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APELAÇÃO CÍVEL Nº 616.

153-5 DA 20ª VARA


CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA
REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

APELANTE 1: ANA ZULMIRA E. DINIZ BADIN

APELANTE 2: ATHENA – CIRURGIA PLÁSTICA


E MICROCIRURGIA LTDA

APELANTE 3: ZELINDA DA ROCHA SILVA

APELADOS: OS MESMOS

RELATOR: VITOR ROBERTO SILVA

(Des. Arquelau Araujo Ribas)

CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO


MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA. REAÇÃO
ALÉRGICA. IMPREVISIBILIDADE. OBRIGAÇÃO
DE MEIO. AUSÊNCIA DE CULPA DO
PROFISSIONAL LIBERAL. PROVA IDÔNEA.
DEVER DE INFORMAÇÃO. CAUSA DE PEDIR.
RECONVENÇÃO. IMPUTAÇÃO FALSA. NÃO
CARACTERIZAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. VERBA
HONORÁRIA. HONORÁRIOS PERICIAIS.
RESSARCIMENTO. APELO DA AUTORA
DESPROVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DAS
APELAÇÕES DAS REQUERIDAS.

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Malgrado se trate de responsabilidade civil medica


em decorrência de realização de cirurgia plástica,
está demonstrado nos autos, por prova idônea, que a
cicatriz resultante do procedimento adveio de reação
alérgica da paciente, fato imprevisível e que, em
conseqüência, não se insere na denominada
obrigação de resultado.

Não incluído na causa de pedir, não é possível levar


em conta eventual descumprimento do dever de
informação para a solução da lide.

O teor dúbio da alegação da autora a respeito da


lipoaspiração impede o acolhimento da demanda
reconvencional, cujos honorários advocatícios não
comportam redução.

Face ao longo trâmite da demanda e à necessidade


de instrução, impõe-se a majoração dos honorários
advocatícios de sucumbência da ação principal, mas
em extensão inferior àquela sugerida pelas rés.

Tendo a autora sucumbido integralmente, deve arcar


sozinha com o custo da prova pericial.

VISTOS, relatados e discutidos, estes autos de


Apelação Cível nº 616.153-5 da 20ª Vara Cível do Foro Central da

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Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que figura como


apelante 1 ANA ZULMIRA E. DINIZ BANDIN, apelante 2 ATHENA –
CURURGIA PLÁSTICA E MICROCIRURGIA LTDA e apelante 3 ZELINDA
DA ROCHA SILVA.

Zelinda da Rocha Silva ajuizou ação indenizatória


em face de Ana Zulmira E. Diniz Badin e de Athena – Cirurgia Plástica e
Microcirurgia Ltda S/C, sob o fundamento de que, tendo se submetido à
cirurgia plástica e outros procedimentos no estabelecimento da segunda ré,
sob a responsabilidade da primeira, lhe adveio grave dano estético em sua
face e orelhas, além dos réus não terem realizado a “lipoaspiração de
Abdome Total”, conforme previsto contratualmente. Em razão desses fatos,
postulou a indenização por danos morais e materiais.

As requeridas contestaram, sendo que a ré Ana


Zulmira reconviu, pedindo indenização por danos morais em face da
inverdade a respeito da não realização da lipoaspiração, bem como
reparação de danos materiais, consistente na cláusula penal contratualmente
prevista, haja vista o descumprimento do contrato face o abandono do
tratamento pela autora.

No mais, o feito teve regular tramitação, com a


produção de prova oral e pericial, culminando com sentença de
improcedência do pedido inicial, assim como da pretensão formulada na
reconvenção (fls. 630/644).

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Inconformadas, todas as partes apelaram.

A ré Ana Zulmira E. Diniz Badin pretende a reforma


da sentença no tocante à reconvenção, particularmente no que respeita aos
danos morais, aduzindo, para tanto, que a causa de pedir não se apóia
apenas no descumprimento do tratamento pós-operatório, mas também na
imputação falsa de descumprimento parcial do ajuste, ou seja, a não
realização da lipoaspiração de abdômen, o que também impõe a condenação
da requerente como litigante de má-fé. Pediu, ainda, a majoração dos
honorários advocatícios fixados para a lide principal, a condenação da autora
a lhe ressarcir o valor dos honorários periciais, assim como, se mantida a
improcedência da reconvenção, a minoração da verba honorária arbitrada
nessa lide. (fls. 649/660)

Já a segunda apelante (clínica) pretende, tão-


somente, a majoração dos honorários advocatícios fixados em favor de seu
patrono. (fls. 664/667)

Por fim, a autora postula a reforma da sentença para


o fim de ser acolhida a sua pretensão. Alegou, em resumo, que: a) a
obrigação das requeridas era de resultado, o qual não foi obtido; b) por mais
que seja compreensível a possibilidade de reações diversas do corpo
humano, estas, diante dos avanços da medicina, são previsíveis; c) a prova
pericial é tendenciosa, fruto do corporativismo da classe médica, sendo
inconclusiva e incoerente, pois apenas sugeriu a presença de um quadro
alérgico, possibilidade que deveria ter sido alertada pelas rés; d) é de se
indagar por que não surgiu esse quadro por ocasião do segundo

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procedimento; e) mesmo que se admita a alergia, não cumpriram os


requeridos seu dever de informação e tampouco realizaram os necessários
exames prévios. (fls. 669/673)

É o relatório.

Não há óbice ao conhecimento de todos os recursos.

Por questão de técnica, será analisado em primeiro


lugar o apelo da autora.

Cumpre salientar, desde logo, que a alegação de


descumprimento contratual a respeito da lipoaspiração de abdome está
definitivamente resolvida. Com efeito, foi rejeitada na sentença e não integra
os fundamentos do apelo da requerente.

No mais, a ação está fundada em suposto erro


médico, imputando-se às rés responsabilidade pela inadequada cicatrização
da autora após submeter-se à cirurgia plástica, mais precisamente pelo
surgimento de cicatriz hipertrófica na sua face.

Nos termos do artigo 14, § 4º, do Código de Defesa


do Consumidor, é subjetiva a responsabilidade dos profissionais liberais,
verbis:

“§ 4º A responsabilidade pessoal dos


profissionais liberais será apurada mediante a

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verificação de culpa”.

Por sua vez, tem-se entendido que a


responsabilidade do cirurgião plástico, nas cirurgias denominadas estéticas, é
de resultado e não de meio. Sem embargo, em alguns casos ou para
determinadas circunstâncias, esta obrigação é de meio, tais como na cirurgia
reparadora ou, ainda, no tocante à resposta orgânica do paciente ao ato
cirúrgico, até porque este sempre se constitui numa agressão à integridade
corporal.

Sobre o tema, confira-se a seguinte lição doutrinária:

“Ruy Rosado Aguiar Jr. (Responsabilidade, cit., p.


40), depois de reconhecer que, no Brasil, a
maioria da doutrina e da jurisprudência defende a
tese de que se trata de uma obrigação de
resultado, quando o paciente é saudável e
apenas pretende melhorar a sua aparência,
manifesta a sua opinião em sentido de que o
'acerto está, no entanto, com os que atribuem ao
cirurgião estético uma obrigação de meios.
Embora se diga que os cirurgiões plásticos
prometam corrigir, sem o que ninguém se
submeteria, sendo são, a uma intervenção
cirúrgica, pelo que assumiriam eles a obrigação
de alcançar o resultado prometido, a verdade é

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que a álea está presente em toda intervenção


cirúrgica, e imprevisíveis as reações de cada
organismo à agressão do ato cirúrgico. Pode
acontecer que algum cirurgião plástico, ou
muitos deles assegurem a obtenção de um certo
resultado, mas isso não define a natureza da
obrigação, não altera a sua categoria jurídica,
que continua sendo sempre a obrigação de
prestar um serviço que traz consigo o risco.”1

De fato, o processo de cicatrização varia conforme a


reação de cada organismo, não sendo possível ao médico prever o seu
resultado com exatidão, daí porque, diversamente do sustentado pela autora,
não constatada a culpa do profissional no procedimento cirúrgico (por
exemplo, realização de incisão de forma anormal e desproporcional), não é
possível imputar-lhe responsabilidade por formação de cicatriz de aspecto
indesejável ao paciente, donde não bastar que os danos tenham resultado do
procedimento e tampouco ser possível a aplicação simplista do entendimento
de que se trata de obrigação de resultado. É sintomático dessa constatação o
chamado quelóide, que se forma em apenas algumas pessoas.

A jurisprudência ampara essa conclusão:

--
1
Carlos Roberto Gonçalves, Responsabilidade Civil, 9. ed., São Paulo, Saraiva, 2005, p.
377.

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“APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


ERRO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA
EMBELEZADORA. IMPLANTE DE PRÓTESES
MAMÁRIAS DE SILICONE. OBRIGAÇÃO DE
RESULTADO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA.
CULPA PRESUMIDA. NÃO CONFIGURAÇÃO DO
DEVER DE INDENIZAR. 1. A obrigação decorrente
de procedimento cirúrgico plástico embelezador
é de resultado, sendo atribuída ao médico,
portanto, nestes casos, responsabilidade civil
subjetiva com culpa presumida, em atenção ao
disposto no artigo 14, § 4°, do Código de Defesa
do Consumidor. 2. A existência de dano estético
é alegação que vai afastada pelo simples exame
das fotografias acostadas aos autos. O resultado
estético das cirurgias foi muito satisfatório,
estando as próteses bem posicionadas e em
tamanho compatível com a estrutura corporal da
demandante. As cicatrizes, localizadas na parte
inferior das aréolas e na parte inferior dos seios
estão muito bem constituídas, quase não
perceptíveis, sem formação de quelóides. 3. As
queixas de dor e desconforto não apresentam
nenhuma relação com a técnica empregada para
o implante de silicone, hiperdimensionamento de
implante, contratura capsular, inflamação e ou
infecção, parecendo, conforme atestado pela

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prova pericial, ser causada apenas pela presença


dos implantes sob a glândula mamária, e uma
sensibilidade aumentada da paciente. 4. A
percepção de borda dura na parte inferior dos
seios quando da palpação ocorre em razão da
presença de flap de fixação das próteses, que
jamais ficam aparentes mas podem, segundo
literatura médica, ser perceptíveis quando do
toque. 5. Considerando que o procedimento
adotado foi correto e que a autora foi informada
dos riscos, havendo, desse modo, o
consentimento informado, restou evidenciado
que o requerido não agiu com culpa, o que afasta
o dever de indenizar. APELO DESPROVIDO.
UNÂNIME.” (TJRS, Ap. Cível nº 70019295708, Rel.
Iris Helena Medeiros Nogueira, j. em 09.05.2007)

“APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


ERRO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA
EMBELEZADORA. CICATRIZAÇÃO. OBRIGAÇÃO
DE RESULTADO. RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA. CULPA PRESUMIDA. AUSÊNCIA DE
DEVER DE INDENIZAR. PRESCRIÇÃO. CDC. 1.
Não tem aplicação o artigo 27 do Código de
Defesa do Consumidor no caso concreto. O
artigo 7º daquele diploma legal dispõe que não
serão excluídos os direitos previstos na

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legislação interna ordinária. Em caso de conflito


de normas, a melhor interpretação é a de que se
aplica a regra mais favorável ao consumidor, eis
que não é razoável admitir que o advento de uma
legislação que veio para proteger o consumidor
lhe cause prejuízo. De acordo com a regra de
transição prevista no artigo 2.028 do CC/02, no
caso dos autos o prazo a ser considerado é o da
lei nova, que entrou em vigor no dia 11 de janeiro
de 2003. Não tendo fluído o lapso temporal de
três (03) anos até o ajuizamento do feito, não
merece prosperar a preliminar argüida. 2. A
obrigação decorrente de procedimento cirúrgico
plástico embelezador é de resultado, sendo
atribuída ao médico, portanto, nestes casos,
responsabilidade civil subjetiva com culpa
presumida, em atenção ao disposto no artigo 14,
§ 4°, do Código de Defesa do Consumidor. 3.
Neste caso, considerando que o procedimento
adotado foi correto, que a autora foi informada
dos riscos, ao menos nada alega em contrário,
ônus que lhe cabia -, que não mais procurou o
médico no período pós-operatório e que a
cicatrização é ponto que refoge ao agir do
profissional, convenci-me de que o requerido não
agiu com culpa, o que afasta seu dever de
indenizar. 4. O afastamento da condenação do

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réu ao pagamento de indenização por dano


moral. O ponto referente ao dano material -
pagamento das despesas com a correção das
cicatrizes - vai mantido, pois foi assumido pelo
profissional contratualmente. APELO PROVIDO
EM PARTE.” (TJRS, Ap. Cível nº 70015595051,
Rel.: Iris Helena Medeiros Nogueira, j. em
28.06.2006).

No caso dos autos, extrai-se do conjunto probatório


que o método utilizado pela requerida foi apropriado, bem como a
inexistência de imperícia, imprudência ou negligência, decorrendo o problema
de reação alérgica da paciente, a qual é imprevisível.

Com efeito, confira-se os seguintes trechos do laudo


pericial:

“Analisando-se o prontuário médico da Autora


presente nos autos deste processo, bem como se
baseando no relato feito pela própria autora,
pode-se identificar o aparecimento de um quadro
clínico sugestivo de um processo alérgico na
evolução cirúrgica pós-operatório da mesma.
Sendo que o aparecimento de um processo
alérgico na evolução de um Resurfacing por

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Laser não é infreqüente, geralmente denominado


de Dermatite de contato.” (fls. 567)

“Um quadro alérgico de Dermatite de Contato


possui uma origem imunológica determinada
pelo próprio organismo da paciente. Esse quadro
alérgico decorrente do contato de uma
substância, tida como alergênica, como o
organismo do paciente, geralmente cremes
utilizados no tratamento pós operatório do Laser.
Quando o organismo do paciente entra em
contato com essa substância alergênica, este
produz uma reação celular mediada pelo seu
próprio sistema imunológico, desencadeando um
processo de resposta orgânica individual. Essa
resposta orgânica é mediada por células de
defesa produzidas pelo organismo do paciente e
que agem tentando combater e resolver o quadro
alérgico.
Não se tem condições de prever quais pessoas
que apresentarão um quadro alérgico frente ao
uso de determinada substância, pois a resposta
orgânica é muito individualizada. Assim como um
histórico negativo do paciente para quadros
alérgicos não significa que este paciente nunca
irá apresentar um tipo de alergia, apenas

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significa que o risco é um pouco menor, mas


nunca zero.” (fls. 568)

Aliás, essa reação alérgica aos medicamentos é


confirmada pela própria autora em seu contato com o perito:

“Disse a autora que havia sido prescrito o uso de


cremes e pomadas pela médica Requerida e que
essas medicações lhe causaram reação alérgica
no rosto, sendo suspensas aquelas e prescritas
outras medicações dita pela Autora, de modo
confuso, como “universal”. [...]

E conquanto a autora negue a existência de


tratamento específico para o problema, diversamente foi constatado no
respectivo prontuário pelo “expert”. Esse documento foi minuciosamente
analisado pelo perito, cujo teor, para melhor compreensão da evolução do
quadro clínico, impõe-se transcrever:

“10 de Agosto de 2000: Bem – Alergia face –


Polaramine Berlison 1%
- Pela análise desta anotação entende-se que a 2ª
Requerida identificou sinais sugestivos da
existência de uma reação alérgica na face da
Autora, sendo que como tratamento foi prescrito
o uso de medicação anti-histamínica

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(Polaramine) que é utilizada para tentar reduzir a


produção de células responsáveis pelos
processos alérgicos no organismo humano.
16 de Agosto de 2000: Melhor
- Entende-se que a Médica Requerida encontrou
sinais de melhora no processo alérgico.
- Não há referências sobre manutenção ou
suspensão do tratamento iniciado no dia 10 de
agosto, bem como não há referência a introdução
de outros tratamentos ou medidas terapêuticas;
18 de Agosto de 2000: Bem granulado
- O termo granulado significa que está havendo
uma cicatrização e recuperação da integridade da
pele.
- Não há referência sobre a manutenção ou
suspensão de tratamento.
23 de Agosto de 2000: Granulando. Passado
p/Trofodermin
- Interpreta-se que a recuperação da Autora
ocorre de maneira adequada, ocorrendo uma
granulação da lesão que se finalizará em uma
cicatrização.
- Foi feita a substituição da medicação por
Trofodermin, que é um creme dermatológico tido
como cicatrizante e com componente antibiótico
associado em sua composição.
28 de Agosto de 2000: Trofodermin + Cipro

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- Não há referências quanto ao aspecto da lesão


em face.
- Foi mantido o uso da medicação anterior, porém
foi introduzido a medicação Cipro que é um
antibiótico, pois provavelmente a Médica
Requerida suspeitou de processo infeccioso,
porém não há nenhuma referência no prontuário
sobre isso.
30 de Agosto de 2000: Colhido secreção.
Bacteriscopia, cultura e antibiograma. Calêndula.
- Entende-se que a suspeita de quadro infeccioso
local permanecia e que a Médica Requerida optou
para analisar a secreção que a Autora
apresentava em sua face para identificar se havia
infecção ou não.
Segundo documento anexado pela Médica
Requerida, a pedido deste Perito, têm-se que o
laudo desse exame foi NEGATIVO PARA
INFECÇÃO (fls. 527 e 528), ou seja, não havia
foco infeccioso na ferida que a Autora
apresentava em sua face esquerda.
Obs.: Segundo o Prontuário Médico (fls. 129
verso) houve um hiato de mais de 60 dias sem
haver o retorno da Autora ao consultório da 2ª
Requerida para fazer sua avaliação pós-
operatória.

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30 de Outubro de 2000: Kenalog 0,3 cc. Cicatriz


Hipertrófica
- Houve o diagnóstico de uma patologia de
cicatrização identificada com cicatriz hipertrófica,
que ocorre apenas em local cicatricial e é
causada única e exclusivamente por alterações
fisiológicas próprias do indivíduo que a
desenvolve.
- Umas das opções terapêuticas para a cicatriz
hipertrófica é a injeção intralesional de
corticosteróides na tentativa de diminuir a reação
fisiológica que desenvolve esse tipo de patologia
de cicatrização. A medicação utilizada pela
Médica Requerida é uma das indicadas para esse
tipo de tratamento.
27 de Novembro de 2000: Kenalog 0,3 cc. Cicatriz
face
- Foi mantido o tratamento realizado
anteriormente, sugerindo que mantinha-se com o
aspecto hipertrofiada a cicatriz em face.
15 de janeiro de 2001: Theracort 20 mg 0,8cc +
Oncilon
- Mantido o tratamento com injeções de
corticóides.
15 de fevereiro de 2001: Preparo pelo – Peel + Hid
+ filtro 60 dias.

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- Mostra uma mudança no planejamento


terapêutico, onde sugere um preparo de pele
para um futuro tratamento por laser da cicatriz
em face.
Sendo essa a última anotação, compatível com o
histórico referido pela Autora, pois a mesma
informou a Requerida que não iria mais continuar
o tratamento, conforme relatado anteriormente.”
(fls. 555/557)

Duas circunstâncias chamam a atenção nesse


exame do prontuário pelo Sr. Perito: o hiato de sessenta dias logo no primeiro
mês de tratamento (atendimentos em 30 de agosto e 30 de outubro); início de
preparação da autora para novo procedimento cirúrgico.

Ora, se a autora vinha freqüentando o consultório


médico da segunda requerida, com diferença de menos de uma semana, com
reação alérgica na pele, jamais poderia ter abandonado o tratamento por
sessenta dias, principalmente naquela situação tão recente.

Por outro lado, já transcorrido quase seis meses de


tratamento, contando com os 60 (sessenta) dias em que a autora se
ausentou, a médica/requerida iniciou a preparação de sua pele para muito
provavelmente novo procedimento cirúrgico.

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É neste contexto que a autora rompe com as


requeridas, preferindo litigar ao invés de dar continuidade aos cuidados
médicos.

Essa reação, apesar de compreensível – afinal de


contas, depois de tanto tempo, o procedimento estético não dera resultado
satisfatório –, não é bastante para gerar responsabilização das requeridas.

Resumindo, a intercorrência descrita, cujo


desenvolvimento de reação cutânea resultou na formação de cicatriz visível,
pela qual a autora postula reparação, tem origem na aplicação de tratamento
com “laser”, denominando RESURFACING FACIAL À LASER e o alegado
erro praticado pela segunda requerida deveria ser comprovado a partir da
análise deste tratamento feito na autora.

Contudo, isso não foi constatado pela perícia, verbis:

“Analisando-se os documentos anexados aos


autos, especificamente a descrição de cirurgia (fl.
127) e a descrição do procedimento de laser (fl.
143), observa-se que os parâmetros utilizados
pela Médica Requerida para o Resurfacing Facial
à Laser foram ajustados para níveis de potência
do Laser de 03 mJ, ou seja, bem abaixo dos
limites ditos como seguros na literatura médica.
Alem disso, ainda conforme a descrição do
tratamento (fl.143), foi realizada uma única

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passada do laser sobre a pela (conforme descrito


no documento acima citado). Analisando-se
esses dados da descrição do tratamento por
Laser, ENTENDE-SE, baseado naquelas
informações de ajuste de parâmetros e passadas
do laser, que a profundidade de agressão
causada pelo Laser deve ter sido mínima, não
chegando a comprometer o sistema de irrigação
sangüínea deste retalho cutâneo. (fls. 572, os
grifos são do original)

Como se percebe, não houve falha no procedimento


ou mesmo no tratamento pós-operatório, valendo-se mais uma vez da prova
pericial:

“Como todo processo alérgico a evolução desse


quando depende exclusivamente da resposta
orgânica do organismo do paciente, desde o grau
de intensidade até o processo de recuperação.
Um quadro alérgico nunca tem uma resolução
igual em todas as situações, ou seja, não
necessariamente haverá uma evolução simétrica
e sempre de modo homogêneo. Fato esse que se
observa no caso relatado nos autos, onde houve
a recuperação unilateral enquanto que no outro
lado houve uma progressão com

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aprofundamento da lesão e evolução clínica


apresentando uma perda de substância cutânea e
formação de um processo cicatricial.
Analisando-se os autos verifica-se que as
condutas tomadas e realizadas, conforme
relatada nos documentos anexados aos autos,
pela Médica Requerida estão condizentes com
que se espera de um profissional médico, tanto
do ponto de vista técnico quanto ético. As
condutas tomadas foram adequadas para cada
período do pós-operatório, e condizentes com o
quadro clínico encontrado, conforme o relato
feito pela Autora e confrontado com dados do
histórico médico da mesma (prontuário médico).”
(fls. 573)

Para arrematar, impõe-se transcrever a resposta do


perito acerca do nexo de causalidade entre o ato cirúrgico e o resultado
adverso apresentado pela autora:

“Assim, o atendimento feito pela Clínica Ré não


tem influência na cicatriz inesperada na face
esquerda da Autora, visto que a mesma ocorreu
como uma intercorrência após a cirurgia
realizada.” (fls. 579)

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Aliás, isso é confirmado pelo profissional responsável


pela cirurgia à qual a autora se submeteu posteriormente. Ao ser ouvido em
juízo, assim afirmou:

“[...]que é possível que por fatores internos


depois da cirurgia haja reação negativa de
apenas uma parte da área operada; que o
Conselho de Medicina não orienta aos médicos a
realizarem exames prévios de rejeição antes de
realizar a cirurgia mesmo porque não se tem
como saber qual será a reação do organismo
antes de realizar a intervenção cirúrgica porque
se soubesse não faria a cirurgia; que são feitos
exames pré operatórios de rotina; que não tem
como saber se irá ou não apresentar Quelóide
depois da cirurgia porque algumas vezes pode
apresentar e outras, na mesma pessoa pode não
ocorrer nada; que como cirurgião plástico
assume riscos todos os dias e por isso assumiu
o risco em realizar a cirurgia na autora mesmo
podendo aparecer Quelóides [...]que o não
acompanhamento de um pós operatório pode
prejudicar o resultado da cirurgia; que uma
cirurgia plástica em geral leva um ano a um ano e
meio para apresentar resultado final sendo que o
acompanhamento médico se dá semanalmente
no primeiro mês, nos demais mensalmente e

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após seis meses seis meses no primeiro ano e


depois um anos e meio, teoricamente o paciente
tem alta um ano e meio após a cirurgia[...]” (fls.
393)

Não procedem, de resto, as alegações da autora a


respeito da idoneidade da prova pericial e de eventual descumprimento do
dever de informação.

De um lado, porque não houve nenhuma


impugnação tempestiva à imparcialidade do perito. Aliás, a autora sequer se
manifestou sobre o laudo pericial quando instada para tanto (fls. 616), vindo a
fazê-lo somente por ocasião do presente apelo, pois nem apresentou
alegações finais (fls. 629).

Por outro, porque o descumprimento do dever de


informação não integra a causa de pedir, pelo que levá-lo em conta para a
solução da controvérsia implicaria em violação ao princípio da estabilização
da lide.

O recurso da autora, portanto, não merece


provimento.

No tocante ao pedido formulado na reconvenção, a


sentença, por igual, merece ser mantida.

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Embora o perito do juízo tenha confirmado a


realização do procedimento de lipoaspiração, o que também foi confirmado
pela requerente, a alegação constante da petição inicial em sentido inverso
não é suficiente para caracterizar abuso no exercício do direito de ação.

É que a assertiva da autora – não realização de


“Lipoaspiração de Abdome Total” deixa margem à interpretação, pois
razoável entender se estar afirmando que aludido procedimento não foi
realizado de forma integral.

Destaque-se que, durante a instrução processual, a


autora jamais afirmou que a lipoaspiração não teria sido feita, ao contrário,
questionada pelo perito, foi categórica em confirmá-la.

Nesta toada, como a própria autora afirmou durante


a confecção da prova pericial a realização do procedimento, é possível
concluir que a sua intenção era questionar a extensão da lipoaspiração.

Por essas razões, não há falar em litigância de má-


fé, na medida em que não há prova segura de ter a autora conscientemente
imputado à ré fato não verdadeiro.

É que como já salientado, a alegação a respeito da


lipoaspiração consta apenas em um parágrafo da exordial e está redigido de
forma dúbia.

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De outra parte, não cabe redução dos honorários


advocatícios fixados para a demanda reconvencional. Com todo o respeito,
mas a quantia arbitrada – R$ 1.500,00 – está longe de ser excessiva. Basta
atentar que é inferior a 03 (três) salários mínimos.

No mais, as duas requeridas pedem a majoração dos


honorários. O recurso merece provimento, mas não na extensão desejada
pelas rés.

De início, porém, é se esclarecer que não há


necessariamente correspondência com os valores que seriam arbitrados em
caso de procedência da ação, ou seja, em percentual sobre o valor da
condenação. Os critérios são aqueles do § 4º do art. 20 do CPC, ou seja, de
forma equitativa e atendendo-se os parâmetros contidos nas alíneas “a”, “b” e
“c” do parágrafo 3º do artigo 20 do CPC.

E considerando o tempo decorrido desde o


ajuizamento da demanda (08/2001), assim como incidentes processuais, v.g.
os agravos noticiados (fls. 302/304 e 405/412) e também a realização de
audiência com ouvida de testemunhas (fls. 393/396), a realização de perícia
com apresentação de quesitos e debates acerca da complexidade da
matéria, é efetivamente reduzida a verba honorária fixada na ação principal.

Atendendo aos princípios da proporcionalidade e da


razoabilidade, mais razoável é a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para
cada patrono.

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Por derradeiro, como o pedido inicial foi


integralmente rejeitado, é da autora o ônus de arcar com a totalidade das
despesas da prova pericial, daí porque, também nesse aspecto, merece
provimento o apelo da ré médica.

Diante do exposto, voto no sentido de: a) negar


provimento ao apelo da autora; e b) dar parcial provimento ao apelo das rés,
tanto para majorar os honorários advocatícios de sucumbência na forma
acima explicitada, como para condenar a autora a ressarcir os valores pagos
pela requerida para a realização da prova pericial.

Nessa conformidade:

ACORDAM os integrantes da 10ª Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade, em
conhecer e negar provimento ao apelo da ré e em conhecer e dar parcial
provimento aos apelos das requeridas, nos termos do voto do Relator.

Presidiu o julgamento o Desembargador Luiz


Lopes (Revisor), com voto, e dele participou o Desembargador Nilson
Mizuta.

Curitiba, 26 de agosto de 2.010.

VITOR ROBERTO SILVA


= Relator =
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