Fato Social segundo a teoria de Emile Durkheim, é definido como toda maneira
de agir, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, que é geral na
extensão de uma dada sociedade, apresentando uma existência própria, independente
das manifestações individuais que possa ter.
Generalidade – significa que o fato social é geral, é comum a todos os indivíduos ou,
pelo menos, na maioria deles. Por essa generalidade, os fatos sociais manifestam sua
natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de
comunicação, os sentimentos e a moral.
Exterioridade – o fato social é externo ao indivíduo, ele existe e atua sobre o
indivíduo independentemente de sua vontade. As regras sociais, os costumes, as leis,
já existem antes do nascimento das pessoas, são eles impostos por mecanismos de
coerção social, como a educação.
Coercitividade – os indivíduos se sentem pressionados a seguir o comportamento
estabelecido, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a
conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua
vontade e escolha.
O grau de coerção dos fatos sociais se toma evidente pelas sanções a que o
indivíduo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. As sanções podem ser:
legais ou espontâneas.
Legais são as sanções prescritas pela sociedade, sob forma de leis, nas quais se
estabelece a infração e a penalidade subseqüente.
Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não
adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence.
Diz Durkheim, ao exemplificar este último tipo de sanção: “Se sou um
industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século
passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável.”
O Suicídio Egoísta
O egoísmo é um estado onde os laços entre o indivíduo e os outros na
sociedade são fracos. Uma vez que o indivíduo está fracamente ligado à sociedade,
terminar sua vida terá pouco impacto no resto da sociedade. Existem poucos laços
sociais para impedir que o indivíduo se mate. Esta foi a causa vista por Durkheim
entre divorciados. Em outras palavras, o indivíduo se mata para parar de sofrer, como
por exemplo o fim de um relacionamento com outro indivíduo.
Para Durkheim o Suicídio egoísta é causado basicamente pela desintegração
social entre o indivíduo e a sua sociedade, logo a desintegração deste indivíduo retira
dele a própria vontade de viver, visto que o sentido social de sua vida se perdeu,
mediante o afrouxamento de sua socialização. É a depressão e a melancolia que
resultam dessa individualidade exagerada, que pode resultar no próprio suicídio.
O Suicídio Altruísta
É um ato em que o indivíduo está tomado pela obediência e força coercitiva do
coletivo, seja ele um grupo social restrito ao qual pertence ou mesmo a sociedade
como um todo
Para Durkheim, é mais freqüente em sociedades “primitivas”, visto o seu
elevado grau de socialização e valorização do grupo e seus costumes, remete o
indivíduo a tirar sua própria vida. “O suicídio, é pois, certamente frequente entre os
povos primitivos.
1º) Suicídios de homens que chegaram ao limiar da velhice ou foram atingidos por
doenças;
2º) Suicídios de mulheres por ocasião da morte do marido;
3º) Suicídios de fiéis ou de servidores por ocasião da morte de seus senhores.
O Suicídio Anômico
É chamado de anômico porque ocorre em um estado excepcional que só se dá
quando há uma crise doentia, seja dolorosa ou não, mas demasiado súbita, tornando
a sociedade incapaz, provisoriamente, de exercer seu papel de reguladora.
Segundo Durkheim, o suicídio anômico é o mais característico da sociedade
moderna. Representa mais propriamente uma mudança abrupta na taxa normal de
suicídio, geralmente marcado por uma vertiginosa ascensão do número de suicídios
que ocorrem em períodos de crises sociais (o desemprego, por exemplo) ou processos
de transformações sociais (como a modernização).
Para Durkheim o suicídio egoísta resulta do fato do indivíduo não ver mais
razão de ser de sua vida dentro do seu contexto social. O suicídio altruísta resulta na
exagerada ligação do indivíduo e sua sociedade e sua obrigação de tirar sua própria
vida em nome desses laços sociais. O suicídio anômico decorre do fato de estar
desregrada a ordem social. Em seu trabalho, Durkheim afirma que no suicídio o
indivíduo de forma consciente é agente de sua própria morte.