Teoria do Agenciamento na Contabilidade: a contabilidade e o
processo de comunicação.
A temática abordada no artigo científico do autor Josué Brisola é a
Teoria do Agenciamento, a partir dos seus aspectos relevantes, como os relacionamentos e interações que ocorrem no ambiente empresarial. Para o autor o ambiente empresarial é um conjunto de indivíduos que agem por interesse próprios, mas notam que seu destino depende da sobrevivência e manutenção das equipes ao longo do tempo, na acirrada concorrência imposta pelo mercado. A fim de definir o que seria a Teoria do agenciamento, Josué utilizou como embasamento teórico a visão de alguns autores, no intuito de formar uma opinião fundamentada. Assim, na sua concepção o agenciamento enfatiza a relação proprietário-administrador, sendo uma teoria que abrange todos os relacionamentos presentes no ambiente empresarial ou fora dele, incluindo duas ou mais empresas envolvidas num relacionamento do tipo principal-agente, que estão em busca de objetivos comuns. A teoria coloca diante de uma situação genérica em que se atribui o prêmio ou resultado das ações conjuntas ao principal. O autor utiliza da perspectiva de autores como Hendriksen e Van Breda, os quais defendem que o principal detém de prerrogativas importantes como: avaliador de informação; além de exercer a opção de escolha do sistema de informação. Já o agente, é considerado o subordinado ao principal, com a função de solucionar os problemas a favor do principal, recebendo uma recompensa pecuniária. Outro artigo científico que também fala da teoria, a define a partir dos autores, Jensen e Smith (1985), os quais acrescentaram que a relação de agência é um contrato no qual o principal encarrega o agente de tomar decisões em seu benefício, envolvendo a delegação da autoridade ao agente. Segundo Jensen e Murphy (1990), a relação de agência mais comum na literatura é aquela que se estabelece entre o CEO (agente) e os acionistas (principal). Então, como percebemos a definição são bem parecida, apenas eles acrescentam quem seria o agente e o principal. O artigo de Josué encontra-se bem estruturado, pois o autor depois de definir o que seria o agenciamento, dividiu em capítulos o seu embasamento teórico a fim de tornar a pesquisa mais compreensível. Ele pontua a Teoria da Escolha como um fator que impactar diretamente na Teoria do Agenciamento, pois envolvem ações disponíveis aos indivíduos, os resultados e consequências das ações, e as funções de preferência ou utilidade. Em outro capítulo é explanado o papel da contabilidade no contexto do agenciamento, trazendo sua contribuição na regulação dos contratos e acordos estabelecidos e, ainda, como suporte às decisões que serão tomadas pelas partes envolvidas. Dessa forma, a contabilidade atende a dois momentos do agenciamento: o pré-decisório e o pós-decisório. Onde no pré-desisório ela fornece informações que agregam valor as decisões tomadas, como medir o grau de redução de incerteza nas decisões, seja na minimização de riscos e maximização de retorno em benefício das partes. No que se refere ao pós- decisório, a contabilidade serve como custódia, garantindo às partes interessadas a evidenciação do uso dos recursos para consecução dos objetivos propostos e o retorno esperado de acordo com os contratos vigentes. O artigo ainda relata a importância da informação contábil para a tomada de decisão, visto que seu uso depende de vários fatores, podendo ser intrínsecos e extrínsecos. Outro aspecto relevante do trabalho é a ética na teoria do agenciamento, pois por estudar os relacionamentos humanos, o que estar intrinsicamente ligado à ética, um enfoque baseado na ética, teria muito a contribuir para essa teoria. Principalmente, no que tange à minimização de conflitos, refletindo na maximização ou otimização dos resultados empresariais, resultando na qualidade de vida das pessoas e da humanidade. Várias ferramentas de contabilidade de gestão podem ser entendidas como sistemas de monitorização, avaliação e incentivos para mitigar o problema de agência. De entre as estratégias de monitorização internas das empresas para mitigar o problema de agência, Wickramasinghe e Alawattage (2007) destacaram os sistemas de avaliação de desempenho. Neely, Gregory e Platts (2005) definiram a avaliação de desempenho como o processo de quantificar a eficiência e eficácia da ação. A avaliação de desempenho aplica-se tanto a indivíduos como a organizações (Burke & Litwin, 1992) e é, geralmente, operacionalizada por indicadores de desempenho objetivos (Indjejikian & Nanda, 2002). Neely et al. (2005) definiram indicador de desempenho como o indicador de quantificação utilizado para mensurar a eficiência e/ou a eficácia de uma ação. Murphy (2001) referiu que os indicadores de desempenho surgiram da necessidade de criar incentivos e, ao mesmo tempo, estabelecer níveis de remuneração competitivos. Vale acrescentar a concepção de alguns autores, abordados em outro artigo cientifico que criticam alguns pontos da Teoria do Agenciamento. Nilakant e Rao (1994), citando Perrow (1986), referiram que a teoria da agência negligencia os abusos por parte do principal, desvaloriza temas como o domínio e a autoridade e exagera na prevalência do comportamento de interesse próprio, negligenciando outros tipos de comportamento. Segundo os autores, a teoria também falha em analisar como determinados aspetos, como a margem organizacional e as políticas de promoção, que têm em conta a duração dos contratos, podem reduzir o efeito da seleção adversa e do risco moral. No mesmo sentido, Broadbent et al. (1996) criticaram a desconsideração, pela teoria, da importância das relações de longo prazo e da confiança que podem induzir o agente a atuar, espontaneamente, no interesse do principal, em vez de responder a obrigações contratuais e a sistemas de incentivos. Cohen e Holder-Webb (2006) criticaram o pressuposto comportamental da racionalidade da teoria da agência, referindo que esse pressuposto se confunde com a maximização do interesse próprio. Os autores argumentaram que mesmo um indivíduo que procure maximizar o seu interesse tem muitas razões para decidir de forma diferente, sendo os indivíduos guiados, em parte, pelos interesses societários. Além disso, a teoria ignora que a prossecução do interesse próprio possa ser limitada pela ética e valores sociais do indivíduo. Todavia, podemos concluir que o autor Josué Brisola buscou todas as ferramentas possíveis que influenciam na Teoria do Agenciamento, além de conceitua-la de forma detalhada com a visão de diferentes autores e, levando como foco principal o papel da contabilidade dentro do agenciamento. Nesse sentido, a organização empresarial é o campo de atuação da teoria, a qual estuda e busca compreender as relações no ambiente de trabalho entre o principal e o agente sob diferentes aspectos e situações, no objetivo de otimizar decisões e maximizar resultados. Logo, a contabilidade é a peça fundamental para atingir o objetivo, pois apresenta a informação como instrumento ou recurso indispensável nas relações de agenciamento. Informações essas que atuam como minimizadores de conflitos nas relações, pois evidenciam e comunicam fatos relativos a fenômenos organizacionais de interesse de todos os envolvidos no âmbito empresarial. Ademais, podemos concluir que o agenciamento surge e se concretiza a partir de fatores que o influenciam, como vimos no decorrer do estudo. E a contabilidade passa a desempenhar um papel primordial nesse contexto, atuando como fator decisório a fim de que as empresas atinjam seus objetivos.
. Referências
AECA. Disponível em: 41b.pdf (aeca1.org). Acesso em: Julho de 2021.
Google Drive. Disponível em: TEORIA DA AGENCIA.pdf - Google Drive.