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Se é fato que não necessariamente alguém pode ter uma divindade específica dentro
do Ásatru, havendo os casos em que isso ocorre, é fato que ao contrário disso, é
impossível praticar o Ásatru sem ter uma fylgja.
Em uma conversa de quase vinte anos atrás, com o Godhi da Ásatru Vanatru Brasil,
Octávio Augusto Carvalho Okimoto, cujo nome dentro do estilo de Ásatru que ele
praticava era (Godhi Medhal Mikit Stór-Ljon Oddhinsson o qual já falecido, lembro
dele ter, naquele período, usado de um termo em meio a uma discussão na qual ele
citou:
“Para entrar no reino dos deuses é preciso desenvolver uma Valquíria”
Valkyrja é um termo para as donzelas que estão a serviço de Odin e de Freyja, e são
aquelas que escolhem entre os mortos, não necessariamente apenas entre os
guerreiros falecidos em combate, mas com certeza entre os melhores dentre os
falecidos, aqueles que irão para Völholl ou para Folkvangar, para compor os “Einjharl”,
que batalharão no Ragnarök, contra as ordas dos niddingar.
Elas não podem ser desenvolvidas e não podem ser escolhidas, mas alguém pode
ser escolhido por elas.
Sempre que alguém cuja vida se deve ao “Manna Mjötudhr”, ou seja, aos que são de
fato vinculados ao Örlog, nasce em Midgard, ergue-se do grande oceano que está em
Jormungrund, ergue-se de Urddharbrunnr uma Fylgja (havendo casos que podem se
ligar a fylgjas que protegem uma família, um clã ou uma nação).
Ela é quem efetivamente fala em nome de seu bem amado humano, perante os
deuses, e que visita este humano de noite, e em sonhos lhe aconselha sobre o que
fazer e o que não fazer.
Os atos de alguém podem tornar esta fylgja resplandecente ou sombria, e isso pode
derivar na pessoa se tornar um Hollar Vaettr ou um Övaettr.
Estes meios e modos passam em seu estágio inicial pelos seguintes requisitos, os
quais imprescindíveis:
a) Fixe sua atenção no altar, ou em um ponto qualquer a sua frente, com os olhos
nem muito abertos e nem muito fechados, sem desviar a atenção, usando de
sua visão periférica, até identificar uma bruma que vai do incolor quase
prateado até o multicolorido;
c) Fixe, ao perceber o som e a cor, sua própria mente, e, então, perceberá que
neste momento, sua mente terá entrado no estado perfeito para realizar
qualquer ato ritualístico;
No momento em que estiver com a mente no citado “estado perfeito” acima referido,
passe a recitar o seguinte Galdr:
Contudo em nenhuma hipótese deve realizar isto de qualquer maneira, sua voz deve
reverberar com o melhor dela, você deve encontrar o timbre perfeito de seu ser, de tal
forma que todo o seu corpo, suas emoções e sua mente entrando em perfeita
sincronia, entoem em uníssono, e obrigatoriamente de forma bela.
Isso, atendidas todas as condições acima, lhe proverá com experiências particulares
muito especiais as quais resultarão com a presença da Fylgja, ou o entendimento de
que não a possuí.
O último aviso que pode ser dado, em um tipo tão peculiar de ritualística como este,
se refere a forma que as coisas se dão, dentro do estado ativado pelas condições de
“a” até “c”, acima referidas.
Assim sendo, os seguintes passos vêm a se tornar muito úteis neste sentido:
b) Proceda da mesma forma com cada emoção que você tiver. Sinta o ódio o
rancor, a mágoa, o amor, a afeição, a inveja, a dor, o ciúme, tudo em fim. Sinta
e vá aos limites da percepção emocional que cada uma dessas emoções
causa. Por fim fixe em todas elas se auto questionando, e concluirá: Estas
emoções, cada uma delas, são minhas, mas eu não sou estas emoções;
Como sabem os pensamentos são extremamente sutis, e tem raízes em pulsos que
se revestem de termos e jargões que tornam inteligível para a propriamente o que
significam as raízes de cada pensamento, e essas raízes são sensações que vem a
se revestir de detalhes intelectuais.
Essa sensações são ainda mais sutis do que os pensamentos, e são suas fontes
geradores.
Toda a forma de comunicação não verbal, por assim dizer, se processa justamente
em meio a essas sensações raízes dos pensamentos, e são essas sensações a
próprio veículo pelo qual os insights e lampejos intelectuais vem a ser reconhecidos
pela mente humana, revestidos de dados e detalhes, e, por fim, se converterem em
livros, descobertas científicas e conhecimento espiritual.
Assim, dentre as muitas formas de contato com a fylgja, como é o caso dos sonhos,
o preferido das Draumkhonas, e dos desfechos de causa e efeito, já que estamos
falando de algo forjado da mesma matéria do Poço de Urd, também há os insights e
sensações peculiares, os quais são tão mais potentes quanto mais obsessivos.
Mantenham, então, seu foco em suas intenções e apurem a si mesmos, para poderem
crescer em direção aos Fimbulljödhar, e jamais desistam nas primeiras tentativas,
Odin atravessou a si mesmo em uma lança dependurado na Yggdrasil por Nove dias
e Nove Noites, para adentrar em Okolnir e poder sorver do Sonnar Dreiri da
Mimisbrunnr.
A prática de visar a aproximação com a Fylgja, deve ser realizada durante muito
tempo, se realmente há a intensão estabelecer um contato consciente com ela, e pode
tomar, em verdade, um longo período, contudo, ela brindará ao final, com uma
percepção de mundo acurada e com vantagens que somente o experimentar e a
vivência, podem descrever.