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CAnto I - Lusíadas
CAnto I - Lusíadas
E vós, Tágides minhas, pois criado Vereis amor da pátria, não movido
Tendes em mi um novo engenho ardente, De prêmio vil, mas alto e quase eterno;
Se sempre em verso humilde celebrado Que não é prêmio vil ser conhecido
Foi de mi vosso rio alegremente, Por um pregão do ninho meu paterno.
Dai-me agora um som alto e sublimado, Ouvi: vereis o nome engrandecido
Um estilo grandíloco e corrente, Daqueles de quem sois senhor superno,
Por que de vossas águas Febo ordene E julgareis qual é mais excelente,
Que não tenham inveja às de Hipocrene. Se ser do mundo Rei, se de tal gente.
Dai-me uma fúria grande e sonorosa, Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
E não de agreste avena ou flauta ruda, Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Mas de tuba canora e belicosa, Louvar os vossos, como nas estranhas
Que o peito acende e a cor ao gesto muda; Musas, de engrandecer-se desejosas:
Dai-me igual canto aos feitos da famosa As verdadeiras vossas são tamanhas
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; Que excedem as sonhadas, fabulosas,
Que se espalhe e se cante no universo, Que excedem Rodamonte e o vão Rugeiro
Se tão sublime preço cabe em verso. E Orlando, inda que fora verdadeiro.
Em vós os olhos tem o Mouro frio, Mas, enquanto este tempo passa lento
Em quem vê seu exício afigurado; De regerdes os povos, que o desejam,
Só com vos ver, o bárbaro Gentio Dai vós favor ao novo atrevimento,
Mostra o pescoço ao jugo já inclinado; Pera que estes meus versos vossos sejam,
Tétis todo o cerúleo senhorio E vereis ir cortando o salso argento
Tem pera vós por dote aparelhado, Os vossos Argonautas, por que vejam
Que, afeiçoada ao gesto belo e tento, Que são vistos de vós no mar irado,
Deseja de comprar-vos pera genro. E costumai-vos já a ser invocado.
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