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Empresariais
Katiana Normandia Fonseca
CAPÍTULO 1 9
Entendendo as Organizações 10
1.1 O Que É uma OrganizaçãO
1.2 as Organizações mOdernas e Os mOdelOs de getãO
1.3 COntextualizaçãO HistóriCa dOs mOdelOs de getãO
1.4 O COnCeitO de mOdelOs de gestãO
1.5 Os CinCO mOdelOs de gestãO
1.6 as abOrdagens teóriCas da administraçãO
1.6.1 A Abordagem Estrutural
1.6.2 A Abordagem Humanística
CAPÍTULO 2 41
a mudança OrganizaCiOnal 43
2.1 O Que É mudança OrganizaCiOnal
2.2 a mudança OrganizaCiOnal na História da admiis-
traçãO
CAPÍTULO 3 75
PlaneJamentO de mudanças 76
3.1 O gerenCiamentO da mudança OrganizaCinal
3.2 O PrOCessO de mudança
3.4 imPlementandO mudanças
3.4.1 Estratégias Para Superar as Resistências
3.5 O estresse durante a mudança Organizanal
3.6 a CriatiVidade e a inOVaçãO
nas Organizações
CAPÍTULO 4 103
Cultura OrganizaCiOnal 104
4.1 a Cultura OrganizaCiOnal
4.2 nÍVeis da Cultura OrganizaCiOnal
4.2.1 Ritos e Cerimônias
4.2.2 Histórias Organizacionais
4.2.3 Símbolos Organizacionais
4.2.4 Linguagem Organizacional
4.3 Categorias de Cultura Organizacional
a nOçãO de Cultura
OrganizaCiOnal brasileira
Traços Tipicamente Nacionais e
Cultura Organizacional
CAPÍTULO 1
Conteúdos do Capítulo
Acompanhe os conteúdos deste capítulo. Se
preferir, assinale os assuntos, à medida que for es-
tudando.
Serão abordados os seguintes temas:
- O Que é Uma Organização
- Contextualização Histórica dos Modelos de
Gestão
- O Conceito de Modelos de Gestão
- Os Cinco Modelos de Gestão
- As Abordagens Teóricas da Administração
9
CAPÍTULO 1
Entendendo as Organizações
10
pessoas, máquinas e recursos financeiros, em busca
de um objetivo comum. Tais objetivos podem ser:
• a produção de objetos físicos, tais como auto-
móveis, refrigerantes, computadores etc., e
• a prestação de um serviço, como, por exem-
plo, um banco, que presta serviços financeiros e au-
xilia na organização monetária de uma sociedade.
No mundo moderno, em que predomina o
sistema econômico capitalista de livre concorrên-
cia, as organizações privadas competem entre si,
tornando imprescindível que os serviços prestados
por elas sejam regidos por processos de alta qua-
lidade. Caso contrário, uma empresa – ou organi-
zação – perde participação no mercado, e, conse-
quentemente, vai à falência.
Deste modo, é fundamental que, ao surgir uma
empresa, seja estabelecido um processo de controle
da qualidade. O processo de qualidade mais conhe-
cido é o Gerenciamento da Qualidade Total (TQM
- Total Quality Management). Nele, são estabeleci-
dos os denominados “5 S”, a saber:
11
• SEIKETSU: asseio, padronização, higiene, é
também o estágio em que se evita retroceder às eta-
pas anteriores.
• SHITSUKE: disciplina, com cumprimento ri-
goroso de tudo que foi estabelecido pelo grupo.
O bom funcionamento de uma empresa é fun-
damental, pois os indivíduos que compõem a socie-
dade podem alcançar elevados níveis de qualidade
de vida e altos índices de desenvolvimento humano
e cultural. As empresas públicas e privadas são tão
importantes, quanto os governos.
12
Devemos considerar que, numa economia
de mercado, com livre concorrência, é natural que
empresas novas surjam e outras desapareçam. No
entanto, muitas dessas empresas que colapsam são
vítimas de contradição na gestão e insegurança orga-
nizacional e humana.
A função dos modelos de gestão é, justamente,
permitir às empresas que aperfeiçoem seus proces-
sos, a fim de administrar melhor os recursos huma-
nos, físicos e financeiros.
13
novos mercados consumidores e fontes de forneci-
mento de matérias-primas. Era crucial para os capi-
talistas ingleses esta expansão.
Na segunda fase de industrialização, ob-
servou-se uma grande diversificação fabril, com
surgimento e difusão de outras tecnologias de
produção e gestão. Aos outros países também in-
teressava este modelo de crescimento econômico,
com massiva industrialização.
A crescente demanda por novos produtos e a
expansão dos mercados aumentaram a necessidade
de mais conhecimento de gestão na rotina industrial,
aliada a novas técnicas de trabalho.
As máquinas, vistas pela sociedade da época
como grande exemplo de modernidade, foram su-
pervalorizadas, pois eram o ideal de eficiência, que
deveria ser copiado em todas as partes.
Ferreira (2005) relata sobre este período: “(...) Os
sistemas de produção eram desenvolvidos com base em
uma concepção mecânica, destacando-se valores como
padronização, regularidade, passividade e controle”.
Neste caso, os trabalhadores deveriam adotar
padrões de produção similares às máquinas, “(...) in-
cluindo a manutenção de uma postura passiva e obe-
diente, diante da autoridade de seus supervisores”
(FONSECA, 2005).
Os primeiros modelos de gestão, racionalmente
construídos, surgiram nos primeiros anos do século
14
XX, quando se firma a ciência da administração e
são formalizados os primeiros conceitos teóricos da
matéria. O grande objetivo era dotar as empresas de
maior eficiência na produção, auxiliando-as no me-
lhor uso dos seus recursos.
Os primeiros estudiosos da administração não
eram acadêmicos com rebuscados sistemas teóricos.
Eram, sim, homens práticos, que estavam em bus-
ca de soluções para os problemas enfrentados pelas
empresas que dirigiam. Com base nos desafios do
cotidiano, essas pessoas foram desenvolvendo o es-
boço teórico dos modelos de gestão.
15
jam quais forem. As organizações precisam ordenar,
da melhor forma possível, seus recursos humanos,
financeiros e físicos, a fim de atingir um determina-
do fim, maximizando o uso de cada um destes recur-
sos e seguindo parâmetros de ética e qualidade. Para
tanto, é que servem os modelos de gestão.
Modelos De Gestão
Resultados
16
ção, da qual a ciência se beneficia. Portanto, a fun-
ção é muito mais importante do que a forma.
Surgiu, assim, outra abordagem desses modelos
de gestão, mais orgânica, viva. É imprescindível que
os modelos de gestão facilitem a obtenção de três
indicadores importantes: eficiência, eficácia e efetivi-
dade. Estes três indicadores podem ser utilizados na
verificação da eficácia do modelo de gestão seguido.
A eficiência pode ser mensurada de acordo com
os resultados alcançados, utilizando os recursos dis-
poníveis e sempre obedecendo às normas e aos regu-
lamentos. O resultado é considerado eficaz quando é
alcançado o objetivo traçado pela empresa. A efetivi-
dade pode ser considerada quando existe contribui-
ção da atividade desenvolvida para a sociedade.
17
são considerados dois importantes precursores deste
modelo. Neste período, a demanda pelos produtos
era superior à capacidade de oferta das empresas.
Deste modo, as organizações estavam foca-
das em aumentar a produção para atender o con-
sumo. O foco das empresas era aumentar o nível
de produção e melhorar a qualidade dos proces-
sos. No modelo de gestão clássico, as empresas
se preocupavam com a execução criteriosa das ta-
refas, respeitando regras e padrões estabelecidos.
No Modelo Comportamental, a base das
empresas deixa de ser, exclusivamente, o aumento
do nível de produção e passa a ser a satisfação do
funcionário. Os administradores concluíram que,
para manter um elevado nível de produtividade,
era necessário manter a satisfação do funcionário,
surgindo a preocupação com a qualidade de vida
dos colaboradores.
Desde então, as empresas passaram a investir em
ações de bem-estar para os funcionários. No entanto,
apesar da aparente mudança de foco e valorização dos
colaboradores, o foco continuava no aumento cons-
tante do nível de produção. As organizações passa-
ram, então, a investir em ações para auxiliar o funcio-
nário a solucionar seus problemas fora do trabalho.
O Modelo Pragmático salienta, totalmente, a
busca de resultados palpáveis, visando aos aspectos
instrumentais da ciência da administração. Todos os
18
postulados clássicos da administração são reafirma-
dos, porém com o devido cuidado de agregar aspec-
tos e ganhos do modelo comportamental. Segundo
este modelo, uma empresa deve ser estruturada em
função dos seus objetivos e resultados.
Nos anos 1970, predominou o Modelo Sistêmi-
co. Neste caso, a teoria assume que as empresas fun-
cionam como sistemas. Este conceito foi importado
da biologia e relatado por Ludwing von Bertalanffy.
Neste modelo, a empresa é composta de diversos
subsistemas que interagem entre si, se influenciam
e se potencializam (SANTOS E FRANÇA, 2007).
Segundo este modelo, a empresa também in-
terage com o mundo externo, influenciando e so-
frendo influência. Se levarmos em consideração o
século XXI e os desafios impostos às empresas, che-
garemos à conclusão que, hoje, o modelo sistêmico
tem predominância, uma vez que o organismo da
sociedade onde está inserida a empresa é vivo e sofre
constantes transformações, as quais influenciam nos
modos de gerir os negócios.
Avaliando as influências sofridas pelas em-
presas, desenvolveu-se, de 1970 a 1990, a gestão
estratégica. Nos modelos desenvolvidos até então,
ponderava-se, exclusivamente, aspectos internos às
organizações, como, por exemplo, a satisfação dos
funcionários, o aperfeiçoamento dos processos e da
estrutura hierárquica.
19
O consumidor não exercia influência sobre o
que era ofertado pelas empresas. No modelo estraté-
gico, os consumidores passaram a exercer influência
sobre as decisões das empresas (FISCHER, 2002).
O Modelo Contingencial pressupõe a concor-
rência, à qual as empresas estão expostas. A globa-
lização econômica – e também cultural – expôs as
empresas à concorrência externa. No Brasil, por
exemplo, depois da abertura econômica, no início
dos anos 1990, muitas empresas viram outras firmas
estrangeiras entrarem nos seus mercados, trazendo a
necessidade de mudanças e adaptações de processos.
Este modelo contempla a necessidade de mu-
dança e foca na capacidade que a organização tem
de mudar, a fim de atender as novas exigências dos
clientes e se preparar para a concorrência.
Sob este modelo, todos os agentes, envolvidos
nos processos das empresas, são obrigados a aperfei-
çoar, constantemente, os processos, preocupando-se
com a inovação e com as parcerias estratégicas, em
busca de melhores resultados. Neste caso, o denomi-
nado capital humano é muito valorizado.
20
tração sofreu mutações. As diversas abordagens
das teorias administrativas contribuíram para tais
transformações. A abordagem estrutural e a hu-
manística foram as principais e serão resumidas
nesta unidade. É importante destacar que a ad-
ministração, assim como outros campos de estu-
do, sofre constantes contribuições teóricas que,
muitas vezes, se inter-relacionam entre elas. As
abordagens apresentadas, a seguir, não podem ser
vistas como rígidas e imutáveis.
21
de gestão mecanicista, intencionando facilitar o con-
trole dos processos, por parte dos gestores.
Neste período, dois autores tiveram enorme
importância pelas contribuições teóricas ofereci-
das: Frederick Taylor, nos Estados Unidos, e Henri
Fayol, na França. Por outro lado, houve, também,
grande contribuição de Henry Ford. Neste caso, não
com teorias, porém com a vivência prática que ele ti-
nha na rotina diária da indústria automotiva, à frente
da administração da Ford Motors Company.
Dentre os três, Frederick Taylor acreditava no
aumento da produtividade como forma de beneficiar
a todos: os empresários veriam aumento da lucrati-
vidade e os trabalhadores teriam aumentos salariais.
Além disso, os trabalhadores recebiam premiações
por elevação da produtividade.
Aos consumidores, os benefícios viriam com
produtos melhores e mais baratos. “A racionalidade
científica aplicada à produção industrial seria, assim,
indutora de uma vida melhor para toda a sociedade”,
(FERREIRA, 2005).
Frederick Taylor objetivava tornar todos os
processos mais racionais, a fim de beneficiar a todos
os envolvidos: a sociedade, os trabalhadores e os em-
presários. Taylor propôs aos gerentes de uma indús-
tria, onde trabalhou, um processo de cinco etapas,
no intuito de melhorar e racionalizar a produção:
22
• Escolher dez homens diferentes, de partes di-
versas do país, hábeis na tarefa a ser analisada,
• Estudar cada série exata de operações que cada
um dos homens utilizaria na realização do trabalho,
• Com a ajuda de um cronômetro, verificar o
tempo necessário para a realização de cada movi-
mento exigido para a execução da tarefa,
• Eliminar todos os movimentos falsos, inúteis
e, acima de tudo, lentos,
• Após a avaliação de todos os movimentos,
desfazer-se dos que seriam desnecessários e reunir,
em uma série, os mais rápidos movimentos e as me-
lhores ferramentas de trabalho.
A primeira obra publicada por Taylor foi “A pie-
ce rate system”. Neste livro, o autor dissertou sobre a
maximização da produtividade, com base no proces-
so de cinco etapas estudados por ele e apresentados
acima. Ele defendeu premiação aos trabalhadores
que alcançassem aumento da produtividade.
O autor pode ser considerado um dos grandes
pensadores da administração do século XX, pois,
com suas obras, conseguiu transformar a forma
como grandes empresas se organizavam.
Ainda hoje, muitas empresas grandes seguem
sendo influenciadas pelo pensamento de Taylor. De
acordo com Ferreira (2005), diversas são as críticas
que podem ser formuladas ao modelo de gestão de-
rivado do taylorismo: “(...) É certo, porém, que nos-
23
sa sociedade está profundamente impregnada pelos
paradigmas de racionalidade difundidos por Taylor”.
Henry Ford foi contemporâneo de Taylor e assu-
miu, na prática, as proposições do modelo de gestão
taylorista. No campo prático, Ford não só executou
muitas das ideias de Taylor, como também, ampliou
o escopo das sugestões tayloristas, mais precisamente
no que se referia à racionalização do trabalho.
Ford começou sua empresa, a Ford Motors
Company, praticamente do zero, em 1905, e alçou a
empresa ao posto de maior e mais lucrativa indústria
do mundo. Na área de administração da produção,
Ford destacou-se pela invenção da linha de monta-
gem móvel (FERREIRA, 2005).
O método de produção por ele adotado consi-
derava a redução do escopo de funções desenvolvidas
por cada trabalhador e o uso de peças padronizadas.
O empresário, objetivamente, reinventou a linha de
produção, com base em observações, feitas por ele, no
setor de expedições do armazém da Sears Roebuck.
24
Os princípios básicos adotados por Henry Ford
estão no livro My life and work, lançado em 1923,
e são eles:
• O princípio da intensificação: é a redução do
tempo de produção, emprego imediato das matérias-
-primas adquiridas e a colocação imediata dos pro-
dutos no mercado.
• Princípio de produtividade: consiste na espe-
cialização dos trabalhadores e consequente aumento
da capacidade de produção. Introdução da linha de
montagem, adotando o trabalho ritmado, coordena-
do e mais econômico.
• Princípio da economicidade: é a redução ao mí-
nimo do estoque da matéria-prima em transformação.
A introdução do método fordista nos meios de
produção permitiu uma verdadeira revolução na indús-
tria automobilística. Antes da aplicação deste método,
cada operário executava uma parte significativa do pro-
cesso e, ainda, tinha de buscar as peças no estoque.
Com a adoção do fordismo, cada trabalhador
fazia uma única tarefa na linha de montagem, algo
que atualmente ainda ocorre, com o auxílio de ro-
bôs. Conforme Ferreira (2005), “(...) o tempo médio
do ciclo de tarefas passou de 5,14 para 2,3 minutos”,
denotando ganho significativo.
25
dutos não diferenciados e produção em larga escala. A
opção pela padronização ficou clara no conceito de car-
ro por ele imaginado e produzido: um modelo simples,
eficiente e adaptável a todo tipo de necessidade, aos
mais diversos clientes.” (FERREIRA, 2005, PÁG. 55).
26
chamados ‘anatomistas da organização’, autores que
analisam as organizações como estruturas anatômi-
cas de divisão do poder-trabalho societário”.
Em 1916, Fayol publicou o livro Administração
Industrial e Geral, em que reuniu suas teorias. As
proposições teóricas, apresentadas no livro, já ha-
viam sido testadas, na prática, de forma bem sucedi-
da. Os princípios básicos formulados por este autor
foram (Fayol, 1994):
27
• Remuneração do pessoal: a remuneração deve
ser justa, evitando-se explorações e deve recompen-
sar o bom desempenho;
• Centralização: as organizações devem ter um
núcleo de comando centralizado, atuando de forma
similar ao cérebro, que controla todo o organismo;
• Hierarquia (cadeia escalar): é a cadeia de coman-
do ao longo da qual as ordens são dadas e a unidade
de comando se desenvolve, devendo ser preservada;
• Ordem: supõe que cada coisa deve estar no
seu lugar, que o ambiente de trabalho deve ser limpo
e organizado;
• Equidade: deve ser dispensado um tratamento
justo e igualitário aos empregados, por parte da direção;
• Estabilidade do pessoal: as organizações de-
vem procurar reter seus funcionários, evitando os
custos dos processos seletivos e dos treinamentos
de adaptação;
• Iniciativa: os administradores devem estimu-
lar em seus liderados a iniciativa para resolver os
problemas que se apresentem;
• Espírito de equipe: deve ser cultivado o espí-
rito do corpo, a harmonia e o entendimento entre os
membros de uma organização.
Fayol ainda deu grande contribuição à divisão
do trabalho administrativo nas seguintes operações
básicas: planejamento, organização, comando, coor-
denação e controle. “Essas operações resumiriam a
28
tarefa administrativa formando o famoso POCCC,
que depois se transformou em PODC, quando co-
mando e coordenação foram fundidos na função di-
reção” (FERREIRA, 2005).
29
estava insatisfeita com a produtividade dos seus
funcionários, embora a empresa oferecesse altos
salários e boas condições de trabalho.
Em 1927, os administradores da empresa deci-
diram empreender uma pesquisa no intuito de indi-
car formas de aumentar a motivação dos operários
para o trabalho. Para tal, contrataram uma equipe de
estudiosos de Harvard, que era chefiada pelo pro-
fessor Elton Mayo. O trabalho dos pesquisadores se
tornou complexo, envolvendo mais de 20 mil tra-
balhadores. A pesquisa durou mais de cinco anos e
só se deteve devido às dificuldades, em função da
grande crise econômica de 1929.
O trabalho de pesquisa tinha diversas etapas.
No início, os pesquisadores se atentaram na influên-
cia dos fatores biológicos e físicos na produtividade
do trabalho. Para tanto, modificaram as condições
de iluminação do local de trabalho, reduziram a jor-
nada de trabalho, forneceram lanches e introduziram
períodos de repouso, para um grupo de trabalhado-
ras, previamente selecionadas, observadas, separada-
mente, em uma sala de testes.
As alterações promovidas, de fato, influencia-
ram a produtividade do trabalho. No entanto, ficou
evidente a existência de um fator, até então desco-
nhecido, que refletia nos resultados observados e
produziu efeitos contraditórios.
30
“Em um dado momento, por exemplo, a jornada de tra-
balho do grupo de teste foi sendo reduzida gradativa-
mente, provocando sucessivos aumentos na produção.
Porém, quando a jornada foi novamente ampliada, vol-
tando aos níveis iniciais, a produção continuou a crescer.
A partir daí, foi constatada a importância do fator psico-
lógico na produtividade.” (FERREIRA, 2005, PAG. 79).
31
aumentarem a produtividade e o estabelecimento
de uma meta comum: provar que a introdução de
melhorias na gestão de pessoas e o fim da super-
visão rigorosa possibilitariam aumento da produ-
tividade (FERREIRA, 2005).
32
por chefes, normas, rotinas administrativas e proce-
dimentos produtivos – determina os resultados.
A outra face, a informal – que engloba cultura
organizacional, os líderes informais e os grupos – pre-
cisa ser estudada e estimulada, pois, como ficou de-
monstrado, impactou positivamente na produtividade.
Dentro do pensamento da administração, mui-
tos autores desenvolveram trabalhos com uma abor-
dagem humanística. Elencamos alguns, cujas ideias
tiveram grande importância para o desenvolvimento
desta abordagem. São eles: Mary Parket Follet, Ren-
sis Likert, Douglas McGregor e Abraham Maslow.
Mary Parker Follet (1868 a 1933) sustentou ideias
muito a frente do seu tempo, em relação à gerência, às
formas de liderança e ao trabalho em equipe. Ela ficou
conhecida como “profeta” das ideias na administração.
A autora precisou vencer o preconceito por
ser mulher. No entanto, a postura que mantinha e a
qualidade do que propunha ganharam o respeito das
pessoas com as quais se relacionava.
Uma de suas principais preocupações era pro-
por uma forma mais adequada para o exercício da
autoridade dentro das empresas. O ato de dar or-
dens, no seu entendimento, deveria perder lugar para
a importância das tarefas.
De acordo com Ferreira (2005), “Outro ponto
de destaque que encontramos em sua contribuição
foi o entendimento que demonstrou dos conflitos”.
33
“A autora entendia que existiam três formas para lidar
com o conflito: a dominação, na qual uma parte impõe
à outra seus desejos; a conciliação, que tem como base
a renúncia total ou parcial dos seus interesses por uma
das partes; e a integração, em que são buscados arranjos
que satisfaçam efetivamente ambas as partes.” (FER-
REIRA, 2005, PAG. 82).
34
Outra grande contribuição da autora foi em re-
lação à separação entre a vida espiritual e as ativida-
des desenvolvidas no trabalho.
35
• Deve-se buscar o bem-estar do indivíduo, ofe-
recendo-lhe ótimas condições de trabalho;
• O planejamento conjunto e a coordenação
dos esforços, a troca de informações e a confiança
entre os membros de um grupo;
• As empresas devem oferecer aos trabalhado-
res todas as condições para que eles se sintam con-
fortáveis com seus líderes e colegas.
Podemos observar, hoje, que muitas empresas
adotam essa postura, diante dos seus funcionários.
As grandes empresas de tecnologia, embora tenham
jornadas exaustivas de trabalho, adotam uma postu-
ra que considera os pontos abordados acima e pro-
postos por Likert.
36
• Os empregados devem ser coagidos, controla-
dos e ameaçados com punições para que trabalhem
de acordo com os padrões de produtividade exigidos;
• A maior parte das pessoas evita assumir res-
ponsabilidades no ambiente de trabalho;
• Os trabalhadores colocam a segurança acima
de tudo e possuem pouca ambição.
A teoria Y oferece uma visão muito mais positi-
va da natureza humana, adotando os seguintes pres-
supostos (Ferreira, 2005):
• A maior parte das pessoas encara o trabalho
de forma tão natural como a alimentação e o des-
canso e pode obter satisfação na atividade produtiva;
• Os trabalhadores são capazes de exercer au-
todireção e autocontrole, não precisando, assim, de
uma supervisão rígida para cumprir as normas e os
padrões de produção;
• As pessoas em geral aceitam as responsabili-
dades que lhes são confiadas, se estiverem compro-
metidas com os objetivos a perseguir;
• A imaginação, criatividade, iniciativa e capa-
cidade para tomar decisões constituem qualidades
de muitas pessoas, não sendo qualidades exclusi-
vas dos gestores.
37
neiros nos estudos sobre motivação para a execução
do trabalho. Ferreira (2005) aponta a contribuição de
Maslow, “(...) centrando sua atenção na investigação
das necessidades humanas e seus reflexos sobre o
processo motivacional”.
Maslow lançou alguns pressupostos que, de
acordo com o autor, deveria constar de qualquer es-
tudo sobre motivação para o trabalho. São eles:
• Cada ato possui mais de uma motivação;
• Todos os estudos motivacionais devem se
concentrar nos objetivos finais das pessoas, e não
em seus objetivos intermediários;
• Toda a manifestação de uma necessidade se
baseia na satisfação prévia de outra mais importante.
38
QUESTÕES
39
CAPÍTULO 2
Conteúdos do Capítulo
Acompanhe os conteúdos deste capítulo. Se pre-
ferir, assinale os assuntos, à medida que for estudando.
Serão abordados os seguintes temas:
- Mudança Organizacional
- A Mudança Organizacional na História da
Administração
- A Importância da Comunicação na Mudança
Organizacional
- Fatores que Determinam a Mudança
- Mudanças Incrementais e Radicais
- As Estratégias Para a Mudança Organizacional
41
- A Inovação Organizacional
- Os Quatro Tipos de Mudanças
42
CAPÍTULO 2
A Mudança Organizacional
43
mercado e indo à falência. Cabe salientar que, com
ou sem globalização, as mudanças internas às em-
presas são uma constante.
Aos gestores, cabe a responsabilidade de notar
o momento certo para mudar e de perceber o que é
necessário mudar. É importante respeitar as seguin-
tes etapas para o processo de mudança empresarial:
• Saber o porquê mudar;
• Saber o que se quer mudar;
• Saber de onde se está partindo e aonde se
quer chegar;
• Saber como mudar;
• Saber quem vai mudar.
44
• “São atividades intencionais, proativas e di-
recionadas para a obtenção das metas organizacio-
nais” (ROBINS, 1999).
• “Qualquer transformação de natureza estru-
tural, estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de
outro componente, capaz de gerar impacto em partes
ou no conjunto da organização” (WOOD JR, 2000).
45
As organizações são sistemas abertos e, sendo
assim, sofrem constante influência do meio externo
em seus processos. Pinto (2007) afirma que “(...)
as organizações são sistemas abertos em contínuo
processo de mudança, adaptação, auto-organização
e aprendizagem com o ambiente externo”.
Segundo Morgan (1996), “as organizações são
sistemas abertos que necessitam de cuidadosa adminis-
tração para satisfazer e equilibrar necessidades internas,
assim como adaptar-se a circunstâncias ambientais”.
Nos últimos anos, as mudanças organizacionais
têm atraído à atenção dos pesquisadores, devido às
modificações ambientais organizacionais, depois da
alteração da conjuntura mundial, com o acirramento
da competitividade e o surgimento de novos merca-
dos. Além disso, deve-se considerar que a mudança
é algo constante no meio empresarial.
É importante refletir que as mudanças não são,
necessariamente, para construir empresas maiores e
melhores, mas, sim, para a adaptação dessas empre-
sas às novas condições de mercado.
46
dança mecânica, como mudança orgânica e como
mudança sociológica”.
Abaixo, apresentamos a mudança sob a ótica de
três escolas da administração (Silveira, 1995):
• Abordagem mecanicista: o homem era atomi-
zado e executor de tarefas elementares, algo como
o prolongamento da máquina ou da ferramenta de
trabalho. A mudança se processava na organização e
não na consciência do trabalhador;
• Abordagem estruturalista: o indivíduo é visto
apenas como um ser biológico; a mudança organiza-
cional ocorre apenas nas relações e papéis: as pesso-
as eram “adestradas” para as mudanças;
• Abordagem contingencial: a mudança ocorre
através de negociação, envolvendo as pessoas nos
objetivos da organização.
47
processadas formas de comunicação e, é neste con-
texto, que as mudanças ocorrerão.
Desta forma, é fundamental que os novos pro-
cessos advindos da mudança sejam comunicados
de forma clara e correta aos demais funcionários.
É essencial, neste caso, o correto gerenciamento da
comunicação, a fim de que os resultados esperados
sejam alcançados.
Para ilustrar, podemos citar a introdução de uma
nova tecnologia, que visa melhorar os resultados de
um determinado processo dentro de uma compa-
nhia. Caso a comunicação com os funcionários seja
clara, o custo desta mudança poderá ser reduzido,
com a devida estratégia de comunicação interna.
Além do custo, o sucesso dessa mudança, através de
processos mais ágeis, beneficiará a empresa.
Para o sucesso da comunicação, neste processo
de mudança, é necessário o entendimento completo
da cultura organizacional. A função da comunicação,
também, é o de amenizar o impacto da mudança re-
pentina nos processos internos.
Tanto em grandes, quanto em médias e pe-
quenas empresas, a comunicação é muito relevante,
quando se passa por mudanças, pois é uma forma
de facilitar a compreensão, compartilhando com
todos os trabalhadores as metas estabelecidas pela
gerência da empresa.
48
“Uma vez que a comunicação exerce um papel impor-
tante, principalmente nos períodos de mudanças nas
organizações, ela precisa ir além da flexibilização ou
breve amenização dos impactos, isto é, ela tem o pa-
pel de ir além do procedimento apenas informativo de
mudanças e decisões sobre quaisquer assuntos. À me-
dida que os funcionários da organização participarem
do processo de mudança, estarão fazendo parte de um
contexto, e fazendo parte, terão a possibilidade de par-
ticipar ativamente, como por exemplo através de suges-
tões.” (BAPTISTA, 1999, PAG.5).
49
De acordo com Oliveira-Silva (2006), “Uma cul-
tura demanda longo tempo para se formar e, uma vez
estabelecida, tende a ficar entranhada, o que pode difi-
cultar o processo de aprimoramento organizacional”.
Assim, para que as mudanças ocorram sem
muitas dificuldades e barreiras, são necessários al-
guns fatores determinantes, elencados abaixo, con-
siderando os apontamentos de Oliveira-Silva (2006):
• Quando uma crise dramática ocorre: este
pode ser o choque que enfraquece o status quo e
coloca em evidência a importância da cultura atual.
Alguns exemplos são: mau resultado financeiro es-
perado, perda de um importante cliente ou grande
inovação tecnológica por parte de um competidor.
• Quando a liderança muda de mãos: uma nova
liderança de topo pode significar um conjunto alter-
nativo de valores-chave e ser percebida como mais
capaz de responder à crise. A liderança de topo
constitui o principal executivo de uma organização,
porém pode ser necessário incluir alguns outros ní-
veis de posição gerencial.
• Quando a organização é jovem e pequena:
quanto mais jovem é a organização, menos entra-
nhada é a sua cultura. De forma similar, é mais fácil
para a organização comunicar seus valores quando
ela é pequena.
• Quando a cultura é fraca: quanto mais am-
pla é a difusão de uma cultura e quanto maior é a
50
concordância entre os seus membros a respeito do
seu valor geral, mais difícil será mudá-la. Portanto,
culturas fracas são mais receptivas do que as fortes.
Os fatores acima são preponderantes para de-
terminar as mudanças dentro das empresas. Crises
econômicas costumam determinar mudanças de
forma mais generalizada, uma vez que obriga todas
as organizações a mudar sua postura para lidar com
as novas condições de mercado.
A mudança na direção de uma empresa ocorre
por diversos motivos, seja pelo resultado insatisfató-
rio alcançado pela gestão, seja por simples mudança
de rota profissional do gestor em atividade.
Entretanto, quando ocorre a mudança de di-
reção, inevitavelmente a organização passa por um
processo de aperfeiçoamento de rumos, implicando
alteração de processos e práticas.
De acordo com a exposição acima, uma empre-
sa jovem e pequena tem sua cultura ainda pouco ar-
raigada entre seus funcionários, facilitando a mudan-
ça. Além disso, quando uma companhia tem poucos
funcionários fica mais fácil comunicar as mudanças
que serão praticadas.
51
do seu alcance, ou seja, em que medida essa mudan-
ça é incremental ou radical para a empresa.
52
a conquista de novos mercados, ampliando o share e
aumentando as receitas. No entanto:
53
eficientes no passado e ao abandono de soluções
fracas e deficientes.
• Mudança revolucionária: quando a mudança
contradiz, rompe ou destrói os arranjos do status
quo. A mudança revolucionária é rápida, intensa,
brutal e desrespeita e rejeita as antigas expectativas,
introduzindo as novas. Enquanto as mudanças evo-
lucionárias ocorrem aos poucos, não provocam en-
tusiasmo ou resistência, as revolucionárias são súbi-
tas e causadoras de impactos.
• Mudança sistemática: os responsáveis pela mu-
dança sistemática delineiam o modelo do que a organi-
zação deveria ser em comparação com o que é, enquanto
aqueles, cujas ações serão por ela afetadas, estudam, ava-
liam e criticam o modelo de mudança, para recomenda-
ções baseadas em seu próprio discernimento e compre-
ensão. As mudanças resultantes traduzem-se em apoio
e compromisso e não em resistência ou ressentimento.
54
ou comportamento que é novo para o ramo de
atividade, para o mercado e para o ambiente geral
da organização”.
No mercado, a primeira empresa a adotar um
novo produto (e/ou processo) é considerada inova-
dora. Outras empresas a copiam, adotando as mo-
dificações. Podemos mencionar, como exemplo, o
mercado de smartphone.
Há alguns anos, era comum o uso do celular
apenas para ligações e o envio de mensagens de tex-
to. Em seguida, vieram os celulares com acesso à in-
ternet, mas com velocidade de acesso e capacidade
de processamento arcaico.
Nos anos 2000, a Apple Inc. desenvolveu os pri-
meiros smartphones do mercado, que ficou conheci-
do como Iphone. Além de permitirem ligações e o
envio de mensagens de texto, os smartphones tam-
bém acessam a internet, em alta velocidade, e permi-
tem a instalação de aplicativos para diversos fins.
Logo em seguida, diversas empresas de tec-
nologia adotaram esta inovação, e, assim, lançaram
diversos smartphones. Hoje, temos muitas opções
destes aparelhos no mercado.
Devemos considerar:
55
processo de mudanças tende a ser idêntico, quer a mo-
dificação seja feita cedo, quer seja feita tarde em relação
às outras organizações no ambiente”. (OLIVEIRA-
-SILVA, 2006, PAG. 335).
56
• Necessidade: as ideias não são levadas a sério,
a menos que se perceba a necessidade de mudança.
Essa percepção ocorre quando os gerentes perce-
bem um hiato entre o desempenho real e o dese-
jado na organização. Eles tentam estabelecer um
sentido de urgência para que os demais compreen-
dam a necessidade de mudança. Às vezes, uma crise
fornece um sentido indiscutível de urgência. Em
muitos casos, porém, não existe crise e, por isso,
os gerentes precisam identificar uma necessidade e
comunicá-la aos demais. Além disso, embora mui-
tas ideias sejam geradas para atender a necessidades
percebidas, as organizações inovadoras estimulam
o constante desenvolvimento de novas ideias que
possam incentivar a consideração de problemas ou
de novas oportunidades.
• Adoção: a adoção ocorre quando os tomado-
res de decisão decidem seguir adiante com uma ideia
proposta. Gerentes e funcionários-chave precisam
estar de acordo para que a mudança se sustente. No
caso de mudança organizacional de vulto, a decisão
pode exigir a assinatura de um documento legal pelo
conselho de diretores. Nas pequenas mudanças, a
adoção pode ocorrer com a aprovação informal de
um gerente de nível médio.
• Implementação: a implementação ocorre
quando os membros de uma organização utilizam
uma nova ideia, técnica ou comportamento. Tal-
57
vez seja preciso adquirir materiais e equipamentos
e os funcionários precisem de treinamento para
empregar a nova ideia. A implementação é uma
etapa muito importante porque, sem ela, as de-
mais etapas de mudança se tornam inócuas. Até
que as pessoas utilizem a nova ideia, nenhuma
mudança ocorreu realmente.
• Recursos: energia e atividade humanas são
necessárias para realizar mudanças, uma vez que
estas não acontecem por si mesmas; são neces-
sários tempo e recurso para criar e implementar
uma ideia. Os funcionários precisam despender
energia para perceber a necessidade e também
para pensar na ideia que irá supri-la. Alguém deve
desenvolver uma proposta e garantir o tempo e o
esforço para implementá-la.
Tanto as ideias quanto as necessidades podem
ocorrer simultaneamente em um processo de mu-
dança, ou qualquer uma delas pode ocorrer primeiro.
58
2.8 Os Quatro Tipos de Mudanças
59
As empresas inovadoras possuem característi-
cas em comum, tais como: flexibilidade, autoridade
delegada aos funcionários e ausência de normas rígi-
das de trabalho.
Empresas “orgânicas”, com fluxo livre, geral-
mente estão associadas a mudanças, sem rigidez, e
são consideradas as melhores companhias para a
adaptação a um ambiente de mudanças, caótico.
As organizações “orgânicas” se caracterizam
pelo incentivo a que seus funcionários apresentem
novas ideias. Atualmente, empresas de tecnologia,
como Google, são percebidas como empresas com
grande fluxo, sem a rigidez das empresas tradicionais
e que incentivam a apresentação de novas ideias pe-
los seus colaboradores.
As empresas inovadoras praticam o incentivo à
inovação de baixo para cima, pois, “As ideias trans-
bordam dos funcionários de nível médio e inferior
porque eles dispõem de liberdade para propô-las e
experimentá-las” (OLIVEIRA-SILVA, 2006).
Todavia, devemos ponderar que as empresas
inovadoras, particularmente as de tecnologia da in-
formação, incentivam a proposição de novas ideias
de todos os seus funcionários.
As empresas com estrutura mais rígida, mecâ-
nicas, têm mais dificuldade de apresentar inovações,
uma vez que há grande ênfase em normas e regula-
mentos. No entanto, companhias com esta caracte-
60
rística possuem estrutura adequada para a confecção
de produtos rotineiros.
O grande desafio para as empresas é produzir
um ambiente interno que estimule a criatividade, ou
seja, ser uma empresa orgânica e, também, ter uma
estrutura mecânica, mais eficiente.
Para incentivar a criatividade e, ao mesmo tem-
po, ter a estrutura rígida necessária para colocar as
ideias em prática, muitas empresas usam técnicas es-
pecíficas: as estruturas permutáveis; unidades criativas
distintas; equipes de risco e iniciativa empreendedora
interna. A seguir, a caracterização destas técnicas, de
acordo com a definição de Oliveira-Silva (2006):
61
análise de sistema, criam mudanças a serem adota-
das por outras unidades. As unidades que iniciam
as alterações são organicamente estruturadas para
facilitar a geração de novas ideias e técnicas. As
unidades que usam essas inovações tendem a ter
uma estrutura mecanicista mais adequada para a
eficiência da produção.
• Equipes de risco: é uma técnica recente para
favorecer a criatividade nas organizações. Muitas
vezes, essas equipes são dotadas de estabelecimen-
to e instalações distintas, para não serem cons-
trangidas pelos procedimentos organizacionais. As
equipes de ação e as equipes de risco são pequenas,
a fim de que disponham de autonomia e não surja
nenhuma burocracia.
• Empreendimento corporativo: o empreendi-
mento corporativo tenta desenvolver o espírito, a fi-
losofia e a estrutura interna, para que produzam um
número de inovações superior à média. O empreen-
dimento corporativo pode envolver a utilização de
unidades organizacionais criativas e equipes de pro-
jetos de risco, porém também tenta liberar a energia
criativa de todos os funcionários da organização. O
objetivo mais importante é liberar os campeões de
ideias, que recebem uma variedade de nomes, como
defensores, empreendedores internos ou agentes de
mudança. Os campeões de ideias despendem tem-
po e energia para fazer as coisas acontecerem. Eles
62
lutam para superar a resistência natural às mudan-
ças e convencer os demais sobre os méritos de uma
ideia nova. Peter Drucker sugere que os campões de
ideias não precisam ser funcionários da organização
e que a promoção de potenciais campeões de ideias,
entre clientes regulares, pode ser uma abordagem
de grande sucesso. Normalmente, costuma haver
dois tipos de campeões de ideias: o campeão técnico
ou o campeão de produto, que cria ou adota e de-
senvolve uma ideia para uma inovação tecnológica,
dedicando-se a ela a ponto de arriscar sua posição e
prestígio. Há, ainda, o campeão administrativo, que
atua como apoiador e patrocinador para defender e
promover uma ideia dentro da organização. Os cam-
peões técnicos e administrativos, muitas vezes, tra-
balham juntos, porque uma ideia técnica terá maior
chance de sucesso.
63
citadas anteriormente, como a Apple Inc. e o Goo-
gle, são grandes inovadoras de produtos, no caso da
Apple, e de serviços, no caso do Google.
Os lançamentos de produtos das duas empre-
sas são sempre cercados de expectativas, quanto ao
sucesso que alcançarão. No caso do Google, versões
de testes são lançados na web, as denominadas ver-
sões beta. Já a Apple, por trabalhar com produtos
físicos, não tem a flexibilidade de testar um produto
no mercado.
De acordo com Oliveira-Silva (2006), “A ma-
nufatura de novos produtos ou o oferecimento de
serviços que fracassam faz parte do negócio em to-
das as organizações”.
Devido a constante mudança dos mercados e
a crescente competitividade, as empresas precisam
se adaptar e lançar novos produtos, e, por isso, as-
sumem o risco mencionado, no parágrafo anterior.
64
os projetos empreendidos nos laboratórios de P&D
alcançaram os objetivos técnicos, o que significa que
todos os problemas técnicos foram resolvidos e os pro-
jetos passaram para a fase de produção. De todos os
projetos iniciados, contudo, menos de um terço (31%)
foi plenamente lançado no mercado e comercializado.
Diversos projetos fracassaram nessa etapa porque as
estimativas de produção ou os resultados de testes de
mercado foram desfavoráveis”. (OLIVEIRA-SILVA,
2006, PAG. 337).
65
• As organizações inovadoras bem-sucedidas
têm maior conhecimento das necessidades dos clien-
tes e dão muito mais atenção ao marketing.
• Essas organizações fazem uso da tecnologia e
assessoria externa, de forma muito mais eficiente, mes-
mo quando a maior parte do seu trabalho é interna.
• O apoio da alta administração, nas organiza-
ções inovadoras bem-sucedidas, partiu de pessoas
mais graduadas e que tinham maior autoridade.
66
legas de outras unidades de P&D. Eles estão a par
dos avanços científicos recentes. O pessoal de ma-
rketing está estreitamente ligado às necessidades dos
clientes, ouvem o que os clientes têm a dizer e ana-
lisam os produtos dos concorrentes e as sugestões
dos distribuidores.
• Conexões horizontais: este componente signi-
fica que o pessoal técnico, de marketing e da produ-
ção, compartilham ideias e informações. O pessoal
de pesquisa informa o marketing sobre os avanços
técnicos para saber se eles são aplicáveis aos clientes.
O pessoal de marketing transmite as reclamações e
informações de clientes para a unidade de P&D uti-
lizar no projeto de produtos. O pessoal de marketing
e de P&D se articulam com a produção, porque os
novos produtos devem ajustar-se à capacidade des-
ta última unidade a fim de que os custos não sejam
exorbitantes. A decisão de lançar um produto é, em
última análise, uma decisão conjunta, entre as três
unidades organizacionais.
Muitas empresas bem-sucedidas no lançamento
de novos produtos e serviços utilizam equipes inter-
funcionais. Estas equipes garantem elevado nível de co-
municação entre as diversas unidades da organização.
67
de novos produtos, possibilitando a concepção de pro-
dutos que atendam as necessidades dos clientes e con-
tornem os problemas da fabricação e do marketing.”
(OLIVEIRA-SILVA, 2006, PAG. 341).
68
Tudo indica que a crescente competição global
e a alta velocidade das mudanças tecnológicas farão
com que, nos próximos anos, as empresas mudem
suas estruturas e estratégias cada vez mais rápido, pois
esta será uma forma de manter a competitividade.
Podemos fazer uma comparação entre as mu-
danças administrativas e técnicas das organizações
, por meio da abordagem do núcleo dual.
“As mudanças administrativas dizem respeito
ao projeto e estrutura da organização em si mesma,
incluindo reestruturação, downsizing, equipes, siste-
mas de controle, sistema de informação e agrupa-
mento departamental” (OLIVEIRA-SILVA, 2006).
Segundo pesquisas já realizadas, as mudanças
administrativas ocorrem com menos frequência que
as técnicas e respondem a necessidades de diferentes
unidades organizacionais.
Para fins teóricos, podemos classificar as em-
presas com dois núcleos: um técnico e outro ad-
ministrativo. Devemos levar em consideração que,
apesar de ser uma classificação teórica, de fato as
divisões, na prática, ocorrem assim.
O núcleo administrativo comanda a empresa e
é responsável pela estrutura, o controle e a coorde-
nação da companhia. Já o núcleo técnico abrange
as áreas que fazem a transformação das matérias-
-primas em produtos e serviços.
69
“As descobertas das pesquisas, comparando mudanças
administrativas e técnicas, indicam que uma estrutura me-
canística da organização é a mais apropriada para mudan-
ças administrativas frequentes, entre elas, as mudanças
nas metas organizacionais, estratégias mercadológicas,
estrutura organizacional, sistemas de controle e recursos
humanos”. (OLIVEIRA-SILVA, 2006, PAG. 343)
70
nologias ou comercializar novos produtos e ser-
viços ou trabalhar eficazmente em uma estrutura
baseada em equipe”.
Muitas vezes, para que as empresas mudem sua
cultura interna, é necessário que haja uma mudança
nos valores e normas que formam a cultura organi-
zacional. Mudar a cultura organizacional altera, to-
talmente, a forma como o trabalho é realizado e “(...)
resulta em renovação da motivação e na delegação
de autoridade aos funcionários, bem como uma li-
gação mais forte entre a organização e seus clientes”
(OLIVEIRA-SILVA, 2006).
As empresas podem seguir uma das tendências
recentes neste assunto, para realizar mudanças nas
suas culturas. As tendências são: a reengenharia, a
adoção de estruturas horizontais de organização e a
adoção de programas de gestão da qualidade total.
A Reengenharia envolve a reformulação total
de todos os processos da empresa, no intuito de mu-
dar a cultura, então, estabelecida e melhorar a estru-
tura de tecnologia da informação. Além disso, tem o
propósito de melhorar o atendimento aos clientes,
reduzir custo e aumentar a produtividade.
Por sua vez, na Organização Horizontal, os
gestores e os funcionários precisam compartilhar vi-
são e metas em comum. Isto é necessário para que to-
dos tenham um quadro de referência, a fim de tomar
decisões e solucionar os problemas que surgirem.
71
A Gestão da Qualidade Total tem como obje-
tivo a excelência em todos os processos da empresa:
72
QUESTÕES
73
CAPÍTULO 3
Conteúdos do Capítulo
Acompanhe os conteúdos deste capítulo. Se pre-
ferir, assinale os assuntos, à medida que for estudando.
Serão abordados os seguintes temas:
- O Gerenciamento da Mudança Organizacional
- O Processo de Mudança
- Barreiras às Mudanças
- Implementando Mudanças
- O Estresse Durante a Mudança Organizacional
- Criatividade e Inovação nas Organizações
75
CAPÍTULO 3
Planejamento de Mudanças
76
nem como catalisadores, assumindo a responsabilidade
de administrar todo o processo e fazê-lo acontecer.
A princípio, qualquer funcionário de uma organi-
zação pode ser o agente de mudanças. No entanto, esta
tarefa fica muito mais fácil para os gestores das áreas
de uma empresa, visto que é importante ter a visão de
todo o processo e saber direcioná-lo da melhor forma.
Em muitos casos, e principalmente em empre-
sas grandes, a direção da companhia contrata con-
sultores que auxiliam a organização neste processo,
com conselhos e assistências. Pessoas que são de
fora podem possuir uma visão crítica que, muitas ve-
zes, os funcionários da empresa não têm.
Contudo, deve-se considerar que os consulto-
res nem sempre estão em vantagem. Apesar do que
foi citado acima, muitos consultores não possuem
uma compreensão da história e cultura da empresa,
o que pode dificultar o trabalho deles.
O custo de uma consultoria pode ser alto, se o
consultor precisar realizar uma imersão maior no dia
a dia da empresa, a fim de compreender melhor sua
cultura e propor soluções.
As mudanças propostas por consultores exter-
nos costumam ser mais radicais do que as que são
propostas pelos funcionários. E isto pode ser um be-
nefício ou uma desvantagem, pois “(...) eles não te-
rão que conviver com as repercussões da implemen-
tação das mudanças” (OLIVEIRA-SILVA, 2006).
77
3.2 O Processo de Mudança
78
grupos ou toda a organização no sentido de promo-
ver novos valores, atitudes e comportamentos, por
meio de processos de identificação e internalização.
Os membros da organização precisam se iden-
tificar com os valores, atitudes e comportamentos
dos agentes de mudanças, para então internalizá-los,
desde que percebam a eficácia no seu desempenho.
A mudança é a fase em que as novas ideias e
práticas são aprendidas, de modo que as pessoas
passem a pensar e a executar de uma nova maneira.
79
“As forças impulsionadoras empurram para um lado,
as restritivas para o outro. O desempenho resultante
é uma conciliação dos dois conjuntos de forças. Um
aumento nas forças impulsionadoras pode aumentar
o desempenho, mas também pode aumentar as forças
restritivas. Por exemplo, um gerente pode acreditar que
consegue melhores resultados dizendo aos funcionários
que não haverá nenhum momento de folga até que a
produtividade aumente. Mas a provável resposta, em
forma de hostilidade, desconfiança e maior resistência,
pode causar quedas adicionais da produtividade, ain-
da que seja observada a proibição formal das folgas”.
(OLIVEIRA-SILVA, 2006, PAG. 350).
80
portamento, em vez de uma causa única. Este mo-
delo elucida as forças que estão atuantes em um pro-
cesso de mudança:
Forças impulsionadoras:
1. Implementação de nova tecnologia
2. Emprego de matérias-primas melhores
3. Aumento da concorrência
4. Pressões administrativas do gerente
5. Aumento da disponibilidade de recursos
6. Programas de treinamento e desenvolvimento.
7. Acordos de parcerias comerciais.
Forças restritivas
1. Normas de desempenho definidas pelo grupo.
2. Postura de medo em relação à mudança.
3. Relação de complacência dos membros.
4. Habilidades técnicas bem aprendidas.
5. Baixo nível de recompensa social ou material.
6. Canais de comunicação inadequados.
7. Apropriação indevida de ideias e propostas.
81
funcionários ao processo de mudança. Esta motiva-
ção pode ocorrer em três estágios:
82
3.3 Barreiras às Mudanças
83
• Falta de coordenação e cooperação: a frag-
mentação e o conflito organizacionais, muitas ve-
zes, resultam da falta de coordenação para a imple-
mentação da mudança. Além disso, no caso de uma
nova tecnologia, o sistema antigo e o novo devem
ser compatíveis.
• Receio de perda: os funcionários podem te-
mer a perda do poder, de status ou mesmo de seus
empregos. Em casos assim, a implementação cuida-
dosa e incremental, além de envolver todos os fun-
cionários, torna o processo de mudança mais viável.
O processo de implementação da mudança pre-
cisa ocorrer de forma que as barreiras citadas acima
não sejam empecilho, ou seja, que não haja barreiras.
À vista disso, é bom ressaltar, novamente, o papel
do agente de mudanças, que ficará encarregado de
evitar as barreiras ao desenvolvimento e implemen-
tação de novas ideias.
84
Se as pessoas afetadas não concordam com o
problema, o processo de mudança não deveria pros-
seguir sem uma análise adicional e uma boa comuni-
cação entre todos os funcionários.
Às vezes, é necessária a percepção de urgência
para mobilizar as pessoas e torná-las dispostas a in-
vestir tempo e energia, a fim de adotar novas técni-
cas e procedimentos.
85
Para mudanças menores, é necessário o apoio
dos gerentes influentes das unidades pertinentes. A
falta de apoio da alta administração é uma das causas
mais frequentes do fracasso da implementação.
86
uma nova ideia. O campeão da ideia verifica se todas
as atividades técnicas estão corretas e completas.
Um campeão adicional, como um gerente pa-
trocinador, por exemplo, também pode ser necessá-
rio para persuadir pessoas a respeito da implementa-
ção, mesmo usando a coerção, se necessário.
• Desenvolver planos para superar as resis-
tências: ideias muito boas deixam de ser utilizadas,
porque os gerentes não conseguem prever ou se
preparar para a resistência à mudança por parte dos
consumidores, funcionários ou demais gerentes.
Não importa se as características de desempe-
nho de uma inovação são impressionantes, sua imple-
mentação entrará em conflito com alguns interesses
e colocará em risco algumas alianças na organização.
Para aumentar as chances de sucesso, a alta admi-
nistração deve reconhecer os conflitos, as ameaças e
as possíveis perdas percebidas pelos funcionários. Al-
gumas estratégias podem ser utilizadas pelos agentes
de mudança para superar o problema da resistência
87
a participação ativa de um agente de mudanças, capaz
de colocar em prática as etapas essenciais e estimular
os demais funcionários envolvidos na estratégia.
As estratégias para superação da resistência, se-
gundo Robins-Coulter (1996), são as seguintes:
88
aqueles que se opõem podem ser trazidos para o
processo de decisão.
Supondo que os participantes possuam compe-
tência para dar uma contribuição significativa, o en-
volvimento deles pode reduzir a resistência, obter o
compromisso com o sucesso e aumentar a qualidade
da decisão de mudança. No entanto, essas técnicas
têm suas desvantagens: a possibilidade de uma solu-
ção ruim e a quantidade de tempo que ela demanda.
89
Por exemplo, se a resistência está concentrada
em alguns poucos indivíduos poderosos, um pacote
de recompensas específico pode ser negociado para
atender às suas necessidades individuais.
A tática da negociação pode ser necessária,
quando a resistência tem uma origem poderosa,
como é o caso de um sindicato. No entanto, não se
podem ignorar custos potencialmente altos.
Também existe o risco de o agente de mudan-
ças ficar vulnerável à possibilidade de ser chantage-
ado por outros indivíduos com poder, uma vez que
ele esteja negociando uma menor resistência,
90
pação. Ela procura “comprar” os líderes de um
grupo de resistência, dando-lhes um papel funda-
mental na decisão de mudança.
Procura-se o aconselhamento com os líderes,
não para se chegar a uma melhor decisão, mas para
obter o seu endosso. Tanto a manipulação, quando
a cooptação são formas baratas e fáceis de conquis-
tar o apoio do adversário, porém as táticas podem
falhar se os alvos se tornarem conscientes de que
estão sendo enganados ou usados. Uma vez desco-
berto o truque, a credibilidade do agente de mudan-
ças pode ir a zero.
91
3.5 O Estresse Durante a
Mudança Organizacional
92
senvolvimento de situações estressantes. Listadas
por Oliveira-Silva (2006), as estratégias são:
93
3.6 A Criatividade e a Inovação
Nas Organizações
94
ganizacional, pode ser fomentada, apreendida por
seus funcionários, Se for incentivada da forma cor-
reta: o agente de mudança sabendo instigar a criação
dos outros funcionários.
Para Oliveira-Silva (2006), “(...) criatividade refere-
-se à habilidade de combinar ideias de uma forma única
ou de fazer associações pouco usuais entre ideias”.
Neste caso, uma empresa que estimule a cria-
tividade dos seus colaboradores pode produzir for-
mas novas de desenvolver o trabalho e soluções ori-
ginais para os problemas que surjam.
A inovação ocorre quando uma ideia é trans-
formada em produto ou serviço. Toda empresa con-
siderada inovadora é aquela que tem a capacidade de
transformar a criatividade em produtos que são úteis
aos seus consumidores, que transformam suas vidas.
A mudança organizacional objetiva tornar uma
empresa mais eficiente e, também, mais inovadora.
Novamente, podemos citar o caso da Apple Inc. que
lançou o smartphone como produto inovador.
Em seguida, muitas empresas a seguiram e, cer-
tamente, os agentes de mudanças dessas empresas
estimularam a criação para que atingissem, com seus
produtos, o sucesso da Apple.
De acordo com Oliveira-Silva (2006), para que
ocorra inovação, é preciso a existência de três con-
juntos de variáveis associadas:
95
• Variáveis estruturais: com base em diversas
pesquisas, podemos concluir três pontos relativos ao
efeito das variáveis estruturais na inovação. Primei-
ro, as estruturas orgânicas influenciam a inovação
de forma positiva. Como esse tipo de organização
possui diferenciação vertical, formalização e centra-
lização menores, as estruturas orgânicas facilitam a
flexibilidade, a adaptabilidade e a interação, tornan-
do mais fácil a adoção de inovações.
Segundo, a pronta disponibilidade de recursos
em quantidade suficiente fornece uma matéria-pri-
ma fundamental para a inovação. A abundância dos
recursos significa que a organização pode pagar o
custo das inovações, o custo de instituí-las e a absor-
ção dos fracassos. Finalmente, a comunicação fre-
quente entre as unidades ajuda a destruir possíveis
barreiras à inovação.
Terceiro, os comitês, forças-tarefa e outros me-
canismos similares facilitam a interação entre as uni-
dades organizacionais e são amplamente usados em
organizações inovadoras.
• Variáveis culturais: as organizações inovadoras
tendem a possuir culturas similares. Elas incentivam a
experimentação, recompensam tanto o sucesso, quan-
to os fracassos e festejam os erros. Uma cultura ino-
vadora, normalmente, tem as seguintes características:
(a) Aceitação de indefinição: ênfase exagerada
na objetividade restringe a criatividade.
96
(b) olerância com o que não é prático: os fun-
cionários que oferecem respostas pouco práticas,
até mesmo tolas, a perguntas de simulação não são
reprimidos. O que pode parecer pouco prático à pri-
meira vista pode levar a soluções inovadoras.
(c) Baixos controles externos: regras, regula-
mentos, políticas e controles similares são mantidos
em níveis mínimos.
(d) Tolerância ao risco: os funcionários são in-
centivados a tentar, sem temer as consequências, se
falharem. Os erros são tratados como oportunida-
des de aprendizado.
(e) Tolerância ao conflito: a diversidade de opi-
niões é incentivada. A harmonia e a concordância
entre os funcionários e/ou unidades não são consi-
deradas indícios de desempenho alto.
(f) Ênfase nos fins, e não nos meios: os objeti-
vos são determinados claramente, e os funcionários,
incentivados a pensar em caminhos alternativos para
alcançá-los. O enfoque nos fins sugere que é pos-
sível haver diversas respostas certas para qualquer
problema apresentado.
(g) Ênfase nos sistemas abertos: a organização
monitora de perto o ambiente e responde rapida-
mente às mudanças, à medida que elas ocorrem.
97
o treinamento e o desenvolvimento de seus mem-
bros, de forma que o seu conhecimento permaneça
atual; oferecem aos seus funcionários alta segurança
no emprego, reduzindo o medo de serem demitidos
por cometer erros; incentivam os funcionários a se
tornar campeões da mudança.
Uma vez desenvolvida uma nova ideia, os cam-
peões da mudança promovem a ideia, de maneira
ativa e entusiástica, constroem um apoio para ela,
superam a resistência e se asseguram de que a inova-
ção seja implementada.
Pesquisas recentes indicam que os campeões
têm características de personalidade em comum: au-
toconfiança extremamente alta, persistência, energia
e uma tendência de aceitar riscos.
Eles, também, mostram características asso-
ciadas à liderança dinâmica. Inspiram e energizam
os outros com sua visão do potencial de uma ino-
vação e por meio de sua forte convicção pessoal a
respeito de sua missão.
Além disso, são bons em obter o compromisso
de outros funcionários para apoiar sua missão. Além
disso, possuem cargos que exigem muita capacidade
de tomada de decisão. Essa autonomia os ajuda a in-
troduzir e implementar as inovações nas organizações.
Se todas as condições para um ambiente criati-
vo for bem sucedida, ideias serão geradas e, conse-
quentemente, produtos serão lançados no mercado.
98
Se uma empresa dispõe de um ambiente que estimu-
la a criatividade, ideias novas são geradas e, poste-
riormente, essas ideias são conduzidas para aceita-
ção e implementação.
Neste ambiente, surgem os denominados “de-
fensores de ideias”, que são as pessoas que visuali-
zam oportunidades de mudanças e obtêm o devido
sucesso na inovação dos processos internos.
Como já vimos previamente, as mudanças não
ocorrem por si mesmas. É necessário que se esta-
beleçam pré-condições, com um ambiente inovador.
Para defender uma ideia, dentro de uma empresa, o
defensor precisa assumir determinados papéis. Lem-
brando que uma inovação bem sucedida requer o
envolvimento de mais de uma pessoa.
99
• O patrocinador é um gerente de alto nível que
aprova a ideia, protege-a e remove as principais bar-
reiras organizacionais para sua aceitação.
• O crítico contrabalança o entusiasmo do de-
fensor ao desafiar o conceito e possibilitar um teste
realista contra o julgamento dos intransigentes. A
crítica evita que as pessoas em outros papéis adotem
uma ideia ruim.
Portanto, as empresas que sobrevivem nos
mercados e que se tornam competitivas são aquelas
que investem em mudanças e estimulam a criativida-
de dos seus funcionários.
As mudanças tecnológicas ocorrem em alta
velocidade, impondo às empresas a necessidade de
adaptação. As necessidades dos consumidores tam-
bém se alteram, exigindo que as organizações desen-
volvam produtos que os atendam.
Assim, como sempre foi, só se destacarão as
empresas inovadoras e eficientes em seus processos.
Para tal, essas companhias precisam estimular o tema
do nosso estudo: as mudanças. Todavia, elas devem
incentivar mudanças com criatividade e inovação.
Importante ressaltar, como já mencionado, que
o bom entendimento da cultura organizacional é
determinante para que os processos de mudanças
sejam bem sucedidos. No próximo capítulo, tratare-
mos, com mais detalhes, da cultura organizacional.
100
QUESTÕES
101
CAPÍTULO 4
Conteúdos do Capítulo
Acompanhe os conteúdos deste capítulo. Se
preferir, assinale os assuntos, à medida que for
estudando.
Serão abordados os seguintes temas:
- A Cultura Organizacional
- Níveis da Cultura Organizacional
- Categorias de Cultura Organizacional
- A Noção de Cultura Organizacional Brasileira
(artigo)
103
CAPÍTULO 4
Cultura Organizacional
104
cial de moldar os comportamentos dos seus colabo-
radores, reforçar crenças e estimular os funcionários
a aplicar os esforços necessários para alcançar deter-
minados resultados.
Se a cultura organizacional for sólida e bem
compreendida e apreendida pelos funcionários
de uma empresa, a cultura poderá se tornar um
grande diferencial de competitividade no merca-
do. Do mesmo modo, ”(...) se ela apoia a estraté-
gia e estiver adequadamente alinhada aos desafios
no ambiente da organização. Administrar a cul-
tura organizacional, nestes termos, é uma tarefa
formidável, porém, antes de tudo, importante”
(OLIVEIRA-SILVA, 2006).
A cultura organizacional representa o que de-
nominamos a parte não escrita, que seria o “senti-
mento da organização”. Todos os funcionários par-
ticipam desta cultura, mesmo sem perceber. Quando
a empresa busca implementar uma nova estratégia,
contrária a sua cultura, é que esta fica evidente.
Não basta apenas que uma companhia tenha um
conjunto de valores e princípios para que sua cultu-
ra seja compreendida. Tão importante quanto isso, é
aquilo que a empresa pratica e como ela se comporta.
A cultura organizacional pode ser classifica-
da em dez características, segundo (Oliveira-Silva,
2006), avaliadas pela empresa:
105
• Identidade do membro: o grau de identifi-
cação dos funcionários com a organização como
um todo, e não com seu tipo de trabalho e identi-
dade profissional.
• Ênfase no grupo: o grau de organização das
atividades de trabalho estruturadas em torno de gru-
pos, em vez de indivíduos.
• Foco nas pessoas: o grau de consideração do
efeito dos resultados nas pessoas que compõem a or-
ganização, ponderado pelas decisões da administração.
• Integração das unidades: o grau de estímulo
das unidades da organização a operar de uma manei-
ra coordenada e interdependente.
• Controle: o grau de uso de regras, regulamen-
tos e supervisão direta para inspecionar e controlar
o comportamento dos funcionários.
• Tolerância a risco: o grau de incentivo dos
funcionários a ser agressivos, inovadores e propen-
sos ao risco.
• Critérios de recompensa: o grau de distri-
buição de recompensas, como aumentos de salá-
rios e promoções, obedecendo a critérios de de-
sempenho do funcionário, em contraste com o
tempo de casa, favoritismo e outros fatores não
ligados ao desempenho.
• Tolerância ao conflito: o grau de estímulo
dos funcionários a expressar conflitos e críticas
abertamente.
106
• Orientação meio-fins: o grau de ênfase dos re-
sultados ou efeitos, em detrimento de técnicas e pro-
cessos, utilizados para alcançar aqueles resultados.
• Foco em sistemas abertos: o grau de monito-
ria e resposta a mudanças no ambiente externo.
“Essas características apontadas acima são rela-
tivamente estáveis e permanentes ao longo do tem-
po. Assim como a personalidade de um indivíduo é
estável e permanente, a cultura de uma organização
também o é”. (OLIVEIRA-SILVA, 2006).
A cultura de uma empresa proporciona a seus
funcionários um senso de identidade, propiciando
maior comprometimento com as crenças e valores da
empresa. A cultura organizacional se inicia com um
fundador, que é quem articula ideias e valores, como,
por exemplo, a visão, filosofia e estratégia empresarial.
As culturas precisam atender a duas funções
decisivas para uma organização: primeira, integrar
seus membros, de modo que eles saibam como se
relacionar entre si e segunda, auxiliar a empresa a se
adaptar ao meio externo.
A integração interna significa que os colabo-
radores da empresa desenvolvem uma identidade
coletiva, sabem como podem trabalhar juntos e
são eficazes no que fazem. A adaptação externa é
a maneira como as empresas alcançam seus obje-
tivos e lidam com instituições e pessoas de fora do
ambiente organizacional.
107
Quando a cultura de uma empresa está sólida,
bem estabelecida e compreendida por seus funcio-
nários, ela pode auxiliar a organização a alcançar
suas metas, responder às necessidades da demanda e
se adaptar, de forma rápida, à concorrência de mer-
cado, com as devidas mudanças organizacionais.
Para que a cultura de uma organização seja um
meio valioso de obter bons resultados, é fundamen-
tal alcançar, de acordo com Oliveira-Silva (2006):
108
derados, coletivamente, como meios para a reali-
zação das metas da organização.
O fato de os meios usados se tornarem ou
não parte da cultura dependerá do sucesso resul-
tante do seu uso. Por exemplo, se ficar comprova-
do que a descentralização funciona sempre bem,
presume-se, então, que este é o meio adequado
de se organizar. O uso adequado dos recursos
acordados entre os envolvidos possibilita um for-
talecimento do processo cultural, resultando em
melhor nível de desempenho.
109
4.2 Níveis da Cultura Organizacional
110
de renovação e os ritos de integração. Os autores
também mencionaram quatro exemplos que mos-
tram como estes ritos são utilizados para reforçar
valores culturais relevantes:
111
• Rito de integração: sempre que um executivo
do WalMart visita uma das lojas, ele lidera os fun-
cionários na saudação do WalMart: “Deem-me um
W! Deem-me um A! Deem-me um R! Deem-me
um T! O que é dar? Wal-Mart! Quem é o número
1? O cliente!” A saudação estreita os laços entre os
funcionários e reforça o comprometimento com as
metas comuns.
112
4.2.4 Linguagem Organizacional
113
• Cultura de adaptabilidade/iniciativa: é carac-
terizada pelo foco estratégico no ambiente externo,
por meio de mudanças, para atender às necessidades
dos clientes.
A cultura estimula normas e convicções que
sustentam a capacidade de a organização detectar,
interpretar e traduzir sinais do ambiente em novas
respostas comportamentais. Esse tipo de organiza-
ção, porém, não apenas reage rapidamente às mu-
danças ambientais – também se empenha ativamente
em criar mudanças. Inovação, criatividade e tomada
de riscos são valiosas e recompensadas.
114
alto desempenho. O envolvimento e a participação
criam um senso de responsabilidade e propriedade,
e, consequentemente, maior comprometimento com
a organização.
115
A Noção de Cultura
Organizacional Brasileira
116
Além dessas dimensões, identificou-se tam-
bém o padrão cultural brasileiro como mais cole-
tivista do que individualista e identificou-se, ain-
da, leve predominância de características típicas
da feminilidade.
O estudo de Hofstede tornou-se amplamen-
te replicado e referenciado em artigos brasileiros,
constituindo-se em forte influenciador da concepção
de cultura brasileira desenvolvida em nossa teoria
organizacional e administrativa. Geralmente, tais
artigos propõem analisar diferenças de estilos geren-
ciais e explicá-los a partir das diferenças culturais
nacionais apontadas por Hofstede (Urdan e Urdan,
2001; Barros e Prates, 1996). Vale frisar que os aspec-
tos da cultura brasileira apontados por Hofstede são
geralmente aceitos sem problematização.
Dentre as pesquisas em questão, uma das mais
destacadas foi a realizada por Barros e Prates (1996),
com o objetivo de identificar elementos e parâme-
tros culturais brasileiros a serem considerados tanto
por dirigentes em decisões sobre a implementação de
formas modernas de gerenciamento criadas em ou-
tros países, quanto por dirigentes de multinacionais
que buscam se adequar à nossa cultura.
Os autores usaram o referencial de Hofstede e
de outros autores, principalmente Roberto DaMatta
e Lívia Barbosa, para tentar desvendar “o estilo bra-
sileiro de administrar”. Chegaram a construir uma
117
proposta daquilo que acreditam ser “um modelo de
ação cultural brasileiro na gestão empresarial” (Bar-
ros e Prates, 1997, p. 55). Para tanto, realizaram
pesquisa quantitativa, por meio de questionários,
com 2.500 dirigentes e executivos de 520 empresas
de grande e médio porte do Sul e Sudeste do país.
Os autores caracterizam o estilo brasileiro de
administrar como único e original. O modelo de
ação cultural brasileiro, para os autores, correspon-
deria a um sistema composto por quatro subsiste-
mas, quais sejam: institucional (ou formal), pessoal
(ou informal), líderes e liderados. Esses subsistemas
apresentam interseções e nelas se encontrariam tra-
ços culturais comuns e que comporiam o estilo brasi-
leiro de administrar.
Tais traços seriam: (1) concentração de poder,
na interseção dos subsistemas líderes e institucio-
nal; (2) postura de espectador, na interseção dos
subsistemas liderados e institucional; (3) personalis-
mo, na interseção dos subsistemas líderes e pessoal;
e (4) evitar conflito, na interseção dos subsistemas
liderados e pessoal.
Tais traços culturais especiais seriam, em últi-
ma análise, responsáveis pela não ruptura do sistema
como um todo, e são eles que deveriam ser alterados
em grau ou natureza para a mudança efetiva da cul-
tura (Barros e Prates, 1996). Em resumo, os pontos
críticos da cultura brasileira seriam o formalismo, a
118
flexibilidade, a lealdade às pessoas e o paternalismo.
O que garantiria o funcionamento desse sis-
tema como um todo seria a impunidade. Assim, a
alteração desse modelo passaria pela mudança ou
ruptura de tais aspectos.
A fim de discutir a cultura organizacional
brasileira, Aidar, Brizola, Prestes Motta e Wood
Jr. (1995) realizaram um ensaio, cujo objetivo
principal foi analisar historicamente a formação
da cultura nacional e como esta se relacionaria
com valores e padrões de comportamento encon-
trados em nossas organizações.
Os autores chegaram à conclusão de que o sis-
tema social brasileiro é dividido e equilibrado por
entidades e instâncias criadas em nossa peculiarida-
de e que acabam por tornar o convívio com parado-
xos suportável, ao mesmo tempo em que dificultam
transformações mais profundas.
Constataram, também, que a pluralidade é um
dos aspectos essenciais da cultura brasileira e do uni-
verso das organizações locais. Prestes Motta (1997),
dentro desse contexto, analisa os autores que tratam
de culturas nacionais e os autores clássicos sobre a
formação da cultura brasileira – Gilberto Freire,
Roberto DaMatta, Caio Prado Jr., Sérgio Buarque
de Holanda e Darcy Ribeiro –, bem como psicana-
listas (Calligaris, 1993) que desenvolveram investi-
gações sobre o Brasil, e conclui que nosso país é uma
119
terra de contrastes e que nossa cultura é marcada por
heterogeneidade e complexidade, caracterizando- se
como multifacetada. Ambos os artigos são ensaios
baseados em pesquisa bibliográfica.
Com o intuito de “criar um suporte instrumental
para a análise das culturas organizacionais sob o pris-
ma da cultura brasileira”, Alexandre Borges de Freitas
(1997) tentou elucidar traços culturais brasileiros para
uma análise organizacional. Sua contribuição foi feita
a partir da leitura dos clássicos que retratam a forma-
ção brasileira, de autores como Gilberto Freire, Sérgio
Buarque de Holanda e Caio Prado Jr., bem como de
antropólogos como Roberto DaMatta.
Borges de Freitas (1997) fundamenta sua análi-
se apenas em pesquisa bibliográfica. Muito embora
reconheça o caráter diverso e heterogêneo da cultura
de nosso país, o autor conclui que os traços nacionais
para uma análise organizacional seriam: a hierar-
quia, o personalismo, a malandragem, o sensualis-
mo e o espírito aventureiro.
Tentando elaborar uma metodologia para o
gerenciamento da cultura das organizações do se-
tor público no Brasil, Carbone (2000), com base em
Hofstede e Roberto DaMatta, aponta que a cultura
brasileira possui certos traços que podem dificultar
a mudança das culturas de organizações públicas,
face ao paradigma da globalização. Tais traços se-
riam: burocratismo, autoritarismo, paternalismo,
120
aversão aos empreendedores, “levar vantagem” e
reformismo.
Nessa mesma linha da cultura como obstáculo
para a mudança, Campos (2000), a partir de Rober-
to DaMatta e dos traços culturais nacionais levanta-
dos por Borges de Freitas (1997), deixa subentendido
que tais traços culturais típicos da cultura organiza-
cional brasileira constituem entrave para a compe-
titividade e o aprendizado das organizações locais.
Baiardi (1997) discute as origens históricas dos
padrões culturais e da resistência a mudanças em
nosso país e caracteriza tais padrões como obstáculos
à democracia e ao desenvolvimento nacional.
Vale ressaltar que ambos os estudos são ensaios
teóricos. Cavedon (1998) buscou levantar os tipos de
cultura presentes em organizações no Rio Grande
do Sul e constatou uma ênfase em estruturas tradi-
cionais. Com isso, descreve que estamos longe do que
se apregoa como “tendências futuras”.
Alguns estudos de caso também foram reali-
zados com o intuito de analisar a influência, ou
melhor, a peculiaridade de organizações tipica-
mente brasileiras. Lucirton Costa (1997) analisou
uma organização que, acredita ele, é possível e
recorrente em nosso país graças às nossas peculia-
ridades: a organização cordial.
Embora reconheça a heterogeneidade da cultu-
ra nacional, o autor procura a identificação de tra-
121
ços e atitudes culturais típicas para a elaboração de
um modelo de gestão nacional. A análise de uma
torcida organizada de futebol permitiu a ele desen-
volver a noção de organização cordial, ou seja, um
tipo de organização em que a lógica de fundo emo-
tivo está eminentemente presente na determinação
das principais ações desencadeadas em seu âmbito.
O artigo está embasado em pesquisa bibliográfica e
em entrevistas na “Gaviões”.
Outro estudo de caso foi realizado por Verga-
ra, Moraes e Palmeira (1997). Nesse artigo, os au-
tores procuraram desvendar aspectos administrati-
vos de uma organização tipicamente brasileira – a
escola de samba – e nela identificar os aspectos da
cultura nacional.
Constataram, no barracão de dada escola de
samba, uma característica que acreditam ser nacio-
nal, qual seja: a conjugação de elementos contraditó-
rios, relacionada com uma constante relação entre o
arcaico e o moderno. Além disso, observaram que a
“casa” – locus do personalismo – é apontada como
local ideal e recorrente.
Santos (1996), por sua vez, analisa o modelo
de uma organização de jogo do bicho na Bahia, e
afirma ter encontrado naquela organização uma
forma brasileira de administração eficaz, destituída
dos modelos e tecnologias gerenciais importadas, na
qual se encontra paternalismo, protecionismo, ví-
122
cios, família, formalismo, regras, moralidade, per-
versidade, favor, comprometimento, “jeitinho” etc.
O autor aponta que a capacidade de lidar com
o diverso é o elemento fundamental do sucesso dessa
organização. Já Barros (2001) compara organizações
comunitárias da Bahia e de Québec (Canadá). Em
termos de traços culturais brasileiros, o autor segue
o padrão tradicional de concepção altamente negati-
va das características culturais nacionais.
São destacados aspectos como o padrão de re-
lações afetivas, ao invés de impessoais, patrimonia-
lismo, patriarcalismo e consequente autoritarismo
predominante nas relações profissionais, ausência
de orgulho e complexo de inferioridade, tolerância e
flexibilidade de costumes, frouxidão moral, irrespon-
sabilidade social e ecológica, aversão ao trabalho etc.
123
tenta traçar as origens e condicionantes do estran-
geirismo e sua influência nas organizações brasilei-
ras, apontando que esse traço está “institucionaliza-
do” em nosso país.
Sugere-se que temos uma fixação pelo que vem
do outro. O autor traça as origens dessa suposta fi-
xação por meio da análise do que acredita serem seus
condicionantes locais e nacionais. Analisando as con-
sequências desse traço, o autor o avalia como algo ne-
gativo, “não bom” para as organizações locais.
Analisando o mesmo traço cultural e sua
influência nas organizações, Prestes Motta, Alca-
dipani e Bresler (2001) buscam suas origens histó-
ricas e discutem como ele está relacionado com o
modo pelo qual as pessoas são percebidas, geridas,
administradas e controladas no Brasil. Vale desta-
car que ambos os artigos são ensaios baseados em
historiadores e antropólogos, aqui já citados, que
discutem a formação nacional.
Davel e Vasconcelos (1997), por sua vez, identi-
ficam certa dimensão paterna nas organizações bra-
sileiras, apontando a recorrência histórica dessa ca-
racterística. Os autores demonstram como a função
do pai está presente no ethos de uma organização
familiar brasileira.
Argumentam também que a figura paterna e o
paternalismo são traços recorrentes de empresas que
estão inseridas em uma cultura paternalista. Dentro
124
desse mesmo foco de análise, Bresler (2000) analisa a
imagem do pai na realidade brasileira, apontando
que essa é uma das formas pelas quais a dominação é
exercida nas organizações que atuam em nosso país.
Nesse sentido, Capelão (2000) analisa a mes-
ma característica cultural em uma empresa fami-
liar brasileira, tentando resgatar a “genealogia”
desse traço e a forma de sua manifestação na em-
presa estudada. Vale frisar que todos os artigos
discutem as origens históricas de tal traço em nos-
so contexto cultural.
Por fim, Prestes Motta e Alcadipani (1999) dis-
cutem o “jeitinho brasileiro” nas organizações na-
cionais, apontando suas origens históricas e seus con-
dicionantes culturais, bem como suas consequências.
Fazem isso por meio de pesquisa bibliográfica.
125
QUESTÕES
126
GABARITO
QUESTÕES
1 - O que é uma organização?
Resposta: Organização, num conceito mais
amplo, pode ser definida como a união de esforços
individuais com a finalidade de realizar propósitos
coletivos.
2 - Dentro do conceito da qualidade total, o que
significa os “5S”?
Resposta: Os 5S significam: SEIRI, que é elimi-
nar o desnecessário separando-o do necessário. SEI-
TON, que é colocar em ordem, guardando de forma
ordenada tudo que é necessário. SEISO, que signi-
fica a limpeza, a eliminação da sujeira, acabando
com as fontes dos problemas. SEIKETSU, que é o as-
seio, a padronização, a higiene, e também o estágio
onde se evita que as etapas anteriores retrocedam, e,
por fim, o SHITSUKE, que significa disciplina, com
o cumprimento rigoroso de tudo que foi estabelecido
pelo grupo.
3 - O que é modelo de gestão? Qual sua impor-
tância dentro das organizações?
Resposta: Modelo de gestão é como as empresas
administram suas atividades, sejam quais forem.
Dentro de um arcabouço teórico, as organizações
seguem, sempre, um modelo, uma forma pré-estabe-
lecida que já deu certo em outra empresa.
129
Toda empresa precisa organizar seus recursos –
sejam os financeiros, humanos e físicos – para atin-
gir um determinado fim. E é para isto que são úteis
os modelos de gestão, que auxiliam as companhias
neste processo.
4 - Quais são os cinco principais modelos de
gestão? Defina qual deles você julga mais pertinente,
e justifique sua escolha:
Resposta: Os cinco modelos de gestão são: o mo-
delo clássico; o modelo comportamental; o modelo
pragmático; o modelo sistêmico e o modelo contin-
gencial. (O principal objetivo desta questão é avaliar
a posição crítica do aluno em relação aos modelos de
gestão)
5 - Quais são as principais abordagens teóricas
da administração? Escolha uma delas e disserte so-
bre seus pontos fortes e fracos, de acordo com sua
opinião:
Resposta: as principais abordagens teóricas da
administração são: a abordagem estrutural e a hu-
manística. (Esta questão tem como objetivo avaliar
a posição crítica do aluno em relação às abordagens
teóricas, através da expressão da sua opinião).
QUESTÕES
1 - Como podemos definir mudança organiza-
cional?
Resposta: Mudança organizacional é qualquer
130
mudança que ocorre numa empresa, seja em fun-
ção de fatores internos ou externos à companhia.
São atividades proativas, em busca de determinada
meta estabelecida.
2 - Qual a relevância da mudança, dentro das
empresas?
Resposta: no mundo moderno, com a crescente
globalização dos mercados e a crescente concorrên-
cia entre as empresas, as mudanças têm como função
adequar as companhias para a competição, aperfei-
çoando processos e produtos.
3 - Com base na afirmação abaixo, descreva o
exemplo de uma empresa que realizou uma mudança
em função das necessidades impostas pelo mercado.
“Deve-se levar em consideração que as mudan-
ças não são necessariamente para construir empresas
maiores e melhores, mas, sim, para a adaptação des-
sas empresas às novas condições de mercado”.
(O objetivo desta questão é avaliar se o aluno
consegue interligar o que está estudando com situa-
ções reais, com base na sua bagagem cultural sobre
o assunto).
4 - Qual é a importância da comunicação na
mudança organizacional?
Resposta: Todo processo de mudança bem suce-
dido depende de que este seja comunicado da melhor
forma a todos os funcionários da organização. Neste
caso, o bom entendimento da cultura da empresa é
131
necessário para poder colocar em práticas técnicas
assertivas de comunicação.
5 - Cite exemplos reais de empresas que reali-
zam mudanças constantes de produtos e serviços,
utilizando processos criativos:
(Esta questão tem como objetivo avaliar se o
aluno é capaz de relacionar o conteúdo estudado
com situações reais, que envolvem empresas verda-
deiras. Deve-se atentar para a veracidade do exem-
plo citado).
QUESTÕES
1 - Qual é a importância da gerência, durante o
processo de mudança organizacional?
Resposta: Toda empresa que se propõe a come-
çar um processo de mudança precisa de um bom ges-
tor para coloca-la em prática. O gerentes precisam
saber o momento certo de começar a mudança e
como implementá-la.
2 - O que é um agente de mudanças?
Resposta: agentes de mudanças são pessoas que
funcionam como catalisadores, que assumem a res-
ponsabilidade pelas mudanças e as coloca em prá-
tica, fazendo acontecer. Qualquer funcionário da
empresa pode ser um agente de mudanças.
3 - Qual é a definição de Kurt Lewin sobre mu-
dança organizacional? E quais são as três fases do
processo de mudanças estabelecidas por ele?
132
Resposta: Segundo Lewin, mudança organi-
zacional é a transição de uma situação estabeleci-
da para outra, nova; e isto implica ruptura com as
práticas antigas, uma transformação, interrupção e
perturbação.
As três fases do processo de mudança estabeleci-
das por ele são: descongelamento, quando a necessi-
dade de mudança é tão óbvia que as pessoas passam
a entendê-la rapidamente e a aceitá-la, para que,
enfim possa ocorrer. Mudança, que acontece quan-
do ocorre a descoberta e adoção de novas atitudes,
valores e comportamentos. E o reconlegamento, que
significa que o anteriormente aprendido foi integra-
do à prática atual.
4 - Daft (1978) propôs algumas técnicas para
lidar com o processo de mudança. Escolha uma des-
tas técnicas e disserte sobre ela, apontando o que, a
seu ver, pode ser um fator positivo e outro negativo
da técnica escolhida:
(Esta questão tem como objetivo avaliar a capa-
cidade crítica do aluno em relação à matéria estuda-
da e à teoria apresentada).
5 - Escolha uma das estratégias apontadas por
Robins-Coulter (1996) para superar a resistência às
mudanças e faça um resumo sobre ela. Em seguida,
aponte uma situação real de resistência a qual a estra-
tégia poderá ser aplicada:
(O objetivo desta questão é avaliar o posiciona-
133
mento crítico do aluno e se ele consegue relacionar o
que está estudando com acontecimentos reais).
QUESTÕES
1 - O que é cultura organizacional?
Resposta: É o conjunto de crenças e valores que
se desenvolve dentro da empresa e guia o comporta-
mento de seus membros (Schein, 1990).
2 - Com base no que você leu sobre cultura or-
ganizacional, cite o exemplo de uma empresa que,
em sua opinião, tenha uma cultura sólida, bem seme-
ada entre seus funcionários:
(O objetivo desta questão é avaliar se o aluno
consegue relacionar o conteúdo estudo a situações
reais, vividas por ele ou não).
3 - Com base na afirmação abaixo, cite a impor-
tância da cultura organizacional para o processo de
mudança de uma companhia:
“Se a cultura organizacional for sólida e bem
compreendida e apreendida pelos funcionários de
uma empresa, ela poderá se tornar um grande dife-
rencial de competitividade no mercado”.
Resposta: para que a mudança de uma empresa
– seja de um processo, serviço ou produto – obtenha
sucesso no mercado, é necessário que seus funcioná-
rios estejam todos alinhados com os valores da em-
presa, com sua cultura. Portanto, aí está a impor-
tância de uma sólida cultura organizacional.
134
4 - Quais são os dois níveis de cultura das or-
ganizações?
Resposta: Existem dois níveis de cultura nas
organizações: a cultura observável e a cultura essen-
cial. A cultura observável é aquela que podemos ver
e ouvir quando andamos numa empresa. A cultura
essencial são os valores e crenças que influenciam o
comportamento dos funcionários e que fazem surgir
os aspectos observáveis.
5 - Qual é a importância da linguagem organi-
zacional?
Resposta: A linguagem, quando bem utiliza-
da por uma empresa, é uma forma eficiente de in-
fluenciar a cultura da organização. São diversas as
formas de linguagem utilizadas pelas empresas para
reforçarem suas culturas: os slogans, metáforas ou
uma forma especial de provérbio.
135