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EPÍGRAFE

«É um desperdício aquilo que faço da minha existência, se não a aproveitar


minuciosamente vivendo o presente».

Chiara Lubich

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Omnipotente pelo dom da vida e por tudo, ao Movimento dos “Focolares”,
pelo apoio durante a formação;
À minha família, que tudo soube fazer para que eu chegasse a esse momento
significante da formação, de modo especial o meu avô materno Monteiro Bento (in
memória), pelos ensinamentos para um furo melhor na sociedade incentivando-me na
formação;
À família Santiago, pela acomodação em sua casa e atenção;
Aos meus cunhados (João Mayedila e Idalesso do Espírito Santo), pelo apoio e interesse
durante a formação;
Ao meu Orientador, Prof. Isidro João Sobral, pela orientação, apoio do material (livros e
outra fontes de informação), pelo incentivo e, sobretudo pela correção minuciosa do
trabalho;
À coordenação do Curso de Enfermagem, pela coordenação desta grande área na qual
sou formando;
Aos Professores: Dr. Aníbal Simões PhD, pela orientação das fontes bibliográficas;
Mestre António de Oliveira Sabalo, pelo auxilio sobre o campo do estudo;
Às Direções do Hospital Psiquiátrico de Luanda (H.P.L) – particularmente à de
Enfermagem, aos enfermeiros do referido hospital, pelo acolhimento e espírito de
partilha;
Às minhas colegas e amigas (Afra Quituga, Maria Ngalo, Isaura Cthihinga e Irene
Guiri)
Aos meus amigos (Eduardo e Adão dos Santos), pelo apoio na informática, e
bibliográfico respectivamente;
Aos estudantes do Projeto de “Formação de Médicos para Uíge”, pelo apoio moral ao
longo deste percurso;
A todos que directa e ou indirectamente contribuíram para a elaboração deste trabalho,
dando seu saber, tempo, espaço e material;

O meu muito obrigada!

iv
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Declaração do autor:
Declaro que este trabalho foi levado a cabo de acordo com os regulamentos da
universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaet) e em particular das Normas orientadoras
de preparação e Elaboração da monografia, emanadas pelo Departamento de Altos
Estudos e Formação Avançada (DAEFA). O trabalho é original excepto onde indicado
por referencia especial do texto. Quaisquer visões expressas são as do autor e não
representam de modo nenhum as visões da UniPiaget. Este trabalho, no todo ou em
parte, não foi apresentado para avaliação noutras instituições de ensino superior
nacionais ou estrangeiras. Mais informo que a norma seguida para elaboração do
trabalho escrito foi a:
Norma ISO 690.
Assinatura: Data: / /_____

v
ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS.

a C: Antes de Cristo
d C: Depós de Cristo
et al.: outros
Vol. : Volume
p. : Pagina
ibid. o mesmo lugar
nº: Número
CE: Crise Epilética
PCE: Pessoa Com Epilepsia
PF: Planiamento Familiar
DAE: Droga Anti Epiléptica
EV: Endovenosa
VE: Viver com Epilepsia
FAE: Fármacos Anti Epilépticos
AE: Anti Epiléptico
VO: Via Oral
EQV: Epilepsia e Qualidade de Vida
QV: Qualidade de Vida
QVRS: Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
PCE: Pessoa Com Epilepsia
MG: Miligramas
OMS: Organização Mundial da Saúde
HPL: Hospital Psiquiátrico Luanda
H1: Hipótese um
H2: Hipótese dois
%: Porcentagem

vi
RESUMO

Qualidade de vida é a forma de viver e pode ser dividida principalmente em: saúde
física, mental e social. Por eu ser portadora da Epilepsia e pela área de formação optou-
se pelo presente estudo cujo objectivo é estudar a qualidade de vida de mulheres
portadoras de Epilepsia, tendo como variáveis a idade, o nível de escolaridade, atividade
laboral e satisfação, estado civil, riscos associados à epilepsia, percepção sobre o
tratamento dado por indivíduos que as rodeiam e frequência das crises, constantes num
guião de entrevista elaborado e estruturado com 10 perguntas fechadas e 2 abertas. A
amostra foi composta por 59 mulheres portadoras de Epilepsia com idade entre dezoito
e sessenta e um anos. O processamento e tratamento dos dados foram feitos em
programas informáticos do Microsoft Windws seven (Word, Power point e Exel). O
estudo é descritivo transversal com abordagem quanti - qualitativa que teve os seguintes
resultados: A amostra estudada é maioritariamente jovem com idades compreendidas
entre 18 e 29 anos (61%); com baixo nível de escolaridade 22 (37) têm ensino primário
e 3 (5%) têm ensino superior. Da amostra 49(83%) não tem satisfação com a actividade
diária e 10 (17%) tem satisfação; quanto ao estado civil 46 (77,9%) são solteiras e
(22.1%) são casadas; sobre riscos associados à Epilepsia 38(64%) tem mais de três
gestações e 21(36%) menos de três; 58 (98%) não fumam; 59 (100%) abstêm-se de
drogas ilícitas e 53 (90%) não consomem bebidas alcoólicas. Quanto à percepção sobre
o tratamento 12(20%) relata bom tratamento e 26(44%) relata mau.
Concluiu-se que, o baixo nível de escolaridade, o difícil acesso aos serviços de saúde,
está na base da qualidade de vida dessas mulheres devido a relação que existe entre a
formação e a informação, no gerenciamento do processo saúde/ doença.

Palavras chaves: Qualidade; vida; qualidade de vida; mulher; Epilepsia; Hospital


Psiquiátrico.

vii
ABSTRACT

Quality of life is a form of living and may be divided mainly into: physical health,
mental, and social. By I be carrier Epilepsy and hair For the area of training it was
decided to present study which aims to study the quality of life of women suffering
from epilepsy, tendon as Variables Age, the level of education, labor activity and
satisfaction, State Civil, hazards Associated epilepsy, Perception about Handling of por
individuals que as surround and frequency of crises, Constants in a interview guide
Prepared and structured with Open questions, semi-structured, and Closed. The sample
consisted of 59 Women with Epilepsy with Age Range Eighteen sixty-hum year. The
processing and treatment of computer Were Made Programs data in do Microsoft
Windws seven (Word, PowerPoint and Exel). The cross-sectional study and with
quantitative approach - qualitative que had the following results: Sample studied and
mostly young with ages ranging Between 18 and 29 years (61%); with Low Level of
education 22 (37) have primary education and three (5%) has higher education. Sample
49 (83%) has not Satisfaction with daily activity and 10 (17%) has satisfaction; as any
civil status, 46 (77.9%) and are single (22.1%) married in Sao Paulo; about hazards
associates Epilepsia 38 (64%) have more than three pregnancies and 21 (36%) three
less; 58 (98%) not smoke; 59 (100%) eschews illicit drug and 53 (90%) not consume
alcoholic beverages. As for Perception about treatment 12 (20%) reports good treatment
and 26 (44%) reports bad. it was concluded que, the low level of education, poor access
to health services on the basis of this quality of life for these women because the
relationship between what there is a training and information, no management process
health / disease.

Key words : quality; life; quality of life; woman; Epilepsy; Psychiatric hospital.

viii
ÍNDICE

EPÍGRAFE ................................................................................................... iii

AGRADECIMENTOS ................................................................................. iv

DECLARAÇÃO DO AUTOR ...................................................................... v

ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS. ............................................. vi

RESUMO .................................................................................................... vii

ABSTRACT ............................................................................................... viii

ÍNDICE DE TABELAS .............................................................................. xii

ÍNDICE DE GRÁFICOS ........................................................................... xiii

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1
Identificação do problema ................................................................................................. 2

Objectivos do estudo ............................................................................................................ 3

Importância do estudo ......................................................................................................... 4

Delimitação do estudo ......................................................................................................... 4

Definição dos conceitos ...................................................................................................... 4

CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO -


CIENTÍFICA.................................................................................................................. 6
1.1. Resenha histórica sobre epilepsia .......................................................................... 6

1.1.2. Epilepsia ....................................................................................................................... 7

1.2. Noção de qualidade de vida ..................................................................................... 7

1.2.1. Indicadores utilizados para avaliar a qualidade de vida............................ 9

ix
1.2.2. Avaliação de qualidade de vida ....................................................................... 11

1.3. Epilepsia e qualidade de vida ................................................................................ 12

1.3.1. Epilepsia e qualidade de vida no trabalho .................................................... 14

2. INTERFERÊNCIA DA EPILEPSIA NO TRABALHO E NA


MATERNIDADE ............................................................................................................... 15

3. EFEITOS DO USO DE DROGAS ANTIEPILEPTICAS NA


MATERNIDADE ............................................................................................................... 18

3.1. Complicações ............................................................................................................... 18

3.1.2. No planeamento familiar ..................................................................................... 18

3.1.3 Na gravidez e no parto ........................................................................................... 20

3.1.4. Na amamentação.................................................................................................... 22

3. 2. Aconselhamentos pré-concepcional .................................................................. 23

4. ACTUAÇÃO DE ENFERMAGEM ...................................................................... 24

5. ADAPTAÇÃO A DEPENDENCIA DE TERCEIROS.................................. 25

CAPÍTULO II-OPÇÕES METODOLÓGICAS DO


ESTUDO ........................................................................................................................ 27
2.1. MODO DE INVESTIGAÇÃO ............................................................................. 27

2.1.1. Tipo de estudo e método ...................................................................................... 27

2.2. HIPOTESE DEDUTIVA ........................................................................................ 27

2.3. VARIÁVEIS ................................................................................................................ 28

2.4. OBJECTO DE ESTUDO ........................................................................................ 28

2.4.1. População ................................................................................................................... 28

2.4.2. Amostra ...................................................................................................................... 28

2.4.3. Critérios de inclusão e exclusão ....................................................................... 28

x
2.4.4. Local do estudo ....................................................................................................... 29

2.4.4.1. Caracterização da unidade de estudo .......................................................... 29

2.5. INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO ..................................................... 29

2.6. PROCEDIMENTOS ÉTICOS .............................................................................. 29

2.7. PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DOS DADOS ......................... 29

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 30

CONCLUSÕES ................................................................................................................... 43

CONSIDERAÇÕES........................................................................................................... 44

BIBLIOGRAFIAS .............................................................................................................. 45

xi
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela nº 1 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de Luanda no segundo II trimestre do Ano 2014, segundo a
idade.................................................................................................................................30

Tabela nº 2 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de Luanda no II trimestre do Ano 2014, segundo nível de
escolaridade.....................................................................................................................31

Tabela nº 3 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de Luanda no II Trimestre do Ano 2014, quanto a atividade diária e
satisfação com a mesma..................................................................................................33

Tabela nº 4 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de. Luanda no II Trimestre do Ano 2014, de acordo a estado
civil..................................................................................................................................34

Tabela nº 5 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de. Luanda no II Trimestre do Ano 2014, em função a riscos associados à
ocorrência de crise epiléptica..........................................................................................35

Tabela nº 6 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de. Luanda no II Trimestre do Ano 2014, em função a percepção sobre o
tratamento dado por indivíduos que as rodeiam..............................................................37

Tabela nº 7 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de. Luanda no II Trimestre do Ano 2014, em função a número de crise
epiléptica por Ano...........................................................................................................39

Tabela nº 8 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de Luanda no segundo II trimestre do Ano 2014, segundo a idade e o
número de crise por Ano.................................................................................................41

xii
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico nº 1 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital


Psiquiátrico de Luanda no segundo II trimestre do Ano 2014, segundo a
idade.................................................................................................................................30
Gráfico nº 2 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital
Psiquiátrico de Luanda no II trimestre do Ano 2014, segundo nível de
escolaridade.....................................................................................................................32
Gráfico nº 3 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital
Psiquiátrico de Luanda no II Trimestre do Ano 2014, quanto a atividade diária e
satisfação com a mesma .................................................................................................33
Gráfico nº 4 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital
Psiquiátrico de Luanda no II Trimestre do Ano 2014, de acordo a estado
civil..................................................................................................................................35
Gráfico nº 5 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital
Psiquiátrico de. Luanda no II Trimestre do Ano 2014, em função a riscos associados à
ocorrência de crise epiléptica..........................................................................................36
Gráfico nº 6 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital
Psiquiátrico de. Luanda no II Trimestre do Ano 2014, em função a percepção sobre o
tratamento dado por indivíduos que as rodeiam..............................................................38
Gráfico nº 7 – Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital
Psiquiátrico de. Luanda no II Trimestre do Ano 2014, em função a número de crise
epiléptica por Ano...........................................................................................................39

xiii
INTRODUÇÃO
A epilepsia é uma doença comum do cérebro, clinicamente, é caracterizada por crises
espontâneas e/ou recorrentes, e que o doente pode apresentar convulsões ou não. Essas
crises podem ser causadas por descargas parciais ou generalizadas no cérebro (SILVA
& CAVALHEIRO, 2004).
Enquanto que Souza (2003, p.143) refere que «epilepsia é considerada como uma
doença orgânica, mas há considerável evidência da relação entre o ambiente
psicossocial e as crises».

«Existem várias causas para a epilepsia, pois podem levar a lesão dos
neurônios ou o modo como estes se comunicam entre si. Os mais frequentes
são: Traumatismos de parto, interrupção do fluxo sanguíneo cerebral
causado por acidente vascular cerebral, defeitos congénitos ou doenças
congénitas associadas à malformações cerebral, tumores, abuso de bebidas
alcoólicas e de outras drogas, infecções que atingem o cérebro como:
Encefalite, meningite e cisticercose. Outras causas não são possíveis de
conhecer.»

ILAE apud Relatório da Comissão da ILAE (2005-2009)

Apesar de que pode ser provocada por infeccões referidas acima, a epilepsia, não é
contagiosa, ninguém pode contrair em contato com um portador. Em menor frequência
pode ser genética, em poucos casos, em que pode ser transmitida de pais aos filhos.
Tendo a incidência maior em adiquirir a epilepsia, entre parentes próximos, com
infecções anteriormente citadas.

O tratamento da epilepsia é feito através de medicamentos que evitam descargas


elétricas cerebrais anormais, que são a origem das crises epilépticas. Portadores em
estágios mais graves, ou seja, com necessidade do uso de medicamentos por toda a vida,
as crises são frequentemente incontroláveis e são candidatos a intervenção cirúrgica
(LIGA BRASILEIRA da EPILEPSIA, 2002)

Nas últimas décadas, é notável o crescente interesse do sector da saúde em relação a


qualidade de vida. Segundo World Health Organization Quality Life (Organização
1
Mundial da Saúde e Qualidade de vida, 1998) diz que qualidade de vida é um conjunto
de percepções, objectivos, expectativas, padrões e preocupações integrados num
contexto de vida, cultura e num sistema de valores.

Factores ambientais como saneamento básico, segurança pública, cuidados de saúde,


poluição, trânsito, transporte e clima, interferem negativamente na qualidade de vida das
populações. Estes têm sido agrupados em bem-estar: físico, psicológico e capacidade
funcional (ABRASCO, 2015).

O domínio físico, relaciona-se com sintomas diretamente associados a uma patologia


ou ao seu tratamento; a capacidade funcional está relacionada com o auto-cuidado, a
mobilidade, o nível de actividade física, capacidade de estabelecer relações na família
.ou no trabalho (HAAN, 1993).

O domínio psicológico refere-se ao estado emocional, à capacidade cognitiva, à


percepção de saúde e satisfação (RIBEIRO, 1994).

Pelo papel da mulher, a Epilepsia terá impacto significante no seu dia a dia, pois estará
sujeita à insegurança e sentimentos incontrolados diante da imprevisibilidade das crises,
motivando medo do estigma e preocupações com o futuro que influenciam o
comportamento e o seu bem estar, com repercussões pessoais, familiares e social, capaz
de influenciar a qualidade de vida. Uma vez que ela fundamenta-se no homem e na
satisfação de suas necessidades. concebida como uma representação social , e que estão
concentradas em saúde, trabalho, habitação, seguridade, família, educação, religião e
política Esses aspectos funcionam como estressores e estão ligados à percepção da
condição de saúde (EDMILSA et al., 2003, p.294).

Identificação do problema
A saúde física, mental e social é aspecto inerente ao bem-estar do indivíduo e do
coletivo, além do nível de formação académica e / ou profissional. Tendo em conta a
saúde como ponto de partida para o bem-estar, a sua ausência, interfere de modo
2
significativo no estilo de vida. Sendo a doença sinónimo de ausência da saúde, ela pode
existir de duas formas tais como: Aguda ou crónica. A forma aguda é caracterizada por
inicio súbito com pouco tempo de evolução (SIMONETTI, 2004).
«E a forma crónica, é caracterizada por longa duração ou permanente na vida da
pessoa e, portanto com repercussões distintas.» CYRINO ap. NETTLETON (1995,
p.60).

A epilepsia como doença crónica é ainda um problema de saúde principalmente nos


países em via de desenvolvimento, dos quais Angola faz parte. O problema em questão
denomina-se qualidade de vida em mulheres portadoras de epilepsia.

Sendo que a epilepsia é considerada como uma das doenças crônicas, ela pode ter
impacto negativo na qualidade de vida de quem é portador. Nesta enquadram-se as
limitações e incapacidades induzidas, que podem desencadear crises, capaz de interferir
no projecto e no papel da mulher. Atendendo que esta doença tem levado ao estigma e à
exclusão social, chegando ao ponto de não serem admitidas ou permanecerem no
emprego, que permite fins de sustento, pela natureza da mulher, ela não pode ser vista
somente na formação, mas sim no lado que a identifica tal como: A procriação,
cuidadora e administradora na família. Diante desta problemática questiona-se o
seguinte:

Como a Epilepsia pode ter relação com a qualidade de vida da mulher?

Objectivos do estudo

É natureza de o homem prever a meta de um percurso. Assim, prevemos neste estudo


traçar os seguintes objetivos:

Objectivo geral

Estudar a relação da Epilepsia com a qualidade de vida de mulheres portadoras de


epilepsia, atendidas no Hospital Psiquiátrico de Luanda, no segundo Semestre de 2014.

3
Objetivos específicos
(1) - Caracterizar as mulheres segundo as variáveis sociodemográficas;
(2) - Identificar risco associados à epilépsia na mulher.
(3) - Identificar a percepção das mulheres sobre o tratamento dado por indivíduos que
as rodeiam;
(4)- Identificar o número de crises epilépticas por Ano

Importância do estudo
O estudo é de extrema importância e é atual, já que se trata de qualidade de vida em
portadores de doenças crônicas, especificamente epilepsia. Pois o preconceito que existe
sobre a doença, resulta em medo, interrupção de atividades consideradas importantes na
vida como: frequência à escola, ao trabalho e dificuldade de relacionamentos. Sendo a
qualidade de vida um indicador de saúde de forma geral, propusemos a estudar o
assunto para que tenhamos melhor conhecimento, contribuir com mais uma literatura
das poucas que abordam o assunto em Angola.

Delimitação do estudo
O estudo é delimitado no Hospital Psiquiátrico de Luanda, dirigido às mulheres
portadoras de Epilepsia com idade entre 18-60 anos, atendidas naquela Unidade
Sanitária no decorrer de Maio à Dezembro de 2014.

Definição dos conceitos

Epilepsia – «distúrbio da função cerebral caracterizado pela periódica e imprevisível


de crises epilépticas.» (BRUNSTON et al, 2011, p. 583).

Crise epiléptica – « agravamento brusco de um estado crónico da epilepsia.»


GOODMAN & GILMAM apud JAMES (2011, p.335).

4
Qualidade – «o que caracteriza uma pessoa ou coisa, e que a distingue das outras.»
(DICIONÁRIO INTEGRAL – LÍNGUA PORTUGUESA, 2014, p. 1233).

Vida – «espaço de tempo decorrido entre o nascimento e a morte; modo de viver;


estado de atividade de animais e plantas.» (DICIONÁRIO INTEGRAL-LÍNGUA
PORTUGUESA, 2014, p.1512).

Qualidade de vida – «é a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro


do contexto de cultura e valores nos quais está inserido e da relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações» (OMS, 1995).

Trabalho – «conjunto de atividades produtivas, produtivas ou criativas, que o homem


exerce para atingir para determinado fim.» (MOREIRA, 2012, p. 10)

Mulher – «pessoa adulta do sexo feminino incluindo papeis tradicionais: cuidados,


sensibilidade, fragilidade delicadeza e instinto materno.» (MANSUR, 2003, p.27)

5
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO -
CIENTÍFICA

1.1. Resenha histórica sobre epilepsia

A Epilepsia tem sido encarada por algumas pessoas como doença demoníaca e
contagiosa, por isso, os portadores da doença não vivem só o sofrimento dos sintomas,
mas também das atribuições que a envolve.

Na Grécia antiga, a Epilepsia era tida como uma possessão divina e os portadores eram
colocados no Templo, vistos como sacerdotes, consideravam-na como doença Sagrada e
a denominavam “morbus sacer”, em quanto que na idade média foi denominada
“morbus demoniacus” que significa doença do demônio. Hipócrates (460-375 a.C)
passou a afirmar que a epilepsia não tem origem divina, sagrada, nem demoníaca, mas
que o cérebro era o responsável. Apesar das afirmações de Hipócrates as crenças em
torno da epilepsia continuam, embora em grupos restrito (ALBUQUERQUE, 2002).

Associada a possessões divinas, demoníacas, à doenças contagiosas e ou à loucura, a


epilepsia no decorrer da história, encontrou diferentes formas de definição, diagnóstico
e tratamento. Em decorrência disso muitos portadores são vítimas do preconceito, facto
que colabora para que se tornem resistentes a admitir o diagnóstico ou a consentir em
iniciar um tratamento adequado (MARCHETTI, 2002).

Essas possessões levam-nos a várias reflexões que tendem a considerar como


pertencendo à fórum psiquiátrico.

A partir do século XVII iniciou a separação entre a psiquiatria e neurologia e efetivou-


se no século XIX. Devido, primeiro por desconhecimento da população sobre a doença,
segundo, porque os portadores de epilepsia eram cuidados pela Psiquiatria, por isso é
que ela é tão confundida com doença mental (BITTENCOURT, 2002).

6
1.1.2. Epilepsia

«A epilepsia não é doença contagiosa nem mental, por um curto espaço


de tempo, parte do cérebro deixa de funcionar de maneira habitual e
passa a enviar descargas elétricas incorreta à restante parte do sistema
nervoso, devido a essas modificações a pessoa apresenta alterações
comportamentais súbitas, as chamadas “crises epilépticas”, que tendem a
se repetir por toda sua vida.»

(GOMES et al., 2006, p. 638)

O certo é que durante a crise epilética torna-se inconsciente, pelo que não consegue
tomar conta de si próprio. Hà, neste momento necessidade de um cuidador.

1.2. Noção de qualidade de vida


Toda pessoa, desde a sua existência já experimentou bons e maus eventos. Esta
experiência pode ser objetiva e ou subjetiva e, em alguns casos torna-se repetitiva ou é
vivida com frequência e pode influenciar ou não no bem estar.

Define qualidade de vida como o grau de satisfação e ou insatisfação sentida pela


pessoa dentro de vários domínios de sua vida (ABRANS, 1997).

O que me parece é que não tem especificidade para defini-la, mas sim uma globalização
de tudo que diz respeito a vida, desde a manutenção e desenvolvimento, pois envolve:
Cultura, ciência, interação pessoal e sobretudo do satisfatório ao insatisfatório.

A mulher, pela sua natureza como a maternidade que a pode fragilizar e / ou torná-la
vulnerável, não se escapa da insatisfação encontrada na vida. Ela tem suas aspirações,
quer do ponto de vista reprodutivo quer produtivo, quando por algum motivo vê-se
incapaz ou encontra dificuldades que levam a desmoronar, ou viver só. O mesmo
acontece com o sexo oposto, mas, talvez pela natureza, esses mostram-se mais
optimistas.

7
«Qualidade de vida da mulher é muito afetada sobre tudo devido ao seu
aspecto maternal. A permanência do espaço tradicional-casa e maternidade
não obtém o mesmo nível de aceitação entre as mulheres. Para muitos, no
que se refere a atividade laboral, a conciliação do trabalho desejado ou
necessário da mulher com a maternidade indica uma elevada aceitação do
trabalho como parte constitutiva da vida da mulher. Essa aceitação ocorre
como mecanismo de afirmação social e económico, mas também como
actividade instrumental relacionada com a qualidade de vida material afim
de melhor nível de vida da família.»

(SCALAN, 2005, p.15)

Isso mostra o quanto a mulher é afetada principalmente na contemporaneidade onde ela


tem posição amplamente alargada que não a limita num determinado campo.

Estudos feitos no Brasil (2002) revelam que na vida adulta, pessoas com epilepsia falam
de problemas relacionados a conseguir e manter um emprego, o que é confirmado por
pesquisas, que descrevem que o desemprego nesta população é duas ou três vezes
maior.

Pessoas mais velhas, assim como as mais jovens, sofrem com a perda de confiança.
Elas podem perder a independência funcional, como, por exemplo, a habilidade para
dirigir (WERNER, 1994).

Situações como doença, deficiência física e outras, são causas que modificam os caminhos
da vida, e em alguns casos podem mesmo limitar, condicionando assim os objectivos
desejados.
O dia a dia de cada um, ou seja, a dinâmica diária que vê em alguém quer em casa e ou
noutro ambiente é a qualidade de vida desta pessoa. Ela não se resume num episódio que
acontece uma ou duas vezes ao ano, mas sim o que é frequente.

«É a busca contínua da realização do ser humano através de estímulos adequados a plena


utilização da sua capacidade mental e física, além de estar relacionada com o equilíbrio e
a experimentação de todas as dimensões de sua realização pessoal.»

FERNANDO ap. PEIXOTE (2007, P. 126),

8
Na literatura muitas são as vertentes para a sua definição, pois envolve o meio ambiente no
âmbito material e espiritual, desde a conquista do que se pretende à consolidação e as
capacidades para as metas por vias próprias. Muitos autores a consideram em mais de duas
vertentes, mas outros limitam-se nesse número.

«Qualidade de vida é a habilidade e a capacidade dos indivíduos satisfazerem suas


necessidades tanto as inerentes, quanto aquelas que são aprendidas.» (MARCELO et al.,
2008, p.31)

«Ela inclui: condição económica, cientifica, culturais, políticas e ambientais»


MOTANDON, 2003, P.59). Ao passo que Francisco et al. (2010, P.31) referem que «deve
ser entendida conforme a especificidade de cada situação e multidimensional,
considerando vários determinantes na condição humana.»

Alguns autores consideram-na em mais de duas vertentes, mas outros limitam-se nesse
número como se vê nos escritos do FRANCISCO e MARCELO et al. respectivamente.

1.2.1. Indicadores utilizados para avaliar a qualidade de vida

Indicadores são dados que apontam estado de saúde, estado de desenvolvimento e/ou de
produção de uma pessoa, população e empresa, respectivamente. Para avaliação de
qualidade de vida são utilizados indicadores sociais como: saúde, moradia, educação,
trabalho, atividade física e integração social.

Indicadores sociais são estatísticas sobre aspectos da vida de um país, e/ou população que
em conjunto, retratam o estado social permitindo conhecer o nível de desenvolvimento
social. Eles fornecem dados das características da população sobre a dinâmica demográfica,
do trabalho e rendimento, da saúde, educação, segurança pública e condições de vida das
famílias (MARQUES, 2013).

9
Herculano, (2013) caracteriza-os assim:

-Saúde: Refere-se ao bem- estar e acesso a cuidados médicos;

- Habitação: Habitar em lugar saudável, clima limpo, com água, saneamento, luz, energia,
meios de comunicação, número de pessoas por habitação e número de casas por
condomínio

- Educação: Anos de escolaridade, nível de escolaridade alcançado.

- Trabalho: Além da sobrevivência e preservação da própria saúde, deve ter sentido de


realização.

- Atividade física: Surge como fonte de saúde, forma de sociabilidade e é um meio para
atingir melhor desempenho produtivo, ALMEIDA & VITAGLIANO apud MARQUES. G.
A (2009).

O uso de indicadores sociais da área da saúde, educação, bem-estar social e segurança


permitem identificar o estilo de vida de uma população ou um grupo de pessoas num dado
momento, comparar estratos da mesma dando indicação sobre a disponibilidade de
determinados bens / serviço (MINAIRE, 1992).

A identificação de qualidade de vida requer indicadores considerados necessários e


suficientes para manter a vida. Esses devem estar e/ou ser adequados do ponto de vista
objetivo e em alguns casos subjetivo.

De acordo com Alcântara & Márcia ap. SETIEN (1993, p. 67) « os indicadores de
qualidade de vida fundamentam-se no homem e na satisfação de suas necessidades.»

«Além dos indicadores já mencionados, devem ser considerados aspetos biológicos,


psicológicos, emocionais, econômicos e ambientais».

(RODRIGUES & TERRA, 2006, p.95)

10
1.2.2. Avaliação de qualidade de vida

Para a sua avaliação é necessário a consideração do WHOQOL-100, que é um instrumento


desenvolvido pela OMS para estudar qualidade de vida. O mesmo está constituído por
quatro facetas que são: Físico, psicológico, ambiental e social.

A avaliação de qualidade de vida é baseada nas necessidades, pois os indivíduos são


guiados ou motivados por suas necessidades (DONALD et al., 2004).

A relação que existe entre as necessidades e a qualidade de vida foi bastante explorada por
muitos pesquisadores em contextos diferentes. Daí, o reconhecimento da importância de
obter a informação diretamente da pessoa afetada pela doença (HORNQUIST, 1982;
PATRICK et. al.1988).

Assim sendo, identifica-se pela opinião do sujeito avaliado e não pelo juízo do avaliador,
pois cada pessoa tem na sua existência um indicador que a OMS recomenda que pode ser
objetivo ou subjetivo, usados para avaliação de qualidade de vida. Mckenna & Whally
(1998) identificaram duas abordagens para identificar qualidade de vida: Primeiro é a
funcionalista e segundo é a baseada nas necessidades. Reunidas às ideias desses autores,
agruparam-nas em: Modelo da satisfação e modelo funcionalista.

Com base no modelo da satisfação, a qualidade de vida está diretamente relacionada à


satisfação com os vários domínios da vida definidos como importantes pelo próprio
indivíduo (DIENER, 1984).

O modelo funcionalista considera que, para uma melhor qualidade de vida, o indivíduo
precisa estar funcionando bem, isto é, desempenhar de forma satisfatória seu papel social e
as funções que valoriza (MCKENNA & WHALLEY, 1998).

Apesar de tudo existem críticas a este modelo, e é questionável, se o mesmo é, de facto,


adequado para a avaliação de qualidade de vida. “Por exemplo:” o paradoxo “da
deficiência”. Utilizando a metodologia qualitativa, os indivíduos com deficiências
persistentes podem relatar boa ou excelente qualidade de vida, mesmo quando a maioria
dos observadores externos qualificaria sua existência como indesejável.

11
1.3. Epilepsia e qualidade de vida

Alegando que a epilepsia envolve sofrimento físico e psíquico no portador, uma vez
que ele terá que lidar com doença durante o resto da vida, tendo impacto emocional
enorme, este não se restringe somente a ele, mas sim, estende-se por toda rede de
relacionamentos estabelecidos, principalmente no ciclo familiar, onde convive
diariamente com os problemas que surgem decorrentes e inerentes a epilepsia. Pois
a epilepsia é uma descarga súbita de um grupo de neurónios, que temporariamente,
ficam afetados por uma dissincronia (falta de ritmo) assim limite funcional do
cérebro é ultrapassado e com isso altera-se a atividade elétrica cerebral, ou seja, suas
sinapses (OLIVEIRA, 2013).

Dependendo da gravidade aliada à frequência das crises epilépticas, a família pode ter de
alterar sua dinâmica e tarefas, de forma a adaptar-se as necessidades do doente. Esta
mudança influência na modificação do estilo de vida.

Marques (2013) diz que, qualidade devida é a percepção do indivíduo tanto de sua posição
na vida, no contexto da cultura e nos sistemas de valores nos quais está inserido, como em
relação aos seus objectivos, expectativas, e preocupações, incluindo saúde física, estado
psicológico, pelas relações sociais, nível de independência.

Felix (2011, p.233) refere que «o que torna pior qualidade de vida na epilepsia, não é
apenas a natureza da doença e do tratamento, mas a necessidade de suportá-la por tempo
indeterminado».

«o progresso técnico cientifico tem levado a uma maior incidência das


doenças crónicas através de terapeutas que permitem uma vida razoável.
Ainda assim, muitas vezes provocam sequelas e incapacidades que obrigam a
um cuidador temporário ou permanente, dependendo das necessidades.»

(CARVALHO, et al., 2012, p. 231)

Para Fernandes & Souza, (2001); Jacoby, (1992) as dificuldades decorrentes da vivencia

12
da condição epiléptica, influenciam o ajustamento social dos pacientes e pessoas
envolvidas. Esses fatores funcionam como estressores e estão ligados aos aspectos clínicos
e percepção da condição de saúde.

Com as ideias desses autores, pode-se afirmar que os portadores de epileisa,


independentemente da classe social, têm dificuldades no mercado do emprego, na
formação e não só.

Qualidade de vida destes pacientes é bastante afetada tendo em conta a saúde física
(funcionamento diário, saúde em geral, gravidades dos sintomas físicos e efeitos colaterais
dos medicamentos, dor, resistência e tolerância), saúde mental (bem-estar emocional,
autoestima, percepção, estigma, ansiedade e depressão) e saúde social (atividades sociais
em relação com a família e com os amigos). Esses são os fatores mais importantes diante
de qualquer doença crónica, além dos sintomas em si (ASSUMPÇÃO D. W, 2001).

Portanto a mulher portadora de epilepsia pode ter baixa autoestima, mesmo na ausência
de crises epiléptica.

«A presença de transtornos mentais associados a epilepsia é factor de pior


qualidade de vida, podendo ser considerada como item de maior influência na
qualidade de vida do que a própria caída por crise epiléptica. Estes
transtornos pioram a capacidade de adaptação profissional, reduzindo a taxa
de ocupação além de contribuírem para o risco de suicídio.»

(RODRIGUES, et al., 2007, p.345).

Os autores referem que as consequências resultantes da epilepsia tem mais influencia na


qualidade de vida em relação as crises epilépticas, pelo facto de interferirem na capacidade
de adaptação (funções cognitivas).

A qualidade de vida nos portadores de epilepsia é multifatorial, sofrendo influência de


diversas vertentes, desde as da doença em si até as de efeito/reação dos medicamentos, ou
seja, efeitos adversos dos fármacos, e isso interferem na atividade laboral e em outros
campos sociais.

13
1.3.1. Epilepsia e qualidade de vida no trabalho

A qualidade de vida no trabalho está vinculada na satisfação do indivíduo no ambiente de


trabalho e fora deste, situações como remuneração, relações interpessoais, e valorização do
influenciam a vida do trabalhador.

Entre os fatores que têm influenciado a vida do trabalhador, os mais importantes


dependem de cada um, da visão que tem com o certo e o erro, dos valores culturais, da
fase da vida em que se encontra, das expectativas com o futuro, das possibilidades, do
ambiente dos relacionamentos (MARQUES, 2013).

O trabalho é um bem para fins individuais em particular e coletivo em geral. A qualidade


de vida que o trabalho gera depende por um lado das competências e habilidades para
exercer a e, ou as atividades laborais e por outro do ambiente físico, do tipo de trabalho e
da relação entre os trabalhadores além da saúde que é um factor primordial.

«O local de trabalho não é apenas a instância onde se realiza a produção de


bens e serviços. É também um espaço pedagógico, as relações respeitosas,
bons hábitos e atitudes, cuidados primários para produzir bem estar na vida
privada, nas relações com a família e com a sociedade são aspectos que
proporcionam bem estar no trabalhador. Para o trabalhador a qualidade de
vida não é só a busca da garantia da não ocorrência de acidentes nas
instalações ou a procura de determinação das fontes de risco, mas é também a
atuação na prevenção através de ações que garantam a manutenção da mão
de obra já formada dentro dos quadros da organização.»

(FERNANDO, 2007, p.28)

Tendo em conta os aspectos objectivos e subjectivos, no nosso ver, a qualidade de vida de


pessoas portadoras de epilepsia no trabalho não apresenta indicadores como a satisfação e
auto realização. Essa ideia é apoiada na “teoria das necessidades, (MARCELO et al.
2008).
Mulheres portadoras de epilepsia têm maior probabilidade ao desemprego por não
admissão, e aposentação precoce por fatores de restrição a algumas atividades

14
profissionais assim como por estigma. Isso torna o paciente um peso para a família além
de contribuir para lacuna Terapêutica.

«Ao longo da história e desde os tempos de Hipocrates, a prática da


medicina em preservar a saúde e evitar o sofrimento está longe de efetivar.
Pois os adoencidos ou acidentados enfrentam dificuldades para manter
emprego. Os critérios de seleção exigem critérios diversificados contidos em
características sociais, culturais, religiosas, raciais, eticnicas e de gênero.
Para serem aceites e/ou permanecerem, seja na produção, seja no sector
administrativo, devem preencher requisitos e esses passam essencialmente
pelo corpo e mente. Se não possuem saúde são transformados em anormais
para atividades e vivem o sofrimento da rejeição e submetem-se a procura do
que lhes é imposto.»

(BARRETO, 2006, p.118)

2. INTERFERÊNCIA DA EPILEPSIA NO TRABALHO E NA


MATERNIDADE

A epilepsia tem impacto negativo no mercado do trabalho quer informal como formal
devido a sintomatologia que a caracteriza e o não conhecimento adequado sobre a doença.

A interferência da epilepsia no trabalho deve-se entre outras situações a imprevisibilidade


das crises, as limitações, as incapacidades que pode provocar, os efeitos dos medicamentos
como a sonolência na fase inicial da terapêutica. No mercado formal ela interfere desde o
número de faltas devido as e/ou consulta médicas, baixa produtividade relacionada a
limitações e a falta de formação naqueles casos que a pessoa tenha interrompido e/ ou
mesmo não a formação (SCHOR, 2005).

Dependendo do tipo de trabalho, o ambiente e dinâmica laboral são fatores que podem
desencadear crises epilépticas interferindo assim no exercício da função, já que as mesmas
parecem reflectir interação da pessoa com o seu meio LIPP ap. DAHL (1992).

Ter emprego é considerado como um aspecto de ajustamento psicossocial, que significa


ser capaz, isto é, ter competências intelectuais e capacidades físicas para exercer uma
determinada função.

15
De acordo com Fischer (2000, p.35) «O portador e a família mostram-se preocupados
com o receio de incapacidades resultantes das crises a nível acadêmico, laboral e no
relacionamento interpessoal».

Pela contribuição da mulher nas tarefas a ela confiadas, revela-se a participação dela como
responsável pelas principais atividades produtivas das pequenas propriedades.
A presença marcante da mulher nos a fazeres domésticos, tidas como algo absolutamente
reconhecida, o que comprova a dupla jornada de trabalho que esta desempenha durante a
vida reprodutiva e ativa. Verifica-se por exemplo, as providências para alimentação da
família, atividades relacionadas a higiene da residência e das vestes e no cuidado dos filhos
, embora neste último há com mais frequência a participação do homem (MORANDINI,
208).

«A vivencia da maternidade, seja ela planejada ou não sujeita a família uma


nova etapa. Nesta, ela encontra dificuldades para enfrentamento de novos
papeis, resultando uma dinâmica familiar que requer programas que visam
adaptação dessa família nas novas funções oportunizando desenvolvimento
saudável da criança e de todo sistema familiar.»

(METCHIONRI, 2010, p.72)

Isto implica, que a maternidade não só no contexto funcional, mas também no estrutural
obriga a novos desafios para o bem estar da família.

A profissão e o papel tradicional da mãe são dois elementos fundamentais na vida da


mulher, que inerentemente estão presentes principalmente na atualidade, onde o exercício
do trabalho profissional é para todos, desde que esteja na idade que a lei aprova.

«Cada vez é mais difícil conciliar tarefas profissionais com o projeto da


maternidade, a mulher sente uma pressão muito maior a partir do momento
em que é mãe, o que a encaminha frequentemente para o estado de
depressão”. Durante a idade produtiva e reprodutiva a mulher sente a
necessidade de investir numa carreira profissional e na maternidade.»

(MARQUES, 2001, p.77)

16
Portanto, a luta pelo trabalho e a preservação da identidade feminina sujeita à depressão na
mulher, e isso pior a sua qualidade de vida principalmente quando existe problema de saúde
e, não somente por ser portadora da doença em causa como também pela pressão sentida
quando são mães, id.

Em pessoas ou mulheres adultas bons relacionamentos (amistosa, familiares e ou


conjugais), acesso fácil aos bens de primeiras necessidades como saúde, educação,
alimentação, habitação e trabalho dá sentimento de satisfação.

«A mulher é bastante afetada sobre tudo devido ao seu aspecto maternal. A


permanência do espaço tradicional casa e maternidade não obtém o mesmo
nível de aceitação entre elas. Para muitas, no que se refere a atividade
laboral, a conciliação do trabalho desejado ao necessário indica uma
elevada aceitação laboral como parte constitutiva da vida da mulher. Essa
aceitação ocorre como mecanismo de afirmação social e económica, mas
também como atividade instrumental relacionada com o melhor nível de vida
da família.»

(SCALAN, 2005, p. 15)

Pela natureza materna que a identifica, tem um papel imprescindível, quer no seio familiar
quer na sociedade em geral. Pois a sua presença é tida como suporte fundamental da
família.

A partir do processo patológico à critérios terapêuticos, a epilepsia interfere na maternidade


desde a estrutura anatômica até a fisiologia, isto deve-se a caracteriscas próprias da mulher.
Tem impacto não só na produtividade, mas também na procriação devido a alterações
fisiológicas como: Na tensão pré-menstrual (TPM), no aumento do peso durante a gravidez,
no pré-parto e intraparto, pois são factres desencadeantes das crises epilépticas (SOUZA, et
al., 1999).

Independentemente da medicação pode haver um aumento na frequência de crises na


mulher por motivos acima mencionados.

Problemas ligados ao projeto de procriação, devido o uso de antiepilepticos interfere de


maneira significativa com os anticoncepcionais orais, no desenvolvimento do concepto,
17
somam-se ainda mudanças hormonais devido o ciclo menstrual que altera estado
emocional, vulneralizam a mulher portadora de epilepsia para as crises, Ibid.

A essas mulheres, o risco de restrição do crescimento intrauterino, más formações


congênitas que incluem anomalias craniofaciais e digitais e disfunção cognitiva são
aumentados.

3. EFEITOS DO USO DE DROGAS ANTIEPILEPTICAS NA


MATERNIDADE
Alterações metabólicas associadas ao uso de drogas antiepilepticas (DAE) comprometem o
projeto de procriação em mulheres com epilepsia (MORRELLA, 2003). Por outro Schmitej
(1999) refere que, além dos efeitos metabólicos, estão sub-risco de intoxicações agudas ou
crónicas, particularmente aquelas refratárias cujos pacientes são submetidos a regimes de
doses altas e ou politerapia.

Mulheres epilépticas apresentam menor número de filhos quando comparadas com não
epilépticas. Razões sociais como preconceito, baixa autoestima e redução na sexualidade
parecem ser os fatores mais importantes para justificar esses achados.

Disfunções sexuais como vaginismo, dispareunia (dor à relação sexual) e lubrificação


vaginal insuficiente são mais frequentes em mulheres epilépticas, associadas à diminuição
de androgênios gônadas. Observa-se também uma maior incidência de gestações não
planejadas em mulheres epilépticas jovens, solteiras e com menor escolaridade (COSTA,
2002).

3.1. Complicações

3.1.2. No planeamento familiar

O uso de anticoncepcionais não está associado à piora nas crises epilépticas, contudo
sua eficácia pode ser reduzida durante o tratamento da epilepsia, pois antiepilépticos
interferem de maneira significativa sobre a eficácia dos contraceptivos, especialmente

18
anticoncepcionais orais. A maioria das DAE é indutora do metabolismo hepático,
acelerando a eliminação dos anticoncepcionais.

Distúrbios menstruais, disfunção ovulatória e infertilidade são problemas comuns em


mulheres e homens com epilepsia e devem ser tratados. Mulheres com epilepsia devem
fazer escolha acerca dos métodos contraceptivos, pois certos fármacos como: Fenitoina,
carbamazepina, fenobarbital, primidona e topiramato induzem as enzimas hepáticas do
citocromo P450, levando ao aumento do metabolismo do estrogênio e da progestina
presentes nas pílulas contraceptivas orais. Isso aumenta o risco de gravidez inesperada
(DEMIAN, 1998).

Ainda no ver desta autora, como muitos fármacos antiepilepticos interferem também no
metabolismo do acido fólico, todas as mulheres que planejam engravidar devem receber
suplemento de ácido fólico, na dose 4 a 5 MG/dia.

«Os problemas incluem interação com anticoncepcionais orais, efeitos


teratogênicos potenciais no metabolismo da vitamina K nas gestantes.
Evidências epidemiológicas sugerem que os efeitos teratogênicos
produzidos pelos anticonvulsivantes estão associados as consequências
deletérias do insucesso dos anticoncepcionais, daí o risco aumentado de
malformações congênitas.»

(PACK, 2006, p.606)

Banhinschi e Weiner (2009), referem que a monoterapia está associada a índices baixos
de defeitos em comparação com a politerapia. Apesar de índice baixo, se necessário,
aumentar dosagem da monoterapia, é preferível adicionar outro agente.

Para Peruca (2005); Thomas et al., (2008,) quando isolada, a terapia com fenitoína,
carbamazepina, e provavelmente fenobarbital aumenta o índice de malformações de
duas a três vezes acima da linha de base. A lamotrigina tem também um risco similar.

19
Tabela 1 - Recomendações para o uso de drogas antiepilepticas na mulher em idade fértil.

1 Utilizar anticoncepcional com pelo menos 50 Mg de estrógeno

2 Combinar método de barreira

3 Discutir com a paciente os riscos da gestação para a mãe e o feto,


preferencialmente antes da gestação.

4 Uso rotineiro de 1 a 5 MG/dia v.o de acido fólico, preferencialmente antes da


gestação e 10 MG/dia v.o de vitamina K.

5 Tratamento preferencial sob monoterapia, em doses fracionadas para evitar picos


de dose. Não alterar o regime de tratamento durante a gestação

6 Não existe droga de escolha durante a gestação. Evitar politerapia reduz a


possibilidade de malformações fetais.

Amamentação
7 deve ser encorajada, exceto em casos de sonolência excessiva do neonato
ou sinais de irritabilidade, mais frequentes com fenobarbital e benzodiazepínicos.

8 Incentivar cooperação na família para propiciar um horário adequado de sono para


a mãe.

Fonte: COSTA (2002)

3.1.3 Na gravidez e no parto


Na gestação a problemática vai desde o aumento das crises no decorrer da gravidez e
durante o trabalho de parto, risco aumentado de cesarianas, hemorragia e depressão pós-
parto.

20
Devido o aumento progressivo do peso, há diminuição do nível da droga antiepileptica
que vai potencializar a recidiva de crise por insuficiência da dose, com possibilidade de
danos à gestação, por outro lado, essas drogas podem provocar malformações no concepto
(GONSALVES, 2008).

Gestantes com epilepsia têm maior probabilidade de complicações que não portadoras.
Observa-se com maior frequência descolamento prematuro de placenta, justificadas por
diminuição na contratilidade uterina e deficiência de vitamina K, indução do parto é
realizada em quatro vezes mais e cesarianas em até duas vezes comparadas com outras,
mas uma boa assistência médica pode prever melhor maternidade na portadora da
epilepsia. Embora que, muitas vezes a excessiva preocupação do médico assistente e
paciente, pode ser responsável pelas intervenções menos adequadas, ibid.

O primeiro passo a ser considerado em quanto portadora de epilepsia que toma fármacos
antiepilépticos, é manter o tratamento, fazer a monetarização do nível plasmáticos dos
fármacos regularmente e com isso descartar a necessidade da doze e o a droga a manter.
Se ocorrência de crises no intra e pós- parto administrar diazepan 10mg I.V em 2 minutos,
fenitoína 15-20 mg/ kg no caso de estado de mal epiléptico (FILHO et al., 2012).

Tabela II- Resumo dos riscos da gestação em mulheres epilépticas (COSTA, 2002)

Risco Complicações

25-33% Aumento na frequência de crises

2 a 3 vezes Risco de descolamento prematuro de placenta

15 - 25% Risco de sangramento vaginal

21
7% Risco de hemorragia neonatal sem reposição de vitamina K

10% Risco de dismorfismo facial

4- 6% Risco de malformações maiores

1 - 2% Risco de espinha bífida com valproato

0,5 - 1% Risco de espinha bífida com carbamazepina

Durante o puerpério, as exigências da amamentação podem aumentar a frequência de


crises devido a supressão do sono, possivelmente associado ao estresse da maternidade.

3.1.4. Na amamentação

O uso de fármacos para o controlo de crises costuma ser mantido durante a gestação e
puerpério. A decisão de amamentar ou não deve ser baseada em vários factores como a
vontade da mãe, número de fármacos em uso, condição clínica do neonato e perfil
farmacocinético das drogas com suas diferentes taxas de excreção no leite (tabela III). Na
maioria dos casos a amamentação deve ser encorajada. Dar de mamar sentada no chão
pode ser uma opção para mães com crises frequentes. A ocorrência de sinais adversos
como abalos, irritabilidade ou sonolência pode sugerir a interrupção da amamentação.

22
Tabela III - Taxas de excreção das DAE no leite humano

Valproato 5 - 10%

Fenitoína 30%

Fenobarbital 40%

Carbamazepina 45%

Primidona 60%

Etossuximida 90%

Fonte: (COSTA, 2002)

3. 2. Aconselhamentos pré-concepcional

Muitas medidas podem ser tomadas para se alcançar um desfecho favorável da gravidez
em mulheres com epilepsia e o ideal é que a intervenção comece antes da concepção. Se a
suspensão é impossível, deve-se tentar a monoterapia para reduzir o risco de más
formações fetais.

Um controlo adequado das crises epilépticas pode ser obtido fornecendo-se informações
claras e objetivas para a mulher, idealmente antes da concepção. A importância da
manutenção do uso correto da medicação e do horário do sono pode contribuir para que a
maioria das gestantes se mantenha bem controlada durante a gestação (SARAIVA, 2008).

A condução do tratamento de mulheres com epilepsia deve ser realizada com clareza,

23
instruindo a paciente sobre os riscos, salientando que mais de 90 % tem filhos saudáveis
Associar ácido fólico aos fármacos antiepilepiticos diminuiu os índices de malformação
em mulheres portadoras de epilepsia que tomam drogas antiepileptico (KJAER et al.,
2008).

4. ACTUAÇÃO DE ENFERMAGEM

A atuação de enfermagem engloba tanto conhecimento cientifico relecionado a epilepsia,


como o olhar no indivíduo como um todo, orientando o paciente e a família. A educação
da população que começa na família visa alterar o quadro discriminatório, estimular os
portadores para o autocuidado dentro das suas particularidades, aceitação do diagnóstico,
aderência a forma do tratamento adequado. CRUZ ap. FONSECA & PERRY (2007).

Para o paciente e a família, a enfermagem atua também esclarecendo aspectos clínicos da


doença em causa, cuidados durante a crise epiléptica, informar e orientar as mulher em
particular na idade procriativa, no planeamento familiar, na gestação e no puerpério sobre
os riscos associados a epilepsia e encorajar o sonho de maternidade (COSTA, 2002).

Um controlo adequado das crises epilépticas pode ser obtido fornecendo-se informações
claras e objetivas para a mulher, idealmente antes da concepção. A importância da
manutenção do uso correto da medicação e do horário do sono pode contribuir para que a
maioria das gestantes se mantenha bem controlada durante a gestação, Ibid.

Para Cruz (2007), os cuidados de enfermagem para estes pacientes e suas famílias são
extremamente importantes melhor qualidade de vida. Uma vez que a pessoa portadora de
epilepsia, fora da crise está bem, é necessário esclarecer todas dúvidas que possam ter,
possíveis sinais e sintomas que antecedem as crises e a respectivas condutas quer o
próprio paciente , quer a família.

Quando diante das crises ou se sinais de ocorrência das mesma é importante:

Evitar que a mesma se machuque, para isso meter deitada no chão ou no colchão fora da

24
cama, afastar objetos duros e pontiagudos, recipientes aberto com água, desapertar as
vestes, retirar fios e /ou pulseiras e brincos, não meter objetos, líquidos nem remédio na
boca.
Após a crise, a pessoa fica confusa e sonolenta. Deixa-a descansar.

Winterbotln et al., (2009) referem que o aconselhamento para o controlo, inclui melhor
acompanhamento na dosagem e toma dos fármacos favoráveis, preferivelmente a
monoterapia com fármacos menos teratogênicos ou pelo menos uma redução na dose.
Embora alguns especialistas recomendam que estes fármacos sejam limitados aos
anticonvulsivantes mais antigos e mais tradicionais como fenitoína, fenobarbital e
carbamazepina. Mas existem outros mais recentes que podem, na verdade ter menos
potencial teratogênicos.

5. ADAPTAÇÃO A DEPENDENCIA DE TERCEIROS

A experiência da adaptação é antecedida pela identificação e consequentemente à


aceitação. Total identificação como portador de epilepsia, pode ser tão sufocante, por isso
muitos evitam confirmar a identidade, principalmente nas esferas socialmente mais
importantes como: No começo de um trabalho, numa relação para fins de vida conjugal,
colegas de escola.

No ver de Rachel (1999) desindentificação de um aspecto da nossa personalidade nem


sempre é uma questão fácil de encarar.

Para Castro (1998) a adaptação, quer individual tanto familiar constitui um processo
complexo, pois exige da aquisição de competências no estilo de vida.

Aquando do diagnóstico, mais de metade refere medo, raiva ou depressão. Essas são as
principais reações. Tais comportamentos associam-se com frequência, à concepção das
dificuldades suscitadas pela sociedade aos indivíduos portadores da epilepsia por isso a
identificação para consequente adaptação torna-se difícil tornando-lhes dependentes de
terceiros por motivos das limitações. A epilepsia, faz com que portadores vivem na
dependência. Dependência essa que pode ser temporária ou permanente, sendo as
permanentes mais valorizadas e podem ser relativo a diversidade de necessidades como:
25
tratamento clínico ajuda de terceiros (FISHER, 2000).

«Independemente do prazo, a dependência nas doenças crónicas existe em


três vertentes: na medicamentosa , que refere-se a necessidade permanente
de recursos a medicação regular como a toma dos fármacos, pós sem a qual
a vítima não consegui ultrapassar as suas dificuldades em termos funcionais
nas situações de vida diária. A segunda é a referente a tratamento clínico
regular, também que corresponde a necessidade de recursos a cuidados de
saúde para evitar o retrocesso ou o agravamento das sequelas. Já na
terceira, trata-se de ajuda técnica na qual há necessidade permanente ou não
de recursos a tecnologia para prevenir, compensar, atenuar e neutralizar
danos do ponto de vista funcional.»

(DUARTE et al.,2008, p.18)

26
CAPÍTULO II-OPÇÕES METODOLÓGICAS DO
ESTUDO
2.1. MODO DE INVESTIGAÇÃO

2.1.1. Tipo de estudo e método


Foi realizado estudo do tipo descritivo, transversal prospectivo.Silva (2006) diz que
estudo descritivo transversal é o que descreve um fenómeno que decorre numa população,
comunidade ou instituição num determinado momento.

Método é o caminho e/ou conjunto de procedimentos para se chegar a um fim, (SPOSITO,


2004).

Vaz Freixo (2012, p.144) refere que «método qualitativo é o que estuda os acontecimentos
em situações reais, ou seja, integrados no terreno e os mesmos só podem compreender-se
se compreendermos a percepção e a interpretação feita pelas pessoas que nela
participam.»

«Método quantitativo constitui um processo sistemático de colheita de dados observáveis


e quantificáveis baseado na observação de factos objectivos, de acontecimentos e
fenômenos.»
(VAZ-FREIXO, 2011, p.144).

2.2. HIPOTESE DEDUTIVA

Hipótese- «é uma proposição afirmativa da confirmação do objecto que se pretende


conhecer, à realidade em que se insere, mas que está sujeito à demonstração por um
método no decurso de uma investigação» (ARAÚJO, 2009, p.33).

Hipótese dedutiva é aquela em que a partir de um facto se chega a uma conclusão válida.

«Hipótese indutiva é aquela que diz que se as primícias são verdadeiras, a conclusão é
provavelmente, verdadeira, mas não necessariamente verdadeira.» SALMON ap.
LAKASTOS (1983, p.55).
27
Para o nosso estudo foram formuladas as seguintes:

H1- A informação sobre a epilepsia está na base de qualidade de vida das mulheres
portadoras de epilepsia.

H2- O atendimento nos serviços de saúde é um factor importante na relação epilepsia


qualidade de vida.

2.3. VARIÁVEIS

Variável é uma qualidade, propriedade ou características de um objecto, pessoa ou


situação que é estudada numa investigação (FORTEN, 2003, p. 36 ). É também definida
como um símbolo que representa determinada característica de uma população (REIS,
2002, p.46).

Neste estudo foram consideradas variáveis sociodemográficas como idade, nível de


escolaridade, actividade laboral e satisfação, estado civil; variáveis obstétricas e clínicas,
conforme descritas nos objectivos específicos.

2.4. OBJECTO DE ESTUDO

2.4.1. População
A população foi constituída por mulheres adultas portadoras de Epilepsia, que foram
atendidas no Hospital Psiquiátrico de Luanda, no Segundo Semestre de 2014.
2.4.2. Amostra

A amostra foi constituída por 59 mulheres e utilizou-se amostragem probabilística, na qual


os elementos foram selecionados sistematicamente de acordo com a fração amostral.

2.4.3. Critérios de inclusão e exclusão

Foram incluídas todas as mulheres portadoras de Epilepsia atendidas no Hospital


Psiquiátrico de Luanda que se fizerem presentes durante o período de recolha de dados
com idade entre 17 e 61 anos, que aceitaram participar do estudo. Foram excluídas
mulheres portadoras da Epilepsia que não foram atendidas no referido Hospital, as que
28
não se fazerem presentes durante o período da recolha de dados e aquelas com menos de
18 e ou mais de 60 anos de idade.

2.4.4. Local do estudo

O estudo foi realizado no Hospital Psiquiátrico de Luanda, na província de Luanda, no


Município da Maianga no Segundo Semestre de 2014.

2.4.4.1. Caracterização da unidade de estudo

O Hospital é do 3º nível, de construção definitiva, está constituído por principais áreas que
são: Banco de urgência, enfermarias para internamento e duas estádias designadas “ala A
e B”, sendo A- para estadia de pacientes do sexo feminino e ala B- para estadia de
pacientes do sexo masculino. Cada ala contém enfermarias com um determinado número
de leitos, e a área administrativa.

2.5. INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO

A recolha de dados foi feita com base em grelha de entrevista, elaborada atempadamente e
estruturada com perguntas abertas e fechadas para o efeito.

2.6. PROCEDIMENTOS ÉTICOS

Foi endereçada uma carta à Direção Clínica do Hospital Psiquiátrico de Luanda, a fim de
autorizar a referida pesquisa; às inquiridas foi-lhes entregue o termo de consentimento
livre e esclarecido.

2.7. PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DOS DADOS

O processamento e tratamento de dados foram efetuados usando Programas Informáticos


do Microsoft Windws sevem (Word- para texto, Power point- para projecção da
apresentação dos resultados e Exel- para tabelas e gráficos), maquina calculadora manual.

29
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Em forma de tabelas, gráfico e textos foram apresentados os resultados e feitas às


discussões. As mesmas tiveram como base revisão bibliográfica e comentada em função
os aspectos mais importantes do tema.

Tabela nº 1: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico


de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, segundo idade e número de crises.

Grupo Etária N %
18 - 23 18 30.5
24 - 29 18 30.5
30 - 35 11 19
36 - 41 7 12
42 - 47 2 3
48 - 53 2 3
54 - 59 1 2
Total 59 100
Fonte: Relato das pacientes do Hospital Psiquiátrico Luanda 2014

Gráfico nº 1: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico


de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, segundo idade.

Fonte: Tabela nº1


30
Interpretação: Olhando para a tabela e o gráfico que acima que se apresentam,
verificamos que 18 mulheres que correspondem a 30,5% estão entre 18-23 anos de idade e
o mesmo número de mulheres com mesma percentagem têm idade compreendida entre
24-29 sendo as maiores percentagens desta variável; 1 mulher representando 2 % entre os
54 e 59 anos de idade, isto quer dizer que a amostra dos sujeitos é jovem.

Discussão: Segundo Kathia (1999), estudos mostram que a juventude é um fator preditor
de melhor prognóstico para doenças. Ao passo que Deborah refere que, até agora já foi
revelado o papel dos genes na epilepsia, sendo as de causas congênitas fatores de epilepsia
aparecem na juventude geralmente, em famílias com história de epilepsia.

Segundo Neri (2001, p.182) «ter baixo nível de escolaridade e piores condições de vida,
degrada a qualidade de vida da mulher aumentando a taxa de doenças psiquiátricas na
fase adulta e na meia idade.»

Tabela nº 2: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico


de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, segundo nível de escolaridade.

Nivel de escolaridade N %
Nunca entraram no sistema de ensino 9 15
Ensino primário 22 37
Primeiro ciclo 17 29
Segundo ciclo 8 14
Ensino superior 3 5
Total 59 100
Fonte: Relato das pacientes do Hospital Psiquiátrico de Luanda 2014

31
Gráfico nº 2: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico
de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, segundo nível de escolaridade.

Fonte: tabela nº 2

Interpretação: Obsevando dados da tabela 2 e o respectivo gráfico, vimos que 22


mulheres que corresponde a 37% têm ensino primário e apenas 3 mulheres
correspondendo a 5% fez o ensino superior, isto quer dizer que a maior porcentagem tem
baixo nível de escolaridade.

Discussão: A maior percentagem (37%) demonstra menor nível de escolaridade que de


forma direta ou indireta tem influência nos cuidados a ter com a saúde e ou doença o que
se reflete também na qualidade de vida. Pois para Nóbrega (2009), a baixa escolaridade é
tida pelo ministério da saúde como fator de risco. Ainda para o mesmo autor, o melhor
nível de escolaridade capacita o acesso à informação e a absorção da mesma.

32
Tabela nº 3: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico
de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, quanto a atividade diária e satisfação
.
Actividade diária Satisfação com a mesma
Sim Não Total %
Secretárias 2 0 2 3
Professores 0 5 5 8
Cabelereiras 2 2 4 7
Vendedoras 1 3 4 7
Domesticas 5 39 44 75
Total 10 49 59 100
% 17 83 100
Fonte: Relato das pacientes do Hospital Psiquiátrico de Luanda 2014

Gráfico nº 3: Distribuição das mulheres portadoras de epilepsia no Hospital Psiquiátrico


de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, quanto a atividade diária e satisfação.

Fonte: tabela nº3

Interpretação: Dos dados acima observados vimos que 10 mulheres correspondem a


(17%) tem satisfação com a atividade diária, ao passo que a 49, que representa a maior
33
percentagem (83%) não é satisfeita com a atividade diária, isto quer dizer que o trabalho
em si não é motivo de satisfação, mas sim o estado de saúde do trabalhador.

Discussão: Mário et al (2007) apontam que ainda hoje hà o rotulo social do portador de
epilepsia , considerando a doença contagiosa e incontrolável ou mesmo incurável. Por este
motivo o acesso ao emprego ou permanência é difícil, assim como a frequência na escola
e em outros ambientes considerados importantes.

De acordo a Academia Brasileira de Neurologia (2007) apesar dos recentes avanços


científicos e tecnológicos, portadores de epilepsia continuam sendo vítimas de
discriminação e só o paciente é o único que pode dizer o quanto sua vida é afetada e seu
grau de satisfação.

Tabela nº 4: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico


de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, de acordo a estado civil.

Estado civil N %
Casadas 13 22.1
Solteiras 46 77.9
Viúvas 0 0
Total 59 100
Fonte: Relato das pacientes do Hospital Psiquiátrico de Luanda 2014

34
Gráfico nº 4: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico
de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, de acordo a estado civil.

Fonte: tabela nº 4

Interpretação: Olhando para tabela e gráfico números 4 podemos dizer que 46 mulheres
representando 80% da amostra são solteiras e 13 correspondente 22.1% são casadas, isto
significa que há mais solteiras do que casadas nesta amostra, o que de certo modo
interfere na qualidade de vida dessa mulheres.

Discussão: Segundo Scheib & Abus (1992), indivíduos solteiros, com renda e nível de
escolaridade baixa têm um índice acentuado de transtornos de ansiedade social.

Tabela nº 5: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico


de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, em função a riscos associado à Epilepsia na
mulher.

Riscos associados à
epilepsia Sim Não Total
N % N % N %
Mais de três gestações 38 64 21 36 59 100
Fumam 1 2 58 98 59 100
Drogas ilícitas 0 0 59 100 59 100
Bebidas alcoólicas 6 10 53 90 59 100
Fonte: Relato das pacientes do Hospital Psiquiátrico de Luanda 2014
35
Gráfico nº 5: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico
de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, em função a risco associado à Epilepsia na
mulher.

Fonte: tabela nº5

Interpretação: Observando os dados apresentados na tabela nº5 e o respectivo gráfico,


referente ao número de gestações, vimos que 38 mulheres que corresponde a 64 % da
amostra já engravidou mais de três vezes e 21 com percentagem de 36% tem menos de 3
gestações, isto indica que a maior percentagem desta variável desta variável, tem mais
probabilidade para ocorrência de crises epilépticas.

No que se refere ao uso de cigarros, 58 mulheres que corresponde 98% não faz uso, isto
quer dizer que a maior percentagem está isento do tabagismo. Já para drogas ilícitas a
tabela e o seu respectivo gráfico mostram-nos que as 59 (100%) das mulheres que
constituem a amostra não faz uso de drogas ilícitas, o que indica ausência total destas
drogas na amostra.

Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas 53 mulheres que corresponde 90% não


consome bebidas alcoólicas e 6 mulheres equivalente a 10% consomem bebidas
alcoólicas. Isto quer dizer que a maior percentagem da amostra não tem hábitos
36
alcoólicos.

Discussão: Para Pimentel & Cabral, (2011) o agravamento da Epilepsia durante a gravidez deve-
se a vários fatores como: alterações hormonais, má adesão ao tratamento por medo que o
antiepiléptico prejudique o feto, vómitos, alterações do sono e da concentração do antiepiléptico
no plasma. Apesar destes fatores, elas devem ser encorajadas a realizarem o sonho de ser mãe, a
partir das consultas de neurologia, de pré-concepção e no pré-natal esclarecendo-lhes todas as
questões e mitos que elas possam ter.

O alcoolismo é tido como doença crónica, caracterizada pela tendência de consumir mais do que
devia e só, também pela incapacidade de abster-se do álcool.

Segundo Ball (1998) problemas como alcoolismo e uso de drogas estão relacionados à
incidência muito maior da epilepsia.

Tabela nº 6: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico


de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, em função a percepção sobre o tratamento dado
por indivíduos que as rodeiam.

Percepção sobre tratamento dado por indivíduos que as rodeiam N %


Boa 12 20
Mais ou menos 21 36
Má 26 44
Total 59 100

Fonte: Relato dos pacientes do Hospital Psiquiátrico de Luanda 2014

37
Gráfico nº 6: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico
de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, em função a percepção sobre o tratamento
recebido das pessoas as lhes rodeiam.

Fonte: tabela nº6

Interpretação: Observando a tabela e o gráfico nº 6, concluímos que 26 mulheres que


corresponde a 44% não têm boa percepção sobre o tratamento dado por indivíduos que as
rodeiam e 12 equivalente 20% têm boa percepção do tratamento dado por indivíduos que
as rodeiam. Isto quer dizer que a maior percentagem da amostra não tem boa percepção do
tratamento que lhes é dado no meio onde vivem e convive o que não lhes oferece bom
estado emocional.

Discussão: Para Simões et al,( 2003); Diener, (2000) existe uma relação entre as variáveis
sociodemograficas como: gênero, educação, rendimento, estado civil e o grau de bem-
estar subjetivo experimentado pelos indivíduos. É por isso que a tendência para sentir
felicidade existe em todas as idades, em ambos os sexos e em todas as culturas, daí que a
avaliação da satisfação com vida é uma dimensão afetiva que remete para as reações
emocionais, sejam elas positivas ou negativas.

No ver de Dahl (1992, p.144) « crises epilépticas parecem refletir a interação da pessoa
com seu meio».
38
Tabela- nº 7: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico
de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, em função a frequência de crises epilépticas.

Frequência das crises epilépticas N %


Uma crise por ano 22 37
Mais de uma crise por ano 36 61
Nenhuma crise ao ano 1 2
59 100
Fonte: Relato dos pacientes do Hospital Provincial Luanda, 2014

Gráfico nº 7: Distribuição das mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital Psiquiátrico


de Luanda no IIº Trimestre do Ano 2014, em função a frequência de crises epilépticas.

Fonte: tabela nº7

Interpretação de dados: Olhando para a tabela e o gráfico acima, observamos que 36


mulheres correspondendo 61% da amostra têm mais de uma crise epiléptica em um ano, e
22 mulheres representando 37% da amostra tem uma crise por ano e somente 1
equivalente a 2% não tem crise em um ano. Isto significa que a maior percentagem tem
mais crises em um ano, o que não é satisfatório clinicamente.

Discussão: A presença de crises epiléptica é sinal da própria doença, mas a sua frequência
39
pode ser controlada. Para Growers (2001) o desaparecimento das crises é um evento muito
raro, pois cada crise facilita o aparecimento da outra, uma vez que já teve mais de uma
crise, a remissão pode ser temporária ou permanente.

De acordo o “Programa do Controlo da Epilepsia”, entre 20-40% de portadores de


Epilepsia ficam um ano sem ter crise epiléptica e 10-20% têm uma a duas crises por ano.
Na maioria dos casos as crises são controladas com medicamentos sub orientação médica
em unidade de saúde da rede publica. Para isso é necessário, porém um sistema
organizado.

Com base na literatura ultimamente consultada motivou-nos de forma intencional criar


uma tabela que relacionasse o número de crises com a idade, conforme descrevemos
abaixo.

40
Tabela nº 8: Distribuição das Mulheres portadoras de Epilepsia no Hospital
Psiquiatrico de Luanda no IIº Trimestre do ano 2014, segundo a idade e o númro de
crises por ano.

Frequência de crises por ano

Idade

Nenhu
Uma Mais de uma ma
N % N % N % Tot
A 1 2 3 5.o8 0 0 4 7
B 1 2 1 2 0 0 2 4
C 0 0 3 5.08 0 3 5
D 0 0 2 3.38 0 0 2 3
E 2 3 4 7 0 0 6 10
F 1 2 3 5.08 0 0 4 7
G 4 7 2 3 0 0 6 10
H 2 3 2 3 0 0 4 6
I 0 0 3 5.08 0 0 3 5
J 2 3 0 0 0 0 2 3
L 2 3 1 2 0 0 3 5
M 0 0 2 3 0 0 2 3
N 1 2 3 5.08 0 0 4 7
O 0 0 1 2 0 0 1 2
P 1 2 3 5.08 0 0 4 7
Q 0 0 2 3.38 0 0 2 3
R 1 2 0 0 0 0 1 2
S 1 2 0 0 0 0 1 2
T 1 2 0 0 0 0 1 2
U 0 0 1 2 0 0 1 2
V 1 2 0 0 0 0 1 2
X 1 2 0 0 0 0 1 2
Z 0 0 0 0 1 2 1 2
10
Total 22 39 36 59 1 2 59 0

Fonte: Relato dos pacientes do Hospital Psiquiátrico Luanda, 2014

41
Legenda: A= 18 anos; B=19; C=20; D= 21; E=22; F=24; G=25; H=27; I=28; J=31;
L=32;

M=33; N=34; O=35; P=37; Q=38; R= 39; S=44; T=46; U=49; V=51; X=54; Z=57.

Interpretação: Olhando para a tabela número 8, observamos que os indivíduos com 18,
20, 22,24, 28 e 37 anos de idade têm mais de uma crise epiléptica em um ano sendo os de
22 anos com maior percentagem que é 4 (7%) e os 18, 20, 24, 28 e 37 com igual
percentagem, isto é 3 (5.o8%).

Discussão: Entre 20-40% de portadores de Epilepsia ficam um ano sem ter crise
epiléptica e 10-20% têm uma a duas crises por ano. Na maioria dos casos as crises são
controladas com medicamentos sub orientação médica em unidade de saúde da rede
publica. Para isso é necessário, porém um sistema de saúde organizado, (Programa do
Controlo da Epilepsia, 2005).

42
CONCLUSÕES

Depois do estudo observamos que mulheres portadoras de epilepsia são maioritariamente


jovens, com baixo nível de escolaridade, isto é, formação mínima ensino de base. No que
diz repeito a atividade diária e satisfação, 49 (83%) não têm satisfação e 10 (17%) sentem-
se satisfeitas com as atividades diárias. Em relação ao estado civil 46 (77.9%) são solteiras
sendo a maior representatividade e 13 (21%) casadas. Quanto aos risco associados à
Epilepsia encontramos: 38 mulheres (64%) com mais de três gestações e 21(36%) com
menos de três gestações; em relação a hábitos tabágicos 58(98%) não fuma e 1 (2%)
fuma; já para drogas ilícitas 59 (100%) da amostra não faz uso de drogas ilícitas, em
relação a bebidas alcoólicas 6 mulheres (10%) consomem e 53 (90%) não consomem
bebidas alcoólicas. Referente a percepção sobre o tratamento recebido pelas pessoas que
lhes rodeiam- 26 mulheres (44%) dizem receber mau tratamento ao passo que 12(20%)
relatam bom tratamento.

Em relação a frequência das crises epilépticas Por ano a maior percentagem 36 (61%) tem
mais de uma crise em um ano e 1 mulher (2%) não tem crise em um ano.

Baseando-se nos dados acima concluiu-se que, o baixo nível de escolaridade, o difícil
acesso aos serviços de saúde, influencia na ocorrência de crises epilépticas resultando uma
má qualidade de vida da maior parte dessas mulheres devido a relação que existe entre a
formação e informação no gerenciamento do processo saúde/ doença e integração na
sociedade de pessoas com Epilepsia.

Além de aspectos relacionados ao desemprego, dependência entre outros, descobri


também que em Angola – Luanda a população está mal informada sobre o tratamento da
doença e desconhece os riscos maternos associados a epilepsia.

43
CONSIDERAÇÕES

Sendo assunto que interfere a saúde nos três domínios (física, mental e social), constitui
um sério problema de Saúde Pública principalmente nos países em via de
desenvolvimento dos quais Angola faz parte. Com base nos resultados obtidos da pesquisa
consideramos que:

Se criem programas informativos sobre Epilepsia. Os mesmo que tenham acesso nas
principais redes de comunicação social, nas escolas e serviços de saúde para portadores de
epilepsia incluindo nestes, serviços de saúde materna que visam melhor informações sobre
viver com epilepsia.

Os profissionais de saúde façam encaminhamento devido dos pacientes que chegam,


principalmente nos bancos de urgências dos hospitais ou centros de saúde, com história de
crises epilépticas convulsivas ou não e com episódios anteriores.

Haja palestras nas consultas de pré-natal para informar sobre os de riscos da epilepsia e do
tratamento na mulher na idade fértil.

Haja mais serviços de Neurologia nos principais Hospitais a nível Nacional.

44
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