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O USO DA FISIOTERAPIA DERMATO–FUNCIONAL EM PACIENTES QUEIMADOS – REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA

Por adjane às 21:25, 27/7/2021

Renata Bernardy Prestes 1

________________________________________________

RESUMO
As queimaduras são acidentes extremamente comuns, podendo se inferir que todos os indivíduos sofreram ou
sofrerão uma queimadura em alguma ocasião da vida. Felizmente boa parte dessas queimaduras não são
graves apresentando apenas algum desconforto por um pequeno período. Este trabalho teve como objetivo
demonstrar através de revisão bibliográfica que a fisioterapia pode auxiliar na melhora das seqüelas de
pacientes queimados, para isso foi realizado uma revisão bibliográfica, foram pesquisados em livros e artigos
científicos da área da Fisioterapia nos últimos 5 anos com enfoque em dermato-funcional, em base de dados
da Pubmed, Medline, Scielo e revistas internacionais sobre a temática da queimadura e tratamento
fisioterápico ou fisioterapeutico. Os resultados obtidos para o tratamentofisioterápico são contingentes com o
prognóstico. Isso significa que quanto mais cedo houver intervenções, maiores serão as chances do paciente
não ficar com sequelas. Durante a realização deste artigo, no decorrer das revisões, foi percebido que os
recursos utilizados são bem distintos, o que faltava especificamente era organizá-los de acordo com sua
aplicabilidade com a cronologia da lesão.

Palavras–chave: Fisioterapia Dermato-funcional. queimaduras. Sequelas.

ABSTRACT
Burns are extremely common accidents can be inferred that all individuals have suffered or will suffer a burn at
some time in life. Fortunately most of these burns are not severe with only some discomfort for a short period .
This study aimed to demonstrate through literature review that physiotherapy can help in the improvement of
the sequels of burn patients to a literature review that was conducted , were researched in books and scientific
articles in the field of physical therapy in the past 5 years with a focus on dermatology functional - in database
of Pubmed , Medline , SciELO and international journals on the subject of burning and physical therapy or
physiotherapy treatment. The results for physiotherapy treatment are contingent prognosis. This means that
the sooner there is intervention, the greater the chances the patient does not stay with sequels . During the
completion of this article, in the course of the review, it was realized that the resources used are very different,
what was missing was specifically arrange them according to their applicability to the chronology of the lesion.

Keywords: Dermato-functional physiotherapy. Burns. Sequels.

INTRODUÇÃO

As queimaduras são acidentes extremamente comuns, podendo se inferir que todos


os indivíduos sofreram ou sofrerão uma queimadura em alguma ocasião da vida. Felizmente

1
Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia Dermato Funcional.

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boa parte dessas queimaduras não são graves, apresentando apenas algum desconforto por
um pequeno período.

A maior incidência é no sexo masculino, podendo ocorrer em qualquer faixa etária,


ocupação e situação econômica do paciente. Crianças de até seis anos são vitimas
freqüentes de escaldamentos (líquidos quentes) e queimaduras por combustão,
constituindo 60% dos casos de acidentes domésticos. Queimaduras por escaldamento
também são comuns em idosos devido à menor capacidade de reação e limitações físicas
(GUIRRO;GUIRRO, 2002).

As mulheres constituem 91% dos casos de tentativa de auto-extermínio com


utilização de fogo. Queimaduras químicas são produzidas por diversas substancias, e são
capazes de causar dano cutâneo ou no trato respiratório, seja por contato direto ou por
inalação, esses pacientes compõem uma pequena porcentagem dos atendimentos em
centros de queimados. As queimaduras elétricas embora de incidência pequena (5 a 10%),
correspondem a um dos tipos mais agressivos de lesão térmica e, geralmente, são vitimas de
acidente de trabalho (GUIRRO;GUIRRO, 2002).

O tratamento das sequelas cicatriciais do tipo hipertróficas (explique ou defina) e


retráteis(explique ou defina), baseiam-se na associação de programa de reabilitação ao uso
de vestes compressivas, massoterapia e eletroterapia (BORGES, 2006).

A intervenção fisioterapêutica exerce um papel primordialmente preventivo, quando


iniciada precocemente. Caso contrário, o paciente poderá desenvolver sequelas,
principalmente pela imobilização prolongada ou pela posição antálgica que permanece.
Quanto mais precoce for iniciada a fisioterapia, melhores serão os resultados advindos desta
intervenção (FERREIRA, 2003).

A área dermatológica estuda o paciente queimado, trás ao fisioterapeuta um grande


desafio, o enfrentamento da proposta de tratamento para amenizar as seqüelas instaladas e
minimizar o desenvolvimento de novas, por serem na maioria das vezes crônicas e de
caráter individual. Em sendo uma área pouco abordada em pesquisas, percebe-se então a

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necessidade de maiores estudos frente ao problema de saúde pública, para que, desta
forma, se possa proceder a eleição de condutas, métodos e técnicas adequados, a partir da
avaliação funcional suportada nos exames complementares e na visão da equipe
multiprofissional que assiste ao paciente queimado.
Com a necessidade de se promover uma melhor qualidade de vida aos indivíduos com
seqüelas de queimadura optou-se por realizar uma revisão bibliográfica sobre o assunto,
analisando as evidências a partir de artigos científicos e literários na área de Fisioterapia
Dermatofuncional, referentes a pacientes queimados, identificando principais recursos
cinesioterápicos e eletroterápicos que influenciam na melhora das seqüelas destes pacientes
queimados. Ainda verificando as propostas fisioterapêuticas que auxiliam na melhora das
seqüelas dos pacientes queimados, de grande interesse para as pesquisadoras.

Para entendermos um processo de queimadura e de tratamento através da


fisioterapia e suas especialidades ou recursos físicos, temos que compreender a formação da
estruturação da pele.

A pele é o maior órgão do corpo, compreendendo aproximadamente 15% do peso


corporal. Anatomicamente, a pele consiste de duas camadas distintas de tecido: a
EPIDERME, que é uma camada mais externa exposta ao meio ambiente, e a camada mais
profunda denominada DERME. Embora não seja parte da pele propriamente dita, uma
terceira camada envolvida ao se considerar a anatomia da pele é a camada subcutânea de
células adiposas que fica sob a derme e acima das camadas de fáscia muscular. A epiderme é
avascular, mas porém desempenha funções vitais. O extrato córneo dá a pele sua
característica impermeável e tem o papel de proteger contra infecção. O estrato granuloso é
a camada responsável pela retenção de água e pela regulação térmica. O estrato espinhoso
acrescenta uma camada de proteção à camada subjacente do estrato basal. As células na
camada basal possibilitam a epiderme se regenerar. Essas camadas também contém
melanócitos, o que determina a coloração da epiderme (O'SULLIVAN, 2004).

A derme é considerada a “verdadeira pele”, pois contém vasos sangüíneos, linfáticos,


nervos, colágeno e fibras elásticas. Também engloba os anexos da epiderme (glândulas
sudoríparas e sebáceas e folículos pilosos), proporcionando uma fonte profunda de células

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epidermais. A derme é 20 a 30 vezes mais espessa do que a epiderme. É feita primariamente
de colágeno entrelaçado e fibras elásticas, o que proporciona á pele sua força tensiva e
elasticidade para resistência a deformação. A orientação predominantemente paralela do
colágeno normal na derme é diferente dos arranjos circulares de colágenos visto
tipicamente no tecido cicatricial que resulta de uma queimadura. A localização hierárquica
dos nervos na pele é uma consideração importante para determinar a profundidade das
lesões térmicas (O'SULLIVAN, 2004).

A pele é importante na regulação da temperatura através da excreção de suor e


eletrólitos, secreção de óleos que lubrificam a pele, síntese de vitamina D, sensibilidade,
aparência estética, identidade. Como resultado de uma lesão por queimadura, alguma ou
todas essas funções podem ser comprometidas ou perdidas, e os mecanismos de defesa do
paciente estarão assim comprometidos (O'SULLIVAN, 2004).

As queimaduras são lesões que atingem a pele de forma brusca decorrente da ação
térmica.

Embora o prognóstico e expectativa de vida dos indivíduos com lesões por


queimadura tenham melhorado muito nos últimos anos, a epidemiologia das queimaduras
permanece basicamente a mesma. Há uma incidência grande em crianças com 1 a 5 anos de
idade, devido primariamente às queimaduras por líquidos quentes. A causa primária das

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lesões por queimadura em adolescentes e adultos se deve a acidentes com líquidos
inflamáveis, e homens entre as idades de 17 e 30 anos apresentam a mais elevada incidência
de lesões. Incêndios ocorrentes em casas são responsáveis por menos de 5% das admissões
hospitalares para lesões por queimaduras, mas respondem por perto de 45% das mortes. A
maioria destas se deve a fumaças e a outras lesões por inalações (O'SULLIVAN, 2004).

As queimaduras podem ser classificadas de várias formas. Uma das principais é de


acordo com a profundidade da lesão. De acordo com esse sistema, encontramos os
seguintes tipos:

• Queimadura de Primeiro Grau: a lesão atinge apenas a camada mais superficial da pele (a
epiderme), apresentando vermelhidão local, ardência, inchaço e calor local. A dor é
importante. Pode ocorrer em pessoas que se expõem ao sol por tempo prolongado e sem
proteção. Quando atinge grande parte do corpo, é considerada grave.

• Queimadura de Segundo Grau: a lesão atinge as camadas mais profundas da pele (a


chamada derme). A característica desse tipo de queimadura é a presença de bolhas. O
inchaço é importante, e a dor é bastante intensa. Como ocorre perda da camada superficial
da pele, que protege contra a perda excessiva de água, nesse tipo de queimadura pode
ocorrer perda intensa de água e sais minerais, levando a um quadro de desidratação grave.
Esse tipo de queimadura pode ser causado pela exposição a vapores, líquidos e sólidos
escaldantes.

• Queimaduras de Terceiro Grau: nesse tipo de queimadura, ocorre lesão de toda a pele,
atingindo os tecidos mais profundos, como os músculos. Curiosamente, esse tipo pode não
ser doloroso, já que as terminações nervosas que geram a dor são destruídas junto com a
pele. A cicatrização geralmente é desorganizada, gerando cicatrizes. Comumente, requer a
realização de cirurgias, com enxerto de pele retirado de outras regiões do corpo.

• Queimadura de Quarto Grau: (Queimadura elétrica) envolve a completa destruição de


todos os tecidos, desde a epiderme até o tecido ósseo subjacente. Este tipo de queimadura

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ocorre normalmente em resultado do contato com a eletricidade. Haverá uma ferida de
entrada, que estará carbonizada e deprimida. Onde a eletricidade deixou o corpo, haverá
também uma ferida de saída, que normalmente exibe bordas explosivas. Se a corrente
elétrica foi forte o suficiente, também poderão ocorrer fraturas do osso subjacente.

Já por Porter, 2005, a classificação segundo a extensão corporal atingida leva em


conta a porcentagem de superfície corporal queimada. A palma da mão representa 1% da
superfície corporal, de forma que, toda lesão que seja maior que a palma da mão da pessoa,
deve receber atendimento especializado, após os primeiros socorros.

Polaski e Tennison desenvolveram a regra dos nove onde há área da superfície do


corpo em segmentos equivalem aproximadamente 9% do total. Então, cada segmento
corresponde a um percentual, ou seja, o corpo é dividido em múltiplos de nove
(PORTER,2005).

Por ser um método mais rápido em queimaduras maiores e mais espalhadas, usa-se a
regra dos nove onde:

Adulto Criança
Cabeça e pescoço 9% 21%
Tronco anterior 18% 18%
Tronco posterior 18% 18%
Membro superior 18% (9% cada) 18% (9 % cada)
Membro inferior 36% (18 % cada) 24 % (12% cada)
Períneo 1% 1%
Fonte: PORTER,2005

Além da quantidade de lesão tissular decorrente da queimadura, o estado


metabólico do paciente, suas condições fisiológicas, grau de infecção, enfoque psicológico,
todos irão interagir, exercendo impacto sobre o estado clínico do paciente. Dependendo da
extensão da lesão por queimadura, da profundidade e de seu tipo, haverá lesões

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secundárias. A saúde, idade e estado psicológico do paciente queimado terão impacto sobre
os problemas e complicações secundárias decorrentes do traumatismo(O'SULLIVAN, 2004).

As principais seqüelas da queimadura são as contraturas as cicatrizes hipertróficas e


as queloidianas. Essas complicações na cicatrização de feridas surgem em decorrência de
anormalidades em qualquer um dos processos básicos de reparo(PORTER, 2005).

As contraturas conforme Shepherd, 1995 apud Ferreira, 2003 são propensas a


desenvolver-se nas palmas das mãos, plantas dos pés e face anterior do tórax, sendo
favorecidas por vários fatores, inclusive pela preferência do paciente por determinadas
posições confortáveis que minimizam o quadro de dor em alguns graus do processo de
queimadura da pele. As contraturas são comumente observadas após queimaduras graves e
podem comprometer o movimento das articulações.

A amplitude dos movimentos pode se perder muito rapidamente, devido à tendência


do colágeno de contrair-se e reter seu menor comprimento possível. Em conseqüência,
facilmente ocorrem contraturas, podendo resultar não só em limitações na amplitude dos
movimentos existente, mas na degeneração desta camada de tecido, e na interrupção do
processo de cicatrização (O'SULLIVAN, 2004).

As cicatrizes hipertróficas e os quelóides constituem problema estético significativo e


são de tratamento problemático. Caracterizam-se por uma síntese de colágeno
preponderante, sendo que as fibras colágenas não se orientam como nas cicatrizes normais
ficando exuberante. (SAMPAIO,RIVITTI, 2000).

A cicatrização hipertrófica é a resposta exagerada do tecido de granulação, que leva à


proliferação anárquica dos fibroblastos e miofibroblastos, conduzindo à reparação tecidual
alterada e hipertrófica, com deposição colagenosa exacerbada. Este tipo de hipertrofia
forma-se a partir e um feixe colagenoso rígido e avermelhado de tecido conjuntivo que
cresce sobre a superfície de uma lesão por queimadura (FERREIRA, 2003).

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A consideração fisiopatológica básica na lesão por queimadura é a destruição da
integridade capilar e vascular, o que resulta na formação de edema, com a concomitante
perda do fluido intravascular, rico em proteína, para os espaços intercelulares. A destruição
da integridade vascular e a formação de edema na área da queimadura, bem como nos
tecidos adjacentes. Uma das maiores preocupações do fisioterapeuta é a imobilização
recorrente da parte lesionada (por parte do paciente) para impedir o movimento por causa
da dor. Isto resulta num acúmulo maior de edema na região, bem como na rigidez da
articulação e na imobilidade dos tendões e músculos existentes na região queimada
(O'SULLIVAN, 2004).

De acordo com este mesmo autor, o tratamento fisioterapêutico terá início no dia da
admissão, após análise e avaliação. A avaliação inicial de um paciente determinará quais
áreas precisam ser tratadas primeiro. Controle e resolução de edema e preservação da ADM
geralmente são prioridades iniciais destes tratamentos. A prevenção de contraturas nas
cicatrizes podem ser conseguidas através de posicionamento, colocação de talas e
exercícios.

O exercício ativo é encorajado em todas as áreas queimadas. Todas as articulações,


mesmo as das regiões não queimadas, devem passar por exercícios ativos de amplitude
integral. Exercícios passivos e ativos auxiliados deverão ser iniciados se o paciente não
conseguir realizar a total amplitude de movimentos com exercícios ativos (KISNER E COLLEY,
2005).

O posicionamento e imobilização têm início no dia da admissão, exigindo cuidados e


atenção constantes para que não ocorram contraturas. O paciente está propenso ao
desenvolvimento de contraturas devido a cicatrização hipertrófica e a formação de colágeno
através das articulações. Podem ser usadas, com grande eficácia, técnicas de facilitação
neuromuscular proprioceptiva de contração relaxamento (PORTER,2005).

A eletroterapia pode ser considerada um agente terapêutico para as seqüelas de


queimados como:

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Correntes Diadinâmicas:
Segundo Agne estas correntes são pouco usadas, pois são modalidades de correntes
de grande sensação para o paciente devido ao seu componente galvânico, o que a
eletroanalgesia não tem. Segundo sua natureza, pertencem ao grupo das correntes galvano-
farádicas.
As modulações de freqüência mais utilizadas para tratamento de pacientes
queimados são: Corrente Difásica Fixa (DF) e corrente Monofásica Fixa (MF).
A corrente DF é retificada em dupla fase, resultando uma corrente de 100 Hz com
impulsos positivos de 10 ms de duração, sem intervalos de tempo entre eles. Seus efeitos
são: de tonificação, vasomotricidade, analgesia temporária; sua indicação é de tratamento
de transtorno circulatório periférico funcional (AGNE,2008).
Conforme autor citado anteriormente a corrente MF utiliza-se o circuito de uma só
fase, resultando uma corrente de 50 Hz com impulsos positivos sinusoidais de 10 ms e
repousos de 10 ms. Seus efeitos são: acelerar o metabolismo conjuntivo, analgégico; suas
indicações são: de estimulação do tecido conjuntivo, espasmo muscular após DF, estrias,
celulite e flacidez.

Microcorrente
As microcorrentes produzem uma forma retangular de corrente com pulsos
monofásicos que variam periodicamente sua polaridade (0,5 a 4 Hz). A amplitude ajustada
produz variação entre 0 a 600 µA, sendo uma intensidade muito baixa e com uma carga
insuficiente para excitar as fibras nervosas periféricas. Os equipamentos utilizados são de
baixa intensidade (AGNE,2008).
A eletroestimulação tem se mostrado eficaz para a regeneração tecidual, a
microcorrente e o laser (AsGa) se mostran recursos extremamente eficaz para a cura de
feridas, podendo portanto, serem utilizados para a regeneração tecidual de feridas causadas
por quiemaduras de primeiro grau (BORGES, 2006).
Segundo o mesmo autor citado anteriormente o laser HeNe (632,8nm) e o InGaAIP
(670nm) são recursos que podem ser utilizados em queimaduras superficiais ou em lesão

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restrita à derme, pois apresentam alto poder regenerativo e podem ser usados em feridas
abertas sem que haja contato da caneta laser e o tecido em regeneração.
Este recurso é muito utilizado, quando a lesão por queimadura seencontra em
aberto, porque ele bioestimula a regeneração da área através do reparo tecidual. A sua
utilização é rápida, não invasiva e efetiva (GUIRRO; GUIRRO, 2007).

Crioterapia
O frio, quando é aplicado logo após a lesão,serve paraaliviar a dor e diminuir a
severidade,principalmente quando a lesão é de primeiro grau esegundo grau. Segundo
Guirro; Guirro (2007), este método é muito eficiente e recomendável porque o resfriamento
local é benéfico, visto que ele permite uma vasoconstrição, limitando o escape de plasma e a
prevenção da hipóxia secundária e diminuição do metabolismo celular. A crioterapia pode
ser utilizada neste tipo de tratamento com as seguintes finalidades:
• Minimizar a formação de edemas, bolhas e promover a analgesia;
• Auxilia no processo de cicatrização;
• Alongamento do tecido conjuntivo.

Ultrassom
O ultrassom pode ser utilizado na fase ambulatorial, na dosagem de 1 a 2W/cm²,
modo contínuo, objetivando efeitos líticos, atuando na modelagem das fibras colágenas
subjacentes à lesão cicatricial (BORGES, 2006).

Dyson e Young relacionaram os mecanismos fisiológicos envolvidos no processo de


reparação de tecidos moles (inflamaçãoaguda, proliferação e remodelação) com energia
ultrassônica. Há um consenso no sentido de que o ultrassom pode acelerar a resposta
inflamatória, promovendo entre os efeitos desencadeados por este processo, as liberações
de histamina, de fatores de crescimento pela granulação demacrófagos, mastócitos e
plaquetas, além de incrementar a síntese de fibroblastos e colágeno (GUIRRO; GUIRRO,
2007).

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Infravermelho
Este recurso é empregado para alivio da dor, aumento da mobilidade articular e
reparo de lesões de tecidos moles. Os efeitos fisiológicos já catalogados pelos estudiosos
deste recurso são:vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo, aumento da leucocitose,
aumento da fagocitose, aumento do metabolismo, relaxamento muscular e de outras
estruturas, analgesia e aceleração de cicatrização (AGNE, 2008).

METODOLOGIA

Este estudo está delineado como estudo qualitativo de revisão bibliográfica


(GOLDIM, 2000).

Para a realização do estudo foi utilizado referencial baseado em publicações


impressas e por meio eletrônico nos periódicos de referência na área da Fisioterapia
Dermatofuncional , nacionais e internacionais, dos últimos 5 anos, através das bases de
dados da Pubmed, Medline, evidenciando a temática da queimadura e tratamento
fisioterápico ou fisioterapêutico. Para tal, utilizou-se das seguintes palavras-chave:
queimadura, tratamento fisioterápico em queimados. Foram selecionados os artigos de
interesse para o estudo, ou seja, aqueles que faziam referência, em seus dados, a aspectos
relacionados aos recursos e métodos fisioterapêuticos relevantes no tratamento de
queimados.
Sabendo-se que a citação das principais conclusões a que os outros autores
chegaram, permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições
ou reafirmar comportamentos e atitudes (MARCONI;LAKATOS, 2005).

Por se ocupar das explicações dos fenômenos, a pesquisa lançará mão do método
comparativo, visto que o mesmo permite analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os
elementos constantes, abstratos e gerais, constituindo, verdadeiramente, uma
“experimentação indireta” (MARCONI, LAKATOS, 2005).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo O'Sullivan (2004) as metas para o tratamento fisioterápico são


contingentes com o prognóstico. Isso significa que quanto mais cedo houver intervenções,
maiores serão as chances do paciente não ficar comseqüelas. Durante a realização deste
artigo, no decorrer das revisões, foi percebido que os recursos utilizados são bem distintos, o
que faltava especificamente era organizá-los de acordo com sua aplicabilidade com a
cronologia da lesão.

Na fase inicial deverá ser realizada uma avaliação minuciosa da lesão e do estado
geral do paciente,para serem detectadas possíveis complicações. Ao término da avaliação,
o terapeuta deverá utilizar crioterapia com a finalidade de aliviar a dor e diminuir a
severidade, principalmente quando a lesão é de primeiro grau e segundo grau. Em seguida,
utilizar o infravermelho, para aumento da mobilidade articular e reparo de lesões de tecidos
moles como conseqüênciaprimordial. Também, deveser trabalhado o posicionamento do
paciente, e, a fisioterapia respiratória, a fim de evitar o desenvolvimento de patologias
secundárias, que poderão piorar drasticamente o quadro clínico dele. Dentre estas
patologias, poderemos citar as ulcerações (escaras), contraturas de tecidos moles ou
articulares, posturas viciosas e problemas respiratórios. Na fase de reparo, continuaremos
utilizando a crioterapia e a radiação infravermelha,adicionaremos o laser, com a finalidade
de bioestimular a regeneração da área através do reparo tecidual, e, o ultrassom, com o
objetivo de acelerar a síntese de fibroblastos e colágeno. Há literaturas que afirmam que
o ultrassom pode aumentar a resposta inflamatória, mas segundo Agne (2008), a
utilizaçãode ultrassom com freqüência de 16Mhz impede o aumento de resposta
inflamatória porque é atérmico e induz o processo de síntese de colágeno e fibroblasto.
Se,durante alguma etapa do processo de reabilitação, houver um processo de infecção,
utilização de radiação ultravioleta e de microcorrentes são indispensáveis devido ao
seu efeito bactericida assim pressuposto por Agne (2008).

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Segundo Agne (2008), quando não há mais perda da continuidade, inflamaçãoou
bolhas, o terapeuta deve priorizar a utilização de NMES para melhorar a forma muscular da
região acometida e amplitude de movimento possivelmente comprometida, o TENS para
melhorar a inervação sensorial e a Terapia por Radiofreqüência que, além de ativar o
metabolismo celular, atua na renovação e remodelação do colágeno. Terapia manual
também atuará como coadjuvante nessa fase.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por ser uma área de atuação muito recente, a pesquisa científica efetuada por
profissionais que aí atuam ainda é escassa. No entanto, este levantamento bibliográfico
permitiu observar que há na literatura científica embasamento para justificar a escolha dos
diversos recursos utilizados em pacientes queimados englobadas por essa área da
fisioterapia. Há necessidade de se ampliar o número de pesquisas científicas, consolidando
assim a fisioterapia dermatofuncional como uma área relevante no contexto da saúde
brasileira.

REFERÊNCIAS

AGNES, Jones E. Eletrotermoterapia: Teoria e prática. Santa Maria: Pallotti, 2004.

BORGES, Fábio dos Santos. Dermato - funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções
estéticas. São Paulo: Phorte, 2006.

FERREIRA, Sara. O grande queimado uma abordagem fisioterapêutica. Goiânia, 2003.

GOLDIM, José Roberto. Manual de iniciação à pesquisa em saúde. 2. ed. Porto Alegre:
Dacasa, 2000.

GUIRRO, Elaine Caldeira de Oliveira; GUIRRO, Rinaldo Roberto de J. Fisioterapia dermato-


funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed., rev. e ampl. São Paulo: Manole, 2002.

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KISNER, Carolyn; COLBY, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas.
4. ed. São Paulo: Manole, 2005.

PORTER, Stuart. Fisioterapia de Tidy.13.ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2005.

O'SULLIVAN, Susan B.; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 4. ed São


Paulo: Manole, 2004. 1152 p.

SAMPAIO, Sebastião A. P.; RIVITTI, Evandro A. Dermatologia. 2. ed. São Paulo: Artes
Médicas, 2000.

Artigo recebido em 18 de novembro de 2013.

Aceito em 10 de dezembro de 2013.

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