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Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

29/04/2021

Número: 7000926-33.2020.8.22.0013
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: Cerejeiras - 2ª Vara Genérica
Última distribuição : 01/06/2020
Valor da causa: R$ 14.417,32
Assuntos: Pagamento Indevido
Juízo 100% Digital? NÃO
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
GENILSA APARECIDA DA SILVA (AUTOR) FABIO FERREIRA DA SILVA JUNIOR (ADVOGADO)
ESTADO DE RONDÔNIA (REQUERIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
54700 01/12/2020 15:15 DECISÃO DECISÃO
350
ESTADO DE RONDÔNIA
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Turma Recursal / Turma Recursal - Gabinete 03

Processo: 7000926-33.2020.8.22.0013 - RECURSO INOMINADO CÍVEL (460)

Relator: EUMA MENDONCA TOURINHO

Data distribuição: 24/11/2020 09:33:07

Polo Ativo: ESTADO DE RONDÔNIA e outros

Polo Passivo: GENILSA APARECIDA DA SILVA e outros

Advogado do(a) PARTE RÉ: FABIO FERREIRA DA SILVA JUNIOR - RO6016-A

DECISÃO

RELATÓRIO

Trata-se de ação proposta em face do ESTADO DE RONDÔNIA requerendo a condenação deste em


horas extras.

Afirma que é professor(a) da rede estadual de ensino e que cumpria o intervalo (recreio) na própria
escola, ficando à disposição do empregador.

Requer a condenação do requerido ao pagamento das horas extras no período anterior à alteração
legislativa/regularização da carga horária.

Os pedidos foram julgados procedentes.

Assinado eletronicamente por: EUMA MENDONCA TOURINHO - 01/12/2020 15:15:06 Num. 54700350 - Pág. 1
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O Estado de Rondônia apresentou recurso inominado requerendo o provimento do recurso, julgado
totalmente improcedentes os pedidos contidos na inicial.

Contrarrazões pela manutenção do julgado.

DECIDO

Conheço do recurso interposto, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade.

Preliminar de ausência de interesse de agir

Inicialmente, não merece acolhida a prefacial de ausência de interesse de agir da parte autora, aqui
recorrido, uma vez que, consoante pacífico entendimento jurisprudencial, o interesse de agir subsiste
independente de prévio requerimento administrativo.

Cumpre anotar que isso se dá pela garantia constitucional de direito de ação e de acesso ao Poder
Judiciário, insculpido no art. 5º, XXXV, da CF, inexistindo obrigação do postulante de pleitear ou esgotar
a seara administrativa antes de ingressar na via judicial.

A propósito:

“Apelação cível Reparação de danos. Defeitos em veículo zero-quilômetro. Dano moral comprovado.
Quantum indenizatório mantido. Recurso não provido.

A legitimação do interesse de agir prescinde de prévio requerimento administrativo, tendo em vista a


norma inserta no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal que garante o acesso individual ao
Poder Judiciário.

Afasta-se, também, a preliminar de ausência de interesse processual, pois a demanda proposta pelo autor
lhe é útil e necessária para a plena obtenção do direito perseguido – cancelamento da restrição referente a
alienação fiduciária inserida pelo banco apelante após um ano da compra do veículo.

Demonstrado que não havia como o autor ter conhecimento da existência de restrições no veículo, já que
foi inserida após a compra, e inexistindo prova de que o autor deu o veículo como garantia de empréstimo
ou financiamento, deve ser mantida a condenação do réu na obrigação de dar baixa do gravame referente
ao veículo de propriedade do apelado. APELAÇÃO CÍVEL, Processo nº 7001015-58.2017.822.0014,
Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 1ª Câmara Cível, Relator(a) do Acórdão: Des. Sansão
Saldanha, Data de julgamento: 30/10/2020”.

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Mérito

A Lei complementar nº 887/2016, alterou a redação da Lei complementar nº 680/2012, passando a vigorar
o artigo 66, § 9º desta com a seguinte redação:

“§ 9º. Para efeito de jornada de trabalho o módulo aula equivalente a 48 min (quarenta e oito minutos),
abrangendo o intervalo dirigido, podendo sofrer alteração no período noturno, conforme
regulamentação da Secretaria de Estado da Educação – SEDUC..”

Desta forma, é indubitável que ocorreu mudança na carga horária dos professores da rede de ensino após
a edição da referida lei, uma vez que antes da alteração o § 9º do artigo 66 da Lei complementar nº
680/2012 tinha a seguinte redação:

“§ 9º. Para efeito de jornada de trabalho, um módulo aula é equivalente a uma hora (sessenta
minutos).”.

Assim, percebe-se que anteriormente a entrada em vigor da Lei complementar nº 887/2016, o servidor
público ficava à disposição do empregador no ambiente de trabalho, o que redunda no reconhecimento da
hora extra.

A Turma Recursal já possui entendimento:

Recurso Inominado. Administrativo. Servidor Público. Professor. Horas Extras. Intervalo. Cômputo na
Jornada de Trabalho. Recurso Improvido. Sentença Mantida. O tempo destinado ao intervalo entre aulas
(recreio), embora seja facultado ao professor que o utilize para outras atividades, bem como alimentação
e afins, é considerado tempo à disposição do empregador, ensejando seu reconhecimento como efetivo
serviço prestado. (RECURSO INOMINADO CÍVEL 7001104-90.2017.822.0011, Rel. Juiz José Augusto
Alves Martins, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia: Turma Recursal - Porto Velho, julgado em
10/10/2019.).

As horas extras deverão ser remuneradas com valor 50 % à hora normal de trabalho, nos termos do inciso
II, §2º, do Art. 67 da LC 680/2012.

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No caso do serviço público, em que a jornada legal é de 40 horas, o fator é de 200 horas, independente do
trabalho aos sábados ser feito ou não.

Por fim, o Superior Tribunal de Justiça já se posicionou:

“RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ADICIONAL. HORAS


EXTRAS. DIVISOR. 200 HORAS MENSAIS. ART. 19 DA LEI 8.112/90. JUROS MORATÓRIOS. AÇÃO
AJUIZADA APÓS A EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.180-35/2001. FIXAÇÃO NO PATAMAR
DE 6% AO ANO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO. 1. A falta de cumprimento do
disposto nos artigos 541, par. único, do CPC e 255, § 2º, do RISTJ, que determinam a realização do
cotejo analítico entre o acórdão recorrido e o paradigma trazido à colação, obsta o conhecimento do
recurso pela alínea c do permissivo constitucional. 2. Nos termos do art. 19 da Lei n.º 8.112/90, a
jornada máxima de trabalho dos servidores públicos federais corresponde a 40 (quarenta) horas
semanais. Nesse contexto, na esteira da jurisprudência consolidada desta Corte, o divisor adotado
no cálculo do adicional decorrente do serviço extraordinário é de 200 (duzentas) horas mensais. 3.
No caso em tela o número de horas trabalhadas pelos recorrentes ao longo do mês é inferior ao divisor
de 200 (duzentas) horas mensais, motivo pelo qual não fazem jus ao percebimento das horas extras
pleiteadas. 4. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça pacificou-se no sentido de que os juros
de mora nas causas ajuizadas posteriormente à edição da MP nº 2.180-35/2001, em que for devedora a
Fazenda Pública, devem ser fixados à taxa de de 6% ao ano. 5. Recurso especial improvido. (STJ - REsp:
1019492 RS 2007/0309201-8, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de
Julgamento: 03/02/2011, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/02/2011).”

Posto isso fica evidente que a sentença de primeiro grau deve ser mantida, estando em consonância com
os preceitos acima indicados.

Ante o exposto, REJEITO A PRELIMINAR e, no mérito, NEGO PROVIMENTO ao recurso


inominado, mantendo-se incólume a sentença combatida.

Sem custas. Condeno a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 15%
sobre o valor atualizado da condenação, nos termos do artigo 55 da Lei n. 9.099/95.

Oportunamente, remetam-se à origem.

Porto Velho, 1 de dezembro de 2020

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EUMA MENDONCA TOURINHO

RELATOR

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