Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SOCIEDADE E CULTURA
GRADUACAO EM ENGENHARIA DA COMPUTACAO
O ponto final da transição pode ser localizado no momento histórico (fins da década
de 1950) em que a atividade industrial suplanta a agricultura; superação essa
convencionalmente aferida segundo o critério da participação relativa dos dois
setores no PIB. Como, na maior parte dos países do Primeiro Mundo, a transição
para o capitalismo já se completou em fins do século XIX ou inícios do século XX,
muitos economistas e historiadores brasileiros concluem, que o capitalismo brasileiro
deve ser qualificado como um capitalismo tardio ou retardatário.
Do ponto de vista cronológico, esse atraso é inegável, e influenciará o curso do
desenvolvimento do capitalismo no país.
3
Do ponto de vista sociológico, porém, talvez não seja essa a característica mais
importante do processo de transição da Monarquia para o capitalismo no Brasil; e
sim, o fato de que o Brasil não transita, a partir da década de 1890, de uma
sociedade feudal para uma sociedade capitalista, como os países europeus ou o
Japão; e sim, de uma sociedade escravista para uma sociedade capitalista.
Por falta dessa dinâmica social no campo, a transição para o capitalismo no Brasil
não pôde contar com uma reforma agrária redistributiva, voltada para a destruição
do latifúndio. A consequência histórica desse deficit foi a indisponibilidade, para a
burguesia industrial nascente, de um mercado interno de massas e de um
contingente de força de trabalho previamente treinado no artesanato rural.
No bloco dos países retardatários, figura o Brasil. A formação social brasileira passa
por um processo de transição não tão rápido quanto a Alemanha e o Japão, porém
mais rápido que o dos países pioneiros (Inglaterra e França). A Revolução política
burguesa transcorre, aqui, entre 1888 e 1891, concretizando-se através de episódios
que, no seu conjunto, determinam a substituição, no plano nacional, do Estado
escravista pelo Estado burguês: a Abolição da Escravidão a Proclamação da
República e a Assembleia Constituinte. No entanto, as atividades industriais passam
a predominar sobre as atividades agrícolas, em termos de participação percentual
no PIB, somente no fim da década de 1950.
Nas últimas décadas, graças a organizações populares, a luta das massas pela
6
reforma agrária se intensificou, mas num contexto histórico que é bastante diferente
da fase inicial do capitalismo brasileiro. No atual contexto, o acesso das massas à
propriedade privada da terra e a difusão da pequena agricultura familiar não podem
mais desempenhar um papel relevante na definição dos rumos do desenvolvimento
capitalista no Brasil.
Referencias:
HOBSBAWM, E. (1977). A era do capital. Rio de
Janeiro: Paz e Terra.
MELLO, J.M.C. de (1982). O capitalismo tardio. São Paulo: Brasiliense.
PEREIRA, L. (1965). Trabalho e desenvolvimento no Brasil. São Paulo: Difusão Europeia do
Livro.
POULANTZAS, N. (1968). Pouvoir politique et classes sociales, 2 volumes. Paris: Maspero.
POULANTZAS, N. (1974). Les classes sociales dans le capitalisme aujourd’hui. Paris:
Éditions du Seuil.
POULANTZAS, N. (1970). Fascisme et dictature. Paris: Maspero.
SAES, D. (1985). A formação do Estado burguês no Brasil (1888 – 1891). Rio de Janeiro: Paz
e Terra
https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/16saes.pdf
http://agbcampinas.com.br/bcg/index.php/boletim-
campineiro/article/download/267/2016v6n1_DSaes