam. m carbureto ou carbeto de cálcio, CaC2.
Ene-6
C 1
É o que ocorre, por exemplo, quando assamos um pão. Pro- H-2
CaC2(s) 1 2 H2O(l) # Ca(OH)2(s) 1 C2H2(g)
vocamos a reação de combustão do gás de cozinha (mistura m
Ene-6
de propano, C3H8, e butano, C4H10). O calor liberado dessa rea- C 5
H-2 Trata-se de um excelente combustível. Sua queima atinge
ção promove as transformações na massa do pão. temperaturas muito elevadas e devido ao seu poder calorí-
a) Com base nas energias de ligação das substâncias envol- fico é usado em maçaricos e soldas.
vidas, determine a entalpia da reação de combustão com- a) Equacione a combustão total do acetileno.
pleta do propano em kJ/mol.
b) Com base nas entropias-padrão das substâncias envolvi-
Dados:
das, calcule a variação de entropia envolvida na queima
Equação de combustão do propano:
de 1 mol de acetileno.
H H H

1 H — C — C — C — H (g) 1 5 O l O(g) # Substância Entropia-padrão (J/K ? mol)


H H H C2H2 201,0

# 3 O l C l O(g) 1 4 H k O k H(g) H2O 188,8


Energias de ligação:
C k H: 413,4 kJ C l O: 804,3 kJ CO2 213,8
C k C: 346,8 kJ H k O: 463,5 kJ
O2 205,2
O l O: 468,6 kJ

48 Termoquímica
CAPÍTULO

10 Energia livre de Gibbs

Objetivos: Vimos que a espontaneidade de uma reação está ligada à variação de entalpia, ΔH, e à variação
de entropia, ΔS, e uma reação será tanto mais espontânea quanto menor for o ΔH (ΔH , 0) e maior
c Conhecer o conceito e
for o ΔS (ΔS . 0).
energia livre de Gibbs
No entanto, em situações em que tanto o ΔH quanto o ΔS são maiores ou menores que zero,
e como essa grandeza
está relacionada à
é difícil prever a espontaneidade da reação.
entalpia e à entropia.
Para resolver esse problema, o cientista americano Josiah Willard Gibbs (1839-1903) relacionou
a entalpia com a entropia, criando uma terceira grandeza, conhecida como energia livre de Gibbs, G,
c Compreender como se que possibilita prever de forma mais precisa a espontaneidade de uma reação.
calcula o ΔG e como Na prática, quando ocorre uma reação espontânea entre determinadas substâncias, uma parte
ele está associado à da energia liberada pela reação é usada para organizar o sistema.
espontaneidade de Prova-se matematicamente (utilizando teorias que só são vistas no Ensino Superior) que a parte
uma reação. da energia gasta na organização do sistema é igual ao produto da temperatura absoluta, T, em que
foi feita a reação pela variação de entropia, ΔS, dessa reação.

ΔUOrganização 5 T ? ΔS

Assim, se uma reação libera uma quantidade de energia na forma de calor ΔH, e gas-
ta determinada quantidade de energia T ? ΔS, para organizar novamente o sistema, o máxi-
mo que podemos retirar de energia livre desse sistema para realizar trabalho útil é a diferença
ΔH − T ? ΔS, que é conhecida como variação da energia livre de Gibbs, simbolizada por ΔG.
ΔUOrganização é a variação de ener-
gia interna relacionada à organi-
zação do sistema. ΔG 5 ΔH − T ? ΔS

O valor de ΔG pode ser expresso em joules, quilojoules, calorias ou quilocalorias; o importante é


que, para calcular o valor de ΔG, os valores de ΔH e ΔS devem estar expressos numa mesma unidade
de energia (ambos em joules ou ambos em quilojoules, por exemplo).
SC
IE N
CE
SO
U
A expressão ΔG 5 ΔH − T ? ΔS só é válida à pressão constante (por causa do ΔH) e à tem-
RC

peratura constante (em razão do produto T ? ΔS).


E/
GE
TT
YI
MA
G ES

A energia livre de Gibbs, G, é uma grandeza termodinâmica cuja variação, ΔG, corresponde à
máxima energia útil que é possível retirar de um sistema.

FRENTE B
ΔGReação 5 GProdutos − GReagentes
QUÍMICA

Como o valor de ΔG está relacionado à energia retirada do sistema, para indicar um processo
espontâneo, por convenção seu valor deve ser negativo, ΔG , 0. Logo, valores de ΔG . 0 indicam
uma reação não espontânea.
Em reações reversíveis cuja reação direta está em equilíbrio com a reação inversa, o valor de ΔG
Fig. 1 – Josiah Willard Gibbs. será igual a zero (as reações reversíveis serão estudadas em detalhes no módulo “Equilíbrios químicos”).

Termoquímica 49
As funções ΔH, ΔS e ΔG são denominadas funções de estado, pois dependem apenas dos
ERWIN NIEMAND/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

estados inicial e final dos sistemas, e não dependem dos estados intermediários.
Como o valor do ΔG depende do valor do ΔH, do ΔS, e da T, podemos resumidamente prever
a espontaneidade do processo de acordo com a tabela abaixo:

ΔH ΔS T Espontaneidade do processo

,0 .0 Qualquer É espontâneo

.0 ,0 Qualquer Não é espontâneo

,0 ,0 Baixa: na ordem de 100 °C ou 373 K. Possivelmente é espontâneo


Fig. 2 – Diamante bruto.
,0 ,0 Alta: na ordem de 5 500 °C ou 5 773 K. Possivelmente não é espontâneo
HARRY TAYLOR/DORLING KINDERSLEY/GETTY IMAGES

.0 .0 Baixa: na ordem de 100 °C ou 373 K. Possivelmente não é espontâneo

.0 .0 Alta: na ordem de 5 500 °C ou 5 773 K. Possivelmente é espontâneo

É importante observar que o fato de uma reação ser espontânea não significa que ela irá ocorrer
num intervalo de tempo mensurável.
A transformação de diamante em grafita, por exemplo, é espontânea, mas leva milhões de anos
para ser concluída.

Fig. 3 – Grafita. Fig. 4 – Para que a fabricação de um produto químico gere lucro, a indústria deve trabalhar consumindo o
mínimo de energia e retirando o máximo de trabalho útil de suas máquinas. Para encontrar as condições ideais
de trabalho, os técnicos utilizam os cálculos de ΔG.
KABAND/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

50 Termoquímica
EXERCÍCIO RESOLVIDO

(Ufes) A transformação isotérmica: RESOLUÇÃO:

1 N2O(g) # 1N2(g) + 1 O2(g) 18 cal/K ? mol 0,018 kcal/K ? mol


2 25 °C 298 K
apresenta, na temperatura de 25 °C, variação de entalpia ΔG 5 ΔH − TΔS
de −19,5 kcal/mol e variação de entropia de 18 cal/K ? mol. ΔG 5 −19,5 kcal/mol − (298 K ? 0,018 kcal/K ? mol)
A variação de energia livre desse sistema é:
ΔG 5 −24,9 kcal/mol
a) −29,4 kcal/mol e não espontânea.
b) −19,5 kcal/mol e espontânea. ΔG , 0 ⇒ Reação espontânea.
c) +12,4 kcal/mol e espontânea. Alternativa e.
d) +19,5 kcal/mol e espontânea.
e) −24,9 kcal/mol e espontânea.

2. A reação somente será espontânea se ΔG < 0.


ΔG 5 ΔH − TΔS
ΔH é negativo.
Se ΔS for positivo, TΔS também será positivo PARA CONSTRUIR
e a subtração ΔH − TΔS será negativa.

1 (PUC-RS) O melhor critério para traduzir a espontaneidade ou b) a decomposição de Y é espontânea à temperatura de 298 K.
m não de um processo químico é a sua variação de: a c) acima de 400 K a decomposição de Y passa a ser espon-
Ene-6
C 4 tânea.
H- a) energia livre.
d) acima de 373 K a decomposição de X passa a ser es-
b) entropia.
pontânea.
c) entalpia. ΔG 5 ΔH − TΔS
d) temperatura. Degradação de X:
e) energia interna. X # produtos ΔHº 5 +100 kJ; ΔSº 5 +150 J/K 5 0,150 kJ/K
A 298 K: ΔG 5 +100 kJ − 298 K ? 0,150 kJ/K 5 +55,3 kJ
2 (Unitau-SP) Temos a reação: A 373 K: ΔG 5 +100 kJ − 373 K ? 0,15 kJ/K 5 +44,0 kJ
Degradação de Y:
m
Ene-7
C 4
2 ClO(g) # Cl2(g) + O2(g) ΔH 5 −18,20 cal Y # produtos ΔHº 5 +120 kJ; ΔSº 5 300 J/K 5 0,30 kJ/K
H-2 A 298 K: ΔG 5 +120 kJ − 298 K ? 0,30 kJ/K 5 +30,6 kJ
Pode-se afirmar, apenas com esses dados, que: c
Decomposição de Y a 400 K:
a) a reação é espontânea. ΔG 5 +120 kJ − 400 K ? 0,30 J/K 5 0
b) a reação não é espontânea. Portanto, acima de 400 K, ΔG passa a ser negativo e a reação
c) a reação será espontânea se ΔS for positivo. passa a ser espontânea.

d) a reação somente será espontânea em temperaturas abai-


xo de 0 °C.
e) a reação somente será espontânea em temperaturas su-
periores a 0 °C. 4 (Uespi) A sacarose, C12H22O11, também conhecida como açú-
m car de mesa ou açúcar comum comercial, é encontrada na
3 (UEG-GO) A variação da energia livre de Gibbs (ΔG) é uma Ene-7
C 5
cana-de-açúcar e na beterraba. No Brasil, a sacarose é obtida
H2
-
m função de estado termodinâmica que pode ser utilizada para por cristalização do caldo de cana e utilizada na alimentação,
Ene-6
C 1
H-2 avaliar a espontaneidade de reações químicas. Ela é definida na fabricação de álcool, etc. A combustão da sacarose produz
em função da variação da entalpia (ΔH) e da entropia (ΔS) do dióxido de carbono e água, conforme a equação a seguir:
sistema a dada temperatura T:
C12H22O11(s) + 12 O2(g) # x CO2(g) + y H2O(l)
ΔG 5 ΔH − TΔS ΔG 5 −5 796 kJ/mol FRENTE B

Considerando, hipoteticamente, a degradação dos compos- Com relação a essa reação, é correto afirmar que os coeficien-
tos X e Y, e que ΔH e ΔS são independentes da temperatura, tes x e y são, respectivamente: d
a) 6 e 10 e a reação é espontânea.
QUÍMICA

constata-se que: c
b) 8 e 6 e a reação é não espontânea.
Dados: Composto X: ΔH°298 K 5 100 kJ e ΔS°298 K 5 150 J/K.
c) 11 e 12 e a reação é espontânea.
Composto Y: ΔH°298 K 5 120 kJ e ΔS°298 K 5 300 J/K. d) 12 e 11 e a reação é espontânea.
a) a decomposição de X é espontânea à temperatura de 298 K. e) 8 e 11 e a reação é não espontânea.

Termoquímica 51
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

a) −0,0233
PARA PRATICAR
b) +0,0233
c) −23,3
1 (Uece) Acima de que temperatura (t) a reação: d) +23,3
m
Ene-6 1 I (g) + 1 Cl (g) # 1 ICl(g) e) −50
C 1
H-2 2 2 2 2
torna-se espontânea, sabendo que a variação de entalpia, 2 (UFC-CE) “Um estado mental agitado e perturbado resultará
ΔH, é 8,4 kcal/mol e a variação de entropia, ΔS, é 37 cal/K ? mol? m em vibrações não harmônicas, desorganizadas e aleatórias
Ene-6
C 1
a) t > −46 °C c) t 5 46 °C H-2 das células cerebrais. Isso quer dizer que nesse estado há
b) t > −4,6 °C d) t > −0,46 °C uma predominância da entropia à custa de energia livre.”
Harbans Arora, no texto acima, do seu livro Ciência moderna
2 (IME-RJ) Calcule o valor da variação de energia livre, a 25 °C sob a luz da yoga milenar, p. 29, faz um paralelismo entre
m para a reação representada a seguir: os estados energéticos termodinâmicos (entropia e energia
Ene-6
C 1
H-2 2 Na2O2(s) + 2 H2O(l) # 4 NaOH(s) + 1 O2(g) livre) e os estados mentais.
m
Ene-6
Dados: Marque a(s) alternativa(s) correta(s):
C 5
H-2
Substância: Energia de formação (01) Em termodinâmica, um estado energético de partículas
S° a 25 °C / J ? mol21 ? K21 como átomos e moléculas pode ser caracterizado pelos
fórmula a 25 °C/kJ ? mol21
parâmetros: entropia e energia livre.
H2O(l) −286,0 69,69
(02) A entropia é a medida da desordem de um sistema.
Na2O2(s) −510,9 94,60 (04) Quanto mais desorganizado for o sistema, maior será a
NaOH(s) −426,8 64,18 sua entropia.
O2(g) 0 205,00 (08) Em sintonia com o texto, em um estado mental relaxado e
pacífico, predominam as vibrações harmônicas das células
3 (Unimontes-MG) A equação a seguir representa a preparação cerebrais, resultando em uma diminuição da entropia.
m da ureia a partir dos gases amônia e dióxido de carbono, nas
Ene-7
C 5
H-2 condições padrão, a 298 K. 3 (UFSC) A termodinâmica propõe para o cálculo de ΔG a
m equação ΔG 5 ΔH − TΔS, válida para pressão e temperatura
Ene-6
2 NH3(g) + CO2(g) NH2CONH2 (aq) + H2O(l) C 1
H-2 constantes. Em relação ao processo: H2O(l) # H2O(v), temos:
ΔH 5 9 713 cal/mol (1 atm) e ΔS 5 26,04 cal/K ? mol (1 atm).
Os valores de ΔH° e ΔS° são −119,7 kJ e −0,356 kJ/K, res-
Determine a temperatura, em graus Celsius, a partir da qual a
pectivamente. vaporização da água é espontânea nas condições ambiente
Em análise à equação, pode-se prever que, na preparação da (K 5 °C + 273).
ureia,
a) a transformação ou reação não deve ser espontânea. 4 (Mack-SP) Considerando os sinais de ΔH e ΔS da tabela:
b) a entropia do sistema, ou da reação, deve diminuir. m
Ene-6
C 1
c) a variação da energia livre (ΔG°) deve ser positiva. H-2 Processo ΔH ΔS
d) o consumo de NH3 favorece a produção de ureia. m 1 − +
Ene-6
C 5
H2
-
2 + −
PARA APRIMORAR
3 − −

1 (PUC-SP) A 27 °C a reação: 4 + +
m
Ene-6 1 3 Os processos decisivamente espontâneos e os possivelmen-
C 1 N (g) + H2(g) # NH3(g)
H-2 2 2 2 te espontâneos, a pressão e temperatura constantes, são, res-
tem variação de entalpia igual a −11,0 kcal/mol e variação de pectivamente:
energia livre igual a −4,0 kcal/mol. Calculando-se a variação a) 1; 2. d) 4; 1.
de entropia dessa reação, a 27 °C, temos, aproximadamente, b) 2 e 3; 4. e) 1; 3 e 4.
o seguinte resultado em cal/K ? mol: c) 3; 1 e 2.

52 Termoquímica
CAPÍTULO

11 Exercícios de termoquímica

Objetivo:
c Revisar os conceitos
EXERCÍCIO RESOLVIDO
de entalpia-padrão
de combustão e de (Unirio-RJ) Os romanos utilizavam CaO como argamassa nas construções rochosas.
formação, energia O CaO era misturado com água, produzindo Ca(OH)2, que reagia lentamente com o CO2
de ligação, entropia e atmosférico, dando calcário:
energia de Gibbs.
Ca(OH)2(s) 1 CO2(g) → CaCO3(s) 1 H2O(g)

Substância ΔH°f (kJ/mol)

Ca(OH)2(s) 2986,1

CaCO3(s) 21 206,9

CO2(g) 2393,5

H2O(l) 2241,8

A partir dos dados da tabela acima, a variação de entalpia da reação, em kJ/mol, será
igual a:
a) 1138,2 c) 269,1 e) 22 828,3
b) 169,1 d) 2220,8

RESOLUÇÃO:
ΔHR 5 ΔHf Produtos 2 ΔHf Reagentes
ΔHR 5 21 206,9 kJ 2 241,8 kJ 2 [(2986,1 kJ) 1 (2393,5 kJ)] 5 269,1 kJ
Alternativa c.

PARA CONSTRUIR

1 (UEL-PR) As bolsas instantâneas, frias ou quentes, usadas nos atletas que sofrem distensões musculares, dividem-se em dois com-
m
Ene-2
partimentos: um contendo água líquida e outro contendo um sal, que absorve ou libera calor quando em contato com a água.
C 6
H-

FRENTE B
As reações químicas que ocorrem nas bolsas instantâneas são representadas nos gráficos a seguir.
m
Ene-6 Gráfico 1 Gráfico 2
C 4
H-2 H H
CaCl2(s)
NH4+(aq) 1 NO3− (aq)
QUÍMICA

ΔH

Ca2+(aq) 1 2 Cl−(aq) NH4NO3(s) ΔH

Caminho da reação Caminho da reação

Termoquímica 53
1. A dissociação em água de cloreto de cálcio tem ΔH < 0. Trata-se, portanto, de um processo exotérmico (que libera calor para o meio ambiente).
Com base no enunciado e nos conhecimentos sobre calor de reação, é correto afirmar: b
a) A bolsa quente é constituída de nitrato de amônio.
b) A dissociação iônica do cloreto de cálcio libera calor.
c) A dissociação iônica do nitrato de amônio é exotérmica.
d) As dissoluções de sais em água são exotérmicas.
e) A bolsa fria é constituída de cloreto de cálcio.

2 (PUC-RS) Considere as informações a seguir e preencha corretamente as lacunas.


m
Ene-7 A reação ocorrida na queima de um palito de fósforo deve-se a uma substância chamada trissulfeto de tetrafósforo, que inflama na
C 4
H-2 presença de oxigênio, e pode ser representada pela equação:
m
Ene-6
P4S3(s) 1 8 O2(g) → P4O10(s) 1 3 SO2(g)
C 5
H-2

Entalpia-padrão das substâncias envolvidas na reação

Composto Δ Hf° (kJ / mol)

P4S3 (s) 2151,0


P4O10(s) 22 940,0
SO2(g) 2296,8

A quantidade de calor na reação de combustão de 22 g de P4S3(s) é, aproximadamente, kJ. a


a) liberado; 367,4 P4S3(s) 1 8 O2(g) → P4O10(s) 1 3 SO2(g)
ΔHReação 5 ΔHfProdutos 2 ΔHfReagentes
b) liberado; 338,4 ΔH 5 (22 940 kJ) 1 3 (2296,8 kJ) 2 (2151,0 kJ)
c) absorvido; 3 384 ΔH 5 23 679,4 kJ
d) absorvido; 3 674 1 mol de P4S3 220 g P4S3 3 679,4 kJ liberados
e) liberado; 3 674 22,0 g P4S3 x
x 5 367,9 kJ

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR

1 (PUC-MG) Quando gorduras e óleos se inflamam produzindo grandes chamas, geralmente causam às donas de casa sérios proble-
m mas. Por isso, muitas cozinheiras cuidadosas têm sempre à mão bicarbonato de sódio (NaHCO3), pois os produtos obtidos de sua
Ene-7
C 5
H-2
decomposição ajudam a apagar as chamas. Sabe-se que as entalpias-padrão de formação do bicarbonato de sódio, carbonato de
sódio, gás carbônico e vapor de água são, respectivamente, 2947 kJ/mol, 21 131 kJ/mol, 2394 kJ/mol, 2242 kJ/mol. A variação
de entalpia (ΔH) da reação de decomposição do bicarbonato de sódio, em kJ/mol, é igual a:
2 NaHCO3 (s)   →
 Na2 CO3 (s)   1  H2 O (v)  1  CO 2 (g)
D

a) 1127 d) 263,5
b) 163,5 e) 2127
c) 1254,0

2 (PUCC-SP) O caroço do açaí possui poder calorífico de 18 830 kJ/kg, em média. Assim, para obter a mesma quantidade de ener-
m gia obtida pela queima de 1 mol de etanol, C2H6O (poder calorífico 5 29 640 kJ/kg), é necessário queimar uma massa de caroços,
Ene-7
C 4
H2
- em gramas, de aproximadamente:
a) 35.
b) 72.
c) 100.
d) 128.
e) 150.

54 Termoquímica
3 (Vunesp) Sob certas circunstâncias, como em locais sem Com base nessas informações, responda:
m acesso a outras técnicas de soldagem, pode-se utilizar a rea- a) No funcionamento do dispositivo há liberação ou absor-
Ene-7
C 4
H2
- ção entre alumínio (Al) pulverizado e óxido de ferro (Fe2O3) ção de energia? Justifique.
para soldar trilhos de aço. A equação química para a reação b) Considerando a decomposição total de 68 quilogramas
entre alumínio pulverizado e óxido de ferro III é: de peróxido de hidrogênio contidos no dispositivo, quan-
2 Al(s) 1 Fe2O3(s) → Al2 O3(s) 1 2 Fe(s) tos metros cúbicos de gases são produzidos? Leve em
conta que nas condições de uso do dispositivo o volume
O calor liberado nessa reação é tão intenso que o ferro pro-
molar gasoso é de 0,075 m3 mol−1.
duzido é fundido, podendo ser utilizado para soldar as peças
desejadas. 2 (UEL-PR) A pirolusita é um dos mais importantes minérios
Conhecendo-se os valores de entalpia de formação para o m que contêm o dióxido de manganês (MnO2). Na indústria
Ene-6
Al2O3(s) 5 21 676 kJ/mol e para o Fe2O3(s) 5 2824 kJ/mol, C 1
H-2 metalúrgica, o manganês puro pode ser obtido por processo
nas condições padrão (25 °C e 1 atmosfera de pressão), calcu- térmico a partir da pirolusita, através da reação:
le a entalpia dessa reação nessas condições. Apresente seus 3 MnO2(s) 1 4 Al(s) → 2 Al2 O3(s) 1 3 Mn(s)
cálculos.
Entalpias de formação a 25 °C e 1 atm em kJ/mol: MnO2(s):
PARA APRIMORAR 2521,0; Al2O3(s): 21 676,0
PARA PRATICAR
Massa molar (g/mol): Mn 5 55,0
1 (Unicamp-SP) Na década de 1960, desenvolveu-se um fogue- Com base nessas informações, é correto afirmar que na pro-
te individual denominado “Bell Rocket Belt”, que fez grande dução de 11,0 g de manganês puro, a partir das entalpias de
m
Ene-7 formação das substâncias, ocorre:
C 4
H2
- sucesso na abertura das Olimpíadas de 1984.
a) Absorção de 358 kJ de energia.
Simplificadamente, esse foguete funciona à base da decom-
b) Liberação de 358 kJ de energia.
posição de peróxido de hidrogênio contido no comparti-
c) Absorção de 119 kJ de energia.
mento 2, onde ele é estável. Abrindo-se a válvula 3, o peró-
xido de hidrogênio passa para o compartimento 4, onde há d) Liberação de 119 kJ de energia.
um catalisador. Nesse compartimento, o peróxido se decom- e) Liberação de 146 kJ de energia.
põe muito rapidamente, de acordo com a equação abaixo: 3 (Fatec-SP) Os carboidratos são uma importante fonte de ener-
1 gia em nossa dieta alimentar. Nas células, as moléculas de
H2O2(l) → H2O(g) 1 O2(g) ΔH 5 254 kJ ? mol−1 m
Ene-7
2 C 4
monossacarídeos são metabolizadas pelo organismo, num
H-2
processo que libera energia, representado pela equação:
REPRODUÇÃO/UNICAMP, 2013

C6H12O6 1 6 O2 → 6 CO2 1 6 H2O 1 energia


Essa equação química corresponde ao processo global po-
pularmente denominado “queima da glicose”. Cada grama
desse açúcar metabolizado libera cerca de 4 kcal de energia,
usada para movimentar músculos, fazer reparos nas células,
manter constante a temperatura corporal, etc.
A massa de oxigênio consumida, em gramas, quando a “quei-
ma” desse açúcar metabolizado liberar 1 200 kcal, é:
a) 300. d) 800.
b) 320. e) 1 800.
c) 400.

ANOTAÇÕES

FRENTE B
QUÍMICA

Termoquímica 55
CAPÍTULO

12 Taxa de desenvolvimento
da reação

Objetivos: A possibilidade de controlar o tempo em que determinado fenômeno se desenvolve, tornando-


-o mais lento ou mais rápido, é um item de grande importância em qualquer pesquisa científica,
c Conhecer os conceitos
principalmente no que diz respeito às transformações químicas.
de cinética química.
Observe que evitamos utilizar o termo “velocidade” para expressar o tempo que uma reação
c Compreender como química leva para se completar. Esse cuidado se justifica porque, em Física, o termo “velocidade”
se calcula a taxa de define o espaço percorrido em função do tempo.
desenvolvimento de Em Química, o termo “velocidade” está relacionado ao tempo que uma reação química leva
uma reação. para se desenvolver.
Para não usarmos o mesmo termo com sentidos diferentes, a IUPAC recomenda que se use taxa
de desenvolvimento de uma reação ou taxa de rapidez de uma reação no lugar de velocidade. Essa
recomendação, no entanto, não é necessariamente seguida por outros livros e questões de vestibular.
É fácil constatar que cada reação química, feita sob determinadas condições, ocorre em certa
taxa de rapidez, gastando um tempo determinado para se completar.
Algumas reações são muito rápidas e ocorrem quase instantaneamente, como a combustão do
TNT (trinitrotolueno) e a oxidação da hidrazina, N2H4, pelo peróxido de hidrogênio, H2O2 (reação
Em geral, é possível variar
utilizada na propulsão de foguetes).
a taxa de rapidez da reação mo-
Outras reações, ao contrário, são muito lentas e às vezes demoram séculos, como a formação
dificando as condições a que ela
do petróleo e a degradação natural de certos tipos de lixo: os plásticos, por exemplo, demoram cerca
está submetida.
de 120 anos para se degradar, e os vidros, 4 mil anos ou mais.

LUIZA SIGULEM/FOLHAPRESS
JOSE ANTONIO PEREZ/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Fig. 1 – Propulsão de foguetes: reação muito rápida. Fig. 2 – Decomposição do lixo: reação muito lenta.

56 Termoquímica
GE S
AGE
S IMA
IM O W
W GL
LO C K/
/G O
K

ST
OC

ER
T

T
RS

UT
TTE

SH
EO/
HU
NITO/S

HOTO AND VID


EL L P
PAV
Fig. 3 – Apodrecimento da laranja: reação Fig. 4 – Combustão do carvão: reação de
de velocidade moderada. velocidade moderada.

Nesse caso, o estudo de como a taxa de desenvolvimento da reação varia em função de cada
reagente é uma tarefa bastante difícil.
Há, porém, muitas reações que ocorrem com uma taxa de desenvolvimento moderada, como
a decomposição térmica de sais, a combustão de vários compostos orgânicos e a transformação dos
alimentos pela ação de bactérias.
A respeito de reações desse tipo, podemos fazer uma série de perguntas:
Qual é a taxa de desenvolvimento média da reação?
Que fatores influem na taxa de desenvolvimento da reação?
É possível alterar a taxa de desenvolvimento para que a reação se torne mais rápida ou mais lenta?
É possível determinar o caminho pelo qual os reagentes se transformam em produtos, isto é, o
mecanismo da reação?
Responder a essas e a outras perguntas relacionadas à taxa de desenvolvimento das reações é
C ERVO DA PESQ
o objetivo da Cinética química. ÃO/A UIS
UÇ A
OD DO
PR RA
RE

DR
S:
TO

A.
A Cinética química estuda a taxa de desenvolvimento das reações e os fatores que a influen-

FO

SU
ZY
ciam. Estuda ainda a possibilidade de controlar essa taxa de desenvolvimento, tornando as

F
REI
reações mais rápidas ou mais lentas.

S
ABATO
A
Degradar o lixo em poucas horas ou retardar por anos a deterioração de um alimento são
conquistas que todo cientista almeja, e alguns desses objetivos específicos já estão sendo atingidos
em pequena escala.

TAXA DE DESENVOLVIMENTO MÉDIA EM FUNÇÃO DE


REAGENTES E PRODUTOS
Considere, por exemplo, a reação genérica balanceada, esquematizada a seguir, na qual duas
substâncias A e B reagem entre si na proporção a A + b B, produzindo duas novas substâncias, C e
D, na proporção c C + d D:
a A + b B @# c C + d D B
No início da reação (tempo zero), têm-se apenas as substâncias A e B. Uma vez iniciado o FRENTE B
processo, as quantidades dessas substâncias vão diminuindo progressivamente, enquanto começam
a surgir as substâncias C e D, em quantidades que vão aumentando até que a reação se complete.
Define-se então:
QUÍMICA

A taxa de desenvolvimento média, Tdm, é calculada em função de uma das substâncias par- Fig. 5 – Batatas não irradiadas (A) e
ticipantes da reação e é expressa pela razão entre a quantidade consumida ou produzida dessa irradiadas - submetidas a radiação
substância e o intervalo de tempo, Δt, em que isso ocorreu. gama – (B), após 5 meses de
conservação.

Termoquímica 57
A taxa de desenvolvimento média da reação gené­rica esquematizada anteriormente pode ser
calculada por uma das expressões abaixo:
Consumo de reagentes:
quantidade de A consumido quantidade de B consumido
Tdm 5 ou Tdm 5
∆t ∆t
Formação de produtos:
quantidade de C produzido quantidade de D produzido
Tdm 5 ou Tdm 5
∆t ∆t
As quantidades das substâncias consumidas ou produzidas são geral­mente expressas em varia-
ção de concentração em quantidade de matéria, mol/L, que aqui simbolizamos por Δ[ ] (variação
da concentração em quantidade de matéria).
Podem ser expressas também em variação de massa, Δm, variação de quanti­dade de matéria,
Δn, ou em variação de pressão parcial, Δp, no caso de reagentes ou de produtos que estejam na fase
gasosa.
A IUPAC adota o Sistema In- O intervalo de tempo, Δt, é expresso numa unidade adequada ao tipo de reação: segundos (s),
ternacional de Unidades nas suas minutos (min), horas (h) ou dias (d).
publicações, portanto a unidade Considere, por exemplo, que durante a reação genérica citada anteriormente tenha sido medida
da grandeza tempo oficial é o se- a concen­tração em quantidade de matéria da substância A consumida e da substância C produzida,
gundo, s. em intervalos de tempo regulares, obtendo-se o resultado descrito na tabela a seguir:

Tempo/minutos 0 5 10 15 20 25

[A]/mol ? L–1 8,5 7,0 5,5 4,0 2,5 1,0

[C]/mol ? L–1 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Reação de combustão da pa- Com base nesses resultados, podemos calcular a taxa de desenvolvimento média da reação em
rafina: função de A e de C, no intervalo de tempo que quisermos:
121 Taxa de desenvolvimento média da reação em função da substância A consumida no intervalo de
1 C40H82(s) + O (g) →
2 2 tempo entre 5 e 20 minutos:
→ 40 CO2(g) + 41 H2O(v) ∆[A] [A]Final 2 [A]Inicial 2 , 5 2 7,0
Tdm 5 ⇒ Tdm 5 ⇒ Tdm 5 ⇒
∆t tFinal 2 tInicial 20 2 5
⇒ Tdm 5 24,5 ⇒ Tdm 5 20 , 3 mol / L ⋅ min
15

VALEEV/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
NEYRO/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Fig. 6 – Instantes diferentes da reação


de combustão da parafina de uma vela.
Com o tempo, a concentração de parafina
(reagente) diminui à medida que a
concentração de gás carbônico e água
(produtos) aumenta.

58 Termoquímica
Taxa de desenvolvimento média da reação em função da substância C produzida no intervalo de
tempo entre 5 e 20 minutos:
∆[C] [C] 2 [C]Inicial 2 , 0 2 0,5
Tdm 5 ⇒ Tdm 5 Final ⇒ Tdm 5 ⇒
∆t tFinal 2 tInicial 20 2 5
⇒ Tdm 5 1, 5 ⇒ Tdm 5 10 ,1 mol / L ⋅ min
15
Observe que a taxa de desenvolvimento média calculada em função dos reagentes, no caso A,
tem valor negativo, pois à medida que a reação ocorre a quantidade de reagentes vai diminuindo.
Já a taxa de desenvolvimento média calculada em função dos produtos, no caso C, tem valor
positivo, pois à medida que a reação ocorre a quantidade de produtos vai aumentando.
Para evitar o problema do sinal, costuma-se trabalhar com os valores da taxa de desenvolvimen-
to de qualquer substância que participe da reação em módulo.

TAXA DE DESENVOLVIMENTO MÉDIA EM FUNÇÃO


DA REAÇÃO
Na maioria das reações químicas, a proporção em quantidade de matéria das substâncias que
reagem e das que são produzidas é diferente. Considere, por exemplo, a seguinte reação:
1 H2(g) + 1 I2(g) *( 2 HI(g)
Nessa reação, o consumo de 1 mol de gás hidrogênio, H2(g), ocorre simultaneamente ao con-
sumo de 1 mol de iodo gasoso, I2(g), ao mesmo tempo que se formam 2 mol de gás iodeto de
hidrogênio, HI(g).
Isso significa que, se calcularmos a taxa de desenvolvimento média em função do HI(g), ela
será 2 vezes maior que a taxa de desenvolvimento média calculada em função do H2(g) ou do I2(g).
Para que o cálculo da taxa de desenvolvimento média da reação seja o mesmo em função de qual-

VALEEV/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
quer reagente ou produto, no mesmo intervalo de tempo, a IUPAC estabeleceu a seguinte convenção:

A taxa de desenvolvimento média da reação é o módulo da taxa de desenvolvimento de


consumo de um dos reagentes, ou de formação de um dos produtos, dividido pelo coeficiente
da substância na equação da reação corretamente balanceada.

Assim, no caso da reação de formação do HI(g), temos:


TdH2 TdI2 TdHI
Tdm Reação 5 5 5
1 1 2
Se considerarmos a equação genérica:
Fig. 7 – Modelo da molécula de iodeto de
a A + b B *( c C + d D, teremos: hidrogênio, HI.

∆[A] ∆[B] ∆[C] ∆[D]


Tdm Reação 5 5 5 5
a ⋅ ∆t b ⋅ ∆t c ⋅ ∆t d ⋅ ∆t

Se, por exemplo, um químico estiver trabalhando com a reação de obtenção do tetróxido de dini-
trogênio usado em combustíveis para foguetes (1 N2O5(g) *( 1 N2O4(g) + 1 O2(g)) e observar que a
2
concentração de N2O5 (g) varia em função do tempo, conforme os dados da tabela abaixo, poderá calcular FRENTE B
a taxa de desenvolvimento média da reação no intervalo de tempo de 3 min a 5 min da seguinte maneira:

[N2O5]/mol ? L–1 0,233 0,200 0,180 0,165 0,155


QUÍMICA

Tempo/min 0 3 5 9 14

∆[N2 Os ] 0,180 2 0,200 20,02


Tdm 5 ⇒ Tdm 5 ⇒ Tdm 5 ⇒ Tdm 5 0,01 mol/L ? min
1 ⋅ ∆t 1? (5,0 2 3,0) 2,0

Termoquímica 59
ESTUDO GRÁFICO
Em geral, antes que uma reação tenha início, a quantidade de reagentes é máxima e a quanti-
dade de produtos é zero.
À medida que a reação ocorre, os reagentes vão sendo consumidos, portanto a quantidade
de reagentes vai diminuindo com o tempo até se tornar mínima (ou eventualmente zero, para um
rendimento teórico de 100%).
Ao mesmo tempo, os produtos vão sendo formados, e a quantidade de produtos, que no início
geralmente é zero, começa a aumentar, até que, no final da reação, torna-se máxima.
Veja um exemplo na tabela a seguir para a reação:
1 H2(g) + 1 I2(g) *( 2 HI(g)

Tempo/s t0 t1 t2 t3 t4 t5 t6
[H2]/mol ? L–1 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,10 0
[I2]/mol ? L–1 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,10 0
[HI]/mol ? L–1 0 0,40 0,80 1,20 1,60 1,80 2,0

Se colocarmos esses valores da tabela em um gráfico da concentração em mol/L de reagentes


e produtos, em função do tempo, obteremos as curvas do gráfico da figura 8.
Se fizermos um gráfico da taxa de desenvolvimento da reação em função do tempo para uma
reação genérica, obteremos a curva esquematizada no gráfico da figura 9.

Produtos
2,0
Concentração em mol/L

1,5

1,0

0,5
Reagentes

0
Fig. 8 – Concentração em mol/L 3 tempo. t0 t1 t2 t3 t4 t5 t6 Tempo
Taxa de desenvolvimento
da reação

Fig. 9 – Taxa de desenvolvimento da reação 3 tempo.


Tempo

Experimentalmente, verifica-se que na maioria das reações a taxa de desenvolvimento é máxima


no início da reação e vai se tornando progressivamente menor com o passar do tempo. Isso ocorre
porque, no início da reação, a concentração dos reagentes em quantidade de matéria (mol/L) é máxima.
À medida que a reação ocorre e os reagentes vão se transformando em produtos, a concen­
tração em mol/L de reagentes vai diminuindo e, com ela, a taxa de desenvolvimento da reação.

60 Termoquímica
EXERCÍCIO RESOLVIDO

(Uepa) Preparar o sagrado cafezinho de todos os dias, assar d) 2,1 mol/L ? h e 1,5 mol/L ? h
m o pão de queijo e reunir a família para almoçar no domingo. e) −1,5 mol/L ? h e 2,1 mol/L ? h
Ene-7
C 4
H2
- Tarefas simples e do cotidiano ficarão mais caras a partir des-
ta semana. O preço do gás de cozinha será reajustado pelas RESOLUÇÃO:
m
Ene-6
C 5 distribuidoras pela segunda vez este ano; com isso, cozinhar Taxa de desenvolvimento média da queima do gás butano
H-2
ficará mais caro. A equação química que mostra a queima do no intervalo entre 0 a 5 horas:
butano (gás de cozinha) em nossas residências é: TdH2 TdI2 TdHI
13 5 5
C4H10(g) + O (g) → 4 CO2(g) + 5 H2O(l)
2 2 1 1 2
O quadro abaixo ilustra a variação da concentração em mol/L
em função do tempo: Td 5 1,5 mol/L ? h
Taxa de desenvolvimento média da queima do gás butano
[C4H10] (mol/L) 22,4 20,8 18,2 16,6 15,4 14,9
no intervalo entre 1 e 3 horas:
Tempo (horas) 0 1 2 3 4 5 | ∆n |
Td 5
As velocidades médias da queima do gás de cozinha nos in- ∆t
| 16, 6 mol
mol /L 2 20, 8 moll /L |
tervalos entre 0 a 5 e 1 a 3 horas são, respectivamente: Td 5
3 h 2 1h
a) −1,5 mol/L ? h e −2,1 mol/L ? h
b) 1,5 mol/L ? h e 2,1 mol/L ? h Td 5 2,1 mol/L ? h
c) 1,5 mol/L ? h e −2,1 mol/L ? h Alternativa b.

PARA CONSTRUIR

1 (UFV-MG) A decomposição da amônia, um importante insu- 2 (PUC-RS) Uma forma de ingerirmos a vitamina C é através
m mo da indústria moderna, em um recipiente fechado ocorre m do consumo de sucos de frutas. O suco deve ser consumido
Ene-7 Ene-7
C 4
H2
- de acordo com a seguinte equação química não balanceada: C 5
H2
- logo após ser preparado, pois essa vitamina sofre oxidação e

 perde sua ação em pouco tempo.
m
Ene-6
NH3 ( g)  N2 ( g) + H2 ( g) m
Ene-6
C 5 C 5
H-2 H-2 O gráfico a seguir apresenta a curva de decomposição da vi-
As concentrações de NH3, N2 e H2 variam com o tempo, con-
tamina C, presente no suco de acerola, em função do tempo.
forme ilustrado no gráfico abaixo:
Variação do teor de vitamina C
B em suco de acerola
0,12
Concentração em mol/L

0,1
Concentração

0,08
0,06
0,04
A
0,02
C 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo Tempo (min)

É correto afirmar que as curvas A, B e C representam a varia- Pela análise do gráfico, é correto afirmar que a velocidade FRENTE B
ção das concentrações em função do tempo dos seguintes média de decomposição da vitamina C, em mol/min, nas
compostos, respectivamente: d duas primeiras horas após o preparo do suco é de, aproxi-
Equação balanceada de decomposição da amônia:
a) H2, N2 e NH3 2 NH (g) # 1 N (g) + 3 H (g) madamente: b | ∆n |
QUÍMICA

3 2 2 Td 5
b) NH3, H2 e N2 A concentração de amônia, NH3, diminui com o tem- a) 2,5 ? 10−4 ∆t
| 0,10 mol / L − 0, 025 mol / L |
c) NH3, N2 e H2 po (curva C). As concentrações de N2 e H2 aumentam b) 6,0 ? 10−4 Td 5
 2 h
d) N2, H2 e NH3 com o tempo (a concentração de H2 aumenta numa c) 3,0 ? 10−2
taxa de desenvolvimento 3 vezes maior – curva B – Td 5 0,000625 mol/L ? min (aproximadamente:
que a de N2 – curva A).
d) 4,0 ? 10−2 6 ? 10−4 mol/L ? min)

Termoquímica 61
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

Observe os resultados no gráfico:


PARA PRATICAR
24

Quantidade de H2O2 (mol)


22 A
1 (UEL-PR) Se, no decorrer de uma atividade esportiva, um 20 B
m atleta necessitar de mais oxigênio, poderá utilizar uma más-
Ene-2
C 6
H- cara contendo superóxido de potássio, que reage com o
gás carbônico e com a água exalados por ele para formar o gás A ausência de luz (10 °C)
oxigênio. 12 C
B ausência de luz (25 °C)
C presença de luz (25 °C)
A equação química do processo é mostrada a seguir. 10
0 t
4 KO2(s) + 2 H2O(g) + 4 CO2(g) → 4 KHCO3(s) + 3 O2(g) Tempo (ano)

Dados: Na condição em que ocorreu a menor taxa de decomposição


de peróxido de hidrogênio, a velocidade média de formação
Massas molares (g/mol): H 5 1,00; C 5 12,0; O 5 16,0; K 5 39,0.
de O2, em mol ? ano−1, foi igual a:
Se esse atleta exalar 0,62 g de gás carbônico por minuto, a
a) 1
massa, em gramas, de superóxido de potássio consumida em
b) 2
10,0 minutos será:
c) 6
a) 0,25 d) 10,0
d) 12
b) 1,00 e) 12,5
c) 2,50
PARA APRIMORAR
2 (PUC-SP) Em determinada experiência, a reação de formação
m de água está ocorrendo com o consumo de 4 mol de oxigê- 1 (UFMG) Analise este gráfico, em que está representada a va-
Ene-7
C 4
H-2 nio por minuto. Consequentemente, a velocidade de consu- m riação da concentração de um reagente em função do tem-
Ene-6
mo de hidrogênio é de: C 5
H-2 po em uma reação química:
a) 2 mol/min. d) 12 mol/min. Concentração/(mol/L)
b) 4 mol/min. e) 16 mol/min.
c) 8 mol/min. 0,900

3 (Cefet-PI) Considere que um botijão com gás de cozinha de


m 13 kg esteja preenchido exclusivamente com gás butano 0,100
Ene-7
C 4
H-2 (C4H10) e que este, ao queimar com o oxigênio do ar, numa
combustão completa, produza água e gás carbônico. Con- 1,00 5,00 Tempo/minuto
sidere que ao deixar uma chama acesa decorram cinco dias
Considerando-se as informações desse gráfico, é correto afir-
até que todo o gás contido no botijão se acabe. Calcule a
mar que, no intervalo entre 1 e 5 minutos, a velocidade mé-
velocidade média de consumo do butano, em mols por hora.
dia de consumo desse reagente é de:
a) 0,935 a) 0,200 (mol/L) /min.
b) 1,870 b) 0,167 (mol/L) /min.
c) 3,740 c) 0,225 (mol/L) /min.
d) 18,70 d) 0,180 (mol/L) /min.
e) 37,4
2 (Unimontes-MG) A amônia, ao reagir com o oxigênio, produz
4 (Uerj) A água oxigenada consiste em uma solução aquosa de m monóxido de nitrogênio e água, como descrito pela equação:
Ene-7
m peróxido de hidrogênio, que se decompõe, sob a ação da luz C 4
H-2 4 NH3(g) + 5 O2(g) → 4 NO(g) + 6 H2O(l)
Ene-7
C 4
H2
- e do calor, segundo a equação química:
Sob condições de laboratório, a amônia, NH3, foi consumida
m
Ene-6
2 H2O2(aq) → 2 H2O(l) + O2(g) na velocidade de 4,23 · 10−4 mol L−1 s−1. Nas mesmas condi-
C 5
H-2 Em um experimento, foi monitorada a quantidade de peró- ções, pode-se afirmar que a velocidade relativa ao consumo
xido de hidrogênio em três frascos idênticos – A, B e C – de de oxigênio é, aproximadamente:
1 L de água oxigenada, mantidos em diferentes condições de a) 3,38 ? 10−4 mol L−1 s−1 c) 4,23 ? 10−3 mol L−1 s−1
luminosidade e temperatura. b) 2,12 ? 10 mol L s
−3 −1 −1
d) 5,29 ? 10−4 mol L−1 s−1

62 Termoquímica
CAPÍTULO

13 Condições para que uma


reação ocorra

Objetivos: Há duas condições que são fundamentais (embora não sejam suficientes) para que uma reação
química possa ocorrer:
c Compreender a
Os reagentes devem entrar em contato.
importância do contato,
Deve haver afinidade química entre os reagentes.
afinidade química e
Assim, por exemplo, se colocarmos em contato água, H2O(l), e monóxido de carbono, CO(g),
orientação favorável
não haverá reação, pois não há afinidade química entre essas substâncias:
dos reagentes para que
a reação ocorra. H2O(l) 1 CO(g) *( não há reação.
c Conhecer a Mas, se colocarmos em contato gás cloro, Cl2(g), e gás hidrogênio, H2(g), pode haver reação,
representação gráfica pois existe afinidade química.
do desenvolvimento e a
energia de ativação de 1 H2(g) 1 1 Cl2(g) *( 2 HCl(g)
uma reação química. A ocorrência ou não de reação química, nesse caso, passa a depender de duas outras condições,
ditas acessórias:
As partículas (moléculas, átomos ou íons) dos reagentes devem colidir entre si.
A colisão entre as partículas dos reagentes deve ser efetiva, ou seja, deve ocorrer numa orientação
favorável, com energia suficiente para romper as ligações existentes nos reagentes.
Considere, por exemplo, a reação entre gás hidrogênio e gás cloro, utilizando o modelo atômico
de Dalton:

1 H2(g) 1 1 Cl2(g) *( 2 HCl(g)


Hidrogênio Cloro

Para que as moléculas de H2(g) e Cl2(g) possam formar HCl(g), elas devem colidir com energia
suficiente (na presença de energia luminosa) e numa orientação favorável, conforme mostra a tabela
a seguir:

Algumas orientações possíveis durante a colisão Resultado

Orientação desfavorável: a colisão não é efetiva e não


ocorre reação.
FRENTE B
Orientação desfavorável: a colisão não é efetiva e não
ocorre reação.
QUÍMICA

Orientação favorável: a colisão pode ser efetiva e pode


ocorrer reação.

Termoquímica 63
Atividade
Experimental
REAÇÕES ENDOTÉRMICA E EXOTÉRMICA
Os produtos de uma reação química também possuem certa quantidade de energia (energia
Acesse o Material Comple- própria dos produtos, Epp).
mentar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto.
Quando o complexo ativado (instável) se rear­ranja para formar os produtos, ocorre sempre uma
liberação de energia, que pode ser calculada pela diferença: E 2 Epp.
Desse modo, podemos concluir:
Se a diferença E 2 Epp for maior que a energia de ativação, a reação será exotérmica: E − Epp .
GLOSSÁRIO

Energia de ativação: Eat , reação exotérmica.


é a quantidade mínima de energia Se a diferença E 2 Epp for menor que a energia de ativação, a reação será endotérmica: E − Epp , Eat ,
necessária para que a colisão entre
reação endotérmica.
as partículas dos reagentes, feita
numa orientação favorável, seja efe-
tiva e resulte em reação.
GRÁFICOS DA ENERGIA DE ATIVAÇÃO
Independentemente de a reação química ser exotérmica ou endotérmica, os reagentes sempre
vão necessitar de uma energia de ativação para atingir o complexo ativado.
Observe os gráficos a seguir:

Reação exotérmica Reação endotérmica

H ..... H H ..... H
Complexo ativado

.....
.....
Complexo ativado
.....
.....

Cl ..... Cl   I .....     I


Energia/kcal ? mol−1

Energia/kcal ? mol−1

E E

Eat Eat
E − Epp , Eat
1H2 + 1Cl2
Epr E − Epp . Eat Epp 2 HI

ΔH ΔH

2HCl 1H2 + 1I2


Epp Epr

Desenvolvimento da reação Desenvolvimento da reação

Fig. 1 – O gráfico mostra a energia envolvida Fig. 2 – O gráfico mostra a energia envolvida
na reação entre gás hidrogênio, H2(g), na reação entre gás hidrogênio, H2(g),
e gás cloro, Cl2(g): e gás iodo, I2(g):
1 H2(g) 1 1 Cl2(g) *( 2 HCl(g)  ΔH 5 244,2 kcal 1 H2(g) 1 1 I2(s) *( 2 HI(g) ΔH 5 112,4 kcal

ENERGIA DE ATIVAÇÃO E TAXA DE


CHONES/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

DESENVOLVIMENTO DA REAÇÃO
A energia de ativação representa um obstáculo na transformação de reagentes em produtos.
A reação só será efetuada se esse obstáculo for transposto, isto é, se as moléculas das substâncias
reagentes adquirirem energia de ativação.
Quanto menor for a energia de ativação a ser adquirida, mais fácil e rapidamente ocorrerá a
reação, e vice-versa.

Quanto menor a energia de ativação, maior a


Fig. 3 – Quanto menor a energia de taxa de desenvolvimento da reação, e vice-versa.
ativação, mais rápida a reação.

64 Termoquímica
Atividade
Experimental
Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto.

Fotografando a reação química


O químico egípcio Ahmed Hassan Zewail (1946-), do Instituto de

JULIEN HEKIMIAN/WIREIMAGE/GETTY IMAGES


Tecnologia da Califórnia (Caltech), recebeu o prêmio Nobel de Química
em 1999 por obter imagens de uma reação química em andamento.
As pesquisas começaram em 1987, quando Zewail construiu o
primeiro laboratório com pulsos de laser da ordem de femtossegundos
(10215 s), que é o “limite de tempo” dos processos químicos e biológi-
cos.
Uma reação que ocorre em uma única etapa se completa entre
10 e 100 femtossegundos.
Para “fotografar” uma reação em andamento, utiliza-se um laser
ultrarrápido que produz dois flashes: o primeiro, mais potente (pulso
bombeador), colide com uma molécula reagente e a excita para um
estado de maior energia, enquanto o segundo, mais fraco (pulso sonda),
detecta a molécula original ou uma forma alterada desta.
O primeiro flash é o sinal inicial para a reação, enquanto o segun-
do examina o que está ocorrendo.
O intervalo de tempo entre os dois flashes permite observar a
rapidez com que a molécula original é transformada.
As novas formas que a molécula assume, quando recebe energia
do primeiro flash, passando por um ou mais estados de transição, têm Fig. 4 – Ahmed Hassan Zewail (2009).
um padrão energético característico (espectro) que pode servir de “impressão digital”.
Essa informação e o tempo decorrido são comparados com simulações teóricas dos espectros e das energias para as moléculas
em seus vários estados.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

m (PUC-MG) O diagrama a seguir representa a evolução da III. O intervalo 3 representa a variação de entalpia (ΔH) da
Ene-5
C 7
H-1 energia potencial em função do caminho de uma reação reação inversa.
química (A + B # C). IV. O intervalo 4 representa a energia de ativação da reação
inversa.
São corretas as afirmações:
a) I e II, apenas.
2 b) I, III e IV.
Energia

A1B
4
c) III e IV.
3 d) I, II e IV.
1

C RESOLUÇÃO: FRENTE B

I. Verdadeira.
Caminho da reação II. Verdadeira.
QUÍMICA

III. Falsa. O intervalo 3 representa a energia do complexo ati-


Considere as afirmações: vado.
I. O intervalo 1 representa a variação de entalpia (ΔH) da reação. IV. Verdadeira.
II. O intervalo 2 representa a energia de ativação da reação. Alternativa d.

Termoquímica 65
2. As reações de combustão são exotérmicas. O atrito do palito contra a superfície áspera da caixa fornece a energia necessária para que a reação tenha
início (energia de ativação). Portanto, a energia fornecida pelo atrito é maior ou igual à energia de ativação da reação.

PARA CONSTRUIR

1 (Cesgranrio-RJ) Com relação a um fogão de cozinha, que uti- 2 (UFMG) Um palito de fósforo não se acende, espontanea-
m liza mistura de hidrocarbonetos gasosos como combustível, m mente, enquanto está guardado. Porém, basta um ligeiro atri-
Ene-2 Ene-6
C 6
H- é correto afirmar que: e C 1
H-2 to com uma superfície áspera para que ele, imediatamente,
a) a chama se mantém acesa, pois o valor da energia de ati- entre em combustão, com emissão de luz e calor.
vação para ocorrência da combustão é maior que o valor Considerando-se essas observações, é correto afirmar que a
relativo ao calor liberado. reação: d
b) a reação de combustão do gás é um processo endotérmico. a) é endotérmica e tem energia de ativação maior que a
c) a entalpia dos produtos é maior que a entalpia dos rea- energia fornecida pelo atrito.
gentes na combustão dos gases. b) é endotérmica e tem energia de ativação menor que a
d) a energia das ligações quebradas na combustão é maior energia fornecida pelo atrito.
que a energia das ligações formadas. c) é exotérmica e tem energia de ativação maior que a ener-
e) se utiliza um fósforo para acender o fogo, pois sua cha- gia fornecida pelo atrito.
ma fornece energia de ativação para a ocorrência da d) é exotérmica e tem energia de ativação menor que a
combustão. energia fornecida pelo atrito.

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA PRATICAR 2 (PUCC-SP)


m
Ene-2
O fósforo branco P4 é tão reativo que deve ser guar-
C 6
1 (UFRGS-RS) As figuras a seguir representam as colisões en- H- dado em água para não se inflamar espontaneamente:
m tre as moléculas reagentes de uma mesma reação em três
P4 1 5 O2 # P4O10 1 calor
Ene-7
C 4
H-2 situações. O fósforo vermelho, muito mais seguro, encontra-se
Situação I na lixa da caixinha de fósforos. Quando riscado, transfor-
1 2 3
NO CO
2
ma-se em P4 que pega fogo.
O calor gerado inicia a reação entre as substâncias
presentes na cabeça do palito. A reação global é:
Situação II P4 1 5 O2 1 3 S 1 2 KClO3 #
1 2 3
NO CO
2
# P4O10 1 3 SO2 1 2 KCl 1 calor
PEREIRA, Luis Fernando. Folha de S.Paulo, 10 jun. 2004. Adaptado.
O fato de o fósforo branco pegar fogo imediatamente, quan-
Situação III
1 2 3
do exposto ao ar, indica que essa transformação química:
NO2 CO a) é muito endotérmica.
b) é catalisada pelo O2 do ar.
c) forma produtos com maior conteúdo energético do que
Pode-se afirmar que: os reagentes.
a) na situação I, as moléculas reagentes apresentam energia d) tem baixa energia de ativação.
maior que a energia de ativação, mas a geometria da coli- e) atinge rapidamente o equilíbrio.
são não favorece a formação dos produtos.
b) na situação II, ocorreu uma colisão com geometria favorá- 3 (UFMG) A elevação de temperatura aumenta a velocidade
vel e energia suficiente para formar os produtos. m das reações químicas porque aumenta os fatores apresenta-
Ene-6
c) na situação III, as moléculas reagentes foram completa-
C 1
H-2 dos nas alternativas, exceto:
mente transformadas em produtos. a) A energia cinética média das moléculas.
d) nas situações I e III, ocorreram reações químicas, pois as b) A energia de ativação.
colisões foram eficazes. c) A frequência das colisões efetivas.
e) nas situações I, II e III, ocorreu a formação do complexo d) O número de colisões por segundo entre as moléculas.
ativado, produzindo novas substâncias. e) A velocidade média das moléculas.

66 Termoquímica
4 (Mack-SP) Uma mistura de vapor de gasolina e ar, à tempera- c) III.
m tura ambiente, não reage. Entretanto, no motor de carros, em d) I e II.
Ene-7
C 4
H2
- presença de faísca elétrica, ocorre a combustão da gasolina. e) II e III.
Dessa constatação, são feitas as seguintes afirmações:
3 (UFC-CE) As reações químicas metabólicas são fortemente
I. A faísca fornece à mistura a energia necessária para iniciar dependentes da temperatura do meio. Como consequên-
m
Ene-4
a reação. C 5
cia, os animais de sangue frio possuem metabolismo re-
H-1
II. A faísca é a única responsável pela combustão da gasolina, tardado, fazendo com que os mesmos se movimentem
uma vez que ela ocorre mesmo em total ausência de ar. muito mais lentamente em climas frios. Isso os torna mais
III. A reação que ocorre é exotérmica. expostos aos predadores em regiões temperadas do que
IV. A faísca faz com que as moléculas de oxigênio se separem em regiões tropicais.
do ar e reajam com a gasolina.
Assinale a alternativa que justifica corretamente esse fe-
Das afirmações feitas, somente são corretas:
nômeno.
a) I e IV. d) I e III.
a) Um aumento na temperatura aumenta a energia de
b) II e III. e) I, III e IV.
ativação das reações metabólicas, aumentando suas
c) III e IV.
velocidades.
b) Um aumento na temperatura aumenta a energia cinética
PARA APRIMORAR média das moléculas reagentes, aumentando as velocida-
des das reações metabólicas.
1 (UFRGS-RS) A “Teoria absoluta da velocidade das reações”, c) Em temperaturas elevadas, as moléculas se movem mais
ou “Teoria do complexo ativado”, foi proposta para explicar o lentamente, aumentando a frequência dos choques e a
comportamento cinético da interação de espécies químicas. velocidade das reações metabólicas.
A respeito dessa teoria, é incorreto afirmar que: d) Em baixas temperaturas, ocorre o aumento da energia de
a) a velocidade da reação será tanto maior quanto maior for ativação das reações metabólicas, aumentando suas velo-
a energia potencial do complexo ativado. cidades.
b) um estado de equilíbrio é estabelecido entre os reagentes e) A frequência de choques entre as moléculas reagentes
e o complexo ativado. independe da temperatura do meio, e a velocidade da
c) o complexo ativado é uma espécie intermediária de ele- reação independe da energia de ativação.
vada energia potencial. 4 (UFMG) O gráfico a seguir representa a variação de energia
d) o complexo ativado se decompõe espontaneamente, for- potencial quando o monóxido de carbono, CO, é oxidado a
m
mando os produtos da reação. Ene-7
C 4
H-2 CO2 pela ação do NO2, de acordo com a equação:
e) a energia de ativação da reação direta corresponde à di-
ferença entre as energias do complexo ativado e dos rea- m CO(g) 1 NO2(g) F CO2(g) 1 NO(g)
Ene-6
C 5
gentes. H-2
H/kJmol−1
200
2 (Fuvest-SP) Ao abastecer um automóvel com gasolina, é pos- 150
m sível sentir o odor do combustível a certa distância da bom- 100
Ene-2 50 CO 1 NO2
C 6
H- ba. Isso significa que, no ar, existem moléculas dos compo-
0
nentes da gasolina, que são percebidas pelo olfato. Mesmo 250
havendo, no ar, moléculas de combustível e de oxigênio, não 2100
há combustão nesse caso. 2150
2200 CO2 1 NO
Três explicações diferentes foram propostas para isso: 2250
I. As moléculas dos componentes da gasolina e as do oxigê- Extensão da reação
nio estão em equilíbrio químico e, por isso, não reagem. Com relação a esse gráfico e à reação acima, a afirmativa
II. À temperatura ambiente, as moléculas dos componentes falsa é:
FRENTE B
da gasolina e as do oxigênio não têm energia suficiente a) a energia de ativação para a reação direta é cerca de
para iniciar a combustão. 135 kJ ? mol−1.
III. As moléculas dos componentes da gasolina e as do oxi- b) a reação inversa é endotérmica.
gênio encontram-se tão separadas que não há colisão en- c) em valor absoluto, o ΔH da reação direta é cerca de
QUÍMICA

tre elas. 225 kJ ? mol−1.


Dentre as explicações, está correto apenas o que se propõe em: d) em valor absoluto, o ΔH da reação inversa é cerca de
a) I. 360 kJ ? mol−1.
b) II. e) o ΔH da reação direta é negativo.

Termoquímica 67
CAPÍTULO
Fatores que influenciam
14 a taxa de desenvolvimento
de uma reação

Objetivos: São diversos os fatores que podem influenciar na taxa de desenvolvimento de uma reação
química tornando-a mais rápida ou mais lenta. Entre eles se destacam: natureza dos reagentes, super-
c Conhecer os fatores
fície de contato, luz, eletricidade, pressão, temperatura, concentração de reagentes, catalisadores e
que influenciam a taxa
inibidores.
de desenvolvimento de
Muitas vezes, controlando esses fatores isoladamente ou em conjunto, é possível alterar a taxa
uma reação: natureza
dos reagentes,
de desenvolvimento de uma reação.
superfície de contato,
concentração de NATUREZA DOS REAGENTES
reagentes, pressão e
Sabemos que, para que uma reação química ocorra, é necessário que as ligações existentes
temperatura.
nos reagentes sejam rompidas, possibilitando a formação de novas ligações que darão origem aos
c Conhecer alguns produtos.
exemplos de processos Desse modo, é fácil concluir que:
químicos em que
é necessária a Quanto maior for o número de ligações a serem rompidas nos reagentes e quanto mais fortes
presença de uma forem essas ligações, mais lenta será a reação, e vice-versa.
energia luminosa e
as que necessitam de
Geralmente, as reações orgânicas, que envolvem moléculas grandes com várias ligações covalen-
passagem de corrente
tes para serem rompidas, são mais lentas que as reações inorgânicas, que em geral envolvem apenas
elétrica.
íons que já estão dissociados ou ionizados em meio aquoso.
Exemplos:
Reação de dupla-troca em meio aquoso: instantânea a 20 °C.
1 HCl(aq) 1 1 NaOH(aq) *( 1 NaCl(aq) 1 1 H2O(l)
Ácido clorídrico Hidróxido de sódio Cloreto de sódio Água
Reação de combustão do carvão: não ocorre a 20 °C.
1
1 Cn(g) 1 n O2(g) *( n CO2(g)
2
Carvão Gás oxigênio Gás carbônico
K/C
TO

SÉRGIO DOTTA JR./ARQUIVO DA EDITORA


ES RS
AG TE
IM HUT
OW IX/S

PbCrO4: precipitado
GL EXR

insolúvel
M

Fig. 2 – A reação de dupla-troca


Fig. 1 – A reação de combustão entre K2CrO4(aq) e Pb(NO3)2(aq)
do carvão a 20 °C não ocorre. a 20 °C é instantânea.

68 Termoquímica
SUPERFÍCIE DE CONTATO
/
Sabemos que, mais cedo ou mais tarde, o que é de ferro “enferruja”. Mas o que enferruja (oxida) RS
TO
CK
E
TT
mais depressa: uma barra de ferro ou uma palha de aço? Por quê? /SH
U
INS ES
LK MAG
É praticamente certo que você responderá que é a palha de aço. E é verdade, exatamente por- A
B C OW
I
GL
que a superfície de contato do ferro na palha é bem maior que a da barra de ferro.
E o que é superfície de contato? É a área de determinado reagente efetivamente exposta aos
demais reagentes.

E
N
O
T
YS
KE
O/
AR
RU
A LE

EYSTONE
LIN /K
MO
E AS
DR
AN

ES
AG
IM
W
F O X X/A L A M Y/ G L O
TED
Como a realização de uma reação química depende fundamentalmente do contato entre as
substâncias reagentes, conclui-se que, mantendo os demais fatores constantes:

Quanto maior a superfície de contato dos reagentes envolvidos, maior a taxa de desenvolvi-
mento da reação, e vice-versa.

Reação muito lenta em condições ambiente:


Fe(barra) 1 O2(g) 1 H2O(v) *( ferrugem
Reação mais rápida em condições ambiente:
Fe(palha) 1 O2(g) 1 H2O(v) *( ferrugem
Observação:
A ferrugem é um produto da oxidação do ferro metálico que possui constituição complexa e
variável conforme as condições em que foi formada. Pode ser constituída de três camadas de óxidos
de ferro hidratados, em diferentes estados de oxidação, da superfície do ferro para a atmosfera:
FeO ? x H2O
Fe3O4 ? y H2O
Fe2O3 ? z H2O

FRENTE B
em que x, y e z são números que variam conforme as condições locais.

LUZ E ELETRICIDADE
Quando é necessária a presença de energia luminosa para que uma reação ocorra, dizemos que
QUÍMICA

se trata de uma reação fotoquímica.


Em reações fotoquímicas há sempre a presença de um reagente colorido, que é dito fotoqui-
micamente ativo.
As moléculas do reagente fotoquimicamente ativo são ativadas quando absorvem energia lu-
minosa, podendo então dar início à reação.

Termoquímica 69
Algumas reações desse tipo são muito comuns:
Reação entre gás hidrogênio e gás cloro: muito lenta no escuro e rápida na presença de luz.
1 H2(g) 1 1 Cl2 (gás amarelo-esverdeado) *( 2 HCl(g)
Reação de fotólise (quebra pela luz), que ocorre em chapas fotográficas tradicionais:
2 AgBr (sólido castanho-avermelhado) *( Ag(s) 1 1 Br2(l)
Reação de fotossíntese (simplificada) elaborada pelos vegetais verdes clorofilados:
6 CO2(g) 1 12 H2O(l) *( 1 C6H12O6(s) 1 6 H2O(l) 1 6 O2(g)
A reação de fotossíntese acima é simplificada. De fato, a reação entre o gás carbônico e a água
não ocorre diretamente, mas desenvolve-se por meio de uma série de reações, com a participação de
várias enzimas (catalisadores). A fotossíntese pode ser dividida em duas fases: uma que se processa
em presença de luz, a etapa de claro, e outra que independe da luz, a etapa de escuro.
CO2
No esquema da fotossíntese O2
ao lado não está apresentada a
respiração da planta, quando ela
absorve O2(g) e libera CO2(g).
O2

H2O C6H12O6 e H2O

O2
O2 DA
Fig. 3 – Ilustração esquemática IVO
QU
/AR
URA
representando reagentes e MO
LUIS ORA
produtos da fotossíntese. EDIT

Assim como muitas reações são ativadas pela luz, há reações que são ativadas pela passagem
de corrente elétrica (i).
Um exemplo interessante é a reação entre gás hidrogênio e gás oxigênio, formando água.
2 H2(g) 1 1 O2(g) *( 2 H2O(l)
Se os reagentes forem simplesmente colocados em contato, num recipiente de material inerte
(por exemplo, quartzo), isolados do meio externo, a reação será extremamente lenta, podendo levar
séculos para se completar. Mas se fizermos passar por esse recipiente uma faísca elétrica, a reação se
desenvolverá em poucos segundos.

CONCENTRAÇÃO DE REAGENTES
Quanto maior o número de partículas de reagentes por unidade de volume, isto é, quanto maior
a concentração, maior será a probabilidade de haver colisão efetiva entre essas partículas. Consequen-
temente, maior será a taxa de desenvolvimento da reação.
Veja o esquema a seguir:
Volume V Volume V
ILUSTRAÇÕES: LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

Menos partículas Mais partículas


reagentes: reagentes:
menor taxa de maior taxa de
desenvolvimento desenvolvimento
da reação. da reação.

70 Termoquímica
PRESSÃO
A redução do volume pelo aumento da pressão externa em um sistema em reação também
altera a taxa de desenvolvimento da reação.
Com a redução do volume, as partículas dos reagentes ficarão mais próximas umas das outras,
o que possibilita um maior número de colisões entre as partículas e consequentemente uma maior
taxa de desenvolvimento da reação.
Pressão P Pressão P' . P
ILUSTRAÇÕES: LUIS MOURA/
ARQUIVO DA EDITORA

Pressão menor, Pressão maior,


maior volume: menor volume:
menor taxa de maior taxa de
desenvolvimento desenvolvimento
da reação. da reação.

O efeito da pressão só é considerável quando as substâncias que participam da reação se en-


contram no estado gasoso.
Para reações que ocorrem nos estados líquido e/ou sólido, o efeito da pressão, embora exista,
pode ser considerado desprezível.

MICHAEL ROLANDS/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES


TEMPERATURA
Sendo a temperatura uma medida da agitação térmica das partículas de uma substância, um
aumento de temperatura representa um aumento de agitação dessas partículas.
Agitando-se mais rápida e intensamente, as partículas vão colidir com maior frequência, o que
acarretará um aumento na taxa de desenvolvimento da reação. A cada temperatura, as partículas
das substâncias reagentes possuem uma energia cinética média, o que não significa que todas as
partículas têm a mesma energia cinética.
Se construírmos um gráfico representando o número de partículas das substâncias reagentes
em função da energia cinética, Ec, à temperatura T, poderemos estimar a quantidade de partículas
que possuem energia de ativação necessária para que a colisão entre elas seja efetiva, formando o
complexo ativado.
Nesse caso, obtemos a curva 1.
Número de partículas

curva 1 FRENTE B
QUÍMICA

Ec Eat Ec das partículas

No entanto, se construirmos um outro gráfico, a uma outra temperatura T', com T' . T, a ener- Fig. 4 – O aumento da temperatura
gia cinética média dessas partículas será E'c com E'c . Ec , portanto mais moléculas terão energia de representa um aumento no grau de
ativação necessária para atingirem o complexo ativado. agitação das partículas.

Termoquímica 71
Nesse caso, obtemos a curva 2.

Número de partículas
T
Curva 1
T'
Curva 2

Ec E'c Eat Ec das partículas


Sendo Eat a energia de ativação necessária para que as colisões entre as partículas reagentes
resultem em reação, veremos no gráfico que, à temperatura T', o número de partículas com energia
igual ou superior à energia de ativação é muito maior que à temperatura T. Logo, à temperatura
T' . T, a taxa de desenvolvimento da reação é maior.

Aumento da temperatura ( aumento da energia cinética ( aumento do número de


partículas com energia maior ou igual à energia de ativação ( aumento do número de colisões
efetivas ( aumento da taxa de desenvolvimento da reação.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

(UFSM-RS) O vinho tinto e o leite são benéficos à saúde hu- III. Quanto maior a temperatura, maior a velocidade de uma
mana pois são ótimas fontes de antioxidantes (resveratrol) e reação, pois há uma diminuição da energia de ativação.
de cálcio, respectivamente. Os vinhos azedam mais rapida- Está(ão) correta(s):
mente quando armazenados em locais mais quentes. O leite a) apenas I. d) apenas I e II.
gelado (5 oC) se conserva melhor do que o guardado na tem- b) apenas II. e) apenas II e III.
peratura ambiente (25 oC). Esses fatos cotidianos revelam que c) apenas III.
há uma relação direta entre a temperatura e a oxidação do
vinho tinto e a decomposição do leite. RESOLUÇÃO:
Analise as seguintes afirmativas em relação ao efeito da tem- I. Verdadeira.
peratura sobre a velocidade das reações: II. Falsa. O aumento da temperatura aumenta as taxas de
I. Quanto menor a temperatura, menor a velocidade de desenvolvimento da reação no sentido endotérmico e da
uma reação, pois há menor quantidade de moléculas reação no sentido exotérmico.
com energia suficiente para participar da reação. III. Falsa. A energia de ativação de uma reação não depende
II. O aumento da temperatura aumenta somente a velocida- da temperatura em que ela é efetuada.
de das reações endotérmicas. Alternativa a.

PARA CONSTRUIR

1 (UFJF-MG – Adaptada) Com base nas informações da tabela abaixo, assinale a alternativa que correlaciona corretamente os fenô-
m menos do nosso cotidiano com os fatores que podem afetar a velocidade das reações. e
Ene-2
C 6
H-
Fenômenos Fatores
A – Vela se apaga quando colocada num recipiente fechado I – Superfície de contato
B – Alimentos se estragam mais rápido quando são guardados fora da geladeira II – Concentração
C – Os frascos de água oxigenada costumam ser opacos para evitar a degradação do produto III – Presença de luz
D – Palha de aço enferruja mais rápido que uma barra de aço IV – Temperatura

72 Termoquímica
2. A reação de oxidação ocorre mais rapidamente quando o material (o ferro) está mais finamente dividido (maior superfície
de contato): limalha de ferro; em local de maior umidade: porto de Suape.

a) A – IV; B – III; C – II; D – I Tempo de duração do


b) A – I; B – II; C – IV; D – III Temperatura °C Luz
experimento
c) A – II; B – III; C – I; D – IV
d) A – III; B – I; C – IV; D – II t1 20 Sem
e) A – II; B – IV; C – III; D – I
t2 25 Sem
2 (Ufal) Cinco amostras com 500 g de ferro foram utilizadas t3 35 Com
m
Ene-7
na fabricação de diferentes objetos, que foram transporta-
C 4
H-2 dos para lugares diversos. Assinale a alternativa em que são t4 35 Sem
apresentadas condições para a amostra oxidar-se (enferrujar)
mais rapidamente: c Assinale a opção que classifica, de forma crescente, os tem-
pos de duração dos experimentos. b
a) um martelo numa fazenda próxima a Maceió. a) t1, t2, t4, t3.
b) um martelo no sertão semiárido. b) t3, t4, t2, t1.
c) limalha de ferro no porto de Suape. c) t2, t1, t3, t4.
d) limalha de ferro no sertão semiárido. d) t4, t3, t1, t2.
e) um monte de pregos no porto de Suape. O menor tempo de duração do experimento (t3) corresponde à
reação com maior taxa de desenvolvimento: a que apresenta tem-
3 (PUC-MG – Adaptada) A água oxigenada ou solução aquosa de peratura mais elevada e é efetuada na presença de luz.
m peróxido de hidrogênio (H2O2) é uma espécie oxidante bastan- O segundo menor tempo de duração do experimento (t4) corres-
Ene-2
C 6
te utilizada no dia a dia: descoloração dos cabelos, desinfecção ponde à reação que apresenta a temperatura mais elevada e é
H-
efetuada na ausência de luz.
de lentes de contato, de ferimentos, etc. A sua decomposição O maior tempo de duração do experimento (t1) corresponde à
m
Ene-6 produz liberação de oxigênio e é acelerada por alguns fatores
C 5 reação mais lenta: a que é feita com temperatura mais baixa e
H-2
como a exposição à luz ou a catalisadores Fe21(aq), Fe31(aq) e na ausência de luz.
Pt(s). Um estudo da cinética da reação foi realizado seguindo Assim: t3 , t4 , t2 , t1.

as condições experimentais descritas na tabela a seguir:

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA PRATICAR
PARA PRATICAR 2 (Cefet-MG) Quando uma fita de magnésio é mergulhada em
m
Ene-7
uma solução aquosa de ácido clorídrico, ocorre a reação:
C 4
H-2 Mg(s) 1 2 HCl(aq) # MgCl2(aq) 1 H2(g)
1 (UEMG) Um professor, utilizando comprimidos de antiácido
m efervescente à base de NaHCO3, realizou quatro procedi- m
Ene-6 A temperatura da solução e a concentração do ácido afetam
Ene-7 C 5
C 4
H-2 mentos, ilustrados a seguir: H-2 a velocidade da reação de oxidação do magnésio.
Considere as condições experimentais durante a oxidação da
fita de magnésio, de acordo com os registros abaixo.

Concentração do HCl
Experimento Temperatura (°C)
(mol · L21)
I II III IV
150 mL 150 mL 150 mL 150 mL 1 20 0,2
25 °C 5 °C 25 °C 5 °C
2 20 2,0
FRENTE B
Procedimento I – Comprimido inteiro e água a 25 oC
Procedimento II – Comprimido inteiro e água a 5 oC 3 50 2,0
Procedimento III – Comprimido pulverizado e água a 25 oC 4 50 5,0
Procedimento IV – Comprimido pulverizado e água a 5 oC
QUÍMICA

A reação ocorreu mais rapidamente no procedimento: O magnésio será oxidado, mais rapidamente, no experimento:
a) I. a) 1
b) II. b) 2
c) III. c) 3
d) IV. d) 4

Termoquímica 73
PARA PRATICAR
PARA APRIMORAR 2 (Udesc) Considere que um prego é fabricado apenas com o
m metal Fe. Se esse prego entrar em contato com uma solução
Ene-7
C 4
H-2 aquosa de HCl, irá acontecer a seguinte reação de corrosão:
1 (IFMT) Para deixar os fogos de artifício coloridos, os fabrican-
m tes misturam à pólvora metais finamente divididos ou sais de Fe(s) 1 2 HCl(aq) # FeCl2(aq) 1 H2(g)
Ene-7
C 5
H-2 diferentes elementos para que, quando detonados, produ- A velocidade com que a corrosão do Fe ocorre depende de
zam cores diferentes. Na tabela abaixo, encontram-se alguns alguns fatores. Assinale a alternativa que contém os fatores
m
Ene-6 dos compostos responsáveis pela coloração dos fogos.
C 4
H2
- que podem influenciar a velocidade dessa reação.
a) temperatura – massa molar – pressão
Metais/Compostos Cor b) temperatura – pressão – concentração dos reagentes
c) concentração dos reagentes – pressão – densidade
Sais de cálcio Laranja d) densidade – massa molar – temperatura
e) catalisador – densidade – pressão
Sais de estrôncio ou carbonato de lítio Vermelha
3 (IFMT) Maria, para “ganhar tempo”, optou pelas seguintes prá-
Pó de metal sódio Amarela
m ticas em sua cozinha: cozinhou as espigas de milho em uma
Ene-2
Pó de titânio, alumínio ou magnésio Prata
C 6
H- panela de pressão, cobriu a massa do pão que tinha amassa-
do com um plástico enquanto a esperava “crescer” e trocou a
Ferro Dourada tora de lenha por gravetos em seu fogão a lenha.
Cobre Azul Sobre as explicações referentes às opções de Maria, assinale
a afirmativa correta.
Sobre a velocidade dessas reações, assinale a alternativa correta. a) O milho cozinha mais rápido na panela de pressão, pois
a) Os átomos emitem luz quando seus elétrons são exci- a temperatura aumenta com a diminuição da pressão no
tados e saltam para níveis de energia mais externos do interior da panela.
átomo. b) A massa de pão não “cresce” mais rápido com o uso do
b) Os metais finamente divididos têm menor superfície plástico, é apenas um costume antigo que vai passando
de contato e por isso lentamente emitem luz, quando de geração em geração.
aquecidos. c) A massa de pão “cresce” mais rápido com o uso do plástico
c) A emissão de luz e de diferentes cores pode ser explicada porque com o plástico a temperatura fica maior, diminuin-
a partir do modelo atômico de Dalton. do assim a velocidade da reação de fermentação da massa.
d) A velocidade da queima dos fogos de artifício não é de- d) Tanto faz colocar a tora de lenha ou os gravetos que a ve-
pendente da temperatura, mas depende da pressão at- locidade da reação de queima (combustão) será a mesma.
mosférica. e) Os gravetos fazem com que a reação de queima (com-
e) Os metais finamente divididos têm sua superfície de con- bustão) seja mais rápida do que com uma tora de lenha,
tato aumentada e esse é um dos fatores capaz de acelerar porque nos gravetos a superfície de contato com o gás
a velocidade da queima dos fogos de artifício. oxigênio é maior do que na tora.

ANOTAÇÕES

74 Termoquímica
CAPÍTULO

15 Catalisadores, inibidores
e venenos de reação

Objetivos:
CATALISADORES
c Conhecer o conceito de O catalisador é uma substância que diminui a energia de ativação necessária para a formação
catalisador e inibidor do complexo ativado, aumentando assim a taxa de desenvolvimento da reação.
e como eles estão
presentes no dia a dia.
O catalisador não participa da formação dos produtos da reação, sendo integralmente re-
c Relacionar o uso de cuperado no final do processo (em massa e composição).
catalisador com a
diminuição da energia
de ativação. Observações:
1a) A ação do catalisador só é possível quando existe afinidade química entre os reagentes. Isso
c Conhecer os diferentes
significa que não há catalisador que faça ocorrer uma reação não espontânea.
tipos de catálise.
2a) Se a reação for reversível (os produtos reagem entre si formando novamente os reagentes), a
c Compreender o adição de um catalisador aumentará igualmente as taxas de desenvolvimentos das reações
conceito de ativadores direta e inversa.
e venenos de Reação direta
catalisador.
Reagentes Produtos
Reação inversa

Abaixamento da energia de ativação


Toda reação, exotérmica ou endotérmica, necessita de determinada energia de ativação para
ter início. Em relação a essa energia de ativação, podemos representar graficamente a ação de um
catalisador sobre reações que liberam ou absorvem calor da seguinte forma:

Reações exotérmicas Reações endotérmicas


A 1 B *( C 1 D 1 calor X 1 Y 1 calor *( Z 1 W

E E
Energia/kcal ? mol–1
Energia/kcal ? mol–1

Eat sem
catalisador 1 Eat sem 3
Sem catalisador Sem
catalisador catalisador
Ecat Ecat

Eat com
Eat com
catalisador
catalisador
Com Com
catalisador catalisador
Epr A1B Epp Z1W
FRENTE B
Reagentes 2 Produtos
4
Epp C1D Epr X1Y
Produtos Reagentes

Desenvolvimento da reação Desenvolvimento da reação


QUÍMICA

1. Diminuição da energia de ativação pela ação do catalisador. 3. Diminuição da energia de ativação pela ação do catalisador.
2. Libera calor: ΔH , 0. 4. Absorve calor: ΔH . 0.

O catalisador age na reação mudando seu mecanismo, ou seja, tornando mais curto o caminho
no qual os reagentes se transformam em produto. Para isso, forma, com os reagentes, um sistema que
pode ser monofásico (homogêneo) ou polifásico (heterogêneo).

Termoquímica 75
Catálise homogênea
Quando o catalisador forma com os reagentes um sistema monofásico, dizemos que a ação
catalítica é homogênea.
Por exemplo: considere a reação de combustão do dióxido de enxofre, SO2(g), formando trióxi-
do de enxofre, SO3(g) (uma etapa intermediá­ria na fabri­cação de ácido sulfúrico, H2SO4(aq)).

2 SO2(g) 1 1 O2(g) *( 2 SO3(g)

Na ausência de catalisador, essa reação é bastante lenta, mas na presença de dióxido de nitro-
gênio, NO2(g), a reação torna-se sensivelmente mais rápida.
Como o dióxido de nitrogênio forma com os reagentes um sistema monofásico (geralmente as
misturas de gases são monofásicas), sua ação catalítica, nesse caso, é dita homogênea.
Nessa reação, em uma primeira etapa, o catalisador, NO2(g), reage com o dióxido de enxofre,
SO2(g), formando o monóxido de nitrogênio, NO(g), e o trióxido de enxofre, SO3(g).
Numa segunda etapa, o monóxido de nitrogênio, NO(g), reage com o gás oxigênio, O2(g), para
reconstituir o catalisador.
A reação feita assim, em duas etapas, necessita de menos energia de ativação para prosseguir e,
conse­quentemente, é mais rápida.
Observe como o mecanismo da ação catalítica do NO2(g) pode ser representado por meio de
equações químicas:

Etapa I: 2 SO2(g) 1  2 NO2(g)  *( 2 SO3(g)  1  2 NO(g)


Etapa II: 2 NO(g) 1  1 O2(g)   *( 2 NO2(g)
Reação global:  2 SO2(g) 1  1 O2(g)   *( 2 SO3(g)

Desenvolvimento de reação com catálise homogênea


E
Energia/kcal ? mol–1

1
EcatI 1. Energia de ativação sem NO2(g).
2. Energia de ativação com NO2(g).
EcatII 3. Reagentes: 2 SO2(g) 1 1 O2(g).
2 4. Produto: 2 SO3(g).
5. Etapa I: 2 SO2(g) 1 2 NO2(g) *( 2 SO3(g) 1 2 NO(g).
3
Epr 6. Etapa II: 2 NO(g) 1 1 O2(g) *( 2 NO2(g).
5 6 7. Calor liberado: ΔH 5 222,6 kcal/mol.
7
4
Epp

Desenvolvimento da reação

Catálise heterogênea
Quando o catalisador forma com os reagentes um sistema polifásico, dizemos que a ação ca-
talítica é heterogênea.
Por exemplo: a reação de combustão do dióxido de enxofre, SO2(g), pode ser catalisada pelo
pentóxido de divanádio, V2O5(s), um composto sólido que forma com os reagentes gasosos um
sistema bifásico (heterogêneo).
V2O5 (s)
2 SO2(g) 1 1 O2(g) ***( 2 SO3(g)

Nesse caso, o composto sólido atua adsorvendo (retendo em sua superfície) as moléculas dos
reagentes. Isso enfraquece as ligações nessas moléculas, facilitando a formação do complexo ativado,
o que diminui a energia de ativação e aumenta a taxa de desenvolvimento da reação.

76 Termoquímica
O esquema a seguir é um modelo de como ocorre a catálise heterogênea.
Átomos de oxigênio: [O]

LUIS MOURA/ARQUIVO DA EDITORA


O2(g) adsorvido no catalisador

Molécula reagente: O2(g)

Molécula de SO2(g)

Ligações enfraquecidas
Molécula de SO3(g)
Catalisador sólido: V2O5(s)

Outro exemplo de catálise heterogênea são as reações de craqueamento térmico do petróleo


(que visam obter gasolina a partir de frações mais pesadas) que são catalisadas por zeólitos.
Exemplo:
Zeólito
1 C12H26 (I) ***( 1 C8H18 (I) 1 2 C2H4 (g)
Fração querosene Fração gasolina Alceno

Os zeólitos são um conjunto de minerais naturais e sintéticos cujas características são: alumi-
nossilicatos de metal alcalino ou metal alcalinoterroso, cristalinos e microporosos. Seus poros têm
diâmetro menor que 2 nanômetros, o que permite a adsorção somente de pequenas moléculas,
atuando, dessa forma, como uma “peneira molecular”.
Além disso, os zeólitos são catalisadores eficientes porque induzem a aproximação forçada de
moléculas reagentes. A influência dos fortes potenciais eletrostáticos existentes no interior dos poros
provoca o abaixamento da energia de ativação da reação.
A produção mundial de zeólitos sintéticos é estimada em 1,5 milhão de toneladas por ano. Já
a produção brasileira é da ordem de 25 mil toneladas por ano e se destina totalmente ao craquea-
mento catalítico de petróleo.

Conversor catalítico
Outro exemplo de catálise heterogênea é a que ocorre nos conversores catalíticos de automóveis.
Os combustíveis utilizados em veículos automotivos no Brasil são basicamente a gasolina e o álcool (etílico e metílico), cuja queima
libera os seguintes produtos:
Gasolina: a queima completa produz CO2(g) e H2O(v); a queima incompleta produz CO(g) e vapores de hidrocarbonetos, como o
etano, C2H6(g). Dependendo das impurezas presentes, a queima da gasolina também pode produzir NO(g) e NO2(g).
Álcool: a queima completa produz CO2(g) e H2O(v); a queima incompleta produz aldeídos, como metanal, CH2O(v), e etanal, C2H4O(v).
Como as substâncias poluentes que causam mais problemas à saúde humana são aquelas provenientes da queima incompleta (ou
da queima de impurezas), os veículos passaram a ser fabricados com dispositivos antipoluição, denominados conversores catalíticos
FRENTE B
(ou catalisadores), que transformam os gases tóxicos em gases não tóxicos, como CO2(g), N2(g), O2(g) e H2O(v).
O conversor é constituído de um suporte na forma de colmeia, em geral de material cerâmico (às vezes metálico) revestido de
óxido de alumínio, Al2O3(s).
Sobre o óxido de alumínio que recobre a colmeia é fixada a substância que atua de fato como catalisador. Em geral, são utilizadas
QUÍMICA

finas camadas, com aproximadamente 1,5 g no total, de uma liga de paládio e ródio para os motores a gasolina ou de uma liga de
paládio e molibdênio para os motores a álcool.
A colmeia é então envolta por uma manta cerâmica termoexpansiva, ou seja, que isola termicamente o catalisador e oferece proteção
mecânica à colmeia. Em seguida, todo o conjunto – denominado conversor catalítico – é montado dentro de uma carcaça de aço
inoxidável e instalado no cano de escape do automóvel.

Termoquímica 77
A
Algumas das reações que transformam os gases tóxicos CO(g),
OD
R QU
IV Saída de gases não tóxicos NO2(g) e NO(g) em gases não tóxicos são representadas pelas equações:
A/A
UR
IS
MO
LU ITOR
A 2 CO(g) 1 2 NO(g) *( 2 CO2(g) 1 1 N2(g)
E D
2 CO(g) 1 1 O2(g) *( 2 CO2(g)
2 C2H6(g) 1 7 O2(g) *( 4 CO2(g) 1 6 H2O(v)
2 NO2(g) 1 4 CO(g) *( 1 N2(g) 1 4 CO2(g)
2 NO2(g) *( 1 N2(g) 1 2 O2(g)
Entrada de 2 NO(g) *( 1 N2(g) 1 1 O2(g)
gases tóxicos

Fig. 2 – Ilustração esquemática de um conversor catalítico.

ATIVADORES E VENENOS
A ação de determinado catalisador pode ser intensificada por uma substância específica que,
sozinha, não exerceria nenhum efeito sobre a reação. Substâncias que apresentam essa propriedade
são denominadas promotoras ou ativadoras de catalisador.
A maioria dos processos industriais utiliza tanto os catalisadores como as substâncias que ati-
vam seus efeitos sobre a reação.
Por exemplo: o processo Haber-Bosch de fabricação de amônia utiliza o ferro como catalisador.
Ocorre que a ação catalítica do ferro pode ser ativada pelas substâncias óxido de potássio, K2O(s), e
óxido de alumínio, Al2O3(s). Por isso, essas substâncias são incluídas no processo.
Fe(s), K2O(s) e Al2O3(s)
1 N2(g) 1 3 H2(g) 2 NH3(g)
Já as substâncias que podem inibir a ação de um catalisador, mesmo que estejam presentes em
quantidades mínimas (como impurezas), são denominadas venenos de catalisador.
O envenenamento de catalisadores (ação anticatalítica) é um problema sério nos processos indus-
triais e chega a paralisar parte da produção por impedir que ela se desenvolva conforme o planejado.
É o que ocorria, por exemplo, quando se usava a platina metálica, Pt(s), como catalisador da
reação de combustão do SO2(g).
Pt(s)
2 SO2(g) 1 1 O2(g) *( 2 SO3(g)
Sua ação é satisfatória, mas pequenas quantidades de arsênio, As(s), por exemplo, são suficientes
para anular a ação catalítica da Pt(s), paralisando o processo de produção de trióxido de enxofre, SO3(g).
Fig. 3 – Planta industrial para obtenção do Isso não ocorre com o pentóxido de divanádio, V2O5(s), que substituiu a platina por ser bem
trióxido de enxofre, SO3(g), utilizado na
produção de ácido sulfúrico.
mais resistente à ação dos venenos de catalisadores.

REPRODUÇÃO/<WWW.OUTOTEC.COM/GLOBAL>

78 Termoquímica
Autocatálise
Uma reação é dita de autocatálise quando um dos seus produtos age como catalisador da rea-
ção. No início, a reação é bastante lenta. Porém, à medida que os produtos começam a se formar e o
produto catalisador começa a agir, a taxa de desenvolvimento da reação aumenta progressivamente.
Por exemplo, reação entre cobre metálico e ácido nítrico catalisada pelo monóxido de nitrogê-
nio, que é um dos produtos da reação:
3 Cu(s) 1 8 HNO3(aq) *( 3 Cu(NO3)2(aq) 1 4 H2O(l) 1 2 NO(g)
Catalisador

INIBIDORES
Os inibidores são substâncias utilizadas para diminuir a taxa de desenvolvimento de uma reação
porque agem de modo inverso aos catalisadores.

Inibidores diminuem a taxa de desenvolvimento da reação porque aumentam a energia


de ativação necessária para que os reagentes atinjam o complexo ativado.

Por exemplo: considere a reação de decomposição da água oxigenada (solução aquosa de


peróxido de hidrogênio).
2 H2O2(aq) *( 2 H2O(l) 1 1 O2(g)
Essa reação torna-se mais lenta em meio ácido, H3O1+(aq), então dizemos que esse meio age
como inibidor da reação.
Os inibidores são importantes para o controle e o estudo de reações que ocorrem muito rápido.
A função principal dos inibidores, porém, está relacionada à ação conservante de produtos pere-
cíveis, retardando a degradação natural de produtos como alimentos, bebidas, cosméticos e remédios.
A tabela a seguir traz uma relação dos conservantes químicos mais comuns, a quantidade má-
xima permitida por lei e o tipo de alimento ou bebida em que são empregados.
Os cosméticos industrializados também usam conservantes específicos, por uma questão de
custos, já que ficam meses nas prateleiras das lojas e são transportados por longas distâncias, sem
haver garantia de que serão guardados e manipulados da forma correta, .
Os conservantes mais comuns para cosméticos são o p-hidroxibenzoato de propila, C10H12O3,
utilizado na fase oleosa e que atua como antifúngico, e o p-hidroxibenzoato de metila, C8H8O3, uti-
lizado na fase aquosa e que apresenta efeito antisséptico.

Substância Quantidade máxima Usos mais comuns

Ácido benzoico 0,10% Sucos de frutas, refrigerantes, molhos.

Benzoato de sódio 0,10% a 0,20% Conservas vegetais, concentrados de frutas.

p-hidroxibenzoato de metila 0,10% Conservas vegetais, fármacos, cosméticos.

p-hidroxibenzoato de propila 0,10% Conservas vegetais, fármacos, cosméticos.

Ácido sórbico 0,10% Chocolates, embutidos, margarinas, confeitaria.

FRENTE B
Sorbato de sódio 0,10% Leite de coco, queijos ralados e fatiados.

Dióxido de enxofre 0,02% a 0,045% Vinhos, vinagres, sucos de frutas, frutas secas.

Propionato de cálcio 0,20% a 0,40% Pães, farinhas, produtos de confeitaria.


QUÍMICA

Nitratos (de Na ou K) 0,02% a 0,20% Carnes, embutidos, enlatados, queijos.

Nitritos (de Na ou K) 0,015% a 0,24% Carnes, embutidos, enlatados, queijos.

Termoquímica 79
Concreto de alto desempenho
O concreto é uma mistura de cimento, água, pedra britada e areia em proporções de-
terminadas, formando um material de elevada resistência mecânica.
Quando o concreto é colocado em armações ou reticulados de ferro ou aço, formam-se
estruturas denominadas concreto armado.
O concreto é um material poroso, repleto de capilares intercomunicantes que permitem
a penetração de fluidos, tais como o ar, os gases, a água e os produtos químicos; por isso, acaba
permitindo a oxidação do ferro.
Os óxidos de ferro formados eliminam a aderência do concreto no aço, o que é percebi-
do pelo desprendimento de pedaços inteiros do concreto e, finalmente, pelo aparecimento
de marcas de óxido de ferro.
Superfluidificantes
Os pesquisadores notaram que, dentro de certos limites, a resistência do concreto era
inversamente proporcional à relação água utilizada: quanto maior a quantidade de água
cimento
utilizada, menor a resistência mecânica do concreto. O problema é que há um limite para a
diminuição de água na mistura, uma vez que ela é essencial para que a massa possa ser traba-
lhada. A solução encontrada foi o desenvolvimento de aditivos superfluidificantes (ou super-
plastificantes), que permitem trabalhar o concreto com uma relação água inferior a 0,3.
cimento
Esses produtos, além de aumentarem a resistência mecânica do concreto, também tor-
nam a massa mais fácil de ser trabalhada.
Os superfluidificantes agem em um período de 30 a 45 minutos, tempo em que a con-
cretagem deve ser realizada.
Os concretos obtidos com adição de superfluidificantes são ditos concretos de alta resis-
tência, pois oferecem uma resistência a compressão de aproximadamente 60 MPa (megapascal).
Sílica ativa
A sílica ativa é composta de cerca de 90% de dióxido de silício (SiO2)n e 10% de uma
mistura de vários óxidos e carbono. É um subproduto da produção do silício e de suas ligas.
Apresenta-se na forma de um pó de extrema finura, cujos grãos são microesferas com
0,5 µm (micrômetro) de diâmetro, em média.
Como os grãos do cimento têm dimensões variando de 30 µm a 100 µm, percebe-se a
importância desses microagregados no preenchimento dos vazios existentes entre os grãos de
cimento.
O concreto obtido pela adição de superfluidificante e de sílica ativa, denominado con-
creto de alto desempenho, é muito resistente e bastante compacto. Por apresentar baixa
porosidade, torna-se praticamente impermeável ao ar e aos fluidos, como a água.
A ação dos aditivos nesse concreto também reduz bastante o problema das micro-
fissuras ou capilares intercomunicantes que se formam no concreto comum. Com isso,
a degradação do concreto é bem mais lenta e superficial, mantendo as estruturas de aço
protegidas.
A resistência à compressão de um concreto de alto desempenho pode atingir valores
iguais a 100 MPa e sua produção pode ser feita tanto na obra como em concreteiras. Contudo,
tendo em vista a precisão da dosagem, é sempre conveniente que a preparação seja feita em
uma usina, onde há um maior controle tecnológico.
O transporte dos concretos no trânsito congestionado das nossas cidades exige
frequentemente o emprego de aditivos retardadores de pega. No caso do concreto
de alto desempenho, o problema é um pouco mais complexo, tendo em vista que a
eficiência dos superfluidificantes, dependendo do tipo, varia de meia a uma hora após
a mistura. Sendo assim, é necessário garantir que a utilização do concreto ocorrerá
dentro desse prazo.

80 Termoquímica
EXERCÍCIO RESOLVIDO

m (Unirio-RJ) O gráfico a seguir refere-se ao diagrama energético de uma reação química (reagentes # produtos), em que se veem
Ene-6
C 1
H-2 destacados dois caminhos de reação:
Caminho 1 – reação normal
m
Ene-6 Caminho 2 – reação com um catalisador
C 4
H-2
Entalpia (H)
1

c H – entalpia
2
a HR – entalpia dos
b HR reagentes
HP – entalpia dos
d produtos
HP

Caminho da reação

Após uma analise das entalpias dos reagentes, dos produtos e dos valores a, b, c e d, podemos afirmar que:
a) a reação é endotérmica e a presença do catalisador diminuiu o ΔH de a para b.
b) a reação é endotérmica e a representa o ΔH com a presença do catalisador.
c) a reação é exotérmica e a energia de ativação, sem a presença do catalisador, é representada por c.
d) a presença do catalisador diminuiu o ΔH da reação representado por c.
e) a presença do catalisador diminuiu a energia de ativação de a para b e mantém constante o ΔH da reação representado por d.
RESOLUÇÃO:
O catalisador provoca um aumento na velocidade da reação porque diminui a sua energia de ativação. O ΔH (d) da reação não é
alterado pelo catalisador.
Alternativa e.

PARA CONSTRUIR

1 (UFRRJ) Observe o gráfico da reação M 1 N # T e responda. aumenta a velocidade de decomposição da água oxigenada
em água e oxigênio gasoso, que é liberado e faz a assepsia do
m Energia
Ene-7 ferimento.
C 4
H-2 (kcal/mol)
50 No gráfico abaixo, são apresentadas as energias envolvidas
m
Ene-6 40 na reação de decomposição da água oxigenada representa-
C 5
H2
-
das pelas curvas I e II.

30 I
Entalpia (kcal)

M1N T
10
II

Caminho da reação H2O2 H2O 1 1 O2


2
a) Qual a energia de ativação da reação com catalisador?
10 kcal Caminho da reação

FRENTE B
Sobre as informações apresentadas, pode-se concluir que a
b) Qual a variação de energia da reação? 220 kcal
presença da catalase na reação de decomposição da água
oxigenada: d
a) diminui a entalpia dos reagentes, conforme a curva I.
2 (IFMT) Sobre um ferimento, a água oxigenada (H2O2) parece
QUÍMICA

b) diminui a entalpia dos produtos, conforme a curva II.


m ferver. As bolhas de gás são os produtos de uma interação c) diminui a variação de entalpia da reação, conforme a curva II.
Ene-7
C 4
H-2 entre a água oxigenada e uma enzima encontrada no sangue d) diminui a energia de ativação da reação, conforme a curva II.
chamada catalase. A catalase é um catalisador biológico que e) aumenta a energia de ativação da reação, conforme a curva I.
m
Ene-6
C 4
H-2

Termoquímica 81
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TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARAPARA PRATICAR
PRATICAR 3 (UFU-MG) Acredita-se que a decomposição do peróxido de hi-
m
Ene-7
drogênio, na presença de íons iodeto, acontece pelo seguinte
C 4
H-2 mecanismo:
1 (IFMG) Relacione na tabela a seguir os fenômenos descritos
m na coluna I com os fatores que influenciam a sua velocidade H2O2(aq) 1 I2(aq) # H2O(l) 1 IO2(aq) e
Ene-2
C 6
H- na coluna II. H2O2(aq) 1 IO2(aq) # H2O(l) 1 O2(g) 1 I2(aq)
Na proposta de mecanismo, I2(aq) é:
m
Ene-6 a) um produto da reação global.
C 4
H-2
Coluna I Coluna II
b) um reagente da reação global.
1 – Carvão em pó queima mais c) o complexo ativado do mecanismo.
a) temperatura
rapidamente do que em pedaços. d) um catalisador.
2 – Conservação dos alimentos na 4 (Uerj) A fim de aumentar a velocidade de formação do buta-
b) catalisador
geladeira. m noato de etila, um dos componentes do aroma de abacaxi,
Ene-5
C 7
H-1 emprega-se como catalisador o ácido sulfúrico. Observe a
3 – Efervescência da água oxigenada
equação química desse processo:
quando aplicada na assepsia de c) concentração
O O
ferimentos. H2SO4
1 1H2O
OH HO O
4 – Vento forte provoca alastramentos
d) superfície de contato As curvas de produção de butanoato de etila para as reações
de focos de queimadas em florestas.
realizadas com e sem a utilização do ácido sulfúrico como
A alternativa que contém a associação correta entre as duas catalisador estão apresentadas no seguinte gráfico:
colunas é: a)
a) 1 – a; 2 – b; 3 – c; 4 – d.
b) 1 – b; 2 – c; 3 – d; 4 – a.
Concentração

c) 1 – d; 2 – c; 3 – b; 4 – a.
d) 1 – d; 2 – a; 3 – b; 4 – c.
Com catalisador
2 (UFJF-MG) Considere o diagrama de energia da reação de de- Sem catalisador
0 Tempo
m
Ene-7
composição do H2O2 representado.
C 4 b)
H-2
Energia

m A
Ene-6
Concentração

C 4
H-2 B

Com catalisador
Sem catalisador
H2O2(aq) 0 Tempo
Z
H2O(l) 1 0,5 O2(g)
c)
Concentração

Caminho da reação

Assinale a alternativa incorreta: Com catalisador


a) A reação de decomposição do H2O2 é exotérmica. 0
Sem catalisador
Tempo
b) A curva A apresenta maior energia de ativação que a cur-
va B. d)
c) A presença de um catalisador afeta o ΔH da reação.
Concentração

d) A curva B representa a reação com a presença de um ca-


talisador.
e) A letra Z representa o ΔH da reação de decomposição do Com catalisador
H2O2. 0
Sem catalisador
Tempo

82 Termoquímica
c) A equação de velocidade de uma reação química inde-
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
pende da concentração do catalisador.
d) A presença do catalisador altera as concentrações das
1 (UFU-MG) A figura a seguir representa uma reação química
substâncias em equilíbrio.
m na presença e na ausência de um catalisador.
Ene-6
C 1
e) Na catálise heterogênea, a adsorção do reagente na su-
H-2
perfície do catalisador torna mais fácil a transformação
m
Ene-6
dos reagentes em produtos.
C 4
H-2 ΔH2
Energia

3 (IFSP) Um catalisador é uma substância que em reação pos-


ΔH1 m
Ene-7
sibilita um mecanismo com menor energia de ativação, au-
C 4
H-2 mentando assim a velocidade da reação. Abaixo estão re-
ΔH3
presentadas as curvas, obtidas experimentalmente, de um
m
Ene-6
C 4 processo com e sem catalisador. Pode-se afirmar que a curva
H-2
Caminho da reação da reação catalisada está representada pela(s):
ΔH1 – energia de ativação com catalisador
ΔH2 – energia de ativação sem catalisador

Concentração

Energia
dos produtos
D
ΔH3 – entalpia de reação
Analisando a figura podemos concluir que: B
C
a) na ausência do catalisador observaremos a liberação de A
calor, pois ΔH1 . ΔH3.
b) trata-se de um catalisador de efeito negativo, pois provo- Tempo Coordenada da reação
ca um ΔH1 , ΔH2 e, assim, diminui a entalpia da reação. Diagrama 1 Diagrama 2
c) trata-se de um catalisador de efeito positivo, pois facilitou
a reação química diminuindo a energia de ativação. a) curvas A e B no diagrama 1.
d) independentemente da presença do catalisador, trata-se b) curvas C e D no diagrama 2.
de representação de uma reação química endotérmica, c) curva B no diagrama 1 e curva C no diagrama 2.
pois tanto ΔH3 , ΔH1 como ΔH3 , ΔH2. d) curva A no diagrama 1 e curva C no diagrama 2.
e) curva A no diagrama 1 e curva D no diagrama 2.
2 (UEL-PR) Um especialista na área de química industrial afir-
m mou que “a cada ano se fabricam, com auxílio de catalisa- 4 (Fatec-SP) A platina é um metal nobre, encontrada livre na
Ene-7
C 5
H-2 dores sintéticos, mais de um trilhão de dólares em merca- m natureza na forma de pepitas e é muito empregada na pro-
Ene-7
dorias. Sem esses catalisadores, haveria falta de fertilizantes,
C 5
H-2 dução de catalisadores, que são utilizados para:
de produtos farmacêuticos, de combustíveis e de solventes. a) acelerar a formação de compostos gasosos, somente.
Na realidade, em 90% de todos os bens manufaturados os b) aumentar a velocidade de reações químicas específicas.
catalisadores são usados em alguma etapa de sua produção”. c) retardar a produção de compostos indesejáveis, somente.
Sobre catalisadores, é correto afirmar: d) controlar o deslocamento de uma reação química es-
a) A adição de catalisador aumenta a constante de equilíbrio pecífica.
de uma reação química. e) promover a decomposição sólida de reações químicas,
b) O catalisador deve ter a mesma fase dos reagentes. somente.

ANOTAÇÕES

FRENTE B
QUÍMICA

Termoquímica 83
CAPÍTULO

16
Exercícios sobre os fatores
que influenciam a taxa de
desenvolvimento de uma reação

Objetivo:
c Exercitar os conceitos EXERCÍCIO RESOLVIDO
relacionados
m
Ene-5
aos fatores que C 7 ((Fuvest-SP) Foram realizados quatro experimentos. Cada um deles consistiu na adição
H1
-
influenciam a taxa de de solução aquosa de ácido sulfúrico de concentração 1 mol/L a certa massa de ferro.
desenvolvimento de A 25 °C e 1 atm, mediram-se os volumes de hidrogênio desprendido em função do tem-
uma reação e catálise. po. No final de cada experimento, sempre sobrou ferro que não reagiu. A tabela mostra o
tipo de ferro usado em cada experimento, a temperatura e o volume da solução de ácido
sulfúrico usado. O gráfico mostra os resultados.

1
Volume de
hidrogênio 2

Tempo

Experimento Material Temperatura/°C Volume da solução de H2SO4 /mL

A Pregos 60 50
B Limalha 60 50
C Limalha 60 80
D Limalha 40 80
As curvas 1 a 4 correspondem, respectivamente, aos experimentos:
a) 1 – D; 2 – C; 3 – A; 4 – B d) 1 – C; 2 – D; 3 – A; 4 – B
b) 1 – D; 2 – C; 3 – B; 4 – A e) 1 – C; 2 – D; 3 – B; 4 – A
c) 1 – B; 2 – A; 3 – C; 4 – D

RESOLUÇÃO:
1. Reação mais rápida: Fe na forma de limalha (maior superfície de contato); temperatura
60 °C (mais alta) e maior volume de ácido sulfúrico (80 mL).
2. Segunda reação mais rápida: Fe na forma de limalha (maior superfície de contato);
temperatura 40 °C (mais baixa que a anterior).
3. Terceira reação mais lenta: Fe na forma de limalha (maior superfície de contato); tempe-
ratura 60 °C (mais alta) e volume de ácido sulfúrico 50 mL (menor que o volume usado
na experiência 1).
4. Reação mais lenta: Fe na forma de barra (menor superfície de contato).
Alternativa e.

84 Termoquímica
PARA CONSTRUIR

(IF Goiano) A água oxigenada é uma solução aquosa de peróxido de hidrogênio (H2O2) altamente oxidante utilizada comercial-
m
Ene-7 mente como antisséptico e no clareamento de cabelos e pelos. Ela se decompõe produzindo água e gás oxigênio, de acordo com
C 4
H2
- a equação não balanceada:
H2O2(aq) → H2O(l) + O2(g)
Sobre a velocidade de decomposição da água oxigenada é correto afirmar que: a
a) é reduzida pela diminuição da temperatura.
A diminuição da temperatura
b) é favorecida pela adição de um inibidor que diminui a energia de ativação. diminui a velocidade das
c) é acelerada na presença de catalisador que diminui a variação de entalpia. reações químicas.
d) é expressada pela lei da velocidade v = k ? [H2O]2 ? [O2].
e) é influenciada pela concentração dos produtos.

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TAREFA PARA CASA


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PARA PRATICAR Combustível Comburente Temperatura (oC)


a) Carvão em pedaços Ar atmosférico 0
1 (Fatec-SP) Uma indústria necessita conhecer a mecânica das
b) Carvão pulverizado Ar atmosférico 30
m reações para poder otimizar sua produção.
Ene-7
C 4
H2
- c) Carvão em pedaços Oxigênio puro 20
O gráfico representa o mecanismo de uma reação hipotética:
m A2 + B2 → 2 AB d) Carvão pulverizado Oxigênio puro 100
Ene-6
C 5
H-2 e) Carvão em pedaços Oxigênio liquefeito 50
A A
H (kJ)
B B
60 3 (UFMG) Define-se o prazo de validade de um medicamento
Complexo ativado
m como o tempo transcorrido para decomposição de 10% do
Ene-5
A2 e B2 C 7
H-1
princípio ativo presente em sua formulação.
30
Reagentes A–B Neste gráfico, está representada a variação de concentração
A–B do princípio ativo de um medicamento, em função do tem-
210
Produtos po, nas temperaturas I e II:
6

Caminho 5
da reação
Concentração/(g/L)

4
A análise do gráfico permite concluir corretamente que:
a) temos uma reação endotérmica, pois apresenta ΔH = 3

= −10 kJ. 2
Temperatura I
b) temos uma reação exotérmica, pois apresenta ΔH = Temperatura II
= +10 kJ. 1

FRENTE B
c) a energia do complexo ativado é 30 kJ. 0
d) a energia de ativação para a reação direta é 30 kJ. 0 4 8 12 16 20 24
Tempo/ano
e) a energia de ativação para a reação inversa é 40 kJ.
Considerando-se essas informações, é correto afirmar que:
2 (UFRGS-RS) O carvão é um combustível constituído de uma
QUÍMICA

a) a concentração do princípio ativo, na temperatura I, após


m mistura de compostos ricos em carbono. A situação em que 5 anos, é de 3 g/L.
Ene-7
C 4
H-2 a forma de apresentação do combustível, do comburente e a b) a temperatura II é menor que a temperatura I.
temperatura utilizada favorecerão a combustão do carbono c) o prazo de validade, na temperatura I, é maior.
m
Ene-6 com maior velocidade é:
C 4
H-2 d) o prazo de validade, na temperatura II, é de 22 anos.

Termoquímica 85
c)
PARA APRIMORAR Velocidade
da reação

1 (PUCC-SP) No laboratório, o hidrogênio pode ser preparado


m pela reação de zinco com solução de ácido clorídrico.
Ene-7
C 4
H2
- Observe as condições especificadas nas experiências abaixo.

Temperatura Conc. de ácido


Experiência Zinco
(oC) em mol/L
I 25 Granulado 1,0 215 5 25 Temperatura
II 25 Granulado 0,5 d) Velocidade
III 30 Em pó 1,0 da reação

IV 30 Em pó 0,5
V 30 Em raspas 1,0
A velocidade da reação é maior em:
a) I c) III e) V
b) II d) IV

2 (Vunesp) Nas embalagens dos alimentos perecíveis, é co-


215 5 25 Temperatura
m mum encontrar a recomendação: “manter sob refrigeração”.
Ene-5
C 7
H1
- A carne vermelha, por exemplo, mantém-se própria para o e) Velocidade
consumo por poucas horas sob temperatura ambiente (tem- da reação
peratura próxima de 25 °C), por poucos dias quando armaze-
nada numa geladeira doméstica (temperatura próxima dos
5 °C) e por cerca de doze meses quando armazenada num
freezer (temperatura abaixo de −15 °C). Dos gráficos apresen-
tados a seguir, o que melhor representa a variação da veloci-
dade das reações químicas responsáveis pela decomposição
da carne, em função da temperatura de armazenamento, no
215 5 25 Temperatura
intervalo entre −15 °C e 25 °C, é:
a) Velocidade
da reação 3 (Enem) Alguns fatores podem alterar a rapidez das reações
m químicas. A seguir, destacam-se três exemplos no contexto
Ene-2
C 6
H- da preparação e da conservação de alimentos:
1. A maioria dos produtos alimentícios se conserva por mui-
to mais tempo quando submetida à refrigeração. Esse
procedimento diminui a rapidez das reações que contri-
buem para a degradação de certos alimentos.
2. Um procedimento muito comum utilizado em práticas de
culinária é o corte dos alimentos para acelerar o seu cozi-
215 5 25 Temperatura mento, caso não se tenha uma panela de pressão.
b) 3. Na preparação de iogurtes, adicionam-se ao leite bacté-
Velocidade
da reação
rias produtoras de enzimas que aceleram as reações en-
volvendo açúcares e proteínas lácteas.
Com base no texto, quais são os fatores que influenciam a
rapidez das transformações químicas relacionadas aos exem-
plos 1, 2 e 3, respectivamente?
a) Temperatura, superfície de contato e concentração.
b) Concentração, superfície de contato e catalisadores.
c) Temperatura, superfície de contato e catalisadores.
d) Superfície de contato, temperatura e concentração.
215 5 25 Temperatura e) Temperatura, concentração e catalisadores.

86 Termoquímica
CAPÍTULO

17 Lei da ação das massas

Objetivos: Dois químicos noruegueses, Cato Maximilian Guldberg (1836-1902) e Peter Waage (1833-1900),
estabeleceram, por volta de 1864, a lei da ação das massas, na qual o termo “massa” é utilizado para
c Conhecer a relação
entre a taxa de
expressar concentração em quantidade de matéria, mol/L:
desenvolvimento
de uma reação, as A cada temperatura, a taxa de desenvolvimento de uma reação é diretamente proporcional
concentrações dos
reagentes e produtos ao produto das concentrações em quantidade de matéria dos reagentes, elevadas a expoentes
e seus coeficientes determinados experimentalmente.
estequiométricos.

c Compreender a Considere a seguinte reação genérica, corretamente balanceada:


importância da etapa a A 1 b B *( c C 1 d D
lenta da reação
para a taxa de
De acordo com o enunciado da lei da ação das massas, a taxa de desenvolvimento dessa reação
desenvolvimento da pode ser calculada pela expressão:
reação.
Td 5 k ? [A]a ? [B]β
c Conhecer como se
calcula a ordem de
uma reação. k é uma constante que só depende do valor da temperatura;
a e b são expoentes, cujo valor numérico é determinado experimentalmente.

REAÇÃO ELEMENTAR
Quando uma reação química se desenvolve em uma única etapa, dizemos que a reação é
Guldberg e Waage publicaram elementar.
um trabalho sobre a lei da ação das Numa reação elementar, os expoentes a que devem ser elevadas as concentrações em quantida-
massas em norueguês, o que oca- de de matéria dos reagentes na expressão da taxa de desenvolvimento são os próprios coeficientes
sionou um atraso de quinze anos dos reagentes na equação balanceada. Assim, se a reação:
no meio científico, até que gran-
des químicos alemães e franceses a A 1 b B *( c C 1 d D
tomassem conhecimento da obra. for elementar, a expressão da taxa de desenvolvimento será dada diretamente pela expressão:
Td 5 k ? [A]a ? [B]b
Por exemplo: considere a reação elementar de neutralização entre o cátion
H. RIFFARTH/WIKIPEDIA/WIKIMEDIA COMMONS

H. RIFFARTH/WIKIPEDIA/WIKIMEDIA COMMONS

hidrônio e o ânion hidróxido formando água:


1 H3O1+(aq) 1 1 OH1–(aq) *( 2 H2O(l)
FRENTE B
A taxa de desenvolvimento dessa reação é expressa por:
Td 5 k ? [H3O1+] ? [OH1–]
Tal expressão deve ser lida da seguinte maneira:
QUÍMICA

“A taxa de desenvolvimento da reação de formação da água é proporcional ao


produto de uma constante pela concentração em quantidade de matéria do cátion
hidrônio elevada à 1a potência, multiplicado pela concentração em quantidade de
Fig. 1 – Cato Maximilian Fig. 2 – Peter Waage. matéria do ânion hidróxido, também elevada à 1a potência”.
Guldberg.

Termoquímica 87
O monóxido de nitrogênio, REAÇÃO NÃO ELEMENTAR
NO(g), é um gás incolor, de Quando a reação se desenvolve em duas ou mais etapas distintas, a taxa de desenvolvimento
sabor doce, não combustível e da reação depende apenas da taxa de desenvolvimento da etapa lenta.
ligeiramente solúvel em água. É Em outras palavras, podemos dizer:
uma substância muito versátil e
biologica­mente importante. A etapa lenta é a etapa determinante da taxa de desenvolvimento da reação.

Se considerarmos, por exemplo, a reação entre gás hidrogênio, H2(g), e monóxido de nitrogênio,
NO(g), formando gás nitrogênio, N2(g), e água, H2O(l):
2 H2(g) 1 2 NO(g) *( 1 N2(g) 1 2 H2O(l)
que se desenvolve segundo as etapas:
Etapa I (lenta) 1 H2(g) 1 2 NO(g) *( 1 N2O(g) 1 1 H2O(l)
Etapa II (rápida) 1 H2(g) 1 1 N2O(g) *( 1 N2(g) 1 1 H2O(l)
Equação global 2 H2(g) 1 2 NO(g) *( 1 N2(g) 1 2 H2O(l)
A taxa de desenvolvimento da reação global será determinada pela taxa de desenvolvimento
da etapa I, que é a etapa lenta. Assim, a expressão da taxa de desenvolvimento da reação global será:
Td 5 k ? [H2] ? [NO]2
Não se esqueça: quando uma reação química se
Energia/kcal ? mol21

desenvolve em etapas, a taxa de desenvolvimento da


reação global será proporcional apenas às concentra-
ções em quantidade de matéria dos reagentes, eleva-
das aos respectivos coeficientes que participam da
etapa lenta.

1 H2(g) 1 2 NO(g) *( 1 N2O(g) 1 1 H2O(l)


1 H2(g) 1 1 N2O(g) *( 1 N2(g) 1 1 H2O(l)
  ORDEM DE UMA REAÇÃO
A ordem da reação em relação a um reagente
Etapa I (lenta) Etapa II (rápida)
Barreira energética alta
indica a dependência existente entre a concentração
Barreira energética baixa
em quantidade de matéria desse reagente e a taxa de
Reação global
2 H2(g) 1 2 NO(g) *****( 1 N2(g) 1 2 H2O(l) desenvolvimento da reação global.
Se tomarmos a seguinte reação genérica não ele-
Desenvolvimento da reação
mentar:
a A 1 b B 1 c C *( d D 1 e E 1 f F
cuja expressão da taxa de desenvolvimento é dada por:
STEVE GSCHMEISSNER/SPL/LATINSTOCK

Td 5 k ? [A]a ? [B]b ? [C]g

em que os expoentes a, b e g são determinados experimentalmente, dizemos que a reação genérica


é de:
ordem a em relação ao reagente A;
ordem b em relação ao reagente B;
ordem g em relação ao reagente C.
Sendo que:

A ordem de uma reação é a soma de todos os expoentes que aparecem na expressão da


taxa de desenvolvimento da reação não elementar.

Fig. 3 – Os macrófagos, células brancas


Para a reação genérica descrita anteriormente, a ordem da reação é:
do sistema imunitário, produzem óxido
nítrico, NO, um composto nocivo às
bactérias, pois forma espécies reativas de a1b1g
nitrogênio.

88 Termoquímica
Considere como exemplo específico a reação não elementar:
2 H2(g) 1 2 NO(g) *( 1 N2(g) 1 2 H2O(l)
cuja expressão da taxa de desenvolvimento, conforme visto na página anterior, é dada por:
Td 5 k ? [H2] ? [NO]2
Nesse caso, a ordem da reação é:
1 1 2 5 3 (reação de 3a ordem).
Ordem da reação em relação ao gás hidrogênio, H2(g):
1a ordem, Td 5 k ? [H2]1
Ordem da reação em relação ao monóxido de nitrogênio, NO(g):
2a ordem, Td 5 k ? [NO]2
Isso significa que, se dobrarmos a concentração em quantidade de matéria do gás hidrogênio,
H2(g), e mantivermos a concentração em quantidade de matéria do monóxido de nitrogênio, NO(g),
constante, a taxa de desenvolvimento da reação dobrará.
Td 5 k ? [H2] ? [NO]2
2 Td 5 k ? [2 ? H2] ? [NO]2
Mas se dobrarmos a concentração em quantidade de matéria do NO(g) e mantivermos constante a
concentração em quantidade de matéria do H2(g), a taxa de desenvolvimento da reação vai quadruplicar:
Td 5 k ? [H2] ? [NO]2
4 Td 5 k ? [H2] ? [2 ? NO]2
Desse modo, podemos determinar experimentalmente a ordem de uma reação e consequen-
temente os expoentes que entram na expressão da taxa de desenvolvimento.
Veja como isso é feito a partir da reação genérica:
a A 1 b B 1 c C 1 *( d D 1 e E 1 f F
Suponha que essa reação tenha sido feita várias vezes, medindo-se a taxa de desenvolvimento
em relação à variação da concentração em quantidade de matéria de cada reagente, obtendo-se os
seguintes resultados:

Reações [A] [B] [C] Td/mol ? (L ? min)21


1ª- 2 mol/L 3 mol/L 1 mol/L Td1 5 0,5
2ª- 4 mol/L 3 mol/L 1 mol/L Td2 5 2,0
3ª- 4 mol/L 6 mol/L 1 mol/L Td3 5 2,0
4ª- 4 mol/L 6 mol/L 2 mol/L Td4 5 16,0

Esses resultados experimentais devem ser analisados da seguinte forma:


Comparando a 1a e a 2a reações (experimentos), observamos que, dobrando a concentração em
quantidade de matéria da substância A e mantendo a concentração em quantidade de matéria
dos demais reagentes constante, a taxa de desenvolvimento da reação quadruplica.
Então:
Td 5 k ? [A]2
4 Td 5 k ? [2 ? A]2
Comparando a 2 e a 3 reações (experimentos), vemos que, dobrando a concentração em quan-
a a

tidade de matéria de B e mantendo a dos demais reagentes constante, a taxa de desenvolvimento FRENTE B

da reação permanece constante. Isso significa que a concentração em quantidade de matéria de B


não influi na taxa de desenvolvimento da reação.
Então:
QUÍMICA

Td 5 k ? [B]0
Comparando a 3 e a 4 reações (experimentos), observamos que, dobrando a concentração em
a a

quantidade de matéria de C e mantendo a dos demais reagentes constante, a taxa de desenvolvi-


mento da reação octuplica.

Termoquímica 89
Então:
Td 5 k ? [C]3,
8 Td 5 k ? [2 ? C]3
Logo, a expressão da taxa de desenvolvimento dessa reação é:
Td 5 k ? [A]2 ? [C]3

EXERCÍCIO RESOLVIDO

m
Ene-7
(PUC-SP) A reação redox que ocorre entre os íons brometo (Br2) e bromato (BrO32) em meio ácido, formando o bromo (Br2) é repre-
(P
C 4
H-2 sentada pela equação:
m
BrO23 (aq) 1 5 Br2(aq) 1 6 H1(aq) # 3 Br2(aq) 1 3 H2O(l)
Ene-6
C 5
H-2
Um estudo cinético dessa reação em função das concentrações dos reagentes foi efetuado, e os dados obtidos estão listados na
tabela a seguir.
Exp. [BrO23 ]inicial (mol ? L21) [Br2]inicial (mol ? L21) [H1]inicial (mol ? L21) Velocidade (mol ? L21 ? s21)
1 0,10 0,10 0,10 1,2 · 1023
2 0,20 0,10 0,10 2,4 · 1023
3 0,20 0,30 0,10 7,2 · 1023
4 0,10 0,10 0,20 4,8 · 1023

Considerando as observações experimentais, pode-se concluir que a lei de velocidade para a reação é:
a) v 5 k [BrO23 ] [Br2] [H1] c) v 5 k [BrO23 ]2 [Br2]6 [H1]4 e) v 5 k [BrO23 ] [Br2] [H1]2
b) v 5 k [BrO3 ] [Br ] [H ]
2 2 5 1 6
d) v 5 k [BrO3 ] [Br ] [H ]
2 2 3 1 2

RESOLUÇÃO:
A taxa de desenvolvimento da reação pode, genericamente, ser expressa por:
Td 5 k [BrO32]a ? [Br2]b ? [H1]g
Quando se dobra a concentração de bromato (BrO23 ) – experiências 1 e 2 – a taxa de desenvolvimento da reação dobra. Portan-
to, a 5 1.
Quando se triplica a concentração de brometo (Br2) – experiências 2 e 3 – a taxa de desenvolvimento da reação dobra. Portan-
to, b 5 1.
Quando se dobra a concentração de hidrogênio (H1) – experiências 1 e 4 – a taxa de desenvolvimento da reação quadruplica.
Portanto, g 5 2.
A equação da taxa de desenvolvimento da reação é, portanto: Td 5 k [BrO23 ] [Br2] [H1]2
Alternativa e.

PARA CONSTRUIR

((UEL-PR) O ozônio próximo à superfície é um poluente muito perigoso, pois causa sérios problemas respiratórios e também ataca
m
Ene-7
C 5
as plantações através da redução do processo da fotossíntese. Um possível mecanismo que explica a formação de ozônio nos
H-2
grandes centros urbanos é através dos produtos da poluição causada pelos carros, representada pela equação química a seguir:
NO2(g) 1 O2(g) # NO(g) 1 O3(g)
Estudos experimentais mostram que essa reação ocorre em duas etapas:
Com base na etapa lenta da
Luz
I. NO2(g) —# NO(g) 1 O (lenta) reação, a equação da velocidade
é expressa por: v 5 k [NO2].
II. O2(g) 1 O # O3(g) (rápida)
De acordo com as reações apresentadas, a lei da velocidade é dada por: b
a) v 5 k [O2] [O] c) v 5 k [NO2] 1 k [O2] [O] e) v 5 k [O3]
b) v 5 k [NO2] d) v 5 k [NO] [O3]

90 Termoquímica
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TAREFA PARA CASA


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PARAPARA PRATICAR
PRATICAR 2 (Unirio-RJ) Num laboratório foram efetuadas diversas expe-
m riências para a reação:
Ene-7
C 4
1 (Ufla-MG) A amônia (NH3) é de grande importância na fabrica- H2
-
2 H2(g) 1 2 NO(g) # N2(g) 1 2 H2O(g)
m
Ene-7
ção de fertilizantes. Ela pode ser obtida a partir de hidrogênio m Com os resultados das velocidades iniciais obtidos, montou-
C 5 Ene-6
H2
- (H2) e nitrogênio (N2). A lei de velocidade para essa reação é: C 5
H-2 -se a seguinte tabela:
v 5 k [H2]3 ? [N2]
Exper. [H2] [NO] v (mol ? L21 ? s21)
Quando a concentração de hidrogênio é duplicada e a con-
centração de nitrogênio é triplicada, mantendo-se constante 1 0,10 0,10 0,10
a temperatura, é correto afirmar que:
2 0,20 0,10 0,20
a) a velocidade final não é alterada.
b) a velocidade final é 24 vezes a velocidade inicial. 3 0,10 0,20 0,40
c) a velocidade final é 6 vezes a velocidade inicial. 4 0,30 0,10 0,30
d) a velocidade final é 18 vezes a velocidade inicial.
e) a velocidade final é 54 vezes a velocidade inicial. 5 0,10 0,30 0,90

2 (Unirio-RJ) Baseando-se na tabela anterior, podemos afirmar que a lei de


m O anúncio da construção de uma usina termelétrica a velocidade para a reação é:
Ene-7
C 6
H -2 carvão na ilha da Madeira, município de Itaguaí, Baixada a) v 5 k ? [H2]
Fluminense, acendeu a luz amarela para o que pode repre- b) v 5 k ? [NO]
sentar um novo problema ambiental para o estado do Rio c) v 5 k ? [H2] [NO]
de Janeiro. A consequência mais grave seria a chuva ácida, d) v 5 k ? [H2]2 [NO]
além da emissão de gases que atacam a camada de ozônio. e) v 5 k ? [H2] [NO]2
(JB, 2001)
3 (UFRJ) O aspartame é um adoçante usado em bebidas lác-
A qualidade da água da chuva pode variar em função do
tipo de carga poluidora e das condições meteorológicas. O m teas dietéticas. A reação de degradação do aspartame nessas
Ene-5
C 7
dióxido de nitrogênio é um dos principais poluentes da at- H-1 bebidas apresenta cinética de primeira ordem em relação a
mosfera. A reação entre o dióxido de nitrogênio e o ozônio, sua concentração. O gráfico a seguir relaciona a velocidade
encontrado na troposfera, foi estudada a 231 K. A experiência de degradação do aspartame com a concentração, nas tem-
mostrou que a reação é de primeira ordem em relação ao peraturas de 4 °C e 20 °C.
dióxido de nitrogênio e ao ozônio. 0,75
Velocidade de degradação [mg/(L · h)]

2 NO2(g) 1 O3(g) # N2O5(g) 1 O2(g) 20 °C


Escreva a equação de velocidade da reação. 4 °C
0,50
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR

1 (UFRJ) A hidrazina (N2H4) é utilizada, junto com alguns dos 0,25


m seus derivados, como combustível sólido nos ônibus espa-
Ene-7
C 4
H-2 ciais. Sua formação ocorre em várias etapas:
I. NH3(aq) 1 OCl2(aq) # NH2Cl(aq) 1 OH2(aq) (rápida) 0,00
II. NH2Cl(aq) 1 NH3(aq) # N2H15 (aq) 1 Cl2(aq) (lenta) 200 180 160 140 120 100
III. N2H15 (aq) 1 OH2(aq) # N2H4(aq) 1 H2O(l) (rápida) Concentração de aspartame (mg/L) FRENTE B

Indique a opção que contém a expressão da velocidade para


a reação de formação da hidrazina. Dois frascos A e B têm a mesma concentração inicial de
a) v 5 k [NH2Cl] [NH3] aspartame, 200 mg/L, mas o primeiro está armazenado a
QUÍMICA

b) v 5 k [NH3] [OCl2] 20 °C e o segundo a 4 °C.


c) v 5 k [NH3]2 [OCl2] Determine a razão entre as constantes de velocidade da
d) v 5 k [N2H4] [Cl2] [H2O] reação de degradação do aspartame nos frascos A e B. Jus-
e) v 5 k [NH2Cl] [OH2] tifique a sua resposta.

Termoquímica 91
CAPÍTULO

18 Exercícios sobre a lei


da ação das massas

Objetivo:
EXERCÍCIO RESOLVIDO
c Exercitar os conceitos
associados à lei da
ação das massas. m (UFRGS-RS) O tempo de meia-vida é definido como o tempo necessário para que a con-
Ene-7
C 4
H2
- centração inicial de reagente seja reduzida à metade. Uma reação química do tipo A # B
tem a concentração do reagente A e a velocidade instantânea de decomposição monito-
m
Ene-6 radas ao longo do tempo, resultando na tabela abaixo.
C 5
H2
-

t (min) [A] (mol ? L21) v (mol ? L21 ? min21)

0 1,20 0,0832
5 0,85 0,0590
10 0,60 0,0416
15 0,42 0,0294
20 0,30 0,0208

A ordem dessa reação e o tempo de meia-vida do reagente A são, respectivamente,


a) ordem zero, 5 minutos. d) segunda ordem, 5 minutos.
b) primeira ordem, 5 minutos. e) segunda ordem, 10 minutos.
c) primeira ordem, 10 minutos.

RESOLUÇÃO:
A tabela mostra (comparando os dados para os tempos: 20 minutos, 10 minutos e 0) que
quando a concentração de A cai pela metade a velocidade também cai pela metade.
Portanto: v 5 k [A] (reação de primeira ordem)
tempo: 0 [A] 5 1,20 mol/L
Tempo de meia-vida: 10 minutos
tempo: 10 min [A] 5 0,60 mol/L
Alternativa c.

PARA CONSTRUIR

m
((UEL-PR) O processo de remoção de enxofre em refinarias de petróleo é uma prática que vem sendo cada vez mais realizada com
Ene-7
C 6
H-2
o intuito de diminuir as emissões de dióxido de enxofre de veículos automotivos e o grau de envenenamento de catalisadores
utilizados. A dessulfurização é um processo catalítico amplamente empregado para a remoção de compostos de enxofre, e que
consiste basicamente na inserção de hidrogênio.
A reação química do composto etanotiol é mostrada a seguir.
C2H5SH(g) 1 H2(g) # C2H6(g) 1 H2S(g)

92 Termoquímica
a) Suponha que a reação de dessulfurização seja realizada b) Considerando que a velocidade média da reação de
em laboratório, na presença de concentrações diferen- dessulfurização, em certo intervalo de tempo, é de
tes de etanotiol e hidrogênio, conforme quadro a seguir. 10 mol/s em relação ao etanotiol, determine a velocida-
de da reação em relação ao gás sulfídrico dada em g/s,
[Etanotiol] [Hidrogênio] Velocidade inicial
Experiências no mesmo intervalo de tempo.
(mol/L) (mol/L) (mol/min)
Para 1 mol de etanotiol consumido há 1 mol de gás sulfídrico
1 2 1 4
que se forma. Portanto, o gás sulfídrico se forma na mesma taxa
2 2 2 8 com que o etanotiol é consumido: 10 mol/s.
3 3 6 8 1 mol H2S 34 g
4 6 6 16 10 mol H2S x
x 5 340 g
Com base nos dados apresentados nessa tabela, deter- Td 5 340 g H2S/s
mine a lei da velocidade e a ordem da reação.
Td 5 k [C2H5SH]a ? [H2]b
Comparando a experiência 2 com a experiência 1 observa-se que, quando
a concentração de hidrogênio é dobrada, a taxa de desenvolvimento da
reação também é dobrada. Portanto, b 5 1. Comparando a experiência 4
com a experiência 3 observa-se que, quando a concentração de etanotiol
é dobrada, a taxa de desenvolvimento da reação também é dobrada.
Portanto, a 5 1.
Lei da taxa de desenvolvimento da reação:
Td 5 k [C2H5SH] [H2]
Ordem da reação: a 1 b 5 2.

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PARA PRATICAR
.

1 (UFPR) Diagramas de energia fornecem informações importantes, tanto termodinâmicas quanto em relação ao mecanismo de
m reação, pois permitem determinar o número de etapas reacionais, a presença de intermediários e ainda reconhecer qual etapa é
Ene-5
C 7
H1
- mais lenta. A lei de velocidade é determinada pela etapa lenta da reação. A seguir são fornecidos diagramas de energia para três
reações hipotéticas.

R
Energia

Energia

Energia

R
R
P P P

Caminho da reação Caminho da reação Caminho da reação


(I) (II) (III)

a) Para cada diagrama de energia, indique se a reação libera (exergônica) ou absorve (endergônica) energia.
b) Para cada diagrama de energia, indique se a reação ocorre em uma ou mais etapas. Nesse último caso, indique quantas etapas
e qual etapa determinará a lei de velocidades.
FRENTE B
2 (Uerj) A reação química entre o gás hidrogênio e o monóxido de nitrogênio, representada a seguir, foi analisada em duas séries de
m experimentos.
Ene-7
C 4
H-2 2 H2(g) 1 2 NO(g) # N2(g) 1 2 H2O(g)
QUÍMICA

m
Ene-6
Na primeira série, a velocidade de reação foi medida em função da concentração de hidrogênio, mantendo-se a concentração de
C 5
H-2 monóxido de nitrogênio constante em 1 mol ? L21. Na segunda série, determinou-se a velocidade em função da concentração de
monóxido de nitrogênio, mantendo-se a concentração de hidrogênio constante em 1 mol ? L21. Os resultados dos experimentos
estão apresentados nos gráficos a seguir.

Termoquímica 93
6 b) Para estudar a cinética de decomposição desse compos-

Velocidade (mol ? L21 ? min21)


[NO] 5 1 mol ? L21
5 to, um estudante preparou duas amostras:
4
Amostra I – Contém somente KClO3;
Amostra II – Contém uma mistura de KClO3 com catalisa-
3
dor, MnO2.
2 Cada uma dessas amostras foi colocada em um cadinho de
1 cerâmica e, em seguida, ao mesmo tempo, os dois cadinhos
0 foram aquecidos.
0 0,5 1 1,5 2 Neste gráfico, estão indicadas as variações de massa observa-
[H2]
das durante o aquecimento das duas amostras:
25
12
Velocidade (mol ? L21 ? min21)

[H2] 5 1 mol ? L 21

9
20

Massa/grama
15
3

0 10
0 0,5 1 1,5 2 Curva A
[NO]
Curva B
5
Determine a ordem de reação de cada um dos reagentes e
calcule o valor da constante cinética.
0
0 4 8 12
PARA APRIMORAR
Tempo/minuto

(UFMG – Adaptada) O composto clorato de potássio, KClO3,


(U Indique a curva que representa a variação da massa da
m
Ene-5
C 7 quando aquecido, decompõe-se, produzindo cloreto de po- Amostra I. Justifique sua resposta.
H-1
tássio e oxigênio molecular. c) Indique se as massas de KClO3 presentes nas duas amos-
a) Escreva a equação química balanceada que representa a tras são iguais ou diferentes. Considere que, nas duas
decomposição do clorato de potássio. amostras, a reação foi completa. Justifique sua indicação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLINGER, N. L. et al. Química Orgânica. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1978.
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna. São Paulo: Bookman, 2006.
BRADY, J. E.; HUMISTON, G. E. Química geral. Rio de Janeiro: LTC, 1986. v. I-II.
BRUCE, P. Y. Química Orgânica. Rio de Janeiro: Prentice Hall Brasil, 2006. v. 1-2.
BUENO, W. A.; LEONE, F. de A. Química geral. São Paulo: McGraw-Hill, 1978.
CHAGAS, A. P. Como se faz Química: uma reflexão sobre a Química e a atividade do químico. 2. ed. Campinas:
Editora da Unicamp, 1992.
EBBING, D. D. Química geral. Rio de Janeiro: LTC, 1998. v. I.
KOTZ, J. C.; TREICHEL JR., P. Química e reações químicas. Rio de Janeiro: LTC, 1998. v. 1-2.
LEE, J. D. Química inorgânica não tão concisa. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1996.
LOURENÇO, M. G. Química, ciências físico-químicas. Porto: Porto Editora, 1996.
MCMURRY, J. Química Orgânica: combo. Rio de Janeiro: LTC, 2004. v. 1-2.
MORRISON, R. T.; BOYD, R. N. Química Orgânica. 13. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
PERRY, R. H.; GREEN, D. W. Perry’s Chemical Engineer’s Handbook. 6. ed. Kansas: McGraw-Hill, 1984.
(Chemical Engineering Series)
PIMENTEL, G. C. (Org.). Química: uma ciência experimental. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
1963.
ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. Introdução à Química ambiental. Porto Alegre: Bookman, 2004.
SNYDER, C. H. The Extraordinary Chemistry of Ordinary Things. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 1995.
SPENCER, J. N.; BODNER, G. M.; RICKARD, L. H. Química: estrutura e dinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

94 Termoquímica
MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

1 ção. Isso cria grande dificuldade de manuseio”, afirma o quí-


[...] A partir de 21 de setembro de 2001, além de informa- mico Cláudio Di Vitta, da Universidade de São Paulo (USP).
ções gerais, os fabricantes de alimentos começam a disponibi- Para torná-la mais segura, a substância passou a ser misturada
lizar os produtos com as seguintes informações: valor calórico, com outros componentes. Assim foi criada, em 1867, a dina-
carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, mite, o explosivo mais utilizado até hoje para demolição e es-
colesterol, fibra alimentar, cálcio, ferro e sódio. cavações de canais, estradas e túneis. Daí vêm os milhões de
Os rótulos têm que apresentar informações nutricionais dólares distribuídos anualmente aos ganhadores do mais im-
na quantidade que podemos consumir, e, além disso, mostrar portante prêmio científico mundial, que leva o nome do inven-
quanto aquela porção de alimento contribui para o total de tor da dinamite, o químico sueco Alfred Nobel. Ele misturou a
nutrientes que devemos ingerir por dia, ou seja, o Percentual nitroglicerina a um tipo de terra rica em fósseis, chamada
de Valor Diário – %VD. kieselguhr, encartuchada em bananas, como são chamados os
[...] cilindros de papel parafina que contêm o explosivo.
Confira as informações nutricionais do leite integral: GORZONI, P. P. Como funcionam os explosivos? Superinteressante.
Disponível em: <http://super.abril.com.br/ciencia/como-funcionam-
explosivos-443357.shtml>. Acesso em: 6 abr. 2015. Adaptado.
Informação nutricional
Porção de 200 mL/1 copo 2 A instabilidade da nitroglicerina pode ser relacionada: b
a) Ao valor elevado e positivo da energia de Gibbs, que torna a
Quantidade por porção % VD (*)
reação espontânea.
Valor calórico 130 kcal 5% b) À baixa energia de ativação relacionada à reação de combus-
tão da nitroglicerina.
Carboidratos 10 g 3%
c) À característica de substâncias puras.
Proteínas 7g 14% d) À sua característica como reação endotérmica.
Gorduras totais 8g 10% e) À alta energia de ativação relacionada à reação de combustão
da nitroglicerina.
Gorduras saturadas 5g 20%
Colesterol 30 mg 10% 3 Sobre as reações de combustão é incorreto afirmar que: c
a) São reações de oxirredução.
Fibra alimentar 0g 0% b) Estão associadas com a transferência de elétrons.
Cálcio 245 mg 31% c) São reações endotérmicas.
d) São reações exotérmicas.
Ferro Quantidade não significativa 0% e) A queima do papel é um exemplo de reação de combustão e o
Sódio 100 mg 4% processo não acontece espontaneamente devido à alta ener-
* Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2 500 calorias. Fonte: USDA. gia de ativação do processo.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Rotulagem nutricional obrigatória: manual de 4 A vida só é possível graças à ação das enzimas. Uma série de rea-
orientação aos consumidores. Disponível em: <www.anvisa.gov.br/alimentos/
ções químicas acontece em nosso organismo incessantemente
rotulos/manual_rotulagem.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2015.
a cada segundo. A maioria das enzimas são proteínas, exceto um
Tendo como base os valores diários de referência, qual é a por- pequeno grupo de moléculas de RNA. Elas têm a capacidade de
centagem de energia que os carboidratos presentes no leite for- catalisar as reações.
necem ao organismo? d
É correto afirmar sobre as enzimas: b
Dado: 1 g de carboidrato = 4 kcal a) Como todo catalisador, elas são consumidas nas reações.
a) 2,8% c) 6,25% e) 3% b) Elas são capazes de aumentar a velocidade das reações quími-
b) 40% d) 1,6%
cas que ocorrem nos organismos vivos.
Texto para as questões 2 e 3. c) As enzimas aumentam a energia de ativação de uma reação.
“O problema da nitroglicerina é que ela é altamente instá- d) As enzimas diminuem a energia de ligação dos produtos.
vel, a ponto de explodir com o mínimo calor, contato ou fric- e) Ela transforma uma reação exotérmica em endotérmica.

95
QUADRO DE IDEIAS
Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Carvalho
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Termoquímica Reações Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
químicas Tayra Alfonso, Vanessa Lucena.
Edição de Arte: Kleber de Messas
Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Entropia Fernando Vivaldini
Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
Energia Taxa de Ilustrações: IPaulo Manzi

livre de Gibbs desenvolvimento Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita


Guedes
Entalpia de uma reação Colaboraram para esta Edição do Material:
Projeto Sistema SESI de Ensino
Gestão do Projeto: Thiago Brentano
Reações Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
exotérmicas e Espontaneidade Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane
endotérmicas da reação Botelho e Valdete Reis
Revisão: Juliana Souza
Condições
Diagramação: lab 212
para que uma Capa: lab 212
Energia reação ocorra Ilustração de capa: Aurielaki/ Golden Sikorka/
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ativação Coordenação: Dr. João Filocre
Catalisadores, Química: Dra. Marciana Almendro David
inibidores e SESI DN
veneno de reação Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi
Ramacciotti
Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira
Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
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Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de


1 a 12 : exatas, biológicas : aluno. -- 2. ed.
-- São Paulo : Ática, 2017.

Vários autores.

1. Biologia (Ensino médio) 2. Física (Ensino


médio) 3. Matemática (Ensino médio) 4. Química
(Ensino médio).

16-08187 CDD-373.19

Índice para catálogo sistemático:


1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino médio 373.19
2016
ISBN 978 85 08 18346 3 (AL)
ISBN 978 85 08 18352 4 (PR)
2ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação

96 Termoquímica
BIOLOGIA FRENTE A

Wilson Roberto Paulino

OS SERES VIVOS: A CLASSIFICAÇÃO DOS


SERES VIVOS, OS VÍRUS E OS REINOS
MONERA, PROTOCTISTA E FUNGI
1 A biodiversidade e o sistema de classificação
dos seres vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Biosfera, porção da Terra onde a vida se desenvolve . . . .5
A espécie como unidade básica de classificação
dos seres vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
Mundo vivo: apresentação dos reinos . . . . . . . . . . . . . .12
2 Os vírus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Características gerais dos vírus . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
A reprodução dos vírus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
A importância dos vírus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
Principais viroses humanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
3 Reino Monera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
A estrutura celular no reino Monera . . . . . . . . . . . . . . .37
Bactérias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
Arqueas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
4 Reino Protoctista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 FRENTE A
Protozoários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Algas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68
5 Reino Fungi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
BIOLOGIA

Características gerais dos fungos . . . . . . . . . . . . . . . . .80


Principais grupos de fungos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80
A reprodução dos fungos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82
Associações mutualísticas: liquens e micorrizas . . . . . .83
2137687 (AL) A importância dos fungos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
1. Resposta pessoal.

MÓDULO 2. Resposta pessoal. Nesta questão, os alunos provavelmente poderão


indicar vacinações contra viroses, por exemplo, a poliomielite, o sarampo
e a caxumba.
Os seres vivos: a classificação
dos seres vivos, os vírus e os reinos
Monera, Protoctista e Fungi

Vírus da gripe espanhola. Ampliação não fornecida.


SCIENCE SOURCE/PHOTORESEARCHERS/LATINSTOCK
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM

A gripe espanhola ficou assim conhecida devi-


do ao número de mortos relativamente grande
na Espanha. As estimativas do número de mor-
tes causadas pela gripe espanhola em todo o
mundo, entre 1918 e 1919, variam entre 20 mi-
lhões e 40 milhões.
1 Viroses são doenças causadas por vírus. A gri-
pe espanhola é um exemplo de virose. Cite
dois exemplos de viroses que você ou pes-
soas da sua família já tiveram.
2 Você já foi vacinado(a) contra alguma virose?
Qual(is)?

www.sesieducacao.com.br
CAPÍTULO

1
A biodiversidade e o
sistema de classificação
dos seres vivos
Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos: Biosfera é a porção da Terra biologicamente habitada. Biodiversidade é o termo usado para de-
signar o conjunto de espécies de seres vivos existentes na Terra ou em determinada região do planeta.
c Reconhecer a espécie O Cerrado, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Pantanal Mato-Grossense são exemplos
como unidade básica
de regiões biodiversas encontradas no Brasil, isto é, regiões que apresentam condições ambientais
de classificação dos
que favorecem o desenvolvimento de grande número de espécies de seres vivos.
seres vivos.
Ao longo de sua trajetória no planeta, o ser humano aprendeu que a prática de classificar seres
c Identificar e diferenciar vivos e objetos facilita o estudo deles e permite que esse conhecimento seja compartilhado entre as
as categorias pessoas, constituindo um método eficiente de comunicação. No caso dos seres vivos, em 1758 se
taxonômicas. chegou a um sistema universal de classificação: o sistema binominal (ou binomial) de nomenclatura,
elaborado pelo médico e botânico sueco Carl von Linné (1707-1778), ou simplesmente Lineu, como
c Reconhecer o é mais conhecido entre nós.
sistema binomial O ramo da Biologia que estuda a classificação dos seres vivos é a taxonomia ou taxionomia
de classificação (do grego taxis, “ordem”; nomos, “lei”).
dos seres vivos e as
regras básicas de

SPL/LATINSTOCK
nomenclatura. A

c Identificar e diferenciar
os reinos em que os
seres vivos podem ser
agrupados.
WAYNE LYNCH/ALAMY/LATINSTOCK

Fig. 1 – (A) Aspecto do Pantanal e (B) um tuiuiú, ave-símbolo desse ecossistema brasileiro. Com
aproximadamente 230 mil km2, o Pantanal Mato-Grossense abriga uma notável biodiversidade.
Em sua exuberante fauna, incluem-se aves como tuiuiús, biguatingas, maguaris, colhereiros,
tucanos e araras.

4
BIOSFERA, PORÇÃO DA TERRA ONDE A VIDA SE
DESENVOLVE
A biosfera estende-se desde as mais altas montanhas até os profundos abismos oceânicos, em
uma faixa de 17 a 18 km de espessura. Comparada ao diâmetro da Terra – 13 mil km aproximada-
mente –, a biosfera constitui uma película relativamente fina, que abriga todas as espécies de seres
vivos existentes no planeta.
A biodiversidade representa um valioso patrimônio que fascina os pesquisadores e requer a
adoção de medidas eficazes para preservação.
O Brasil, como vimos, é privilegiado em regiões biodiversas. O país contém, por exemplo, a
maior floresta tropical do mundo – a floresta Amazônica: sua maior parte (aproximadamente 60%)
encontra-se em território brasileiro (fig. 2).

MARTIN WENDLER/PHOTOSHOT/LATINSTOCK
Fig 2 – Aspecto da floresta Amazônica.

A ESPÉCIE COMO UNIDADE BÁSICA DE


CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
O cão doméstico é popularmente chamado de dog em inglês, de hund em alemão e de chien
em francês, considerando apenas alguns idiomas, além do português. Mas, cientificamente, esse ani-
mal tem apenas um nome, que permite o reconhecimento imediato em qualquer parte do mundo:
Canis familiaris.
O uso de um nome científico para cada espécie constitui padronização universal, que evita
possíveis confusões geradas pela existência de termos populares variados que diferentes regiões po-
deriam aplicar a essa espécie.
A espécie foi adotada como unidade básica de classificação dos seres vivos. Uma espécie pode
ser conceituada como um grupo de organismos que, em geral, originam descendentes férteis após o
cruzamento e que, em condições naturais, encontram-se reprodutivamente isolados de organismos
FRENTE A
de outras espécies. Organismos de espécies diferentes, quando se cruzam, normalmente não geram
descendentes; quando isso ocorre, os descendentes de modo geral são estéreis. Esse conceito de
espécie não se aplica a espécies que se reproduzem somente de maneira assexuada.
BIOLOGIA

Das espécies aos reinos


O gato-maracajá, encontrado na Mata Atlântica, por exemplo, pertence à espécie Leopardus
wiedii; o gato-do-mato-pequeno, o menor dos pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence à espé-
cie Leopardus tigrinus; e a jaguatirica, o maior entre os pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence
à espécie Leopardus pardalis (fig. 3).

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 5
Todos os animais citados, embora pertençam a espécies diferentes – já que não são capazes
de cruzar entre si gerando descendentes férteis –, têm características bastante semelhantes e fazem
parte do mesmo gênero: Leopardus. Do mesmo modo, leões (Panthera leo), tigres (Panthera tigris) e
onças-pintadas (Panthera onca) são animais pertencentes a espécies diferentes, mas são do mesmo
gênero: Panthera.

SPL/LATINSTOCK

CARVER MOSTARDI/ALAMY/LATINSTOCK
A B

Fig. 3 – (A) A jaguatirica (Leopardus pardalis) e (B) o gato-maracajá (Leopardus wiedii) são animais
de espécies diferentes, mas pertencem ao mesmo gênero: Leopardus.

Os animais dos gêneros Leopardus, Panthera, Felis (exemplo: Felis catus, o gato doméstico) e
Puma (exemplo: Puma concolor, a onça-parda ou suçuarana) têm certas características comuns e
relativamente próximas; por isso todos eles pertencem à mesma família: Felidae (fig. 4).
D. ROBERT FRANZ/ROLFNP/ALAMY/LATINSTOCK

SPL/LATINSTOCK
A B

Fig. 4 – (A) A suçuarana ou onça-parda (Puma concolor) e (B) a onça-pintada (Panthera onca),
felinos silvestres encontrados no Brasil, são animais de espécies e gêneros diferentes, mas
pertencem à mesma família: Felidae.

6 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Muitas outras famílias de animais poderiam ser consideradas. A família Canidae, por exemplo,
engloba animais como o cão (Canis familiaris) e o lobo (Canis lupus). Os felídeos e os canídeos
têm certas características que permitem a essas duas famílias – e outras como a Ursidae (ursos) e
a Hyaenidae (hienas) – se enquadrarem na mesma ordem: Carnivora (fig. 5).

MINT IMAGES/ALAMY/LATINSTOCK
BERND ZOLLER/ALAMY/LATINSTOCK
A B

Fig. 5 – (A) O tigre


(Panthera tigris) e (B) o
cão doméstico (Canis
familiaris) são animais
de espécies, gêneros e
famílias diferentes, mas
pertencem à mesma
ordem: Carnivora.

Ordens diferentes podem ser agrupadas em uma classe. Felídeos, canídeos, roedores (pacas,
ratos, capivaras), primatas (seres humanos, chimpanzés, gorilas) e cetáceos (baleias, golfinhos), entre
outros exemplos, são animais portadores de glândulas mamárias; por isso, são agrupados na mesma
classe: Mammalia (mamíferos). Veja a figura 6.
LATINSTOCK/© FRANS LANTING/CORBIS/LATITUDE BY CORBIS

BLICKWINKEL/LINKE/ALAMY/LATINSTOCK
A B

FRENTE A
BIOLOGIA

Fig. 6 – (A) A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e (B) o gorila (Gorilla gorilla) são
animais de espécies, gêneros, famílias e ordens diferentes, mas pertencem à mesma
classe: Mammalia.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 7
Os mamíferos – assim como as aves, os répteis, os anfíbios e os peixes – são animais que apre-
sentam durante a fase embrionária um eixo de sustentação denominado notocorda. Por isso, esses
animais pertencem ao mesmo filo: Chordata (fig. 7).

SPL/LATINSTOCK

EDUARDO MARIANO RIVERO/ALAMY/LATINSTOCK


A B

Fig. 7 – (A) A paca (Agouti paca) e (B) o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus) são animais
que vivem na Mata Atlântica. São de espécies, gêneros, famílias, ordens e classes diferentes, mas
pertencem ao mesmo filo: Chordata.

O filo dos cordados, com o dos equinodermos (exemplo: estrela-do-mar), dos artrópodes
(exemplo: insetos), dos anelídeos (exemplo: minhoca) e dos moluscos (exemplo: ostras), entre ou-
tros, constituem o reino Animalia (reino animal).
Pelo que foi descrito, pode-se concluir que:

várias Em relação às categorias taxonômicas, a espécie humana é classificada da seguinte maneira:


ESPÉCIES Reino Animalia ou Metazoa
podem se agrupar num mesmo Filo Chordata
Subfilo Craniata
GÊNERO Classe Mammalia
vários gêneros numa mesma
Ordem Primates
Família Hominidae
FAMÍLIA
Gênero Homo
várias famílias numa mesma
Espécie Homo sapiens

ORDEM
Na taxonomia das plantas, costuma-se usar o termo divisão, em vez de filo, embora esses
várias ordens numa mesma termos sejam correspondentes. Assim, veja como o arroz pode ser classificado:
Reino Plantae ou Metaphyta
CLASSE Divisão Magnoliophyta ou Angiospermae
várias classes num mesmo
Classe Liliopsida ou Monocotyledoneae
Ordem Poales ou Graminales
FILO
Família Poaceae ou Gramineae
vários filos num mesmo
Gênero Oryza
Espécie Oryza sativa
REINO

8 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
EXEMPLOS DE DIVERSAS CATEGORIAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS

MASPI/ARQUIVO DA EDITORA
Espécie: Panthera onca

Família: Felidae
Agrupamento de vários gêneros

Gênero: Panthera
Agrupamento de várias espécies

Ordem: Carnivora

Agrupamento de várias famílias

Classe: Mammalia
Agrupamento de várias ordens

FRENTE A
Filo: Chordata
Agrupamento de várias classes
BIOLOGIA

Reino: Animalia ou Metazoa


Agrupamento de vários filos

Fig. 8 – Exemplos de diversas categorias de classificação dos seres vivos.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 9
As competências e habilidades do Enem estão indicadas em questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique aos alunos que a utilidade
deste “selo” é indicar o número da(s) competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja área de conhecimento está diferenciada por cores (Lin-
guagens: laranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Matemática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência do Enem está
disponível no portal.

PARA CONSTRUIR

1 O cavalo doméstico (macho) e a égua (fêmea) pertencem à 4 Observe a foto.


espécie Equus caballus. O jumento e a jumenta são da espécie

FABIO COLOMBINI
m m
Ene-4 Ene-4
C 4 C 4
H-1 Equus asinus. Cavalo e jumenta, ou égua e jumento, podem H-1
se acasalar e gerar descendentes: mulas e mulos. Mas esses
m
descendentes são estéreis, não são capazes de se reproduzir. Ene-5
C 7
H-1
Responda: Por que cavalos/éguas e jumentos/jumentas per-
m
tencem a espécies diferentes, se são capazes de se reprodu- Ene-7
C 1
H-2
zir, gerando descendentes?
Para que organismos sejam considerados da mesma espécie, não
basta que sejam capazes de se reproduzir, gerando descendentes.
É preciso que esses descendentes sejam férteis. Mulos e mulas são
estéreis, daí cavalos/éguas e jumentos/jumentas pertencerem a
espécies diferentes.
Açaizeiro da Amazônia.
Euterpe oleracea é um açaizeiro da região amazônica. De seu
fruto, pode ser obtido um suco conhecido como “vinho de
açaí”. Essa planta, pertencente à família Arecaceae, fornece
um palmito comestível, que pode ser comercializado em
2 Considere a sequência abaixo, referente aos níveis de classifi- conservas. O caule dessa palmeira é utilizado como ripas em
cação dos seres vivos: construções rústicas.
Espécie → X → Família → Y → Classe → Z → Reino Outros exemplos de espécies de plantas pertencentes a essa
Identifique as categorias taxonômicas representadas pelas família são: Euterpe edulis (palmito-juçara, comum na Mata
letras X, Y e Z. Atlântica) e Roystonea oleracea (palmeira-imperial, originária
da região do Caribe).
X = gênero; Y = ordem; Z = filo.
a) Há maior grau de parentesco entre Euterpe oleracea
e Euterpe edulis ou entre Euterpe oleracea e Roystonea
oleracea? Justifique sua resposta.
3 (Enem) Os Bichinhos e O Homem (Arca de Noé, Toquinho & Há maior grau de parentesco entre Euterpe oleracea e Euterpe
m Vinicius de Moraes) edulis, plantas de espécies diferentes, mas pertencentes ao
Ene-7
C 7
H1
-
Nossa irmã, a mosca/ É feia e tosca mesmo gênero (Euterpe). Já Euterpe oleracea e Roystonea
m Enquanto que o mosquito/ É mais bonito oleracea pertencem a espécies e gêneros diferentes.
Ene-4
C 4
H-1 Nosso irmão besouro/ Que é feito de couro
Mal sabe voar
Nossa irmã, a barata/ Bichinha mais chata b) A Euterpe oleracea tem vários nomes populares, de acordo
É prima da borboleta/ Que é uma careta com a língua e o país. Essa palmeira pode ser chamada,
Nosso irmão, o grilo/ Que vive dando estrilo entre outros exemplos, de açaí-do-pará, em português;
Só pra chatear pinot e manicole, em francês; manacá e uassi, em espa-
MORAES, V. de. A arca de Noé: poemas infantis. São Paulo: nhol. Justifique o uso do nome científico Euterpe oleracea
Companhia das Letrinhas, 1991.
para identificar universalmente essa palmeira.
O poema acima sugere a existência de relações de afinidade
O uso do nome científico permite a padronização universal
entre os animais citados e nós, seres humanos.
do nome de uma espécie, o que evita prováveis confusões
Respeitando a liberdade poética dos autores, a unidade taxo-
nômica que expressa a afinidade existente entre nós e esses geradas pela existência de inúmeras designações populares
animais é: b que diferentes regiões poderiam aplicar a uma mesma espécie.
a) o filo.
b) o reino.
c) a classe. 5 (UFPE) Analise o seguinte esquema como representativo das
d) a família. principais categorias sistemáticas, partindo de reino, e iden-
e) a espécie. tifique a alternativa correta que descreve e caracteriza tais

10 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
categorias. Para efeito de simplificação, cada categoria só c) Organismos anatomicamente semelhantes, que convi-
m
Ene-4
está representada por um subconjunto. d vem em um mesmo hábitat e apresentam o mesmo tipo
C 4
H-1 de reprodução, são classificados em uma mesma família,
m
que está representada pela figura C.
Ene-5 Reino
C 7
H-1
d) A figura B representa uma classe, que é constituída por
uma ou mais ordens.
A
B e) Espécie compreende organismos morfofisiologicamente
semelhantes, capazes de cruzarem-se naturalmente entre
C
D E F si, gerando descendentes férteis; está representada pela
figura E.

6 Entre os insetos que vivem na Floresta Amazônica, vamos


considerar certos besouros gorgulhos, que podem ser en-
contrados em flores do açaizeiro (Euterpe oleracea). Esses gor-
gulhos pertencem à família Curculionidae, mas podem ser de
gêneros diferentes, como Andranthobius e Derelomus. Com
a) As categorias representadas são: A, filo; B, ordem; C, famí- base nessas informações, identifique as categorias taxonômi-
lia; D, classe; E, gênero; F, espécie. cas comuns e não comuns aos insetos desses dois gêneros.
b) Filo congrega organismos com características morfológi-
Categorias taxonômicas comuns: família, ordem, classe, divisão e
cas, fisiológicas e comportamentais semelhantes e está
representado pela figura B. reino. Categorias taxonômicas não comuns: gênero e espécie.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 6 Para aprimorar: 1 a 6

Regras de nomenclatura
Considerando o sistema binominal (ou binomial) de nomenclatura, também chamado nomen-
clatura binária, estabelecido por Lineu, que adota a espécie como unidade básica de classificação,
devem ser observadas as seguintes regras de nomenclatura:

Regra Exemplos
1. O nome da espécie deve ser escrito em latim, grifado ou em O nome científico da anta, animal mamífero encontrado

JSPIX/ALAMY/LATINSTOCK
tipo itálico. É obrigatória a presença de, no mínimo, dois em algumas regiões do Brasil, é Tapirus terrestris (fig. 9).
termos: o primeiro indica o gênero (que deve ser escrito Pode-se concluir daí que esse animal pertence ao gênero
com inicial maiúscula) e o segundo refere-se à espécie Tapirus e à espécie Tapirus terrestris (e não à espécie
(que deve ser escrito com inicial minúscula). O termo que terrestris). Sendo o nome científico da nossa espécie Homo
designa a espécie deve sempre ser precedido do gênero e sapiens, então pertencemos ao gênero Homo e à espécie
não pode ser escrito de forma isolada. Homo sapiens (e não à espécie sapiens).
2. Nos casos em que o nome da espécie faz referência a uma O nome do protozoário causador da doença de Chagas é
pessoa, a inicial do segundo termo pode ser escrita com Trypanosoma cruzi. Mas como o termo cruzi se refere ao
letra maiúscula, embora normalmente seja escrita com médico brasileiro Oswaldo Cruz (1879-1934), o nome
letra minúscula. científico pode também ser escrito Trypanosoma Cruzi.
3. Quando se trata de subespécies, o nome indicativo deve Rhea americana intermedia, uma das subespécies de ema.
ser escrito sempre com inicial minúscula e depois do nome
da espécie. FRENTE A

4. Nos casos de subgênero, o nome deve ser escrito com inicial Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi (um mosquito).
maiúscula, entre parênteses e depois do nome do gênero.
BIOLOGIA

5. O nome da família deve ser escrito com letra inicial Felidae (felinos), Canidae (cães e lobos), Ursidae (ursos),
maiúscula e, geralmente, com o sufixo idae, no caso dos Bovidae (bois e cabras, por exemplo), Hominidae (ser humano
Fig. 9 – Anta ou tapir (Tapirus terrestris).
animais. Para as plantas, o sufixo empregado para designar e macacos); Rosaceae (roseira), Magnoliaceae (magnólia), Quando adulto, esse animal mede
a família é aceae. Euphorbiaceae (seringueira), Malvaceae (algodoeiro). aproximadamente 2 m de comprimento
e tem cerca de 250 kg.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 11
MUNDO VIVO: APRESENTAÇÃO DOS REINOS
Os sistemas de classificação mais difundidos distribuem os seres vivos em cinco grandes reinos.

Os critérios básicos de classificação


Para a classificação dos seres vivos em cinco grandes reinos, foram utilizados os seguintes
critérios:
tipo de organização celular: define os seres vivos em procariontes ou eucariontes, isto é, se são
destituídos ou possuidores de membrana nuclear e organelas membranosas em suas células;
número de células: considera se os seres vivos são unicelulares ou multicelulares;
tipo de nutrição: indica se os organismos são autótrofos ou heterótrofos; esse critério também
considera a maneira pela qual os heterótrofos obtêm alimento: se por absorção ou por ingestão
do material orgânico disponível.

Os cinco grandes reinos


O sistema de Whittaker
De acordo com os critérios de classificação mencionados, o biólogo estadunidense Robert H.
Whittaker (1924-1980) sugeriu, em 1969, um sistema de classificação em que os seres vivos foram
divididos nos seguintes reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia.
Observe no quadro a seguir as características básicas dos seres vivos que compõem cada um
desses reinos.

Reino Características

Monera Abrange todos os organismos unicelulares e procariontes, como as bactérias.

Protista Compreende os organismos unicelulares e eucariontes, como os protozoários e certas algas.


Compreende todos os fungos, que podem ser uni ou multicelulares e são organismos eucariontes
Fungi
e heterótrofos por absorção.
Abrange os organismos multicelulares, eucariontes e autótrofos. Nesse reino, também conhecido
como reino das plantas, incluem-se: certas algas multicelulares; as briófitas (como musgos e
Plantae ou Metaphyta
hepáticas); as pteridófitas (como samambaias e avencas); as gimnospermas (como pinheiros e
sequoias); as angiospermas (como ipês, limoeiros, feijão, milho).

Compreende os organismos multicelulares, eucariontes e heterótrofos, em geral, por ingestão.


Animalia ou Metazoa
Esse reino abrange todos os animais, desde os poríferos até os mamíferos.

O sistema de Margulis e Schwartz


Na década de 1980, as biólogas estadunidenses Lynn Margulis e Karlene Schwartz sugeriram um
sistema de classificação também em cinco reinos, mas com algumas diferenças em relação ao sistema
proposto por Whittaker. Segundo as biólogas, os seres vivos foram divididos nos seguintes reinos:

Reino Características

Monera Compreende os seres unicelulares e procariontes, representados pelas bactérias e arqueas.

Protoctista Abrange basicamente os protozoários e as algas, sejam elas uni ou multicelulares.


Fungi Inclui os fungos.
Compreende as plantas, que são seres eucariontes, multicelulares, autótrofos e formadores
Plantae
de embriões, cujo desenvolvimento depende de nutrientes fornecidos pela planta-mãe.
Compreende os animais, seres eucariontes, multicelulares e heterótrofos, com
Animalia
representantes que vão desde os poríferos até os mamíferos.

12 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Observe que, em relação ao sistema de classificação proposto por Whittaker, o sistema sugerido

POELZER WOLFGANG/ALAMY/LATINSTOCK
por Margulis e Schwartz inclui todas as algas, uni ou multicelulares, em um único reino, que foi de-
nominado Protoctista. As algas multicelulares não formam embriões cujo desenvolvimento depende
dos nutrientes fornecidos pelo organismo materno. Esses embriões se formam nos componentes
do reino Plantae, de acordo com o sistema sugerido por essas biólogas. Assim, nessa classificação, as
algas multicelulares foram retiradas do reino das plantas e incluídas no reino dos protoctistas (fig. 10).
A classificação em domínios
Em alguns sistemas de classificação criou-se uma categoria taxonômica superior à dos reinos,
chamada domínio. E como os estudos recentes têm mostrado que bactérias e arqueas, embora uni-
celulares e procariontes, são evolutivamente mais distantes entre si do que se imaginava, sugeriu-se
classificar os seres vivos em três grandes domínios:
Domínio Bacteria: compreende todas as bactérias.
Domínio Archaea: compreende todas as arqueas.
Domínio Eukarya: abrange todos os eucariontes (protoctistas, fungos, plantas e animais).
Outros sistemas de classificação dos seres vivos têm sido propostos. Adotaremos o sistema Fig. 10 – Ulva, exemplo de alga
idealizado por Lynn Margulis e Karlene Schwartz, na década de 1980, mas você verá que alguns multicelular do grupo das clorófitas.
testes e questões de vestibular utilizam o sistema de classificação sugerido por Robert H. Whittaker,
em 1969. Qualquer que seja o sistema adotado, considera-se que o mais importante é reconhecer
os principais grupos de seres vivos e as características que permitem classificá-los em determinada
categoria taxonômica.

Classificação dos seres vivos e parentesco evolutivo


A taxonomia é o ramo da biologia que identifica, atribui nomes científicos e classifica os seres vivos em categorias hierárquicas
diversas, cuja categoria básica é a espécie.
No processo de classificação dos seres vivos em grupos, os pesquisadores procuram compreender e estabelecer o grau de paren-
tesco evolutivo entre os organismos que formam esses grupos. Para tanto, utilizam-se de evidências evolutivas diversas, que podem
incluir, por exemplo, o estudo de fósseis, o estudo comparado da anatomia, da fisiologia e do material genético dos organismos, além
de aspectos comportamentais e moleculares que possam contribuir para a classificação dos seres estudados.
A filogenia (do grego phylon, “raça”; e génesis, “origem”, “geração”) estuda as relações evolutivas de um grupo de seres vivos, procu-
rando identificar suas relações ancestrais entre espécies viventes ou extintas. Essas relações filogenéticas podem então ser representadas
por meio de diagramas na forma de árvores filogenéticas ou de cladogramas.
Nas árvores filogenéticas, o termo árvore se deve ao fato de essas representações gráficas de parentesco evolutivo serem orga-
nizadas por linhas que se bifurcam, à semelhança de ramos de uma árvore. Nelas, quando um ramo se divide em dois ou mais novos
ramos, significa que um determinado grupo taxonômico separou-se em dois ou mais novos grupos. Veja o exemplo de uma árvore
filogenética, que reúne algumas espécies de felinos (fig. 11).
Pantera-nebulosa-de-Bornéu
Leopardo-das-neves

Neofelis nebulosa
Pantera Nebulosa
Panthera pardus

Panthera uncia
Panthera tigris
Panthera onca

Neofelis diardi
Panthera leo

Leopardo

Onça
Leão

Tigre

Hoje
1
2 3 FRENTE A
3
4 2
BIOLOGIA

5
Fig. 11 – Árvore filogenética de
6 algumas espécies de felinos.
1
O’BRIEN, S.; JOHNSON, W. A. Evolução dos gatos.
Scientific American Brasil, ano 6, n. 63, ago. 2007. p. 56-63.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 13
A árvore filogenética acima indica que:
todas as espécies consideradas têm um ancestral comum: a espécie ancestral 1.
a espécie 1 deu origem a duas novas espécies: a espécie 2 e a espécie 3.
a espécie 2 deu origem a duas outras espécies: uma delas originou leões (Panthera leo), leopardos
(Panthera pardus) e onças (Panthera onca); a outra originou tigres (Panthera tigris) e leopardos-
-das-neves (Panthera uncia). O ancestral que deu origem a leões, leopardos e onças originou duas
espécies: uma deu origem a leões e leopardos e a outra deu origem a onças.
o ancestral 3 originou duas espécies de pantera-nebulosa.
Assim, com base no compartilhamento de um ancestral comum mais recente, pode-se concluir que:
os felinos do gênero Panthera são mais aparentados entre si do que dos felinos do gênero Neofelis,
e vice-versa. Observe que os felinos do gênero Panthera compartilham um ancestral comum mais
recente (ancestral 2), enquanto os do gênero Neofelis compartilham outro ancestral comum mais
recente (ancestral 3).
Seguindo o mesmo raciocínio, pode-se deduzir que leões, leopardos e onças são mais aparentados
entre si do que com tigres e leopardos-das-neves e vice-versa.
Leões e leopardos são mais aparentados entre si do que são com onças.
A cladística, proposta pelo biólogo alemão Willi Henning (1913-1976), é atualmente o método
da sistemática filogenética cada vez mais aceito entre os cientistas. De acordo com essa abordagem,
incluem-se num mesmo grupo, denominado grupo monofilético, somente os organismos que te-
nham um ancestral comum exclusivo.
Na análise cladística, consideram-se as chamadas características primitivas e derivadas de um
grupo de organismos. As características primitivas são aquelas herdadas de um ancestral comum ex-
clusivo; as características derivadas são as “novidades evolutivas” verificadas num determinado grupo.
Um cladograma é uma representação gráfica que procura mostrar as relações de parentesco
evolutivo entre diferentes espécies ou grupos de espécies, podendo indicar as características deri-
vadas que permitiram a classificação. Os “nós” ou pontos onde os ramos se ligam correspondem
ao processo em que uma espécie ancestral origina novas espécies ou novos grupos de seres vivos; a
partir desses nós, os novos grupos passam a compartilhar as características derivadas, que podem
ser indicadas nos ramos do cladograma.
Vamos então considerar um exemplo: os vertebrados e, dentre eles, os mamíferos. Os verte-
brados constituem um grupo monofilético que herdou de um ancestral comum exclusivo a coluna
vertebral; logo, a coluna vertebral é uma característica primitiva dos vertebrados. Mas, glândulas
mamárias e pelos só aparecem nos mamíferos, constituindo “novidades evolutivas” exibidas por esses
seres. Assim, glândulas mamárias e pelos são características derivadas, já que, entre os vertebrados,
só aparecem nos mamíferos. Observe então o cladograma simplificado dos vertebrados (fig. 12).

Agnatos Condrictes Osteíctes Anfíbios Répteis Aves Mamíferos


(lampreias) (tubarões) (sardinhas) (sapos) (serpentes) (pássaros) (cães)

Glândulas mamárias e pelos


Fig. 12 – Cladograma simplificado dos
vertebrados. O cladograma indica que Ramo
maxilas são novidades evolutivas que
Ancestral comum a anfíbios e répteis
existem em condrictes, osteíctes, anfíbios,
répteis, aves e mamíferos. E glândulas
Ancestral comum a osteíctes e anfíbios
mamárias e pelos são novidades evolutivas
que só existem em mamíferos. As
novidades evolutivas observadas somente Nó
nos organismos de um determinado grupo Maxilas
são chamadas apomorfias.

É importante, porém, ressaltar que árvores filogenéticas e cladogramas não representam con-
clusões definitivas sobre a história evolutiva dos organismos estudados. Esses diagramas são baseados
em certos aspectos dos organismos estudados e podem ser alterados à medida que avançam os
conhecimentos científicos.

14 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
PARA CONSTRUIR

7 Segundo o sistema binomial de nomenclatura, como devem Atualmente, os seres vivos são classificados em cinco reinos:
m ser escritos os termos indicativos do gênero, da espécie e da 1. Monera (bactérias e cianofíceas)
Ene-5
C 4
H-1 subespécie? 2. Protistas (algas e protozoários)
3. Fungi (fungos)
O termo indicativo do gênero deve ser escrito com a letra inicial
4. Animalia (animais)
maiúscula; o termo indicativo da espécie deve ser escrito depois 5. Plantae (plantas)
do gênero e com inicial minúscula; o que indica a subespécie deve
a) As três formas da figura (procarioto, eucarioto A e eucario-
ser escrito depois do nome da espécie e com inicial minúscula. to B) deram origem aos cinco reinos acima. Identifique os
reinos originados de cada uma dessas três formas. Justifi-
que sua resposta.
8 Uma pessoa leu numa revista os seguintes nomes cientí-
Procarioto: deu origem ao reino Monera, formado por seres
ficos para um mosquito e para uma rã, respectivamen-
te: Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi e Rana esculenta unicelulares e procariontes; eucarioto A: originou os protistas
marmorata. Sabendo que o mosquito e a rã considerados heterótrofos, o reino dos fungos e o reino dos animais, pois
pertencem, respectivamente, às espécies Anopheles darlingi todos eles são eucariontes e heterótrofos; eucarioto B: originou
e Rana esculenta, a que se referem os termos Nyssorhynchus os protistas autótrofos (algas) e o reino das plantas, pois
e marmorata? Justifique sua resposta.
esses seres são eucariontes e autótrofos fotossintetizantes.
O termo Nyssorhynchus refere-se ao subgênero do mosquito em
questão. Assim, deve ser escrito entre parênteses e com inicial
maiúscula. O termo marmorata refere-se à subespécie; por isso, b) Com base nos dados da figura, qual seria a melhor carac-
terística para separar procariotos e eucariotos? Justifique
é escrito depois do nome da espécie e com inicial minúscula.
sua resposta.
Os procariontes são destituídos de núcleo delimitado por
9 (UFMG) A partir de conhecimentos sobre as regras de no- membrana, ao contrário do que se verifica entre os seres
menclatura zoológica, responda a esta questão: eucariontes.
Com qual das fêmeas citadas o macho de Anopheles
(Nyssorhynchus) triannulatus pode cruzar e produzir descen-
dentes férteis, através de várias gerações? b 11 (Fatec-SP) A figura a seguir representa uma árvore filogenética,
a) Anopheles (Nyssorhynchus) aquasalis m
Ene-7
referente à classificação dos seres vivos em cinco reinos, bem
C 1
b) Anopheles (Nyssorhynchus) triannulatus davisi H-2 como alguns seres vivos pertencentes a cada um desses reinos.
c) Anopheles (Nyssorhynchus) albitarsis domesticus

REPRODUÇÃO/<WWW.MUNDOBIOLOGIA.COM/2014/05/05/
OS-REINOS-DE-SERES-VIVOS-RESUMO.HTML>
m
Ene-4
d) Anopheles (Nyssorhynchus) brasiliensis C 4
H-1
e) Anopheles (Nyssorhynchus) intermedius
m
Ene-5
10 (UFRJ) A vida surgiu na Terra há mais de 3 bilhões de anos. C 7
H-1

m
Ene-5
Uma das primeiras formas de vida foram os procariotos pri-
C 7
H-1 mitivos, que eram organismos unicelulares, formados por
uma membrana e protoplasma. Esses procariotos, através
m
Ene-7
C 1 do tempo, foram incorporando DNA, mitocôndrias, alguns
H2
-
incorporaram núcleo e outros incorporaram cloroplastos,
como mostra o esquema a seguir.

FRENTE A
DNA
Núcleo DNA Mitocôndria DNA Mitocôndria BIOLOGIA

Núcleo
Procarioto Eucarioto A Eucarioto B
Cloroplasto

Pensando nas características de alguns seres representados


Procarioto primitivo na árvore filogenética, é correto afirmar que o reino: e

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 15
a) Animalia agrupa os seres vivos unicelulares e multicelula- Lêmures
res, organizados em vertebrados e invertebrados. m
Ene-5
C 7 Macacos do Velho Mundo
b) Fungi é formado por seres vivos autótrofos, como cogu- H-1

melos e bolores. Macacos do Novo Mundo

c) Protoctista reúne algas e protozoários, exclusivamente Gibões


multicelulares.
Orangotangos
d) Monera inclui as bactérias, que não têm núcleo nem ma-
terial genético. Gorilas

e) Plantae agrupa seres vivos multicelulares, clorofilados e Chimpanzés


eucariontes.
Seres humanos

12 (Fuvest-SP) Examine a árvore filogenética a seguir: c


m
Ene-5 Com base na análise dessa árvore filogenética, assinale a al-
C 7
H-1 ternativa correta. e

ar
ra -m
a) O grupo formado pelos lêmures é o mais recente, porque
ixe io

o
Pe oár

O a-d
Pr ria

Es ro

divergiu há mais tempo de um ancestral comum.


oz

ia

l
é

tre

l
ss

ra
ct

le
ot

st
Co
Ba

Ba

b) Os chimpanzés apresentam maior proximidade filogené-


tica com os gorilas do que com os humanos.
c) Os gorilas compartilham um ancestral comum mais re-
cente com os gibões do que com o grupo formado por
chimpanzés e seres humanos.
d) Os gorilas são os ancestrais comuns mais recentes do gru-
po formado por chimpanzés e seres humanos.
e) Os macacos do Velho Mundo e do Novo Mundo apresen-
tam grande proximidade filogenética entre si.
Esperamos encontrar maior semelhança entre genes de: c
a) Bactéria e protozoário. d) Estrela-do-mar e ostra.
b) Peixe e baleia. e) Ostra e coral. Roteiro de Estudos
c) Baleia e pássaro.
Acesse o Material Complementar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto.
13 (UEL-PR) A árvore filogenética, representada a seguir, foi
construída com base nas comparações de DNA e proteínas.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 7 a 10 Para aprimorar: 7 a 10

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

a) Mamíferos.
PARA PRATICAR
b) Carnívoros.
m
Ene-4 c) Felídeos.
1 (UFBA) O conjunto de indivíduos semelhantes e capazes de
C 4
H-1 d) Panthera.
intercruzarem-se, produzindo descendentes férteis, define, e) Panthera leo.
biologicamente:
3 (Unirio-RJ) Se reunirmos as famílias Canidae (cães), Ursidae
a) comunidade.
(ursos), Hyaenidae (hienas) e Felidae (leões), veremos que to-
b) família.
dos são carnívoros, portanto, pertencem à(ao) mesma(o):
c) gênero.
a) espécie.
d) espécie.
b) ordem.
e) clone.
c) subespécie.
2 (FCMSCSP) Qual dos seguintes grupos contém a menor va- d) família.
riedade de organismos? e) gênero.

16 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
4 (Udesc) O cão doméstico (Canis familiaris), o lobo (Canis a) Animalia.
lupus) e o coiote (Canis latrans) pertencem a uma mesma b) Metaphyta.
categoria taxonômica. Esses animais fazem parte de um(a) c) Protista.
mesmo(a):
d) Monera.
a) gênero.
e) dos vírus.
b) espécie.
c) subespécie.
9 (UEPG-PR) São representantes do reino Monera:
d) raça.
e) variedade. a) os fungos, as algas e as bactérias.
m
Ene-4 b) as bactérias e as arqueas.
C 4
5 (UFPA) Na classificação biológica, as ordens se constituem
H-1

m pela união de: c) os protozoários e as bactérias.


Ene-5
C 7
H-1 a) gêneros. d) os vírus e as bactérias.
b) classes. e) todos os organismos unicelulares.
c) filos.
d) famílias. 10 (UFPA) Organismos eucariotos, com mitocôndrias, sem cloro-
e) Nenhuma das anteriores. plastos, com nutrição heterotrófica por ingestão, são classifi-

6 (UFPB) No quadro abaixo, estão elencados os gêneros e as cados no reino:


famílias a que pertencem diferentes mamíferos da Ordem a) Monera.
Carnivora. b) Animalia.
c) Fungi.
RAPOSA COIOTE CÃO LOBO URSO d) Plantae.
Gênero Urocyon Canis Canis Canis Ursus e) Protista.

Família Canidae Canidae Canidae Canidae Ursidae


PARA APRIMORAR
Da análise do quadro, espera-se que o maior grau de seme-
lhança seja encontrado entre: 1 (UFPA) Quando dois organismos pertencem à mesma classe,
a) Cães, ursos e raposas. d) Cães, raposas e coiotes. obrigatoriamente devem pertencer:
b) Raposas e cães. e) Ursos, cães e lobos.
c) Coiotes, cães e lobos. a) à mesma ordem.
m
Ene-4 b) à mesma família.
C 4
7 (Unisa-SP) Com base nas regras de nomenclatura, indique a
H-1
c) à mesma espécie.
alternativa incorreta.
a) Homo sapiens. d) ao mesmo gênero.
b) Trypanosoma cruzi. e) ao mesmo filo.
c) Rana esculenta marmorata.
d) Rhea americana americana. 2 (Cesgranrio-RJ) As categorias taxonômicas em zoologia são
e) Anopheles Nyssurhynchus darlingi. ordenadas, de modo ascendente, da seguinte forma:

8 (Unisinos-RS) Um aluno, ao observar os seres vivos micros- a) espécie, gênero, ordem, família, classe e filo.
cópicos de um charco, verifica a grande quantidade de se- b) filo, classe, família, ordem, gênero, espécie.
res eucariontes unicelulares, coloniais ou não, e, com a ajuda c) filo, ordem, classe, família, gênero, espécie.
da bibliografia, consegue identificar um microrganismo do FRENTE A
d) filo, classe, ordem, família, gênero, espécie.
gênero Euglena, que apresenta características tanto animais
e) espécie, gênero, família, ordem, classe e filo.
como vegetais, sendo autotróficos ou heterotróficos, depen-
BIOLOGIA

dendo da presença ou ausência de luz, e deslocando-se atra-


3 (PUC-SP) O diagrama a seguir mostra as principais categorias
vés do movimento de um flagelo.
taxonômicas a que pertencem o cão e o gato.
Considerando o sistema de classificação de Whittaker (1969),
o aluno concluirá, pelas características observadas, que tal or- A análise do diagrama permite dizer que os dois animais são
ganismo pertence ao reino: incluídos na mesma categoria até:

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 17
Chordata
6 (UPE) Na lista oficial de espécies ameaçadas da fauna brasilei-
m
Ene-7
ra, na categoria vulnerável, incluem-se nossos gatos nativos
C 1
H-2 não domesticados:
Mammalia
m
Ene-4
C 4
H1
- Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) – Nome popular:
Carnivora
gato-do-mato. Categoria de ameaça: Vulnerável; UF:
m
Ene-5
C 7
AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB,
H-1
Canidae Felidae
PE, PI, PR, RJ, RN, RR, RS, SE, SC, SP, TO
Leopardus wiedii (Schinz, 1821) – Nome popular: gato-
Canis Felis
-maracajá. Categoria de ameaça: Vulnerável; UF: AC,
AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PI, PR, RJ,
Canis familiaris Felis catus RO, RR, RS, SC, SP, TO
a) classe. Oncifelis colocolo (Molina, 1810) – Nome popular: gato-
b) família. -palheiro. Categoria de ameaça: Vulnerável; UF: BA, DF,
c) filo. GO, MG, MS, MT, PI, RS, SP, TO
d) gênero.
Em relação ao sistema de classificação biológica e às regras
e) ordem.
de nomenclatura, assinale a alternativa correta.
4 (Vunesp) No ano de 1500, os portugueses já se referiam ao a) Por serem gatos, as três espécies citadas anteriormente
Brasil como “Terra dos Papagaios”, incluindo nessa designa- m
pertencem à mesma categoria taxonômica: classe Felideae.
Ene-5
ção os papagaios, araras e periquitos. Essas aves pertencem C 7
H-1
b) Leopardus tigrinus e Leopardus wiedii pertencem aos mes-
a uma mesma família da ordem Psittaciformes. Entre elas, m
mos gênero e ordem, não podendo fazer parte da mesma
Ene-1
podem-se citar: C 1
H-
família.
m
c) No grupo mencionado, estão catalogadas três espécies e
Araras Papagaios Periquitos Ene-7
C 1
H-2
dois gêneros diferentes de felinos.
m
Ene-5
C 7 Papagaio- Periquito-de- d) Oncifelis colocolo representa uma espécie diferente de
H-1 Arara-vermelha gato nativo, enquanto Leopardus tigrinus e Leopardus
-verdadeiro -cabeça-azul
(Ara chloroptera) wiedii são raças diferentes de uma mesma espécie.
(Amazona aestiva) (Aratinga acuticaudata)
e) Tigrinus é o nome da espécie de gato nativo com maior
Papagaio-da-
Arara-canga Periquito-rei distribuição geográfica no grupo citado.
-cara-roxa
(Ara macau) (Aratinga aurea)
(Amazona brasiliensis) 7 Determine as características comuns aos componentes dos rei-
Papagaio-chauá Periquito-da- nos Metaphyta e Metazoa. Depois estabeleça a diferença básica
Arara-canindé
(Amazona -caatinga entre eles.
(Ara ararauna)
rhodocorytha) (Aratinga cactorum)
8 (Cesgranrio-RJ) Há mais de dez milhões de tipos de organis-
O grupo de aves relacionadas compreende: mos na biosfera. Desde Aristóteles, os cientistas buscam os
a) 3 espécies e 3 gêneros. princípios para organizar essa imensa diversidade. Atualmen-
b) 9 espécies e 3 gêneros. te existem cinco reinos. Indique a alternativa que apresenta a
m
Ene-4
C 4 c) 3 espécies de uma única família. sequência dos reinos exemplificados nos esquemas abaixo.
H-1
d) 9 espécies de um mesmo gênero.
e) 3 espécies de uma única ordem.

5 (UFBA) No diagrama ao lado, em que se exemplifica esquema-


ticamente o sistema de classificação dos seres vivos em grupos
inclusivos, I representa espécie e III representa família. II corres-
ponde à representação de: 1 2 3 4 5
I
a) uma classe.
II a) Fungi, Monera, Metaphyta, Protista, Metazoa.
b) um filo.
c) um gênero. b) Monera, Protista, Fungi, Metaphyta, Metazoa.
d) uma subespécie. c) Protista, Fungi, Metaphyta, Metazoa, Monera.
e) uma ordem. III d) Metazoa, Metaphyta, Monera, Protista, Fungi.
e) Fungi, Protista, Monera, Metazoa, Metaphyta.

18 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
9 (UTFPR) O nome científico não fornece apenas uma identidade para um organismo, fornece também pistas acerca de suas rela-
ções com outros organismos. Os fungos estão em todos os lugares do planeta. Muitos fungos são de grande importância para nós,
como o Penicillium notatum, responsável pela produção da penicilina, o Penicillium roqueforti e o Penicillium camemberti, responsá-
veis por aparência, sabor, odor e textura dos queijos Roquefort e Camembert, respectivamente. Também encontramos fungos nos
processos de fermentação, como o Saccharomyces cerevisiae, na fermentação da cerveja, e o Aspergillus oryzae, na fermentação do
saquê. O Aspergillus flavus e o Aspergillus parasiticus são fungos produtores de micotoxinas, como as aflatoxinas, que são potentes
agentes causadores de câncer de fígado.
m
Ene-7
C 1
H-2 O texto acima destaca a importância de se classificar corretamente os fungos. Entre as alternativas a seguir, é incorreto afirmar
que:
m
Ene-4 a) Penicillum notatum, Penicillium roqueforti, Penicillum camemberti pertencem à mesma espécie, Penicillium.
C 4
H-1
b) Aspergillus oryzae, Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus pertencem ao mesmo gênero, Aspergillus.
m
Ene-5
c) Saccharomyces cerevisiae e Aspergillus oryzae pertencem a gêneros diferentes.
C 7
H-1 d) Os organismos citados no texto pertencem ao reino Fungi.
e) Penicillum notatum, Penicillium roqueforti, Penicillum camemberti pertencem à mesma família.

10 (FCMMG) Analise o esquema abaixo.

3 4 5
Plantas com
sementes
Artrópodes

Fungos
Anelídeos

Vertebrados
Musgos

Equinodermas

Platelmintos Moluscos

Samambaias

Cnidários
Algas
vermelhas, Poríferos
pardas e
verdes

Protozoários

2
Euglena (alga unicelular)

Bactérias
1

a) Indique, de acordo com o esquema, os nomes dos reinos de cada grupo de organismos apresentados de 1 a 5. FRENTE A
b) Com relação aos organismos dos reinos 1 e 2, cite uma semelhança e uma diferença entre eles.
c) Qual a principal diferença entre os organismos dos reinos 3 e 5, em relação à capacidade de obtenção de alimentos?
BIOLOGIA

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 19
CAPÍTULO

2 Os vírus

Objetivos: Os vírus (do latim virus, “veneno” ou “toxina”) medem, em geral, de 20 a 300 nanômetros. Um na-
nômetro (símbolo: nm) equivale a 0, 000001 mm ou 1 milionésimo de milímetro. Assim, os vírus, em sua
c Reconhecer as maioria, podem ser observados somente com o uso de microscópios eletrônicos. Mas, há alguns anos,
características gerais
foram descobertos certos tipos de vírus que podem ser, também, observados ao microscópio óptico.
dos vírus.
Os vírus são capazes de provocar doenças em moneras, protoctistas, fungos, plantas e animais;
c Compreender essas doenças são genericamente chamadas de viroses.
o processo de Neste capítulo, você vai estudar alguns aspectos associados à estrutura e à reprodução dos vírus,
reprodução dos vírus. além das principais doenças que eles causam nos seres vivos.

c Identificar as principais

CAVALLINI JAMES/ BSIP/ALAMY/LATINSTOCK

SPL/LATINSTOCK
A B
viroses humanas, sua
forma de transmissão
e medidas de
prevenção.

Fig. 1 – Exemplos de vírus: (A) um dos vírus


da gripe que provoca infecções no sistema
respiratório (ampliação não fornecida) e (B)
um dos vírus Ebola causador de grave febre
hemorrágica (ampliação não fornecida).
(Imagens obtidas por microscópio eletrônico
e coloridas artificialmente.)

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS VÍRUS


Os vírus são constituídos basicamente por uma cápsula proteica, também conhecida como
capsídeo, que abriga em seu interior, em geral, apenas um tipo de ácido nucleico: DNA ou RNA. Os
vírus que provocam nos seres humanos a catapora, a hepatite B e o herpes simples labial e genital
são portadores de DNA; já os causadores da gripe, do sarampo e da dengue são exemplos de vírus
que têm RNA (fig. 2).
Destituídos de membrana plasmática, citosol, organelas citoplasmáticas e núcleo, os vírus não
possuem organização celular. Além disso, não apresentam metabolismo próprio e se reproduzem
apenas no interior de células vivas. Penetrando em uma delas, reproduzem-se em seu interior utilizan-
do a energia, substâncias diversas e organelas da célula hospedeira. Por isso, são considerados parasitas
intracelulares obrigatórios. Quando estão fora de células vivas, permanecem inativos, podendo até
mesmo formar cristais.

20 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Há cientistas que não consideram os vírus seres vivos, por serem destituídos de metabolismo
próprio e permanecerem inativos quando fora de uma célula hospedeira. Outros consideram os vírus
seres vivos, por possuírem ácido nucleico e serem capazes de se reproduzir, ainda que à custa da célu-
la hospedeira. Os vírus não são inseridos em nenhum dos cinco reinos descritos no capítulo anterior.

Proteína

MASPI/ARQUIVO DA EDITORA
Cabeça
DNA

Cápsula
com RNA

Espiral de
proteína Cauda

Vírus da gripe
Vírus
bacteriófago Fig. 2 – Esquema de vírus bacteriófago (vírus que
parasita bactéria) e de vírus da gripe.

A REPRODUÇÃO DOS VÍRUS

LEE SIMON/SPL/PHOTO RESEARCHERS INC.


No estudo do ciclo reprodutivo dos vírus, utilizaremos como exemplo os bacteriófagos ou
fagos, vírus parasitas de certas bactérias (fig. 3).
Quando um bacteriófago entra em contato com uma bactéria hospedeira, acopla-se a ela por
meio da cauda e perfura a membrana celular. Então, o ácido nucleico viral – nesse caso, o DNA – é
injetado no interior da bactéria, de modo que a cápsula proteica permanece fora da célula. Uma vez
no interior da bactéria, o DNA do bacteriófago passa a interferir no metabolismo celular, orientando a
síntese de novos ácidos nucleicos virais, à custa da energia e dos componentes bioquímicos da bactéria.
Vírus

Ácido nucleico (DNA)


MASPI/ARQUIVO DA EDITORA

Cápsula de proteína

Bactéria

DNA viral
Fig. 3 – Vírus bacteriófagos atacando
Cápsula uma bactéria. Eles injetam seu material
1 proteica genético no interior da bactéria,
vazia deixando a cápsula proteica fora da célula
Cromossomo
bacteriano
bacteriana. As áreas escuras no interior
da bactéria correspondem a novos
2
vírus em formação. (Imagem obtida
por microscópio eletrônico e colorida
6
artificialmente; ampliação de 70 mil
3 vezes.)
5 FRENTE A
4
Fig. 4 – Esquema da reprodução de um
bacteriófago. Os vírus se reproduzem somente
BIOLOGIA

no interior de uma célula viva: não possuem


ribossomos para a síntese das próprias
proteínas nem enzimas capazes de viabilizar a
1. Vírus em contato com a célula hospedeira 4. Síntese de cápsulas proteicas produção das proteínas e dos ácidos nucleicos.
2. Injeção do DNA viral 5. Produção de unidades virais
Assim, para sua reprodução utilizam o
3. Multiplicação do DNA viral 6. Lise da bactéria e liberação de novos vírus
equipamento bioquímico da célula hospedeira.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 21
Paralelamente, e ainda utilizando o arsenal bioquímico da célula hospedeira, o ácido nuclei-
co viral orienta a síntese de outras moléculas, como proteínas, que basicamente organizam novas
cápsulas proteicas. Em cada cápsula abriga-se um DNA viral, configurando a formação de um novo
vírus. No fim do processo, formam-se vários novos vírus (fig. 4). As novas unidades virais promovem,
então, a ruptura ou lise da membrana bacteriana e são liberadas, podendo infectar outra célula e
começar um novo ciclo.
Em vários casos, os vírus penetram totalmente no interior da célula hospedeira. É o que se
verifica, por exemplo, quando os vírus da gripe infectam células que revestem as vias respiratórias
humanas: o vírus adere à membrana da célula hospedeira e penetra inteiramente no citoplasma, onde
libera moléculas de RNA. Então, esses ácidos nucleicos migram para o interior do núcleo da célula e
passam a se reproduzir, iniciando o processo de formação de novos vírus.

A IMPORTÂNCIA DOS VÍRUS


Os vírus atuam como parasitas de seres vivos diversos, como bactérias, plantas e animais. Podem
causar várias doenças nos seres humanos e provocar danos à agricultura e à pecuária, parasitando
plantas cultivadas e animais de criação.
O mosaico comum do feijoeiro é um exemplo das várias doenças causadas por vírus em plantas;
as folhas das plantas podem se apresentar enroladas e com lesões diversas, entre outros sintomas.
A cinomose é uma das principais doenças causadas por vírus em cães
NATURE COLLECTION/ALAMY/LATINSTOCK

domésticos, além de lobos, raposas e outros carnívoros silvestres. Entre os


sintomas dessa doença incluem-se distúrbios gastrointestinais (diarreias, vô-
mitos), febre, convulsões e paralisias musculares.
Os vírus apresentam elevada especificidade de hospedeiros, que vêm sendo
objeto de pesquisas diversas. Assim, várias espécies de vírus são atualmente empre-
gadas no combate a certos insetos daninhos à agricultura. É o caso do Baculovirus
anticarsia, um tipo de vírus que parasita e mata as lagartas-da-soja (fig. 5), insetos
que se alimentam das folhas da planta, comprometendo seu desenvolvimento.
Essa técnica de combate a espécies indesejáveis aos interesses humanos
Fig. 5 – Lagarta-da-soja: daninha à agricultura, pode ser combatida utilizando os inimigos naturais – como os parasitas, por exemplo – é chama-
com a utilização de vírus. da controle biológico.

PARA CONSTRUIR

1 Em relação aos vírus:


m
Ene-4 a) identifique duas características exclusivas desses seres, ou seja, características que não são verificadas nos demais seres vivos.
C 4
H-1
Ausência de organização celular e de metabolismo próprio.

b) diversos pesquisadores consideram os vírus como formas rudimentares de vida. Assim, são por eles considerados seres vivos,
ainda que destituídos de metabolismo próprio. Explique por quê.
Devido à presença de material genético e à capacidade de reprodução, ainda que somente no interior de células vivas.

c) explique por que eles são considerados parasitas intracelulares obrigatórios.


Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios porque se reproduzem necessariamente no interior de células vivas, utilizando para tanto o
equipamento bioquímico da célula hospedeira.

2 “Os vírus reproduzem-se no interior de células vivas. Mas nem sempre eles penetram ‘inteiros’ na célula que infectam; parte deles
pode permanecer fora da célula hospedeira”.
Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.
Sim. Muitas vezes, apenas o material genético é injetado no interior da célula hospedeira: a cápsula de proteína permanece fora da célula.

22 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
3 Uma pessoa fez as seguintes afirmações sobre os vírus:
m
Ene-1 I. geralmente os vírus são visualizados com o uso de microscópios eletrônicos.
C 1
H- II. parasitam apenas células animais.
m III. não possuem organização celular, mas são seres metabolicamente ativos mesmo quando se encontram fora de um organismo
Ene-4
C 4
H1
- que pode ser por eles parasitado.
Você concorda com todas essas afirmações? Por quê?
Não. A afirmação II está errada porque os vírus podem parasitar outros seres, além dos animais, como plantas e bactérias. A afirmação III também
está errada; está certo que os vírus não possuem organização celular, mas eles não têm metabolismo próprio e permanecem inertes quando estão
fora de uma célula viva.

4 (Fuvest-SP) Bacteriófagos foram tratados com fósforo e enxofre radiativos. Sabendo que o fósforo se incorpora ao DNA e que o en-
m xofre se incorpora às proteínas virais, que tipo de radiatividade você espera encontrar no interior de uma célula hospedeira desses
Ene-4
C 4
H-1 vírus? Por quê?
Como o vírus injeta o DNA na célula hospedeira, deve-se encontrar em seu interior o fósforo radiativo. Já o enxofre, que se incorpora às proteínas,
permanece fora da célula, uma vez que a cápsula proteica normalmente não penetra na célula parasitada.

5 (Fuvest-SP) Com o objetivo de promover a reprodução de certo vírus bacteriófago, um estudante incubou vírus em meio de cul-
tura esterilizada, que continha todos os nutrientes necessários para o crescimento de bactérias. Ocorrerá a reprodução dos vírus?
Por quê?
Não, porque os vírus são dependentes dos ribossomos e das enzimas da célula hospedeira para a reprodução, pois são destituídos desses
componentes. Assim, os vírus somente se reproduzem no interior de células vivas.

6 (Fuvest-SP) Os bacteriófagos são constituídos por uma molécula de DNA envolta em uma cápsula de proteína. Existem diversas
espécies, que diferem entre si quanto ao DNA e às proteínas constituintes da cápsula. Os cientistas conseguem construir partículas
virais ativas com DNA de uma espécie e cápsula de outra. Em um experimento, foi produzido um vírus contendo DNA do bacterió-
fago T2 e cápsula do bacteriófago T4. Pode-se prever que a descendência desse vírus terá: c
a) cápsula de T4 e DNA de T2. d) cápsula e DNA, ambos de T4.
b) cápsula de T2 e DNA de T4. e) mistura de cápsulas e DNA de T2 e T4.
c) cápsula e DNA, ambos de T2.

7 (Udesc) Assinale a alternativa incorreta a respeito das características gerais dos vírus. c
a) Muitos vírus são específicos em relação ao hospedeiro; atacam apenas um tipo de célula ou poucos tipos.
b) Os vírus são considerados parasitas intracelulares obrigatórios, pois são capazes de se multiplicar apenas no interior de células
hospedeiras.
c) Um vírus é um organismo acelular, constituído basicamente por um capsídeo proteico e por moléculas de DNA e RNA.
d) Infecção viral consiste na penetração do vírus no interior da célula hospedeira.
e) Após a adesão do vírus à membrana plasmática da célula hospedeira, pode haver a entrada de todo o vírus no interior celular
ou apenas do seu material genético.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 4 Para aprimorar: 1 a 4

PRINCIPAIS VIROSES HUMANAS


São vários os exemplos de doenças causadas por vírus nos seres humanos. No entanto, são
relativamente poucos os medicamentos eficazes utilizados para combater esses microrganismos. FRENTE A
A prevenção é a maneira mais eficaz de combate às viroses. Ela inclui a adoção de medidas
como saneamento básico, cuidados com a higiene, preservação de ambientes naturais e vacinação.
As vacinas antivirais são geralmente preparadas com vírus inativos ou atenuados (tornados me-
BIOLOGIA

nos virulentos ou agressivos). Ao receber uma vacina, o organismo humano entra em contato com
os vírus nela existentes e passa a produzir anticorpos específicos. Após a vacinação, algumas células
do organismo passam a atuar como “células de memória”, e podem se tornar ativas na produção de
anticorpos caso a pessoa seja infectada. Assim, geralmente evita-se o estabelecimento da doença.
Vamos destacar os principais exemplos de viroses humanas.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 23
Esquema do vírus da Aids
Aids
Glicoproteínas A Aids (sigla de acquired immunodeficiency syndrome), ou síndrome da
(proteínas ligadas a cadeias de açúcar) imunodeficiência adquirida, é caracterizada por intensa debilitação do sistema
Membrana de lipídio imune (ou imunitário) com o consequente desenvolvimento de um conjunto
de infecções provocadas por diversos microrganismos.
Proteínas
da estrutura
A palavra síndrome refere-se ao conjunto de sinais e de sintomas que
MASPI/ARQUIVO DA EDITORA

central pode ser produzido por mais de uma causa. O termo imunodeficiência indica
que o sistema imune do organismo encontra-se debilitado. Uma enfermidade
é caracterizada como adquirida quando o indivíduo a contraiu em qualquer
época de sua vida, sem influência hereditária.
O vírus da Aids foi batizado como HIV, sigla da expressão human
immunodeficiency virus, que quer dizer “vírus da imunodeficiência humana”. Ele
Transcriptase foi isolado em 1983, na França, pelo médico e professor Luc Montagnier.
reversa (enzima) O HIV é portador de RNA e de uma enzima denominada transcriptase
reversa. O RNA do vírus, uma vez no interior da célula hospedeira, regula a retro-
RNA (ácido ribonucleico) transcrição, isto é, a partir do RNA viral ocorre síntese de DNA, graças à ação da
Fig. 6 – O ácido nucleico presente no enzima transcriptase reversa. Devido à sua capacidade de realizar retrotranscrição,
HIV é o RNA; em presença da enzima os vírus como o HIV são chamados retrovírus. O DNA produzido regulará, então, a síntese de novas
transcriptase reversa, o RNA origina DNA. moléculas de RNA virais e das proteínas que constituirão as cápsulas virais, culminando na formação
Em seguida, o DNA integra-se ao material
genético do linfócito T e induz a formação
de novos vírus. Veja a figura 6.
de muitas moléculas de RNA. Finalmente,
novos vírus são “montados” e liberados,
Sintomas da Aids
passando a infectar outras células sadias. O HIV invade e destrói um dos tipos de leucócitos, mais especificamente os linfócitos T do
grupo CD4. Esses linfócitos estão associados à produção de anticorpos e à atividade fagocitária de
outros leucócitos.
Os testes geralmente utilizados para detectar a presença do HIV no organismo indicam a pre-
sença do vírus somente quando o sangue da pessoa contaminada apresenta um determinado nível
de anticorpos. Isso ocorre, em geral, entre seis semanas e seis meses após a contaminação.
No início da infecção, enquanto algumas pessoas manifestam sintomas muitas vezes confun-
didos com os da gripe e que podem desaparecer em alguns dias, outras não apresentam nenhum
sintoma.
Quando a redução da taxa de linfócitos T no sangue atinge determinado nível, em geral, alguns
anos após a contaminação, o sistema imune torna-se muito debilitado e o organismo fica suscetível
ao desenvolvimento de várias doenças – denominadas oportunistas, porque geralmente essas doen-
ças não se manifestam em pessoas sadias. Nessa fase surgem os sintomas da Aids, que incluem, por
exemplo, febres, diarreias, emagrecimento, inchaço de linfonodos e fadiga acentuada.
As diversas doenças oportunistas que se instalam com mais facilidade no organismo com o
sistema imune debilitado podem provocar infecções severas e até levar o indivíduo à morte.
Contágio e prevenção
Fig. 7 – Símbolo Mundial de O HIV é transmitido pelo sangue, pelo esperma e pelas secreções vaginais contaminados. Uma
Combate à Aids. mãe com o vírus também pode transmiti-lo ao bebê através da placenta ou por meio da amamentação.
Assim, a transmissão pode ser processada das seguintes maneiras:
B CHRISTOPHER/ALAMY/LATINSTOCK

relações sexuais com parceiro contaminado com HIV;


transfusões com sangue contaminado com HIV;
agulhas e outros instrumentos perfurantes e cortantes contaminados com HIV;
por meio da placenta e amamentação de mães contaminadas com HIV.
Na convivência social com indivíduo portador de HIV, não há risco de o
vírus penetrar nas células da pele de uma pessoa. Portanto, abraços, apertos de
mão, uso de utensílios domésticos, toalhas, roupas de cama, banheiros, transpor-
tes coletivos e locais públicos em geral, entre outros exemplos, não constituem
vias de transmissão do HIV.
A maneira mais eficaz contra o HIV é a conscientização sobre a prevenção
(fig. 7), que pode ser feita de diversas formas:

24 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
usar preservativo (“camisinha”) nas relações sexuais;
esterilizar materiais cirúrgicos e odontológicos, e utilizar preferencialmente agulhas e seringas
descartáveis;
não compartilhar instrumentos cortantes com outras pessoas, como navalhas, giletes e alicates de cutícula;
no caso de mulheres com HIV, se engravidarem, procurar orientação médica em relação à gestação,
ao parto e à amamentação, para diminuir ou evitar a possibilidade de contágio do bebê.
Ainda não existem vacinas nem medicamentos para a cura da Aids. Alguns medicamentos,
no entanto, podem retardar a evolução dessa enfermidade, atuando como inibidores da enzima
transcriptase reversa, essencial para a ocorrência da retrotranscrição, ou então inibidores de enzimas
proteases relacionadas com a formação da cápsula proteica do HIV.
Nos chamados coquetéis antivirais, é comum a utilização combinada desses

CDC / BSIP/ALAMY/LATINSTOCK
dois tipos de medicamentos inibidores. Mas, embora eficazes, esses coquetéis po-
dem provocar efeitos colaterais, como diarreias, náuseas e anemia, entre outros.
Dengue
A dengue é causada por vírus transmitidos aos seres humanos pela picada
de fêmeas do mosquito Aedes aegypti (fig. 8).
O Aedes aegypti é um mosquito escuro, pequeno e delgado, que possui há-
bitos diurnos e pode viver dentro ou nas proximidades das habitações humanas.
Esse mosquito reproduz-se em água parada, como lagos, água contida em garrafas,
vasos e pneus velhos jogados em quintais, entre outros exemplos.
Sintomas da dengue
Fig. 8 – Fêmea do mosquito Aedes aegypti
O período de incubação do vírus da dengue é de alguns dias. A dengue clássica, que representa sobre a pele humana.
a forma mais branda da doença, manifesta-se por febre súbita, com duração de quatro a cinco dias,
acompanhada de fortes dores musculares e nas articulações ósseas – daí a denominação “quebra-
-ossos”, que alguns usam para designar a doença. Podem surgir manchas avermelhadas no corpo,
dores de cabeça e nítida sensação de cansaço. Além disso, o doente pode manifestar fotofobia (aver-
são à luz), lacrimação, inflamação na garganta e sangramento na boca e no nariz. Depois de mais ou
menos uma semana, essas manifestações desaparecem gradualmente. Em sua forma mais simples, a
dengue geralmente não é mortal, mas, principalmente em pessoas desnutridas e debilitadas, pode
levar à morte. Nos casos mais graves ocorrem hemorragias intestinais, vômitos e inflamação do
fígado, sintomas característicos da dengue hemorrágica.
Tratamento
Não existe tratamento específico da doença, apenas tratamento sintomático, que significa uma
medicação que se restringe a diminuir os sintomas da doença, como a febre e a dor de cabeça. O
repouso é necessário, e os casos mais graves precisam de internação hospitalar para ter o devido
acompanhamento médico.
Existem dois tipos básicos de dengue – a clássica e a hemorrágica – e quatro variedades de
vírus causadores da doença. A pessoa infectada por uma dessas variedades adquire imunidade para
o restante da vida em relação ao tipo de vírus adquirido, mas não em relação aos outros três tipos.
Se uma pessoa que já teve dengue adquirir outro tipo de vírus da dengue, para o qual não tem imu-
nidade, a doença pode evoluir para a dengue hemorrágica.
Prevenção
Como não existe vacina contra a dengue, a prevenção se dá pelo combate aos mosquitos
transmissores. Para isso, devem ser tomadas as seguintes medidas profiláticas:
eliminar os locais onde o Aedes aegypti se reproduz, não deixando acumular água no interior de FRENTE A
garrafas, latas vazias e pneus velhos, entre outros exemplos;
tampar caixas-d’água, tanques, filtros e qualquer outro reservatório de água dentro ou fora de casa;
preencher pratinhos de vasos de plantas com areia ou terra;
BIOLOGIA

em caso de tratamento doméstico, manter o doente em recinto fechado, evitando o contato com os
mosquitos Aedes, que podem picá-lo e, assim, contaminar a família e os vizinhos, se os picarem também;
usar tela protetora em janelas e portas para impedir o acesso do mosquito às moradias, principal-
mente em habitações próximas de lagos, rios e represas;
utilizar inseticidas de maneira adequada e quando necessário.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 25
PARA CONSTRUIR

8 Considerando o HIV, responda: 10 A dengue é uma doença causada por um vírus transmitido
m
Ene-4 a) Por que ele é considerado um retrovírus? m
Ene-4
aos seres humanos por meio da picada de fêmeas do mos-
C 4 C 4
H-1 H-1 quito Aedes aegypti.
A denominação retrovírus refere-se ao fato de esse tipo de
a) Cite alguns sintomas exibidos por uma pessoa com dengue.
vírus realizar retrotranscrição, isto é, RNA produzir DNA com a
Dores musculares e nas articulações, dores de cabeça, febre e
participação da enzima transcriptase reversa.
manchas avermelhadas espalhadas pelo corpo, entre outros
sintomas.

b) Identifique três medidas necessárias para o combate ao


b) Identifique as principais formas de contaminação pelo
mosquito transmissor.
HIV.
O agente transmissor (vetor) da dengue é o mosquito Aedes
Relações sexuais sem preservativo com parceiros portadores
aegypti. O combate a esse mosquito compreende:
de HIV, transfusões de sangue contaminado pelo HIV e uso de
• eliminação de locais em que o mosquito transmissor possa se
seringas contaminadas pelo HIV.
reproduzir;
• uso de telas que dificultem o acesso do mosquito às moradias;
c) Cite duas medidas preventivas contra a contaminação • combate ao mosquito com o uso adequado de inseticidas;
pelo HIV.
• cuidado para que a pessoa doente em tratamento não seja picada
Uso de preservativos nas relações sexuais e não compartilhar
pelo mosquito, infectando-o e possibilitando a transmissão do vírus
com outras pessoas instrumentos cortantes, como giletes e
para outras pessoas.
navalhas.

11 (Unicamp-SP) Um pouco alarmado com a elevada ocorrên-


d) Os coquetéis antivirais usados no combate ao HIV incluem cia de dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, um
geralmente medicamentos capazes de inibir a ação da morador de Campinas telefonou para a Sucen (Superinten-
transcriptase reversa e de proteases virais. Que tipos de dência de Controle de Endemias) e relatou que havia sido pi-
moléculas são essas e qual seu papel no processo de mul- cado na mata, à noite, por um mosquito grande e amarelado.
tiplicação do HIV? Relatou também que, no dia seguinte, começou a ter febre
São enzimas. A transcriptase reversa possibilita a retrotranscrição, e sentir dor nas articulações. O biólogo da Sucen ao saber,
ainda, que este senhor não tinha viajado para qualquer área
isto é, a síntese de DNA a partir do RNA do HIV. As proteases virais
endêmica da doença, tranquilizou-o dizendo que certamen-
relacionam-se com a produção das proteínas existentes no HIV. te não teria contraído a dengue, embora fosse importante
que ele procurasse atendimento médico.
Cite cinco fatos relatados acima que levaram o biólogo da
Sucen a concluir que essa pessoa não estava com dengue.
9 Leia o texto a seguir:
1) O Aedes aegypti possui hábitos diurnos (o morador disse que foi
O vírus da Aids destrói os linfócitos T, debilitando o picado à noite).
sistema imune humano. O HIV pode ser transmitido para
2) O Aedes aegypti não é amarelo; sua coloração é escura.
uma pessoa por meio de relação sexual sem preservativo
3) O Aedes aegypti tem hábitos urbanos, vivendo dentro ou nas
com parceiro contaminado pelo vírus, transfusão de san-
gue contaminado, uso de agulhas contaminadas e também proximidades das habitações humanas; o morador relatou que foi

por abraço, aperto de mão, toalhas e utensílios domésticos, picado na mata.


como talheres e pratos. 4) O Aedes aegypti não tem grande porte; é um mosquito pequeno
Você concorda com todas as afirmações contidas nessa fra- e delgado.
se? Explique. 5) O período de incubação do vírus é de alguns dias; assim, a doença
Não. Atualmente não há nenhuma comprovação de que a normalmente não se manifestaria no dia seguinte ao da picada do
convivência social, incluindo abraços, apertos de mão e uso comum mosquito. Além das considerações acima, pode-se também
de toalhas e de utensílios domésticos, possa transmitir o HIV. destacar o fato de o morador não ter viajado para qualquer área
endêmica da doença.

26 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
12 (PUC-SP) O esquema abaixo representa os principais com- 14 (Enem) Durante as estações chuvosas, aumentam no Brasil as
m
Ene-4
ponentes do vírus da Aids, o HIV, pertencente à família dos campanhas de prevenção à dengue, que têm como objetivo
C 4
H-1 retrovírus. a redução da proliferação do mosquito Aedes aegypti, trans-
m Glicoproteína missor do vírus da dengue.
Ene-5
C 7
H1
- Que proposta preventiva poderia ser efetivada para diminuir
Membrana a reprodução desse mosquito? c
m RNA
Ene-7
C 1
H-2 a) Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mosquito
Enzima
necessita de ambientes cobertos e fechados para a sua
Proteína reprodução.
b) Substituição das casas de barro por casas de alvenaria,
a) Em qual dos componentes representados está localizada haja vista que o mosquito se reproduz na parede das ca-
a “informação genética” desse vírus? sas de barro.
No RNA. c) Remoção dos recipientes que possam acumular água, por-
b) “Os doentes com Aids apresentam maior sensibilidade às que as larvas do mosquito se desenvolvem nesse meio.
moléstias infectocontagiosas.” Justifique essa afirmação, d) Higienização adequada de alimentos, visto que as larvas
relacionando-a com a função desempenhada pela célula do mosquito se desenvolvem nesse tipo de substrato.
parasitada pelo HIV. e) Colocação de filtros de água nas casas, visto que a repro-
O HIV destrói os linfócitos T, células sanguíneas associadas à dução do mosquito acontece em águas contaminadas.
defesa do organismo; logo, os doentes com Aids apresentam
15 (UFRR) O vírus do dengue possui o material genético formado
maior sensibilidade às moléstias infectocontagiosas. por uma única molécula de ácido ribonucleico (RNA). São co-
13 (Vunesp) O dogma central da Biologia, segundo o qual o DNA nhecidos quatro sorotipos do vírus do dengue, VDEN1, VDEN2,
transcreve RNA e este orienta a síntese de proteínas, preci- VDEN3, VDEN4, muito relacionados, porém antigenicamen-
sou ser revisto quando se descobriu que alguns tipos de ví- te diferentes, visto que pessoas vivendo em área endêmica,
rus têm RNA por material genético. Nesses organismos, esse como Roraima, podem ter até quatro infecções durante sua
RNA orienta a transcrição de DNA, num processo denominado vida. Dentre as alternativas abaixo, é correto afirmar que: c
“transcrição reversa”. A mesma só é possível quando: e
a) A capacidade de reprodução em células hospedeiras sem
a) a célula hospedeira do vírus tem em seu DNA nuclear ge- sofrerem mutação permitiu a existência de quatro sorotipos.
nes para a enzima transcriptase reversa.
b) Os quatro sorotipos do vírus do dengue possuem a mes-
b) a célula hospedeira do vírus incorpora ao seu DNA o RNA
ma sequência de bases nitrogenadas no seu RNA.
viral, que codifica a proteína transcriptase reversa.
c) a célula hospedeira do vírus apresenta no interior de seu nú- c) O vírus do dengue precisa de células hospedeiras para se
cleo proteínas que promovem a transcrição de RNA para DNA. reproduzir.
d) o vírus de RNA incorpora o material genético de um vírus de d) As proteínas do vírus do dengue não induzem o organis-
DNA, que contém genes para a enzima transcriptase reversa. mo à produção de anticorpos.
e) o vírus apresenta no interior de sua cápsula proteínas que pro- e) O vírus do dengue apresenta quatro sorotipos por não
movem na célula hospedeira a transcrição de RNA para DNA. apresentar capsídeo nem envoltório nuclear.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 5 a 7 Para aprimorar: 5 a 7

Febre amarela
A febre amarela é assim chamada por causa da coloração amarelada da pele das pessoas doen-
tes, característica da icterícia consequente das intensas lesões de células hepáticas.
A febre amarela urbana é transmitida aos seres humanos, assim como a dengue, pela picada de
fêmeas de mosquitos Aedes aegypti, de hábitos urbanos e domiciliares. Já a febre amarela silvestre é FRENTE A
transmitida aos seres humanos pela picada da fêmea de algumas espécies de mosquitos, principal-
mente as do gênero Haemagogus, geralmente restritos às matas.
O período de incubação do vírus no corpo humano varia de três a seis dias. Em seguida, o
BIOLOGIA

doente é acometido de febre alta, apresentando dores de cabeça, náuseas contínuas, vômitos, cala-
frios e dores musculares. Em geral, sobrevém um curto período em que os sintomas praticamente
desaparecem. Depois, a febre reaparece acompanhada de hemorragias e de comprometimento das
atividades hepáticas. Em muitos casos, a pessoa se recupera, mas não é raro a doença evoluir, pro-
vocando a morte.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 27
A prevenção da febre amarela consiste na vacinação e no combate aos mosquitos transmissores.
A aplicação de vacina é recomendada principalmente a pessoas que residem ou pretendem viajar
para regiões onde é relativamente frequente a manifestação dessa doença.

Hepatite viral
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser provocada por vários agentes: produtos
químicos e parasitas, como bactérias e vírus.
A hepatite viral é ocasionada por tipos diferentes de vírus; destacaremos aqueles associados às
hepatites A, B e C.
Os vírus da hepatite A são eliminados com as fezes da pessoa infectada e podem contaminar
água e alimentos. Logo, são transmitidos aos seres humanos principalmente por água e alimentos
contaminados. Os sintomas da doença incluem icterícia, febre, dores de cabeça, náuseas, vômitos
e dores musculares. A doença geralmente evolui de forma benigna e regride se o paciente ficar em
repouso e mantiver dieta adequada.
Os vírus da hepatite B são transmitidos em transfusões de sangue contaminado, por relações
sexuais sem uso de preservativo e de mãe para filho através da placenta. Os sintomas da hepatite B
são semelhantes aos da hepatite A.
Os vírus da hepatite C são transmitidos como os vírus da hepatite B. A doença geralmente é
assintomática, mas alguns indivíduos podem desenvolver icterícia e ser acometidos por dores de
cabeça e de garganta, vômitos e fadiga. Entretanto, a hepatite C pode evoluir para a cirrose hepática.
Além disso, o vírus é considerado fator de risco para o câncer de fígado.
Existem vacinas contra a hepatite A e B, mas não contra a hepatite C.

Raiva ou hidrofobia
A raiva é causada por vírus transmitidos aos seres humanos em geral pela mordedura e saliva
de cães e de gatos infectados. Contudo, ainda que raramente, os transmissores da doença também
podem ser morcegos, quatis, raposas e outros animais silvestres.
O período de incubação do vírus é variável, entre 20 a 40 dias, mas pode se estender por alguns
meses. O vírus ataca o sistema nervoso e, na fase terminal da doença, ocorrem convulsões e paralisia
dos músculos respiratórios, fato que leva o indivíduo à morte.
O termo hidrofobia (hidro, “água”; fobia, “medo”) decorre da contratura involuntária e dolo-
rosa da musculatura responsável pela deglutição, situação em que o simples ato de beber água é
extremamente penoso.
A prevenção contra a raiva consiste basicamente na vacinação de cães e de gatos. Pessoas mor-
didas por animais suspeitos devem procurar atendimento médico imediato e receber vacina e soro
antirrábicos, que evitam a instalação da doença.

Poliomielite
Também conhecida como paralisia infantil, a poliomielite
OLIVIER ASSELIN/ALAMY/LATINSTOCK

é transmitida por alimentos e objetos contaminados pelo vírus e


por secreções respiratórias. Na maioria das pessoas não se desen-
volvem manifestações clínicas; quando muito, febre e mal-estar.
Entretanto, em alguns casos, o vírus atinge o sistema nervoso
central provocando a paralisia na atividade da musculatura do
sistema locomotor, mais comumente dos membros inferiores.
Nos casos mais raros e graves, ocorre paralisia dos músculos res-
piratórios, provocando a morte do indivíduo.
As campanhas de vacinação em massa praticamente erra-
dicaram a poliomielite do Brasil (fig. 9).
Gripe e resfriado
Os vírus da gripe são transmitidos por gotículas de saliva ou
de secreção respiratória eliminadas no ar por meio de tosse, espir-
ro, fala ou ar expirado. Os sintomas compreendem febre, prostra-
Fig. 9 – Criança recebendo a vacina Sabin, que evita a poliomielite. ção, dores de cabeça e musculares, obstrução nasal, coriza e tosse.

28 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
B. BOISSONNET / BSIP/ALAMY/LATINSTOCK
Fig. 10 – Pessoa pronta para receber
a vacina contra a gripe.

Existe vacina contra a gripe, que deve ser tomada com a devida orientação médica. A vacina
usada no Brasil é feita com os tipos mais comuns de vírus da gripe (fig. 10), visando especialmente a
imunização de pessoas idosas.
O resfriado comum é causado por um vírus transmitido ao ser humano de maneira semelhante
ao vírus da gripe. Os sintomas dessa doença são parecidos com os da gripe, porém, em geral, são
menos severos e de menor duração.
Tanto para a gripe como para o resfriado, repouso e alimentação adequada estão entre os cui-
dados a serem tomados para que a pessoa se recupere mais rapidamente.
Veja no quadro a seguir um resumo de outras viroses humanas.

Doença Principais características

Doença que acomete principalmente crianças, é transmitida por secreções nasofaríngeas ou saliva da pessoa doente. Em geral, a doença evolui de forma
Sarampo benigna, mas às vezes sucedem complicações, como encefalite e broncopneumonia, que podem provocar a morte. A prevenção se dá por vacinação.
Sintomas: febre alta, tosse e manchas avermelhadas espalhadas pelo corpo.

Também conhecida por parotidite, a caxumba é provocada por vírus alojados nas glândulas salivares parótidas. A transmissão do vírus ocorre por meio de
gotículas de saliva e objetos contaminados, como garfos, facas e copos. Geralmente, a caxumba evolui de forma benigna, mas em alguns casos pode atingir os
Caxumba
testículos ou os ovários, podendo provocar esterilidade no doente. A prevenção se dá por vacinação.
Sintomas: mal-estar, dores de cabeça, febre e inchaço das glândulas parótidas.

Transmitida por contato direto e pela saliva. Embora de evolução geralmente benigna, a doença pode ser transmitida de mãe para filho durante a gestação e
Rubéola provocar má-formação no feto, até mesmo a morte. A prevenção é realizada pela vacinação.
Sintomas: febre, prostração e manchas avermelhadas na pele.

Causada por vírus transmitidos por gotículas de saliva ou por objetos contaminados, como copos e talheres. A doença ocorre principalmente em crianças; evolui
Catapora de forma benigna e pode ser evitada pela vacinação.
Sintomas: surgimento de pequenas vesículas espalhadas pelo rosto e tronco, podendo provocar febres, náuseas e vômitos.

FRENTE A
Os vírus do herpes simples são transmitidos pelo contato direto com a pessoa doente. Existem no mercado medicamentos diversos que minimizam os sintomas
Herpes da doença e são até mesmo capazes de impedir a manifestação, se utilizados no início de um provável contágio.
Sintomas: aparecimento de pequenas vesículas portadoras de líquido que surgem geralmente nos lábios ou nos órgãos genitais.
BIOLOGIA

Um dos maiores flagelos que já atingiram a humanidade, em tempos passados a varíola matou milhões de pessoas em todo o mundo. É transmitida por meio da
saliva e de objetos contaminados. Graças à vacinação, a varíola está praticamente erradicada da Terra, representando grande conquista da ciência moderna na
Varíola
área médica.
Sintomas: surgimento de pústulas grandes, cheias de líquido, na pele.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 29
Febre hemorrágica ebola, Sars, gripe aviária
As doenças emergentes podem ser entendidas como aquelas provocadas por seres
presentes em seus reservatórios naturais e que deles “emergem” e se espalham para outros
locais, quando os seres humanos entram em contato com eles. Entre essas doenças, vamos
considerar as seguintes viroses: a febre hemorrágica ebola, a Sars e a gripe aviária.
A febre hemorrágica ebola é uma doença grave que surge como uma dor de cabeça,
seguida de febre alta, vômito, diarreia e hemorragias diversas. O vírus é transmitido de uma
pessoa contaminada para outra por meio de contato direto com vômito, fezes, saliva, suor,
esperma e sangue.
A síndrome respiratória aguda grave, conhecida mundialmente pela sigla Sars, em inglês,
surgiu na China em 2002 e se espalhou para outros países. A doença é causada por um vírus
transmitido aos seres humanos principalmente por meio de secreções respiratórias expelidas
no ambiente por espirros, tosse ou fala de pessoa infectada. As primeiras manifestações da
doença incluem febre alta, dores musculares e tosse seca. Em cerca de 15% dos pacientes,
a doença evolui para um quadro clínico mais grave, provocando insuficiência respiratória e
podendo levar o indivíduo à morte.
A gripe aviária manifesta-se inicialmente como uma gripe comum: febre, dor de garganta,
tosse e dores musculares. Depois pode progredir para outras complicações, como pneumonia
e insuficiência respiratória. Essa doença é causada pelo vírus H5N1, eliminado no ambiente
por ave contaminada, por meio de secreções respiratórias e de fezes; as fezes secas se des-
mancham e o vírus pode ser propagado pelo ar.

PARA CONSTRUIR

16 (Unicamp-SP) 17 (Ufop-MG) A hepatite A é uma doença infecciosa associada a


m
Ene-4 Ao chegar ao Pará (Belém), encontrei a cidade, antes ale- um vírus. Considerando um surto dessa doença em determi-
C 4
H-1
gre e saudável, desolada por duas epidemias: a febre amarela nada região, explique:
m e a varíola. O governo tomou todas as precauções sanitárias a) Por que os alimentos e a água de abastecimento são ime-
Ene-7
C 1
H-2 imagináveis, entre as quais a medida muito singular de fazer diatamente incriminados nesse surto?
os canhões atirarem nas esquinas da rua para purificar o ar. Porque o vírus causador da hepatite A pode penetrar no corpo
BATES, H. W. The naturalist on the river Amazon, 1863, apud humano por via digestória, quando se ingerem água e alimentos
FROTA-PESSOA, O. Biologia na escola secundária, 1967. Adaptado.
contaminados.
As medidas de controle das doenças citadas no texto certa-
mente foram inúteis. Atualmente, que medidas seriam consi- b) Por que, para prevenção dessa doença nessa situação,
deradas adequadas? aconselha-se consumir água fervida e não apenas filtrada?
A febre amarela pode ser evitada: com uso de vacinas; com o Porque o vírus atravessa os poros do filtro, mas é destruído pela
combate ao Aedes aegypti (mosquito transmissor) por meio do fervura.

uso adequado de inseticidas; pela eliminação dos focos


c) Explique por que a febre amarela ocorre apenas em re-
de criação das larvas desse mosquito (evitando o acúmulo de giões tropicais, enquanto a varíola ocorria em todas as
água em pneus, garrafas, vasos, etc.); com o uso de telas em latitudes.
portas e janelas para evitar o acesso do mosquito às residências. Os mosquitos transmissores da febre amarela vivem apenas

A varíola, por sua vez, foi erradicada com o uso de vacinas. em regiões tropicais; já a varíola ocorria emtodas as latitudes
porque era uma virose transmitidapor contato direto, de uma
pessoa doente para outra sadia.

d) Cite uma doença transmitida de modo semelhante ao da


febre amarela.
Dengue.

30 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
18 Há morcegos que se alimentam de frutos, favorecendo a dis- 20 (Uerj) A partir de fevereiro de 2003, uma doença infectoconta-
persão de sementes na natureza. Há os que se alimentam de m
Ene-4
giosa – síndrome respiratória aguda grave (Sars, em inglês) –, até
C 4
insetos, alguns dos quais prejudicam as lavouras. Mas alguns H-1 então desconhecida, provocou surtos de pneumonia, principal-
morcegos são hematófagos e se alimentam de sangue que mente em países asiáticos. No momento, existem evidências de
sugam de animais diversos. Eles raramente sugam o sangue que o avanço dessa doença parece ter sido contido.
humano, mas, quando o fazem, podem transmitir uma doen- a) Cite o tipo de agente infeccioso isolado a partir de pacien-
ça muito perigosa, causada por um vírus. tes com Sars e uma outra doença causada por patógeno
a) Que doença é essa? do mesmo tipo, mas transmitida por picada de mosquito.
Raiva ou hidrofobia. Agente infeccioso: vírus; outras doenças: febre amarela, dengue.

b) Além da transmissão por mordida de morcego, como os


seres humanos podem, em geral, contrair essa doença?
Por meio de mordedura de cães e de gatos infectados com o vírus.
b) Descreva o principal mecanismo de transmissão da Sars e
a mais importante medida tomada pelas autoridades de
c) Como uma pessoa com suspeita de ter contraído o vírus saúde pública para tentar evitar seu alastramento.
dessa doença deve proceder? O vírus é transmitido pelo ar contaminado com gotículas de

A pessoa deve procurar atendimento médico imediato e receber secreção respiratória.

vacina e soro antirrábicos, que evitam a instalação da doença. As autoridades de saúde pública promoveram o isolamento de
pessoas que estiveram (naquela ocasião) em regiões de risco
e exibiam sintomas que conduziam à suspeição da doença.
19 (Unicamp-SP) O vírus ebola foi isolado em 1976, após uma
epidemia de febre hemorrágica ocorrida em vilas do noroes-
te do Zaire, perto do rio Ebola. Esse vírus está associado a
um quadro de febre hemorrágica extremamente letal, que
acomete as células hepáticas e o sistema retículo endotelial. 21 Considere as seguintes viroses: gripe, caxumba, poliomielite,
O surto atual na África Ocidental (cujos primeiros casos foram sarampo e catapora.
notificados em março de 2014) é o maior e mais complexo a) Qual (quais) delas pode(m) ser transmitida(s) ao ser hu-
desde a descoberta do vírus. Os morcegos são considerados mano por meio de gotículas de secreção expelidas por
um dos reservatórios naturais do vírus. Sabe-se que a fábrica pessoa doente durante a fala, os espirros ou a tosse?
onde surgiram os primeiros casos dos surtos de 1976 e 1979 Todas as doenças citadas podem ser transmitidas por meio
era o hábitat de vários morcegos. Hoje o vírus é transmitido
de gotículas de secreção expelidas por pessoas doentes.
de pessoa para pessoa.
a) Como é a estrutura de um vírus? Dê exemplo de duas
zoonoses virais. b) Qual (quais) delas pode(m) ser evitada(s) com o uso de
Zoonoses são doenças transmitidas aos seres humanos por vacinas?
animais diversos. São exemplos de zoonoses virais: dengue, febre Todas as doenças citadas podem ser evitadas com o uso de

amarela, raiva. vacinas.

22 (PUC-RS) O alvo _______ que causa ________ são as glându-


b) Compare as formas de transmissão do vírus ebola e do las parótidas, um dos três pares de glândulas salivares do siste-
vírus da gripe. ma digestório. Essa doença infectocontagiosa inicia geralmente
com um edema doloroso de uma ou de ambas as glândulas
O vírus ebola pode ser transmitido aos seres humanos por
parótidas, acompanhado de inflamação e febre. A transmissão

FRENTE A
meio do suor, saliva, urina, esperma e sangue contaminado. se dá por meio da saliva ou de secreções respiratórias, e a porta
Os vírus da gripe são transmitidos por gotículas eliminadas de entrada no organismo humano é o trato respiratório. c
por espirros, tosses, catarros, além de contato das mãos a) da bactéria; o tifo
com objetos contaminados como copos, talheres e roupas.
b) da bactéria; a cólera
BIOLOGIA

c) do vírus; a caxumba
d) do vírus; a rubéola
e) do vírus; o sarampo

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 8 e 10 Para aprimorar: 8 e 10

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 31
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

Prevê-se, porém, que a utilização dessa variedade de Aedes


PARA PRATICAR
aegypti demore ainda anos para ser implementada, pois há
demanda de muitos estudos com relação ao impacto am-
1 (Uece) A palavra vírus vem do latim virus, que significa flui- biental. A liberação de machos de Aedes aegypti dessa varie-
m do venenoso ou toxina. Sobre os vírus biológicos, é correto dade geneticamente modificada reduziria o número de casos
Ene-4
C 4
H-1 afirmar-se que: de dengue em uma determinada região porque:
a) possuem como material genético exclusivamente o RNA. a) diminuiria o sucesso reprodutivo desses machos transgê-
b) sífilis, raiva, tétano, sarampo, dengue, coqueluche e Aids nicos;
são todas doenças causadas por vírus. b) restringiria a área geográfica de voo dessa espécie de
c) são incapazes de infectar plantas, pois são parasitas exclu- mosquito;
sivos de animais. c) dificultaria a contaminação e a reprodução do vetor natu-
d) são seres que não manifestam atividade biológica fora de ral da doença;
células hospedeiras. d) tornaria o mosquito menos resistente ao agente etiológi-
co da doença;
2 (Fuvest-SP) Existem vírus que:
e) dificultaria a obtenção de alimentos pelos machos gene-
a) se reproduzem independentemente de células. ticamente modificados.
b) têm genoma constituído de DNA e RNA.
c) sintetizam DNA a partir de RNA. 5 (Unicamp-SP) Campinas viveu no verão deste ano a maior
d) realizam respiração aeróbica no interior da cápsula proteica. m
Ene-4
epidemia de dengue da sua história e situação semelhante
C 4
e) possuem citoplasma, que não contém organelas. H-1 foi observada em outras cidades brasileiras. Indique o vetor
dessa virose, onde ele se reproduz e a situação de tempera-
3 (UEPB) Os vírus já foram chamados de “inimigos públicos no 1” tura que influencia sua reprodução.
m
Ene-4
dos seres humanos. Essa afirmação é compreensível, se con-
C 4 a) O vetor do vírus da dengue é o Aedes aegypti. Suas fases
H-1 siderarmos as inúmeras doenças que eles podem provocar
imaturas desenvolvem-se no solo e há diminuição na sua
em nosso organismo e os grandes danos que causam à agri-
reprodução em temperaturas abaixo de 17 °C.
cultura e à pecuária, parasitando plantas cultivadas e animais
b) O vetor do vírus da dengue é o Culex quiquefasciatus. Suas
de criação. Apresentam, no entanto, uma elevada especifici-
fases imaturas desenvolvem-se na água suja e há aumen-
dade de hospedeiros, que vem sendo pesquisada e utilizada
to na sua reprodução em temperaturas abaixo de 17 °C.
a favor dos interesses humanos. Assim, várias espécies de ví- c) O vetor do vírus da dengue é o Aedes aegypti. Suas fases
rus são atualmente utilizadas: imaturas desenvolvem-se na água limpa e há diminuição
a) Na agricultura – devido à ação decompositora, fertilizan- na sua reprodução em temperaturas abaixo de 17 °C.
do o solo. d) O vetor do vírus da dengue é o Culex quiquefasciatus. Sua
b) No emprego laboratorial – fabricação de antibióticos. reprodução se dá no solo e sofre aumento em temperatu-
c) No controle biológico – controlando as populações de ras abaixo de 17 °C.
agentes patogênicos na agricultura.
d) No manejo biológico – combatendo parasitoses humanas. 6 (UFPE) Em relação à Aids (síndrome da imunodeficiência ad-
e) No emprego industrial – fabricação de vinagre e deriva- m
Ene-1
quirida), analise as proposições a seguir.
C 1
dos do leite. H- 1. É causada por um retrovírus.
m 2. Pode ser transmitida pelo leite materno das mães conta-
4 (Enem) Investigadores das Universidades de Oxford e da Ca- Ene-4
C 4 minadas pelo HIV.
H-1
lifórnia desenvolveram uma variedade de Aedes aegypti ge- 3. O uso de preservativos (camisinha) durante as relações
neticamente modificada que é candidata para uso na busca sexuais é uma das principais medidas profiláticas.
de redução na transmissão do vírus da dengue. Nessa nova 4. A transmissão é frequente pelo contato de mãos.
variedade de mosquito, as fêmeas não conseguem voar de-
Considerando o estágio atual de conhecimentos, estão corretos:
vido à interrupção do desenvolvimento do músculo das asas.
A modificação genética introduzida é um gene dominante a) 1, 3 e 4, apenas.
condicional, isto é, o gene tem expressão dominante (basta b) 2 e 4, apenas.
apenas uma cópia do alelo) e este só atua nas fêmeas. c) 1, 2 e 3, apenas.
FU, G. et al. Female-specific flightless phenotype for mosquito control. d) 2 e 3, apenas.
PNAS 107 (10): 4550-4554, 2010. e) 1, 2, 3 e 4.

32 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
7 (Unirio-RJ) O vírus da Aids é formado por uma cápsula esféri- PARA APRIMORAR
m
Ene-4
ca contendo em seu interior o material genético. Esse tipo de
C 4
H-1 vírus é chamado retrovírus porque:
1 (Fatec-SP)
m
Ene-5
C 7
m
Ene-4
C 4
Os vírus são minúsculos “piratas” biológicos porque
H1
- H-1 invadem as células, saqueiam seus nutrientes e utilizam as
m
reações químicas delas para se reproduzir. Logo em segui-
Ene-7
C 1 da os descendentes dos invasores transmitem-se a outras
H -2
células, provocando danos devastadores. A esses danos
dá-se o nome de virose, como a raiva, a dengue hemorrá-
gica, o sarampo, a gripe, etc.
Texto modificado do livro Piratas da célula, de Andrew Scott.
De acordo com o texto, é correto afirmar:
Vírus da Aids
a) Os vírus utilizam o seu próprio metabolismo para destruir
células, causando viroses.
a) o RNA produz um “molde” de molécula de DNA. b) Os vírus utilizam o DNA da célula hospedeira para produ-
b) o RNA torna-se uma molécula autoduplicável. zir outros vírus.
c) o DNA possui cadeia simples sem timina. c) Os vírus não têm metabolismo próprio.
d) o DNA possui mecanismos de retroação. d) As viroses resultam sempre das modificações genéticas
e) o DNA e o RNA não se pareiam. da célula hospedeira.
e) As viroses são transcrições genéticas induzidas pelos vírus
8 (Unip-SP) O esquema a seguir mostra, de maneira simplifica- que degeneram a cromatina na célula hospedeira.
m
Ene-4
da, a replicação do vírus da Aids (HIV), através da sequência
C 4
H-1 de ácidos nucleicos. 2 (UFPI) Objetivando promover a reprodução de certo vírus
1 2 3
fitopatogênico (vírus que causa patologias em plantas), um
m
Ene-5 RNA DNA DNA RNA estudante o incubou em meio de cultura que continha fonte
C 7
H-1
de carbono e nitrogênio. O estudante obteve sucesso na re-
Sabe-se que o AZT, empregado no tratamento da Aids, inibe a produção do vírus?
transcriptase reversa, que no esquema está representada em: a) Não, pois o meio de cultura não inclui vitaminas e mine-
a) 1 d) 1 e 2 rais, necessários para o metabolismo do vírus.
b) 2 e) 2 e 3 b) Sim, pois com uma fonte de carbono o vírus poderá sinte-
c) 3 tizar os demais componentes necessários para formar sua
cápsula proteica.
9 (PUC-MG) A maioria dos morcegos que vemos voando, du- c) Sim, pois o meio de cultura inclui todos os nutrientes re-
rante a noite, na cidade, é completamente inofensiva ao ho- queridos pelo metabolismo do vírus.
mem. São morcegos frugívoros, ou seja, que se alimentam d) Sim, pois com uma fonte de nitrogênio o vírus poderá sin-
de frutos. Existem também aqueles que são nectívoros, ou tetizar os demais componentes para formar sua cápsula
seja, se alimentam do néctar das flores. No entanto, no meio proteica.
rural, ocorrem morcegos vampiros, atraídos pela existência e) Não, pois os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios,
de bois, vacas e cavalos, dos quais sugam o sangue; eventual- sem metabolismo próprio e o meio de cultura não inclui
mente, esses morcegos podem sugar sangue do homem. Tal células vivas.
fato é preocupante, pois os morcegos hematófogos são, co-
nhecidamente, transmissores de uma doença virótica e fatal, 3 (UFMG) Observe a figura.
se não tratada a tempo. m
Ene-4
C 4
H-1
A doença à qual o texto se refere é:
a) caxumba. d) raiva. m
Ene-5
FRENTE A
C 7
b) hepatite. e) sarampo. H-1

c) rubéola.

10 (Uniceb-SP) Indique a alternativa que apresenta apenas viroses:


BIOLOGIA

a) coqueluche, tétano e difteria.


b) rubéola, febre amarela e poliomielite.
c) sarampo, herpes e malária.
d) herpes, cólera e raiva.
e) catapora, gripe e esquistossomose.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 33
Com relação à figura, todas as afirmativas estão corretas, d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
exceto: e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
a) Ocorre duplicação do DNA viral no interior da célula
6 (UFF-RJ) A dengue é uma doença infecciosa aguda, de ori-
bacteriana.
gem virótica, transmitida por mosquito. Apresenta surtos epi-
b) São produzidas novas células bacterianas a partir do
DNA viral. dêmicos, caracterizando-se por quadro febril súbito, moleza,
c) São sintetizadas cápsulas proteicas virais pela célula bac- dores musculares, dor de cabeça e falta de apetite. O desapa-
teriana. recimento dos sintomas ocorre, aproximadamente, em uma
d) Trata-se do ciclo de um bacteriófago. semana.
e) Verifica-se lise da célula bacteriana. Cite três medidas adequadas ao combate do agente transmissor.

4 (UFPB) O texto a seguir refere-se a etapas do ciclo reproduti- 7 (Vunesp) Em relação à Aids, temos as afirmações seguintes:
m
Ene-4
vo dos vírus A e B. I. A doença é causada por vírus.
C 4
H1
-
O vírus A adere à célula hospedeira e injeta nessa célu- II. O contágio se dá, principalmente, por transfusão de san-
m la o seu DNA. Os genes virais são transcritos em moléculas gue contaminado, contato sexual com portadores e uso
Ene-7
C 1
H-2 de RNA posteriormente traduzidas em proteínas virais. Es- em comum de agulha por viciados em drogas.
sas proteínas induzirão a multiplicação do DNA viral. Em III. A convivência com a pessoa doente, em casa, no trabalho,
seguida, já com a célula hospedeira totalmente controlada na escola, na rua, excluídas as condições mencionadas em
pelo vírus, são produzidas proteínas para a construção da II, não oferece perigo de transmissão da doença.
cabeça e caudas virais, que se agregarão ao DNA formando IV. A doença atua sobre o sistema imune, diminuindo a resis-
vírus completos. Cerca de 30 minutos após a adesão do tência do organismo.
vírus à célula, ocorre a lise celular, com a liberação de cen- Considerando os conhecimentos atuais, assinale a alternativa:
tenas de vírus maduros, aptos a reiniciar novo ciclo. a) se apenas II, III e IV são corretas.
O vírus B adere à célula hospedeira e penetra inteira- b) se apenas II e III são corretas.
mente em seu citoplasma. O capsídeo do vírus é então di- c) se apenas I, II e IV são corretas.
gerido, enzimaticamente, liberando sua molécula de RNA. d) se apenas I, III e IV são corretas.
O RNA passa a se reproduzir e, quando traduzido em pro- e) se I, II, III e IV são corretas.
teínas, origina os componentes proteicos do capsídeo. Da
união dos ácidos nucleicos e capsídeos originam-se novos 8 (Fuvest-SP)
vírus maduros que se libertam da célula infectada. m
Ene-1 O vírus HIV, causador da Aids, é transmitido de pes-
C 1
H-
De acordo com o texto, é correto afirmar que: soa a pessoa através de relações sexuais, por exposição
a) A é um retrovírus e B é um bacteriófago. m direta a sangue contaminado ou da mãe para o filho, du-
Ene-4
C 4
b) A pode causar gripe e B é um bacteriófago. H-1 rante a vida intrauterina, ou através da amamentação. No
c) A e B podem causar gripe. corpo, o vírus invade certas células do sistema imunitário
m
Ene-5
d) A é um bacteriófago e B pode causar gripe. C 7 – incluindo linfócitos T auxiliadores, ou CD4 –, multi-
H-1
e) A e B são bacteriófagos. plica-se dentro delas e se espalha para outras células. [...]
m
Ene-7 BARTLETT, J. G.; MOORE, R. D. Scientific American,
C 1
5 (UEL-PR) O vírus da imunodeficiência humana (HIV) infecta H2
-
279, 1998. p. 64-7.
células do sistema imune e é o agente etiológico da Aids. São
Fase
características do vírus HIV:
Número de células CD4 por mililitro (mL) de sangue

Fase Fase sintomática


aguda crônica – Aids –
I. Genoma constituído de RNA; presença da enzima trans-
Quantidade de HIV por mililitro (mL) de sangue

1 200 107
criptase reversa.
II. Presença de membrana citoplasmática; genoma consti- 1 000
106
tuído de DNA.
800
III. Tropismos por células CD4; transmissão via sexual e via Quantidade de
células CD4 105
sangue contaminado. 600
IV. Presença de ribossomos 80S; genoma constituído de RNA 104
400
e DNA. MORTE
Assinale a alternativa correta. 200 Quantidade 10³
de vírus
a) Somente as afirmativas I e III são corretas.
0 10²
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 0 6 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. Semanas Anos

34 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
O gráfico anterior indica as quantidades de células CD4 d) ingestão de água contaminada por esgotos.
(linha cheia, com escala à esquerda) e de vírus (linha inter- e) aumento de radiação ambiental causada pelas usinas
rompida, com escala à direita) no sangue de um paciente nucleares.
que não recebeu tratamento algum no curso de uma in-
10 (Enem) A partir do primeiro semestre de 2000, a ocorrên-
fecção pelo HIV. Esse gráfico mostra que:
cia de casos humanos de febre amarela silvestre extrapo-
a) a partir do momento da infecção, a quantidade de vírus lou as áreas endêmicas, com registros de casos em São
aumentou continuamente até a morte do paciente. Paulo e na Bahia, onde os últimos casos tinham ocorrido
b) no início da infecção, o sistema imunitário foi estimula- em 1953 e 1948. Para controlar a febre amarela silvestre e
do, o que provocou aumento na quantidade de células prevenir o risco de uma reurbanização da doença foram
CD4. propostas as seguintes ações:
c) a quantidade de vírus aumentou sempre que ocorreu I. Exterminar os animais que servem de reservatório do ví-
aumento de células CD4, onde eles se reproduzem. rus causador da doença.
d) os sintomas típicos da doença apareceram quando a II. Controlar a proliferação do mosquito transmissor.
quantidade de células CD4 caiu abaixo de 200 por mL III. Intensificar a vacinação nas áreas onde a febre amarela
de sangue. é endêmica e em suas regiões limítrofes.
e) não existiu relação entre a quantidade de vírus e a É efetiva e possível de ser implementada uma estratégia
quantidade de células CD4 no sangue do paciente in- envolvendo:
fectado pelo HIV. a) a ação II, apenas.
b) as ações I e II, apenas.
9 (Fuvest-SP) Doenças como dengue, febre amarela e mes-
c) as ações I e III, apenas.
mo malária, há muito erradicadas dos grandes centros
m
Ene-4 d) as ações II e III, apenas.
C 4
H-1
urbanos brasileiros, podem reaparecer, como aconteceu
e) as ações I, II e III.
recentemente em áreas urbanas de São Paulo e Rio de Ja-
neiro. Uma condição que propicia o reaparecimento das
doenças citadas é: Roteiro de Estudos
a) aumento exagerado dos níveis de poluição do ar.
b) ingestão de alimentos contaminados por agrotóxicos. Acesse o Material Complementar disponível no Portal e
c) proliferação de criadouros de mosquitos transmissores. aprofunde-se no assunto.

ANOTAÇÕES

FRENTE A
BIOLOGIA

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 35
CAPÍTULO

3 Reino Monera

O reino Monera é formado pelos seres unicelulares e procariontes. Os principais integrantes des-
Objetivos:
se reino são as bactérias. Elas se distribuem pelos mais variados ambientes que compõem a biosfera.
c Identificar as Além disso, são fundamentais para a manutenção do equilíbrio biológico dos ecossistemas em geral,
características básicas especialmente por sua ação decompositora, fundamental para a reciclagem da matéria na natureza.
dos componentes do Entre as várias atividades bacterianas com importância para os seres humanos, incluem-se a
reino Monera, inclusive manutenção ou o aumento da fertilidade de determinado tipo de solo e a obtenção de produtos
a estrutura celular de como certos alimentos e medicamentos.
uma bactéria. No entanto, algumas espécies de bactérias, a minoria, podem causar doenças em seres vivos
diversos, como seres humanos, animais de criação e plantas cultivadas. Neste capítulo, você vai co-
c Reconhecer a
nhecer melhor os componentes do reino Monera, constituído por bactérias e arqueas.
importância ecológica
das bactérias e seu

SPL/LATINSTOCK
A
valor para os interesses
humanos.

c Identificar as principais
doenças humanas
causadas por bactérias,
sua transmissão e
medidas de prevenção.

MEDISCAN/ALAMY/LATINSTOCK
B

Fig. 1 – Imagens de bactérias obtidas por microscópio


eletrônico e coloridas artificialmente. (A) Bactéria do
tipo vibrião (ampliação de 10 mil vezes). (B) Bactéria
do tipo coco (ampliação de 100 mil vezes).

36 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
MASPI/ARQUIVO DA EDITORA
A ESTRUTURA CELULAR NO REINO Ribossomo
Citosol
MONERA
Os seres do reino Monera são procariontes. As células procariotas, ao contrário
do que se verifica nas células eucariotas, não apresentam núcleo delimitado por
membrana nem apresentam organelas membranosas. Assim, as bactérias e arqueas
são destituídas de membrana nuclear (carioteca) e de organelas como o retículo
endoplasmático, o complexo golgiense, as mitocôndrias e os plastos. Logo, os pig- Parede celular

mentos relacionados com a absorção de luz na fotossíntese, quando existem, encon-


tram-se dissolvidos no citosol (ou hialoplasma), e não no interior de cloroplastos.
Observe na figura 2 o esquema da estrutura de uma célula bacteriana. A maio- Membrana
plasmática Material genético
ria das bactérias possui um envoltório externo – a parede celular, rígida, porosa e
constituída basicamente de peptidioglicanos, que são produtos formados por certos
polissacarídeos e cadeias peptídicas. A parede celular, que confere proteção e susten-
Fig. 2 – Esquema da estrutura de uma
tação à bactéria, envolve a membrana plasmática. bactéria.
Certas bactérias possuem uma cápsula protetora externa à parede celular; essa cápsula, formada
por proteínas e/ou polissacarídeos, pode ser ciliada e dificulta, por exemplo, a penetração de vírus
no interior da bactéria.
No citosol, acham-se imersos inúmeros ribossomos, organelas associadas à síntese proteica. O
material genético encontra-se disperso no citosol, sem membrana envolvente, sendo representado
por uma molécula circular de DNA que organiza o cromossomo. Algumas espécies de bactérias
apresentam também pequenos anéis de DNA, dispersos no citosol, denominados plasmídeos. Essas
estruturas podem abrigar genes codificadores de enzimas capazes de degradar certas substâncias
tóxicas para as bactérias.

BACTÉRIAS
As bactérias constituem o grupo mais numeroso de seres vivos na Terra. Apresentando dimen-
sões microscópicas, em geral medem de 1 a 10 micrômetros de comprimento – 1 µm (micrômetro) 5
5 0,001 mm.

A nutrição bacteriana
As bactérias podem ser autótrofas ou heterótrofas. As autótrofas conseguem sintetizar o próprio
alimento por meio da fotossíntese ou da quimiossíntese. As heterótrofas não produzem seu pró-
prio alimento e precisam recorrer a alguma fonte orgânica para obter a energia necessária à manuten-
ção da atividade metabólica. A maioria das bactérias heterótrofas vive da decomposição do material
orgânico disponível no ambiente. Entretanto, algumas espécies de bactérias associam-se a outros seres
vivos e deles obtêm o alimento, estabelecendo interações diversas, como o parasitismo e o mutualismo.

A importância das bactérias


As bactérias têm grande importância ecológica, porque, ao decomporem a matéria orgânica
disponível no ambiente, contribuem para a manutenção de vida no planeta. Você vai conhecer agora
essa e outras atividades desses microrganismos.
Ação decompositora
As bactérias decompositoras ou saprófitas, juntamente com a maioria dos fungos, atuam na
FRENTE A
natureza decompondo organismos mortos, partes que se destacam de seres vivos (como pele, unhas,
folhas, frutos) e resíduos eliminados no ambiente (por exemplo, fezes). Desse modo, os seres decom-
positores promovem a transformação da matéria orgânica em matéria inorgânica simples, que então
pode ser reaproveitada por outros seres, especialmente as plantas.
BIOLOGIA

Portanto, as bactérias são indispensáveis à reciclagem da matéria na natureza, constituindo


“usinas processadoras” de material orgânico morto. Em virtude da ação decompositora existe uma
contínua disponibilidade de elementos químicos necessários à construção da matéria viva nos seres
vivos. Por isso, as bactérias são fundamentais para a manutenção do equilíbrio biológico em todos
os ecossistemas da Terra.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 37
Fertilização do solo

NIGEL CATTLIN/ALAMY/LATINSTOCK
Pode-se concluir, pelo que foi descrito, que a fertilidade do solo depende da ativi-
dade dos seres decompositores. Mas outros tipos de bactérias também contribuem para
a riqueza do solo. É o caso das bactérias do gênero Rhizobium, que vivem associadas às
raízes de leguminosas, importante grupo de plantas que inclui a soja, o feijão e a ervilha.
Uma vez instaladas nas raízes, as bactérias fixam o gás nitrogênio atmosférico (N2)
e o transformam em sais nitrogenados, que são em parte assimilados pelas plantas. Esse
gênero de bactérias fornece às leguminosas os sais nitrogenados necessários ao seu de-
senvolvimento. Parte da matéria orgânica produzida pelas leguminosas por meio da fo-
tossíntese é assimilada por essas bactérias, que são heterótrofas. Assim, estabelece-se
uma interação de benefícios mútuos entre as bactérias Rhizobium e a planta; esse tipo
de interação é denominado mutualismo.
Em uma cultura de leguminosas, depois de colhidas as sementes, as plantas podem
ser misturadas com a terra e funcionar como “adubos verdes”. À medida que as plantas
são decompostas, as moléculas orgânicas nitrogenadas existentes nelas, como as pro-
teínas, originam principalmente amônia, que é liberada no ambiente. Então, bactérias
nitrificantes, como as dos gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter, atuam, respectivamente,
convertendo a amônia em nitrito e o nitrito em nitrato. Uma vez incorporados ao solo,
os nitritos e os nitratos aumentam sua fertilidade (fig. 3).
Associações benéficas com hospedeiros
São vários os exemplos de bactérias que estabelecem associações benéficas com
seus hospedeiros. É o caso das bactérias do gênero Rhizobium e plantas leguminosas,
como vimos no item anterior. É também o caso das bactérias da chamada flora micro-
biana intestinal, presente no tubo digestório de muitos animais, inclusive do ser humano.
Entre os benefícios proporcionados por essas bactérias, podemos considerar a proteção
contra o desenvolvimento de certas infecções intestinais e o fornecimento de alguns
tipos de vitaminas.
Outro exemplo bem conhecido de associação benéfica entre bactérias e seus hos-
pedeiros é o verificado com aquelas que vivem no estômago de ruminantes (fig. 4). Esses
microrganismos são capazes de digerir celulose, contribuindo assim para a nutrição dos
Fig. 3 – Raízes de leguminosa com nódulos onde vivem ruminantes; em troca, encontram nesses animais um hábitat adequado ao seu desenvol-
bactérias do gênero Rhizobium. vimento, além do alimento que garante sua atividade metabólica.

ANDRES RODRIGUEZ/ALAMY/LATINSTOCK

Fig. 4 – Os animais ruminantes – como bois,


veados, carneiros, alces e girafas – abrigam
no estômago bactérias capazes de digerir
celulose.

38 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Aplicações biotecnológicas
Muitas espécies de bactéria são utilizadas em biotecnologia, permitindo a obtenção de produ-
tos diversos. Vejamos alguns exemplos.
As bactérias do gênero Acetobacter são usadas na fabricação de vinagre, por oxidar álcool etílico,
transformando-o em ácido acético.
Os lactobacilos, como os dos gêneros Streptococcus, Lactobacillus e Lactococcus, são bactérias utili-
zadas na obtenção de coalhadas, queijos e iogurtes. Em contato com o leite, esses microrganismos
realizam fermentação láctica, convertendo a lactose (açúcar do leite) em ácido láctico. A liberação
de ácido láctico acidifica o leite, provocando a desnaturação de suas proteínas. Em consequência, as
proteínas do leite se emaranham e formam uma massa sólida, que constitui a base para a fabricação
dos produtos mencionados.
Alguns antibióticos podem ser obtidos de certas bactérias. A tirotricina e a bacitracina são antibió-
ticos produzidos por bactérias do gênero Bacillus.
As bactérias podem ser utilizadas no combate a espécies daninhas à agricultura. Um exemplo é o
Bacillus thuringiensis, produtor de uma toxina fatal para certos insetos que se alimentam de plantas
cultivadas.
Outras bactérias, como as do gênero Escherichia, são empregadas em engenharia genética. O uso
de bactérias transgênicas tem permitido a obtenção de produtos diversos, como a insulina humana
– hormônio regulador da taxa de glicose no sangue.
Indicadores de poluição ambiental
Vamos considerar aqui as bactérias conhecidas como coliformes fecais, que incluem gêneros
como Escherichia e Klebsiella.
Os coliformes fecais são abundantes nas fezes humanas e de outros animais. Assim, quando
ambientes aquáticos são poluídos por esgoto doméstico, essas bactérias podem ser usadas como
indicadores da qualidade sanitária da água: quanto maior a quantidade de coliformes fecais na água,
mais esgoto doméstico o ambiente considerado deve ter recebido (fig. 5).
Segundo os padrões fixados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a água
encontra-se imprópria para banho quando duas de cinco amostras apresentarem mais de 1 000
coliformes fecais ou 800 bactérias da espécie Escherichia coli por 100 mililitros de água.
FLPA/ALAMY/LATINSTOCK

Fig. 5 – Esgoto doméstico sendo


despejado em um lago.

Ação patogênica
As bactérias patogênicas (do grego pathos, “sofrimento”, “doença”) podem causar doenças em FRENTE A
seres vivos diversos. Em plantas, por exemplo, bactérias do gênero Xanthomonas podem provocar o
cancro cítrico, que acomete todas as espécies de plantas cítricas (limoeiros, laranjeiras) e desenvolve
lesões em folhas, ramos e frutos. Em animais, bactérias do gênero Brucella, por exemplo, podem
BIOLOGIA

provocar a brucelose. Essa doença, que ocorre sobretudo em animais como cães, suínos, caprinos e
ovinos, provoca lesões genitais, entre outros sintomas.
Mais adiante, neste capítulo, você vai conhecer as principais doenças humanas causadas por
bactérias. Neste momento, basta saber que a tuberculose, a sífilis e o tétano são alguns exemplos
dessas doenças.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 39
Os tipos morfológicos de bactérias
Quanto à morfologia, as bactérias classificam-se basicamente em três categorias: cocos, bacilos
e espirilos.
Cocos

DR. STANLEY FLEGER/VISUALS UNLIM/SPL/LATINSTOCK


São bactérias de forma arredondada (fig. 6).
Os cocos apresentam-se isolados ou formando colônias. Segundo a quantidade de bactérias e
sua disposição (veja a figura 7), as colônias são classificadas em:
diplococos – colônia de dois cocos;
tétrade – colônia de quatro cocos;
sarcina – colônia cúbica de oito ou mais cocos;
estreptococos – colônia de cocos em fileira;
pneumococos – colônia de dois cocos em forma de chama de vela;
estafilococos – colônia de cocos dispostos em cacho;
gonococos – colônia de dois cocos reniformes (em forma de rim).

MASPI/ARQUIVO DA EDITORA
Diplococos Gonococos

Fig. 6 – Imagem de bactérias do tipo


coco obtida por microscópio eletrônico.
Tétrade
(Ampliação de 15 mil vezes.)
Pneumococos

Sarcina

Fig. 7 – Esquema de colônias de cocos. Estreptococos Estafilococos

Bacilos
SPL/LATINSTOCK

São bactérias em forma de bastonete (fig. 8).


Espirilos
São bactérias que têm a forma de um bastonete recurvado e apre-
sentam tamanhos variados. Os espirilos propriamente ditos formam
filamentos helicoidais (fig. 9). Já os vibriões, como o Vibrio cholerae, cau-
sador da cólera, são bactérias curtas, com uma espira incompleta, em
forma de vírgula.

SCIENTIFICA/RMF/VISUALS UNLIMITED/CORBIS/LATINSTOCK

Fig. 8 – Imagem de bactérias do tipo bacilo obtida por microscópio


eletrônico. (Ampliação de, aproximadamente, 8 800 mil vezes.)

Fig. 9 – Imagem de bactéria do tipo espirilo obtida por


microscópio de luz. (Ampliação de 40 mil vezes.)

40 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
A reprodução das bactérias
O principal tipo de reprodução em bactérias é a reprodução assexuada por divisão simples
ou cissiparidade: um indivíduo divide-se originando dois outros geneticamente iguais, supondo
ausência de eventuais mutações (fig. 10).
Membrana plasmática

SPL/LATINSTOCK
A B
Parede celular

DNA

Fig. 10 – (A) Imagem obtida por microscópio


eletrônico mostrando a cissiparidade.
(Ampliação de 17 650 mil vezes.) (B) Esquema
de bactéria em divisão.

Em algumas espécies de bactérias pode ocorrer recombinação de material genético. É o caso da


conjugação, processo descoberto em cultura conjunta de duas variedades geneticamente diferentes
de Escherichia coli. Nesse processo, duas bactérias geneticamente diferentes se unem por meio de
uma ponte citoplasmática. Uma delas, a bactéria doadora, injeta parte de seu material genético na
outra, a bactéria receptora. Então, as duas bactérias separam-se e, no interior da bactéria receptora,
ocorrem recombinações gênicas. Em seguida, essa bactéria reproduz-se assexuadamente originando
novas bactérias portadoras de material genético recombinado (figs. 11 e 12).

Fig. 11 – Esquema de conjugação,

SPL/LATINSTOCK
processo que permite o aumento da
variabilidade genética da população
bacteriana, contribuindo para sua
adaptação a um determinado ambiente.
MASPI/ARQUIVO DA EDITORA

Bactéria
doadora

Aproximação

Separação

FRENTE A
Injeção
do material
Bactéria genético Recombinação
gênica
BIOLOGIA

receptora
Fig. 12 – Imagem
de bactérias em
Bactérias-filhas conjugação obtida
Divisão por microscópio
eletrônico. (Ampliação
de 35 mil vezes.)

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 41
PARA CONSTRUIR

1 Na época em que viveu o pesquisador holandês Anton van 3 Em relação às bactérias, responda às questões.
m Leeuwenhoek (1632-1723), o mundo microbiano estava sen- a) Qual é sua importância para a reciclagem da matéria
Ene-4
C 4
H-1 do descoberto; era uma grande novidade para as pessoas na natureza?
em geral. Leia o que Leeuwenhoek escreveu após observar
As bactérias transformam a matéria orgânica morta em matéria
microrganismos ao microscópio.
inorgânica simples, que então pode ser reaproveitada pelos
Recebi em minha casa diversos cavalheiros, ansiosos
seres vivos.
por observar as pequenas enguias do vinagre; mas alguns
deles ficaram tão enojados com o espetáculo que juraram b) Cite dois exemplos da utilização desses seres em proces-
nunca mais usar vinagre. O que seria se essa gente soubes- sos industriais.
se que existem mais animais na boca humana, vivendo Produção de coalhada (lactobacillus) e de vinagre (Acetobacter).
entre os dentes, do que seres humanos em todo um reino?
c) Cite e diferencie os tipos morfológicos básicos.
Agora, responda.
Cocos, esféricos; bacilos, em forma de bastonetes; espirilos,
a) Enguia é a denominação comum a várias espécies de pei-
xes alongados, em forma de serpente, que vivem princi- bastonetes recurvados com várias espiras; vibriões, em forma
palmente no mar. O que seriam então as “enguias” do vi- de vírgula.
nagre e os “animais” que existem na boca humana, citados
d) Qual a principal maneira pela qual esses seres se reproduzem?
no texto?
Reprodução assexuada por cissiparidade.
Seriam bactérias. Na boca humana encontram-se diversos tipos
de microrganismos, como fungos. Mas as bactérias constituem
e) Cite três exemplos de doenças humanas provocadas por
bactérias.
a maioria dos seres existentes na saliva ou entre os dentes.
Tuberculose, hanseníase, tétano, gonorreia, sífilis.
b) O que provavelmente teria levado Leeuwenhoek a cha-
mar os seres observados ao microscópio de “animais”? 4 (Fatec-SP) O cultivo de certas plantas “esgota” a fertilidade do
Provavelmente, Leeuwenhoek foi levado a chamá-los de solo, devido à retirada de nitrogênio pelas plantas, sem haver
a necessária reposição. Que plantas podem ser cultivadas para
“animais” por causa da movimentação ativa apresentada por eles,
aumentar o nitrogênio disponível no solo? Explique por quê.
geralmente atribuída aos animais.
Leguminosas, como o feijão e a soja. As leguminosas associam-se
c) Atualmente, a que reino pertencem os seres observados?
a bactérias do gênero Rhizobium, capazes de fixar gás nitrogênio
Reino Monera.
da atmosfera. Essas bactérias fornecem sais de nitrogênio para as
d) Quais os critérios usados para incluir um ser vivo nesse leguminosas, que os utilizam na síntese de substâncias orgânicas,
reino?
como proteínas. Depois de cortadas e incorporadas ao solo, essas
O ser vivo deve ser unicelular e procarionte.
plantas são decompostas, fornecendo sais nitrogenados ao solo e
e) Que tipos de microrganismos pertencem a esse reino? compensando o desgaste promovido pela cultura anterior.
Bactérias e arqueas.
5 (Enem)
2 Um estudante escreveu, em uma prova, que as bactérias pos- m
Ene-4 O uso prolongado de lentes de contato, sobretudo
C
suem material genético no interior de núcleo individualiza- H-14 durante a noite, aliado a condições precárias de higiene
do, envolvido por membrana. Escreveu também que esses representam fatores de risco para o aparecimento de uma
m
seres podem ser autótrofos ou heterótrofos. Ene-7
C 1 infecção denominada ceratite microbiana, que causa ulce-
H-2
Você concorda com tudo o que escreveu o estudante? Justi- ração inflamatória na córnea. Para interromper o processo
fique sua resposta. da doença, é necessário tratamento antibiótico. De modo
Espera-se “não” como resposta, pois as bactérias, de fato, possuem
geral, os fatores de risco provocam a diminuição da oxige-
nação corneana e determinam mudanças no seu metabo-
material genético e podem ser autótrofas ou heterótrofas, mas
lismo, de um estado aeróbico para anaeróbico. Como de-
o estudante errou ao afirmar que as bactérias possuem núcleo corrência, observa-se a diminuição no número e na
individualizado – o material genético fica disperso no citosol. velocidade de mitoses do epitélio, o que predispõe ao apa-
recimento de defeitos epiteliais e à invasão bacteriana.
CRESTA, F. Lente de contato e infecção ocular. Revista Sinopse de Oftalmologia.
São Paulo: Moreira Jr., v. 4, n. 4, 2002. Adaptado.

42 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
A instalação das bactérias e o avanço do processo infeccioso na córnea estão relacionados a algumas características gerais desses
microrganismos, tais como: e
a) a grande capacidade de adaptação, considerando as constantes mudanças no ambiente em que se reproduzem, e o processo
aeróbico como a melhor opção desses microrganismos para a obtenção de energia.
b) a grande capacidade de sofrer mutações, aumentando a probabilidade do aparecimento de formas resistentes, e o processo
anaeróbico da fermentação como a principal via de obtenção de energia.
c) a diversidade morfológica entre as bactérias, aumentando a variedade de tipos de agentes infecciosos, e a nutrição heterotró-
fica, como forma de esses microrganismos obterem matéria-prima e energia.
d) o alto poder de reprodução, aumentando a variabilidade genética dos milhares de indivíduos, e a nutrição heterotrófica, como
única forma de obtenção de matéria-prima e energia desses microrganismos.
e) o alto poder de reprodução, originando milhares de descendentes geneticamente idênticos entre si, e a diversidade metabóli-
ca, considerando processos aeróbicos e anaeróbicos para a obtenção de energia.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 3 Para aprimorar: 1 a 4

As doenças bacterianas
Muitas doenças que acometem o ser humano e outros seres vivos são provocadas por certas
bactérias. A seguir veremos os principais casos de doenças humanas causadas por esses seres.
Cólera
É uma doença causada pela bactéria Vibrio cholerae, transmitida aos seres humanos por água
e alimentos contaminados. A bactéria instala-se no intestino, irritando suas paredes e provocando
infecção aguda. Os principais sintomas da doença são: diarreias fortes, fezes às vezes esbranquiçadas
lembrando “água de arroz”, vômitos, cólicas intestinais, cãibras musculares e alteração na produção
de urina.
A prevenção da cólera é feita com as seguintes ações:
Ingerir água tratada, fervida ou clorada.
Proteger os alimentos, inclusive os cozidos, para evitar o pouso de moscas, que podem transportar
as bactérias caso tenham entrado em contato com vômitos ou fezes de pessoas doentes.
Evitar o consumo de alimentos preparados em locais de higiene duvidosa.
Ter cuidados higiênicos, como lavar bem as mãos antes das refeições.
Lavar bem frutas e verduras ingeridas cruas ou, de preferência, colocá-las de molho em água clorada
antes de consumi-las.
Comer frutos do mar apenas muito bem cozidos, uma vez que as águas litorâneas podem even-
tualmente estar infectadas, constituindo “criadouros” do vibrião colérico.
De maneira geral, os casos de cólera não são fatais se o diagnóstico for rápido e o doente receber
tratamento correto. Em grande parte dos casos da doença, as pessoas podem ser tratadas com solu-
ção de sais que permitem a reidratação do organismo. Nos casos mais graves, o uso de antibióticos,
com a devida orientação médica, reduz o volume e a duração da diarreia. Embora exista vacina contra
a cólera, a eficácia é pequena.
Meningite meningocócica
As meninges são membranas que envolvem os órgãos do sistema nervoso central. A meningi-
te, processo de inflamação das meninges, pode ser provocada por diversos agentes, inclusive vírus,
fungos e protozoários. A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis
(meningococo) e é transmitida aos seres humanos pela contaminação das vias respiratórias por meio
de gotículas de saliva expelidas por espirros, tosse ou fala de pessoa infectada. A transmissão pode FRENTE A
ocorrer também por contato com objetos contaminados, como talheres e copos.
Os sintomas da doença, que pode levar o paciente à morte, compreendem dores de cabeça e
de garganta, febre alta e rigidez da nuca. O tratamento da meningite meningocócica inclui o uso de
BIOLOGIA

antibióticos; para a prevenção, a pessoa deve tomar vacina específica.


Tuberculose
A bactéria Mycobacterium tuberculosis, causadora da tuberculose, é também conhecida
como bacilo de Koch. A transmissão acontece pela contaminação das vias respiratórias quando

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 43
um indivíduo é infectado por gotículas de saliva contaminadas e expelidas pelo doente durante
a fala, espirro ou tosse.
Na maioria dos casos, as bactérias instalam-se nos pulmões, onde provocam lesões específicas
denominadas tubérculos. O doente é acometido de alveolites, tosses, febres, suores, emagrecimento,
fadiga e expectorações acompanhadas de sangue, entre outros sintomas. Excepcionalmente, a bac-
téria pode se instalar em outras regiões do corpo, como rins, ossos, testículos e meninges.
A bactéria pode ser combatida com o uso de antibióticos, e a prevenção da doença envolve a
vacinação de pessoas, especialmente crianças, com BCG – vacina aplicada por via oral ou intradér-
mica e cuja sigla deriva de Bacilo de Calmette-Guérin.
Tétano
É causado pela bactéria Clostridium tetani, também conhecida como bacilo de Nicolaier. Exis-
tente no solo na forma de esporos, esse bacilo anaeróbico penetra no corpo humano por ferimentos
da pele, durante contato com terra ou objetos contaminados. Uma vez instalada, a bactéria libera
toxina neurotóxica. Ocorrem dor de cabeça, febre e rigidez dos músculos da nuca, do pescoço e da
mandíbula, entre outros sintomas.
A doença pode levar à morte por paralisia de músculos respiratórios.
A prevenção se dá pela aplicação da vacina antitetânica e, em caso de suspeita de contágio, a
aplicação de soro antitetânico é fundamental.
Sífilis
Doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum, que também
pode passar de mãe para filho por meio da placenta.
No período primário da doença, cerca de um mês após a contaminação, aparece, geralmente
nos órgãos genitais, uma lesão endurecida, ulcerosa e praticamente indolor, que configura o chamado
“cancro duro” e que depois desaparece. No período secundário, que em geral se manifesta algumas
semanas depois do cancro duro, aparecem erupções na pele e nas mucosas, além de outros sintomas.
No período terciário, ocorrem lesões em várias partes do organismo, até mesmo no sistema nervoso
central, podendo acarretar cegueira, paralisia e morte.
A sífilis pode ser tratada com o uso de antibióticos, e a prevenção inclui educação sexual e
sanitária e exames pré-nupciais e pré-natais.
Gonorreia
Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, a gonorreia, ou blenorragia, é sexualmente trans-
missível. No homem, manifesta-se geralmente cerca de cinco dias após o contágio, verificando-se
corrimento uretral purulento e ardor ao urinar. Na mulher, pode ser assintomática ou manifestar-se
na forma de corrimento esbranquiçado. Quando não tratada, a gonorreia pode provocar esterilidade,
entre outros males. O tratamento é realizado com antibióticos, sob orientação médica.
Outras doenças
O quadro a seguir mostra outros exemplos de doenças provocadas por bactérias.

Doença Bactéria Principais características


Acomete principalmente crianças e provoca tosse frequente e prolongada; é
Coqueluche Bordetella
transmitida por gotículas de saliva contaminadas e eliminadas pelo doente
ou tosse comprida pertussis
por meio de espirros, tosses ou fala; pode ser prevenida com vacinação.

Chlamydia Inflamação da membrana conjuntiva do olho, da córnea e das pálpebras, que


Tracoma
trachomatis pode provocar cegueira; é transmitida por objetos contaminados.

Provoca dor de cabeça, dor de garganta, febre, dores musculares, vômitos e


Streptococcus
Escarlatina erupções cutâneas de coloração avermelhada; é transmitida por gotículas de
pyogenes
saliva ou objetos contaminados; é tratada com antibióticos.

44 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Doença Bactéria Principais características
Provoca dor de garganta, febre e dificuldade na deglutição e fala; é
Corynebacterium
Difteria ou crupe transmitida por gotículas de saliva contaminadas; o tratamento inclui o uso
diphtheriae
de antibióticos e de soro antidiftérico; existe vacina contra a doença.
Mycobacterium Transmitida por contágio direto, a bactéria, também conhecida como bacilo
Hanseníase
leprae de Hansen, provoca lesões cutâneas, oculares e nervosas.
Transmitida por água, alimentos e objetos contaminados pela urina de
animais infectados, principalmente ratos; as manifestações mais comuns são
Leptospira
Leptospirose febre, dor de cabeça, vômitos e dores musculares; o tratamento é feito com
interrogans
antibióticos. Surtos da doença verificados quando ocorrem enchentes nas
cidades se explicam pela contaminação da água com urina de rato.

Além das doenças já descritas, as bactérias ainda podem causar intoxicação alimentar. É o caso
do botulismo, que é provocado por uma potente toxina produzida pelo Clostridium botulinum;
essa bactéria é um organismo anaeróbico que pode desenvolver-se em alimentos enlatados. Algu-
mas bactérias, como as dos gêneros Shigella e Salmonella, também contaminam alimentos diversos
e provocam inflamações no estômago e no intestino, acompanhadas de febre, vômitos, diarreias, e
podem levar o indivíduo à morte. Essas doenças exigem imediato tratamento médico, que inclui o
uso de antibióticos.
Como pudemos ver, as doenças bacterianas são passíveis de tratamento com antibióticos.

As cianobactérias
As cianobactérias já foram classificadas como algas pertencentes à divisão Cyanophyta e à
classe Cyanophyceae. Por isso, são também conhecidas como cianofíceas ou algas azuis. Sistemas de
classificação mais recentes incluem as cianobactérias no grupo das bactérias.
Encontradas na água doce e salgada, em solos úmidos e também recobrindo superfícies ro-
chosas e troncos de árvores, as cianobactérias geralmente têm vida livre, mas também formam
colônias; por vezes, associam-se a outros seres estabelecendo relação de mutualismo. A reprodução
é assexuada, ocorrendo principalmente por divisão simples ou cissiparidade.
As cianobactérias são autótrofas fotossintetizantes. Os pigmentos mais comuns são a clorofila a,
os carotenoides, a ficocianina (pigmento azulado) e a ficoeritrina (pigmento avermelhado). Esses
pigmentos se localizam em um sistema de membranas ou lamelas citoplasmáticas, decorrentes de
invaginações da membrana plasmática. De acordo com a proporção dos pigmentos, as cianobactérias
exibem coloração variada, como cinza, verde, amarela, violeta ou vermelha (fig. 13).
Na figura 14, há dois exemplos desses seres.

Parede celular
MASPI/ARQUIVO DA EDITORA

Membrana plasmática

Ribossomo

Lamela
citoplasmática
FRENTE A
BIOLOGIA

Pigmento Fig. 13 – Esquema de uma cianobactéria. Alguns autores consideram


Material as lamelas citoplasmáticas precursoras dos tilacoides, observados nos
genético
cloroplastos dos seres eucariontes fotossintetizantes.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 45
SPL/LATINSTOCK

PHOTOGRAPHER/SPL DC/LATINSTOCK
A B

Fig. 14 – Exemplos de cianobactérias dos gêneros (A) Nostoc (ampliação não fornecida) e (B) Anabaena (ampliação não fornecida). (Imagens obtidas por
microscópio de luz.)

Algumas cianobactérias, como as do gênero Nostoc, são capazes de satisfazer suas exigências
de nitrogênio fixando o gás nitrogênio atmosférico, a exemplo das bactérias do gênero Rhizobium.
Além disso, sendo clorofiladas, realizam fotossíntese. Essas duas características aliadas – capacidade
de fixar gás nitrogênio atmosférico e realizar fotossíntese – permitem a proliferação desses organis-
mos em ambientes naturais extremamente áridos, onde outros grupos biológicos normalmente não
se desenvolvem.

De volta ao passado
Em 1346, os primeiros registros de peste negra ocorreram na Mongólia: pulgas infectadas
pela bactéria Yersinia pestis infestaram milhões de ratos, que, por sua vez, invadiram habita-
ções humanas em busca de comida. A doença alastrou-se pela Ásia e finalmente alcançou
a Europa.
Leia a seguir alguns trechos extraídos do livro A próxima peste: novas doenças num
mundo em desequilíbrio, da bióloga e jornalista estadunidense Laurie Garrett.
[...] Conforme a peste ia atravessando a Europa e o norte da África, cada cidade
procurava antecipar-se à sua chegada tentando uma série de medidas para se proteger.
Barravam a entrada de viajantes, construíam pontes levadiças para separar os citadinos
ricos dos camponeses e menos afortunados...
[...] As aterrorizadas populações europeias fizeram de tudo, menos aquilo que as
teria poupado: livrar suas cidades de roedores e pulgas. As cidades foram vítimas do
flagelo não apenas devido à infestação de ratos, mas também em consequência da
densidade demográfica e das precárias condições de higiene. O banho era considera-
do perigoso: poucos europeus se lavavam, fazendo de seus corpos terreno fértil para
a infestação de pulgas e piolhos.
[...] Cada cidade ficava à mercê da doença por quatro ou cinco meses, até os ratos
e seres humanos suscetíveis morrerem. Os sobreviventes enfrentavam fome e colapso
econômico, provocados pela acentuada redução da força de trabalho.
[...] As taxas de mortalidade diárias eram espantosas: quatrocentos em Avignon;
oitocentos em Paris; quinhentos em Pisa; Viena enterrava ou queimava seiscentos
corpos por dia; e em Givry, na França, mil e quinhentos por dia. No fim, Londres, com
uma população pré-peste de 60 000, perdeu 35 000 habitantes. Metade da população
de Hamburgo e dois terços de Bremen pereceram. Os historiadores, em sua maioria,
acreditam que, no mínimo, um terço da população humana total (20 a 30 milhões de
pessoas) morreu de peste entre 1346 e 1350.
GARRETT, L. A próxima peste: novas doenças num mundo em desequilíbrio.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 233-4.

46 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Atualmente, sabe-se que a bactéria – ao entrar na corrente sanguínea humana por meio
da picada de pulgas, de mordidas de ratos, ou ainda por inalação do microrganismo parasita
– chega rapidamente ao sistema linfático. Então, ela provoca a destruição de grande número
de células, dando origem à formação de pústulas e furúnculos com pus. As bactérias que se
reproduzem nessas áreas infectadas migram então para órgãos como o fígado, o baço e o
cérebro, provocando hemorragias que comprometem a atividade desses órgãos e podem
levar o indivíduo a um estado de desordem mental e à morte.

THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE BRASIL


Fig. 15 – Ilustração referente à
peste negra em Tournai, Flandres.

ARQUEAS
As arqueas (fig. 16) constituem um grupo de microrganismos unicelulares e procariontes em
que se incluem seres aeróbios ou anaeróbios. Fig. 16 – Bióloga coletando amostra de
Por viverem em condições ambientais consideradas extremas, normalmente inóspitas a outros arqueas em água de lago com alto nível
grupos de seres vivos, muitas espécies de arqueas são chamadas de salinidade.
“extremófilas”. Elas foram encontradas se desenvolvendo, por

VOLKER STEGER/SPF/LATIN STOCK


exemplo, em ambientes com elevado teor salino ou em fon-
tes termais ácidas com temperatura entre 60 °C e 80 °C; algu-
mas espécies apresentam temperatura ótima de crescimento
em torno de 100 °C. Mas várias espécies de arqueas podem ser
encontradas também em condições ambientais consideradas
normais para a vida.
As arqueas são também conhecidas como arqueobacté-
rias. Embora bactérias e arqueas sejam seres unicelulares e pro-
cariontes, ambas apresentam importantes diferenças entre si.
Por exemplo, análises recentes do sequenciamento de DNA e FRENTE A
de RNA em arqueas e bactérias têm mostrado que esses dois
grupos apresentam diferenças genéticas notáveis, a ponto de
se considerar que as arqueas são evolutivamente mais próximas
BIOLOGIA

dos eucariontes do que das bactérias.


Por isso, alguns sistemas de classificação colocam bactérias
e arqueas em dois domínios diferentes: o domínio Bacteria e
o domínio Archaea; outro domínio é o Eukarya, que engloba
todos os eucariontes.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 47
Biodiversidade microbiana
A biodiversidade consiste na variedade de seres vivos, provenham eles de ambientes
terrestres ou aquáticos. É, portanto, um conteúdo da variação biológica que ocorre no mundo.
Mais recentemente, têm sido objeto de preocupação a constatação da alta biodiver-
sidade existente e os perigos de sua redução, em decorrência de vários fatores, sobretudo
as atividades da espécie humana alterando de diferentes maneiras o ambiente. Sabe-se que
a manutenção da biodiversidade é, nos dias de hoje, extremamente importante. São cada
vez mais reconhecidos os perigos da diminuição da biodiversidade: desequilíbrios de conse-
quências imprevisíveis e extinção de espécies de seres vivos importantes não apenas para a
manutenção do equilíbrio biológico, mas também para o próprio bem-estar da humanidade.
Mas esse enfoque é geralmente apresentado ao grande público como se a manutenção
da diversidade biológica consistisse apenas na preservação das espécies de animais e de plan-
tas em risco de extinção. Embora a luta dos ambientalistas para preservar essas espécies seja
necessária e louvável, seus defensores, às vezes, esquecem-se de que muitas espécies de seres
vivos, reconhecidamente importantes do ponto de vista da preservação do ambiente, estão
sendo dizimadas sem que medidas coibidoras do extermínio sejam tomadas.
Cada vez que se constrói uma represa, que se incendeia uma floresta ou que se lançam
produtos químicos no solo ou na água, microrganismos são enormemente afetados e muitos
deles não têm mecanismos de locomoção tão ágeis, como os que podem ser encontrados em
certas aves e em mamíferos, por exemplo, que lhes permitam escapar do extermínio (fig.17).
Por serem microscópicos e, portanto, invisíveis aos olhos do grande público e da mídia, não se
consideram os danos significativos para o equilíbrio biológico que a perda de muitas espécies
de microrganismos provoca.
Sabe-se atualmente que os microrganismos em geral, além de serem responsáveis por
importantes processos metabólicos, pelo controle biológico de doenças e de pragas, pela
fixação do gás nitrogênio atmosférico, pela degradação de resíduos orgânicos e de alguns
produtos tóxicos, são um manancial de fármacos, corantes, enzimas e ácidos orgânicos, entre
Fig. 17 – As queimadas promovem muitos outros produtos úteis aos interesses humanos e ainda inexplorados.
grande devastação na população Em outras palavras, a importância dos microrganismos para a Ecologia e a biotecnologia
microbiana do solo.
é inquestionável.
MELO, Itamar S.; AZEVEDO, João L. (Eds.)
Ecologia microbiana. Jaguariúna: Embrapa-CPNMA, 1998. Adaptado.

A & J VISAGE/ALAMY/LATINSTOCK

48 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
PARA CONSTRUIR

6 (Unicamp-SP) Um dos animais sinantrópicos mais importantes 9 (Ufop-MG) Fazendo um paralelo entre a hepatite A e a cólera,
na área de saúde pública é o rato. Quando ocorrem enchentes ambas as doenças infecciosas transmitidas pela água de con-
podem aparecer surtos de leptospirose humana. Qual é a rela- sumo contaminada, explique o seguinte:
ção entre as enchentes e os surtos de leptospirose? I. Por que uma das medidas profiláticas contra a cólera con-
A água das enchentes contamina-se com a urina de rato contaminada siste em usar água de consumo filtrada e, contra a hepati-
te A, essa medida não tem valor?
com a bactéria que provoca a leptospirose, o que aumenta a
No caso da cólera, o filtro é capaz de reter as bactérias que
possibilidade de contágio nos seres humanos.
causam essa doença. Porém, o filtro não retém os vírus que
7 (UFF-RJ) Bactérias são encontradas nos mais diferentes provocam a hepatite, porque esses microrganismos são muito
m meios. Muitas delas causam infecções com graves lesões pequenos, bem menores do que as bactérias.
Ene-4
C 4
H-1 nos organismos animais (patogênicas) e se constituem em
sério problema para o homem. Entre estas infecções, por sua II. Qual seria sua opção, se você tivesse de escolher um úni-
gravidade e elevada frequência, sobretudo em populações co método para tratar a água de consumo, para evitar am-
de baixa renda, destaca-se o tétano, também conhecido, no bas as doenças ao mesmo tempo?
caso neonatal, como “mal de sete dias”. A fervura da água poderia ser a medida adotada para evitar as duas
Com referência ao tétano informe: doenças, pois esse processo destrói tanto as bactérias quanto

a) o agente etiológico e tipo bacteriano envolvido; os vírus.

O tétano é causado pela bactéria Clostridium tetani. Essa bactéria III. Por que a água de uma cisterna construída próximo a
é um bacilo anaeróbico. uma região endêmica dessas doenças poderia ser uma
provável fonte de disseminação da cólera e da hepatite A?
b) a forma de transmissão;
As fezes de uma pessoa doente poderiam contaminar o solo; os
O contágio ocorre por meio de objetos contaminados com esporos
microrganismos causadores dessas doenças, arrastados pela
da bactéria que entram em contato com ferimentos profundos.
água das chuvas, poderiam contaminar o lençol freático que
c) o principal sintoma; abastece a cisterna.
Rigidez muscular.
10 (Enem)
d) recursos disponíveis de imunização ativa e passiva, carac-
m
Ene-4
Casos de leptospirose crescem na região. M. P. S. tem
terizando-os. C 4
H1
- 12 anos e está desde janeiro em tratamento de leptospirose.
A imunização ativa ocorre a partir da aplicação de vacina antitetânica;
Ela perdeu a tranquilidade e encontrou nos ratos [...] os
esse processo é preventivo e duradouro. A imunização passiva se vilões de sua infância. “Se eu não os matar, eles me matam”,
dá com a aplicação de soro antitetânico, que contém anticorpos diz. Seu medo reflete um dos maiores problemas do bairro:
prontos; é um processo de cura da doença e de ação temporária.
a falta de saneamento básico e o acúmulo de lixo...
O Estado de S. Paulo, 31 jul. 1997.
Oito suspeitos de leptospirose. A cidade ficou sob as
8 (UFMT) Em relação à doença conhecida pelo nome de cólera, águas na madrugada de anteontem e, além de 120 desa-
responda: brigados, as inundações estão fazendo outro tipo de víti-
mas: já há oito suspeitas de casos de leptospirose [...]
a) Qual é o agente causador? Indique sua posição na classifi- transmitida pela urina de ratos contaminados.
cação dos seres vivos. Folha de S.Paulo, 12 fev. 1999.
O agente causador é a bactéria Vibrio cholerae; reino Monera. As notícias dos jornais sobre os casos de leptospirose estão
FRENTE A
associadas aos fatos:
b) Quais os principais meios de transmissão?
I. Quando ocorre uma enchente, as águas espalham, além
A transmissão ocorre por água e alimentos contaminados.
do lixo acumulado, todos os dejetos dos animais que ali
c) Como pode ser prevenida? vivem.
BIOLOGIA

A prevenção consiste, por exemplo, na ingestão de água clorada II. O acúmulo de lixo cria ambiente propício para a prolifera-
ou fervida, na lavagem das mãos, principalmente antes das
ção dos ratos.
III. O lixo acumulado nos terrenos baldios e nas margens de
refeições, na proteção dos alimentos contra o pouso de moscas,
rios entope os bueiros e compromete o escoamento das
em beber apenas leite fervido, etc. águas em dias de chuva.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 49
IV. As pessoas que vivem na região assolada pela enchen- O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da peste
te, entrando em contato com a água contaminada, têm negra, que assolou a Europa durante parte do século XIV, su-
grande chance de contrair a leptospirose. gere que: a
A sequência de fatos que relaciona corretamente a leptospi- a) o flagelo da peste negra foi associado ao fim dos tempos.
rose, o lixo, as enchentes e os roedores é: e b) a Igreja buscou conter o medo, disseminando o saber médico.
a) I, II, III e IV. d) II, IV, I e III. c) a impressão causada pelo número de mortos não foi tão
b) I, III, IV e II. e) II, III, I e IV. forte, porque as vítimas eram poucas e identificáveis.
c) IV, III, II e I. d) houve substancial queda demográfica na Europa no pe-
11 Considerando as cianobactérias, responda: ríodo anterior à peste.
e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo fato
a) Por que elas conseguem se instalar em lugares onde os
de os cadáveres não serem enterrados.
demais seres vivos, em geral, não conseguem?
As cianobactérias realizam fotossíntese e também fixam o gás 13 A bactéria Yersinia pestis, causadora da peste negra, é transmi-
nitrogênio da atmosfera. Essas duas características, juntas, tida aos seres humanos pela picada de pulgas infectadas de
contribuem para a sobrevivência desses organismos em ratos. Um dos sintomas da doença é o inchaço de gânglios
ambientes áridos. É por isso que as cianobactérias podem atuar
linfáticos, formando bubões, daí o nome “peste bubônica”
atribuído à doença. Existe vacina contra a doença, e o seu
como espécies pioneiras em sucessões ecológicas.
tratamento inclui o uso de antibióticos.
b) Que diferenças existem entre elas e a maioria das demais Imaginando que fosse possível voltar no tempo e chegar a
bactérias?
uma cidade europeia da Idade Média, antes de ela ser atingi-
As cianobactérias possuem clorofila e fazem fotossíntese, ao da pela peste negra, responda:
contrário da maioria das bactérias.
a) Que medidas profiláticas você adotaria para evitar a pro-
c) Como elas se reproduzem? pagação da doença?
Assexuadamente, principalmente por fissão binária. Cuidados higiênicos, como banho, uso de roupas e cobertores
lavados e limpos, limpeza da casa e outras atitudes que pudessem
12 (Enem) A peste negra dizimou boa parte da população europeia,
com efeitos sobre o crescimento das cidades. O conhecimento evitar a proliferação de pulgas; coleta de lixo e outras medidas que
m
Ene-4
C 4
H-1
médico da época não foi suficiente para conter a epidemia. evitassem a proliferação de ratos.

Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu:


As pessoas morriam às centenas, de dia e de noite, e
todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que
b) Cite três maneiras de combater a doença atualmente, não
essas fossas ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei
disponíveis para os seres humanos da Idade Média.
meus cinco filhos com minhas próprias mãos (...) E morre-
ram tantos que todos achavam que era o fim do mundo. Uso adequado de inseticidas para eliminar pulgas; vacinação da
TURA, Agnolo di. The plague in Siena: an italian chronicle. In: BOWSKY, população; tratamento de doentes com o uso de antibióticos.
William M. The black death: a turning point in history?
New York: HRW, 1971. Adaptado.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 4 a 10 Para aprimorar: 5 a 10

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

As autoridades sanitárias, para liberar ou desaconselhar o ba-


PARA PRATICAR
nho de mar, verificam o grau de poluição da água, fazendo a
quantificação da seguinte bactéria:
1 (UFF-RJ) O banho de mar pode tornar-se um grande perigo a) Staphylococcus aureus.
m para a saúde, já que em várias praias do Brasil o esgoto ain- b) Escherichia coli.
Ene-4
C 4
H-1 da é despejado sem tratamento prévio. Assim, o número de c) Mycobacterium tuberculosis.
casos de diarreias, micoses e hepatites infecciosas aumenta d) Clostridium tetani.
muito no verão em cidades litorâneas. e) Leptospira interrogans.

50 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
2 (Mack-SP) Em relação à morfologia, as bactérias com as for- Relacionando os sintomas apresentados com as condições
mas esférica, de bastão, em cacho de uva e em colar denomi- sanitárias da localidade, há indicações de que o paciente
nam-se, respectivamente: apresenta um caso de:
a) cocos, bacilos, estafilococos, estreptococos. a) difteria.
b) bacilos, cocos, estafilococos, estreptococos. b) botulismo.
c) cocos, bacilos, estreptococos, estafilococos. c) tuberculose.
d) bacilos, cocos, estreptococos, estafilococos. d) leptospirose.
e) estreptococos, estafilococos, bacilos, cocos. e) meningite meningocócica.

3 (UEL-PR) Observe o esquema abaixo. 6 (Unicamp-SP) Nos porões dos navios vindos do Oriente no
m m
Ene-4
século XIV, chegavam milhares de ratos à Europa, onde en-
Ene-4 Ribossomos C 4
C 4
H-1 H1
- contravam um ambiente favorável, dadas as condições pre-
cárias de higiene. Esses ratos estavam contaminados e suas
m
Ene-5 Material genético pulgas transmitiam um agente etiológico aos homens atra-
C 7
H1
-
vés da picada. Os ratos também morriam da doença e, quan-
Membrana esquelética do isso acontecia, as pulgas passavam rapidamente para os
humanos, para obterem seu alimento, o sangue. Qual é o
agente etiológico e qual é o nome popular dessa doença?
Membrana
plasmática a) Vírus, peste bubônica.
b) Bactéria, peste bubônica.
c) Vírus, leptospirose.
d) Bactéria, leptospirose.

7 (Mack-SP) Recentemente surgiram casos de botulismo, devi-


Hialoplasma do à ingestão de palmito contaminado. Essa doença ocorre
Ele representa: por ação de:
a) uma bactéria. d) uma célula animal. a) bactérias.
b) um protozoário. e) uma célula vegetal. b) fungos.
c) um fungo. c) vírus.
d) protozoários.
4 (Udesc) A tuberculose é causada por uma bactéria. Assinale a e) vermes.
alternativa correta quanto à tuberculose:
a) Agente: Mycobacterium trachomatis; compromete o trato 8 (Ufop-MG) O microrganismo Vibrio cholerae, causador de um
urinário. quadro de diarreia intensa conhecida como cólera, é um tipo
b) Agente: Clostridium tuberculosis; compromete o trato gas- de organismo unicelular. Assinale a alternativa que identifica
trointestinal. corretamente o tipo de organismo e o reino a que pertence:
c) Agente: Mycobacterium tuberculosis; compromete, em ge- a) Bactéria – Monera.
ral, os pulmões. b) Bactéria – Protista.
d) Agente: Treponema pallidum; compromete a mucosa res- c) Protozoário – Protista.
piratória. d) Vírus – Monera.
e) Agente: Mycobacterium tuberculosis; compromete as arti- e) Vírus – Protista.
culações.
9 (Ufal) A prática dos exames e das condutas preventivas é im-
5 (Enem) Medidas de saneamento básico são fundamentais no portante, pois uma pessoa portadora de doença sexualmente
processo de promoção de saúde e qualidade de vida da po- transmissível – por vezes, permanecendo latente – pode, in-
pulação. Muitas vezes, a falta de saneamento está relacionada
FRENTE A
voluntariamente, transmiti-la para outras pessoas. Ao procurar
com o aparecimento de várias doenças. Nesse contexto, um
um médico, um paciente relatou os seguintes sintomas:
paciente dá entrada em um pronto atendimento relatando
que há 30 dias teve contato com águas de enchente. Ainda Aparecimento de lesão na genitália externa, em forma de
informa que nesta localidade não há rede de esgoto e drena- pequena úlcera, referida pelo médico como cancro duro.
BIOLOGIA

gem de águas pluviais e que a coleta de lixo é inadequada. Desaparecimento dessa lesão (cancro), naturalmente, em
Ele apresenta os seguintes sintomas: febre, dor de cabeça e pouco tempo.
dores musculares. Aparecimento de lesões generalizadas na pele, com nu-
Disponível em: <http://portal.saude.gov.br>. merosos pontos vermelhos e escamosos, após, aproxima-
Acesso em: 27 fev. 2012. Adaptado. damente, dois meses.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 51
Ocorrência posterior de lesões em órgãos do sistema ner-
Tipo Aparência
voso, circulatório e urinário.
Considerando essas informações, o médico concluiu que o 1. Coco ( ) em forma de vírgula
paciente havia sido infectado por uma certa bactéria e apre-
sentava: 2. Bacilo ( ) bastonete
a) sífilis. 3. Vibrião ( ) esférica
b) gonorreia.
4. Sarcina ( ) cocos alinhados formando cadeias
c) difteria.
d) tricomoníase. 5. Estreptococos ( ) cocos agrupados formando um cacho
e) condiloma acuminado.
6. Estafilococos ( ) oito cocos agrupados formando um cubo
10 (Mack-SP) Seres vivos capazes de se desenvolver em meios
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de
onde outros não conseguem, por possuírem características
cima para baixo, é:
adequadas para isso, como a capacidade de realizar fotossín-
tese e de fixar o nitrogênio atmosférico. a) 2 – 6 – 1 – 4 – 5 – 3.
b) 4 – 3 – 2 – 6 – 5 – 1.
Essas referências são feitas às:
c) 3 – 2 – 1 – 5 – 6 – 4.
a) bactérias em geral. d) 4 – 6 – 1 – 3 – 2 – 5.
b) algas clorofíceas. e) 3 – 2 – 1 – 5 – 4 – 6.
c) cianobactérias.
d) euglenófitas. 4 (UFV-MG) Considere as seguintes afirmativas:
e) plantas em geral. I. Cólera, rubéola e botulismo são exemplos de infecções
bacterianas.
PARA APRIMORAR II. Bactérias se reproduzem principalmente por meio de
conjugação, um mecanismo de reprodução assexuada.
1 (Fuvest-SP) O organismo A é um parasita intracelular consti- III. Bactérias possuem um único cromossomo, entretanto,
tuído por uma cápsula proteica que envolve a molécula de podem conter material genético adicional na forma de
ácido nucleico. O organismo B tem uma membrana lipopro- plasmídeos.
teica revestida por uma parede rica em polissacarídeos que IV. Existem bactérias cujo hábitat natural apresenta tempera-
envolve um citoplasma, onde se encontra seu material ge- tura em torno de 70 ºC ou mais.
nético, constituído por uma molécula circular de DNA. Esses Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas:
organismos são, respectivamente: a) I e II.
a) uma bactéria e um vírus. b) II, III e IV.
b) um vírus e um fungo. c) III e IV.
c) uma bactéria e um fungo. d) II e III.
d) um vírus e uma bactéria. e) I, II e III.
e) um vírus e um protozoário.
5 (FGV-SP) São frequentes os surtos de leptospirose nas zonas
2 (UFMG) Em que alternativa as duas características são co- urbanas das grandes cidades, especialmente quando das en-
muns a todos os indivíduos do reino Monera? chentes causadas pelas chuvas e transbordamento de rios.
Sobre essa enfermidade, pode-se dizer que:
a) Ausência de núcleo e presença de clorofila.
b) Ausência de carioteca e capacidade de síntese proteica. a) Após infectar o homem, a transmissão da bactéria, de
c) Incapacidade de síntese proteica e parasitas exclusivos. pessoa a pessoa, passa a constituir a mais importante for-
d) Presença de um só tipo de ácido nucleico e ausência de ma de propagação da enfermidade.
clorofila. b) Em regiões sujeitas a inundações sazonais, a vacinação
e) Ausência de membrana plasmática e presença de DNA e preventiva da população deve ser instituída antes do pe-
RNA. ríodo das chuvas.
c) A principal forma de contágio é pelo contato da pele
3 (UPF-RS) Bactérias são organismos unicelulares e procarion- e/ou mucosas com água contaminada com urina de
m
Ene-1 tes, que podem ser diferentes quanto ao metabolismo, ao animais.
C 1
H- hábitat, à forma da célula e ao tipo de associação. Dada sua d) A vacinação dos animais domésticos é imprescindível
m
Ene-4
expressiva importância como agentes patogênicos, é funda- para o controle da doença na população humana.
C 4
H1
- mental saber reconhecê-las. Assim, associe as colunas a se- e) Seu tratamento é apenas sintomático, uma vez que não
m
Ene-5
guir, relacionando o tipo à aparência das bactérias. há medicação adequada para as infecções virais.
C 7
H-1

52 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
6 (Fuvest-SP) Cólera e meningite meningocócica são doenças a) I. Feridas produzidas por objetos sujos de terra ou de ester-
relativamente comuns no Brasil. Elas são transmitidas, respec- co; II. Bactéria; III. Sarampo; IV. Vírus; V. Diarreia e vômitos.
tivamente, por: b) I. Feridas produzidas por objetos sujos de terra ou de es-
a) bactérias, através da contaminação fecal de água e ali- terco; II. Vírus; III. Sarampo; IV. Vírus; V. Febre alta e dores de
mentos, e vírus, através da inalação de ar contaminado. cabeça.
b) bactérias, através da inalação de ar contaminado, e bacté- c) I. Penetração ativa através da pele e mucosas; II. Protozoá-
rias, através da contaminação fecal de água e alimentos. rio; III. Meningite; IV. Vírus; V. Diarreia e vômitos.
c) vírus, através da contaminação fecal de água e alimentos, d) I. Ingestão de água ou alimentos contaminados; II. Bactéria;
e vírus, através da inalação do ar contaminado. III. Meningite; IV. Bactéria; V. Febre alta e dores de cabeça.
d) bactérias, através da contaminação fecal de água e ali- e) I. Ingestão de água ou alimentos contaminados; II. Bactéria;
mentos, e vírus, através da contaminação fecal de água e III. Malária; IV. Bactéria; V. Alterações do sistema nervoso.
alimentos.
9 (PUC-MG) O bacilo do botulismo cresce e se reproduz em en-
e) bactérias, através da contaminação fecal de água e alimen-
latados e conservas que foram mal esterilizados, permitindo
tos, e bactérias, através da inalação de ar contaminado.
a sobrevivência de formas de resistência. Durante o cresci-
7 (FGV-SP) Luís, soldado da Polícia Militar, foi chamado pela mento, esses bacilos produzem uma toxina perigosa para o
Defesa Civil para prestar assistência de emergência a crian- ser humano. Um dos sinais desse crescimento é o gás pro-
ças que se encontravam ilhadas, em uma escola, devido às duzido, que faz estufar a lata e possui cheiro de matéria em
intensas chuvas. Sua missão foi um sucesso, apesar da forte putrefação. É correto afirmar, exceto:
correnteza que teve de enfrentar para resgatar crianças com a) O agente do botulismo é uma bactéria.
água à cintura. Passados 12 dias, várias delas e Luís apresenta- b) Ocorre nesse processo reprodução assexuada.
ram sintomas característicos de uma grave doença transmis- c) Pode ocorrer no processo respiração anaeróbia.
sível por contato da pele com água contaminada com urina d) O tratamento exigido na ingestão da toxina é a vacina.
de animais infectados. Como nenhuma criança bebeu água e) O bacilo pode apresentar formas latentes de resistência.
contaminada, pode-se suspeitar que o provável agente etio-
lógico da doença seria: 10 (Unicamp-SP) Um menino sofreu um ferimento no pé quan-
a) uma bactéria denominada Salmonella. m do estava brincando na terra. O médico foi informado de que
Ene-1
C 1
b) uma bactéria denominada Leptospira. H- a criança não tinha recebido muitas das vacinas obrigatórias.
c) uma bactéria denominada Shigella. m a) Nessa situação, que doença a criança estaria com maior
Ene-5
d) um protozoário denominado Cryptosporidium. C 7
H-1 risco de contrair? Explique por quê.
e) um protozoário denominado Giardia. b) Qual seria o procedimento mais seguro para evitar que,
nesse caso, a criança viesse a desenvolver tal doença?
8 (Fuvest-SP) A tabela seguinte apresenta algumas doenças,
Qual dos gráficos abaixo corresponde a esse procedimen-
m seus sintomas, formas de transmissão e agentes causadores:
Ene-1 to? Justifique.
C 1
H-
Formas de Agente c) A que procedimento corresponde o outro gráfico? Jus-
m
Ene-4
Doença Sintomas tifique.
C 4 transmissão causador
H-1

Febre e
Nível de anticorpos

m
Ene-5 A
C 7
H-1
Tétano rigidez I II
muscular

Contatos com
Febre alta, tosse,
indivíduos
III manchas vermelhas IV
portadores da Tempo
na pele
enfermidade
FRENTE A
Ingestão
Nível de anticorpos

de água ou B
Cólera V Bactéria
alimentos
BIOLOGIA

contaminados

A tabela estará corretamente preenchida quando os espaços


I, II, III, IV e V forem substituídos por: Tempo

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 53
CAPÍTULO

4 Reino Protoctista

Objetivos: O reino Protoctista abrange seres como os protozoários e as algas. Esse reino tem sido alvo de
críticas diversas, principalmente pelo fato de não haver ancestralidade comum entre seus principais
c Identificar as
características básicas
componentes. Alguns consideram que ele foi idealizado para abrigar seres eucariontes que não se
dos componentes do
enquadravam na definição de fungos, plantas e animais.
reino Protoctista. Os protoctistas são eucariontes. Logo, têm núcleo individualizado delimitado por membrana
nuclear e organelas citoplasmáticas membranosas, como as mitocôndrias e o retículo endoplasmá-
c Diferenciar tico, características que permitem distingui-los dos moneras.
os principais Os protozoários são seres uni ou multicelulares desprovidos de clorofila, com nutrição hete-
representantes dos rotrófica. As algas, uni e multicelulares, são todas clorofiladas, portanto, com nutrição autotrófica.
protozoários rizópodes, Conforme o sistema de classificação considerado, algas multicelulares como as feófitas podem
ciliados, esporozoários ser catalogadas como pertencentes ao reino Plantae. Aqui, adotaremos o sistema de classificação
e flagelados. que insere todas as algas no reino Protoctista.
c Identificar as principais

FRED BAVENDAM/MINDEN PICTURES/LATINSTOCK


AGE FOTOSTOCK/KEYSTONE BRASIL

doenças humanas A B
causadas por
protozoários, a forma
de transmissão e as
medidas de prevenção.

c Reconhecer as
características básicas
das algas e sua
importância ecológica
e econômica.

c Identificar e diferenciar
os principais grupos

NATURAL HISTORY MUSEUM, LONDON/ALAMY/LATINSTOCK


de algas unicelulares e C
multicelulares.

Fig. 1 – Exemplos de seres protoctistas. (A) Ameba,


exemplo de protozoário (imagem obtida por microscópio
de luz; ampliação de 400 vezes). (B) Coralina, exemplo
de alga multicelular. (C) Diatomáceas, exemplos de
alga unicelular (imagem obtida por microscópio de luz;
ampliação não fornecida).

54 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
PROTOZOÁRIOS
Os protozoários podem viver isolados ou formando colônias nos mais variados tipos de ambien-
tes; podem ser aeróbios ou anaeróbios e exibir vida livre ou associar-se a outros organismos. Neste
último caso, podem se comportar como:
comensais – alojam-se no organismo hospedeiro sem causar danos, nutrindo-se dos restos ali-
mentares; é o caso da Entamoeba coli, protozoário comensal que pode ser encontrado no intestino
humano;
mutualísticos – estabelecem com o hospedeiro uma relação de benefícios mútuos; é o caso
do Trichonympha collaris, que vive no intestino de cupins, onde promove a digestão da celulose,
auxiliando, assim, a nutrição desses animais; em troca, o protozoário encontra no inseto alimento
e hábitat adequados para sua sobrevivência;
parasitas – utilizam o hospedeiro para se alimentar ou se reproduzir; podem se alojar no ser
humano e em outros seres vivos, conforme veremos ao longo deste capítulo.
Os protozoários são microscópicos, mas existem exceções. O Spirostomum, por exemplo, que
mede cerca de 5 mm de comprimento, pode ser visualizado a olho nu.

A classificação dos protozoários


Imóveis ou deslocando-se por meio de cílios, flagelos ou pseudópodes, os protozoários são
classificados de acordo com o tipo e pela presença ou ausência dessas estruturas locomotoras. Assim,
são divididos em:
rizópodes ou sarcodíneos – locomovem-se por meio de pseudópodes;
ciliados – locomovem-se por meio de cílios;
esporozoários – são desprovidos de estruturas locomotoras;
flagelados ou mastigóforos – locomovem-se por meio de flagelos.
Rizópodes ou sarcodíneos
Os principais representantes dos rizópodes são as amebas, protozoários que se deslocam e se
alimentam produzindo projeções celulares chamadas pseudópodes.
Ao detectar a presença de um alimento qualquer, como algas ou protozoários menores, as
amebas emitem pseudópodes, que permitem a locomoção e a captura do alimento. Deslocam-se,
então, até o alimento, englobando-o. Esse fenômeno é conhecido por fagocitose.
A maioria das amebas é de vida livre, podendo ser dulcícolas ou marinhas.
Nas amebas dulcícolas, além das organelas comuns de uma célula, constata-se a presença de
um vacúolo denominado contrátil ou pulsátil. Considerando a Amoeba proteus (fig. 2), uma ameba
comum de água doce, verifica-se que seu fluido citoplasmático é hipertônico em relação ao meio em
que vive. Isso determina um fluxo de água, por osmose, do meio ambiente para o interior da célula.
Esse fluxo acabaria por promover a ruptura celular, se não fosse a atividade reguladora do vacúolo
pulsátil que recolhe o excesso de água que penetrou na célula e, com movimentos de pulsação,
elimina essa água para o meio externo.
BLICKWINKEL/GUENTHER/ALAMY/LATINSTOCK

SAIBA MAIS

Muitos protozoários dulcícolas


são capazes de eliminar, em
cerca de meia hora, uma quan-

FRENTE A
tidade de água corresponden-
te ao volume total da célula.
Essa água eliminada equivale à
quantidade de água absorvida
por osmose, pois esses proto-
BIOLOGIA

zoários são hipertônicos em


relação ao meio em que vivem.
Fig. 2 – Imagem de
Amoeba proteus obtida
por microscópio de luz.
(Ampliação não fornecida.)

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 55
Nas amebas marinhas, o vacúolo pulsátil seria funcionalmente inativo, pois a concentração salina
da água do mar é semelhante à concentração do fluido citoplasmático desses protozoários – isso
justifica a ausência dessa organela em tais protozoários.
Vejamos agora alguns detalhes sobre a ação da Entamoeba histolytica, ameba parasita que pode
ser ingerida pelos seres humanos na forma de cistos – pequenas bolsas com paredes resistentes,
que abrigam algumas amebas jovens –, presentes em água e alimentos contaminados. No intestino
grosso, o cisto é dissolvido pela ação de enzimas, e a Entamoeba histolytica prende-se então à parede
intestinal, atingindo capilares sanguíneos e fagocitando hemácias, das quais se nutre. Surgem ulcera-
ções intestinais e diarreias, quadro clínico básico da amebíase ou disenteria amebiana. Caso a ameba
consiga atravessar a parede intestinal, pode, por meio da corrente sanguínea, alojar-se e provocar
lesões em órgãos diversos (fig. 3).
A profilaxia da amebíase depende de saneamento básico adequado, com instalação de rede
de esgoto e tratamento de água. É importante também a noção de higiene pessoal e o uso de água
tratada ou fervida para beber e lavar os alimentos, sobretudo verduras e frutas.

Lesão no

INGEBORG ASBACH/ARQUIVO DA EDITORA


cérebro

Lesão no pulmão

Lesão
no fígado

Lesão ­
no baço

Úlceras
no intestino
grosso

Úlceras no
intestino
grosso

Fig. 3 – Amebíase: localização de


possíveis lesões.

56 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Ciliados
Protozoários portadores de cílios que se prestam à locomoção e captura de alimentos, os ci-
liados são abundantes em água doce e salgada e exibem vida livre ou associada a outros seres vivos.

Os ciliados são utilizados em experimentos diversos, uma vez que apresentam porte relati-
vamente grande e são de fácil criação. Os mais conhecidos são do gênero Paramecium, dos quais
se destacam as espécies Paramecium aurelia (comprimento entre 0,12 e 0,25 mm) e Paramecium
caudatum (0,15 a 0,3 mm de comprimento).

Para a descrição do grupo, utilizaremos os ciliados do gênero Paramecium (fig. 4).


Enquanto as amebas obtêm alimento por fagocitose, os ciliados alimentam-se por uma de-
pressão da superfície da célula, denominada sulco oral, onde há no final uma estrutura chamada
citóstoma (do grego kitos, “célula”; stoma, “boca”). O movimento dos cílios provoca turbilho-
namento na água, que facilita a penetração de uma eventual partícula alimentar no sulco oral.
O alimento atravessa então o citóstoma e penetra em uma região denominada citofaringe. No
final desta, o alimento é definitivamente incorporado pelo paramécio, havendo formação de um
vacúolo digestório.
Após a digestão e a absorção dos nutrientes, os resíduos digestórios são eliminados para o
ambiente por meio de um poro denominado citopígeo. Há ainda o vacúolo pulsátil, que elimina o
excesso de água absorvida do ambiente.
Canal coletor do vacúolo pulsátil

ROLAND BIRKE / PHOTOTAKE/ALAMY/LATINSTOCK


Vacúolo pulsátil

Micronúcleo
Cílios
Macronúcleo

Vacúolo Sulco oral


digestório
Citóstoma

Citofaringe

Citopígeo

Fig. 4 – Paramecium: esquema e fotomicrografia (ampliação de 250 vezes).

Consideremos também o Balantidium coli, um protozoário ci-

ILUSTRAÇÕES: INGEBORG ASBACH/ARQUIVO DA EDITORA


liado (fig. 5) causador de disenteria. Embora não ocasione lesões
graves ao organismo hospedeiro, muitos casos podem apresentar
sintomas tão semelhantes aos da disenteria amebiana que o diag-
nóstico apenas se torna claro pela identificação do microrganismo
nas fezes do indivíduo infectado. Os hospedeiros naturais são o
porco, o cavalo, o macaco e o rato. A transmissão ao ser humano
se dá principalmente pela ingestão de cistos do protozoário exis-
FRENTE A
tentes em alimentos ou água contaminada. A prevenção é basica-
mente a mesma indicada para a Entamoeba histolytica.
BIOLOGIA

Fig. 5 – Esquema do Balantidium coli.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 57
Esporozoários
Os esporozoários são protozoários parasitas, desprovidos de estruturas de locomoção. Entre as
doenças causadas por esses microrganismos, citamos a malária humana.
A malária é provocada por esporozoários do gênero Plasmodium, que são inoculados no ser
humano pela picada das fêmeas infectadas de mosquitos do gênero Anopheles (fig. 6).
Quando o mosquito transmissor, ou vetor, pica a pessoa, injeta-lhe um pouco de saliva, que
contém substâncias anticoagulantes. Caso o mosquito esteja infectado, juntamente com a saliva são
injetados esporos infestantes dos plasmódios. Esses esporos alcançam a corrente sanguínea humana
e se instalam em órgãos diversos, como o fígado e o baço, onde ficam incubados por vários dias.

SPL/LATINSTOCK
Fig. 6 – Fotomicrografia da parede externa do estômago
de um mosquito Anopheles infectado pelo protozoário
Plasmodium (os protozoários são as esferas azuis;
coloração artificial).

Após o período de incubação, os esporos retornam à corrente sanguínea e penetram nas hemá-
cias, onde se reproduzem assexuadamente. As hemácias então se rompem e liberam para o sangue
novos plasmódios, que passam a infectar novas hemácias sadias, repetindo o processo. O ataque
de frio e febre observado nas pessoas doentes coincide com a liberação dos plasmódios infestantes
e parece resultar da ação de substâncias tóxicas, liberadas no sangue por ocasião da ruptura das
hemácias infestadas.
Depois de algumas gerações, certos plasmódios se convertem em formas sexuadas denomi-
nadas gametócitos. Essas formas podem ser adquiridas pelo mosquito ao sugar o sangue da pessoa
doente. No interior do tubo digestório do inseto, os gametócitos completam o desenvolvimento
e se transformam em gametas, que originam zigotos. Cada zigoto produz muitos plasmódios, que
acabam se instalando nas glândulas salivares do Anopheles e podem ser transmitidos a outras pessoas
sadias, recomeçando o ciclo, conforme ilustra a figura 7.
O ciclo de vida do plasmódio compreende, portanto, duas fases.
Fase assexuada – ocorre no interior das hemácias; por alojar a fase assexuada, o ser humano é
considerado hospedeiro intermediário.
Fase sexuada – ocorre no tubo digestório do mosquito, que é então considerado o hospedeiro
definitivo.

58 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Zigotos desenvolvem
formas que migram
para as glândulas
salivares do mosquito.

Gametócitos
se unem no
sistema digestório
do mosquito.
Zigoto

Glândulas salivares
(esporos infestantes)

Gametócitos adquiridos
pelo mosquito Fêmea do mosquito Anopheles pica
um ser humano e transmite espo-
ros infestantes com a saliva.
Mosquito suga o sangue de uma
pessoa com malária.
MASPI/ARQUIVO DA EDITORA

Hemácias se rompem: alguns plasmódios vão


invadir novas hemácias e outros
transformam-se em gametócitos.

Esporos se reproduzem Esporos incubados no


assexuadamente nas hemácias. fígado

Esporos alcançam
a corrente sanguínea
e penetram nas hemácias.

Hemácia
Fig. 7 – Esquema do ciclo do plasmódio.

A malária
Também conhecida como maleita, impaludismo ou febre palustre, a malária foi durante
algum tempo uma doença atribuída à presença do ar “contaminado” de locais pantanosos.
A própria palavra malária, de origem italiana, significa “mau ar”. Sabe-se hoje que essa
enfermidade é causada por várias espécies de esporozoários do gênero Plasmodium. Veja:

Protozoário Tipo de malária Duração do ciclo


Plasmodium vivax Terçã benigna 48 horas FRENTE A

Plasmodium malariae Quartã 72 horas


Plasmodium falciparum Terçã maligna 24 a 48 horas
BIOLOGIA

A duração do ciclo corresponde ao tempo que os parasitas levam para completar o


processo reprodutivo no interior das hemácias. A febre terçã benigna e a febre quartã
raramente são fatais, ao contrário da febre terçã maligna, que muitas vezes leva o doente
à morte.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 59
A malária provoca lesões no fígado, no baço e em outros órgãos, além de intensa anemia,
fato que se explica pela destruição maciça de hemácias.
Os métodos mais comuns de profilaxia da malária são:
tratamento das pessoas doentes;
combate às larvas do mosquito em regiões alagadas, por meio de drenagens ou uso de
inseticidas, por exemplo;
recursos que evitem o acesso de mosquitos às moradias (como o uso adequado de inseti-
cidas, de telas em portas e janelas e de cortinados nas camas).

Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário esporozoário Toxoplasma
gondii. A transmissão do parasita aos seres humanos se dá pela ingestão de água e de ali-
mentos contaminados, principalmente carnes cruas ou malcozidas, e também pela ingestão
de cistos eliminados com as fezes de gatos contaminados e que podem estar presentes, por
exemplo, no solo ou nos pelos desses animais. Geralmente a doença evolui de forma benigna
e desaparece sem deixar sequelas no organismo. Mas em mulheres grávidas, o protozoário
pode atingir o feto e nele provocar lesões em órgãos diversos, como o cérebro.

PARA CONSTRUIR

1 Classifique os protozoários de acordo com o tipo e pela pre- um conjunto de fatores, como falta de condições sanitárias
m sença, ou ausência, de estruturas locomotoras. adequadas, ausência de água tratada e descuido com a hi-
Ene-4
C 4
H-1
giene pessoal podem levar ao surgimento de: c
Rizópodes ou sarcodíneos: locomovem-se por meio de pseudópodes;
a) Doença de Chagas.
flagelados ou mastigóforos: locomovem-se por meio de flagelos;
b) Malária.
ciliados: locomovem-se por meio de cílios; esporozoários: sem c) Amebíase.
estruturas locomotoras. d) Aids.
e) Tuberculose.

4 (Vunesp) Leia os versos da música “Águas de Março”, de Tom


2 (Fuvest-SP) O orgânulo denominado vacúolo contrátil ou pulsá- Jobim, para responder à(s) questão(ões).
til existe nos protozoários de água doce, mas não nos marinhos. É pau, é pedra, é o fim do caminho
a) Qual é sua função? É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
O vacúolo contrátil tem função de regulação osmótica:
É um belo horizonte, é uma febre terçã
bombeando continuamente água para fora do protozoário, evita
São as águas de março fechando o verão
excessiva hidratação.
É a promessa de vida no teu coração
<www.radio.uol.com.br>
b) O que se pode esperar como resposta do vacúolo con- O sapo, a rã e a febre terçã não fazem parte dos versos apenas
trátil se colocarmos o protozoário de água doce em uma por uma necessidade de rima, também têm relação com as
solução de mesma tonicidade do seu protoplasma? chuvas que caem em regiões de clima tropical.
O vacúolo contrátil torna-se funcionalmente inativo.
A febre terçã, a qual um dos versos se refere, é um sintoma
característico da: a
3 (UFPB) O Brasil hoje apresenta um quadro peculiar em rela- a) malária, adquirida pela picada de mosquitos que ocorrem
ção ao perfil epidemiológico da população. Problemas de em regiões quentes e úmidas.
saúde considerados de países desenvolvidos, como câncer, b) febre tifoide, adquirida por ingestão de água de poços e
convivem com problemas de saúde característicos de países açudes que receberam águas trazidas pelas enxurradas e
subdesenvolvidos, a exemplo de parasitoses. Nesse contexto, contaminadas por fezes de pessoas infectadas.

60 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
c) dengue, adquirida pela picada de mosquitos que são d) A temperatura elevada e os altos índices de chuva na
mais numerosos na época das chuvas. floresta equatorial favorecem a proliferação do mosquito
d) esquistossomose, adquirida através do contato com água transmissor.
de lagoas que se formam com as chuvas, nas quais po- e) O Brasil é o único país do mundo que não implementou
dem ocorrer caramujos vetores da doença. medidas concretas para interromper sua transmissão em
e) leptospirose, causada por vírus presente na urina dos ra- núcleos urbanos.
tos, que se mistura com as águas de enchentes provoca-
7 (PUC-SP) O gráfico a seguir tem relação com o ciclo de um
das pelas chuvas.
m
Ene-1
protozoário parasita pertencente ao gênero Plasmodium.
C 1
5 (UFF-RJ) A malária é uma parasitose que afeta mais de 200 mi- H- Nele são mostradas as variações, em função do tempo, da
lhões de pessoas em todo o mundo, principalmente nas re- temperatura corpórea das pessoas infectadas pelo parasita.
m
Ene-4
C 4
giões tropicais. H-1
Temperatura corpórea (°C)
Com relação à malária e ao parasita causador dessa epide- m
Ene-5
mia, especifique: C 7 40
H1
-

a) o grupo e o gênero a que pertence o agente etiológico da 39


doença;
O agente etiológico é o protozoário do gênero Plasmodium. 38

37
b) as células-alvo do parasita;
Inicialmente os protozoários parasitam células do fígado humano 36
0 12 24 36 40 60 72 Tempo (h)
e, na fase crônica, parasitam as hemácias do sangue.
As setas no gráfico indicam o momento em que uma das for-
mas de vida desse parasita: d
a) entrou na circulação por meio da picada de um inseto in-
c) os tipos de reprodução do parasita ao longo de seu ciclo;
fectado.
O mosquito (hospedeiro definitivo) aloja a fase sexuada e o ser b) apresentou alta taxa de reprodução no fígado.
humano (hospedeiro intermediário) abriga a fase assexuada c) apresentou alta taxa de reprodução nas fibras cardíacas.
do ciclo. d) foi liberada no sangue após o rompimento das hemácias.
e) causou sérias lesões no intestino.

8 (CFT-RJ) O Toxoplasma gondii é um parasita que também


d) duas medidas preventivas contra a doença. infecta a espécie humana. Segundo Christofer Solomon, até
Tratamento das pessoas doentes, combate às larvas do mos-
25% da população humana nos Estados Unidos, de 12 anos
ou mais, hoje é portadora de T. gondii. Identifique a opção
quito e recursos para evitar o acesso dos mosquitos adultos
abaixo que indica as formas mais comuns de infecção huma-
às moradias. na por T. gondii. a
a) O ser humano infecta-se ao comer carne malcozida de
hospedeiros de T. gondii infectados como, por exemplo, o
boi, o porco e o frango, e quando ingere cistos eliminados
6 (Enem) A malária é uma doença típica de regiões tropicais. De pelos gatos.
acordo com o Ministério da Saúde, no final do século XX foram b) A infecção pelo T. gondii ocorre quando o ser humano en-
registrados mais de 600 mil casos de malária no Brasil, 99% dos tra em contato com água onde há moluscos (caramujos,
quais na região amazônica. Os altos índices de malária nessa os hospedeiros intermediários) infectados que liberam as
região podem ser explicados por várias razões, entre as quais: d
FRENTE A
larvas capazes de perfurar a pele e as mucosas humanas.
a) As características genéticas das populações locais facili- c) A infecção do ser humano ocorre pelo contato com as larvas
tam a transmissão e dificultam o tratamento da doença. do verme presentes no solo, que são capazes de penetrar
b) A falta de saneamento básico propicia o desenvolvimento do ativamente na pele humana, e pela ingestão dessas larvas.
BIOLOGIA

mosquito transmissor da malária nos esgotos não tratados. d) A ingestão de alimentos contaminados por ovos do parasita
c) A inexistência de predadores capazes de eliminar o causador e a ingestão de carne malcozida contendo cisticercos são as
e o transmissor em seus focos impede o controle da doença. formas mais comuns de infecção humana por T. gondii.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 6 Para aprimorar: 1 a 3

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 61
Flagelados ou mastigóforos
Cílios e flagelos são comumente observados em
Protozoários portadores de flagelos que se prestam à locomoção, os
organismos unicelulares, mas não são exclusivos deles. O
flagelados ou mastigóforos podem ser encontrados isolados ou formando
espermatozoide humano, por exemplo, possui flagelo; em
colônias, em água doce ou salgada e na terra.
nosso sistema respiratório, verifica-se a presença de epité-
Várias espécies de flagelados parasitam o ser humano. A seguir, destaca-
lio ciliado na traqueia e nos brônquios.
remos os principais flagelados que exercem essa ação parasitária.
Trypanosoma cruzi – É o agente etiológico da doença de Chagas. Esse
Membrana
ondulante
protozoário (fig. 8) tem como reservatório natural animais silvestres, como
gambás, tatus, morcegos, preguiças, macacos e outros. Ao sugar o sangue
desses animais, insetos como o Triatoma infestans, conhecidos popularmente
como barbeiro, chupança, procotó e bicho-de-parede (fig. 9), adquirem o
parasita e se transformam em vetores da doença de Chagas.
Flagelo Os barbeiros podem viver em frestas de paredes, chiqueiros e paióis.
À noite, abandonam o esconderijo e vão sugar o sangue de pessoas ador-
mecidas; à medida que o sangue penetra no tubo digestório do inseto,
Núcleo
ele elimina sobre a pele humana fezes contaminadas com tripanossomos
Fig. 8 – Trypanosoma cruzi em sua forma infestante. Observe a infestantes. Os parasitas penetram pelo local da picada, fato favorecido
presença da membrana ondulante, cujo bordo livre termina em
pelo ato de a pessoa se coçar, e alcançam a corrente sanguínea. Instalam-
flagelo.
-se, então, em órgãos diversos, principalmente no coração. No interior
PHOTOSHOT/KEYSTONE BRASIL

dos miócitos, ou fibras musculares cardíacas, constroem “ninhos”, poden-


do provocar taquicardia (aceleração do ritmo das pulsações cardíacas),
insuficiência funcional, com redução da pressão arterial, e megalocardia
(dilatação do coração). Observe na figura 10 o esquema resumido do
ciclo desse flagelado.
A profilaxia da doença de Chagas inclui as seguintes medidas:
combater o vetor (barbeiro) com o uso adequado de inseticidas;
evitar transfusões de sangue em bancos que não garantam a qualidade e a
procedência do sangue, que pode ter sido doado por indivíduo portador da
doença;
eliminar, nas residências, locais que possam servir de esconderijo aos bar-
beiros, como frestas em paredes.
Fig. 9 – Barbeiro ou chupança, vetor da doença de Chagas.
Tripanossomo
“Ninhos” de na corrente
tripanossomos sanguínea

ILUSTRAÇÕES: INGEBORG ASBACH/ARQUIVO DA EDITORA

Coração

Fig. 10 – Esquema do ciclo do


Trypanosoma cruzi. Fezes do barbeiro

62 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Além de poderem ser transmitidos aos seres humanos por meio de insetos vetores (barbeiros)
e de transfusões com sangue contaminado, os tripanossomos podem também passar de mãe para
filho através da placenta ou por meio da amamentação.

Um feito inédito
Carlos Ribeiro Justiniano Chagas nasceu em Oliveira (MG). Em 1903, formou-se médico
pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Em junho de 1907, designado pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917), Chagas
chegou a Lassance (MG) com a missão de debelar um surto de malária que havia inter- REP
RO
rompido os trabalhos da ferrovia Central do Brasil, em Minas Gerais. Nos períodos DU
ÇÃ
O
em que passava no local, Chagas usava como acomodação um vagão estacio- /

<H
nado num desvio da estação de trem, que servia também como consultório e

TT
P:
// U
laboratório. Interessado não só pela profilaxia da malária, mas também pelos

PL
OA
insetos e parasitas causadores de certas doenças, o médico coletava espécies

D. W
I KI M
de animais e investigava pacientes que, aparentemente, exibiam sintomas

EDIA
que não tinham a ver com a malária.

.ORG
Um percevejo hematófago comum na região despertou a atenção

/ W I KIP E
do médico. Como as noites naquela área costumam ser frias, a única

D IA /C O M M O N S/2 /2 2/ C A R
parte do corpo não coberta durante o sono geralmente era o rosto, pi-
cado pelo inseto. Daí o apelido de “barbeiro” ao inseto que se escondia
nas frestas das paredes das casas durante o dia e à noite saía para se ali-
mentar. Chagas conhecia a importância dos insetos hematófagos como
transmissores de doenças parasitárias e começou a dissecar barbeiros.

LO
Depois de pesquisas diversas, encontrou, nesses animais, protozoários

S_CH
que representavam uma nova espécie de tripanossomo, que chamou de

AS_ AG
Trypanosoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz.

2. J
Em Lassance, Chagas identificou o Trypanosoma cruzi no sangue de

PG
>
uma menina de dois anos (Berenice). Em abril de 1909, publicou uma nota
no periódico Brazil Medico, comunicando a descoberta de uma nova doença,
do parasita que a provocava e do inseto que o transmitia. A descoberta é con- Fig. 11 – Carlos Chagas.
siderada um feito único na história da medicina, por ter descrito o ciclo completo
da moléstia – a doença de Chagas –, além de ter sido realizado por uma única pessoa.
Trecho extraído e adaptado para fins didáticos de: MARCOLIN, N. Revista Fapesp, 163. ed., set. 2009.
Disponível em: <www.revistapesquisa.fapesp.br/2009/09/01/chagas-2/>.
Acesso em: 9 mar. 2015.

Trypanosoma gambiense – é o agente etiológico da doença do sono, ou tripanossomose


africana. O parasita (fig. 12) é inoculado no ser humano com a saliva da mosca hematófaga tsé-tsé
(Glossina palpalis) e atinge o sistema nervoso central, provocando lesões que determinam na pessoa
um estado de sonolência praticamente contínuo, além de progressiva debilidade das funções vitais
(caquexia), podendo levar à morte.
SPL/LATINSTOCK

FRENTE A
BIOLOGIA

Fig. 12 – Protozoários da espécie


Trypanosoma gambiense entre
células sanguíneas. (Imagem obtida
por microscópio de luz; ampliação
de 600 vezes.)

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 63
Leishmania – trata-se de um gênero de protozoários flagelados causadores das leishmanioses,
doenças que têm como vetor as fêmeas dos mosquitos hematófagos do grupo dos flebotomíneos
(gêneros Phlebotomus, na Europa, Ásia e África, e Lutzomyia, nas Américas). Entre as várias espé-
cies de protozoários parasitas do gênero Leishmania, vamos destacar a Leishmania braziliensis e a
Leishmania chagasi.
Leishmania braziliensis (fig. 13) – Causadora da leishmaniose tegumentar americana, popularmente
conhecida como úlcera de Bauru ou ferida brava. A doença geralmente não ocasiona a morte, mas
provoca na vítima lesões cutâneas generalizadas, com deformações por vezes permanentes. Essas
lesões podem causar a obstrução parcial das cavidades nasais e vias aéreas superiores, provocando
sono agitado e insônia, que afetam a produtividade do doente no trabalho.

INGEBORG ASBACH/ARQUIVO DA EDITORA


Núcleo

Flagelo

Fig. 13 – Leishmania braziliensis, protozoário transmitido aos seres


humanos pela picada de mosquito conhecido popularmente
como mosquito-palha ou birigui.

Leishmania chagasi – Responsável pela doença conhecida como leishmaniose visceral, ou calazar.
O parasita instala-se principalmente no fígado, no baço e na medula óssea. O fígado e o baço
hipertrofiam-se e a medula óssea sofre atrofia do tecido hematopoiético, produtor de células
sanguíneas. A pessoa doente apresenta febre, anemia, leucopenia (baixa taxa de leucócitos) e
tendências hemorrágicas em virtude da baixa taxa de plaquetas no sangue, além de alta susceti-
bilidade a infecções, principalmente do sistema digestório e respiratório. A Leishmania chagasi é
responsável pela doença nas Américas, daí essa doença ser conhecida também como leishmaniose
visceral americana. A leishmaniose visceral pode também ser provocada pelas espécies Leishmania
donovani (Ásia) e Leishmania infantum (Ásia, Europa e África).
Trichomonas vaginalis – Parasita (fig. 14) o sistema genital (sistema reprodutor) humano,
instalando-se em órgãos como a uretra, a próstata, a vagina e o útero. Pode ser transmitido por meio
de relações sexuais e também por contaminação direta em piscinas, sanitários, roupas mal lavadas
e toalhas de uso comum. No sistema genital, o parasita ocasiona inflamações e leucorreia, que é um
corrimento branco vaginal.
Membrana ondulante
INGEBORG ASBACH/ARQUIVO DA EDITORA

Fig. 14 – Trichomonas vaginalis. Núcleo

64 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Giardia lamblia – É o agente etiológico da giardíase. O parasita (fig. 15) instala-se no intestino
delgado humano, causando diarreias, cólicas, inflamações e náuseas. A transmissão ocorre por meio
de água e de alimentos contaminados com cistos do parasita, que são eliminados com as fezes dos
indivíduos infectados.

SPL/LATINSTOCK
Fig. 15 – Imagem de Giardia lamblia obtida
por microscópio eletrônico e colorida
artificialmente. (Ampliação de 2 800 vezes.)

Principais protozoários causadores de doenças: resumo


O quadro abaixo traz um resumo sobre os protozoários estudados, as doenças que eles causam
e os meios de contágio.
Portal
Doenças causadas por protozoários SESI
Educação www.sesieducacao.com.br
Protozoário Doença Modo de transmissão
Acesse o portal e explore o con-
Entamoeba histolytica Disenteria amebiana; amebíase Água e alimentos contaminados teúdo Doenças causadas por
Balantidium coli Disenteria Água e alimentos contaminados protozoários.

Plasmodium vivax;
Malária Picada de mosquito Anopheles
P. malariae; P. falciparum
Carnes cruas ou malcozidas; cistos
Toxoplasma gondii Toxoplasmose
eliminados por fezes de gato
Picada de barbeiro (Triatoma infestans,
Trypanosoma cruzi Doença de Chagas
Panstrongylus megistus)
Picada de mosca tsé-tsé
FRENTE A
Trypanosoma gambiense Doença do sono
(Glossina palpalis)
Leishmaniose tegumentar
Leishmania braziliensis Picada de mosquito Lutzomyia
(úlcera de Bauru)
BIOLOGIA

Leishmaniose visceral
Leishmania chagasi Picada de mosquito Lutzomyia
americana
Trichomonas vaginalis Tricomoníase Relações sexuais; objeto contaminado
Giardia lamblia Giardíase Água e alimentos contaminados

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 65
SAIBA MAIS
A reprodução dos protozoários
Os protozoários reproduzem-se principalmente de forma assexuada, por cissiparidade ou ge-
A reprodução assexuada por miparidade, por exemplo.
cissiparidade é a mais comum Os protozoários podem também apresentar reprodução sexuada. Vimos, por exemplo, que no
entre os protozoários sarcodí-
ciclo reprodutivo dos plasmódios há uma fase sexuada, que ocorre no tubo digestório do mosquito
neos, como a Amoeba proteus,
e os flagelados, como a Giardia transmissor da malária.
lamblia. Certos protozoários, como os paramécios, realizam um processo sexual denominado conjuga-
ção. Embora a conjugação em si não resulte na formação de novos indivíduos, ela permite a recom-
binação de material genético entre os indivíduos que realizam esse processo.
Os paramécios são protozoários portadores de dois núcleos: um macronúcleo, com fun-
ção vegetativa, e um micronúcleo, com função reprodutiva. Após dezenas de gerações assexua-
das, os paramécios podem se aderir, dois a dois, pela formação de uma ponte citoplasmática.
O macronúcleo, então, degenera e o micronúcleo sofre meiose. Os paramécios estabelecem tro-
cas de micronúcleos, que originam, em cada um, zigotos. Após a troca do material genético, os
dois paramécios separam-se, retomando as atividades normais e voltando a se reproduzir por
cissiparidade (fig. 16).
Ameba
Ameba

MASPI/ARQUIVO DA EDITORA
Fig. 16 – Esquema da reprodução por cissiparidade (também
chamada divisão simples ou divisão binária) em ameba e
paramécio. Em laboratório, sob condições controladas, a ameba
divide-se em cerca de trinta minutos; no paramécio, o processo
reprodutivo dura cerca de duas horas.
Paramécio
Paramécio

Aplicações dos ciliados


Os protozoários ciliados foram descobertos no final do século XVII pelo holandês
Antony van Leeuwenhoek (1632-1723), com o auxílio de um microscópio rudimentar
que ele próprio construiu. Eles foram observados em água de chuva, geralmente entre
filamentos de algas microscópicas.
Com grande diversidade de formas e tamanhos, os protozoários ciliados medem
entre 10 micrômetros e 4,5 milímetros. Todos são dotados de cílios dispostos de for-
mas variadas, usados na locomoção e na obtenção de alimentos. Em sua maioria, são
organismos de vida livre que ocupam ambientes marinhos, terrestres e de água doce.
Eles se alimentam de bactérias, de fungos, de outros protoctistas, de diversos detritos
orgânicos e de animais microscópicos.
Os protozoários ciliados podem participar de uma das etapas do processo de
tratamento biológico de esgotos, permitindo a produção de um efluente clarificado e
de boa qualidade. Além de contribuir para a remoção da matéria orgânica dos esgotos,
eles reduzem, com sua atividade predatória, o número de bactérias que vivem no meio
líquido.
Trabalhos recentes têm investigado a eficiência dos protozoários ciliados (fig. 17)
no monitoramento ambiental de ecossistemas aquáticos, principalmente rios e córre-
gos. A rápida degradação dos ambientes de água doce, por meio das muitas atividades
humanas, produziu avanços importantes nos métodos de avaliação das condições
gerais desses ecossistemas, visando à sua conservação ou recuperação. O uso de pro-
tozoários como bioindicadores tem sido apontado como de grande potencial para a
avaliação da qualidade da água.
O curto ciclo de vida e a alta taxa reprodutiva dos protozoários ciliados permitem
a detecção de impactos ambientais de curta duração. Esses organismos respondem

66 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
diretamente a mudanças no perfil químico e são sensíveis a dosagens muito pequenas
de contaminantes.
Vale lembrar ainda que os ciliados presentes no estômago

STEVE GSCHMEISSNER/SPL/LATINSTOCK
de mamíferos ruminantes (bois, cabras, ovelhas) atuam junto
com a flora bacteriana na digestão de certas substâncias. Alguns
estudos demonstram que a ausência desses ciliados no estôma-
go de ruminantes acarreta problemas nutricionais que levam à
perda de peso e à queda na produção animal (leite e carne).
Assim, os protozoários ciliados têm proporcionado a rea-
lização de muitos estudos aplicados, por interferir, entre ou-
tras coisas, na produção animal, na avaliação da qualidade da
água em ambientes aquáticos diversos e no tratamento bioló-
gico de esgotos.
DIAS, R. J. et al. Microscópicos e vorazes. Ciência Hoje.
Rio de Janeiro: SBPC, n. 230, set. 2006. p. 56-8. Adaptado.

Fig. 17 – Imagem de Blepharisma ciliate obtida por microscópio


eletrônico. (Coloração artificial; ampliação de 250 vezes.) Todos
os ciliados são dotados de cílios usados na locomoção e
obtenção de alimento.

PARA CONSTRUIR

9 (UFG-GO) A doença de Chagas e a malária, doenças provoca- 10 (Unicamp-SP) Em algumas regiões do Brasil, como no estado
m
Ene-4
das por protozoários, afetam o sistema circulatório do ser hu- m
Ene-4
de São Paulo, a maneira usual de transmissão de Trypanosoma
C 4 C 4
H-1 mano. Essas duas graves doenças, não erradicadas do Brasil, H1
- cruzi para o ser humano, por meio de triatomídeos, deixou de
afetam milhares de pessoas nas diferentes regiões do país. ser importante, principalmente em consequência das medi-
das de controle desse artrópode. Dê duas explicações para o
a) Compare o modo de infestação da malária e da doença
aparecimento, nessas regiões, de novos casos humanos da
de Chagas e os locais onde os respectivos protozoários se
doença de Chagas.
alojam no ser humano.
O Trypanosoma cruzi pode também ser transmitido por transfusões
Doença de Chagas: o inseto barbeiro elimina as fezes com o
de sangue contaminado com o parasita ou por mães contaminadas
parasita enquanto suga o sangue de uma pessoa; coçando o
para os filhos, por meio da placenta ou do leite.
local da picada, a pessoa provoca a penetração do protozoário
na corrente sanguínea. O parasita aloja-se em tecidos diversos
do corpo humano, principalmente na musculatura do coração. 11 (Vunesp) O mal de Chagas é uma doença que afeta grande
Malária: o protozoário penetra na corrente sanguínea humana número de pessoas em áreas rurais do Brasil. Com respeito a
por meio da picada de mosquitos do gênero Anopheles. essa doença, responda às seguintes questões:
O parasita aloja-se no fígado e no sangue. a) Como as pessoas são infectadas?
São infectadas pelo Trypanosoma cruzi por meio das fezes do
inseto transmissor ou por transfusões de sangue contaminado.

b) Qual o agente transmissor? FRENTE A


b) Cite quatro medidas que poderiam conduzir à diminuição
ou até mesmo à erradicação da malária no Brasil. O agente transmissor é um inseto conhecido popularmente

Combater as larvas do mosquito vetor (drenagens, inseticidas, como “barbeiro”.


BIOLOGIA

etc.), combater o inseto adulto, tratar os doentes, evitar o acesso


de mosquitos às moradias (uso de telas nas janelas e nas c) Qual órgão do corpo é afetado pelo agente patogênico?
portas, etc.). O principal órgão afetado é o coração.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 67
d) Que medida profilática pode erradicar a doença? aumento e disfunção de outros órgãos, como esôfago,
As principais medidas consistem no combate aos barbeiros, na baço e fígado.
melhoria das condições de moradia, principalmente nas zonas (02) Percevejos hematófagos pertencentes ao grupo dos
rurais, e na análise adequada do sangue a ser utilizado nas
triatomíneos constituem os vetores que transmitem o
Trypanosoma cruzi. Dentre eles, o mais importante é o
transfusões.
Triatoma infestans, conhecido como barbeiro.
(04) A leishmaniose tegumentar americana, causada pela
12 (UEPG-PR) Nos seres humanos, a espécie Trypanosoma cruzi Leishmania braziliensis, e a leishmaniose visceral ameri-
m causa a doença de Chagas, e as espécies Leishmania chagasi cana, causada pela Leishmania chagasi, têm transmissão
Ene-1
C 1
H- e Leishmania braziliensis causam as leishmanioses. Com rela- pela picada de fêmeas de diferentes espécies de mos-
ção às características gerais dessas parasitoses, seus vetores e quitos do gênero Lutzomyia, denominados também de
m
Ene-4
C 4 consequências, assinale o que for correto. Todas são corretas. flebótomos.
H-1
(01) O Trypanosoma cruzi apresenta certa seletividade pela (08) A leishmaniose visceral americana provoca principal-
musculatura cardíaca, causando hipertrofia do coração e mente febre, lesões nas vísceras, aumento do fígado,
determinando disfunção cardíaca. Também pode causar aumento do baço e anemia.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 7 a 9 Para aprimorar: 4 a 9

A Flagelo
ALGAS
MASPI/ARQUIVO DA EDITORA

As algas compõem um grupo bastante heterogêneo: podem ser uni-


Citóstoma
celulares ou multicelulares, microscópicas ou macroscópicas e de colora-
ção variável. São encontradas em lagos, rios, solos úmidos e sobretudo nos
oceanos.
Citofaringe Fig. 18 – (A) Esquema
da Euglena viridis.
Muitas espécies de algas fazem parte do fitoplâncton, isto é, do con-
O estigma é uma junto de seres clorofilados aquáticos flutuantes. Em virtude de sua atividade
Cloroplasto
organela fotossensorial fotossintetizante, o fitoplâncton geralmente constitui a base nutritiva que
que orienta a permite a manutenção de praticamente todas as cadeias alimentares em
Estigma
euglenófita em direção
a fontes luminosas. Se
ambientes aquáticos diversos.
for colocada no escuro, O fitoplâncton marinho é também responsável pela maior parte do
a euglena pode viver gás oxigênio liberado diariamente na biosfera.
Vacúolo contrátil como heterótrofo,
absorvendo nutrientes
Paramilo orgânicos do meio
Algas unicelulares
ambiente. (B) Imagem Entre as algas unicelulares, destacamos três grupos: as euglenófitas, as
de euglena obtida bacilariófitas e as pirrófitas.
Núcleo em microscópio
de luz e colorida Euglenófitas
artificialmente.
(Ampliação de 1 100 A maioria das euglenófitas, integrantes do filo Euglenophyta, vive em água
vezes.) doce. Como exemplo dessas algas pode-se citar a Euglena viridis (fig. 18), que é
dotada de um flagelo e se reproduz por cissiparidade. Quando sua população
BLICKWINKEL/ALAMY/LATINSTOCK

B
é numerosa, a água pode exibir coloração esverdeada.
Bacilariófitas
Componentes do filo Bacillariophyta, essas algas, conhecidas
como diatomáceas, são também classificadas como integrantes do filo
Chrysophyta – as chamadas “algas douradas”.
As diatomáceas são um dos mais importantes componentes do fito-
plâncton. São encontradas em grande número principalmente nos mares,
mas muitas espécies vivem em água doce e em solo úmido. Essas algas
geralmente se reproduzem por fissão binária.
As bacilariófitas são algas unicelulares dotadas de carapaça silicosa
denominada frústula. Em determinadas regiões, essas carapaças se depo-
sitaram no fundo dos mares e, com o tempo, formaram um material de-

68 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
nominado terra de diatomácea ou diatomito, que é explorado comercialmente. Esse material pode
ter várias aplicações: isolante térmico; abrasivo fino que permite o polimento de materiais diversos
(a prata, por exemplo); confecção de cosméticos e pastas de dentes; fabricação de filtros e de tijolos
para a construção de casas. Veja a figura 19.

@GLOWIMAGES / DENNIS KUNKEL MICROSCOPY, INC

JORGE BUTSUEM
A B

Fig. 19 – (A) Imagem de uma bacilariófita


(diatomácea). (B) Catedral de Fortaleza (CE),
construída com tijolos de diatomito.

Pirrófitas
Pertencentes ao filo Pyrrophyta (do grego pyr, “fogo”), as algas pirrófitas são assim chamadas
em virtude da bioluminescência, fenômeno percebido à noite sobre a superfície do mar. Outra de-
nominação desse filo, usada em outros sistemas de classificação, é Dinophyta, daí as pirrófitas serem
também conhecidas como dinoflagelados.
Essas algas unicelulares são geralmente marinhas e dotadas de dois flagelos desiguais. Assim
como as diatomáceas, as pirrófitas constituem importantes componentes do fitoplâncton. Possuem
coloração em geral esverdeada ou pardacenta e se reproduzem principalmente por cissiparidade.
Veja a figura 20.
WIM VAN EGMOND/SPL/LATINSTOCK

BLICKWINKEL/MCPHOTO/BIO/ALAMY/LATINSTOCK
A B

FRENTE A
BIOLOGIA

Fig. 20 – Exemplos de pirrófitas (dinoflagelados): (A) Noctiluca (ampliação de 120 vezes); e


(B) Ceratium (ampliação de 180 vezes). Imagens obtidas por microscópio de luz.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 69
Em determinadas circunstâncias, as pirrófitas podem sofrer explosão populacional, ocasionando
a chamada maré vermelha. Como essas algas liberam certas toxinas, esse fenômeno afeta o desen-
volvimento da fauna local. A maré vermelha é um fenômeno natural registrado nos mais diversos
países do mundo, desde o tempo dos antigos egípcios.

Algas multicelulares
Como vimos, há sistemas que classificam as algas multicelulares no reino Plantae. Adotaremos,
porém, o sistema de classificação elaborado na década de 1980 pelas biólogas estadunidenses Lynn
Margulis e Karlene Schwartz, no qual todas as algas – uni e multicelulares – foram incluídas no reino
dos protoctistas. Isso porque, ao contrário das plantas, as algas não formam embrião cujo desenvol-
vimento depende dos nutrientes fornecidos pelo organismo materno.
Estudaremos três grupos de algas multicelulares: as clorófitas, as rodófitas e as feófitas.
Clorófitas
Componentes do filo Chlorophyta e conhecidas como algas verdes, as clorófitas constituem
um grupo muito diversificado de algas (fig. 21).

PREMAPHOTOS/ALAMY/LATINSTOCK
A

PREMAPHOTOS/ALAMY/LATINSTOCK
B

Fig. 21 – Exemplos de clorófitas (algas


verdes): (A) Ulva; (B) Cladophora.

70 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Essas algas, que abrangem também representantes unicelulares, são predominantemente aquá-
ticas e podem ser marinhas ou dulcícolas. Mas há espécies terrestres vivendo, por exemplo, sobre
troncos úmidos de certas árvores. A cor verde característica dessas algas é determinada pela predo-
minância de clorofila em suas células, que podem ainda conter xantofilas (pigmentos amarelados) e
carotenos (pigmentos alaranjados).
As clorófitas possuem células com parede celular, em que o principal componente é a celulose.
A exemplo do que ocorre na maioria das plantas, o material de reserva das clorófitas geralmente
é o amido, um polissacarídeo.
Rodófitas
Integrantes do filo Rhodophyta e conhecidas como algas vermelhas, as rodófitas são geral-
mente macroscópicas e marinhas (fig. 22).

PREMAPHOTOS/ALAMY/LATINSTOCK

LEO FRANCINI/ALAMY/LATINSTOCK
A B

Fig. 22 – Exemplos de rodófitas (algas vermelhas): (A) Dilsea; (B) Coralina.

Assim como as clorófitas, as células dessas algas possuem parede celular, em que a principal
substância é a celulose, e armazenam amido. Mas o pigmento predominante nas células das rodófitas
é a ficoeritrina, responsável por sua coloração avermelhada.
Feófitas

MARTY SNYDERMAN/ALAMY/LATINSTOCK
A
Pertencentes ao filo Phaeophyta e conhecidas como algas pardas, as feófitas são
macroscópicas e, geralmente, marinhas. Algumas espécies chegam a medir mais de 50
metros de comprimento e podem ser dotadas de vesículas cheias de ar, o que lhes permite
a flutuação na água.
Observe a figura 23.
AGE FOTOSTOCK/KEYSTONE BRASIL

FRENTE A
BIOLOGIA

Fig. 23 – Exemplos de feófitas (algas pardas): (A) Macrocystis; (B) Sargassum.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 71
As células dessas algas apresentam parede celular constituída principalmente por celulose e em
geral armazenam lipídios e carboidratos. O pigmento predominante é a fucoxantina, de coloração
marrom e responsável pela cor característica do grupo.

Quando a esquadra de Colombo se aproximava da América, os marinheiros avis-


taram no oceano Atlântico uma massa escura que acreditavam ser terra. Constataram,
porém, decepcionados, que a massa flutuava. Estavam no mar dos Sargaços, como fi-
cou conhecida a região, por ser constituída por aglomerados de algas pardas do gênero
Sargassum, cujo talo filamentoso pode se estender por mais de 4 metros de comprimento.
No mar dos Sargaços, a enorme quantidade de algas pardas existentes cria condições, ao
mesmo tempo, favoráveis à nutrição e à proteção de numerosas espécies animais marinhas,
porém desfavoráveis à navegação. As algas podem complicar a passagem de embarcações, tanto
pelos problemas que acarretam em suas hélices e, consequentemente, em seus motores, como
pelo bloqueio ao deslizamento do casco.

A importância das algas


Como você viu, as algas são importantes produtoras da matéria orgânica que, nos ecossistemas
aquáticos, garante direta ou indiretamente a nutrição da maioria dos seres que vivem nesses ambien-
tes. Elas também são grandes fornecedoras de gás oxigênio para a biosfera, fundamental para a res-
piração aeróbia dos seres vivos em geral. As algas, portanto, têm considerável importância ecológica.
Mas algumas espécies de algas são também importantes para interesses humanos. É o que
veremos a seguir.
Na alimentação – Algumas espécies de algas multicelulares são utilizadas como alimento pelos
seres humanos. É o caso das clorófitas do gênero Ulva, das rodófitas do gênero Porphyra e das
feófitas do gênero Laminaria (fig. 24).
Na agricultura – Em certos países, algas como os sargaços são utilizadas como fonte de adubo
para a agricultura. Depois de ressecadas e moídas, essas algas fornecem material rico em sais mi-
nerais diversos, como iodo, potássio e nitrogênio.
Na indústria – Algumas espécies de algas fornecem uma substância denominada algina, que,
adicionada aos sorvetes, evita a formação de cristais de água e é também empregada na fabrica-
ção de doces, de pastas de dentes e de cosméticos cremosos. Certas algas vermelhas fornecem a
carragenina, produto gelatinoso usado como estabilizante na produção de alimentos diversos. E
as rodófitas do gênero Gelidium permitem a extração de um produto denominado ágar, que, além
de grande utilidade como substrato de cultura microbiana, é usado na fabricação de certas colas
e como componente de gelatinas, balas e outros produtos.

HILKE MAUNDER/ALAMY/LATINSTOCK
SPL/LATINSTOCK

Fig. 24 – Secagem da Laminaria, alga parda mais conhecida como kombu (palavra japonesa). Essas algas podem ser utilizadas, entre outras aplicações, para
extração de substâncias farmacêuticas e na preparação de alimentos humanos e rações de animais. Acima, pode-se observar o aspecto da Laminaria.

72 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Algas e desequilíbrios ambientais
Vimos que pode ocorrer a superpopulação de algas unicelulares como as pirrófitas, provocan-
do o fenômeno conhecido como maré vermelha. Mas as algas podem estar também envolvidas
em outros exemplos de desequilíbrios ambientais. É o caso da eutrofização, fenômeno em que
ecossistemas aquáticos, como rios e lagos, são enriquecidos por nutrientes diversos, principalmente
nitrogenados e fosforados; tais nutrientes são muitas vezes oriundos da lixiviação de adubos usados
na agricultura ou do despejo de materiais orgânicos na água, como lixo e esgoto doméstico. O enri-
quecimento da água por nutrientes diversos favorece o desenvolvimento de uma superpopulação
de algas, que podem ser unicelulares, como as do gênero Monodus, ou multicelulares, como as do
gênero Cladophora.
As algas verdes do gênero Cladophora são filamentosas e em grande parte responsáveis pelo
fenômeno conhecido por “floração das águas”. Quando proliferam em demasia, em consequência
da eutrofização, formam uma espécie de “tapete” superficial que dificulta a adequada penetração de
luz na água; isso compromete a atividade fotossintetizante das algas situadas nas camadas inferiores,
resultando na redução da liberação de gás oxigênio na água. Muitas
dessas algas submersas morrem e a decomposição delas consome

RICARDO AZOURY/OLHAR IMAGEM


gás oxigênio, o que também contribui para reduzir os níveis desse
gás dissolvido na água, provocando a morte de seres aeróbios por
asfixia (fig. 25). Como o “tapete” de algas é superficial, grande parte
do gás oxigênio produzido por elas é liberado diretamente para a
atmosfera.
A eutrofização nem sempre resulta de atividades humanas,
como lançamentos de esgotos e de resíduos industriais e domés-
ticos na água. Ela pode ser provocada também por processos na-
turais: por exemplo, quando lagos abrigam aves cujos excrementos
aumentam o teor de nutrientes na água.
O aumento populacional de algas, em consequência da eutro-
fização, tem sido registrado em diversas represas e lagos brasileiros,
como a represa de Pampulha, situada no perímetro urbano de Belo
Horizonte, e a lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro (fig. 25).
A eutrofização pode comprometer não só o uso de água pelos Fig. 25 – Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio
seres humanos, mas também o turismo e a atividade pesqueira de determinada região. Afinal, são de Janeiro: peixes mortos por causa
várias as represas e os lagos no Brasil situados em regiões utilizadas como locais de veraneio ou que da eutrofização.
representam importantes locais de pesca. É o caso da baía de Sepetiba, a cerca de 60 km a oeste da
cidade do Rio de Janeiro (fig. 26).
FABRIZIA GRANATIERI/FOLHA IMAGEM

FRENTE A
BIOLOGIA

Fig. 26 – Manifestantes na baía de Sepetiba (RJ), em protesto


contra a poluição na região.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 73
PARA CONSTRUIR

13 Uma estudante afirmou que as algas são ecologicamente mui- 16 Em relação às algas multicelulares:
m
Ene-4
to importantes, não só para a manutenção das cadeias alimen- a) Cite duas semelhanças entre feófitas e rodófitas.
C 4
H-1 tares aquáticas como também para a vida dos seres aeróbios
Essas algas são multicelulares e, geralmente, macroscópicas.
no planeta. Você concorda com a estudante? Por quê?
A resposta correta é sim, pois as algas, principalmente as unicelulares,
são os principais seres produtores da matéria orgânica que nutre
direta ou indiretamente quase todos os demais seres aquáticos.
As algas também são os principais fornecedores de gás oxigênio
na biosfera, contribuindo assim para a vida dos seres aeróbios.
b) Cite dois gêneros delas, comentando a importância para
os interesses humanos.
As algas do gênero Ulva e Laminaria, por exemplo, são utilizadas
como alimento pelo ser humano; as algas do gênero Gelidium
fornecem o ágar, gelatina usada, por exemplo, como meio de
14 O que são marés vermelhas e quais as algas envolvidas nesse cultura microbiana.
fenômeno?
Marés vermelhas são desequilíbrios ecológicos que se verificam
quando ocorre superpopulação de algas unicelulares dinoflageladas
(pirrófitas). Nesse caso, as algas liberam para o meio ambiente
toxinas que afetam o desenvolvimento da fauna local.
c) Todas as algas possuem clorofila, pigmento esverdeado.
Mas elas podem ser avermelhadas ou pardacentas, por
exemplo. Como você explica isso?
A coloração de uma alga depende da predominância dos pig-
15 Em certas regiões do Brasil, são cortados blocos de tijolo de
mentos que ela contém. As algas vermelhas, por exemplo,
m
Ene-4
diatomito. Esses blocos são usados na construção de algu-
C 4 têm predominância de um pigmento vermelho chamado fi-
H-1 mas habitações.
a) Quais as algas associadas com a obtenção do diatomito? coeritrina, o que explica sua coloração.

As algas diatomáceas.

b) Como se forma o diatomito?


O diatomito é um material rico em sílica, resultante do 17 (Fuvest-SP) As marés vermelhas, fenômenos que podem tra-
acúmulo de bilhões de carapaças silicosas de diatomáceas zer sérios problemas para organismos marinhos e mesmo
mortas e depositadas no fundo dos mares. para o ser humano, são devidas: e
a) à grande concentração de rodofíceas bentônicas na zona
das marés.
b) ao vazamento de petróleo, o qual estimula a proliferação
de diatomáceas marinhas.
c) Cite dois outros exemplos de algas unicelulares. c) à presença de poluentes químicos provenientes de esgo-
Euglenófitas e pirrófitas. tos industriais.
d) à reação de certos poluentes com o gás oxigênio produzi-
do pelas algas marinhas.
e) à proliferação excessiva de certas algas planctônicas que
liberam toxinas na água.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 10 a 14 Para aprimorar: 10 a 12

74 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

Esse agente causador é classificado como:


PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR
a) vírus. c) helminto.
b) bactéria. d) protozoário.
1 (Uece) Assinale a alternativa incorreta, com relação aos proto-
m
Ene-4
zoários. 7 (FMU/Fiam-SP) A prevenção da malária e da doença de Cha-
C 4
H-1 a) Todos os protozoários são aeróbios e vivem em meio rico gas envolve, respectivamente:
de gás oxigênio. a) destruir mosquitos e cães vadios.
b) A reprodução dos protozoários pode ser assexuada ou se- b) evitar banhar-se em lagoas e eliminar mosquitos.
xuada. c) combater mosquitos e barbeiros.
c) Nem todos os protozoários são microscópicos. d) não comer carne de porco mal cozida e não habitar em
d) Todos os protozoários possuem uma membrana mais ou casas de barro.
menos delgada que os envolve. e) não comer verduras e frutas mal lavadas.
e) Nem todos os protozoários têm um só núcleo.
8 (UFMA) Assinale a opção em que todas as doenças são causa-
2 (Ufac) A locomoção nas amebas, protozoários da classe das por protozoários.
Sarcodina, é realizada por meio de: a) Malária, doença de Chagas, leishmaniose e amebíase.
a) cílios. b) Malária, doença de Chagas, peste bubônica e amebíase.
b) flagelos. c) Malária, febre amarela, doença de Chagas e amebíase.
c) pseudópodes. d) Peste bubônica, doença de Chagas, febre amarela e amebíase.
d) cílios e flagelos.
e) flagelos e pseudópodes. 9 (PUC-SP) Abaixo são apresentadas três informações a respei-
to de um parasita humano:
3 (Unip-SP) Qual das seguintes estruturas é comum às amebas I. Tem como hospedeiro intermediário um inseto.
m
Ene-4
de água doce e falta nas amebas marinhas? II. A doença causada por esse parasita é adquirida por con-
C 4
H1
-
a) Vacúolo contrátil. d) Núcleo individualizado. tato com as fezes do hospedeiro intermediário.
b) Vacúolo digestivo. e) Pseudópode. III. O parasita instala-se no músculo cardíaco, provocando in-
c) Endoplasma. suficiência no funcionamento do coração.
Os itens I, II e III têm relação com o protozoário:
4 (PUC-SP) O filo Protozoa é subdividido em quatro classes: Sar-
m codina, Mastigophora, Sporozoa e Ciliophora. A característica a) Plasmodium falciparum e com o mal de Chagas.
Ene-4
C 4
H-1 considerada para tal classificação é: b) Trypanosoma cruzi e com o mal de Chagas.
c) Plasmodium falciparum e com a malária.
a) o modo de reprodução.
d) Trypanosoma cruzi e com a malária.
b) a presença ou ausência de carioteca.
e) Leishmania braziliensis e com o mal de Chagas.
c) a composição química do pigmento fotossintetizante.
d) a estrutura de locomoção. 10 (Ucpel-RS) A população brasileira é acometida por várias
e) a composição química do citoplasma. m doenças causadas por protozoários. A figura abaixo mostra o
Ene-4
C 4
H-1 ciclo de uma delas.
5 (UFRN) A malária é provocada por um protozoário do gênero:
m
a) Entamoeba. d) Amoeba. Ene-5
C 7
H1
-
b) Plasmodium. e) Leishmania. 1 2
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

c) Trypanosoma.

6 (Uerj) Por trás de um lindo e peludo gatão pode-se esconder FRENTE A

uma doença que gera problemas neurológicos e oculares no


bebê se transmitida durante o segundo trimestre da gravi- 4
BIOLOGIA

dez: a toxoplasmose. 3
A transmissão da doença pode ocorrer pela ingestão de car-
ne crua ou malcozida, principalmente de aves ou de porco,
ou pelo contato direto com as fezes do felino contaminadas
pelo agente causador da doença.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 75
Com relação a este ciclo podemos afirmar que: d) Pseudópode.
I. O protozoário causador dessa doença é o Trypanossoma cruzi. e) Nenhuma das anteriores, pois o protozoário em questão
II. Este protozoário apresenta certa seletividade pela muscu- não se locomove.
latura cardíaca.
2 (PUC-SP) A malária é transmitida ao ser humano:
III. A doença representada na figura é denominada malária.
IV. O vetor que transmite o protozoário é um triatomídeo. a) pelas fêmeas de certas espécies de mosquitos Culex.
V. Esta doença é transmitida pela picada do Plasmodium malarie. b) pelas fêmeas e machos de certas espécies de mosquitos
Anopheles.
A(s) opção(ões) correta(s) é(são):
c) pelas fêmeas e machos de certas espécies de mosquitos
a) I, II, III, IV e V. c) II, IV e V. e) I, II e IV. Culex.
b) I, III e IV. d) III e V. d) pelas fêmeas de certas espécies de mosquitos Anopheles.
11 (UFPA) Cílios e flagelos são projeções filamentares da super- e) Nenhuma das anteriores.
fície celular, cuja função básica é promover a movimentação 3 (Unicamp-SP) A malária é a principal parasitose dos países
em meio líquido ou semilíquido. Os aspectos que os distin- tropicais. Segundo a Organização Mundial de Saúde, há mais
guem são o comprimento, o número por célula e ainda o de 200 milhões de casos de malária a cada ano e 500 mil de-
tipo de movimento. São dotados de flagelos: les ocorrem no Brasil. Até hoje, a principal forma de combate
a) Entamoeba histolytica, Trichomonas vaginalis e Balantidium à malária consiste no controle do vetor de seu agente etio-
coli. lógico. No entanto, em estudo publicado na revista Science
b) Euglena, espermatozoide humano e Giardia lamblia. em setembro de 2011, cientistas anunciaram que vacinas
c) Paramecium aurelia, Amoeba proteus e Trypanosoma cruzi. produzidas a partir de células inteiras do agente causador da
d) Balantidium coli, Paramecium aurelia e Verticella. malária, depois de submetidas a uma dose letal de radiação
e) Leishmania braziliensis, Balantidium coli e espermatozoide gama, deram bons resultados em estudos preliminares reali-
humano. zados inclusive com humanos.

12 (UFJF-MG) As maiores algas em extensão corporal se classifi- a) Qual é o agente causador da malária? E qual é o seu vetor?
b) Qual é a importância do tratamento das células dos agen-
m
Ene-4
cam entre:
C 4 tes causadores da malária com dosagem letal de radia-
H1
-
a) clorófitas. d) feófitas. ção? Como células mortas podem agir como vacina?
b) cianófitas. e) pirrófitas.
c) crisófitas. 4 (Unicamp-SP) A história da doença de Chagas se inicia com
m
Ene-7
uma tripla descoberta, ocorrida no interior de Minas Gerais.
13 (UFMG) Todas as alternativas indicam atividades em que as C 5
Em abril de 1909, Carlos Chagas (1878-1934) comunicou ao
H-2
algas são utilizadas como matéria-prima, exceto:
m
mundo científico a descoberta de uma nova doença huma-
a) na alimentação como fonte de proteína. Ene-4
C 4 na. O agente causal da doença e seu vetor também haviam
H1
-
b) na fabricação de cosméticos. sido por ele identificados, ao final de 1908.
c) na produção de meios de cultura biológicos.
A descoberta de Chagas, considerada única na história da
d) na produção de tintas e medicamentos.
medicina, constitui um marco decisivo na história da ciência
e) na reciclagem de lixo doméstico.
e da saúde brasileiras, trazendo uma contribuição inovadora
14 (UFPA) O ágar, material gelatinoso usado em laboratórios de ao campo emergente da medicina tropical e dos estudos so-
pesquisa como meio de cultura para germes, é obtido de: bre as doenças parasitárias transmitidas por insetos.
a) algas verdes. d) algas douradas. A doença de Chagas ainda preocupa, principalmente os mo-
b) algas vermelhas. e) algas azuis. radores de Abaetetuba, no nordeste do Pará. De acordo com
c) algas pardas. a Secretaria de Saúde do Pará, só em agosto deste ano foram
registrados 18 casos na região associados ao consumo de açaí.
No total, 365 casos foram contabilizados de janeiro a agosto de
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR 2012. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, a transmissão dessa
doença já foi relacionada ao consumo de garapa.
1 (FMIt-MG) Durante uma aula prática foi observado um pro- a) Indique o agente causal da doença de Chagas e seu vetor
tozoário que continha um macro e um micronúcleo. Qual descritos pelo pesquisador em 1908-1909. Explique a for-
das organelas abaixo será responsável pela locomoção desse ma de transmissão dessa doença para humanos descrita
mesmo organismo? por Chagas.
a) Flagelo. b) Explique como o consumo de açaí ou de garapa pode
b) Cílio. transmitir essa parasitose. Como seria possível impedir
c) Mionema. essa via de transmissão ao consumir esses alimentos?

76 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
5 (Enem) A doença de Chagas afeta mais de oito milhões de a) Quais são os protozoários que podem ser identificados no
brasileiros, sendo comum em áreas rurais. É uma doença sangue dos pacientes I e II?
causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida b) De que forma esses pacientes poderiam ter adquirido os
por insetos conhecidos como barbeiros ou chupanças. Uma parasitas?
ação do homem sobre o meio ambiente que tem contribuí- 8 (Ufscar-SP) Temos abaixo, esquematizado, o ciclo do agente
do para o aumento dessa doença é: m etiológico da:
Ene-4
C 4
a) o consumo de carnes de animais silvestres que são hos- H-1

pedeiros do vetor da doença. Instalação no miocárdio


m Penetração na pele
Ene-5 do hospedeiro
b) a utilização de adubos químicos na agricultura que acele- C 7
H-1
do homem
vertebrado (homem)
ram o ciclo reprodutivo do barbeiro.
c) a ausência de saneamento básico que favorece a prolife-
ração do protozoário em regiões habitadas por humanos.
d) a poluição dos rios e lagos com pesticidas que exterminam Fezes (infestadas)
Capilar sanguíneo
o predador das larvas do inseto transmissor da doença. do hospedeiro
(homem)
invertebrado
e) o desmatamento que provoca a migração ou o desapa-
recimento dos animais silvestres dos quais o barbeiro se
alimenta.
Hospedeiro invertebrado (Triatoma)
6 (UFMG) Observe as figuras e assinale a opção que contém,
m
Ene-5
em ordem, os protozoários pelos nomes científicos. a) malária. d) ancilostomose.
C 7
H-1 b) esquistossomose. e) teníase.
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

c) doença de Chagas.

9 (UFJF-MG) A leishmaniose é uma parasitose que tem se alas-


trado nos últimos anos em alguns estados brasileiros. Analise
1 2
as seguintes afirmativas referentes à doença:
I. O agente etiológico, o protozoário Plasmodium, multipli-
ca-se nas células vermelhas do sangue do animal doente.
II. Seu vetor é o macho de mosquitos do gênero Anopheles.
3 4 III. Essa parasitose é transmitida pelas fêmeas de mosquitos
flebotomíneos.
a) Entamoeba histolytica, Leishmania braziliensis, Plasmodium IV. Para o combate dessa parasitose, uma das eficientes me-
didas profiláticas é a eliminação dos depósitos de águas
malariae, Giardia lamblia.
paradas nas áreas próximas das moradias humanas.
b) Entamoeba histolytica, Trypanosoma cruzi, Leishmania bra-
ziliensis, Giardia lamblia. Podemos afirmar que:
c) Entamoeba histolytica, Leishmania braziliensis, Toxoplasma a) II e III são corretas.
gondii, Trichomonas vaginalis. b) II e IV são corretas.
d) Entamoeba histolytica, Leishmania braziliensis, Balantidium c) I e IV são corretas.
coli, Trichonomas vaginalis. d) III e IV são corretas.
e) Entamoeba histolytica, Trypanosoma cruzi, Balantidium coli, e) I e III são corretas.
Giardia lamblia.
10 Suponha uma área que foi transformada em campo agríco-
7 (Vunesp) Estão representados nas figuras os exames de san- la. Quantidades significativas de adubos inorgânicos – con-
m gue de dois pacientes brasileiros, que nunca saíram do país, e tendo sais minerais de nitrogênio, fósforo e potássio – foram
Ene-5
FRENTE A
C 7
que revelam a presença de protozoários. aplicadas ao solo dessa área.
H-1
Depois de algum tempo, e de muita chuva na região, ocorreu
Paciente I Paciente I I
Hemácias grande mortandade de peixes em um lago próximo àquele
campo agrícola. Verificou-se também grande aumento nas
BIOLOGIA

populações de diversas espécies de algas nesse lago.


Explique de que maneira a mortandade de peixes e o au-
mento na quantidade de algas no lago podem estar relacio-
nados com a adição de adubo ao solo do campo de cultura
considerado.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi 77
11 (Vunesp) c) crescimento de fungos sobre material orgânico em sus-
e m Maré vermelha deixa litoral em alerta pensão, material este proveniente de esgotos lançados ao
En -7
C 5
H-2 Uma mancha escura formada por um fenômeno mar nas regiões das grandes cidades litorâneas.
conhecido como “maré vermelha” cobriu ontem uma d) proliferação de liquens, que são associações entre algas
m
Ene-4 unicelulares componentes do fitoplâncton e fungos. O
C 4 parte do canal de São Sebastião [...] e pode provocar a
H -1
morte em massa de peixes. A Secretaria de Meio Am- termo “maré vermelha” decorre da produção de pigmen-
biente de São Sebastião entrou em estado de alerta. O tos pelas algas marinhas associadas ao fungo.
risco para o homem está no consumo de ostras e mo- e) explosão populacional de algas unicelulares do grupo
luscos contaminados. das pirrófitas, componentes do fitoplâncton. A liberação
Jornal Vale Paraibano, 1o fev. 2003. de toxinas afeta a fauna circunvizinha.
A maré vermelha é causada por:
12 (UFRJ) Assinale as algas exclusivamente multicelulares e ge-
a) proliferação de algas macroscópicas do grupo das rodó-
fitas, tóxicas para o consumo pelo homem ou pela fauna
m
Ene-4
ralmente macroscópicas:
C 4
H-1
marinha. a) diatomáceas e cianofíceas.
b) proliferação de bactérias que apresentam em seu hia- b) clorofíceas (ou clorófitas) e diatomáceas.
loplasma o pigmento vermelho ficoeritrina. As toxinas c) rodofíceas (ou rodófitas) e feofíceas (ou feófitas).
produzidas por essas bactérias afetam a fauna circun- d) cianofíceas e clorófitas.
vizinha. e) rodófitas e cianofíceas.

ANOTAÇÕES

78 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi
CAPÍTULO

5 Reino Fungi

Objetivos: Os fungos são organismos unicelulares ou multicelulares e compreendem representantes como


os bolores e os cogumelos. O ramo da Biologia que estuda esses seres chama-se micologia.
c Identificar as São conhecidas cerca de 100 mil espécies de fungos, mas algumas estimativas apontam para a
características gerais
existência de aproximadamente 1,5 milhão de espécies, com uma concentração possivelmente mais
dos fungos.
acentuada nas regiões tropicais, onde as condições de temperatura e de umidade são mais favoráveis
c Reconhecer a ao desenvolvimento.
importância ecológica

BLICKWINKEL/MCPHOTO/BEG/ALAMY/LATINSTOCK
dos fungos e seu valor A
para os interesses
humanos.

c Descrever o
mecanismo básico de
reprodução dos fungos.

c Reconhecer os liquens
e as micorrizas
como exemplos
de associações
mutualísticas.

KEVIN MASKELL/ALAMY/LATINSTOCK
B

FRENTE A
BIOLOGIA

Fig. 1 – (A) Alimentos embolorados. (B) Fungo


orelha-de-pau crescendo sobre tronco de árvore.

Reprodução humana; métodos contraceptivos e DSTs 79


CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FUNGOS
Organismos eucariontes, uni ou multicelulares, de vida livre ou não, os fungos são encontrados
em ambientes variados, principalmente em lugares úmidos e ricos em matéria orgânica.
As células dos fungos são dotadas de parede celular, constituída basicamente de quitina, um
polissacarídeo. A reprodução desses organismos normalmente envolve a participação de células
denominadas esporos. A presença de células com parede celular e a produção de esporos são
características também observadas nas plantas. No entanto, os fungos são destituídos de clorofila e
apresentam nutrição heterotrófica.
Como os animais, os fungos são heterótrofos. Entretanto, diferentemente dos animais, em geral
heterótrofos por ingestão, os fungos são heterótrofos por absorção. Eles têm digestão extracorpórea,
eliminando para o meio externo enzimas que digerem o material orgânico disponível; depois disso,
os produtos da digestão são absorvidos pelo organismo.
O corpo dos fungos multicelulares – denominado micélio – é constituído por um emaranhado
de filamentos tubulares microscópicos chamados hifas.
Em algumas espécies de fungos, as hifas são cenocíticas, isto é, não apresentam septos ou pare-
des transversais, sendo formadas por uma massa citoplasmática única que abriga vários núcleos. Em
outras espécies, as hifas são septadas, sendo formadas, em geral, por células com um ou dois núcleos.
O esquema da figura 2 refere-se à organização corporal de um cogumelo-de-chapéu, cujas
características principais serão vistas mais adiante.

“Chapéu”
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

Hifas

Fig. 2 – Esquema de micélio e hifas. As


hifas são filamentos microscópicos;
portanto, a representação não está em
escala proporcional às dimensões reais.
Micélio
CLAUDE NURIDSANY & MARIE PERENNOU/SCIENCE PHOTO LIBRARY/LATINSTOCK

PRINCIPAIS GRUPOS DE
FUNGOS
Vamos destacar três grupos de fungos, que vários au-
tores classificam como filos: zigomicetos (Zygomycota), as-
comicetos (Ascomycota) e basidiomicetos (Basidiomycota).

Zigomicetos
Também chamados ficomicetos, os fungos zigomicetos
possuem hifas cenocíticas. Um exemplo de representante
desse grupo são os fungos conhecidos como “bolor preto do
pão”, pertencentes ao gênero Rhizopus (fig. 3).

Fig. 3 – Rhizopus nigricans, fungo conhecido como “bolor


preto do pão”. Na imagem, podemos ver várias hifas (os
filamentos) e esporângios (as esferas escuras – estruturas
em cujo interior são produzidos esporos). (Imagem obtida
por microscópio de luz, com coloração artificial.)

80 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
Ascomicetos
Os fungos ascomicetos são assim chamados por produzirem hifas férteis em forma de saco,
denominadas ascos (fig. 4), onde se formam, em média, de quatro a oito esporos (os ascósporos).
Cada asco constitui então um esporângio, isto é, uma estrutura produtora de esporo.

INGEBORG ASBACH/
ARQUIVO DA EDITORA
Ascósporos

Fig. 4 – Esquema de asco (hifa em forma de saco).

Os ascomicetos compreendem fungos dos gêneros Saccharomyces, Penicillium e Aspergillus (fig. 5),
entre outros; os dois últimos pertencem ao grupo dos bolores marrons ou verde-azulados, comuns
em pães, frutas e outros alimentos em decomposição. Nas espécies multicelulares, os ascomicetos
são formados por hifas septadas.

SPL/LATINSTOCK

Fig. 5 – Aspergillus sp. (Imagem obtida por


microscópio eletrônico, com coloração artificial;
ampliação de 5 mil vezes.)

Basidiomicetos
Os fungos basidiomicetos possuem hifas septadas e abrangem espécies bastante conhecidas.
Entre os basidiomicetos podemos citar: os fungos causadores da ferrugem do trigo, do café e de ou- Fig. 6 – Agaricus bisporus, cogumelo
tras plantas; cogumelos como o Agaricus bisporus, conhecido como champignon, espécie comestível comestível conhecido como
(fig. 6); e o Amanita muscaria, espécie tóxica para o ser humano (fig. 7). champignon. Tamanho aproximado do
“chapéu”: 3 cm de diâmetro.
RF COMPANY/F269/ALAMY/LATINSTOCK

CUSTOM LIFE SCIENCE IMAGES/ALAMY/LATINSTOCK

FRENTE A
BIOLOGIA

Fig. 7 – Amanita muscaria.


Tamanho aproximado do “chapéu”:
8 cm a 20 cm de diâmetro.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi 81
A parte vegetativa dos basidiomicetos é geralmente subterrânea e o micélio muitas vezes se
estende no solo ocupando vários metros quadrados. Esse micélio pode emitir para o meio aéreo
vários corpos de frutificação denominados basidiocarpos.
Nos cogumelos-de-chapéu, o corpo de frutificação é formado basicamente por uma haste e por
um “chapéu”. No “chapéu”, formam-se várias hifas férteis denominadas basídios. Cada basídio é um
esporângio em que se produzem quatro basidiósporos. Uma vez eliminados para o meio externo e
disseminados, os basidiósporos podem germinar e originar novas hifas (fig. 8).

“Chapéu”
Basídio com
4 basidiósporos

INGEBORG ASBACH/ARQUIVO DA EDITORA


Corpo de
frutificação

Esporos

Hifas Micélio
Fig. 8 – Corpo de frutificação em um cogumelo-de-chapéu.

A REPRODUÇÃO DOS FUNGOS


Os fungos podem se reproduzir assexuada ou sexuadamente.
A reprodução assexuada pode ocorrer, por exemplo, por fragmentação do micélio ou por
gemiparidade (também chamada brotamento). No primeiro caso, o micélio se fragmenta e cada
uma das partes formadas pode originar um novo micélio. No segundo caso, o organismo emite um
“broto”, que cresce formando um novo indivíduo; os indivíduos que “brotam” podem se destacar do
organismo parental e viver isoladamente, ou podem se manter unidos a ele (fig. 9).

SPL/LATINSTOCK

Fig. 9 – Brotamento em levedura. (Imagem obtida por microscópio


eletrônico e colorida artificialmente; ampliação não fornecida.)

82 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
Vejamos agora um exemplo de reprodução sexuada em fungos, tomando como modelo um
cogumelo-de-chapéu (fig. 10).
Fusão de núcleos
haploides Meiose

CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


Hifa

Hifas Núcleos
dicarióticas Núcleo
haploides (n) diploide (2n)

Núcleos
haploides (n)

Micélio com hifas Basídio


dicarióticas

Hifas unicarióticas Basidiósporos (n)


Hifa dicariótica

Desenvolvimento Fusão de Germinação


hifas dos basidiósporos Fig. 10 – Reprodução sexuada em basidiomicetos.

O micélio do cogumelo-de-chapéu é constituído por hifas dicarióticas – isto é, hifas com dois
núcleos em cada célula –, e cada um dos núcleos é haploide (n). Em determinada fase do ciclo re-
produtivo, o micélio organiza os corpos de frutificação ou basidiocarpos, que emergem do substrato.
Na porção inferior de cada “chapéu”, localizam-se hifas férteis; a célula terminal de cada hifa fértil
transforma-se em basídio. No basídio, os dois núcleos haploides se fundem e formam um núcleo
diploide (2n). Esse núcleo sofre meiose e origina quatro núcleos haploides, e cada um deles se dife-
rencia em basidiósporo (n). Uma vez liberados para o ambiente externo, os basidiósporos podem
germinar e originar hifas unicarióticas – com um núcleo em cada célula. Hifas unicarióticas podem
então entrar em contato e se fundir, originando hifas dicarióticas, que organizarão um novo micélio,
reiniciando o ciclo.
Simplificadamente, o ciclo de vida do fungo multicelular segue geralmente as seguintes etapas:

micélio # corpo de frutificação # esporos # hifas # novo micélio

ASSOCIAÇÕES MUTUALÍSTICAS: LIQUENS


E MICORRIZAS
Os fungos podem se associar a outras espécies de seres vivos estabelecendo com elas relação
de benefícios mútuos, denominada mutualismo. É o caso dos liquens e das micorrizas.

Liquens
Liquens são associações entre fungos (principalmente ascomicetos) e certas algas unicelulares,
ou entre fungos e cianobactérias. Nos liquens, as algas ou as cianobactérias atuam como elementos
FRENTE A
produtores, sintetizando matéria orgânica e fornecendo parte dela para os fungos. Já os fungos, com
as hifas, envolvem e protegem as algas (ou as cianobactérias) contra a desidratação, além de fornecer
a elas água e sais minerais retirados do substrato.
Essa interação entre algas (ou cianobactérias) e fungos permite a sobrevivência em regiões em
BIOLOGIA

que poucos seres vivos sobreviveriam. De fato, os liquens podem ser encontrados, por exemplo, sob
a neve nas tundras árticas, onde são importantes fontes nutritivas para animais diversos, como a
rena. Sobre rochas nuas, os liquens são, com frequência, os primeiros colonizadores, desagregando
o material rochoso e propiciando, nas condições físicas do ambiente, mudanças importantes para a
instalação de populações de musgos e outras plantas.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi 83
A reprodução dos liquens é assexuada e se realiza por meio de sorédios, estruturas microscó-
SAIBA MAIS
picas constituídas por pequenos fragmentos do corpo do líquen, nos quais existem hifas do fungo
Apesar de serem capazes de so- envolvendo algumas algas (ou cianobactérias). Os sorédios aparecem como pó esverdeado sobre o
breviver nos mais variados tipos corpo do líquen e são disseminados pelo vento (fig. 11).
de hábitat, os liquens são muito

CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


sensíveis a certas substâncias, Hifa
particularmente ao dióxido de
enxofre (SO2). Por isso, são uti-
lizados como indicadores da
poluição do ar atmosférico pelo
SO2. Como esse gás é um po-
luente muito comum nas zonas
urbanas, entende-se por que os
liquens são relativamente es-
cassos nas grandes cidades. Fig. 11 – Esquema do sorédio.

Alga/cianobactéria

Na figura 12 você pode observar exemplos de liquens.

SPL/LATINSTOCK
MARK BOURDILLON/ALAMY/LATINSTOCK

FRANS LANTING/FRANS LANTING/LATINSTOCK

Fig. 12 – Liquens de formatos diversos.

84 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
Micorrizas
Micorrizas são associações entre fungos e raízes de certas plantas, como orquídeas, moran-
gueiros, tomateiros e pinheiros. Os fungos decompõem o material orgânico disponível no substrato,
transformando-o em nutrientes minerais, como sais de fósforo e de nitrogênio. Parte desses sais é
absorvida pelas raízes da planta, contribuindo para o seu desenvolvimento. Já a planta fornece ao
fungo parte da matéria orgânica produzida na fotossíntese.
As hifas dos fungos das micorrizas atuam como uma “ponte” que conecta as células das
raízes de uma planta ao material orgânico em decomposição disponível no ambiente. Elas for-
mam no solo uma espécie de “teia” subterrânea, que atua como filtro capaz de reter sais minerais
dissolvidos na água, evitando perdas para as águas subterrâneas ou riachos e rios. Esse fato é
importante sobretudo em solos relativamente pobres em nutrientes minerais, como é o caso da
floresta Amazônica.

PARA CONSTRUIR

1 (Fuvest-SP) O quadro abaixo lista características que diferen- b) Informe o modo pelo qual os cogumelos digerem os ali-
m ciam os reinos dos fungos, das plantas e dos animais, quanto mentos necessários à sobrevivência.
Ene-1
C 1
H- ao tipo e ao número de células e quanto à forma de nutrição Apresentam digestão extracorpórea, eliminando no ambiente
de seus integrantes. externo as enzimas que digerem o alimento disponível.
m
Ene-4
C 4
H-1
Característica I II III
Exclusivamente Maioria Exclusivamente
Tipo de célula
procarióticos eucarióticos eucarióticos
c) Explique, resumidamente, o que são corpos de frutifica-
Número de Exclusivamente Unicelulares ou Exclusivamente
ção e aponte uma forma de esses corpos serem, benefica-
células unicelulares multicelulares multicelulares
mente, aproveitados pelo ser humano.
Forma de Exclusivamente Autotróficos ou Exclusivamente Corpos de frutificação, que produzem esporos, são estruturas
nutrição heterotróficos heterotróficos autotróficos
associadas à reprodução; em alguns casos, os corpos de

Com relação a essas características, os seres vivos que com- frutificação servem de alimento aos seres humanos.
põem o reino dos fungos estão indicados em: c

Número de
Tipo de célula Forma de nutrição
células 3 Observe um esquema de cogumelo-de-chapéu.
a) I III II m
Ene-5
C 7
H-1
b) II III I
c) III II I MASPI/ARQUIVO DA EDITORA

d) III I II
e) II II III
Cogumelo A
2 (UFF-RJ) Os organismos popularmente conhecidos como
cogumelos são eucariontes que, na sua constituição, apre- a) Qual a importância da estrutura A?
sentam parede celular rígida e um polissacarídeo de reserva. A estrutura A produz esporos; logo, tem importância reprodutiva. FRENTE A
Embora possuam algumas características de planta, não per-
tencem ao reino Plantae. b) O que você entende por hifas e micélio?
Hifas são filamentos que organizam o corpo de fungos
a) Especifique a que reino pertencem os cogumelos e expli-
BIOLOGIA

que por que esses organismos não podem ser classifica- multicelulares, como os cogumelos. Micélio é o “talo” dos

dos como vegetais. fungos multicelulares, formado por um emaranhado de hifas.

Reino Fungi; os cogumelos não têm clorofila e apresentam


nutrição heterotrófica.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi 85
4 Os fungos podem se desenvolver sobre alimentos diversos for- 7 (UPE) O ramo da Biologia especializado no estudo dos fungos
m
Ene-4
mando bolores ou mofos de várias colorações visíveis a olho nu. é a micologia. Esses seres têm como hábitat os mais diferen-
C 4
H-1
O esquema a seguir mostra fungos se desenvolvendo em tes substratos terrestres ou podem ser aquáticos. Os fungos
uma fatia de pão. Os elementos não estão representados em mais representativos são os cogumelos e as orelhas-de-pau,
m
Ene-5
C 7
escala (os esporos, por exemplo, são microscópicos). classificados como basidiomicetos. Nos basidiomicetos, a re-
H1
-
produção é caracterizada por: c
Esporângios
Esporos liberados a) Constituir estruturas denominadas sorédios, com propa-

MASPI/ARQUIVO DA EDITORA
gação na forma assexuada de reprodução.
b) Possuir, no corpo de frutificação, um basídio dicariótico
que sofre meiose e forma quatro núcleos. Após mitoses,
cada basídio contém oito esporos.
c) Apresentar um corpo de frutificação denominado basi-
Esquema de fungo se desenvolvendo em diocarpo. Nos basídios, cada núcleo diploide sofre meiose
uma fatia de pão.
e origina quatro núcleos haploides, formando-se, assim,
a) O que são esporângios? quatro esporos.
d) Apresentar muitos basídios alongados, contendo cada
Esporângios são estruturas onde se produzem os esporos.
um oito basidiósporos haploides.
b) Por que os fungos se desenvolvem sobre substratos orgâ- e) Possuir forma assexuada com corpo de frutificação pouco
nicos, como uma fatia de pão, por exemplo? desenvolvido. Dois esporos flagelados formam-se nas ex-
Os fungos são heterótrofos e, portanto, necessitam de matéria tremidades das hifas sexuadas através da mitose.
orgânica disponível no ambiente em que vivem para o
8 Responda.
desenvolvimento.
m
Ene-4
C 4
a) Quais tipos de organismos formam os liquens?
c) Determine, a partir do micélio, a sequência básica das eta- H-1
Algas (ou cianobactérias) e fungos.
pas do desenvolvimento do fungo multicelular.
micélio # corpo de frutificação # esporos # hifas # novo micélio b) Como esses organismos interagem?
Trata-se de interação mutualística, isto é, as duas espécies são
5 Assim como os animais, os fungos não têm clorofila. Sua
beneficiadas: as algas/cianobactérias sintetizam matéria orgânica,
m
Ene-4
reserva celular é geralmente o glicogênio, um carboidrato
C 4
também armazenado em órgãos como o fígado e os múscu- por meio da fotossíntese, e fornecem parte dela aos fungos;
H1
-

los de certos animais. Mas os fungos têm em torno de suas estes protegem as algas/cianobactérias contra a desidratação
células uma estrutura ausente em células animais e presente e lhes fornecem água e sais minerais retirados do substrato.
em células de plantas. Que estrutura é essa? De que ela é
formada nos fungos?
A parede celular. Porém, enquanto nas plantas a principal
c) Como os liquens se reproduzem?
substância geralmente presente na parede celular é a celulose, nos
Por meio de sorédios, unidades assexuadas de reprodução
fungos é a quitina (outro tipo de carboidrato), também presente no
constituídas por hifas e por algumas algas (ou cianobactérias).
esqueleto dos artrópodes.
d) O que são micorrizas?
6 Supõe-se que a maioria das espécies de fungos se concentre São associações entre fungos e raízes de certas plantas,
nas florestas tropicais, como a floresta Amazônica, por exemplo. como tomateiros e morangueiros.
Identifique duas condições ambientais que favorecem o de- e) Considere as interações estabelecidas entre os organis-
senvolvimento de fungos em florestas tropicais. mos que formam os liquens e os organismos que formam
Os fungos se desenvolvem principalmente em locais úmidos, as micorrizas. Existe alguma semelhança entre essas inte-
sombreados e ricos em matéria orgânica. A elevada umidade das rações? Explique.
florestas tropicais, o interior sombreado, a temperatura anual média Sim. O aluno tem subsídios para explicar que, em ambos os casos,
ao redor de 30 °C e a riqueza de matéria orgânica morta no os organismos envolvidos estabelecem interação de benefícios
solo, por exemplo, são condições que favorecem o desenvolvimento mútuos. Essa interação ecológica é chamada mutualismo.
de muitas espécies de fungos.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 4 Para aprimorar: 1 a 4

86 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
A IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS
Os fungos exibem notável importância ecológica, atuando em geral como seres decompositores
de matéria orgânica. Várias espécies são parasitas de plantas e de animais, incluídos os seres humanos.
Outras espécies, como vimos, estabelecem relações de mutualismo com outros seres vivos. Há tam-
bém espécies de fungos que podem ser utilizadas como alimento pelos seres humanos ou aplicadas
no controle biológico ou na produção de certas bebidas e medicamentos.

Ação decompositora
Em sua maioria, os fungos, assim como as bactérias, têm grande importância ecológica, atuan-
do como organismos decompositores. A ação decompositora permite a reciclagem da matéria na
natureza, pois converte a matéria orgânica morta em matéria inorgânica simples, que pode ser rea-
proveitada por outros seres vivos. A supressão da atividade decompositora dos fungos e das bactérias
inviabilizaria a existência de vida na Terra.

A ação decompositora dos fungos pode às vezes causar certos dissabores aos seres huma-
nos. Apresentando grande capacidade de proliferação e dispersão, os fungos podem degradar
materiais orgânicos disponíveis, principalmente em ambientes úmidos e pouco iluminados. As-
sim, roupas, sapatos, filmes e madeira, além dos alimentos, podem exibir, em certas situações, o
conhecido bolor ou mofo, constituído por colônias de fungos originadas de esporos existentes
no ar e que encontram nesses materiais um meio adequado ao seu desenvolvimento.

Ação parasitária
Ao atuar como parasitas de plantas e de animais, incluído o ser humano, certos fungos se ca-
racterizam como agentes etiológicos de muitas enfermidades.
Os fungos do gênero Armillaria, por exemplo, de ampla distribuição geográfica, causam a podri-
dão de raízes em várias espécies de plantas silvestres, como pinheiros, castanheiras e eucaliptos. Na
agricultura, são bastante conhecidas as doenças causadas por fungos em plantas cultivadas, como
arroz, milho, feijão, soja, batata, tomate, café e algodão, entre outras. Como exemplos, podem ser
citados o fungo Hemileia vastatrix – causador da ferrugem do café, uma doença que dizimou grande
parte dos cafezais brasileiros na década de 1970 – e o fungo Phakopsora pachyrhizi – causador da
ferrugem da soja, que ataca as folhas e causa queda precoce de grãos (figura 13).
Mas também existem espécies de fungos utilizadas na agricultura em controle biológico no
combate a seres daninhos às plantações, como certos besouros, cigarrinhas e outros insetos – é o
caso, por exemplo, do fungo Metarhizium anisopliae.
NIGEL CATTLIN/ALAMY/LATINSTOCK

FRENTE A
BIOLOGIA

Fig. 13 – Soja contaminada pela ferrugem causada pelo


fungo Phakopsora pachyrhizi.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi 87
Na espécie humana, são conhecidas diversas micoses, doenças causadas por fungos. Veja al-
Na fabricação do pão, os gumas delas.
fungos situados na superfície Sapinho, monilíase ou candidíase – moléstia causada pelo fungo Candida albicans.
da massa realizam, em contato Blastomicose sul-americana – micose grave que pode ocasionar a morte por lesões na pele e
com o ar atmosférico, respiração em órgãos internos, como os pulmões.
aeróbia. Assim, apresentam ren- Pitiríase – dermatose caracterizada pela produção de escamas epiteliais que se esfarelam.
dimento energético maior do
que aqueles que ficam no inte- Ação fermentativa
rior da massa, sem contato com É conhecida a participação dos fungos do gênero Saccharomyces na fabricação de álcool etílico
o ar, e que realizam fermentação e de bebidas alcoólicas, como o vinho e a cerveja. Esses fungos, conhecidos também como leveduras,
alcoólica. realizam fermentação alcoólica, convertendo açúcar em álcool etílico. São anaeróbios facultativos,
pois realizam respiração aeróbia em presença de gás oxigênio e fermentação na ausência desse gás.
Por isso, na fabricação do vinho, por exemplo, evita-se o contato do suco de uva com o ar; assim,
em vez de realizar a respiração aeróbia, o fungo processa a fermentação alcoólica, liberando álcool
etílico e permitindo a obtenção do vinho.
Fig. 14 – Saccharomyces sp. (Imagem Os fungos do gênero Saccharomyces (fig. 14) também são empregados como fermento na
obtida por microscópio eletrônico e fabricação de pães, bolos e biscoitos. Durante a fermentação, o gás carbônico liberado forma bolhas
colorida artificialmente; ampliação de
4 mil vezes.) que aumentam o volume da massa.

Fabricação de antibióticos e de queijos


Os fungos também têm papel de destaque na indústria de antibió-
ticos. Afinal, foi do Penicillium notatum (fig. 15) que Alexander Fleming
(1881-1955) (fig. 16) extraiu a penicilina, antibiótico responsável pela
salvação de milhares de vidas durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje,
muitos outros antibióticos largamente aplicados são conseguidos a partir
de culturas de fungos.
O gênero Penicillium, além de abranger fungos fornecedores de pe-
nicilina, compreende também espécies como Penicillium roquefortii e
Penicillium camembertii, que são importantes na produção dos queijos
SPL/LATINSTOCK

roquefort e camembert (fig. 17).

Fig. 17 – Queijo camembert.

Fig. 15 – Penicillium notatum. (Imagem obtida por Fig. 16 – Pela notável


microscópio eletrônico, com coloração artificial; contribuição para a ciência
ampliação desconhecida.) moderna, Alexander Fleming
recebeu o prêmio Nobel de
Medicina, em 1945.
DENNIS KUNKEL MICROSCOPY, INC./VISUALS

PHOTOCUISINE/KEYSTONE BRASIL
SPL/LATIN STOCK

88 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
Comestíveis e venenosos
Certos fungos são utilizados como alimento pelos seres humanos, podendo ser empregados
no preparo de comidas diversas. É o caso do Agaricus bisporus, basidiomiceto conhecido como
champignon, e das trufas, ascomicetos do gênero Tuber.
As leveduras também podem ser utilizadas pelos seres humanos como complementos nutri-
cionais, atuando como fonte de vitaminas do complexo B, de sais minerais diversos e de proteínas
de boa qualidade e de digestão relativamente fácil.
Alguns fungos silvestres, porém, como o Boletus satanas e o Amanita verna, são venenosos,
podendo provocar a morte quando ingeridos. Outros produzem substâncias alucinógenas, como o
Claviceps purpurea, que vive no centeio e produz o LSD (sigla de lysergic-sour-diethylamid) ou ácido
lisérgico, uma das mais potentes drogas alucinógenas conhecidas. O Amanita muscaria é outro
exemplo de fungo conhecido pelos poderes alucinógenos (fig. 18).

/KEY AGE FOTOSTOCK


ST
ON
EB
RA
SI

Fig. 18 – Amanita muscaria (alucinógeno), visto de cima.

PARA CONSTRUIR

9 Os fungos podem muitas vezes causar dissabores aos seres Staphylococcus aureus, bactéria capaz de provocar infec-
m humanos, formando bolores em roupas, sapatos e alimentos, ções diversas nos seres humanos. Apesar das precau-
Ene-4
C 4
H-1 entre outros exemplos. Esses fungos – os bolores – podem ções que tomava, observou que, em uma das placas de
ser considerados “nocivos” ao meio ambiente? Por quê? cultura, seu experimento havia literalmente mofado: a
colônia de bactérias tinha sido destruída por um mofo
Não. Ao se desenvolver nesses materiais, esses fungos estão
verde, colônia do fungo Penicillium notatum.
exercendo a ação decompositora. A decomposição da matéria Fleming, porém, soube tirar proveito da situação.
orgânica morta, realizada por bactérias e fungos, é fundamental para Depois de exaustivas pesquisas, concluiu que o fungo
a reciclagem da matéria na natureza e, portanto, para a manutenção liberava para o meio externo uma substância, que de-
da vida na Terra.
nominou penicilina, capaz de inibir o desenvolvimento
de certas bactérias.
A descoberta de Fleming não despertou de ime-
FRENTE A
diato o interesse de laboratórios farmacêuticos e, du-
rante cerca de uma década, permaneceu restrita aos
meios acadêmicos. Com a Segunda Guerra Mundial,
porém, a atenção pelo fungo renasceu, na tentativa de
BIOLOGIA

curar os feridos em batalhas. As pesquisas foram inten-


10 Leia o texto. sificadas e a penicilina passou a ser produzida em lar-
m
Ene-7
C 1 Fleming e os antibióticos ga escala, introduzindo efetivamente a Medicina na era
H-2
Em 1929, Alexander Fleming (1881-1955) pesqui- dos antibióticos.
e m
En -4
C
sava na Inglaterra o comportamento de culturas de Justificando sua resposta, cite:
4
H-1

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi 89
a) dois outros exemplos de fungos considerados desejáveis a) Qual a diferença entre o metabolismo energético das cé-
aos interesses humanos. lulas que ficam na superfície da massa e o metabolismo
Certas leveduras (Saccharomyces) são usadas como fermento energético das células que ficam em seu interior?
na fabricação de pães e bolos, por exemplo, e na produção de As células que ficam na superfície da massa, em contato

álcool etílico, que pode ser empregado como combustível ou com o ar atmosférico, fazem respiração aeróbia e têm

na fabricação de bebidas alcoólicas, entre outras aplicações. rendimento energético superior às células do interior da massa,

Outro exemplo é o champignon, um fungo comestível. que, sem contato com o ar, fazem fermentação alcoólica.

b) dois exemplos de fungos considerados prejudiciais aos


interesses humanos.
Alguns fungos causam doenças nos seres humanos (exemplo: b) Por que o fermento faz o pão crescer?
“sapinho”) ou em plantas cultivadas (exemplo: ferrugem do café). Porque libera o gás carbônico, cujas bolhas resultam em aumento
de volume da massa.

11 (Vunesp) Fungos e bactérias têm sido considerados, por mui- 14 (Unicamp-SP) Os fungos são organismos eucarióticos hetero-
m tos, os “vilões” entre os seres vivos. Sabemos, entretanto, que m
Ene-4
tróficos unicelulares ou multicelulares. Os fungos multicelula-
Ene-4 C 4
C 4
H-1 ambos apresentam aspectos positivos e desempenham im- H-1 res têm os núcleos dispersos em hifas, que podem ser contí-
portantes funções ecológicas. nuas ou septadas, e que, em conjunto, formam o micélio.
a) Cite uma forma pela qual bactérias e fungos podem con- a) Mencione uma característica que diferencie a célula de
tribuir para a reciclagem de nutrientes minerais. um fungo de uma célula animal, e outra que diferencie a
célula de um fungo de uma célula vegetal.
Decompondo a matéria orgânica morta e transformando-a
Na célula do fungo há parede celular, ao contrário do que ocorre
em matéria inorgânica simples, que pode ser reaproveitada pelo
numa célula animal. Na célula do fungo, a parede celular
mundo vivo.
composta principalmente de quitina, enquanto é na célula
vegetal é composta principalmente de celulose.

b) Cite um exemplo de conquista científica no combate a


infecções que foi possível a partir da utilização de fungos.
Produção de antibióticos, como a penicilina.
b) Em animais, alguns fungos podem provocar intoxicação
12 (Fuvest-SP) O molho de soja mofado vem sendo usado na e doenças, como micoses; em plantas, podem causar
China, há mais de 2 500 anos, no combate a infecções de doenças que prejudicam a lavoura, como a ferrugem do
pele. Durante a Segunda Guerra Mundial, prisioneiros russos cafeeiro, a necrose do amendoim e a vassoura de bruxa
das prisões alemãs, que aceitavam comer pão mofado, so- do cacau. Entretanto, os fungos também podem ser be-
friam menos infecções de pele que os demais prisioneiros, os néficos aos interesses humanos. Cite dois benefícios pro-
quais recusavam esse alimento. porcionados pelos fungos.
a) O que é mofo? Entre os benefícios, poderiam ser citados a produção de
Mofo, ou bolor, é o termo usado para designar certos tipos de antibióticos, a realização de fermentação alcoólica e o uso de
fungos. certos fungos como alimentos.

b) Por que esses alimentos mofados podem combater as in-


fecções de pele?
15 Os fungos são usados como alimento pelos seres humanos há
Porque alguns tipos de fungos são capazes de produzir
muito tempo. A culinária chinesa, por exemplo, já usava esses
antibióticos, substâncias que combatem certos microrganismos seres há milhares de anos. Mas os fungos também foram incor-
causadores de infecções, como as bactérias. porados à cozinha brasileira, onde entram no preparo de sala-
das, massas, risotos e molhos para carnes, entre outros exem-
plos. Alimentos ricos em nutrientes como proteínas, certas
vitaminas e sais minerais, entre os cogumelos comestíveis mais
13 (Fuvest-SP) No processo de fabricação do pão, um ingredien- usados estão o shimeji (Pleurotus ostreatus), o shiitake (Lentinula
te indispensável é o fermento, constituído por organismos edodes) e o cogumelo mais consumido em todo o planeta, o
anaeróbios facultativos. “champignon de Paris” (Agaricus bisporus).

90 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
Ao comer uma pizza com champignon, um estudante afir- Escolha um exemplo de planta cultivada, pesquise, se neces-
mou que estava comendo o corpo de frutificação do fungo, sário, e identifique pelo menos uma doença provocada por
estrutura associada com a reprodução, e não o micélio pro- fungos nessa planta.
priamente dito. Você concorda com ele? Justifique sua res- Resposta pessoal.
posta.
A título de exemplo: no milho, uma das plantas citadas na questão,
Sim, pois a parte comestível do champignon é o corpo de frutificação,
podemos considerar: a ferrugem comum, que provoca lesões em
estrutura produtora de esporos e associada com a reprodução. O
folhas e é causada pelo fungo da espécie Puccinia sorghi; podridão
micélio é subterrâneo.
do caule e das espigas, provocadas por várias espécies do gênero
Fusarium; a cercosporiose, que causa lesões nas folhas e é
provocada por fungos do gênero Cercospora.

16 Existem várias espécies de fungos que se desenvolvem em


plantas cultivadas e são capazes de produzir certas toxinas.
Entre essas toxinas, as mais conhecidas são as aflatoxinas,
produzidas principalmente por certas espécies de fungos do
gênero Aspergillus. As aflatoxinas podem ser encontradas em
grãos de milho e de amendoim, entre outros exemplos. O ser
humano pode adquirir essas toxinas por meio do consumo
in natura de grãos contaminados ou pela ingestão de produ-
tos animais (carne, leite, ovos), caso os animais tenham sido
alimentados com ração contaminada.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 5 a 12 Para aprimorar: 5 a 8

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA PRATICAR 3 (UEPB) Observe a figura abaixo:


m
Ene-4 “Chapéu”
C 4
H-1
1 (PUC-RS) Qual das opções abaixo marca uma característica

CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


m
Ene-4
comum a todos os fungos? m
Ene-5
C 4 C 7
H-1 H1
-
a) Presença de celulose como constituinte básico da parede
celular. Corpo de
b) Ausência de pigmentos fotossintetizantes. frutificação Esporos
c) Ausência de formação de gametas.
d) Adaptação ao parasitismo.
e) Talo do tipo micélio.

2 (PUC-RJ) Os fungos são organismos que: Micélio

FRENTE A
a) realizam a reserva de carboidratos na forma de amido.
Hifas
b) sempre apresentam o corpo constituído por uma célula
(unicelulares), geralmente filamentosa, exceto as estrutu- A ilustração representa o corpo de frutificação dos fungos do
ras reprodutivas. grupo dos(as):
BIOLOGIA

c) são procariontes que geralmente formam colônias. a) ficomicetos.


d) desempenham um papel importante na nutrição vegetal, b) ascomicetos.
através das associações mutualísticas com as raízes das c) basidiomicetos.
plantas, denominadas micorrizas. d) micoses.
e) são autotróficos ou heterotróficos. e) leveduras.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi 91
4 (UFMG) Observe as figuras. 9 (AEUDF) Todos os itens indicam alguma importância ligada à
m
Ene-4
atividade de fungos, exceto:
C 4
H-1 a) Podem causar doenças chamadas micoses.
m b) Desempenham papel fermentativo.

50
Ene-5
c) Produção autotrófica de substâncias orgânicas para con-

0
C 7 Figura 1
H1

X
-
sumo de outros seres.
d) Alguns produzem antibióticos.
e) Participação na formação de liquens.
Figura 2 10 (UEL-PR) A candidíase é uma doença oportunista que geral-
mente se instala quando o indivíduo está com suas defesas
debilitadas. É causada por:
a) protozoário.
b) bactéria.
c) verme.
A estrutura indicada na figura 2 possui função de: d) fungo.
a) fotossíntese. e) vírus.
b) nutrição.
c) reprodução. 11 (PUCC-SP) A fabricação de vinho e pão depende de produtos
d) respiração. liberados pelas leveduras durante sua atividade fermentativa.
e) sustentação. Quais os produtos que interessam mais diretamente à fabri-
cação do vinho e do pão, respectivamente?
5 (FCC-SP) Nos basidiomicetos saprófitos, como os cogumelos-
a) Álcool etílico e gás carbônico.
-de-chapéu, os corpos de frutificação são estruturas:
b) Gás carbônico e ácido láctico.
a) nas quais se formam gametângios. c) Ácido acético e ácido láctico.
b) nas quais se formam esporos. d) Álcool etílico e ácido acético.
c) resultantes da germinação de esporos. e) Ácido láctico e álcool etílico.
d) resultantes de células haploides provenientes do zigoto.
e) Nenhuma das anteriores. 12 (Mack-SP) Algumas espécies do gênero Penicillium desempe-
nham importante papel na obtenção de antibióticos e tam-
6 (FUA-AM) Entende-se por micélio: bém na fabricação de queijos. Na escala de classificação dos
a) um conjunto de hifas emaranhadas. seres, o Penicillium é considerado:
b) o corpo de frutificação dos fungos. a) bactéria.
c) o mesmo que basidiósporo. b) fungo.
d) um processo de união sexual das hifas. c) protozoário.
e) Nenhuma das anteriores. d) vírus.
7 (UFMG) Sementes oleaginosas, como o amendoim, são fre- e) briófita.
m
Ene-4
quentemente contaminadas pela aflatoxina, substância tó-
C 4
H-1 xica produzida por microrganismos que apresentam hifas e PARA APRIMORAR
núcleo organizado e não possuem clorofila. Esses microrga-
nismos podem ser classificados como: 1 (PUCC-SP)
a) algas. m
Ene-4
C 4
b) bactérias. H-1

c) fungos. m
Ene-5
d) protozoários. C 7
H-1
e) vírus.

8 (Unir-RO) Os fungos são importantes para o ser humano em


todos os processos abaixo, exceto:
a) fermentação, como na produção de bebidas alcoólicas.
b) fabricação de antibióticos, como a penicilina.
c) alimentação, como os cogumelos comestíveis.
d) decomposição de organismos mortos.
e) purificação do ar através da fotossíntese.

92 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
As figuras indicam: a) esporos da alga que o fungo não conseguiu digerir.
I. Tratar-se de ascomiceto, pois houve formação de ascos e b) algas, componentes normais do líquen.
ascósporos. c) esporos do fungo, produzidos normalmente.
II. Tratar-se de basidiomiceto, pois houve formação de basí- d) cloroplastos, ingeridos pelo fungo do vegetal parasitado.
dios e basidiósporos. e) gotas de pigmento, resultantes da digestão da alga cati-
III. Que é nas lamelas do corpo de frutificação que ocorre a vada pelo fungo.
formação dos esporos.
Assinale a alternativa correta. 6 (PUC-PR) Um estudante de Biologia, ao realizar uma pesquisa
a) Estão corretas apenas I e II. científica, chegou à conclusão de que um determinado ser
b) Estão corretas apenas II e III. vivo apresenta as seguintes características:
c) Estão corretas apenas I e III. Tem como substância de reserva o glicogênio.
d) Todas estão corretas. Apresenta quitina como um dos componentes da mem-
e) Todas estão incorretas. brana celular.
É multicelular, muito embora suas células não constituam
2 (PUC-SP) O cogumelo comestível é um: tecidos diferenciados.
a) zigomiceto. É eucarionte, porém não sintetiza pigmento fotossinteti-
b) basidiomiceto. zante.
c) ascomiceto.
Pelas características expostas, conclui-se que o ser vivo pes-
d) ficomiceto.
quisado pertence ao reino:
e) oomiceto.
a) Protista d) Plantae.
3 (Fuvest-SP) A membrana celular é impermeável à sacarose. b) Fungi. e) Animalia.
No entanto, culturas de lêvedos conseguem crescer em meio c) Monera.
com água e sacarose. Isso é possível porque:
7 (PUC-PR)
a) a célula de lêvedo fagocita as moléculas de sacarose e as
digere graças às enzimas dos lisossomos.
m
Ene-7
C 1
Os fungos constituem um grupo de organismos em que
H-2
b) a célula de lêvedo elimina enzimas digestivas para o meio não ocorre clorofila. São geralmente filamentosos e mul-
e absorve o produto da digestão. m
Ene-4
ticelulares. O crescimento é, em geral, apical, mas normal-
C 4
c) as células de lêvedo cresceriam mesmo sem a presença H-1 mente qualquer fragmento hifálico pode dar origem a outra
desse carboidrato ou de seus derivados. m
formação micelial quando destacado e colocado em meio
Ene-5
d) as células de lêvedo têm enzimas que carregam a sacaro- C 7
H-1
apropriado. As estruturas reprodutivas são diferenciadas das
se para dentro da célula, onde ocorre a digestão. vegetativas, o que constitui a base sistemática dos fungos
e) a sacarose se transforma em amido, por ação de enzimas m
Ene-1
C 1
(PUTZKE e PUTZKE, 1998). Alguns podem ser microscópicos
H-
dos lêvedos, e entre as células, onde é utilizada. em tamanho, enquanto outros são muito maiores, como os
cogumelos e fungos que crescem em madeira úmida ou
4 (UFPR) O líquen consiste numa rede organizada de hifas ou
solo. Os fungos formam esporos, que são dispersos por cor-
filamentos, constituindo um falso parênquima; nas camadas
rentes de ar (PELCZAR et al., 1996), encontrando-se no solo,
superiores dessa rede, situam-se muitos grupos de pequenas
na água, nos vegetais, em animais, no homem e em detritos,
algas verdes (clorofíceas) ou, mais raramente, de algas azuis
em geral (TRABULSI e TOLEDO, 1996).
(cianofíceas). Utilizando os conhecimentos adquiridos, assi-
nale a alternativa correta. Analise as proposições a seguir sobre os fungos.
I. Podem associar-se a determinados grupos de algas cons-
a) O fungo protege e envolve a alga, fornecendo água ao
tituindo as micorrizas. As hifas contribuem como pro-
substrato; a alga realiza fotossíntese e retira água do fungo.
tetoras e fornecedoras de água para as algas. Em troca
b) O fungo protege e envolve a alga, absorvendo água do subs-
recebem os açúcares produzidos durante a fotossíntese
trato; a alga realiza fotossíntese e fornece alimento ao fungo.
das algas.
c) A alga protege e envolve o fungo, absorvendo água do subs-
FRENTE A
II. Espécies dos gêneros Psylocibe e Claviceps são conhecidas
trato; o fungo faz fotossíntese e fornece alimento à alga.
pela produção de diversas substâncias que exercem po-
d) A alga protege e envolve o fungo, absorvendo água do
deroso efeito sobre o sistema nervoso central de huma-
substrato; o fungo faz fotossíntese e retira água da alga.
nos e por isso são empregados como drogas de abuso.
e) Nenhuma das anteriores.
BIOLOGIA

III. De acordo com a nutrição, os fungos são classificados em


5 (UFPR) Fazendo um corte no talo de um líquen e observan- duas categorias: decompositores e parasitas. Os decom-
do-o ao microscópio, consegue-se reconhecer pequenas positores ou sapróbios sintetizam matéria orgânica ani-
formações verdes e arredondadas. Essas formações são inter- mal ou vegetal e os parasitas vivem dentro de ou sobre
pretadas como: organismos vivos.

Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi 93
IV. A digestão dos fungos é externa, pois eles secretam enzimas digestivas, liberam no substrato onde se desenvolvem e simples-
mente absorvem nutrientes em vez de ingeri-los.
V. Se é dado acesso ao gás oxigênio, as leveduras respiram aerobiamente para metabolizar carboidratos formando dióxido de
carbono e água; na ausência de gás oxigênio, elas fermentam os carboidratos e produzem etanol e dióxido de carbono.
Estão corretas:
a) I, II e III.
b) II, IV e V.
c) II, III e IV.
d) I, IV e V.
e) Apenas III e V.

8 (PUC-SP) Na década de 1920, o bacteriologista Alexander Fleming, cultivando linhagens de estafilococos, notou que uma das
m
Ene-4
placas de cultura, contendo colônias de bactérias, apareceu contaminada por um tipo de fungo. Ao transferir o fungo para um
C 4
H-1 caldo nutritivo, Fleming verificou que nesse meio não se desenvolviam vários tipos de bactérias, devido à ação de substâncias
produzidas pelo fungo. Esse trabalho foi um dos mais significativos do século XX, pois permitiu aos cientistas, posteriormente,
a produção de:
a) hormônios, utilizados no tratamento de doenças hereditárias.
b) corticoides, utilizados no tratamento de doenças alérgicas.
c) antibióticos, utilizados no tratamento de doenças infecciosas.
d) vacinas, utilizadas na imunização de doenças causadas por fungos e bactérias.
e) soros, utilizados na imunização de doenças causadas por fungos e bactérias.

ANOTAÇÕES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUDESIRK, G.; AUDESIRK, T. Biology: life on Earth. 8. ed. New York: Macmillan, 2006.
BARNES, R. D. Os invertebrados: uma nova síntese. São Paulo: Atheneu, 2007.
BEGON, M. et al. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. Porto Alegre: Artmed, 2007.
CAMPBELL, N. A. Biology. Menlo Park: Benjamin Cummings, 2010.
FRANCESCHINI, I. M.; BURLIGA, A. L.; REVIERS, B.; PRADO, J. F.; RÉZIG, S. H. Algas: uma abordagem filogenética, taxonômica e ecológica. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
MARGULIS, L; SCHWARTS, K. V. Cinco reinos: um guia ilustrado dos filos da Terra. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
ODUM, E. et al. Fundamentos de ecologia. São Paulo: Thomson Pioneira, 2007.
NEVES, D. P. Parasitologia humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
RAVEN, P. H; JOHNSON, G. B. Biology. 4. ed. Boston: Wm. C. Brown, 2007.
REVIERS, B. Biologia e filogenia das algas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
REY, L. Bases da parasitologia médica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
RIFKIN, J. O século da biotecnologia. São Paulo: Makron Books, 2000.
SANTOS, N. S. O. et al. Introdução à virologia humana. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B.R; CASE, C. L. Microbiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
TRABULSI, L. R. et al. Microbiologia. 5. ed. São Paulo: Atheneu. 2008.

94 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

EXERCÍCIOS
Leia os trechos a seguir:
Embora relativamente pouco conhecida em países desenvolvidos, a leishmaniose ainda é uma realidade no Brasil. A doen-
ça é transmitida ao ser humano pela picada de mosquitos flebotomíneos, mas os insetos precisam estar contaminados pelo mi-
crorganismo causador da enfermidade. O contágio do inseto acontece a partir de animais que já estavam infectados, tais como
roedores e, nos centros urbanos, principalmente cães.
Extraído e adaptado de: <www.olharvital.ufrj.br/2006/
index.php?id_edicao=145&codigo=4>. Acesso em: 1o abr. 2015.

A população deve ficar em alerta devido ao aumento de casos de leishmaniose em cães. Somente em João Pessoa (PB)
houve um crescimento de 80% no número de animais diagnosticados com a doença, enquanto que em Campina Grande o
aumento foi de 875%, ou seja, quase dez vezes mais. A informação é das gerências de Vigilância Ambiental em Saúde e Zoo-
nose das Secretarias Municipais de Saúde dessas cidades. Segundo especialistas, os animais podem se tornar reservatórios da
doença e aproximadamente 70% deles são assintomáticos, por isso a necessidade do alerta. Os especialistas alertam quem em
João Pessoa há bairros que estão crescendo agora e invadindo o hábitat do mosquito flebotomíneo, também conhecido como
mosquito-palha ou birigui.
Extraído e adaptado de: <http://jornaldaparaiba.com.br/noticia/143825_cresce-numero-de-casos-de-calazar-na-capital-e-em-cg>.
Acesso em: 6 fev. 2015.

1 A leishmaniose abordada nos trechos de notícias, é uma doença provocada por um: c
a) protozoário esporozoário, que pode passar de animais como roedores e cães para o ser humano de forma indireta, necessitando
de um mosquito vetor para transmissão.
b) protozoário flagelado, que pode passar de animais como roedores e cães para o ser humano de forma indireta, necessitando
de um mosquito vetor para transmissão, e também de forma direta, bastando o simples contato físico entre esses animais e o
ser humano.
c) protozoário flagelado, que pode passar de animais como roedores e cães para o ser humano de forma indireta, necessitando
de um mosquito vetor para transmissão.
d) vírus, que pode passar de roedores e cães para o ser humano de forma indireta, necessitando de um mosquito vetor para
transmissão, assim como a dengue e a febre amarela.
e) bactéria, que pode passar de animais como roedores e cães para o ser humano de forma direta, bastando o simples contato
físico entre esses animais e o ser humano.

2 Em alguns grupos de seres vivos são encontradas espécies que possuem ação parasitária no ser humano. Assinale a alternativa que
contém apenas espécies de seres vivos com essa característica. b
a) Vibrio cholerae, Amoeba proteus, Agaricus bisporus e Leishmania chagasi.
b) Candida albicans, Plasmodium vivax, Clostridium tetani e Entamoeba histolytica.
c) Plasmodium vivax, Bacillus thuringiensis, Saccharomyces cerevisiae e Treponema pallidum.
d) Balantidium coli, Clostridium tetani, Rhizobium phaseoli e Candida albicans
e) Trypanosoma cruzi, Neisseria meningitidis, Lactobacilllus acidophilus e Paramecium caudatum.

95
QUADRO DE IDEIAS Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
O seres vivos: a classificação dos seres vivos, Carvalho
os vírus e os reinos Monera, Protoctista e Fungi Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Tayra Alfonso, Vanessa Lucena.
Edição de Arte: Kleber de Messas
Vírus Monera Protoctista Fungi Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Fernando Vivaldini
Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
Ilustrações: Ideario Lab, Ilustra Cartoon
Sem Unicelulares, Protozoários: Uni ou Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita
organização procariontes, unicelulares, multicelulares; Guedes
celular e sem autótrofos ou eucariontes e eucariontes, Colaboraram para esta Edição do Material:
Projeto Sistema SESI de Ensino
metabolismo heterótrofos aclorofilados aclorofilados Gestão do Projeto: Thiago Brentano
próprio Estrutura celular: Classificação: Principais grupos: Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
parede celular, rizópodes, zigomicetos; Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane
Constituição: Botelho e Valdete Reis
cápsula membrana ciliados, ascomicetos; Revisão: Juliana Souza
proteica; DNA plasmática, citosol, esporozoários e basidiomicetos Diagramação: lab 212
ou RNA ribossomos e flagelados. Fungos Capa: lab 212
Ilustração de capa: Aurielaki/ Golden Sikorka/
Reprodução: material genético; Reprodução: multicelulares: Sentavio/ Macrovector/ Shutterstock
no interior de sem organelas principalmente micélio, hifas, Consultores:

células vivas membranosas, sem assexuada por corpos de Coordenação: Dr. João Filocre
Biologia: Dra. Gisele Brandão Machado de Oliveira e
núcleo delimitado cissiparidade frutificação
Exemplos Msc. Maria Inez Melo de Toledo
por membrana SESI DN
de viroses Exemplos Reprodução:
Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi
humanas: Aids Importância: de doenças assexuada ou Ramacciotti
(HIV), dengue, decompositores, causadas nos sexuada Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira

febre amarela, parasitas, seres humanos: Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
Importância: Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga
hepatite viral, fertilização do solo amebíase, decompositores; dos Santos
hidrofobia (ex.: Rhizobium), malária, doença parasitas, Todos os direitos reservados por SOMOS Educação S.A.
(raiva), flora microbiana de Chagas, Avenida das Nações Unidas, 7221
mutualísticos
poliomielite, intestinal; leishmanioses Pinheiros – São Paulo – SP
(liquens e CEP: 05425-902
gripe e biotecnologia
Algas micorrizas); ação (0xx11) 4383-8000
resfriado (ex.: lactobacilos), © SOMOS Sistema de Ensino S.A.
unicelulares: fermentativa;
bioindicadores (ex.:
euglenófitas, produção de Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
coliformes fecais). (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
bacilariófitas e antibióticos;
Exemplos de pirrófitas comestíveis, Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de 1 a
12 : exatas, biológicas : aluno. -- 2. ed. -- São Paulo :
doenças causadas venenosos Ática, 2017.
Algas
nos seres humanos:
multicelulares: Vários autores.
cólera, meningite
clorófitas, 1. Biologia (Ensino médio) 2. Física (Ensino médio) 3.
meningocócica,
rodófitas e Matemática (Ensino médio) 4. Química (Ensino médio).
tuberculose, tétano,
feófitas
sífilis e gonorreia.
16-08187 CDD-373.19
Reprodução:
principalmente Índice para catálogo sistemático:
1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino médio 373.19
assexuada por
cissiparidade 2016
ISBN 978 85 08 18346 3 (AL)
Cianobactérias: ISBN 978 85 08 18347 0 (PR)
autótrofas 2ª edição
fotossintetizantes 1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação

96 Os seres vivos: a classificação dos seres vivos, os vírus e os reinos Monera, Protista e Fungi
BIOLOGIA FRENTE B

Wilson Roberto Paulino

OS SERES VIVOS: O REINO PLANTAE –


ASPECTOS GERAIS, BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS
1 Reino Plantae: aspectos gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
O reino Plantae: componentes e características básicas . . .5
FRENTE B
Alguns critérios de classificação das plantas . . . . . . . . . .11
Ciclos de vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
2 Briófitas e pteridófitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Briófitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
BIOLOGIA

Pteridófitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Briófitas e pteridófitas: semelhanças e diferenças . . . . . .30

2137687 (AL)

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


Os xaxins têm sido usados como matéria-prima na confecção de

MÓDULO
vasos. Além disso, o pó de xaxim é utilizado para cultivar plantas
ornamentais diversas. No capítulo sobre pteridófitas, serão apre-
sentados

Os seres vivos: o reino Plantae – mais deta-


lhes sobre

aspectos gerais, briófitas o assunto, inclusive sobre


produtos alternativos encon-

e pteridófitas trados no mercado e que po-


dem substituir os xaxins.

Lago negro em Gramado, RS. Xaxins (Dicksonia


sellowiana) à esquerda.
FABIO COLOMBINI/ACERVO DO FOTÓGRAFO
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM

Várias espécies de briófitas e de pteridófitas


podem ser encontradas em matas brasileiras.
Conhecidos popularmente por samambaiaçu,
os xaxins são plantas do grupo das pteridófitas.
Essas plantas podem ser encontradas na Mata
Atlântica e atualmente correm risco de extin-
ção, em consequência do extrativismo desorde-
nado, além do desmatamento desse ambiente
natural brasileiro.
Fonte dos dados: Assembleia Legislativa do Estado
de São Paulo. Disponível em: <www.al.sp.gov.br/
noticia/?id=316285>. Acesso em: 5 maio 2015.
O que leva as pessoas a extrair xaxins das
matas?

www.sesieducacao.com.br
CAPÍTULO

1 Reino Plantae:
aspectos gerais

Veja, no guia do professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos: O reino Plantae ou Metaphyta compreende os seres eucariontes multicelulares, autótrofos e


formadores de embrião, cujo desenvolvimento depende de nutrientes fornecidos pela planta-mãe.
c Reconhecer as
As plantas, em sua imensa maioria, vivem em ambientes de terra firme, organizando formações
características gerais
vegetais diversas, como campos e florestas. Com certas bactérias e com as algas, os organismos do
dos componentes do
reino Plantae são os produtores da matéria orgânica que nutre, direta ou indiretamente, quase a
reino Plantae e sua
totalidade dos seres vivos nos mais diversos ecossistemas da Terra. Além disso, abastecem a biosfera
importância ecológica.
de gás oxigênio, fundamental para a respiração aeróbia.
c Citar alguns critérios
de classificação das

ROGÉRIO REIS/PULSAR IMAGENS


plantas.

c Identificar e
diferenciar os ciclos
de vida haplobionte e
diplobionte.

Fig. 1 – Aspecto da Mata Atlântica, em Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro.

4 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


O REINO PLANTAE: COMPONENTES
E CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
O reino Plantae ou Metaphyta apresenta os seguintes grupos: briófitas, pteridófitas, gimnos-
permas e angiospermas. Por produzirem embrião, esses grupos são genericamente denominados
embriófitas.

Briófitas
O grupo das briófitas compreende plantas como musgos e hepáticas. Essas plantas têm porte
relativamente pequeno e vivem principalmente em ambientes úmidos e sombreados; também são
observadas recobrindo muros e árvores. O corpo do musgo (fig. 2-A) é dotado de filamentos deno-
minados rizoides, que se prestam à fixação da planta ao substrato em que vive e também contribuem
para a absorção de nutrientes; mas os rizoides não têm a estrutura normalmente verificada em raízes
verdadeiras. O corpo do musgo apresenta também uma pequena haste denominada cauloide, de
onde partem estruturas clorofiladas chamadas filoides.
As hepáticas, assim chamadas porque seu corpo lembra a forma de um fígado, não têm porte
ereto e normalmente requerem condições ambientais mais úmidas do que os musgos para seu de-
senvolvimento. Entre as hepáticas mais conhecidas, destacamos as do gênero Marchantia (fig. 2-B).

LATINSTOCK/DR MORLEY READ/SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL


AGE FOTOSTOCK/KEYSTONE BRASIL
A B

Musgos e hepáticas não possuem flores, sementes nem frutos. Em seu ciclo
de vida, verifica-se a participação de gametas, que dependem da água para realizar FRENTE B
a fecundação. Nesse caso, o gameta masculino se desloca em meio líquido até
o gameta feminino. Assim, em uma analogia com o mundo animal, as briófitas
são consideradas “os anfíbios do reino vegetal”, já que vivem principalmente em
BIOLOGIA

ambientes úmidos e sombreados e dependem da água para a fecundação.

Fig. 2 – Exemplos de briófitas: (A) musgo; (B) hepática (gênero Marchantia).

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 5


Pteridófitas
Samambaias, avencas, xaxins e cavalinhas são alguns dos mais conhecidos exemplos de plantas
que compõem o grupo das pteridófitas. Assim como as briófitas, essas plantas vivem principalmente
em locais úmidos e sombreados e dependem da água para a fecundação.
O corpo das pteridófitas é diferenciado em raízes, caules e folhas, mas destituído de flores,
sementes e frutos. Muitas vezes, o caule, denominado rizoma, é subterrâneo e se desenvolve para-
lelamente à superfície do solo. Existem, porém, representantes de caules aéreos, como xaxins (ou
samambaiaçus).
Veja as figuras 3 e 4.

MIKE KIPLING PHOTOGRAPHY/ALAMY/LATINSTOCK


Fig. 3 – Exemplo de
pteridófita: samambaia.

FÁBIO COLOMBINI

Fig. 4 – Exemplo de pteridófita: xaxim.

6 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


Gimnospermas

CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


Pinheiros, sequoias e ciprestes são alguns dos representantes das gimnospermas, plantas terres-
tres que vivem principalmente em locais de clima frio ou temperado. Cone
masculino
As gimnospermas apresentam raízes, caules e folhas; são capazes de produzir sementes, mas
não formam frutos. Assim, suas sementes aparecem “nuas”, isto é, não são envolvidas por frutos; daí
o nome gimnosperma, atribuído a essas plantas, que significa “semente nua”.
Nas gimnospermas, verificam-se ramos férteis, portadores de folhas modificadas que produzem
esporos. Esses ramos são chamados estróbilos. Em plantas como os pinheiros, os estróbilos são rela-
tivamente bem desenvolvidos e popularmente conhecidos como cones (fig. 5). Fig. 5 – Ramo fértil de pinheiro-do-
As sementes podem ser entendidas como “fortalezas biológicas”, pois conferem ao embrião paraná (Araucaria angustifolia) com cones
uma notável proteção contra desidratação, calor, frio e ação de parasitas. Além disso, as sementes masculinos.
armazenam reservas nutritivas que alimentam o embrião até que ele possa ter vida independente, o
que é alcançado quando a planta desenvolve suas primeiras folhas e, portanto, passa a produzir seu
próprio alimento, por meio da fotossíntese. Assim, as sementes atuam como estruturas que contri-
buem para a adaptação das plantas à vida terrestre.
No caso do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia; fig. 6), as sementes são conhecidas como
pinhões (fig. 7), que são usados como alimento depois de cozidos em água fervente.

EDUARDO JUSTINIANO/KEYSTONE BRASIL

FÁBIO COLOMBINI
Fig. 7 – Pinhões.

FRENTE B
SAIBA MAIS

O pinheiro-do-paraná é a planta característica da mata


BIOLOGIA

de Araucárias, uma das mais devastadas formações ve-


getais brasileiras. Essa mata estendia-se originalmente
pelos seguintes estados: Rio Grande do Sul, Santa Ca-
tarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.
Atualmente, restam cerca de 2% da mata original.
Fig. 6 – Pinheiro-do-paraná, exemplo de gimnosperma.

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 7


SERGEY BORISOV/ALAMY/LATINSTOCK

NEIL JOY/SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL/LATINSTOCK


A B

Fig. 8 – Exemplos de angiospermas


monocotiledôneas: (A) coqueiro; Angiospermas
(B) orquídea.
As angiospermas (do grego angeion, “vaso”, “urna”; sperma, “semente”) representam o grupo mais
complexo e também o mais variado em número de espécies entre os componentes do reino Plantae.
As plantas desse grupo são dotadas de raízes, caules, folhas e sementes. Além disso, produzem
flores e frutos, estruturas que constituem uma característica exclusiva desse grupo. O fruto protege
a semente e contribui significativamente para sua dispersão na natureza, favorecendo a conquista
de novos territórios.
As plantas que produzem sementes, representadas pelas gimnospermas e angiospermas, são
genericamente chamadas espermatófitas (do grego sperma, “semente”; phyton, “planta”).
Os cotilédones e a classificação das angiospermas
As sementes das angiospermas podem abrigar um ou dois cotilédones, que são folhas modi-
ficadas e associadas com a nutrição do embrião.
Atualmente as angiospermas podem ser classificadas em três grupos: monocotiledôneas, eudi-
cotiledôneas e dicotiledôneas basais.
As monocotiledôneas (do grego mónos: “um”, “único”) são assim chamadas porque suas se-
mentes possuem um único cotilédone. Compreendem, entre outros exemplos, plantas como o
milho, o arroz, o trigo, a aveia, a cana-de-açúcar, o bambu, a cebola, o alho, a banana, as bromélias,
coqueiro e as orquídeas (fig. 8).
Nas sementes de monocotiledôneas, o material nutritivo destinado à nutrição do embrião acumu-
la-se em um tecido denominado endosperma. Nesse caso, o cotilédone atua como elemento trans-
feridor de nutrientes do endosperma para as células embrionárias que originarão a nova planta (fig. 9).

Endosperma
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

Cotilédone

Fig. 9 – Esquema da organização interna de


Embrião uma semente de monocotiledônea (milho).

8 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


As eudicotiledôneas e as dicotiledôneas basais são tam-

FERNANDO BUENO/PULSAR IMAGENS


A
bém classificadas em um único grupo: dicotiledôneas (do grego
dís: “dois”), por possuírem sementes com dois cotilédones.
As eudicotiledôneas abrigam um número relativamente grande
de espécies e compreendem plantas como o feijão, a soja, a ervilha,
o amendoim, o pau-brasil, o ipê, o mogno, a cerejeira, a acerola, a
laranjeira, o algodoeiro, a roseira e o café (fig. 10).
O endosperma das eudicotiledôneas pode mostrar-se muito
reduzido, como acontece no feijão.
Nesse caso, os dois cotilédones armazenam e fornecem o
material nutritivo necessário para o desenvolvimento do embrião
(fig. 11).
Cotilédones

CASA DE TIPOS/
ARQUIVO DA EDITORA
Embrião

Fig. 11 – Esquema de uma semente de


eudicotiledônea (feijão). A semente aberta
mostra as estruturas internas.

As dicotiledôneas basais, com um número relativamente pe-

FÁBIO COLOMBINI
B
queno de espécies, apresentam certas características comuns às
monocotiledôneas e às eudicotiledôneas e compreendem repre-
sentantes como a fruta-do-conde e a vitória-régia (fig. 12).
HERBERT KEHRER/ALAMY/LATINSTOCK

FRENTE B
BIOLOGIA

Fig. 10 – Exemplos de angiospermas eudicotiledôneas: (A) laranjeira;


(B) ipê-rosa florido.

Fig. 12 – Exemplo de dicotiledônea


basal: vitória-régia.

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 9


As competências e habilidades do Enem estão indicadas em questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique aos alunos que a utilidade
deste “selo” é indicar o número da(s) competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja área de conhecimento está diferenciada por cores (Lin-
guagens: laranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Matemática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência do Enem está
disponível no portal.
PARA CONSTRUIR

1 Considerando o reino Plantae ou Metaphyta, segundo o sis- 5 O que são espermatófitas? Que plantas pertencem a esse
m
Ene- 4
tema de classificação adotado neste capítulo, responda: grupo?
C 4
H-1 a) Quais os critérios para que se possa incluir determinado Espermatófitas são plantas que produzem sementes, como as
organismo nesse reino? gimnospermas e as angiospermas.
O organismo deve ser eucarionte, multicelular, autótrofo e
produtor de embriões cujo desenvolvimento depende de
nutrientes fornecidos pelo organismo materno.
6 Considerando as angiospermas:
b) Quais os grupos principais que, em sequência evolutiva, a) Quais os grupos em que essas plantas podem ser classi-
compõem esse reino? ficadas, com base no número de cotilédones existentes
nas sementes? Cite dois exemplos de plantas que per-
Briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.
tencem a cada um desses grupos.
2 (Fuvest-SP) Com relação à conquista do meio terrestre, al- Monocotiledôneas (como o milho, o arroz, o trigo, o bambu, a
guns autores dizem que “as briófitas são os anfíbios do mun- cevada, o coqueiro); eudicotiledôneas (como o feijão, a soja, a
do vegetal”. Justifique essa analogia. laranjeira, o ipê) e dicotiledôneas basais (como a vitória-régia, a
As briófitas, assim como os anfíbios, dependem da água para fruta-do-conde e as magnólias).
a fecundação e vivem principalmente em ambientes úmidos e
sombreados.

b) Qual é a diferença entre esses grupos em relação ao nú-


mero de cotilédones nas sementes?
3 (Vunesp) Um estrangeiro, em visita à região Sul do Brasil, teve
a sua atenção voltada para uma planta nativa, de porte ar- As monocotiledôneas apresentam apenas um cotilédone

bóreo, com folhas pungentes e perenes e flores reunidas em na semente; as eudicotiledôneas e dicotiledôneas basais
inflorescências denominadas estróbilos. Dessa planta, obteve têm dois cotilédones na semente e, por isso, são também
um saboroso alimento, preparado a partir do cozimento em genericamente conhecidas como dicotiledôneas.
água fervente.
a) Qual é o nome popular dessa planta e a que grupo ela
pertence?
Pinheiro-do-paraná, que pertence ao grupo das gimnospermas.

7 (Unicamp-SP) Cladogramas são diagramas que indicam uma


b) O alimento obtido corresponde a que parte da planta? m
Ene-4
história comum entre espécies ou grupos de seres vivos. Os
C 4
H-1 números 3 e 4 no cladograma apresentado abaixo corres-
O alimento obtido corresponde à semente (pinhão).
m pondem, respectivamente, aos seguintes grupos vegetais: d
Ene-5
C 7
H-1 1 2 3 4
4 Considerando a presença de sementes e de frutos, diferencie:
Flores
a) Pteridófitas de gimnospermas. Frutos
As pteridófitas não produzem nem sementes nem frutos; as
Sementes
gimnospermas produzem sementes.
Vasos condutores de seiva

a) angiospermas e gimnospermas.
b) Gimnospermas de angiospermas.
b) pteridófitas e gimnospermas.
As gimnospermas produzem sementes, mas não frutos; as
c) pteridófitas e briófitas.
angiospermas produzem sementes e frutos. d) gimnospermas e angiospermas.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 3 Para aprimorar: 1

10 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


SOFIA COLOMBINI
ALGUNS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
DAS PLANTAS
Alguns dos critérios usados para classificar as plantas são: organização do corpo, pre-
sença ou ausência de tecidos especializados de transporte e grau de desenvolvimento dos
órgãos reprodutores.

Quanto à organização do corpo: talófitas e cormófitas


Considerando a organização do corpo vegetal, o reino das plantas subdivide-se em:
talófitas ­– compreendem os organismos cujo corpo é semelhante a um talo, não se
verificando nítida diferenciação de órgãos representados por raízes, caules e folhas; nesse
grupo incluem-se as briófitas.
c ormófitas – são plantas que apresentam diferenciação entre raízes, caules e folhas; é o
caso das pteridófitas, gimnospermas e angiospermas (fig. 13).

Quanto aos tecidos especializados de transporte:


avasculares e vasculares
A maioria das plantas apresenta tecidos especializados em transporte que ajudam a
distribuir água e nutrientes pelo corpo: são os chamados vasos condutores. Baseando-se na
presença ou ausência de vasos condutores, as plantas podem ser divididas em avasculares
e vasculares.

Plantas avasculares Fig. 13 – Jatobá (cormófita), em Piripiri, Piauí.

As briófitas são destituídas de tecidos especializados de transporte, portanto, são plan-

FÁBIO COLOMBINI
tas avasculares. Os nutrientes circulam pelo corpo vegetal de maneira relativamente lenta,
por difusão; esse processo dificulta, por exemplo, a reposição adequada nas folhas da água
perdida em situações de transpiração intensa.
Considera-se que a ausência de vasos condutores limita o porte das briófitas, o que
justifica o tamanho relativamente reduzido que essas plantas exibem. De fato, se as plantas
de grande porte conduzissem água por osmose, esse fluxo seria lento demais para atender
à reposição de água nas folhas, principalmente nos dias quentes e secos, em que a trans-
piração vegetal é normalmente intensa. Nesse caso, as folhas poderiam murchar e secar,
provocando a morte do indivíduo.
A ausência de tecidos especializados de transporte nas briófitas, além de limitar o
porte dessas plantas, dificulta seu desenvolvimento em ambientes tipicamente terrestres.
Por isso, entre outros fatores, as briófitas geralmente vivem restritas a ambientes úmidos e
sombreados.
Plantas vasculares
Considerando a escala evolutiva das plantas, a presença de tecidos especializados de
transporte é verificada pela primeira vez entre as pteridófitas. Assim, com as gimnospermas
e angiospermas, elas integram o grupo das plantas vasculares ou traqueófitas (do grego
trachea, “tubo”; phyton, “planta”).
A presença de vasos condutores permite um fluxo relativamente rápido de nutrientes
ao longo do corpo vegetal e constitui uma novidade evolutiva que contribui para a adap-
tação das plantas à vida terrestre, além de permitir o desenvolvimento de organismos de
grande porte (fig. 14).
Os tecidos especializados em transporte são representados por:
x ilema (ou lenho): basicamente formado por um conjunto de vasos que transportam
a seiva bruta, ou inorgânica, uma solução de água e sais minerais que a planta retira do
meio em que vive.
f loema (ou líber): tecido portador de vasos condutores que distribuem pelo corpo
vegetal a seiva elaborada ou orgânica, uma solução rica em nutrientes orgânicos produ- Fig. 14 – Jabuticabeira (angiosperma), um
zidos nos órgãos fotossintetizantes. exemplo de traqueófita.

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 11


Quanto aos órgãos de reprodução:
criptógamas e fanerógamas
Considerando o grau de desenvolvimento dos órgãos reprodutores, as plantas classificam-se em:
criptógamas: os órgãos de reprodução são relativamente pouco desenvolvidos, não se verificando
nesse grupo a produção de flores e de sementes; são as briófitas e as pteridófitas.
fanerógamas: possuem órgãos reprodutores nitidamente visíveis, representados pelos estróbilos
nas gimnospermas e pelas flores nas angiospermas (fig. 15).

EASY FOTOSTOCK/KEYSTONE BRASIL


A B

FOTOSEARCH/KEYSTONE BRASIL
ADRIAN THOMAS/SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL/LATINSTOCK

C D
CORBIS/KEYSTONE BRASIL

Fig. 15 – Exemplos de fanerógamas: (A) gerânio; (B) camélia; (C) rosa; (D) girassol.

12 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


PARA CONSTRUIR

8 Diferencie: na estrutura anatomofisiológica desses grupos justifica essa


m a) talófitas de cormófitas; diferença de tamanho? Explique.
Ene-4
C 4
H-1 As briófitas não têm vasos condutores, o que limita seu
O corpo das talófitas não tem diferenciação entre raízes, caules
e folhas, ao contrário do que ocorre nas cormófitas. tamanho. Já a presença de vasos nas pteridófitas permite um
deslocamento rápido de água no organismo, o que possibilita que
atinjam porte mais elevado.
b) criptógamas de fanerógamas.
As criptógamas são destituídas de flores e de sementes e seus
órgãos de reprodução são pouco desenvolvidos, ao contrário 12 O esquema se refere ao reino das plantas.
das fanerógamas. m
Ene-4
C 4
H1
- Eucariontes
clorofilados
m
Ene-5
9 (Unemat-MT) No reino Plantae pode-se observar uma divisão C 7
H-1
em dois grandes grupos: o grupo das criptógamas e o das m Avasculares Vasculares
Ene-1
fanerógamas. Embora esses termos não possuam significado C 1
H-
taxonômico, são tradicionalmente utilizados para distinguir 1
dois grupos diferentes de plantas quanto à sua estrutura de Produtores
Sem sementes
reprodução. Com relação a esses grupos de plantas, assinale de sementes
a alternativa correta. a 2
a) As fanerógamas possuem estruturas de reprodução se- Sem Com
xuadas facilmente visíveis, que são os estróbilos nas gim- frutos frutos
nospermas e flores nas angiospermas. 3 4
b) As criptógamas apresentam sementes, porém não for-
mam frutos, por isso são chamadas de plantas com se- Analise o esquema e responda:
mentes nuas. a) Identifique os grupos vegetais indicados pelos números
c) No grupo das fanerógamas, encontram-se plantas sem 1, 2, 3 e 4.
flores, sementes ou frutos, como as briófitas e as pteridó- 1: briófitas; 2: pteridófitas; 3: gimnospermas; 4: angiospermas.
fitas.
d) As pteridófitas e as gimnospermas, por não apresentarem
flores, sementes e frutos, são consideradas do grupo das b) Como ocorre o transporte de água nas plantas do grupo 1?
criptógamas. Indique uma consequência morfofisiológica desse tipo
e) Nas criptógamas, as estruturas reprodutivas estão nas flo- de transporte.
res que são formadas pelos seguintes elementos florais: O transporte ocorre por difusão, de célula para célula e de manei-
cálice, corola, androceu e gineceu. ra lenta; a ausência de vasos condutores limita o tamanho da

10 O que são traqueófitas? Quais são as plantas que pertencem planta, que exibe um pequeno porte.

a esse grupo?
Traqueófitas são plantas que possuem tecidos especializados em 13 (Fuvest-SP) Num filme de ficção científica havia musgos gi-
transporte. São as pteridófitas, as gimnospermas e as angiospermas. gantes, do tamanho de coqueiros. Qual sistema, ausente nos
musgos reais, deveria estar presente naqueles musgos gigan-
tes para que atingissem tal tamanho? Por quê?
O sistema de transporte, representado pelo líber e pelo lenho. FRENTE B

Esse sistema, quando presente em uma planta, garante um rápido


11 (Unicamp-SP) Em um brejo, encontrou-se grande quanti- deslocamento de água, repondo com eficiência a água perdida na
BIOLOGIA

dade de briófitas e pteridófitas. Todas as briófitas eram pe-


transpiração pelas folhas, e contribui para que o vegetal possa ter
quenas, com poucos centímetros de altura, ao passo que
algumas pteridófitas alcançavam até 2 metros. Que diferença porte elevado.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 4 a 5 Para aprimorar: 2 a 5

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 13


CICLOS DE VIDA
Os ciclos de vida podem ser classificados considerando o número de tipos de organismos exis-
tentes no ciclo (um ou dois) e o conjunto de cromossomos das células somáticas de um organismo
(ploidia celular).
Assim, tem-se, basicamente, os ciclos haplobionte e diplobionte:
ciclo haplobionte (do grego háplos, “único” bios, “vida”; óntes, “indivíduo”): quando existe no ciclo
apenas um tipo de organismo em relação à ploidia celular.
Se o organismo for haploide, o ciclo é chamado de haplobionte haplonte (também conhecido
como ciclo haplôntico). Se o organismo for diploide, o ciclo é chamado de haplobionte diplonte
(também conhecido como ciclo diplôntico).
ciclo diplobionte (do grego diplos, “duplo”): quando existem no ciclo dois tipos de organismos
em relação à ploidia celular: um haploide e outro diploide. Esse ciclo também é conhecido como
haplôntico-diplôntico.
O ciclo diplobionte ocorre em todas as plantas. Embora os ciclos haplobionte haplonte e ha-
plobionte diplonte sejam observados em outros grupos de seres vivos, estudaremos aqui esses ciclos
estabelecendo comparações entre eles e o que se verifica entre os componentes do reino Plantae.

Ciclo haplobionte haplonte


Nesse ciclo, o indivíduo adulto é haploide, com n cromossomos em suas células somáticas. O
ciclo inicia-se com a fusão dos gametas haploides masculino ( ) e feminino ( ), que formam um
zigoto ou célula-ovo diploide (2n). O zigoto, então, sofre meiose e origina células haploides. Cada uma
dessas células haploides pode, por meio de sucessivas mitoses, se desenvolver e formar um adulto
haploide, que produzirá gametas, fechando o ciclo.
Veja na figura 16 um esquema desse ciclo, observado em alguns tipos de algas, como as cloró-
fitas do gênero Spirogyra.

Fusão Meiose
2n Células haploides (n)

Zigoto
n

Gametas

Adulto haploide (n)


Fig. 16 – Esquema do ciclo de vida
haplobionte haplonte.

O ciclo de vida haplobionte haplonte apresenta as seguintes características:


todas as células envolvidas nesse ciclo são haploides, com exceção do zigoto, que é diploide;
presença de apenas uma forma adulta, que é haploide;
a meiose é chamada zigótica ou inicial, uma vez que ocorre no zigoto e, portanto, no início do
ciclo reprodutivo.

Ciclo haplobionte diplonte


Nesse ciclo, o indivíduo adulto é diploide, com 2n cromossomos em suas células somáticas.
Após a fusão dos gametas haploides masculino e feminino, forma-se o zigoto diploide, que sofre
sucessivas mitoses e origina o indivíduo adulto diploide. Esse organismo, então, produz gametas por
meiose, fechando o ciclo.

14 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


A figura 17 mostra um esquema desse ciclo, verificado em certos grupos de algas, como as
clorófitas do gênero Siphonales, além de ser comum nos animais em geral.

n
Fusão
2n Adulto diploide (2n)
n
Zigoto

Gametas

Meiose Fig. 17 – Esquema do ciclo


haplobionte diplonte.

O ciclo haplobionte diplonte apresenta as seguintes características:


todas as células observadas nesse ciclo são diploides, com exceção dos gametas, que são haploides;
presença de apenas uma forma adulta, que é diploide;
a meiose é chamada gamética ou final, porque resulta na formação de gametas e também porque
ocorre no final do ciclo reprodutivo.

Ciclo diplobionte
Nesse ciclo, verifica-se a existência de duas gerações adultas – uma haploide e outra diploide –
que se alternam.
O ciclo inicia-se com a fusão dos gametas (n) masculino e feminino e a consequente formação
do zigoto (2n), que origina o indivíduo adulto diploide por meio de sucessivas mitoses. O organismo
diploide sofre meiose, produzindo células haploides denominadas esporos. Cada esporo poderá
então germinar, originando um adulto haploide, que produzirá gametas, fechando o ciclo.
A figura 18 traz um esquema desse ciclo, observado em certas algas, como as do gênero Ulva, e
característico na reprodução das briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

n
Fusão
2n Adulto diploide (2n)
n
Zigoto
Meiose

Gametas

Células haploides (n)


Fig. 18 – Esquema do ciclo
Adulto haploide (n) (esporos)
de vida diplobionte.

Veja, na figura 18, que o adulto diploide produz esporos; por isso, ele é denominado esporófito.
Já o adulto haploide produz gametas, sendo, então, denominado gametófito. O esporófito corres-
ponde à fase assexuada do ciclo; os esporos são unidades assexuais de reprodução. O gametófito,
que produz gametas masculinos e femininos, unidades sexuais de reprodução, corresponde à fase
FRENTE B
sexuada do ciclo.
Observe também que o esporófito, produzindo esporos, permite a formação do gametófito e
que este, produzindo gametas, permite a formação do esporófito.
Conclui-se, portanto, que o ciclo diplobionte apresenta duas gerações que se alternam. Por isso,
BIOLOGIA

costuma-se dizer que nele se verifica uma alternância de gerações ou metagênese.


O ciclo de vida diplobionte apresenta as seguintes características:
presença de duas formas de indivíduos adultos, o gametófito haploide e o esporófito diploide;
a meiose é espórica ou intermediária, porque resulta na formação de esporos e porque ocorre
no meio do ciclo.

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 15


Pau-brasil, um símbolo nacional
Em 1500, com a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, os portugueses descobriram na “mataria tanta, tão grande e tão densa”
uma riqueza notável: o pau-brasil (Caesalpinia echinata; fig. 19), também conhecido como ibirapitanga, orabutã, brasileto e ibirapita,
entre outros nomes populares.
O ciclo econômico do pau-brasil teve início em 1503 e se estendeu até 1875. Com a exploração da madeira, a terra do pau-brasil
tornou-se de muita importância e, em pouco tempo, Pindorama (denominação tupi que significa “Terra das Palmeiras”) oscilou entre
os nomes oficiais Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra do Brasil e logo em seguida apenas Brasil. O pau-brasil, de madeira aver-
melhada, lembrando brasa, havia inspirado o nome definitivo dado ao país.
A madeira pesada e resistente era usada pelos europeus nas indústrias civil e naval. E do cerne da árvore obtinha-se um corante aver-
melhado – a brasileína – usado no tingimento de tecidos. Em 1775, um fabricante de instrumentos musicais, na França, usou pela primeira
vez a madeira de pau-brasil para fazer um
FÁBIO COLOMBINI

arco de violino. E logo a planta passou a ser


considerada padrão para esse fim.
Assim, abriu-se mais uma frente de
exploração da espécie, nesse caso, com alto
nível de desperdício, pois na confecção dos
arcos utiliza-se apenas o cerne de árvores
com mais de 30 anos, desprezando-se cerca
de 75% da madeira. No século XVI, estima-se
que eram retiradas cerca de 300 toneladas de
madeira por ano. No século XVII, a explora-
ção legal chegou a 600 toneladas anuais.
A exploração da brasileína terminou
no século XIX, com a exaustão dos esto-
ques naturais da árvore e devido à subs-
tituição da brasileína por outras tintas. A
fabricação de arcos de violino de pau-brasil,
no entanto, prossegue até hoje, embora a
retirada das árvores de áreas naturais esteja
proibida e não existam áreas plantadas su-
ficientes para atender à demanda do mer-
cado mundial de instrumentos musicais.
Graças a campanhas de plantios de
mudas de pau-brasil, iniciadas principal-
mente na década de 1970 e com o apoio de
instituições diversas, como a Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e o
Jardim Botânico de São Paulo, o pau-brasil
existe em todos os estados brasileiros. Mas
ainda se encontra sob pressão e ameaçado
de extinção nas nossas matas.
Disponível em: <www.historiabrasileira.com>.
Brasil Colônia: <www.institutopaubrasil.org.br>.
Acesso em: 16 jan. 2015.
Prudente, João. De muda em
muda, a restauração. Terra da Gente,
ano 1, n. 10, fev. 2005. p. 37-41. Adaptado.

Fig. 19 – O pau-brasil é uma angiosperma


eudicotiledônea da família das leguminosas.
A árvore, que pode atingir mais de 20 metros de
altura, possui flores amarelas e sementes marrons
achatadas. Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

16 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


PARA CONSTRUIR

14 (PUC-SP) Os esquemas a seguir representam, de forma sim- c) Organismo


adulto (2n) Meiose
m
Ene-4
plificada, três ciclos de vida apresentados pelos seres vivos.
C 4
H-1 I Indivíduo diploide Mitose Gametas (n)

m
Ene-5 Zigoto
C 7 Embrião Gameta
H1
- (2n) Fecundação
Gameta
m
Ene-6 Zigoto d) Organismo
C 4
H-2 adulto (2n) Mitose
II Indivíduo diploide Meiose Gametas (n)

Zigoto Esporo Zigoto


Gameta Gameta Fecundação
(2n)
Indivíduo haploide
e) Organismo
adulto (2n) Meiose
III Indivíduo haploide Mitose Gametas (n)

Célula haploide Gameta Zigoto


Gameta (n) Fecundação
Zigoto
16 (Unifor-CE) Os esquemas abaixo representam ciclos de vida
Assinale a alternativa, na tabela abaixo, que apresenta corre- m dos seres vivos.
Ene-5
C 7
tamente o tipo de meiose observada nos ciclos I, II e III. e H1
- I

m Organismo
I II III Ene-6 s
C 4 se (2n)
H2
- ito
M
a) Espórica Gamética Zigótica

Meiose
Zigoto
b) Espórica Zigótica Gamética (2n)

c) Zigótica Espórica Gamética


Gametas
d) Gamética Zigótica Zigótica (n)
II
e) Gamética Espórica Zigótica Organismo
se (n)
eio
15 (Enem) Os seres vivos apresentam diferentes ciclos de vida, M
caracterizados pelas fases nas quais gametas são produzidos

Mitoses
m
Ene-4 Zigoto
C 4
H-1 e pelos processos reprodutivos que resultam na geração de (2n)
m novos indivíduos. Considerando-se um modelo simplificado
Ene-5
C 7
H-1 padrão para geração de indivíduos viáveis, a alternativa que Gametas
(n)
m
corresponde ao observado em seres humanos é: c
Ene-6 III
C 4
H-2 a) Esporófito Esporos
(2n) Meiose (n) Organismo Me
s ios
se (2n) e
ito
M
Zigoto (2n) Mitose
Zigoto Esporos
(2n) (n)
Gametas Gametófito
Fecundação (n) (n)
FRENTE B
Gametas
(n) Organismo
b) Organismo (n)
adulto (2n) Mitose
Os ciclos de vida da maioria dos animais e de todos os vege-
Meiose Gametas (n)
tais estão representados, respectivamente, em: c
BIOLOGIA

Zigoto
a) III e II. c) I e III. e) II e III.
(n) Fecundação b) I e II. d) II e I.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 6 a 8 Para aprimorar: 6 a 8

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 17


Veja, no Guia do Professor, as respostas da "Tarefa para casa". As resoluções encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

O instrumento musical descrito no texto só pôde ser fabri-


PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR cado devido, evolutivamente, ao surgimento do seguinte
grupo vegetal:
1 (UFPEL-RS) No ano de 1875, chegaram ao Rio Grande do Sul a) algas. d) gimnospermas.
m
Ene-4
os primeiros imigrantes italianos, que colonizaram o nordes- b) briófitas. e) angiospermas.
C 4
H1
- te do Estado. O pinhão, produzido pela araucária, também c) pteridófitas.
conhecida como pinheiro-do-paraná, foi uma importante
fonte de alimento para eles, no início da colonização. Esses 4 (Fuvest-SP) Plantas traqueófitas, isto é, possuidoras de siste-
italianos eram, em sua maioria, agricultores e se dedicaram mas condutores de seiva bruta e de seiva elaborada, são:
ao cultivo da parreira e à produção de vinhos. a) algas, fungos e briófitas.
Assinale o item que contém a afirmativa correta: b) algas, pteridófitas e angiospermas.
c) briófitas, pteridófitas e angiospermas.
a) A araucária é uma gimnosperma e seu fruto, o pinhão, é
d) briófitas, gimnospermas e angiospermas.
comestível, enquanto a parreira é uma angiosperma e os
e) pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.
grãos de uva são suas sementes.
b) A araucária é uma angiosperma e sua semente, o pinhão, 5 (UFRN) As plantas terrestres, que tiveram como predecesso-
é comestível, enquanto a parreira é uma gimnosperma e m res as algas verdes, passaram por uma evolução funcional, ou
Ene-4
os grãos de uva são seus frutos. C 4
H-1 seja, para conquistar o ambiente terrestre, as plantas precisa-
c) A araucária é uma gimnosperma e sua semente, o pinhão, m ram se adaptar às suas novas condições de vida. Assim, de-
Ene-5
é comestível, enquanto a parreira é uma angiosperma e C 7
H-1 senvolveram estruturas que determinaram o surgimento de
os grãos de uva são seus frutos. grupos vegetais representados no cladograma a seguir.
d) A araucária é uma pteridófita e sua semente, o pinhão, é
Briófitas Pteridófitas Gimnospermas Angiospermas
comestível, enquanto a parreira é uma angiosperma e os
grãos de uva são seus frutos. Z
e) A araucária é uma gimnosperma e sua semente, o pinhão,
Y
é comestível, enquanto a parreira é uma pteridófita e os
grãos de uva são seus frutos. X

2 (Unisa-SP) Dizemos que as angiospermas são espermatófitas As estruturas que correspondem às letras X, Y e Z, assinaladas
porque elas produzem: no cladograma, são, respectivamente,
a) flores. d) tubos polínicos. a) vasos condutores; flor e fruto; semente.
b) frutos. e) ovários fechados. b) semente; vasos condutores; flor e fruto.
c) sementes. c) vasos condutores; semente; flor e fruto.
d) semente; flor e fruto; vasos condutores.
3 (UFG-GO) O berimbau é um instrumento musical de origem
m
Ene-4
africana, muito tocado no Brasil em rodas de capoeira. Em sua 6 (Fuvest-SP) O esquema abaixo representa o ciclo de vida da
C 4
H-1 obra Viagem pitoresca e histórica ao m
Ene-5
alga Ulva.
Figura esquemática C 7
m
Ene-5
Brasil Jean-Baptiste Debret descre- H-1 II CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA
C 7 de um berimbau III
H1
- veu o berimbau como segue: “Este
instrumento musical se compõe da Esporos
Organismo
metade de uma cabaça presa a um multicelular
arco curvo de bambu, com um fio Fio de latão Organismo
multicelular
de latão, sobre o qual se bate ligei- Arco Zigoto
I Gametas
ramente. Pode-se conhecer o ins-
tinto musical do tocador, que apoia IV
a mão sobre a frente descoberta da Cabaça
V
cabaça a fim de obter, pela vibra-
ção, um som grave e harmonioso”. Indique a etapa do ciclo em que ocorre a meiose.
Disponível em: <www.redetec.org.br/inventabrasil/berimb.htm>. a) I c) III e) V
Acesso em: 7 fev. 2012. b) II d) IV

18 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


7 (UFBA – Adaptada) Na geração alternante esquematizada abai- As características correspondentes a cada número estão cor-
xo, as estruturas I, II, III, IV e V correspondem respectivamente a: retamente indicadas em:

n n n n n I II III
I II Presença de vasos Formação de
2n 2n 2n 2n 2n a) Produção de frutos
condutores de seiva sementes
III IV
Presença de vasos Formação de
n n n n n b) Produção de frutos
condutores de seiva sementes

Formação de Presença de vasos


n c) Produção de frutos
sementes condutores de seiva
V
Formação de Presença de vasos
a) esporófito, esporo, zigoto, gametófito, gameta. d) Produção de frutos
sementes condutores de seiva
b) esporófito, gameta, zigoto, gametófito, esporo.
c) gametófito, esporo, zigoto, esporófito, gameta. Formação de Presença de vasos
d) gametófito, esporo, esporófito, zigoto, gameta. e) Produção de frutos
sementes condutores de seiva
e) gametófito, gameta, zigoto, esporófito, esporo.

8 (Mack-SP) Alternância de gerações ou ciclo haplôntico-di- 3 (Vunesp) Considere, no esquema a seguir, as características
plôntico, isto é, uma geração haploide que produz gametas m
Ene-4
de determinados grupos vegetais.
C 4
(gametófito) e uma outra diploide que produz esporos (es- H1
-
Avasculares (I) Com frutos (II)
porófito), ocorre: m
Ene-5
C 7
a) apenas em angiospermas. H-1 Plantas Com sementes
b) apenas em gimnospermas e em angiospermas.
c) apenas em pteridófitas, em gimnospermas e em angios- Vasculares Sem frutos (III)
permas.
d) apenas em briófitas, em pteridófitas, em gimnospermas e Sem sementes (IV)
em angiospermas. Assinale a alternativa cujos grupos vegetais estão representa-
e) em algumas algas, em briófitas, em pteridófitas, em gim- dos, respectivamente, pelos algarismos I, II, III e IV.
nospermas e em angiospermas.
a) Briófitas, gimnospermas, angiospermas e pteridófitas.
PARA APRIMORAR b) Pteridófitas, gimnospermas, angiospermas e briófitas.
PARA PRATICAR
c) Briófitas, angiospermas, gimnospermas e pteridófitas.
d) Pteridófitas, angiospermas, gimnospermas e briófitas.
1 (Fuvest-SP) Quais grupos de plantas produzem sementes?
e) Briófitas, gimnospermas, pteridófitas e angiospermas.
Qual foi a importância das sementes na adaptação das plan-
tas ao ambiente terrestre? 4 (Vunesp) Atualmente encontram-se catalogadas mais de
320 mil espécies de plantas, algumas de estruturas relativa-
2 (Fuvest-SP) O esquema a seguir representa a aquisição de es- mente simples, como os musgos, e outras de organizações
m
Ene-4
truturas na evolução das plantas. Os ramos correspondem a corporais complexas, como as árvores. Assim sendo, a alter-
C 4
H-1 grupos de plantas representados, respectivamente, por mus- nativa que melhor explica a classificação dos vegetais é:
m
gos, samambaias, pinheiros e gramíneas. Os números I, II e III
Ene-5
C 7 indicam a aquisição de uma característica: lendo-se de baixo a) Gimnospermas: plantas avasculares, com raízes, caule, fo-
H-1
para cima, os ramos anteriores a um número correspondem lhas, flores e frutos, cujas sementes estão protegidas den-
m
Ene-6 a plantas que não possuem essa característica e os ramos tro desses frutos. Exemplo: arroz.
FRENTE B
C 4
H-2 b) Briófitas: plantas de pequeno porte, vasculares, sem corpo
posteriores correspondem a plantas que a possuem.
Gramíneas
vegetativo. Exemplo: algas cianofíceas.
Pinheiros
c) Angiospermas: plantas cujas sementes não se encontram
III no interior de frutos. Exemplo: pinheiro.
BIOLOGIA

Samambaias d) Gimnospermas: plantas avasculares, possuem somente


II
Musgos raízes, caule, plantas de pequeno porte. Exemplo: musgo.
e) Pteridófitas: plantas vasculares, sem flores, apresentam
I
raízes, caule e folhas, possuem maior porte do que as brió-
fitas. Exemplo: samambaia.

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 19


5 (UFPEL-RS) Os vegetais vasculares que possuem raiz, caule e C
folhas, mas não são dotados de flores, frutos e sementes, são: Meiose n Mitoses
Esporo
a) as algas, como as cianofíceas, a alface-do-mar e as algas
pardas.
Esporófito 2n Gametófito
b) as pteridófitas, como as samambaias, as avencas e os xaxins.
Gameta (n)
c) angiospermas, como as gramíneas, o eucalipto e os cactos.
n

Fecundação
d) gimnospermas, como os ciprestes, os pinheiros e a ginkgo Mitoses 2n
biloba. Zigoto
e) fungos, como a orelha-de-pau, os cogumelos e as leveduras. n
Gameta
6 (FGV-SP) Analisando o esquema abaixo, que representa o ci-
m
Ene-4
clo vital de uma alga haplobionte haplonte (n) e com geno-
C 4
H1
- ma igual a 8 cromossomos, responda: Marque a opção que denomina, respectivamente, esses
m
ciclos.
Ene-5
C 7 B
H-1 Adulto-n a) haplôntico com meiose gamética; diplôntico com meiose
m zigótica; haplôntico-diplôntico com meiose espórica.
Ene-7
C 1
H-2 b) haplôntico com meiose zigótica; diplôntico com meiose
A I gamética; haplôntico-diplôntico com meiose espórica.
c) diplôntico com meiose zigótica; haplôntico-diplôntico
C com meiose gamética; haplôntico com meiose espórica.
d) diplôntico com meiose zigótica; haplôntico com meiose
II gamética; diplôntico com meiose gamética.
a) Quantos cromossomos apresentam as estruturas I e II, res- e) haplôntico-diplôntico com meiose gamética; diplôntico
pectivamente? com meiose gamética; haplôntico com meiose zigótica.
b) Quais são os fenômenos celulares representados pelas le-
tras A, B e C, respectivamente?
ANOTAÇõES
7 Imagine-se estudando o ciclo de vida da alga verde Ulva e
concluindo que ele é diplobionte. Que características desse
ciclo lhe permitiram tirar essa conclusão?

8 (Uema) As algas apresentam três tipos básicos de ciclos re-


m
Ene-4
produtores, representados abaixo.
C 4
H-1

m
Ene-5
A
C 7
H-1
Gametas
m
Ene-7 (n)
C 1
H2
-
Talo (n)
Fecundação

Meiose
Zigoto
(2n)

B
Meiose
Gametas
(n)
Talo (2n)
Fecundação

Mitoses
Zigoto
(2n)

20 Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


CAPÍTULO

2 Briófitas e pteridófitas

Objetivos: Já vimos os aspectos gerais dos componentes do reino Plantae. Agora vamos aprofundar certas
especificidades de dois grupos vegetais: as briófitas e as pteridófitas.
c Reconhecer as As briófitas compreendem plantas como os musgos e as hepáticas, que normalmente vivem
características básicas
em ambientes úmidos e sombreados, como o interior de florestas tropicais.
de briófitas e de
As pteridófitas, assim como as briófitas, não possuem flores, sementes nem frutos. Mas são dota-
pteridófitas.
das de tecidos especializados de transporte, que lhes permitem melhor adaptação para a vida terrestre.
c Descrever os ciclos de

SOMCHAI BUDDHA/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES


reprodução de briófitas A
e de pteridófitas.

c Estabelecer as
principais semelhanças
e diferenças entre
briófitas e pteridófitas.

DESIGN PICS INC/ALAMY


B

FRENTE B
BIOLOGIA

Fig. 1 – (A) Avenca, exemplo de pteridófita.


(B) Musgo, exemplo de briófita.

Os seres vivos: o reino Plantae — aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 21


SAIBA MAIS BRIÓFITAS
Turfa é um material parcialmen-
A reprodução das briófitas ocorre por alternância de gerações (ou metagênese), assim como
te decomposto encontrado em a reprodução de todas as plantas. Esse ciclo de vida aloja uma fase haploide, produtora de gametas
terrenos alagadiços. Formada e denominada gametófito, e uma fase diploide, produtora de esporos e denominada esporófito.
principalmente por musgos do Nas briófitas, o gametófito constitui a geração mais complexa do ciclo reprodutivo, sendo a
gênero Sphagnum, que confe- fase mais desenvolvida e duradoura. O esporófito representa a geração menos complexa do ciclo
rem a ela grande capacidade de reprodutivo e tem vida passageira, degenerando após a produção de esporos.
absorção de água, a turfa é utili-
zada em horticultura para o me- Musgos
lhoramento da capacidade de
retenção de água no solo, além Os musgos encontram-se principalmente em locais úmidos e sombreados, podendo crescer
de fornecer nutrientes diversos sobre rochas nuas, em troncos e ramos de árvores e em determinadas áreas na superfície do solo.
para as plantas cultivadas. Os musgos geralmente têm cerca de 1 a 5 cm de altura, mas algumas espécies chegam a al-
cançar 20 cm ou um pouco mais. Essas plantas podem se agregar e formar uma espécie de “tapete”
esverdeado nos locais em que vivem. Dessa maneira, contribuem com a retenção da água das chuvas,
protegendo o solo contra a erosão e reduzindo a possibilidade de desmoronamento nos terrenos
em declive.
O gametófito de um musgo é formado basicamente de três partes:
rizoides – filamentos que fixam a planta no ambiente em que ela vive e contribuem para a absor-
ção de água e sais minerais disponíveis no ambiente;
filoides – estruturas clorofiladas e capazes de fazer fotossíntese;
cauloide – pequena haste de onde partem os filoides.
Essas estruturas são chamadas de rizoides, filoides e cauloides porque não têm a mesma orga-
nização de raízes, caules e folhas das plantas vasculares (pteridófitas, gimnospermas e angiospermas).
Faltam-lhes, por exemplo, vasos condutores especializados no transporte de nutrientes.
O esporófito dos musgos não é clorofilado e é formado por uma haste em cujo ápice diferencia-
-se uma estrutura denominada cápsula. No interior da cápsula, existem esporângios, estruturas em
que se produzem os esporos; recobrindo a cápsula há uma espécie de “capuz”, chamada caliptra.
Observe a figura 2.

Caliptra Cápsula

Haste

Esporófito (2n) CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

Filoides

Gametófito (n)

Cauloide
Fig. 2 – Estruturas presentes
em um musgo. Rizoides

Em certas épocas, o gametófito origina em sua região apical uma pequena bolsa denominada
gametângio, que produz gametas e representa, portanto, o órgão de reprodução sexuada do musgo.
O gametângio pode ser de dois tipos:
anterídio – gametângio masculino, produtor de gametas denominados anterozoides, que são
pequenos, flagelados e móveis;
arquegônio – gametângio feminino, produtor de gametas denominados oosferas, que são rela-
tivamente grandes e imóveis.

22 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


O ciclo de vida de um musgo
Acompanhe a descrição do ciclo de vida de um musgo observando a figura 3. Tomaremos
como modelo um musgo do gênero Polytrichum, que atinge cerca de 5 cm de altura e forma tufos
espessos em locais suficientemente úmidos e sombreados. Esse musgo é dioico, o que significa que
a planta ou é masculina ou é feminina, isto é, os sexos estão separados.
Ao atingir a maturidade sexual, os gametófitos produzem gametângios, em cujo interior são pro-
duzidos os gametas (anterozoides e oosferas). Do musgo masculino, os anterozoides podem alcançar
o musgo feminino por meio de borrifos de chuva; então, “nadam” em direção ao arquegônio. A união
entre o anterozoide e a oosfera, que configura a fecundação, resulta na formação do zigoto (2n). Depois
de sucessivas mitoses, o zigoto origina o embrião.
Recebendo nutrientes da planta-mãe (gametófito feminino), o embrião se desenvolve e origina
o esporófito (2n), produtor de esporos, que cresce sobre o gametófito feminino. Os esporos (n) se
formam por meiose e são liberados para o meio ambiente.
Em condições adequadas, o esporo germina, formando uma espécie de “broto” denominado
protonema. O protonema pode se desenvolver e originar um novo musgo (gametófito), fechando
o ciclo.

Protonema (n)

Gametófito (n)
(fase sexuada)

CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


Esporos (n)

Esporófito (2n)
(fase assexuada)
R!

Divisão meiótica
Arquegônio Anterozoides
FRENTE B
(com oosfera)

Gametófito (n)
BIOLOGIA

Fecundação

Fig. 3 – Ciclo de vida de um musgo. Elementos representados sem proporção de tamanho entre si.

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 23


Na figura 4, é possível observar o esporófito (2n), a cápsula madura e uma microfotografia do
SAIBA MAIS
esporo de um musgo do gênero Funaria.
Quando a fecundação é proces-
sada por gametas bem diferen- A B
Caliptra (n)
tes entre si, sendo um pequeno Esporos
dispersos

CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


e móvel e outro relativamente
grande e imóvel, diz-se que a Cápsula
reprodução sexuada ocorre por
oogamia. É o que se verifica nas Espaço com ar
briófitas, por exemplo. Cápsula (2n)

Haste
Haste (2n)

SUSUMU NISHINAGA/SPL/LATINSTOCK
C

Fig. 4 – Algumas estruturas de um musgo do gênero Funaria: (A) esporófito (esquema) – a haste
e a cápsula são diploides (2n), mas a caliptra é haploide (n), pois deriva do arquegônio, que é
haploide; (B) esquema da cápsula madura; (C) esporos de musgo (foto obtida por microscópio de
varredura; ampliação não fornecida).

O quadro abaixo apresenta um resumo das características do gametófito e do esporófito nas


briófitas.

CARACTERÍSTICAS
Gametófito Esporófito
Haploide Diploide
(origina-se do esporo n) (origina-se do zigoto 2n)
Sexuado Assexuado
(produz gametas, unidades sexuais de reprodução) (produz esporos, unidades assexuais de reprodução)
Dependente
Independente
(é heterótrofo, crescendo sobre o gametófito,
(é autótrofo, portanto, capaz de fabricar seu próprio alimento)
do qual obtém nutrientes)
Duradouro ou persistente Passageiro ou temporário
(produz gametas e se mantém vivo) (produz esporos e degenera)

24 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


Pela descrição do ciclo de vida de um musgo, pode-se concluir que as briófitas dependem da
água para a fecundação, pois os gametas masculinos, que são móveis, necessitam de meio líquido
para seu deslocamento até o gameta feminino, que é imóvel.
As briófitas são destituídas de sistema especializado de transporte e, portanto, a água se desloca
pelo corpo vegetal de maneira relativamente lenta, por osmose, de célula para célula. Compreende-
-se, então, por que as briófitas têm porte relativamente pequeno e, em geral, vivem em ambientes
úmidos e sombreados.

Hepáticas
As hepáticas apresentam uma organização talofítica (em forma de talo) bem pronunciada.
Compreendem espécies dulcícolas e terrestres; as espécies terrestres crescem sobre árvores diversas
e em solos úmidos, principalmente de florestas tropicais pluviais.
Reprodução das hepáticas
As hepáticas têm as mesmas características básicas dos musgos. Também se reproduzem por
alternância de gerações, formando pequenos “chapéus” que abrigam os gametângios, representados
Fig. 5 – Hepática. As hepáticas (como
pelos anterídios e arquegônios. As hepáticas podem ainda se reproduzir assexuadamente, por meio a Marchantia) são briófitas talosas que
de propágulos ou gemas, que são pequenos “brotos” que se destacam do gametófito e podem ori- crescem prostradas, formando uma
ginar novas hepáticas (fig. 5). lâmina esverdeada cuja forma lembra um
fígado – daí o nome do grupo.

DAVID SIEREN/VISUALS UNLIMITED/CORBIS/LATINSTOCK


Propágulo

FRENTE B
BIOLOGIA

Talo

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 25


PARA CONSTRUIR

1 Considerando a organização corpórea de um musgo e seu a) Que fases do ciclo de vida do musgo estão representadas
m ciclo de reprodução, responda: em A e B?
Ene-4
C 4
H- A = esporófito; B = gametófito.
a) Por que rizoides, cauloides e filoides não são chamados,
respectivamente, de raízes, caules e folhas? b) De que é formado o “pó” que aparece saindo da fase do
Os rizoides, cauloides e filoides não têm a organização de raízes, musgo indicada pela letra A? Qual é a importância desse
caules e folhas, faltando-lhes, por exemplo, vasos condutores de “pó”?
seiva. O “pó” é formado por esporos. Cada esporo pode germinar em
solo úmido e originar um novo musgo verde (gametófito).
b) O que são gametófitos e esporófitos?
Os gametófitos representam a fase sexuada da planta e c) A fase indicada em A é passageira ou duradoura? Expli-
que.
produtores de gametas. Os esporófitos constituem a fase
A fase A é passageira, porque morre após produzir esporos.
assexuada e produzem esporos.
d) A fase indicada em B é autótrofa ou heterótrofa? É passa-
c) O que são gametângios e quais seus tipos básicos?
geira ou duradoura?
Os gametângios são estruturas produtoras de gametas. São de dois
A fase B é autótrofa, pois os filoides são clorofilados e realizam
tipos: anterídios (produzem anterozoides, gametas masculinos)
fotossíntese, e é duradoura porque produz gametas e continua
e arquegônios (produzem oosferas, gametas femininos).
vivo (fase de gametófito).
2 (Unicamp-SP) A Mata Atlântica é um ambiente bastante
5 (Uespi) As plantas avasculares são pequenas e são comuns
úmido. Nesse ambiente, é comum a existência de diversos
m
Ene-4
em ambientes sombreados. Sobre suas características repro-
tipos de plantas verdes, de pequeno porte, crescendo sobre C 4
H-1 dutivas, observe o ciclo de vida exemplificado abaixo e assi-
troncos e ramos de árvores, bem como recobrindo certas
m nale a alternativa correta. a
áreas na superfície do solo. A reprodução dessas plantas não Ene-5
C 7
H-1
ocorre por meio de flores, mas em seu ciclo há gametas en-
volvidos. Que plantas são essas? Qual é o fator que limita seu

ILUSTRAÇÕES: CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


1
tamanho? Qual é a fase transitória do seu ciclo evolutivo?
Essas plantas são briófitas. O fator que limita seu tamanho é
5
a ausência de vasos condutores. A fase transitória do ciclo é o 2
esporófito.

3 (Fuvest-SP) As células do gametófito de uma briófita de ci-


3
clo normal têm 30 cromossomos. Quantos cromossomos
serão encontrados no esporo, na haste, na cápsula e no an-
terozoide? 4

Esporo: 30; haste: 60; cápsula: 60; anterozoide: 30.

4 A figura mostra o gametófito e o esporófito de um musgo:


m
Ene-4 a) Na cápsula (1), ocorre a meiose, formando-se esporos ha-
C 4
H-1 ploides que são eliminados no solo.
m
Ene-5 A b) Cada esporo desenvolve-se formando gametófitos unica-
C 7
H-1 mente masculinos (2).
c) Anterozoides haploides fecundam oosferas diploides (3),
ocorrendo a seguir divisões meióticas sucessivas.
B d) O arquegônio com o embrião diploide (4) desenvolve-se
formando uma estrutura haploide.
e) O esporófito (5) representa a fase assexuada do ciclo re-
produtivo.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 4 Para aprimorar: 1 a 4

26 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


PTERIDÓFITAS
As pteridófitas (fig. 6) abrangem grupos como:
filicíneas – exemplos: as samambaias, as avencas e os xaxins;
licopodíneas – exemplo: as selaginelas;
equissetíneas – exemplo: as cavalinhas.

SVETOK30/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

N.MINTON/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
A B

BLICKWINKEL/ALAMY/LATINSTOCK
C

FRENTE B
BIOLOGIA

Fig. 6 – Exemplos de pteridófitas: (A) cavalinha; (B) samambaia; (C) selaginela.

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 27


Folhas

EDSON GRANDISOLI/PULSAR IMAGENS


Fig. 7 – Xaxim (ou Caule
samambaiaçu).

Como as briófitas, as pteridófitas vivem principalmente em locais úmidos e sombreados. Tam-


bém dependem da água para a fecundação, além de serem destituídas de flores, sementes e frutos.
No entanto, são portadoras de tecidos especializados em transporte, fato que contribui para melhor
adaptação do grupo à vida terrestre e permite o surgimento de representantes de porte elevado,
como os xaxins, ou samambaiaçus, que podem atingir vários metros de altura (fig. 7).
O corpo das pteridófitas é dotado de raízes, caule e folhas bem diferenciados. Muitas vezes, o
caule é subterrâneo e denominado rizoma, desenvolvendo-se paralelamente em relação à superfície
do solo. Nas pteridófitas arborescentes, como os xaxins, o caule é aéreo.

Reprodução das pteridófitas


As pteridófitas se reproduzem por alternância de gerações bastante nítida. Mas, ao contrário do
que ocorre nas briófitas, a partir das pteridófitas o esporófito passa a representar a fase mais complexa
e duradoura, e o gametófito se torna a fase menos desenvolvida e passageira.
Vamos estudar a alternância de gerações das pteridófitas, analisando o ciclo de vida das
samambaias.
O ciclo de vida das samambaias
Usaremos como modelo de reprodução para o grupo a samambaia-de-metro (gênero
Polypodium). A fase da planta que é mais conhecida é um esporófito, uma vez que produz esporos
(fig. 8). Na face inferior de certos folíolos férteis, denominados esporófilos, podem-se observar nu-
merosos pontos escuros chamados soros (fig. 9).

NOPPHARAT/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
Folha
CASA DE TIPOS/
ARQUIVO DA EDITORA

Soros

Caule

Raízes

Fig. 8 – Esporófito adulto de samambaia. Fig. 9 – Detalhe de folha de samambaia com soros.

28 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


Continue agora acompanhando a descrição do ciclo, observando a figura 10. No interior de
cada soro existem esporângios, estruturas onde são produzidos esporos por meiose. Em condições
favoráveis, cada esporo (n) formado é liberado para o exterior e pode germinar no solo, originando
uma pequena estrutura em forma de coração, denominada prótalo ou gametófito (n).
Soros com
esporângios

Esporos (n)

R!
Divisão meiótica
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

Folhas com soros

Prótalo (n)

Arquegônio

Esporófito jovem Anterídio

Esporófito (2n) )
e (n
oid
Zigoto
t e roz a (n)
(2n) An osfe r Rizoides
O

Fig. 10 – Ciclo de vida


Desenvolvimento de uma samambaia.

Os gametófitos de grande parte das pteridófitas são monoicos, isto é, abrigam no mesmo in-
divíduo os órgãos sexuais masculinos (os anterídios) e femininos (os arquegônios), ao contrário das
briófitas, cujos gametófitos geralmente são dioicos.
Quando a maturidade sexual dos gametófitos é atingida, os anterozoides flagelados deixam os
anterídios e se deslocam em meio líquido dirigindo-se ao arquegônio, que contém a oosfera. Assim,
a exemplo das briófitas, as pteridófitas também dependem da água para a fecundação. Com a fusão
dos gametas, forma-se o zigoto (2n). Então, o gametófito (prótalo) inicia um processo de degene-
ração, enquanto o zigoto se desenvolve e forma o embrião, que dará origem a um novo esporófito,
ou seja, uma nova samambaia.
O quadro abaixo apresenta um resumo das características do gametófito e do esporófito nas
pteridófitas.

CARACTERÍSTICAS
Gametófito Esporófito
Haploide Diploide
(origina-se do esporo n) (origina-se do zigoto 2n)
Sexuado Assexuado
(produz gametas, unidades sexuais de reprodução) (produz esporos, unidades assexuais de reprodução) FRENTE B

Independente
Independente
(o esporófito adulto é clorofilado e autótrofo, mas nos
(apesar de pouco desenvolvido, o gametófito é clorofilado e,
BIOLOGIA

primeiros estágios de desenvolvimento nutre-se


portanto, autótrofo)
de reservas do gametófito)
Passageiro ou temporário Duradouro ou persistente
(após a formação do zigoto, o gametófito degenera) (o esporófito produz esporos e se mantém vivo)

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 29


No passado, uma paisagem diferente
Uma samambaia-de-metro pendurada em um vaso, com as folhas pendendo até o chão.
Dá para imaginar que os antigos parentes dessa delicada planta já constituíram a paisagem
vegetal dominante na Terra? Pois, se pudéssemos retroceder cerca de 400 milhões de anos,
veríamos o surgimento dos primeiros representantes do grupo das pteridófitas, no período
Siluriano da Era Paleozoica.
Milhões de anos depois, no período Carbonífero, imensas florestas eram basicamente
formadas de pteridófitas arborescentes, que atingiam vários metros de altura, como os atuais
xaxins, ou samambaiaçus, da Mata Atlântica, por exemplo.
Outros milhões de anos mais tarde, as grandes alterações processadas no clima e na
superfície terrestre sepultaram várias dessas selvas. Tal acontecimento conferiu às pteridófitas
uma significativa contribuição na formação dos atuais depósitos de carvão.
Embora sem a distribuição de antes, muitas espécies de pteridófitas ainda hoje se espa-
lham pelo planeta, sobretudo nas regiões tropicais; é o caso das samambaias e das avencas,
entre outros exemplos.

BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS: SEMELHANÇAS E


DIFERENÇAS
Pelo que foi estudado, podemos estabelecer as seguintes semelhanças e diferenças entre brió-
fitas e pteridófitas:

SEMELHANÇAS ENTRE BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS

Ambos os grupos são constituídos por plantas que:


desenvolvem-se principalmente em solos úmidos e sombreados;
são criptógamas, ou seja, possuem órgãos de reprodução relativamente pouco desenvolvidos;
são destituídas de flores, sementes e frutos;
dependem de água para a fecundação;
reproduzem-se por alternância de gerações ou metagênese.

DIFERENÇAS ENTRE BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS

Briófitas Pteridófitas

Avasculares Vasculares ou traqueófitas

Gametófito: fase mais desenvolvida e duradoura Gametófito: fase menos complexa e passageira

Esporófito: menos complexo e passageiro Esporófito: geração mais desenvolvida e duradoura

Xaxim ameaçado
Xaxim ou samambaiaçu são nomes populares de algumas pteridófitas encontradas, por exemplo, na Mata Atlântica, onde podem
atingir cerca de 2 a 4 metros de altura ou mais.
Como todo componente da flora, o xaxim realiza fotossíntese e, assim, contribui com a manutenção das taxas de gás oxigênio e
de gás carbônico na atmosfera. Seu caule ereto armazena umidade e proporciona um ambiente propício ao desenvolvimento de outras
plantas, como orquídeas e bromélias, além de fungos macroscópicos e microscópicos e várias espécies de pequenos animais.
A extração desordenada de xaxins das matas fez com que, desde 1982, essas plantas fossem incluídas na Lista Oficial de Espécies
Ameaçadas de Extinção, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

30 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


Essa extração é decorrente do caule do xaxim ser utilizado como matéria-prima para a confecção de vasos de xaxim e de pó de
xaxim, empregados no cultivo de plantas ornamentais diversas, como orquídeas, avencas e samambaias.
Atualmente, produtos alternativos que substituem o xaxim podem ser encontrados no mercado. É o caso de vasos e subs-
tratos produzidos com fibras de coco. Optando por produtos como esses, as pessoas contribuem para a preservação dos xaxins
na natureza.

FÁBIO COLOMBINI
Fig. 11 – Cultivo em vaso de xaxim (samambaiaçu). O xaxim Dicksonia sellowiana é uma das plantas incluídas na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira
Ameaçadas de Extinção (Ibama).

PARA CONSTRUIR

6 (CN-RJ) Observe a figura e o texto a seguir. Há aproximadamente 400 milhões de anos, surgiram
m as primeiras pteridófitas. Florestas se desenvolveram for-
Ene-4
C 4
REPRODUÇÃO/<WWW.ENERGYQUEST.CA.GOV/
STORY_OLD/CHAPTER08.HTML>.

H1
- madas, basicamente, de pteridófitas com vários metros de
m
Ene-5
altura. Milhões de anos depois, alterações climáticas sepul-
C 7
H-1 taram essas selvas. Com esse fato, as pteridófitas contribuí-
ram para os atuais depósitos de carvão...
FRENTE B
m
Ene-7
C 1
H-2 BARROS, C.; PAULINO, W. R. Ciências:
os seres vivos. São Paulo: Ática, 2011. Adaptado.
Assinale a opção que apresenta as informações corretas so-
bre as pteridófitas: c
BIOLOGIA

a) Assim como as primeiras pteridófitas, a maioria das


atuais só apresenta reprodução sexuada. Formam-se
Pteridófitas, plantas vascularizadas com esporos. esporos na superfície inferior da folha, que liberam os
Fonte: <www.neocities.com/arturcarbonifero.html>. gametas.

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 31


b) Divergindo das primeiras pteridófitas, a maioria das pteri- 8 (UFPA) Ao visitar o sítio de sua avó, você observou que as sa-
dófitas atuais possui folhas modificadas que produzem se- m
Ene-4
mambaias por ela cultivadas apresentavam pequenas estru-
C 4
mentes. Elas não dependem da água para a fecundação, H-1 turas circulares, distribuídas regularmente pelas margens da
pois ocorre o desenvolvimento do tubo polínico. m
Ene-5 superfície inferior das folhas, conforme a figura abaixo.
C 7
c) Assim como as primeiras pteridófitas, as pteridófitas atuais H1
-

apresentam um sistema de vasos condutores que favorece m

CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA


Ene-7
C 1
H-2
a adaptação ao ambiente terrestre, pois facilita o transpor-
te de água pelo corpo do vegetal.
d) Diferindo da maioria das pteridófitas atuais, as pteridó-
fitas ancestrais apresentavam vasos condutores de nu-
trientes, o que favoreceu o porte elevado dessas plantas
no passado. Folha Folíolo
e) Divergindo das primeiras pteridófitas, a maioria das pte-
a) Denomine a estrutura e cite sua função.
ridófitas atuais apresenta cauloide e, assim, os nutrientes
A estrutura é o soro, que abriga um conjunto de esporângios. No
são transportados célula a célula. Esse tipo de transporte
é lento e limita o tamanho das plantas atuais. soro, ocorre a meiose, com a consequente produção de esporos.

7 (Fuvest-SP) O esquema a seguir representa o ciclo de vida da


m
Ene-4 samambaia. A letra A representa a célula haploide que faz a
C 4
H1
-
transição da fase esporofítica para a fase gametofítica; a letra B
m
Ene-5 representa a célula diploide que faz a transição da fase game- b) As samambaias são traqueófitas? Por quê?
C 7
H-1
tofítica para a fase esporofítica. Sim, porque essas plantas são dotadas de vasos condutores.
m
Ene-7
C 1
H2
-
A

9 (UFU-MG)
m
Ene-4
C 4
Admite-se, em geral, que os seres vivos terrestres se
Fase Fase H-1
originaram de antecessores aquáticos. As plantas, ao aban-
esporofítica gametofítica
donarem o meio aquoso para o meio terrestre, tiveram de
se adaptar. Algumas plantas ainda mantêm a dependência
do meio aquático. Nessas, os gametas masculinos são cé-
lulas flageladas que nadam até os gametas femininos. Daí
B
dizer-se que essas plantas dependem da água para comple-
tar seu ciclo de reprodução.
a) Descreva resumidamente a aparência das plantas que re-
O texto acima ilustra dois exemplos de plantas: musgos e sa-
presentam a fase esporofítica e a fase gametofítica.
mambaias. Entretanto, existem diferenças básicas entre esses
Nas samambaias, a fase esporofítica é representada por dois tipos de plantas. Escreva três características distintivas
uma planta duradoura e dotada de raiz, caule e folhas. A fase entre elas, segundo seu ciclo reprodutivo.
gametofítica é passageira e representada por um vegetal verde, O esporófito dos musgos é dependente, passageiro e representa a fase
de pequeno porte e dotado de rizoides. menos complexa do ciclo reprodutivo.
O esporófito das samambaias é independente (quando adulto),
duradouro e representa a fase mais complexa do ciclo reprodutivo.

b) Qual é o nome de cada célula representada pelas letras


A e B?
A célula A é o esporo e a célula B é o zigoto.

32 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


10 (Unifor-CE) A figura abaixo representa um prótalo de samam- 12 (UFMG) Esquema parcial do ciclo evolutivo de uma pteridófi-
m
Ene-5
baia. m
Ene-4
ta terrestre.
C 7 C 4
H-1 H-1

m m
Ene-4 Ene-5
C 4 C 7
H1
- H1
-

Todas as afirmativas referentes ao esquema são verdadeiras,


EXCETO: e
Trata-se de: a a) Trata-se de um vegetal vascular e isosporado.
a) um gametófito responsável pela reprodução sexuada. b) As folhas apresentam esporângios agrupados, formando
b) um gametófito responsável pela reprodução assexuada. os soros.
c) um esporófito responsável pela reprodução sexuada. c) Para que o anterozoide atinja o arquegônio, é necessária a
d) um esporófito responsável pela reprodução assexuada. presença de água.
e) uma plantinha responsável apenas pela nutrição. d) Trata-se de um vegetal que apresenta caule do tipo rizoma.
e) O prótalo é a fase mais desenvolvida e duradoura.
11 (Vunesp) A uma pessoa que comprasse um vaso de samam-
baia numa floricultura e pretendesse devolvê-lo por ter veri- 13 Identifique as afirmativas corretas: I e II.
ficado a presença de pequenas estruturas escuras, dispostas I. O interior úmido e sombreado da Mata Atlântica oferece
regularmente na face inferior das folhas, você diria que: d boas condições ambientais para o desenvolvimento de
a) a planta, com certeza, estava sendo parasitada por um fungo. certas plantas, como os xaxins.
b) a planta necessitava de adubação, por mostrar sinais de II. O extrativismo vegetal e a devastação de florestas repre-
deficiências nutricionais. sentam atividades humanas que vêm aumentando o risco
c) a planta tinha sido atacada por insetos. de extinção de plantas diversas, como os xaxins.
d) as pequenas estruturas eram esporângios reunidos em soros, III. O uso de produtos alternativos que substituem os xaxins
os quais aparecem normalmente durante o ciclo da planta. compreende a única medida que se pode adotar, atual-
e) a planta se encontrava com deficiências de umidade, mente, para contribuir para a preservação dessas plantas
mostrando manchas necróticas nas folhas. nas matas brasileiras.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 5 a 12 Para aprimorar: 5 a 8

Veja, no Guia do Professor, as respostas da "Tarefa


para casa". As resoluções encontram-se no portal,
em Resoluções e Gabaritos. TAREFA PARA CASA
As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

a) angiospermas.
PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR
FRENTE B
b) pteridófitas.
c) briófitas.
1 (Acafe-SC) São plantas criptógamas, avasculares, de peque- d) gimnospermas.
m
Ene-4
no porte, que vivem em ambientes úmidos e sombreados. e) filicíneas.
C 4
BIOLOGIA

H-1 Dependem da água para a reprodução, pois seus gametas


masculinos são flagelados; possuem alternância de gera- 2 (UEM-PR) Sobre as briófitas, é correto afirmar que:
ções, sendo a geração gametofítica mais desenvolvida que a m
Ene-1 (01) apresentam reprodução assexuada através de gemas ou
C 1
esporofítica. H-
de propágulos, que se soltam da planta mãe, são leva-
m
Tais afirmações caracterizam as: Ene-4
C 4
dos pela água e dão origem a um novo indivíduo.
H-1

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 33


(02) o embrião desenvolve-se por mitose e forma um espo- c) Diferentes; os masculinos são móveis e os femininos,
rófito diploide que é dependente do gametófito para imóveis.
sua nutrição. d) Móveis e se encontram ao acaso.
(04) apresentam esporângios agrupados em estruturas cha- e) Móveis e se encontram ao acaso, levados pela água.
madas de soros, as quais aparecem na face inferior dos
filoides. 5 (OBB) Briófitas e pteridófitas podem ser considerados criptó-
(08) possuem ciclo de vida com alternância de fases haploi- gamas, uma vez que seus órgãos reprodutores não são apa-
des e diploides. rentes no formato de uma flor. Marque a alternativa abaixo
(16) a fase esporofítica apresenta rizoides, cauloides e filoides. que contenha uma característica capaz de separarmos essas
criptógamas:
3 (Unifor-CE) A figura a seguir mostra um musgo. Sobre ela
a) Presença de arquegônio.
m
Ene-4
fizeram-se as seguintes afirmações:
C 4 b) Produção de esporos.
H-1
I. X resultou do zigoto e vive à custa de Y. c) Dependência da água para a reprodução.
m
Ene-5
C 7
II. Y é o gametófito feminino e, nos musgos, o gametófito d) Presença de vasos condutores.
H-1
representa a fase duradoura do ciclo de vida. e) Ausência de fruto.
m
Ene-7
C 1
III. X e Y são, respectivamente, haploide e diploide.
H2
-
6 (UFRGS-RS) Percorrendo uma trilha em uma floresta úmida
do sul do Brasil, um estudante encontrou duas plantas pe-
quenas crescendo sobre uma rocha. Observando-as, con-
cluiu que se tratava de um musgo (Briophyta) e de uma sa-
X mambaia (Pterídophyta).
Considere as afirmações a seguir, sobre essas plantas.
I. As pteridófitas, ao contrário das briófitas, apresentam va-
sos condutores de seiva.
II. As pteridófitas e as briófitas são plantas de pequeno porte
por não apresentarem tecidos de sustentação.
III. Na face inferior das folhas da pteridófita, encontram-se
soros nos quais ficam armazenados os esporos.
Quais estão corretas?
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

a) Apenas I.
b) Apenas II.
Y c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

7 (Mack-SP) Quanto às etapas do ciclo de vida de um mus-


m
Ene-4
go e de uma samambaia representadas abaixo, é correto
C 4
H-1 afirmar:
m
Ene-5
C 7
H-1
É correto o que se afirma apenas em:
m
a) I. Ene-7
C 1
H-2
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

4 (UFS-SE) Nas briófitas ocorre a oogamia, isto é, os gametas


masculinos e femininos são:
a) Iguais quanto à forma e à função.
2
b) Iguais quanto à forma e diferentes quanto ao comporta- 3
1
mento. 4

34 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


a) 1 e 3 representam a fase gametofítica.
b) Em 2 são produzidos apenas gametas masculinos.
c) 2 e 3 são fases haploides.
d) A meiose ocorre em 1 e 3.
e) A meiose ocorre em 2 e 3.

8 (Unitau-SP) A fronde de uma samambaia-de-metro corresponde à:


a) geração esporofítica de uma briófita.
b) geração gametofítica de uma pteridófita.
c) geração esporofítica de uma gimnosperma.
d) geração gametofítica de uma briófita.
e) geração esporofítica de uma pteridófita.

9 (Unifor-CE) Uma pteridófita cujas células das folhas possuem dez cromossomos deve formar esporos, prótalos e zigotos com
m
Ene-4
quantos cromossomos, respectivamente?
C 4
H-1 a) 10, 10 e 10.
m
Ene-1 b) 10, 10 e 5.
C 1
H- c) 5, 10 e 10.
d) 5, 5 e 10.
e) 5, 5 e 5.

10 (UPF-RS) Prótalo é uma fase do ciclo evolutivo das pteridófitas, que tem origem no:
m
Ene-4
C 4
a) esporângio e corresponde à fase diploide.
H1
-
b) esporo e contém os gametângios masculino e feminino.
c) esporófito e apresenta estruturas chamadas soros.
d) gameta e corresponde à fase haploide.
e) gameta e contém os gametângios masculino e feminino.

11 (Fuvest-SP) A figura mostra a face inferior de uma folha onde se observam estruturas reprodutivas.
m
Ene-4
C 4
H-1

m
Ene-5
C 7
H-1

m
Ene-7
C 1
H-2

A que grupo de plantas pertence essa folha e o que é produzido em suas estruturas reprodutivas?

FRENTE B
a) Angiosperma: grão de pólen.
b) Briófita: esporo.
c) Briófita: grão de pólen.
d) Pteridófita: esporo.
BIOLOGIA

e) Pteridófita: grão de pólen.

12 (Fuvest-SP) O xaxim é um produto muito usado na fabricação de vasos e suporte para plantas. A sua utilização:
a) aumenta o risco de extinção de certas samambaias, a partir das quais é produzido.
b) não acarreta nenhum impacto ambiental, pois é produzido a partir da compactação de folhas de certas palmeiras.

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 35


c) aumenta o risco de extinção de certas gramíneas, a partir 3 (PUC-MG) São características das briófitas:
das quais é produzido. m
Ene-4 a) fase gametofítica dominante, esporófito dependente do
d) não acarreta nenhum impacto ambiental, pois é produzi- C 4
H-1
gametófito, fecundação dependente da água.
do a partir de raízes de plantas aquáticas secas.
b) fase esporofítica dominante, gametófito dependente do
e) provoca a extinção de certas palmeiras, a partir das quais
esporófito, fecundação dependente da água.
é produzido.
c) fase gametofítica dominante, esporófito independente
do gametófito, fecundação independente da água.
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR d) fase esporofítica dominante, gametófito independente
do esporófito, fecundação independente da água.
1 (Vunesp) Na aula de Biologia, a professora comentou que e) fase gametofítica dominante, esporófito reduzido a uma
as briófitas poderiam ser consideradas “os anfíbios do reino célula gamética, fecundação independente da água.
vegetal”. Essa afirmação é válida se considerarmos que as
briófitas, assim como alguns anfíbios: 4 (Mack-SP) Se quisermos obter gametófitos de um musgo, o
a) apresentam um sistema de distribuição de água pelo m
Ene-4
melhor caminho a seguir é:
C 4
H1
-
corpo que se dá de célula para célula, por osmose. a) semearmos grãos de pólen em solo bastante úmido.
b) reproduzem-se por alternância de gerações (metagênese). b) retirarmos gametângios masculinos e femininos da plan-
c) têm uma fase de desenvolvimento (gametófito) que ta e colocá-los em solo preparado.
ocorre exclusivamente na água. c) transplantarmos os embriões formados em um meio de
d) sofrem um processo de metamorfose, durante o qual se cultura para um solo úmido.
alteram os mecanismos de captação de oxigênio. d) retirarmos esporos da cápsula e colocá-los em local apro-
e) vivem em ambientes úmidos e dependem da água para priado ao seu desenvolvimento.
a fecundação. e) esperarmos a formação dos zigotos, em um meio de cul-
tura, e transplantá-los em local apropriado.
2 (FCC-SP) Um musgo apresenta o aspecto indicado na figura.
m
Ene-4
C 4
5 (Unip-SP) Quais das características abaixo você considera
H-1
m
Ene-4
um fato evolutivo das pteridófitas (samambaias) em relação
C 4
m
Ene-5
C 7
H-1 às briófitas (musgos)?
H-1
II a) Independência da água do meio ambiente para a ocor-
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

m
Ene-7 rência da fecundação.
C 1
H2
-
b) Formação dos gametas por mitose e dos esporos por
m
Ene-1
C 1 meiose.
H-
c) Evolução do gametófito e involução do esporófito.
m
Ene-6
C 4
I d) Desenvolvimento do tecido vascular.
H-2 e) Redução da fase esporofítica e aparecimento dos estô-
matos.

6 (Fuvest-SP) Uma samambaia produz esporos que germinam,


formando prótalos. Enquanto estes são haploides, a samam-
baia é diploide. No prótalo se originam anterídios, que pro-
Que letra da tabela abaixo indica corretamente o que repre- duzem anterozoides, e arquegônios, que formam oosferas. A
sentam as estruturas I e II? fusão de um anterozoide com uma oosfera dá um zigoto do
qual resulta uma nova samambaia. Nesse processo, a meio-
I II se ocorre:
a) na divisão do zigoto.
a) Gametófito feminino e haploide Esporófito diploide b) na formação dos esporos.
c) na fusão dos anterozoides com as oosferas.
b) Gametófito dioico e diploide Esporófito haploide d) na formação dos anterozoides e oosferas.
e) na produção do prótalo.
c) Gametófito masculino e haploide Esporófito diploide
7 (UEPB) As samambaias e avencas são pteridófitas comumen-
d) Esporófito diploide Gametófito dioico e haploide m te utilizadas como plantas ornamentais. Observe o esquema
Ene-4
C 4
H-1 a seguir representativo do ciclo de vida da samambaia e
e) Esporófito haploide Gametófito feminino e haploide m
Ene-5
C 7
analise as proposições.
H-1

m
Ene-7
36 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas C 1
H-2
I

II

III

I. Os esporos são formados por mitose nos esporângios (2n), que, nas samambaias e avencas, ficam reunidos nos soros. Esses
esporos, caindo em substrato adequado, germinam, originando o gametófito (n).
II. Nas pteridófitas, o gametófito é denominado prótalo. Neste, desenvolvem-se os arquegônios e os anterídios. Na época da ma-
turação, os anterozoides são eliminados e nadam sobre a lâmina úmida do prótalo, buscando atingir a oosfera no interior do
arquegônio; ao ser fecundada pelo anterozoide, a oosfera dá origem a um zigoto diploide, que originará o esporófito.
III. As pteridófitas, assim como todas as plantas, apresentam ciclo de vida do tipo haplôntico-diplôntico, o que implica a ocorrência
de metagênese. Nas pteridófitas, a fase esporofítica é a mais desenvolvida, além de ser independente da fase gametofítica.
Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões):
a) II e III, apenas.
b) I, II e III.
c) I e II, apenas.
d) I, apenas.
e) III, apenas.

8 (Udesc) O ciclo de vida das plantas pteridófitas está representado no esquema abaixo.
m
Ene-4
C 4
H-1

m
Ene-5
C 7
H-1

m
Ene-7
C 1
H2
-
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

FRENTE B

Assinale a alternativa correta sobre esse ciclo.


a) O gametófito está representado pelo número IV do ciclo.
BIOLOGIA

b) Os esporos são diploides e estão representados pelo número VI.


c) A meiose está representada pelo número V do ciclo.
d) O gametófito constitui a fase duradoura (planta propriamente dita) do ciclo.
e) O esporófito está representado pelo número I do ciclo.

Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas 37


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUDESIRK, G.; AUDESIRK, T. Biology: life on Earth. 8. ed. New York: Macmillan, 2006.
JUDD, W. S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOG, E. A.; STEVENS, P. F. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético.
Porto Alegre: Artmed, 2009.
ESAU, K. Anatomia das plantas com sementes. São Paulo: Edgard Blucher, 2007.
JOLY, A. B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. São Paulo: Editora Nacional, 2000.
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
RAVEN, P. H.; JOHNSON, G. B. Biology. 4. ed. Boston: Wm. C. Brown, 2007.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2013.

ANOTAÇÕES

38 Os seres vivos: o reino Plantae – aspectos gerais, briófitas e pteridófitas


MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

Exercício do gênero Sphagnum, que conferem a ela grande capaci-


A Prefeitura de Ipatinga (MG) identificou a causa do dade de absorção de nutrientes.
mau cheiro que nos últimos dias tem atingido alguns bairros b) Um material parcialmente decomposto encontrado em
da cidade: trata-se da queima de turfa, material de origem áreas rochosas. Formada exclusivamente por pterifófitas do
vegetal depositado em várzeas de rios. Também foi identifi- gênero Sphagnum, que conferem a ela grande capacidade
cada a origem da fumaça que tanto incômodo tem causado de absorção de água.
c) Um material parcialmente decomposto encontrado em ter-
aos moradores da região [...].
renos alagadiços. Formada exclusivamente por musgos do
A turfa é formada por matéria orgânica que não sofreu
gênero Sphagnum, que conferem a ela grande capacidade
decomposição completamente, transformando-se em um ma-
de absorção de água.
terial altamente inflamável, um estágio anterior ao carvão. d) Um material completamente decomposto encontrado em
Estudos realizados em outros locais onde já ocorreu a áreas rochosas. Formada principalmente por pteridófitas do
queima de turfa indicam que a fumaça não é tóxica, no en- gênero Sphagnum, que conferem a ela grande capacidade
tanto, ela pode agravar problemas respiratórios [...]. de absorção de água.
Disponível em: <www.ipatinga.mg.gov.br/Materia_especifica/31464/ e) Um material parcialmente decomposto encontrado em ter-
Queima-de-turfa-e-causa-de-mau-cheiro-na-cidade>.
Acesso em: 8 fev. 2015. Adaptado. renos alagadiços. Formada principalmente por musgos do
gênero Sphagnum, que conferem a ela grande capacidade
1 A turfa, a que se refere o trecho de notícia, pode ser descrita de absorção de água.
como: e A tabela a seguir indica os desflorestamentos, em hectares,
a) Um material completamente decomposto encontrado em observados no período 2012-2013 nas áreas de Mata Atlântica,
terrenos alagadiços. Formada exclusivamente por plantas em comparação com o período anterior (2011-2012): 
Desflorestamentos entre 2012-2013, em hectares
UF Área UF Lei Mata Atlântica % Bioma Mata 2012 % Mata Desmatamento 2012-2013 Desmatamento 2011-2012
1o MG 58 653 439 27 623 397 47% 2 864 487 10,4% 8 437 10 752
2o PI 25 158 115 2 662 017 11% 917 289 34,5% 6 633 2 658
3o
BA 56 472 020 17 976 964 32% 2 040 697 11,4% 4 777 4 516
4o PR 19 932 306 19 639 352 99% 2 310 110 11,8% 2 126 2 011
5o SC 9 571 782 9 571 782 100% 2 216 131 23,2% 672 499
6o
MS 35 713 264 6 377 963 18% 708 579 11,1% 568 49
7o PE 9 814 204 1 688 361 17% 201 825 12,0% 155 128
8o RS 26 880 228 13 836 988 51% 1 090 999 7,9% 142 99
Disponível em: <www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=3610>. Acesso em: 8 fev. 2015. Adaptado.

2 A Mata Atlântica abriga muitas espécies de plantas. Ana- 3 Uma floresta, como a Mata Atlântica, sofre consideráveis perdas
lisando os dados da tabela, assinale a alternativa em que em sua biodiversidade ao ter grandes áreas suprimidas. Conside-
estão contidos os cinco estados que lideram o ranking de rando as embriófitas, isto é, as plantas produtoras de embrião, a
desmatamento. a alternativa que contempla todos os seus representantes é: e
a) Minas Gerais, Piauí, Bahia, Paraná e Santa Catarina. a) briófitas e pteridófitas.
b) Minas Gerais, Piauí, Bahia, Paraíba e Santa Catarina. b) briófitas, pteridófitas e gimnospermas.
c) Minas Gerais, Bahia, Piauí, Paraná e Sergipe. c) pteridófitas e gimnospermas.
d) Minas Gerais, Bahia, Piauí, Paraíba e Sergipe. d) pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.
e) Minas Gerais, Bahia, Piauí, Paraíba e Santa Catarina. e) briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

39
QUADRO DE IDEIAS Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Carvalho
Reino Plantae Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Tayra Alfonso, Vanessa Lucena.
Edição de Arte: Kleber de Messas
Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Fernando Vivaldini
Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
Ilustrações: Ideario Lab, Ilustra Cartoon
Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita
Guedes
Colaboraram para esta Edição do Material:
Aspectos
Briófitas Pteridófitas Projeto Sistema SESI de Ensino
gerais Gestão do Projeto: Thiago Brentano
Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane
Botelho e Valdete Reis
Revisão: Juliana Souza
Diagramação: lab 212
Eucariontes, Capa: lab 212
Principais Exemplos de
Ilustração de capa: Aurielaki/ Golden Sikorka/
multicelulares representantes: musgos representantes: Sentavio/ Macrovector/ Shutterstock
autótrofos, formadores e hepáticas. samambaias, avencas, Consultores:
de embrião que recebe xaxins. Coordenação: Dr. João Filocre
Avasculares; Biologia: Dra. Gisele Brandão Machado de Oliveira e
nutrientes da Msc. Maria Inez Melo de Toledo
planta-mãe. dependência da água Vasculares; SESI DN
para a fecundação. dependência da água Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi
Grupos: Briófitas, para a fecundação. Ramacciotti
Hábitat: principalmente Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira
pteridófitas, Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
gimnospermas e úmido e sombreado. Hábitat: principalmente Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga
angiospermas. úmido e sombreado. dos Santos
Reprodução – Todos os direitos reservados por SOMOS Educação S.A.
Alguns critérios alternância de gerações: Reprodução – Avenida das Nações Unidas, 7221
Gametófito (n) alternância de gerações: Pinheiros – São Paulo – SP
de classificação: CEP: 05425-902
talófitas e cormófitas; e Esporófito (2n). Gametófito (n) e (0xx11) 4383-8000
avasculares e vasculares; Esporófito (2n). © SOMOS Sistema de Ensino S.A.
Gametófito: geração
criptógamas e Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
duradoura, com Gametófito (prótalo): (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
fanerógamas.
rizoides, filoides e geração passageira, Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de 1 a
Ciclos de vida: cauloide; produz produz gametas: 12 : exatas, biológicas : aluno. -- 2. ed. -- São Paulo :
Ática, 2017.
Haplobionte (haplonte gametas: anterozoides anterozoides (nos
e diplonte); (nos anterídios) anterídios) e oosferas Vários autores.

Diplobionte. e oosferas (nos (nos arquegônios). 1. Biologia (Ensino médio) 2. Física (Ensino médio) 3.
Matemática (Ensino médio) 4. Química (Ensino médio).
arquegônios).
Esporófito: geração
Esporófito: geração duradoura com 16-08187 CDD-373.19
passageira, com haste e raízes, caule e folhas;
Índice para catálogo sistemático:
cápsula; produz esporos produz esporos (nos 1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino médio 373.19
(nos esporângios). esporângios).
2016
ISBN 978 85 08 18346 3 (AL)
ISBN 978 85 08 18348 7 (PR)
2ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação
ALUNO

Capa_Exatas_CAD6_AL.indd 1 07/12/16 09:39

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