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Substituindo as derivadas parciais, temos


q −ak R̂ · x̂j vk R̂ · aR̂ · x̂j
∂j Ak = 2 − 3
c
  
Rc 1 − R̂ · β Rc2 1 − R̂ · β
  
2
vk 1 − β R̂ · x̂j
−  2    − βj  
R2 1 − R̂ · β 1 − R̂ · β

onde
vj
βj = .
c
Em termos vetoriais, podemos escrever

q −R̂ × a R̂ · aR̂ × v
B = 2 − 3
c
  
Rc 1 − R̂ · β Rc2 1 − R̂ · β

2

1 − β R̂ × v 
−  3  ,
R2 1 − R̂ · β

onde o termo proporcional a β × v se anula. Podemos ainda escrever


   
−a 1 − R̂ · β − R̂ · aβ 2

q 1−β v 
B = R̂ ×  −

3 3 
c
 
Rc 1 − R̂ · β R2 1 − R̂ · β
     
−aR̂ · R̂ − β + R̂ · a R̂ − β 2

q 1−β v 
= R̂ ×  − 3  ,

3
c
 
Rc 1 − R̂ · β R2 1 − R̂ · β

onde adicionamos um termo proporcional a R̂ entre colchetes, que não contribui


para B, pois é multiplicado vetorialmente pelo R̂ que aparece fora dos colchetes.
Notamos agora que
    h  i
−aR̂ · R̂ − β + R̂ · a R̂ − β = R̂ × R̂ − β × a .

Logo,
 h  i 
R̂ × R̂ − β × a
 2

1−β v 

q 
B = R̂ × 3 − 3 .
c
 
 Rc 1 − R̂ · β R2 1 − R̂ · β 
 

De maneira análoga, calculamos o campo elétrico e obtemos

1
     
2
R̂ − β 1 − β R̂ − β R̂ · a a
E = q 3 + 3 −
 
   2 
R2 1 − R̂ · β Rc2 1 − R̂ · β Rc2 1 − R̂ · β
      
2
R̂ − β 1 − β R̂ − β R̂ · a − a 1 − R̂ · β
= q 3 +
 
  3 
R2 1 − R̂ · β Rc2 1 − R̂ · β
   h  i
2
R̂ − β 1 − β R̂ × R̂ − β × a
= q 3 +
 
  3 
2
R 1 − R̂ · β 2
Rc 1 − R̂ · β

e, portanto,
B = R̂ × E.

Emissão de energia por uma partícula carregada


em movimento arbitrário
Vamos calcular a potência irradiada por uma partícula em movimento arbitrário.
Os campos de radiação, Erad e Brad , produzidos por uma carga q que descreve
uma trajetória r0 (t) arbitrária são deduzidos a partir dos potenciais de Liénard
& Wiechert:
 h i
R̂ ×
R̂ − β × a
Erad (r, t) = q  3
Rc2 1 − R̂ · β

e
Brad (r, t) = R̂ × Erad (r, t) ,

onde
R = r − r0 (tret ) ,

|r − r0 (tret )|
tret = t− ,
c

R = |R| ,

R
R̂ = ,
R

2
v = v (tret )
dr0 (tret )
=
dtret
= ṙ0 (tret )

e
v
β = .
c
É importante notarmos que os campos são dados para o ponto arbitrário de
observação, r, no instante arbitrário de observação, t. Nesse ponto do espaço-
tempo, entretanto, a radiação que ali se encontre, necessariamente terá sido a
emitida pela partícula no instante retardado tret e na posição r0 (tret ) . O vetor
de Poynting de radiação, nesse caso, ca
c
Srad (r, t) = Erad (r, t) × Brad (r, t)

c h i
= Erad (r, t) × R̂ × Erad (r, t)

c c
= R̂ [Erad (r, t) · Erad (r, t)] − Erad (r, t) R̂ · Erad (r, t) .
4π 4π
Como
R̂ · Erad (r, t) = 0,

segue que
c 2
Srad (r, t) = R̂ |Erad (r, t)| .

Seja d2 W/dΩ a energia por unidade de ângulo sólido dΩ emitida pela partícula
durante o intervalo de tempo dtret . Seja S a superfície esférica, centrada em
r0 (tret ), com raio R. Dentro do ângulo sólido dΩ, em torno do vetor R, a
energia d2 W leva um intervalo de tempo dt para passar através do elemento de
área R2 dΩ. Podemos escrever, portanto,
d2 W
= R2 R̂ · Srad (r, t) ,
dΩdt
isto é,
d2 W = dtdΩR2 R̂ · Srad (r, t) .

Como essa mesma quantidade de energia é a que a partícula emite em um


intervalo dtret , segue que a potência emitida pela partícula, no ponto r0 (tret )
de sua trajetória, é dada por
ˆ
dW dt 2
= dΩ R R̂ · Srad (r, t) ,
dtret 4π dtret

3
onde a integral é sobre todo o ângulo sólido compreendido por S. Como
|r − r0 (tret )|
tret = t− ,
c
segue que
|r − r0 (tret )|
t = tret +
c
e, portanto,
 
dt r − r0 (tret ) dr0 (tret )
= 1− ·
dtret c |r − r0 (tret )| dtret
= 1 − R̂ · β.

Com isso, vemos que a potência irradiada pela partícula é dada por
ˆ
dW c  
2
= dΩ 1 − R̂ · β R2 R̂ · R̂ |Erad (r, t)|
dtret 4π 4π
i 2
ˆ h 
c  R̂ × R̂ − β × a
= dΩ 1 − R̂ · β R2 R̂ · R̂ q 3 ,

4π 4π

Rc2 1 − R̂ · β

isto é,
i 2
ˆ h 
dW q2 R̂ × R̂ − β × a
 
= dΩ 1 − R̂ · β 3 ,
dtret 4πc3 4π

1 − R̂ · β


i 2
ˆ
h 
R̂ × R̂ − β × a

q2
= dΩ 5 .
4πc3 4π

1 − R̂ · β

4
Outra maneira de deduzir essa mesma expressão para a potência irradiada é
a seguinte. Considere que a superfície S esteja centrada no ponto r0 (tret ) e que o
cálculo que estamos fazendo seja no instante t. Durante um intervalo de tempo
dtret , antes de tret , a partícula estava em r0 (tret ) − v (tret ) dtret . A radiação
se propaga com velocidade de magnitude c. Então, no instante t > tret , toda a
energia emitida pela partícula entre os instantes tret −dtret e tret se encontra entre
duas superfícies esféricas de raios c (t − tret ) e c (t − tret + dtret ) , a primeira, S,
centrada em r0 (tret ) e a segunda, S 0 , centrada em r0 (tret ) − v (tret ) dtret . Note
que a segunda superfície esférica, S 0 , contém a primeira, S, pois teve mais tempo
para se expandir com velocidade c. Um ângulo sólido dΩ, a partir de r0 (tret ) ,
dene, sobre S, um elemento de área de normal dada por R̂ e magnitude R2 dΩ.
O elemento de volume entre esse elemento de área de S e a superfície esférica S 0 ,
de raio c (t − tret + dtret ) e centrada em r0 (tret ) − v (tret ) dtret , contém a energia
que a partícula irradiou, durante dtret , no ângulo sólido dΩ. Seja r o ponto de
S onde calculamos a normal R̂. Então, sendo R̂dh o vetor que vai de r até a
superfície esférica S 0 , seguem as relações:
c (t − tret ) = |r − r0 (tret )|
= R

5
e

c (t − tret + dtret ) = r + R̂dh − [r0 (tret ) − v (tret ) dtret ]


= r − r0 (tret ) + R̂dh + v (tret ) dtret


= RR̂ + dhR̂ + v (tret ) dtret .

Como R  dh, |v (tret ) dtret | , segue que



dh v (tret )
RR̂ + dhR̂ + v (tret ) dtret = R R̂ + R̂ + dtret

R R
s
dh R̂ · v (tret )
≈ R 1+2 +2 dtret
R R
≈ R + dh + R̂ · v (tret ) dtret .

Assim,
c (t − tret + dtret ) ≈ R + dh + R̂ · v (tret ) dtret

e, como c (t − tret ) = R, vem


cdtret ≈ dh + R̂ · v (tret ) dtret ,

isto é,
 
dh ≈ c 1 − R̂ · β dtret .

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