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AVALIAÇÃO Nº 01

Curso: DIREITO Aluno: José Ferreira Silva - Matrícula: 202004431

Disciplina: Ética Profissional Semestre/ano: 02/2021

Período: 10° noturno A Bimestre: 1º


Professor(a): Morgana Calza Data de entrega: 25/08/2021

Livro:
O QUE É ÉTICA

Capítulo: COMPORTAMENTO MORAL:


O BEM E O MAL

Inicialmente, o autor coloca que, segundo Kierkegaard, a forma grega de buscar o belo e
bom se resumiria, no fundo, à busca da beleza, do prazer, de tudo o que era agradável. Esse
pensamento colocaria a ética grega apenas como uma estética. Tal fato, de certa forma,
demonstraria um pouco a dificuldade de inserir esse pensamento frente ao cristianismo, onde a
morte na cruz não era bela, e onde o Sermão da Montanha não era racional.
Nessa linha, a ética medieval poderia ser definida como um comportamento religioso, e
não estritamente ético, pois o comportamento era orientado pelos mandamentos divinos, pela
autoridade religiosa e continha, neste sentido, uma certa exterioridade em relação à consciência
moral dos indivíduos.
Apesar disso, os filósofos e teólogos de então davam uma importância fundamental à
consciência moral, entendida como aquela voz interior que nos diz que devemos fazer, em todas as
ocasiões, o bem e evitar o mal. Mas, surgem questões como a existência de vários códigos de éticas
em contextos e situações diferentes, já existentes na Idade Média.
Em decorrência dos pensamentos renascentistas e a Idade Moderna, surgem novos estudos
de moral, tanto sobre os aspectos individuais quanto sobre os sociais e estatais, surgindo grandes
obras de Maquiavel, Rousseau, Spinoza e Kant. Assim, a ética passa a desenvolver principalmente
a preocupação com a autonomia moral do indivíduo, o qual procura agir de acordo com a sua razão
natural, em detrimento do pensamento medieval baseado na autoridade do “divino”.
Nesse momento surge o "direito natural", com um viés revolucionário em relação ao
"direito divino dos reis". Rousseau (1712-1778), traz o ideal de uma vida melhor graças ao retorno
às condições naturais, anteriores à civilização; Kant busca descobrir em cada uma natureza
fundamentalmente igual, porém natureza livre.
Desse modo, agir da acordo com a nossa natureza, apresenta diferentes pensamentos: para
os gregos, isto significava uma certa harmonia passiva com o cosmos; para o medieval, significava
uma obediência pessoal ao Criador da natureza; para Rousseau significava um agir de forma mais
primitiva; mas, para Kant, a natureza humana é uma natureza racional, o que equivale a dizer que a
natureza nos fez livres, mas com isso não nos disse o que fazer, concretamente.
Nesse sentido, sendo o homem um ser natural, destinado pela natureza à liberdade, ele
deve desenvolver esta liberdade através da mediação de sua capacidade racional. Mas se a natureza
nos quer livres e não nos diz como devemos agir, então precisamos consultar a nossa consciência
individual.
Hegel completou o pensamento moderno, numa crítica à posição de Kant, considerando-a
demasiado abstrata, no sentido que seu igualitarismo postulado não considerava as tradições e os
valores, o modo de ver de cada povo, ignorando instituições históricas concretas e não chegava a
uma ética de valor histórico.
O pensamento de Hegel faz uma ligação entre a ética à história e à política, na medida em
que o agir ético do homem precisa concretizar-se dentro de uma determinada sociedade política e
de um momento histórico variável, dentro dos quais a liberdade se daria uma existência concreta,
organizando-se num Estado.
Cabe também trazer Marx, que relaciona todo comportamento humano à economia, e
acentuando as relações econômicas que sempre interferem sobre o agir ético, abriu novas
perspectivas.
No século XX modifica-se novamente a análise sobre o comportamento ético. O foco se
volta principalmente para a questão do discurso, com dois viés diferentes: a) por influência do
pensamento de esquerda, as reflexões éticas passaram a analisar os discursos com vistas a uma
crítica da ideologia, b) noutra vertente, filósofos de inspiração anglosaxônica passaram a ocupar-se
principalmente com uma crítica da linguagem, dentro da qual se desenvolve também a crítica ou
análise da linguagem ética.
Verifica-se no texto que por mais que variem os enfoques filosóficos ou mesmo as
condições históricas, algumas noções, ainda que bastante abstratas, permanecem firmes e
consistentes na ética. A distinção entre o bem e o mal é uma delas. Nesse contexto, agir eticamente
é agir de acordo com o bem, mesmo que exista um problema intrínseco, que é a maneira como se
definirá o que seja este bem, mas esse segundo problema fica em segundo plano. Dessa forma, a
opção entre o bem e o mal parece continuar válida.
Um dos pseudônimos de Kierkegaard, definido exatamente corno "o Ético", afirmava, por
isso: "meu dilema não significa, em primeiro lugar, que se escolha entre o bem e o mal; ele designa
a escolha pela qual se exclui ou se escolhe o bem e o mal". Neste sentido, poderíamos continuar,
dizendo que
Das análises de Kierkegaard pode-se dizer que uma pessoa ética é aquela que age sempre
a partir da alternativa bem ou mal, isto é, aquela que resolveu pautar seu comportamento por uma
tal opção, uma tal disjunção. Os atos humanos são particulares, e assim, enquanto ciência prática, a
moral deve atender e descer ao particular. Assim, o julgamento concreto de cada ação exige
exatamente todos os pressupostos éticos, focando menos a questão da busca da felicidade e menos
sobre a relação entre o agir ético e a perfeição do homem enquanto homem.
Fundamentalmente, a ética é uma ciência prática, que trata, portanto, de uma questão
prática, da ação, e não apenas do discurso. No século XX existe mais consciência de que os
homens não são espectadores, e sim atores. Mas ainda fica a questão em saber se, mesmo
consciente dessa realidade, os homens de hoje ainda se sentem em condições de agir
individualmente, agir moralmente.
Essa questão levantada decorre da massificação, da indústria cultural, da ditadura dos
meios de comunicação que carecem de uma análise mais focada, para sabermos até que ponto o
homem de hoje ainda pode escolher entre o bem e o mal.

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