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Coronavírus - Qual é a relação entre o meio ambiente e

pandemias de vírus
A pandemia do novo coronavírus, causador da doença Covid-19, alcançou
centenas de países e obrigou a população a se isolar em suas casas.
Segundo cientistas, a maior probabilidade é que o vírus Sars-Cov-2 tenha
origem natural e não tenha sido feito em laboratório. Autoridades chinesas
disseram que ele apareceu inicialmente na região de um mercado onde são
vendidos animais (vivos e mortos) para o consumo humano, como
morcegos, cobras e civetas.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fonte primária do surto do
coronavírus tem origem animal. Não se sabe qual bicho teria passado o
vírus a humanos, mas estudos apontam que o vírus provavelmente infectou
os morcegos, depois outra espécie de mamífero e por fim, chegou aos
humanos, possivelmente pelo contato com partículas do animal como
sangue ou fezes.
Um estudo publicado na revista Nature mostrou que o código genético do
coronavírus que infecta humanos é 96% semelhante às variedades que
circulam em populações de morcegos da China.
O que são vírus?
Os vírus são microorganismos que possuem moléculas de DNA ou RNA.
Quando estão fora do ambiente intracelular, são seres inertes e podem ficar
dormentes por milênios. Mas eles não conseguem se reproduzir sozinhos.
Para isso, precisam injetar o seu material genético em uma célula viva,
criando cópias de si mesmo. Essa célula viva pode ser de qualquer ser vivo
como um animal, plantas e até bactérias.
Vivemos em uma "nuvem" de vírus que não conhece fronteiras. Existem
centenas de milhares de vírus, classificados em diversas famílias. Eles são
encontrados em todas as esferas do meio ambiente e estão presentes em
animais, nas plantas, no solo, no ar e na água. Muitos são altamente
resistentes e capazes de sobreviver em condições extremas e temperaturas
muito baixas ou altas.
Ao infectar uma célula, os vírus são capazes de se replicar de forma muito
rápida e podem causar diferentes quadros de doenças infecciosas em seres
vivos como a dengue, a aids, o ebola, a hepatite, a varíola, entre outros.
Também existem vírus que são quase inofensivos e não representam riscos
aos seres humanos. Tanto que carregamos genomas virais (ocorridas de
infecções a milhares de anos) como parte do nosso próprio genoma.
Como os vírus são transmitidos?
Existem diversos mecanismos de transmissão. Alguns vírus precisam de
um hospedeiro intermediário para infectarem outros animais. Por exemplo,
os vírus da febre amarela, da zika e da dengue usam espécies de mosquitos
como vetores, como o Aedes aegypti, que picam os humanos. Outros, são
transmitidos de pessoa para pessoa, por partículas no ar e ainda pelo
contato com secreções do doente.
A melhor forma de enfrentar um vírus é desenvolver uma vacina
específica. No entanto, os vírus podem sofrer mutações em seu material
genético. Ao se reproduzirem, o DNA duplicado pode sair diferente do
original. É por esse motivo que, mesmo se criando uma vacina, novos
vírus com códigos genéticos que sofreram mutação podem surgir e se
tornarem mais resistentes a sistemas imunológicos e medicamentos já
criados ou ainda, criar uma adaptação que o permita pular de uma espécie
para outra.
No passado, doenças provocadas por vírus causaram epidemias e mortes
em massa. Em 1918, a gripe espanhola atingiu o mundo de forma violenta
e foi a responsável por cerca de 40 milhões a 50 milhões de mortes, o que
representa cerca de 5% da população mundial da época. A gripe asiática
(1957) e a gripo de Hong Kong (1968) causaram cerca de 1 milhão de
óbitos cada uma.
Como surge um novo vírus?
Não é possível prever quando surgirá um novo patógeno que represente
um grave risco para a saúde humana. No entanto, alguns fatores
contribuem.
A convivência entre diferentes espécies de animais e o homem cria um
ambiente favorável para o surgimento de novos vírus. Seres humanos e
vírus têm coexistido ao longo da história. Mas o contato está cada vez mais
próximo e de uma maneira anormal, devido ao crescimento populacional, a
expansão de novas áreas para agricultura e habitação e o aumento da
mobilidade das pessoas.
Em 2003, virologistas chineses identificaram a presença do vírus causador
da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em morcegos que viviam
em cavernas. Na África, o contato com macacos originou o surto de ebola
de 2015 no continente.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 75% das doenças
emergentes e das doenças re-emergentes que irão afetar a saúde humana ao
longo do século 21 serão de origem zoonótica (transmitida por animais
para humanos). De acordo com o projeto de pesquisa norte-americano
Global Virome, existem mais de 1,7 milhão de vírus não descobertos na
vida selvagem. Quase metade deles pode ser prejudicial aos seres
humanos.
A caça e o comércio ilegal de animais selvagens aumentam o risco de
doenças. Elementos patogênicos podem ser transmitidos aos seres
humanos durante sua captura, transporte ou abate, principalmente se forem
realizados em condições sanitárias precárias ou sem equipamento de
proteção.

O novo coronavírus
O novo coronavírus é um agente biológico da família dos
coronavírus capaz de causar infecção respiratória. Foi descoberto
em dezembro de 2019 na China, após o vírus infectar moradores
de Wuhan. Acreditam que a contaminação pelo vírus tenha vindo
de animais vendidos no mercado central dessa província.
A contaminação pelo novo coronavírus causa a doença COVID-19.
O COVID– 19 são leves em 80% dos casos. A maior taxa de
mortalidade está entre as pessoas com mais de 80 anos (14,8%
dos infectados) e pacientes com outras doenças, principalmente as
cardiovasculares.
Segundo alguns cientistas, o novo coronavírus se disseminou pelo
mundo em virtude a ação destrutiva e invasora do ser humano
contra a natureza.
A família de coronavírus já é conhecida desde meados dos anos
1960. Geralmente, as infecções destes já conhecidos causam
doenças respiratórias leves à moderada, semelhantes a um
resfriado comum. Esse já causa uma doença respiratória mais
grave para alguns acometidos.
Com o aumento da urbanização, o coronavírus quebrou seu ciclo
natural, deixou seu hospedeiro natural e alcançou o homem, cujo
organismo ainda não está preparado para combatê-lo.
A disseminação do vírus é resultado do consumo desenfreado, da
destruição do planeta e das mudanças climáticas. Por isso a
importância em buscar meios de consumo e produção mais limpa,
protegendo o meio ambiente e seus recursos.

Efeitos do coronavírus sobre o meio ambiente


Um dos efeitos do coronavírus sobre o meio ambiente é o ar mais limpo e
a redução das emissões de gases que contribuem para as mudanças
climáticas. O que ocasionou essa melhora foi o fechamento temporário de
várias empresas, além da restrição no comércio e de viagens.
Menos indústrias e menos circulação de veículos que utilizam combustível
fóssil resulta em menos emissão dióxido de carbono (CO₂) e dióxido de
nitrogênio (NO2) na atmosfera.
Em uma reportagem da revista EXAME é citado à redução na
concentração de dióxido de nitrogênio (NO2) em fevereiro na cidade
chinesa de Wuhan, epicentro da pandemia de COVID-19. Em março o
mesmo fenômeno foi confirmado no norte da Itália.
Conforme a revista o mesmo estaria acontecendo em Madri e Barcelona,
onde também estão sendo tomadas medidas drásticas de confinamento.
Outro efeito do coronavírus sobre o meio ambiente é o aumento na geração
de resíduos de saúde e domiciliares. A população por estar em casa em
isolamento consumirá mais, consequentemente, gerará mais resíduo. Boa
parte dos municípios não possui coleta seletiva de resíduos recicláveis e
nem aterros sanitários para receber os resíduos. A coleta, principalmente
em cidades menores, é precária. Muitas vezes o resíduo acaba sendo
descartado em lixões a céu aberto ou em outros locais ilegais.
Além disso, como muitos infectados estão realizando o tratamento em
casa, os resíduos gerados por eles podem esta infectado pelo coronavírus e
devem receber tratamento adequado antes do descarte.
Os resíduos gerados em áreas hospitalares que realizam o tratamento
contra a COVID-19 também deve receber a destinação final correta. Com
o aumento de casos da contaminação a quantidade de resíduos aumentará
consideravelmente.

Como a destruição ambiental aumenta a circulação de vírus


A destruição de florestas e habitats naturais para a expansão de zonas
habitadas expõe os seres humanos a novos vírus desconhecidos, que antes
estavam isolados na natureza. Ao desmatar uma área e acabar com sua
fauna e flora, aumenta-se a possibilidade de contaminação, pois
"liberamos" os vírus de seus hospedeiros naturais.
O aumento da demanda de carne para consumo é outro fator de risco. Na
China, o hábito cultural de consumir animais selvagens aumenta o contato
com novos micro-organismos. Acredita-se que a variedade responsável
pela SARS, que infectou mais de 8 mil pessoas entre 2002 e 2003, tenha
sido contraída pelo consumo de civetas.
É comum, em diversos países, a existência de mercados que vendem
animais selvagens e sem medidas sanitárias. As pessoas têm contato com a
flora microbial dos animais ao compra-los e também durante o transporte,
abate, preparo e consumo. Nesse ambiente, os vírus podem se combinar e
sofrer mutações.
A criação de animais confinados representa um outro risco. Por exemplo, o
vírus da gripe aviária H5N1 é letal para as aves, que sofrem com doenças
respiratórias graves. Em criadouros, especialmente com animais
confinados aos milhares, a H5N1 pode se espalhar rapidamente. O
confinamento de animais também contribui para a mistura de diferentes
vírus e a possibilidade de mutações. Para evitar a proliferação de doenças,
os criadores precisam monitorar os animais, adotar a vacinação e medidas
sanitárias.
No entanto, os animais silvestres não são os vilões. Eles são importantes
no equilíbrio de qualquer ecossistema. Os morcegos, por exemplo, são
essenciais para dispersar sementes e polinizar frutas, além de controlarem
populações de insetos. Segundo ecologistas, a medida mais importante
para evitar zoonoses é proibir o comércio de animais selvagens.
O rápido crescimento populacional também pressiona o meio ambiente.
Nas cidades, a aglomeração urbana facilita a transmissão. Países e cidades
com população grande tendem a espalhar uma epidemia mais rápido. E a
globalização aumentou a circulação de pessoas e fez com que o homem
levasse diferentes tipos de vírus aos quatro cantos do planeta, de uma
forma muito rápida.
Em regiões urbanas, a falta de infraestrutura de saneamento básico
também pode espalhar doenças. Existem vírus presentes em água sem
tratamento, que podem causar doenças como gastroenterites ou hepatites.
Para esses casos, o sistema de esgoto possui um papel fundamental no
controle da disseminação e do risco de transmissão.
Mudanças climáticas e derretimento do gelo
O impacto das mudanças climáticas no clima global representa um novo
desafio para a saúde pública. As mudanças de temperatura e clima
representam um potencial para a evolução de novos vírus, que sofrerão
mutações genéticas para se adaptar às condições ambientais. Alguns
animais também vão migrar, em busca de locais mais frios. Além disso,
mudanças no clima global podem determinar as interações das espécies
com seus hospedeiros e com os vírus. Um clima mais quente e mais
variável pode favorecer a epidemia do Zika vírus, por exemplo. O calor
aumenta a proliferação de mosquitos transmissores de doenças infecciosas
para áreas onde eles ainda não existiam.
A crise climática provoca o derretimento dos gelos glaciais, que existiram
por milhares de anos, em regiões como o Ártico e a Antártida. O degelo do
solo pode trazer à tona antigas doenças e liberar vírus e bactérias
ancestrais, que, depois de ficarem tanto tempo dormentes ou "arquivados",
voltam à vida caso encontrem um hospedeiro. Assim, doenças do passado
podem ser liberadas de uma hora para outra e trazer novos riscos para os
seres humanos.
Em janeiro de 2020, 28 grupos de vírus desconhecidos foram encontrados
por cientistas chineses e americanos em geleiras no Tibete. Na tundra do
Alasca, cientistas descobriram fragmentos de RNA da gripe espanhola de
1918 em corpos enterrados em valas comuns. E num estudo de 2014, uma
equipe de pesquisadores descobriu dois vírus que estavam no permafrost
da Sibéria por 30 mil anos - os vírus Pithovirus sibericum e Pollivirus
sibericum, que infectam amebas.

Quais possíveis efeitos do coronavírus sobre o


meio ambiente?
 31/03/2020
Os possíveis efeitos do coronavírus sobre o meio ambiente podem ser
tanto positivos quanto negativos. Têm se mostrado positivos em relação à
redução dos impactos ambientais provocados pelas indústrias e comércio,
já que muitas empresas e lojas pararam temporariamente suas atividades
para evitar a disseminação do vírus. O fechamento de fábricas e do
comércio, além das restrições de viagem, resultou em redução nas
emissões de CO2, reduções no uso de combustíveis fósseis, reduções na
geração de resíduos e uso de matéria prima. Contudo, há os efeitos
negativos, afinal, pode haver uma maior geração de resíduos domiciliares
e de saúde, que, inclusive, podem não receber um destinação adequada e
legalmente correta.

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