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ISSN: 2182-8458
tms-journal@ualg.pt
Universidade do Algarve
Portugal
RESUMO
Este artigo apresenta uma análise sobre a produção científica brasileira na área de comunicação
organizacional. A partir do conjunto de artigos publicados nos anais dos encontros promovidos pela
Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad, Brasil),
buscou-se identificar uma série de características dessas pesquisas, de forma a compreender o que tem
sido considerado relevante para os pesquisadores ao estudarem a temática. Foram analisados 47 artigos,
publicados entre 1999 e 2011. Os resultados mostram crescimento nos estudos sobre comunicação
organizacional e o interesse em associar o tema a outros de igual importância, como estratégia
organizacional, marketing, imagem e/ou reputação, dentre outros. Nas considerações finais, foi traçada
uma agenda de pesquisa, mediante as limitações do estudo.
PALAVRAS CHAVE
ABSTRACT
This article presents an analysis of Brazilian scientific production in the area of organizational
communication. From the series of articles published in the proceedings of workshops sponsored by
the National Association of Programs of Pos-Graduate and Research in Administration (Anpad,
Brazil), we sought to identify a number of features of these researches in order to understand what has
been considered relevant for researchers who were studying the issue. We analyzed 47 articles
published between 1999 and 2011. The results show growth in studies about organizational
communication and the interest in associating the theme to others of equal importance, such as
organizational strategy, marketing, image and/or reputation, among others. In closing remarks, a
research agenda was outlined, considering the study's limitations.
KEYWORDS
1. INTRODUÇÃO
Book of Proceedings – Tourism and Management Studies International Conference Algarve 2012 vol.2
ISBN 978-989-8472-25-0 © ESGHT-University of the Algarve, Portugal
K. Paiva & G. Alves
redução do ciclo de vida dos produtos, surgiu um novo perfil da força de trabalho e vários outros
fatores que ameaçaram a “tranqüilidade” das empresas e forçaram mudanças organizacionais.
Conforme Tavares e França (2009), para assegurar a participação e comprometimento dos seus
empregados na conquista dos resultados almejados pela empresa, é preciso compartilhar
informação, fazer com que o funcionário comprometa-se com as estratégias e objetivos da
organização, o que é possível com uma comunicação organizacional integrada com as políticas
globais da empresa.
Dessa forma, este artigo apresenta uma análise sobre a produção científica brasileira sobre a
temática da comunicação organizacional. A partir do conjunto de artigos publicados nos anais dos
encontros promovidos pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa em
Administração (Anpad), buscou-se identificar, diversos aspectos importantes, de forma a
compreender o que tem sido considerado relevante para os pesquisadores quando estuda-se a
comunicação organizacional. A Anpad realiza diversos eventos de amplitude internacional, há mais
de 30 anos, sendo eles os mais tradicionais no campo da Administração no Brasil, além dos mais
bem avaliados pelos órgãos de controle e fomento à pesquisa, como o Ministério da Educação
(MEC) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi compreender como tem sido abordado o tema
“comunicação organizacional” em estudos no Brasil, considerando-se as publicações realizadas em
eventos da Anpad. Como objetivos específicos, teve-se:
Considera-se a pesquisa realizada importante para o universo acadêmico e empresarial, como forma
de contribuir para o melhor entendimento sobre a comunicação como ferramenta de gestão e para
compreender como pesquisadores estão tratando, na atualidade, as questões referentes à
comunicação. Detalhes sobre a temática estão expostos no referencial teórico a seguir.
2. COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
A comunicação organizacional evoluiu da função de relações públicas, utilizada para responder aos
públicos externos de uma organização os questionamentos que eram feitos pela sociedade. Nessa
época, os flacks, assessores de imprensa, eram os responsáveis por proteger a empresa da
publicidade negativa (Argenti, 2006). No início do século XX, ocorreram as primeiras ações de
comunicação empresarial nos Estados Unidos (Pessoa, 2003). Mas, o modelo de comunicação
empresarial ganhou fôlego em meio à Grande Depressão, em 1929, quando a turbulência fez as
empresas agirem mais estrategicamente (Torquato, 1986).
Na década de 1970, a comunicação ganhou mais espaço, já que o ambiente de negócios exigia mais
estratégias de mercado para impulsionar o crescimento das empresas. A comunicação começou,
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então, a ser percebida como estratégica e não como um mero desperdício de dinheiro e outros
recursos (Argenti, 2006). Assim, as décadas de 1980 e 1990 foram marcadas pelo grande
desenvolvimento da comunicação empresarial no Brasil (França & Leite, 2007).
Note-se que
O papel da comunicação trata de coordenar os objetivos pessoais e das organizações
concatenando com as atividades que geram problemas na organização. Assim, as atividades
de comunicação passam a ocupar um papel privilegiado no organograma das organizações,
agora vista e compreendida dentro do planejamento estratégico, concebido a partir de
inúmeras necessidades contingenciais que a organização passou a perceber. (Tavares &
França, 2009:6)
Desse modo, a comunicação estratégica tem o papel de gerenciar, apurar, veicular, interpretar as
informações dos públicos e do ambiente, bem como posicionar a organização junto da sociedade
(Oliveira & Paula, 2007). Para Kunsh (2004), para se posicionarem frente aos desafios do mercado,
as organizações precisam pensar, planejar e administrar estrategicamente a sua comunicação. Assim,
É importante observar que grande parte das atividades de comunicação era administrada de
maneira reativa e hoje a comunicação precisa ser proativa, direcionada e mensurada (Argenti, 2006).
Assim, a comunicação corporativa torna-se ferramenta fundamental para o desenvolvimento e o
crescimento de qualquer organização, trazendo resultados que podem ser medidos, inclusive, no
faturamento da empresa (Pessoa, 2003). Desse modo, essa ferramenta de gestão pode favorecer a
interação da organização com a sociedade e criar mecanismos que possibilitem a validação pública
da sua criação e conduta (Oliveira & Paula, 2007). Observe-se, ainda, que
O fator fundamental de sucesso nas empresas tem sido uma comunicação clara, verdadeira
e direta, evidenciando objetivos, rumos, demonstrando o progresso e as dificuldades a
serem enfrentadas. Esta postura empresarial chama à participação, compromete os
funcionários, torna a empresa conhecida e transparente. (Nassar & Figueiredo, 2005:115).
No entanto, a comunicação interna somente será eficiente se funcionar como uma via de “mão
dupla”, ou seja, a comunicação precisa fomentar o diálogo entre os públicos, trabalhar com o
compartilhamento das informações (Marques, 2004), pautando-se em reciprocidade:
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No que tange à imagem da empresa, esta se refere à visão “que os funcionários têm de sua própria
organização”, servindo de “base da imagem externa da empresa. Não existe melhor estratégia de
comunicação do que transformar os funcionários em verdadeiros embaixadores de sua empresa”
(Marques, 2004:1). Dessa forma, a comunicação precisa ser clara, consistente, contínua e frequente,
curta e rápida, completa. Assim, além de contribuir para o comprometimento dos funcionários,
assegurando a formação de um time de colaboradores motivados e satisfeitos, a comunicação estará
criando defensores da boa imagem da empresa.
Sendo assim, percebe-se que a comunicação organizacional tem hoje um papel importante na
construção da informação junto com os públicos de relacionamento e atua para assegurar o
comprometimento dos profissionais com a empresa e contribuindo para o alcance dos objetivos
estratégicos da organização. Entretanto, o papel da comunicação, enquanto ferramenta de gestão,
vai além das ações internas e da manutenção das imagens das empresas. A comunicação atua
também junto às estratégias organizacionais.
Considerando-se todas essas questões e aspectos, procedeu-se uma pesquisa bibliográfica, nos
moldes descritos a seguir.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
A análise do que tem sido pesquisado sobre comunicação organizacional foi feita por meio da
pesquisa bibliográfica (Vergara, 2009), a partir do levantamento de todos os artigos publicados nos
anais dos encontros promovidos pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e
Pesquisa em Administração (Anpad). Foram selecionados artigos que possuíam o termo
“comunicação” em seu corpo (palavra-chave da busca), utilizando ferramenta eletrônica de pesquisa
de termos. A pesquisa inicial retornou 123 artigos. Após a leitura de cada um, foram separados 47
trabalhos que tratavam do tema central da pesquisa, que está focado na comunicação
organizacional.
Nos artigos selecionados, foram definidas 10 categorias de análise, conforme trabalhos realizados
em outras áreas por Caldas, Tonelli e Lacombe (2002), Cappelle et al. (2006), Rodrigues e Carrieri
(2000), Paiva e Oliveira (2008), Paiva, Oliveira e Melo (2008), além de outros organizados por
Bertero, Caldas e Wood (2005). As categorias foram as seguintes:
Cada artigo foi lido e as variáveis foram categorizadas (codificadas) com auxílio de uma planilha
eletrônica (Excel), para se evitar desvios e tendências naturais. Os resultados das codificações estão
explicitados a seguir.
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Os resultados da análise dos artigos serão discutidos de forma a esclarecer o objetivo geral deste
trabalho, que é compreender como tem sido abordado o tema “comunicação organizacional” em
estudos no Brasil, considerando-se as publicações realizadas em eventos da Anpad.
No que se refere ao número de artigos publicados por ano, percebe-se que 2008 e 2010 foram os
anos em que mais se publicou artigos sobre comunicação organizacional. Já nos anos de 2000,
2001, 2003 e 2005 nenhum artigo sobre o tema foi publicado. Assim, não há regularidade no
volume de publicações. Percebe-se que, ainda que a comunicação venha se tornando estratégica
para as empresas, o ano de 2011, com apenas um artigo publicado sobre o tema, quebra a tendência
de crescimento na abordagem do assunto, que teve mais publicações em 2008, 2009 e 2010. Há, em
contrapartida, grande crescimento na publicação de assuntos ligados à “Tecnologia da Informação e
Comunicação”. Observe-se o Gráfico 1:
Gráfico 1: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
ano.
14 13
12 11
10
8 7
6 5
4 4
4
2 1 1 1
0 0 0 0
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Fonte: Dados da pesquisa.
Note-se a escolha pela área de marketing, que apresenta trabalhos onde se discute ações
mercadológicas para assegurar valor e lucro para as empresas, o que, também confere caráter
estratégico à comunicação.
Já com relação às teorias da comunicação, chama-se a atenção para os trabalhos que analisaram
proposições da Escola Montreal que, conforme aponta Casali (2007:2), “oferece uma perspectiva
única da comunicação organizacional porque propõe uma teoria comunicacional das organizações.
Essa abordagem diferencia-se pela construção de uma teoria das organizações baseada na
comunicação, bem como uma teoria da comunicação centrada nas organizações”.
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Ainda com relação aos temas abordados, percebe-se também uma preocupação com estudos sobre
a imagem e reputação das empresas, fundamental para o sucesso e perenidade dessas. Neste ponto,
cabe ressaltar que, dentre os artigos que não abordavam diretamente o tema comunicação
organizacional, grande parte desses tratavam sobre a Tecnologia da Informação e Comunicação
(TIC), considerada uma vantagem competitiva para as empresas.
Observe-se estes e demais temáticas identificadas nos artigos por meio do Gráfico 2 :
Gráfico 2: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
temática correlata.
Comunicação e relacionamento 1
Comunicação de marketing 8
Comunicação e estratégia 9
Comunicação externa e transparência 1
Comunicação interna 5
Comunicação virtual 3
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Sobre os autores mais citados nos artigos abordados, destaca-se Kunsch e Torquato. Em muitos
artigos, os autores optaram pela utilização em maior número de bibliografia estrangeira. Além disso,
naqueles que apresentavam os temas estratégia e marketing, foram identificados autores clássicos do
campo da administração como Kotler, Morgan e Simon. No Gráfico 3 estão listados os autores
mais observados no conjunto de artigos analisados:
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Gráfico 3: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
autor citado nas referências.
Veiga 1
Sodré 1
Sampaio 1
Pinho 1
Torquato 7
Terra 1
Nassar 1
Matos 1
Marchiori 1
Kunsh 8
Kloter 2
Freitas 2
Eco 1
Duarte 2
Cerqueira 1
Castells 2
Bueno 3
Brum 1
Argenti 1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Dentre os materiais utilizados nas referências dos artigos analisados, aparecem com mais frequência
os livros (todos) e artigos de revistas ou periódicos (44 do total), seguidos pelos os anais de eventos
(congressos, seminários, encontros, simpósios etc.). Dissertações e teses foram pouco utilizadas
pelos autores dos artigos. Somados, esses dois tipos de materiais de consulta foram utilizados em 11
artigos. (Gráfico 4)
Gráfico 4: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
tipo de material utilizado nas referências.
Anais de eventos 21
Dissertação 3
Teses 9
Periódicos 44
Livros 47
0 10 20 30 40 50
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Gráfico 5: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
origem do material utilizado nas referências.
Ambas 41
Estrangeira 4
Nacional 2
0 10 20 30 40 50
Com relação ao tipo de estudo mais adotado, percebe-se uma equivalência de valores entre pesquisa
teórica, empírica e teórico-empírica. A pesquisa teórica consiste no estudo de teorias, como forma
apresentar melhorias em modelos conceituais, aplicações ou de discutir questões mais polêmicas.
Nos artigos analisados, nove abordaram teorias sobre comunicação organizacional, sendo que os
conceitos da Escola de Montreal foram os mais abordados. Já a pesquisa empírica contribui com o
levantamento de questões factuais, importantes para a compreensão de fenômenos apontados na
bibliografia e também identificados no dia a dia das organizações. Nas pesquisas empíricas, os
autores realizaram abordagens em empresas e, em 15 artigos, buscaram relacionar os conceitos
teóricos com as investigações empíricas. (Gráfico 6)
Gráfico 6: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
tipo de estudo realizado.
Empírico 16
Teórico-Empírico 15
Teórica 16
0 5 10 15 20
Nos artigos analisados, características das pesquisas foram identificadas. A primeira relaciona-se à
abordagem, é percebida a realização de pesquisas quantitativas, ainda que a análise qualitativa tenha
sido mais utilizada. A abordagem quantitativa caracteriza-se como um processo formal, objetivo e
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sistemático, utilizando dados numéricos para obter informações acerca do mundo. Já a abordagem
qualitativa estuda um fenômeno contemporâneo em profundidade dentro de um contexto da vida
real. A pesquisa qualitativa possibilita a análise subjetiva e de aspectos mais complexos, já que
muitas vezes utiliza-se de métodos de coletas de dados, tais como entrevistas e grupo focal, que
permitem ao pesquisador aprofundar no questionamento e entendimento do tema estudado. Em se
tratando de análise sobre a comunicação organizacional, a pesquisa qualitativa tende a contribuir
mais com a reflexão sobre o assunto. A caracterização dos estudos por abordagem pode ser
visualizada no Gráfico 7.
Gráfico 7: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
tipo de abordagem realizada.
Mista 5
Qualitativa 28
Quantitativa 14
0 5 10 15 20 25 30
Para a coleta de dados, o levantamento documental é identificado em muitos artigos. Por meio
desta técnica, são analisados documentos importantes para a pesquisa, tais como registros
institucionais, peças e instrumentos de comunicação. Também foi percebida a aplicação de
questionários e a realização de entrevistas. Os questionários são instrumentos de coleta de dados
típicos de abordagem quantitativa; já as entrevistas são utilizadas na abordagem qualitativa. Poucos
foram os casos em que foi utilizado o grupo focal ou observação, que juntos somaram nove
aplicações, como pode-se perceber por meio do Gráfico 8.
Gráfico 8: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
instrumento de coleta de dados.
Observação 6
Grupo focal 4
Entrevista 15
Questionário 11
Levantamento
27
documental
0 5 10 15 20 25 30
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No que se refere à análise dos dados coletados, para as pesquisas quantitativas foram utilizadas
análises estatísticas e, em alguns casos, estatísticas descritivas que descrevem e resumem os dados
levantados. Já para as pesquisas qualitativas, prevaleceu a análise documental e análise de conteúdo,
instrumento interpretativo dos dados coletados. (Gráfico 9)
Gráfico 9: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
técnica de análise de dados.
Análise de conteúdo 18
Descritiva 9
Estatística 13
Análise documental 25
0 5 10 15 20 25 30
Sobre o contexto onde a comunicação foi investigada, grande parte dos artigos trataram de análise
teórica ou utilizaram a pesquisa em instituição que não se caracterizava como empresa pública ou
privada, tais como associações e entidades. (Gráfico 10)
Gráfico 9: Número de artigos publicados nos anais de eventos promovidos pela Anpad, por
técnica de análise de dados.
Outros 23
Ambas 2
Empresas Privadas 13
Empresas Públicas 9
0 5 10 15 20 25
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a análise dos artigos sobre comunicação organizacional, publicados nos anais dos encontros
promovidos pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e pesquisas em
Administração (Anpad) entre 1999 e 2011, disponíveis no site institucional da associação, percebe-
se que há grande tendência em associar a comunicação às estratégias organizacionais, ainda o tema
“comunicação como ferramenta de gestão” não tenha sido abordado.
A escolha por assuntos como estratégia, marketing, imagem e reputação refletem a importância da
comunicação organizacional para o alcance dos resultados organizacionais. Ainda na reflexão sobre
os temas, dois pontos chamam a atenção: a análise presente em vários artigos sobre a “Escola de
Montreal”, que busca descobrir como a organização emerge da comunicação; e a frequente escolha
pela “Tecnologia da Informação e Comunicação”, hoje considerada vantagem competitiva para as
organizações.
De maneira geral, os artigos apresentaram a utilização de bibliografia estrangeira, que pode ser
entendida pela origem da comunicação organizacional, iniciada nos Estados Unidos, e escolha de
temas como marketing e estratégias de negócios, muito discutidos em países capitalistas. Dentre os
autores nacionais mais identificados estão Kunsh e Torquato. Grande parte das pesquisas foi
qualitativa e fizeram uso de entrevista e análise do conteúdo. Sobre o tipo de pesquisa, a teórica,
teórico-empírica e empírica se dividiram igualmente entre os artigos analisados.
Fica claro o crescimento dos estudos sobre comunicação organizacional, ainda que em 2011 tenha
sido publicado apenas um artigo sobre o tema. Percebe-se, pela análise dos artigos, que a
comunicação tem sido utilizada como ferramenta de gestão, fundamental para o crescimento e
desenvolvimento das organizações, seja por meio da comunicação interna, que contribui para o
engajamento dos profissionais e construção de uma imagem sólida e positiva das organizações, seja
enquanto instrumento de ação mercadológica, que contribui para o faturamento da empresa.
Ainda que o tema “comunicação como ferramenta de gestão” não tenha sido abordado em nenhum
artigo, é inquestionável que os autores têm apresentado a comunicação como parte da estratégia das
empresas.
Por fim, este meta-estudo considerou apenas as publicações realizadas nos eventos promovidos
pela Anpad, no Brasil, o que pode ser estendido a outros eventos, inclusive em outros países, de
modo ampliar o escopo da pesquisa, com isso, aprofundar nas formas e nos conteúdos correlatos
que têm sido considerados nos estudos sobre a comunicação organizacional. Além disso, incluir
artigos publicados em revistas e periódicos indexados também contribuiriam para lanças luzes sobre
a temática e sua importância tanto no campo acadêmico como no mercado, de modo a torna-la
mais efetiva no que tange às suas possíveis contribuições para os resultados das organizações.
BIBLIOGRAFIA
Albuquerque, A. E. (1983). Planejamento das relações públicas, Sulina, Porto Alegre.
Argenti, P A. (2006). Comunicação empresarial, Elsevier, Rio de Janeiro.
Bertero, C. O.; Caldas, M. P.; Wood JR., T. (2005). Produção Científica em Administração no Brasil: o estado-da-arte,
Atlas, São Paulo.
Caldas, M. P.; Tonelli, M. J. & Lacombe, B. M. B. (2002). Espelho, Espelho Meu: meta-estudo da produção
científica em recursos humanos nos ENANPADs da década de 90, in Anais do XXVI EnANPAD, ANPAD,
Salvador.
Cappelle. M. C. A. et al. (2006). A Produção Científica sobre Gênero na Administração: uma meta-análise, in
Anais do XXX EnANPAD, ANPAD, Salvador.
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