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Resumo
Os processos erosivos são uma forma de degradação dos solos, que afeta a população
em geral, envolvendo o empobrecimento dos solos e a produção de sedimentos,
responsáveis pelo assoreamento de corpos hídricos. Para identificar as áreas de risco
de erosão na bacia hidrográfica do córrego dos Pires foi realizado um estudo,
fundamentado na Equação Universal das Perdas de Solo. Analisando o mapa de
perdas de solo foi possível localizar as áreas de risco de erosão, que incluem áreas
rurais e urbanas. Pelo levantamento temos que mais de 30% da área total da bacia
apresenta risco alto e muito alto e em torno de 19%, risco moderado. Isto indica que
quase metade da área está sujeita a ocorrência de processos erosivos intensos. O estudo
possibilitou compreender que é fundamental a implantação de um plano de manejo
da área, que estabeleça diretrizes para o uso do solo e utilização de práticas
conservacionistas adequadas.
Palavras-chave: Erosão, Equação Universal das Perdas de Solo (EUPS), Idrisi,
Assoreamento.
1. Introdução
Nos últimos trinta anos, a acelerada urbanização e crescimento das
cidades desencadeadas pelo êxodo rural, ocasionou uma série de processos
que implicam em degradação ambiental. As cidades mais afetadas por este
fenômeno não dispunham de um sistema de planejamento que organizasse e
controlasse a entrada dessa nova população, que por motivos econômicos,
instalou-se na periferia das cidades (CANIL, 2001).
O desenvolvimento e o crescimento acelerado e desordenado das cidades
causam sérios danos ao meio ambiente, em curto prazo, produzindo enchentes,
queimadas e deslizamentos, e também em longo prazo promovendo o
agravamento do aquecimento global, mudanças nos regimes hidrológicos,
processos erosivos, entre outros.
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2. Materiais e Métodos
Para a realização deste trabalho foram utilizados:
t Imagem da Digital Globe; catalogo ID: 10100100083E6100
disponível no Google Earth (data: 01/06/2010) acesso em 12/06/
2010.
t Softwares: AutoCAD Map 2010; IDRISI SELVA; USLE-2D e Google
Earth.
t Cartas topográficas do IGC na escala 1:10.000 folhas SF-22-Z-B-
II-2-SE-E; SF-22-Z-B-II-2-SE-F; SF-22-Z-B-II-4-NE-A; e SF-22-Z-
B-II-4-NE-B.
A bacia hidrográfica do córrego dos Pires está localizada inteiramente
no município de Jaú-SP, entre as coordenadas 22º15’00” e 22°17’01” de latitude
Sul e 48°30’53” e 48°33’23” de longitude oeste. É uma sub-bacia da bacia do
rio Jaú que está inserida na UGRHI 13 TJ. A Figura 1 apresenta o mapa de
localização da bacia hidrográfica do córrego dos Pires.
2.1 Metodologia
As cartas topográficas do IGC 1:10.000 em formato digital (tiff) foram
inseridas no software AutoCAD-MAP2010 e georreferenciadas no sistema
de coordenadas Córrego Alegre da Zona 22 UTM hemisfério Sul,
possibilitando a vetorização das curvas de nível e a delimitação do divisor de
águas da bacia hidrográfica.
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Figura 1 Mapa de Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires. Fonte: Cartas
Topográficas IGC escala 1:10.000 folhas Jaú I e II, Imagem do Satélite CBERS
e Imagem do Google Earth de 12/06/2010.
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em que:
L = Comprimento de vertente
S = Declividade
2.5 Fator C ou Uso e Manejo do Solo
O fator C representa a relação entre as perdas de solo de um terreno
cultivado e um descoberto (Wischmeier e Smith, 1978), afetados por algumas
variáveis como: variação da cobertura vegetal, práticas de manejo e estágio
de crescimento da cobertura vegetal (Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
Para identificar os diferentes usos do solo existentes na bacia, foi utilizada
a técnica da fotointerpretação que consiste na análise de imagens de um objeto
para identificá-lo e deduzir o seu significado (ROSA 2007).
Tabela 2 Valores de Uso e Manejo dos Solos.
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separada por uma área permeável, como no caso das auto-estradas que
possuem canteiros centrais.
Os valores de C atribuídos para usos da bacia foram baseados em Gracia
(2001) apud. Veniziani (2004) e Pimenta (1998).
2.6 Fator P ou Práticas Conservacionistas
O fator relacionado as práticas conservacionistas representa à relação
entre a perda de solo esperada, com determinada prática conservacionista e a
quantidade de solo perdida quando o terreno possui alguma cultura plantada
no sentido do declive (Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
Para o cálculo dos valores deste parâmetro, foi adotada a metodologia
proposta por Bertoni e Lombardi Neto (1990) que entendem que a adoção do
terraceamento do solo é uma medida de proteção do solo, e pode ser
expressada pela seguinte equação:
P = 0,69947 - 0,08911*D + 0,01184*D² - 0,000335*D³ (3)
3. Resultados e Discussão
3.1 Erosividade das chuvas
Na Figura 2 observa-se que a região que apresenta maiores valores de
erosividade de chuvas é a borda leste da bacia (7400 (MJ/ha)/(mm/h)/ano),
sendo possível notar que este valor diminui aproximadamente 200 (MJ/ha)/
(mm/h)/ano nas áreas situadas na porção oeste. A região central da bacia
apresenta valores em torno de 7300 (MJ/ha)/(mm/h)/ano.
3.2 Erodibilidade dos solos
Os tipos de solo que apresentam menor erodibilidade estão localizados
na porção norte e nordeste da bacia, LVef e LVe, ocupando uma área de 922,42
ha correspondendo a 60,12 % da área total.
O tipo de solo NVef que apresenta erodibilidade de 0,0265 ocorrendo,
principalmente na região central e sudoeste da bacia correspondendo a 41,73
% da área da bacia ou 640,30 ha, representa a área que merece maior atenção
pois além de ocupar quase metade da bacia hidrográfica se constitui num
tipo de solo com o valor de erodibilidade um pouco superior aos demais.
67,63 % do tecido urbano contínuo se encontra nesta região.
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Figura 2 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Erosividade das Chuvas. Fonte: Dados
obtidos pelo software NET-EROSIVIDADE-SP, nas coordenadas UTM- zona
22-S (MC-51º W) interpolados no Software IDRISI TAIGA, utilizando a função
INTERPOL, com 1m de resolução espacial.
Figura 3 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Erodibilidade dos solos. Fonte: Classes
de solo identificadas por estudos da bacia e valores baseados em Gracia (2001).
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Figura 5 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Uso e Manejo do Solo. Fonte: Classes
definidas por fotointerpretação da imagem de satélite de Obtida no Google
Earth de 12/06/2010 associadas aos valores do fator C apresentados por Pimenta
e (1998). Gracia (2001) apud Veniziani (2004)
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Fonte: Tabela gerada pelo software IDRISI TAIGA pelo comando AREA
a partir do mapa de perdas de solo.
Figura 8 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Perdas de solo (risco de erosão). Fonte:
Processamento realizado no software IDRISI TAIGA. Dados reclassificados
segundo Veniziani (2004).
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4. Conclusões
O presente estudo permitiu verificar que quase 50% da área da bacia
hidrográfica do córrego dos Pires apresentam certo nível de risco a erosão
(perdas de solo), sendo que os fatores determinantes para a ocorrência destas
áreas estão ligados ao uso do solo, principalmente para as áreas com cultivo
de cana de açúcar e pastagens e também em relação à erodibilidade dos solos,
principalmente para as áreas com solo do tipo NVef.
A metodologia mostrou-se eficiente, possibilitando à identificação de
áreas de risco a erosão, inclusive em áreas urbanizadas, indicando que mesmo
áreas intensamente urbanizadas, podem apresentar alto risco ao desen-
volvimento de processos erosivos. As áreas de risco estão associadas às ravinas
identificadas na imagem de satélite, confirmando a existência de maior
propensão ao desenvolvimento de processos erosivos. Os sedimentos
produzidos são carreados para os corpos hídricos, sendo visível a ocorrência
de assoreamento dos corpos hídricos na bacia do córrego dos Pires,
principalmente no lago do Silvério.
As áreas que apresentam situações que demandam maior cuidado,
encontram-se na interface entre a área rural e a área urbana. Isto indica que é
necessária atenção especial a estas áreas, uma vez que, tratam-se na maior
parte dos casos de áreas de especulação imobiliária. Estas áreas estão
submetidas a alteração gradativa de seu papel agrícola, adquirindo cada vez
mais valor de mercadoria. Nesta situação o proprietário em geral não é um
agricultor, que valoriza a terra como meio para produção de alimentos e
portanto não preocupa-se com a manutenção de sua fertilidade. Estas áreas
em geral pertencem a especuladores que tem o interesse único, no
parcelamento do solo, promovendo a expansão da área urbana. Estes
especuladores apenas visualizam estes espaços como mercadoria, não
manifestando qualquer preocupação com as perdas de solo ocasionadas pelo
processo erosivo.
É evidente a necessidade da criação de um plano de manejo que indique
a as técnicas de conservação do solo apropriadas a serem adotadas. Também
é fundamental a regulamentação do uso do solo, principalmente nas áreas de
expansão urbana, pois estas demandam atenção especial por parte do poder
público.
5. Referências
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