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Contra-história como arma na

disputa pela hegemonia


Domenico Losurdo e Frantz Fanon: introdução ao marxismo anticolonial

MÓDULO 01
“As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as
ideias dominantes, ou seja, a classe que é o
poder material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, o
seu poder espiritual dominante. A classe que tem à sua
disposição os meios para a produção material dispõe assim, ao
mesmo tempo, dos meios para a produção espiritual, pelo que lhe
estão assim, ao mesmo tempo, submetidas em média as ideias
daqueles a quem faltam os meios para a produção espiritual. As
ideias dominantes não são mais do que a expressão ideal das
relações materiais dominantes, as relações materiais dominantes
concebidas como ideias;”

- Marx e Engels
• Objetividade e subjetividade na pesquisa histórica.
• O passado como uma construção política e como
realidade ontológica.
• Documento e monumento. Memória e poder
político.

• A história dos “grandes homens”


• A história da luta de classes
• A história dos discursos e regimes de verdade
“Nessa situação, a reivindicação do intelectual
colonizado não é um luxo, mas exigência de um
programa coerente. O intelectual colonizado que
situa o seu combate no plano da legitimidade, que
quer apresentar provas, que aceita desnudar-se
para melhor exibir a história do seu povo, é
condenado a esse mergulho nas entranhas do seu
povo. Esse mergulho não é especificamente
nacional. O intelectual colonizado que decide
combater as mentiras colonialistas o fará em
escala continental” – Os condenados da terra, p.
244.
“Examinemos a história do colonialismo e do
imperialismo: o Ocidente eliminou os índios da
face da terra e escravizou os negros; submeteu
outros povos colonizados a uma sorte análoga,
mas isto não impediu o Ocidente de apresentar e
celebrar sua expansão como a marcha da liberdade
e da civilização enquanto tal. Essa visão terminou
de tal modo por conquistar ou condicionar
poderosamente as próprias vítimas que, na
esperança de serem cooptadas ao seio da
“civilização”, interiorizam a sua derrota
cancelando a própria memória histórica e a própria
identidade cultural” – Fuga da História?, p. 53.
• Possibilidades derrotas na história

• Mito do progresso

• Cultura e barbárie

• História a contrapelo
Walter Benjamin

"(...) A empatia com o vencedor beneficia sempre, portanto, esses


dominadores. Isso diz tudo para o materialista histórico. Todos os que
até hoje venceram participam do cortejo triunfal, em que os
dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados
no chão. Os despojos são carregados no cortejo, como de praxe.
Esses despojos são o que chamamos bens culturais. O materialista
histórico os contempla com distanciamento. Pois todos os bens
culturais que ele vê têm uma origem sobre a qual ele não pode refletir
sem horror. Devem sua existência não somente ao esforço dos
grandes gênios que os criaram, como à corvéia anônima dos seus
contemporâneos. Nunca houve um monumento da cultura que não
fosse também um monumento da barbárie. E, assim como a cultura
não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o processo de
transmissão da cultura. Por isso, na medida do possível, o materialista
histórico se desvia dela. Considera sua tarefa escovar a história a
contrapelo“ – Tese 7
Walter Benjamin

“O sujeito do conhecimento histórico é a própria classe combatente


e oprimida. Em Marx, ela aparece como a última classe
escravizada, como a classe vingadora que consuma a tarefa de
libertação em nome das gerações de derrotados. Essa consciência,
reativada durante algum tempo no movimento espartaquista, foi
sempre inaceitável para a socialdemocracia. Em três decênios, ela
quase conseguiu extinguir o nome de Blanqui, cujo eco abalara o
século passado. Preferiu atribuir à classe operária o papel de salvar
gerações futuras. Com isso, ela a privou das suas melhores forças.
A classe operária desaprendeu nessa escola tanto o ódio como o
espírito de sacrifício. Porque um e outro se alimentam da imagem
dos antepassados escravizados, e não dos descendentes
liberados.“ – Tese 12
“Até que os leões tenham seus
próprios historiadores, as histórias de
caçadas continuarão glorificando o
caçador” – ditado popular africano.
Domenico Losurdo e Frantz Fanon: introdução ao marxismo anticolonial

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