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Emissor: 1º Turma
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Resumo
Texto
EMENTA:
RELATÓRIO:
Vistos etc.
que concerne ao pagamento da ajuda de custo.No tocante ao PLR, diz que tal parcela é
indevida uma vez que o recorrido jamais sofreu qualquer acidente de trabalho, não possuindo
qualquer estabilidade. Acrescenta que, ademais, também não se há de falar no deferimento de
tal verba considerando a ausência de previsão nas CCT'S e Acordo Coletivo, já que o recorrido
não preenchia os requisitos e condições para ter o direito a esse benefício. Requer, ainda, a
reforma da sentença para que seja excluída da condenação a indenização por dano moral. Aduz
que, conforme exposto na peça de bloqueio, a despedida do empregado por justa causa não
configura ato ilícito que respalde a condenação por danos morais. Sustenta que a dispensa foi
praticada no exercício regular do direito (poder disciplinar) e motivado em preceito legal
(artigo 482 da CLT), sem qualquer ilicitude, não se há de falar em danos morais. Argumenta que
o ato da dispensa não acarretou qualquer exposição dos funcionários a situações humilhantes,
bem como o autor não possuía qualquer estabilidade. Pugna, ainda, que, sucessivamente, seja
reduzido o valor arbitrado na sentença à parcela, porquanto considera o mesmo exorbitante. No
tocante aos honorários advocatícios, alega que, ao contrário do fundamento do Juízo "a quo", o
caso presente não se amolda à previsão contida na lei n. 5.584/70, através do artigo 14 e seus
parágrafos, que disciplina a única hipótese de deferimento da verba honorária na Justiça do
Trabalho. Aduz que, não comprovada a situação de pobreza do recorrido, deverá ser reformado
o julgado para excluir do condeno o pagamento de honorários sindicais. Finalmente, insurge-se
contra a sentença no tocante aos juros de mora, alegando, para tanto, que a contagem dos juros
de mora se inicia a partir do ajuizamento da ação, não podendo se estender até a data do
pagamento do crédito ao recorrido (levantamento do alvará), até porque o demandado pode vir a
efetuar o pagamento ao autor, garantindo a execução, num momento muito anterior àquele do
efetivo recebimento do crédito. Pede provimento ao apelo.
É o relatório.
VOTO:
DA ADMISSIBILIDADE:
DO MÉRITO:
Da estabilidade acidentária.
suposta estabilidade.
"Da análise dos autos, verifico que o reclamante, de fato, sofreu lesão em seu
tornozelo direito conforme comprova o exame de ressonância magnética acostado
aos autos de ID 272532, realizado em 22/03/2012.
Desta feita, não há que se falar em não ocorrência do acidente quando a própria
reclamada emitiu a CAT com todas as informações acerca do ocorrido.
Diante do bojo probatório produzido tem-se que o reclamante faz jus à estabilidade
do art. 118 da Lei nº 8.213/1991.
Pois bem.
prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio acidente".
(...)
Verifico, ainda, que a justa causa imputada ao autor foi afastada por
decisão judicial proferida em processo anteriormente ajuizado pelo obreiro (id's 688016 e
ee76bb5), de modo que, sob esse prisma, também restaria reconhecida a estabilidade do
demandante.
E mais. Esta Justiça deve ficar alerta, aos casos de abuso de direito
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User-generated version Jean Ramos
e não compactuar com tal procedimento, evitando, assim, os casos em que a intenção do ex
trabalhador é obter poupança, daí porque demora e muito a ajuizar a ação trabalhista.
"A compreensão inicial do abuso de direito não se situa, nem deve situar-se, em
textos de direito positivo. A noção é supralegal. Decorre da própria natureza das
coisas e da condição humana. Extrapolar os limites de um direito em prejuízo do
próximo merece reprimenda, em virtude de consistir em violação a princípios de
finalidade da lei e da equidade.
(...)
O fato é que a teoria atingiu a noção de direito subjetivo, delimitando sua atuação.
Entendeu-se que nenhum direito pode ser levado às últimas conseqüências. Nada
mais, nada menos do que a aplicação do velho brocardo summum ius, summa
iniura (justiça perfeita, justiça imperfeita).
(...)
Deve ser afastada qualquer ideia de que exista direito absoluto. No abuso de
direito, pois, sob a máscara de ato legítimo esconde-se uma ilegalidade. Trata-se
de ato jurídico aparentemente lícito, mas que, levado a efeito sem a devida
regularidade, ocasiona resultado tido como ilícito. O exercício de um direito não
pode afastar-se da finalidade para a qual esse direito foi criado.
(...)
Da ajuda de custo.
"Ao analisar os contracheques do autor acostados aos autos verifico que o mesmo
recebia mensalmente a quantia fixa de R$ 600,00 (seiscentos reais) a titulo de
ajuda de custo.
§ 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para
viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo
empregado.
A lei igualmente não exclui a habitação como salário, ao revés, o art. 458 da CLT a
inclui como prestação in natura.
Por fim, o argumento do réu fundado no patamar de 50% do salário do autor não
tem aplicação ao caso em tela, porquanto se refere apenas ao pagamento de
diárias, quando a hipótese vertente é de suposta ajuda de custo.
Pois bem.
trabalho. Além do mais, o seu fornecimento exige uma gratuidade: Se a utilidade não fosse
gratuita, o empregado teria que comprá-la, ou despender de numerário para adquiri-la,
demonstrando que há uma vantagem econômica.
(...)".
Do PLR.
o recorrido jamais sofreu qualquer acidente de trabalho, não possuindo qualquer estabilidade.
A reclamada, em sua defesa, disse que o autor não faz jus a tal
benefício, seja porque não sofreu qualquer acidente e, portanto, não tem direito à alegada
estabilidade, seja porque o mesmo foi demitido por justa causa, de modo que possível a
dispensa de obreiro mesmo estável e, ainda, em razão da ausência de previsão nas CCT'S e
Acordo Coletivo em anexo, já que o autor não preenche os requisitos e condições necessários
ao recebimento dessa verba.
A matéria foi regulamentada pela Lei nº 10.101/2000. De acordo com o seu art. 2º,
a sua concessão está condicionada à negociação entre a empresa e seus
empregados, mediante convenção ou acordo coletivo ou instituição de comissão
escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo
sindicato da respectiva categoria.
Da análise dos autos verifico que o reclamante acostou aos autos a CCT e o
Acordo coletivo que regulamentam a PLR. Observo, ainda, que o reclamante
deixou de receber tais títulos visto que se encontrava afastado da reclamada em
virtude de sua demissão. Contudo, como já foi decidido supra, o reclamante,
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User-generated version Jean Ramos
virtude de sua demissão. Contudo, como já foi decidido supra, o reclamante,
apesar de ter sido demitido pela reclamada, faz jus a estabilidade provisória, razão
pela qual é devido o pagamento da PLR durante o período estabilitário.
(...)
Com essas considerações, com esteio no art. 5°, incisos V e X, da Carta Magna,
e art. 186 do Código Civil, e levando em conta a natureza do dano, suas
circunstâncias e as condições econômicas do ofensor e do ofendido, e tendo em
vista o efeito pedagógico da reparação, acolho o pedido para condenar o reclamado
ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), quantia que reputo adequada à reparação do dano praticado".
No caso dos autos, a justa causa, de fato, foi afastada por decisão
judicial proferida em processo anteriormente ajuizado pelo obreiro (id's 688016 e ee76bb5), no
entanto, não há prova de que houve extrapolamento dos limites, pela reclamada, no
procedimento de dispensa, de modo a acarretar dano à imagem do trabalhador.
III - São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical
figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de
emprego.
DA CONCLUSÃO:
ACÓRDÃO:
CERTIDÃO DE JULGAMENTO