Você está na página 1de 15

Identificação das Áreas de Risco de

Erosão na Bacia do Córrego dos Pires


Herbert Lincon Rodrigues Alves dos SANTOS¹
José Carlos Toledo VENIZIANI JUNIOR²

Resumo
Os processos erosivos são uma forma de degradação dos solos, que afeta a população
em geral, envolvendo o empobrecimento dos solos e a produção de sedimentos,
responsáveis pelo assoreamento de corpos hídricos. Para identificar as áreas de risco
de erosão na bacia hidrográfica do córrego dos Pires foi realizado um estudo,
fundamentado na Equação Universal das Perdas de Solo. Analisando o mapa de
perdas de solo foi possível localizar as áreas de risco de erosão, que incluem áreas
rurais e urbanas. Pelo levantamento temos que mais de 30% da área total da bacia
apresenta risco alto e muito alto e em torno de 19%, risco moderado. Isto indica que
quase metade da área está sujeita a ocorrência de processos erosivos intensos. O estudo
possibilitou compreender que é fundamental a implantação de um plano de manejo
da área, que estabeleça diretrizes para o uso do solo e utilização de práticas
conservacionistas adequadas.
Palavras-chave: Erosão, Equação Universal das Perdas de Solo (EUPS), Idrisi,
Assoreamento.

1. Introdução
Nos últimos trinta anos, a acelerada urbanização e crescimento das
cidades desencadeadas pelo êxodo rural, ocasionou uma série de processos
que implicam em degradação ambiental. As cidades mais afetadas por este
fenômeno não dispunham de um sistema de planejamento que organizasse e
controlasse a entrada dessa nova população, que por motivos econômicos,
instalou-se na periferia das cidades (CANIL, 2001).
O desenvolvimento e o crescimento acelerado e desordenado das cidades
causam sérios danos ao meio ambiente, em curto prazo, produzindo enchentes,
queimadas e deslizamentos, e também em longo prazo promovendo o
agravamento do aquecimento global, mudanças nos regimes hidrológicos,
processos erosivos, entre outros.

1. Faculdade de Tecnologia de Jahu –. herbert_lincon_jau@hotmail.com.


2. Faculdade de Tecnologia de Jahu – jose.veniziani@fatec.sp.gov.br.
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

As bacias hidrográficas se apresentam como unidades espaciais


ambientais bastante representativas para o estabelecimento do planejamento.
São delimitadas pelos pontos mais altos do terreno, conhecidos como divisores
de água, onde a água da chuva que precipita na área escoa pela superfície
criando rios e riachos, ou infiltra no solo, alimentando o lençol freático e
possibilitando o surgimento de nascentes (BARELLA, W et al., 2000).
A Bacia do Córrego dos Pires exibe uma diversidade de ocupação muito
alta, apresentando áreas rurais, áreas urbanizadas com diversos padrões de
ocupação residencial, áreas industriais e comerciais além de extensas áreas,
ainda não urbanizadas, que pouco representam em relação a produção
agrícola, configurando áreas de especulação imobiliária. As condições descritas
agregam à bacia, relativa importância em seu monitoramento, pois está sujeita
diversos tipos de ocupação, com diferentes graus de impermeabilização e
exposição dos solos as intempéries.
A erosão é um fenômeno geológico natural, no qual os agentes externos
modificam e transportam o material rochoso num processo lento, quase
invisível, e de forma permanente e a erosão acelerada é o processo intensificado
pela atuação humana. Com base em dados de Marques (1949), Bertoni e
Lombardi Neto (1990) afirmam que através da erosão laminar, se perdem,
aproximadamente 500 milhões de toneladas de terra anualmente só no Brasil,
oque corresponderia a uma camada espessa de 15 cm de solo perdida em
uma área de 280.000 hectares.
De acordo com Silva e Guerra (2001) o processo de erosão acelerada
brasileiro ocorre geralmente em áreas urbanizadas, principalmente em
metrópoles, onde a ocupação irregular e sem fiscalização das encostas, resulta
na facilitação e aceleração da produção de materiais que podem ser carregados
pelas chuvas e enxurradas até o leito dos corpos hídricos.
De acordo com os trabalhos de Tomás e Coutinho (1993), Pimenta (1998),
Prado; Nóbrega (2005), Silva (2004), é possível perceber uma crescente
tendência e necessidade de incluir as áreas urbanas nos mapeamentos de áreas
de risco, devido ao rápido crescimento das manchas urbanas.
Para um efetivo planejamento em relação aos riscos relacionados ao
desenvolvimento de processos erosivos acelerados ao qual estão sujeitas as
bacias hidrográficas, é necessário diagnosticar a real situação da bacia
hidrográfica, identificando áreas de risco.
O foco principal deste trabalho está centrado nos processos erosivos,
pois estes além de desestruturarem o solo, apresentam risco à população,
caso evoluam para uma voçoroca, comprometendo a estabilidade dos terrenos
afetando edificações residências, comerciais e industriais. Outro aspecto

–4–
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

fundamental que merece destaque é a produção de sedimentos que


transportados, principalmente pelas águas pluviais, podem promover o
assoreamento de corpos hídricos situados à jusante das áreas submetidas ao
processo erosivo acelerado.
Um dos métodos mais eficientes, empregado na identificação e
quantificação dos processos erosivos é a Equação Universal das Perdas de
Solo (EUPS) desenvolvida por Wischmeier e Smith (1978), que possibilita a
decomposição do processo erosivo em função de algumas variáveis atribuindo
pesos distintos a cada uma destas. A metodologia fundamentada na EUPS
apresenta-se bastante adequada à aplicação em softwares de geo-
processamento, facilitando os cálculos e diminuindo o tempo necessário para
conclusão do processo de investigação.
Este trabalho visa identificar e quantificar as áreas de risco à erosão
acelerada na bacia do Córrego dos Pires, por meio da aplicação da EUPS
utilizando o geoprocessamento e gerando um mapa de risco de erosão, que
sirva de subsidio para o planejamento do uso e ocupação do solo na bacia.

2. Materiais e Métodos
Para a realização deste trabalho foram utilizados:
t Imagem da Digital Globe; catalogo ID: 10100100083E6100
disponível no Google Earth (data: 01/06/2010) acesso em 12/06/
2010.
t Softwares: AutoCAD Map 2010; IDRISI SELVA; USLE-2D e Google
Earth.
t Cartas topográficas do IGC na escala 1:10.000 folhas SF-22-Z-B-
II-2-SE-E; SF-22-Z-B-II-2-SE-F; SF-22-Z-B-II-4-NE-A; e SF-22-Z-
B-II-4-NE-B.
A bacia hidrográfica do córrego dos Pires está localizada inteiramente
no município de Jaú-SP, entre as coordenadas 22º15’00” e 22°17’01” de latitude
Sul e 48°30’53” e 48°33’23” de longitude oeste. É uma sub-bacia da bacia do
rio Jaú que está inserida na UGRHI 13 TJ. A Figura 1 apresenta o mapa de
localização da bacia hidrográfica do córrego dos Pires.
2.1 Metodologia
As cartas topográficas do IGC 1:10.000 em formato digital (tiff) foram
inseridas no software AutoCAD-MAP2010 e georreferenciadas no sistema
de coordenadas Córrego Alegre da Zona 22 UTM hemisfério Sul,
possibilitando a vetorização das curvas de nível e a delimitação do divisor de
águas da bacia hidrográfica.

–5–
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

A imagem de satélite foi obtida a partir do software Google Earth, em


seguida inserida no software AutoCAD 2010 e georreferenciada, para ser
utilizada como base para a fotointerpretação, o que permitiu a identificação
dos diferentes usos do solo, tanto em áreas rurais com urbanas.

Figura 1 Mapa de Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires. Fonte: Cartas
Topográficas IGC escala 1:10.000 folhas Jaú I e II, Imagem do Satélite CBERS
e Imagem do Google Earth de 12/06/2010.

A metodologiati utilizada para o cálculo das perdas de solo foi


fundamentada na Equação Universal das Perdas de Solo (EUPS), proposta
por Wischmeier e Smith (1978), descrita pela fórmula:
E = R. K. LS. C. P (1)
em que:
E = perda anual de solo do solo (ton/ha/ano);
R = erosividade das chuvas (MJ/ha)/(mm/h)/ano;
K = erodibilidade dos solos que variam de 0,03 a 0,79 (ton/MJ/ha)/(mm/h);
LS = comprimento e declividade de vertente (adimensional);
C = uso e manejo do solo que varia de 0,001 a 1,0 (adimensional);
P = prática conservacionista que varia de 0,3 a 1,0 (adimensional).

–6–
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

Esta metodologia busca a determinação da perda de solo (E) de uma


determinada região adotando-se uma unidade de área, de modo que esta
perda é calculada de acordo com a relação entre fatores erosividade da chuva
(R), erodibilidade do solo (K), comprimento e declividade de rampa (LS), uso
e manejo do solo (C) e práticas conservacionistas (P). A equação permite
estimar as perdas de solo e identificar as áreas de risco a erosão. A fórmula
da EUPS foi introduzida no software IDRISI TAIGA, utilizando-se a função
IMAGE CALCULATOR.
2.2 Fator R ou Erosividade da Chuva
O fator R representa um índice numérico que expressa a capacidade da
chuva em desagregar partículas do solo desprotegidas (ROCHE et al., 2001).
Para obtenção dos dados de erosividade das chuvas foi utilizado o
software NET-EROSIVIDADE-SP (MOREIRA et al., 2005). O arquivo de texto
com coordenadas UTM- zona 22-S (MC-51º W) incluindo os valores obtidos
da erosividade foram importados no Software IDRISI TAIGA, utilizando-se
o interpolador Inverso ponderado da distância para gerar uma grade regular
com valores de erosividade em células de 1m de resolução espacial.
2.3 Fator K ou Erodibilidade do Solo
As propriedades inerentes ao solo, que acabam definindo se um solo
será ou não mais facilmente erodido, é referida como erodibilidade do solo
(Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
Foram identificados três tipos de solos na área de estudo: Latossolo
vermelho eutrófico (LVe), Latossolo vermelho eutroférrico (LVef) e Nitossolo
vermelho eutroférrico (NVef).
Os valores referentes à erosividade dos solos identificados foram
baseados no trabalho de Gracia (2001).
Tabela 1 Valores de Erodibilidade de Solos.

Solo Valor de K (ton/MJ/ha)/(mm/h)


LVe 0,0175
LVef 0,0098
NVef 0,0265
Fonte: Gracia (2001).

2.4 Fator LS ou Comprimento e Declividade de Rampa


Como pode ser observado nos trabalhos de Weill e Sparovek (2008),
Pinheiro e Cunha (2008), Silva (2003), Campos e Cardoso (2004), os fatores L

–7–
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

e S da EUPS, são utilizados juntos, pois comprimento de rampa e declividade


estão diretamente relacionados à topografia (PRADO, J. P.; NÓBREGA M.T.,
2005).
O modelo digital de terreno foi obtido no software IDRISI TAIGA. O
modelo com resolução espacial de 10m, serviu como base para mapa gerar o
mapa de fator L com o auxílio do software USLE-2D, e a declividade por
meio do processamento no IDRISI TAIGA.
Por meio da função IMAGE CALCULATOR do IDRISI TAIGA, foi gerado
o mapa do fator LS utilizando a fórmula de Bertoni e Lombardi Neto (1990):
LS = 0,00984*L0,63*S1,18 (2)

em que:
L = Comprimento de vertente
S = Declividade
2.5 Fator C ou Uso e Manejo do Solo
O fator C representa a relação entre as perdas de solo de um terreno
cultivado e um descoberto (Wischmeier e Smith, 1978), afetados por algumas
variáveis como: variação da cobertura vegetal, práticas de manejo e estágio
de crescimento da cobertura vegetal (Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
Para identificar os diferentes usos do solo existentes na bacia, foi utilizada
a técnica da fotointerpretação que consiste na análise de imagens de um objeto
para identificá-lo e deduzir o seu significado (ROSA 2007).
Tabela 2 Valores de Uso e Manejo dos Solos.

Uso e manejo Valor de C


Lago 0,0000
Pastagem 0,0075
Cana-de-açúcar 0,0904
Florestas 0,0004
Tecido urbano contínuo 0,0050
Tecido urbano descontínuo 0,0100
Fonte: Gracia (2001) apud. Veniziani (2004), Pimenta (1998).

Com base no trabalho de Pimenta (1998), a porção que representa a área


urbana foi dividida em dois grupos: área urbana contínua, que possui
superfície impermeabilizada de 90% ou mais, e área urbana descontínua, esta
possui superfície impermeabilizada menor que 60%, ou é interompida ou

–8–
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

separada por uma área permeável, como no caso das auto-estradas que
possuem canteiros centrais.
Os valores de C atribuídos para usos da bacia foram baseados em Gracia
(2001) apud. Veniziani (2004) e Pimenta (1998).
2.6 Fator P ou Práticas Conservacionistas
O fator relacionado as práticas conservacionistas representa à relação
entre a perda de solo esperada, com determinada prática conservacionista e a
quantidade de solo perdida quando o terreno possui alguma cultura plantada
no sentido do declive (Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
Para o cálculo dos valores deste parâmetro, foi adotada a metodologia
proposta por Bertoni e Lombardi Neto (1990) que entendem que a adoção do
terraceamento do solo é uma medida de proteção do solo, e pode ser
expressada pela seguinte equação:
P = 0,69947 - 0,08911*D + 0,01184*D² - 0,000335*D³ (3)

em que D é a declividade do terreno.

3. Resultados e Discussão
3.1 Erosividade das chuvas
Na Figura 2 observa-se que a região que apresenta maiores valores de
erosividade de chuvas é a borda leste da bacia (7400 (MJ/ha)/(mm/h)/ano),
sendo possível notar que este valor diminui aproximadamente 200 (MJ/ha)/
(mm/h)/ano nas áreas situadas na porção oeste. A região central da bacia
apresenta valores em torno de 7300 (MJ/ha)/(mm/h)/ano.
3.2 Erodibilidade dos solos
Os tipos de solo que apresentam menor erodibilidade estão localizados
na porção norte e nordeste da bacia, LVef e LVe, ocupando uma área de 922,42
ha correspondendo a 60,12 % da área total.
O tipo de solo NVef que apresenta erodibilidade de 0,0265 ocorrendo,
principalmente na região central e sudoeste da bacia correspondendo a 41,73
% da área da bacia ou 640,30 ha, representa a área que merece maior atenção
pois além de ocupar quase metade da bacia hidrográfica se constitui num
tipo de solo com o valor de erodibilidade um pouco superior aos demais.
67,63 % do tecido urbano contínuo se encontra nesta região.

–9–
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

Figura 2 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Erosividade das Chuvas. Fonte: Dados
obtidos pelo software NET-EROSIVIDADE-SP, nas coordenadas UTM- zona
22-S (MC-51º W) interpolados no Software IDRISI TAIGA, utilizando a função
INTERPOL, com 1m de resolução espacial.

Figura 3 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Erodibilidade dos solos. Fonte: Classes
de solo identificadas por estudos da bacia e valores baseados em Gracia (2001).

– 10 –
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

3.3 Comprimento e declividade de vertente


Analisando a Figura 4, é possível observar que as áreas com valores do
fator LS mais acentuados encontram-se na porção central da bacia hidrográfica,
alcançando valores superiores a 100, enquanto que as bordas apresentam
valores menores que 50. Na área central o fator declividade é determinante,
pois tratam-se das áreas que apresentam maiores valores de declividade na
bacia enquanto que nas área próximas ao divisor o fator comprimento de
rampa curto associado a declividades menores é o fator determinate dos baixos
valores do fator LS.
Algumas áreas situadas nas vertentes do médio curso do córrego dos
Pires apresentam também valores consideráveis para o fator LS, porém não
se tratam de áreas com altas declividades constituindo áreas de influencia do
elevado comprimento das vertentes.

Figura 4 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Comprimento e Declividade de Vertente.


Fonte: Dados de comprimento de rampa obtidos no software USLE-2D utilizando
o modelo digital de terreno obtido no software IDRISI TAIGA.

3.4 Uso e manejo do solo


Observando a Figura 5 nota-se que o cultivo de cana-de-açúcar se
concentra na porção norte e nordeste da bacia, ocorrendo pastagens região
central da bacia. O tecido urbano contínuo e descontínuo ocupa a porção
centro-sul, sul e sudoeste.

– 11 –
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

A Tabela 3 apresenta os valores da área de cada uma das classes de uso


do solo que ocorrem na bacia hidrográfica do Córrego dos Pires. É possível
notar que cerca de um quarto da bacia é ocupado por pastagens e o outro
quarto, pelo cultivo de cana-de-açúcar, atividades que apresentam os maiores
valores de Fator C, mais de um quarto dela esta ocupada por Tecido urbano
contínuo, que somado com a porção descontínua, representam que 42,88 %
da bacia encontram-se urbanizados.
Por meio da análise da imagem de satélite foi possível observar a
ocorrência de três ravinas, provocadas pela erosão (figura 6), encontradas na
região próxima a nascente situada mais ao sul. A localização das ravinas pode
ser observada na Figura 6.
Tabela 3 Valores de área, porcentagem e índice do Fator C dos tipos de uso e ocupação do
solo.

Tipo de Uso e Manejo Área (ha) % Fator C


Pastagem 408,92 26,69 0,0075
Cana-de-açucar 402,10 26,28 0,0904
Florestas 62,72 4,15 0,0004
Tecido urbano contínuo 536,19 35,01 0,0050
Tecido urbano descontínuo 120,14 7,87 0,0100
Fonte: Tabela gerada pelo software IDRISI TAIGA pelo comando AREA a partir do
mapa de uso e ocupação do solo.

Figura 5 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Uso e Manejo do Solo. Fonte: Classes
definidas por fotointerpretação da imagem de satélite de Obtida no Google
Earth de 12/06/2010 associadas aos valores do fator C apresentados por Pimenta
e (1998). Gracia (2001) apud Veniziani (2004)

– 12 –
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

Figura 6 Ravinas provocadas pela erosão, localizadas na bacia hidrográfica do córrego


dos Pires. Fonte: Imagens obtidas do Goolge Earth de 12/06/2010. Acesso em
05/10/2012. A localização das ravinas pode ser observada na figura 5.

3.5 Práticas conservacionistas


A maior parte da área da bacia apresenta valores relacionados ao fator P
em torno de 0,5. Na região centro-nordeste estão localizadas as nascentes da
bacia que se situam em vales encaixados com vertentes mais curtas, porém
mais inclinadas e apresentam valores mais elevados (acima de 0,75). Na região
centro-sudeste também ocorrem áreas com valores acima de 0,75, porém trata-
se de áreas relativamente reduzidas e bem delimitadas.

Figura 7 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Práticas Conservacionistas. Fonte:


Processamento realizado no software IDRISI TAIGA com base nas Cartas
topográficas do IGC.

– 13 –
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

3.6 Perdas de solo ou risco de erosão


Através da aplicação da EUPS foi possível identificar propensão a perdas
de solo para as diferentes áreas da bacia hidrográfica do córrego dos Pires,
que resultou no mapa apresentado na Figura 8. Analisando o mapa é possível
perceber que as áreas com valores de perda de solo alto e muito alto ocorrem
principalmente na região centro-norte e centro nordeste da bacia, este fato é
influenciado principalmente pelo cultivo da cana-de açúcar. Na região central
e sudoeste ocorrem algumas áreas com valores muito altos e áreas
consideráveis com valores moderado e alto relacionadas principalmente ao
tipo de solo NVef e as declividades mais acentuadas.
Tabela 4 Valores de área e porcentagem das classes de perdas de solo.

Risco à erosão Área (ha) %


Muito Baixo 515,774 33,62
Baixo 264,6894 17,25
Médio 292,4178 19,06
Alto 253,8928 16,55
Muito Alto 207,4771 13,52

Fonte: Tabela gerada pelo software IDRISI TAIGA pelo comando AREA
a partir do mapa de perdas de solo.

Figura 8 Bacia Hidrográfica do Córrego dos Pires: Perdas de solo (risco de erosão). Fonte:
Processamento realizado no software IDRISI TAIGA. Dados reclassificados
segundo Veniziani (2004).

– 14 –
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

Constatou-se que 49,13 % da bacia hidrográfica apresentam valor


moderado alto ou muito alto, o que demonstra que quase a metade da área
necessita atenção redobrada em relação ao planejamento do uso e ocupação.
A figura 6 apresenta um conjunto de ravinas decorrentes da atuação de
processos erosivos acelerados, formadas principalmente pela gestão
inadequada da drenagem urbana que concentra e direciona fluxos de água
originados de eventos pluviométricos intensos. Esta situação gera grandes
quantidades de sedimentos que carreados são carreados para os corpos
hídricos e depositados promovendo seu assoreamento (Figura 9)
3.7 Assoreamento dos corpos hídricos
Um dos reflexos mais importantes das perdas de solo na bacia do córrego
dos Pires é o assoreamento que ocorre principalmente na represa situada no
a juzante do médio curso do córrego dos Pires (Lago do Silvério), sendo
possível identificar sua localização no mapa da figura 7.
O lago do Silvério encontra-se submetido a um intenso processo de
assoreamento, decorrente principalmente de dos processos erosivos situados
a montante.

Figura 9 Assoreamento do lago do Silvério situado na bacia hidrográfica do córrego dos


Pires. Fonte: Os autores - fotografia obtida em 06/11/2012.

– 15 –
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

4. Conclusões
O presente estudo permitiu verificar que quase 50% da área da bacia
hidrográfica do córrego dos Pires apresentam certo nível de risco a erosão
(perdas de solo), sendo que os fatores determinantes para a ocorrência destas
áreas estão ligados ao uso do solo, principalmente para as áreas com cultivo
de cana de açúcar e pastagens e também em relação à erodibilidade dos solos,
principalmente para as áreas com solo do tipo NVef.
A metodologia mostrou-se eficiente, possibilitando à identificação de
áreas de risco a erosão, inclusive em áreas urbanizadas, indicando que mesmo
áreas intensamente urbanizadas, podem apresentar alto risco ao desen-
volvimento de processos erosivos. As áreas de risco estão associadas às ravinas
identificadas na imagem de satélite, confirmando a existência de maior
propensão ao desenvolvimento de processos erosivos. Os sedimentos
produzidos são carreados para os corpos hídricos, sendo visível a ocorrência
de assoreamento dos corpos hídricos na bacia do córrego dos Pires,
principalmente no lago do Silvério.
As áreas que apresentam situações que demandam maior cuidado,
encontram-se na interface entre a área rural e a área urbana. Isto indica que é
necessária atenção especial a estas áreas, uma vez que, tratam-se na maior
parte dos casos de áreas de especulação imobiliária. Estas áreas estão
submetidas a alteração gradativa de seu papel agrícola, adquirindo cada vez
mais valor de mercadoria. Nesta situação o proprietário em geral não é um
agricultor, que valoriza a terra como meio para produção de alimentos e
portanto não preocupa-se com a manutenção de sua fertilidade. Estas áreas
em geral pertencem a especuladores que tem o interesse único, no
parcelamento do solo, promovendo a expansão da área urbana. Estes
especuladores apenas visualizam estes espaços como mercadoria, não
manifestando qualquer preocupação com as perdas de solo ocasionadas pelo
processo erosivo.
É evidente a necessidade da criação de um plano de manejo que indique
a as técnicas de conservação do solo apropriadas a serem adotadas. Também
é fundamental a regulamentação do uso do solo, principalmente nas áreas de
expansão urbana, pois estas demandam atenção especial por parte do poder
público.

5. Referências
BARRELLA, W. et al. As relações entre as matas ciliares os rios e os peixes. In: RODRIGUES,
R.R.; LEITÃO FILHO; H.F. (Ed.) Matas ciliares: conservação e recuperação. 2.ed. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2001.

– 16 –
Anais - 5o Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC - Jahu

BERTONI, J. ; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 3.ed. São Paulo: Ícone Editora,
1990. 393 p.
CAMPOS, S. P.; CARDOSO, L. G. Cálculo do Fator LS da Equação Universal de Perdas de
Solo. Pesquisas em Conservação e Recuperação Ambiental no Oeste Paulista. São Paulo,
Instituto Florestal - Secretaria do Meio Ambiente, pag. 121-132, 2004.
CANIL, K. Metodologia para elaboração da carta de risco de erosão do município de Franca,
SP. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE CONTROLE DE EROSÃO, 7., 2001, Goiânia. Anais CD-
ROM.
GRACIA, M. E. P. S. Planejamento Agro-Ambiental da Microbacia do Córrego Soturninha,
Arealva – SP. Dissertação de mestrado, Instituto Agronômico,, Campinas, 80 f, 2001.
MANNIGEL, A. R. et al. Fator erodibilidade e tolerância de perda dos solos do Estado de São
Paulo. Acta Scientiarum, Maringá, v. 24, n. 5, p. 1335-1340, 2002.
MOREIRA, M. C., CECÍLIO, R. A., PINTO, F. A. C., PRUSKI, F. F. Programa computacional
para estimativa da erosividade da chuva no Estado de São Paulo utilizando redes neurais
artificiais. In: XXXIV Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 2005. Anais. Canoas,
Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 2005. CD ROM.
PIMENTA, M. T. Directrizes para a aplicação da equação universal de perda dos solos em
SIG, INAG/DSRH, Lisboa , 1998.
PINHEIRO, L. S.; CUNHA, C. M. L. Utilização do Fator Topográfico (LS) da Eups Para Predição
de Processos Erosivos. Rio Claro, 1° SIMPGEO/SP, pg. 1182-1192, 2008
PRADO, J.P., NÓBREGA, M.T., Determinação de perdas de solo na bacia hidrográfica do
córrego Ipiranga em Cidade Gaúcha, Estado do Paraná, com aplicação da Equação Universal
de Perdas de Solo (EUPS). Maringá, v. 27, n. 1, 2005.
ROQUE, C. G.; CARVALHO, M. P.; PRADO, R. M. Fator erosividade da chuva de Piraju (SP):
Distribuição, probabilidade de ocorrência, período de retorno e correlação com o coeficiente
de chuva. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 25, p. 147-156, 2001.
ROSA, R. Introdução ao sensoriamento remoto. 6ª. ed. Uberlândia: Edufu, 2007. 248p.
SILVA, J.E.B.; GUERRA, A.J.T. Análise das propriedades dos solos das sub-bacias do rio Tindiba
e do córrego do Catonho, Rio de Janeiro, com fins à identificação de áreas com predisposição
à erosão. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE CONTROLE DE EROSÃO, 7., 2001, Goiânia. Anais
CD-ROM.
SILVA, V. C. Cálculo Automático do Fator Topográfico (LS) da EUPS, na Bacia do Rio Paracatu.
Goiânia. Pesquisa Agropecuária Tropical, 33/1, pg. 29-34, 2003.
SILVA, V. C. Estimativa da Erosão Atual da Bacia do Rio Paracatu (MG / GO / DF). Goiânia.
Pesquisa Agropecuária Tropical, 34/3, pg.147-159, 2004.
TOMÁS, P. R.; COUTINHO, M. A. Erosão Hídrica dos Solos em Pequenas Bacias
Hidrográficas. Aplicação da Equação Universal de Degradação dos Solos. Mato Grosso.
CEHIDRO, nº 7, 1993.
VENIZIANI JUNIOR, J. C. T. Utilização de Índices de Vegetação para Estimativa da Proteção
do Solo pela Cobertura Vegetal: uma contribuição para o uso da Equação Universal das
Perdas de Solo. 121 f. Dissertação (Mestrado) - Unesp, Rio Claro - SP, 2004.
WEILL, M. A. M.; SPAROVEK, G. Estudo da Erosão na Microbacia do Ceveiro (Piracicaba,
Sp). I - Estimativa das Taxas de Perda de Solo e Estudo de Sensibilidade dos Fatores do Modelo
Eups. Revista Brasileira de Ciência do Solo, nº 32, p. 801-814, 2008.
WISCHMEIER, W.H.; SMITH, D.D. Predicting rainfall erosion losses: a guide to conservation
planning. Washington: USDA, 1978. 58p. (Agriculture Handbook, 537).

– 17 –

Você também pode gostar