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ESAMC

SANTOS

FERNANDA DE PAULA SOUZA


ÍTALO CAUAN MUNIZ DE SANTANA
NATÁLIA DE OLIVEIRA SIMONETTI
RAQUEL DA SILVA DIAS

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

SANTOS
2020
FERNANDA DE PAULA SOUZA
ÍTALO CAUAN MUNIZ DE SANTANA
NATÁLIA DE OLIVEIRA SIMONETTI
RAQUEL DA SILVA DIAS

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES


Estudo de Caso para uma Residência Rural do Município de Itanhaém

Trabalho de aplicação para a disciplina de


Projeto de Graduação Esamc (PGE) do
curso de Engenharia Química.
Professor orientador: Alessandro
Borraschi Ferreira.

SANTOS
2020
RESUMO

O direito aos serviços de esgotamento sanitário é assegurado pelo princípio da


dignidade humana, e é um fator determinante de saúde pública e desenvolvimento
social para o país. Mas ainda hoje, o Brasil possui uma grande deficiência no setor,
e um dos maiores desafios é atender as áreas rurais, que carecem de investimentos
em infraestrutura e informação. Esta precariedade expõe a população a diferentes
níveis de poluição e acarreta problemas de proporções ilimitadas, alinhada também
as soluções inadequadas. Mediante esta premissa de promoção de qualidade de
vida e integridade ambiental, este trabalho tem como objetivo principal explorar o
déficit sanitário pelo encargo de um projeto que vise uma alternativa sustentável de
disposição e tratamento de esgoto, para complementar o sistema de esgotamento
sanitário nas comunidades rurais, tomando como referência uma área de estudo na
chamada Amazônia Paulista, o município de Itanhaém. Buscou-se entender os
aspectos, a situação e os impactos de esgotamento no perímetro regional inserido,
através de um levantamento de dados e uma coleta em campo sobre os métodos
utilizados pelas residências rurais atualmente, e nisto constatou-se que a maioria
dessas medidas podem contribuir para a contaminação do solo e corpos hídricos da
região, pelo principal instrumento de disposição ser a fossa negra e pela área de
adoção não estar em conformidade com os requisitos estabelecidos pelo Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural. Com esta vertente diagnosticou-se a necessidade
e urgência em substituir este método e se alinhar a um dimensionamento estratégico
sustentável que propicie na valorização ambiental e numa relação de custo x
benefício maior.

Palavras-chave: Esgotamento Sanitário. Área rural. Fossa negra. Alternativas


sustentáveis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema Ilustrativo do SES........................................................................14


Figura 2: Sistema Antrópicos da Região Metropolitana da Baixada Santista............17
Figura 3: Mapa de Cobertura de Coleta e Tratamento de Esgotamento Sanitário da
RBMS..........................................................................................................................19
Figura 4: Município de Itanhaém.................................................................................22
Figura 5: Rios formadores do Rio Itanhaém e interfaces com os municípios vizinhos
.....................................................................................................................................24
Figura 6: Mapa das unidades de Conservação Existentes em Itanhaém..................25
Figura 7: Abairramento e estimativa populacional de Itanhaém...............................26
Figura 8: Mapa do percentual de domicílios ligados à rede coletora de esgoto ou
pluvial..........................................................................................................................28
Figura 9: Esgoto a céu aberto com a formação de valas...........................................31
Figura 10: Localização da área de estudo..................................................................32
Figura 11: Esquema Ilustrativo Lodo Ativado.............................................................36
Figura 12: Esquema Ilustrativo do funcionamento de um Tanque Séptico................37
Figura 13: Desenho esquemático do Reator Aneróbio...............................................38
Figura 14: Sistema esquemático do processo de tratamento de efluentes com filtro
biológico......................................................................................................................38
Figura 15: Sistema MBBR...........................................................................................39
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: População e Território da RMBS................................................................18


Tabela 2:Classificação anual das praias litorâneas- n° de praias por categoria........21

LISTA DE GRÁFICO

Gráfico 1: Índice de atendimento do município...........................................................29


Gráfico 2: Sistema de esgotamento adotado..............................................................34
Gráfico 3: Levantamento de informações...................................................................34
Gráfico 4: Interesse em alternativas sustentáveis......................................................35
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABNT Associação Brasileira de Normas técnicas


ANA Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
APP Área de Preservação Permanente
CETESB Companhia Estadual do Estado de São Paulo
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
ETE Estação de Tratamento de Efluentes
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICTEM Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto do Município
NBR Norma Brasileira
PLANSAB Plano Nacional de Saneamento Básico
RMBS Região Metropolitana da Baixada Santista
SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de dados
SES Sistema de Esgotamento Sanitário
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................16
1.1 METODOLOGIA................................................................................................10
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO.............................................................................11
2. ESGOTAMENTO SANITÁRIO...............................................................................12
2.1 SES - SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO......................................................13
3. PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO................................................15
4. PANORAMA REGIONAL DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO...............................17
4.1. RMBS - REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA.....................17
4.1.1 Cenário de esgotamento sanitário da Baixada Santista.............................18
4.2 MUNICÍPIO DE ITANHAÉM..............................................................................22
4.2.1 Caracterização do município.......................................................................22
4.2.2 Bacias Hidrográficas....................................................................................23
4.2.3 Distribuição do território...............................................................................24
4.2.4 Panorama do cenário de esgotamento sanitário do município...................27
5. ESTUDO DE CASO................................................................................................32
5.1 PESQUISA DE CAMPO....................................................................................33
6. TRATAMENTO DE EFLUENTES...........................................................................36
7. DIAGNÓSTICO.......................................................................................................40
8. REFERÊNCIAS.......................................................................................................42
ANEXO A - SISTEMA DE DISPOSIÇÃO DE ESGOTO...........................................46
INTRODUÇÃO

O saneamento básico é um conjunto de serviços essenciais de extrema


relevância para o desenvolvimento do país, pois ele reflete nas condições de
melhorias de qualidade de vida para a população como também possui grande
influência na preservação do meio ambiente e na promoção da saúde pública.

Embora, seja assegurado pela Constituição Federal de 1988 e previsto pela


Lei n°11.445/2007, os índices do setor mostram que com a desigualdade social,
combinada à demanda populacional e os déficits de investimentos em infraestrutura,
a situação no país está cada vez mais precária e distante de se atingir um nível de
universalização.

Em particular, destaca-se os serviços de esgotamento sanitário que possui


uma cobertura mais deficiente do que o acesso ao abastecimento de água, pelo
qual, de acordo com as estimativas atuais do Sistema Nacional de Informações
sobre saneamento (2018), 100 milhões de brasileiros não tem acesso a uma rede de
coleta de esgoto e, em média, diariamente 5,5 mil toneladas de esgoto são
dispostas inadequadamente. Essa carência de suporte formal a uma rede de coleta
e tratamento de esgoto implica, majoritariamente, com a falta de um sistema de
esgotamento ou pelas soluções de origem individual, em razão da formação de
esgotos clandestinos, pelo que esses refletem diretamente na qualidade das águas
pela contaminação dos corpos hídricos, relevo e com o risco de proliferação de
epidemias e infecções patogênicas.

Os investimentos públicos de implementação e infraestrutura do sistema de


esgotamento sanitário contemplam, em sua maioria, o núcleo urbano e, sendo a
situação nesta malha falha, há uma complexidade ainda maior nas áreas rurais, que
carecem de um modelo de gestão e programas que atendam suas necessidades de
saneamento. Esta disparidade afeta todo a área regional e não só a comunidade
rural, pois expõem todo o meio público a poluição hídrica pelo potencial de
veiculação.Os métodos individuais adotados atualmente, giram em torno de
alternativas de baixo custo, como a fossa negra, que funciona como um canal
permeável de disposição de esgoto, no entanto, esta alternativa é vista, do ponto
qualitativo, como um dos principais inimigos do meio ambiente por proporcionar mais
9

danos do que benefícios, em vista de outros métodos.

Diante desta problemática, o Plano de Saneamento Sanitário Nacional surgiu


com a discussão envolvendo vários órgãos, em decorrência da Lei nº 11.445, de 5
de janeiro de 2007, prevendo a universalização dos serviços, com programas de
saneamento integrado e estruturados que visam a sustentabilidade sob a visão
territorial e populacional, e as metas intermediárias mais recentes para a
infraestrutura estão previstas até 2033. Então, foi estabelecido como condicionante
para o recebimento de recursos para esta finalidade, a confecção do Plano de
Saneamento Municipal.

Mas Carlos Édson, do Instituto Trata Brasil, ao descrever sobre o panorama


do saneamento rural afirma que mesmo que as metas de universalização previstas
pelo Plano de Saneamento sejam cumpridas, o índice de coleta de esgoto nas áreas
rurais chegaria no máximo a 62%, o que enfatiza que a cobertura na área rural não
está prevista em um futuro longo.

E, partindo da premissa do encargo de efetivação ao direito de condições


dignas de saneamento para zonas rurais, este trabalho tem como objetivo explorar
uma alternativa sustentável de esgotamento, que vise em proporcionar um sistema
individual de disposição e tratamento adequado para o efluente desses domicílios,
de forma a agregar em bem-estar e valor ambiental.

A escolha do tema deu-se em decorrência da crescente demanda por


soluções que envolvem o desenvolvimento urbano, alinhado ao meio ambiente,
sendo este definido pela Lei 6.938/81 como “o conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”. Podemos afirmar que qualquer quadro que
destoe do acima citado, pode causar desequilíbrio em todo um ecossistema pois a
Política Ambiental rege que:

POLUIÇÃO - A degradação da qualidade ambiental, resultante de


atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e
10

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões


ambientais estabelecidos.1

Desta maneira o grupo visou a busca por alternativas aos métodos utilizados,
unindo seus conhecidos prévios aos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso
superior. Com isto, procurou-se concentrar no déficit de saneamento básico de uma
das regiões litorâneas do Estado de São Paulo, mais conhecida pelas atividades de
veraneio, o município de Itanhaém, que apesar de estar inserido dentro do perímetro
regional de uma das cidades modelo no quadro de universalização dos serviços de
coleta de esgoto, possui índices escassos.

O principal questionamento se deu pela carência do serviço e em como as


soluções inadequadas podem afetar os corpos hídricos da região, o que se torna um
aglomerante capaz de inibir a qualidade das atividades econômicas predominantes e
ainda contaminar cursos d’águas em nível estado.

1.1 METODOLOGIA

Para desenvolvimento do presente trabalho, foi utilizada uma abordagem


qualitativa através da iniciação de um estudo de caso. Os instrumentos de estudo
foram aplicados envolvendo pesquisas literárias, levantamento de dados em
canais oficiais, coleta de informação em meios de veiculação, análise documental
e pesquisa de campo. A metodologia se constituiu em 3 etapas:

 A primeira etapa baseou-se em pesquisas literárias por publicações


científicas da área de esgotamento sanitário e a coleta de dados e estatísticas
oficiais em panoramas e rankings dos principais institutos que lideram o setor;

 A segunda etapa foi formada pelas análises documentais que se enfocou nos
relatórios das bacias hidrográficas, no plano executivo e municipal de
Itanhaém e nas regências de monitoramento de qualidade das águas e
recursos hídricos da CETESB;

 E a terceira etapa o estudo de caso que foi sugerido e apresentado


concentrando-se em uma área de estudo, de modo a diagnosticar e avaliar os
aspectos da região, no que envolve também entrevistas com moradores
1
BRASIL: Lei n° 6.938/81 “Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.”
11

sobre os métodos de disposição e no interesse em se apoiar a sistemas


sustentáveis.

1.2 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

Este projeto está estruturado em oito capítulos, por sua vez, o primeiro está
sendo apresentado neste momento, com uma breve contextualização sobre as
problemáticas que levaram a escolha do tema, assim como os objetivos do estudo.

O segundo, concentra-se em trazer o conceito previsto por lei sobre


esgotamento sanitário, a quem se compete a responsabilidade em assegurar o
serviço e no que se dispõe um sistema de esgotamento sanitário.

O terceiro capítulo aborda uma visão geral do plano nacional de saneamento


básico, destacando dados da situação no país em zona urbana e rural. O quarto
capítulo localiza a região metropolitana e o município ao qual está inserido o objeto
de estudo, ressaltando os aspectos característicos da área e um panorama da
situação de saneamento como também a enfatização dos pontos críticos.

No quinto, determina-se a área de estudo, de modo a avaliar os custos x


benefícios do atual dimensionamento adotado pela residência, além de uma
pesquisa de campo com moradores , para entender a demanda e o interesse em
alternativas sustentáveis. No sexto ressalta-se os principais métodos de tratamento
de efluentes domésticos .

O sétimo capítulo apresenta um diagnóstico total do problema, com a abertura


do objetivo deste projeto em trazer uma alternativa de tratamento sustentável e, por
fim no oitavo apresenta-se as referências aplicadas para o desenvolvimento deste
presente trabalho.
12

2. ESGOTAMENTO SANITÁRIO

De acordo com o artigo 3°, inciso I, alínea b da lei 11.445/2007 que dispõe
das diretrizes nacionais para o saneamento básico, o esgotamento sanitário pode
ser definido como:

Art. 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:


I - Saneamento básico: conjunto de serviços públicos, infraestruturas e
instalações operacionais de:
b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades e pela
disponibilização e manutenção de infraestruturas e instalações
operacionais necessárias à coleta, ao transporte, ao tratamento e às
disposições finais adequadas dos esgotos sanitários, desde as ligações
prediais até sua destinação final para produção de água de reuso ou seu
lançamento de forma adequada no meio ambiente.2

Com base no texto expresso pela lei, entende-se que o esgotamento sanitário
é um serviço de interesse coletivo essencial que envolve um sistema dotado de
atividades para a coleta, transporte, tratamento e disposição final do esgoto
sanitário.

O esgoto sanitário, segundo a norma brasileira NBR 9648 (ABNT,1986) é


definido como “o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água
de infiltração e a contribuição pluvial parasitária", e levando-se em conta que este
estudo tem como objetivo explorar um sistema de esgotamento para nível de
efluentes domésticos, a mesma norma expressa o esgoto doméstico como” despejo
líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades fisiológicas
humanas”.

Quanto a responsabilidade do fornecimento deste serviço para a população,


como cita o artigo 30 da Constituição Federal, “é de competência municipal a
prestação direta ou mediante concessão ou permissão, dos serviços de saneamento
básico, que são de interesse local, entre os quais o de coleta, tratamento e
disposição final de esgotos sanitários”.

Em outras palavras, o fornecimento de infraestrutura básica para a coleta,


transporte, tratamento e destinação adequada para os esgotos domésticos, tange na

2
BRASIL: Lei n° 11.445/07. Dispõe sobre diretrizes nacionais para saneamento básico.
Redação incluída pela Lei nº 14.026, de 2020
13

responsabilidade sob a ordem pública a fornecer ou criar meios para que haja a
disponibilidade deste serviço essencial.

2.1 SES - SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

O sistema de esgoto sanitário (SES) é um conjunto de instalações hidráulicas


que asseguram o transporte das águas residuárias (esgoto doméstico) para as
estações de tratamento de efluentes e posteriormente para o corpo d’água,
enquadrado legalmente para disposição.

Sua principal finalidade é propiciar condições adequadas de infraestrutura


básica para a população e contribuir também para a preservação do meio ambiente
pela qualidade das águas, fauna e flora dos corpos hídricos, de modo que sua
aplicabilidade tem um importante papel no setor sanitário para a minimização dos
riscos de disseminação de doenças por veiculação hídrica.

Tsutiya e Sobrinho (2011, p.6), classifica o sistema de esgotamento pela


união de várias partes que estão ligadas entre si, no qual fornecem uma distribuição
eficiente para o processo de coleta, transporte e tratamento do esgoto doméstico:

a) Rede coletora: Conjunto de canalizações destinadas a receber e


conduzir os esgotos dos edifícios; o sistema de esgoto predial se liga
diretamente à rede coletora por uma tubulação chamada coletor
predial;
b) Interceptor: canalização que recebe coletores ao longo de seu
comprimento, não recebendo ligações prediais diretas;
c) Emissário: canalização destinada a conduzir os esgotos a um
destino conveniente (estação de tratamento e/ou lançamento) sem
receber contribuições em marcha;
d) Corpo de água receptor: corpo de água onde são lançados os
esgotos;
e) Estação elevatória: conjunto de instalações destinadas a transferir
os esgotos de uma cota mais baixa para outra mais alta;
f) Estação de tratamento: conjunto de instalações destinadas à
depuração dos esgotos, antes de seu lançamento.3

As redes de coleta de esgoto desempenham um papel fundamental no plano


setorial de saneamento, pelo que as empresas conveniadas e licenciadas pelo
estado e município são responsáveis pelo fornecimento deste serviço as
residências, comércios e indústrias (figura 1).

3
Tsutiya e Sobrinho, Coleta e Tratamento de Esgoto Sanitário ,2011, p.6
14

Figura 1: Esquema Ilustrativo do SES

Fonte: SABESP

A rede coletora, geralmente, é dimensionada por tubulações que,


instaladas ao lado de córregos, recebem os esgotos dos diversos pontos da
cidade, proveniente do escoamento de outra tubulação que está conectada às
casas, comércios e indústrias, e esses efluentes, ao chegarem, passam por uma
série de etapas de tratamento para serem dispostos adequadamente nas fontes
de lançamento.
15

3. PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO

O Saneamento Rural é um dos componentes do Plano Nacional de


Saneamento Básico (Plansab), sob coordenação do Ministério das Cidades por
determinação da Lei de Saneamento Básico (Lei 11.445/2007). O Plansab detém o
papel de estruturador e orientador de esforços para atender às demandas de
abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e de
águas pluviais.

Porém o déficit no saneamento do país é classificado como um problema de


saúde pública, afetando também o meio ambiente, a economia e questões sociais.
Por ser uma estrutura de suma importância para a população, deveria possuir mais
investimento, porém é o setor mais atrasado na infraestrutura brasileira.

De acordo com o último estudo sobre o setor, realizado pelo Sistema Nacional
de Informações sobre Saneamento (SNIS) e publicado em janeiro de 2017, com
dados referentes a 2015, as informações sobre o abastecimento de água e esgoto
são preocupantes, pois quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água
tratada, 52% da população não possui coleta de esgoto e apenas 46% do esgoto é
tratado. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram
que, 1.935 dos 5.570 municípios brasileiros, ou 34,7% do total, ainda assentam
epidemias ou endemias associadas à falta ou à deficiência de saneamento básico,
causando doenças que assolam a população por todo o país, em torno 289 mil
internados por diarreia e doenças provenientes em 2017 (IBGE), sendo 50% dos
casos crianças de 0 a 5 anos.

Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),


ainda que abrigue pouco mais de 15% da população brasileira, é nas áreas rurais
que se concentram quase metade das pessoas “extremamente pobres” no país
(46,7%), tornando o problema ainda mais complexo, pois poucos possuem
informações sobre os indicadores de água e esgoto.

O acesso ao saneamento básico pode salvar vidas. Se hoje, cerca de sete


crianças morrem a cada dia no País em consequência de diarreia, esse cenário
pode ser claramente alterado com investimentos no saneamento básico.
16

Para reverter à situação, segundo o Plansab, os municípios brasileiros devem


cumprir as metas de universalização dos serviços à população até 2033. No entanto,
mantido o ritmo atual de investimentos, parcela significativa da população
permanecerá, em 2050, sem água encanada e coleta e tratamento de esgoto.
17

4. PANORAMA REGIONAL DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

4.1. RMBS - REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA

De acordo com o MapCarta “ a Baixada Santista é uma região litorânea do


Estado de São Paulo localizada a sudeste da Serra do Mar formada por planícies,
mangues, ilhas e estuários”. A figura abaixo, mostra a distribuição antrópica da
região.
Figura 2: Sistema Antrópicos da Região Metropolitana da Baixada Santista

Autor: GIGLIOTTI, MS., and OLIVEIRA, RC (2015)

Integra-se a Região Metropolitana da Baixada Santista, nove municípios que


estão divididos, consoante ao Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista
(CBH-BS), em polos de linha central, sul e norte:
18

 O polo Central é composto pelos municípios de Santos, São Vicente,


Guarujá, Cubatão e Praia Grande onde se concentra o complexo portuário, a
base industrial, a maior parte do setor terciário da região e da distribuição
demográfica da região.

 O polo Sul é constituído por Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, que são


municípios que possuem vínculos econômicos e culturais com o Vale do
Ribeira e estão mais próximo da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

 E o polo Norte é a área de Bertioga, que possui ligação histórica com Santos
e Guarujá, mas hoje, está mais articulada ao Litoral Norte e a RMSP.

As características gerais territoriais e populacionais atuais estão descritas na


tabela abaixo:

Tabela 1: População e Território da RMBS

Balancete geral da Região Metropolitana da Baixada Santista - 2020


Área Territorial 2.4228,74 Km2
População de habitantes 1.831.884
Grau de Urbanização (%) 99,83%
Grau de Ruralidade (%) 0,17%
Fonte: Adaptado pelo grupo pelos dados da
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (2020)

Quanto ao desenvolvimento econômico, a predominância do setor


terciário nesta região é atrelada ao turismo de veraneio. No entanto,
destacam-se também as atividades ligadas ao setor petrolífero, com a
perspectiva de exploração na camada do pré-sal no Campo de Santos,
além da atividade portuária no complexo do porto de Santos. São
também expressivas as atividades do polo industrial de Cubatão, e
construção civil, bem como as atividades de comércio e prestação de
serviços. Mas ao sul da região, atividades de agricultura. 4

No geral as regiões sul e norte se caracterizam mais pela atividade turística


balneária tornando-se relevante na produção de domicílios para veraneio, o que de
acordo com Lenimar Rios (2019) “gera um desequilíbrio entre a oferta e a demanda
por serviços de saneamento básico, que tem como agravante o caráter sazonal do
setor”.

CBH-BS: Relatório de Situação dos Recursos Hídricos da Baixada Santista 2019.


4

Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. Baixada


Santista,2019
19

4.1.1 Cenário de esgotamento sanitário da Baixada Santista

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP)


desde 1975 é a prestadora responsável pelos serviços de abastecimento de água
e coleta de esgoto na Baixada Santista, e ao longo dos anos tem investido no
acesso ao serviço de esgotamento com redes coletoras, estações de bombeamento
e sistemas de tratamento que recebem os esgotos domésticos e os dispõe nos
canais de lançamento dentro dos parâmetros do CONAMA, a fim de contribuir para a
despoluição dos rios e praias da região, porém, a cobertura de esgotamento regional
ainda é considerada deficiente, principalmente em relação ao índice de esgoto
tratado.

Basicamente, o sistema de disposição do esgoto doméstico na RMBS está


organizado em duas maneiras (figura 3), no qual: os esgotos provenientes de Praia
Grande, Santos, São Vicente e Guarujá são destinados a Estações de Pré-
condicionamento (EPC) e dispostos por emissários submarinos, enquanto, os dos
municípios de Bertioga, Cubatão, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe são
encaminhados as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) do tipo lodos ativados e
depois lançados nos corpos d’águas autorizados.

Figura 3: Mapa de Cobertura de Coleta e Tratamento de Esgotamento Sanitário da


RBMS

Fonte: AGEM-PMDE, 2014


20

Em nota, segundo o relatório de 2019 do Comitê da Bacia Hidrográfica da


Baixada Santista a situação pode ser classificada como “regular”, pois de todo o
esgoto gerado na região apenas 80% é coletado (nas áreas formais) e tratado, mas
o Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da População Urbana do município
(ICTEM) e de eficiência deste sistema de esgotamento são classificados como
“ruim".

O indicador ICTEM (Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da


População Urbana de Município) leva em conta a coleta, o afastamento
e o tratamento de esgotos em cada município, além do atendimento à
legislação quanto à eficiência de remoção (superior a 80% da carga
orgânica) e aos padrões de qualidade do corpo receptor. A eficiência
de remoção do sistema de tratamento tem um peso bem maior do que
os demais elementos. 5

A causa disto está ligada ao dimensionamento do tratamento e disposição


dos esgotos no polo central, que desde 2008 o tratamento dos emissários
submarinos é considerado nulo pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
(CETESB), além de que o cálculo da carga poluidora remanescente é bastante
elevado, embora todo o esgoto coletado na rede pública seja destinado às Estações
de Tratamento de Esgotos (ETE) ou EPC. (CBH-BS,2019)

O painel de saneamento dos municípios do Brasil do Instituto Trata Brasil,


mostrou que o maior índice de coleta e tratamento de esgoto se concentra no
município de Santos com 99% de cobertura do serviço classificado como “bom”, pelo
que também é considerada uma cidade destaque na universalização do
fornecimento de água tratada, coleta e tratamento de esgoto, enquanto o pior índice
situa-se em Itanhaém com 48%, sendo que em 2009 apresentava um índice de 9%.
Contudo a própria companhia tem investido em programas para a ampliação do
sistema de esgotamento na Baixada Santista, e com o Programa Onda Limpa
espera-se que 95% do perímetro urbano tenha o serviço de coleta e tratamento de
esgoto nos próximos anos.

A eficiência geral e a falta da universalização do acesso ao sistema de


esgotamento podem ser explicadas pelo crescimento de residências em áreas
irregulares e/ou locais isolados onde não seja possível a instalação da infraestrutura

CBH-BS: Relatório de Situação dos Recursos Hídricos da Baixada Santista 2019.


5

Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. Baixada


Santista,2019
21

da companhia de saneamento ou das conexões de parte das redes existentes aos


coletores do SES, além dos problemas de regularização fundiária e invasão.

Pimentel ao escrever para o Diário Oficial sobre o panorama atual santista


afirma que “O saneamento na Baixada Santista é deficiente...somando a população
de Praia Grande, Guarujá e São Vicente, existem ainda quase 300 mil pessoas sem
acesso à coleta de esgoto”.

No entanto, a situação se intensifica quando em busca de sanar essa


ausência de infraestrutura, os próprios moradores se apropriam de meios de solução
individual com conexões clandestinas nos canais de drenagem da região,
transformando as praias, rios e mangues em fonte de lançamento dos esgotos, o
que reflete diretamente na qualidade das águas das praias (torna-se um agravante
para o setor terciário), que de acordo com o Relatório de Qualidade das Praias
litorâneas de 2019 da CETESB , em cada município há no mínimo uma classificada
como “ruim” e diversas delas com pontos impróprios para uso nas atividades
balneária.

A tabela abaixo mostra a evolução das classificações da CETESB (2007-


2018) para as praias da região:

Tabela 2:Classificação anual das praias litorâneas- n° de praias por categoria

Fonte: CETESB, via CRHi – Coordenaria de Recursos Hidrícos,


Secretaria de Saneamento e Recursos Hidrícos (SSRH), 2018

De acordo com o Comitê da Bacia hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS


2019) “atualmente a maioria das praias da Baixada Santista apresentam resultados
de balneabilidade classificados entre regular e ótimo e isto pode ser explicado
devido ao aumento da coleta de esgoto doméstico nesses últimos anos que pode
ter refletido na melhoria da balneabilidade das praias da região, entretanto sabe-se
que outros fatores também influenciam na balneabilidade, como por exemplo o
índice de pluviosidade nos dias anteriores ao monitoramento, assim como o
22

problema de contaminação microbiológica na rede de drenagem urbana afluentes às


praias, mesmo em áreas urbanas com ampla cobertura de esgoto”.

Mas um agravante maior que influencia no panorama de esgotamento da


região, é a gestão municipal combinada a falta de investimentos em obras
continuadas de saneamento e implantação de redes coletoras de esgoto na malha
urbana dos municípios de menor crescimento demográfico, isto é, os do polo sul e
norte.

4.2 MUNICÍPIO DE ITANHAÉM

4.2.1 Caracterização do município

Itanhaém é um dos municípios mais antigos do Brasil, e está situado no polo


Sul da Região Metropolitana da Baixada Santista.

A região que possui uma área territorial de 600 km 2 é caracterizada pelo


Plano Diretor de Macrodrenagem da Estância Balneária de Itanhaém (FCTH, 2001)
por elementos que correspondem a Província Geomorfológica, definida como
Província Costeira, ou seja, é uma área drenada diretamente para o mar (figura 4)
sob o rebordo do Planalto Atlântico que origina uma região serrana, que nas áreas
mais próximas do mar cede lugar a uma sequência de planícies de variadas origens.

Figura 4: Município de Itanhaém

Fonte: Google Maps (2020)


23

Essas planícies se aglomeram desde as praias até as encostas da Serra do


Mar e são entrecortadas por morros isolados com baixa elevação, levemente
íngremes e também por uma bacia de rios com manguezais em algumas regiões
periféricas destes rios.

O município de Itanhaém está inserido em uma região de domínio da


Mata Atlântica, sendo que 81,84% de sua área são recobertos por
vegetação natural, incluindo floresta ombrófila densa, manguezais e
extensos ecossistemas associados de restinga que se estendem entre
a área urbanizada e a Serra do Mar. 6

O relevo de Itanhaém, a partir da borda do Planalto Atlântico, tem cotas que


chegam a ultrapassar 800 m e declividades superiores a 30%. Na planície litorânea,
as cotas topográficas oscilam, em média, entre 200 m e 10 m e as declividades
entre 20 e 30%. A faixa dos relevos aplainados de planícies atinge cerca de 16 km
na região de Itanhaém. (Plano Municipal de Saneamento - SUPLEMENTO
INTEGRANTE DO BOLETIM OFICIAL DO MUNICÍPIO DE ITANHAÉM - Nº 203,
[2010])

Ainda, de acordo com a prefeitura de Itanhaém, a mata atlântica ocupa uma


área de 300 km2 onde concentra-se toda a flora e fauna das reservas de conservas
da região e uma bacia hidrográfica de cerca de 912 km de rios.

4.2.2 Bacias Hidrográficas

O principal curso d’água que banha o município é o Rio Itanhaém, que é


considerado a segunda maior costeira de estado de São Paulo e também é
autodenominada como a Amazônia Paulista, por causa dos gradientes de flora e
fauna local que se tornam um distintivo de atração turística.

O Rio Itanhaém é formado por contribuintes que nascem em municípios


vizinhos, como São Paulo (Capivari), São Vicente (Branco), Mongaguá (Aguapeú),
Juquitiba e Peruíbe (Preto). O Rio Mambu nasce dentro dos limites do município de
Itanhaém. O Rio do Poço escoa suas águas em direção ao Rio Itanhaém, enquanto
os rios Paraná Mirim e Piaçaguera, diretamente ao Oceano. A outra parcela da área

6
Resumo Executivo de Itanhaém APUD Resolução SMA Nº 07
24

urbanizada drena suas águas diretamente ao Rio Itanhaém e é denominada porção


interna ou continental. O complexo do sistema de drenagem desta porção abrange
as bacias que se iniciam no alto da Serra do Mar e descem a vertente da serra,
através dos Rios Itariru, Mambu e Capivari, formadores dos rios Preto e Branco.
Estes cursos d’água são formadores do Rio Itanhaém, que deságua no mar em
pleno centro da cidade. (Plano Municipal de Saneamento - SUPLEMENTO
INTEGRANTE DO BOLETIM OFICIAL DO MUNICÍPIO DE ITANHAÉM - Nº 203,
[2010]). A figura abaixo mostra essa integração:

Figura 5: Rios formadores do Rio Itanhaém e interfaces com os municípios vizinhos

Fonte: Adaptado pelo Plano Diretor de Macrodrenagem, 2001

Além disto, a foz deste rio é responsável por receber afluentes dos rios que se
estendem pela cidade, como o Rio Guapurá, Ribeirão Cabuçú, Rio Negro Morto, Rio
Volta Deixada, Rio Campininha e Rio do Poço.

E ainda, de acordo com o Plano Diretor de Macrodrenagem, as bacias que


contornam a malha urbana são consideradas implícitas em razão da planície
litorânea impedirem a identificação de divisores de águas naturais, mas as bacias
rurais concentram-se ao redor dos rios Preto, Branco, Aguapéu e Mambu, que após
alcançarem a foz do Rio Itanhaém, desaguam no Oceano Atlântico.
25

4.2.3 Distribuição do território

A gestão territorial é constituída pela margem de duas zonas:

Zona rural – localizada nas regiões mais internas do continente,


abrangendo bacias que se iniciam no alto da Serra do Mar e descem a
vertente da serra através dos grandes cursos d’água que cortam a
região
Zona urbana – região mais próxima à orla, de ocupação urbana
consolidada e em expansão, na qual o relevo, praticamente plano,
pouco influi no escoamento das águas da chuva.7

Nesta gestão predomina-se uma forte vertente que caracteriza o município


por delimitação, pois apesar de a área possuir a maior extensão territorial dentre os
municípios da Baixada Santista, grande parte de seu território permanece não
ocupado por causa da predominância das áreas de conservação.

Abriga-se nas áreas de conservações o Parque Estadual da Serra do Mar,


APA Marinha Litoral Centro e áreas de Relevante Interesse ecológico (Ilha
Queimada Pequena e Ilha Grande e uma Terra Indígena Guaruni Mbya Rio Branco.
A figura abaixo mostra a distribuição das unidades de conservação:

Figura 6: Mapa das unidades de Conservação Existentes em Itanhaém

Fonte: Plano Executivo de Itanhaém via Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), 2011; Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011; FUNAI 2011.

Levando em consideração aos limites da área urbana, a ocupação da região,


segundo o Resumo Executivo de Itanhaém, “ocorre de forma intensiva por toda a
7
Prefeitura Municipal de Itanhaém. Plano Municipal de Saneamento. [2010]
26

mancha urbana do município, que está inserido dentro de um modelo que induz o
aproveitamento máximo das margens de córregos, canais e rios por avenidas e
moradias. ”

Da Área de Preservação Permanente (APP) cerca de 5,74 km 2 das margens


do rio já foram ocupadas pela urbanização, representando um nível de 98,91% do
total geral das áreas urbanizadas em APP, o que traduz ao município e ao país uma
série de agravantes, principalmente quanto ao monitoramento e controle ambiental
dessas áreas, e em relação a influência da expansão urbana inadequada, o que
exige ações de intervenção como a construção de parque lineares.

Basicamente, o município está organizado segundo o artigo 7º do Plano


Diretor em “zona urbana, zona de expansão urbana e zona rural” que estão
organizadas em 45 bairros loteados e a população total, segundo o Perfil dos
Municípios Paulistas - SEADE (2020), está estimada em 98.757hab,
subclassificados dentro dos limites com 99,25% de urbanização e 0,75% de
ruralidade, em uma densidade demográfica de 164,13 hab/km 2.

Figura 7: Abairramento e estimativa populacional de Itanhaém

Fonte: Atlas Ambiental de Itanhaém, 2012.

A população urbana ao longo dos anos sempre foi expressivamente superior a


população rural, em 2010 o Censo de pesquisas para amostra de domicílios, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrava que existiam 266 domicílios
em situação domiciliar rural com uma população total de 815 pessoas enquanto
27

27.962 imóveis em situação urbana distribuídos para uma população de 86.245


pessoas, sendo que devido à atividade turística possuir forte presença no setor
socioeconômico do município, a maior parcela de domicílios pertence à classe de
recenseados seguido dos particulares não ocupados para uso ocasional.

4.2.4 Panorama do cenário de esgotamento sanitário do município

Itanhaém é o município da Baixada Santista que historicamente sempre


possuiu o cenário mais deficiente no quadro de esgotamento sanitário.

O último IBGE- CENSO (2010) descrevia que em 2009 o sistema possuía


uma capacidade pequena com 216,9 km de rede coletora e 3.680 de ligações totais,
constituindo-se de rede coletora, elevatórios e duas unidades de tratamento, sendo
uma restrita a um conjunto habitacional, e o esgoto era transportado através de
cerca de 7km de emissários e 1 elevatória final.

A cobertura do atendimento em coleta de esgoto neste período tinha um


percentual de 9% , o que mostra que a região tinha um alto déficit no fornecimento
do serviço, sendo que de 28,249 domicílios, apenas 24,1% dispunham de banheiros
conectados à rede coletora de esgoto ou de águas pluviais e 57,3% utilizavam de
soluções individuais, como a fossa séptica. Mas o maior problema se fundia nas
áreas de assentamento precário, e nas zonas com irregularidades de ocupação,
onde a disposição final centrava-se em mangues, praias e nos rios da região. A
figura abaixo mostra a distribuição espacial dos domicílios ligados a rede coletora de
esgoto:
28

Figura 8: Mapa do percentual de domicílios ligados à rede coletora de esgoto ou


pluvial

Fonte: Instituto Pólis

Conforme mostra figura acima, pode-se observar que havia uma maior
abrangência deste serviço nos bairros próximos ao centro da cidade onde situa-se a
maior parte dos empreendimentos verticais, porém a maior parte da malha urbana
possuía um baixo índice no atendimento, inclusive nas áreas com domicílios
ocasionais.

Mas com o investimento em projetos de saneamento, o relatório do Plano


Municipal de Saneamento Integrado de Itanhaém estimava-se que o índice de
cobertura em 2012 alcançaria 50%, posteriormente 80% em 2015.

No geral, levando em consideração aos dados censitários ressalta-se que a


região estava longe de cumprir as metas do plano municipal em propiciar condições
para a universalização do serviço pois carecia sobretudo de investimentos para a
ampliação do sistema e principalmente de projetos de regularização de moradias.

Todavia em 2013, o Atlas Esgotos da Agência Nacional de Águas


apresentava o panorama abaixo:
29

Gráfico 1: Índice de atendimento do município

Fonte: Atlas de Esgoto,2013

Como tange os dados acima, o sistema atendia menos de 40% dos


domicílios, o que além de apresentar mais uma vez um déficit pode-se constatar que
em 4 anos houve um aumento significativo no quadro, no entanto, a preocupação
ainda se estendia nas margens sob as soluções individuais e com os domicílios
ausentes totais de um acesso:

Aspectos ainda preocupantes na operação do serviço de esgotos


referem-se a: ações que assegurem a universalização do atendimento,
através de estratégias visando à adesão em áreas cobertas, mas com
dificuldade de conexão; ações de caça-esgoto, referentes a
lançamentos indevidos de esgotos na drenagem pluvial em
logradouros com a rede à disposição; ações de detecção de
lançamento de água pluvial na rede coletora. 8

A disposição inadequada é um dos fatores críticos do panorama, pois sem um


canal adequado os efluentes são dispostos nas ruas, mangues, rios e praias, sendo
que os moradores vivendo com uma fossa dentro do imóvel se expõem ao risco de
despejo do material, o que pode contaminar o lençol freático e assim contribuir com
agravantes ambientais e sanitários para poluição biológica e química do solo e das
águas. Além de que, os domicílios totalmente carentes de qualquer componente do
sistema se condicionam a viverem sob uma realidade alarmante por esgoto a céu
aberto.

No anexo I é mostrado o dimensionamento do sistema existente com os


dados correspondentes ao ano de 2016 e, analisando o esquema apresentado, o
principal canal de disposição dos efluentes sem coleta e tratamento e de soluções
8
Prefeitura Municipal de Itanhaém.Plano Municipal de Saneamento. [2010]
30

individuais localiza-se ao longo de três corpos hídricos: Rio Itanhaém, Rio Castro e
Rio Bicudo, enquanto a parcela de efluentes que recebem a cobertura do sistema de
esgotamento está distribuída em 12,7% que são encaminhados para ETE
GUAPIRANGA e 17,5% para a ETE ANCHIETA e ambos são dispostos no
enquadramento do Rio Itanhaém (Classe 2).

Conforme Camargo e Cancian (2016) os rios que sofrem com o despejo de


esgoto urbano não tratado (principalmente Guaú e Campininha – originados de
canais de mangue) possuem suas águas com baixos valores de oxigênio dissolvido,
que fluem para o estuário da região além de que a influência dessas águas limita o
crescimento de espécies aquáticas.

E a zona rural, todavia, além de carecer com a cobertura de um sistema de


esgotamento, por questões de oferta x demanda e desafios sobrepostos a
localização ermo, carecem ainda dos serviços de drenagem, limpeza urbana e
coleta e disposição dos resíduos, contudo a preocupação é intrinsecamente maior,
pois a disposição inadequada acarreta consequências mais diretas no relevo e corpo
hídrico da região.

Com os estudos recentes do Instituto Trata Brasil, Itanhaém se manteve com


o pior índice de coleta de esgoto da região com 48% de cobertura do serviço, sendo
que os esgotos gerados por áreas irregulares continuam sendo despejados sem
nenhum tratamento em lugares inapropriados.

A realidade deficiente se constata quando os munícipes, após buscarem a


Prefeitura e o Poder Legislativo, recorrem aos meios de comunicação para exporem
as condições de saneamento nas quais estão inseridos, como ocorreu em 2018 com
a delação sobre os vazamentos de esgoto na praia de Suarão e, mais recentemente,
em 2019, com denúncias de esgoto a céu aberto em um dos bairros mais populosos
da cidade, o Oásis, como mostra figura abaixo:
31

Figura 9: Esgoto a céu aberto com a formação de valas

Fonte: A Tribuna (2019)

Mau cheiro, inundações e disseminação de doenças são as principais causas


que motivam a população a buscar respostas por esses meios, e em resposta, como
cita A Tribuna “...a Prefeitura de Itanhaém informou que a responsabilidade pelo
saneamento básico, ou seja, ligação de esgoto, é da Sabesp ...”, mas a companhia
afirma que “... é impedida por lei de implantar o sistema de saneamento em áreas
invadidas com ocupações irregulares...”, e que “...o planejamento de obras para a
coleta dos esgotos depende da administração municipal realizar a devida
regularização fundiária...”.

Em outras palavras, há uma vertente e uma série de impasses que


necessitam ser superados para que o município consiga universalizar o
abastecimento de coleta e tratamento de esgoto para a população, mas espera-se
que a Sabesp consiga atingir a sua meta de até 2030 ampliar em até 100% a rede
coletora de esgoto com o Programa Onda Limpa.

No entanto, este é um planejamento um tanto utópico, se levarmos em


consideração a análise dos dados apresentados e as estatística do própio Plansab,
pois o n° estimado x n° real real do quadro ao longo dos anos do serviço sempre
esteve longe do nível esperado: de 2012 para 2015 esperava-se que a cobertura
prevista de 50% fosse ampliada para 80%, no entanto em 2013 o atendimento
ainda era de 30% o que mostra que com o aumento populacional mensura-se que
este número seja cada vez menor do esperado.
32

5. ESTUDO DE CASO

Buscando explorar a deficiência em saneamento de esgoto nas comunidades


isoladas o objeto deste estudo se concentrará em uma zona rural .O assentamento
da área de estudo se localiza no bairro Vila Loty e está inserido nas seguintes
coordenadas geográficas: 24°06'41.0” S, 46°44'01.3"W e -24.111393, -46.733704,
conforme representado pela figura abaixo:

Figura 10: Localização da área de estudo

Fonte: Google Maps (2020)

A residência se localiza no Norte da Vila Loty e o acesso se dá pela estrada


do Raminho que é confluente a Estrada Municipal de Itanhaém.

A área é caracterizada por uma cobertura vegetal entre restinga e mata


atlântica, e é contornada por um lago que circunda os terrenos da região, sendo que
a residência é próxima a um açude, no qual em períodos de cheias ou chuvas a
água do lago escoa e acumula-se neste ponto, além de que a bacia hidrográfica do
Rio Aguapeú corta parte da área localizada.

A disponibilidade dos serviços públicos na cobertura de saneamento nesta


zona é precária, e tratando-se de uma área pouco povoada a instalação de uma
rede coletora de esgoto se torna pouco viável quando comparado aos custos de
implantação, e por sua vez, isto leva os moradores a se propiciarem de soluções
estratégicas para sanar as deficiências. A solução individual mais utilizada como
33

modelo de esgotamento sanitário é a fossa negra/rudimentar, como é o caso da


residência mencionada.

A fossa negra consiste em um buraco escavado diretamente no terreno para


acondicionar o esgoto. Os dejetos sem qualquer tipo de tratamento quando entram
em contato com o solo, se infiltram na terra e contaminam o solo, o lençol freático,
as águas subterrâneas e os poços, proporcionando a veiculação de doenças por
excretas humanas. Além disso é considerada uma estratégia precária de
esgotamento pois não segue nenhum protocolo técnico adequado de segurança e
nem ao menos um revestimento interno seguro.

E ainda, de acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)


este método não é recomendado, mas caso utilizado, as fossas não devem ser
instaladas próximas a mananciais e devem ser esvaziadas e submetidas a
tratamentos periodicamente.

Em outras palavras, se levarmos em conta a área e todo o aspecto da região


pode-se observar uma série de agravantes que levantam diversas questões
ambientais que se sobressaem quanto aos custos x benefícios sanitários dessa
alternativa, pois o dimensionamento, manuseio e principalmente a atividade da fossa
acarretam várias desvantagens ao meio ambiente e a saúde em nível público.

5.1 PESQUISA DE CAMPO

Para entender melhor a opinião do público-alvo, foi coletado algumas


informações sob a ótica geral deste estudo, em complementar o quadro de SES com
métodos alternativos que visem no aumento da relação de custo x benefício.

Mediante isto, foram selecionados 8 moradores ao entorno do perímetro da


Estrada do Raminho, e essa parcela foi formada por população fixa e flutuante,
sendo que grande parte das localidades são para uso de veraneio.

As perguntas indagadas foram:

 Qual o método de esgotamento sanitário adotado pela residência?

 Você conhece o funcionamento do sistema e o canal de disposição dos


efluentes?
34

 Conhece os impactos ambientais de um sistema inadequado de esgoto?

 O método atual atende totalmente as necessidades do domicílio promovendo


bem-estar?

Os resultados obtidos foram:

Gráfico 2: Sistema de esgotamento adotado

SISTEMA ADOTADO
4.5
4
3.5
3
Residência

2.5
2
1.5
1
0.5
0
Fossa Negra Fossa séptica Outro

Fonte: Elaborado por Alunos, Excel (2020)

Gráfico 3: Levantamento de informações

COLETA DE INFORMAÇÃO
6
4
2
Residentes

0
a l r
em ta ta
st ien es
si b m
do am e Be
to to d
en en ão
cim ec
im oç
he h o m
n n Pr
Co Co

Fonte: Elaborado por Alunos via Excel (2020)

 O modelo adotado pela maioria das residências foi a fossa negra, e o


principal fator foi o sistema já ter sido instalado antes da aquisição do imóvel
além também, do baixo custo.
35

 Uma grande parcela conhecia o funcionamento do sistema de esgoto, mas


quando questionado sobre o canal de disposição houve uma convergência
significativa, pois alguns apontava o rio, praias e outros o solo.

 Quando questionado sobre os impactos ambientais, as respostas foram


parciais, a população flutuante tinha conhecimento, enquanto grande parte da
fixa não. E muitos se mostraram interessados quanto a contaminação do solo
e suas consequências no meio público.

 Os munícipes que fazem uso da fossa negra levantaram uma lacuna quanto
ao odor do canal e quanto a periodicidade de limpeza e manutenção.

Com a apuração das respostas observou-se uma preocupação fundamentada


mais no custo do que na qualidade ambiental, e por falta de suporte a necessidade
gira apenas em torno de uma correção pontual.

Mas quando proposto a exploração de métodos sustentáveis alinhado em


uma relação de custo x benefício uma grande parte se mostrou interessada na ideia
de um sistema eficiente para a disposição, que gere valor ao efluente com a
possibilidade de reaproveitamento, como mostra resultados obtidos em gráfico:

Gráfico 4: Interesse em alternativas sustentáveis

Proposta sustentável

Conhecem
métodos
40% sustentáveis
Substituiria o
método atual
60%

Fonte: Elaborado por alunos via Excel,2020


36

6. TRATAMENTO DE EFLUENTES

Os efluentes são resíduos líquidos das várias formas de utilização da água


em residências ou indústrias. Os efluentes domésticos são formados da mistura da
água com materiais sólidos suspensos ou sólidos dissolvidos, matéria orgânica,
gordura e organismos patogênicos como bactérias, vírus, parasitas e protozoários,
como também nutrientes como o nitrogênio e fósforo.

Os sistemas do tratamento de esgoto doméstico mais utilizados são, lodos


ativados, tanques sépticos, reator anaeróbio, filtros biológicos e MBBR:

Lodos ativados

O lodo ativado são microrganismos formados por bactérias, fungos, algas e


protozoários gerados da matéria orgânica presente no esgoto e na presença de
oxigênio dissolvido. Para o tratamento, o esgoto afluente é direcionado a um tanque
para ser aerado. Com isso, a matéria orgânica que está no afluente é consumida
pelos microrganismos aeróbios que compõem o lodo. Logo depois, o efluente é
direcionado ao decantador, onde é feita a separação da parte sólida e do esgoto
tratado.

Figura 11: Esquema Ilustrativo Lodo Ativado

Fonte: Portal Tratamento de Água,2019


37

Tanques sépticos

No tratamento por tanque séptico, os sólidos sedimentáveis decantam e


formam uma camada de lodo no fundo do tanque, este lodo sofre decomposição
anaeróbica e se transforma em compostos como metano, gás sulfídrico, e gás
carbônico. Os materiais menos densos flutuam no tanque e formam uma camada de
escuma. O esgoto tratado dos objetos sedimentáveis e flutuantes flui entre as
camadas de lodo e escuma, deixando o tanque séptico.

Figura 12: Esquema Ilustrativo do funcionamento de um Tanque Séptico

Fonte: Ribeiro,2016

Reator anaeróbio

Dentro do reator, o efluente entra pela parte inferior em fluxo ascendente,


passando através de um leito de lodo denso. Os sólidos dentro do reator possuem
grande variação, desde muito densos no fundo chamado leito de lodo. Até um lodo
mais leve acima do leito, chamado manta de lodo. A matéria orgânica é estabilizada
em todas as zonas de reação por degradação através de processos anaeróbios,
sendo a mistura promovida pelo fluxo ascensional de líquido e do gás gerado pela
decomposição. Em seguida é encaminhado para um dispositivo de separação que
evita o fluxo ascendente de carregar partículas que se desgarram da manta de lodo
para fora do sistema, retornando para a câmara de digestão. O resíduo deixará o
reator pela parte sobrenadante de um decantador interno na parte superior do reator
e o gás sairá pelo topo.
38

Figura 13: Desenho esquemático do Reator Aneróbio

Fonte: Jairo Afonso, 2013

Filtro biológico
Neste método de tratamento, o efluente é tratado biologicamente por
organismos aeróbios que aderem a um meio suporte inerte. A entrada do esgoto
ocorre pela superfície do filtro biológico e escoam, em sentido descendente, entre os
espaços vazios existentes no meio suporte. Com essa trajetória, os esgotos entram
em contato com a biomassa aderida (biofilme), fazendo com que a parcela solúvel
da matéria orgânica seja decomposta aerobiamente. É necessário um tratamento
primário de decantação, e após o filtro, o efluente passará pela decantação
secundária para a remoção de sólidos remanescentes.

Figura 14: Sistema esquemático do processo de tratamento de efluentes com filtro


biológico

Fonte: Consultoria e Produtos Hidrossanitários


39

MBBR
O tratamento pelo processo de MBBR (Moving bed biofilm reactor) ocorre por
meio da inclusão de pequenas peças de plástico de baixa densidade dentro de um
tanque de aeração. Essas peças servem como meio de suporte para os organismos
aeróbios grudarem (biofilme) e são mantidas em constante circulação e mistura por
agitadores mecanizados ou pela aeração para que tenha elevada mobilidade e, com
isso, exposição e contato entre o substrato nas águas residuais afluentes e a
biomassa nos transportadores. Na saída do tanque, é necessária uma peneira para
evitar que as peças de plástico escapem do tanque.

Figura 15: Sistema MBBR

Fonte: Ucelo do Brasil


40

7. DIAGNÓSTICO

Diante dos cenários apresentados constata-se que existe uma certa


necessidade em se aplicar programas e ações estratégicas no setor de esgotamento
pela margem dos indicativos que mostram que o município estudado possui uma
grande defasagem de demanda x oferta. As principais vertentes diretas que
explicam parcialmente isto é a precariedade em investimentos e obras continuadas
de infraestrutura, problemas na gestão integrada de regularização de moradias,
atrelada a fiscalização fundiária nas APP´s, além de que se instala uma influência
ainda maior quando se trata dos impactos que essa deficiência culmina em nível de
saúde pública, meio ambiente, economia e sociedade.

O principal tópico a ser questionado são as tomadas de decisões individuais,


arcaicas ou amadoras, que acarretam na poluição das bacias hidrográficas da
região, que pode levar a eutrofização dos rios, alteração da qualidade das praias e a
poluição dos mangues pela veiculação de microrganismos e bactérias que resultam
no aumento do consumo de oxigênio, e em razão de contribuírem com a deposição
dos materiais origina um lodo anaeróbico nas regiões costeiras, além de que a
diminuição do teor de oxigênio pode afetar a vida dos peixes e crustáceos.

Outro fator é a proliferação de doenças pela veiculação da poluição e pela


presença de metais pesados nos efluentes, que uma vez acumulado nos animais,
quando consumidos causam uma série de disfunções no sistema nervoso e
imunológico das pessoas, no entanto, se no geral houvesse projetos que
assegurassem suporte as áreas deficientes pela promoção de informação e
conscientização da população, quanto aos métodos de despejo, o quadro tenderia a
ser diferente.

Nisto, quando identificado o quadro de saneamento e os aspectos da região


ao relativo impacto, diagnosticou-se uma extrema urgência na substituição dos
métodos de solução individual atualmente utilizados nestas áreas rurais, que se
instalam em pontos críticos por estarem localizada em áreas confluentes as bacias
hidrográficas.

A alternativa adotada atualmente pela maioria dessas residências é a fossa


negra, que se torna uma vertente agregadora para a contaminação do solo e das
41

águas subterrâneas da região, o que se torna em acréscimo para o fator inibidor de


aproveitamento das águas subterrâneas em vista que a exploração do solo da
região não é favorável, além de que como traz odor prejudica o bem-estar dos
residentes.

Sendo que, pelo potencial contaminador que a fossa negra possui, o SENAR
diz que esta alternativa não é recomendada a ser instalada próximos a mananciais,
e isto, se difere dos aspectos locais da área estudada.

Por outro lado, embora a fossa séptica seja uma alternativa que envolva um
tratamento primário de esgoto doméstico pela separação e transformação físico-
química da matéria sólida contido no esgoto, ainda existem outras lacunas comuns
como mau dimensionamento, instalação inadequada que acarretam no transbordo e
extravasamento do efluente, o que pode tornar uma problemática que contribuem
para a eutrofização do Rio Itanhaém (principal corpo receptor) que ao longo dos
anos o Relatório de Qualidade das Águas Costeiras da CETESB sempre classificou
as águas como regulares e o local com condição eutrófica, mas os aspectos
microbiológicos encontrados em 2018 em segunda campanha de coliformes
termotolerantes variam entre classificações de Ótima a Ruim.

E com isto, diagnosticada a situação real, propõe-se para a segunda etapa do


desenvolvimento deste projeto, a substituição da fossa negra pela adoção de uma
alternativa sustentável, que vise o custo x benefício em qualidade e valor ambiental.
42

8. REFERÊNCIAS

AS DIFICULDADES do abastecimento de água na zona rural. Blog EOS e


Consultores, [S.L], 15 abr 2019. Disponível em
https://www.eosconsultores.com.br/dificuldades-abastecimento-de-agua-na-zona-
rural/ .Acesso em 20 set de 2020.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS- ANA: Despoluição de Bacias


Hidrográficas.Atlas Esgoto - Itanhaém, 2017. Disponível em
http://portal1.snirh.gov.br/arquivos/Atlas_Esgoto/S
%C3%A3o_Paulo/Relatorio_Geral/Itanha%C3%A9m.pdf. Acesso em 15 out 2020.

AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS: ATLAS DE ESGOTO - Despoluição das


Bacias Hidrográficas. Diagnóstico da da situação vigente quanto ao esgotamento
sanitário de todas as sedes municipais do país. Pesquisa da situação do município
de Itanhaém. [2013-2016]. Disponível em http://www.snirh.gov.br/portal/snirh/snirh-
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ANEXO A - SISTEMA DE DISPOSIÇÃO DE ESGOTO

Fonte: Atlas de Esgoto, 2016

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