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e Apoio Matricial
DE EDUCAÇÃO
PERMANENTE
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA
UNIDADE
Apoio matricial
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Agora que vocês já conhecem conceitos importantes sobre clínica ampliada, família e as ferra-
mentas de abordagem familiar, vamos imergir nos pressupostos do apoio matricial para uma
adequada gestão do cuidado em saúde.
Um dos grandes desafios para se realizar a gestão do cuidado em saúde sempre foi a supe-
ração dos modelos hierárquicos piramidais e a extrema especialização, com fragmentação
do trabalho.
• Atenções Terciárias
e Quaternárias
• Maior densidade de
tecnologias duras
• Atenção Primária
• Menor densidade
de tecnologias duras
Além desse arranjo vertical de relação, há uma profunda fragmentação das unidades produti-
vas de saúde, com uma crescente especialização. Em um ambulatório hospitalar, por exemplo,
encontraremos o coordenador médico, o de enfermagem, o da nutrição, o administrador que
cuidará da equipe de limpeza e insumos, o chefe da segurança etc. Geralmente a relação entre
os membros está balizada por instrumentos burocráticos, como protocolos, mapas, fichas
de encaminhamento, referência e contrarreferência, com transferência de responsabilidade
sobre o paciente, como em uma linha de produção.
Se pensarmos em uma secretaria de saúde, não será muito diferente. As diretorias e depar-
tamentos obedecem à mesma lógica piramidal, com relações verticais e baixa ou inexistente
Clínica ampliada e apoio matricial
Apoio matricial 3
comunicação horizontal. Assim, temos a diretoria de vigilância, diretoria de Atenção Básica, dire-
toria de atenção hospitalar, o gabinete do secretário, o conselho municipal ou estadual de saúde.
A estratégia das equipes de referência e Apoio Matricial tem por objetivo original superar
essa fragmentação na perspectiva da construção de RAS, cuidadoras e corresponsáveis e
cogestoras do cuidado realizado à população.
Segundo esses autores, a equipe de referência seria uma equipe multiprofissional respon-
sável pela condução de problemas de saúde dentro de certo campo de conhecimento e que
busca atingir objetivos comuns, sendo responsável pela realização de um conjunto de tarefas,
ainda que operando com diversos modos de intervenção. Poderia ser a equipe responsável
pela enfermaria de oncologia de um hospital ou a Equipe de Saúde da Família responsável
pela população de um território adscrito. Independentemente de qual seja, ela estará mais
próxima dos problemas de saúde, da população acompanhada e do desenrolar dos projetos
de intervenção, ou terapêuticos, em desenvolvimento.
Para tanto, deverá trabalhar com instrumentos operacionais que auxiliem na definição da res-
ponsabilidade sanitária que ela possua e ampliem a construção de vínculo como, por exem-
plo, a adscrição de clientela à equipe de referência, por meio de registro e um cadastro de
casos sob sua responsabilidade, para avaliar risco, vulnerabilidade e identificação de casos
que mereceriam a elaboração de um Projeto Terapêutico Singular, ou mesmo alteração da
avaliação diagnóstica ou dos procedimentos de cuidado (CAMPOS; DOMITTI, 2007).
Veja que nessa proposta não existe mais espaço para pensamentos
do tipo “o usuário não é mais ‘meu’, ele é agora do CAPS”. O usuário
é acompanhado pela RAS, e a Estratégia de Saúde da Família é a sua
equipe de referência. Assim, deverá acompanhá-lo durante todo
itinerário terapêutico.
É importante ressaltar que ele não elimina a hierarquia nem responsabilidades, mas propõe
novas formas de interação entre os membros de uma Equipe de Saúde, de uma rede de
atenção ou da própria gestão. O termo foi retirado da proposta do apoiador institucional do
Apoio Paideia, em que este sujeito atua tanto na gestão do trabalho em equipe quanto na
clínica, na saúde pública ou nos processos pedagógicos. Dessa forma, a relação entre sujei-
tos com saberes, valores e papéis distintos pode ocorrer de maneira dialógica.
Agora que você compreende a noção macro de Apoio Matricial, vamos estudar um pouco o
Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF, enquanto Apoio Matricial.
O que é o NASF?
O Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF foi criado em 2008 pela Portaria nº 154, de 24
de janeiro, e atualmente é regulado pelas Portarias nº 2.488, de 2012, da Política Nacional de
Atenção Básica – PNAB, segundo a qual:
Inicialmente foram criadas duas modalidades de NASF (tipo I e tipo II), que foram redefini-
das pela Portaria nº 3.124, de dezembro de 2012, a qual também criou a modalidade tipo III.
O quadro a seguir apresenta esses três tipos:
A proposta do NASF aponta o conceito de Apoio Matricial como orientador de sua prática.
O NASF apresenta, enquanto objetivo,
Por fazer parte da Atenção Básica, o NASF é orientado pelos mesmos princípios, contudo, ele
não é um serviço com um espaço físico independente. Seu local de atuação é nas unidades
de saúde da família e em seus territórios, tendo como público-alvo as equipes de referência
apoiadas (ESF, EAB para populações específicas – consultórios na Rua, equipes ribeirinhas e
fluviais) e diretamente os usuários do Sistema Único de Saúde. Para tanto, é importante criar
mecanismos de identificação e escuta das demandas das equipes e para diálogo sobre suas
práticas e sobre o cuidado realizado diretamente aos usuários (BRASIL, 2014).
• discussões de casos;
• educação permanente;
• intervenções no território e outros espaços da comunidade para além das unidades de saúde;
• visitas domiciliares;
• ações intersetoriais;
Estas atividades comporão a agenda da equipe NASF e podem ser organizadas em:
• reunião de matriciamento;
Mais do que ações diferentes, são posturas diferentes de relação entre os trabalhadores da
saúde. No quadro a seguir, exemplifica-se a diferença entre o modelo tradicional de encami-
nhamento e a proposta do Apoio Matricial.
É interessante entender que as coisas não mudam do dia para a noite, então realizar
um conjunto de reuniões entre equipes de referência e Apoio Matricial é fundamental.
Um importante espaço na construção da relação entre equipes de referência e Apoio
Matricial são as reuniões matriciais. Estas são configuradas por:
Reunião
com as ESF
Vencida essa etapa, é fundamental a pactuação das ações a serem desenvolvidas, associadas
às metas de qualidade da atenção e produção de indicadores que mensurem a efetividade
das ações. Avaliar não é uma atividade fácil, e monitorar é um dos principais desafios para as
políticas de saúde, contudo, por meio do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da
Atenção Básica – PMAQ, todos os profissionais, inclusive o NASF, possuem instrumentos pró-
prios e compartilhados para avaliarem e proporem ações que visam a qualidade da atenção.
Para tanto, são necessárias algumas medidas que garantam a efetividade da ação de avalia-
ção e monitoramento:
• Meios de divulgação e apresentação periódicos das informações registradas pelas equipes, tais
como: relatórios, boletins, informativos, reuniões comunitárias, conselho de saúde, entre outros.
Agora que já sabemos o papel do NASF no Apoio Matricial, vamos refletir sobre o Centro de
Atenção Psicossocial – CAPS.
Nessa abordagem, o território de origem das pessoas, não só o geográfico mas também
o afetivo, tem grande importância. A saúde mental, com o Decreto nº 7.508/11, passou a
ser uma das RAS prioritárias para o SUS, o que provoca a discussão em como a rede pode
trabalhar essa temática. Não é incomum encontrar profissionais de atenção primária que
possuem resistência, receio, insegurança ou outros adjetivos frequentemente utilizados,
quando se deparam com casos de saúde mental.
A realidade das equipes de Atenção Básica demonstra que, cotidianamente, elas se deparam
com problemas de saúde mental. Por sua proximidade com famílias e comunidades, as
equipes da Atenção Básica são um recurso estratégico para o enfrentamento de agravos
vinculados ao uso abusivo de álcool, drogas e diversas formas de sofrimento psíquico.
Existe um componente de sofrimento subjetivo associado a toda e qualquer doença,
Clínica ampliada e apoio matricial
Apoio matricial 13
às vezes atuando como entrave à adesão a práticas preventivas ou de vida mais saudáveis.
Poderíamos dizer que todo problema de saúde é também – e sempre – mental, e que toda
saúde mental é também – e sempre – produção de saúde (BRASIL, 2003).
As ações de saúde mental na Atenção Básica devem obedecer ao modelo de redes de cuida-
do, de base territorial e atuação transversal com outras políticas específicas e que busquem
o estabelecimento de vínculos e acolhimento. Essas ações devem estar fundamentadas nos
princípios do SUS e nos princípios da Reforma Psiquiátrica. Podemos sintetizar como princí-
pios fundamentais dessa articulação entre saúde mental e Atenção Básica:
• noção de território;
• intersetorialidade;
• reabilitação psicossocial;
• multiprofissionalidade/interdisciplinaridade;
• desinstitucionalização;
As ações de saúde mental na Atenção Básica devem obedecer ao modelo de redes de cuida-
do, de base territorial e atuação transversal com outras políticas específicas e que busquem
o estabelecimento de vínculos e acolhimento.
Afinal, você sabe o que é CAPS? Existe algum de referência para a sua equipe?
Objetivos Responsabilidades
Muitos profissionais não têm conhecimento sobre o papel de um CAPS na atenção primária, de
que forma ele pode atuar em uma perspectiva de Apoio Matricial. Como vimos anteriormente,
na dimensão clínico-assistencial ou técnico-pedagógica, ele visa fornecer-lhes: orientação
e supervisão; atendimento conjunto em situações mais complexas; realização de visitas
domiciliares acompanhadas das equipes da Atenção Básica; atendimento a casos complexos
por solicitação da Atenção Básica; participação da construção e acompanhamento de PTS.
De acordo com a política de saúde mental, os itens descritos são considerados dispositivos
estratégicos para a organização da rede de atenção em saúde mental. Para tanto, devem
estar territorializados de forma estratégica, circunscritos no espaço de convívio social (famí-
lia, escola, trabalho, igreja etc.) daqueles usuários que os frequentam. Se olharmos pelo
prisma da clínica ampliada, veremos que a proposta é olhar para além da doença, na vida,
resgatar as potencialidades dos recursos comunitários, pois estes fazem parte dos cuidados
em saúde mental.
b. Discutir casos identificados pelas equipes da Atenção Básica que necessitem de uma
ampliação da clínica em relação às questões subjetivas.
e. Fomentar ações que visem à difusão de uma cultura de assistência não manicomial, dimi-
nuindo o preconceito e a segregação com a loucura.
g. Priorizar abordagens coletivas e de grupos como estratégias para atenção em saúde men-
tal, que podem ser desenvolvidas nas Unidades de Saúde, bem como na comunidade.
E como e quando realizar essas atividades? Lembremos que estamos diante de uma pro-
posta de Apoio Matricial e não de encaminhamento tradicional. Você já pensou em reuniões
matriciais envolvendo os atores do território (ESF, NASF, CAPS)?