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Juízo: 10º Juizado Especial Cível - Porto Alegre

Processo: 9000771-80.2020.8.21.3001
Tipo de Ação: Responsabilidade do Fornecedor :: Indenização por Dano Material
Autor: DIOGO BORGES COSTA
Réu: QUALITY VIDROS
Local e Data: Porto Alegre, 25 de junho de 2021

PROPOSTA DE SENTENÇA
Vistos os autos.

Dispensado o relatório, nos termos do que dispõe o art. 38 da Lei 9.099/95.

Relata DIOGO BORGES COSTA que contratou serviços da ré para instalações de vidros e
pergolados em 2018, para execução em junho de 2019, e, pagou, adiantado, 50% do valor
contratado. Embora tendo conhecimento de todo o projeto e detalhes da obra, a ré levou
meses para iniciar os serviços de instalações, impactando o andamento da obra. O material
solicitado foi entregue de forma negligente (sem o menor zelo); a instalação foi realizada às
pressas, totalmente torta e fora do prumo. A ré prometeu fazer todos os ajustes, mas isso
não ocorreu (o que causou muito estresse), causando atrasos nos prazos da obra.

Aduz que, em reunião para resolução do problema, a parte ré admitiu que não houve a
previsão de material suficiente para executar os serviços em alumínio, ocasião em que o
autor aceitou a conclusão em ferro (diverso do contratado), em razão do excessivo atraso
dos prazos da obra.

Além disso, a ré informou que não efetuaria mais o serviço de instalação do pergolado do
terraço e devolveria o valor correspondente ou disponibilizaria o crédito (o que foi aceito pelo
autor para estimular a conclusão da instalação).

O serviço não foi realizado como convencionado na reunião. Posteriormente, a ré instalou


vidros na claraboia diferentes dos contratados (sem autorização do autor), tortos e forma do
prumo. Em momento posterior, a obra foi totalmente abandonada pela ré e os valores de
restituição não foram pagos.

Enumerou os serviços contratados não realizados:

1. Pergolado com tampa do 1º pavimento;


2. Pergolado com tampa do 2º pavimento;
3. Box do banheiro de serviço;
4. Box do banheiro de solteiro;
5. Box do banheiro de casal;
6. Guarda corpo da sacada de casal;
7. Vidro de centro da fachada; e
8. Banheira fixa da porta dos fundos.

Postulou condenação da ré ao pagamento da multa contratual (20% pela rescisão


unilateral); danos materiais no valor de R$ 34.911,33; e, danos morais no valor de R$

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10.000,00. Totalizando R$ 54.384,20, do qual o autor abre mão do excedente, a fim de se
adequar ao procedimento do JEC.

A requerida QUALITY VIDROS, contestou, fls. 168-187, alegando, em síntese,


complexidade em razão da necessidade de perícia técnica; que foi dada toda atenção ao
autor ao longo do processo, sempre tentando adaptar, flexibilizar e achar alternativas ao
problema que cliente vinha enfrentando na construção de sua casa; houve imprevistos
comum às obras, pois nem todo o planejado no papel acaba viável a sua execução;
totalidade do valor recebido de entrada (R$ 23.682,17) refere-se aos vidros que foram
instalados; inexistência de multa contatual a favor do autor, inexistência de dano moral.

A parte demanda fez pedido contraposto requerendo a cobrança dos valores em aberto no
montante de R$ 23.682,17, bem como multa contratual de R$ 4.736,43.

Passo a fundamentar:

A controvérsia reside na falha ou não nos serviços prestados pela ré, necessitando
averiguar quem deu causa ao não cumprimento das cláusulas contratuais e aos danos
alegadamente suportados pelas partes (pedido e contra pedido).

O autor, a fim de comprovar sua tese, anexou aos autos o contrato de compra e venda e
prestação de serviços formalizado com a ré (fls. 23-27); conversas pelo WhatsApp dando
ciência à ré de todo o projeto (fls. 37-46); conversas onde o autor solicita conserto dos
serviços mal feitos e instalação de itens pendentes.(47-48); reclamações no RECLAME
AQUI (fl. 50) e PROCON (fl. 52); e-mails do autor relatando o descumprimento contratual
(fls. 54-55); fotos da obra (fls. 57-62); demonstração de pagamentos efetuados á parte
demandada (fl. 65-66 e 74); pagamento de outras despesas pela parte autora (recibos de
fls. 69-72); cálculo descritivo dos valores postulados pelo autor (fl. 76).
A requerida anexou e-mail trocados entre as partes (fl. 189-199) e orçamentos de fls. 203-
232.
Além disso, o autor prestou depoimento pessoal (fl. 243) e houve a oitiva de um informante
(fl. 243) que pouco contribuiu para a solução dos pontos controvertidos.

Contudo, entendo, após análise da prova produzida, que há prova complexa a ser realizada
no presente feito que depende de perícia, tanto no que diz respeito ao aos defeitos alegados
nas instalações dos produtos como para averiguar a existência de impacto na obra e itens
alegadamente não realizados pela ré. Impossível dimensionar os prejuízos alegadamente
suportados pelas partes, sem uma análise técnica da obra. As fotos e documentos juntados
aos autos não permitem dimensionar a existência e extensão dos danos alegadamente
sofridos por ambas as partes.

Portanto, a prova produzida não permite verificar a responsabilidade pelo descumprimento


contratual. Inobstante a juntada de fotos, trata-se de uma obra grande (pelas fotos de fls.57-
62) e com detalhes que necessitariam de um parecer técnico para se verificar se a
ocorrência das falhas podem ser atribuídas à ré ou decorreu de projetos e/ou prazos para
execução da obra.

Assim, tenho por indispensável a realização de perícia técnica para que seja averiguado a
existência de falhas, o cronograma, o projetos frente aos ajustes formalizados pelas partes,
bem como o padrão do material utilizado. Razão pela qual opino pela extinção do feito sem

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resolução do mérito, a fim de possibilitar que as partes possam discutir a causa com base
em procedimento que permita uma profunda dilação probatória.

ISSO POSTO, em face da complexidade que norteia a matéria sub judice, entendo não
seja possível a análise dos pedidos no Juizado Especial Cível, motivos pelo qual
OPINO pela extinção sem resolução do mérito, com base no artigo 51, inciso II, da Lei
9.099/95.

Sem custas e honorários advocatícios, de acordo com o previsto nos artigos 54 e 55, da Lei
9.099/95.

Remetam-se as autos ao Juiz de Direito para homologação do presente parecer.

Após homologação, diligências legais.

Porto Alegre, 25 de junho de 2021

Silvia Regina dos Santos Martini - Juiz Leigo

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Autor: DIOGO BORGES COSTA
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Local e Data: Porto Alegre, 25 de junho de 2021

SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA
Nos termos do art. 40 da Lei nº 9.099/95, homologo a proposta de decisão, para que
produza efeitos como sentença.

Sem custas e honorários, na forma da Lei.

As partes consideram-se intimadas a partir da publicação da decisão, caso tenha ocorrido


no prazo assinado; do contrário, a intimação terá de ser formal.

Porto Alegre, 25 de junho de 2021

Dr. Pio Giovani Dresch - Juiz de Direito

Rua Coronel Aparício Borges, 2025, 2º andar - Partenon - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - 90680-
570 - (51) 3259-3440

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RIO -G R
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
CA AN
LI

PODER JUDICIÁRIO
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B

EN
RE

SE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DOCUMENTO ASSINADO POR DATA


Pio Giovani Dresch 25/06/2021 15h40min

Este é um documento eletrônico assinado digitalmente conforme Lei Federal


nº 11.419/2006 de 19/12/2006, art. 1º, parágrafo 2º, inciso III.

Para conferência do conteúdo deste documento, acesse, na internet, o


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