Você está na página 1de 21

O Instituto da “Flexissegurança” e a análise

da sua aplicabilidade no Brasil

The Instituteof "Flexicurity" and the Analysis of its


Applicability in Brazil

Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes


Professora de Direito do Trabalho do Centro
Universitário de Formiga (Unifor-MG). Advogada.
anaflaviapaulinelli@gmail.com

Fernanda Natale Barroso


Advogada.
fernanda.natale@hotmail.com

Resumo: O presente artigo busca analisar a possibilidade de adoção,


pelo direito pátrio, do instituto da “Flexissegurança”, cuja proposta é
conciliar a flexibilidade do mercado de trabalho e a segurança dos tra-
balhadores contra o desemprego. Para fundamentar a discussão sobre a
possibilidade de tal instituto ser incorporado ao ordenamento jurídico
brasileiro, necessária será a análise das principais características do ins-
tituto na Dinamarca, que é a precursora da adoção deste modelo. Busca-
-se, então, através do direito comparado, analisar as principais caracte-
rísticas sociais, econômicas, políticas e justrabalhistas, da Dinamarca
e do Brasil, bem como avaliar a viabilidade e a validade de adoção da
idéia da “Flexissegurança” por este país, analisando se a adoção deste
instituto implicaria ou não em uma forma de flexibilização das Leis
Trabalhistas pátrias.
Palavras-chave: Flexissegurança. Flexibilização. Direito Comparado

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 269
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

Abstract: This research analyzes the possibility of  adoption,  by  pa-
triot rights, the “Flexicurity” institution, whose proposal is to combi-
ne the flexibility of the labor market and the safety of workers from
unemployment. In order to establish a discussion of the possibility of
such institute being incorporated in the Brazilian legal system, analyzes
the main features of the institute Denmark, which is the precursor to
the adoption of this model. Search, then, based on Comparative Law,
analyze on the social, economical, political and labor main features
which appear between Denmark and Brazil, and measure the  availa-
bility and the  validity  of the “Flexicurity” adoption by this country,
analyzing whether the adoption of this institute would or not in a form
of relaxation of patriot Labor Laws.
Keywords: Flexicurity. Flexibility. Comparative Law.

Introdução

Após a crise da década de 70, ganha força a matriz neoliberal que


prega a flexibilização do Direito do Trabalho, o fim dos empregos e a
hegemonia do capital financeiro globalizado, indo de encontro às regras
fundamentais do Direito do Trabalho de busca de igualdade substancial,
distribuição de renda, justiça social, e perseguição da melhoria progres-
siva da condição econômica e social do trabalhador.
Neste contexto ganhou hegemonia a idéia de irracionalidade de
um tipo de estruturação do Estado e da sociedade baseado na valori-
zação do trabalho e do emprego, de concessão de políticas sociais e na
distribuição do poder e da riqueza.
Certo é que com a falta de efetividade no plano concreto desta cor-
rente neoliberal na solução do mercado financeiro e do desemprego, e
com a descoberta da real intenção de redução dos direitos trabalhistas dos
empregados, a retórica da nomenclatura “flexibilização” entra em crise.
Passa-se então a serem adotados neologismos, com intenção de
substituir a antiga nomenclatura, dando tom mais ameno à exploração
do trabalho alheio e ao movimento regressista da condição econômica
e social do trabalhador.

270 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

Neste cenário, destaca-se o neologismo da “Flexissegurança”, idéia


introduzida no âmbito das políticas de emprego e da “modernização”
do direito do trabalho europeu, que pretende conciliar a flexibilidade do
mercado de trabalho e a segurança dos trabalhadores contra o desempre-
go e que foi introduzido em países como a Dinamarca, Suécia e Holanda.
Diante do destaque que o termo ganhou na Europa, começam-se os
rumores sobre a possibilidade de utilização da “Flexissegurança” Brasil.
Sendo assim, o objetivo deste artigo é analisar a possibilidade de
adoção pelo Brasil do instituto da “Flexissegurança”, idéia importada
da Dinamarca, sem que isto gere uma precarização do mercado de tra-
balho. Para tanto, será analisado o instituto da Flexissegurança, bem
como as condições sócio-econômicas da Dinamarca e do Brasil, que
são completamente diversas, a fim de se concluir se esta adoção não
seria uma forma de flexibilizar cada vez mais as leis trabalhistas bra-
sileiras sem qualquer contrapartida efetiva para os desempregados ou
se seria uma forma efetiva de segurança dos trabalhadores contra o de-
semprego.

Flexissegurança

A “Flexissegurança” é uma idéia importada da Dinamarca que


pretende conciliar a flexibilidade do mercado de trabalho com a se-
gurança dos trabalhadores contra o desemprego, passando a idéia de
possibilidade de proteção social e competitividade.
Como bem explica Hermes Augusto Costa, a “Flexissegurança”, é
o instituto que combina a flexibilidade das empresas e a segurança dos
trabalhadores, vejamos:

[...] o termo “flexigurança” (tradução literal da expres-


são flexicurity) sugere, em termos teóricos, que esta-
mos diante de um instrumento que visa atribuir segu-
rança aos indivíduos no seio de mercados de trabalho
flexíveis, permitindo diferentes trajectórias (sic) profis-
sionais e estilos de vida, e que parece buscar um equi-
líbrio entre uma flexibilidade sensível às preocupações

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 271
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

das empresas e uma flexibilidade capaz de garantir a


protecção (sic) do trabalho de acordo com critérios de
justiça social. (COSTA, 2009, p. 125).

É um modelo no mercado de trabalho que se assenta em três pila-


res, quais sejam, facilidade nas formas de contratação e dispensa, com-
pensação da classe trabalhadora desempregada através de políticas de
governo (elevadas prestações de seguro-desemprego, apoios que asse-
guram o pagamento dos encargos com rendas, escolas, entre outros),
bem como uma política de qualificação e recolocação no mercado de
trabalho. Com isso, as normas para admissão e demissão dos traba-
lhadores seriam menos rígidas, já que eles teriam que passar por um
programa de capacitação profissional antes de iniciar o trabalho.
A “Flexissegurança” surgiu com o intuito de tratar simultanea-
mente a flexibilidade e a segurança, alcançando, a satisfação tanto dos
empregados como dos empregadores. É nesse sentido a opinião de Lu-
ciane Sousa Soares de Lemos:

Tradicionalmente, os empregadores anseiam por um


mercado de trabalho mais maleável, o que tem sido
considerado conflitante com os anseios de segurança
de emprego dos trabalhadores. Na flexissegurança, im-
portaria reconhecer que flexibilidade e segurança não
seriam antagônicos, uma vez que os empregadores de-
sejariam dispor de relações de trabalho estáveis e de
trabalhadores estimulados enquanto os trabalhadores
estariam também interessados na flexibilidade de horá-
rios, da organização do trabalho e das condições sala-
riais. (LEMOS, 2010, p.147).

O modelo tem suscitado a curiosidade do mundo inteiro pelo su-


cesso de sua aplicação na Dinamarca e tem sido pregado no mundo in-
teiro pelo chavão “Modernização do Direito do Trabalho”, sendo iden-
tificado como a única forma capaz de suportar e estimular esse antigo
desafio do desemprego e da competitividade.

272 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

Nessa direção é o livro sobre relações laborais da União Européia


que lançou a discussão à opinião pública chamado de “Livro Verde –
Modernizar o Direito do Trabalho para enfrentar os desafios do século
XXI que visa a evolução do Direito do Trabalho baseado no objetivo da
“estratégia de Lisboa de crescimento sustentável com mais e melhores
empregos.” (LIVRO VERDE - Modernizar o direito do trabalho para
enfrentar os desafios do século XXI, 2006, p. 3).
Esse documento parte do pressuposto de que os modelos tradicio-
nais de relação de trabalho, assim como de contrato de trabalho, não são
viáveis para o futuro, assim, busca-se incentivar os Estados-membros a
começarem a flexibilizar as relações de trabalho, mas ao mesmo tempo,
garantindo a segurança dos trabalhadores, ou seja, incentiva-se a “Fle-
xissegurança” e as razões que fundamentam a sua implementação nos
mercados europeus.
Dessa forma, deve-se conciliar a flexibilidade com a segurança,
ou seja, a flexibilidade para a empresa e a segurança para o empregado,
pois a proposta é “promover uma mão-de-obra competente, formada e
adaptável e mercados de trabalho que dêem resposta aos desafios gera-
dos pelo impacto combinado da globalização e do envelhecimento de-
mográfico das sociedades europeias.” (LIVRO VERDE - Modernizar o
direito do trabalho para enfrentar os desafios do século XXI, 2006, p. 3).
As Orientações Integradas para o Crescimento e o Emprego mos-
tram a “necessidade de adaptar a legislação em matéria de trabalho e
emprego em ordem a promover a flexibilidade em articulação com a
segurança do emprego e a reduzir a segmentação do mercado de traba-
lho.” (LIVRO VERDE - Modernizar o direito do trabalho para enfren-
tar os desafios do século XXI, 2006, p. 4).
A “Flexissegurança” incentiva os desempregados a procurarem
novos empregos e proporciona normas mais flexíveis no ramo da segu-
rança social para atender àqueles que mudam ou abandonam o emprego
de forma temporária.

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 273
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

A “Flexissegurança” na dinamarca

A “Flexissegurança” foi desenvolvida na Dinamarca ao longo de


muitos anos “num processo marcado pelas características de negocia-
ção e comprometimento da cultura de relações industriais.” (GODOY,
2010, p. 74).
O instituto foi instaurado no país com o objetivo de proteger os
trabalhadores e não os postos de trabalho. É aplicado mediante a com-
binação de leis de proteção do emprego um pouco restritiva com sub-
sídios de desempregos altos que são concedidos pelo governo. Dessa
forma, há um perfeito equilíbrio entre a flexibilidade das empresas e a
segurança do trabalhador.
Na Dinamarca o instituto da “Flexissegurança” tem alcançado re-
sultados muito satisfatórios como nos mostra Ricardo Nascimento cita-
do por José Affonso Dallegrave Neto:

A flexisegurança, conceito importado da Dinamarca


trata-se aos olhos de muitos, de uma receita mágica para
o gravíssimo problema de desemprego europeu. Neste
modelo, quanto maior for a flexibilidade, maior protec-
ção (sic) será dada aos trabalhadores e é na experiência
dinamarquesa e de outros países do norte da Europa que
se encontra o mais elevado nível de apoio ao desempre-
gado, ao mesmo tempo que se dá aos empregadores mais
flexibilidade nos despedimentos (sic). (NASCIMENTO,
2007, n.p apud DALLAGRAVE NETTO, 2008, p. 3).1

Ocorre que “o modelo dinamarquês é o resultado de mais de cem


anos de desenvolvimento social e econômico baseado numa sólida ne-
gociação coletiva e na solidariedade entre governantes, empresários e
trabalhadores” (LEMOS, 2010, p.157). Assim, para o instituto da “Fle-
xissegurança” ser eficaz é necessário um grande envolvimento entre o
Estado, os trabalhadores e a classe empresarial, além de uma grande
efetividade dos Direitos Sociais.
1
Flexisegurança ou flexibilizar a insegurança? 2ª. Edição, n. 36, Acesso: 14/05/2007.
Fonte: www.oadvogado.direitonline.com/artigo/artigo.asp?id=36.

274 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

Conforme aponta Schwartz:

A OIT tem sublinhado a necessidade de inserir-se a


ideia da “flexissegurança” em um contexto pautado por
diversos apoios, nomeadamente a formação que facili-
te o regresso ao emprego e o seguro-desemprego, mas
especialmente pelo respeito às leis laborais e pela ne-
gociação coletiva. Não pode, portanto, ser imposta de
cima para baixo, pois na base da flexibilidade deve estar
um diálogo eficaz entre o governo, sindicatos de traba-
lhadores e empresários com o objetivo de melhorar a
competitividade dos empreendimentos econômicos sem
prejuízo da questão social. (SCHWARZ, 2008, p. 82).

Certo é que a realidade prodigiosa da Dinamarca constitui situação


única no mercado de trabalho mundial. Trata-se de país que construiu
efetivo Estado Social com subsídios de desemprego elevados conce-
didos por um longo período, política de cooperação entre empresários
e trabalhadores, dentre outros. O país possui política de mercado in-
terno forte e valoriza a pessoa do trabalhador e seu emprego. Está em
primeiro lugar nos quesitos competitividade internacional, segurança
e satisfação no emprego, nível de bem estar econômico dos países que
integram a União Européia. As leis sociais existem e são muito mais
rígidas que no Brasil, segundo Luciene Lemos:

[...] o sistema dinamarquês de flexissegurança baseia-


-se em: elevada carga fiscal para todos (indivíduos e
empresas), porém todos se orgulham de pagar impos-
tos; subsídio de desemprego elevado [...]; empresários e
trabalhadores empenhados em cooperar para o interesse
geral de todos; proteção do indivíduo e não dos postos
de trabalho; elevada flexibilidade na admissão e demis-
são de trabalhadores; crescimento econômico sustenta-
do e finanças públicas saudáveis; sólidas infraestruturas
sociais e excelente funcionamento do funcionalismo
público. (LEMOS, 2010, p.156).

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 275
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

É importante ressaltar que o êxito deste instituto na Dinamarca


é possível devido a sua excelente situação socioeconômica, além dos
efetivos direitos sociais e das políticas de governo ativas. O país segue
um modelo onde três fatores-chaves estão interligados: “a flexibilidade
laboral e da economia; a segurança do emprego dos cidadãos; e, [...] as
políticas ativas de emprego que medeiam, articulam, temperam e possi-
bilitam a flexigurança. (sic)” (BETTENCOURT, 2014, p. 85).
Assim, quando os trabalhadores estão desempregados, têm direito
a um excelente seguro desemprego. Para que o trabalhador se beneficie
com o seguro desemprego deve pagar quotiozações, além de preencher
alguns requisitos, como: estar inscrito em uma caixa de seguro de de-
semprego, estar desempregado, procurando outro emprego ativamente,
estar disponível a aceitar um emprego e participando de cursos profis-
sionais ou educacionais que são oferecidos pelo governo gratuitamente.
É o que nos mostra Peter Abrahamson:

O sistema dinamarquês de benefício-desemprego é, em


princípio, um esquema de seguro social; portanto, a pos-
sibilidade de se ter acesso a transferências e serviços de-
pende do desempenho do mercado de trabalho; essa pos-
sibilidade também está condicionada à obrigatoriedade
do beneficiário de participar de diversos treinamentos de
emprego e de atividades educacionais. Isso acontece de-
vido à volta da política social “ativa” no sistema de bem-
-estar dinamarquês. (ABRAHAMSON, 2009, p. 247).

A título de demonstração da política social ativa, é de se informar


que é concedido ao trabalhador desempregado 90% do seu salário an-
terior, até o máximo de 788 DKK diários, o que equivale a 106 euros,
cinco dias por semana. Os que recebem apenas o seguro parcial, têm
o direito de dois terços deste montante, ou seja, 525 DKK diários, que
equivale a 71 euros, cinco dias por semana. Os jovens que ficam sem
empregos logo após a conclusão de curso profissionalizante com dura-
ção de dezoito meses ou serviço militar, recebem o valor máximo de
646 DKK diários, que equivale a 87 euros, cinco dias por semana.

276 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

Os desempregados beneficiários que preenchem as condições ne-


cessárias podem receber o subsídio desemprego durante dois anos, num
período de três anos.
Na Dinamarca existe um programa chamado de “política de mer-
cado de trabalho ativo”, que dá a possibilidade de qualquer trabalhador
possa fazer de forma gratuita cursos e treinamentos para se desenvolve-
rem profissionalmente.
Apesar de a lei deixar um vazio na proteção dos empregos dos
trabalhadores, os Sindicatos por meio de negociações coletivas regula-
mentam esse tema. As negociações coletivas obrigam os empregadores
a avisarem com muita antecedência a demissão do trabalhador, prote-
gendo, assim, a segurança dos trabalhadores.

A aplicabilidade do instituto da flexissegurança no


Brasil

Como visto, a “Flexissegurança” trata-se de uma idéia que pre-


tende solucionar o problema do desemprego e ao mesmo tempo dar às
empresas mecanismos para enfrentar a competição no mercado mun-
dial, conciliando a flexibilidade para a empresa e a segurança para o
trabalhador mediante políticas de governo.
A “Flexissegurança” funda-se assim na ambiguidade de aumentar
a competitividade das empresas, “perseguir” a precarização das condi-
ções contratuais e privadas de trabalho com a expansão da responsabi-
lidade previdenciária do Estado, estratégia que mal esconde a fórmula
de privatização de lucros e estatização de prejuízos.
Neste sentido é inquestionável o lançamento do ônus econômico
para o Estado, representando um inevitável aumento de impostos a se-
rem pagos pela sociedade.
De acordo com Rodrigo Garcia Schwarz:

A idéia atual de “flexissegurança”, mesmo quando foge


à simples idéia de flex-flexibility, é esssencilamente in-
justa: ela impõe sacrifícios aos trabalhadores à custa do

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 277
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

sinalagma entre empresários e trabalhadores, com uma


distribuição de poderes e posições jurídicas entre am-
bos que reforça a posição do empresário em detrimento
da posição do trabalhador, e à sociedade, pois concentra
a “segurança” em uma rede de proteção social custeada
por todos, inclusive pelos próprios trabalhadores que
são os seus destinatários em potencial. Aos empresá-
rios, nenhum sacrifício é exigido, nenhuma contraparti-
da é oposta. (SCHWARZ, 2008, 82).

Importante frisar que tal instituto foi amplamente eficaz na Di-


namarca, que apesar de possuir uma elevada carga fiscal para todos,
a fim de financiar o instituto da “Flexissegurança”, o país apresenta
um retorno à população pelos impostos pagos, com efetivo crescimento
econômico, finanças públicas saudáveis, sólidas infraestruturas sociais,
funcionalismo público eficaz, retorno eficiente em saúde pública e edu-
cação, bem como em questões de subsídio de desemprego elevado, o
que gera em seus cidadãos orgulho de pagar os impostos.
Situação totalmente diferente da situação social, econômica
e política do Brasil que tem um déficit interno alto e um sistema de
subsídio de desemprego frágil, limitado à no máximo 05 (cinco) me-
ses, com pouquíssimas hipóteses de estabilidade. As políticas ativas no
Brasil são pouco eficazes, não são muito eficientes e não desenvolve a
equidade como era necessário. Ademais, elas não “promovem a “ativa-
ção” necessária no âmbito de cada uma, facilitando o agravamento do
comportamento negativo de certos aspectos do mercado de trabalho.”
(CHAHAD, 2009, p. 107). Não podendo deixar de citar a lamentável
atuação do governo nas áreas de saúde e educação, finanças públicas e
a atuação do funcionalismo público.
Comparado com os padrões internacionais, o Brasil tem uma es-
colaridade média extremamente baixa e um índice elevado de analfa-
betismo, que reunido com outras carências educacionais determina um
nível muito baixo de qualificação profissional. O Governo criou cursos
de formação inicial e continuada ou de qualificação profissional como
requisito para receber o seguro-desemprego, apesar disso, esses progra-

278 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

mas não têm eficácia plena, pois não conseguem promover os cursos
para todos, assim, o país continua com um alto nível de mão-de-obra
desqualificada.
Além disso, o país tem uma desigualdade social muito alta, apesar
da renda per capita ser elevada para os padrões internacionais, há uma
distribuição irregular de renda, pois esta é concentrada pelos 10% mais
ricos do Brasil, o que gera muitos problemas sociais.
De acordo com Chahad (2009), um dos grandes problemas do país
é sua cultura, é possível afirmar que existem muitos vícios e fraudes nos
programas de Seguridade Social, pois como o Estado está concedendo
o subsídio de desemprego, grande parte da população acomoda-se e
não tem interesse em procurar qualificar-se profissionalmente para con-
seguirem bons empregos, o que só continua aumentando o índice de
desemprego no país.
Reflexo desta cultura é o quadro que demonstra que em 2009, o
governo gastou R$ 19,6 bilhões com o seguro-desemprego. Para este
ano, a projeção mais recente aponta R$ 27,7 bilhões de despesa, um
aumento nominal de 41,3%, o que tem gerado medidas governamentais
de enxugamento de subsídios, conforme Medida Provisória 664/2014.2
Assim, o autor afirma que o subsídio de desemprego concedido por
um longo tempo, como é feito na Dinamarca, não funcionaria no Brasil,
pois parte da população viveria dependendo apenas disso, vejamos:

[...] na cultura popular brasileira é muito disseminado o


princípio de que o Estado deve ajudar em tudo; é o cha-
mado “País dos pobres” especialmente porque grande
parte da força de trabalho é pouco qualificada, e grande
parte da população vive com níveis baixos de renda. As-
sim, um seguro-desemprego generoso, ou um benefício
assistencial pago durante muito tempo, é visto como um
fim em si mesmo, além de, muitas vezes, repor grande
parte da renda familiar. (CHAHAD, 2009, p.109).

2
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/12/31/medida-provisoria-endu-
rece-regras-do-seguro-desemprego. acesso em 31/03/2015.

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 279
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

Isso, por si só já revela que a idéia da “Flexissegurança” não terá


o menor êxito no Brasil, onde só servirá para aumento da carga tribu-
tária e para flexibilizar cada vez mais as leis trabalhistas, sem qualquer
segurança em contrapartida para os desempregados.
Nesse sentido, segundo Jorge Luiz Souto Maior:

[...] “flexissegurança” que, para os europeus, significa


discutir a possibilidade de trocar o direito de estabilida-
de no emprego pelo implemento de uma política públi-
ca de seguro-desemprego com prazos bastante longos
[...], mas que foi traduzida no Brasil, pelos adeptos da
“desregulamentação”, espertamente, como mera inten-
sificação da flexibilização, já que não temos sob o ponto
de vista da teoria dominante, a estabilidade no empre-
go. (MAIOR, 2011, p. 54).

Como bem explica Rodrigo Garcia Schwarz, o instituto da “Fle-


xissegurança” não será eficaz no Brasil:

Atualmente, todavia, quando se fala de “flexisseguran-


ça” ou flexcurity, abundam análises e estudos descontex-
tualizados, desprovidos de razoabilidade e, em muitos
casos, de mínima inteligência, impulsionados pelo calor
dos acontecimentos alusivos à atual crise econômica glo-
bal, sempre com acentuada ênfase na facilitação (redu-
ção dos custos) do despedimento (sic). Nesse contexto,
aventureiros e ingênuos já afirmaram, por exemplo, que
a flexcurity dinamarquesa deveria ser o ponto de partida
para a reforma dos marcos regulatórios do mercado de
trabalho no Brasil, como se o mercado de trabalho na Di-
namarca e as condições econômicas, sociais e culturais
desse país guardassem uma mínima relação com a rea-
lidade brasileira (o fetichismo de alguns brasileiros em
relação aos modelos europeus, com a sua indeclinável
tendência para apontar indiscriminadamente experiên-
cias de países europeus como panaceia, se não é novo,
tem produzido toda uma série de esquizofrênicos ou pe-
ças de manobra, muitas vezes sem um mínimo domínio

280 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

operacional, nem conhecimento suficiente sobre o arca-


bouço que pretendem ver reproduzido). Por ora, basta
lembrar que as leis sociais dinamarquesas existem e são
(muito) mais rígidas do que as leis laborais brasileiras.
(SCHWARZ, 2008, p. 67).

Importante frisar que as medidas flexibilizatórias adotadas pelo


Brasil (Lei 9.601/98, Medida Provisória 1.709/98, Medida Provisória
1.779/99, dentre outras) já são suficientes para demonstrar que o proble-
ma do desemprego e da competitividade das empresas não se combate
com flexibilização ou precarização nas relações de trabalho, uma vez
que em nada contribuíram para a diminuição do índice de desemprego
ou aumento de competitividade quando foram adotadas. Precisa-se é da
efetivação dos Direitos Sociais. É necessário recobrar a efetividade dos
Direitos Sociais postos para a formação de um regime capitalista com
responsabilidade social. É nesse sentido a opinião de Taysa Queiroz
Mota de Sousa:

No Brasil, infelizmente apesar de normas garantidoras


de direitos sociais, grande parte da classe trabalhadora
não tem sequer os direitos básicos, como salário, res-
peitados. Discutir a flexibilização de direitos em um
país onde nunca existiu a total observância dos direi-
tos dos trabalhadores, manifesta a impossibilidade de
se chegar, em negociação coletiva, a um acordo entre
os interessados, qual seja o prestador e o tomador dos
serviços. (SOUSA, 2011, p. 255).

Dessa forma, é certo que a aplicação da “Flexissegurança” pelo


Brasil não restará em mecanismo eficiente, servindo somente como
mais um meio de precarização das condições de trabalho, devendo ser
adotadas outras medidas para combater o desemprego tais como efeti-
vação dos Direitos Sociais.

O processo pelo qual passou a Dinamarca até que se


chegasse à flexicurity, proporcionou a criação de uma

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 281
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

infraestrutura sólida e um alto nível escolaridade de sua


população, ressaltando-se que a instalação desse mode-
lo se deu de forma acidental, e não como uma estratégia
de governo como se pretende hoje sua extensão para
outros países.
É por isso que, hoje, é difícil sustentar que no Brasil
a flexissegurança produziria frutos positivos, uma vez
que possui uma grande massa populacional subordina-
da a “poucos” empresários, o que causa uma temeri-
dade quanto flexibilização de direitos que grande par-
te desses trabalhadores sequer lhes tenham adquirido.
(SOUSA, 2011, p. 264).

Não será flexibilizando as normas trabalhistas que o desemprego e


a competitividade das empresas serão solucionados. A melhor solução
para o país seria conceder proteção aos trabalhadores através das medi-
das que qualifiquem a mão-de-obra, investindo mais na educação, nos
programas de qualificação profissional e efetivando de forma ampla os
Direitos Sociais.
Importante frisar ainda que embora se busque aliar flexibilidade
à empresa e segurança ao trabalhador, o instituto da “Flexisseguran-
ça” abandona aspectos importantes das necessidades dos trabalhadores,
dando relevo à renda e à garantia do emprego, mas abstendo-se da res-
ponsabilidade sobre a saúde do empregado, por exemplo.
O Direito do Trabalho só existe por conta da sua finalidade espe-
cífica de impor limites ao poder econômico e promover a justiça social.
Aceitar a “Flexissegurança” no país iria contra a própria essência do
Direito do Trabalho Brasileiro. Não se nega a necessidade de fomento
à economia e ao emprego, porém, não se pode esquecer da tutela do
trabalhador, principalmente em tempos de crise.

Conclusão

Após a crise de 70, o problema da competitividade entre as em-


presas e a questão do desemprego gera o aumento da discussão sobre
mecanismos que visem a solução destes problemas.

282 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

Atualmente, como forma de solução para a competitividade das


empresas e o desemprego, vem sendo discutida a possibilidade de
utilização do instituto da “Flexissegurança”, instituto que foi adotado
com amplo sucesso por países do norte Europeu, como Dinamarca,
Suécia e Holanda.
Os grandes benefícios que esse instituto levou à Dinamarca am-
pliaram o debate sobre sua aplicação. Com isso, diversos países ao re-
dor do mundo, inclusive o Brasil, enxergaram nele a solução para os
gravíssimos problemas do desemprego mundial e do aumento da com-
petitividade das empresas.
A “Flexissegurança”, como apresentado ao longo desta pesqui-
sa, visa conciliar a flexibilidade do mercado de trabalho e a segurança
dos trabalhadores contra o desemprego através de políticas de governo
compensatórias.
Diante desta idéia o que se busca é uma maior mobilidade do
emprego, facilitando as formas de contração e a dispensa sem ônus,
juntamente com uma compensação da classe trabalhadora através de
ótimos seguros-desemprego aliados a uma política de recolocação no
mercado de trabalho.
Durante este estudo, foi ressaltado que a realidade social, econô-
mica e política da Dinamarca, onde a “Flexissegurança” foi adotada
com êxito, é excepcional no mercado de trabalho mundial. Naquele
país, o Estado Social funciona de forma efetiva, com subsídios de de-
semprego até o trabalhador conseguir um novo trabalho, e uma política
de cooperação entre empregadores e trabalhadores.
Se na Dinamarca um novo modelo justrabalhista, com a aplicação
da “Flexissegurança” foi bem sucedido, portanto, isso se deve às sólidas
relações entre governo, empregados e empregadores, às políticas de valo-
rização do trabalhador, às fortes leis sociais e ao estável mercado interno.
Realidade bem diferente é a do Brasil.
No Brasil, além de ter muita corrupção no governo, o que por si só
já gera uma enorme insatisfação na população de pagar impostos (carga
tributária alta é a base da Flexissegurança), as políticas ativas são pouco
eficazes, não produzindo os resultados auferidos. Exemplo recente foi

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 283
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

a regulamentação da obrigatoriedade de se fazer curso de qualificação


como requisito para recebimento do seguro desemprego. A idéia foi
boa, porém o governo não promoveu curso para todos, o que gerou a
ineficácia da lei.
Fora a questão política, tem também a questão cultural, onde os
empregados não querem se qualificar para conseguir bons empregos.
Existe a teoria de que o Estado deve sempre “ajudar” e, subsídios cria-
dos para cuidar de desempregados, como o seguro desemprego, são
utilizados de forma errada pelos cidadãos, como forma de complemen-
tação de renda. Grande parte da população desvirtua a finalidade do
seguro desemprego, fraudando a sua utilização, o que acabará por gerar
a inviabilidade da manutenção do subsídio.
Sendo assim, fica fácil afirmar que um seguro desemprego conce-
dido por um longo tempo, como é feito na Dinamarca, seria visto como
um fim em si mesmo, e não funcionaria no direito pátrio, pois parte da
população continuaria desvirtuando a sua finalidade e utilizando desse
subsídio como fonte de sustento para viver.
Levando-se em consideração esse instituto da “Flexissegurança” e
seus objetivos, bem como os cenários dos países em que foi inserido,
contrapondo-se ao cenário do Brasil de pouca efetividade dos Direitos
Sociais, entende-se que a realidade cultural, social, política, econômica e
justrabalhista do país não é forte o suficiente para que o modelo funcione.
Tendo em vista que a realidade do Brasil é de aplicação frágil dos
direitos sociais, e inexistência de política de cooperação entre o go-
verno, empregado e empregadores, resta inquestionável o fracasso que
seria a utilização do instituto da “Flexissegurança” no Brasil.
Haveria um aumento na carga tributária sem qualquer retorno à se-
gurança do trabalhador. A aplicação desta idéia serviria apenas para di-
minuir os direitos trabalhistas vigentes, ou seja, para flexibilizar as leis
laborais pátrias, facilitando as formas de contratação e dispensa, sem
qualquer contrapartida efetiva de segurança para os desempregados.
Portanto, não há que se falar em adoção pelas leis brasileiras desse
instituto, que, segundo se compreendeu, contribuirá mais para a preca-
rização do trabalho do que para o estímulo ao emprego ou à economia.

284 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

Assim, para aplicação no Brasil, não há nada de novo na “Flexisse-


gurança”, a não ser a nomenclatura. Trata-se da reprise da eterna intenção
do capitalismo de fugir das obrigações determinadas pelo Direito Social.
O Brasil já possui mecanismos de flexibilização do trabalho, o que
corrobora a idéia da pesquisadora de que a crise econômica e o proble-
ma de competitividade das empresas nacionais não encontram solução
na aplicação da “Flexissegurança”. Pelo contrário, pode-se afirmar que
é justamente em tempos de crise que a tutela ao trabalhador precisa ser
melhor exercida, a fim de garantir-lhe direitos e justiça social.
De fato, o desemprego é um problema que requer soluções, mas
não se pode sobrepor a flexibilidade à segurança do trabalhador. Ade-
mais, é certo que o problema do desemprego não se combate com a
flexibilização das relações de trabalho, mas antes pela efetivação dos
Direitos Sociais.

Referências

ABRAHAMSON, Peter. O retorno das medidas de ativação na política de


bem-estar dinamarquesa: Emprego e Proteção Social na Dinamarca. SER So-
cial, Brasília, v.11, n. 25, p. 244-273, jul./dez. 2009. Disponível em: < http://
periodicos.unb.br/index.php/SER_Social/article/viewFile/400/246>. Acesso
em 30 de janeiro de 2015.
BETTENCOURT, Rui. Políticas para a Empregabilidade. Coimbra, 2014.
Disponível em:< http://books.google.com.br/books?id=9vc8AwAAQBAJ&pr
intsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false>. Acesso em 15 de ja-
neiro de 2015.
CANÇADO. Andréa Aparecida Lopes. O Contrato de Trabalho do Século
XXI e o Esquecido Princípio da Fraternidade. Disponível em: <http://www.
trt3.jus.br/escola/download/revista/rev_79/andrea_aparecida_lopes_cancado.
pdf>. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 34.
ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2009.

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 285
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

CASSAR, Vólia Bomfim. Princípios Trabalhistas, Novas Profissões, Glo-


balização da Economia e Flexibilização das Normas Trabalhistas. Nitéroi:
Impectus, 2010.
CHAHAD, José Paulo Zeetano. Flexibilidade e segurança no mercado de tra-
balho: a busca da melhoria da proteção social dos trabalhadores brasileiro.
In: WELLER, Jürgen (Ed.). O novo cenário laboral latino-americano: re-
gulação, proteção e políticas ativas nos mercados de trabalho. Santiago: CE-
PAL, 2009. p. 87- 110. Disponível em:< http://www.cepal.org/publicaciones/
xml/7/38197/O_novo_cenario_laboral_document.pdf>. Acesso em: 30 de ja-
neiro de 2015.
COMISSÃO EUROPÉIA. Os seus direitos de segurança social na Dinamar-
ca. 2012. Disponível em:< http://ec.europa.eu/employment_social/empl_por-
tal/SSRinEU/Your%20social%20security%20rights%20in%20Denmark_
pt.pdf>. Acesso em: 15 de janeiro de 2015.
COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS – Livro Verde – Mo-
dernizar o Direito do Trabalho para enfrentar os desafios do século XXI. Dis-
ponível em:
http://ec.europa.eu/employment_social/labour_law/answers/docu-
ments/4_39_pt.pdf. Acesso em: 15 de janeiro de 2015.
CONFEDERAÇÃO GERAL DOS TRABALHADORES PORTUGUE-
SES – Intersindical Nacional - CGTP-IN. Apreciação da CGTP-IN: Livro Ver-
de – Modernizar o direito do trabalho para enfrentar os desafios do século XXI.
Disponível em: http://ec.europa.eu/employment_social/labour_law/answers/
documents/4_39_pt.pdf. Acesso em: 15 de janeiro de 2015.
COMISSÃO PARA IGUALDADE NO TRABALHO E NO EMPREGO –
CITE. Código do Trabalho. Disponível em:< http://www.cite.gov.pt/pt/acite/
legislacaonacion02.html>. Acesso em: 15 de janeiro de 2015.
COSTA, Hermes Augusto. A flexigurança em Portugal: Desafios e dilemas da
sua aplicação. Revista Crítica de Ciências Sociais,86 | 2009. Disponível em: <
http://rccs.revues.org/249>. Acesso em: 17 de janeiro de 2015.
COSTA, Hermes Augusto. A flexigurança em Portugal: Desafios e dilemas da
sua aplicação. Revista Crítica de Ciências Sociais,86 | 2009. Disponível em: <
http://rccs.revues.org/249>. Acesso em: 17 de janeiro de 2015.

286 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

CORREA, Maria de Lourdes Galvão. Qualificação Profissional na Agência


do Trabalhador de Telêmaco Borba – PR Sob a Visão do Público Alvo.
2012. Curitiba. Disponível em: < http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bits-
tream/1/1812/1/CT_GPM_II_2012_76.pdf>. Acesso em: 30 de janeiro de 2015.
CORRÊA, V. Globalização e crise: o sistema capitalcrático ultrapassa o
limite da exploração do trabalho. Disponível em: www.scribd.com/.../Glo-
balizacao-e-Crise-o-sistema-capitalcratico-ultrapassa-o-limite-da-exploracao-
-do-trabalho. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.
DALLEGRAVE NETO, J. A. D. Flexissegurança nas relações de trabalho.
Que bicho é esse? Disponível em: http://www.calvo.pro.br/media/file/colabo-
radores/jose_affonso_dallegrave_neto/jose_dallegrave_neto_flexiseguranca2.
pdf. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.
_____________. Flexisegurança nas relações de trabalho. O novo debate
europeu. 2008. Disponível em:< http://www.calvo.pro.br/media/file/colabo-
radores/jose_affonso_dallegrave_neto/jose_dallegrave_neto_flexiseguranca.
pdf>. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.
DELGADO, Gabriela Neves. Direito Fundamental ao Trabalho Digno. São
Paulo: LTr, 2006.
DELGADO, Maurício Godinho Delgado. Curso de Direito do Trabalho. 10.
ed. São Paulo: LTr, 2011.
DELGADO, Maurício Godinho; PORTO, Lorena Vasconcelos (Org.). O Esta-
do do Bem-Estar Social no Século XXI. São Paulo: LTr, 2007.
DELGADO, M. G.; BORJA, C. P. P. (Org.). Direito do Trabalho: evolução,
crise, perspectivas. São Paulo: LTr, 2004.
DENMARK. DK. Site Oficial da Dinamarca. Disponível em:< http://denma-
rk.dk/pt/>. Acesso em: 17 de janeiro de 2015.
DINAMARCA NO BRASIL. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIO-
RES DA DINAMARCA. Dinamarca em geral. Disponível em:< http://brasi-
lien.um.dk/pt/sobre-a-dinamarca/dinamarca-em-geral/>. Acesso em: 17 de
janeiro de 2015.
GODOY, D. L. Flexisseguridade no Brasil: empresa flexível, trabalhador se-
guro. São Paulo: LTr, 2010.

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 287
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
Ana Flávia Paulinelli Rodrigues Nunes
Fernanda Natale Barroso

GOMES, O.; GOTTSCHALK, N. Curso de direito do trabalho. 16. ed. São


Paulo: Forense, 1978.
HENRIQUE, Virgínia Leite. O novo estatuto do trabalhador autônomo espa-
nhol: nova roupagem para a velha exploração. In: RENAULT, Luiz Otávio Li-
nhares et al (Coord.). Parassubordinação. São Paulo: LTr, 2011. pp. 201-212.
LAUER, Caio. Conheça o arbejdsglæde, conceito dinamarquês de felicida-
de no trabalho. 2014. Disponível em:< http://www.catho.com.br/carreira-su-
cesso/noticias/conheca-o-arbejdsglaede-conceito-dinamarques-de-felicidade-
-no-trabalho>. Acesso em: 17 de janeiro de 2015.
LEME, Cristiane. Dinamarca: dez primeiras lições. 2014. Disponível
em:< http://www.brasileiraspelomundo.com/dinamarca-dez-primeiras-lico-
es-55123521>. Acesso em: 15 de janeiro de 2015.
LEMOS, Luciane. Flexissegurança – Aspectos Gerais. Revista Trabalhista
Direito e Processo. ANAMATRA Associação Nacional dos Magistrados da
Justiça do Trabalho. LTr, 2010. ano 9, n. 33, pp. 144-164.
LIVRO Verde sobre a modernização do direito do trabalho. União Européia:
Sínteses de Legislação da EU. 2007. Disponível em: http://europa.eu/legis-
lation_summaries/employment_and_social_policy/eu2020/growth_and_jobs/
c10312_pt.htm. Acesso em: 15 de janeiro de 2015.
MAIOR, J. L. S.; SILVA, A. da (Coord.). Direitos humanos: essência do di-
reito do trabalho. São Paulo: LTR, 2007.
MAIOR, J. L. S. O direito do trabalho como instrumento de justiça social.
São Paulo, LTR, 2004.
Medida provisória endurece regras do seguro-desemprego. Disponível em <
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/12/31/medida-provisoria-
-endurece-regras-do-seguro-desemprego. acesso em 31/03/2015.
MONTESSO, C. J.; FREITAS, M. A. de.; STERN, M. DE F. C. B. (Coord.).
Direitos Sociais na Constituição de 1988: uma análise crítica vinte anos de-
pois. São Paulo: LTr, 2008.
NASCIMENTO. Ricardo. Flexisegurança ou flexibilizar a insegurança? 2ª.
Edição, n. 36, Disponível em: www.oadvogado.direitonline.com/artigo/artigo.
asp?id=36. Acesso em: 30 de janeiro de 2015.

288 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289
O Instituto da “Flexissegurança” e a análise da sua aplicabilidade no Brasil

PARLAMENTO EUROPEU. Política Social e do Mercado de Traba-


lho na Suécia. 1997. Disponível em: < file:///C:/Users/Usuario/Documents/
TCC/POL%C3%8DTICA%20SOCIAL%20E%20DO%20MERCADO%20
DE%20TRABALHO%20NA%20SU%C3%89CIA.htm#1>. Acesso em: 05
de fevereiro de 2015.
RENAULT, L. O. L.; CANTELLI, P. O.; PORTO, L. V.; NIGRI, F. (Coord.).
Parassubordinação. São Paulo: LTr, 2011.
SCHWARZ, R. G. A Política Européia de Emprego e a idéia de “Flexis-
segurança”: um novo paradigma para a “Modernização do Direito do
Trabalho”? Disponível em: < http://www.trt3.jus.br/escola/download/revista/
rev_78/rev_78.pdf> Acesso em: 13 de janeiro de 2015.
SILVA, Maria Ozanira da Silva e. Pobreza, desigualdade e políticas pú-
blicas: caracterizando e problematizando a realidade brasileira. Revis-
ta Katálysis. Florianópolis. v. 13 n. 2 p. 155-163 jul./dez. 2010. Dispo-
nível em:< https://periodicos.ufsc.br/index.php/katalysis/article/view/
S1414-49802010000200002/17325>. Acesso em: 05 de fevereiro de 2015.
SOUSA. Taysa Queiroz Mota de. Flexissegurança e sua Influência do
Brasil. Disponível em: http://www.amatra13.org.br/arquivos/revista/
REVISTA%20DA%20ESMAT%2013%20ANO%204%20N%204%20
OUT%202011%5BPARA%20IMPRESS%C3%83O%20COM%20302%20
PAGINAS%5D.pdf . Acesso em: 13 de janeiro de 2015.
TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Juiz Ativo e os Direitos Trabalhistas.
São Paulo: LTr, 2011.
UNIÃO GERAL DOS TRABALHADORES – UGT. Parecer da UGT sobre
o Livro Verde «Modernizar o Direito do Trabalho para enfrentar os desafios
do século XXI». Disponível em: http://www.ugt.pt/parecer_28_03_2007.pdf.
Acesso em: 05 de fevereiro de 2015.
XAVIER, Alexandre Vicentine; LÓPEZ, Rodrigo Táscon. A idéia da “flexisse-
gurança”. Uma possível solução para a modernização do direito do traba-
lho? Disponível em: http://ufpel.edu.br/enpos/2011/anais/pdf/SA/SA_00364.
pdf. Acesso em: 30 de janeiro de 2015.

Submetido em: 2-4-2015


Aceito em:18-5-2015

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 15(29): 269-289, jul.-dez. 2015 • ISSN Impresso: 1676-529-X 289
• ISSN Eletrônico: 2238-1228 • DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v15n29p269-289

Você também pode gostar