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400 documentos de Informática e concluiu que cerca de 50% dos modelos propostos

ou hipóteses não haviam sido testados, sendo que a média em outras áreas era me-
nor que 10%. As gerações mais antigas de pesquisadores em computação conside-
ram ainda sua origem na ciência, engenharia ou matemática, enquanto as gerações
mais jovens, nascidas e criadas no âmbito das tecnologias da informação, têm mais
abertura ao pensamento crítico, mas não questionam sua validade e procuram seguir
o paradigma científico em suas pesquisas.
Glass, Ramesh e Vessey (2004) analisaram as seguintes questões relativas à pesqui-
sa em computação: os diferentes tópicos pesquisados; as abordagens e métodos de
pesquisa; as disciplinas de base; os níveis de análise das pesquisas. Para tanto, os
autores subdividiram a Informática em 3 subáreas: Ciência da Computação (CC), En-
genharia de Software (ES) e Sistemas de Informação (SI). A pesquisa foi realizada
utilizando-se uma seleção de documentos de periódicos representativos e reconheci-
dos em Informática no período de 1995 a 1999, de acordo com as cinco características
previamente discutidas. Foram codificados 628 documentos de periódicos de CC, 369
de diários de ES e 488 de SI por 3 codificadores que classificaram os documentos
com apenas 1 item de cada uma das questões analisadas. Os autores chegam a al-
gumas conclusões interessantes. Em relação aos tópicos que fazem parte dos estudos
das 3 subáreas, a CC abrange desde tópicos relacionados a conceitos de computação
até níveis técnicos para formulação de processos, métodos e algoritmos baseados em
matemática. A ES abrange tópicos relacionados a conceitos de sistemas/software até
níveis técnicos para formulação de processos, métodos e algoritmos, porém sem ter
como base a matemática. A área de SI abrange tópicos relacionados a conceitos or-
ganizacionais, especialmente uso, operação e transferência de tecnologia, embora
também explore tópicos de sistemas/software, principalmente em relação à análise do
comportamento.

Em relação a disciplinas de referência, as pesquisas em CC e ES não são baseadas


em teorias de outras disciplinas, mas o trabalho é executado freqüentemente dentro
das regras e práticas da Matemática. A área de SI, ao contrário, tem como base disci-
plinas em grande parte provenientes das escolas de negócio. Pesquisadores em Ciên-
cia da Computação e ES esperam produzir inovações em processos, métodos, algo-
ritmos, produtos, enquanto pesquisadores em SI esperam explorar mais teorias, con-
ceitos, técnicas e projetos. Entretanto, as coisas que CC e ES produzem são quase
totalmente técnicas e as pesquisas em SI são feitas em geral em contextos organiza-
cionais e comportamentais. Tais diferenças são a raiz da distinção estabelecida entre

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CC, ES e SI. Assim a tendência é que haja uma fusão entre ES e CC, mas SI ficaria
sendo uma área separada.
A pesquisa de Glass, Ramesh e Vessey (2004) leva a crer que existe uma subdivisão
da Informática em 3 áreas distintas, que são a Ciência da Computação, mais baseada
em ciência e Matemática; a Engenharia de Software, mais vinculada à Engenharia e a
área de Sistemas de Informação, mais relacionada à Administração e Negócios.
No MeSH (NLM, 2005), que trata as Ciências da Informação e da Computação no âm-
bito das Ciências da Saúde, o termo Engenharia de Software (Software Engineering)
consta como sinônimo do termo Software, que é o termo permitido e que está classifi-
cado como Metodologias Computacionais (Computing Methodologies), que por sua
vez, é parte da Ciência da Informação.
O termo Sistemas de informação (Information Systems) é termo permitido no MeSH,
definido como conjunto integrado de arquivos, procedimentos e equipamentos para o
armazenamento, manipulação e recuperação da informação e está subordinado à A-
plicações em Informática Médica (Medical Informatics Applications), que também é
parte da Ciência da Informação.
Já o termo Ciência da Computação (Computer Science) por si só não aparece nem
mesmo como sinônimo, mas consta o termo mais específico que é Informática Médica
(Medical Informatics), que tem como sinônimo o termo Ciência da Computação Médica
(Medical Computer Science). Seguindo a mesma linha de raciocínio, o termo Informá-
tica (Informatics) é derivado da Ciências da Informação e se subdivide em Informática
Médica, Informática Odontológica, Informática em Enfermagem e Informática em Saú-
de Pública.
Com isto, temos que a Informática é uma área do conhecimento que pertence à Ciên-
cia da Informação, que pode ser subdivida em Ciência da Computação, Engenharia de
Software, Sistemas de Informação e Interação Humano-Computador. A Informática
tem sua origem na ciência básica e em disciplinas tais como Matemática, Engenharia
e aquelas relacionadas a Administração e Negócios.
Ainda que esteja subordinada à Ciência da Informação, as áreas de Engenharia de
Software e Sistemas de Informação têm mais características de tecnologias e a área
de Interação Humano-Computador é considerada como arte, sendo somente a Ciência
da Computação uma ciência propriamente dita, conforme mostra a Figura 32.

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Figura 32 – Classificação da Informática e suas sub-áreas.

B. Ciências da Saúde/Medicina
A literatura sobre a história da Medicina (Civita, 1969; Civita, 1970; Martire Jr., 2004;
Ronan, 1987; Vieira, 2004), mostra que a medicina acompanha a história humana
desde os primórdios das civilizações. Os registros históricos mais longínquos que se
referem a arte da cura de enfermidades datam aproximadamente de 3.500 A.C. Nesta
época, os responsáveis pelo tratamento das doenças humanas eram xamãs, curandei-
ros e sacerdotes.
No século VII A.C., na Grécia, haviam escolas de pensadores, os physiologistas, que
se ocupavam da essência das coisas, a physis, utilizando a lógica para compreender a
natureza e os elementos que mantém a harmonia do universo. Os médicos gregos,
por sua vez, fundamentavam seus discursos nesta filosofia, de modo que o corpo era
entendido como um microcosmo, sujeito aos mesmos princípios reguladores do uni-
verso, o macrocosmo. A saúde era entendida como o resultado da harmonia, do equi-
líbrio entre os elementos básicos – água, fogo, terra e ar – que compunham todas as
coisas, inclusive o organismo humano e a doença, como resultado da desarmonia en-
tre estes elementos.
Na mitologia, Asclépio ou Esculápio, é considerado o pai da Medicina. Mas quem é, de
fato, considerado o pai da medicina é Hipócrates de Cós, que viveu no século V A.C.
Ele estabeleceu a teoria dos 4 humores, além de procedimentos para diagnóstico e
tratamento de doenças, que incluíam: ouvir e examinar o paciente, formular hipóteses
diagnósticas com base no raciocínio lógico e orientar o tratamento com uma terapêuti-
ca. O estabelecimento destes procedimentos é que torna a medicina uma arte para os
gregos: thekné iatriké ou a arte médica.
Na filosofia, com Platão e Aristóteles, entre 400 e 300 A.C., a teoria dos 4 elementos
foi substituída pela dos princípios vitais, as almas (em grego, psikhé; em latim, anima).
Tais teorias influenciaram sobremaneira o desenvolvimento da arte médica.
No século IV A.C., a escola de Alexandria se tornou a mais influente escola médica da
época. E mesmo com a ascensão do império romano, a medicina grega continuou a

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ser o paradigma predominante. Foi Cláudio Galeno, médico romano nascido na Gré-
cia, proveniente da escola de Alexandria, quem deu a maior contribuição à medicina
romana, tendo sido um importante referencial para estudiosos da Idade Média.

Do século II ao XV, como em outras áreas do conhecimento, poucos avanços ocorre-


ram na Medicina. Nos séculos VII e VIII, os árabes invadem a Europa, trazendo impor-
tantes contribuições à Medicina, tanto na preservação do conhecimento médico do
Ocidente, quanto na integração da medicina oriental à ocidental.
Por volta do século IX, surgem as escolas médicas medievais, época em que a medi-
cina se divide em duas áreas: a clínica, sob a responsabilidade de médicos e cirurgi-
ões; a cirurgia, sob a responsabilidade dos cirurgiões barbeiros. Surge aqui uma pri-
meira subdivisão da medicina em especialidades.
Somente com o Renascimento, a invenção da imprensa no século XV e o advento do
método científico, no século XVII, o homem passa a ter um conhecimento mais deta-
lhado sobre o organismo humano por meio de técnicas e experimentações embasadas
na ciência. Foram muitos os médicos, cientistas e pesquisadores que se dedicaram às
descobertas técnicas e científicas que contribuíram para os avanços da Medicina e
das outras ciências da vida e da saúde entre os séculos XV e XIX.

Com isto, torna–se conhecida a base do funcionamento do corpo humano e os meca-


nismos das doenças, surgem os métodos diagnósticos, o desenvolvimento do estudo
dos sinais e sintomas das doenças (semiologia), assim como pesquisas para lança-
mento de novas substâncias e medicamentos para tratamento das doenças (farmaco-
logia).
A anatomia evoluiu das dissecações para o uso do bisturi e depois para o microscópio,
permitindo um conhecimento cada vez mais preciso da estrutura e organização de
cada órgão do corpo humano, dos tecidos, das células e da estrutura e composição
molecular de cada célula. Os estudos fisiológicos se iniciam com recursos e procedi-
mentos técnicos da eletricidade e do magnetismo. O auxílio de ciências como física,
química e eletrônica possibilitaram o conhecimento de mecanismos e processos fisio-
lógicos de órgãos, tecidos e células em tal profundidade que hoje é possível compre-
ender os mecanismos moleculares que ocorrem no interior das células até o código
genético. A evolução da patologia, biologia e zoologia permitiram ampliar os conheci-
mentos sobre a origem, estabelecimento e manifestação das doenças.
Até o século XX ainda existiam 2 concepções sobre o corpo humano: uma visão me-
canicista que pregava que os fenômenos da vida podiam ser reduzidos às leis básicas
da física e química; uma visão holística, na qual o ser vivo é um organismo complexo e

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integrado, com comportamento altamente organizado. Esta última visão acaba preva-
lecendo após a década de 1920.
A primeira metade do século XX, marcada por 2 guerras mundiais, traz mudanças es-
senciais ao comportamento humano e social que se refletem em todos os países do
mundo, em busca de uma perspectiva mais igualitária e a integração de vários seg-
mentos da sociedade até então particionados. Este processos se refletiram nas ciên-
cias, manifestando-se como convergência de disciplinas do conhecimento até então
separadas: por exemplo, o que era de domínio exclusivo da embriologia ou da genéti-
ca passou a integrar-se à concepção holística dos fisiologistas.
Após a Segunda Guerra, os avanços na ciência e tecnologia caminharam a passos
largos. Os vitoriosos na guerra – Inglaterra e EUA, tomaram a frente no desenvolvi-
mento da pesquisa científica, pois eram os únicos capazes de financiar tais pesquisas.
Com isto e com a chegada de cientistas imigrantes de outros países principalmente
aos EUA, as comunidades e o conhecimento científico se enriquecem, fornecendo as
bases para o avanço exponencial da ciência e tecnologia atuais.
Assim chegamos ao final século XX e início deste século, quando os avanços científi-
cos e tecnológicos permitiram a aplicação de recursos inusitados com a medicina não
invasiva, a sofisticação de exames e diagnósticos e a multiplicação e sofisticação dos
aparelhos, equipamentos e dispositivos médicos.
Algumas das principais disciplinas que hoje em dia compõem o conhecimento médico
(CAPES, 2006) são: anatomia, fisiologia, patologia, semiologia, diagnose, terapêutica.
Para que o médico seja capaz de cumprir os deveres de sua profissão, o currículo
médico atual contempla os seguintes conhecimentos: a) bases moleculares e celulares
de processos normais e alterados do organismo, assim como da estrutura e função de
tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos (anatomia); b) processos de funcionamento do
organismo humano (fisiologia); c) causas e efeitos do processo saúde-doença (patolo-
gia); d) propedêutica médica, ou seja, a capacidade de realizar história clínica, exame
físico, conhecimento fisiopatológico dos sinais e sintomas (semiologia); e) procedimen-
tos para realizar diagnóstico, prognóstico e conduta terapêutica nas doenças que a-
cometem o ser humano (diagnose e terapêutica); f) da promoção da saúde humana no
âmbito da sociedade (medicina social e medicina legal).
Atualmente, o médico pode atuar em vários níveis na promoção da saúde: na atenção
primária, preservando e protegendo a saúde; na atenção secundária, protegendo e
recuperando a saúde; na atenção terciária, recuperando a saúde. O médico pode atu-
ar em diversas áreas: a) na educação em saúde, em unidades básicas de saúde, nos
postos e centros de saúde, assim como no ensino superior das Ciências da Saúde; b)

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na gestão da saúde, no âmbito da vigilância sanitária ou epidemiológica; c) no sistema
de saúde, atuando em unidades básicas de saúde, postos, atendimento familiar, clíni-
cas, consultórios, ambulatórios, enfermarias e hospitais (Vieira, 2004).

Mas não só a Medicina foi tomando um caráter científico e sendo amparada pela tec-
nologia para o cuidado à saúde. Outras ciências também foram se desenvolvendo
ocupadas de aspectos específicos da saúde humana e animal. A Medicina parece ter
sido a primeira Ciência da Saúde que tomou forma na história da civilização humana,
seguindo-se a ela como formas de especialização, ciências tais como Enfermagem,
Farmacologia, Nutrição, Odontologia e Medicina Veterinária.
As Ciências da Saúde, assim como as especialidades médicas, surgiram devido à
expansão e especialização do conhecimento humano e aos avanços da ciência e tec-
nologia, que contribuíram para a ampliação do conhecimento de forma exponencial.
Hoje, de acordo com o MEC (2001), as Ciências da Saúde são: Educação Física, Nu-
trição, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Medicina, Enfermagem, Farmácia, Biome-
dicina, Odontologia e Medicina Veterinária, às quais descrevemos sucintamente nos
próximos parágrafos.
A Educação Física tem foco na atividade física e no movimento humano, em seus as-
pectos biodinâmico, comportamental, sócio-antropológico, científico, tecnológico, pe-
dagógico, técnico-funcional aplicado, cultural e do uso de equipamentos e materiais
em manifestações dessas atividades (MEC, 2004).
A Enfermagem fundamenta-se num corpo de conhecimentos e práticas abrangendo do
estado de saúde ao estado de doença, e "mediada por transações pessoais, profissio-
nais, científicas, estéticas, éticas e políticas do cuidar de seres humanos" (Lima,
1993). A Enfermagem moderna pauta-se em princípios de Florence Nightingale, con-
sistente com a arte de cuidar embasada na prática científica, correspondendo a uma
verdadeira reforma sanitária. (Carvalho, 2003).

A Farmacologia, ou Farmácia envolve pesquisa, desenvolvimento, produção e garantia


da qualidade de matérias primas, insumos e produtos farmacêuticos, da legislação
sanitária e profissional, além do estudo e produção de medicamentos no que se refere
à farmacodinâmica, farmacocinética, uso terapêutico, farmacoepidemologia e farma-
covigilância. O farmacêutico atua na atenção farmacêutica em nível individual e coleti-
vo, no suporte ao diagnóstico laboratorial e terapêutico, relativo à bromatologia, biose-
gurança e toxicologia (MEC, 2004).
A Biomedicina envolve conteúdos relacionados à saúde, doença e meio ambiente,
com ênfase em citopatologia, genética, biologia molecular, eco-epidemiologia das
condições de saúde e dos fatores que levam à doença, além de serviços complemen-

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tares de diagnóstico laboratorial em áreas da biomedicina. O biomédico pode elaborar,
interpretar e emitir laudos e pareceres, responsabilizar-se tecnicamente por análises
clínico-laboratoriais, atuar na pesquisa, desenvolvimento, seleção, produção e controle
de qualidade de hemocomponentes e hemoderivados, assim como gerenciar laborató-
rios de análises clínicas e realizar análises fisico-químicas e microbiológicas de mate-
riais (MEC, 2002).
A Odontologia abrange a propedêutica clínica, incluindo patologia bucal, semiologia e
radiologia; clínica odontológica, que inclui conhecimento de materiais dentários, oclu-
são, dentística, endodontia, periodontia, prótese, implantodontia, cirurgia e traumatolo-
gia buco-maxilo-faciais; e odontologia pediátrica, que inclui conhecimentos de patolo-
gia, clínica odontopediátrica e de medidas ortodônticas preventivas. O cirurgião dentis-
ta atua no cuidado à saúde bucal individual e coletiva, com a realização da prevenção,
diagnóstico e tratamento de doenças buço-maxilo-faciais (MEC, 2002).
A área de Nutrição tem foco na nutrição humana, dietética e terapia nutricional. Um
nutricionista deve ser capaz de identificar as principais patologias nutricionais, de rea-
lizar avaliação nutricional, de indicar a dieta adequada para indivíduos e coletividades,
considerando a visão ética, psicológica e humanística da relação nutricionista-paciente
(MEC, 2001).
A Terapia Ocupacional se insere nos diversos níveis de atenção à saúde, atuando em
programas de promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde, assim como
em programas de promoção e inclusão social, educação e reabilitação; o terapeuta
ocupacional deve ter a habilidade de identificar, entender, analisar e interpretar as de-
sordens da dimensão ocupacional do ser humano e a utilizar, como instrumento de
intervenção, as diferentes atividades humanas tais como artes, trabalho, lazer, cultura,
artesanato, auto-cuidado, atividades cotidianas e sociais entre outras (MEC, 2001).
Analisando os pareceres que apresentam as Diretrizes Curriculares Nacionais para os
cursos de graduação em Ciências da Saúde no Brasil definidas pelo MEC, concluímos
que todas as Ciências da Saúde, apesar de seus escopos específicos, são centradas
no processo saúde-doença do indivíduo e seus objetivos principais são a saúde indivi-
dual e coletiva. Além disso, quando se observa a literatura em Informática em Saúde
pode-se notar que todas as Ciências da Saúde são de, alguma forma, amparadas pe-
los desenvolvimentos em Informática.
De outro lado, se analisamos as Ciências da Saúde em relação aos MAPHs, notamos
que a história demonstra que a evolução dessas ciências acompanha a evolução dos
MAPHs. Considerada como arte na Antiguidade, a Medicina passa a fazer uso da téc-
nica na Idade Média, se integra à ciência na Idade Moderna, abrindo caminho para as

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Ciências da Saúde. Finalmente, as Ciências da Saúde são vinculadas à ciência básica
e aplicada e à tecnologia na Idade Contemporânea.
Talvez o único lado negativo dos avanços tenha sido o excesso de confiança creditado
à tecnologia e à ciência em detrimento da relação humana (Martire Jr., 2004). Os pro-
fissionais da saúde deveriam continuar a fazer uso do seu bom senso, inteligência
emocional e percepção humana na relação com o paciente, junto aos protocolos e
diretrizes padronizados que pautam a ação diagnóstico-terapêutica, mantendo o as-
pecto artístico essencial à prática das Ciências da Saúde.

São comuns na literatura autores que se refiram às Ciências da Saúde como arte, a-
lém de ciência. De acordo com Vieira (2004), a Medicina pode ser vista como arte,
entre outras coisas, pelo que requer para a sua prática, e como ciência, pelo que exige
para vir a ser bem praticada. A medicina pode ser considerada como arte se esta for
considerada, entre outras coisas, como a capacidade humana que compreende um
conjunto de habilidades de escolha para pensar, interpretar e compreender fenômenos
e um conjunto de habilidades de manipulação, isto é, técnicas para fazer, realizar e
criar obras. Martyre Júnior (2004) afirma que o médico, ao exercer a arte da cura, deve
ter sempre em mente que caridade, empatia, solicitude, consideração, esperança e
solidariedade não são recursos tecnológicos e, mais que isso, que amor não é ciência.
Com base neste estudo sobre as Ciências da Saúde, propomos a seguinte estrutura
dos campos de conhecimento das Ciências da Saúde, já classificando-as nos MAPHs.
Esta classificação é um resultado deste trabalho, no entanto, é apresentado como mé-
todo porque dele decorrem os resultados mais significativos a serem apresentados a
seguir.

Figura 33 – A estrutura das Ciências da Saúde.

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C. Informática em Saúde
Para compreender epistemologia da Informática em Saúde, apresentaremos um pano-
rama de seu aspecto histórico, mostrando a evolução e o estabelecimento da área
como campo interdependente da Informática e das Ciências da Saúde. Mostraremos
também a discussão em relação às nomenclaturas para a área, que incluem termos
como Informática em Saúde, Informática Médica, Informática Biomédica, Telemedicina
e eSaúde. Finalmente, apresentaremos alguns modelos conceituais do conhecimento
em Informática em Saúde encontrados na literatura, que nos nortearam na construção
do nosso próprio modelo para o mapeamento conceitual da Informática em Saúde
para o desenvolvimento do tesauro EpistemIS.

a) História da Informática Médica


Este capítulo se baseia principalmente na obra de Shortliffe & Cimino (2006), que a-
presenta um panorama histórico-evolutivo da Informática Médica.
A Informática Médica surgiu no final do século XIX, atrelada aos desenvolvimentos
computacionais da época, pela necessidade da automação de pesquisas em Saúde
Pública. Assim, a primeira aplicação prática de computação importante nas Ciências
da Saúde foi o cartão perfurado, desenvolvido por Herman Hollerith's, em um sistema
de processamento de dados para o censo de 1890 dos EUA. Esta tecnologia foi adap-
tada a pesquisas epidemiológicas e em saúde pública e, com o seu amadurecimento,
passou a ser largamente utilizada a partir da década de 1920, sendo a precursora dos
programas para computadores digitais que surgem na década de 1940.
Os primeiros desenvolvimentos de Sistemas de Informação Hospitalares, Hospital In-
formation System (HIS), nos EUA surgiram a partir dos anos 1960 associados ao pro-
jeto MEDINET da General Electric, seguidos por uma quantidade de aplicações hospi-
talares desenvolvida no Massachusetts General Hospital (MGH). Outros trabalhos si-
milares de desenvolvimento de sistemas hospitalares ocorreram em hospitais e uni-
versidades da Califórnia.
Nos anos 1970, as aplicações em HIS já se dividiam em duas abordagens distintas:
uma baseada no conceito de projeto integrado, no qual um único computador era usa-
do para suporte a um conjunto de aplicações; a outra, baseada no conceito de projeto
distribuído que favorecia a implementação separada de aplicações em computadores
individuais, o que permitia a evolução independente dos sistemas. Uma necessidade
comum na época eram as bases de dados compartilhadas de informação de pacientes
e, apesar de o modelo distribuído não ser prático, com o advento da tecnologia de
redes, a comunicação entre computadores tornou-se rápida e confiável, possibilitando
o compartilhamento de bases de dados de pacientes. Assim, os HIS distribuídos foram

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se consolidando nos anos 1980. Concomitantemente, surgiram desenvolvimentos na
computação com objetivo de auxiliar médicos na tomada de decisão clínica.
O uso da computação nas Ciências da Vida e da Saúde é acelerado com o surgimento
dos minicomputadores nos anos 1970. Estas máquinas, feitas para uso individual e em
pequenas organizações, já podiam ser administradas por seus próprios usuários, que
também podiam desenvolver seus próprios sistemas. O surgimento de ferramentas de
software de grande porte com recursos padronizados permitiu o uso de computadores
por indivíduos com treinamento limitado em computação e, com isto, os minicomputa-
dores ganharam força nas mãos de pesquisadores biomédicos, até a invenção do mi-
croprocessador, uma CPU do computador contendo apenas micro chips. Tal invenção
causou mudanças radicais em relação ao uso dos computadores na sociedade em
geral, impactando também nas ciências biomédicas. Não somente os departamentos
hospitalares passam a usar microcomputadores, mas também indivíduos não especia-
listas em informática. Esta mudança se aproxima do que é hoje a computação em
nossa sociedade, dando abertura para uma nova indústria de software.
Na literatura técnico-científica, na década de 1950, surgem os primeiros artigos sobre
computação em Medicina em periódicos clínicos e na década de 1970, os primeiros
anúncios sobre computadores auxiliando a Medicina. Em poucos anos, muitas ferra-
mentas de gerenciamento de informação em computadores se tornam disponíveis
como produtos comerciais: suas descrições começam a aparecer em periódicos junto
a anúncios tradicionais de outros produtos.

Em 1989, Haynes afirmava que os médicos tinham dificuldades no gerenciamento das


informações e Metzeger, em 1995, listou uma série de dificuldades de um médico na
localização da informação para anamnese, diagnóstico e tratamento de seus pacientes
internados (Sigulem, 2005). A Informática Médica foi, cada vez mais, preenchendo
esta lacuna, auxiliando o profissional da saúde nos processos envolvidos no cuidado
em saúde, especialmente no gerenciamento da informação.
Hoje, os profissionais em saúde encontram uma grande variedade de aplicações para
computadores pessoais, ou personal computers (PCs), tanto para o cuidado ao paci-
ente quanto para a pesquisa clínica, além de uma variedade de hardwares de diversos
tamanhos, tipos, preços e capacidades, que reduzem os custos dos computadores e
ampliam sua capacidade de memória e processamento.
O crescimento da quantidade de ferramentas computacionais tende a diminuir o seu
custo, por isso acredita-se que o desenvolvimento destas ferramentas passará a ocor-
rer cada vez mais no âmbito industrial. Com isto, as pesquisas em Informática Médica
poderão prosseguir nas universidades, mais voltadas a problemas da pesquisa básica,

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cujos resultados podem vir a ser aplicados na prática das Ciências Biológicas e da
Saúde, formando um ciclo que envolve 4 elementos: ciência básica -> ciência aplicada
-> tecnologia -> tecnociência.

No aspecto científico, em 1990, Greenes e Shortliffe (1990) já defendiam argumentos


de que a Informática Médica seria tanto ciência quanto tecnologia, lidando com uma
série de atividades, tais como pesquisa básica, pesquisa aplicada, engenharia, desen-
volvimento e planejamento. Yuval Shahar defendeu que a Informática Médica é mais
íntima da engenharia, enquanto Van Bemmel apoiou que a Informática Médica era
uma ciência (Maojo et al., 2002).

Maas et al. (2001) afirmavam em 2001 que a Informática Médica não poderia ser con-
siderada só como uma extensão da Informática aplicada às Ciências da Saúde, sem
comprometimento com seu avanço científico. Também não poderia ser vista apenas
como forma de solucionar problemas tecnológicos do cuidado à saúde e tornar o tra-
balho dos profissionais em saúde mais efetivo. Ele considerava que a criação, desen-
volvimento e aperfeiçoamento de métodos e técnicas da Informática Médica se tornou
premente, como ocorre em qualquer disciplina jovem, e que a aceitação deste fato
deveria conduzir ao reconhecimento de Informática Médica como um campo de estudo
por seu próprio direito. Mais que isso, que a pesquisa em Informática Médica deve
contribuir com os avanços tecnológicos do Cuidado em Saúde, mas o foco está muito
mais no longo que no curto prazo. Da mesma maneira que ocorreu com a Informática,
que, ao resolver um problema acabava inventando algum novo método ou técnica, é
apropriado olhar para a Informática Médica e discutir requisitos para desenvolver e
aperfeiçoar métodos e técnicas que resolvam problemas específicos das Ciências da
Saúde (Maas et al., 2001).
No ano seguinte, Georgiou (2002) definiu a Informática Médica como a disciplina que
integra Ciências Biomédicas, Informática e políticas de Administração e Organização
das Ciências da Saúde. Disse ainda que, assim como a Medicina, a Informática é es-
sencialmente heterogênea e não pode escapar de estudos metodológicos e epistemo-
lógicos que envolvem a prática da Medicina. Nota-se nos dizeres de Maas et al. e Ge-
orgiou uma preocupação em estabelecer princípios e fundamentos científicos para a
consolidação da Informática em Saúde.
A despeito de seu forte elo com as tecnologias de informação e comunicação, o gran-
de avanço científico da Informática em Saúde vem a ocorrer no âmbito da educação
médica, conforme mostra o capítulo seguinte.

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b) História da Educação em Informática Médica
Em obra editada por Van Bemmel e Zvárová (1991), Protti e Moehr (1991) apresentam
um panorama sobre a inclusão da Informática na Educação Médica, oferecendo-nos
um importante aspecto da evolução da Informática Biomédica como área do conheci-
mento se estabelecendo como ciência.

Em 1972, surge na Alemanha um programa de especialização em Informática Médica


para profissionais de saúde em cooperação da Universidade de Heidelberg e da
Heilbrown Polytechnic. Em 1974, a Alemanha inclui no currículo de 25 a 27 escolas
médicas as disciplinas de Biometria e Informática Médica.
Em 1974, a partir do Grupo de Trabalho 4 (WG4) do IFIP, foi criada a IMIA, devido a
uma percepção da necessidade de educação no novo campo da Informática Médica.
Foi também em 1974 que ocorreu a primeira conferência em Educação Médica do
IMIA em Lion, França.
Nos EUA, nos anos 1970, a NLM começa a mesclar as tecnologias de informação com
a educação em Ciências da Saúde, tanto providenciando fundos de investimento em
tecnologias na educação médica, quanto criando programas de pós-graduação em
Informática Médica. Devido às diferentes abordagens de pesquisa existentes nos EUA
na área médica, surgem abordagens multifacetadas de educação de profissionais de
saúde em Informática Médica. Ainda nos anos 1970, surge na ACM, EUA, um grupo
especial em Biomedicina (SIGBIO) para definir um Programa de Doutorado em Com-
putação Médica.
Outras iniciativas de inclusão de disciplinas relacionadas à Informática no currículo
médico e de criação de programas de especialização em Informática Médica surgem
nos Países Baixos nos anos 1980. A Free University of Amsterdam e a
Rijksuniversiteit Leiden passam a desenvolver aplicações em saúde junto aos estu-
dantes de computação, além de apresentar a computação aos estudantes das áreas
da Saúde. Isto impacta inclusive na redução do currículo médico de 6 para 4 anos,
devido à reorganização do currículo e inclusão da informática em papel central no con-
junto das disciplinas médicas. Na Universidade de Victoria, no Canadá, em 1982, sur-
ge um programa de graduação em Ciências da Informação em Saúde, o qual se des-
tacou por muito tempo por não haver similares a este em nenhuma outra universidade
no mundo.

Em 1983, na segunda conferência do IMIA, em Chamonix, França, o Grupo de Traba-


lho 1 em Educação (WG1) propôs recomendações que incluíam a Educação em In-
formática Médica em países em desenvolvimento, assim como a reciclagem e educa-
ção continuada dos profissionais em saúde. A conferência revelou a existência de di-

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versos programas educacionais destinados a profissionais em saúde, que atribuíam à
Informática Médica um papel-chave no currículo médico.
Em 1985, o “Panel on the General Professional Education of the Physicians” submeteu
um relatório à AAMC sugerindo uma série de recomendações, entre elas a de lidar
com a aplicação das ciências da informação e das tecnologias da computação e pro-
mover seu uso efetivo. No ano seguinte, a AAMC apresentou um relatório sobre o pa-
pel da Informática Médica na educação médica recomendando que a mesma devesse
fazer parte do currículo médico. Na época, somente a Harvard Medical School seguiu
as recomendações.

Em 1987, a NLM apresentou o Long Range Plan, um plano que demonstrava que,
apesar dos avanços científicos e tecnológicos nas Ciências da Saúde, a educação
médica nos EUA permanecia no passado. O plano tinha como objetivo estabelecer 6
universidades-modelo como centros de excelência, exercendo papel de liderança no
estímulo ao uso das tecnologias de informação no desenvolvimento das relações de
trabalho, no uso de sistemas de distribuição em saúde e na prática profissional em
todas as áreas da saúde. Infelizmente, o plano só foi implantado parcialmente.
A 3ª conferência do IMIA em 1989, em Victoria, no Canadá, foi intitulada “Medical
Informatics and Education”. Aqui ocorre uma mudança de paradigma: a Informática
Médica não só é entendida como parte das Ciências da Saúde, mas como um campo
fundamental para a prática em saúde, sendo um dos fatores mais importantes de in-
fluência no desenvolvimento das Ciências da Saúde no século XX.

Nos anos 1990, Shortliffe (1995) afirmava que as lideranças escolares deveriam mos-
trar aos estudantes a importância de tópicos de informática como fundamento para
prática da medicina de alta qualidade. As escolas deveriam ir além de preocupações
com o conhecimento básico de informática, para desenvolver currículos formais de
informática que satisfizessem as necessidades de futuros médicos, que funcionariam
como usuários e geradores de dados e de informação médica. Assim, foram sendo
desenvolvidas unidades acadêmicas em Informática Médica e criadas nas escolas
uma infra-estrutura de computação e comunicação que procurava cobrir as necessi-
dades tecnológicas da instituição inteira, inclusive dos hospitais-escola e das clínicas.

Mesmo em países em desenvolvimento como o Brasil, já em 1991, havia cerca de 70


escolas médicas, sendo que 5 entre estas ofereciam créditos em disciplinas relaciona-
das à Informática Médica. A UFRGS foi pioneira ao implantar o tema da Informática
Médica na graduação a partir de 1981, com objetivo de introduzir os alunos de Medici-
na em conhecimentos de Informática (Stumpf et al., 1991).

95
Em 1999, o tema do AMIA Spring Congress, organizado pela IMIA, foi um panorama
sobre o ensino da Informática Médica, já havendo consenso sobre a necessidade de
se ensinar a informática aos profissionais das Ciências da Saúde. Grupos de congres-
sistas geraram relatórios sobre as necessidades educacionais de Informática Médica,
demonstrando que este aprendizado é uma necessidade absoluta, que o ensino de
informática é uma ferramenta crucial para sobrevivência da Medicina atual. Neste e-
vento, os grupos de trabalho assumiram que a tecnologia é uma ferramenta tão impor-
tante para o médico quanto o estetoscópio. As preocupações dos congressistas evolu-
íram para temas tais como prática de aperfeiçoamento de sistemas de informação,
customização destas ferramentas, integração das ferramentas a workflows e organiza-
ções entre outras (Staggers, 2000).
Van Bemmel, em 1999, lançou a primeira edição do Handbook of Medical Informatics
(1999) destacando três razões principais para o seu desenvolvimento: 1) mundialmen-
te, a informática já era uma parte importante do currículo em um número crescente de
universidades e instituições de ensino superior de Ciências da Saúde; 2) os profissio-
nais de saúde freqüentemente eram confrontados com sistemas de informação de
apoio ao cuidado do paciente, da avaliação da qualidade da saúde, pesquisa, adminis-
tração e planejamento; 3) vinha se ampliando o número de estudantes diplomados que
optavam pela Informática Médica como disciplina de estudo e investigação.
Apesar da motivação dos profissionais em saúde, a integração da Informática Médica
nos programas educacionais progrediu lentamente. Espino & Levine (1999 apud
Staggers, 2000) descobriram que temas como pesquisa bibliográfica, sistemas de a-
poio à decisão clínica e internet estavam sendo ensinados em 26 escolas de medicina
e em 6 programas de Informática Médica. Porém, a falta de interesse e de conheci-
mento por partes das escolas médicas nestes temas era ainda uma dificuldade na
inclusão da informática em currículos médicos.

Muitos dos profissionais da área médica que trabalhavam diretamente com a Informá-
tica Médica acreditavam que os conceitos-chave da Informática deveriam ser forneci-
dos aos alunos para que eles compreendessem a proposta do uso de dados, informa-
ção e conhecimento biomédico, melhor preparando-os para a prática profissional
(Shortlliffe, 1995). Enquanto profissionais de saúde, eles deveriam desenvolver, mais
do que habilidades tecnológicas, habilidades cognitivas de alto-nível para lidar com a
informação. Por isso, entre os resultados das discussões do AMIA Spring Congress
1999, concluiu-se que o ensino de Informática Médica deveria ocorrer no contexto de
“mundo-real”, no ambiente de informação onde os clínicos trabalham, considerando-se
as tecnologias que criam ou modificam este contexto (Staggers, 2000).

96
De 1999 até a atualidade, muitos eventos têm ocorrido e muitas publicações lançadas
ampliando o interesse e a expansão do conhecimento em Informática Médica. Hoje
existem muitas associações internacionais; cursos de graduação das Ciências da Sa-
úde com disciplinas voltadas para a Informática Médica; cursos de pós-graduação;
além de uma quantidade considerável de eventos sobre temas desta disciplina. Uma
das instituições internacionais mais representativas sobre o tema é a AMIA, que tem
entre seus associados médicos, enfermeiros, informáticos, analistas de sistemas, cien-
tistas de informação, engenheiros biomédicos, bibliotecários, pesquisadores acadêmi-
cos e pedagogos.
A AMIA organiza dois eventos dos mais importantes da área de Informática em Saúde,
que são o AMIA Annual Symposium (AMIA, 2007), uma das maiores conferências a-
nuais em Informática Médica do mundo, e o The AMIA Spring Congress (AMIA, 2007),
que é uma reunião em menor escala focada em temas específicos da Informática Mé-
dica.
Tudo isto confirma a importância da Informática Médica como área de estudo que im-
pacta no desenvolvimento das Ciências da Saúde. Além disso, mostra a tendência a
considerá-la como ciência, fundamentada no método científico e engajada com o de-
senvolvimento tecnológico, para melhor apoiar o profissional da saúde em sua educa-
ção, pesquisa e prática profissional.

c) Terminologia da Informática em Saúde


A nomenclatura utilizada para definir uma área do conhecimento pode nos dizer muito
a respeito da sua abrangência. No caso da Informática Médica, não há ainda um nome
consolidado mundialmente para designar a área. Uma compreensão da evolução da
área pode nos fornecer algumas pistas da melhor nomenclatura para a área, de acor-
do com a as abrangência. Shortliffe & Cimino (2006) apresentam um interessante es-
tudo evolutivo dos termos utilizados para denominar a área de Informática Médica, que
norteou a elaboração deste capítulo.
Desde os anos 1960, quando se inicia a Informática Médica – nome que utilizamos
como padrão neste trabalho até então, as pessoas têm dúvidas em relação ao nome
que devem dar a conceitos de informática aplicada às Ciências da Saúde e Ciências
da Vida. O próprio termo Ciência da Computação era novo nos anos 1960 e tinha uma
definição vaga.
O termo Ciência da Computação Médica (Medical Computer Science) se refere à sub-
divisão da Ciência da Computação que aplica seus métodos à medicina. O termo
Computação Médica (Medical Computing) inclui tópicos de estatística médica, manu-
tenção de registros e estudo da natureza da informação médica

97
O termo originalmente introduzido na Europa para a área como um todo é Informática
Médica (Medical Informatics), que tira a ênfase do computador, enfatizando o campo
no qual a computação é aplicada, ou seja, a medicina.

O termo Ciências da Informação Médica (Medical Information Science) tem sido bas-
tante usado nos EUA, mas pode ser confundido com a Biblioteconomia (Library Scien-
ce) e não diz respeito à abrangência total da área. Além disso, o termo Informática
(Informatics) foi bem aceito nos EUA a partir dos anos 1990, tendo como conseqüên-
cia a ampla aceitação do termo Informática Médica (Medical Informatics) a partir do
ano 2000, embora algumas pessoas repelem o seu uso, por considerarem como um
neologismo ambíguo.
Atualmente, em regiões do mundo como a Ásia, Europa e EUA é mais comum o uso
do termo Informática Médica (Medical Informatics), pois o adjetivo medical é utilizado
em sentido tão amplo quanto health (Sigulem, 2005).

Informática Médica (Medical Informatics) também é o nome do campo usado por Shor-
tliffe & Cimino (2006) nas duas primeiras edições do seu livro didático “Biomedical
Informatics: computer applications in health care”. O nome do livro foi mudado de In-
formática Médica (Medical Informatics), na 1ª e 2ª edições, para Informática Biomédica
(Biomedical Informatics), na 3ª e atual edição por duas razões: devido à expansão da
aplicação da Informática não só nas Ciências da Saúde, mas também para as Ciên-
cias Biológicas e devido ao uso do novo termo em unidades acadêmicas, sociedades,
programas de pesquisa e publicações da área.

Porém, desde a ascensão do termo Bioinformática (Bioinformatics), muitos observado-


res expressaram preocupação com o adjetivo "médico", focalizado em médicos e não
considera a relevância desta disciplina para outros profissionais em saúde e em ciên-
cias da vida. Assim, o termo Informática em Saúde (Health Informatics) ganhou mais
popularidade, embora com a tendência de excluir aplicações em biologia.

No Brasil, por exemplo, utiliza-se mais o termo Informática em Saúde (Health Informa-
tics), devido à abrangência da área que não lida apenas com a Medicina, mas também
com a Enfermagem, a Nutrição, a Veterinária e Odontologia, entre outras, que são
consideradas pelo MEC (2005) como Ciências da Saúde. A SBIS utiliza o termo mais
amplo “Saúde” ao invés de “Médica” (Sigulem, 2005).

Apesar da prevalência do termo Informática Médica (Medical Informatics), nos anos


1990 surgiram iniciativas que agregavam a aplicação da Informática nas Ciências da
Saúde e nas Ciências da Vida, o que abriu espaço para o uso da expressão Informáti-
ca Biomédica (Biomedical Informatics). Em 1999, no NIH, foram criados dois grupos
de trabalho, o de “Computação Biomédica” e o de “Bioinformática”, que deram maior

98
visibilidade e expansão às aplicações da informática em Biologia. Desde então, o ter-
mo Informática Biomédica (Biomedical Informatics) tem sido largamente aceito e pode
ser entendido como o campo que abrange todas as áreas subjacentes à aplicação em
saúde, prática clínica e pesquisa biomédica. Para se referir ao uso de computadores
nas atividades de Informática Biomédica, usa-se para tópicos metodológicos o termo
Ciência da Computação Biomédica (Biomedical Computer Science) e para descrever a
atividade em si, o termo Computação Biomédica (Biomedical Computing). Entretanto,
a Informática Biomédica, que abrange as duas áreas anteriores, tem outros compo-
nentes além da Ciência da Computação, tais como as Ciências da Decisão, Estatísti-
ca, Ciências Cognitivas, Ciências da Informação e Ciências da Administração.
Apesar de suas considerações, a obra de Shortliffe & Cimino (2006) faz parte da série
que contém pelo menos mais 12 volumes dedicados à Informática em Saúde (Health
Informatics) sob vários aspectos, inclusive, Informática Odontológica e Informática em
Enfermagem. A série começou em 1988 com o nome Computadores em Cuidado à
Saúde (Computers in Health Care), mas em 1998 teve o nome alterado para Série
Informática em Saúde (Health Informatics Series), o que parece indicar que existe não
só uma distinção entre a Informática em Saúde e a Informática Biomédica, mas tam-
bém uma subordinação da Informática Biomédica à Informática em Saúde.
Também existe alguma confusão entre a Informática em Saúde e a eSaúde ou Saúde
Eletrônica (eHealth ou Electronic Health), a qual tentaremos esclarecer nos próximos
parágrafos, baseado principalmente no artigo de Eysenbach (2001).

Pouco utilizado antes das 1999, o termo eSaúde vem sendo largamente utilizado para
caracterizar tudo que está virtualmente relacionado a computadores e medicina. O
termo aparentemente começou a ser usado por líderes de indústria e comércio e não
por acadêmicos. Eles criaram e usaram este termo em analogia a outras "e-palavras",
tais como e-comércio (e-commerce) e e-negócio (e-business), numa tentativa de levar
as promessas, princípios e o entusiasmo do comércio eletrônico para a área de saúde,
e dar conta das novas possibilidades que a Internet está abrindo a área de Cuidado
Médico.
A Intel se refere à eSaúde como "um esforço combinado empreendido por líderes em
saúde e indústrias de alta tecnologia para aproveitar completamente os benefícios
disponíveis pela convergência da Internet com a Saúde" (Eysenbach, 2001). Como a
internet criou novas oportunidades e desafios à indústria de Informática em Saúde
tradicional, o uso de um termo novo para tratar estes assuntos parecia apropriado.
Estes desafios "novos" para a indústria de Informática em Saúde eram principalmente:
a capacidade de consumidores interagirem com seus sistemas on-line (B2C = "negó-

99
cio para consumidor"); melhoria das possibilidades de transmissões de dados de insti-
tuição para instituição (B2B = "negócio para negócio"); novas possibilidades para co-
municação de consumidores par a par (C2C = o "consumidor para consumidor").

Para MEA (2001), a eSaúde surgiu em substituição à Telemedicina. A Declaração de


Tel-aviv (WMA, 2006) oferece uma série de princípios e recomendações éticas para o
uso da Telemedicina pela classe médica. Neste documento, a Telemedicina é definida
como o exercício da Medicina à distância, cujas intervenções, diagnósticos, decisões
de tratamentos e recomendações estão baseadas em dados, documentos e outras
informações transmitidas por sistemas de telecomunicação.
Mea (2001) acredita que, no contexto de uma ampla disponibilidade de sistemas de
informação médicos que podem interconectar e comunicar, o termo eSaúde (eHealth)
vem substituir o termo telemedicina, apenas como um nome de moda para algo que já
existia, mas que com outro antigo era difícil de vender. Em dezembro de 1999, o subtí-
tulo do Telemedicine Today, um periódico sem revisão por pares, mudou de "Where
healthcare + Telecommunications converge" para "eHealth Newsmagazine", e alguns
meses depois, o Telemedicine Journal, um periódico científico revisado por pares, adi-
cionou um eHealth ao seu título. Apesar disso, quando pesquisadores escrevem seus
trabalhos não utilizam eSaúde, mas os termos clássicos Telemedicina e Informática
Médica.
A despeito disto, muitos continuam pesquisando, utilizando e tentando definir o concei-
to de eSaúde. A definição de eSaúde feita por Mitchell (1999) parece abrangente: um
termo novo, necessário para descrever o uso combinado de comunicação eletrônica e
informática no setor da saúde, ou seja, a transmissão, armazenamento, recuperação e
uso de dados digitais no setor saúde para propósitos clínicos, educacionais e adminis-
trativos, tanto localmente quanto a distância. Pode-se considerar o equivalente de e-
comércio para a indústria de saúde.

Para Eysenbach (2001), definir eSaúde é como definir a internet: só pode ser definido
em um momento específico, a definição não pode ser fixa, já que se trata de um ambi-
ente dinâmico, em constante movimento. Assim, eSaúde é considerada por ele como
um campo emergente na interseção da Informática em Saúde, Saúde Pública e Negó-
cios, referindo-se a melhoria dos serviços em saúde e da distribuição de informação
pela Internet e tecnologias relacionadas. Em um sentido mais amplo, o termo caracte-
riza não só um desenvolvimento técnico, mas também uma paradigma, um modo de
pensar, uma atitude e um compromisso para transmissão em rede, pensamento glo-
bal, melhoria da saúde local, regional e global, usando tecnologias de informação e
comunicação.

100
A eSaúde vem causando um impacto cultural crescente tanto na pesquisa quanto nas
profissões de saúde, afetando a relação entre profissional da saúde e paciente e a-
brindo possibilidades de novos papéis profissionais na prestação de serviços em saú-
de. O uso crescente da Internet chama a atenção de cientistas para a modelagem do
comportamento individual como contribuição ao desenvolvimento e refinamento de
teorias e modelos de saúde (Ivanitskaya et al., 2006).
Um estudo extenso sobre definições de eSaúde foi realizado por Oh et al. (2005), que
apresenta 51 definições distintas do termo, as quais foram analisadas qualitativamen-
te, usando o método de Strauss e Corbin. A análise mostra que o termo eSaúde apre-
senta conceitos diversificados, envolvendo áreas como saúde, tecnologia e comércio e
que o termo, apesar das definições imprecisas, é bem compreendido pela comunidade
que faz uso dele. Contudo, Oh et al. não apresentam uma compilação das definições
do termo.
Assim, uma compilação do conceito de eSaúde a partir dos apresentados neste traba-
lho poderia ser: a eSaúde é um campo emergente na interseção da Informática em
Saúde, Saúde Pública e Negócios, que representa o uso combinado de informática e
da comunicação eletrônica no setor da saúde, ou seja, a transmissão, armazenamen-
to, recuperação e uso de dados digitais para propósitos clínicos, educacionais e admi-
nistrativos, tanto localmente quanto à distância. A eSaúde é um esforço empreendido
por líderes em saúde e indústrias de alta tecnologia, visando o máximo aproveitamen-
to dos benefícios disponíveis pela convergência da Internet com a Saúde, assim como
a melhoria da saúde local, regional e global, por meio de tecnologias de informação e
comunicação.
Pesquisas simples no Google (2007) e no Google Acadêmico (2007), em 10 de outu-
bro de 2007 (Tabela 3) revelam que o termo Medical Informatics continua a ser muito
mais utilizado que qualquer outro, apesar de um crescimento proporcional do uso do
termo Informática Biomédica (Biomedical Informatics). O termo eHealth também tem
alto índice de uso no Google, porém um índice mais restrito no Google Acadêmico,
talvez por seu caráter mais voltado a aspectos sociais e de mercado, do que a aspec-
tos científicos.

Os termos foram pesquisados no idioma inglês, por ser o idioma mais utilizado no
mundo para textos técnico-científicos. Apesar disto, o mesmo é válido para o idioma
português, falado no Brasil, onde este trabalho foi realizado: no Google (2007), o uso
do termo Informática Médica (344.000 hyperlinks) supera o uso de Informática em Sa-
úde (171.000 hyperlinks) e de Informática Biomédica (82.900 hyperlinks).

101
Tabela 3 – Terminologia da Informática Médica no Google.

Com base nisto, apresentamos nossas próprias considerações sobre a definição e uso
de termos para representar a área da Informática aplicada às Ciências da Saúde e às
Ciências da Vida.
Retornando às considerações de Mea (2001) sobre Telemedicina e eSaúde, parece
que a eSaúde é bem mais ampla que a Telemedicina, pois não se restringe a intera-
ção médico-paciente. A Telemedicina parece ser um dos temas da eSaúde, mesmo
porque o termo “medicina” é mais específico do que “saúde”, mais adequado para de-
signar uma série de ações envolvidas no cuidado em saúde que vão além do âmbito
da Medicina.

Algumas vezes, o termo Telessaúde (Telehealth) é utilizado como sinônimo de Tele-


medicina, o que parece mais adequado para representar o cuidado em saúde por meio
de redes de comunicação como a internet. O prefixo “tele” significa “a distância”, assim
Telessaúde seria adequado para o cuidado em saúde a distância, assim como Tele-
medicina bem traduz o cuidado médico a distância. Nenhum dos 2 termos, entretanto,
representaria bem o uso da Informática em Ciências da Saúde e da Vida, porque não
necessariamente esta integração é feita para uso à distância. Assim, parece mais coe-
rente que a Telemedicina e/ou Telessaúde tratem apenas de um dos aspectos da e-
Saúde.

O termo eSaúde também nos parece inviável para representar a interdisciplinaridade


da Informática com as Ciências da Saúde e da Vida, dada a sua abrangência que ul-
trapassa os limites de uma área científica e tecnológica. A eSaúde envolve muito mais
aspectos mercadológicos do uso da Informática na saúde e do consumo de produtos e
serviços em saúde, tendo, muitas vezes, mas nem sempre, como pano de fundo a
Informática Médica e a Telemedicina. É como confundir o comércio com as Ciências
Econômicas ou confundir o uso de redes de telecomunicação com a Engenharia de
Telecomunicações.
Concordamos com o MeSH (2005) que a Telemedicina (Telemedicine) seja uma sub-
área da Medicina que emprega a tecnologia de redes de comunicação na relação mé-
dico-paciente a distância. Entendemos a eSaúde como uma das sub-áreas da Infor-
mática Médica, atrelada às Redes de Informação e Comunicação (Networking) em
Saúde, que contém a Telessaúde, a qual representa o cuidado em saúde à distância.

102
Acreditamos que o termo eSaúde possa até vir a substituir os termos Informática Mé-
dica, Informática em Saúde e Informática Biomédica em algum momento futuro, devido
à abrangência do conceito e sua facilidade mnemônica. No momento, pode ser consi-
derada como parte da Informática Médica e até caracterizada como uma tecnociência,
somente quando de fato emprega métodos e técnicas provenientes da ciência e tecno-
logia na saúde, no âmbito da sociedade, o que nem sempre ocorre.
De outro lado, o termo Informática Biomédica (Biomedical Informatics) parece conside-
rar somente o desenvolvimento e aplicação da Informática (Informatics) em Ciências
Biológicas (Bio) e em Medicina (Medicine), excluindo outras Ciências da Saúde a qual
a área se aplica. O termo Informática Médica (Medical Informatics) parece considerar
somente o desenvolvimento e aplicação da Informática (Informatics) em Medicina
(Medicine), excluindo outras Ciências da Saúde e as Ciências Biológicas.

O termo Informática em Saúde (Health Informatics) parece considerar somente o de-


senvolvimento e aplicação da Informática (Informatics) nas Ciências da Saúde, ficando
de fora as Ciências Biológicas. Nenhum dos termos parece representar integralmente
o conceito de desenvolvimento e aplicação da Informática nas Ciências da Saúde e da
Vida.

Aqui, chegamos a um impasse difícil de ser resolvido, pois não podemos ser incoeren-
tes, elegendo um termo para um conceito que não o designa completamente, como
Informática Médica (Medical Informatics) ou Informática Biomédica (Biomedical Infor-
matics). Mesmo porque as ciências biomédicas parecem manter o foco na pesquisa
em laboratório, enquanto a Informática Biomédica parece ir muito além do laboratório.
O termo Informática em Saúde (Health Informatics) parece ser o mais apropriado por
três razões: 1) por ser um termo já utilizado pela comunidade científico-tecnológica no
mundo inteiro até então, ainda que em menor escala; 2) por abranger todas as Ciên-
cias da Saúde e não só a Medicina; 3) mesmo que a tendência mostre uma inversão
destas estatísticas, parece continuar sendo mais representativo na literatura técnico-
científica disponível nos mecanismos de busca do que o termo Informática Biomédica.
E, apesar do propósito deste trabalho não ser o estabelecimento de uma nova nomen-
clatura para a área, que já tem os têm em profusão, mas sim constatar os valores de
uma comunidade científico-tecnológica em relação ao seu próprio campo de pesquisa,
sugerimos o neologismo Informática em BioSaúde como o termo capaz de abranger
toda a gama de conhecimento da área. A Informática em BioSaúde (BioHealth Infor-
matics) seria a pesquisa (ciência), desenvolvimento (tecnologia) e aplicação (tecnoci-
ência) da Informática e suas sub-áreas às Ciências da Saúde e às Ciências Biológicas
(da vida).

103
A revisão da literatura em Informática em Saúde tem como resultado a Sistematização
do Conhecimento em Informática em Saúde (p. 109) que deu origem ao Mapa do Co-
nhecimento em Informática em Saúde (p. 122).

5.3.5 Pesquisa em Informática em Saúde


Para dar conta dos aspectos psicológicos e sociais da epistemologia da Informática
em Saúde na atualidade consideramos adequado constatar a opinião da comunidade
técnico-científica e profissional sobre a área por meio de uma pesquisa sobre aspectos
terminológicos e conceituais. A pesquisa foi disponibilizada na web, nos idiomas por-
tuguês (Brasil) e inglês, durante o mês de setembro/2007. O questionário semi-aberto
foi dividido em 2 seções contendo 21 perguntas fechadas e 2 perguntas abertas: 1)
“perfil do respondente” (Figura 34) e 2) “sobre a Informática em Saúde” (Figura 35).

Figura 34 – Tela do website do questionário com questões sobre o perfil do respondente.

104
Figura 35 – Tela do website do questionário com questões sobre a Informática em Saúde.

105
6 Resultados
Os primeiros resultados são provenientes do estudo epistemológico: 1) caracterização
de MAPHs, 2) modelos de sistematização do conhecimento em Informática em Saúde,
3) classificações epistemológicas, 4) classificações em MAPHs, 5) classificações epis-
temológicas e em MAPHs da Informática em Saúde, 6) mapa do conhecimento em
Informática em Saúde e 7) consenso da pesquisa com a comunidade sobre a Informá-
tica em Saúde.
Após a criação das classificações epistemológicas e em MAPHs foi possível, apresen-
tar o resultado final do tesauro EpistemIS, resultado do estudo terminológico, com su-
as respectivas classificações epistemológicas e em MAPHs. Finalmente, foi retomado
o estudo estatístico, aliado aos estudos terminológico e epistemológico, que resulta-
ram em um conjunto de estatísticas relativas: 1) à classificação epistemológica dos
termos EpistemIS, 2) à classificação em MAPHs dos termos EpistemIS e 3) ao corpus
de análise associado ao termos EpistemIS, ou seja, à associação dos ngramas prove-
nientes da mineração do corpus de análise (resumos de artigos), aos ngramas do te-
sauro EpistemIS e às classificações epistemológicas e classificações em MAPHs.

6.1 MAPHs
Para sintetizar o estudo dos MAPHs, a figura a seguir apresenta uma síntese da evo-
lução dos MAPHs ao longo da história da humanidade, da Antiguidade à Idade Con-
temporânea (Figura 36).
Considerando os MAPHs como “sujeitos” que conduzem a humanidade ao progresso
e à expansão, podemos considerar que a técnica é o sujeito que realiza o que é útil,
com base em procedimentos padronizados que resultam em produtos similares. A arte
é o sujeito que realiza e aprecia o que é harmonioso e belo; é também aquele que
trabalha com a inspiração e, mesmo apoiado na técnica, o resultado do seu trabalho é
individualizado e subjetivo.

106
Figura 36 – Evolução dos MAPHs.

107
A ciência é o sujeito que observa, explica e dá sustentação aos fenômenos produzidos
pela natureza, pela arte e pela técnica. A ciência básica é aquele que observa, com-
preende e explica os fenômenos produzidos pela natureza e pelo ser humano com
base no método científico, sem preocupar-se em aplicar o conhecimento, mas testan-
do hipóteses, para prová-las ou refutá-las. Se a hipótese resulta em prova, pode tor-
nar-se princípio, fundamento ou teoria; se resulta em refutação, dá origem a novos
problemas científicos de fundo teórico. A ciência aplicada é aquele que observa, expli-
ca e dá sustentação aos fenômenos, aplicando seus conhecimentos adquiridos, po-
dendo prová-los ou refutá-los: e se a sua aplicação resulta em prova, pode dar surgi-
mento a uma nova tecnologia; se resulta em refutação, dá origem a novos problemas
científicos de fundo prático. A tecnologia é o sujeito que desenvolve o que é útil, com
base na ciência. A tecnociência é o sujeito que caminha em uma via de duas mãos, de
um lado para o outro, sem nunca se fixar exclusivamente em nenhum dos lados, unin-
do e igualando a ciência e a tecnologia e reafirmando a sua interdependência.
Cada um dos MAPHs tem características que lhe são peculiares (Quadro 8), mas que
em muitos aspectos se entrecruzam e tornam tênues as suas distinções.

Quadro 8 – Características essências de MAPHs.

De fato, pode-se notar uma relação de proximidade e até mesmo de simbiose entre os
MAPHs (Figura 37), que os integra de forma a alavancar o progresso da humanidade:
a arte mantém o seu desenvolvimento independente de outros MAPHs, mas podendo
ser eventualmente auxiliada pela lógica, métodos e técnicas, instrumentos que são
largamente utilizados tanto na ciência básica e aplicada, quanto na tecnologia e tecno-
ciência.
A ciência básica é a pedra fundamental do desenvolvimento científico, tecnológico e
tecnocientífico, sendo seu caminho natural a aplicação. A ciência aplicada, por sua
vez, parece estar mais fortemente vinculada à tecnologia, se aproximando ainda mais

108
da sociedade, por seu caráter utilitário. A tecnociência e a arte são as que cumprem
com mais afinco o seu papel na sociedade e por isso, parecem ser mais importantes e
mais populares; entretanto os avanços tecnocientíficos não são possíveis sem o de-
senvolvimento de seus elementos mais distantes da sociedade, que são a tecnologia,
a ciência aplicada e a ciência básica. Até mesmo a arte teria menos riqueza e sofisti-
cação sem o auxílio das ciências e tecnologias.

Figura 37 – Relações de proximidade entre os MAPHs.

6.2 Sistematização do Conhecimento em Informática em Saúde


A organização do conhecimento na área da Informática em Saúde envolve desde o
reconhecimento de suas leis e princípios, de seu conjunto dos conhecimentos e expe-
riências para se chegar a uma sistematização deste conhecimento. Pesquisadores
têm mostrado que pode haver um longo período entre o desenvolvimento de novos
conceitos e métodos em pesquisa básica e sua eventual aplicação no mundo prático.
Além disso, muitas descobertas são descartadas ao longo do caminho, o que significa
que somente uma pequena porcentagem das descobertas da pesquisa básica tem
influência prática no cuidado em saúde (Balas and Boren, 2000 apud Shortliffe &
Cimino, 2006).

Nas pesquisas em Ciências da Saúde, hipóteses são testadas e modelos são desen-
volvidos para se obter clareza nos seus diversos processos. Isto também ocorre na
pesquisa em Informática em Saúde com a formalização do conhecimento médico em
modelo computacional, o que representa avanço tanto para a Informática em Saúde
quanto para as Ciências da Saúde (Van Bemmel, 1991).

109
Um modelo pode ser considerado como a representação idealizada, fiel e coerente de
aspectos da realidade, representando de modo formal o conhecimento existente, ou
seja, a estrutura e o comportamento de um processo ou sistema. Um modelo pode
assumir diferentes formas, tais como uma descrição verbal, matemática ou algorítmi-
ca, um diagrama fluxograma. Aspectos da realidade podem ser estudados sob diferen-
tes pontos de vista e por diferentes métodos e o mesmo se aplica à modelagem: dife-
rentes disciplinas desenvolvem modelos diferentes para descrever os mesmos pro-
cessos ou sistemas (Van Bemmel, 1991). Logo, a Informática em Saúde não terá um
modelo conceitual (mapa) de conhecimento necessariamente igual nem à Informática,
nem às Ciências da Saúde, mesmo quando se tratar de objetos originários destas ci-
ências.
O método usado para a construção de modelos é a abstração, que é um método de
pesquisa tradicional nas ciências cognitivas e apresenta a vantagem de poder ser
transferido de um domínio para outro. Assim, um dos papéis dos profissionais de In-
formática em Saúde seria o de construir modelos informáticos capazes de predizer o
comportamento de pacientes e situações do cuidado em saúde sob circunstâncias
específicas (Maojo et al, 2002). Com base em teorias de outras ciências, tais como
Ciência da Computação, Ciências da Saúde e Ciências Biológicas, novas teorias po-
dem ser desenvolvidas para caracterizar modelos e provar suas propriedades.
Considerando que a Informática em Saúde é uma área nova e que se tornou possível
devido aos desenvolvimentos na área de Informática, é evidente a sua relação intrín-
seca com esta área. Observando sua evolução e objetivos, vê-se também que é for-
temente vinculada aos conhecimentos das Ciências da Saúde e Ciências da Vida (Bio-
lógicas). Assim, um modelo de Informática em Saúde deveria incluir elementos tanto
da Informática quanto das Ciências da Saúde e da Vida. Entretanto, a evolução da
área nos últimos 60 anos ocorreu paulatinamente, tendo seu foco inicial na Medicina,
expandindo aos poucos sua abrangência para as Ciências da Saúde e somente nas 2
últimas décadas, para as Ciências da Vida.
Apresentamos, a seguir, alguns modelos conceituais ou mapas de sistematização do
conhecimento da Informática Médica, em ordem cronológica, organizados durante este
trabalho, como forma de compreender essa evolução e fornecer subsídios para a clas-
sificação epistemológica da área. Vale ressaltar que, apesar de se basearem em pes-
quisadores e trabalhos renomados, a organização como é apresentada não consta na
literatura de seus autores.

110
6.2.1 Processos da Informática Médica por Wigertz
No início da década de 1990, ainda não haviam mapas sistemáticos do conhecimento
da Informática em Saúde, mas pode-se ter uma noção do que se entendia da área
com a observação dos programas curriculares da disciplina de Informática Médica
ministrada nas escolas médicas. Wigertz (1991), visando o desenvolvimento do currí-
culo da disciplina de Informática Médica da faculdade de Medicina da Charles Univer-
sity em Praga, subdividiu a Informática Médica em processos (Figura 38).

O processo se inicia com a identificação de um problema médico que gera a necessi-


dade de modelagem e desenvolvimento de um método, modelo ou sistema apropriado
para resolver o problema, o qual terá como requisito a medição e coleta de dados. Os
dados médicos podem estar sob diferentes formatos (textos, números, sinais, ima-
gens) e precisam ser armazenados, recuperados, processados e comunicados entre
diferentes instituições e pessoas, por isso a necessidade de administração de bancos
de dados e da comunicação.

O processamento de informação transforma dados em informação, possibilitando a


sua classificação e interpretação, para finalmente serem usados para tomada de deci-
são médica. A segurança e privacidade dos dados e informações no sistema vai se
tornando cada vez mais importante, devido à sua sofisticação, assim como a validação
e a avaliação do sistema, que visam analisar a sua efetividade. Outros problemas mé-
dicos podem surgir a partir da avaliação do sistema ou de novas necessidades médi-
cas, reiniciando o ciclo.

Figura 38 – Processos em Informática Médica (Wigertz, 1991).

Observamos que o modelo de processos da Informática Médica apresentado por


Wigertz, embora focado no processo médico e nos problemas de informação médica,
é suficientemente generalizado para ser replicado aos processos de outras Ciências
da Saúde. Entretanto, a visão de Wigertz limitava a Informática Médica à construção
de métodos, modelos ou sistemas para solucionar problemas médicos, o que talvez
fosse suficiente para a época de emergência da Informática Médica. Com a ampliação

111
do escopo da Informática para as Ciências da Saúde, os processos foram se tornando
mais complexos e específicos, visando solucionar problemas do cuidado em saúde
sob diversos aspectos, além da medicina.

6.2.2 Modelo de Van Bemmel


Em 1996, Van Bemmel já considerava importante a sistematização do campo da In-
formática Médica, pois uma classificação sistemática é de grande uso para fins educa-
cionais, além de ajudar os profissionais e pesquisadores da área a melhor compreen-
der as potencialidades e limitações da aplicação de computadores em saúde e, contri-
buir com o avanço da base científica do campo de pesquisa.

Van Bemmel (1996) atestou que, para a Informática Médica ser considerada uma ci-
ência, deveria preencher uma série de requisitos: conter um domínio na realidade on-
de uma teoria é desenvolvida; não ser meramente uma ciência aplicada; não ser de-
terminada apenas pela tecnologia; ter modelos desenvolvidos para ilustrar e provar
teorias; ter problemas resolvidos por meios metodológicos, seguindo princípios de abs-
tração e generalização.
Van Bemmel (1996) entendia que a Informática Médica tem como objetos de estudo
os “dados”, a “informação” e o “conhecimento” médicos. Para Georgiou (2002), o mo-
delo de Informática Médica também consiste destes 3 objetos essenciais, os quais são
organizados em uma hierarquia, com “dados” na base do modelo para estabelecer a
“informação” e conduzir à geração de “conhecimento”.
Porém, Van Bemmel (1996) acreditava que dificilmente qualquer pesquisa básica em
Informática Médica seria possível sem envolver as disciplinas básicas das Ciências da
Saúde, tais como a Biologia, Fisiologia, Física, Química e Matemática, já que o mesmo
espectro de conhecimentos usados para desenvolvimento de sistemas em saúde é
também usado para a organização do cuidado médico e das organizações de saúde,
onde disciplinas como Economia, Sociologia e Gestão de Negócios são a base do
desenvolvimento. E embora ele falasse em Ciências da Saúde, continuou a utilizar o
termo Informática Médica.
Assim, Van Bemmel incluiu em seu modelo de Informática Médica o Ciclo Diagnóstico-
Terapêutico, composto por 3 estágios: 1) observação, 2) diagnóstico e 3) terapia. A
observação lida com a aquisição de dados do paciente que contêm informação sobre
a condição do paciente ou o estado do processo da doença, obtidos de dados da his-
tória do paciente ou de dados contidos em exames laboratoriais. O diagnóstico diz
respeito à capacidade do médico em detectar a doença a partir do histórico do pacien-
te, com base no seu conhecimento médico, que o auxiliará no processo de decisão. A
terapia é a capacidade do médico oferecer soluções para cura das doenças e para

112
amenizar o sofrimento do paciente, atividade que é mais caracterizada por aspectos
pragmáticos que por reflexões teóricas e baseada nos resultados do diagnóstico ou
prognóstico.

A tarefa da Informática Médica no Ciclo Diagnóstico-Terapêutico seria fornecer ao mé-


dico os dados necessários e os métodos de suporte à decisão, por meio da formaliza-
ção do conhecimento, automação dos processos de informação, criação de bases de
conhecimento médico, desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão, preparação e
monitoramento de terapias e avaliação de terapias. Deste modo, o ciclo diagnóstico-
terapêutico teria maior eficiência, mantendo a qualidade dos processos de cuidado em
saúde e minimizando o sofrimento do paciente.
No trabalho de Van Bemmel uma atenção especial foi dada às diferentes visões da
Informática Médica como arte e ciência. Dizia ele que a Informática Médica se localiza
na intersecção entre a informática e as diferentes disciplinas da medicina e saúde e
que o termo Informática em Saúde também vinha sendo usado, mas sem um aprofun-
damento da discussão semântica da diferença entre os 2 termos. Para ele, a Informá-
tica Médica já possuía, em 1996, tanto características fundamentais quanto aplicadas.
No início do seu desenvolvimento, podia até ser considerada uma arte ou tecnologia,
mas depois passou a ser considerada como a ciência da Informática Médica.
O conhecimento científico tem, aparentemente, uma natureza geral, e a arte lida com
a experiência e conhecimento que foram obtidos na prática ou estudo. Neste âmbito, o
conhecimento de alguém que pratica arte pode não ser proveniente da ciência, mas
será muito provavelmente proveniente da prática em si. De outro lado, a especializa-
ção pode ser feita tanto na arte quanto na ciência, de tal modo que o mais especiali-
zado em saúde (arte da prática médica) terá o melhor conhecimento médico (ciência
médica), o qual pode ser adquirido em 2 diferentes espaços: o laboratório de pesquisa
médica e a prática clínica.

O conhecimento obtido no laboratório de pesquisa médica se refere a processos e


problemas relacionados à saúde e doenças, por meio da demonstração do funciona-
mento de organismos saudáveis e doentes, incluindo micro e macro-processos que
lidam com moléculas, células, órgãos, sistemas orgânicos e mecanismos de controle.
O objetivo é reunir conhecimento sobre doenças para a cura de pacientes ou para
preservação do bem-estar. A Informática Médica também participa desta atividade de
coletar o conhecimento básico que depois será aplicado nas Ciências da Saúde.
O conhecimento obtido na prática clínica, considerada como arte médica, se refere à
ação diagnóstica e terapêutica e para amenizar o sofrimento do paciente. Com base
no conhecimento prático e com ajuda de dados do paciente, são investigadas as rela-

113
ções entre sintomas e doenças e entre terapias e resultados. Para a Informática em
Saúde, este conhecimento é um importante subsídio, porém é mais facilmente adquiri-
do com estudos formais relacionados ao paciente.

O certo é que o conhecimento usado como subsídio pela Informática Médica para de-
senvolver seus métodos, técnicas, processos e ferramentas são provenientes da arte
médica, tanto no laboratório de pesquisa, quanto na prática clínica, que é considerada
como arte. Mas para o seu próprio desenvolvimento, a Informática Médica busca a
formalização deste conhecimento, aproximando-se da ciência.

Na Informática Médica, são desenvolvidos métodos e formalismos para aquisição e


interpretação de dados médicos com auxílio do conhecimento que é obtido na pesqui-
sa científica. Os computadores são os instrumentos para se atingir estes objetivos.
Quando um modelo não pode ser definido, um programa de computador não pode ser
projetado. Tais modelos são requeridos para intercâmbio de dados médicos, sistemas
automatizados de departamentos ou registro eletrônico do paciente, reconstrução de
imagens 3D, interpretação de ECGs, entre outros.
Assim, Van Bemmel afirma que a Informática Médica é uma ciência aplicada e expe-
rimental que usa formalismos da Matemática e da Física, além de ferramentas da In-
formática. É também um campo multidisciplinar que em parte reflete arte e, em parte,
reflete a Ciência Médica. A pesquisa científica em Informática Médica é multidisciplinar
porque lida com as Ciências da Saúde e isto é realizado por pesquisadores provenien-
tes de diferentes disciplinas científicas. A pesquisa e desenvolvimento em Informática
Médica aponta não apenas para a incorporação do conhecimento das ciências natu-
rais, mas também para o conhecimento especial ou proveniente da experiência clínica,
assim como os aspectos normativos desses conhecimentos.
Com isto, chegamos ao mapa de sistematização do conhecimento proposto por Van
Bemmel em 1996. O modelo (Figura 39) subdivide a Informática Médica em 6 sub-
áreas com seus temas, enfatizando elementos tanto da Informática (Documentação e
Comunicação, Armazenamento e Recuperação da Informação e Automação e Compu-
tação) quanto das Ciências da Saúde (Tomada de Decisão e Reconhecimento de Pa-
drões, Terapia e Controle). A sub-área de Pesquisa em Informática Médica ressalta o
seu aspecto científico, que já vinha tomando forma desde então.

114
Figura 39 – Modelo do conhecimento em Informática Médica de Van Bemmel (1996).

Com este modelo de conhecimento, Van Bemmel conclui que a Informática Médica é
um campo multidisciplinar que reflete tanto a arte quanto a ciência: arte, quando os
sistemas de processamento computacionais são construídos e avaliados; ciência,
quando os métodos são concebidos e experimentalmente validados por meio de mo-
delos e formalismos computacionais.
A Informática Médica faz uso de formalismos de Informática e de metodologias das
Ciências da Saúde, cujo conhecimento pode ser proveniente tanto da prática clínica,
que pode ser considerada arte, quanto da pesquisa médica, considerada ciência. O
conhecimento científico tem uma natureza geral, enquanto a arte se baseia na experi-
ência e conhecimento adquiridos na prática, que em geral não tem natureza científica.
Um outro aspecto do seu modelo é relativo ao nível de complexidade dos assuntos
tratados pela Informática Médica: os problemas que podem ser resolvidos basicamen-
te soluções computacionais envolvem processos de menor complexidade. A medida
que a solução dos problemas de um assunto exige a participação humana, aumenta a
sua complexidade, logo os problemas relativos à Documentação e Comunicação são
bem menos complexos do que aqueles relativos à Terapia e Controle, por exemplo.

Apesar de manter o mesmo modelo de Informática Médica apresentado em 1996, no


seu Handbook of Medical Informatics disponível online, Van Bemmel (1999) subdividiu
o conhecimento da Informática Médica em 3 temas, cada um subdividido em 3 subte-
mas (Figura 40). Os 3 temas podem ser considerados como os objetos de pesquisa da
Informática Médica, enquanto suas subdivisões são os processos aplicados a estes
objetos.

115
Figura 40 – Objetos e processos da Informática Médica por Van Bemmel.

Van Bemmel (1999) apresentou uma série de conclusões importantes sobre a Informá-
tica Médica no seu handbook. Ele mantém suas afirmações sobre os aspectos artístico
e científico da Informática Médica. Afirma também que a área desenvolve e avalia mé-
todos e sistemas para aquisição, processamento e interpretação de dados de pacien-
tes com a ajuda do conhecimento que é obtido pela pesquisa científica. A pesquisa em
Informática Médica é multidisciplinar e segue modelos científicos e suas aplicações
tem fundamento tecnológico. A pesquisa e aplicações em Informática Médica devem
estar sob a responsabilidade de seus pesquisadores e usuários.
Um exame detalhado do handbook, assim como as próprias conclusões de Van Bem-
mel, sugere-nos que os objetos e processos da Informática Médica ali retratados en-
volvem arte, ciência e tecnologia, o que a caracteriza como uma tecnociência.

6.2.3 Modelo de Shortliffe e Cimino


Em (1995), Shortliffe definiu a Informática Médica como o campo científico que trata do
armazenamento, recuperação e uso otimizado de informações biomédicas, dados, e
conhecimento para solução de problemas e tomada de decisão e afirmou que esta
disciplina estaria intimamente associada tanto aos campos básicos e aplicados das
ciências biomédicas quanto à tecnologias de informação, computação e comunicação.
Em 2006, Shortliffe & Cimino (2006) publicaram a 3ª edição de sua extensa obra sobre
a Informática Biomédica, escrita por diversas autoridades no tema, enfatizando a apli-
cação de computadores no cuidado em saúde e em biomedicina. A partir das idéias
apresentadas nos primeiros capítulos da obra, que trazem um panorama histórico e
conceitual deste campo de pesquisa, desenhamos um mapa de sistematização do
conhecimento da Informática Biomédica.
A Informática Biomédica vem se destacando como a maior área de atividade do NIH7
e na pesquisa e desenvolvimento em universidades e companhias de biotecnologia no

116
mundo. Entretanto, o crescimento explosivo do campo tem causado confusão em rela-
ção aos nomes convencionais utilizados para a área, conforme discutido no capítulo
“Terminologia da da Informática em Saúde” (p. 97). Além disso, as relações entre In-
formática Médica e Bioinformática começam a ficar indistintas. Como resultado e tam-
bém para incluir as aplicações biológicas com as quais muitos grupos de Informática
Médica já estão envolvidos, o nome Informática Médica gradualmente vai se transfor-
mando em Informática Biomédica. Diversos grupos acadêmicos têm mudado seus
nomes e o maior periódico de Informática Médica, o ”Computers and Biomedical
Research” renasceu como “The Journal of Biomedical Informatics”.

A Informática Biomédica é o campo científico que lida com os dados, informações e


conhecimento biomédicos, seu armazenamento, recuperação e uso otimizado para
solução de problemas e tomada de decisão. Está vinculada às Ciências Biomédicas
básicas e aplicadas e fortemente associada às modernas tecnologias de informação,
especialmente com as áreas de computação e comunicação. Ela determina e analisa
a estrutura da informação e do conhecimento biomédico, considerando que a ciência
biomédica está limitada à sua estrutura.
A Informática Biomédica (Figura 41) se subdivide em Ciência da Computação Biomé-
dica, que trata das metodologias por ela utilizadas, e Computação Biomédica, que
trata das suas aplicações. A Ciência da Computação Biomédica se ocupa da pesquisa
básica, da busca de novos conhecimentos, da análise da informação e do conheci-
mento, fazendo a interface entre a Ciência da Computação e as Ciências Biomédicas.
A Computação Biomédica é uma ciência experimental, que se caracteriza pelas ques-
tões apresentadas, projetos experimentais, análise do desempenho e uso da informa-
ção obtida para projetar novos experimentos, utilizando este conhecimento para fins
práticos, caracterizando a pesquisa aplicada.
O trabalho da Informática Biomédica é inerentemente motivado por problemas de um
conjunto de domínios aplicados na Biomedicina: a Informática Clínica, a Informática
em Saúde Pública, a Informática de Imagens e a Bioinformática. A Informática Clínica
fornece soluções de informática orientadas ao paciente individual para problemas rela-
tivos ao cuidado clínico, incluindo Medicina, Enfermagem, Odontologia e Medicina
Veterinária. A Informática em Saúde Pública também fornece soluções de informática
para problemas relativos ao cuidado clínico, porém orientadas à saúde coletiva das
populações e da sociedade em geral. A Informática de Imagens trata de oferecer solu-
ções de informática para problemas ao gerenciamento e análise de imagens na Radio-
logia, Patologia, Dermatologia e Visualização Molecular. A Bioinformática envolve a
aplicação de métodos computacionais em estudos celulares e moleculares e, num

117
outro nível, trabalha com tecidos e órgãos, dando ênfase a computação gráfica e ima-
gens médicas.

Figura 41 – Mapa do conhecimento da Informática Médica por Shortliffe e Cimino.

A Informática Biomédica é talvez uma ciência biomédica básica com um conjunto de


áreas potenciais de aplicação. A analogia com outras ciências básicas é que a Infor-
mática Biomédica usa os resultados das experiências passadas para compreender,
estruturar e codificar objetiva e subjetivamente as descobertas biomédicas tornando
isto adequado para processamento. O novo conhecimento gerado pode auxiliar no
cuidado ao paciente, no planejamento da saúde e na pesquisa biomédica.
A Informática Biomédica inclui atividades concernentes às Ciência da Computação em
todos os seus aspectos: desenvolvimento de hardware, software e teorias da Ciência
da Computação. Contudo, a área é mais do que simplesmente a aplicação da Ciência
da Computação nas Ciências Biomédicas. Os temas por ela estudados não só têm
relevância para a Medicina, Biologia e Saúde, mas também para outras ciências.
A pesquisa em Informática Biomédica contribui para as Ciências da Decisão, com teo-
rias da probabilidade, análise de decisão, psicologia para solução de problemas hu-
manos, para as Ciências Cognitivas, Ciências da Informação e Ciências Administrati-
vas. Além disso, pesquisadores da Informática Biomédica têm apresentado soluções
para problemas reais da Saúde e Biomedicina. Uma pesquisa científica em Informática
Biomédica pode ser motivada por problemas práticos de uma área de aplicação, mas
os resultados do seu trabalho podem contribuir com a expansão do conhecimento da
área, assim como serem usados como modelo para outras aplicações práticas.
Embora a Informática Biomédica contribua com o desenvolvimento de equipamentos e
dispositivos tecnológicos de informação e comunicação, é a Engenharia Biomédica a
área que se ocupa desta temática com propriedade. Muitas escolas médicas e de en-
genharia têm programas acadêmicos formais sobre o tema, geralmente em tempo
integral. Departamentos de Engenharia Biomédica emergiram há cerca de 40 anos,
quando a tecnologia começou a ter um papel proeminente na prática médica. A ênfase

118
em tais departamentos tende para a pesquisa e desenvolvimento de instrumentação,
tais como sistemas de monitoramento avançados, transducers especializados para
uso em clínicas ou laboratórios e técnicas de otimização de imagem para uso em ra-
diologia, com orientação para o desenvolvimento de dispositivos médicos e ferramen-
tas de pesquisa especializadas. Nos últimos anos, técnicas computacionais foram u-
sadas no projeto e construção de dispositivos médicos. Os dispositivos "inteligentes"
largamente utilizados na maioria das especialidades médicas são todos dependentes
da tecnologia de micro processamento.

A sobreposição entre Engenharia Biomédica e Informática Biomédica sugere que não


seja bom estabelecer limites rígidos entre os dois campos. Há muitas oportunidades
de interação, tais como em sistemas de monitoramento de pacientes e em sistemas de
radiologia. Porém, existem diferenças entre eles: na Engenharia Biomédica, a ênfase
está em dispositivos médicos, enquanto em Informática Biomédica, a ênfase está em
informação e conhecimento biomédicos e na sua administração com o uso de compu-
tadores. Em ambos os campos, o computador é secundário, embora ambos usem tec-
nologias de computação.
Shortliffe & Cimino prevêem ainda, para um futuro próximo, um modelo de Informática
em Saúde Pública (Figura 42) que inclua a integração em rede de bases de dados
regionais e nacionais de vigilância em saúde, além de uma Infra-estrutura Nacional de
Informação em Saúde (National Health Information Infrastructure - NHII) que ofereça
acesso à informação, suporte à decisão, canais de comunicação com pacientes e en-
tre colegas de trabalho e suporte à operações de negócios. Este modelo idealista re-
solveria uma série de problemas relativos aos sistemas de cuidado em saúde, desde a
prevenção e redução de erros na prática do cuidado em saúde, até a redução de cus-
tos administrativos e melhoria da eficiência.
O objetivo final deste modelo é criar um fluxo de informação cíclico por meio do qual
os dados distribuídos de Registros Eletrônicos em Saúde (Electronic Health Records -
EHRs) sejam automaticamente submetidos a bases de dados de registros pesquisa. O
novo conhecimento resultante poderá retornar aos profissionais de saúde em seus
postos de atividade, usando uma variedade de instrumentos de suporte à decisão au-
tomatizados e distribuídos em rede.

119
Figura 42 – Modelo da Informática em Saúde Pública por Shortliffe & Cimino (2006).
Obviamente, são necessárias uma iniciativa nacional de planejamento cooperativo e a
implementação de recursos de informática e comunicação em instituições e clínicas,
além de um ambiente padronizado que facilite esta transição, para que os profissionais
em saúde se beneficiem dessa rotina de acesso à informação em saúde.
Os modelos ou mapas de sistematização do conhecimento da Informática em Saúde
obtidos da literatura técnico-científica, junto às classificações epistemológicas e em
MAPHs de áreas do conhecimento que compõem a área serviram de base para o de-
senvolvimento do Mapa do Conhecimento em Informática em Saúde (p. 122).

6.3 Classificação Epistemológica


Como resultado da aplicação do método epistemológico baseado no referencial de
Mário Bunge, com base nos processos de abstração e validação conceitual e de clas-
sificação conceitual, foi possível realizar a classificação epistemológica dos conceitos
do tesauro EpistemIS (Figura 43) quanto à sua base conceitual, tipo conceitual, função
e objetivo conceituais e tipo de conceito teórico. Os resultados estatísticos estão no
capítulo de Estatísticas das Classificações Epistemológicas (p. 130).

120
Figura 43 – Classificações Epistemológicas

6.4 Classificações Epistemológicas e em MAPHs de Áreas


Com base em nosso estudo epistemológico e nos critérios apresentados para classifi-
cação das áreas do conhecimento em MAPHs, pudemos fazer inferências sobre as
principais áreas que compõe a Informática em Saúde, que são Ciências da Saúde,
Ciências da Informação, Informática e também sobre a Informática em Saúde.

A. Ciências da Saúde
• Abrangem um conjunto de ciências, tecnologias e tecnociências, baseadas em
arte, técnica e método científicos. São elas: Educação Física, Enfermagem, Far-
mácia, Fisioterapia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Saúde
Coletiva, Terapia Ocupacional, além de todas as especialidades médicas;
• Utilizam como fundamentos ciências puras, tais como Biologia, Química, Física e
Matemática;
• Têm como conhecimentos específicos as seguintes disciplinas: a) relacionadas ao
estudo do ser humano para o cuidado em saúde, tais como anatomia, fisiologia,
semiologia, patologia e terapia consideradas ciência; b) relacionadas à pratica do
cuidado em saúde, tais como a diagnose, considerada como arte.

B. Ciências da Informação
• Abrangem um conjunto de ciências, tecnologias e tecnociências, baseadas em
arte, técnica e método científicos;
• A Informática faz parte do conjunto das Ciências da Informação e abrange 4 áreas
distintas:

121
o a Ciência da Computação, considerada como ciência,
o a Engenharia de Software, considerada como tecnologia,
o a área de Sistemas de Informação, considerada como tecnologia,
o a área de Interação Humano-Computador, considerada como arte;
• A Informática em Saúde faz parte do conjunto das Ciências da Informação, no do-
mínio da Informática, aplicada às Ciências da Saúde.

C. Informática em Saúde
• A Informática em Saúde abrange 2 tipos de conhecimento:
o a base específica, formada por conhecimento obtido de outras áreas,
o o corpo de conhecimento, formado por conhecimento obtido na própria á-
rea;
• A base específica é proveniente das seguintes áreas:
o Ciências Comportamentais, Ciências Naturais, Ciências Biológicas, Ciên-
cias da Informação;
o O corpo de conhecimento é formado pelos seguintes temas:
o Informática Biomédica, que é aplicada tanto as Ciências da Saúde quanto
as Ciências da vida ou Ciências Biológicas,
o Informática Médica, aplicada à Medicina,
o Informática em Enfermagem, aplicada à Enfermagem,
o Informática Odontológica, aplicada à Odontologia,
o Informática aplicada a todas as outras Ciências da Saúde não especifica-
das.

Com este conjunto de critérios e inferências foi possível desenvolver o mapa do co-
nhecimento da Informática em Saúde.

6.5 Mapa do Conhecimento em Informática em Saúde


Com base no estudo epistemológico até então realizado, com ênfase na história, evo-
lução, conceitos, definições e modelos de sistematização da Informática em Saúde
apresentados, construímos um mapa de sistematização do conhecimento da área,
incluindo classificações em MAPHs. A sistematização foi usada no desenvolvimento
do tesauro EpistemIS e suas classificações.
O mapa se baseia no MeSH, por ser reconhecido mundialmente como referência no
mapeamento do conhecimento das Ciências da Saúde, inclusive Informática em Saú-
de (Medical Informatics). Por isto, iniciamos a sistematização com uma discussão so-
bre a inserção da Informática em Saúde como Ciência da Informação. No tesauro
MESH (NLM, 2005), encontra-se uma definição da Informática em Saúde (Medical

122
Informatics) como um campo das Ciências da Informação que trata da análise e dis-
seminação dos dados médicos por meio de aplicações de computadores para vários
aspectos da Medicina e Saúde.

Para Shortliffe & Cimino (2006), entretanto, o termo Ciências da Informação, que é
ocasionalmente usado em conjunto com a Ciência da Computação, originou-se do
campo de Biblioteconomia e é usado para se referir, geralmente, a assuntos relacio-
nados à gestão de informação armazenada tanto em papel quanto em meio eletrônico.
Para os autores, os temas originalmente abrangidos pelas Ciências da Informação no
âmbito da Informática em Saúde tem ressurgido como Ciência Cognitiva. Assim, a
Informática em Saúde não estaria subordinada à Ciência da Informação.
Para melhor compreender a lógica do MeSH, atentemos para as suas definições de
Ciências da Informação e Ciência Cognitiva. A Ciência da Informação “é o campo do
conhecimento, teoria e tecnologia que lida com a coleção de fatos e figuras, processos
e métodos envolvidos na manipulação, armazenamento, disseminação, publicação e
recuperação da informação, incluindo Comunicação, Editoração, Biblioteconomia e
Informática” (MeSH, 2005). A Ciência Cognitiva é “o estudo da natureza precisa de
diferentes tarefas mentais e operações do cérebro que possibilitam o seu funciona-
mento, realizado nos ramos da Psicologia, Ciência da Computação, Filosofia e Lin-
güística” (MeSH, 2005).
Observando estas definições, consideramos mais coerente classificar a Informática em
Saúde como uma Ciência da Informação, derivada da Informática e que utiliza as Ci-
ências Cognitivas, derivadas das Ciências Comportamentais, como auxiliar em pro-
cessos relativos ao ‘conhecimento’ das Ciências da Saúde, tais como na aquisição do
conhecimento em saúde.
Um segundo ponto bastante discutido é se a Informática em Saúde tem um corpo de
conhecimento próprio ou se apenas empresta os seus conhecimentos de outras ciên-
cias e tecnologias, tais como a Informática e as Ciências da Saúde, o que caracteriza
sua interdisciplinaridade. De acordo com a evolução da área, nota-se que ela acom-
panhou o desenvolvimento da Informática, sendo aplicada primeiro na Medicina, es-
tendendo-se para outras Ciências da Saúde e para as Ciências Biológicas.

Com o desenvolvimento e a sofisticação das pesquisas para aplicação da Informática


nas Ciências da Saúde, a Informática em Saúde continuou a ser interdisciplinar, em-
prestando o conhecimento de outras ciências e tecnologias, mas também desenvol-
vendo o seu próprio conhecimento, sendo composta tanto por um conhecimento pro-
veniente de outras ciências, quanto por um corpo de conhecimento próprio, provenien-
te de sua própria história e evolução.

123
Inicialmente, era tida como uma tecnologia aplicada à Medicina, mas foi paulatinamen-
te se estabelecendo como um campo de pesquisa específico no âmbito das Ciências
da Saúde, principalmente quando se tornou uma disciplina essencial na Educação
Médica. Com isto, ganhou um caráter científico, mantendo suas próprias peculiarida-
des em relação à Informática como um todo. Hoje, a área pode ser considerada ciên-
cia e tecnologia e, devido ao uso do que é produzido tanto pela ciência quanto pela
tecnologia em Informática em Saúde, também pode ser considerada como tecnociên-
cia.

O aspecto tecnocientífico da Informática em Saúde pode ser enfatizado com a afirma-


ção de Georgiou (2002) de que a geração de conhecimento ocorre por meio de um
processo complexo de indução, dedução e avaliação, debate científico, testes e expe-
rimentação e tal processo não pode ser desvinculado do seu aspecto social, econômi-
co e até mesmo de influências políticas que interferem em qualquer processo de to-
mada de decisão. Além disso, os profissionais de Informática em Saúde agem como
desenvolvedores de projetos de sistemas, como solucionadores de problemas e como
intermediários na relação entre profissionais da saúde e informáticos, atividades que
transitam entre a ciência e a tecnologia para produzir resultados efetivos na sociedade
(Maojo et al., 2002), o que os torna tecnocientistas.
Em relação ao seu aspecto artístico, a Informática em Saúde contém processos pro-
venientes da Informática e das Ciências da Saúde considerados como artes, tais como
a HCI proveniente da Informática por lidar com aspectos subjetivos do ser humano,
tanto na pesquisa sobre interação do ser humano com máquinas, quanto no desenvol-
vimento de interfaces, atividade que inclui conceitos subjetivos de harmonia e beleza.
Também os processos de tomada de decisão no cuidado em saúde, provenientes das
Ciências da Saúde, mesmo amparados por protocolos e guidelines, envolvem aspec-
tos subjetivos do ser humano, por isso considerados como arte.

Logo, com base no estudo epistemológico aqui realizado, concluímos que a Informáti-
ca em Saúde contém um corpo de conhecimento interdisciplinar, mas também um
corpo de conhecimento próprio. O conjunto de todo o conhecimento da Informática em
Saúde pode ser dividido em grupos, os quais podem ser classificados como arte, ciên-
cia, tecnologia e tecnociência.
Com isto, apresentamos nosso mapa de sistematização da Informática em Saúde
(Figura 44, Figura 45, Figura 46 e Figura 47), organizado em forma de tesauro, so-
mente com relações hierárquicas mais abrangentes e classificações em MAPHs. As
relações hierárquicas mais específicas, relações associativas e de equivalên-
cia/pertinência são especificadas no tesauro EpistemIS.

124
Figura 44 – Mapa do conhecimento em IS.

Figura 45 – Mapa do conhecimento em IS – sub-área Ciências da Informação.

125
Figura 46 – Mapa do conhecimento em IS – sub-área Informática.

Figura 47 – Mapa do conhecimento em IS – sub-área Ciências Biológicas.

6.6 Pesquisa em Informática em Saúde


Os resultados da pesquisa em Informática em Saúde (Tabela 4) mostram que 82%
das 40 respostas obtidas foram dadas em português, por estudantes e pesquisadores
de universidades brasileiras, além de alguns profissionais vinculados a instituições de
saúde.

126
Quanto à formação, a maior parte dos respondentes (35%) graduou-se em Ciências
da Saúde (Medicina, Enfermagem, Odontologia e Especialidades Médicas), enquanto
23% graduaram-se em áreas da Informática (Ciências da Computação, Análise de
Sistemas e Processamento de Dados) 23% não responderam. Alguns respondentes
atuam nas Engenharias Elétrica, Eletrônica e Mecânica (8%), Ciências Biológicas (5%)
e Ciências Administrativas, Políticas e Sociais (5%). Apenas 1 respondente tem gra-
duação na área de Informática Biomédica (3%).
Um número razoável de respondentes já concluiu ou vem cursando Especialização
(25%), Mestrado (22,5%) ou Doutorado (20%), havendo 12,5% que somente concluí-
ram a graduação. Também obtivemos a participação de titulares e professores associ-
ados e assistentes (7,5%), o que talvez justifique 60% dos respondentes já terem es-
crito textos em Informática em Saúde e 88% terem participado de eventos, o que os
torna mais seguros de suas opiniões sobre a área.
Tabela 4 – Resultados da Pesquisa em Informática em Saúde

Quanto à atuação na Informática em Saúde, 83% consideram-se pesquisadores em


Informática em Saúde, 65% se consideram desenvolvedores, enquanto 55% são edu-
cadores, havendo sobreposição de papeis, o que reflete mais uma vez o caráter tec-
nocientífico da área.

Mais da metade dos respondentes considera a Informática em Saúde derivada tanto


da Informática (58%), quanto das Ciências da Saúde (63%). Apenas 50% consideram
a Informática em Saúde uma tecnologia, enquanto 75% a consideram uma ciência e
83% uma integração entre ciência e tecnologia, ou seja, uma tecnociência, o que vai
de encontro aos resultados do estudo epistemológico.

127
A grande maioria (93%) considera tanto a Informática em Saúde essencial ao desen-
volvimento da Informática/Computação, quanto das Ciências da Saúde, e também a
consideram essencial em cursos de graduação (83%) e pós-graduação (90%) em Ci-
ências da Saúde. Porém, não dão a mesma importância à presença da Informática em
Saúde em cursos de graduação (43%) e pós-graduação (50%) em Informáti-
ca/Computação.
Em relação à nomenclatura da área, poucos (10%) entendem Informática em Saúde
como sinônimo de Informática Médica ou de Telemedicina/Telessaúde (15%). Um dos
respondentes afirma, tal como observamos no estudo epistemológico, que a Informáti-
ca em Saúde (Health Informatics) é o termo mais inclusivo, mas o termo Informática
Biomédica (Biomedical Informatics) vem ganhando status; a Telessaúde é mais ampla
que a Telemedicina e ambas fazem parte da Informática em Saúde.

Alguns respondentes apontaram outros sinônimos para a Informática em Saúde, tais


como Bioinformática, Ciência da Computação Aplicada a Saúde, Biotecnologia, eSaú-
de, Informática no Cuidado em Saúde (Healthcare Informatics), Informática Biomédica
(Biomedical Informatics) ou Informática em Biomedicina e Tecnologia de Informação
em Saúde.

Foi solicitado aos respondentes que definissem a Informática em Saúde com suas
próprias palavras e foi interessante observar que boa parte deles se refere à Informáti-
ca em Saúde como uma aplicação (32,5%) ou uso de ferramentas da informática
(17,5%), ou de recursos da computação (15%) à área da Saúde (22,5%) ou aos Servi-
ços em Saúde (15%), o que poderia denotá-la como uma tecnologia (5%). Entretanto,
22,5% dos respondentes define a Informática em Saúde como uma ciência baseada
nas Ciência da Computação (10%) que lida com a pesquisa e desenvolvimento em
medicina (10%). Alguns citaram ainda a relação da Informática em Saúde com a Edu-
cação e Pesquisa em Saúde (7,5%).

Outros definiram Informática Médica (7,5%), relacionando-a com a Medicina na solu-


ção dos problemas médicos no diagnóstico, terapêutica e tratamento (2,5%). Um defi-
niu Informática Biomédica relacionando-a à Biomedicina.
Alguns respondentes (2,5%) citaram aspectos da área relacionados à promoção da
saúde, à prática médica e ao auxílio aos profissionais em saúde para melhorar sua
eficiência, eficácia e produtividade, contribuindo com a redução de custos.
A maioria das definições parece tratar a Informática em Saúde como integração entre
ciência e tecnologia, ou seja, tecnociência, valendo-se de pesquisa, desenvolvimento,
aplicações, ferramentas e recursos da Informática e Ciência da Computação para au-
xílio à pesquisa, desenvolvimento e prática das Ciências da Saúde.

128
6.7 Tesauro EpistemIS
O tesauro EpistemIS contém 730 termos, sendo 110 provenientes do MeSH e 620
obtidos da literatura técnico-científica em Informática em Saúde. Os termos contidos
(Tabela 5) fazem parte, em sua maioria, da área de Ciências da Informação (76%),
seguido por Ciências Biológicas (8%) e Ciências Comportamentais (8%), havendo
uma pequena minoria da área de Ciências Humanas. A pequena porcentagem de ter-
mos na área de Cuidado em Saúde (categoria N) se justifica por ser uma área MeSH
que abrange os seus aspectos organizacionais, educacionais e econômicos, enquanto
aspectos relativos à prática do cuidado em saúde estão alocados em Ciências Biológi-
cas.
Tabela 5 – Tesauro EpistemIS – distribuição de termos nas áreas do conhecimento.

A lógica da classificação hierárquica utilizada no tesauro é numérica, com separadores


a cada 2 dígitos, que formam dezenas. A cada subnível, incluem-se o ponto, seguido
por mais 2 dígitos seqüenciais, ou seja, a classe 06 contém as subclasses 06.01,
06.02 e assim sucessivamente. O número máximo de níveis atingido no tesauro foi o
10º, com 29 dígitos, tal como o código de classificação 07.02.01.02.02.04.02.01.03.03,
que representa hierarquicamente a classe “Estimation of Regression Coefficients”, que
não tem subordinados.
As classes mais genéricas do tesauro correspondem a categorias MeSH e tendem à
especialização somente nos temas que sejam interdisciplinares à Informática em Saú-
de, ou seja, quanto mais específicas as classes vão se tornando, mais correspondem
ou à base específica ou ao corpo de conhecimento da Informática em Saúde. No te-
sauro também estão incluídas as classificações epistemológicas e as classificações
em MAPHs dos conceitos.

A estrutura hierárquica do tesauro EpistemIS está disponível em formato de diagrama,


desenhado de forma automática usando recursos ODBC pela integração do banco de
dados EpistemIS a um software gráfico. O tesauro EpistemIS completo com todos os
atributos e relações e em forma de diagrama estão disponíveis no site do DIS
(http://pgdis.epm.br/~colepicolo-pg/dissert/epistemis) e no Anexo II, arquivos Anexo02-
3_TesauroEpistemIS_completo.pdf e Anexo02-4_TesauroEpistemIS_diagrama.pdf.

129
6.8 Estatísticas das Classificações Epistemológicas
A classificação epistemológica, baseada nas idéias de Bunge, foi realizada sobre to-
dos os 730 conceitos relativos à Informática em Saúde presentes no tesauro Episte-
mIS, desde as classes mais genéricas até as mais específicas. A classificação pode
ser observada sob 5 aspectos: 1) ao tipo de base conceitual; 2) ao tipo de conceito; 3)
à função e objetivo do conceito; 4) ao tipo de conceitos científicos; 5) à função teórica
dos conceitos científicos. Tais aspectos individualmente ou combinados podem dar
indícios da epistemologia da Informática em Saúde.

A. Base Conceitual
Em relação à base conceitual (Gráfico 1), 278 conceitos do tesauro EpistemIS perten-
cem à base específica (38%), ou seja, são conceitos interdisciplinares que fazem parte
de teorias, hipóteses e dados obtidos de outros campos de pesquisa.

Gráfico 1 - Base conceitual da Informática em Saúde.

Fazem parte do corpo de conhecimento da Informática em Saúde 107 conceitos


(14%), que são aqueles pertencentes às teorias, hipóteses e dados obtidos da história
e evolução da própria área de conhecimento. O domínio da Informática em Saúde é
composto por 140 conceitos (19%), isto é, pelos conceitos que representam os objetos
a que se referem os membros da base específica e do corpo de conhecimento.
A problemática de pesquisa, ou seja, os problemas relativos aos objetos de domínio
da Informática em Saúde, é composta por 178 conceitos (24%). As teorias lógicas e
matemáticas que compõem os princípios fundamentais da área representando a base
formal que contém somente 19 conceitos (2%), enquanto a base filosófica contém 8
conceitos (1%). É natural que a base filosófica contenha poucos conceitos já que diz
respeito ao consenso de uma comunidade em relação ao escopo de abrangência de
uma área do conhecimento, ou seja, os poucos conceitos mais genéricos que definem
a área propriamente dita.
O que se pode concluir deste resultado é que a Informática em Saúde ainda é alta-
mente composta por conceitos interdisciplinares provenientes de outras ciências (38%
dos seus termos são classificados como da base específica), mas apresenta um bom

130
desenvolvimento de seu próprio corpo de conhecimento (neste caso, 14%), já conten-
do uma quantidade razoável de objetos de domínio (19%). Portanto, pode ser conside-
rada uma ciência. Também há um forte tendência da Informática em Saúde em resol-
ver problemas do seu domínio (24% dos seus termos), o que a caracteriza mais como
ciência aplicada do que como básica.

B. Tipo dos Conceitos


A generalização de conceitos individuais e relacionais a conceitos de classe auxilia na
caracterização de uma ciência básica, por limitar a forma e aumentar a abstração dos
conceitos. No caso da Informática em Saúde, o Gráfico 2 mostra que os conceitos de
classe são mínimos (7%), o que a afasta da condição de ciência básica. Por outro la-
do, a redução a conceitos de classe na ciência aplicada é benéfica, por dar forma e
diminuir a abstração dos conceitos. No caso da Informática em Saúde, a grande quan-
tidade de conceitos relacionais (67%), mas principalmente de conceitos individuais
(25%) indica sua tendência para uma ciência aplicada.

Gráfico 2 – Tipos de conceitos.

Não é de estranhar a pequena quantidade de conceitos quantitativos (1%) na Informá-


tica em Saúde, já que as grandezas e magnitudes em geral não são expressas por
conceitos únicos, mas sim por técnicas e fórmulas inseridas em teorias específicas,
representadas por conjuntos de conceitos. O fato de não haver conceitos quantitativos
não significa que a Informática em Saúde não tenha formas de mensuração tomadas
de empréstimo das Ciências Matemáticas e Estatísticas, em caráter interdisciplinar,
para medir suas ações sobre a sua problemática e objetos de domínio.
Assim, os tipos de conceitos ajudam-nos a concluir que a Informática em Saúde é uma
ciência/tecnologia aplicada, cujos conceitos representam em sua maioria objetos e
fatos do mundo real (conceitos individuais) e as relações entre estes (conceitos rela-
cionais).

131
C. Função e Objetivo dos Conceitos
A função dos conceitos no âmbito de uma ciência (Gráfico 3) pode ser formal, tendo
caráter metalógico ou básico, ou não formal, tendo caráter descritivo, interpretativo ou
prescritivo.
Os conceitos básicos (25%) e os metalógicos (14%) são conceitos formais caracterís-
ticos de uma ciência básica que ajudam a compor teorias. No caso da Informática em
Saúde representam 40% do total de conceitos, o que mostra que a fundamentação
lógica e racional da Informática em Saúde se sustenta, seja apoiada em si mesma ou
em fundamentos de outras ciências.
Os conceitos descritivos (40%) se referem a descrição de fatos e experiências, e indi-
cam mais uma vez a forte tendência da Informática em Saúde a se comportar como
uma ciência aplicada que lida com inúmeros objetos e fatos do mundo real. Desse
total, 17% fazem parte da base específica e 16% da problemática, somando 33%, o
que fortalece o caráter interdisciplinar e aplicado da Informática em Saúde.

Gráfico 3 – Função e objetivo dos conceitos.


Os conceitos prescritivos (12%) dizem respeito a regras, normas e convenções esta-
belecidas por uma área do conhecimento, ou seja, a busca de modelos e padrões que
é característica essencial da ciência básica. Entretanto, a maioria destes conceitos
prescritivos (9%) são provenientes da base específica, ou seja, de áreas interdiscipli-
nares, mostrando que estes modelos e padrões foram criados originalmente em outra
área que não a Informática em Saúde, mostrando novamente o caráter interdisciplinar.

A minoria de conceitos interpretativos (9%) pode indicar que a Informática em Saúde


não tem papel tão enfático na análise ou avaliação de objetos e fatos. Mesmo porque
5% desses conceitos interpretativos fazem parte da problemática da área, o que pode
significar que a Informática em Saúde cuida de seus problemas para depois analisar a
efetividade das suas soluções.

132
Em resumo, a função e o objetivo dos conceitos da Informática em Saúde nos levam a
concluir que esta é uma ciência/tecnologia aplicada, que denominamos tecnociência,
que tem uma fundamentação lógica e racional, assim como um conjunto de regras,
normas e convenções, mas que se sustenta na interdisciplinaridade. Ao cumprir seu
papel como ciência aplicada na resolução de problemas, a Informática em Saúde bus-
ca analisar a efetividade de suas soluções utilizando métodos e técnicas de avaliação
provenientes de outras áreas.

D. Conceitos Teóricos
Os conceitos teóricos são representados pelo conjunto de conceitos classificados sob
o MAPH “ciência” (229 termos). Dentre os conceitos científicos, foram identificados
130 termos que compõem a ciência básica ou teórica (17%) e 99 termos que com-
põem a ciência aplicada (13%).

Gráfico 4 – Função de conceitos teóricos.

O conjunto dos 130 termos pertencentes à ciência básica foi considerado como o cor-
po teórico da Informática em Saúde e classificado em relação à sua função em um
contexto teórico. O Gráfico 3 mostra que 99 destes conceitos (76%) têm função onto-
lógica, ou seja, de atribuição de nomes a classes, relações, processos, sistemas, o
que poderia indicar um conjunto de conceitos formando uma linguagem especializada
em Informática em Saúde. Entretanto, uma análise mais acirrada de outras caracterís-
ticas dos 99 conceitos ontológicos mostra que a maioria deles (64) é proveniente da
base específica (49%), ou seja, são termos próprios de outras áreas do conhecimento.
Os conceitos não observacionais (10%) somados aos observacionais (4%) totalizando
14%, também apresentam em sua maioria termos da base específica (9%). Os meta-
lógicos (9%) são naturalmente poucos por serem aqueles que estão além de teorias,
pertencendo em sua maioria (7%) às bases filosófica e formal.
Concluímos, com isso, que o conjunto dos conceitos teóricos da Informática em Saúde
que têm uma função na formação de suas teorias é pequeno, sendo a maioria prove-
niente da base específica, mostrando novamente seu caráter interdisciplinar.

133
6.9 Estatísticas da Classificação em MAPHs
Classificar os conceitos da Informática em Saúde em MAPHs envolve a análise destes
com base no método epistemológico apresentado neste trabalho, ou seja, a análise
dos termos do tesauro em relação aos MAPHs, a análise da base conceitual e do tipo
conceitual em relação aos MAPHs, conforme capítulos seguintes.

A. Termos do Tesauro EpistemIS


Em relação aos MAPHs, os termos do tesauro EpistemIS tem uma distribuição eqüita-
tiva (Gráfico 5) entre tecnociência (35%), tecnologia (28%) e ciência (31%). Entende-
mos que este equilíbrio é benéfico, embora não planejado, para a classificação do
corpus de análise, pois não incita análises tendenciosas para um ou outro MAPH.
Também consideramos lógico que seja mínima a quantidade de termos classificados
como arte (6%), já que há um esforço da Informática em Saúde em comportar-se co-
mo ciência e tecnologia, afastando-se da subjetividade, sendo o mais objetiva possí-
vel. Isto faz com que as contagens de classificações do corpus de análise em arte se-
jam sempre bem inferiores aos outros MAPHs.

Gráfico 5 – Classificação dos termos do tesauro EpistemIS em MAPHs.

Com isto, podemos partir para o cruzamento entre as classificações epistemológicas e


as classificações em MAPHs.

B. MAPHs x Base Conceitual


A distribuição de tipos de base conceitual é, de certa forma, seqüencial e se inicia na
base filosófica, que identifica o consenso de uma comunidade em relação os conceitos
mais genéricos de uma área do conhecimento. A distribuição continua na base formal
que apresenta conceitos racionais que fundamentam a área. A base específica é com-
posta de conceitos emprestados de áreas interdisciplinares e o corpo de conhecimento
é aquele já desenvolvido pela própria área. O domínio contém os objetos e fatos tanto
da base específica quanto do corpo de conhecimento que são o foco de pesquisa da
área e finalmente a problemática apresenta os problemas relativos aos objetos e fatos
do domínio a serem resolvidos pela área.

134
No caso da Informática em Saúde (Gráfico 6), nota-se que o aspecto mais evidente é
o seu caráter interdisciplinar tanto em ciência, quanto em tecnologia, tecnociência e
arte, havendo um pico maior na ciência. Também se pode notar que o corpo de co-
nhecimento da Informática em Saúde se desenvolve tanto no aspecto científico, quan-
to no tecnológico, tecnocientífico e artístico, sobressaindo-se os aspectos tecnológico
e tecnocientífico no âmbito de aplicação da Informática em Saúde, que são o domínio
e a problemática. O aspecto altamente tecnocientífico de objetos e fatos do domínio
pode indicar que a Informática em Saúde se ocupa em solucionar problemas em um
amplo leque de domínios, o que faz por meio do desenvolvimento de tecnologias, que
é ressaltado pelo aspecto altamente tecnológico da problemática.

Gráfico 6 – Tesauro EpistemIS: MAPHs x base conceitual.

C. MAPHs x Tipo Conceitual


Os tipos conceituais (Gráfico 7) ajudam a indicar o quanto uma área é básica ou apli-
cada. No caso da Informática em Saúde, nota-se uma quantidade razoável de concei-
tos de classe (31) classificados como científicos, o que prova seu caráter científico. A
quantidade de conceitos individuais (84) e de classe (110) classificados como científi-
cos reforçam seu comportamento como ciência aplicada. Se somamos conceitos indi-
viduais (53) e de classe (141) classificados como tecnologia, obtemos exatamente a
mesma quantidade de conceitos individuais e de classe científicos aplicados (194).
Curiosamente, a soma indica que a Informática em Saúde é metade ciência aplicada,
metade tecnologia, ou seja, uma tecnociência. Somando a isto a quantidade de termos
individuais (37) e relacionais (207) classificados como tecnocientíficos (somando 244),
podemos concluir que a Informática em Saúde é uma tecnociência, ou seja, faz pes-
quisa e desenvolve produtos para fins de aplicação na sociedade.

135
Gráfico 7 – Tesauro EpistemIS: MAPHs x Tipo Conceitual.

D. Função e Objetivo Conceitual


As funções e objetivos dos conceitos associados aos MAPHs possibilitam identificar o
seu caráter tecnológico e tecnocientífico. Até mesmo os conceitos básicos, que fazem
parte dos fundamentos racionais da Informática em Saúde, são de cunho tecnocientífi-
co (96). A maioria de conceitos descritivos denota mais uma vez a ampla gama de
objetos e fatos do domínio da Informática em Saúde com mais ênfase nos aspectos
tecnológico (115) e tecnocientífico (96). Mesmo assim, há uma boa distribuição de
conceitos científicos em todos os tipos de objetivos conceituais, especialmente os
prescritivos (50), mostrando o esforço da Informática em Saúde em consolidar-se co-
mo ciência e em se nortear por padrões, modelos, normas e regras.

Gráfico 8 – Tesauro EpistemIS: MAPHs x Função e Tipo Conceitual.

Sintetizando este cruzamento entre classificações epistemológicas e em MAPHs, en-


tendemos que a Informática em Saúde é uma tecnociência interdisciplinar que se ocu-
pa da solução de problemas de um amplo leque de domínios, por meio da pesquisa
científica voltada para a aplicação o desenvolvimento de tecnologias, para uso na so-
ciedade.

136
6.10 Estatísticas do Corpus de Análise
A Figura 48 apresenta uma síntese dos materiais, métodos, resultados e conclusões
envolvidos em todo o projeto, ressaltando os processos estatísticos.
Para caracterizar e identificar as relações entre o corpus de análise e os conceitos do
tesauro EpistemIS, ou seja, para unir os estudos estatístico, terminológico e epistemo-
lógico que resultaram nas estatísticas PubMed, foram feitos os seguintes relaciona-
mentos: a) entre os PMIDs de cada conjunto de estatísticas PubMed e os PMIDs dos
ngramas dos resumos dos artigos do corpus; b) entre os ngramas dos resumos dos
artigos e os ngramas dos termos EpistemIS (Figura 49).

Figura 48 – Processos envolvidos na geração de estatísticas do corpus

137
Figura 49 – Exemplo de Relacionamento entre Tabelas para Estatísticas

Isto permitiu a manipulação e análise dos dados, resultando em 3 grupos de estatísti-


cas (Figura 48): 1) estatísticas do corpus, que caracterizam o corpus de análise; 2)
estatísticas epistemológicas, que relacionam estatísticas do corpus de análise às clas-
sificações epistemológicas e 3) estatísticas MAPHs, que relacionam estatísticas do
corpus de análise às classificações em MAPHs.
Devido ao grande número de tabelas e gráficos resultantes desta análise estatística,
só foram apresentados aqueles relevantes para analisar a epistemologia da Informáti-
ca em Saúde. As estatísticas PubMed consideradas relevantes com seus respectivos
totais encontram-se na Tabela 6:
Tabela 6 – Totais em MAPHs das estatísticas PubMed.

Os “Totais Gerais de Artigos” e as respectivas porcentagens representam a quantida-


de geral de artigos em relação a cada aspecto (author, chemical list, country etc.). Os
“Totais de Artigos EpistemIS” e as respectivas porcentagens representam a quantida-
de de artigos de cada aspecto (author, chemical list, country etc.) em relação a MA-
PHs, cujos ngramas de resumos coincidem com ngramas do tesauro EpistemIS.
De um total de 437.289 artigos, somente 231.416 (53%) estão relacionados a MAPHs,
porém se consideramos o total de artigos que têm autores coletivos, temos somente
7.538 artigos escritos por autores coletivos, porém temos 8.003 registros de artigos
escritos por autores coletivos, pois alguns destes artigos (465) foram escritos por mais

138
de 1 autor coletivo. Entre estes 7.538 artigos, apenas 5.200 (69%) têm relação com o
tesauro EpistemIS, ou seja, têm relação com a Informática em Saúde.
É bom enfatizar que a quantidade de “registros” de uma tabela não coincide com a
quantidade de “artigos”. Isto ocorre porque o resumo de um mesmo artigo após a mi-
neração contém um conjunto de ngramas que pode coincidir com mais de 1 ngrama
EpistemIS, de tal forma que a relação entre ngramas de resumos e ngramas do Epis-
temIS é de 1 para n, ou seja, 1 único artigo pode conter, por exemplo, 10 ngramas.
Além disso, um mesmo artigo pode conter ngramas EpistemIS relacionados a diferen-
tes MAPHs, de tal maneira que 1 mesmo artigo possa se relacionar com 10 ngramas
em ciência, 05 em tecnociência e 03 em tecnologia, resultando em 18 registros para 1
único artigo. Assim, os totais apresentados em gráficos e tabelas se referem a totais
de registros e não a totais de artigos.

A média de artigos do corpus relacionada ao tesauro EpistemIS, isto é, à Informática


em Saúde é de 51%, considerados os aspectos analisados: autor, autor coletivo, peri-
ódico, ano, idioma, país, tipo de publicação, banco de dados genético e substância
química. Também foi analisada a relação entre as categorias MeSH consideradas na
estratégia de busca inicial e as categorias associadas ao tesauro EpistemIS após os
resultados.

a) MeSH Categorias
Considerando as categorias MeSH expandidas inicialmente para compor a estratégia
de busca que deu origem ao corpus de análise associadas ao tesauro EpistemIS
(Gráfico 9), observamos uma prevalência da categoria “Ciência da Informação” – L01
(39,51%), na qual se insere a área de Informática e que têm caráter científico. A cate-
goria “Qualidade, Acesso e Avaliação em Cuidado em Saúde” – N05 (25,10%), com
caráter tecnocientífico e “Técnicas Investigativas” – E05 (24,82%), com caráter tecno-
lógico, apresentam porcentagens relevantes para a Informática em Saúde.

A categoria “Organização e Economia do Cuidado em Saúde” – N03 (6,55%) é pouco


representativa, com caráter tecnocientífico, enquanto outras categorias consideradas
inicialmente não têm representatividade na Informática em Saúde.

139
Gráfico 9 – Categorias MeSH no corpus de análise.

b) Autor Individual
Para analisar a área com base em seus autores individuais, apresentamos sua relação
com MAPHs (Gráfico 10) e 1 ranking dos autores individuais (Tabela 7) que mais pu-
blicaram artigos que contenham ngramas do tesauro EpistemIS, ou seja, os mais re-
presentativos em Informática em Saúde.

No Gráfico 10, pode-se observar que o aspecto científico (2.292.569) dos registros de
artigos publicados pelos autores individuais é dominante, seguido pelo tecnológico
(430.906) e tecnocientífico (218.008), com uma pequena quantidade de artigos sobre
o aspecto artístico (110.543).

Se analisarmos o ranking dos autores que mais publicam em Informática em Saúde


(Tabela 7), principalmente se incluirmos nesta análise informações sobre a origem,
vínculo institucional e perfil desses autores, podemos perceber as áreas de atuação e
interesse destes e os motivos que os levam a publicar em Informática em Saúde.

Gráfico 10 – Classificação em MAPHs de Autores Individuais.

140
Tabela 7 – Rankings de Autores Individuais no corpus de análise.

Observamos que a maioria dos autores do ranking atua no Channing Laboratory, que
é uma divisão de pesquisa multidisciplinar do Brigham and Women's Hospital e da
Harvard Medical School (Channing Laboratory, 2007). As áreas principais de pesquisa
desta instituição são bacteriologia, epidemiologia de doenças crônicas e virologia. A
integração de uma das mais notórias universidades do mundo com uma instituição de
cuidado em saúde no desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas para
aplicação na saúde denota mais uma vez o caráter tecnocientífico da Informática em
Saúde.
O autor Walter C. Willett, o primeiro do ranking, é um importante cientista e docente do
Departamento de Nutrição da Harvard School of Public Health nas áreas de nutrição e
epidemiologia. Também atua no Channing Laboratory, sendo apontado inclusive como
um dos autores mais citados do ISI (Thomson ISI, 2002), com mais de 600 artigos
publicados, sendo mais de 400 destes indexados na base PubMed.
Outros autores do ranking, tais como Graham A. Colditz, Meir J. Stampfer, Susan E.
Hankinson, Frank B. Hu, Eric B. Rimm, Nader Rifai e David J. Hunter têm perfil seme-
lhante ao de Willet como membros de alguma divisão da Harvard School.
O autor Lex M Bouter pertence ao EMGO Institute (2006), um instituto de pesquisa da
VU University Medical Center Amsterdam, especializado em atenção primária e saúde
pública, com ênfase em doenças crônicas. Ronald Klein integra o Department of Oph-
thalmology and Visual Sciences da University of Wisconsin-Madison, USA (2006) de-

141
senvolvendo pesquisas relacionadas à epidemiologia em doenças oftálmicas, tais co-
mo catarata e retinopatia por diabete.
Com isto, temos uma maioria de autores do ranking que trabalham com projetos inte-
grados entre institutos de ensino e pesquisa e instituições em saúde, com ênfase em
Saúde Pública, no Cuidado em Saúde e no controle e prevenção de doenças. Temos
ainda 1 autor da área de oftalmologia, o que ressalta a aplicação da Informática em
Saúde em Especialidades Médicas.
Em resumo, a maior parte dos autores individuais que mais publicam em Informática
em Saúde ressalta seu aspecto tecnocientífico e interdisciplinar, assim como a expan-
são da Informática em Saúde Pública.

c) Autor Coletivo
A quantidade de registros de artigos publicados em Informática em Saúde com autoria
coletiva (Gráfico 11) é pequena comparada ao total do corpus, mas a maioria destes
trata dos aspectos científicos (13.533).

Os artigos publicados por autores coletivos são pouco representativos no corpus ana-
lisado (1,72%) e praticamente seus registros não apresentam o aspecto artístico da
Informática em Saúde (46). Supõe-se que os tipos de trabalhos publicados com auto-
ria institucional sejam coletivos, realizados por grupos de pesquisa ou de trabalho para
fins específicos. Um trabalho relacionado a aspectos artísticos da Informática em Saú-
de teria uma solução mais subjetiva, portanto objeto de uma publicação individual.

Gráfico 11 – Classificação em MAPHs de Autores Coletivos.

Observando o ranking das 20 instituições que mais publicam como autor coletivo
(Tabela 8), nota-se que a maioria é de grupos de pesquisa ou de trabalho das áreas
de Controle e Prevenção de Doenças (1.519), Ciências da Saúde e Farmacêuticas em
geral (241), Oncologia (107), Cardiologia (103), Saúde Materno-Infantil (100), Cuidado
em Saúde (93). O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) publicou mais
artigos em ciência (1.099), mas também em tecnociência (125), tecnologia (107) e em
arte (46).

142
Tabela 8 – Ranking de Autores Coletivos x MAPHs.

Nos outros aspectos, a ciência supera a tecnologia e a tecnociência, indicando que os


trabalhos destas instituições dizem respeito à pesquisa em Informática em Saúde. E
embora o caráter científico seja bem mais enfatizado, é notável a presença do aspecto
tecnocientífico, já que a ciência presente nestes artigos tem fins utilitários, no controle
e prevenção de doenças de especialidades médicas, especialmente cardiologia e on-
cologia.

d) Periódico
A maioria dos registros de periódicos relacionados à Informática em Saúde (Gráfico
12) privilegia artigos científicos (407.231), e com muito menos ênfase, também publi-
cam artigos tecnológicos (71.360), tecnocientíficos (38.758) e artísticos (19.004).
Muitas estatísticas e inferências podem ser feitas com registros de artigos publicados
por periódicos, mas consideramos interessante enfatizar os rankings de periódicos que
mais publicam artigos do corpus de análise, principalmente em relação aos MAPHs
(Tabela 9, Tabela 10, Tabela 11, Tabela 12 e Tabela 13)

Gráfico 12 – Classificação de Periódicos em MAPHs.

Primeiro, fizemos um ranking geral dos 20 periódicos que mais publicam artigos consi-
derando todos os MAPHs (Tabela 9). A seguir, fizemos o mesmo ranking para cada
um dos MAPHs individualmente, ou seja, periódicos que mais publicam artigos com

143
caráter científico (Tabela 10), tecnológico (Tabela 11), tecnocientífico (Tabela 12) e
artístico (Tabela 13). Grifamos os periódicos especializados em Informática em Saúde
e áreas afins em todas as tabelas e analisamos cada resultado.
Tabela 9 – Ranking de Periódicos em MAPHs.

O ranking geral (Tabela 9) nos permite observar que o periódico que mais publica arti-
gos relativos à Informática em Saúde é o “The Journal of biological chemistry”, especi-
alizado em bioquímica, seguido por uma série de periódicos especializados em
radiologia, microbiologia, neurociências, controle e prevenção de doenças e genética.
É marcante a presença de periódicos de especialidades médicas tais como oncologia,
pediatria, endocrinologia, cardiologia e gastroenterologia publicando artigos sobre
Informática em Saúde.
Com exceção do “The Journal of biological chemistry”, que aparece no ranking publi-
cando tecnologia, todos os outros periódicos listados publicam o aspecto científico da
área. A distribuição no ranking parece indicar que a maioria das publicações em
Informática em Saúde são voltadas para pesquisa em especialidades médicas, já que
a somatória de periódicos de especialidades médicas (42.118) supera as dos
periódicos especializados em Informática em Saúde (9.532).

Se somamos as publicações de ciência e tecnologia do periódico “The Journal of


biological chemistry”, temos um número de artigos publicados (14.442) bem superior
ao 2º colocado no ranking. Isto indica uma forte integração entre as pesquisas científi-
cas em Bioquímica e a Informática em Saúde, mais especificamente a Bioinformática.
Possivelmente, isto se deve ao caráter microscópico dos objetos de pesquisa da Bio-
química, não visíveis a olho nu, portanto altamente dependentes do desenvolvimento
de equipamentos para análises laboratoriais. Além disso, a Bioquímica tem a necessi-
dade de desenvolvimento e uso de modelos e simulações computacionais por traba-

144
lhar com quantidades vultosas de micro-partículas, cujos cálculos dependem de pro-
cessamento computacional pesado.
Entre os especializados em Informática em Saúde, temos o “Bioinformatics (Oxford,
England)” e o “BMC bioinformatics”, ambos com foco em Bioinformática, que parecem
ser os mais representativos do corpo de conhecimento da Informática em Saúde, seja
em ciência (Tabela 10), tecnologia (Tabela 11) ou arte (Tabela 13). Nenhum dos 2,
entretanto, aparece entre os 20 do ranking de tecnociência (Tabela 12), possivelmente
porque artigos com ênfase tecnocientífica têm foco em áreas de aplicação da
Informática em Saúde e não nela própria. O número de artigos publicados por ambos
os periódicos no aspecto científico supera em muito os publicados nos outros
aspectos.
O ranking de periódicos que mais publicam no aspecto científico da Informática em
Saúde (Tabela 10) praticamente repete o ranking geral. Também é representativo o
total de artigos de Informática em Saúde classificados como ciência em periódicos das
áreas de microbiologia, neurociências, radiologia, genética, controle e prevenção de
doenças e especialidades médicas, o que confirma a diversidade de objetos e fatos do
domínio da área e a amplitude de sua atuação.
Tabela 10 – Ranking de Periódicos em Ciência.

As áreas predominantes de periódicos que mais publicam artigos em tecnologia


(Tabela 11) são semelhantes no ranking geral e no ranking científico, exceto que se
destacam também áreas como imunologia, virologia, microbiologia, medicina nuclear e
oftalmologia, provavelmente pela necessidade que estas áreas têm do desenvolvimen-
to de equipamentos para sua prática. A maior parte dessas áreas está fortemente vin-
culadas a testes laboratoriais, que também utilizam equipamentos sofisticados prove-
nientes do desenvolvimento tecnológico da Informática em Saúde.

145
Tabela 11 – Ranking de Periódicos em Tecnologia.

Entre os periódicos com caráter tecnocientífico (Tabela 12) destacam-se as especiali-


dades médicas Cardiologia, Pediatria e Oncologia. Isto pode indicar que o aspecto
tecnocientífico da Informática em Saúde está mais associado a aplicação de ciência e
tecnologia no controle e prevenção de doenças do coração e câncer e no cuidado à
saúde infantil do que a outras especialidades médicas ou apenas que tais especialida-
des publicam mais que outras, o que está além do âmbito deste trabalho.
A área de Bioquímica também se destaca na tecnociência, assim como na tecnologia.
Também são fortes as áreas de Medicina Interna, Imunologia e Virologia, que lidam
com micro-partículas, micro-elementos e microorganismos tal como a Bioquímica e,
por isso, necessitam da pesquisa, desenvolvimento e aplicação da Informática em
Saúde em suas atividades de visualização, análise e processamento do mundo micro.
Atualmente, fala-se muito em nanotecnologia, a qual lida com partículas, elementos e
organismos ainda menores do que o que é considerado micro, área que deve ser de
grande atuação da Informática em Saúde, em especial da Bioinformática.
A área de Radiologia tem importante ligação com a Informática em Saúde tanto no
aspecto científico, quanto no tecnológico e tecnocientífico, devido à necessidade de
equipamentos sofisticados para manipulação dos raios X.

Os estudos em Neurociências também têm avançado com o auxílio da Informática em


Saúde. Tudo isto indica que a Informática em Saúde prima pelo uso da ciência e tec-
nologia para fins sociais e compartilha suas pesquisas e desenvolvimentos por meio
de comunicação científica.

146
Tabela 12 – Ranking de Periódicos em Tecnociência.

O ranking de periódicos em arte (Tabela 13) é bem pouco representativo devido à pe-
quena quantidade de artigos, mas as áreas que mais se destacam no aspecto artístico
são as mesmas que se destacam em ciência, tecnologia e tecnociência. Possivelmen-
te, os artigos de periódicos de especialidades médicas que privilegiam o caráter artís-
tico da Informática em Saúde devem tratar de solucionar problemas relativos ao seu
ciclo diagnóstico-terapêutico, enquanto os especializados em Informática em Saúde
podem tratar também de questões relativas a interfaces de sistemas.
Tabela 13 – Ranking de Periódicos em Arte.

e) Ano de Publicação
A análise do ano de publicação dos artigos do corpus de análise pode nos oferecer
bons indícios do desenvolvimento da Informática em Saúde, principalmente em rela-
ção aos MAPHs (Gráfico 13).

147
Gráfico 13 – Ano de Publicação x MAPHs.
Observa-se que as publicações relativas à área se iniciam em 1997, com forte caráter
científico sofrendo uma expansão paulatina até o ano 2006, quando ocorre uma queda
do crescimento em todos os aspectos. Supomos que esta queda se deva somente ao
fato de a coleta do corpus de análise ter sido realizada no início de 2007, quando
provavelmente muitos dos artigos publicados em 2006 ainda nao estavam disponíveis
na base PubMed.

A mesma tendência evolutiva pode ser observada, com menor intensidade, nos as-
pectos tecnocientífico, científico e artístico.
Analisando os rankings dos 20 periódicos que mais publicaram artigos a cada ano,
entre 1998 e 2006 classificando-os em MAPHs, observamos que em 1997 e 1998 a
quantidade de registros de artigos relativos à área foi insignificante, provavelmente por
ser a fase de surgimento da Informática em Saúde como disciplina do conhecimento.
Em 1999, os Proceedings do “AMIA Annual Symposium” são os mais representativos
(590) com publicações relativas ao aspecto científico da Informática em Saúde. Po-
rém, a maioria dos artigos publicados neste ano são relativos à pesquisa em Informáti-
ca em Saúde para especialidades médicas (2.732) tais como oncologia, cardiologia,
endocrinologia e pneumologia. Outros temas importantes já em 1999 são bioquímica
(911), neurociências (605), epidemiologia (552), microbiologia (351), medicina nuclear
(284) e radiologia (260).
Tanto em 2000 quanto em 2001, destacam-se o “The Journal of biological chemistry”
no topo da lista, seguido pelo “Paediatrics”. A distribuição restante nestes 2 anos é
semelhante a de 1999, com a exceção do “Cancer Research”, que, menos
representativo nos anos anteriores, passa a ocupar a 3ª posição no ranking em 2001
com 650 artigos.

148
Em 2002, a 2ª posição passa para os “Proceedings of the National Academy of
Sciences of the United States of America”, superando a produção do “Pediatrics” e
surge pela primeira vez no ranking um periódico especializado em Informática em
Saúde, o “Bioinformatics (Oxford, England)”, com 773 artigos publicados, denotando
um aumento significativo na importância da área para as Ciências da Saúde e da Vida.
Nos anos de 2003 e 2004 mantêm a 1ª e 2ª posições do ranking os periódicos “The
Journal of biological chemistry” e “Pediatrics” respectivamente. Também ocorre um
crescimento de publicações especializadas em Informática em Saúde em 2003 devido
ao “AMIA Annual Symposium” (921) e ao “Bioinformatics (Oxford, England)” (968), que
expande a sua produção científica em 2004 (1310), chegando ao seu ápice em 2005
com 2.301 artigos em ciência. Até então, foi o periódico mais representivo em
Informática em Saúde.

Em 2005 há uma mudança importante quando cresce ainda mais o envolvimento da


Informática em Saúde com a Radiologia e a Bioinformática, subindo para a 1ª posição
do ranking o “Radiology” e para a 2ª o “Bioinformatics (Oxford, England)”, ficando o 3º
lugar para o “The Journal of biological chemistry” e caindo para 6º lugar o “Pediatrics”.
Em 2006, o “BMC Bioinformatics” ganha espaço ocupando a 1º posição do ranking
com 1.619 artigos publicados, mostrando talvez o aumento da importância e a consoli-
dação da Informática em Saúde como área do conhecimento independente.
Entre os não especializados em Informática em Saúde em 2006, aparece o “The
Journal of biological chemistry” na 2ª posição (1.029). O “BMC genomics” (512)
também aparece na lista, além de um grande número de artigos em Microbiologia,
confirmando a expansão da Bionformática.
Surgem no ranking novas áreas de aplicação da Informática em Saúde, tais como a
Saúde Pública, Serviços em Saúde e Pesquisa Clínica, mostrando um aumento da
preocupação da comunidade científica e tecnológica em solucionar questões de
Saúde Pública por meio da pesquisa em Informática em Saúde, conforme ressaltam
Shortliffe e Cimino (2006) com sua proposta de um modelo de Informática em Saúde
Pública.
Boa parte dos periódicos do ranking em 2006 são relacionados a especialidades
médicas enfatizando o aspecto científico da Informática em Saúde, mostrando que, a
despeito da ampliação do escopo da Informática em Saúde, ainda predomina a
pesquisa e desenvolvimento da área voltada ao Cuidado em Saúde.
Com isto, podemos concluir que a evolução da literatura em Informática em Saúde
privilegia o seu aspecto científico, ainda que a origem do conhecimento científico da

149
área seja proveniente de outras ciências e que a aplicação desses conhecimentos seja
também destinado a outras áreas.
A produção cientifica da Informática em Saúde está voltada para 6 áreas principais:
bioquímica, microbiologia, especialidades médicas, radiologia, genética e, mais
recentemente, saúde pública. A tendência para a aplicação da Informática às ciências
biológicas vem crescendo nos últimos anos, tendendo a uma consolidação da
Bioinformática, sem, no entanto, afastar-se das Ciências da Saúde e Especialidades
Médicas.

Evolução da base conceitual da IS


Incrementando estas análises, construímos 4 gráficos para identificar a evolução da
base conceitual da área entre 1998 e 2006 (Gráfico 14-1, 14-2, 14-3, 14-4).

Gráfico 14 – Evolução da Base Conceitual da Informática em Saúde x MAPHs.

Observando os 4 gráficos, pode-se notar que a Informática em Saúde tem seu corpo
de conhecimento formado em base tecnocientífica, tendo seus objetos e fatos de
domínio de base tecnológica e científica. Seu aspecto científico, entretanto, está muito
mais relacionado à base específica e ao domínio, ou seja, a ciência presente na
Informática em Saúde tem origem interdisciplinar.
Assim, a pesquisa científica da área têm objetivos tecnológicos e tecnocientíficos,
utilizando-se de elementos de outras ciências para solucionar seus problemas ao
longo dos anos, mas também criando seus próprios desenvolvimentos tecnológicos,
sendo a pequena ênfase artística da área também interdisciplinar.

Parece bem característico da Informática em Saúde em todo a sua trajetória utilizar


pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico interdisciplinares para gerar

150
soluções de aplicação próprias, individualizadas para fins práticos; só então a área cria
seu próprio corpo de conhecimento, também com objetivos práticos, utilitários.

Evolução do objetivo conceitual da IS


Quanto à evolução do objetivo dos conceitos da Informática em Saúde (Gráfico 15-1,
15-2, 15-3 e 15-4), notamos que os conceitos científicos prevalecem para a maioria
dos objetivos em todos os anos, exceto o descritivo, onde prevalece o caráter
tecnológico. Os conceitos científicos básicos da Informática em Saúde, ainda que
provenientes de outras ciências, são marcantes nas publicações, mostrando a
preocupação da comunidade científica em delimitar e consolidar a área. Também é
forte a presença de conceitos tecnológicos básicos, mostrando a preocupação da área
em definir com clareza as tecnologias criadas ou emprestadas de outras áreas.

Gráfico 15 – Evolução do Objetivo dos Conceitos da Informática em Saúde x MAPHs.

O aspecto científico da área também apresenta objetivo prescritivo, ou seja, de ditar as


regras, normas, convenções, padrões e modelos a serem seguidos por pesquisadores
e desenvolvedores da Informática em Saúde. Muitos conceitos científicos têm objetivo
interpretativo, porém com menos intensidade que para prescrição de normas.
Os aspectos científico e tecnocientífico da área apresentam conceitos metalógicos,
que contém elementos externos que contribuem para a formação da área, reforçando
a sua interdisciplinaridade.
A maioria dos conceitos tecnológicos têm objetivo de descrever os objetos e fatos da
Informática em Saúde, enquanto os científicos e tecnocientíficos formam a base da
área, pois se referem principalmente a processos e sistemas criados na área para
solucionar problemas das Ciências da Saúde e do Cuidado em Saúde. Tais processos

151
e sistemas são resultados da pesquisa científica e do desenvolvimento tecnológico,
mas sua finalidade é a aplicação na sociedade.
Os poucos conceitos artísticos têm, na maioria, objetivo descritivo e básico, crescendo
ao longo dos anos, provavelmente como parte de artigos que descrevem o ciclo
diagnóstico-terapêutico para desenvolvimento de sistemas clínicos e interfaces de
sistemas.
Assim, os conceitos científicos da Informática em Saúde têm objetivo metalógico,
básico e interpretativo, mostrando o caráter interdisciplinar e normalizado da área; os
conceitos tecnológicos e também os artísticos têm objetivo básico e descritivo,
mostrando além do caráter interdisciplinar, a preocupação da comunidade em definir
claramente as tecnologias utilizadas, os passos envolvidos no desenvolvimento de
sistemas clínicos e as interfaces de sistemas desenvolvidos. A quantidade razoável de
conceitos tecnocientíficos básicos reforça o objetivo da Informática em Saúde como
tecnociência que vem para solucionar os problemas das Ciências da Saúde e das
práticas do Cuidado em Saúde na sociedade.

f) Idioma de Publicação
A estatística dos idiomas dos artigos do corpus deveria refletir as estatísticas de paí-
ses, entretanto muitos periódicos exigem que o texto esteja em determinado idioma,
em geral, o inglês, ocorrendo uma maioria de textos neste idioma em todos os aspec-
tos (Tabela 14), seguidos pelo espanhol, português e francês. É interessante observar
o grande número de artigos escritos nos idiomas chinês e japonês.
Tabela 14 – Ranking Idiomas x MAPHs.

O fato é que a maioria absoluta de publicações em qualquer idioma está sempre vol-
tada para os aspectos científicos da Informática em Saúde, conforme mostram a

152
Tabela 14 e o Gráfico 16, seguido por tecnologia, tecnociência e arte, respectivamen-
te.

Gráfico 16 – Classificação em MAPHs do idioma de publicação.

g) País de Publicação

O ranking dos 10 países que mais publicam em Informática em Saúde estão apresen-
tados no Gráfico 17, sendo os EUA e a Inglaterra os mais representativos em todos os
MAPHs. No aspecto científico, os EUA superam em mais de 100% a Inglaterra que é o
segundo país no ranking. Em relação aos outros países do ranking, em todos os as-
pectos, os EUA publica 10 vezes mais que cada um deles separadamente e até mes-
mo se somados os seus totais. No Oriente, os maiores representantes da Informática
em Saúde são o Japão e a China e na América Latina, o Brasil, todos com maioria de
artigos em ciência seguidos por tecnologia. A evolução da Informática em Saúde nos
10 países mais representativos entre 1999 e 2006 (Gráfico 18) não difere muito da
evolução geral da área.

Gráfico 17 – País de Publicação x MAPHs.

153
Gráfico 18 – Evolução da Informática em Saúde por País de Publicação.

Assim, entendemos que a publicação de artigos em Informática em Saúde concentra-


se nos EUA (299.407), representante da América do Norte, na área científica
(219.001), tendo pouca representatividade em outros países do mundo. Na Europa, a
Inglaterra é a maior representante da área (138.625), seguida por Espanha (9.749),
Itália (4.971) e França (4.639). Na Ásia, temos o Japão (18.088), a China (10.495) e a
Índia (3.446), com maioria de publicações científicas. Na América do Sul, o Brasil é o
maior representante da área (13.045), superando inclusive China, Canadá e países da
Europa no ranking.

Conforme já citado no estudo epistemológico, no capítulo dedicado à história da ciên-


cia, considerando a situação pós-guerra e os países vencedores, EUA e Inglaterra, é
fácil compreender porque estes países se destacam na produção científica e tecnoló-
gica no cenário mundial, não apenas em Informática em Saúde, mas em muitas outras
áreas da ciência e tecnologia.

h) Tipo de Publicação

Em um mundo voltado para as tecnologias digitais, internet e da Informática em Saú-


de, é surpreendente descobrir que a maioria (51.857) das publicações da área no as-
pecto tecnológico, encontram-se em suporte papel (Gráfico 19), assim como uma vul-
tosa quantidade de publicações em ciência (312.949), tecnociência (29.381) e arte
(15.707).
Neste caso, consideramos que foi mais correto utilizar como corpus de análise os re-
sumos dos artigos, pois incluem os daqueles em papel, ao invés de seus textos com-
pletos, quando muitos não estariam disponíveis online. Do contrário, poderíamos cor-
rer o risco de dispensar um bom número de publicações da Informática em Saúde nes-
te projeto.

154
Gráfico 19 – Evolução da Informática em Saúde por Tipo de Publicação.

i) Banco de Dados Genético


Embora a porcentagem de artigos associados a bancos de dados genéticos seja pe-
quena em relação ao total de artigos (4,45%) e ainda menor em relação ao tesauro
EpistemIS (3,23%), a presença de artigos da Informática em Saúde relacionados a
genética é razoável (Tabela 15), sendo a maioria deles de caráter científico e tecnoló-
gico. Isto reforça a tendência da Informática em Saúde em se aliar à Biologia e Ciên-
cias Biomédicas para transformar-se em Informática Biomédica.
Tabela 15 – Estatísticas de Banco de Dados Genético.

j) Substâncias Químicas
A presença de substâncias químicas em artigos do corpus de análise (Gráfico 20) su-
gere temáticas relativas às ciências biológicas e químicas. No âmbito da Informática
em Saúde, sugere temas relativos à Bioinformática, que vem ganhando cada vez mais
espaço na literatura técnico-científica.

155
Gráfico 20 – Substâncias Químicas x MAPHs.

O forte aspecto científico (1.026.403) apresentado na relação de artigos que citam


substâncias químicas associados a MAPHs pode representar que a Informática em
Saúde vem se dedicando cada vez mais a desenvolver modelos, métodos e técnicas,
por meio da pesquisa científica, capazes de dar conta dos processos biológicos e
químicos cada vez mais envolvidos na prevenção, diagnóstico e tratamento de doen-
ças e no cuidado em saúde. O aspecto tecnológico (282.659) também pressupõe o
desenvolvimento de equipamentos, dispositivos e sistemas tecnológicos no âmbito da
Bioinformática.
Especialmente com o desenvolvimento exponencial da genética, a área vem amparar
pesquisas e práticas de biólogos, bioquímicos, biofísicos em prol da saúde humana,
animal e vegetal, tendência confirmada por Shortliffe e Cimino (2006).

156
7 Discussão
Este trabalho teve como objetivo testar um conjunto de métodos e técnicas integrados
que permitam um estudo epistemológico da Informática em Saúde e analisar a ten-
dência desta área do conhecimento para a ciência, tecnologia, tecnociência ou arte, a
partir de um referencial teórico embasado na epistemologia de Bunge. Este conjunto
de métodos e técnicas é resultante dos estudos estatístico, terminológico e epistemo-
lógico.
O estudo estatístico envolveu o desenvolvimento e uso de um robô para extração dos
metadados e resumos de 437.289 artigos científicos originados da base de dados
PubMed. Envolveu também o uso da técnica de mineração de textos, usando software
PreText, sobre os resumos destes artigos, para fins de criação de ngramas, os quais
foram retomados posteriormente para geração de estatísticas.

O estudo terminológico envolveu o estudo e transformação do MeSH em tesauro, utili-


zando métodos e técnicas de modelagem de banco de dados relacional. Uma revisão
da literatura em Informática em Saúde permitiu o levantamento e mapeamento dos
conceitos da Informática em Saúde, que, unidos ao conjunto de termos do tesauro
MeSH relativos à Informática em Saúde, serviram de base para a construção do tesau-
ro EpistemIS, um tesauro especializado em Informática em Saúde. A mineração de
textos, usando algoritmo de Porter, sobre os termos do tesauro permitiu a criação dos
ngramas, que foram retomados posteriormente para geração de estatísticas.
O estudo epistemológico gerou como resultados: caracterização de MAPHs; modelos
de sistematização do conhecimento em Informática em Saúde; classificações episte-
mológicas; classificações em MAPHs; classificações epistemológicas e em MAPHs da
Informática em Saúde; mapa do conhecimento em Informática em Saúde e consenso
da pesquisa de opinião com a comunidade científica sobre a Informática em Saúde.

O desenvolvimento do estudo epistemológico se iniciou com a revisão histórica e con-


ceitual dos MAPHs (arte, técnica, ciência, tecnologia e tecnociência) na literatura filo-
sófica, histórica e técnico-científica. Esta revisão trouxe subsídios à classificação em
MAPHs.
Em seguida, um referencial teórico-metodológico, baseado nas idéias do filósofo da
ciência Mário Bunge, forneceu subsídios para construção do método de classificação
epistemológica dos conceitos do tesauro, ou seja, a determinação da base, tipo, fun-
ção e objetivo dos conceitos do tesauro em relação à Informática em Saúde. Este mé-
todo deu subsídios à classificação epistemológica.

157
A revisão da literatura em Informática em Saúde, assim como da Informática e Ciên-
cias da Saúde, permitiu compreender a história, evolução e terminologia da área, as-
sim como sistematizar seu conhecimento, gerando os modelos de sistematização do
conhecimento em Informática em Saúde provenientes da literatura e um mapa do co-
nhecimento em Informática em Saúde. Este mapa foi subsídio para o desenvolvimento
tesauro EpistemIS e das classificações epistemológica e em MAPHs dos seus termos,
representando áreas do conhecimento e conceitos. A etapa final do estudo epistemo-
lógico foi a pesquisa com a comunidade, realizada por meio de questionário online,
que permitiu conhecer suas opiniões e consensos em relação a epistemologia da In-
formática em Saúde .
Finalizados os 3 estudos, iniciamos as estatísticas, tendo como subsídios o corpus de
análise do estudo estatístico, o tesauro EpistemIS do estudo terminológico e as classi-
ficações epistemológica e em MAPHs do estudo epistemológico. O cruzamento entre
estes conjuntos de dados levou a resultados estatísticos que permitiram uma análise
epistemológica da Informática em Saúde.
Acreditávamos inicialmente que a Informática em Saúde fosse uma ciência aplicada
interdisciplinar, embasada no método científico, que utiliza um corpo de conhecimento
de outras disciplinas, tais como as Ciências da Saúde e a Computação.
Após a realização deste trabalho, concluímos que a Informática em Saúde é, de fato,
uma ciência aplicada interdisciplinar, o que preferimos denominar tecnociência, a qual
se ocupa da solução de problemas de um amplo leque de domínios e fatos das Ciên-
cias da Saúde e da Vida e da prática do Cuidado em Saúde, por meio da pesquisa
científica interdisciplinar e do desenvolvimento de tecnologias próprias para uso na
sociedade.
A ciência contida na Informática em Saúde é proveniente de sua base interdisciplinar e
o seu corpo de conhecimento é composto por objetos e fatos de domínio tecnológico.
A sua problemática concentra-se na resolução de problemas das Ciências da Saúde e
da Vida, portanto, tecnocientífica.
Seu aspecto de ciência/tecnologia aplicada tem fundamentação lógica e racional, e
pauta-se em um conjunto de padrões, modelos, regras, normas e convenções que
norteiam sua pesquisa e desenvolvimento. Há um grande esforço da área em consoli-
dar-se como uma ciência independente; porém, é fortemente composta por conceitos
interdisciplinares provenientes de outras ciências. O conjunto dos conceitos científicos
da área que têm função na formação de suas teorias é pequeno, sendo a maioria de
origem interdisciplinar. Seu aspecto artístico é mínimo e também interdisciplinar.

158
A Informática em Saúde apresenta um bom desenvolvimento de seu próprio corpo de
conhecimento, mas com ênfase tecnocientífica, tendo quantidade significativa de obje-
tos e fatos de domínio que não lhe são próprios, mas que são foco da sua problemáti-
ca.
A área se ocupa em resolver problemas do seu domínio, o que faz por meio da pes-
quisa científica e do desenvolvimento de tecnologias. Ao cumprir seu papel, busca
analisar a efetividade de suas soluções, utilizando métodos e técnicas de avaliação
provenientes de áreas interdisciplinares.

A base específica da Informática em Saúde, ou seja, as áreas interdisciplinares que


mais contribuem com a formação e desenvolvimento da área, é apresentada na Figura
50:

Figura 50 – Base Específica da IS

O corpo de conhecimento próprio da Informática em Saúde é composto pelas áreas


apresentadas na Figura 51:

159
Figura 51 – Corpo de Conhecimento da IS

Este corpo de conhecimento se desenvolve no aspecto científico, tecnológico, tecnoci-


entífico e artístico, sobressaindo-se os aspectos tecnológico e tecnocientífico no âmbi-
to de aplicação da Informática em Saúde, que são o domínio e a problemática.
Os principais objetos do domínio da Informática em Saúde são os dados, a informação
e o conhecimento em Ciências da Saúde e da Vida. A problemática concentra-se no
desenvolvimento de tecnologias e sistemas que contribuam com a gestão, aquisição,
armazenamento, organização, recuperação e distribuição de dados, informação e co-
nhecimento em saúde em qualquer suporte, seja texto, imagens, sons ou sinais, para
o apoio à tomada de decisão na administração, educação e cuidado em saúde.
A nomenclatura que melhor se adequa para a área, embora não utilizada, é o termo
Informática em BioSaúde, que dá conta da aplicação da Informática às Ciência da Vi-
da ou Biológicas e às Ciências da Saúde.

A Informática em Saúde é essencial tanto ao desenvolvimento da Informática, quanto


das Ciências da Saúde, e sua presença é imprescindível tanto em cursos de gradua-
ção e pós-graduação em Ciências da Saúde, quanto nos ambientes de prática do pro-
fissional em saúde, desde o exercício das funções básicas do Cuidado em Saúde até
a administração das Organizações de Saúde. A área vem apresentando grande ex-
pansão nas subáreas de Bioinformática, que aborda o nível micro das Ciências da
Saúde, e na Informática em Saúde Pública, que aborda o nível macro da Gestão em
Saúde.
Uma citação de CESNIK (1999) ilustra bem a função social da Informática em Saúde:

“Assim quando se pergunta “qual é o futuro de Informática em


Saúde?”, a resposta é “o futuro é o que nós fazemos como
conseqüência do hoje”. Qualquer que seja a direção, o sucesso
de Informática em Saúde em oferecer soluções e direções para
a Medicina e Saúde, será medido pela sua contribuição à saú-
de das pessoas.”

160
Também com as palavras de Shortliffe & Cimino (2006): sejam as Ciências da Infor-
mação e Informática profissões ou ciências ou tecnologias, não há dúvida de sua im-
portância para a Biomedicina e de que os computadores serão usados cada vez mais
na prática clínica, na pesquisa biomédica e na educação em Ciências da Saúde.
Por outro lado, o fato de a Informática em Saúde se basear em ciências interdisciplina-
res não nos parece nenhum demérito, pois, na tentativa de construir uma ciência pró-
pria, estaria reinventando a roda, ou seja, “criando” métodos que já existem sob algum
neologismo, só para parecer genuína. Enquanto os elementos científicos de outras
ciências são suficientes para que a Informática em Saúde cumpra seu papel de de-
senvolver tecnologias para o auxílio a saúde, não há necessidade de se inventar o
novo. Com esta preocupação a menos, a Informática em Saúde ganha agilidade no
cumprimento de sua função tecnocientífica, beneficiando as Ciências da Saúde e,
principalmente, a sociedade.
O fato de a Informática em Saúde ser uma tecnociência devido ao seu alto desenvol-
vimento tecnológico fundamentado em ciências interdisciplinares também não a torna
menos benéfica ou essencial. Ao contrário, ela tem seu valor ampliado para a socie-
dade. Além disso, uma tecnologia está sempre embasada por uma ciência, e tanto
melhor se os fundamentos científicos da tecnologia presente na Informática em Saúde
sejam provenientes de outras ciências já consolidadas. Afinal, a Informática em Saúde
como área do conhecimento está apenas nascendo, então a sua interdisciplinaridade
científica é o que dá sustentação ao seu desenvolvimento tecnológico, que herda das
ciências de origem o rigor e a disciplina do método.

161
8 Conclusão
A partir de um estudo comparativo entre aspectos teóricos e práticos, considerando
como etapas um estudo estatístico, estudo terminológico e estudo epistemológico,
concluímos que a área da Informática em Saúde é uma tecnociência interdisciplinar
que se ocupa da solução de problemas de um amplo leque de domínios e fatos das
Ciências da Vida, das Ciências da Saúde e da prática do Cuidado em Saúde, por meio
da pesquisa científica proveniente de outras áreas do conhecimento e do desenvolvi-
mento de suas próprias tecnologias para uso na sociedade.

162
9 Perspectivas
Esperamos que este trabalho tenha trazido alguma luz à discussão sobre a epistemo-
logia da Informática em Saúde e sobre seu comportamento tanto como ciência quanto
arte, técnica e tecnociência e que os produtos resultantes deste sejam analisados,
revisados e mantidos pela comunidade científica da área, servindo como subsídio para
pesquisas posteriores.
Assim, disponibilizamos por meio do DIS/UNIFESP a base de dados do tesauro Epis-
temIS que pode ser obtida para uso, análise e ampliação, assim como a base de da-
dos do corpus de análise em MySQL, contendo os metadados dos 437.289 artigos da
PubMed e os códigos em PHP utilizados para tratamento do corpus. O software para
mineração de texto PreText é um software livre e está disponível para uso na internet.
A pesquisa em Informática em Saúde usada para este trabalho continuará disponível
na internet no site do Setor de Telemedicina do DIS/UNIFESP para avaliações futuras
e publicação de novos resultados.
Em relação à educação em Informática em Saúde, esperamos que os programas cur-
riculares nos próximos anos sejam construídos de forma a privilegiar todos os MAPHs,
ou seja, os aspectos artístico, científico, tecnológico e tecnocientífico da Informática
em Saúde. Com isto, o formado em Informática em Saúde do futuro estará melhor
preparado para exercer sua criatividade e seu entusiasmo na pesquisa científica e no
desenvolvimento tecnológico, com a consciência do papel fundamental da Informática
em Saúde para a sociedade, seja no setor público ou privado, seja na indústria, na
universidade, na gestão em saúde ou nos serviços em saúde. Além disso, o estudante
terá a oportunidade de optar por atuar como profissional e/ou como pesquisador com
muito mais firmeza, de acordo com sua vocação para ciência ou tecnologia, sabendo
que ambos contribuem para o progresso da sociedade.

163
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Acesso em: 29 out. 2007.

172
ANEXO I
Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

173
ANEXO II
Arquivos presentes no CD-ROM:

1) Estratégia de busca na PubMed:

1. arquivo Anexo02-1_Estrategia de Pesquisa.pdf.

2) Códigos do Robô para Extração de Metadados de Artigos NCBI:

2. arquivo Anexo02-2_Codigo Robo.pdf.

3) Tesauro EpistemIS:

3. Versão completa: arquivo Anexo02-3_TesauroEpistemIS_completo.pdf


4. Versão diagrama: arquivo Anexo02-4_TesauroEpistemIS_diagrama.pdf

174

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