PUBLICIDADE

DOM24SET
Domingo, 24 de Setembro de 2023 • Ano 47 • Nº 17212 • Kz 45,00 Director: DRUMOND JAIME • Directores-adjuntos: CÂNDIDO BESSA e GUILHERMINO ALBERTO

www.jornaldeangola.ao
MINISTRO DE ESTADO ANUNCIA NOVO INSTRUMENTO JURÍDICO PARA DINAMIZAR COMÉRCIO

NESTA EDIÇÃO
Acordo de Protecção
JOSÉ BULE
Prevenção contra o
abuso sexual infantil
PALAVRA DO DIRECTOR • 2
de Investimentos com
HUAMBO
a China está concluído
e aguarda assinatura
O ministro de Estado para a Coor- empresas de direito angolano
denação Económica anunciou, com capital chinês, reconheceu
ontem, em Luanda, que o Acordo o esforço daqueles que, mesmo
Programa Nascer
Livre para Brilhar de Protecção Recíproca de Inves- em momentos difíceis, continuam
reduz a taxa timentos entre Angola e a China a apostar em Angola, e garantiu
de transmissão está já concluído, estando neste o empenho do Executivo de con-
vertical por VIH momento a ser acertada, através tinuar a melhorar o ambiente de
REGIÕES • 11 de canais diplomáticos, a data e negócios. O ministro anunciou,
ZAIRE
o local para a sua assinatura. José para esta semana, uma reunião
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Consumidores de Lima Massano, que falava após com os principais produtores de

pedem mais a visita de trabalho à sede da bens alimentares e grossistas para
fiscalização Câmara de Comércio Angola- constatar o que os divide e tentar
dos preços dos China e às instalações de quatro encontrar consensos. POLÍTICA • 5
produtos
da cesta básica Lançada primeira pedra do edifício
ECONOMIA • 21 principal da “Cidade do Século de Angola”
MALANJE
Grandes fazendas
aumentam produção
de grãos no ano GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL
agrícola 2022/2023
ECONOMIA • 22

LUANDA
Governo prepara lançamento de Observatório do Território
Câmara de Comércio POLÍTICA • 4
realiza esta semana
Fórum de Negócios
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO
Angola-Emirados
Árabes Unidos TELECOMUNICAÇÕES DIONÍSIO DA FONSECA CONCLUI VISITA
ECONOMIA • 22

BENGUELA Angola assume a Obras no Lobito e Catumbela

Antigos refugiados
instalados no bairro presidência do Conselho vão ganhar mais dinâmica
da Mina pedem mais
serviços sociais Fiscal dos PALOP com financiamento em Novembro
DESTAQUE • 18 e 19 POLÍTICA • 4 POLÍTICA • 7

VIANA
Polícia detém CAMPEONATO DE FUTSAL
falsos funcionários ACTO POLÍTICO EM VIANA
da ENDE
SOCIEDADE • 8 Manuel Homem exorta militantes Clínica Sagrada Esperança
“SEM VOCÊ POR CÁ” a apoiarem governação de João Lourenço revalida título nacional
POLÍTICA • 6 DESPORTO • 47
DR

VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Olinda Simeão EMBAIXADOR DESTACA CONQUISTA

vence Festival
da Canção Guiné-Bissau completa hoje AMISTOSO NO FRANÇA NDALU
de Luanda
CULTURA • 40 50 anos de independência Kabuscorp bate 1º de Agosto
ÚLTIMA • 48 DESPORTO • 46
2 OPINIÃO Domingo
24 de Setembro de 2023

PALAVRA
DO DIRECTOR CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
IMAGEM DO DIA
Drumond Alcides Jaime Mafuta (presidente)
ADMINISTRADORES EXECUTIVOS
Cândido Bessa Receado Famílias angolanas regressadas da Namíbia, Zâmbia e República Democrática do Congo, re-
José Bule* António Samuel Eduardo sidentes no bairro Mina, em Benguela, receberam, recentemente, kits para fomentar a agri-
Joaquim Pedro Zua Quicuca
Eunice Carla Teixeira Moreno cultura, no âmbito do Programa de Combate à Fome e à Pobreza. Com a venda do excedente
ADMINISTRADORES NÃO EXECUTIVOS da produção agrícola, os kits vão, seguramente, elevar os rendimentos destas famílias

Prevenção contra
Guilhermino da Costa Alberto
Victória Quintas ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO

DIRECTOR:
Drumond Jaime

o abuso sexual infantil DIRECTORES-ADJUNTOS:

Cândido Bessa e Guilhermino Alberto

DIRECTOR EXECUTIVO:
José Bule
Falar de abuso sexual infantil é complicado e difícil, sobretudo
pelo preconceito e silêncio das vítimas, que muitas vezes não com- DIRECTORES EXECUTIVOS ADJUNTOS:
António Cruz
preendem o que aconteceu ou o que esteja a acontecer com elas. e Bernardino Manje
Sentem “vergonha” de contar o que se passa ou não sabem como GRANDE REPÓRTER:
lidar com a situação, porque na maioria dos casos o abusador é Leonel Kassana
EDITORIAS:
alguém que ela conhece, convive, confia e ama. POLÍTICA:
Muitas vezes, o abusador é membro da família (pai, padrasto, Geraldo Quiala
e Bernardino Fançony (Editores),
irmãos, primos, tios, avós) que dispõe de um certo poder sobre a Adelina Inácio (Sub-Editora), Yara Simão,
vítima. Raras vezes o predador sexual é uma pessoa desconhecida. Edna Dala, Garrido Fragoso, Paulo Caculo,
André Sibi e César Esteves
Os amigos da família, vizinhos, empregados domésticos, professores,
médicos e responsáveis por actividades de lazer ou desportivas SOCIEDADE:
Augusto Cuteta,
integram a lista dos que são mais acusados de cometer tal crime. Adriano de Melo e Faustino
Quando o mal lhe acontece, a criança nem sempre consegue Henrique (Editores),
André da Costa, Kilssia Ferreira,
compreender o que está a acontecer no momento, percebendo a Manuela Gomes, Alexa Sonhi,
César André, Edivaldo Cristóvão,
situação posteriormente, depois de processar que tudo aquilo Alberto Quiluta, Carla Bumba,
que viveu foi uma agressão sexual. Mazarino da Cunha e Edna Mussalo
Uma criança abusada sempre sofrerá sequelas da violência, REGIÕES:
podendo desenvolver problemas de relacionamento e até de Sérgio Chivaca (Editor)

comportamento. Pode consumir drogas na adolescência e ECONOMIA:

demonstrar atitudes agressivas, sentimentos confusos ou um Isaque Lourenço (Coordenador),
Cristóvão Neto, Pedro Narciso (Editores),
quadro depressivo grave. É comum que as crianças vítimas de Ana Paulo, Kátia Ramos,
abusos cresçam com sentimentos como medos aparentemente Hélder Jeremias e António Cristóvão

infundados, culpa, imagem corporal negativa e dificuldades para DESPORTO:

estabelecer confiança interpessoal.
Embora não seja fácil notar os sinais físicos de abuso sexual, é
possível descobrir mudanças no comportamento da criança. Ela
pode irritar-se facilmente, apresentar níveis altos de ansiedade,
alterações gastrointestinais frequentes, tornar-se rebelde, ter
pesadelos constantes ou voltar a fazer xixi na cama. Outro sinal
de alerta é quando ela, de repente, passa a falar abertamente
sobre sexo de uma forma não-natural para a sua idade.
Quando notarem alguns desses sinais nas crianças, busquem
ajuda e orientação profissional para que o seu filho consiga abrir-
se. Ensinem às crianças o nome correcto de todas as partes do
corpo. Falem com elas “sem tabus” sobre as partes íntimas, os
pontos onde ninguém deve tocar nem ver, apenas os pais podem,
quando as forem dar banho ou ajudá-las a trocar de roupa.
Portanto, a criança deve aprender a não permitir que ninguém
toque nas suas partes íntimas, ou ainda, que ela também não
toque nas partes íntimas de outras pessoas, sejam elas conhecidas
ou não. Alertem-nas sobre os possíveis “truques” usados pelos
abusadores sexuais, como trocar carícias por brinquedos, doces
e outras guloseimas.
Elas devem sentir-se seguras para contar qualquer coisa aos
pais. Os predadores sexuais obrigam-nas a manter o ocorrido em
segredo. Ameaçam-nas para “não abrirem as bocas”. Mas, se forem
instruídas que segredos não são coisas boas e que devem sempre
contar aos pais o que acontece com elas, será mais fácil identificar
as situações de abusos. A relação de confiança entre pais e filhos
é de extrema importância no combate a este tipo de crime. A
criança não deve ser punida, criticada ou castigada por contar
qualquer coisa que tenha a ver com o seu corpo.
Os pais devem ter em conta que, a maioria dos casos de abuso
infantil acontece quando uma criança passa horas sozinha com
um adulto, que pode ser um membro da família ou um conhecido
(adulto ou adolescente) que parece ser responsável. Devem sempre
saber o que a criança faz na sua ausência. Encontrem meios para
vigiá-los por um tempo, para descobrirem como é esta relação.
Analisem sempre muito bem a reacção da criança. Se ela demonstrar
não ter grande afeição por alguém muito próximo, que ela teoricamente
deveria desenvolver afecto, tentem entender o motivo.
Romper o silêncio é uma forma activa de lidar com o problema
que, apesar de ser um assunto íntimo, deve ser combatido pela
sociedade. Neste sentido, as escolas e demais instituições devem
redobrar a sua atenção à infância e à adolescência, produzindo
e oferecendo conteúdos informativos que as possam ajudar a
compreender melhor as situações de perigo ou que se configurem
como abusos sexuais.
Tais instituições devem, também, sensibilizar os familiares e
outros responsáveis pela educação das crianças, demonstrando
o quanto é importante desenvolver maneiras de fortalecê-las contra
este mal, com uma boa relação de confiança. As escolas podem
ainda “treinar” o olhar dos educadores para que sejam capazes de
identificar facilmente os casos de violência e de abuso sexual.
Nem todo mundo faz ideia do quanto as crianças são vitimadas
todos os dias e precisam de protecção. Devemos todos unir forças
para mobilizar a sociedade e engajá-la no tema em causa, motivando
as denúncias de violência e abusos sexuais, para que os pais, edu-
cadores e instituições protectoras consigam reduzir os casos e
mantenham as crianças em segurança.
O mundo assinalou ontem (23 de Setembro) o Dia Internacional
Contra a Exploração Sexual e Tráfico de Mulheres e Crianças. A
data foi inspirada na "Lei Palácios”, promulgada na Argentina, a
23 de Setembro de 1913, com o intuito de proteger as crianças e
adolescentes da exploração sexual e corrupção de menores.
*Director Executivo
Honorato Silva (Cooordenador),
Anaximandro Magalhães (Editor),
Armindo Pereira, Teresa Luís e Job Franco
CULTURA:
Gaspar Micolo (Cooordenador),
Matadi Makola (Coordenador-Adjunto),
REVISTA DA SEMANA
António Bequengue (Editor),
Roque Silva (Sub - Editor)
Francisco Pedro, Amilda dos Santos,
Manuel Albano, Mário Cohen Sábado, 16 de Setembro A ministra das Pescas e Recursos Marinhos afir-
O Chefe de Estado, João Lourenço, chegou a mou, em Moçâmedes, Namibe, que o Executivo
GENTE E FIM-DE-SEMANA:
Isaquiel Cori (Editor) Nova Iorque, para participar na 78ª sessão da vai prestar mais atenção à pesca artesanal, anun-
e Pereira Dinis Assembleia-Geral das Nações Unidas. ciando entre as medidas em carteira a necessidade
FOTOGRAFIA: A Selecção Nacional Feminina de andebol júnior de as administrações municipais participarem
Santos Pedro (Editor), regressou ao país com ouro ao peito, na sequência no licenciamento da actividade.
Contreiras Pipa (Sub-editor)
Kindala Manuel, Dombele Bernardo, da conquista do Campeonato Africano da mo-
Eduardo Pedro, João Gomes,
Maria Augusta, Paulo Mulaza,
dalidade, disputado em Monastir, Tunísia. Quarta-feira, 20 de Setembro
Agostinho Narciso, Rafael Tati e Alberto Pedro O Presidente João Lourenço denunciou, em
Domingo, 17 de Setembro Nova Iorque, a existência de uma “mão invisível”
DIRECTORES PROVINCIAIS:
Adão Diogo (Lunda-Sul), O ministro da Administração do Território, interessada na desestabilização do continente
Bernardo Capita (Cabinda), Dionísio Manuel da Fonseca, solicitou aos agri- africano. O Chefe de Estado fez a afirmação em
João Luhaco (Namibe),
Manuel Fontoura (Cuanza-Norte), cultores, no Cuito, Bié, para participarem acti- Nova Iorque, ao discursar na 78ª Sessão da As-
Casimiro José (Cuanza-Sul),
António Canepa (Bengo), vamente na produção de alimentos para a sus- sembleia-Geral das Nações Unidas.
Arão Martins ( Benguela),
Manuel Sampaio (Lobito),
tentabilidade da economia nacional, fazendo Débora Maria João, angolana mestre em En-
Francisco Curihingana (Malanje) jus ao legado de Agostinho Neto, segundo o genharia Civil, radicada em Marrocos, des-
Sérgio Vieira Dias (Huambo),
José Chaves (Andulo),
qual “a agricultura é base e a indústria o factor creveu, ao Jornal de Angola, o clima vivido
Fernando Cunha (Bié), decisivo para o desenvolvimento do país”. naquele país do Norte de África, dias depois
Estanislau Costa (Huíla),
Armando Sapalo (Lunda-Norte), A viúva do primeiro Presidente de Angola, do sismo.
António Capitão (Uíge),
Jaquelino Figueiredo (Zaire),
António Agostinho Neto, disse, em Luanda,
Víctor Mayala (Soyo), ser preciso que os angolanos recordem mais Quinta-feira, 21 de Setembro
Carlos Paulino (Cuando Cubango),
Quinito Kanhameni (Cunene), os ensinamentos e legado do primeiro Chefe O banco alemão Deutsche Bank e a Develop-
Samuel António (Moxico) de Estado. Maria Eugénia Neto falava, em ment Finance Corporation (DFC), uma instituição
PAGINAÇÃO E ARTE: Luanda, no final do acto que marcou o Dia do financeira norte-americana, manifestaram a
Adilson Santos (Editor) Herói Nacional. disponibilidade de fundos e interesse em con-
Luquemba Pedro, Tomás Cruz
e Damião Cavinda (Sub-editores), tribuírem conjuntamente para a construção de
Eugénia Victor, Augusta Lucéu, Noé Pungue,
Evaristo Sakupalica, Maria Messeles, Alberto
Segunda-feira, 18 de Setembro projectos estruturantes em Angola, designada-
Bumba, Inês Quingando, Maria Semedo, O Presidente da República afirmou, em Nova mente no sector dos Transportes.
António Saldanha, Henrique Faztudo,
Raúl Geremias, Ana Paula Dias, Isabel Fragão, Iorque, que a SADC fez progressos assinaláveis O coordenador da 3ª edição da Bienal de
Manuel Cassenda, Yolanda Sousa na implementação das prioridades de coope- Luanda, Diakumpuna Sita José fez o lança-
e André Batalha
ração e integração da região, delineados na mento do evento que visa fortalecer e disse-
CARTOON E ILUSTRAÇÃO:
Armando Pululo e Casimiro Pedro Visão 2050 da organização e no Plano Estratégico minar o movimento pan-africano para a cultura
COPY DESK:
Indicativo de Desenvolvimento Regional 2020- de paz e não violência, de forma a contribuir
Paulo de Carvalho (Editor), 2030. João Lourenço discursava na sessão de para a construção de uma África em transfor-
Ângelo Pontes, Carlos Chipema,
António da Silva, Augustavo Sembissa,
abertura da Cimeira dos Objectivos de Desen- mação económica e social.
José Filipe, Luís Almeida, Arsénio Chilala, volvimento Sustentável (ODS), na sede das Na-
Simão Tito e Luciano Rocha
ções Unidas, na qualidade de presidente em Sexta-feira, 22 de Setembro
O Jornal de Angola
Utiliza os serviços da ANGOP, AFP, Reuters, EFE
exercício da Comunidade de Desenvolvimento Novos instrumentos jurídicos no domínio
e Prensa Latina da África Austral (SADC). da cooperação foram assinados, em Nova Ior-
PUBLICIDADE: Os gestores das grandes superfícies comer- que, pelo Governo angolano, à margem da
(+244) 937 550 262
(+244) 949 770 006 e-mail:
ciais do país prometeram, num encontro com 78ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. O
publicidade@jornaldeangola.com o secretário de Estado para a Economia, Ivan primeiro foi rubricado com a Guatemala e
dos Santos, em Luanda, apostar fortemente consiste no estabelecimento de relações di-
na promoção dos produtos feitos em Angola, plomáticas. Outros foram assinados com a
com forma de dinamizar a oferta da produção República Dominicana e fazem referência a
nacional. um momento sobre consultas políticas, um
acordo-quadro de cooperação e outro de isen-
PROPRIEDADE Terça-feira, 19 de Setembro ção de vistos em passaportes diplomáticos e
Edições Novembro, E.P.
A Vice-Presidente da República, Esperança de serviço.
da Costa, enfatizou o compromisso e engaja- O Ministério da Saúde declarou “tolerância
SEDE:
Rua Rainha Ginga, 12-26 mento do Governo angolano no combate às zero” à negligência médica. A declaração foi
Caixa Postal 1312 - Luanda alterações climáticas. Esperança da Costa fa- feita pelo secretário de Estado para a Área Hos-
Redacção: 222 020 174
Telefone geral (PBX): 222 036 578/9 lava durante um encontro, com membros do pitalar, Carlos Alberto Pinto de Sousa, durante
E-mail: redaccao@jornaldeangola.ao Conselho de Ministros do Centro da África uma reunião com directores e profissionais do
www.jornaldeangola.ao
Telegramas: Proangola
Austral de Ciências e Serviços para Adaptação Hospital Américo Boavida, onde um jovem per-
às Alterações Climáticas e Gestão Sustentável deu a vida, na última terça-feira, por falta de as-
dos Solos (SASSCAL). sistência médica.
OPINIÃO Domingo
24 de Setembro de 2023 3
REFLEXÃO ALERTA

CITAÇÕES
Joaquim Xanana * Graça Moniz *
“Apesar das vigorosas
reformas

Os desafios do mundo implementadas nos

últimos cinco anos pelo
Governo de Angola, que Proteger as crianças
para com o Ambiente
permitiram a criação de
condições
indispensáveis para o no digital: onde estamos
Desde séculos que o homem vem alterando
expressivamente a sua intervenção no
ambiente que o rodeia, transformando-se
e que provocam febre tifóide, febre amarela,
cólera, etc.), líquidos mal-cheirosos,
poluição atmosférica e as águas sujas das
desenvolvimento
sustentável, Angola
registou um período
e para onde vamos? **
num agente tóxico dos desequilíbrios inundações que destroem residências,
ambientais. Este quadro lastimável está a devoram animais domésticos e subsidiam
de cinco anos
A crescente digitalização do quoti- se sentirem desarmados perante a
sucumbir gradualmente, perante os desafios mais doenças. consecutivos diano das nossas crianças é inegável. vastidão do mundo digital, e incapazes
desencadeados sob os auspícios da ONU, Antes, a caça praticava-se por extrema de recessão económica, Basta um olhar atento em restau- de as ajudar a protegerem-se. Assim,
subjacente na Agenda 2030 sobre o Desen- necessidade, hoje praticam-na pela ganân- para além dos efeitos rantes ou outros espaços públicos torna-se imperativa uma abordagem
volvimento Sustentável, cujo plano de acção cia do lucro fácil. Enfim, até os animais para o constatar. holística e multidisciplinar, que con-
decorre desde o ano de 2015. selvagens não escapam à fúria.
negativos das crises
Dados da Comissão Europeia de siga envolver não só a sociedade
O que está em causa é a sobrevivência Outrossim, cada jurisdição adminis- sanitárias e tensões 2021 revelam que, entre crianças civil, empresas e entidades estatais,
humana, seja no mundo rural, seja nas cida- trativa (municipal, distrital e comunal) geopolíticas actuais, que dos 7 aos 17 anos, 56% usam a internet como também instituições acadé-
des. Neste particular, é vital a pedagogia devia preservar e proceder, da melhor resultaram na para ver vídeos, 55% para ouvir micas e internacionais.
ambiental que estuda, respeita, defende e forma, à recolha do lixo e a sua disposição música e 51% para comunicar. Pla- Não faltará quem argumente que
fortalece os processos nos locais pré- destinados. Por
deterioração dos
taformas como YouTube, SnapChat, a humanidade está condenada a
indicadores
ambientais. Obter das Preservar o ambiente via de regra, serão essas loca-
socioeconómicos”
Instagram e Face- viver perpetuamente
comunidades uma forte
participação na defesa é um dever de
lidades que devem também
interagir para a defesa dos cui-
book predominam,
enquanto jogos
Por mais que numa infância tec-
nológica, em que a
do ambiente é a meta
a atingir. cidadania e um acto
dados primários de saúde e de
outras benfeitorias para com
Mário Caetano João
Ministro da Economia e Planeamento
como Roblox e
Minecraft despon-
reconheçamos os tecnologia estará
sempre uns passos
benefícios da
durante a participação anual do Grupo dos
Contemporiza-se o meio que os rodeia. É voz cor- Países Menos Avançados, realizada em tam entre os mais à frente da nossa
despropositadamente de justiça. É também rente, que o lixo não é somente
Nova Iorque, à margem da 78ª Assembleia-
jovens de 9 aos 11 capacidade de com
com as causas naturais,
uma questão de um problema de carácter
Geral das Nações Unidas
anos. Através de digitalização, é ela lidar, por emergir
como as mudanças na ambiental, mas também de
órbita da terra e glacia- civismo, porque se saúde pública e que se repercute
“Não podemos ficar que dispositivos?
Predominante- incontestável a continuamente mais
madura, como se nas-
sempre na dependência
res, assim como os gases
poluentes de fontes não assumirmos a
na qualidade de vida de todos.
Neste ponto particular, jul- internacional. A África
mente telemóveis,
sendo a principal
existência de riscos cesse já adulta. Não
há como negar que
naturais, resíduos de
calamidades agrícolas, defesa dos recursos
gamos que, para além de outras
iniciativas, podem ser estimu-
deve discutir os seus escolha para 70%
das crianças, segui-
associados. Para além a tecnologia des-
ponta frequente-
reais problemas.
doméstica e industriais,
águas sem o tratamento naturais no presente, lados projectos de educação
ambiental ao nível das admi- Querem sempre fazer- dos por tablets, dos riscos genéricos, mente de forma
com 30%. categórica. A solução
adequado, etc.
não há futuro e nistrações locais, transmitindo nos parecer que estamos Por mais que como fraudes para os problemas,
Em função desses a mensagem sobre o que cada com um discurso de
desequilíbrios, as con- estamos a um de nós pode e deve con- minimização, de que o
reconheçamos os
benefícios da digi- financeiras, ou porém, não será
encontrada nem na
sequências em grande
medida são imprevisí- comprometer as
tribuir para a preservação do
meio circundante, evitando clima é um problema talização, é incon-
testável a existência
desinformação, as demonização perma-
nente da tecnologia,
veis e dramáticas, que
se consubstanciam na gerações futuras
as disfunções ambientais.
O ambiente está na mesa
global. O africano sofre
muito mais com essa
de riscos associa-
dos. Para além dos
crianças enfrentam nem na crença reden-
tora na capacidade
redução da biodiversi-
dade, da qualidade do
de todos os Governos e marca
a actualidade social, política
questão das alterações riscos genéricos, ameaças específicas conformadora da
como fraudes legislação.
ar e da água e intensi- e económica. Com efeito, é climáticas” financeiras, ou como o cyberbullying, Como se regula
ficação dos ventos climáticos e aumento necessário consciencializar as comunidades
de casos sobre doenças. para a sua importância. Isso depende de Filipe Yohuma
desinformação, as
crianças enfrentam exposição a conteúdos a tecnologia? Qual
o papel das literacias
impróprios ou
Todavia, a crise da civilização passa um processo educativo que ensine as pes- Causídico angolano no encerramento da
XXIII Conferência da Assembleia-Geral ameaças específi- e da nossa capaci-
também pela forma como os Governos pro- soas a terem relação responsável com a Anual da Associação dos Advogados cas como o cyber- dade de incorporar
movem as políticas ambientais, pelo respeito
dos cidadãos para com o ambiente. O verde
natureza. Existem disposições legais que
protegem o ambiente, mas as pessoas con-
da SADC
bullying, exposição
a conteúdos impró-
interações perigosas comportamentos na
nossa cultura de
das matas e jardins, a cor dos animais, insec-
tos, mares, rios, lagoas, atmosfera, as nossas
tinuam a ignorar estas normas.
Nesta perspectiva, os Estados devem
“Se nós não levarmos prios ou interações com estranhos risco, aquela que
a sério essa missão, o perigosas com permite desde tenra
casas, aldeias, vilas e cidades e nós próprios, accionar o cumprimento sobre as possíveis planeta em que vivemos estranhos. Existem ainda outras con- idade que as crianças se protejam
fazemos o meio ambiente. soluções circunscritas em penalizações sequências, extensamente documen- das ameaças que pairam sobre a
Não obstante o esforço global, a activi- severas aos transgressores, extensivas à não mais existirá. tadas, como perdas de socialização, sua existência? São estes e outros
dade humana continua a ser a principal jurisdição da economia azul (pesca ilegal A agenda da mudança diminuição do vocabulário dominado pontos que esperamos ver discu-
causa dos desequilíbrios que se registam e utilização de meios nocivos à pesca), climática chama-nos à e alheamento face aos problemas tidos na conferência do próximo
na natureza, por exemplo as alterações no reforço dos mecanismos de fiscalização responsabilidade sobre de um mundo que, paradoxalmente, dia 27 de Setembro na Nova School
solo que prejudicam a agricultura, introdução para mitigar o desmatamento ilegal, e da lhes é cada vez mais exterior. of Law.
de espécies exóticas, queimadas, desmatação rotação do plantio, interpretação correcta os perigos colocados à As crianças, em face da sua natu-
de florestas, exposição de agentes tóxicos, das leis sobre o ambiente, cumprimento humanidade pela reza exploratória e falta de discer- * Coordenadora do Observatório
caça furtiva, contaminação de diversos das leis florestais, redução da produção mudança climática” nimento, estão particularmente da Protecção de Dados Pessoais
recursos naturais, sobretudo os hídricos. de lixo, taxa de crescimento populacional, vulneráveis aos perigos digitais. Algo da Nova School of Law
As sociedades industriais, o êxodo das combate ao tráfico de animais, monitora- Lungisani Zulu que é exponenciado pelo facto de
populações do campo para a cidade, a cir- mento do desenvolvimento urbano, pla- Presidente da Associação de Advogados
muitos adultos, sejam pais, avós, ** Artigo publicado no Diário
culação perante milhões de automóveis, neamento familiar, da qualidade do ar e da Zâmbia
professores ou legisladores, ainda de Notícias
os superpetroleiros que atravessam os da água, bem como de investimentos em
mares, os aviões que cruzam os céus, tudo energias renováveis. Acordos sobre a dimi- “Eu sou a favor da DR

pode ser fatal para o ambiente, se não tiver- nuição de gases poluentes, preservação abolição (do celibato)”
mos uma consciência ecológica. A falta de das florestas, criação de tecnologias com
educação ambiental leva o homem a provocar menor poder de poluição, educação ambien- Dom Joaquim Ferreira Lopes
danos irreparáveis à natureza. Em muitos tal, estimular a reutilização e a reciclagem, Bispo emérito da Diocese de Viana,

são outras soluções. em entrevista ao Jornal de Angola

aspectos, o sinal alarmante já soou. No
entanto, continuamos a viver como se fôs-
semos os únicos seres vivos do planeta e
em total desrespeito à nossa própria vida.
Estes actos focalizam as preocupações
e radicam nas repercussões negativas sobre
a saúde humana e do meio ambiente, con-
substanciando em riscos que proliferam
na causa de alguns problemas como aci-
dentes aéreos, doenças mais comuns como
leptospirose, peste bubónica e tifo murino,
causada pelos ratos, mosquitos e baratas
Preservar o ambiente é um dever de
cidadania e um acto de justiça. É também
uma questão de civismo, porque se não “É urgente a aplicação
assumirmos a defesa dos recursos naturais da Lei das
no presente, não há futuro e estamos a Acessibilidades e a
comprometer as gerações futuras. Nada
melhor do que primarmos por um ambiente existência de uma língua
saudável do que negligenciarmos os sérios gestual oficializada”
danos que tais acções causam à biodiver-
sidade e ao homem. Bismarque António
Presidente da Associação Nacional dos
* Psicólogo Intérpretes de Língua Gestual Angolana
4 POLÍTICA
LABORATÓRIO DESTINA-SE A ESTUDAR BOAS PRÁTICAS NO DOMÍNIO DA GESTÃO MUNICIPAL
Governo prepara lançamento
de um Observatório do Território
Mecanismo designado “MATLAB” está em fase de maturação técnica, como
resultado de uma parceria entre o Ministério da Administração do Território e o
Instituto Superior Politécnico de Benguela (ISPB)
Um laboratório do Observa-
tório do Território, visando a
concepção de soluções para
os problemas no domínio da
gestão pública municipal no
país, deverá ser implementado
nos próximos tempos, anun-
ciou, sexta-feira, em Benguela,
o ministro da Administração
do Território, Dionísio Manuel
da Fonseca.
Trata-se de um mecanismo
designado “MATLAB”, em
fase de maturação técnica,
resultante de uma parceria
entre o Ministério da Admi-
nistração do Território e o
Instituto Superior Politécnico
de Benguela (ISPB), devendo
paulatinamente engajar outras
universidades nacionais.
Falando no auditório do
ISPB, após uma reunião de
concertação e contribuições
para a institucionalização
desta iniciativa, o ministro
Dionísio Manuel da Fonseca,
citado pela Angop, justificou
a ideia da criação do labora-
tório de experimentação de
ideias das boas práticas de
gestão municipal, com a
necessidade de se olhar para
o munícipe como público-
alvo da governação.
É que, para o titular da
pasta da Administração do
Território, existem muitos
desafios no capítulo da gover-
nação, isto é, problemas
sociais e económicos, cuja
resolução não deve ficar sob
a responsabilidade única e
exclusiva do Estado.
Assim, Dionísio Manuel
da Fonseca pensa que o Estado
deve continuar a fazer esta
parceria com as instituições
de ensino superior, incluindo
as organizações da sociedade
civil e ainda as escolas de
ensino secundário, valori-
zando deste modo as ideias
dos estudantes. “E com a ins-
titucionalização do laboratório
de ideias de experimentação
do MAT, queremos certamente
fazer esse caminho”, afiançou,
enquanto discursava para ges-
tores públicos e académicos
dos vários ramos do saber.
A ideia, no fundo, explicou,
é abrir o Ministério da Admi-
DR
Ministro da Administração do Território anuncia para breve a implementação da iniciativa
nistração do Território aos
académicos e, nomeada-
mente, aos cientistas sociais
e à sociedade civil, para que
participem no processo da
concepção de soluções para
os inúmeros problemas no
domínio da gestão pública
municipal. Por isso, agrade-
ceu ao Instituto Superior Poli-
técnico de Benguela por ter
um curso de licenciatura em
Gestão do Território, de modo
a desenvolver pesquisa cien-
tífica neste domínio.
“Pensamos que estamos
em condições de continuar-
mos a trabalhar para que este
nosso esforço conjunto seja
coroado de êxitos”, enfatizou,
reconhecendo, no entanto,
que alguns projectos do MAT
coincidem e se harmonizam
com algumas acções do
ISPB, que concorrem para
a melhoria da eficácia da
acção governativa.
Sem anunciar datas, Dio-
nísio Manuel da Fonseca
garante que vai avançar com
a implementação do labo-
ratório do MAT, uma iniciativa
DOMÍNIO DAS TELECOMUNICAÇÕES
Angola assume a presidência
do Conselho Fiscal dos PALOP
A República de Angola assu-
miu, na semana finda, no
Brasil, a presidência do Con-
selho Fiscal da Assembleia-
Geral da Associação dos
Países Africanos de Língua
Portuguesa (PALOP), órgão
que reúne as entidades res-
que vai obedecer várias fases
e é abraçada pelo Programa
das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD)
como financiador, no quadro
dos Objectivos de Desenvol-
vimento Sustentável (ODS).
Por outro lado, exortou os
especialistas de maneira que
contribuam com o seu
conhecimento, para se con-
ceber um projecto que seja
analisado com bastante
objectividade e cientificidade,
e sem qualquer conotação
política. Relativamente às
reflexões sobre o ranking dos
municípios, o ministro disse
que o Governo se lançou ao
desafio de premiar os muni-
cípios com o fito de promover
uma governação pública local
mais eficaz e mais impactante
na vida dos cidadãos.
“Queremos reconhecer o
mérito, partilhar as ideias,
os casos de sucesso que con-
seguirmos identificar nos
mais variados municípios do
nosso país, mas sempre com
a tónica de reconhecimento
da acção eficaz, eficiente e
ponsáveis pela gestão, registo
e manutenção dos domínios
da lusofonia em África.
Segundo um comunicado
citado, sexta-feira, pela
Angop, o país ficará nessa
presidência num período de
quatro anos.
DR
de qualidade da gestão pública
municipal”, finalizou.
Ao apresentar o parecer
técnico do ISPB sobre o regu-
lamento do Prémio de Melhor
Município de Angola
(PMMA), Amaro Segunda
Ricardo, especialista em
Engenharia e Gestão na Aná-
lise de Decisão, sugeriu, entre
outros, a classificação dos
municípios por categorias,
consoante o seu desempenho
ser alto, médio e baixo, no
quadro da realização dos ODS.
Quanto aos potenciais cri-
térios, o também professor
doutor elencou a disponibi-
lidade e regularidade de
dados, transversalidade,
transparência, independência
e não arbitrariedade. A vice-
governadora provincial de
Benguela para o sector Polí-
tico, Social e Económico,
Lídia Amaro, e o presidente
do ISPB, Antero Moisés Nun-
guno, acompanharam a ses-
são, tal como outros quadros
seniores do Departamento
Ministerial que tutela a Admi-
nistração do Território.
A presidência de Angola
f o i a s s u m i d a d u ra n te a
assembleia-geral deste órgão,
que contou com a partici-
pação da delegação angolana
do Ministério das Teleco-
municações, Tecnologias de
Informação e Comunicação
JUSTIÇA MAIS PRÓXIMA DO CIDADÃO
Belize já dispõe de Sala
de Competência Genérica
Bernardo Capita|Cabinda
O município de Belize, 180
quilómetros a Norte da
cidade de Cabinda, conta,
desde sexta-feira, com uma
Sala de Competência Gené-
rica, para dar tratamento e
resolução de casos judiciais.
A Sala de Competência
Genérica é uma extensão do
Tribunal de Comarca de
Buco-Zau e passa a funcionar
numa infra-estrutura rea-
bilitada e devidamente ape-
trechada pelo Governo da
província, no âmbito do Plano
Integrado de Intervenção
nos municípios (PIIM), uma
empreitada que custou aos
cofres do Estado mais de 168
milhões de kwanzas.
O Governo da Província
de Cabinda procedeu à
entrega formal do respec-
tivo imóvel ao Conselho
Superior da Magistratura
Judicial, numa cerimónia
testemunhada pela gover-
nadora da província, Mara
Quiosa, e pelo secretário
executivo do Conselho
Superior Judicial, Manuel
Assuílo, em representação
do presidente do Conselho
Superior da Magistratura
Judicial, Joel Leonardo.
A Sala de Competência
Genérica dispõe de duas
salas de audiências, igual
número de cartórios e de
gabinetes para os magistra-
dos e uma cela transitória.
A governadora Mara
Quiosa disse, na ocasião,
que a disponibilização pelo
Governo da infra-estrutura
onde passa a funcionar a
Sala de Competência Gené-
rica, no município de
Belize, é para dar maior
dignidade aos magistrados
e permitir que estes possam
dar melhor tratamento a
todo o tipo de processos
judiciais, localmente, por
Social, integrada pelo director
do Instituto de Fomento da
Sociedade de Informação,
Matias Borges, e o director
nacional de Telecomunica-
ções, André Pedro.
A par desse evento, os dois
directores participaram, igual-
mente, no primeiro Fórum
Lusófono de Governação da
Internet, que decorreu de 18
a 19 deste mês, na cidade de
São Paulo, Brasil.
Durante o evento, que reu-
niu especialistas de órgãos
responsáveis pela gestão,
registo e manutenção de
Domingo
24 de Setembro de 2023
um lado, e, por outro, apro-
ximar os serviços de Justiça
à população.
“Com a entrega formal
da Sala de Competência
Genérica, no município de
Belize, ao Conselho Supe-
rior da Magistratura Judicial,
acreditamos que estão
assim criadas as melhores
condições de trabalho para
os magistrados e permitir
maior aproximação dos
serviços de Justiça à popu-
lação”, notou.
Mara Quiosa reafirmou
a disponibilidade do Governo
da província para continuar
a apoiar e cooperar institu-
cionalmente no que for
necessário com o sector Judi-
cial, no sentido de se apro-
ximar mais os serviços de
Justiça aos cidadãos.
Por sua vez, o secretário
executivo do Conselho
Superior da Magistratura
Judicial, Manuel Assuílo,
disse que a instalação no
município de Belize da Sala
de Competência Genérica
demonstra, claramente, a
aproximação dos serviços
de Justiça aos cidadãos.
“Com a recepção formal
da Sala de Competência
Genérica, a Justiça fica assim
mais próxima dos cidadãos”,
reiterou Manuel Assuílo,
acrescentando que o facto
vai permitir, também, maior
celeridade e tratamento pro-
cessual, localmente.
“É missão dos Tribunais
levar a justiça mais próxima
dos cidadãos e com o acto
que acabamos de testemu-
nhar, ou seja, o de recepção
da Sala de Competência
Genérica, adstrita ao Tri-
bunal de Comarca de Buco-
Zau, no município de Belize,
é uma clara demonstração
da aproximação do exercício
da Justiça à população”,
sublinhou.
DR
domínios, bem como empre-
sas e universidades de Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, Portugal e São Tomé
e Príncipe, os participantes
reflectiram em torno de temas
como a “Língua Portuguesa
na Internet”, “Inteligência
Artificial” e “Iniciativas em
Língua Portuguesa de capa-
citação digital e em gover-
nança da Internet”.
Na ocasião, procedeu-se
também ao lançamento da
iniciativa para a produção
de um pequeno “Almanaque
da Internet Lusófona”.
POLÍTICA Domingo
24 de Setembro de 2023
MINISTRO DE ESTADO PARA A COORDENAÇÃO ECONÓMICA VISITOU EMPRESAS ANGOLANAS DE CAPITAL CHINÊS
Angola e China preparam assinatura do Acordo
de Protecção Recíproca de Investimentos
José de Lima Massano garantiu que os canais diplomáticos dos países estudam a data e o local
Paulo Caculo|
Angola e a China preparam
a assinatura, em breve, de
um Acordo de Protecção
Recíproca de Investimentos,
revelou, ontem, em Luanda,
o ministro de Estado para a
Coordenação Económica.
José de Lima Massano fez
tal pronunciamento, na
sequência da visita de tra-
balho efectuada à sede da
Câmara de Comércio Angola-
China e às instalações de
quatro empresas de direito
angolano com capital chinês,
nomeadamente Grupo Nio-
dior, Real Mirablis Comércio
Geral, Grupo African Sunrise
Investment e Grupo H&S,
bem como aos projectos
Cidade do Século de Angola
e Fábrica de Aço, ambos loca-
lizados em Viana, Nova Era
Centro Comercial , em
Cacuaco, e Orlando Resi-
dencial, situado na Centra-
lidade do Kilamba.
O acordo, disse, já está
fechado entre as autoridades
chinesas e angolanas e, neste
momento, via canais diplo-
máticos, ambos os países
estudam o acerto das datas
e o local para a assinatura
do importante instrumento
de cooperação.
O ministro de Estado rea-
firmou, ainda, que o Executivo
assumiu um compromisso
firme com a execução de polí-
ticas que visam o fomento da
produção nacional, garantam
mais emprego, maior auto-
nomia ao país, maior segurança
alimentar e melhores condi-
ções de vida aos cidadãos.
“A nossa presença revela,
por isso, o compromisso do
q u e c o m a c o mu n i d ad e
empresarial o Governo ango-
lano vem desenvolvendo
para assegurar que todo o
processo de transformação
da nossa economia e da nossa
sociedade possa ocorrer de
forma coordenada, organi-
zada e que possamos tirar
os verdadeiros benefícios de
todo este trabalho que, em
conjunto, tem de continuar
“Alguns grossistas recusam-se a adquirir produtos feitos em Angola”
José de Lima Massano mani-
festou preocupação com as
grandes contrariedades enfren-
tadas pelo Executivo nos desa-
fios de fomento da produção
nacional, tendo denunciado
o facto de haver importadores
que se recusam a comprar
produtos de origem angolana.
“A nossa grande preocu-
pação é o facto de se recusarem
a adquirir produtos que são
feitos em Angola. Temos alguns
grossistas que se recusam a
adquirir produtos que temos
disponíveis no país”, afirmou
para se rubricar o importante instrumento de cooperação
Ministro de Estado sublinhou a importância do país apostar na produção em grande escala
a ser desenvolvido. A segu-
rança alimentar está, tam-
bém, no centro da nossa
agenda”, disse.
José de Lima Massano
reconheceu, ainda, o esforço
daqueles que mesmo em
momentos dificeis conti-
nuam a apostar em Angola.
Para sustentar que o com-
promisso assumido pelo Exe-
cutivo com os produtos
“made in Angola” é, de facto,
sério e seguro, o ministro de
Estado afirmou que se vão
continuar a tomar medidas,
“ a lg u m a s d i f í c e i s , m a s
necessárias”, para tornar o
país melhor para todos.
“Estamos também pre-
sentes com o sentido de,
além de tentarmos com-
preender quais são as difi-
o ministro de Estado para a
Coordenação Económica,
garantindo haver os “mais
variados argumentos” para
tentar inverter o quadro, augu-
rando o bom senso de todos.
Massano disse, ainda,
que o país tem de continuar
a ganhar “resiliência” na
economia, “maior consis-
tência”, assegurando haver
sensibilidade para olhar
para a componente de pro-
tecção de quem produz em
Angola, “independente-
mente de ser empresa de
culdades para permitir que
os vossos investimentos pos-
sam continuar a ser imple-
mentados no nosso país,
também expressar o nosso
reconhecimento e agrade-
cimento por acreditarem
nesta Angola”, acrescentou,
dirigindo-se aos empresários
chineses, na presença do
presidente da Câmara do
Comércio Angola-China,
Luís Cupeñala, e do primeiro
secretário da Embaixada da
República Popular da China
em Angola, Xiong Wei.
Instabilidade de preços
Pese o facto de a produção
nacional ser já um facto, José
de Lima Massano confessou
haver, ainda, dificuldades
com a questão da estabilidade
capital angolano ou estran-
geiro”. “A decisão que toma-
mos fez com que alguns
operadores para determi-
nados produtos reduzissem
a oferta dos mesmos. O que
vamos assistir, particular-
mente no segmento de bens
alimentares, é que alguns
dos produtores nacionais
vão encontrando dificulda-
des na colocação dos seus
produtos, porque há uma
forte concorrência de pro-
dutos importados”, revelou.
“Na próxima semana
VIGAS DA PURIFICAÇÃO ! EDIÇÕES NOVEMBRO
dos preços, tendo admitido
ser esse o “grande desafio”
da economia, apesar de ter
sublinhado que o exercício
económico de 2022, com-
parativamente aos anos ante-
riores, foi positivo.
“Mas, em 2023, acabamos
por estar muito impactados
com o comportamento do
sector petrolífero, tivemos
um recuo nos primeiros qua-
tro meses deste ano, de cerca
de 8% do sector petrolífero,
mas estamos a prever que,
este sector, até ao final do
ano, tenha uma ligeira recu-
peração. O recuo há-de ser
em torno dos 6%”, acres-
centou, para em seguida asse-
gurar que o sector petrolífero
é, ainda, o maior gerador de
recursos cambiais para a eco-
vamos reunir com os prin-
cipais produtores de bens
alimentares, nesta condição,
assim como grossistas e ten-
tar aproximá-los. A ver o que
ainda nos divide e se deste
exercício conseguimos encon-
trar consensos e criarmos
estabilidade”, anunciou o
ministro de Estado, que asse-
gurou haver iniciativas con-
cretas em curso, no âmbito
das medidas de estímulo à
economia, como é o caso da
“simplificação dos processos
de exportação”.
nomia nacional, represen-
tando cerca de 95 por cento.
O ministro de Estado jus-
tificou a irregularidade nos
preços com o facto do país
confrontar-se, ao nível da
produção nacional, com
muitos factores de impor-
tação, “em alguns casos de
matéria-prima”, e, também,
“em muitos casos de equi-
pamentos”, cenário que disse
transmitir esta variação da
taxa de câmbio, para o que
é produzido em Angola.
A solução, prosseguiu José
de Lima Massano, passa pelo
país conquistar “maior inte-
gração”, destacando, igual-
mente, a necessidade de se
produzir em “maior escala”,
embora “já se vai produzindo
um pouco de tudo”.
“No segmento alimentar,
fazer a transformação do que
produzimos no próprio país.
Isto vai concorrer para uma
menor pressão nesta vertente
cambial, mas sobretudo dar
maior autonomia e maior
resiliência à nossa econo-
LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA
“Cidade do Século de Angola”
nasce no município de Viana
Adérito Veloso |
O ministro de Estado José de
Lima Massano procedeu, ontem,
ao lançamento da primeira pedra
da futura “Cidade do Século de
Angola”, projecto imobiliário do
grupo empresarial chinês Niodior,
que está a nascer na Zona Eco-
nómica Especial (ZEE) Luanda-
Bengo, no município de Viana.
O projecto está a ser imple-
mentado numa área de 3,1
milhões de metros quadrados,
num investimento de mil
milhões de dólares, e será
desenvolvido em várias fases.
Na primeira, está a ser cons-
truído o “Novo São Paulo”, numa
área de 600 mil metros quadra-
José de Lima Massano durante a visita de campo
5
mia”, sublinhou, advertindo
que enquanto o país for muito
dependente de importações
continuará a viver estas situa-
ções. “No nosso exercício de
diversificação da economia,
que falamos muitas vezes, e
queremos acções mais con-
cretas, anunciamos um
pacote de medidas que tem
este propósito: estimular e
dinamizar o potencial da
economia angolana. Vai, tam-
bém, permitir que tenhamos
condição de resistir melhor
à volatilidade quer da pro-
dução, quer do preço do barril
do petróleo”, explicou.
Integraram a delegação do
ministro de Estado, os secre-
tários do Presidente da Repú-
blica para o Sector Produtivo
e para os Assuntos Económicos,
ministro das Telecomunica-
ções, Tecnologias de Infor-
mação e Comunicação Social,
secretários de Estado das Obras
Públicas, da Energia e Águas,
Trabalho e Segurança Social
e o vice-governador de Luanda
para a Área Económica.
dos, cuja conclusão está apra-
zada para o mês de Dezembro
deste ano, e que servirá para a
venda de pequenos produtos.
A iniciativa prevê, igualmente,
a construção de centros comer-
ciais para a venda de materiais
de construção (a grosso e a reta-
lho), lojas para a comercialização
de produtos agro-alimentares,
tecnologia de informação,
espaço de lazer, centros des-
portivos (campo de golfe), um
hotel de cinco estrelas e resi-
dências de alto padrão. Um total
de 1.800 trabalhadores ango-
lanos e 200 chineses vão par-
ticipar na construção das
primeira e segunda fases da
“Cidade do Século de Angola”.
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
6 POLÍTICA
MPLA reitera apoio ao líder do partido
na condução dos destinos do país
Primeiro-secretário provincial recomenda aos militantes união e vigilância,
para que o Presidente da República cumpra o mandato “de forma tranquila”
Helma Reis|
O primeiro-secretário pro-
vincial do MPLA em Luanda,
Manuel Homem, reiterou,
ontem, o apoio incondicional
do partido ao Presidente
João Lourenço na condução
dos destinos da República
de Angola.
Manuel Homem, que dis-
cursava num acto de massas
realizado no município de
Viana, defendeu que o Pre-
sidente da República, João
Lourenço, deve cumprir o
mandato de forma tranquila.
No acto, que contou com
a presença de distintas indi-
vidualidades do MPLA resi-
dentes em Viana, e que serviu
de apoio ao líder do partido,
apelou à massa militante
para apoiar de forma incon-
dicional a governação do
Presidente da República.
Manuel Homem recomen-
dou aos militantes união, para
que o Presidente da República
cumpra o seu mandato de
forma tranq uila “ e s em
sobressaltos, “de tal forma
que possa responder aos
anseios dos angolanos”.
O homem forte do MPLA
em Luanda pediu maior
organização e dedicação aos
líderes dos Comités de Acção
do Partido para que o Pre-
sidente consiga trabalhar em
prol dos desejos e anseios
dos angolanos.
“Trata-se de uma grande
missão e que vai exigir dos
militantes, e não só, empe-
nho, como também dispo-
nibilidade integral. O combate
político nos tempos de hoje
exige permanente actuali-
zação dos quadros. Por isso,
os líderes das estruturas de
base devem ser pessoas pre-
sentes e dispostas a trabalhar
em prol do colectivo, para
que o programa apresentado
pelo partido na campanha
seja cumprido”, disse Manuel
Homem, para quem a actual
Mazarino da Cunha |
O partido Frente Nacional
de Libertação de Angola
(FNLA) conta, desde ontem,
com uma nova instalação
provisória, no Distrito Urbano
do Rangel, onde vai funcionar
o seu Comité Provincial de
Luanda, após ser inaugurado
pelo militante Lucas Ngonda.
Em reacção à inauguração
da nova sede, o primeiro-
secretário do Comité Provin-
cial de Luanda da FNLA,
Xavier Bunga, disse que as
novas instalações em fun-
cionamento são uma forma
de preservar a história da
FNLA, forjada na luta, no san-
gue, no suor e nas lágrimas
VIANA ACOLHE ACTO POLÍTICO DE MASSAS
Manuel Homem garante que João Lourenço pode contar com o apoio dos militantes
conjuntura do partido obriga
ao fortalecimento das suas
estruturas.
O primeiro-secretário
provincial do MPLA em
Luanda alertou aos militantes
para a importância de par-
ticiparem activamente nas
estruturas de base, sob pena
de nunca se firmarem supe-
riormente no partido.
Segundo Manuel Homem,
o MPLA é forte tendo em
conta a capacidade de se
transformar de geração em
geração, facto que obriga a
necessidade de actualização
constante dos quadros filiados
sobre os estatutos e programa
do partido. “Mas precisamos
de estar imbuídos no espírito
FNLA tem nova sede na província de Luanda
de milhares de angolanos.
Xavier Bunga referiu que
as acções do partido histórico
FNLA vão ser avaliadas pelos
cidadãos, através da interacção
permanente junto das cama-
das sociais que constituem a
população, cuja sociedade é
cada vez mais aberta e extre-
mamente competitiva.
A FNLA, frisou o primeiro-
secretário do Comité Provincial
de Luanda, começou a traba-
lhar no sentido de participar
em todos os actos políticos do
país, combatendo, deste modo,
a “condição humilhante” que
o partido histórico tem vindo
a viver desde 1992.
Xavier Bunga reconheceu
que Luanda “é o grande campo
de trabalho, de organização
e de formação das nossas
estruturas, para evitarmos
dificuldades”, considerou.
Manuel Homem prometeu
solicitar ao Presidente da
República visitas de trabalho
em várias localidades em
Luanda, para inteirar-se do
que tem sido feito e cumprido
pelo partido no poder na capi-
tal do país.
“Temos que continuar a
ensinar aos nossos militantes,
amigos e simpatizantes sobre
o nosso comprometimento
com a crítica e com a auto-
crítica dentro das nossas estru-
turas, para permitir que os
problemas sejam discutidos
de forma saudável, porque o
DISTRITO URBANO DO RANGEL
de batalha”, onde os partidos
políticos medem forças que
definem a vitória eleitoral em
todo o território nacional.
Na vi são d e Xavi e r
Bunga, a FNLA está obrigada
a envidar esforços para
ganhar maior visibilidade
na capital do país, enquanto
maior praça eleitoral de
Angola. “Cremos que os
resultados das acções em
Luanda vão se repercutir,
progressivamente, em todo
o país”, acrescentou.
O sucesso do partido, fri-
sou o primeiro-secretário
do Comité Provincial de
Luanda da FNLA, depende
da criatividade dos militantes
e de cada membro munido
EDIÇÕES NOVEMBRO
MPLA é um partido demo-
crático e aberto ao diálogo”,
disse. O político orientou os
dirigentes e responsáveis das
estruturas intermédias de
base a engajarem-se no sen-
tido de reforçarem o conhe-
cimento sobre os estatutos,
programas e vida interna e
funcionamento do partido.
Manuel Homem frisou que
o partido dos camaradas está
atento a todos aqueles que
desejam espalhar o medo, o
caos e a instabilidade social
em Luanda. “Essa intenção
não terá o efeito desejado,
porque estamos atentos às
manobras que tentam realizar
para perturbar o desenvolvi-
mento de Angola”, finalizou.
de capacidades para o for-
talecimento das bases.
Xavier Bunga referiu que
todos os “irmãos” devem
reforçar as relações com as
forças vivas do país, para
melhor compreenderem a
dinâmica política nas mais
variadas formações que a
praça eleitoral vai tendo a
cada cinco anos legislativos.
O braço juvenil e o femi-
nino do partido (JFNLA) e
a AMA, frisou, são chama-
dos a trabalhar com empe-
nho e dedicação, para a
prossecução da missão que
foram incumbidos nos pro-
gramas de acção do partido.
Estiveram presentes na
inauguração das novas ins-
VIDA E OBRA DE AGOSTINHO NETO
Académico realça dimensão
política do fundador da nação
Mazarino da Cunha |
O docente universitário João
Pinto enalteceu a figura do
primeiro Presidente da Repú-
blica, António Agostinho Neto,
como um líder visionário que
soube interpretar, fielmente,
os anseios do povo.
Ao falar para jornalistas,
sexta-feira, à margem de
uma palestra organizada pelo
Comité Municipal de Luanda
do MPLA, onde foi convidado
a abordar sobre a vida e obra
de António Agostinho Neto,
João Pinto disse que a liber-
dade que hoje os angolanos
desfrutam foi erguida no
pensamento político do líder
fundador da nação, António
Agostinho Neto.
O pensamento de Neto,
continuou, ainda que fosse
encarado numa perspectiva
monolítica, ele é transversal
e adaptado para a actual Repú-
blica de Angola, que é hoje
um Estado Democrático e de
Direito, onde o cidadão rei-
vindica os seus direitos con-
sagrados na Constituição.
João Pinto sublinhou que
mais do que a resolução dos
problemas que afectam o
povo, Angola está numa fase
em que o cidadão é partícipe,
ouvido, consultado e con-
tribui para uma boa gover-
nação , em prol do de -
senvolvimento social, eco-
nómico e cultural. O acadé-
Docente universitário João Pinto fala sobre legado de Neto
talações, o secretário-geral
da FNLA, Aguiar Laurindo,
o antigo presidente Lucas
Partido dos “Irmãos” promete mais visibilidade na capital
Domingo
24 de Setembro de 2023
mico e político acrescentou
que a visão monolítica de
Neto, apesar de ter uma pers-
pectiva de Partido-Estado,
deu não só herança à pri-
meira República de Angola,
como também supera aspec-
tos sobre igualdade racial e
o princípio de solidariedade
da continuação da luta pela
independência na Namíbia,
África do Sul e Zimbabwe.
De acordo com o acadé-
mico, Neto era um homem
de carácter e visão transver-
sal, um defensor do nacio-
nalismo não étnico, tribal
ou racial, ao contrário de
muitos líderes da época, ou
até mesmo do período actual
que nas suas mensagens
transmitem “parcialidade”.
Relativamente à dimen-
são académica e humana
de Neto, João Pinto referiu
que os jovens devem pro-
curar conhecer sobre o perfil
de António Agostinho Neto,
enquanto estudante bri-
lhante e dedicado e com
valores intransigentes da
unidade, da independência
e em não ceder perante o
colonialismo.
A palestra sobre Vida e
Obra de Neto decorreu no
anfiteatro Afonso Van-Dúnem
“Mbinda”, da Fundação
Sagrada Esperança, e enqua-
drada nas comemorações do
Dia 17 de Setembro, consa-
grado ao Herói Nacional.
EDIÇÕES NOVEMBRO
Ngonda, membros do
Comité Provincial, amigos
e militantes.
EDIÇÕES NOVEMBRO
POLÍTICA Domingo
24 de Setembro de 2023 7
RECONHECIMENTO DO MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO

“Obras de infra-estruturas integradas

concorrem para o desenvolvimento local”
Na hora de balanço da visita realizada a Benguela, o ministro Dionísio da Fonseca diz ter constatado que as cidades
estão a ser transformadas pela positiva e pede a colaboração dos munícipes na preservação das mesmas
Arão Martins | Benguela ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO

O ministro da Administração
do Território, Dionísio da
Fonseca, reconheceu, ontem,
em Benguela, que as obras
emergenciais em curso nos
municípios do Lobito,
Catumbela e na sede da pro-
víncia concorrem para o
desenvolvimento local.
Dionísio da Fonseca, que
falava no final da visita às
obras na província de Ben-
guela, disse que além da rea-
bilitação das ruas se estão a
realizar trabalhos profundos
na área de iluminação
pública, passeios e drenagem
das águas residuais e pluviais.
Acrescentou que o ganho
está a transformar aquelas
cidades pela positiva.
Os trabalhos que estão a
ser realizados com muita
responsabilidade, eviden-
ciou, contemplam, também,
a recuperação de edifícios
públicos, e os ganhos são
satisfatórios.
O ministro da Adminis-
tração do Território constatou
que as cidades estão a ser
transformadas pela “posi-
tiva”, tendo aproveitado a
ocasião para apelar à cola- Dionísio da Fonseca visitou obras de infra-estruturas integradas nos municípios do Lobito, Catumbela, Chongoroi, Cubal e Ganda, todos em Benguela
boração dos munícipes na
sua preservação.
bastante positiva e vou louvar realçou a necessidade de ace- sas e foi possível resolver administrativos residenciais municípios do Chongoroi,
e incentivar quer o gover- lerar o projecto. todos os problemas e vamos para albergar os funcionários Cubal, Ganda, Benguela,
“De um modo geral nador provincial de Ben- O governante esclareceu impulsionar para que a obra das administrações muni- Catumbela e Lobito, também
saio de Benguela guela, Luís Nunes, quer os q u e a o b ra teve m u i to s continue, de modo a colocá- cipais, sobretudo naqueles se analisou a questão da Divi-
com uma visão administradores municipais desafios, porque começou la ao serviço da Administração municípios mais carenciados, são Político-Administrativa.
bastante positiva e pelo empenho”, enalteceu. com um consórcio e havia Municipal”, assegurou. como é o caso do Chongoroi, “Deixamos que fossem as
elogio quer o alguns constrangimentos O titular da pasta esteve que foi visitado, além de administrações municipais e
governador Complexo Administrativo no funcionamento. no local acompanhado pelo outros do país”, informou. os governos provinciais a ouvi-
provincial, quer os Autárquico Por outro lado, referiu, governador provincial de O ministro da Adminis- rem e auscultarem a população
administradores As obras de construção do devido às características físi- Benguela, Luís Nunes. Rea- tração do Território garantiu, e na visita que efectuámos
municipais pelo Complexo Administrativo cas da zona de construção firmou que o país está a também, em Benguela, que em Benguela, junto das comu-
empenho” Autárquico da Catumbela vão daquela infra-estrutura, foi desenvolver 77 projectos no o processo da nova Divisão nidades analisámos essa ques-
ganhar uma “nova dinâmica”, necessário, também, fazer domínio autárquico, desde Administrativa está a decorrer tão e, pensamos que, de um
nos próximos dias, depois de a redefinição do projecto. a reabilitação, ampliações e sem sobressaltos, depois dos modo geral, o sentimento é
“Quero também aproveitar estarem a avançar lentamente Dionísio da Fonseca infor- inclusive na construção de governos provinciais e admi- positivo”, disse.
a ocasião para apelar à cola- devido a alguns constrangi- mou que todas as preocupa- Assembleias Municipais. nistrações municipais terem O governante garantiu que
boração dos munícipes desta mentos financeiros. A infor- ções acima referidas levaram “ A s i n f ra - e s t r u t u ra s auscultado a população. a nova DPA vai avançar,
província na preservação mação foi prestada, a que houvesse um atraso, Administrativas Autárquicas Segundo o governante, havendo a possibilidade de,
destes bens, que devem, fun- sexta-feira, pelo ministro da quer na execução física da estão nos edifícios mais nas reuniões de auscultação numa primeira fase, prova-
damentalmente, contribuir Administração do Território, obra, quer nos pagamentos. imponentes. Em paralelo, às comunidades efectuadas velmente, não com a elevação
para que a província se desen- Dionísio da Fonseca, que “Trabalhamos com as empre- estão a ser criados complexos no quadro das visitas aos de tantas comunas à categoria
volva”, exortou. de município, mas num
Para a província s e
desenvolver, referiu, é pre-
ciso ter uma conduta cívica
Financiamento vai dinamizar as obras em 2024 número menor vai se efectivar,
para se entender, também,
sobretudo, os problemas de
que contribua para tal feito, O governador provincial de que as coisas vão melhorar. das infra-estruturas integradas de âmbito provincial, asse- delimitação dos municípios.
evitando construções desor- Benguela, Luís Nunes, anun- Luís Nunes afirmou que são as que mais preocupam, gurou, andam quase equipa- Dionísio da Fonseca referiu
denadas e a vandalização ciou, ontem, que as obras todas as obras em curso em porque estão a andar com rados entre a execução física que, com a nova Divisão
dos bens públicos. das Infra-estruturas Integra- Benguela são prioritárias, mais calma. Segundo o gover- e a financeira. “Eu acho que Administrativa, no caso par-
Além das cidades de das em curso vão ganhar mas destacou a grandeza nador provincial de Benguela, para além das infra-estruturas ticular de Benguela, vai se
Benguela, Lobito e Catum- maior dinâmica em 2024, das obras das infra-estruturas os trabalhos começaram com integradas, que ainda não resolver o problema que há
bela, mencionou, há uma com a alocação do financia- integradas em curso. muita força, mas, por causa conseguimos resolver o finan- entre os municípios do Chon-
m a l h a u rb a n a n ova e m mento, previsto entre Outu- “O que mais nos aflige da situação do financiamento ciamento, o resto está a andar goroi e do Cubal, sobre a defi-
quase todos os municípios bro e Novembro deste ano. são as obras das infra-estru- que não está, ainda, activo, satisfatoriamente. nição da delimitação, um
da província que deve ser “Estamos a trabalhar com turas integradas, porque a velocidade baixou. Luís Nunes garantiu que problema que se repete em
conservada, porque, reco- o Ministério das Finanças, elas se complementam em O governante enalteceu a se estão a fazer obras de várias circunscrições do país.
nheceu, se está a fazer um que já nos informou que se vários sectores, desde a visita do ministro da Admi- grande envergadura, não Explicou que, a par da
trabalho positivo com o calhar até Novembro vamos componente da água, ener- nistração do Território, porque, apenas nas infra-estruturas delimitação, haverá ganhos,
empenho pessoal do gover- ter o financiamento. A acon- gia, independentemente conforme disse, serviu para integradas. “A maior parte fundamentalmente, de asse-
n a d o r p rov i n c i a l , L u í s tecer, 2024 vai ser uma etapa de resolvermos os proble- mostrar, também, os projectos das obras do Plano Integrado gurar os serviços municipais
Nunes, e da sua equipa, com mais trabalho e visibi- mas das vias de acesso, de âmbito nacional em curso de Intervenção nos Municí- mais próximos do cidadão
onde todos são chamados lidade nas acções em curso”, passeios e iluminação na província, concretamente pios (PIIM) já é de grande e dar resposta efectiva àquilo
a colaborar. assegurou, acrescentando pública”, explicou. do Ministério da Administração qualidade. Por isso, os nossos que são as grandes preocu-
“De um modo geral saio que é um homem esperan- Luís Nunes acrescentou do Território, que estão “um empresários locais estão de pações no domínio da admi-
de Benguela com uma visão çoso e está confiante e seguro que, actualmente, as obras pouco” atrasados. Os projectos parabéns”, concluiu. nistração local.
8 SOCIEDADE
Falsos funcionários da ENDE detidos
por efectivos da Polícia em Viana
André da Costa
Dois jovens, com idades
compreendidas entre 24 e
29 anos, foram detidos,
sexta-feira, por efectivos
da Esquadra do Luanda-Sul
da Polícia Nacional, no
município de Viana, pro-
víncia de Luanda, sob sus-
peita de terem feito,
reiteradas vezes, ligações
de energia a várias residên-
cias a troco de dinheiro.
Os detidos faziam-se pas-
sar por funcionários da
Empresa Nacional de Dis-
tribuição de Electricidade
(ENDE) e chegaram a cobrar,
numa das residências, 90
mil kwanzas, sendo 50 para
fornecer o contrato e 40 para
reparar uma avaria num dos
postes de energia eléctrica.
A rede eléctrica da
ENDE tem sofrido
muitos danos,
devido às acções
de vários indivíduos
que se fazem passar
por funcionários
da Empresa
Jacinto André Major, chefe
de Equipa da ENDE em Viana,
explicou que os detidos têm
feito ligações anárquicas em
vários bairros, como no Campo
Vermelho, Luanda-Sul e Boa
Esperança, tendo sido encon-
trados trajados com uniformes
da empresa e a fazerem liga-
ções domiciliares.
Informou que em posse
dos indivíduos foram encon-
trados 79 mil kwanzas, parte
do valor arrecadado durante
as cobranças feitas no bairro.
André Major sublinhou
que a rede eléctrica da ENDE
tem sofrido muitos danos,
devido às acções de vários
indivíduos que se fazem pas-
sar por funcionários da
Empresa Nacional de Dis-
tribuição de Electricidade.
PRESTADOR DE SERVIÇO EM EMPRESAS DE SEGURANÇA
Suspeito de furto de armas
está a contas com a justiça
André da Costa
Um jovem de 26 anos, que
desempenhou as funções de
segurança em quatro empre-
sas, foi detido há dias, em
Luanda, pelo Serviço de
Investigação Criminal, sob
suspeita de furto de quatro
armas de fogo do tipo AKM.
O porta-voz do Comando
Provincial de Luanda da Polí-
Indivíduos usavam uniformes da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade
e praticavam as suas acções em vários bairros a troco de dinheiro
Indivíduos foram apanhados em flagrante na sequência de uma denúncia anónima feita por um morador de um dos bairros onde praticavam as suas acções
Os falsos funcionários,
adiantou, fazem a ligação de
energia directamente dos
p o ste s , principalmente
quando clientes do sistema
Moradores espantados com a ousadia
Numa das ruas do Luanda-Sul,
a moradora Daria Caipuso mos-
trou-se admirada ao ver os dois
indivíduos algemados, pois, refe-
riu, sempre acreditou que fossem
funcionários da Empresa Nacional
de Distribuição de Electricidade,
como sempre se apresentavam
Daria Caipuso disse à repor-
tagem do Jornal de Angola que
era frequente ver os indivíduos
com uniformes da ENDE e a
fazerem ligações de energia a
troco de dinheiro.
cia Nacional, superinten-
dente Nestor Goubel, expli-
cou que o indivíduo começou
por trabalhar numa empresa
privada onde furtou uma
arma de fogo e depois tra-
balhou em mais três empre-
sas, tendo, também, furtado
armas de fogo, antes de dei-
xar de trabalhar.
Segundo Nestor Goubel,
o indivíduo, depois de ter as
LIGAÇÕES ANÁRQUICAS EM LUANDA-SUL
pré-pago ficam sem recarga,
cobrando valores que deveriam
ir parar aos cofres da ENDE.
Afirmou que a empresa
tem recebido, há mais de
Matias Neto, também mora-
dor do bairro Luanda-Sul, disse
que na maior parte das casas
os indivíduos faziam o trabalho
de forma inadequada para que
fossem chamados várias vezes.
O trabalho dos indivíduos,
referiu, chegou a afectar casas
vizinhas, que ficaram sem
energia, tendo os proprietá-
rios sido obrigados a pagar
para a resolução do problema.
O porta-voz da do Comando
Provincial de Luanda da Polícia
armas de fogo, formou uma
associação de malfeitores,
composta por três elementos,
que se dedicavam ao roubo
de motorizadas, na Zona
Verde, no Distrito Urbano
do Benfica.
As motorizadas roubadas,
acrescentou, eram comer-
cializadas a preços irrisórios
em vários bairros de Luanda.
Nestor Goubel deu a
três meses, denúncias de
ligações anárquicas feitas
pelos detidos, tendo promo-
vido acções para apanhá-los
em flagrante delito, como
Nacional, superintendente
Nestor Goubel, explicou que
os indivíduos foram detidos
no âmbito das micro-opera-
ções realizadas naquela zona,
devido às queixas de assaltos,
roubos e furtos.
Nestor Goubel sublinhou
que os falsos funcionários da
Empresa Nacional de Distri-
buição de Electricidade vão
responder pelo crime de falsa
identidade e burla.
Um dos detidos, explicou,
conhecer que os elementos
do grupo de malfeitores foram
detidos depois de terem sido
apanhados pela população,
numa das ruas da Zona Verde,
quando tentavam roubar uma
motorizada de duas rodas.
A população, enfurecida
devido aos constantes crimes
praticados pelo grupo de
meliantes, agrediou-os e ten-
tou queimá-los com gasolina,
tendo sido salvos por efectivos
da Polícia Nacional que esta-
vam em serviço no bairro.
Nestor Goubel sublinhou
que os malfeitores roubavam
as motorizadas e outros artigos
com recurso a armas de fogo.
O porta-voz da Polícia
Nacional em Luanda deu a
ocorreu, e apresentá-los à
Polícia Nacional.
O responsável da ENDE
disse que a vandalização da
rede eléctrica em Viana tem
trabalhou durante dez anos
numa empresa chinesa, onde
aprendeu a instalar contadores
eléctricos, tendo domínio da
arte de ligação e religação de
energia, mas nunca foi fun-
cionário da ENDE.
“Como tem técnicas de liga-
ção de energia, sempre que pre-
cisasse de dinheiro, fazia biscates
mediante ligações directas em
residências onde a ENDE havia
feito cortes por falta de paga-
mento”, concluiu.
conhecer que, nos últimos
seis meses, foram roubadas
ou furtadas 45 armas de fogo
do tipo AMK em trabalha-
dores de empresas de segu-
rança, situação que preocupa
as autoridades policiais,
tendo em conta que muitos
crimes são cometidos com
recurso a esse meio letal.
Por sua vez, o segurança
detido sob suspeita de furto
de armas de fogo nas quatro
empresas onde prestou ser-
viço, disse, ao Jornal de
Angola , que levou-as por
não ter sido pago durante o
tempo que trabalhou. O indi-
vídio disse que na primeira
empresa, trabalhou seis
meses e nunca recebeu salá-
Domingo
24 de Setembro de 2023
FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO
ocorrido com frequência,
sendo difícil apanhar em fla-
grante os implicados, devido
à falta de transporte.
Informou que os indiví-
duos foram apanhados na
sequência de uma denúncia
anónima feita por um mora-
dor, que, agastado com a
situação, alertou os respon-
sáveis da ENDE, que infor-
maram a Polícia Nacional.
André Major explicou que
uma ligação foi feita depois
de um dos detidos, identificado
como Bruno, ter conhecido,
em Luanda-Sul, uma jovem,
num restaurante, que recla-
mava que o saldo da energia
havia acabado. Bruno iden-
tificou-se como funcionário
da ENDE e manifestou-se
disponível a resolver o pro-
blema, tendo feito a ligação
de forma directa.
rio. Na segunda, ficou cinco
meses e na terceira e quarta
empresas trabalhou três
meses, também, sem salário.
DR
Muitas armas apreendidas
SOCIEDADE Domingo
24 de Setembro de 2023
CAMINHOS DA VIDA
“Tento ser referência de superação
para os jovens do bairro do Kikolo”
Natural do Huambo, Armindo criou uma associação para incentivar
a juventude a ter um comportamento socialmente correcto
Rui Ramos
“Resido no Kikolo, município
de Cacuaco. Sou professor e
líder comunitário juvenil e,
com a minha equipa JFC
(Jovens fazendo o certo), tra-
balhamos em prol do desen-
volvimento social da nossa
comunidade”, começa assim
a nossa conversa.
“Queremos passar o nosso
testemunho para impulsionar
os jovens a desenvolverem
projectos sociais, visando a
criação de estratégias para o
desenvolvimento das comu-
nidades”, acrescenta, convicto
de ter uma importante missão
a cumprir.
Armindo Vapor é filho de
Dinis Vapor e de Feliciana
Ngueve e nasceu no Huambo,
no dia 17 de Janeiro de 1996.
“Eu vivi a minha infância
no Huambo, mas, em 2000,
a minha família decidiu vir
para Luanda por causa das
enormes dificuldades finan-
ceiras por que passava, devido
ao insuportável custo de vida
e a guerra”, recorda, para
acrescentar: “Postos cá em
Luanda, ficámos hospedados
num bairro chamado Com-
pão, onde existia um alto
índice de criminalidade, bas-
tante preocupante, e onde a
maioria dos jovens era e ainda
é considerada órfão de sonhos,
por conta do contexto social
da comunidade”.
E Armindo Vapor prosse-
gue com as recordações: “A
maioria das pessoas que já
frequentou o bairro do Kikolo
fica com a impressão de que
não é uma zona para se viver
devido à sua reputação social
muito baixa, bem como à
ameaça que proporciona aos
jovens que ousam sonhar e
tentar mudá-lo. Todos os
jovens que quisessem sonhar
tiveram de ausentar-se, por-
que o bairro não oferecia nem
oferece nenhum estímulo
para alcançar os sonhos e
projectos de vida”.
“Eu, enquanto adolescente,
fui levado à tentativa de enve-
redar por caminhos ilícitos,
mas Deus, a quem sirvo e
confio, teve sempre um plano
bom e excepcional para a
minha vida”, relembra, pen-
sativo. “Em 2014, fui para o
Bengo com o objectivo de
fugir do bairro por conta da
vulnerabilidade para a delin-
quência e formei-me na área
pedagógica, tornando-me
professor do ensino funda-
mental”, prossegue. “Quando
regressei, comecei a criar
expectativas de mudar o bairro
e as pessoas ao meu redor em
ARMINDO VAPOR
função da nova visão de vida
que havia adquirido, mas não
sabia como criar tais iniciativas
para mudar a mentalidade
dos jovens do Kikolo e como
impulsioná-los para uma
nova mentalidade”.
Armindo Vapor
criou a organização
social comunitária
JFC (Jovens
Fazendo o Certo)
com o objectivo
de promover a
melhoria social
para a comunidade
e criar um
ambiente que
contribua para
propiciar o
crescimento
e mudança
dos jovens
Logo, Armindo Vapor per-
cebeu que precisava de se
desafiar a ser um líder comu-
nitário capaz de ajudar os
jovens na direcção de uma
mentalidade e participação
activa face aos problemas
sociais da comunidade. “Por
conta de várias situações
sociais que a nossa comuni-
dade enfrenta, nomeada-
mente a criminalidade, a falta
de união na camada juvenil,
a ausência de programas
sociais que certamente viriam
mitigar tais situações e elevar
o crescimento dos jovens, eu
tomei consciência de que
devia agir”.
Neste contexto, prossegue
Armindo Vapor, “vi-me
movido por uma força e
propósito de ver a comu-
nidade desenvolvida e desa-
fiei a juventude a olhar a
localidade e a vida com bas-
tante optimismo”.
Por este motivo, em 2021,
Armindo Vapor criou a orga-
nização social comunitária
JFC (Jovens Fazendo o Certo)
com o objectivo de promover
a melhoria social para a comu-
nidade e criar um ambiente
que contribua para propiciar
o crescimento e mudança dos
jovens e adolescentes.
“De lá para cá, já realizá-
CEDIDA
mos várias actividades e pro-
gramas sociais que têm ser-
vido de impulso para trazer
rumo e esperança a uma
comunidade que queremos
cada vez melhor”.
E Armindo Vapor enumera
essas actividades: “Realizámos
palestras, acções solidárias,
feiras de negócios, actividades
literárias que impulsionam
a juventude a fomentar o gosto
pela leitura e formações para
qualificação profissional e
pessoal. Em meio a toda esta
actividade, o meu grande
desejo tem sido inspirar e ser
uma referência para a juven-
tude da comunidade juvenil
do Kikolo”.
Todas essas actividades
sociais, precisa, “têm sido
sem qualquer interesse finan-
ceiro, nós trabalhamos sem
apoio nem patrocínios, faze-
mos tudo visando o cresci-
mento e melhoria do Kikolo
e da numerosa juventude que
o compõe”.
E Armindo Vapor conclui:
“Inspirar jovens e ser uma
referência de superação é a
minha maior ambição”.
ESCOLAS EM LUANDA
Estudantes defendem
reforço da segurança
Madalena Quissanga
A Associação Provincial dos
Estudantes (APEL) apresentou
ao Comando Provincial de
Luanda da Polícia Nacional
um memorando onde cons-
tam algumas preocupações
e propostas de solução de
problemas relacionados com
a segurança escolar.
O presidente da APEL,
Lukalakiesse Quifinamene,
que fez, sexta-feira, a entrega
oficial do documento resul-
tante do fórum provincial dos
estudantes do I e II ciclos do
ensino secundário, defendeu
o regresso da brigada de segu-
rança escolar.
O fórum, frisou, resultou
de vários encontros munici-
pais, que serviram para aus-
cultar as maiores preocupações
dos estudantes, relacionados,
fundamentalmente, ao alto
índice de assédio, falta de
segurança, de professores das
disciplinas nucleares, de labo-
ratórios para as aulas práticas,
ARREDORES DO LUBANGO
Engenho explosivo
provoca uma morte
Estanislau Costa | Lubango
Uma cidadã, que aparentava
ter 67 anos de idade, morreu
há dias, na comuna da Arimba,
arredores da cidade do Lubango,
na sequência da explosão de
um engenho, segundo o porta-
voz do Centro Nacional de Des-
minagem na Huíla. Fernando
Katyavala explicou que o inci-
dente ocorreu terça-feira, por
volta das 13h45, quando a vítima
saía da lavra.
Após a actividade agrícola,
acrescentou, a cidadã encon-
trou um objecto estranho e,
em função da sua espessura
e peso, resolveu utilizá-lo
para a quebra de inertes. “O
engenho acabou por explodir,
tendo provocado a morte ime-
diata da idosa”.
Fernando Katyavala con-
siderou preocupante a situa-
ção, tendo em conta que se
trata do terceiro caso, em
menos de quatro meses, que
engenhos explosivos provo-
cam mortes na província da
Huíla. O Centro Nacional de
Desminagem para inverter a
situação optou por promover
nas zonas mais afectadas
campanhas de sensibilização,
visando a redução de aciden-
tes com minas e outros enge-
nhos explosivos.
O porta-voz do Centro
Nacional de Desminagem na
Huíla enalteceu o comporta-
mento de munícipes de Cacula
que, depois de encontrarem
no matagal um morteiro de
82 milímetros, comunicaram
aos agentes do Comando
Municipal da Polícia, que o
desactivaram e entregaram
aos técnicos do Instituto Nacio-
nal de Desminagem.
Fernando Katiavala deu a
conhecer, por outro lado, que
9
de oportunidade de está-
gios, de acesso aos trans-
portes públicos e número
reduzido de docentes para
o ensino especial.
Além da Polícia Nacional,
adiantou, a associação apre-
sentou o memorando ao
Ministério da Educação.
O memorando, avançou,
enquadra-se no plano de acti-
v i d a d e s d o a n o l e c t ivo
2023/2024, aprovado pela
direcção da Associação Pro-
vincial dos Estudantes de
Luanda no dia 27 de Junho
do corrente ano, aquando no
fórum provincial dos estu-
dantes dos I e II ciclos do
ensino secundário.
“Foram reflectidos, entre
outros, temas relacionados
à e nt rad a e sa í d a c o m
sucesso no II ciclo, acesso
ao ensino superior, impor-
tância do associativismo
estudantil na sociedade e
participação da juventude
académica no desenvolvi-
mento do país”, explicou.
dois indivíduos foram, recen-
temente, gravemente feridos
na povoação Kangombe,
município de Cacula, na
sequência da deflagração de
uma mina. “Um perdeu as
duas pernas em consequência
dos ferimentos graves e ao
outro foi-lhe amputada uma
das mãos”.
Importa realçar que duas
crianças, de 4 e 8 anos, mor-
reram e 11 ficaram feridas, em
finais de Julho, na sequência
da explosão de um engenho,
no bairro da Eywa, arredores
da cidade do Lubango.
O porta-voz do Comando
Provincial da Polícia Nacional,
inspetor-chefe Fernando
Tongo, explicou que o incidente
ocorreu quando uma das víti-
mas levou um projéctil para
casa e o colocou na fogueira.
“A violenta explosão causou,
também, ferimentos a outras
crianças com idades com-
preendidas entre 3 e 14 anos.
DR
Muitos engenhos removidos
10 REGIÕES Domingo
24 de Setembro de 2023

BENGO CHUVA NO UÍGE

Enfermeiros
solicitam
melhores
condições
E n f e r m e i ro s d o B e n g o
podem regressar à greve,
caso o Governo da província
não cumpra com as exigên-
cias do caderno reivindicativo
até ao dia 28.
O alerta foi feito pelo secre-
tário provincial do Sindicato
dos Enfermeiros de Angola
(SINDEA), durante a III Reu-
nião Ordinária do Conselho
Geral Provincial da União
dos Sindicatos.
Paulo Chindumbo afirmou
que o SINDEA aguarda pela
resposta do Gabinete Provin-
cial da Saúde no Bengo desde
o mês de Agosto. “Vimos que
o tempo está a passar e dentro
daquilo que a lei prevê, vamos
realizar uma assembleia no
dia 28 de Setembro para deci-
dir a greve. Tudo vai depender
da decisão dos associados.
Queremos que o Governo
respeite a lei ", disse.
Segundo o sindicalista,
durante o primeiro encontro,
o Gabinete da Saúde garantiu
que em breve o memorando
seria assinado, mas conti-
nuam a discuti-lo desde o
dia 17 de Agosto.
EDIÇÕES NOVEMBRO
ANO LECTIVO 2023/2024
Várias infra-estruturas de impacto social estão a ser construídas no âmbito do PIIM
Sector da Educação no Uíge
tem mais 74 salas de aula
Instituições académicas vão permitir acomodar
6.660 alunos dos municípios de Mucaba, Milunga,
Quitexe, Alto Cauale, Bembe e Ambuíla
António Capitão | Mucaba
O sector da Educação no Uíge conta,
desde sexta-feira, com mais oito escolas,
com um total de 74 salas de aula, que
vão permitir acomodar, de forma con-
digna, até 6.660 alunos, anteriormente
a estudar em condições precárias.
As novas escolas foram construídas
nos municípios de Mucaba, Milunga,
Q u i texe , A l to C au a l e , B e mb e e
Ambuíla, no quadro do Plano Inte-
grado de Intervenção nos Municípios
(PIIM) e do Programa Integrado de
Desenvolvimento Local e Combate
| EDIÇÕES NOVEMBRO
Descarga eléctrica
causa morte de jovem
António Capitão | Uíge na prática dos crimes de falsa
identidade, usurpação de fun-
Um cidadão, de 28 anos, mor- ções e associação criminosa.
reu, há dias, vítima de uma “Importa salientar que o
descarga eléctrica, em con- implicado, no momento da
sequência da chuva que caiu detenção, foi flagrado na
na cidade do Uíge. suposta delegação provincial
O porta-voz do Serviço de da BUSF a efectuar inscrições
Investigação Criminal (SIC) de ingresso de novos candi-
no Uíge disse que o infortúnio datos para a referida empresa,
ocorreu no bairro Quituma, quando na verdade a mesma
nas imediações da Estação não está habilitada nem auto-
de Tratamento de Água (ETA). rizada pelos órgãos compe-
Zacarias Fernando referiu tentes locais para exercer as
que o SIC-Uíge e a Polícia actividades que vem exer-
Nacional fizeram a remoção cendo há meses”, disse
do cadáver do cidadão que No momento da detenção,
em vida respondia pelo nome salientou, foram apreendidos,
de Mário Hebo Vintém, natural em posse do acusado, um
da província de Malanje e passe de identificação pessoal,
residente, antes dos factos, um Diário da República,
no bairro Quituma. constando o estatuto da
O porta-voz do SIC no Uíge e mp re sa , u m a c e r t i d ão
avançou que foi detido um comercial, um contrato de
indivíduo que se auto-inti-
tulava delegado provincial
do grupo Bombeiros Unidos
arrendamento das instalações
onde funciona a empresa, 11
ofícios de solicitações, um
Sem Fronteiras (BUSF). O SIC
no Uíge, em cumprimento
de um mandado à ordem do
alvará comercial, três coletes
e um par de botas militares.
O acusado, esclareceu, já foi
procurador da República, apresentado ao Ministério
procedeu à detenção do indi- Público para os procedimen-
víduo, de 35 anos, indiciado tos legais que se impõem.
à Pobreza (PIDLCP), que permitiram,
EM VÁRIAS ÁREAS DE SAURIMO
também, a construção de um centro
de saúde no município de Quitexe e
um sistema de captação, tratamento
e distribuição de água no município
do Bungo.
Endiama dá apoio
O governador do Uíge, José Carvalho
da Rocha, disse que a construção e a
entrega das infra-estruturas é a
à formação técnica
EDIÇÕES NOVEMBRO
demonstração da preocupação do Exe-
cutivo em dar soluções de forma gra-
dual aos principais problemas da
população. "Todas essas infra-estru-
turas devem ser preservadas para que
sirvam as futuras gerações", apelou.

Classe dos enfermeiros

promete parar as actividades

O secretário provincial MERENDA ESCOLAR NA LUNDA-SUL

da UNTA-CS na província
do Bengo, Manuel Azevedo,
disse que a III reunião surtiu
efeitos positivos e garantiu
que será constituída uma
comissão multissectorial
para conseguir uma nego-
ciação favorável entre o sin-
dicato e o Governo local.
“O caderno reivindica-
tivo é do domínio da massa
associativa do Bengo, já está
elaborado com vários pon-
tos inerentes aos trabalha-
dores da Saúde e reflecte
na sua conjuntura os pro-
blemas que afligem os tra-
balhadores do sector da
enfermagem”, frisou.
Manuel Azevedo adiantou
que foi proposto pelas confe-
derações sindicais, nomea-
d a m e n t e , a U N TA- C S ,
CG-SILA e a Força Sindical,
uma greve nacional, que vai
atender uma paralisação geral
dos serviços públicos.
Reve l o u a i n d a q u e o
caderno reivindicativo faz
menção ao aumento do Salário
Mínimo Nacional, de 32 mil
para 245 mil kwanzas, de
maneira que haja uma resposta
adequada à situação econó-
mica vivida em todo o país.
Edvaldo Lemos / Caxito
Nova fábrica inicia produção
de lanches a partir de Outubro
Objectivo das autoridades é diminuir o absentismo de alunos
Kamuanga Júlia | Saurimo
A merenda escolar em Sau-
rimo vai passar a ser fornecida
por uma nova fábrica, a partir
do próximo mês. A referida
GARCIA MAYATOKO EDIÇÕES NOVEMBRO
fábrica tem capacidade para
produzir, inicialmente, cerca
de 50 mil merendas escolares,
das 80 mil previstas.
Numa visita guiada, feita
ontem, o governador Daniel
Neto passou pelas principais
áreas do empreendimento.
Depois das explicações técnicas
sobre os trabalhos realizados
pela empresa Metalosul, o
fiscal de obras José Caprichoso
garantiu que o próximo mês
a fábrica arranca.
Entre os factores que for-
çaram o adiamento na entrega
da fábrica em Agosto passado,
de acordo com o prazo subs-
crito no contrato, José Capri-
c h o s o a p o n t a " l i g e i ro s
constrangimentos na aqui-
sição de materiais a partir de
Luanda". A fase conclusiva
da empreitada, explicou,
abarca, entre outras acções,
aplicação de louça sanitária,
pavimentação de áreas inter-
nas e pintura geral.
O administrador municipal
de Saurimo, Adérito Cahanga,
informou que o projecto é
parte de um protocolo que o
Governo subscreveu com a
Sociedade Mineira de Catoca.
Exploração e tratamento de mineiro entre os cursos ministrados
Kamuanga Júlia|Saurimo
Mais de 40 jovens formados,
em Saurimo, nas áreas de
Electromecânica, Exploração
e Prospecção Mineira, Topo-
grafia/Cartografia e Trata-
mento de Mineiro foram
colocados no mercado de
trabalho, depois de concluí-
rem a formação no centro
da Endiama.
A cerimónia de entrega de
diplomas foi presidida pelo
director-geral do Centro de
Treinamento e Estágio Pro-
fissional (CEFOP), afecto à
Endiama, Leão Chimin, que
considerou a promoção de
ciclos formativos um desafio
que garante a empregabili-
dade, com recursos humanos
capazes de impulsionar o
desenvolvimento da região.
Leão Chimin realçou que
o resultado alcançado foi
fruto do empenho e pro-
fissionalismo dos forma-
dores que prepararam os
recém-formados para apli-
carem na prática os conhe-
cimentos adquiridos onde
forem colocados.
Disse que o ciclo formativo
foi assegurado por 33 for-
madores, munidos de com-
petências que estimulam a
introduçaõ na grelha vigente
de 12 novos cursos, no pró-
ximo ano.
Reiterou o compromisso
de prosseguir com formações
de técnicos. O centro promove
também ciclos de curta e
média duração para aumentar
as competências das pessoas
que já trabalham.
Numa mensagem lida pela
jovem Manuela Lemos, em
nome dos finalistas, consi-
derou que a formação abriu
novos horizontes e permitiu
trocar experiências entre os
formandos e os formadores.
REGIÕES
24 de Setembro de 2023
ASSASSINATO EM MALANJE
Cidadão condenado
a 24 anos de prisão
Venâncio Victor | Malanje
O Tribunal Provincial de
Malanje condenou, a 24 anos
de prisão, um professor, de
44 anos, que assassinou a mãe
a pauladas, no bairro Kula-
muxito. O crime ocorreu no
dia 6 de Janeiro do corrente
ano quando o acusado, na
tentativa de envolver-se
sexualmente com a mãe e ela
mostrar resistência, partiu
para a agressão.
De acordo com as decla-
rações em tribunal, o assas-
sinato da camponesa, de 80
anos, conhecida por Maria
de Fátima Fernandes da Cruz,
foi por motivos de crença em
feitiçaria. O acto ocorreu no
interior da residência da malo-
grada e na presença de um
neto, de sete anos.
Na altura, uma sobrinha da
malograda, chocada com a
situação, explicou que o acu-
sado depois de matar a mãe,
ligou para alguns familiares a
informar. “Depois de rece-
SOLIDARIEDADE EM ONDJIVA
Pessoas vulneráveis
beneficiam de apoio
Adelaide Mualimusi | Ondjiva
Um total de 16 pessoas que
vivem em situação de vul-
nerabilidade, em Ondjiva,
no Cunene, beneficiaram de
kits de corte e costura, sapa-
taria, serralharia e de cabe-
leireiro, para o fomento da
renda familiar, no âmbito do
Programa de Protecção aos
Grupos Vulneráveis.
A directora do Gabinete
Provincial da Acção Social,
Família e Igualdade de Género
afirmou que tem realizado
visitas ao domicílio dos bene-
ficiários, para proceder à
entrega dos kits.
Georgina Braga disse que
as necessidades das pessoas
vulneráveis são várias e para
evitar a dependência, o gabi-
nete está a motivar os assis-
tidos a trabalhar para o seu
fomento da renda familiar,
com acompanhamento da
acção social para saber da
evolução e do impacto na vida
destas pessoas. Referiu que
o gabinete tem como missão,
Domingo
bermos a informação que a
tia estava a ser espancada pelo
filho, tudo fizemos para a
socorrer, mas sem sucesso,
porque a encontramos morta.
O filho alegou que a mãe era
a razão do seu insucesso”, sus-
tentou. A sociedade de Malanje
condenou o acto bárbaro e cri-
minoso praticado pelo filho,um
professor que deveria ter a
capacidade de ajudar no pro-
cesso de educação.
A secretária provincial do
Conselho Nacional da Socie-
dade Civil, Ana Bela Quidiata,
condenou o acto criminoso,
salientado que é uma acção
de tamanha crueldade e mal-
dade. Segundo a secretaria,
a situação chocou a sociedade
e deixou todos sem palavras
porque a Bíblia recomenda
honrar os seus pais para que
os seus dias se prolonguem
na terra.
“É triste a realidade e não
se percebe quando nem den-
tro da nossa família nos sen-
timos seguros”, sublinhou.
DR
conceber, propor e executar
as políticas sociais relativas
aos indivíduos e grupos mais
vulneráveis da população,
promovendo o desenvolvi-
mento local e combate à
pobreza, assim como a defesa
e o bem-estar da família.
“Aos poucos, vamos ajudar
as pessoas em situação de
vulnerabilidade, contribuindo
para o sustento das suas famí-
lias”, disse Georgina Braga.
Os membros da família
Matandila, que padecem de
problemas de surdez, rece-
beram um par de aparelhos
auditivos cada, e mostraram
estar satisfeitos com o gesto
do Gabinete da Acção Social,
pois que os meios são caros
e não tinham possibilidades
de adquirí-los no mercado.
Augusta Jamba, uma das con-
templadas do kit de cabelei-
reiro, disse que tem agora os
alicerces para dar início a um
negócio, obter clientes e abra-
çar a concorrência no mer-
cado. “É a realização de um
sonho” disse a contemplada.
Programa Nascer Livre para Brilhar
reduz a taxa de transmissão vertical
Projecto resultante de uma iniciativa da Primeira Dama, Ana Dias Lourenço,
regista resultados satisfatórios no Planalto Central
Justino Victorino| Huambo
Das 1.084 crianças nascidas
de mães seropositivas, 1.069
ficaram livres do VIH/SIDA
nos últimos dois anos, na pro-
víncia do Huambo, no âmbito
do Programa de Corte de Pre-
venção Vertical, promovido
pela Associação “Nascer Livre
para Brilhar”, uma iniciativa
da Primeira-Dama da Repú-
blica, Ana Dias Lourenço.
O estigma e a
discriminação,
disse, criam
barreiras sociais
que separam os
portadores do
VIH/SIDA do
tratamento nas
unidades sanitárias
com condições
para o efeito
A informação foi avançada
ao Jornal de Angola pela coor-
denadora nacional do “Pro-
jecto Mães Mentoras”, Ilda
Kuleba, que destacou o facto
de a campanha “Nascer Livre
para Brilhar” ser financiada
pela Agência Americana de
Desenvolvimento (USAID),
desde 2021, e precisar de
maior divulgação. A coorde-
nadora considera importante
que os órgãos de comunicação
social transmitam cada vez
mais temáticas sobre o corte
de transmissão vertical, para
que as pessoas nesta con-
dição procurem por assis-
tência médica.
Ilda Kuleba realçou que
uma maior divulgação vai
contribuir para despertar a
atenção do público sobre
Fuga à paternidade entre as ocorrências registadas
VIH/SIDA NO HUAMBO
Após o balanço das actividades dos últimos dois anos foi defendido o reforço da sensibilização
questões que se prendem com
o estigma e discriminação de
pessoas que convivem com
a doença na região e no país.
O estigma e a discrimina-
ção, disse, criam barreiras
sociais que separam os por-
tadores do VIH/SIDA do tra-
tamento nas unidades
sanitárias com condições para
o efeito. Por isso, defende o
reforço da sensibilização e
formação na comunicação
social para se inverter o qua-
dro. Apesar da pouca divul-
gação, a coordenadora fez um
balanço positivo da campanha
e mostrou-se satisfeita com
EDIÇÕES NOVEMBRO
o envolvimento das autori-
dades sanitárias, adminis-
trativas e tradicionais da
província do Huambo, desde
o início do projecto.
“Notei que as autoridades
dos municípios da Caála e
Huambo estão sensibilizadas
nesta empreitada. É um
reflexo de que o Governo
local, através do Gabinete
Provincial da Saúde, tem
cumprido com o seu papel
de advocacia, para que a cam-
panha ao longo dos últimos
dois anos fosse um sucesso”.
Na ocasião, o director do Gabi-
nete Provincial da Saúde,
CRIANÇAS NO CUNENE
INAC regista aumento
de casos de violência
Adelaide Mualimusi | Ondjiva
O Instituto Nacional da
Criança (INAC), no Cunene,
registou, de Janeiro a Agosto
deste ano, 266 casos de vio-
lências contra menores, um
aumento de 189 ocorrências
em relação ao mesmo
período do ano passado.
Os dados constam de um
relatório apresentado pelo
INAC ao Jornal de Angola,
destacando que no mesmo
período foram notificados
27 casos de violência sexual
a menores, 150 de negligên-
cia, 20 de violência física,
cinco de homicídio, igual
número de disputa de guarda,
três de abandono, um caso
de tráfico de criança e outro
de violência psicológica. De
acordo com o relatório, com
11
JOAQUIM ARMANDO|EDIÇÕES NOVEMBRO
Lucas Nhamba, assegurou
que a expansão dos serviços
de planeamento familiar,
consultas pré-natais e de
corte de transmissão vertical
constam dos planos de acção
a serem desenvolvidos pelas
unidades sanitárias.
A administradora adjunta
do município do Huambo para
a área Política e Social, Marta
Teixeira, afirmou que apesar
da adesão das mulheres ao
tratamento do HIV-Sida e dos
resultados animadores, ainda
assim, há necessidade de se
promover mais palestras de
sensibilização sobre a doença.
a entrada em funcionamento
da linha SOS crianças, foram
registadas 15.015 chamadas,
que contribuíram para o
aumento de denúncias liga-
das às ocorrências de negli-
gências, fuga à paternidade,
violência física e sexual.
O documento refere ainda
que a instituição está a desen-
volver acções de sensibili-
zação, orientações jurídicas
e administrativas, para a
melhoria do nível de com-
portamento dos pais e encar-
regados de educação, com
vista a evitar um conjunto
de crimes voltados à criança.
O documento do INAC acres-
centa que os pais, familiares
e pessoas próximas, são apon-
tados como os principais
autores de crimes bárbaros
contra menores.
12 Domingo
24 de Setembro de 2023

PUBLICIDADE

QUINTA REGIÃO TRIBUTÁRIA

REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE

Processos de execução fiscal

NOTIFICAÇÃO DE PENHORA POR EDITAL

A Administração Geral Tributária (AGT) comunica que correm, nestes termos na Repartição Fiscal do Namibe, adstrita à Quinta Região Tributária, sita na Província
do Namibe, os Processos de Execução Fiscal, seguidos de penhora de contas bancárias, contra os contribuintes abaixo indicados:
N.º PROCESSO N.º EXECUTADO NIF NATUREZA VALOR INSTITUIÇÃO EXERCÍCIO

DA DÍVIDA DA DÍVIDA QUE REALIZOU A PENHORA

1 105/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 IMPOSTO DE SELO 6.176.792,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2018

2 106/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 IMPOSTO DE SELO 6.068.630,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2019

3 107/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 IMPOSTO DE SELO 3.598.414,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2020

4 108/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 I.R.T. 38.498.204,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2018

5 109/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 I.R.T. 35.321.474,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2019

6 110/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 MULTA I.R.T. 53.025,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2018

7 111/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 MULTA I.R.T. 53.025,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2019

8 112/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 RJFDE 61.049.065,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2018

9 113/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 RJFDE 61.049.065,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2019

10 114/SLFT/EF/RFN/2021 YONG WANG 10000E125011196 RJFDE 39.355.583,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2020

11 337/SLFT/EF/RFN/2021 A.H.G.GENERAL TRADING DE ANDMICHAEL HAILE GOROMSE 0000008433T03 IMPOSTO DE SELO 1.499.955,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

12 338/SLFT/EF/RFN/2021 A.H.G.GENERAL TRADING DE ANDMICHAEL HAILE GOROMSE 0000008433T03 I.R.T. 9.596.138,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

13 339/SLFT/EF/RFN/2021 A.H.G.GENERAL TRADING DE ANDMICHAEL HAILE GOROMSE 0000008433T03 I.R.T. 9.986.984,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2016

14 340/SLFT/EF/RFN/2021 A.H.G.GENERAL TRADING DE ANDMICHAEL HAILE GOROMSE 0000008433T03 IMPOSTO DE SELO 1.561.853,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2016

15 442/SLFT/EF/RFN/2021 ISABEL LOPES & FILHOS –CONS. CIVIL, OP. NAVAL, LDA. 5161161558 IMPOSTO INDUSTRIAL 5.784.539,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

16 443/SLFT/EF/RFN/2021 ISABEL LOPES & FILHOS –CONS. CIVIL, OP. NAVAL, LDA. 5161161558 MULTA I.R.T. 56.600,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

17 444/SLFT/EF/RFN/2021 ORGANIZAÇÕES CJL, LDA. 5161161078 I.R.T-CONTA DE OUTREM 257.718,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

18 445/SLFT/EF/RFN/2021 ORGANIZAÇÕES CJL, LDA. 5161161078 IMPOSTO DE SELO 354.797,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

19 446/SLFT/EF/RFN/2021 ORGANIZAÇÕES CJL, LDA. 5161161078 IMPOSTO INDUSTRIAL 2.754.316,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

20 447/SLFT/EF/RFN/2021 ORGANIZAÇÕES CJL, LDA. 5161161078 MULTA I.R.T. 54.075,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

21 522/RFN/QRT/AGT/21 MERHADANOM COMÉRCIO E SERVIÇOS, LDA. 5000470228 MULTA RJFDE 4.356.700,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2020

22 258/EF/RFN/AGT/2022 LODGE FLAMINGOS, LDA. 5161162260 MULTA RJFDE 3.569.643,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2021

23 223/EF/RFN/AGT/2022 TASCIRA EMPREENDIMENTOS, LDA. 5417282367 IMPOSTO INDUSTRIAL 2.754.491,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2018

24 332/RFN/2022 CARLOS ILÍDIO EVANGELISTA CANUTO 5161158433 IMPOSTO INDUSTRIAL 2.555.176,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2014

25 129/SFLT/EF/RFN/2020 JOVASA, LDA. 5161158832 IMPOSTO INDUSTRIAL 28.214.295,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2018

26 130/SFLT/EF/RFN/2020 JOVASA, LDA. 5161158832 IMPOSTO INDUSTRIAL 5.822.799,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2016

27 131/SFLT/EF/RFN/2020 JOVASA, LDA. 5161158832 MULTA INDUSTRIAL 572.250,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2017

(500.0902)PP/PB-1/2
Domingo
24 de Setembro de 2023 13
PUBLICIDADE
28 01/EF/RFN/AGT/2023 ESCOLA DE CONDUÇÃO AUTO VALBRY E FILHOS, LDA. 5161157690 IMPOSTO INDUSTRIAL 3.467.071,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2014

29 91/SLFT/EF/RFN/2020 LUCIANO KAPEMBE 000455531HA031 I.R.T-C 9.185.640,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2016

30 92/SLFT/EF/RFN/2020 LUCIANO KAPEMBE 000455531HA031 IMPOSTO DE SELO 1.534.070,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2016

31 52/RFN/2016 G.E GLOBAL ENERGY LIMITADA 5171159890A IMPOSTO DE CONSUMO 1.571.976,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

32 53/RFN/2016 G.E GLOBAL ENERGY LIMITADA 5171159890A IMPOSTO IND. RETENÇÃO NA FONTE 99.036,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2013

33 54/RFN/2016 G.E GLOBAL ENERGY LIMITADA 5171159890A IMPOSTO IND. RETENÇÃO NA FONTE 82.404,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2014

34 55/RFN/2016 G.E GLOBAL ENERGY LIMITADA 5171159890A IMPOSTO IND. RETENÇÃO NA FONTE 81.432,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

35 56/RFN/2016 G.E GLOBAL ENERGY LIMITADA 5171159890A I.R.T. - CONTA DE OUTREM 269.674,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2014

36 57/RFN/2016 G.E GLOBAL ENERGY LIMITADA 5171159890A I.R.T. - CONTA DE OUTREM 1.459.648,00 REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE 2015

Nos termos dos n.os 2 e 5 do artigo 97.º e do n.º 1 do artigo 100.º do Código das Execuções Fiscais (CEF), aprovado pela Lei n.º 20/14, de 22 de Outubro, conjugados
com a alínea e) do n.º 2 do artigo 77.º da Lei de Base das Instituições Financeiras (Lei n.º 12/15, de 17 de Junho), no âmbito dos processos de execução fiscal contra
si instaurados, foram penhorados valores suficientes para o pagamento da dívida exequenda e custas processuais, nas contas bancárias, por si tituladas.

Assim, nos termos dos n.os 3 e 4 do artigo 28.º e do n.º 4 do artigo 29.º, ambos do CEF, conjugados com os n.os 6 e 7 do artigo 93.º do Código Geral Tributário,
aprovado pela Lei n.º 21/14, de 22 de Outubro, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 21/20, de 9 de Julho, ficam os Executados, actualmente em parte incerta,
notificados da Penhora efectuada por esta Administração, para, no prazo de dez (10) dias, que começará a correr depois de finda a dilação de trinta (30) dias, a
contar da data de publicação deste edital, querendo, deduzirem OPOSIÇÃO À PENHORA, nos termos do disposto no artigo 90.º do Código das Execuções Fiscais,
sob pena de o processo prosseguir os seus termos até final e, eventualmente, com a transferência dos valores penhorados a favor do Estado, nos termos do disposto
no artigo 156.º do Código das Execuções Fiscais, tudo conforme melhor consta do duplicado do mandado de penhora, notificação e demais peças do processo que
se encontram na Repartição Fiscal do Namibe.

REPARTIÇÃO FISCAL DO NAMIBE, em Moçâmedes, 15 de Agosto de 2023

O CHEFE DE REPARTIÇÃO
ESTÊVÃO LOPES AGUIARES

(500.0902)MPI/PB-2/2

(700.004)MPP
14 Domingo
24 de Setembro de 2023

CLASSIFICADOS
Atendimento Mais informações
Rua Rainha Ginga, 18/24 - Luanda Telefones: 937 550 262 / 949 770 006
E-mail: publicidade@jornaldeangola.com
de Segunda a Sexta-feira, das 8h às 15h,
aos Sábados, Domingos e Feriados das 8h às 14h IMOBILIÁRIO VIATURAS DIVERSOS

PUBLICIDADE

PRESTAÇÃO de serviços FORMADORES (Inglês,

IMOBILIÁRIO
VENDE-SE
CASA, Fazenda, Terrenos,
hectares e diversas coisas
que precisares. Telefones:
923620706, 953245422.
(13189)C3L-4/7
RESIDENCIAL c/21 quar-
tos, piscina, padaria, es-
tacionamento e Bar-club,
no Bita Progresso. Telef:
924277487. (13169)C3L-3/5
UMA vivenda no Condo-
mínio kilamba Village T4,
pago na totalidade. Telefs:
VIATURAS
VENDE-SE
CARRINHA Ford Ducati
cor branca, fabrico 2018,
motor novo, baixo preço.
Tlf: 927719236 (13214)C3L-4/4
ALUGA-SE
RENT-A-CAR, Next Link
Kia Morning, Chevrolet
Spark, Hyundai Creta.
Telf.: 939171746(13389)C3L-
1/15
RENT-A-CAR, Next Link
CAMPAS em granito e
mármore, montagem,
gravação, cabeceiras e fo-
tos, na Casa dos Granitos.
Telefones: 921662309/
990591646. (12868)C3L-10/30
CAMPAS em mármore e
granito c/ montagem, fa-
zemos fotocerâmica.
Telefones: 939455696,
923806094 (12993)C3L-9/56
de Construção Civil, plan-
ta de arquitectura, elec-
tricidade, orçamento e
fiscalização. Telefone:
943524369 (13031)C3L-9/25
ASB-GLOBAL: Fazemos lim-
peza e saneamento básico,
em espaços e empresas. Telfs:
923809509, 912967270.
(13217)C3L-5/7
TERRENO: 100x100, lega-
lizado, no Kifica, na rua
principal do Colégio Bri-
lhante.Telf.: 936714133
(13407)C3L-2/4
TERRENO: 20x40, legali-
zado, no Benfica (atrás do
B.F.A.)Telf.: 923257109.
(13404)C3L-2/5
Marketing Digital, Infor-
mática e HES. Telefone:
922151280.
(13324)C3L-2/2
GESTOR gerente para re-
sidencial, com 8 anos de
experiência. Telefone:
954318332, 923338233
(WhatsApp).
(13269)C3L-4/7
GESTOR: Director comer-
cial sénior, para oficina-
auto, com mais de 10
anos de experiência. Tel:
954318332/923338233
(WhatsApp)
(13269)C3L-4/7

940259725, 995710609 Tucson, Hyundai K. Telf.: GESTOR de cafetaria e

(13260)C3L-4/5
APARTAMENTO T4, com
anexo e piscina, no Nova
Vida. Telefone: 923985803
(13398)C3L-4/8
939171746 (13389)C3L-2/15
COMPRA-SE
COMPRAMOS todo tipo
de Ouro, pagamos bem
e na hora. Tlfs: 921381137,
CONTABILISTA sénior
presta serviços a empresas:
fecho de contas, etc. Telefs:
923341375, 912323744.
(13170)C3L-6 /10
restaurante, com mais de
8 anos de experiência. Te-
lefones:954318332,
923338233. (WhatsApp)
(13269)C3L-4/7
(11232)D-2/6

APARTAMENTO T3, 2.ª fa-
se, 3.º andar, no Nova Vi-
da. Tel.: 923 332590 / 914
186670 (13385)C3L-1/3
ARRENDA-SE
ARMAZÉM de 55mx37m,
na Cuca, ao lado da es-
trada do Hoji-Ya-Henda.
Telefones: 938514638,
922771566, 932400413
(13012)C3L-7/10
DIVERSOS
VENDE-SE
TERRENO 30/40, Vila do
Ramiro, a 70 metros do
mar. Telefone: 923562286
(13183)C3L-6/10
QUINTA 1 hectare,
90.000.000 Akz, kikuxi,
preparada p/ aviário, re-
sort, estaleiro, etc. Tel:
923403053. (13255)C3L-4/7
931753004. (12528)C3L-18/24
NEGÓCIOS
ESCRITÓRIO: De conta-
bilidade, INSS, impostos
AGT, estudo de viabilida-
de. Telefone: 930688499
(12761)C3L-14/30
SERVIÇOS Contabilísticos:
O Suporte que a sua Em-
presa Precisa! Fale Con-
nosco. Telefone:
926597875. (12720)C3L-13/20
ALUGA-SE
CÂMARAS frigoríficas de
armazéns na Cuca, estra-
da do Hoji-Ya-Henda (Bor-
racheiras). Telefones:
938514638, 922771566.
(13012)C3L-7/10
PRECISA-SE
COSTUREIRO(A) c/expe-
riência em vestidos de
noiva. Telef.: 941808593
(13079)C3L-7/15
VIGILANTE p/ uma Obra.
Telefone: 922151280.
(13324)C3L-2/2
GRANITOS, MÁRMORE E OUTROS
OFERECE-SE
Nova loja no Morro Bento - Tel. (+244) 923 894 097
Em frente ao retorno da Clínica Multiperfil
PROJECTO de arquitectu-
ra, construímos casas, pis-
BANCADAS DE COZINHA - SOLEIRAS - LADRILHOS - PEDRA NATURAL -
CALÇADAS - CAMPAS - JAZIGOS - GRAVAÇÕES - CHURRASQUEIRAS
cinas e vários serviços. – FORNOS - ARTIGOS DE JARDIM
Telfs.: 934999333, 931992 ENDEREÇO: Estrada de Viana, Km 25
293.
Tel. (+244) 946 600 163– 938422420
(13332)C3L-3/22 Email: geral@ladystone-angola.com (13273)C2-3/29

REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E DOS DIREITOS HUMANOS
TRIBUNAL PROVINCIAL DE LUANDA -
SALA DE FAMÍLIA - 1.ª SECÇÃO 1.ª Publicação

ANÚNCIO
PROCESSO N.º 985/F-2021

Faz-se saber que, por este Tribunal Provincial de Luanda,

1.ª Secção da Sala de Família, correm éditos de noventa
dias, citando a Ré Luísa Pedro Vitinho, residente em parte
incerta, para, querendo contestar, no prazo de noventa dias,
findo o de dilação de igual duração, a Acção de Divórcio Li-
tigioso, que é Reu Mauro Eugénio Pedro Mendes, na qual,
em resumo, pretende que seja citada a Ré, conforme consta
da petição inicial, cujo duplicado se acha patente no Cartório
do Tribunal Provincial de Luanda, 1.ª Secção da Sala de Fa-
mília, situado no Distrito da Maianga, Rua Ngola Mbandi,
vulgo Rua dos Quartéis, junto ao INAC.

Luanda, 21 de Setembro de 2023

A JUÍZA DE DIREITO
Dra. JUDELCA CRISPIM
A ESCRIVÃ DE DIREITO
ANA CRISTINA
(13425)D2-1/1
NECROLOGIA
RECORDAÇÃO
ARMANDO DE MOURA
COUTINHO (Só Moura)
Hoje, dia 24 de Setembro de 2023, é o dia
do teu Aniversário. Tempo algum é capaz
de nos fazer aceitar viver sem ti, amado
pai. Somos apenas consolados com o teu
eterno amor. Saudades eternas das tuas
filhas, filhos, sobrinhos, netos e bisnetos.
Descanse em paz.
(13430)NMI-1/1
FALECEU
MANUEL SEBASTIÃO
Maria Madalena Dias dos Santos (esposa),
irmãos, filhos, sobrinhos e netos comu-
nicam que o funeral de MANUEL SEBAS-
TIÃO se realiza hoje, domingo, dia
24/9/2023, às 15h30, no Cemitério do Rio
do Mouro, em Lisboa - Portugal. Em
Luanda, o óbito está situado no Bairro Lar
do Patriota, Rua 62, defronte ao Exter-
nato Emirais, casa n.º 595.
(13439)NMI-1/1
SERVIÇO NECROLÓGICO - DIAS ÚTEIS: DAS 8H ÀS 15H00; SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS DAS 8H ÀS 14H00
Domingo
24 de Setembro de 2023
FALECEU
JOAQUIM PEDRO DA CUNHA
Sobrinhos, netos e bisnetos comunicam
o falecimento do seu ente querido JOA-
QUIM PEDRO DA CUNHA, ocorrido no
dia 21/9/2023, por doença. O funeral rea-
lizar-se-á na quarta-feira, dia 27/9/2023,
pelas 10h00, no Cemitério do Benfica,
antecedido do velório que será na terça-
feira, dia 26/9/2023, no ex-R.I.20, a par-
tir das 21h00.
(13446)NMI-1/2
FALECEU
EDGAR JOAQUIM FILIPE
A família Filipe comunica o falecimento
do seu ente querido EDGAR JOAQUIM
FILIPE, ocorrido no dia 22/9/2023, o fu-
neral realiza-se hoje, domingo, dia
24/9/2023, às 11h00, partindo do hospital
do Calumbo para o Cemitério do Benfica.
(13444)NMI-1/1
FALECEU
JOAQUIM PEDRO DA CUNHA
Conceição da Cunha Neto, Doroteia Cunha
Castelo, Edite Cunha, Anselmo Cunha, Eva
Chimuco, Elisa Cunha, Eurico Cunha, Celeste
Cunha, Ivo Cunha, Inocêncio Cunha, Cícero
Cunha (filhos) e demais familiares comunicam
o falecimento do seu ente querido JOAQUIM
PEDRO DA CUNHA, ocorrido no dia
21/9/2023, por doença. O funeral realizar-se-
á na quarta-feira, dia 27/9/2023, pelas 10h00,
no Cemitério do Benfica. (13446)NMI-2/2
RECORDAÇÃO
JOSÉ DOS SANTOS
SALVADOR (Zeca Piloto)
Zeca Piloto, muitas saudades, nosso
mano, partiste, mas o amor que conti-
nuamos a nutrir por ti nem a morte nos
consegue roubar. Deus te conceda o
eterno descanso, nós aqui continuamos a
caminhar e a honrar, todos os dias, as
tuas memórias. Dos teus manos, demais
familiares e em especial da cassule Isa-
bella. Amém.
(13441)NMI-1/1
15
CONDOLÊNCIAS
FRANCISCO MORAIS
(Idu)
Foi com a mais profunda consternação que o Conselho de Administração e o colectivo
de trabalhadores da SIMPORTEX-E.P. tomaram conhecimento do falecimento de
FRANCISCO MORAIS (Idu), trabalhador reformado desta empresa, ocorrido no dia
19/9/2023, por doença. Neste momento de dor e luto, curvam-se perante a memória
do malogrado, apresentando à família enlutada os mais profundos sentimentos de
pesar. Paz à sua alma. (13381)NMI-1/1
FALECEU FALECEU
MANUEL PEDRO JOÃO FRANCISCO JOSÉ ANTÓNIO
PELIGANGA PASCOAL
As famílias Peliganga, Guimarães, Amadeu Luzia Pascoal (esposa), Bernarda Pascoal,
e Gomes comunicam o passamento físico Esperança Pascoal, José Pascoal, Araújo
do seu ente querido MANUEL PEDRO Pascoal, Noé Pascoal, Francisco Pascoal e
JOÃO PELIGANGA,ocorrido no dia 21 de Pedro Pascoal (filhos), irmãos, primos, tios,
Setembro de 2023, por doença, na Repú- sobrinhos e amigos comunicam o falecimento
blica da Namíbia. O funeral realizar-se- de FRANCISCO JOSÉ ANTÓNIO PASCOAL,
á em data a anunciar oportunamente. ocorrido no dia 20/9/2023. O funeral rea-
(13390)NMI-R liza-se hoje, domingo, 24/9/2023, às 11h00,
no Cemitério do Benfica.
(13424)NMI-R
PUBLICIDADE
16 Domingo
24 de Setembro de 2023

PUBLICIDADE
Domingo
24 de Setembro de 2023 17
PUBLICIDADE
18 DESTAQUE Domingo
24 de Setembro de 2023

BENGUELA
Arão Martins | Benguela

“Welcome”, “Bienvienue”,
Ex-refugiados instalados no bairro
da Mina pedem mais serviços sociais
“Ndenguenini”, “Murim-
buangi”, “Akombe veia”. É
desta forma que o Jornal de
Angola foi recebido pelas
famílias regressadas da
Namíbia, República Demo-
crática do Congo e Zâmbia,
instaladas no bairro da Mina, Administração Municipal de Benguela garante que existe um programa do Governo Provincial para
zona F, em Benguela. a instalação de mais serviços, a serem concretizados em função das disponibilidades financeiras
A saudação é feita em
várias línguas. Há quem se ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | BENGUELA
expresse em inglês, outros
em francês, lingala, mbunda
e umbundo.
O acesso à localidade da
Mina é feito em perfeitas
condições, numa estrada
asfaltada, que parte de Ben-
guela para o vale do Cavaco,
zona agrícola de Benguela,
administrativamente sob
jurisdição da administração
comunal da Nossa Senhora
da Graça.
O asfalto existe desde 2017,
para facilitar o escoamento
dos produtos do campo para
a cidade e vice-versa.
Mina é, também, conhe-
cida como lugar sagrado, por
existirem diferentes deno-
minações religiosas, desde
a Católica, Adventista do 7º
Dia, Igreja Evangélica Con-
g re ga c i o n a l e m A ng o l a
(IECA), Igreja Evangélica
Sinodal de Angola (IESA) e
a Igreja Baptista.
Quem se desloca à Mina
vislumbra paisagens exu-
berantes, com montanhas e
o verde a atrair a atenção de
qualquer transeunte.
Situado a 13 quilómetros,
o letreiro da Igreja Evan-
gélica Sinodal de Angola
(IESA), uma das denomi-
nações seculares, nascida Notícias através do Falta escola Na Mina é melhor que
na histórica vila de Calu-
q uemb e , província da
Huíla, indica o bairro Boa
programa Ngola Yetu para os filhos no campo de refugiados
Esperança da Mina, onde Devido às dificuldades, Laurinda da Baía Farta, em Benguela, Inicialmente, segundo Ber- Benedito Nguenga Augusto para as suas zonas de origem.
e s tã o i n s ta l a d a s vá r i a s Calei e o marido já pensaram mas acabou por desistir devido nardo Cambia, houve promessas veio, também, da Namíbia. Natural do município do
famílias regressadas da regressar à Zâmbia, mas tal à distância. Hoje, para sobreviver, de bolsas de estudo para os Diz que viver na Mina, em Ben- Chongoroi, Maria da Conceição,
Namíbia, República Demo- pretensão não se concretiza cava e amontoa pedras para filhos. Pai de vários filhos, com guela, é melhor que na Namí- mãe de cinco filhos, foi acolhida
crática do Congo , Zim- por falta de dinheiro. comercializar. O preço varia em idades entre 7 e 22 anos, Ber- bia, onde viviam no campo de no lar de idosos, depois de
babwe e Zâmbia, que Laurinda Calei acompanha, função do tamanho do monte, nardo Cambia lamentou a falta refugiados. chegar a Benguela. No quadro
clamam por mais apoios e com regularidade as notícias entre 5 e 11 mil kwanzas. de uma escola próxima da comu- Filho de pais benguelenses, da política de reassentamento
serviços sociais básicos. em língua quimbundo, do pro- “Nós fomos repatriados. nidade para facilitar os estudos Benedito Nguenga Augusto das famílias regressadas dos
Laurinda Calei, 47 anos, grama Ngola Yetu, da Rádio Alguns ficaram no Otchivarongo, dos filhos. “A vida aqui é difícil. conta que nasceu na região países vizinhos, foi instalada
é zambiana. Uniu-se ao Nacional de Angola (RNA). Windhoek, Kakarara e outros no Primeiro é distante da cidade. fronteiriça entre o Rundu na localidade da Mina.
cidadão nacional Marcelo Lamenta que, devido à distância, Bokomo”, recorda Bernardo Cam- Por outro lado, não há negócios. (Namíbia) e Cuando Cubango. Diz que, na Mina, a principal
Calei, 65, na Zâmbia. Da os filhos estão sem estudar. bia, que defende a inserção dos O dinheiro que se gasta em algum Devido à falta de apoio, pre- preocupação tem a ver com a
relação nasceram quatro “As crianças não estão a estu- regressados em projectos de negócio perde-se num piscar feriu desistir na 10ª classe, no falta de água potável. “Quando
filhos, com idades entre os dar. Sem família cá, aliada à agricultura. Amputado na perna de olhos”, lamentou. município do Bocoio, para ajudar saímos da Namíbia, recebemos
16 e 24 anos. Lamentou o doença do meu esposo, a situa- esquerda, a 23 de Março de 1988, A escola mais próxima do local, os pais na Mina. Além de explorar a garantia de encontrar uma
estado de saúde do esposo, ção tende a piorar”, lamentou, devido ao conflito armado, no informou, está situada no bairro pedra e areia, Benedito Nguenga vida melhor. Na altura, o Ministério
ao ser apoquentado, há já afirmando que a principal preo- Cuito, Bié, Bernardo Cambia tra- dos Calomburacos, perto da Casa, Augusto vive do carregamento da Reinserção Social fez um bom
algum tempo, de asma. cupação é o futuro das crianças. balhou nas Nações Unidas. “Daqui ao Gaiato há uma boa dis- de inertes. “A vida aqui na Mina acompanhamento, com a dis-
Oriunda da província de Explicou que já venderam todos “Quando entrei no Osiri, tância”, indicou, acrescentando está difícil. Conseguimos dinheiro tribuição regular de alimentos
Mundrunga, na Zâmbia, a bens, devido à doença. durante muito tempo, trabalhei que, sem transporte, é um risco se formos à montanha. O con- e chapas de zinco”, lembra.
Laurinda Calei explicou ao com o ACNUR, exercendo a posi- para as crianças. Devido às difi- trário, fica difícil”, explicou. Com as chapas, explicou,
Jornal de Angola que o casal Cavar pedras para sobreviver ção de chefe dos deficientes a culdades financeiras, não con- Carregar um camião custa cada família construiu a sua
está no país desde 2009. Mãos enrugadas, empoeirado nível do campo”, explicou, acres- segue pagar propinas para todos entre 2 e 4 mil kwanzas. Com moradia, embora de construção
Um regresso que parecia e a transpirar, Bernardo Cambia, centando que, com o alcance os filhos. “Tenho dois filhos a fre- o valor, disse, já é possível adqui- precária. Considera que a vida
felicidade e alegria tor- 53 anos, vive da exploração de da paz, mobilizou-se os ango- quentar aulas com normalidade rir detergente em pó (omo), na Mina é difícil, por falta de
nou-se em pesadelo, pedra. Portador de deficiência, lanos para regressarem. em algumas escolas, onde paga- água, sal e outros produtos. bases para fazer negócio ou cul-
devido à asma que apo- vivia da corrida de moto-táxi Segundo Bernardo, no prin- mos propinas mensais. Aliado tivar a terra. Pede que lhes sejam
quenta o esposo. de três rodas, vulgo caleluia. cípio, a promessa era de encon- aos fascículos, sem emprego, a Acolhida no lar de idosos concedidos kits para a criação
Conta que a decisão de Natural do município do trar casas. “Recebemos, situação complica”, disse. Maria da Conceição, 55 anos, de negócios. “Somos visitas cá.
regresso do esposo ao país Chongoroi, província de Ben- também, promessa de encontrar Sugeriu a abrangência do é, também, oriunda da Namí- Apesar de sermos de Benguela,
de origem foi muito bem guela, Bernardo Cambia veio coisas que não trabalhámos”, Programa Kwenda, para con- bia. Disse que já viveu no preferimos nos instalar na Mina”,
recebida pela família. Mas, do campo Osiri, 75 quilómetros explicou, salientando que, no tribuir na melhoria da quali- Rundu, Grootfontein e Wind- disse, salientando que os filhos
lamenta as dificuldades que de Otchivarongo, Namíbia, em início, o ACNUR disponibilizou dade de vida, não só de hoek, de onde saiu em 2010 que vieram da Namíbia, depois
vivem, na Mina, onde têm Junho de 2012, tendo encon- 100 dólares para cada cidadão, cidadãos regressados, mas de para o campo de refugiados. de terminarem a 12ª classe,
que recorrer à exploração trado acomodação na Mina. até à sua reintegração na socie- toda a população que vive em Deixou o antigo campo de refu- estão com dificuldades de con-
artesanal de pedra para Já exerceu trabalho de escalar dade. Lamentou que as dificul- condições difíceis na Mina. giados em 2012, no âmbito do tinuar os estudos, por falta de
sobreviver. peixe, no município piscatório dades aumentam todos os dias. repatriamento dos angolanos condições financeiras.
DESTAQUE Domingo
24 de Setembro de 2023
Construção de uma
escola no local
A entrevistada defendeu a
construção de uma escola no
local, porque a única do ensino
p r i m á r i o e stá s i t u a d a n a
Cachiva, distante da Mina,
impossibilitando os estudos
dos netos. “As crianças estão
em casa porque não chegam,
sozinhas, à escola”, lamentou.
A falta de água para consumo
é outra dificuldade vivida na
Mina. As pessoas têm que gastar
50 kwanzas para ter água no
bidão de 10 litros. “Cada um
desenrasca”, disse, acrescen-
tando que, se alguém ficar
doente à noite, não terão onde
o levar, por falta de posto médico.
Defende a distribuição de
kits profissionais nas áreas de
pastelaria, para criar renda nas
famílias. É, também, de opinião
que o Kwenda seja alargado
para as famílias da Mina.
Maria da Conceição pediu
a visita do governador provincial
de Benguela, Luís Nunes, para
se inteirar das condições de
vida daquelas famílias. “Na
Namíbia tínhamos água e ener-
gia eléctrica. Viver numa zona
sem essas condições cria muitos
constrangimentos”, disse.
Maria da Conceição é natural
do Cubal, mas preferiu insta-
lar-se na Mina. “Quando che-
guei, o meu pai e mãe já não
faziam parte do mundo dos
vivos. Desconheço também o
paradeiro dos meus irmãos,
por isso estou na Mina. Não
consigo viver no Cubal”, disse.
José Tchikola, 68 anos, vive
na Mina desde 2008. Encontrou
lugar na Mina, depois da sua
casa ter sido afectada por inun-
dações, no bairro Lixeira Baixa.
Com o seu bidão de 20 litros
de água amarrado à motorizada,
tem o dia preenchido para ven-
der água. Explicou que cada
bidão de água custa 50 kwanzas.
Disse que adquiriu a motorizada
com o dinheiro conseguido no
garimpo de pedra.
Reactivação do sistema de
abastecimento de água
Angelia Tchiloca, oriunda do
bairro Tchipiandulo, solicita
a reactivação do sistema de
abastecimento de água, que
já funcionava no passado.
“Antes recebíamos água. Já
escrevemos muitas cartas diri-
gidas ao Governo Provincial
e estamos sem resposta”, disse,
lembrando que a situação já
dura desde 2008.
Para ter água, disse, é preciso
dinheiro. “Sem dinheiro é sofri-
mento. Já falámos nas rádios,
estamos à espera”, disse, acres-
centando que a outra preocu-
pação tem a ver com a distância
que as crianças percorrem para
chegarem à escola.
Outra dificuldade tem a ver
com a falta de posto médico e
posto de polícia. “Quando
alguém está doente, sobretudo
à noite, é impossível ir ao hospital,
por causa dos ladrões. Já pedi-
mos uma tenda para albergar a
polícia e uma viatura de apoio
aos doentes”, solicitou.
Lugar de recreação
Jeremias Eduardo “Pai Gerry” reside
na Mina há cinco anos. Antigo morador
das Tombas, Pai Gerry criou um lugar
de diversão, onde colocou uma antena
parabólica para os jovens acompanharem
os jogos de futebol. No local montou,
também, uma bandeira que simboliza
a zona desportiva.
Pai Gerry criou também três equipas
de futebol, denominadas Petro de
Luanda A e B e TP Mazembe do Congo.
Os jogos que colocam frente a frente
essas equipas e as do bairro da Graça
juntam muitas pessoas. O promotor pediu
a instalação de um campo, porque o
único que existe está localizado no bairro
Chiva, sendo bastante concorrido. “Estamos
a precisar de apoio para abrir um campo”,
apelou. Quando há jogos do Girabola ou
da Europa, os jovens são obrigados a acom-
panhar todas partidas que acontecem.
Bairro continua a crescer apesar das
dificuldades
O responsável do sector da Boa Espe-
rança-Mina, Jaime Garcia Baptista,
enalteceu a união no seio da comuni-
dade e disse que, apesar das dificul-
dades, o bairro continua a crescer.
Além de famílias regressadas dos
países vizinhos, a localidade acolhe,
também, famílias sinistradas devido às
chuvas, no bairro do Capiá Ndalo, em
Benguela. Explicou que a Mina é uma
área de recolha de pedra. A maior parte
das famílias sobrevive da venda de pedra.
A área é de exploração de pedra. A zona
dispõe de uma britadeira, que emprega
boa parte dos jovens. “Viemos como
sinistrados. As nossas casas tinham desa-
Bairro chegou a ter
mais de mil pessoas
Electricista de profissão, Jaime Garcia
Baptista, informou que, no início, foram
feitos muitos lotes. Inicialmente, disse,
a Mina acolheu 1.085 habitantes,
incluindo os repatriados e sinistrados.
Jaime Garcia Baptista reafirmou
as principais preocupações, que são
a falta de água, posto médico, escola
e energia eléctrica.
“Desde que cá chegamos, em 2008,
estamos apenas com promessas do
Governo, para nos poderem reabilitar
o bairro. Continuamos à espera. Já
faz 15 anos”, lamentou.
Segundo o coordenador, as famílias
são obrigadas a comprar água, porque
a existente é salobra. Lembra que, no
princípio, as famílias recebiam água a
partir de cisternas da Direcção Provincial
de Águas. Depois de algum tempo, o
processo parou. A Administração abriu
um furo, mas a água é salobra, imprópria
para consumo.
Criação de mais pontos de água
A criação de mais pontos de água, a
construção de um posto médico, abas-
tecimento de energia eléctrica da rede
pública e uma escola do ensino primário
e secundário do I Ciclo, são os pontos
indicados pelo responsável do bairro
como prioridade, além de uma unidade
policial. Para casos de polícia, indicou,
recorre-se aos bairros da Graça e Cassoco.
Lembrou que, no princípio, o índice de
criminalidade era alto, mas reduziu com
a intervenção da própria comunidade.
Destacou a realização de compe-
tições de futebol inter-bairros e zonas,
no qual participa, os bairros Calungulo,
bado no bairro Capiandalo, além de
populares da Calomanga e Calomburaco,
seguidamente, transferiram-nos para a
Mina”, salientou.
Depois de um tempo, o bairro rece-
beu, também, a primeira leva de famílias
vindas da República Democrática do
Congo (RDC), depois da Zâmbia, Namíbia
e Botswana, em 2012.
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | BENGUELA
Jaime Garcia Baptista responsável
do sector da Boa Esperança-Mina
Mbupula, Calueque, Lopes, Moladi,
Boa Esperança e outros.
Administração entrega kits agrícolas
Dezasseis famílias regressadas da
Namíbia, Zâmbia e República Demo-
crática do Congo, que se encontram
na Mina, em Benguela, receberam,
domingo, kits de fomento à agricultura,
no âmbito do programa de combate
à fome e à pobreza.
Os kits visam fomentar a produção
agrícola e contribuir no aumento da
renda das famílias.
O administrador municipal adjunto
para o sector Político, Social e das Comu-
nidades de Benguela, João Tomás, disse
que, além dos cidadãos regressados,
o programa vai contemplar, igualmente,
cidadãos de outras comunidades. “Apro-
veitamos as jornadas do 17 de Setembro,
Dia do Herói Nacional, para entregar
os kits, que contemplam, também, os
de parteiras tradicionais, agricultura e
pastelaria”, disse.
Sobre as famílias regressadas, o res-
ponsável explicou que fazem da agri-
cultura a sua sobrevivência. E, em função
das preocupações que as mesmas apre-
sentaram, atendeu-se a vertente do
fomento agrícola. “A entrega dos kits
visou dar resposta a uma das preocu-
pações apresentadas pelas famílias
regressadas e encontraram abrigo na
Mina”, sublinhou, referindo, ainda, que
as famílias serão acompanhadas pela
direcção municipal da Agricultura que
vai acompanhá-los e ajudá-los a trabalhar
com os kits e rentabilizar os mesmos
para benefício próprio.
Mais acções a favor
das famílias
Relativamente às preocupações
referentes aos serviços básicos
reclamados pelas famílias
regressadas, João Tomás garan-
tiu que a preocupação da água
está a ser equacionada.
“O bairro dispõe de furos já
abertos para atender as neces-
sidades das mesmas populações.
Infelizmente a água é salobra. Já
estamos a trabalhar com a direcção
de Energia e Águas para trans-
formar a água em potável”, disse,
salientando que, por enquanto,
vai se assistindo essa comunidade
com cisternas de água.
João Tomás disse que há,
também, projectos nos sectores
da Saúde e Educação. “Não
temos um posto médico lá, mas
existe uma equipa que, cons-
tantemente, se desloca com
um carro móvel para prestar
assistência e acompanhamento
às famílias”, informou.
O administrador municipal
adjunto de Benguela explicou
que existe um programa para
beneficiar, não só as famílias
regressadas, mas, também,
toda a comunidade da Mina.
“Além da Administração Muni-
cipal, existe um programa do
Governo Provincial de Benguela
e em função das disponibilidades
financeiras, mais serviços sociais
vão ser criados para o bem das
comunidades”, disse.
Governo continua a apoiar
famílias vulneráveis
As famílias regressadas da Namí-
bia, República Democrática do
Congo (RDC), Zâmbia e Zim-
babwe continuam a merecer
atenção especial do Governo,
garantiu a responsável do depar-
tamento da Acção Social e Igual-
dade do Género do Governo de
Benguela, Carla Filipe.
Explicou que na sequência
do processo de repatriamento
dos cidadãos angolanos refu-
19
JAIMAGENS/FOTÓGRAFO
giados nos países vizinhos, mui-
tos decidiram regressar, de livre
e espontânea vontade, às suas
áreas de origem.
Para os que foram a Ben-
guela, foi feito um trabalho de
localização familiar, para ver
de onde eram oriundas. A maior
parte regressou para os muni-
cípios de origem e os que não
quiseram regressar, ficaram no
município de Benguela.
Para melhor assentamento,
esclareceu, o governo identificou
o bairro da Mina, onde os ex-
refugiados foram instalados,
recebendo cada família uma
parcela de terreno.
Durante seis meses, escla-
receu, as mesmas famílias rece-
beram uma cesta básica e foram
encaminhadas para os minis-
térios da Saúde e da Justiça e
Direitos Humanos, para regu-
larizarem a documentação, tais
como registo de nascimento e
bilhetes de identidade. As crian-
ças foram matriculadas na escola.
Depois dos seis meses,
segundo a responsável, o Gabi-
nete provincial continua a
acompanhar as mesmas famí-
lias, porque nem todos conse-
guiram emprego. “Os anos
foram passando e, até hoje,
vemos muitos repatriados a
queixarem-se do Estado que
não ajuda, o que não é bem
assim. Tudo bem que estamos
num contexto que, para todas
as famílias, é complicado, mas
essas famílias continuam a
receber ajuda”, disse.
Informou que existem famí-
lias consideradas vulneráveis
por serem doentes, idosos ou
portadoras de deficiência.
Informou que o Gabinete Pro-
vincial de Acção Social e Igual-
dade do Género do Governo
Provincial de Benguela conti-
nua a prestar apoio a essas
famílias vulneráveis.
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | BENGUELA
20 Domingo
24 de Setembro de 2023

PUBLICIDADE

REPÚBLICA DE ANGOLA
TRIBUNAL PROVINCIAL DE LUANDA - SALA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO 1.ª SECÇÃO
Comunicado EDITAL 2.ª Publicação

PROC. N.° 0765/2018-A

Procedimento de Prova de Vida para 2023
O Excelentíssimo Dr. Juiz de Direito da 1.ª Secção do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda.
A Cabinda Gulf Oil Company Limited (“CABGOC”) vem, pela presente,
FAZ SABER que, por esta Secção correm uns autos de ACÇÃO DECLARATIVA DE COBRANÇA DE DÍVIDA, em
solicitar a comparência de todos os seus reformados, viúvos/as ou repre- que é autora FICEL-COMÉRCIAL, LDA., empresa de nacionalidade angolana, representada pelo senhor Víctor
sentantes legais de dependentes menores de 18 anos registados, para efec- de Jesus Pili, de nacionalidade angolana, residente na Rua Marien Guabi, n.º 140, 6.°Andar A, Bairro Maianga,
moveu contra o réu CONDOMÍNIO VILA MAR, representado pela senhora Nayr Jeorgina do Nascimento, sito na
tuar a prova de vida para reformados, cujo aniversário seja nos meses de via ZR 2, Talatona, Município de Belas, nesta Cidade de Luanda, e ora em parte incerta, correm éditos de 20 (vinte)
Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro, de acordo com as datas e lo- dias, Citando a ré, para, no prazo de 20 (vinte) dias, contestar os termos da presente acção dentro do prazo legal,
cais abaixo indicados: sob a advertência de serem considerados confessados os factos articulados pela autora, na acção acima mencio-
nada, sob cominação legal, conforme a petição inicial que se encontra patente no Cartório desta 1.ª Secção do
Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda, sito à rua Amílcar Cabral, n.° 27, 3.° andar.
Província Data Período Local Para constar, lavrou-se o presente edital e dois de igual teor, que serão afixados nos lugares designados por Lei.
Centro Recreativo
Cabinda 8h00 - 14h00 LUANDA, 20 DE JANEIRO DE 2020
25 a 29 de Mangui Seco
Setembro 2023 O JUÍZ DE DIREITO
Luanda 8h00 - 14h00 Centro Recreativo Mulemba OSVALDO MALANGA

A ESCRIVÃ DE DIREITO
LUÍSA DEOLINDA DA C. A.PAIVA
Para os que se encontrem impossibilitados de efectuar a prova de vida pre- (13361)1/8-2/2
sencialmente, poderão fazê-lo de forma remota, enviando um e-mail para o
correio electrónico: cabgocretirees@chevron.com.

Os convocados deverão fazer-se acompanhar da seguinte documentação:

• Bilhete de Identidade válido;
PEDIDO DE COMPARÊNCIA
• Boletim ou Assento de Nascimento dos menores que não possuam o Bi-
lhete de Identidade.
No âmbito da gestão comercial dos espaços do Aeroporto Internacional
Para mais informações, por favor, contactar por telefone: +244 222 692 600, 4 de Fevereiro, a Sociedade Gestora de Aeroportos, S.A. (SGA-
extensão 2008, ou alternativamente por correio electrónico: S.A.), sucede automática e globalmente a «ENANA-E.P.», nos
cabgocretirees@chevron.com. termos do n.º 1 do artigo 2.º do Decreto Presidencial n.º 207/19,
de 1 de Julho, que aprova o Estatuto da SGA-S.A., representada
Departamento de Recursos Humanos
neste acto pelo Sr. Manuel Maria de Barros Gomes, na qualidade
(500.0821)1/4P-15/15
de Presidente da Comissão Executiva, vem solicitar a comparência
dos representantes legais da empresa AIR 26, S.A., no Gabinete
Jurídico da SGA-S.A., sito no 2.º andar do Edifício Sede do Aeroporto
Internacional 4 de Fevereiro, no prazo de quinze (15) dias, a contar
com a data do presente comunicado, para tratar de assuntos
comerciais que vinculam as partes.
CONVOCATÓRIA
ASSEMBLEIA-GERAL DA SOCIEDADE Findo o prazo, a SGA.S.A. declinará qualquer responsabilidade
PAVIMENTA, LDA. pela falta comparência.
Carlos Hélder da Silva Campos, na qualidade de Gerente da SO- GABINETE DE COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES INSTITUCIONAIS,
CIEDADE PAVIMENTA, LDA., com sede na Rua 15 de Agosto,
Zona Comercial, Município do Lobito, Província de Benguela, NIF: em Luanda, 21 de Setembro de 2023
(FA-1447)1/8P-4/5
5401137117, com capital social de 3.609.000,00 (Três Milhões Ses-
centos e Nove Mil Kwanzas), matriculada na Conservatória de Re-
gisto Comercial competente, sob o número 16/2022, convocam V.
Exa. para a Assembleia-Geral a ocorrer no próximo dia 10 de Ou-
tubro de 2023, pelas 9h00, na sede social, com a seguinte ordem
trabalhos:

a) Apreciação e votação do Relatório de Gestão, o Balanço às Con-

tas e restantes documentos de prestação de contas dos exercícios
2015 a 2022.
b) Apreciação geral da administração e fiscalização da sociedade.
c) Deliberar sobre a exclusão do sócio Fernando Jorge de Carvalho
Moreira, por justa causa.
d) Discussão e aprovação de cessão de quotas do sócio Gonçalo
Manuel de Carvalho Simões Sardinha, a favor dos sócios Carlos
Hélder da Silva Campos e o sócio Fernando Jorge de Carvalho Mo-
reira.
e) Diversos
EDITAL
A Sociedade DWD, Limitada, com sede social na Província de Luanda,
na Rua Cirilo da Conceição Silva, Prédio n.º 22, apartamento 2, Zona
4, Município da Ingombota, Bairro Ingombota, registada na Conservatória
de Registo Comercial sob a Matrícula 995-13/1300401, e sob o Número
de Identificação Fiscal n.º 5417203505, neste acto representado pelo
Sócio e Gerente o Senhor Diógenes José Faustino Ferreira, vem, por
este meio, notificar, por edital, o sócio Dário Vanussi Carvalheda da
Rosa, a participar da Assembleia-Geral Extraordinária a ser realizada
no dia 20 de Outubro de 2023, pelas 16h00, no escritório da sede da
Sociedade, sito na Rua da Gamek, n.º 19 A, Zona 3, Bairro Morro
Bento, Luanda, Angola.

Lobito aos 21 de Setembro de 2023 Luanda, 13 de Setembro de 2023

O SÓCIO-GERENTE O Sócio e Gerente
Carlos Hélder da Silva Campos DIÓGENES JOSÉ FAUSTINO FERREIRA
FA(1458)1/4P-1/1 (13037)1/8P-5/30
ECONOMIA Domingo
24 de Setembro de 2023
TRAVAR UMA VISÍVEL ONDA DE ESPECULAÇÃO PELOS AGENTES ECONÓMICOS
Consumidores pedem maior fiscalização aos preços
de produtos essenciais nos mercados e lojas do Zaire
Levantamento junto dos principais mercados informais e dos armazéns grossistas mostram uma subida de preços em torno dos 25
por cento, no custo actual dos diversos bens alimentares, quando comprados com os que eram praticados há cerca de uma semana
Jaquelino Figueiredo
e Kayila Silvina | Mbanza Kongo
A subida diária de preços dos
produtos da cesta básica, na
província do Zaire, continua
a inquietar as famílias.
Para sustentar um aagre-
gado de seis pessoas, nos
dias que correm, não está
fácil, segundo contam alguns
entrevistados na cidade de
Mbanza Kongo.
A oscilação de preços dos
principais produtos, tanto a
nível dos mercados informais,
como nos armazéns e lojas
de venda a retalho, retira o
sono aos consumidores, por
causa da alta de preços pra-
ticada de forma arbitrária.
À reportagem do Jornal de
Angola, as donas de casa e
outros chefes de família, ouvi-
dos sobre o tema dos preços
dos produtos básicos, refor-
çaram os apelos aos orgãos
de fiscalização e inspecção à
travarem tais práticas.
Já nos mercados visitados,
foi possível constatar que, no
informal, o quilograma de
arroz passou de 700 para 800
kwanzas, o de açúcar de 1
200,00 para 1 500 e a mesma
quantidade da farinha de trigo
passou de 350 para 450,00.
Por sua vez, o quilograma de
sal avulso está a ser vendido
por 250 kwanzas, contra os
200,00 anteriores, numa
subida de 25 por cento. A fuba
de milho tem o quilograma a
custar 300,00 contra os 250,00
anteriores e a de bombó passou
de 100,00 para 125 kwanzas,
isso no informal. Quanto ao
litro de óleo alimentar, que
custava, anteriormente, 1
700,00 passou para 2 200
kwanzas; a barra de sabão está
1 700,00; o quilo de feijão cata-
rina e manteiga, respectiva-
mente, passaram de 1 000,00
para 1 200 Kwanzas,preços
estes praticados nos mercados
informais da capital do Zaire
(Mbanza Kongo).
Em relação aos preços de
venda de produtos perecíveis,
constatou-se que o quilo-
grama de peixe carapau está
a ser vendido a 1 860 kwan-
zas, contra os 1 500 anterio-
res. A coxa de frango está 2
000 kwanzas por quilo e o
cachucho a 1.800,00. Já o
frango de 1.100 gramas pas-
sou de 2 700,00 para 3.500
kwanzas o quilo, ao passo
que o de 1.400 gramas é ven-
dido a 4 500, contra os 3.700
360
KWANZAS
É em quanto subiu o
preço do quilograma do
peixe carapau, agora Kz 1
860, antes 1 500
Armazéns grossistas da cidade de Mbanza Kongo também sobem os preços dos produtos
Juliana Matondo, doméstica
“Sou doméstica,
não trabalho,
apenas tenho uma
bancada e vejo que
os preços subiram
muito”
anteriores.Já nas lojas e mini
m e rc a d o s d a c i d a d e d e
Mbanza Kongo, os preços
estão mais elevados, se com-
parados com os praticados
no mercado informal.
Nestes operadores (semi-
formais, pois têm documen-
tos, mas trabalham com
estruturas de custos e metódos
que às vezes se confundem
com a prática informal), o
quilograma de farinha de trigo
custa de 700 kwanzas, o de
sal iodizado está ser vendido
por 500,00, o litro de óleo de
palma a 1 600; a fuba de milho
está 500,00.
O quilograma de arroz está
a 1 150,00, o de açúcar 1 500
e os 750 ml de óleo alimentar
25
POR CENTO
Média da variação em alta
dos preços na cidade de
Mbanza Kongo no espaço de
sete dias
Pedro Almeida, mototaxista
“É preciso maior
inspecção e
fiscalização para
reduzir a
especulação de
preços”
custam 2 170 kwanzas, quando
o litro era vendido por 1 650
há uma semana.
Em relação à venda por
grosso, registou-se também
um aumento considerável ao
fixar-se, por exemplo, o saco
de 25 quilogramas de arroz ao
preço de 16 900 kwanzas contra
os 15 500 anteriores, em arma-
zéns visitados. O saco de 50
quilogramas de açúcar está a
ser vendido a 62 500 kwanzas,
contra os 48 mil da semana
passada; o bidão de cinco litros
de óleo alimentar custa, actual-
mente, 8 800 kwanzas, contra
os 7 500 da última semana. O
saco de 25 quilos de fuba de
milho está a custar 23 200
kwanzas, contra os 22 200
62
MIL KWANZAS
Preço do saco de 50 quilos
de açúcar nos armazéns,
contra os anteriores 48 mil
kwanzas
FOTOS: GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Maria Mbunzu, vendedeira
“O Governo deve
rever a questão da
importação, para
reduzir os preços
dos produtos da
cesta básica”
anteriores. A caixa de massa
alimentar é vendida por 4 900
kwanzas, tendo verificado um
ligeiro aumento de 500 kwan-
zas. Os ovos, num cartão de
30 unidades, paga-se 3 300
kwanzas, mais 300 kwanzas
em relação aos três mil da
semana passada.
Para os perecíveis, nos
grossistas, a caixa de peixe
carapau e a de cachucho grosso
são vendidas por 38 875 e 31
250 kwanzas, respectiva-
mente. A caixa de coxa de
frangos passou de 15 000 para
16 000 kwanzas e a carcaça
de frango, apesar de ter sido
proibida a comercialização,
está à venda por 12 250, contra
os 10 mil anteriores.
93
MIL KWANZAS
É quanto custa nos
vendedores informais a nota
de 100 dólares, contra uma
venda de Kz 90 mil
DONAS DE CASA BUSCAM SOLUÇÕES
“Despesas não se
limitam a alimentação”
As donas de casas que acei-
taram falar ao Jornal de
Angola, em Mbanza Kongo,
mostram-se agastadas com
a subida constante dos pre-
ços dos principais produtos
da cesta básica, afirmando
não saber o que fazer para
garantir o mínimo para os
filhos, na medida em que
as suas despesas não se limi-
tam a alimentação.
A cidadã Juliana Matondo,
mãe de seis filhos, disse não
saber como garantir as com-
pras para o consumo da sua
casa, com a subida de preços
dos produtos da cesta básica
a cada dia que passa.
“Eu sou doméstica, não
trabalho, apenas tenho uma
pequena bancada no bairro,
onde vendo alguns produtos
alimentares. Devo dizer que,
já não sei como garantir o
mínimo para os meus filhos,
porque para além da alimen-
tação, devo velar, também
pelos seus estudos, pela sua
saúde e vestuário”, frisou.
Para o mototaxista Pedro
Almeida, 28 anos, a ginástica
da vida chegou ao seu limite,
por isso mostra-se agastado
com a subida dos preços
dos produtos da cesta
básica.“Já não se consegue
fazer compras para o con-
sumo diário. A s pessoas
dependem, apenas, de con-
tactos com outras pessoas
e associar dinheiro para
Senhoras optam pela sócia - prática de repartir os custos
21
“A situação dos
preços dos
produtos da cesta
básica está a
piorar, a cada dia
que passa, e as
famílias já não
conseguem fazer
as compras
essenciais”
fazer algumas compras de
alguns produtos”, disse
Pedro Almeida.Para mini-
mizar a situação dos preços,
Pe d ro A l m e i d a d e fe n d e
maior inspecção e fiscali-
zação para reduzir práticas
menos convencionais na
venda de produtos em todas
as unidades económicas
grossistas. Por sua vez, a
cidadã Maria Mbunzu disse
que, o Executivo deve rever
as políticas de importação
para reduzir os preços dos
produtos da cesta básica,
por ser uma situação que
está a tirar sono às popula-
ções.“A situação dos preços
dos produtos da cesta básica
está a piorar a cada dia que
passa, as famílias já não
conseguem fazer compras
essenciais para o consumo,
porque a cada dia o preço
é outro, já não dá para inven-
tar”, acrescentou.
22 ECONOMIA
AGROINDÚSTRIA DE MALANJE
Grandes fazendas aumentam produção de grãos
A mandioca é actualmente a cultura agrícola líder da província, seguida do milho e batata-doce, mas são bons os sinais
do cultivo de arroz e da soja, como resultado da forte aposta que os empresários dedicam ao “cluster” dos cereais
Venâncio | Victor Malanje
A província de Malanje
registou, no ano agrícola
2022/2023, um aumento
de cerca de dois milhões
de toneladas de produtos
alimentares diversos, com
realce para os grãos.
O director do Gabinete
Provincial da Agricultura,
Pecuária e Pescas, Carlos
Chipoia, disse que o inves-
timento feito pelas grandes
fazendas está a concorrer
para o referido aumento da
produção local.
De acordo com Carlos Chi-
poia, os números acima refe-
renciados são relativos aos
sectores familiar e empre-
sarial, sendo que a mandioca
com 50 por cento representa
a principal cultura, seguida
do milho e da batata-doce.
“Estes dois anos têm sido
bons para a província, tendo
em conta os dados registados
que são de mais de dois
milhões de toneladas de ali-
mentos diversos, que supe-
ram o s re sultado s da
produção da campanha agrí-
cola de 2021/2022”, disse.
Carlos Chipoia explicou
que a cultura da mandioca
teve uma produção de um
milhão 796 mil toneladas;
o milho saiu de 125 para 157
mil toneladas e a batata
doce com um rendimento
de 136 mil toneladas.
A produção de arroz, pra-
ticamente, duplicou, com
uma colheita de seis mil
toneladas, conforme referiu
o director.
As quantidades produzidas
em 2021/2022 estiveram
abaixo das três mil toneladas
de arroz e agora na campanha
finda houve um aumento
substancial com a retoma em
força da produção do cereal.
A cultura do feijão, de
acordo com o responsável,
CUANZA-SUL
Defendido maior investimento na cultura e processamento do café
Casimiro José|Gabela
A Organização Inter-Africana
do Café defende a injecção de
maior investimento para o sec-
tor cafeícola de Angola, com
foco na produção e proces-
samento, visando ao alcance
de maior volume no mercado
nacional, africano e mundial.
Esta posição foi manifestada
sexta-feira, na Gabela, muni-
cípio de Amboím, durante a
visita que efectuou à província
do Cuanza-Sul pelo secretá-
rio-geral da organização.
O ugandês Salomon Rutega
foi ao Cuanza-Sul no segui-
mento de uma visita de três
dias a Angola.
Na ocasião, reconheceu as
potencialidades do país quanto
à cultura do “bago vermelho”,
aliado ao empenho constatado,
no contacto mantido com os
Produtores empresariais aumentam zonas de cultivo e estão a acrescentar valor aos resultados da agricultura local
2 17 000
MILHÕES
São as toneladas a mais de
produtos agrícolas que a
campanha 2022/2023
garantiu em relação com os
resultados do ciclo anterior
também superou a safra
anterior e, por outro lado, o
surgimento de agentes com-
pradores tem incentivado a
produção da soja.
Ainda em 2021/2022,
houve mais de oito mil tone-
ladas deste produto, mas
agora os números subiram
representantes de empresas
produtoras.
“Estou satisfeito com a
realidade que constatei,
aqui no Cuanza-Sul,. Os pro-
dutores estão empenhados
e há resultados satisfatórios.
Por isso, é necessário con-
tinuarmos a investir no sec-
tor do café para o aumento
da produção”, disse.
Sublinhou também a neces-
sidade da introdução de novas
técnicas e tecnologias de pro-
dução, bem como a aposta na
formação dos produtores.
Salomon Rutega foi infor-
mado, durante a visita ao
Cuanza-Sul, sobre a realidade
da produção, processamento
e comercialização de café
p e l o s g ra n d e s , m é d i o s e
pequenos produtores dos
municípios do Sumbe,
Amboim e Quilenda.
TONELADAS
Quantidade de produtos
colhidos na campanha
2022/2023, que superou as
oito mil toneladas do ciclo
anterior (2021/2022)
17 mil toneladas.
O director Carlos Chipoia
acentuou que os investi-
mentos feitos pelas grandes
fazendas em sistemas de rega
concorrem para o aumento
da produção de grãos.
Houve a introdução de
mais de 10 mil hectares irri-
Salomon Rutega garante apoio aos cafeicultores nacionais
Visita é um incentivo
O director-geral do Instituto
Nacional do Café de Angola
(INCA), Vasco Gonçalves António,
considerou a visita da mais alta
13 200
HECTARES
Corresponde ao espaço
que os empresários
adicionaram para a
próxima campanha
agrícola na província
gados na Fazenda Quizenga
Lutete , 5 0 0 na Fazenda
Sopemba, em Marimba,
1.300 hectares na Fazenda
Socamia, em Cangandala e
1. 500 outros hectares irri-
gados na Fazenda PIP, em
Cacuso. Tudo isso contribui
para um aumento em grande
DR
entidade regional da OIAC a
Angola um incentivo para os
cafeicultores do país. Disse que
a mesma está a servir para a
identificação de oportunidades
DR
escala das áreas irrigadas
nas grandes unidades de
Malanje já que elas tencio-
nam aumentar a produção
independente da chuva.
Enquanto isso, na comuna
de Ngola Luije, no município
de Malanje, os camponeses
vão beneficiar de assistência
técnica na época agrícola pres-
tes a iniciar, devendo serem
contempladas com sementes
e terras preparadas mecani-
camente, segundo a directora
municipal da Agricultura.
Helena Adriano disse estarem
controladas sete cooperativas
agrícolas legalizadas. Os cam-
poneses locais pedem ajuda
por mais apoios em semente
das culturas de feijão, milho,
ginguba, soja e girassol.
de captação de investidores
para o sector do café no país.
“Passamos as informações
mais relevantes sobre a pro-
d u çã o, p ro ce s s a m e n to e
comercialização do café no
nosso país. O secretário-geral
da OIAC deixou garantias de
ajudar-nos na revitalização
da produção cafeícola e o con-
sequente aumento da produ-
ção, que passa pela formação.
Também abordámos a neces-
sidade da introdução de novas
técnicas de produção do café,
trocas de experiências com
outros países, principalmente
os que pertencem à organi-
zação”, afirmou.
A Organização Inter-Afri-
cana do Café foi fundada em
1960, para promover os inte-
resses dos produtores de café
africanos e conta, actualmente,
com 25 países membros.
Domingo
24 de Setembro de 2023
EMPRESÁRIOS
Fórum “Global
Business Angola”
junta negócios
com os Emirados
A Câmara de Comércio e
Indústria Angola e Emirados
Árabes Unidos (CACIANGEAU)
realiza, de 28 a 30 deste mês,
em Luanda, a segunda edição
do Angola Global Business
Forum - GBA.
O certame decorre sob o
lema, “Oportunidade de Negó-
cios” e vai centrar-se nos sec-
tores minerais, agronegócio,
crédito de carbono, optimiza-
ção da cadeia de valor no sector
de petróleo e gás, imobiliário
e turismo.
Numa nota a que o Jornal
de Angola teve acesso, a orga-
nização refere que o objectivo
deste 2° Fórum visa atrair inves-
tidores, promover oportunidades
de negócios e de investimentos
existentes no mercado angolano
e, nos diferentes sectores da
economia nacional.
Entretanto, anota, esta con-
ferência vai reunir líderes
empresariais e entidades gover-
namentais, nacionais e inter-
nacionais, para discutirem
assuntos relevantes, relacio-
nados com o desenvolvimento
de parcerias.
O fórum de negócios, que
é o GBA, visa também garantir
o acesso à informação ao
público em geral, promover
relações sócio-económicas
entre comunidades angolanas
e estrangeiras, proporcionando
uma das melhores oportuni-
dades de intercâmbio comer-
cial entre o empresariado
angolano e dos Emirados Ára-
bes Unidos, bem como dos
demais países participantes.
A CACIANGEAU assume-se
como uma instituição com a
missão de colocar o sector pri-
vado na liderança do desen-
volvimento económico e social
do país, ajuda os membros a
identificar e a responder opor-
tunidades de negócios, etc. A
organização conta com 27
e m p re s a s n a c i o n a i s q u e
actuam nos sectores da banca,
seguros, comércio e indústria,
consultoria, agronegócio, pres-
tação de serviços, diamantes
e imobiliário. Da parte dos
Emirados, até ao momento,
estão filiados 10 parceiros que
actuam em vários sectores.
DR
Bráulio Mohamed Martins,
preside à CACIANGEAU
ECONOMIA Domingo
24 de Setembro de 2023
MOEDA FAZ DO MERCADO LOCAL DOS MAIS PROMISSORAS NO CONTINENTE
Crescimento do Quénia no radar
mundial com a Cimeira do Clima
Estimativas apontam que África perdeu entre 5 e 15 por cento do Produto Interno Bruto
per capita de 1986 a 2015 devido aos impactos relacionados com as alterações climáticas
Vânia Inácio
A custar, actualmente, 14,7
mil xelins por cada 100 dóla-
res, a moeda queniana está
também entre as africanas
que perderam peso face ao
dólar, com uma depreciação
a rondar os 12 por cento.
De acordo com um
recente levantamento da
agência Moody´s, a moeda
queniana é das economias
mais promissoras e leva van-
tagem em comparação ao
kwanza que é das moedas
q u e m a i s d e sva l o r i z o u
quando comparado ao dólar.
Se comparado à moeda
queniana, o kwanza vale
aproximadamente cinco mil
por cada 1 000 xelins.
Apesar da quebra da infla-
ção para 6,7 por cento em
Agosto, o Quénia também
registou aumento no preço
de alimentos como o açúcar
e o feijão, quase 60 e 31 por
cento, respectivamente.
Cimeira Africana
Recentemente o Quénia foi
palco da primeira Cimeira
Africana sobre o Clima que
culminou com a “Declaração
de Nairobi” assinada pelos
líderes africanos que decla-
raram por unanimidade cerca
de 54 pontos orientadores,
e em linhas gerais exigências
de taxas mais altas para quem
polui e de um compromisso
para ajuda e empréstimos
acessíveis aos países africa-
nos e assumiram uma posi-
ção comum, que engloba a
ambição para uma transfor-
mação socioeconómica e a
agenda climática.
No discurso de encerra-
Financiamento às alterações climáticas
A Vice-presidente da República
de Angola, Esperança da Costa,
no Quénia, defendeu que os
financiamentos exigidos ao paí-
ses industriais não sejam con-
siderados um apoio de
solidariedade às nações africanas
mas que seja determinação colec-
tiva entre os Estados africanos
e do resto do mundo, para fazer
frente ao fenómeno das altera-
ções climáticas e preservação
da Humanidade.
O apelo foi feito à margem da
primeira “Cimeira do Clima em
África”, que aconteceu entre os
dias 4 e 6, em Nairobi, no Quénia.
A Vice-Presidente da Repu-
blica que esteve em Nairóbi em
representação do Presidente
da Republica, João Lourenço,
fez um balanço positivo da par-
ticipação de Angola na Cimeira,
tendo considerado as decisões
assumidas na “ Declaração de
Nairóbi” um novo paradigma
nas acções do continente no
combate às alterações climáticas.
Um dos desafios que Nairobi procura ultrapassar é o alargamento das vias ainda muito estreitas
mento da cimeira, o presidente
do país anfitrião William Ruto
destacou o "potencial africano
de descarbonizar a economia
global e estabelecer o padrão
mundial de uma industria-
lização verde".
Willian Ruto defendeu no
seu discurso a necessidade
dos países africanos adop-
tarem um plano de desen-
volvimento financeiro justo"
de forma a libertarem-se
"de dívidas horrendas e bar-
reiras a recursos financeiros".
Não foi "à toa" que Chefes
de Estado africanos e de
Governo de todos os paises
membro s e s colheram a
cidade de Nairobi, no Quénia
para acolher a primeira
“Cimeira do Clima em África”.
A cidade anfitriã comple-
tamente arborizada é um
exemplo que deve ser seguido
pelos países africanos e não
só que, lutam para a mitigação
As questões das alterações
climáticas são encaradas pela
vice-presidente como um grande
desafio para África e ressalta
que o engajamento dos Chefes
de Estado com os compromissos
assumidos no acordo de Paris,
na medida em que a resiliência
da posição africana na preven-
ção das alterações climáticas
poderá propiciar a conservação
das florestas e reflorestação
dos ecossistemas de mangais
do continente.
“ Os desafios são imensos.
Mas, a declaração foi consensual
e todos os líderes africanos se
comprometeram em desem-
penhar o seu papel, neste pro-
cesso de desenvolvimento da
agenda, para uma África mais
próspera”, declarou.
No final da Cimeira a Vice-
Presidente aproveitou para rela-
cionar a questão ambiental com
outras agendas, consideradas
essenciais no combate às mudan-
ças climáticas, como a conser-
das alterações climáticas, no
sentido alcançar limite do
aumento global da temperatura
até 1,5 graus célsius.
Mais do que ficar à espera
que outros resolvam os seus
problemas, o Quénia arre-
gaçou as mangas e já aplicou
milhares de milhões de xelins
moeda local) em iniciativas
de sustentabilidade ambiental
e plantou milhares 13 milhões
de árvores, ao longo da sua
extensão territorial.
Quénia também está dedi-
cado à luta contra a poluição
de plásticos e está entre os
primeiros países da África
Oriental a limitar os plásticos
de uso único e assinar a ini-
ciativa Mares Limpos para
livrar os cursos d'água dos
resíduos plásticos.
A iniciativa deve ser enca-
rada como um exemplo para
os países africanos, apesar
do continente ter uma con-
vação da biodiversidade e a tran-
sição energética, segundo a Vice-
Presidente de Angola pautam-se
por uma transição justa, segura
e sustentável para o não empo-
brecimento das economias.
Foram três dias de agendas
intensas e reuniões com os demais
lideres africanos, autoridades
internacionais e encontros bila-
terais. Em entrevista, a vice pre-
sidente destacou a audiência
com o Presidente do Quénia Wil-
liam Ruto, no primeiro dia da
cimeira, que teve como ponto
máximo a entrega de uma missiva
de cortesia, do seu homólogo,
Presidente da República de
Angola, João Lourenço.
O encontro foi também apro-
veitado para “tratar de alguns
aspectos “ligados ao fortaleci-
mento das relações bilaterais
entre os dois países e “sobretudo
aflorar questões” ligadas à neces-
sidade de uma mobilidade mais
célere na área dos transportes.
Além das reuniões, a Vice-Pre-
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
tribuição irrisória nas alte-
rações climáticas globais.
Segundo estimativas, a
África perdeu entre 5 e 15 por
cento do crescimento do PIB
per capita de 1986 a 2015 devido
aos impactos relacionados
com as alterações climáticas.
As recentes previsões do
Banco Africano de Desen-
volvimento indicam que sem
políticas fortes em matéria
de alterações climáticas, África
poderá perder até 12 por cento
do PIB, dependendo dos dife-
rentes cenários.
Este valor compara perdas
de menos de 1,0 por cento
para os Estados Unidos e a
União Europeia, e não mais
de 5,0 por cento para a China.
Durante a cimeira de três
dias na capital queniana,
foram feitas promessas de
i nve st i m e nto d e 2 3 m i l
milhões de dólares em ener-
gias renováveis.
sidente também participou de
um painel em que foi discutida
a necessidade de investimento
na transformação dos sistemas
alimentares em África em que a
Vice-presidente defendeu a prio-
rização da segurança alimentar,
em África e no caso de Angola
em particular com o fomento da
agricultura familiar, reforçados
pelo recente programa de estímulo
à economia para sair das exter-
nalidades e choques externos
que o país está sujeito.
Para Esperança da Costa a
transformação dos sistemas
alimentares depende de um
maior envolvimento das partes,
com financiamento à inovação
tecnológica para proporcionar
o desenvolvimento sustentável.
A delegação encabeçada
pela Vice- Presidente esteve
integrada pela ministra do
Ambiente, secretária de Estado
das Relações Exteriores, embai-
xadores e representantes no
Quénia e na União Africana.
23
Vânia Inácio, jornalista
Quénia imaginário,
Quénia real…
Aterramos às 13 horas no Quénia (hora local), duas horas a menos
em Luanda (ponto de partida). Quase sem grandes expectativas,
apesar do apelido de “O orgulho de África”, por pura ignorância,,
não esperava muito. Na minha cabeça rolava: o importante é
fazer o meu trabalho. O cansaço também contribuía para o
desânimo. A viagem foi cansativa.
Os primeiros minutos em solo queniano também não foram
dos melhores. O Wi-Fi free do aeroporto falhou. Não conseguimos
contacto com quem estava à nossa espera no aeroporto. Começo
do desastre à vista. Tudo confirmado!
Passámos a imigração um pouco surpreendidos. O tempo de
espera foi relativamente rápido. Dez profissionais a trabalharem e
em menos de 15 minutos, tínhamos deixado a imigração. Uhfff!
Contacto localizado e, literalmente, o primeiro olhar para o
lado, penso alto: O Aeroporto não é tão ruim assim! Já no carro,
numa viagem de aproximadamente 45 minutos até ao hotel,
não parei de me surpreender.
E de repente tudo muda! Isso é uma maravilha! Pensei...e quanto
mais eu adentrava mais encantada ficava.
Nairobi por ser a capital do país é a mais populosa e principal
centro financeiro, económico e cultural do Quénia, além de ser a
maior cidade da África Oriental, com 4,3 milhões de habitantes.
Sem perder a essência, a cidade exibe auto-estradas de tirar
o fôlego! o safari, as lindas paisagens, tudo faz de Nairobi um
local agradável de se ver. A arborização foi o que mais me
encantou. Estou para conhecer uma cidade com mais árvores
que Nairobi. Até o interior dos hotéis seguem o padrão e essa
realidade acaba por fazer da quente cidade um lugar prazeroso
e bastante arejado. Não me lembro de quantos ahhh! "Meu
Deus, que lindo! "repeti em
apenas quatro dias, enquanto
circulava pela cidade. Pasmei! Confesso,
As revistas dos carros, ao en-
trar nos estabelecimentos que nenhuma
(shopping, hotel, etc) são cons-
tantes. A segurança é redobra-
outra cidade
da por causa de possíveis ata- africana me
ques terroristas, mas, não é
de assustar. Sem querer com-
encheu de orgulho
parar, mas, o projecto arquitec- como Nairobi
tónico da cidade de Nairobi não
perde por nenhuma cidade de
outro continente. Arrisco-me a dizer a que em termos de arborização
deixa umas tantas no “chinelo”.
O lugar é realmente lindo! Tudo parece perfeito! Até o semblante
das pessoas nas ruas esbanjam felicidade e esperança.
Confesso, que nenhuma outra cidade africana me encheu de or-
gulho como Nairobi. Esperança é o sentimento que me invade!
África pode sim mudar. Quénia é um bom exemplo de que
quando se quer de verdade, conseguimos! Temos tudo a nosso
favor. Clima, riqueza e até vontade.
A propósito, ia me esquecendo: é possível tirar 800 dólares ame-
ricanos diários, directo do ATM, sem stress. Em Nairobi, os pagamentos
digitais funcionam. Logo, nada de enchentes. Mas aqui não vou
aprofundar muito o tema da economia queniana, que aliás, até é
bastante promissora.
O Quénia imaginário nada tem haver com o Quénia real. Temos
de explorar e acreditar mais em África.
E como as desvantagens andam ao pé das benesses, a experiência
com a gastronomia não foi das melhores. A comida à base de
legumes, os pratos pareciam ter o mesmo fundo de tempero. A
minha maior decepção esteve ligada a uma determinada especiaria,
o famoso T-bone(pedaço retirado da parte traseira do boi, composto
por um osso em formato de T e carne) que na África do Sul, por
exemplo, é um manjar dos deuses, em Nairobi, “T’bonda” os dentes.
Literalmente. Já para não falar de outros dissabores. As frutas e o
“fastfood” salvaram-me. E esta é a única desvantagem apontada.
Foram só quatro dias de estadia. Não tive tempo de me decepcionar.
A viagem foi apenas de trabalho! A missão era cobrir a “Cimeira do
Clima”, a primeira em África. Agora sei porque foi o Quénia escolhido.
O país é realmente um exemplo em termos de preservação do am-
biente. Acredito que nem tudo é um mar de rosas, alguém poderá
dizer. O Quénia não é só Nairobi ou mencionar a favela de Kibera,
por exemplo. Aliás, foi exactamente por ter assistido a um docu-
mentário destes de Kibera e saber que é no Quénia que está
localizado o maior campo de refugiados que as minhas expectativas
em relação àquele país eram tão baixas.
Alguém um dia escreveu assim: “Porque estamos a ver movimentos
dos tempos de antanho, tinham as mesmas vestes, só que a única
diferença, é que hoje, quem está no leme é o nato, ou seja, o combate
hoje é entre irmãos da mesma terra. Os factores endógenos e
exógenos são cruciais para avaliarmos estas mudanças...”.
Para mim nunca fez tanto sentido esta fase como agora. Nairobi
real me fez acreditar na mudança, no despertar de África rumo ao
desenvolvimento. Bem-aventurança ao Quénia, salve África.
24 ECONOMIA
Cortes sauditas e problemas com o petróleo russo geraram no mercado menor disponibilizado e subida de preços
BARRIL DO BRENT NEGOCIADO ACIMA DOS 95 DÓLARES
Preços do petróleo fecham
semana com sinais positivos
Especialistas continuam a acreditar na possibilidade de ainda este ano as
encomendas atingirem o patamar dos 100 dólar como resposta a menor oferta
Os preçosdo petróleo no mer-
cado internacional voltaram
a atingir patamares que não
eram vistos há mais de dez
meses, tendo atingido os 95,48
dólares por barril, nesta terça
feira, dias após os preços do
petróleo atingirem a máxima
de 10 meses.
Este sinal levou os espe-
cialistas do mercado inter-
nacional a prever preços acima
dos 100 dólares por barril,
nível que não era alcançado
há mais de um ano. Tal pre-
visão se baseia nas restrições,
cada vez maiores, da oferta
petrolífera, abrindo espaço
para que os preços atinjam
os três dígitos. Porém, os pre-
ços do petróleo fecharam a
MELHOR CONECTIVIDADE PARA ÁFRICA
BAD formaliza acordo de transformação digital com a Google
Banco Africano de Desenvolvimento é um parceiro activo
93,83
DÓLARES
Representa o valor do
barril no fecho da semana,
isso segundo os dados das
negociações de sexta-feira,
no fecho dos mercados
semana em queda, posicio-
nando-se nos 93,83 dólares
por barril, nesta sexta-feira,
com realização de lucros e
à medida que os mercados
pesavam as preocupações
com a oferta decorrentes da
proibição de exportação de
DR
0,3
POR CENTO
É a taxa do recuo
observado nas
negociações do petróleo
na semana finda, em
relação ao ciclo anterior
combustível da Rússia contra
os problemas de demanda
d e c o r re n te s d e f u t u ro s
aumentos das taxas de juros.
Os futuros do brent, no
último dia da semana, caíram
0,03 dólar, a 93,27 dólares
por barril. O rucuo equivale
O Banco Africano de Desenvol-
vimento e a Google formaliza-
ram, recentemente, um acordo
para promover a transformação
digital em África, durante a
Assembleia Geral das Nações
Unidas, em Nova Iorque.
A carta de intenções, assinada
entre as duas entidades, subli-
nha o compromisso partilhado
de aproveitar as tecnologias
emergentes, alargar e melhorar
as infraestruturas e aperfeiçoar
o talento e as competências no
continente.
As partes têm um historial de
promoção do desenvolvimento
digital. Ao longo da última década,
o Banco Africano de Desenvol-
vimento investiu 1,9 mil milhões
DR
também 0,3 por cento na
semana, quebrando uma
sequência de três semanas
de ganhos.
O recente aumento dos
preços do petróleo, conforme
avança a JPMoprgan, foi esti-
mulado pelos cortes de pro-
dução da OPEP e da Rússia,
juntamente com o aumento
da procura. Esta tendência
suscitou preocupações infla-
cionistas e a possibilidade
de taxas de juro elevadas e
prolongadas. Os preços ao
consumidor em Agosto regis-
taram um aumento mensal
de 0,6 por cento, o maior
ganho mensal do ano, em
parte devido ao aumento dos
preços da energia.
de dólares em projetos que
fomentam o desenvolvimento
de infraestruturas de banda larga,
políticas favoráveis e ambientes
regulamentares, competências
digitais e startups de tecnologia
inovadoras.
“A nossa jornada, desde
uma penetração de 2 por cento
da telefonia em 1998 até à era
actual de 4G, 5G e IA significa
um imenso progresso. Com 70
por cento dos africanos sub-
saarianos com menos de 30
anos, o nosso foco é catalisar
as empresas, para criar empre-
gos e oferecer soluções inova-
doras”, disse o presidente do
Banco Africano de Desenvol-
vimento, Akinwumi Adesina.
LIVRO EDITADO PELA ALMEDINA
Manuel Camati apresenta
“As Falhas do Mercado...”
O docente universitário,
Manuel Sabonete Camati,
ap re s e nto u , n a ú lt i m a
sexta-feira, na Faculdade
de Direito da Universidade
Agostinho Neto, em Luanda,
O livro “As Falhas do Mer-
cado. Uma Abordagem Dia-
lé ctica – Regre ss o da
depressão ou Decadência
da Economia de Mercado?”.
Com 345 páginas, quatro
capítulos e cada um dividido
em secções, Manuel Camati
aborda questões ligadas à
economia de mercado e a
sua relação com o Estado,
ao mesmo tempo que põe
em análise o sistema de
economia mista, como uma
terceira via adequada à pro-
cura iniciada e continuada
para o bem-estar social.
À margem da apresen-
tação, Manuel Camati afir-
mou que o novo livro visa
servir de incentivo e trans-
missão de conhecimento
aos mais jovens. Depois, há
a componente metodológica
Académico apresentou uma obra que propõe soluções
VALORIZAÇÃO DAS MARCAS NACIONAIS
Startup WiConnect apoia
o selo “Feito em Angola”
A startup WiConnect aposta
na contínua colaboração
com as entidades governa-
mentais, para a digitalização
de Angola e aumento da
exportação de tecnologia
nacional, para alem das fron-
teiras, como já o tem feito
até aqui.
Neste momento, a
WiConnect, como todas as
startups em Angola, apoia
100 por cento a iniciativa do
selo “Feito em Angola” bem
como a lei das startup, por-
que cria bases fortes no país,
para a criação de um sector
privado forte. Esta é a visão
de Paulo Araújo, um dos
criadores, que em 2015 jun-
tou-se a Francisco Carrolo,
para dispor o mercado de
uma solução tecnológica de
apoio à economia nacional.
A startup é, neste
momento, a única do sector
que já ostenta o selo “Feito
em Angola”. A partir de 2024,
Domingo
24 de Setembro de 2023
por detrás do livro que têm
uma moral e contêm solu-
ções, incentiva à consulta
e a aplicação em função do
problema identificado.
Por sua vez, o docente
Ovídio Pahula é da mesma
opinião que o autor e disse
que, para o caso de Angola,
é necessário que o Estado
intervenha no modelo de
economia mista para que de
facto se busque a correcção
das desigualdades, para que
a riqueza e o rendimento
estejam ao serviço de todos
os membros da comunidade.
Já o académico e jurista
Tito Cambanje enalteceu a
iniciativa do autor e aponta
a importância da obra para
a comunidade académica,
gestores públicos e não só,
já que traz algumas soluções
de como os Estados devem
reagir para ultrapassarem
situações ligadas à crises
económicas actuais, pois,
para si, o modelo híbrido
adequa-se à realidade local.
JOAO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
as entidades públicas ango-
lanas serão obrigadas a adqui-
rir produtos com o selo “Feito
em Angola”. Esta medida,
anunciada pelo Governo e
comunicada através do portal
electrónico do Instituto Nacio-
nal de Apoio às Pequenas e
Médias Empresas (INAPEM),
visa estimular o consumo de
produção nacional e fortalecer
a competitividade.
As startups têm sido reco-
nhecidas mundialmente
como um motor vital para
a diversificação da economia,
convertendo atividades
informais em formais e
impulsionando o cresci-
mento económico.
Conforme explica a
WiConnect, numa nota,
agências de renome inter-
nacional, como a World Eco-
nomic Forum e a McKinsey,
têm destacado o impacto
positivo das startups em eco-
nomias emergentes.
 AMBIENTE Domingo
24 de Setembro de 2023
Soberano Kanyanga
Escalar montanhas é um
tipo de desporto de lazer que
se encaixa perfeitamente no
turismo. Quando se vai a Ca-
pe Town, uma das maiores
atracções turísticas é a Table
Mountain, cuja altitude é de
mil e oitenta e seis metros.
Um dos desafios dos turistas
tem sido chegar aos 950 me-
tros de altura, em atalho ín-
greme do KloofCorner (a
caminho da Table Mountain).
Na minha aventura, os 950
metros pareciam insuperá-
veis, dado o facto de ser quase
cinquentão e único entre
uma vintena de jovens de
vinte a trinta anos. Olhando
para o desafio, escalar a mon-
tanha por um andarilho, o
lado preguiçoso que, infe-
lizmente, todos temos ape-
lava à desistência.
Sons estranhos vozeira-
vam em mim. “Kota, não
vale apenas só. Vai p’ra casa,
prepara tua prova e aprecia
uma kisângwa”.
Procurei não ceder e o
lado corajoso se sobrepôs,
apelando-me ao foco no re-
sultado e não no desafio.
Quando, ofegante, a meio
do percurso, sem saber se
continuava ou desistia, com
os vasos nasais a se mostrarem
demasiadamente estreitos
para levar aos pulmões a
quantidade de ar que estes
demandavam, abri a boca e
levei-a mais próxima dos
pulmões. Foi como se um veí-
culo 4×4 tivesse ligado o turbo.
Não tardou. Os jovens que
me achavam de velho pas-
saram a perguntar-me um
a um: “Kota, de onde provêm
toda essa tua energia?”
A minha resposta foi curta
e incisiva. “Perante uma pro-
va aparentemente difícil, fo-
que-se no resultado e não
no desafio!”
Mais uma vez, cansado,
mas realizado, já no sopé e
enquanto esperava pela che-
gada do Uber, encostei-me
a um rochedo, tal qual Geor-
ge Washington, após a tra-
vessia do rio Mississipi, mas,
não fazendo aquela memo-
rável declaração “I’m tired”
(“Estou cansado”), embora
também estivesse, fiquei a
pensar na (im)possibilidade
de termos também andari-
lhos nas nossas serras e
montanhas para “entreter”
turistas e amealhar alguma
pecúnia que muita falta nos
faz. Vieram-me à cabeça
todas as montanhas da mi-
nha infância e puberdade
como o Morro do Moco, o
Luvili, o Manyangwa (entre
Muxixi e Lususu, cuja cor-
dilheira se estende ao Ki-
tumbulu), a Serra da Leba,
a encosta do Cristo Rei (Lu-
bango) a Tundavala, a Serra
das Neves, o Morro do Tongo,
A propósito da Table Mountain
na Cidade do Cabo
as montanhas do Kabutu
(Kuteka ao Kikole), a Phaka
(Kisongo), o Kalyematuji
(Kalulu), o Lupange, o Morro
do Xingo, as Serras da Kanda
e Kusu e tantas outras ele-
vações escaláveis.
A 16 de Setembro de 2023
fui, pela terceira vez, ao cume
da TableMountain, tida como
uma das “Sete Melhores Ma-
ravilhas Turísticas do Mun-
do”, levado pelo teleférico
ou “cable” na língua deles.
Ao contrário das duas pri-
meiras visitas, em que foram
dias ensolarados e abertos,
portanto, sem nuvens, desta
vez as nuvens densas con-
fundiam-se com chuva pre-
guiçosa e a sensação térmica
andava à volta dos 3° Célsius,
imprópria para um cidadão
que vive regularmente pró-
ximo da Linha do Equador.
Mesmo com essa adver-
sidade (frio intenso), e de-
pois de um café e um
chocolate quentes, deu
para me atrever
a uma caminhada pelos an-
darilhos e pontos de obser-
va ç ã o c u i d a d o sa m e n te
construídos no também Par-
que Nacional. Chamou-me
à atenção a presença do da-
mão-do-Cabo ou hyrox, um
animal roedor que vive entre
pedras, caminhando sobre
elas como se tivesse cola
entre as patinhas com três
dedos apenas. É o kezu, no
nosso Kimbundu, ou can-
ta-pedra, como aprendi no
Português Libolense da mi-
nha infância.
Confesso. Já andei à caça
destes mamíferos placentários
e experimentei a missão árdua
de os capturar e deliciar-me
com o sabor de sua carne,
num período de escassez de
conduto. Lamento. Foi em
uma época de total ignorância
e carências, para além do
facto de que o animal ainda
se apresentava a cantarolar
por todos os lados onde hou-
vesse grutas e rochedos.
No Libolo, por exemplo,
a deslocação forçada pela
guerra civil de muitas pessoas
de suas aldeias, deixando
para trás os seus meios de
subsistência, empurrou-os
à caça desenfreada, não só
para se alimentarem, mas
também para trocarem a car-
ne por outros alimentos e
bens. Como consequência,
criou-se o vício da caça
pelo dinheiro e ficou
gravemente aco-
metida a fauna,
algo que
tende a
persistir, demandando mão
firme e pesada.
É triste que homens de
hoje, alguns mais abastados,
do ponto de vista de infor-
mação científica e material-
mente, continuem a dizimar
animais, legando a seus filhos
e netos apenas estórias sobre
animais (que estejam even-
tualmente) extintos da nossa
fauna que já foi muito rica.
Cada um, na sua aldeia,
no seu bairro, na sua comu-
nidade pode ser influencia-
dor p o sitivo s obre a
necessidade de criarmos
animais domésticos e pou-
parmos os selvagens.
25
LÁ & CÁ
EDIÇÕES NOVEMBRO
Já nos idos de 1980, o meu
pai (de feliz memória) re-
comendava:
- Só se mata uma fêmea
se não puder ser identificada
previamente.
E justificava que “as fê-
meas eram a continuidade
da fauna”. No dizer dele, em-
bora com pouca instrução
académica, “se as fêmeas
acabassem já não teríamos
animal nenhum e deixaría-
mos de caçar”.
É que se não tomarmos
consciência agora, pode ser
que os nossos netos tenham
de ir, daqui a cinquenta anos,
pedir à Africa do Sul um casal
de canta-pedras para repo-
voar os nossos parques, de-
vendo, entre tantos outros,
ser incluída a instância tu-
rística de Tundavala, (já) de-
clarada “Património Natural”,
depois de ter sido “clas-
sificada” como uma das
7 Maravilhas Turísticas
de Angola.
Pense nisso!
 26 REFLEXÕES Domingo
24 de Setembo de 2023

LUSO-TROPICALISMOS E “ILHAS CRIOULAS”

Essencialismos contemporâneos
da Biblioteca Colonial - II
Na sequência das reflexões expendidas no texto anterior, o centro da nossa atenção na
presente conversa reside nas respostas acerca dos fundamentos biológicos da essência
identitária dos povos colonizados. Como vimos, o caso vertente diz respeito à
presumível “capacidade biológica” e “glória do sangue” dos portugueses, enquanto
elementos constitutivos dessa identidade. Por outro lado, levantou-se igualmente a
necessidade de saber se os indivíduos que são membros das comunidades históricas
dos territórios colonizados não existiriam sem as propriedades,necessárias ou
acidentais, que emanam da definição da identidade luso-tropical ou crioula. Os
subsídios da filosofia da biologia podem ser úteis para a interpretação do problema

Luís Kandjimbo* DR

Outros anti-essencialismos
As posições contrárias à su-
posta bondade da teoria do
luso-tropicalismo de Gilberto
Freyre (1900-1987), a partir
da década de 50 do século
XX e ao longo da geração se-
guinte, disseminaram-se
nos meios intelectuais e li-
terários das então “províncias
ultramarinas” de Portugal.
Refutava-se a semântica do
luso-tropicalismo em todas
as colónias de Portugal. Com
a mesma motivação do in-
signe ensaísta angolanoMário
Pinto de Andrade (1928-
1990), de Cabo-Verde veio
a contribuição do escritor e
linguista Baltasar Lopes
(1907-1989) que, em 1956,
proferiu seis palestras, co-
mentando “Casa Grande &
Senzala”,“Aventura e Rotina”
e “Um Brasileiro em Terras
Portuguesas”, três livros de
Gilberto Freyre, publicados
em 1951 e 1953, respectiva-
mente. As afirmações do so-
ciólogo brasileiro, que tinha
visitado o arquipélago em
1951, suscitaram críticas por
parte de Baltasar Lopes, ao
ter considerado que no ar-
quipélago predominava “a
presença essencial da África
matriz”. Isto é, que o “ca-
bo-verdiano era mais afri- Gabriel Mariano
cano que português”.
Entretanto, em Cabo-Verde,
discutia-se o dilema do re- os humanos, ignorando a encontrando os seus fun- à Antropologia, enquanto A eugenia, que é uma das fornece algumas respostas
gionalismo europeu e do re- dimensão histórica do diálogo damentos nos clássicos da ciência preocupada com a manifestações desse tipo de com o seu livro “Biological
gionalismo africano. Por intercivilizacional. taxonomia científica oci- antropometria.Alargou o essencialismo,apresenta se- Essencialism”Essencialis-
outro lado, longe de tentações dental, entre os quais Carl seu campo com o eugenismo melhanças com o que, por mo Biológico. De igual mo-
bio-essencialistas, desen- Naturalização da diferença von Lineu com as categorias cujosdesenvolvimento se vezes, se designa por “dar- d o , o fi l ó s o f o g a n e n s e
volviam-se de batessobre Na historiografia ocidental como género, família, ordem, intensificou a partir da se- winismo social”, uma versão
as identidades históricas e das ciências biológicas e das George de Buffon (1707-1788), gunda metade do século da teoria da evolução de “A eugenia (…)
culturais através de fórmulas ciências sociais, regista-se autor de “Variétesdansl’ es- XIX. Contou sempre com Darwin, resumindo-se na apresenta
enunciativas, tais como an- um período em que,apesar pécehumaine”, Variedades os seus ideólogos, respon- expressão “sobrevive o mais semelhanças com o
golanidade, cabo-verdiani- das diferenças, a origem dos na Espécie Humana epio- sáveis pela institucionali- apto”. De um modo geral, que, por vezes, se
dade e moçambicanidade. grupos humanos era co- neiro no uso do termo “raça”, zação do raciali smo , as qualidades do “mais apto” designa por
Como exemplos podemos mum. Carl von Lineu (1707- aplicado às populações que enquanto essencialismo confundem-se com as ca- ‘darwinismo
referir os textos do escritor 1778), no seu livro “System viviam de acordo com as con- biológico. Destacavam-se racterísticas essenciais de social’, uma versão
e ensaísta cabo-verdiano of Nature” Sistema da Na- dições do seu meio natural, os alemães Ernst Haeckel ordem biológica. Assim, o da teoria da
Manuel Duarte (1929-1982), tureza, reconhecia a exis- Gregor Mendel (1822-1884), (1834-1919),FritzLenz pensamento dos eugenistas evolução de
“Cabo verdianidade e afri- tência de antepassados com sua teoria da heredita- (1887-1976) e Eugen Fischer e darwinistas sociais coexiste Darwin,
canidade”, publicado em comuns da espécie humana: riedade, lançando as bases (1874-1967), o francês Geor- numa zona de intersecção resumindo-se na
1951, na revista portuguesa “Homo sapiens afer”, “Ho- da genética, Jean-Baptiste ge s Vacher de Lap ouge constituída basicamente expressão
“Vértice”, (Coimbra), e do mo sapiens americanus”, de Lamarck (1744-1829) (1854-1936), e os norte- pelo problema da degene- ‘sobrevive o mais
ensaísta e poeta angolano, “Homo sapiens asiaticus”e com a filosofia da zoologia, americanos Charles Daven- ração humana. O que se apto’. De um modo
Costa Andrade (1936-2009), “Homo sapiens europaeus”. Charles Darwin (1809-1882) port (1866-1944) e Madison deve entender por essen- geral, as qualidades
“L’Angolanité de Agostinho Era uma classificação que com a teoria da evolução Grant (1865-1937). cialismo biológico? do ‘mais apto’
Neto et António Jacinto”, não se aplicava aos animais. das espécies, e Francis Gal- confundem-se com
publicado em 1962, na revista Mas passou a inspira rad- ton (1822-1911) com a teoria Carácter darwinista Essencialismo biológico as características
“Présence Africaine” (Paris). jectivações preconceituosas, do eugenismo. Justifica-se a atenção aqui Convoco aqui apenas dois essenciais de
Estes são os contra-exemplos a respeito do tipo de perso- As propostas de classi- prestada aos contra-exem- filósofos com os quais po- ordem biológica”
que revelam o contrário dos nalidade dos grupos não- ficação de Lineu, associadas plos e processos de refutação demos dialogar sobre esta
bio-essencialismos. Não na- europeus. Começava assim à racialização da humani- dos essencialismos bioló- matéria. O filósofo norte-
turalizam a diferença entre a naturalização da diferença, dade continuaram a ser úteis gicos de carácter darwinista. americano Marc Ereshefsky,
 REFLEXÕES Domingo
24 de Setembro de 2023 27
DR

Kwame Anthony Appiah, biológicos têm essências

em “Race, Culture, Identity:
Misunderstood Connec-
tions”Raça, Cultura, Iden-
tidade: Conexões Mal
Compreendidase “Color
Conscious: The Political Mo-
rality of Race”Consciência
da Cor: Moralidade Política
da Raça.Entretanto, são
aqui esboçadas breves linhas
da argumentação de Marc
Ereshefsky, numa perspec-
tiva que explora a filosofia
da biologia e as correntes
do essencialismo biológico.
Partindo dos consensos es-
tabelecidos, Ereshefsky ela-
bora sínteses, formulando
em seguida contra-argu-
mentos. Critica o exército
de seguidores do anacrónico
“essencialismo aristotélico”,
cuja base assenta na ideia
segundo a qual as espécies
têm uma essência intrínseca
subjacente. Contrariando o
sentido do anacronismo,
Ereshefsky sublinha um
consenso assente no carácter
relacional da essência, que-
rendo com isso dizer que
para um organismo ser
membro de uma determi-
nada espécie, deve ter uma
certa história. Em suma,
Marc Ereshefsky identifica
dois tipos de essencialismo
biológico: o essencialismo
histórico e o essencialismo
individual. O essencialismo
biológico histórico analisa-
se em dois tipos: 1)“Total-
mente histórico”, segundo o
qual as unidades de classi-
ficação biológica têm essên-
cias que não são intrínsecas,
mas totalmente relacionais,
particularmente propriedades
históricas; 2) “Parcialmente
histórico”, segundo o qual
as unidades de classificação
biológica têm essências que
são parcialmente proprie-
dades históricas. O essen-
cialismo “parcialmente
intrínseco” é uma das dou-
trinas derivadas.
Por sua vez, o essencia-
lismo biológico individual
analisa-se igualmente em
dois tipos: 1) “Parcialmente
intrínseco”, à luz do qual
os indivíduos biológicos têm
essências que são proprie-
dades subjacentes parcial-
mente intrínsecas, podendo
ser todas elas de ordem ge-
nética, por exemplo, as pro-
priedades fenotípicas; 2)
“Parcialmente histórico”,
segundo o qual os indivíduos
que são propriedades par-
cialmente históricas.
Eugenismo
Na filosofia ocidental, re-
monta a Platão a formulação
teórica do pensamento eu-
génico. “A República” de
Platão contém uma secção
em que são enunciadas tais
ideias: (459d-460c). “Eu-
genismoӎuma palavra que
tem a sua origem em “eu-
genia”, significando “boas
origens genéticas”, neolo-
gismo cunhado por Francis
Galton, o primo de Charles
Darwin. Dedicou-se ao es-
tudo da genética das carac-
te r í st i ca s hu m a n a s e à
possibilidade de melhorar
as qualidades genéticas das
populações, tendo publicado
dois livros dignos de leitura,
“Hereditary Genius” (1869),
Génio Hereditário e “In-
quiriesinto Human Faculty”,
(1883)Investigação sobre
as Faculdades Humanas .
“A palavra ‘eugenia’
passou a integrar o
vocabulário
brasileiro em 1914,
através de uma
dissertação
apresentada na
Faculdade de
Medicina da
Universidade do
Rio de Janeiro.
Quatro anos depois
viria a ser
constituída a
primeira sociedade
científica eugénica”
Neste último livro, Galton
enunciou a unidade lexe-
mática “eugenia”, do grego
“eu” e “genics”, no seguinte
contexto frásico: “Deseja-
mos que uma palavra breve
exprima a ideia de uma
ciência do melhoramento
da linhagem que tenha em
conta todas as influências
que tendem, por mais re-
moto que seja, a dar às raças
ou linhagens de sangue
mais adequadas uma me-
lhor chance de prevalecer
rapidamente sobre os me-
nos adequados, do que te-
riam de outra forma. A
palavra eugenia expressaria
suficientemente a ideia.”
No plano lexicográfico exis-
tem vários eufemismos do
seu significado. Por exemplo:
Baltasar Lopes
“antropogenia”, “biossocio-
logia”, “demografia qualita-
tiva”. Pode dizer-se que o
luso-tropicalismo ou a criou-
lidade são versões do euge-
nismo, enquanto ideologia.
A eugenia distingue-se do eu-
genismo, em virtude de este
ser um movimento político
que, assentando na naturali-
zação da diferença, faz a apo-
logia da melhoria e avanço
das qualidades da “raça”.Es-
tamos em presença de uma
“utopia mortífera” moderna.
Eufemismo eugénico
Quando Gilberto Freyre ela-
borou a sua teoria, o Brasil
vivia ainda as influências
do eugenismo que tinha as
suas causas no racismo es-
trutural, decorrente da his-
tória de escravização de
Afrodescendentes, parte
expressiva de uma popula-
ção católica, rural, mestiça
e analfabeta. Tal situação
permite compreender que,
após a abolição da escravi-
zação em 1888, o eugenismo
estruturava a agenda da “hi-
gienização racial” das elites
políticas. A palavra “euge-
nia” passou a integrar o vo-
cabulário brasileiro,em 1914,
através de uma dissertação
apresentada na Faculdade
de Medicina da Universidade
do Rio de Janeiro. Quatro
anos depois viria a ser cons-
tituída a primeira sociedade
científica eugénica brasi-
leira.A presença de emi-
grantes de origem europeia
aumentava e a pobreza do-
minava nas comunidades
de Afrodescendentes, aba-
tendo-se sobre elas uma-
progressiva obsessão pelo
destino da inferioridade dos
Afrodescendentes e a de-
generação dos mestiços.
Nesse período a Escola do
Recifetinha marcado a his-
tória das ideias do Brasil,
através da uma importante
pro dução reflexiva no s
DR
domínios da Filosofia do Di-
reito e da interpretação so-
ciológica da cultura brasileira.
Tinha sido publicado, em
1935, o Manifesto dos Inte-
lectuais Brasileiros contra o
Racismo, de que Gilberto
Freyre era igualmente sig-
natário. Entre os membros
da sua geração, coube a Gil-
berto Freyrea renovação do
culturalismo sociológico ini-
ciado pelos intelectuais da
geração anterior, nas décadas
de 1930 e 1940.Surgia uma
sociologia do multirracia-
lismoou “democracia racial”,
expressão de uma “civilização
luso-tropical” de que o Brasil
se podia orgulhar. O euge-
nismo assumia assim uma
forma eufemística, na medida
em que o milagre brasileiro
consistia no facto de apenas
os Africanos “eugenicamen-
te” superiores terem sido
protagonistas da união livre
com os portugueses.
As obras de Gilberto Frey-
re e seus seguidores nos paí-
ses de língua portuguesa
carregam marcas das filo-
sofias classificatórias do eu-
genismo. Não deixam de
estar presentes os equívocos
que o vão lançar às malhas
do Estado Novo português
com a apologia da vocação
benigna da colonização. É
nessa armadilha eufemística
que tombou o poeta e en-
saísta Mário António com o
já referido livro de ensaios
“Luanda. ‘Ilha Crioula’”,
1968, obra que teve uma
edição em língua francesa.
Conclusão
As orientações epistémicas
dos subsídios filosóficos
enunciados permitem con-
cluir que a experiência vi-
vida pelos mais lúcidos
membros das elites intelec-
tuais das chamadas “pro-
víncia s ultramarina s
portuguesas” inspirava já
outras perspectivas perante
as fórmulas de Gilberto Frey-
re, especialmente, quando
glorifica o “mundo que o
português criou”. Como vi-
mos, as posições contrárias
à suposta bondade da teoria
do luso-tropicalismo de Gil-
berto Freyre (1900-1987),
a partir da década de 50 do
século XX e ao longo da ge-
ração seguinte, configuram
a existência de uma produ-
ção ensaística publicada,
durante o período da luta
anti-colonial que, apesar
de ser pouco abundante,
deve merecer atenção.A lei-
tura dos textos ensaísticos
a que me refiro revelam o
vigor de um contradiscurso
de cariz ontológico. Não é
casual que na década de 50
alguns jovens intelectuais
tivessem sentido a neces-
sidade de conceptualizar a
sua identidade individual
na relação com a comuni-
dade relativamente à qual
mantinham vínculos exis-
tenciais. Estou a referir-me
aos diferentes autores e res-
pectivos textos poéticos, nar-
rativos ensaísticos. Dos textos
ensaísticos, já dei exemplos.
São os casos de Manuel Duar-
te (1929-1982), “Cabo ver-
dianidade e africanidade”,
(1951); Costa Andrade (1936-
2009), “L’Angolanité de
Agostinho Neto et António
Jacinto”, (1962). A perspec-
tiva ontológica destes e outros
autores será o tópico da nossa
próxima conversa. Em jeito
de remate, destaco o nome
do escritor cabo-verdiano,
Gabriel Mariano (1928-
2002), que construiu um
jogo de palavras com o lu-
so-tropicalismo de Gilberto
Freyre, ao propor uma re-
flexão com o seguinte título:
“Do Funco ao Sobrado ou o
Mundo que o Mulato Criou”.
*Ph.D. em Estudos
de Literatura, M.Phil.
em Filosofia Geral
 28 ENTREVISTA Domingo
24 de Setembro de 2023

FOTOS | EDIÇÕES NOVEMBRO

CANTORA ENEIDA MARTA

“Tento mostrar de tudo um pouco
da Guiné-Bissau”
Hoje, 24 de Setembro, a República da Guiné-Bissau assinala o quinquagésimo aniversário da Independência Nacional. Em
Angola, a representação diplomática deste país irmão e a comunidade residente realizam, durante este mês, uma jornada
comemorativa. Eneida Marta, uma das vozes mais representativas desta Nação foi convidada pelo embaixador Apolinário
Mendes de Carvalho e membros da comunidade bissau-guineense para duas apresentações em Luanda. A primeira
aconteceu no dia 16 de Setembro na Casa Viana, com o suporte da Banda Maravilha e hoje há a gala de encerramento, que
acontece no Museu Nacional das Forças Armadas (antiga Fortaleza de S. Miguel). No elenco artístico, também consta o
cantor Justino Delgado. Na entrevista que se segue a cantora Eneida Marta fala da sua carreira, dos seus discos, da música e
da imagem do seu país, muito condicionada pelo ambiente político

Analtino Santos
Eneida Marta está em
Angola para celebrar os 50
anos da Guiné-Bissau
independente e a nossa
primeira pergunta é: está
feliz com o seu país?
Ainda não estou feliz com a
Guiné-Bissau. Mais por aque-
les que dirigem o país, porque
a Guiné-Bissau é um paraíso
e é como uma mãe que teve
a infelicidade de ter alguns
filhos que eu posso considerar
malfeitores. Então, estou
contente com a minha Guiné
e triste com os dirigentes.
Mas isto não a impede de
levar os ritmos da Guiné-
Bissau para muito longe...
É verdade. Tento sempre fazer
o melhor, já que infelizmente
as pessoas se aproveitam da-
quilo que seja mau para a
Guiné-Bissau para fazer no-
tícia. Mas eu e os meus co-
legas tentamos sempre passar
a melhor mensagem possível.
Considero que aquilo que a
Guiné-Bissau tem de mau,
em comparação com o bom,
é uma gota no oceano, ou
seja, aquilo que tem de bom
é muito mais do que aquilo
que tem de mau. O que acon-
tece é que as pessoas têm a
tendência de fazerem notícias
daquilo que seja mau e, in-
felizmente, nós ainda temos
esta árdua tarefa de passar a
outra mensagem, a outra cara
do país.
Mas sempre lembra a
infância feliz de uma
Guiné-Bissau...
Sim, mas na verdade a minha
infância começou aqui em
Angola e depois deu-se a se-
paração dos meus pais e fo-
mos com a minha mãe. A
ausência do pai foi preen-
chida pelo meu avô materno,
que me concedeu todos os
caprichos de criança, pude
andar descalça, trepar em
árvores… ou seja, fazer tudo
aquilo que me apetecia. Por
isso, tenho a certeza de que
fui uma criança super feliz
no seio da família, dos vizi-
nhos e amigos.
“Infelizmente, as
pessoas
aproveitam-se do
que é mau para a
Guiné-Bissau para
fazer notícia. Mas
eu e os meus
colegas tentamos
sempre passar a
melhor mensagem
possível
Cresceu católica mas depois
converteu-se ao Islão...
Sim. Tudo foi uma questão
de convicção. Nasci numa
família católica, fiz todos os
sacramentos, mas desde os
meus oito anos que eu sentia
que queria ser muçulmana
e que o meu caminho seria
o Islão, onde estou há 12
anos. Levei muito tempo a
converter-me. Como cos-
tumo dizer, levou o tempo
que deveria levar.
Eneida representa bem
aquilo que os políticos
querem da CPLP…
Sim. Pai cabo-verdiano, mãe
guineense, tenho três irmãos
angolanos e descendência
portuguesa e são-tomense.
É uma mistura que me leva
a dizer “eu sou do mundo”.
E como a música entra
na vida desta cidadã
do mundo?
Digo sempre que nasci com
a música. Desde muito cedo
sempre gostei do que era
cantar, representar. E nasci
numa família de artistas,
toda a gente sabe que o meu
pai, o Maiúca, era músico e
toda a gente sabe que em
Cabo Verde em cada esquina
tem uma família de músicos.
Entretanto, aos quatro anos
tinha dois sonhos: ser cantora
ou polícia, mas sempre disse
que se não fosse polícia, seria
cantora, que era o plano B.
E não conseguindo ser po-
lícia, graças a Deus, tornei-
me cantora. Fiquei grávida
do meu filho mais velho e
então deu-se o papel de ser
mãe e depois cantora.
Fale dos seus primeiros
momentos na música…
Foi tranquilo, porque tive
muita sorte de ter as pessoas
certas neste meu caminho
e também de ter a bênção e
a ajuda de Deus para que o
caminho não fosse tão difícil
como tem sido para muitos,
que acabam por encontrar
espinhos e dificuldades. Tive
a sorte de ter as pessoas cer-
tas, o produtor certo, o pro-
fessor de canto certo, pessoas
que me orientassem… Isto
orientou-me e fez com que
o meu percurso fosse mais
leve. As coisas foram fluindo
no seu tempo e momento,
porque tudo que me propu-
nha fazer profissionalmente
acontecia de forma natural,
talvez não com a dimensão
que eu queria, mas conseguia
chegar até lá.
A sua discografia começou
em 2001 com “Nó Storia”…
Olha, aquele álbum não era
da Eneida, mas sim uma exi-
gência da produtora que que-
ria algo. Por incrível que
pareça, eu sempre quis dar
a conhecer a música da Gui-
ne-Bissau, mas como na-
quele momento eu queria
abrir portas no mercado co-
mo cantora, aceitei a proposta
da editora, que era a de fazer
um álbum eclético. Eles pe-
diram vários estilos, o disco
não tinha cara nenhuma,
agradava a tudo e a todos,
desde crianças a adultos,
então não tinha uma defi-
nição em termos de estilo e
sonoridades. Esta é a forma
como eu vejo aquele álbum
propriamente, era a busca da
 ENTREVISTA Domingo
24 de Setembro de 2023
Eneida Marta.
E em “Amari” já
encontramos a Eneida
Marta?
Já se estava a encontrar a
Eneida Marta em algumas
músicas, porque o “Amari”
na verdade foi um maxi-sin-
gle e não propriamente um
álbum, onde já se conseguia
sentir que a Eneida estava
a entrar no seu caminho.
Porque pegou na onda
do Zouk e da Kizomba
para interpretar em
árabe?
E u s e mp re f u i u m a
aventureira em cantar
em várias línguas. E
neste caso não sei se
era por aquela convic-
ção de seguir o Islão,
mas é uma língua que
sempre me apaixonou,
então acabei por cantar
em árabe e pratica-
mente, mais uma vez,
em termos de estilo, também
me foi imposto pelo meu
produtor e pela editora exac-
tamente para estar no mer-
cado. Talvez na altura eles
achassem que fosse mais
apropriado, mas dentro disso
fiz as minhas exigências e
disse “está bem, faço isso,
mas vamos introduzir algo
com que me consiga iden-
tificar mais”. Foi uma nego-
ciação e acabamos por fazer
o “Amari” com pouquíssimos
temas.
O terceiro disco é o “Lope
Kai” e muda tudo…
Em “Lope Kai” já encontra-
mos a Eneida que bateu com
a mão na mesa “é agora!”.
E neste disco, felizmente,
tive a certeza daquilo que
queria, porque graças a este
álbum entrei no mercado
da World Music. Fiz concer-
tos nos maiores palcos da
World Music. O Womex
abriu-me portas para poder
fazer, durante três ou quatro
anos, tournées grandes por
todo o mundo, o que me per-
mitiu fazer todo aquele tra-
balho que eu tanto queria.
Neste disco tem um dos
maiores sucessos e marca a
Eneida em Angola com
“Midje doce mel”. Para
quem acompanha a obra de
Eneida Marta, a mulher está
muito presente nas suas
composições…
Sim, porque posso dizer que
a mulher guineense é o macho
da casa, é aquela que batalha,
acorda às tantas da madru-
gada, vai à luta, que traz, é
aquela que faz acontecer e
que movimenta a família.
Por isso digo que a mulher
guineense é o macho da casa.
Eu continuo sempre nesta
luta para que à mulher gui-
neense seja dado o seu devido
e real espaço, a oportunidade
para que tenha lugar de des-
taque nas decisões do país.
29
Porque acredito que no dia
em que a mulher estiver a
dirigir e a decidir pela Guiné
Bissau as coisas vão mudar
para melhor.
Está a afirmar que grande
parte dos guineenses são
“homi di goss” como cantou?
(Risos). Não e não. Se calhar
não percebeu, a letra desta
música fala dos pais que têm
filhos e não cuidam. Os ho-
mens guineenses cuidam
dos filhos. Falo daqueles que
não são a maioria, de uma
certa classe de homens.
Depois de “Lope Kai”
aparece com “Nha
Sunhu”…
É Word Music, outras viagens
e mais Eneida, porque “Nha
Sunhu” foi um dos sonhos
meus, o de ser a produtora do
álbum. É o caminho que quis
andar, que é o da World Music.
O disco é a continuidade e a
afirmaçao do “Lope Kai”.

“Family”, um disco “fora da caixa”

O seu mais recente disco,
“Family”, saiu fora da caixa.
O que aconteceu?
“Family” é um desafio que
eu fiz e tudo começa com
“Kuma”, que foi a primeira
música do álbum e foi feita
na altura do confinamento,
em casa com o meu filho Ru-
ben. Eu pedi que ele fizesse
um estilo que não fosse a
minha praia, algo que saísse
completamente daquilo que
eu costumo fazer, “uma coisa
que tu achas na tua cabeça
que a Eneida Marta nunca
faria”. Ele depois aparece
com um trap, mas eu per-
guntei-lhe se estava doido,
porque eu não podia entrar
naquilo. Ele insistiu e então
eu aceitei, mas pensei em
revolucionar com uma letra
de intervenção e lá decidimos
fazer alusivo aos sucessivos
golpes de Estado na Guiné-
Bissau e assim surgiu o Kuma.
Mas nós não esperávamos
que fosse ter tanta força,
tanta que até a minha pro-
dutora, a Mónica Jardim, dis-
se “Olha, Eneida, já te
apercebeste que tens o teu
produtor em casa, o Ruben?”.
Então, quando chegou a al-
tura de preparar o álbum,
chamei-o e disse-lhe que
gostaria muito que produzisse
o meu disco. E eu a achar
que ele fugiria! Ele aceitou
e apenas pediu a presença
do tio, Gerson Marta. E foi
daí que falei que eu tinha o
meu público e que agora
queria conquistar outro, de
modo a fazermos um disco
em que eu não perca o que
tenho mas que consiga an-
gariar mais. E então deu-se
no mundo “Family”. Temos
o dril, o trap, mas tudo com
fusões. E o que aconteceu é
que o público que eu tinha
adorou o álbum e eu consegui
conquistar a camada jovem,
porque no Spotify é esta ca-
mada que está a ouvir muito
mais o “Family”. E o objectivo
foi conseguido, o meu pú-
blico manteve-se e conquis-
tei mais.
Qual foi o segredo?
Só tenho que dar graças a
Deus, ao meu irmão Gerson
e ao meu filho Ruben, que
são os responsáveis pela
produção. E é claro, é um
disco feito em família. Não
poderia ter outro impacto
senão este. Deviam fazer
o máximo que podiam, mas
foi de uma forma leve e es-
pontânea que eles se en-
tenderam. Bem simples. Tio
e sobrinho a trabalharem
juntos e eu ia muitas vezes
ao estúdio sem eles se aper-
ceb erem e ficava sup er
emocionada. Eu dizia “aon-
de quer que o meu pai es-
teja, neste momento, está
feliz porque está a ver o
filho e o neto juntos num
trabalho da filha”. Enfim,
as pessoas mais importantes
da minha vida juntos para
um mesmo objectivo.
Podemos esperar a Tour çoes fico surpresa, tem re-
Family em Angola? cebido críticas fabulosas.
A vontade é muita. Agora
vamos ver se conseguimos
que algum produtor ou pro-
motor abrace “Family”. E
quem o fizer, acredito que
não se vai arrepender. O
álbum superou as expec-
tactivas. Depois do lan-
çamento no Capitólio foi
votado como um dos me-
lhores discos pela Trans-
global Chart e escolhido
como um dos melhores da
Europa no Spotify. Fui a ar-
tista mais tocada da Gui-
né-Bissau. O “Family”
está em todo o
mundo e cada
vez que recebo
as informa-

“Sou uma cantora de intervenção”

Em “Family” encontramos
“Allan Guiné”, um grito para
o país...
É um grito de socorro para a
reconciliação do povo da Gui-
né, porque a política acabou
por fazer com que nós, o povo,
virássemos um bocadinho
as costas. Mesmo nas famílias,
as pessoas não falarem porque
um é do partido X e outro do
Y, o que eu acho uma palha-
çada autêntica. Então “Allan
Guiné” é mesmo um grito de
socorro para esta reconciliação
fazer as pessoas lembrarem
aquilo que nós já fomos ou-
trora, voltar a trazer isto que
é o mais importante, nós so-
mos um só e a Guiné-Bissau
é a nossa mãe.
Podemos chamar a Eneida
Marta como uma cantora de
intervenção?
Sou uma revolucionária da
música guineense, cantora
interventiva com muito
orgulho.
Então não é por acaso que
tem no reportório temas de
José Carlos Schwartz, como
“Midje de panu preto”…
Sim, porque o José Carlos
Schwartz, de acordo com a
leitura que eu faço, é um
artista que estava muito à
frente do seu tempo. As mú-
sicas dele estão a fazer muito
sentido agora. José Carlos
Schwartz continua vivo de
uma forma que nem ele
achou que estas músicas
pudessem ser tão actuais
depois de mais de quarenta
anos. Então, é quase im-
possível deixar de interpretar
os temas dele. Para mim,
ele era um génio, não con-
sigo encontrar uma palavra
que seja justa para o des-
crever, tanto pela escrita
como musicalmente.
Quais são os estilos
musicais que mais explora?
Tento fazer uma represen-
tação da música da Guiné-
Bissau, não opto por um único
estilo, tento mostrar de tudo
um pouco. É claro que não
poderei apresentar tudo de
uma vez. Por isso, em cada
álbum vou à busca de várias
sonoridades e procuro mis-
turar. Desta forma tento trazer
a música da Guiné-Bissau,
sem perder a essência do tra-
dicional, ao misturar com o
urbano para dar uma outra
cara, mais leve. Ou seja, não
ser algo muito rústico, o que
muitas vezes fica muito li-
mitado em termos de palco,
porque nem sempre as cenas
muito tradicionais nos per-
mitem abrir outros palcos.
Por isso, tento buscar de tudo
um pouco ao fazer estas mis-
turas, mas duma forma ho-
nesta e presente.
Um dia disse que se a
Guiné-Bissau tivesse um
Djho da Silva (promotor de
Cesária Évora), os músicos
deste país estariam longe.
Então o que falta?
Olha, falta um lobby muito
bom à volta da Guiné-Bissau.
As pessoas acabam por mis-
turar alhos com bugalhos,
pegam nas crises do país e
acabam por prejudicar os
artistas. Esta é a minha lei-
tura. As pessoas acabam por
conotar a crise política à
arte, o que não tem nada a
ver, e acabamos por ser pre-
judicados. Por exemplo,
quando um angolano ou ca-
bo-verdiano está no mundo
da música, batalha, mas nós,
acredite, batalhamos dez
vezes mais para poder estar
ao mesmo nível que os ou-
tros. Mesmo tendo a mesma
qualidade, temos de nos es-
forçar muito mais. Eu acho
que isto tem muito a ver
com aquilo que a media pas-
sa do meu país. E como disse,
as pessoas acabam por mis-
turar alhos com bugalhos,
o que não devia ser.
Mas há muita coisa boa a
acontecer na Guiné-Bissau:
os Djutus (Selecção de
futebol) está regularmente
no CAN, existem muitos
quadros guineenses nas
instituições internacionais, é
o país está a voltar à outro...
normalidade É um Es-
institucional... tado de
Pois tem, mas vai você me esperan-
responder: o que é mais no- ça e eu
ticiado sobre a Guiné-Bissau acredito
são estes feitos ou as crises? que esse
(Risos). Eu, como muitos será o pon-
guineenses, sabemos as po- tapé de saída
tencialidades que temos na para que vol-
cultura, no desporto… mas temos a sentir
as pessoas preferem fazer a nossa Guiné-
notícia daquilo que é mau. B i ssau c o m o
outrora, quando
Antes falavam que a Guiné- já éramos um
Bissau era um Estado país super res-
falhado, hoje o discurso peitado.
30 ENTREVISTA Domingo
24 de Setembro de 2023

Biografia
Parceria Cantora e activista social guineense, Eneida Marta é uma
das mais genuínas e vibrantes vozes africanas e verdadeira
embaixadora da música da Guiné-Bissau, ao levar ao mundo
a riqueza ritmica das etnias do seu país: de Balantas a Fulas

polémica
e de Mandingas a Manjacas.
Em 2006 despertou a atenção do gigante da World Music,
Putumayo World Music, que incluiu o seu trabalho na com-
pilação “An Afro-Portuguese Odissey”. Nesse mesmo ano,

com a LS
Eneida Marta fica em primeiro lugar num concurso da
World Music, com o tema “Mindjer Dôlce Mel”, que a
Putumayo haveria também de incluir na compilação
“Acoustic Africa”.

Produções
Já em 2008, actuou para mais de três mil profissionais
de todo o mundo na maior feira planetária da World Music,
a WOMEX. Um momento especial que resultou numa
aplaudida digressão internacional. Este é um resumo do
percurso que trouxe Eneida até hoje, levando-a a cruzar
palcos na Europa, América do Norte, América do Sul e
África. Em todos, os mesmos aplausos emocionados de
Eneida Marta tem do que era feito dele. Para quem encontra uma voz carregada de alma, de sonhos,
uma forte meu espanto, nesta minha de dor e de alegria.
relação com passagem por Luanda estava O seu novo álbum, “Family”, está agora disponível em
Angola, o que no carro de um dos amigos todas as plataformas digitais e está a ser apresentado no
resultou no e ouvi um dos temas a tocar Top 20 Transglobal Word Music Charts (Novembro de 2022).
disco na rádio e fiz um vídeo para Produzido por Ruben Azziz, o produtor baseado em Londres,
engavetado ter provas. Isto deixa-me “Family” mistura tradição com paisagens sonoras urbanas.
“Eneida Marta triste, ao menos que hou- Eneida Marta foi nomeada para Best PALOP Female Artist
com Angola na vesse uma justificação. nos African Entertainment Awards USA 2022. Eneida é uma
voz”… mulher especial, de causas e de força.
Ainda bem Ao menos alguém deu uma A paixão que nutre pelo seu país levou-a a abraçar causas
que tocas nes- justificação? humanitárias, tendo sido nomeada pela UNICEF como sua
te disco que Ninguém me diz absoluta- embaixadora para a Guiné-Bissau.
vai ser um tema mente nada. Se o trabalho
super polémico, não saiu por que está a tocar
porque eu fiz este na rádio? Pode estar a haver
trabalho com a LS, alguém com má intenção,
um projecto que na porque não faz sentido este
altura propus ao disco estar pronto antes do
Dr. Eugénio Ne- meu pai falecer, em 2011, e
to, que pagou e venho ouvir aqui em Angola
gravei em Por- uma música deste projecto
tugal. Há um e ninguém me diz nada do
master e uma que se está a passar. Estou
capa, o disco ansiosa, vou fazer os meus
era para sair corredores para chegar a
antes de 2012 quem de direito para saber
e eu nunca o que se passa, preciso mes-
mais soube mo de uma explicação, é a
minha voz, a minha energia.
Pode estar o dinheiro de al-
guém, mas é um trabalho
que também me pertence e
o mínimo que exijo é respeito
e consideração.

na voz”. Foi uma forma de tistas angolanos foi a minha

“Fiz o disco “Eneida
Marta com Angola na
voz” com a LS, um
projecto que propus ao
Dr. Eugénio Neto, que
pagou e gravei em
Portugal. Há um master e
uma capa, o disco era
para sair antes de 2012 e
nunca mais soube do que
era feito dele. Para meu
espanto, nesta minha
passagem por Luanda
ouvi um dos temas a
tocar na rádio”
Mas porquê Angola?
Fiz este trabalho como forma
de agradecimento ao po-
vo angolano. Vivi aqui,
tenho três irmãos an-
golanos, o meu pai vi-
veu aqui por cerca de 40
anos e é uma forma de ho-
menagear este grande país
e os grandes nomes da mú-
sica angolana, por isso é
“Eneida Marta com Angola
dizer “Obrigada povo irmão,
por tudo aquilo que me liga a
vocês, desde a vida do meu
pai, a minha vinda para cá
com a minha mãe, desde o
nascimento dos meus irmãos”.
Tenho toda uma história com
Angola, é uma forma de gra-
tidão e reconhecimento, mas,
infelizmente, as pessoas acha-
ram que este trabalho não de-
veria ter saído e as músicas
deveriam ser “esquartejadas”
e entregues às rádios.
Mas, felizmente, em muitos
discos a voz de Eneida Marta
não foi “esquartejada”. Fale
de alguns artistas com quem
trabalhou…
Carlos Burity, Fernando San-
tos “Aiaia”, Dom Kikas, Lis-
boa Santos, Caló Pascoal,
Ary, enfim, são muitos. Tam-
bém tenho um trabalho feito
com o Eduardo Paim que
ainda não saiu. Também co-
laborei muito com o Betinho
Feijó, que apostava nos meus
coros, e houve até trabalhos
que, como já estava como
cantora a solo, optava por
tirar o nome e assim criámos
o nome fictício que era Shey-
la. Olha, eu fiz muitos tra-
balhos e ainda bem, porque
pude crescer bastante. Digo
que fazer os coros com ar-
melhor escola para que hoje
possa ter o mínimo para ser
esta cantora e elevar a minha
bandeira ao mais alto nível.
Faço um paralelismo com a
luta de libertação, quando
guerrilheiros guineenses
também vieram para
Angola, muitos eram
guerrilheiros das artes como
Manecas Costa, Caló
Barbosa, Micas Cabral, Juca
Delgado e outros…
Sim, somos grandes com-
batentes, digamos que sim.
Eu menos que eles. E tiro o
chapéu a esta classe, porque
nós batalhamos a sério para
que a música e os artistas da
Guiné-Bissau consigam che-
gar às melhores rádios e pal-
c o s . E o p ra ze r d e c a d a
conquista… não tens ideia
do quão gratificante e im-
portante é, porque eu cos-
tumo dizer que quando a
luta é difícil, quando se colhe
o fruto, ela acaba por ser
mais saborosa e nós respei-
tamos a luta que fazemos de
uma forma digna. Quando
ouvimos o nome da Guiné-
Bissau no mundo pelo motivo
de tanto batalharmos, dize-
mos “Sim, valeu a pena e
vamos continuar a lutar, ha-
vemos de lá chegar”.
 PERFIL Domingo
24 de Setembro de 2023 31
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO

ANTÓNIO DOS SANTOS

Pioneiro na produção
nacional de mosaicos
António dos Santos construiu o seu conforto, e da família, no bairro Cotel, em Benguela.
Segundo ele, “há quem diga que os primeiros mosaicos do país” foram feitos pela fábrica
que implantou na terra das Acácias Rubras. E vai mais longe, ao afirmar que “Angola foi
mosaicada” pela sua fábrica

Arão Martins | Benguela
António José de Carvalho dos
Santos, 62 anos, nasceu no
Waku-Kungo, província do
Cuanza-Sul, mas viveu, na
companhia dos seus pais, desde
os três meses até aos 16 anos,
na cidade do Lubango, pro-
víncia da Huíla.Do Lubango,
foi para Portugal, com o ob-
jectivo de prosseguir os estudos,
por influência dos pais. Assim
aconteceu. Viveu na Suíça,
França e Alemanha, mas o so-
nho de retornar ao país natal
falou mais alto.A residir ac-
tualmente no bairro Cotel, em
Benguela, desde 2010, con-
fessou ao Jornal de Angola
sentir-se mais lubanguense.
António dos Santos cons-
truiu o seu conforto, e da fa-
mília, na zona da Mosaica, no
bairro Cotel. Segundo ele, “há
quem diga que os primeiros
mosaicos do país”foram feitos
pela fábrica gerida por si, na
terra das Acácias Rubras.
António dos Santos disse
que “Angola foi mosaicada”
pela fábrica por si dirigida.
“São técnicas que já não se
usam, aquela do cimento
compactado. Diferente do
ladrilho de pedra, que acaba
por fechar”.
À semelhança do que ti-
nha na Europa, explicou,
depois de retornar ao país
de origem arranjou forma
de transferir o equipamento
de transformar granito em
mármore, o que lhe permitiu
empregar cinco trabalhado-
res, todos jovens,a quem
procura honrar com os res-
pectivos salários e condição
social condigna.
Considerou que procura,
a todo o custo, não falhar o
compromisso que tem com
os trabalhadores. Disse que
o pagamento de salário é fun-
damental.
“Pode faltar tudo e em to-
dos os sentidos, mas os tra-
balhadores, logo que chega
o fim do mês, têm de ter em
sua posse o que lhes é de di-
reito para levar para casa”,
disse, acrescentando: “Até à
data cumpro sempre com as
minhas obrigações e espero
continuar”.
António José de Carvalho
dos Santos gaba-se da as-
sessoria que recebe da esposa
na parte do escritório e da
fabricação, além disso, sus-
tentou, a esposa é capacitada
em massagem estética, de
reabilitação e outras.
Ao recuar no tempo, An-
tónio de Carvalho lembra-se,
com nostalgia,da cidade do
Lubango, desde as escolas,
transportes, à inauguração
da estrada da Leba, no tra-
çado Lubango-Namibe.
Frisou que começou a fre-
quentar o ensino primário
na Escola 60, defronte ao
Parque Infantil, na altura
Parque Zoológico, no bairro
Comercial. Depois estudou
na Escola Marques e, por
fim, na Escola Industrial e
Comercial, na Laje, actual
27 de Março.
Depois de longos anos,
António dos Santos disse que
tem muitas memórias do Lu-
bango, do tempo de criança,
quando corria e subia mon-
tanhas de bicicleta com os
colegas. “Lembro-me do tem-
po em que íamos às salsicha-
rias procurar chapas para
fazer carrinhos de chapa”.
Família como pilar principal
Para António dos Santos, a
família é o seu pilar. “A fa-
mília é a minha esposa e dois
filhos, um dos quais, infe-
lizmente, nasceu com pa-
ralisia cerebral”, lamentou,
salientando que“depois de
muita luta, pela graça de
Deus”, conseguiu-se reabi-
litá-lo.
Hoje, disse, é um moço
licenciado e com mestrado
em Economia. É o actual ges-
tor da parte financeira da
empresa de transformação
de granito.O seu primeiro
emprego aconteceu no Pu-
lulukwa Resort, no Lubango,
como contabilista
“O meu filho é extrema-
mente inteligente. Viveu,
por algum tempo, na cidade
do Lubango. Nessa loucura
de ir sempre ao Lubango,
conheceu o director provin-
cial do Gabinete de Desen-
volvimento Económico
Integrado, actualmente di-
rector nacional da Economia
e Fomento Empresarial, Ma-
nuel Machado Quilende, com
quem frequentou o curso de
mestrado em Portugal”.
Muitas preocupações
Para António Carvalho dos
Santos, Benguela está a viver
uma fase bonita, fruto do
amplo programa de recupe-
ração das infra-estruturas
em curso.“Confesso que não
conheço pessoalmente o go-
vernador provincial de Ben-
guela, Luís Nunes, mas é uma
pessoa que faz as coisas acon-
tecerem. É indiscutível”,
enalteceu, acrescentando
que o trabalho de profundidade
que está a ser desenvolvido
em Benguela deve orgulhar
não apenas a província, mas
o país no seu todo. “É uma
pessoa que faz obra. Isso é in-
discutível”, enfatizou.
António de Carvalho dos
Santos gere uma indústria
transformadora de mármores
e granitos. Segundo disse, é
o único empreendimento
que tem em Benguela. La-
mentou que actualmente o
seu negócio está “muito em
baixo”. Afirmou que é notável
que, devido à actual situação
económica e financeira, “a
classe média deixou de ter
o poder de compra, na me-
dida em que o mármore já é
um produto de luxo e é só
para quem pode. A classe
média era o nosso principal
cliente. Hoje, trabalhar com
 32 PERFIL
particulares é complicado.
Se não se trabalhar com ins-
tituições ou empresas que
trabalham em obras do Go-
verno, não se consegue tra-
balhar com pedra”, disse,
salientando que está a lutar
para melhorar o quadro.
“Vou procurar falar com o
governador provincial de Ben-
guela, Luís Nunes, para ver
se as coisas melhoram, caso
contrário, a fábrica vai ter um
fim menos bom”, explicou.
A matéria-prima usada
na fábrica de António dos
Santos é nacional.
“Já tive muita importação,
porém, devido ao actual con-
texto, importar se torna di-
fícil”, disse, salientando que
a solução é o mercado na-
cional,“que também tem
muito bom produto”.
Sobre equipamentos, o
empresário disse que tem tudo
o que precisa, desde a máquina
de corte à de polir. “Tenho
tudo o que dá para transformar
pedra”, garantiu.
A baixa dos níveis de fac-
turação preocupa António
José de Carvalho dos Santos.
Segundo ele, a baixa é de
mais de 70 por cento.
Lembrar a abertura da Leba
“Depois de um longo período
de muito trabalho, a circu-
lação na estrada da Serra da
Leba era feita em terra batida
com brita”, lembra António
dos Santos, particularizando
um “grande” piquenique
junto a uma cascata, debaixo
de uma mulembeira.“Lem-
bro-me que havia muitas
cascatas e de termos ido ao
rio. Foi um dia lindo e ines-
quecível”, disse, explicando
que a inauguração da estrada
da Serra da Leba parecia um
milagre.De acordo com ele,
a Leba foi inaugurada entre
1972/73. Depois disso, afir-
mou, a maior emoção foi
quando regressou em 2010
e viu a Leba toda asfaltada.
“Na altura da inauguração,
não tinha asfalto. Depois de
muitos anos, voltar a ver a
estrada asfaltada! Lembro-
me. Aí é que foram as emo-
ções fortes a reviver todo o
Lubango”, disse.
Explicou que a sua intenção
é expandir os investimentos,
caso haja possibilidades.“O
mercado da pedra é muito
pequeno em Benguela. Para
a gente expandir tem que se
esmifrar, bater muito e na-
da”, lamentou.
MARIA DOS SANTOS
Apaixonada pela massagem estética
Maria José Ferreira Marques Santos,
esposa de AntónioJosé Carvalho dos
Santos, gaba-se por viver em Benguela.
Explicou que viveu em Angola quando
era miúda, deixou o país aos 16 anos,
em 1975, e regressou em 2014. “O meu
marido regressou em 2012. Os filhos,
que estavam a estudar e a trabalhar
numa multinacional, ficaram em Portugal.
Tive que ponderar a minha vinda para
Angola, e, no final de 2014, regressei
para trabalhar cá”, explicou.
Disse que o esposo é angolano. Lem-
brou que ela, apesar de ter nascido em
Portugal, tem Angola como seu país,
na medida em que estudou na cidade
do Lubango, onde fez o ensino técnico
até ao terceiro ano.
Confessou que adora o Lubango.
“O Lubango está-me na alma, apesar
de gostar de viver em zonas de praias,
pois adoro o mar”, disse.
Relativamente às recordações, afir-
mou que o Lubango é, para si, uma
cidade bonita, que ilustra paz. “Para
mim, pelo menos, porque tem uma pai-
sagem que eu acho exuberante e so-
berba”, destacou.
Especialista em Spa, Maria Santos
confessou que trabalhou sempre na
área de estética, por isso faz com perfeição
tratamentos faciais e corporais. Mas a
sua área predilecta é a massagem.
“Adoro trabalhar com as pessoas”,
disse, explicando que, embora de forma
tímida, tem clientes a quem cuida “com
muito amor”.
Já trabalhou num Spa, que fechou,
devido à Covid, em Benguela. O pro-
fissionalismo com que executa a sua
actividade fez com que muita gente re-
corresse aos seus serviços.“Resolvi
criar um espaço pequeno porque gosto
muito daquilo que faço”, explicou.
Uma esteticista, referiu, “ao mesmo
tempo tem que ser um pouco psicóloga”,
na medida em que, muitas vezes, as
pessoas procuram o esteticista porque
também não estão bem. “Quando pro-
curam o esteticista é bom. É sinal de
que a pessoa quer fazer alguma coisa
para se sentir bem”, explicou, acres-
centando que as pessoas procuram os
seus serviços para aumentarem a sua
autoestima.
Garantiu que está a trabalhar num
projecto que visa dar formação na área
da massagem e de tratamento de rostos
e do corpo. Disse que o seu objectivo
é proporcionar formações em vários
pontos do país. Descartou a possibilidade
de abrir um Spa em algum lugar fora
de Benguela. Justificou que o objectivo
do seu regresso ao país é “estar ao lado
da família”.
Mostrou-se aberta para quem quiser
criar um Spa, pois está disposta a“formar
as pessoas, fazer a decoração, dar as
ideias e ensinar a forma como têm que
tratar e atender o cliente”.
Maria Santos afirmou que é possível
fazer deslocações temporárias a pro-
víncias e ajudar no desenvolvimento
da actividade do esteticismo.
“Se tiver alguém que queira abrir
um Spa, nas condições acima referidas,
estamos abertos”, disse.
Defendeu a abertura de uma escola
de estética para formar profissional-
mente os jovens.“Eu acho que não po-
demos ser todos doutores e não é
possível todos estarem nas faculdades.
É fundamental aprender cursos de for-
mação na área da agricultura, pedreiro,
carpinteiro, mecânico. Acho que com
a existência de mais centros é possível
profissionalizar os jovens”, disse, acres-
centando que, com o ganho, vai ser
possível ter oficinas de referência. “É
possível ter pequenos construtores
Domingo
24 de Setembro de 2023
que podem ter as suas equipas para Segundo Maria Santos,a concreti-
fazer remodelações”, frisou. zar-se essa visão “os jovens iriam estar
mais ocupados. Há quem possa detestar
Empreendedorismo trabalhar com as letras, mas gostar de
Além dos grandes empreendedores, lidar com a madeira ou as plantas”.
defendeu Maria Santos, deve-se pro-
mover, também, os pequenos em-
preendedores.“Acho que ter centros
de formação para jovens nas áreas
de estética, massagem e até mes-
mo da agricultura, é impor-
tante. Até para se plantar
uma árvore é preciso sa-
ber”, defendeu.
Disse que há muita gente
que tem casas com belos jar-
dins graças aos jardineiros.
“O jardineiro pode ganhar
muito bem, já que decorar
um jardim é uma arte”.
Maria Santos reconheceu
que Angola “tem frutas, flores
maravilhosas e tem de haver
pessoas que possam tratar disso.
Havendo formadores, po-
de haver uma diver-
sidade de
especialidades
no seio dos jo-
vens. O jar-
dineiro
pode ter
vários em-
pregos tra-
tando
diferentes ca-
sas. O mesmo
pode acontecer
na área da higie-
ne e segurança.Tu-
do isso faria
diferença para os jo-
vens e iria contribuir
para a diminuição da
criminalidade”.
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO
PERFIL Domingo
24 de Sertembro de 2023 33
UM MORREU NA AVENTURA
Motards fazem viagem de ida
e volta de Luanda a Maputo
Onze membros de vários clubes angolanos de motards partiram no passado dia 19 de Agosto da capital angolana
para Maputo, Moçambique, numa viagem que terminou com o regresso a Luanda na última quarta-feira. O duro
rescaldo fica marcado pela morte do motoqueiro Soba Miguel Sakambalo

João Pedro Guimas Quiteculo, acres-
centando que à proeza pro-
Onze amigos partiram tagonizada pelo grupo de
de Luanda no passado motards angolanos “uns cha-
dia 19 de Agosto para mam loucura, eu chamo ati-
uma longa aventura so- tude. Todos podem fazer, mas
bre duas rodas. Os mo- poucos o fazem”.
tociclistas de quatro Em 2022 o grupo de aven-
clubes, Anjos Bantu, tureiros começou a traçar o
Performance Bikers, plano da viagem, com a pre-
3G e Amigos da Pi- visão dos locais de parada e
cada, percorreram o manutenção das motos. Os
trajecto que liga An- preparativos incluíram a ma-
gola a Moçambique. nutenção das motos e a aqui-
Atravessaram cinco paí- sição de equipamentos de
ses, num total aproximado protecção e acessórios, além
de 12 mil quilómetros de outros elementos logísticos.
percorridos, de ida e vol- O trajecto escolhido contem-
ta. Tudo isso em vinte plou a passagem pela Namíbia,
dias. Botswana, África do Sul, Mo-
“Foram muitos qui- çambique e Suazilândia.
lómetros de estrada, A viagem de ida, no ter-
povos e culturas dife- ritório angolano, consistiu
rentes que conhece- nas etapas Luanda/Lubango
mos e aos quais e Lubango até a fronteira
mostramos a cultura com a Namíbia. Daqui ru-
e os hábitos do nosso maram para o Botswana. Dias
povo”, contou ao depois os onze motoqueiros
Jornal de Angola com a bandeira de Angola
conseguiram chegaram à
África do Sul.
Tratou-se de um trajecto
com muitos desafios, desde
as temperaturas baixas ao
valor alto do combustível.
Morte de um motard
A caravana foi psicologica-
mente abalada pela morte
de um dos seus membros.
“Aparentemente estava
tudo normal, não suspeitámos
de nada. Durante toda a via-
gem ele ria, brincava, dançava
e não se queixava de nada.
No segundo dia em Joanes-
burgo ele acordou a queixar-
se de dores no peito e
dificuldade de respiração.
Fomos a uma unidade hos-
pitalar que detectou-lhe uma
infecção pulmonar grave. In-
ternou de urgência, mas al-
gumas horas depois, na
madrugada desse mesmo dia,
perdemos o nosso irmão Soba
Miguel Sakambalo”, explicou
Guimas Quiteculo com lá-
grimas nos olhos ao relembrar
o acontecimento trágico.
“Ao que parece, acredita-
mos que as correntes de ar e
os diferentes climas que apa-
nhamos até Joanesburgo agra-
varam uma patologia de que
ele já vinha se tratando”.
Guimas Quiteculo deu a
conhecer que nem este acon-
tecimento trágico impediu
que o grupo continuasse a sua
viagem. O grupo passou a de-
nominar à sua aventura Raid
Arrogante, “pelas vicissitudes
que encontravam no decorrer
da viagem com belas paisagens
e povos acolhedores”.
Equipados com tendas,
optavam por dormir sempre
em Guest Houses que ofere-
ciam segurança para as motos,
“tendo em conta que nos úl-
timos tempos existe um índice
elevado de roubos de motos
em vários países da SADC”.
Questionado quanto à es-
colha do nome Raid Arro-
gante, Jorge Michulam, outro
integrante da caravana, frisou
que Raid Arrogante não foi
escolhido propriamente pelo
significado da palavra, mas
“pela persistência que fomos
enfrentando e contornando
durante a viagem. Princi-
palmente a subida do preço
de combustível e a variação
excessiva do câmbio que
substancialmente alterou o
preço dos acessórios e equi-
pamentos de manutenção”.
Segundo Jorge Michulam,
“nem por isso atiramos a
toalha ao tapete, decidimos
avançar com o Raid”.
Na última quarta-feira,
20, regressaram a Luanda
com sentimento do dever
cumprido, numa viagem
sem dúvidas marcada pela
morte de Soba Miguel Sa-
kambalo. “Infelizmente saí-
mos de Angola 11 motards
e regressamos 10, numa
aventura que fica para todos
na mente e no coração”,
disse Jorge Michulam.
 34 VIDA Domingo
24 de Setembro de 2023

| EDIÇÕES NOVEMBRO

CADÊ O MILHARAL?
A lavra de kapassarinho
da mana Maria
Guida Osvalda

A mana Maria sempre teve

lavras. Nascida em Icolo e
Bengo, em Seselo, sempre
teve a preocupação de ter terras
para cultivar. Aos 12 anos, co-
meçou a fazer biscates em la-
vras dos familiares e como
pagamento recebia um saco
de milho de 50 quilos que ven-
dia para comprar roupa e outras
coisas de que precisava.
Depois de casada, aos 19
anos, já em Luanda, conti-
nuou a preocupar-se em ter
lavras. Lavras para o cultivo
de milho e mandioca. Nos
anos 70 e 80, teve lavras no
Morro Bento e junto do actual
Quintalão do Petro Atlético,
entre o Golfe 2 e o Nova Vida.
Teve uma outra nas imedia-
ções da Igreja Tocoista, depois
da vala de drenagem, agora
bairro Maria Eugénia Neto.
Mana Maria teve uma quarta
lavra nos Ramiros. Todas elas
foram ocupadas, nos anos
80 e 90, por pessoas fugidas
da guerra de diversas pro-
víncias de Angola. Teve ainda
uma no Bita, próximo da
Centralidade do Kilamba,
que foi ocupada, em 2013,
por gente do Kimbele, depois
de muita agressão e promes- vossa mãe passou por algum dos, especialmente para ma- ram-se à lavra para constatar que foi colocado na “caipi- uma obra do acaso, alguém
sas de morte. trauma? Dá impressão que na Maria: finalmente podia o que se passava. Entre os rinha do azar” e matou gente aproveitou-se do tempo da
Actualmente a mana Ma- perdeu a vontade de viver”. sair de casa. Optou por ir à montes da Funda não se po- em Viana! Covid para fazer algum di-
ria tem um espaço na Funda, Um dos médicos, certo dia, Funda onde fez atempada- dia ver o bonito milharal. - Parabéns! A comadre nheiro, usando a tua lavra,
em Cacuaco, para o cultivo depois de uma corrida ao mente a plantação de milho. Em outras ocasiões, mesmo quer diversificar a economia, comadre.
de milho, e outro no Km 36, banco de urgência do Hospital Deixou a lavra sob os cui- de longe, era possível avistar plantando kapassarinho… ou - Ouve, mamã. - Um dos
em Icolo e Bengo, com al- do Prenda, chamou um dos dados dos dicombos (traba- pelo menos um hectare da seja, droga! – Um dos filhos rapazes começou a ler em
gumas mangueiras, cajueiros filhos à parte para que ela lhadores) e foi para o Km 36 lavra com a plantação de mi- continuou em tom jocoso. voz alta o resultado da pes-
e mandioqueiras. cuidar das mandioqueiras. lho muito bem tratada, mas - Kapassarinho? Só sei que quisa feita na Google pelos
Por ser muito esforçada, “Os arbustos com Foi fazendo o vai e vem entre desta vez não. O que se viam de repente isso cresceu aqui - martphone - Datura, o ka-
à mesa da mana Maria nunca altura que o Km36/ casa, que 60 dias eram uns arbustos com largas a dona da lavra estava confusa, passarinho, pertence a fa-
faltou comida. Mesmo nos variavam de um a depois da plantação do milho, folhas e frutos estranhos na desamarrou e tirou o lenço que mília dassolanacea e é uma
tempos idos, tal como agora, dois metros, com retornou à Funda onde per- ponta de cada ramo. tinha na cabeça para voltar a planta tóxica, tem atropina,
em que ter três refeições é forte odor maneceu durante três dias. Os arbustos com altura que colocá-lo em seguida. a sua ingestão provoca de-
difícil na casa da maior parte desagradável, Quando voltou finalmente variava de um a dois metros, - É kapassarinho. E uma lírio, que se manifesta em
dos angolanos, em casa dela estavam para casa, os filhos reuni- com forte odor desagradável, plantação destas deve dar ca- excitação, angústia, deso-
sempre foi possível driblar plantados num ram-se com ela para pedir estavam plantados num qua- deia – disse o filho mais calmo. rientação, alucinações, in-
a situação. quadrado perfeito “um relatório. drado perfeito de 25 por 25. - O quê? Azar não é só óbito! sónia ou gritos. Em algumas
Mandioca, kizaka, bombó de 25 por 25. O - Como é que está a situação? O espaço entre as plantas - o espanto e a expressão facial zonas rurais de Angola, as
cozido a vapor, milho assado, espaço entre as - Está duro - suspirou e tinha sido milimetricamente eram tão cómicas que os filhos famílias usam para o trata-
cozido ou torrado, matete de plantas tinha sido ajeitou melhor os panos com calculado, como se tivessem desataram às gargalhadas. - mento de furúnculos, feridas,
milho azedo, bombó bata- milimetricamente flores azuis e brancas que usado uma régua e medido Assim eu com a minha idade hemorróidas, inflamações,
ta-doce, frita ou assada, rama calculado, como trajava. - Apareceu um jovem com precisão o local onde vou parar na cadeia porque doenças da pele , reumatis-
de batata, matete e funge de se tivessem usado no campo que me explicou plantar os ditos arbustos. um bandido plantou estas coi- mo, dores de cabeça, do den-
candumba não faltavam. uma régua e que o Governo precisa das Dos filhos presentes, dois sas na minha lavra? – A idosa te, etc.
Feijão macunde, canjica de medido com lavras todas. eram agentes da PN e antes estava indignada. - Não me recordo se existe
óleo de palma ou banha, jimboa, precisão o local Os filhos trocaram olhares. mesmo de se aproximarem - Normalmente...- Em uma lei que proíbe a plan-
quiabo, abóbora e melancia onde plantar os - Disse que tenho de lhe da plantação, pararam es- tom de gozo respondeu-lhe tação deste mambo ou se
também eram abundantes. O ditos arbustos” dar os documentos da lavra pantados um dos polícias.- Até que o também é considerado uma
resto era complementado com para ver se são verdadeiros ou - Comadre que plantas SIC apure os factos… ficas droga. – Um dos filhos re-
o cartão de abastecimento. falsos – relatou cheia de con- são estas? - Um deles per- uns bons meses na cuzu. flectiu em voz alta.
Mana Maria também foi não se apercebesse. “Ela não vicção de que tinha lidado com guntou com tom de gozo. - - Ai aiai... é brincadeira - Acho que não está le-
quitandeira da praça do Nu- tem uma ocupação?” um agente da Administração Queres aumentar os teus de mau gosto! - Mana Maria gislado como droga, mas do
nes, no bairro Prenda. Isso O filho respondeu que ela do Município de Cacuaco. rendimentos? sentou-se no chão, olhando jeito que plantaram nota-se
para ajudar o marido a pagar já não vendia, mas que tinha - Está claro que é um ocu- - É uma planta que cres- para as altas plantas. - Mas que existem interesses co-
a renda de casa, água e luz, lavras. pante, mamã! Esses proces- ceu sozinha. Aqui nunca teve quem plantou? merciais. A solução é cortar
num bairro da baixa onde - Então deixem-na capinar sos não são tratados assim isso, acho que veio com o - O moço que pediu os tudo isso imediatamente -
vivia. à vontade – recomendou o – um dos filhos tentou es- vento ou com os pássaros. documentos é com certeza recomendou o mais velho
Por infortúnio, mana Ma- especialista que chegou à clarecer. No nosso mato também tem… o dono do kapassarinho. - A dos rapazes.
ria perdeu o marido em 2007 conclusão que a mulher “es- - Mas estava tão bem Uma das meninas, a quarta filha disse lentamente como Na semana seguinte, os di-
e ela descambou. Depois de tava a viver por viver”. vestido... e com um bom filha, pôs-se a observar minu- se falasse para uma criança. combos limparam a zona onde
um casamento de mais de Na altura da Covid, com português. ciosamente um dos arbustos. Ela permaneceu com a bo- existia o kapassarinho e tudo
40 anos, começou a entrar 76 anos, habituada a andar A idosa estava convicta – Isso parece kapassarinho... ca aberta por uns segundos, que se assemelhasse. Na mes-
em depressão. de lavra em lavra, ficou doente que tinha falado com a pessoa - Não parece... Isso é ka- pôs-se de pé com as mãos na ma semana, segundo o relatório
Os filhos carregaram-na, e com plena certeza de que certa. passarinho! - Um dos rapazes cintura, estupefacta, e olhou da mana Maria, o valdevino
pacientemente, para várias as suas lavras tinham sido Decididos a acabar com da PN respondeu. para a vasta plantação. - Assim voltou à zona do crime e quase
consultas médicas e havia ocupadas novamente. a brincadeira de mau gosto - A mamã não viu que é mesmo alguém plantou? enlouqueceu quando encon-
sempre uma pergunta: “A O fim do período de qua- de quem quer que fosse, dos kapassarinho? - A filha per- - Claro, da forma que está trou o seu projecto destruído
rentena foi um alívio para to- sete filhos, quatro desloca- guntou estupefacta. – Isso é plantada não pode ter sido com sucesso.
 CRÓNICAS Domingo
24 de Setembro de 2023
Augusto Cuteta (este último que Deus o te-
nha) íamos ao ensaio para
Na altura, eu era o coorde- a missa de domingo.Quando
nador dos acólitos da sede tomámos o quintal da igreja,
da Paróquia de São João Ca- um dos nossos meninos acó-
lábria, no Golfe. Dirigia um litos veio a correr em nossa
grupo de jovens e adoles- direcção para anunciar-nos
centes, todos do sexo mas- que a dama do Mendes fazia
culino. Nessa década, em tempo que o procurava.
Angola, somente os rapazes Antes de partir para esse
podiam ser ajudantes dos episódio, deixa referir que
sacerdotes nas missas, os ser acólito exigia de nós
conhecidos sacristãos na muitos sacrifícios. Mas, sa-
linguagem comum, uma crifícios bons. No fundo,
realidade totalmente dife- eram práticas que nos aju-
rente nos dias que correm, davam a ser crianças, ado-
em que vemos raparigas a lescentes e jovens íntegros.
desempenhar este papel. Não podíamos andar à
Nesse tempo, em meados toa. Só se podia ter uma na-
ou finais dos anos 90, ter morada, caso se tivesse idade
filho acólito era a maior am- para tal, e respeitava-se a
bição de qualquer mãe ca- máxima religiosa de que
tólica da vida real. Era um sexo só depois do casamento.
orgulho para os velhos ver Evitava-se o uso de palavrões
os miúdos no altar a servir e uma série de coisas que
o Senhor, de batinas/túnicas eram comuns entre os putos
brancas e longas, quais anjos e jovens do nosso tempo.
nos céus! Quem descumprisse com
Naquele sábado, eu, o Zé alguma dessas certas regras
Carlos, o João José, o Nilton lutava para que só Deus sou-
Próspero e o Mayeto Mendes besse, porque, se chegasse
Uma mão generosa chamada Brito Júnior
Toy Gumbe pisou uma mina e deram-
lhe o nome de único sobre-
É verdade, mano, a vida é vivente. Depois, passou a
assim: só nos tornamos a m a r a l a p i s e i ra e , e m
grandes quando levantamos 1974,passou a escrever para
os outros, cada um tem o o Jornal Angolense, na “Tri-
seu dom, sua estrela, sua buna dos Musseques”, em
glória e seus méritos. Ver- que falava do sofrimento
dade, mano, é assim e vou dos indígenas. Daí a frescos
contar-te. minutos, escreveu noutro
Há muitos anos, no Bungo semanário, a coluna era “Mu
do Dondo de Cambambe, Dikanu Dya Muadyakimi”.
ali no Cuanza-Norte, a 8 de Na conversa tri-partidária
Outubro de 1939, surgiu uma também se meteu lá, ali no
mão generosa, aberta, limpa, Alvor, com o microfone dele,
estendida para servir. Uma para gravar as conversas da
mão igual à do pai dele e do história. Depois de tudo estar
pai do pai dele. a correr bem, os invejosos,
Passados alguns anos, os traidores, empurraram-
esta mão foi estudar no no nos problemas do 27 de
Quéssua, lá em Malanje. E Maio, apunhalaram-no pe-
era alegre. Com doze anos, las costas, torturaram-no,
já tinha lido a Bíblia Sagrada galhetaram-no, espanca-
duas vezes. Esta mão, depois, ram-no.
virou tropa tuga, fez a kunga Quando do alto se lhe
no Mbanza Kongo. Certa abriram as portas, foi à Pa-
vez, o carro em que ele se- viterrra, à Constrói, tornou-
guia com os outros tropas se ministro, deputado e
A negação da felicidade do adulto do amanhã
António Capapa Ainda em relação aos três,
os filhos devem ter resultado
O pastor, que do púlpito prega de actos pecaminosos. Só assim
o amor, é o mesmo que renega se entende que o pastor te-
a criança que trouxe ao mundo; mente a Deus, o professor visto
o professor, que ensina com como mestre da vida e o jor-
amor, é o mesmo que trans- nalista que constrói histórias
forma o filho numa insignifi- edificantes coloquem os filhos,
câ n c i a ; o j o r n a l i sta , q u e extensão da sua existência, ao
denuncia os males da nossa nível da insignificância.
sociedade, é o mesmo que viola É expectável que os três
os direitos de uma criança. Os amem e protejam profunda-
três têm algo em comum: co- mente as suas crianças. É ex-
mandam a fuga à paternidade, pectável que o pastor conheça
segundo informação do Insti- os pensamentos de Jesus, de
tuto Nacional da Criança, INAC. quem ele fala aos seus fiéis,
COISAS DA VIDA
Qual delas?
aos ouvidos dos humanos
da Coordenação do Grupo
de Acólitos, estes aplicavam
uma sanção, por regra, dura.
O visado ou era suspenso
de ajudar nas missas por
um período determinado
ou era expulso. A medida
dependia da gravidade do
caso e era avaliada pelo pá-
roco. E, ninguém queria pas-
sar por isso, de certeza!
Mas, verdade seja dita, a
formação cristã, através do
Grupo de Acólitos, evitou
que muitos de nós envere-
dássemos por práticas so-
cialmente condenáveis
como o uso de drogas e a
gatunagem, que eram co-
muns entre os jovens do
bairro. Claro que alguns caí-
ram nas tentações do mun-
do. Por isso, nem todos
acabámos “santos”.
Regressemos ao Mendes,
que depois passou a exercer
jornalismo numa rádio co-
mercial na Huíla, até meses
antes de partir para o além.
O jovem Mendes, quando
MEMÓRIA
conselheiro na
Igreja que ele
tanto amou .
Era corista (da
igreja) de Da-
masco. Ajudou
muito na Cen-
tral, até con-
tribuiu para o
piano, becas e
a merenda pa-
ra as crianças
da Nguelu. Fez
parte do gran-
de grupo de
reflexão.
Ajudou conhecidos e
mais conhecidos, desco-
nhecidos e mais desconhe-
cidos, necessitados e
necessitadíssimos, pastores
e mais pastores. Cada neto
sentia-se mais querido. Até
no Bungo construiu um cen-
tro de saúde e outro centro
de saúde.
Noutro dia, queríamos
contabilizar os óbitos e fu-
FUGA À PATERNIDADE
em relação às crianças. Se tem
Jesus como verdadeiro Mestre,
sabe que para Ele é tão caro o
amor pelas crianças, razão por-
que a sua advertência parece
tão profunda, tão radical, ao
ponto de sugerir que quem
fizer tropeçar uma criança me-
lhor será ter uma pedra amar-
rada ao pescoço e ser lançado
ao fundo do mar. É um para-
doxo, glorificar a Deus e ofen-
dê-Lo no abandono material,
afectivo e psicológico do próprio
filho. É a manifestação da mais
profunda e pura hipocrisia.
abordado pelo garoto que
trazia o recado da sua dama,
parecia-nos tão distraído
que não deu por nós, líderes
do grupo de acólitos, ou terá
confundido os responsáveis
pelo grau de amizade que ti-
nham. Ao dirigir-se ao rapaz
que deu o recado, perguntou:
- Qual delas?
Após ter indagado assim,
deu por mim e outros com-
panheiros bem pertinho de-
le, mas já a “bandeira” tinha
sido dada. A situação criou
pânico entre nós. O jovem
Mendes pediu favores para
ser entendido, explicou-se
de uma e de outra maneira,
mas tudo para fugir a uma
possível punição, por violar
uma regra básica entre os
membros do grupo; não ter
mais do que uma parceira.
Nesse dia, ficámos a saber
que o Mendes tinha três
frentes. Ou melhor, garinava
três moças, uma das quais
nós conhecíamos!
Apesar do “incidente”,
nem pudemos puní-lo. Afinal,
EDIÇÕES NOVEMBRO
nerais em que
apareceu, pa-
rámos de con-
tar no número
mil e cem, des-
conseguimos.
Esta mão sabia
chorar com os
que choram.
O que a mão
direita fazia, a
esquerda não
precisava de sa-
ber, mas nós
descobrimos,
porque a vida dele era a Igre-
ja. O pensamento da mão
generosa era fino, retocado,
organizado, metódico, cheio
de luz e cor. O bem que esta
mão samaritanista fazia tinha
alicerces seguros, cheios de
brita e ferro. Não media es-
forços, não olhava a cor, não
olhava o sexo, não olhava a
terra, a religião, a língua, o
credo político. Só ajudava!
E ia no seu bom andar,
É expectável que o profes-
sor, na pessoa do filho, assuma
a sua responsabilidade na
formação ética e cidadã da
criança que vai ser o adulto
de amanhã, que ajude a de-
senvolver habilidades e co-
nhecimentos úteis para uma
sociedade melhor, ao invés
de contribuir para a criação
de condições para o surgi-
mento de gente frustrada.
É expectável que o jornalista
tenha uma conduta que ajude
na promoção e protecção de
direitos, no caso em particular,
macaco que sabe olhar tam-
bém para o seu próprio tra-
seiro não se ri do outro.
Embarramos a cena e tudo.
É que as miúdas gostavam
dos acólitos. E, verdade seja
dita, para todos os jovens
acólitos, assediados como
eram, difícil seria terem
apenas um anzol para pes-
car! Era possível, mas poucos
resistiam às seduções fe-
mininas dos tempos.
Lá, por causa disso, o Men-
des ficou impune. Mas, a
“bandeira” dele serviu de
lição para todos. Passamos a
ser mais sérios, mais caute-
losos e definimos melhor as
nossas vidas. Escolhemos as
mulheres certas para nós,
com as quais estamos, até
hoje. Pelo menos, a maioria.
Nos anos seguintes, nunca
mais uma resposta embara-
çosa como aquela, “qual de-
las”, tinha sido dada quando
se referissem a elas. Cada um
de nós tinha “apenas uma”.
E o “qual delas” morreu!
Antes de partir para o
quando o atacaram naquele
jornal, no “Altos e Baixos”,
colocaram-no no “Baixo”
por ele não ter feito vingan-
ça, por ele não ter rancor,
por ele ter perdoado, de co-
ração, os seus carrascos do
27. Todas as manchas gor-
durosas do gasóleo do 27 ele
retirou da sua mente. Ele
era amigo dos seus amigos
e amava os seus inimigos.
Foi por isso que lhe escre-
veram um livro, TU DIJIA.
Em Setembro, ficámos
zangados, zangadozinhos
com a mão generosa, por
um minuto, por não nos ter
dito a verdadeira data da-
quela viagem, escondeu no
bolso o visto para aquela
terra. Pensava que nós não
sabíamos que era uma terra
linda, com jardim cheio de
flores, romãs, maracujás,
morangos, terra de leite e
mel, um lugar cheiroso, sem
ódio, sem inveja, sem ca-
das crianças, que tenha um pa-
pel activo na sua missão de
educador social.
A conduta dos três agentes
de socialização transforma-se
num reflexo de uma sociedade
com dificuldades de cuidar
dos mais pequeninos.
Os três negam o afecto, blo-
queiam a infância e roubam, pro-
vavelmente, aos próprios filhos,
a possibilidade de se encantarem
com a beleza humana e virem a
tornar-se bons cidadãos.
O escritor alemão (1749-
1832) escreveu que só é possível
35
Pai Celestial, eu e mais al-
guns amigos tínhamos ido
visitar o Mendes, já cá em
Luanda. Estava já muito
doente, por isso, foi trazido
do Lubango para a casa dos
pais, no Golfe.
A doença apossou-se dele
por cerca de dois anos. Ele
foi obrigado a abandonar tu-
do na cidade de Cristo Rei e
regressar à terra da Kianda.
Na visita, embora a maio-
ria do tempo fosse tomado
pela agonia dele e por contos
tristes, alguém se lembrou
da cena do “Qual delas”.
Rimo-nos tanto. Foram tan-
tas gargalhadas atrás de gar-
galhadas, que, naquele
momento, devolvemos a
alegria ao irmão acamado.
Mas essa alegria durou
pouco. Um mês e meio de-
pois, o Mendes partiu para
o outro lado da vida. Foi
para sempre e, até hoje,
nunca ficámos a saber “qual
delas”, naquele dia há muito
tempo, quando éramos acó-
litos, o chamava!
lúnias e sem bufos. Era ao
lado do Pai.
Exigi-lhe que pusesse tam-
bém o mesmo visto no meu
passaporte, disse-me que
cada um deve, por si mesmo,
procurar a embaixada.
Parei, preocupado com
a herança que ele deixara
para os filhos e, no intuito
de pegar um carro, uma casa,
um armazém de bens ma-
teriais para mim, encontrei
apenas uma coisa, uma coi-
sa, uma coisa, era a única
herança, a Bíblia Sagrada.
Era tudo que os filhos re-
partiam, todos por igual.
Um pedaço de Provérbios
4 para todos, outro pedaço
de Provérbios 22 para todos,
outra porção de 1ª Pedro1:22
para todos e um par de chu-
pa-cocó para todos.
A mão generosa sabia que
os brutos carros japoneses
não tinham mais valor do
que o amor ao próximo.
ensinar uma criança a amar,
amando-a. E o pastor, o professor
e o jornalista surgem entre os
que lhe sufocam o direito de
crescer feliz, negando-lhe direitos
vitais e essenciais: o direito ao
pão e o direito aos livros, sem
falar do direito ao nome.
A denúncia do INAC sobre o
abandono de crianças deveria
recolher a sensibilidade e soli-
dariedade de todos, tendo em
conta, sobretudo, o grupo de
pessoas tidas como protagonistas
e de quem a sociedade esperaria
uma melhor conduta.
 36 CRÓNICAS Domingo
24 de Setembro de 2023

Domingos Mucuta | Lubango
Desde cedo, o comporta-
mento dela foi, sempre, um
tanto quanto diferente. Já des-
confiávamos que “aprontava”
alguma coisa. Em casa, na
escola e no bairro, mostrava
alguns sinais preocupantes.
Uma personalidade de deixar
qualquer pai de olhos abertos
e de queixo caído.
Isso despertou-nos para
mais atenção e tomar as ré-
deas pois o ditado popular
ensina que “é de pequeno
que se torce o pepino”. Mas,
confesso que, a dada altura,
a primogénita parecia curiosa
demais para a sua idade.
A Domiclas perguntava
muito. A avidez dela para saber
sobre tudo, às vezes, deixa-
va-nos sem respostas devido
a tantas questões. É daquelas
crianças insistentes que tira
qualquer pai da primeira via-
gem do sério. E mais, quando
mete algo na cabeça dificil-
mente alguém tira. Nem à força.
Voz de autoridade, puxões
de orelhas e palmadas foram
necessários para tentar en-
direitar a sua vereda porque
a vara nem sempre resolve.
Aliás, estamos na era dos
apelos para a protecção dos
direitos das crianças. Evita-
mos o castigo de chicote, sob
pena de receber visitas ines-
peradas de oficiais do Ins-
tituto Nacional da Criança
(INAC) ou responder aos
agentes de óculos escuros
dos Serviços de Investigação
Criminal (SIC) por violência
contra menores.
Neto do ventre da minha
filha de 14 anos
Os primeiros sinais de
alerta começaram quando
estudava na creche. Havia
algo de estranho nela. As
educadoras de infância já
nos avisavam durante o pré-
escolar. Até perguntavam
se saiu a quem, do pai ou à
mãe? A resposta era difícil
de dar. Sempre tímida de-
mais para os nossos gostos.
De tão introvertida, ficava
mais tempo em casa que na
rua. Raramente trazia co-
legas a casa, sobretudo no
ensino primário. Parecia de
poucas amizades.
Seguiu sempre uma ro-
tina habitual. Casa escola e
vice-versa. À chegada a
casa, depois da saudação,
fecha-se no quarto para fa-
zer as tarefas. Qualquer ba-
rulho dos irmãos no quarto,
ela sai para sentar-se à mesa
da sala e fazer os deveres.
Prefere o silêncio para con-
cluir os TPC e ler. Se chover
torrencialmente ao ponto
de impossibilitar a ida às
aulas, chora até as lágrimas
inundarem o quintal.
Entretanto, o isolamento
constante no quarto por lon-
gos períodos chamou a aten-
ção, nos últimos tempos.
Passou a ser exagerado. Isso
obrigou-nos a “vistoriar”
regularmente para conferir
e certificar se estava tudo
bem. Sempre que um de
nós, eu ou a mãe, fosse con-
ferir, lá estava ela atrelada
aos cadernos, livros ou jor-
nais. Aparentemente tudo
normal. Ou pelo menos nada
de estranho.
LAVRA DE REFLEXÕES
Garanto que fizemos os
possíveis. Atenção, acom-
panhamento, orientação e
supervisão foram redobra-
dos em casa e na escola.
Tanto é que aprendeu a ler
e a escrever cedo, para nossa
alegria e de uma professora
que deixava ela como mo-
nitora das coleguinhas na
sala de aula. Quando eu le-
vasse os jornais para casa
ela lia cada chamada de capa
e o conteúdo do miolo, en-
tenda-se, das páginas.
Noutro dia, surpreendeu
a todos com um resumo dos
factos mais importantes do
dia emitidos no telejornal.
Fiz foto e publiquei nas redes
sociais. Sabe como é o estado
de espírito de um pai orgu-
lhoso pelas façanhas dos fi-
lhos? Daí em diante, eu nem
assistia mais ao noticiário
da “nossa televisão”. Foi
uma decisão propositada,
EDIÇÕES NOVEMBRO
pois sabia que ela resumiria
tudo mais tarde para mim.
Só não imaginávamos
que as coisas tomariam este
rumo. Agora dou razão aos
especialistas quando acon-
selham aos pais para redo-
brar a atenção aos filhos.
Afinal é mesmo verdade e
com muita razão. As crianças
precisam mesmo do acom-
panhamento dos encarre-
gados de educação,
principalmente, nesta era
de excesso de informação.
Estou estupefacto. Porquê
tão cedo? Em que momento
nos distraímos? Ou teremos
exagerado ao ponto de as
coisas saírem do controlo?
Será que apertamos bastan-
te, talvez por isso ela nos
prega agora esta surpresa?...
Quem disse que nesta
minha idade vou ter neto?
Já não basta ser avô do Bel-
chior Chicomo da Rádio
Eclésia, Emissora da Igreja
Católica do Lubango, que
mesmo sendo quase da mi-
nha faixa etária se tornou
meu neto? Tudo porque, se-
gundo ele, aprendeu o jor-
nalismo com Adriano
Gomes, um dos meus pu-
pilos, hoje quadro de refe-
rência da Rádio Mais Huíla.
Como é que uma menina
vai dar vida a outra criança?
Que coisa! Ainda estou in-
crédulo. Custa-me acreditar
que a minha anjinha já car-
rega um feto no ventre. Sin-
ceramente! Eu esperava isso
acontecer mais tarde, lá p’ra
frente, na maioridade, e não
em plena adolescência. E o
mais agravante de tudo é que
é proibido abortar este em-
brião. Trata-se de uma ges-
tação de alto risco que exige
cuidados e acompanhamento
redobrados da família e de
especialistas no assunto.
Não esperava ser avô tão
cedo, sobretudo agora que
recebemos mais dois mem-
bros da família. Coinciden-
temente, ela anunciou o
facto quando tomou conhe-
cimento do nascimento dos
dois bebés do papai, con-
cretamente a Doriany Mu-
cuta e “Zunga - uma
trajetória de luta pela so-
brevivência”. Este último
dá o ar da sua graça no site
de comércio electrónico da
Amazon, de JeffBezos.
Atrevida e categórica re-
velou: “Papá eu também
vou ter um bebé”.
“Como assim”, questionei
assustado. “Sim papá”, re-
forçou ela, para de seguida
apresentar igualmente a pro-
posta de nome como sendo
“A grande mudança”.
“Sério filha?”, insisti.
“É sério mesmo papá. Eu
também estou a escrever um
livro”, acrescentou, em gar-
galhadas.
“Ainda bem”, respondi e
respirei fundo para voltar a
mim.
Tal como os leitores, eu
também, naquele instante,
pensei noutra coisa. Ainda
bem que não é nada disso.
Agora pouco importa se vai
demorar nove meses ou mais
tempo para trazer este “bebé”
ao mundo. Importa-me sim
gerir a emoção, a expectativa,
a sensação estranha de ser
avó, a responsabilidade de
cuidar e a missão de ajudar
a dar luz ao fruto da minha
primogénita.
Que nasça logo o tal bebé,
aguardado ansiosamente por
ela e pela família. Se escrever
um livro é tarefa espinhosa
para adultos, imagine para
uma adolescente. Os detalhes
desta obra ainda são segredo
escondido a sete chaves. Haja
paciência para esperar!
Por isso digo sempre que
só escreve quem lê. Afinal
ela já percebe também que
os livros são como os filhos,
porque saem do mesmo pro-
genitor. Enfim, a alegria de
escrever um livro é idêntica
à de gerar filhos. Se a minha
filha de 14 anos considera o
livro dela como um rebento
do seu ventre, quem sou eu
para negar este neto?

Golpe na Sanzala dos Parentes
Mais Pobres
Pereira Dinis
Wassaluka e Wacodiua estão felizes porque
foram à Sanzala dos Parentes Mais Pobres
e encontraram o seu primo Salaiqui, ar-
mado que sabe de tudo que se vive noutras
latitudes, como nos Kimbos, Placas,
Ruelas, Ruas e nas profundezas do Norte
ao Sul e do Leste a Oeste.
Esses três, quando estão juntos a ma-
boçarem dikulo (makas/problemas/as-
suntos) da Sanzala dos Parentes Mais
Pobres ou de outras localidades, fazem
muitos muadiês vincarem a testa.
Como diz o Waya Waya, os três, às
vezes, quando estão a maboçar algum
dikulo é porque aconteceu ou vai acontecer.
Só que pecam numa coisa. Se o que lhes
dicaram (falaram) é uma coisa que se
compara a um litro, podem aumentar
para 200 litros. É isso que irrita o Ti Kifumbi,
principalmente quando estão a babuatar
(falar) de política.
Ontem, por volta das seis da matina,
deram entrada no mbaxi (casa) do Ti Ki-
fumbi, que estava a mbanzelar (pensar)
VERDADE VERDADEIRA
o panquê para os futuros da Nação, que
ele e a sua ngavive (mulher/mamã/esposa)
estão a criar.
Minutos depois, como estava a contar
o Nsandu Yami, caíram no mbaxi do Ti
Kifumbi o Kinama, o Man Fogareiro, o
Esquirrola e a Mana Camabuim.
Depois o Ti Kifumbi improvisou o ma-
tamba dos inocentes (crianças/inimpu-
táveis/garotos/putos) que foi um pouco
do dormido (sobra do jantar), rama de
batata fervida sem óleo, acompanhada
de um pedaço de banana pão também
fervida e um copo de água. E enquanto
estes enchiam o bucho, eis que o Was-
saluka, sem mais e sem menos atirou
uma dika que deu susto a todos mortais
presentes no sítio do Ti Kifumbi.
Wassaluka disse, e o Wacodiua e o Sa-
laiqui confirmaram, que na sexta-feira,
8, por volta das quatro e picos da manhã,
os nganvives da Sanzala dos Parentes Mais
Pobres despertaram descontrolados e
reuniram-se de emergência.
Wacodiua apanhou a conversa a meio
e começou a explicar que tudo começou
quando o mais velho Jijinda, àquela hora,
começou a gritar “é golpe, é golpe, é
golpe, é…”
Depois da batucada, meio de comunicar
a todos os residentes da Sanzala que há
problema grave que tem de se resolver
já, homens, mulheres, crianças, jovens,
idosos, pessoas que se encontravam aca-
mados em casa e nos postos médicos, di-
rigiram-se ao Largo Nobre, onde se
realizam as reuniões importantes sobre
a situação da Sanzala. Lá já se encontravam
o Muadya Kimi (chefe máximo) e os mem-
bros com responsabilidades.
O Salaiqui, como também esteve lá,
tomou a palavra, isto no mbaxi do Ti Ki-
fumbi, e disse que o Muadya Kimi pediu
ao mais velho Jinjinda para explicar bem,
sem curvas e contra-curvas, o golpe anun-
ciado por ele.
Mais velho Jinjinda, não entrou em
curvas nem contra-curvas e disse de boca
cheia, alto e bom som, que ouviu, e bem,
numa estação radiofónica que o preço
das propinas subiu em todos os colégios,
porque a Mana Kutanquela, a Mana Dya
Kitadi e o Mano Parceiro assim decidiram,
por isso, quem pagava aqui, nesses colégios
da Sanzala, e mesmo nos dos Kimbos, das
Placas, Ruelas e noutros do areal, dois mil
Kwanzas, vai passar a pagar três mil ou mais.
O preço das batas custa entre cino a quinze
mil. E as crianças devem ter mais de duas
batas, pelo menos. As escolas públicas da
Sanzala continuam mais pobres, sem quarto
de banho condigno, sem água potável. As
aulas já começaram e os miúdos que estudam
nas escolas públicas da Sanzala ainda não
viram a merenda escolar. É um golpe que
estão a aplicar aos miúdos, aos inocentes,
aos garotos que merecem tudo, menos isto.
Muadya Kimi, depois de ouvir a la-
mentação de um pai, tio, avô e bisavô e
de todos os outros presentes, pediu calma
e garantiu que tomou boa nota e que nin-
guém pode golpear as “nossas crianças”,
porque a educação é um direito de todas
as crianças, como o é o desporto, prin-
cipalmente o futebol, que une cada vez
mais os povos.
Para o Ti Kifumbi, pelo menos, aqui está
a verdade verdadeira de um Muadya Kimi.
ÁFRICA Domingo
24 de Setembro de 2023
Breves
TUNÍSIA RECEBE 60
MILHÕES DE EUROS DA
EUROPA PARA COMBATER
EMIGRAÇÃO ILEGAL
A Comissão Europeia
anunciou sexta-feira uma
ajuda orçamental de 60
milhões de euros para a
Tunísia e um pacote de
assistência
macrofinanceira (AMF) num
montante de 67 milhões de
euros, este no quadro de
um acordo sobre
migrações, anunciou a
Lusa. As verbas começarão
a ser desembolsadas nos
próximos dias e inserem-se
no memorando de
entendimento sobre uma
parceria estratégica e
abrangente entre a União
Europeia (UE) e a Tunísia.
Segundo um comunicado
da Comissão, a UE e a
Tunísia estão empenhadas
em avançar rapidamente
com a aplicação do
memorando de
entendimento,” dando
prioridade às acções no
domínio da migração, à
cooperação para reprimir as
redes de contrabando, bem
como ao apoio ao regresso
voluntário e à reintegração
dos migrantes nos seus
países de origem, no pleno
respeito do direito
internacional”.
DR
LÍDER PARAMILITAR
ABRE O CAMINHO À PAZ
PARA O CONFLITO NO
SUDÃO
O líder das Forças de Apoio
Rápido (FAR, paramilitares)
do Sudão, Mohamed
Hamdan Dagalo, manifestou
ontem a disponibilidade
para um "cessar-fogo" e uma
"resolução política pacífica"
que "abra o caminho a uma
autoridade civil legítima
para governar" o país. "É
imperativo o
estabelecimento de um
acordo de cessar-fogo de
longo termo, acompanhado
de resoluções políticas
compreensivas que
respondam à raiz das causas
dos conflitos no Sudão",
afirmou Dagalo nas redes
sociais X (ex-Twitter), num
discurso endossado à 78ª
Assembleia Geral das
Nações Unidas, um dia
depois de o seu rival e
presidente do Conselho
Soberano do Sudão, general
Abdel Fattah al-Burhan, aí
ter discursado. "A guerra
iniciada no dia 15 de Abril
terá que ser a guerra que
acabará com todos os
conflitos no Sudão", afirmou
o general Dagalo, número
dois no Conselho Soberano
de Transição, afirmando que
as FAR, grupo agora
declarado rebelde por al-
Burhan, estão "totalmente
preparadas para declarar um
cessar-fogo no Sudão”, disse.
37
PARTICIPAÇÃO NA ASSEMBLEIA-GERAL
CLIMA DE INSTABILIDADE NO NORTE DA ETIÓPIA
DR
Governo do Níger denuncia
acções de António Guterres
O Governo militar saído de DR
um golpe de Estado no Níger,
a 26 de Julho deste ano,
denunciou as "acções pérfi-
das" do Secretário-Geral das
Nações Unidas, a quem acu-
sam de bloquear a participa-
ção do seu representante na
Assembleia-Geral da ONU.
"O Conselho Nacional
para a Salvaguarda da Pátria
[CNSP, autores do golpe de
Estado] e o Governo da Repú-
blica do Níger apelam à
comunidade nacional e inter-
nacional para que testemu-
nhe as acções pérfidas do
Secretário-Geral da ONU,
António Guterres, que visam
A instabilidade na Etiópia já causou a morte de centenas de pessoas entre políticos e civis minar todos os esforços para
pôr fim à crise no nosso país",
defende-se num comuni- Secretário-Geral da ONU
acusado de ingerência
ONU alerta para situação cado lido na televisão pública
e ontem citado pela Efe.
De acordo com o comu-
nicado, António Guterres
O porta-voz de António
Guterres rejeitou as acusações
humanitária em Amhara "cometeu um erro no exer-
cício da sua missão ao impe-
dir a plena participação do
Níger na 78ª sessão da
do regime militar no Níger.
"Em caso de concorrência de
credenciais de um Estado
membro, o Secretário-Geral
Retoma dos combates entre o Exército etíope e a Assembleia-Geral da ONU". remete o assunto para o comité
milícia Fano, que levou o Governo a declarar o Estado Para esta Assembleia-Geral, de credenciais da Assem-
as autoridades locais envia- bleia-Geral, que delibera sobre
de Emergência, aumentou a insegurança na região ram o seu novo ministro dos a questão. O Secretário-Geral
Ne g ó c i o s E s t ra ng e i ro s , não decide", declarou Sté-
O Alto-Comissariado das Nações Unidas dispõem de serviços básicos". "Ape- Bakary Yaou Sangaré, que phane Dujarric à AFP.
para os Direitos Humanos alertou, ontem, lamos às autoridades para que ponham era o representante do país De acordo com uma fonte
para um "agravamento considerável" da termo às detenções em massa, para na ONU antes do golpe de diplomática, no caso do Níger,
situação na região de Amhara, no Norte que assegurem que qualquer privação Estado de 26 de Julho. a ONU recebeu dois pedidos
da Etiópia, estimando em 180 o número de liberdade seja revista judicialmente "Guterres não só se recu- diferentes para intervir na
de mortos desde Julho deste ano. e para que libertem todas as pessoas sou a tomar nota da lista ofi- Assembleia-Geral, um de
"Estamos muito preocupados com detidas arbitrariamente", afirmou, cial de delegados do Níger Bakary Yaou Sangaré e outro
a deterioração da situação dos direitos argumentando que "as autoridades como, sobretudo, acedeu ao do governo deposto. A ques-
humanos em algumas regiões da Etió- devem assegurar que as condições de pedido fantasioso do antigo tão foi, portanto, remetida
pia", afirmou a porta-voz do gabinete, detenção estão em conformidade com m i n i s t ro d o s N e g ó c i o s para o Comité de Credenciais,
Marta Hurtado, que sublinhou a gra- as normas e padrões internacionais". Estrangeiros Hassoumi Mas- que geralmente só se reúne
vidade da situação em Amhara, onde O Governo etíope declarou o Estado saoudou de revogar a repre- no Outono, pelo que nenhum
mais de 180 pessoas foram mortas de Emergência em Amhara no início sentação permanente do representante do Níger consta
nos combates desde Julho. de Agosto, em resposta a meses de Níger nas Nações Unidas", d a l i s t a d e o ra d o re s d a
O Estado de Emergência "confere confrontos entre as forças de segurança lamenta-se na mesma nota. A s s e mb l e i a G e ra l . E s te
às autoridades amplos poderes a nível e a milícia Fano, que colaborou com O Níger "rejeita e denuncia comité, composto por nove
nacional para prender suspeitos sem as tropas de Amhara durante a guerra veementemente esta inge- Estados membros, examina
mandados, impor o recolher obriga- de 2020-2022 contra a Frente Popular rência manifesta de António situações controversas, mas
tório e proibir reuniões públicas", de Libertação de Tigray (TPLF). A deci- Guterres nos assuntos internos não toma decisões. Por exem-
sublinhou a responsável, acrescen- são de dissolver as forças especiais de um Estado soberano", plo, adiou várias vezes as
tando, citada pela agência de notícias regionais, entre elas Amhara, como acrescenta-se no comunicado, suas decisões sobre a Bir-
Europa Press, que o Alto-Comissariado parte do processo de paz com a TPLF, denunciando "a cumplicidade mânia e o Afeganistão, ambos
"recebeu informações sobre a detenção levou a grandes tensões, incluindo o da França e de dois Chefes de ainda representados na ONU
de mais de mil pessoas na Etiópia ao assassínio de vários políticos, dos Estado francófonos da África pelos embaixadores dos anti-
abrigo desta lei". quais o líder do Partido da Prosperidade, Ocidental", sem os nomear. gos governos.
Em causa está o agravamento dos no poder na região, Girma Yeshitila.
combates entre o Exército etíope e a As milícias Fano estiveram ao lado
milícia Fano, que levou o Governo a das forças especiais de Amhara na
declarar o Estado de Emergência a 4 guerra contra a TPLF e também par- FESTA DA INDEPENDÊNCIA DO MALI
de Agosto devido ao aumento da inse- ticiparam em operações contra o
gurança. "Muitos dos detidos são jovens rebelde Exército de Libertação de Oro-
de etnia Amhara, suspeitos de apoiarem
as milícias Fano", disse Hurtado, que
detalhou que "desde o início de Agosto
mia (OLA). A decisão do Governo de
desmantelar estas forças especiais
levou muitos dos seus membros a jun-
Líder militar garante
tem havido relatos de buscas massivas
de porta em porta, enquanto pelo
menos três jornalistas etíopes que
tarem-se a estas milícias e a organi-
zarem ataques contra o exército.
Entretanto, o Exército etíope anun-
recuperação do território
cobriam a situação na região de Amhara ciou esta Sexta-feira que matou mais O líder da Junta Militar do O Mali, que desde 2012 se
foram detidos". de 450 membros do Al-Shabab, ligado Mali garantiu sexta-feira que vê confrontado com a propa-
Os detidos, acrescentou, "foram à Al-Qaeda, ao repelir um ataque em o Estado recuperará o controlo gação do terrorismo e com
alegadamente transferidos para centros território somali, perto da fronteira, dos territórios que escaparam uma profunda crise de segu-
de detenção improvisados que não durante o último fim-de-semana. ao seu domínio, durante as rança humanitária e política,
celebrações da independên- assinala este aniversário num
cia, reduzidas a cerimónias momento em que o Norte do
Inglaterra devolve objectos saqueados oficiais devido às tensões
internas do país.
país vive um recomeço das
hostilidades dos grupos sepa-
Objectos saqueados pelos capital do imperador nicado da embaixada. A junta que tomou o ratistas e uma intensificação
britânicos no século XIX, Te wo d ro s I I , q u a n d o Este artefacto foi devol- poder pela força em 2020 das actividades terroristas.
incluindo uma réplica das 13.000 soldados britânicos vido por um descendente decidiu cancelar os eventos O exército e os grupos
Tá b u a s d a L e i e u m a cercaram a fortaleza. d o c a p i t ã o Tr i s t r a m festivos previstos para o 63º armados lutam pelo controlo
madeixa de cabelo prin- Entre os artefactos Speedy, membro da expe- aniversário da independên- do território, numa altura em
cipesco, foram devolvidos entregues ao embaixador dição britânica que se tor- cia e as celebrações limita- que a missão das Nações Uni-
à Etiópia, anunciou sexta- da Etiópia em Londres, nou tutor do príncipe ram-se a uma cerimónia de das (Minusma), afastada pela
feira a Embaixada da Etió- Teferi Meles Desta, figura Alemayehu, disse Alula colocação de coroas de flores junta, está a retirar-se do Mali.
pia em Londres. Os uma madeixa de cabelo Pankhurst, membro da pelo chefe militar da nação, Os fundos destinados às
britânicos apreenderam pertencente ao príncipe Comissão Nacional de o coronel Goïta no monu- festividades estão a ser redi-
estas peças durante a Alemayehu, filho de Tewo- Restituição do Património mento à independência e a reccionados para apoiar os
batalha de Magdala, a dros II, segundo um comu- da Etiópia. uma parada militar, em familiares das vítimas dos ata-
Bamako, a capital. ques terroristas.
38 LUSOFONIA
SOLUÇÕES PARA O FUTURO ANIMA DEBATE COM JOVENS
Presidente de Cabo Verde
defende África mais ousada
Líder cabo-verdiano realçou que o continente tem de buscar soluções para o futuro
com criatividade, não pode continuar à espera da solidariedade internacional
O Presidente cabo-verdiano,
José Maria Neves, defendeu
que África precisa de ser
"mais ousada" ao procurar
soluções para o futuro e
investir fortemente na edu-
cação, ao discursar na aber-
tura de um encontro de
jovens africanos.
"África tem de procurar
de uma forma mais ousada,
soluções para o futuro, não
pode continuar à espera da
solidariedade internacional.
Tem de mudar de 'chip' e
colocar sobre a mesa as suas
forças e aproveitar as opor-
tunidades que emergem
deste novo mundo em cons-
trução", afirmou o Chefe de
Estado de Cabo Verde, citado
pela Lusa.
José Maria Neves fez uma
comunicação 'online' para a
conferência regional sobre
juventude, paz e desenvol-
vimento da Coligação da
Juventude dos Países Africa-
nos de Língua Oficial Portu-
guesa (CJP), que decorreu em
Bissau. "É preciso um forte
investimento na Educação.
A Educação pode ser a mola
propulsora da transformação
do continente africano. África
tem de preparar-se para apro-
veitar todas as suas capaci-
dades e todas as suas
competências aqui e na diás-
pora, até porque é dos con-
tinentes mais ricos", frisou.
O Presidente de Cabo
Verde apontou que os jovens
têm "grandes responsabili-
dades" por serem os prota-
goni sta s do futuro , na
transformação do continente
africano e na construção do
novo mundo a emergir de
conflitos. Há reformas "que
são necessárias" e é preciso
"investir fortemente na
juventude, Educação, ciência
e inovação".
No caso do arquipélago,
defendeu "cada vez mais
investimentos para capacitar
ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS EM MOÇAMBIQUE
CNE lança apelo para
campanha sem violência
O presidente da Comissão
Nacional de Eleições (CNE)
de Moçambique pediu ontem
às forças políticas uma cam-
panha eleitoral para as autár-
quicas de 11 de Outubro sem
violência, apelando para uma
actuação "imparcial e igua-
litária" da Polícia moçambi-
cana. "Precisamos de prevenir
tudo aquilo que pode trazer
conflitos dentro destas elei-
ções, criar condições para que
haja paz e melhor inclusão",
declarou Carlos Matsinhe,
durante uma mesa-redonda
Presidente José Maria Neves encoraja jovens a participarem activamente no desenvolvimento
os jovens cabo-verdianos
para estarem à altura dos
desafios que se colocam ao
mundo", concluiu. A inicia-
tiva da CJP assinala o Dia
Aumento da população prisional
A ministra da Justiça de Cabo
Verde anunciou, ontem, que o
país tem 2.100 reclusos, mais
34% que no último levanta-
mento conhecido, e considerou
necessário apostar na formação
e educação da população pri-
sional. "Tivemos um aumento
da população prisional. Temos
neste momento cerca de 2.100
reclusos em todas as cadeias
a nível nacional", apontou Joana
Rosa, em crioulo, citada pela
Lusa na comemoração da
semana nacional do recluso,
na Cadeia Central da Praia.
A go v e r n a n te re fe r i u o
número absoluto, sem termo
de comparação, mas de acordo
com os últimos números oficiais
que debateu o código de con-
duta eleitoral dos partidos
políticos, ontem, em Maputo,
segundo a Lusa. Para Matsinhe,
as forças políticas que vão
disputar as eleições para as
65 autarquias moçambicanas
devem evitar o "discurso de
ódio" e a Polícia da República
de Moçambique desempenha
um papel fundamental em
todo o processo.
"A Polícia da República de
Moçambique tem um papel
preponderante na sociedade
e, em particular, no decurso
Internacional da Paz, cele-
brado a 21 de Setembro, e o
evento pretende criar um
espaço de partilha e discussão
sobre os principais problemas
divulgados, Cabo Verde tinha
1.328 reclusos em 2013, valor
que subiu para 1.567 em 2018,
distribuídos por cinco estabe-
lecimentos prisionais regionais
e dois centrais.
Daquele total, a Cadeia Central
da Praia recebia mais de 1.100
pessoas, concentrando dois ter-
ços da população prisional de
Cabo Verde. "Temos de trabalhar,
enquanto poder público, para
reduzir o número dos reclusos",
referiu a ministra da Justiça,
sublinhando que a prisão não
penaliza apenas quem está
detido, mas indica que "o poder
público também falhou".
Segundo a governante,
grande parte da criminalidade
do processo eleitoral, pois
contribui de forma directa na
criação de um ambiente tran-
quilo, pacífico e ordeiro,
devendo, na sua actuação,
adoptar princípios de impar-
cialidade e igualdade de tra-
tamento e oportunidade entre
os diversos actores", acres-
centou o presidente da CNE.
Mais de 11.500 candidatos, de
11 partidos políticos, três coli-
gações de partidos e oito grupos
de cidadãos foram admitidos
pela CNE às autárquicas de
Outubro, para as quais estão
inscritos mais de 8,7 milhões
de eleitores moçambicanos,
abaixo da projecção inicial,
de 9,8 milhões de votantes.
Os eleitores moçambicanos
vão escolher 65 novos autar-
cas, incluindo em 12 novas
autarquias, que se juntam às
53 já existentes.
DR
que afectam os jovens, com
foco no desemprego, alterações
climáticas, migrações, direitos
humanos e governabilidade
nos respectivos países.
é cometida por jovens ligados
ao mundo dos estupefacientes,
que deve estar na mira das auto-
ridades. O tempo nos estabe-
lecimentos penitenciários deve
preparar os reclusos para um
regresso à sociedade, através
de formação profissional e edu-
cação, salientou.
"Queremos aumentar o ensino
na cadeia para permitir que façam
o 12º ano e, quando terminarem
de cumprir a pena, irem para as
universidades", acrescentou. A
titular da pasta da Justiça disse
ainda que o número de técnicos
sociais aumentou em todas as
comarcas, para trabalhar nos
casos em que é possível aplicar
penas alternativas.
Moçambicanos detidos na África do Sul
Dois homens moçambicanos
e um zimbabweano foram pre-
sos em Middelburg, nordeste
de Joanesburgo, na posse
ilegal de carris de caminho de
ferro no valor de três milhões
de rands (148.855 euros), foi
ontem anunciado. "Três sus-
peitos com idades entre 41 e
51 anos foram presos na
estrada nacional N4, em Mid-
delburg, com um camião que
transportava carris de caminho
de ferro supostamente furta-
dos, avaliados em cerca de 3
milhões de rands", disse em
comunicado a Polícia sul-afri-
cana (SAPS), citado pela Efe.
"Dois são cidadãos moçam-
bicanos, enquanto o terceiro
é um cidadão zimbabweano",
REFORMAS NAS NAÇÕES UNIDAS
São Tomé e Príncipe
quer sistema mais justo
O Primeiro-Ministro são-
tomense, Patrice Trovoada,
utilizou a tribuna das Nações
Unidas para lançar críticas e
pedir reformas nas instituições
financeiras internacionais,
b em como na s própria s
Nações Unidas.
"O meu país vive uma situa-
ção de verdadeira urgência
económica e financeira em
curto prazo, bem conhecida
dos nossos principais parceiros,
ao mesmo tempo que atravessa
um processo complexo de
transição para a fase média de
desenvolvimento e prossegue
uma política adaptada à sua
realidade, respeitando a diver-
sidade multicultural e os direitos
humanos", disse o chefe do
Governo são-tomense, citado
pela Reuters.
Patrice Trovoada disse que
o seu país se tem esforçado,
"com algum sucesso, por
adoptar os códigos, as reco-
mendações e as boas atitudes
que visam a realização dos 17
Objectivos de Desenvolvi-
mento Sustentável", pedindo
que não se hesite "em apontar
o dedo aos responsáveis pelas
perturbações climáticas no
seio do G20, ou aos órgãos de
governação económica mun-
dial", que continuam a ignorar
os objectivos sociais e ambien-
tais, nomeadamente, negando
ao país "o acesso a recursos
financeiros em quantidades
e condições razoáveis".
Trovoada alertou para a
"crescente polarização e frag-
mentação do mundo e da
governação global, com a sua
crescente quota de populismo
e nacionalismo", bem como
dos "golpes de Estado e as ten-
tativas de subversão da ordem
constitucional", que são cada
vez mais frequentes, associados
aos conflitos de longa data,
como os da Palestina e de Cuba,
e os do Iémen, da Síria, do
Sudão e da Líbia, que seguem
o mesmo caminho.
"Os conflitos armados em
violação do direito interna-
cional, sejam eles quais forem,
também recebem um trata-
mento diferenciado. A nossa
condenação da invasão da
Ucrânia pela Rússia foi clara
e sem hesitações, porque res-
salientou a polícia. O comuni-
cado indicou que os carris foram
furtados de um troço da via
ferroviária em Barberton, no
distrito de Ehlanzeni, província
de Mpumalanga, que faz fron-
teira com o reino de eSwatini
e Moçambique.
"O trio foi indiciado por posse
de material furtado, com refe-
rência à linha férrea", indicou
a força de segurança sul-afri-
cana, acrescentando que "os
suspeitos podem também ter
estado envolvidos no furto da
ferrovia no distrito de Ehlanzeni",
acrescentou. Na operação, a
polícia confiscou o veículo
pesado de transporte de mer-
cadorias, juntamente com várias
peças de ferro que fixavam o
Domingo
24 de Setembro de 2023
peitamos o direito internacional
e a Carta das Nações Unidas.
Infelizmente, os refugiados e
os mortos não são iguais em
direitos e em dignidade num
mundo que se diz civilizado",
lamentou o líder do Execu-
tivo são-tomense. "Parece
que, actualmente, só as pan-
demias mundiais são capazes
de nos unir e de nos mobi-
lizar", acrescentou.
Patrice Trovoada defendeu
que "a indiferença e a hipocrisia
são inaceitáveis", considerando
que os "problemas de países
pobres tendem a tornar-se
também os problemas dos paí-
ses ricos", nomeadamente a
"disparidade demográfica,
disparidade económica, des-
regulamentação climática,
perda de confiança institu-
cional". No entanto, o Pri-
meiro-Ministro são-tomense
considerou que "existe ainda
esperança de encontrar um
novo impulso" através de
reforma das organizações mul-
tilaterais, "a começar pelas
Nações Unidas e pelas insti-
tuições de Bretton- Woods,
para um multilateralismo rein-
ventado e mais solidário".
"Estamos convencidos de
que sociedades pacíficas, equi-
tativas e sustentáveis, com
jovens instruídos e formados,
com boa saúde, são do interesse
geral e que, por isso, devemos
usar o bom senso para evitar
rupturas maiores e imprevi-
síveis, e ainda dispomos dos
meios técnicos, financeiros e
humanos para reformar o sis-
tema político internacional",
defendeu Patrice Trovoada.
DR
Patrice Trovoada discursou
na Assembleia-Geral da ONU
troço de linha férrea desman-
telado pelos suspeitos, refere-
se na nota.
"Estamos convencidos de
que os suspeitos podem ter
estado envolvidos em outros
crimes semelhantes cometidos
anteriormente, uma vez que
continuamos a investigar o caso",
adiantou a comissária provincial
da Polícia de Mpumalanga,
Semakaleng Manamela.
Na semana passada, pelo
menos quatro cidadãos
moçambicanos foram presos
na província sul-africana de
Mpumalanga por danos à infra-
estrutura ferroviária do país
africano, segundo disse uma
porta-voz da Polícia da África
do Sul à Lusa.
MUNDO Domingo
24 de Setembro de 2023 39
APRECIAÇÕES SOBRE O DESEMPENHO DAS NAÇÕES UNIDAS
Breves APROXIMAÇÃO DAS PARTES

CAMIÕES RUSSOS COM

ALIMENTOS CHEGAM
A NAGOPRNO-KATABALH
Camiões com ajuda
humanitária chegaram à
região separatista de
Nagorno-Karabakh,
continua numa situação de
instabilidade com o acordo
de cessar-fogo tremido. Na
capital da Arménia a
população mantém os
protestos contra a forma
como o Governo tem lidado
com a crise. Neste
ambiente de tensão e
desconfianças, a Rússia
enviou uma caravana com
ajuda humanitária à região.
O exército do Azerbaijão
atacou o enclave na terça-
feira, mas um cessar-fogo
foi declarado 24 horas
depois. Porém soldados
azeris encontram-se nas
imediações da
autodenominada capital da
região separatista, num
clima claro de tensão. O
Azerbaijão anunciou ter
enviado quatro camiões
carregados com alimentos
e produtos de higiene para
o Nagorno-Karabakh,
habitado principalmente
por arménios. Os protestos
continuam em Yerevan
depois de a Arménia ter
concordado com as
exigências do Azerbaijão
para que as forças locais
deponham as armas.
Muitos arménios estão
furiosos com o que
consideram uma
capitulação do Governo e
mantêm a pressão,
enquanto prosseguem as
negociações sobre a
possível reintegração do
Nagorno-Karabakh no
Azerbaijão.
POLÓNIA QUER DISCUTIR
PROPOSTAS COM A
UCRÂNIA PARA LIBERTAR
OS CEREAIS
O ministro da Agricultura
polaco disse que os
agricultores têm de ser
protegidos. A Polónia está
disposta a discutir propostas
para ajudar o trânsito de
cereais ucranianos mas
apenas se os agricultores
polacos forem protegidos.
Contra a decisão de
Bruxelas, Varsóvia
prorrogou a proibição das
importações de cereais da
Ucrânia. O ministro da
Agricultura polaco, Robert
Giorgia Meloni consegue
Telus, vai reunir-se esta
semana com o homólogo
ucraniano e espera que Kiev
afirmação externa
EUA pedem à Índia Rússia acusa ONU de usar
normalização das dois pesos e duas medidas
relações com o Canadá Segei Lavrov e António Guterres discutem assuntos ligados
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony à forma como o Conselho de Segurança tem se posicionado
Blinken, pediu à Índia para cooperar com o perante determinados conflitos
Governo canadiano depois de Otawa ter acusado DR
Nova Deli de estar envolvida no assassinato de
um líder sikh no Canada.
"Do nosso ponto de vista, é crucial que a inves-
tigação canadiana continue", disse Blinken,
quando questionado sobre o assunto durante uma
conferência de imprensa em Nova Iorque, na
sexta-feira.
"E seria importante para a Índia colaborar com
os canadianos nesta investigação", sublinhou,
acrescentando que os Estados Unidos estão em
contacto com as autoridades indianas e que Was-
hington deseja que a investigação tenha sucesso
e permita que a justiça seja feita e as responsa-
bilidades estabelecidas.
"Ficamos extremamente alerta sempre que
há alegações de repressão transnacional, é algo
que levamos muito, muito a sério", disse o res-
ponsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros
dos Estados Unidos.
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau,
abriu uma crise diplomática ao sugerir que as
autoridades indianas estavam envolvidas no
assassinato, em Junho deste ano, de um líder sikh
e cidadão canadiano, Hardeep Singh Nijjar.
Hardeep Singh Nijjar, morto a tiro em 18 de
António Guterres instado a iniciar um procedimento de arbitragem contra os Estados Unidos
Junho por agressores desconhecidos no estacio-
namento de um templo sikh, foi acusado de ter-
rorismo pelas autoridades indianas por defender Após o Secretário-Geral das introduzidas medidas para da cooperação entre a Rússia
a criação de um país independente no estado de Nações Unidas, admitir que devolver à organização o e a ONU.
Punjab, o Khalistão, para a minoria sikh. a componente política era papel e a responsabilidade O ministro russo enfatizou
A acusação de Trudeau foi seguida da expulsão o elo mais fraco da ONU, o política e de segurança. a necessidade de a liderança
do Canada de um diplomata indiano em Otawa, ministro das Relações Exte- Nesta linha, a Rússia, país da ONU e de todos os seus fun-
e Nova Deli, considerando a acusação "absurda", riores russo chamou, ontem, sobre o qual pesa a acusação cionários aderirem aos prin-
expulsou, também, um diplomata canadiano. a atenção de António Guter- de violação grave da Carta da cípios de imparcialidade,
O assunto é delicado para os Estados Unidos res para a inadmissibilidade ONU, argumenta que tem sido segundo o comunicado. Tam-
da América, aliado histórico do Canada, mas que de a organização usar dois vítima de injustiça. O ministro bém pediu ao Secretário-Geral
se comprometeu, sob a liderança do Presidente pesos e duas medidas nos russo das Relações Exteriores da ONU para não permitir o
Joe Biden, aproximar-se do Governo indiano documentos das Nações aproveitou o momento para envolvimento de represen-
liderado por Narendra Modi. Unidas em relação a dife- chamar a atenção dos Esta- tantes das estruturas da ONU
A Casa Branca negou rapidamente, na quinta- rentes territórios. dos-membros sobre a forma em iniciativas politizadas no
feira, qualquer "discordância" entre os Estados Segei Lavrov reforça a cor- como a guerra está a ser tra- contexto do conflito ucraniano.
Unidos e o Canada sobre a Índia, em reacção a rente de líderes que pede, tada pelas Nações Unidas. Lavrov e Guterres discu-
notícias sobre o assunto. pelo menos desde 2015, a “Foi chamada a atenção tiram ainda o tema da reforma
DR
operação de reformas pro- para as garantias do Secre- da ONU para adaptar a orga-
fundas na ONU, principal- tário-Geral da ONU de não nização às novas realidades,
mente no Conselho de participar de iniciativas que disse o Ministério, acrescen-
Segurança. Na véspera da não envolvam todas as par- tando que o ministro russo
abertura do Debate da 78ª tes", de acordo com o comu- observou a importância das
Assembleia-Geral das Nações nicado do Ministério das opiniões de todos os Esta-
Unidas, o Secretário-Geral Relações Exteriores da Rússia dos-membros da ONU na
da organização, António após uma reunião entre realização de reformas e na
Guterres, admitiu, pela pri- Guterres e Lavrov, à margem preservação da natureza inter-
meira vez em tom bastante da Assembleia-Geral da ONU. governamental da organiza-
acentuado, que as Nações Lavrov também apontou ção, bem como na observação
Antony Blinken está confiante na aproximação das partes Unidas têm áreas muito efi- a inadmissibilidade de usar da divisão de funções entre
cientes, mas que nesse leque padrões duplos nas estatísticas os seus órgãos principais.
de operacionalidade não está da ONU e em outros docu- A Rússia expressou sua
UM ANO DE GOVERNO EM ITÁLIA a componente política. mentos em relação a dife- disposição de participar acti-
António Guterres fez a rentes territórios", segundo vamente das discussões da
apreciação do desempenho o comunicado. Durante as reunião do Futuro em 2024
das Nações Unidas durante
uma entrevista, em jeito de
conversas, Lavrov e Guterres
se concentraram nas questões
e do trabalho sobre um Pacto
para o Futuro - o documento
balaço, concedida ao canal
CNN Internacional, tendo
avançado que o “descrédito”
internacionais mais urgentes,
bem como em vários aspectos
final da reunião, comunicou
o Ministério.

retire a queixa da
Organização Mundial do
Comércio. "Quero dizer, em
primeiro lugar, que não
levantaremos o nosso
embargo até encontrarmos
uma solução conjunta (com
Kiev) que seja segura e
eficaz, para que os
interesses dos agricultores
polacos sejam
salvaguardados e os cereais
ucranianos não entrem no
mercado polaco. Essa é a
condição número 1”
afirmou. Quatro países
europeus mantêm a
proibição das importações
de cereais provenientes
da Ucrânia.
, que voltou a fretar um
A líder do partido de
extrema-direita Irmãos de
Itália, Giorgia Meloni, con-
seguiu superar a desconfiança
inicial e moldar uma imagem
de credibilidade e responsa-
bilidade no seu primeiro ano
de governação, mas os maio-
res desafios estão pela frente,
concordam analistas.
De acordo com dois poli-
tólogos entrevistados pela
Lusa, Meloni conseguiu no
início do mandato afirmar-
se internacionalmente, mas
pode esperar dificuldades nos
próximos meses em matérias
como a gestão da política
migratória, falta de 'poder de
fogo' nas finanças públicas
para cumprir promessas elei-
torais, e divergências e con-
corrência no seio da própria
coligação, sobretudo com a
Liga, o partido eurocético de
Matteo Salvini.
“Se olharmos para a posição
de Itália relativamente à guerra
da Rússia na Ucrânia e as rela-
ções com os Estados Unidos,
penso que Meloni foi capaz
de desfazer quaisquer dúvidas
sobre o novo Governo não
estar tão comprometido com
Kiev ou ter problemas com a
administração Biden”, diz Leo
Goretti, director do Programa
Italiano de Política Eexterna
do Instituto de Assuntos Inter-
nacionais, um 'think tank'
(grupo de reflexão) inde-
pendente.
exige dos Estado-membros
com direito de veto a tomada
de medidas concretas e de
carácter permanente, no
sentido de a organização
recuperar o papel e a qua-
lidade na prestação do con-
tributo para tonar as relações
internacionais mais seguras,
confiáveis e plenas.
Além da Rússia, Brasil,
Portugal, Alemanha, Argen-
tina e a União Africana têm
alertado para a ineficácia do
Conselho de Segurança da
ONU, justificando que o
mundo actual já não tem a
ver com as circunstâncias
em que as Nações Unidas
foram criadas. Para estes
países, é urgente que sejam
Procedimento contra EUA
Na reunião,o ministro das Rela-
ções Exteriores da Rússia, Sergei
Lavrov, também pediu ao Secre-
tário-Geral da ONU, António Guter-
res, para iniciar um procedimento
de arbitragem contra os Estados
Unidos, de acordo com o comu-
nicado do Ministério das Relações
Exteriores da Rússia.
“O ministro chamou a aten-
ção do Secretário-Geral para as
violações contínuas, por parte
dos Estados Unidos, de suas
obrigações nos termos do acordo
sobre sede da ONU de 1947,
incluindo a recusa em emitir
vistos para diplomatas da Rússia
e de outros países participarem
das actividades da ONU", acres-
centou o Ministério.
Lavrov observou que a situa-
ção actual mostra a necessi-
dade de Guterres desencadear
o procedimento de arbitragem
o mais rápido possível. “A situa-
ção actual dita a necessidade
de António Guterres iniciar o
procedimento de arbitragem
contra os EUA o mais rápido
possível, como foi repetida-
mente assinalado nas resolu-
ções das sessões especiais da
Assembleia-Geral da ONU",
afirmou Lavrov.
40 CULTURA
Olinda Simeão vence 26ª edição
do Festival da Canção de Luanda
Caiu o pano de mais uma aposta da Rádio Luanda Antena Comercial (LAC) no domínio das artes e da cultura angolana,
com a realização da gala de premiação do concurso anual de canções no mês de aniversário da estação radiofónica
A canção "Sem Você Por Cá",
d a c o m p o s i to ra O l i n d a
Simeão, 26 anos, venceu a
26ª edição do Festival da Can-
ção de Luanda, realizada,
sexta-feira, no quintal da
Rádio Luanda Antena Comer-
cial (LAC), em Luanda.
Olinda Simeão, ao con-
quistar o maior galardão do
concurso, foi, também, con-
sagrada na categoria Melhor
Letra, por isso recebeu um
total de 3.500.000 (três milhões
e quinhentos mil kwanzas)
pela conquista das duas cate-
gorias, sendo três milhões por
vencer o festival e 500 mil
pela categoria de Melhor Letra.
Domingos Manuel "CC"
conquistou o prémio de
Melhor Produção e Melhor
Voz, com o tema "Monami".
Tomás Baltazar arrebatou o
de Melhor Intérprete, com
a canção "Heróis Nacionais",
e Lucénia Gomes, o prémio
LAC Auditores, com a música
"Sakidila Mamã África",
escrita por Nelson Sales.
Os vencedores destas últi-
mas categorias embolsaram
cada um total de 500 mil
kwanzas. A mesa do júri foi
composta pela cantora Dina
Santos, o ambientalista Vla-
dimir Russo, o escritor José
Carlos de Almeida, o jorna-
lista e realizador Manuel
Quizembo e o compositor
Tatá de Almeida.
O júri foi responsável pela
distinção de todas as categorias,
excepto a de LAC Auditores,
que foi da responsabilidade
do público. Entre os demais
concorrente s , p erfilam
Allaviinoz, Joelson Missula,
Yetu, Eliúde Prata, Jornicy
Manuel e Sara Saka.
O tema desta edição do
Festival da Canção de Luanda
foi "Ambiente em Sintonia".
Por isso, para fazer jus ao
tema os dez concorrentes
apresentaram em dança a
temática desta edição.
A LAC, organizadora do
concurso e da gala (espectá-
culo), preparou, também, um
momento para homenagear
individualidades que ao longo
dos anos têm contribuído para
a realização do festival.
O Festival da Canção de
Luanda é um dos concursos
musicais realizados pela Rádio
LAC, e tem como objectivo
divulgar e promover a música
angolana. O festival tem
difundido novos intérpretes
e lançado carreiras de artistas
nacionais. O evento home-
nageia artistas, contextos,
locais e produtores. Desde
1998 que a LAC organiza este
festival que já conta com o
apoio de várias instituições.
Justificação do júri
No final do espectáculo, José
Carlos de Almeida, presidente
do júri, afirmou que a escolha
dos vencedores foi fácil, não
houve muita discordância
entre os membros do júri.
"Dos seis, quatro votaram
em Olinda Simeão para a can-
ção vencedora", disse, tendo
reconhecido que nesta edição
as músicas apresentadas tive-
ram muita qualidade no que
MÚSICA POPULAR ANGOLANA EM CONCURSO
Olinda Simeão sagrou-se vencedora
com a canção “Sem você por cá”
concerne à letra, interpre-
tação e à produção.
"A melhor letra foi, tam-
bém, uma decisão fácil,
Olinda Simeão apresentou
uma composição muito inte-
ressante. Sinto-me satisfeito
porque, possivelmente, tere-
mos uma música cantada e
gravada com um conteúdo
temático e linguístico", excla-
mou o presidente do júri.
Por outro lado, Dina San-
tos referiu que o processo
de eleição da vencedora foi
bem feito, pois, tiveram em
conta vários aspectos e cri-
térios de escolha. "Analisá-
mos a voz, postura em palco,
a forma como os concorren-
tes entregaram-se à inter-
pretação da canção", disse.
Acrescentou que, a maio-
ria dos concorrentes esteve
bem no que toca aos aspectos
citados, mas que, entre todos,
a melhor foi Olinda Simeão.
"Apresentou-se muito bem,
sentimos bastante entrega
no que fez, e decididamente
foi a melhor de todas."
Membros do Governo
O Festival da Canção de
Luanda contou com a pre-
sença de várias entidades,
entre elas destaque para o
vice-governador da província
de Luanda, Manuel Gonçal-
ves. À saída do encontro disse,
ao Jornal de Angola, ter gos-
tado, dando nota positiva à
escolha dos dez finalistas.
Quanto à decisão do júri,
Manuel Gonçalves afirmou
ter sido uma postura justa e
FOTOS EDIÇÕES NOVEMBRO
enalteceu o facto de ser com-
posta por especialistas em
Música e Ambiente. "É bom
ver que, na sua maioria, os
concorrentes eram jovens,
que encontraram neste con-
curso uma oportunidade para
divulgarem os seus trabalhos
e se firmarem no mercado
angolano", disse.
O vice-governador foi mais
aberto em declarar que apreciou
bastante Domingos Manuel
'CC' pela forma como inter-
pretou e destacou a vencedora
do festival no que concerne à
canção que a levou a concurso.
O que chamou, também,
a atenção de Manuel Gon-
çalves foi o tema do espec-
táculo. Por isso, apelou que
a responsabilidade da pre-
servação do ambiente deve
ser de todos. "Independen-
temente de quem governa,
as pessoas devem ter noção
que cuidar da natureza é uma
missão conjunta", concluiu.
Dionísio Rocha disse que
nunca se decepcionou com
o Festival da Canção de
Luanda. "Tivemos pequenos
pormenores que prejudica-
ram alguns concorrentes pelo
excesso de som, mas tirando
isso, o espectáculo foi impe-
cável. É pena termos poucas
instituições no país a reali-
zarem actividades do género".
O DJ Paulo Alves, um dos
convidados para fazer a
entrega de prémios aos galar-
doados, considerou o festival
um concurso importante,
principalmente por existirem
poucos do género no país.
OLINDA SIMEÃO
Perfil da vencedora
Olinda Eduardo Simeão,natu-
ral do Lubango, é cantora e
compositora desde os 20 anos.
Começou a cantar no Coral Teó-
filo, no Lubango, onde perma-
neceu por oito meses. No
mesmo ano realizou a primeira
apresentação em dupla, com
a qual continuou a trabalhar
por mais 18 meses.
Em 2018, participou como
vocalista provisória da Banda
Jazzando, no Etimba Festival,
Cantora recebeu três milhões e quinhentos mil kwanzas
Entre os corredores do Festival
Felizpor ser a grande vencedora,
Olinda Simeão disse que o pré-
mio significa que cumpriu com
os requisitos de selecção do
festival e compôs uma excelente
canção. " Quero continuar a
fazer bem o meu trabalho sem
decepcionar os fãs, começando
por lançar o meu primeiro
álbum", disse a vencedora.
Domingos Manuel da Con-
ceição, com o pseudónimo CC,
não contava com essa conquista
porque, há cerca de 10 anos,
que tem batalhado para parti-
cipar no Festival da Canção de
Luanda. Nesta 26ª edição, "é
um sonho realizado, daqui para
frente irei trabalhar mais na pro-
jecção do meu álbum", e recebeu,
durante a gala, convites de pes-
Dez finalistas disputaram, em canção, o concurso da LAC
Domingo
24 de Setembro de 2023
na altura realizado em Benguela.
Depois dessa participação, foi
convidada para integrar a banda,
onde permanece até agora.
Escreveu a primeira música em
2020, com colaboração de Celder
Nascimento, intitulada "Lubango
dos Sonhos". Em 2022, compôs
a primeira EP intitulada "Entre
Quatro Ventos". Actualmente,
tem feito apresentações a solo
e com a banda, e trabalha em
diversos projectos.
soas interessadas em patrocinar
a produção de um disco. Tony
Frampénio, encenador que
assumiu a montagem da rap-
sódia, pela terceira vez, frisou
que foi um momento ímpar do
festival, e que de alguma forma
entreteve o público.
Socorreu-se das canções e
dos seus intérpretes que repre-
sentaram uma história com
base na narrativa do tema,
"Ambiente em Sintonia".
"Gostei do resultado e da
interacção do público. Foi, de
facto, o resultado de um tra-
balho árduo", realçou o também
actor, dramaturgo e encenador
Tony Frampénio.
Amilda Tibéria
e Quissanga Quindai
CULTURA Domingo
24 de Setembro de 2023
Francisco Pedro
A cantora Zelma Best Rap-
per realiza, dia 30, uma gala
de hip-hop na cidade do
L u b a n g o , p rov í n c i a d a
Huíla, para festejar os 12
anos de carreira.
A gala, que vai decorrer
no espaço Casa Azul, abre
com o poeta Ingrato Sofredor,
e oferece, à aniversariante,
um poema especial (dedi-
catória). A gala inclui varie-
dades artísticas com a
intervenção de cantores, DJ´s
e humoristas, todos residen-
tes na cidade do Lubango.
O despique musical agrega
três momentos, sendo o pri-
meiro denominado Convi-
dados, com os artistas Boss
do Game, Maybe Joe, Simom
Jr, DJ Beng, Lizz Madureira,
Isaac Vertino, Mauro Cruz e
Poeta Ingrato Sofredor.
Para o segundo momento,
Rompimento, vão actuar os
rappers Bruno Py VS João
Baptista, Beasty VS Katele
MC . O te rc e i ro , “ G u e s t
Music”, junta a maioria dos
cantores, Arleth KMT, Edna
Nunes, Etienne Gouveia,
Nithy World, Sangue Bom,
Delmary, Deolinda Santos,
Angélica Mandume, Luxu-
rious, Lil Prata, Salassy, Polí-
grafo, Salazar e Scrú Boy.
De acordo com a cantora,
haverá um quarto momento
dedicado ao produtor e rap-
per Ropaso Sozinho, fale-
cido dia 19, no Lubango,
com quem a artista traba-
lhou vários anos, ten do
dito que “ele cuidava de
tudo, da minha carreira,
para além da gravação das
músicas”.
Adiantou que os cantores
vão homenagear Ropaso
Sozinho, interpretando as
suas músicas “Beth Feia”,
“Filha da Goda”e “É como”.
Além disso, a cantora idea-
liza organizar um momento
solene com velas acesas em
que o presidente da comu-
nidade hip-hop da Huíla,
Simon Júnior, reserva para
relembrar os feitos do rap-
per, apresentando um his-
torial sobre a carreira de
Ropaso Sozinho.
Com a duração de seis
horas, a gala inclui, também,
outos rítmos musicais, como
o estilo zouk nas vozes de
Deolinda Santos, Angélica
Mandume e Lizz Madureira.
A intervenção do humo-
rista Tio Amor é aguardada
com muita expetactiva. “Ele,
o Tio Amor, tem muitas sur-
presas para entreter os par-
ticipantes no decorrer da
gala, com anedotas e outras
performances artísticas”,
realçou Zelma Best Rapper..
Rap ao vivo
Zelma Best Rapper vai ser
acompanhada por dois ins-
trumentistas (pianista e
guitarrista), enquanto os
demais artistas vão actuar
em “playback”. Conhecida
como a “Mãe das Rappers”,
vai interpretar os sucessos
“Fuck’them”, “Nada a provar”,
“Invadir” e “Confiar”.
A cantora concorda que o
êxito dos artistas depende da
qualidade da música, desde
a letra, melodia e o conteúdo
(mensagem) que espelham,
de uma maneira geral a com-
posição, sem minimizar
aspectos técnicos como a mas-
41
FOTOS DR
MOVIMENTO HIP-HOP NA PROVÍNCIA DA HUÍLA Perfil
da rapper
Gala de hip-hop Zelma Best Rapper é natu-
ral e residente no Lubango,
província da Huíla, onde
marca 12 anos da vive com os pais. Nascida
a 28 de Setembro de 1998,
é estudante de Medicina,
e dedica-se à música rap
cantora Zelma desde 2011.
Cantora, compositora e
instrumentista (flauta),
domina leitura de pauta musi-
Best Rapper cal, fruto dos estudos de Sol-
fejo que teve na Igreja. Mais
tarde, fora do ambiente reli-
gioso, começou num quarteto
feminino, porém, em 2014
o grupo se dissolve, tendo a
cantora optado numa carreira
a solo, que resultou na gra-
vação dos sucessos "Kalu-
Artistas do movimento hip-hop, entre peteca", "Fuck them", "Power
cantores e DJ´s, participam, na próxima off", entre outros temas.
Zelma tem como inspi-
semana, na gala de comemoração de uma ração, desde o início da
dúzia de anos da carreira da “Mãe das carreira, o cantor norte-
Rappers” na província da Huíla. americano Justin Bieber.
Embora o rapper seja o
Defensora acérrima do rap, a cantora género de música que mais
afirma trilhar esse estilo por amor à p ro d u z , a ca n to ra te m
vocação para outros ritmos
música e não para ser famosa, nem por musicais.
dinheiro Artista de múltiplas voca-
ções, tem participado em
espectáculos de cantores
quer da Huíla quer de outras
províncias. É, também, locu-
tora da Rádio 2000, onde
apresenta o programa “Sin-
fonia Hip-Hop”, aos sábados,
e dedica-se à docência.
Maybe Joe, membro da Tio Amor, humorista Fredh Júnior, rapper e
Txoboy Nick, rapper Comunidade e rapper OG Faster MC , rapper produtor musical
Considera positiva a
adesão de mulheres ao
estilo “underground”
ou rap. “É bom,
embora o rap seja
visto como um estilo
masculino, por isso
muitos discriminam
as mulheres que se
dedicam a esse estilo
musical”
Mil Kairão, OG e conselheiro Simon Júnior, presidente da
da Comunidade Hip-Hop Arlete KMT, cantora Comunidade Hip-Hop da Huíla Lizz Madureira, cantora
terização musical. lidade tão próxima para ela, trata-se de um estilo único, por amor, nada mais do que lidades e complexidade da vida
Afirmou que a música é caso tenha que optar numa “que nos identifica como só mais uma profissão para conjugal.
um investimento e que todo segunda vertente musical, angolanos, e eu considero exercer futuramente!” Casamento ou filhos, na
o artista carece de um agente, atendendo o mercado nacional, um estilo muito fácil de Considera positiva a adesão sua opinião, têm sido as pri-
que cuide da produção e do seria “ghetto zouk” que tem fazer por ser tudo ocasional, de mulheres ao estilo “under- meiras razões que levam algu-
marketing das obras e da sua mais concorrência, particu- todos os pensamentos e ground” ou rap. “É bom, embora mas mulheres a desistir de
imagem. Questionada sobre larmente entre as mulheres. todas as acções podem ser o rap seja visto como um estilo alguns sonhos, “mas tudo
a influência ou não do clima “Embora o ghetto zouk, ou transformadas em kuduro”. masculino, por isso, muitos depende, também, do parceiro.
da província da Huíla no acto o zouk, seja o estilo que mais ainda discriminam as mulheres Eu acredito que saberei como
de criar, ele disse que “não, tem saída no mercado, mas Arte e vida conjugal que se dedicam a esse estilo batalhar com essa fase da vida”.
nem o ambiente das ruas, nem o meu compromisso é com o Dividida entre música e ou género musical”. Denunciou o preconceito
o clima fresco têm influenciado rap (hip-hop), não escolhi medicina (estudante), as Numa altura em que vai existente, em que a sociedade
no processo das minhas com- p a ra s e r f a m o s a o u t e r duas principais paixões que completar 25 anos, no dia 28, vê uma rapper como fútil, que
posições, pois o acto de compor dinheiro, é por amor à música carrega diariamente, uma prevê dedicar-se à música e, não desperta interesse, mas,
é um estado de espírito”. rap, e disso não desisto”. vinculada à arte e outra à futuramente, ser dona de casa, “graças a Deus, nos últimos
A opção em trilhar um novo Afirmou que o kuduro é ciência, considera fáceis de o que vai constituir uma situação tempos, já não tem sido fre-
estilo nunca foi uma possibi- arte, “sim”. Primeiro, disse, conciliar. “Quando se faz difícil, devido às responsabi- quente”, exclamou.
42 CULTURA Domingo
24 de Setembro de 2023

MÚSICA E GASTRONOMIA NO ENCERRAMENTO DAS CELEBRAÇÕES

Justino Delgado participa na festa

da independência da Guiné-Bissau
A cantora guineense Eneita Marta actua, também, hoje à tarde, no encerramento das jornadas alusivas aos 50 anos da festa
nacional da pátria de Amílcar Cabral, um evento que junta artistas, diplomatas e membros da comunidade da Guiné-Bissau
DR
Analtino Santos

As comemorações dos cin- Considerado “Rei

quenta anos da independen-
cia da Guiné-Bissau encerram
hoje, em cerimónia que acon-
tece, a partir das 14h00, no
Museu Nacional das Forças
Armadas, em Luanda.
A festa congrega vários
ritmos musicais guineenses,
como gumbé, tina, broska,
kussundé e outros, danças
tradicionais, o pano de pente
e outros simbolos que repre-
sentam a cultura e arte desse
país-irmão, membro dos
PALOP e da CPLP.
O autor de “Fidju na Fuga”,
Justino Delgado, é uma das
sonantes propostas musicais
para o encerramento. Con-
siderado “Rei do Gumbé”,
Justino Delgado é um dos
ex p o e n te s m á x i m o s d a
música moderna guineense
e dos mais aplaudidos can-
tores no mercado angolano.
Além dele, vai actuar Eneida
Marta, que já realizou um
concerto nessas celebrações.
Justino Delgado é autor de
“Lôla”, “Casamenti D’Haos”,
“Gabiana”, “Tétété”, “Troc”,
“Farol” e outras obras que
demonstram a sua vibrante
produção discográfica.
Alguns dos actrativos do
evento são as homenagens
para os membros da comu-
nidade guineense , com des-
taque para Padita Di Dus
Mama (mães de dois seios),
mulheres que acolheram
muitos cidadãos do seu país
em Angola. A gastronomia
do Gumbé”, é um
dos expoentes
máximos da música
moderna guineense
marca presença com os pratos
chabeu, caldo de mancarra,
siga, cafriela e outros que
demonstram a variedade dos
habitos alimentares da pátria
de Amílcal Cabral. A dança
representativa de vários gru-
pos etnicos é, também, um
dos momentos que a festa
acolhe, incluindo desfile de
trajes tradicionais, onde o
“panu de pinti” marca des-
taque com a diversidade do
colorido que lhe caracteriza.
Apolinário Mendes de
Carvalho, embaixador da
Guiné-Bissau em Angola,
revelou que esta peça está
em todos os acontecimentos
da vida social do país, desde
o nascimento até à morte.
Um encontro entre os
membros do corpo diplo-
mático e da comunidade gui-
neense, e a conferência sob
o tema “O Impacto da Pro-
clamação da Independencia
da Guiné-Bissau no Plano
Internacional”, foram algu-
mas actividades que cons-
ta ra m d o p rog ra m a d a s
jornadas. A Guiné-Bissau
foi a primeira colónia por-
tuguesa a proclamar a inde-
pendência, a 24 de Setembro
Autor de “Fidju na Fuga”, Justino Delgado é uma das propostas musicais para o encerramento da festa nacional da Guiné-Bissau de 1973, nas colinas de Boe.

CONCERTO NO CENTRO CULTURAL CAMÕES
Selda é a atracção do “Lig Art”
Maria Hengo
A cantora Selda é a principal
atracção do concerto “Lig
Art”, agendado para quinta-
feira, dia 28, no Centro Cul-
tural Português-Camões.
Num concerto em que a
música prende a alma e enri-
quece o espírito, a “Morena
dos pés Descalços”, como é
intitulada por muitos, vai
levar para os fãs vários títulos
do seu repertório que aju-
daram a elevar a sua carreira.
Em fase de preparação do
tora angolana, com mais de
15 anos de carreira, com
uma musicalidade influen-
c i a d a p e l o S o u l Mu s i c ,
Semba e o Afro Jazz.
A “Morena dos pés Des-
calços”, como também é
conhecida, agora dividida
entre a maternidade e os pal-
cos, afirma que jamais abdica
de qualquer uma dessas acti-
vidades, por serem ambas
muito prazerosas.
Selda é uma jovem cantora
angolana conhecida no music
hall nacional pelo CD de
DR
por Jomo Fortunato para
interpretar uma das músicas
de sua autoria no Festival da
Canção de Luanda, realizada
pela Antena Comercial
(LAC). No ano seguinte foi
convidada pelo cantor Konde
Em fase de para participar no concurso
preparação do musical da Cidade de Luanda,
próximo álbum, a interpretando a canção
autora de vários “Kianda Luanda”.
sucessos musicais, Em 2011, Selda volta a estar
como “Aquela na ribalta, ao participar no
Rua”, “Morena de concurso ENSA/Arte da Can-
Cá” e “Palavras ção, com um tema da sua
Doces”, promete autoria, que a levou a con-
que a noite vai ser quistar a terceira posição.
recheada de fortes Ainda em 2011, Selda aposta
emoções na carreira a solo, que cul-
minou com o convite para
abrir o espectáculo em Luanda
do cantor e compositor cabo-

próximo álbum, a autora de
vários sucessos musicais,
como “Aquela Rua”, “Morena
de Cá” e “Palavras Doces”
promete que a noite vai ser
recheada de fortes emoções,
com performances originais
e únicas de apreciar.
Guiselda Tainara ou sim-
plesmente Selda é uma can-
estreia “Morena de Cá”, lan-
çado no ano passado no Par-
que da Independência, em
Luanda. Entrou no mundo
da música aos nove anos, na
província da Huíla, e viveu
com os pais até aos dez anos.
Influenciada pela avó, que
gostava de cantar fado, e pelo
pai, que nos tempos livres
exercia a actividades de DJ,
revelou que, para além do
pai tocar canções de vários
estilos, a mãe é fã de músicas
de Whitney Houston,
Roberta Miranda e Celine
Dion, um ambiente que tinha
em casa, que a transformou
na cantora que é hoje.
Aos 16 anos, foi convidada
́ rt é uma
verdiano Tito Paris.
O Concerto Lig A
produção da Agência Criativa
e Cultural Art Sem Letra,
com foco na concepção, ges-
tão e execução de projectos
criativos e produção de even-
tos alternativos/sustentáveis
com objectivo de ligar e liber-
tar mentes por meio da arte. Auditório Pepetela, em Luanda, acolhe o concerto de Selda
CULTURA Domingo
24 de Setembro de 2023
Adilson de Carvalho
e Carlos Bastos | Sumbe
O primeiro dia do Festi-
Cuanza-Sul, edição 2023,
constituiu-se numa festa
com adrenalina entre artistas
e o público acima da média.
Foi sexta-feira, na Marginal
do Sumbe, pequena para
acolher todos os convivas
quer habitantes locais, quer
das províncias que limitam
o Cuanza-Sul, e não só.
Foi o arranque de uma
festa “rija”, com um mega
espectáculo musical e dan-
çante, em alusão aos 106
anos de existência da pro-
víncia do Cuanza-Sul, assi-
nalados no dia 15.
Com início às 20 horas, o
FestiCuanza-Sul tornou-se
rival do FestiSumbe, pelo facto
de o primeiro realizar-se em
alusão ao dia da fundação da
província, e o segundo dedi-
cado à ascensão da cidade do
Sumbe à categoria da cidade.
Porém, público e cenários
são os mesmos.
Como é habitual, a prata
da casa teve a primazia de
actuar, em que se destacaram
Samuel, que abriu o espec-
táculo, seguido por Gabba-
rola, Manestro, Betinho
Menezes, os Exp, Hermínio
Vaz, Caçadeira, Erikson Frak,
Stiven Black, Step Galaxia e
os Katopeiras, tendo inter-
pretado temas do estilo gos-
pel, zouk, kizomba, rap e
tradicional. O abre-apetite
do público derivou da exi-
bição do grupo de dança tra-
dicional "Os Katopeiras",
uma promessa para outros
eventos locais e nacionais.
Às 21h10, entrou em cena
Buttom Rose, que interpretou
"Viagem", "Cobrador", e "Toda
tropa". Algumas músicas
foram acompanhadas pelo
público. Depois, entrou em
palco a dupla Young Double
43
FOTOS DE ADILSON DE CARVALHO | EDIÇÕES NOVEMBRO
FESTA DOS 106 ANOS DA PROVÍNCIA
Marginal do Sumbe acolhe
shows do FESTICuanza-Sul
A província do Cuanza-Sul foi criada há 106 anos, a 15 de Setembro,
o que motivou o governo local a organizar o Festival Internacional
de Música do Cuanza-Sul. Houve semba, kizomba, kuduro e hip-hop,
com muita dança e adrenalina à mistura
e Smille, que interpretaram estilo kuduro.
“Cair com a cadeira", "Tá doer", Grace Zola, A euforia subiu no seio do
"Pecado" e "Amor e paz”. que entrou em público, quando faltavam 20
O público já eufórico, palco às 22h15, minutos para uma da madru-
perto das 21h40, foi anun- interpretou canções gada. Em palco, a cantora
ciada a entrada do veterano que enaltecem o conceituada Eva Rap Diva
Bessa Teixeira, proveniente amor encantou os presentes com
do Planalto Central. Conhe- a Deus, como “Eu Não Danço", "Um Asso-
cedor do público, puxou da “Deus de Promessa” bio Meu", "Final Feliz", "Tudo
cartola as músicas que roçam e “Consumado” de Novo”, e no fim manifestou
corações dos habitantes do a sua satisfação pelo carinho
Cuanza-Sul, entre as quais recebido do público, além do
"Sangatiti", "Ombembwa", da organização que segundo
"Mbungi" e "Sunlulã", este ela “não pecou em nada”.
último que se tornou hino fim da actuação, agradeceu Sem horizonte temporal
durante a sua actuação. a organização e prometeu d e f i n i d o , Eva Rap Diva
Com o ambiente já "aque- que, estando em estúdio, vai promete surpre ender o
cido", o momento de ali- apresentar futuramente mais público com mais um tra-
mentar o público com um trabalho discográfico. balho discográfico.
canções religiosas coube aos Pérola entrou em palco Com a madrugada já
cantores do estilo gospel, às 23h43, recebeu aplausos adentro, entrava em cena
nomeadamente Grace Zola, e sem delongas interpretou Yannich Afroman, que inter-
que entrou em palco às “Não Custa”, "Nada", "Fore- pretou “Minha luz", "Pim-
22h15, interpretando canções ver", "Fénix", "Última Cha- Pa m - P u m " , " Um a m ã o
que enaltecem o amor a mada Goddess", "Não Vai louca", "Até lá", "Gosto dessa
Deus, como "Deus de Pro- Lá", “Sincera” e “Omboio”, vida" e "Coisa mínima",
messa" e "Consumado". acompanhada do princípio levando o público ao delírio.
O cantor gospel Miguel ao fim. A artista reconheceu Prodígio, considerado
Buila, fortemente aplaudido o papel da organização, real- mestre do estilo hip-hop e
pelo público, tomou o palco çando a postura dos músicos rap, subiu ao palco e cantou
às 22h30, e ao interpretar as locais, e considerou a empa- os temas “Urna", "Peculato",
canções "Oração da Mãe", tia do público como elemento "Estraga", "Player Player",
"Coração de Pedra", "Louva indispensável para um con- "All Star”, entre outros, e
Louva" e "Vitória", colheu tacto sadio permanente. procurou satisfazer os fãs.
muita simpatia e admiração “Temos de criar mais empa- Quando o relógio apon-
dos espectadores. tia com o público que aprecia tava 1h40, entraram em palco
as nossas músicas, por isso, o grupo Os Santiagos, que
Consagrados em cena sempre que for convidada não t a m b é m d e m o n s t ro u a
A actuação dos artistas do hesitarei em estar presente popularidade no seio dos
"music hall nacional" come- nos festivais do Sumbe, e do jovens e interpretou “Ta
çou às 22h50, com Rui Cuanza-Sul”, disse Pérola. Quase", "Meu DJ Sim" e
Orlando, que sacou do repor- "Tira”, acompanhados pelo
tório os melhores sucessos, Rap e kuduro na festa DJ Cuba Mix proporcionando
“Nada nos Separe", "Peço Eram 35 minutos depois da um encerramento em apo-
Perdão", "Choro", "Pro- meia-noite, quebraram-se teose cheio de aplausos.
meto", "Me Leva Contigo" e os estilos semba e kizomba Ontem, segundo e último
"Te Amo”, cuja exibição con- para dar lugar ao kuduro. dia do FestiCuanza-Sul,
tagiou o público que acorreu Pai Diesel abriu, deixando actuaram Matias Damásio,
à Marginal do Sumbe. os fãs perplexos com os Gerilson Insrael, Cage One,
Seguiu-se Landrick, tendo temas “Cambodja", "Mais Elizabeth Ventura, Bessa Tei-
provocado delírio ao público velho", "O bocado é meu" xeira, Bambila, Anderson
quando interpretou as can- e "Cuidado com a boca”, Mário, TRX, Cef Tanzy, John
ções “Me Agarra Só Um", tendo seguido "Drogadinho", Berry, Eduardo Paim, Killa
"Fila da Goda", "Kuyuyu", que cantou “Cavalo de 2030" Hill, Noite e Dia e John Trou-
" P ra ze r " , " Te u Pa n c o " , e "Carro de Mão”, bastante ble. O momento final esteve
"Clima" e "Jeito Dela”. No aplaudido pelos amantes do a cargo do DJ Flávio N´gola.
44 DESPORTO
DESPORTOS MOTORIZADOS NO HUAMBO
Pilotos estão prontos
para corrida dos 111 anos
Prova que acontece hoje vai contar com pilotos
oriundos de várias províncias do país
Prova de motorizadas e automobilismo vai percorrer várias artérias da capital do Huambo
Justino Victorino | Huambo
Trinta pilotos, em motos com
cilindragem superior 600
centímetros cúbicos, das pro-
víncias do Namibe, Huíla,
Benguela, Cuando- Cubango,
Cuanza -Sul e Huambo, na
qualidade de anfitriã, par-
ticipam hoje do Grande Pré-
mio em alusão 111 anos da
capital do Planalto Central.
A prova de motociclismo,
organizada pela Associação
dos Desportos Motorizados
do Huambo, está a ser rea-
lizada nas ruas da capital do
Planalto Central, num cir-
cuito fechado e é disputada
em duas mangas. José Luís,
um dos membros da orga-
nização da referida prova,
assegurou que foram criadas
todas as condições de pre-
miação dos vencedores das
categorias não só para a cor-
rida de motociclismo, como
também a de automobilismo.
O responsável sublinhou
que os pilotos das duas cate-
gorias estão motivados para
exibirem o alto nível de
competitividade à prova
Empresariado chamado a apoiar actividade
O presidente da Associação
dos Desportos Motorizados
no Huambo, Armando Guedes,
referiu-se, num outro ângulo
de abordagem, sobre o con-
texto actual por que estes pas-
sam nestas paragens. Nessa
perspectiva apelou ao empre-
sariado, ao Governo da Pro-
víncia e outros agentes ligados
ao sector a apoiarem eventos
ligados a essa disciplina.
inserida nas festividades do
Grande Prémio “Huambo
Cidade Vida”.
No entanto, o presidente
A prova de
motociclismo,
organizada pela
Associação dos
Desportos
Motorizados do
Huambo está a ser
realizada nas ruas
da capital do
Planalto Central,
num circuito
fechado e é
disputada em duas
mangas.
da Associação dos Desportos
Motorizados do Huambo,
Armando Guedes, mostra-
se expectante em relação a
corrida, que junta pilotos de
outras províncias do país e
que visa saudar os 111 anos
da capital do Planalto Central,
assinalados dia 21. O respon-
sável falou ainda do traçado
O responsável entende
que na província se pode
fazer melhor em termos dos
Desportos Motorizados, se
haver união de todos em rela-
ção a estes, sobretudo quando
há eventos, como acontece
agora com os festejos dos
111 anos da cidade.
O presidente da Associação
dos Desportos Motorizados
no Huambo considera, ainda,
DR
do circuito onde vai decorrer.
Armando Guedes lembra,
a esse respeito, o traçado do
circuito que abarca a corrida,
que assinala os festejos, desde
que a ex-cidade Nova Lisboa
foi elevada a essa categoria
através da portaria 1040, assi-
nada pelo então governador-
geral da província ultramarina
portuguesa de Angola, general
José Maria Mendes Ribeiro
Norton de Matos.
A corrida tem início e
termo na Avenida do Granja,
na zona Alta da cidade do
Huambo. Depois deste ponto
desce para a rotunda do Mer-
cado Municipal, passando
atrás da Sé Catedral, seguindo
pela rua das Flores, do Pica-
Pau e desembocando na
rotunda do Palácio. Daí
avança para o Cine Impé-
rio, percorrendo a Uni-
dade UPIP, avenida
Deolinda Rodrigues,
descendo pela zona
das Bombas, reto-
mando o Mercado
Municipal e até a ave-
nida do Granja, onde ter-
mina o traçado desta corrida.
a organização da corrida de
carros e de motos de hoje,
dia 24, o ponto alto dos fes-
tejos da capital do Planalto
Central, que se assinalaram
quinta-feira, 21 de Setembro.
“Digo isto porque a prova
que estamos organizar junta,
inclusive, corredores oriundos
de outros pontos do país”, disse
o homem forte dos Desportos
Motorizados no Huambo.
FÓRMULA-1
Verstappen garante
pole para GP do Japão
Max Verstappen garantiu a
pole position para o GP do
Japão, prova que se disputa
hoje, em Suzuka. O piloto da
Red Bull, bicampeão mundial
e actual líder do campeonato,
era segundo a poucos minutos
do fim, mas garantiu o melhor
tempo da Q3 com uma volta
em 1.28,877 minutos.
Impressionante foi igual-
mente o desempenho dos dois
McLaren. Oscar Piastri, que
esta semana renovou contrato
com a equipa inglesa por mais
três anos, garantiu o segundo
lugar e vai largar da primeira
linha da grelha, enquanto que
Lando Norris foi terceiro.
Charles Leclerc foi o melhor
homem da Ferrari, no quarto
NBA
Austin Rivers antevê
retirada de Nikola Jokic
A carreira de Nikola Jokic
na NBA não deve durar mais
tanto tempo e o astro do Den-
ver Nuggets pode se retirar
aos 34 anos. A revelação é
de seu ex-companheiro Aus-
tin Rivers, que comentou o
tema durante o The Bill Sim-
mons Podcast.
“Eu o vejo a jogar mais
cinco ou seis anos. Até uns
34 anos”, afirmou Rivers.
“Não quero dizer mais nada
sobre isso, porque não quero
especular sobre o futuro de
Nikola Jokic. Mas não o vejo
a jogar na NBA até os 39 anos”,
disse. Durante o podcast,
Simmons e Rivers destacaram
o comportamento do sérvio
de 28 anos, que deve pesar
na retirada precoce. Ao con-
Sérvio foi decisivo na conquista do título da época passada
lugar, com a terceira linha da
grelha a ser depois ocupada
por Sérgio Pérez (Red Bull) e
Carlos Sainz (Ferrari), este
último vencedor do último
grande prémio, na semana
passada, em Singapura.
Classificação da Q3: 1º M.
Verstappen Red Bull 1'28"877,
2º O. Piastri McLaren 1'29"458
+00"581, 3º L. Norris McLaren
1'29"493 +00"616, 4º C. Leclerc
Ferrari 1'29"542 +00"665, 5º S.
PerezRedBull1'29"650+00"773,
6º C. Sainz Ferrari 1'29"850
+00"973,7ºL.HamiltonMercedes
1'29"908 +01"031, 8º G. Russell
Mercedes 1'30"219 +01"342, 9º
Y. Tsunoda AlphaTauri 1'30"303
+01"426, 10º F. Alonso Aston
Martin 1'30"560 +01"683.
trário da maioria dos astros
da NBA, Jokic não parece ligar
para a fama e evita levar uma
vida de super estrela.
“Eu não acho que ele real-
mente liga muito para a cul-
tura p op americana ,
tendências, fama e relevân-
cia. Enfim, essas coisas não
o interessam profunda-
mente”, afirmou o base.
Um dos momentos que
comprovou isso foi após a
conquista do título na última
temporada. Após o jogo der-
radeiro diante do Heat, Jokic
comentou que não iria no
desfile de campeão, pois
tinha uma viagem marcada.
Mas, ainda assim, ele apa-
receu. Porém, regressou a
Sérvia dias depois.
DR
Domingo
24 de Setembro de 2023
NADAR 111 GRAUS
Oliveira vence
maratona aquática
Sérgio V. Dias e Justino
Victorino| Huambo
Justino Baptista de Oliveira,
de 20 anos, foi o grande ven-
cedor da maratona aquática
por travessia, realizada ontem,
na Praia Fluvial da Albufeira do
Cuando, junto do Centro Turís-
tico Chinossanda, inserido nas
comemorações dos 111 anos
da cidade do Huambo.
O certame, que decorreu
sob o lema “nada sempre e seja
saudável” visa sobretudo a
massificação dessa disciplina
nas mais variadas vertentes.
Numa prova que contou com
30 concorrentes, com idades
compreendidas entre os 15 e 26
anos, Justino Oliveira conseguiu
levar da melhor sobre os seus
oponentes, liderando a mesma
do princípio ao fim. Gabriel dos
Santos, que se quedou na 2ª
posição, e Rodrigues Mulon-
gonga, na 3ª, ocuparam os outros
dois lugares do pódio desta mara-
tona aquática por travessia, pro-
movida pelo Clube Yofina.
A actividade, realizada ontem
na Praia Fluvial da Albufeira do
Kuando, junto do Centro Turístico
Chinossanda, contou ainda com
festival de natação infantil em
piscina e desfiles de meios de
transportes aquáticos. Nesse
última disciplina há a destacar
o show de motos de água 4X4,
de chatas, de barcos de lagoa e
assim como de pedal e caiaques.
Huambo foi elevada a cate-
goria de cidade através da por-
taria 1040, assinada pelo então
governador-geral da província
ultramarina portuguesa de
Angola, general Norton de
Matos. O evento contou com
apoio de várias instituições da
sede da província do Planalto
Central do país e não só. Realce
para a Federação Angolana de
Natação (FAN), Governo Pro-
vincial do Huambo, assim como
os Gabinetes da Cultura, Turismo
e Desporto e da Saúde locais.
No rol de instituições apoiantes
deste evento que marca os 111
anos do município do Huambo,
assinalados a 21 de Setembro,
juntam-se a Administração local,
as Firmas Clese e Água do Cuima,
bem como várias individualidades
desta região do país.
Massificação na região
O presidente do Núcleo Provincial
de Natação do Huambo, Cláudio
Bartolomeu Yofina, assegurou
ontem,àimprensa,amassificação
e promoção dos desportos
aquáticos nesta região, nas
mais variadas disciplinas.
Falando à margem do
festival náutico, que teve,
lugar, no centro turístico da
praia fluvial da Albufeira do
Cuando, na comuna da Calima,
no município sede da província
do Huambo, realçou ainda o facto
de o Clube de Natação Claubarto
Yofina ter sido criado, na pers-
pectiva de auxiliar o Governo da
Província em várias acções.
“Tendo conta as caracterís-
ticas da nossa província, conhe-
cida como detentora das maiores
bacias hidrográficas do país, e
em face da ocorrência dos últi-
mos acidentes de afogamentos,
com cifras mais altas do que
outras províncias do país, que
têm mar, surgiu a ideia da sua
criação”, disse.
DESPORTO Domingo
24 de Setembro de 2023 45
NATAÇÃO GRANDE PRÉMIO NETSPACE EM CICLISMO SEGUNDA ETAPA

Angolano Bruno bate concorrência Ciclistas disputam

integra
plantel
do Sporting
O nadador angolano Marco
Furtado integra ao plantel
juvenil do Sporting de Por-
tugal, depois de dar os pri-
meiros passos na modalidade
do Clube 1º de Agosto, em
Angola. Com o referido vín-
culo, o nacional de 13 anos
de idade, que passa a residir
em solo português, consta
do grupo de angolanos com
passagem aos “leões” de
Alvalade, onde se destaca o
veterano Pedro Pinotes.
Marco é campeão da prova
dos 50m mariposa da sua
categoria, a nível da zona IV,
com 29.02, após ter vencido
a partida no Campeonato Afri-
cano, disputado em Luanda,
este ano, em que Angola ficou
em segundo lugar.
No seu historial, constam
igualmente vários títulos
provinciais e nacionais.
JUDO
Uíge
circuito fechado
e vence corrida de fundo Teresa Luís
Atleta do Petro discutiu o corte da meta da primeira etapa Depois da tirada de fundo,
hoje a partir das 8h00, os
ladeado por Cristian Perez, dos Amadores Cicloturismo ciclistas disputam a segunda
EDIÇÕES NOVEMBRO etapa do Grande Prémio
Netspace, circuito fechado
de 30 quilómetros, no Largo
do Alameda, Maculusso.
No centro da cidade, os
populares e os aficionados
da modalidade têm a opor-
tunidade de ver os melhores
da cidade de Luanda. O
desempenho apresentado
ontem, primeira etapa, obriga
a cautelas relativamente ao
possível vencedor, porém
há equipas que se destacam
entre as demais.
Dotadas dos melhores
executantes, pode haver
outro despique entre os atle-
tas afectos às formações do
ACT, Petro de Luanda, Tchaco
e Team Sequele. Aos petro-
líferos interessa ocupar nova-
mente o lugar mais alto do
pódio e consequentemente
obter a melhor classificação
por equipa.
ANDEBOL FEMININO
Com efeito, nos elites,
Daniel Paiva, Mário Carvalho,
Cruz Tuto e Bruno Araújo
estão avisados quanto aos
principais concorrentes. No
ACT, Adilson Zacarias, Cris-
tian Perez, Zeferino Epalanga
e André Alexandre ambi-
cionam uma postura dife-
rente, com vista ao triunfo.
Pela Tchaco, o destaque
recai para Estêvão Silva e Mar-
celino Augusto, enquanto o
Team Sequele, Wagner Peralta
tem sido o mais produtivo.
Quanto à corrida de hoje,
Bruno Araújo explicou:
“Quero viver um momento
de cada vez. Hoje (ontem)
venci, por isso vou aproveitar
ao máximo. Amanhã per-
tence a Deus, mas vamos
entrar com a mesma garra”.
Por sua vez, Cristian Perez
garantiu fazer o melhor hoje:
“Vamos entrar determinados.
Hoje (ontem) não vencemos
a primeira etapa. Mas agra-
deço a confiança dos colegas.
Amanhã (hoje) teremos mui-
tas surpresas e será melhor”.
ARSENIO BRAVO | EDIÇÕES NOVEMBRO

alberga Despique renhido entre os dois primeiros classificados marcou a prova de Cabo Ledo ontem

provas Teresa Luís goria sub-23, e segundo na

nacionais
A província do Uíge acolhe
desde ontem, no município
sede, o Campeonato Nacional
de Judo, em cadetes e junio-
res masculinos e femininos.
A prova individual e colec-
tiva, que será disputa até
hoje, junta 404 judocas de
42 equipas e 28 clubes que
participam no campeonato.
A província do Uíge (anfi-
triã) conta com participação
de mais de 100 atletas.
O director do Gabinete
P ro v i n c i a l d a C u l t u ra ,
Turismo, Juventude e Des-
portos, Manuel Domingos
João, que presidiu à abertura
do evento, exortou o espírito
de fair-play entre os judocas.
O responsável destacou
a importância da realização
na província, justificando
que a modalidade continua
a registar crescimento nas
diferentes categorias.
Por essa razão, reafirmou
o compromisso do governo
local em continuar a apoiar
as diversas modalidades des-
portivas na região.
O campeonato conta com
a participação de atletas das
p ro v í n c i a s d e L u a n d a ,
Huambo, Namibe, Huíla,
Cuanzas Norte e Sul, Cabinda,
Malanje, Bié, Benguela e Uíge.
Entretanto, os judocas das
províncias de Luanda e Huíla
apresentam se como os prin-
cipais favoritos à conquista
dos lugares cimeiros, a julgar
pelo domínio que têm exer-
cido nos últimos anos.
A competição encerra no
final da tarde de hoje, com
a consagração de novos
camp e õ e s nacionai s da
modalidade.
classificação geral. Hossana
Epalanga (ACT), atentos às
movimentações, defende-
Num terreno atípico, Bruno Gonçalves (Petro) ocupou o ram-se sem permitir que os
Araújo, do Petro de Luanda
/BAI/Sicasal, precisou de per-
segundo lugar do pódio, com
o registo de 3h:25min:34seg,
adversários se adiantassem.
Ao cabo dos cem quiló-
nas para vencer a etapa inau- ou seja, mais dez minutos e metros percorridos, André
gural da segunda edição do cinco segundos de atraso. Alexandre abriu uma fuga
Grande Prémio Netspace em André Alexandre (ACT) fez a e durante alguns minutos
ciclismo, ao percorrer os 131 prova em 3h:25 min:42 seg. esteve isolado do grupo, mas
quilómetros em três horas, A fuga aberta após 20 qui- sem o apoio dos colegas foi
15 minutos e 29 segundos. lómetros permitiu que Bruno incapaz de dar seguimento
Com início no Cabo Ledo e Araújo e Cristian Perez se dis- ao plano, facto que frustrou
termo na Administração da tanciassem dos demais. Cris- o atleta.
Barra do Kwanza, a velocidade tian deu a iniciativa e na Na luta pelo primeiro lugar,
rondou os 40km/h. Tal como sequência Bruno decidiu Bruno Araújo e Cristian Perez
apontavam as previsões, o acompanhar, pois de contrário brindaram os espectadores
“Leopardo”, de categoria elite, poderia hipotecar os objec- com sprint e fecharam a cor-
cortou a meta em sprint, ladeado tivos da equipa. rida em grande. Adérito Angola falhou o objectivo que passa na melhoria do 2º lugar
por, Cristian Perez, dos Ama- Isolados, sem o apoio dos Pereira e Sérgio Araújo ocu-
dores Cicloturismo (ACT). companheiros, ambos coope- param o primeiro e segundo
Adilson Zacarias (ACT) foi
o segundo, com o registo de
raram e redefiniram estratégias,
com vista a ponta final da cor-
lugar na categoria de juniores,
ao terminaram a primeira
Cadetes fora do pódio
3h:25 min:32 seg, mais dez rida. Nem a “surra” do vento, etapa do Grande Prémio Nets-
minutos e três segundos em
relação ao vencedor. A dis-
o calor e as diferentes subidas
inibiram os dois ciclistas.
pace em ciclismo, com o
registo de três horas, 21 minu-
do africano das nações
tância entre ambos evidencia No segundo grupo, a dez tos e onze segundos.
o avanço do ciclista tricolor. minutos dos líderes, Daniel Os dois atletas do Petro de Teresa Luís rédeas do encontro. Sem
Com o mesmo tempo, Mário Paiva, Mário Carvalho e Cruz Luanda cortaram a meta sem pressão, as nigerianas aos
Carvalho (Petro de Luanda) Tuto (Petro de Luanda) pro- oposição. Wagner Peralta do A Selecção Nacional falhou poucos ampliaram a vantagem
completou o pódio dos elites. jectaram ataques e tentativas Team Sequele foi o terceiro o pódio da 19ª edição do de dois golos, 5-3, e ao inter-
Com 3h:15min:29 seg, Cris- de fuga, mas André Alexandre, colocado, com mais quatro Campeonato Africano das valo saíram a vencer por cinco,
tian Perez triunfou na cate- Adilson Zacarias e Zeferino minutos e 44 segundos. Nações (CAN) em cadetes 12-7. Na segunda parte, o
femininos de andebol, ao “sete” nacional despertou,
perder ontem, 24-28, diante mas sem a possibilidade de
Monteiro com melhor tempo do segundo pelotão da similar da Nigéria, prova
disputada no Pavilhão de
dar a volta ao resultado.
O equilíbrio esteve
Em 80 quilómetros, no segundo pelotão, O terceiro e último pelotão, 50 quiló- Monastir, Tunísia. patente. Se por um lado as
Cândido Monteiro, master 30 da Tchaco, metros, na categoria de cadetes, os Kam- Ao terminar no quarto angolanas estavam decididas
primeiro a cortar a meta em duas horas, bas da Bicicleta (KB) ocuparam o pódio, posto da tabela classificativa, em comandar a partida, por
38 minutos e quatro segundos. Rui Moreira Kilson Rodrigues (1h:37min:31seg), João Angola hipotecou o objectivo, outro o conjunto da Nigéria
e João Cavaleiro, ambos do ACT, destaca- Muginga (1h:43min:30seg) e Mário Neto que passava pela melhoria mostrou determinação e
ram-se nas posições seguintes, com (1h:49min:12 seg). do segundo lugar alcançado frieza para frustrar qualquer
2h:38min:15 seg e 2h:42min:23 seg. Em juvenis, Mariano Lucamba, Petro, em 2019, no Níger. À seme- tentativa de superioridade
Yuri Ferreira, da Rádio Vial, venceu nos fez o melhor tempo, 1h:37min:31 seg. Ketian lhança do jogo da meia-final, das oponentes.
master 40, com o registo de 2h:44min:32 Paulo e Evandro Vasconcelos, ambos do na decisão do terceiro lugar, Com erros técnicos de parte
seg. Yuri Rosa, ACT, e Rafael Mouro, Rádio KB, destacaram-se nas posições seguintes, o c o m b i n a d o a ng o l a n o a parte, consistência defensiva
Vial, na segunda e terceira posição, com- com os registos de 2h:5min:58 seg e 2h:21 entrou apático, sem soluções e finalização no ataque, a
pletaram a prova em 2h:44min:34seg e min:30 seg. para travar a defesa nigeriana. Selecção Nacional marcou 17
2h:45min:08 seg. Carla Araújo, Petro, foi a primeira mulher Eventualmente ainda res- golos, contra os sete da pri-
Nos master 50, domínio do ACT, por a cortar a meta em 1h:49 min:12 seg. Rafaela sentidas do desaire da noite meira parte. As nigerianas
intermédio dos ciclistas, Joaquim Santos do Carmo, também da equipa tricolor, ter- anterior, as comandadas de marcaram 16, quota suficiente
(2h:54 min:57 seg), Fernando Lemos minou em segundo, com 1h:56min:36seg. Fernando Luís permitiram para a conquista da medalha
(2h:57min:13 seg) e Bruno Santos (2h:59 Yolanda Mendes, ACT, completou o pódio, que as adversárias se galva- de bronze e ocupar o último
min:08 seg). com o registo de 2h:00 min:58 seg. nizassem e assumissem as lugar do pódio.
46 DESPORTO
AMISTOSO COM KABUSCORP DO PALANCA
1º de Agosto perde antes
da visita ao Al-Hilal
Militares viajam quarta-feira para Marrocos onde vão
disputar o jogo decisivo qualificativo à fase de grupos da Liga
Rubro-negros vão realizar dois treinos em Luanda para corrigir os erros cometidos ontem
Jorge Neto
A equipa do 1º de Agosto per-
deu, ontem, no Estádio França
Ndalu, diante do Kabuscorp
do Palanca, por 2-1, em par-
tida de carácter amistoso, no
único apronto no país, antes
da viagem para Marrocos,
onde no domingo, às 19h00,
enfrenta a formação do Al-
Hilal Omdurman do Sudão,
jogo válido para a última pre-
liminar de acesso à fase de
grupos da Liga dos Clubes
Campeões Africanos.
O desafio de carácter ami-
gável serviu para os dois téc-
nicos, Filipe Nzanza e Zeca
Amaral darem rodagem com-
petitiva aos respectivos plan-
téis, visando as competições
onde estão envolvidos. Os
palanquinos projectam a par-
ticipação no Girabola e na
Taça de Angola.
A partida começou com
maior pendor ofensivo da
formação da casa. Teve mais
posse de bola e criou algumas
situações de golo, mas Dago
não soube aproveitar as opor-
tunidades. Com o passar do
tempo, os palanquinos ganha-
ram confiança, equilibraram
o jogo e criaram vários lances
de perigo junto à baliza defen-
dida por Mig. O guarda-redes
militar foi obrigado a estar
no seu melhor para negar o
primeiro golo da equipa orien-
tada pelo técnico Zeca Amaral.
Na resposta, Kikasa ganhou
a bola no meio-campo e enca-
minhou-se para a grande
área, mas foi puxado na cami-
sola por um defensor, que
viu o cartão amarelo.
O desafio foi disputado
num rigoroso sistema táctico
e não permitia que as equipas
arriscassem muito ao ataque.
No primeiro tempo (jogado
em três períodos de trinta
minutos), apesar de criarem
situações de perigo em ambos
os lados, o empate prevalecia.
Fruto
destas mexidas,
o médio Aguinaldo
fez estremecer
o poste
da baliza defendida
por Landu
O defesa central do Kabus-
corp do Palanca, Aldair, desfez
a igualdade com um golo de
cabeça, na sequência de um
pontapé de canto. As duas
formações foram ao primeiro
intervalo com a vantagem
dos palanquinos, por 1-0.
No segundo tempo, Filipe
Nzanza mudou a equipa,
excepto Mig, Macaia e o central
Venâncio. O 1º de Agosto pas-
sou a dominar o jogo e criou
mais oportunidades.
Fruto destas mexidas, o
médio Aguinaldo fez estre-
mecer o poste da baliza defen-
dida por Landu. O público
presente nas bancadas do
estádio levou as mãos à cabeça
| EDIÇÕES NOVEMBRO
ante o lance protagonizado
pelo ataque militar. Na jogada
seguinte, Tombe com um des-
vio de cabeça volta a levar o
perigo à baliza contrária.
No terceiro tempo, a equipa
técnica dos agostinos colocou
em campo Geovane, Mingo
Bile, Catraio, Liliano e Melono.
Neste período, os militares
foram mais rápidos nas acções
ofensivas. No único ensaio
feito no país antes da viagem
a Marrocos, na quarta-feira,
onde vai enfrentar no próximo
domingo, o Al-Hilal do Sudão
na decisão da última preliminar
de acesso à fase de grupos da
Liga dos Clubes Campeões,
os pupilos de Filipe Nzanza
jogaram com algumas reservas.
Num jogo em que o resul-
tado não estava em causa, a
equipa técnica do 1º de Agosto
aproveitou para tirar as ilações
que se impunham.
Neblu foi o último guarda-
redes do conjunto rubro-
negro a entrar em campo,
após a saída de Geovane
(lesionado), na sequência de
uma bola dividida com um
adversário. O experiente
guarda-redes negou o golo
ao avançado, que já se pre-
parava para os festejos. O
avançado Nelinho, aos 25',
fez o 2-0 num lance de ante-
cipação, batendo o guarda-
redes militar. Quando se
pensava que o resultado estava
feito, os militares marcaram
o golo de honra aos 28', de
penálti, por Melono Dala.
REACÇÃO DOS TREINADORES
Filipe Nzanza e Zeca Amaral
destacam empenho dos atletas
Jorge Neto
Os técnicos do 1º de Agosto,
Filipe Nzanza, e Zeca Amaral,
do Kabuscorp do Palanca,
destacaram o desempenho
dos atletas no jogo amistoso.
Os dois bancos reconhe-
ceram que as equipas cum-
priram o objectivo pelo qual
foi projectada a partida e mini-
mizaram o resultado.
Filipe Nzanza justificou a
preferência em defrontar o
Kabuscorp do Palanca ao rigor
táctico montado por Zeca
Amaral nas equipas que
orienta. "Queríamos jogar
com um adversário que nos
criasse dificuldades, por isso
mudámos a equipa depois de
30 minutos. O importante
não era o resultado, mas sim
a forma como a equipa rea-
giria", precisou.
"O fundamental era que o
Kabuscorp nos dificultasse o
| EDIÇÕES NOVEMBRO
Treinador da equipa militar
está confiante no plantel
FAF aprova Estádio de Ombaka
A Federação Angolana de
Fu te b o l ( FA F ) ap rovo u
ontem, em Benguela, a rea-
lização de jogos da época
2023/2024 do Girabola e
Taça de Angola no Estádio
Nacional de Ombaka, após
a vistoria, apurou a Angop.
De acordo com Adão Silva,
do Conselho Técnico e Des-
portivo da FAF, foi feita a ins-
pecção geral do campo, desde
relvado, balneários e bancadas.
Salientou que das ano-
malias encontradas, como
a falta de mangueiras no sis-
tema das bocas de incêndio,
bem como nas linhas de
demarcação do campo, foi
rapidamente corrigida.
Após quatro horas de tra-
balho, os inspectores con-
sideraram o estádio apto e
disponibilizaram aos seus
gestores um guião de vistoria
para avaliação dos estádios.
Segundo o especialista,
o Estádio Nacional de
Ombaka está aprovado para
máximo de modo a corrigirmos
os erros. Temos a segunda e
terça-feira para melhorar, por-
que na quarta-feira vamos via-
jar para Marrocos", disse, no
final do jogo o técnico militar.
O antigo médio rubro-negro
manifestou a satisfação pela
qualidade do actual plantel .
Referiu que os 30 jogadores à
disposição permitiram dividir
a equipa em três partes: "Esta-
mos a lutar para entrarmos na
fase de grupos da Liga dos Cam-
peões. É com esses atletas que
vamos jogar no Girabola e na
Taça de Angola", defendeu.
Filipe Nzanza acrescentou
que o plantel está bom. "Estou
satisfeito e neste momento
não há problemas. Estamos a
reagir bem. Disputámos dois
jogos com o Vita Club, um
com o Al-Hilal e se Deus ajudar
não teremos problemas na
partida decisiva", advogou.
Por sua vez, Zeca Amaral,
técnico do Kabuscorp do
Palanca agradeceu o convite
num momento em que pre-
cisam de jogos para colmatar
o longo período de defeso da
competição doméstica.
"Quero agradecer o convite
do 1º de Agosto para dispu-
tarmos o jogo, pois precisamos
de competir. Estamos a treinar
há muito tempo e começa a
acusar algum desgaste do
ponto de vista mental aos
jogadores", reforçou.
Reconheceu que o objec-
tivo foi cumprido. "Não é um
treino qualquer. Viemos aqui
para ser treinados. Jogámos
com o 1º de Agosto e acredito
que cumprimos com os objec-
tivos do treino", avaliou.
Zeca Amaral afirmou que
precisam de mais jogos para
soltar a equipa. "Em alguns
aspectos conseguimos notar
que ela já começa a perceber
aquilo que pretendemos",
concluiu o líder da equipa
técnica palanquina.
TEMPORADA 2023/2024
as competições da FAF na
época desportiva 2023/2024.
Entretanto, o vice-pre-
sidente da Associação Pro-
vincial de Futebol em
Benguela, César Sacato, enal-
teceu o aval positivo, embora
haja algumas recomenda-
ções por se cumprirem.
O dirigente afirmou que
as condições estão criadas
no Ombaka, pois o tapete
relvado foi melhorado, e está
pronto para albergar a maior
festa do desporto nacional.
Quanto aos restantes está-
dios, o responsável informou
que aguardam por pronun-
ciamento das direcções dos
clubes para receber as equi-
pas de inspectores da fede-
ração para outras vistorias.
César Sacato fez saber
ainda que todos os jogos
considerados "de risco"
serão disputados no Estádio
Nacional de Ombaka.
No Girabola 2023/2024,
a província de Benguela
Domingo
24 de Setembro de 2023
ARÁBIA SAUDITA
Bin Salman
minimiza acusações
de sportswashing
Mohammed bin Salman não
se mostra nada preocupado
com as acusações de sports-
washingno seu país. O príncipe
herdeiro da Arábia Saudita
sublinhou que, se conseguir
melhorar a imagem do país
a nível internacional através
do desporto, não terá proble-
mas em fazê-lo.
"Se a lavagem de imagem
incrementar o PIB da Arábia
Saudita 1% que seja, então
vou continuar a fazê-lo. Não
me importa o que digam.
Tenho um crescimento de
1% no PIB graças ao desporto,
depois disso vou atrás do
1,5%", disse o líder do país,
numa entrevista à 'Fox News'.
O último mercado de
Verão na Europa ficou mar-
cado pela mudança de vários
craques para o campeonato
da Arábia Saudita, como
foram os casos de Karim Ben-
zema, Neymar, Kanté, Fabi-
nho, Roberto Firmino, numa
onda iniciada por Cristiano
Ronaldo, quando em Dezem-
bro de 2022 anunciou a sua
transferência para o Al Nassr.
A Arábia Saudita criou um
fundo soberano (PIF) e com
ele adquiriu 80% do Newcastle,
da Liga inglesa. O fundo ajudou
os quatro principais clubes
locais, o Al Nassr, o Al Hilal, o
Al Ittihad e o Al Ahli a contra-
tarem vários jogadores.
Os investimentos no fute-
bol não se ficam pelas con-
tratações de craques. A Arábia
Saudita quer também receber
o Campeonato do Mundo em
2034. O 'sportswashing' é um
termo que designa a prática
de indivíduos, grupos, cor-
porações, ou governos, de
usar o desporto para construir
uma imagem internacional
positiva e desviar o foco dos
abusos de direitos humanos.
vai se fazer representar
pelas formações do Wiliete,
Escolinha Isaac e Acadé-
mica do Lobito.
Mundunduleno
Ainda ontem, a FAF aprovou
o estádio Jonas Kufuna Mun-
dunduleno, na cidade do
Luena, para albergar jogos
n a c i o n a i s d u ra n t e a
época`2023/24. Ao falar à
imprensa, após a inspecção
realizada à infra-estrutura, o
presidente do Conselho Téc-
nico da FAF, José Neves, disse
que o estádio está apto para
provas nacionais, destacando
as condições dos balneários,
portões, bancadas e tribuna.
Apesar disso, recomendou
melhoria no tratamento da
relva na infra-estrutura per-
tença do FC Bravos do Moxico,
representante da província
no Campeonato Nacional de
futebol "Girabola`2023-24",
cuja data de início deve ser
definida brevemente.
DESPORTO Domingo
24 de Setembro de 2023 47
APRESENTAÇÃO DO PLANTEL II GALA PERFIL BEST FINAL DO CAMPEONATO MASCULINO DE FUTSAL

Desportivo empata Rui Carlos

com Petro de Luanda
José Narciso, no Lubango
O Desportivo de Huíla impôs
ontem um empate (1-1) ao
Petro de Luanda, no Estádio
Nacional Tundavala, jogo que
serviu de apresentação do
e João (médio direito/ex-FC
Serpa de Portugal). Estão,
igualmente, confirmados
como reforços da equipa às
ordens do português Paulo
Torres, o médio Malamba II
(ex-Sagrada Esperança), o
Clínica Sagrada Esperança
arrebata troféu
Melhor Jogador revalida título nacional
da época
Campeão fez a reviravolta e confirmou o estatuto diante
António Cristóvão da equipa detentora do troféu provincial de Luanda
O ponta-de-lança do 1° de
Agosto, Rui Carlos, com 32 Gaudêncio Hamelay/ Lubango ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO | LUBANGO

plantel para a época 2023/2024.
Os golos foram apontados por
Robson, aos 46' pelos anfitriões
e Erivaldo, aos 85', para os
campeões nacionais.
Os militares da Região Sul,
com uma defesa coesa e um
meio campo criativo, criaram
imensas dificuldades aos tri-
colores. O sector atacante
continua a revelar fraca capa-
cidade de finalização.
O Petro de Luanda enfren-
tou enormes dificuldades para
impor o seu futebol ante um
Desportivo da Huíla motivado
diante dos seus adeptos, que
acorreram em massa para
testemunhar a apresentação
do plantel.
O jogo serviu, igualmente,
para a equipa técnica tricolor
melhorar os aspectos ofen-
sivos e defensivos, visando
a recepção ao União Despor-
tivo do Songo de Moçambique,
no próximo sábado, para a
segunda mão da última eli-
minatória de acesso à fase de
grupos da Liga dos Clubes
Campeões Africanos.
As principais novidades
no plantel do Desportivo da
Huíla para época 2023/2024
recaem para Barry (avan-
çado/ex-Fortune FC da Gâm-
b i a ) , Ka ra nga ( d e fe sa
direito/ex-Petro de Luanda)
Jogo serviu para os tricolores melhorarem aspectos técnicos
central Mamadou (ex-Kabus-
corp do Palanca). O defesa
esquerdo Edu, o avançado
Paizinho e o médio Dos Santos,
todos provenientes da Aca-
démica do Lobito que reforçam
o único representante do
Lubango no Girabola.
Integram ainda a lista do
Desportivo da Huíla, o regres-
sado Beiby, emprestado ao
Desportivo da Lunda-Sul na
época transacta e Hamilton,
médio, oriundo do Sporting
de Cabinda. Ndulo, Zamorano,
Jeremias, Tchangalala, Tubias,
Malamba I, Robson, Elias,
Mimitcha, Mendes, Toyzinho,
David, Dino, Bana, Jeize,
Nuno, Cagodó, Passy, Leu,
Katchi, Casimiro e Ludy, com-
pletam o plantel da formação
afecta à Região Militar Sul.
O novo plantel sofreu um
acréscimo na média de idade
de 22 para 24 anos. O capitão
e veterano defesa central,
Chiwé, continua a ser o mais
velho do plantel com 37,
enquanto o jovem Ludy, defesa
central, de 18 anos, promovido
à equipa principal, é o mais
novo do plantel. O treinador
Paulo Torres tem como adjun-
tos, Ricardo Paulo e Sidney
Candeias. José Luís Borges é
o preparador físico e Zela Ema-
nuel, técnico de guarda-redes.
ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO \ LUBANGO
golos em igual número de
jogos foi eleito o melhor joga-
dor da época futebolística
2022/23 da província de
Luanda, durante a II Gala
Perfil Best realizada no Res-
taurante Cantinho do Des-
portista, em Luanda.
O atleta que na primeira
volta jogou pela equipa do
Gaga FC e na segunda alinhou
pelo 1° de Agosto, além do
Certificado de Mérito recebeu
um troféu. No evento, orga-
nizado na passada sexta-feira,
pela Associação Provincial
de Futebol de Luanda (APFL),
na categoria de Equipa e Joga-
dor "Fair Play", foi premiada
a formação da Escola do
Zango, enquanto o atleta
Mauro Esqueleto (Matilha
FC) arrebatou o prémio.
Em feminino,
Lurdes Lutonda do
1º de Agosto foi
eleita a treinadora
da época, ao passo
que a atleta Jocelina
Kituk do RSD
Guelson recebeu o
troféu de melhor
marcadora e
Laurinda Mateus do
Interclube de
guarda-redes
menos batida
Augusto do Tinai e Garcia
Nelsinho (Kambas FC), ven-
ceram os troféus de Jogadores
mais Jovem e o mais Velho
da competição. Para a cate-
goria de equipa, treinador,
guarda-redes e jogador reve-
lação, os troféus foram atri-
buídos ao clube Luanda City,
Artur Correia (1° de Agosto),
Xavier Neto (Norberto de
Castro) e Baltazar Carlos
(Escola do Zango).
Tomás Faria, presidente
de direcção do Atlético Petró-
leos de Luanda (APL) é o
Num jogo com uma ponta
final electrizante, a formação
do Sagrada Esperança de
Luanda, revalidou ontem,
na cidade do Lubango, o
título nacional sénior mas-
culino em futebol de salão
ao vencer, por 2-1 o Sport
Clube Desportivo e Recrea-
tivo do Maculusso.
A equipa campeã nacional
entrou com muitas dificul-
dades na primeira parte. A
formação vencedora do pro-
vincial de Luanda (Macu-
lusso) comandado por Neto
Montez, abriu o marcador
aos 4 minutos por intermédio
de Arroz Doce.
Daí em diante, regista-
ram-se jogadas repartidas
com possibilidade de cada
um dos contentores visar a
baliza contrária. O equilíbrio
marcou a tónica do jogo.
A Clínica Sagrada Espe-
rança mesmo a perder, sem-
pre acreditou na reviravolta.
Ao intervalo, o resultado
favorecia o Maculusso de
Luanda por 1-0.
Na etapa complementar,
o jogo tomou outro rumo. A Conquista consecutiva confirma hegemónia diamantífera
rapaziada de Franklim Inácio,
entrou determinada e com da equipa bicampeã nacio- Já o treinador do Sport
vontade de vencer. Optou nal, não conteve a emoção. Clube Desportivo e Recrea-
por jogar em contra-ataques Parabenizou os seus atletas, tivo do Maculusso de Luanda,
rápidos e deu outra dinâmica direcção do clube e todos Neto Montez, reconheceu a
ao desafio. As duas equipas que apoiaram. derrota. “Sabíamos que do
procuravam o golo, mas os “Foi uma vitória difícil, top 4 de Luanda, qualquer
guarda-redes Nelson (Macu- pois muitos não acreditavam uma delas poderia ganhar.
lusso) e Fábio (Clínica Sagrada na equipa. Depois de duas A chuva de falhanços ditou
Esperança) tornaram as bali- derrotas fomos afastados como o resultado negativo da nossa
zas invioláveis . candidatos ao título”, disse. equipa”, lamentou.
Nazio aos 15 minutos da Referiu que sempre acre- O Sport Clube Desportivo
etapa complementar resta- ditou na reviravolta: “A minha e Recreativo do Maculusso
beleceu a igualdade. Já no equipa está de parabéns. averba assim a sua primeira
declinar da partida, Mano Reconheço que entramos derrota, nesta época despor-
numa jogada de mestre, mal na primeira parte, mas tiva. Para o terceiro lugar em
apontou o golo da vitória na segunda a equipa provou masculino, a RNT de Luanda
da Clínica Sagrada Esperança que não é campeão por acaso. venceu por 5-4, o JCY de
de Luanda, que acaba por O Maculusso limitou-se a Luanda, depois do prolon-
premiar o trabalho efectuado perder as bolas e no momento gamento durante os 40 minu-
ao longo da época. certo marcamos os dois tos regulamentares, devido
Franklim Inácio, técnico golos”, salientou. o empate por 3 golos a cada.

PROVINCIAL DE LUANDA
dirigente da temporada
2022/2023. Flávio Amado
4 de Junho do Huambo conquista em feminino
superou a concorrência na Gaudêncio Hamelay/Lubango marcador por intermédio de dra. Apesar de tentar a igual-
classe dos treinadores. Docassy. dade, não encontrava soluções

Guelson vence torneio Em feminino, Lurdes

de abertura de época
Elsa Arroz
A equipa do RSD Guelson
conquistou ontem, a I edição
do Torneio de abertura de
época 2023/2024, visando o
próximo Campeonato Pro-
vincial sénior masculino, ao
derrotar na final o Luanda
City por 2-1, em jogo dispu-
tado, no campo Ndunguidi
Daniel, na cidade desportiva.
A equipa vencedora entrou
motivada e assumiu as rédeas
da partida, coroada com o
golo de Rosário, logo aos dois
minutos. Os adeptos do Guel-
son não tiveram tempo de
festejar, pois na resposta numa
bela jogada Orlando serviu
Luís e empatou a partida aos
quatro minutos.
Os finalistas não decep-
cionaram o público que esteve
em " massa" na Cidade Des-
portiva, para acompanhar a
final do Torneio de abertura.
A equipa do Guelson lan-
çou-se ao ataque e passou a
pressionar o adversário no
seu meio campo. Fruto dessas
acções chegou ao segundo
golo da partida, por intermé-
dio de Guy aos 47 minutos.
Lutonda do 1º de Agosto foi
eleita a treinadora da época,
ao passo que a atleta Jocelina
Kituk do RSD Guelson rece-
beu o troféu de melhor mar-
cadora e Laurinda Mateus
do Interclube de guarda-
redes menos batida
O governador de Luanda,
Manuel Homem, o presidente
do 1º de Agosto, Carlos Hen-
drick, Alexandre Canela
(Inter), Bento Kangamba
(Kabuscorp), José Luís Prata
(ASA), Norberto de Castro,
Domingos Tomás, Alves
Simões, Victor Garcez, Car-
valho Neto, Adão Costa,
Jacinto Felix, Daniel Cata,
I re n e G o n ç a lve s , e n t re
outros, foram agraciados
com o diploma de honra.
A equipa do 4 de Junho do
Huambo goleou ontem, no Pavi-
lhão Multiuso de Nossa Senhora
do Monte, a Clínica Sagrada
Esperança de Luanda, por 5-1
e conquistou pela primeira vez
o título de campeã nacional
sénior feminino em futsal, prova
que encerrou, ontem, na cidade
do Lubango, província da Huíla.
Aguardada com enorme
expectativa, a diferença de golos
não corresponde ao que se pas-
sou em campo. Apesar de mani-
festar logo à partida a intenção
de vencer a prova, as actuais
campeãs tiveram enormes difi-
culdades para impor o seu jogo.
A Clínica Sagrada Esperança
entrou com tudo em campo e
surpreendeu o adversário. Fruto
dessa postura, as comandadas
de Gerve Belino inauguram o
A equipa do 4 de Junho em
desvantagem, não cruzou os
braços e exerceu pressão alta
à procura do golo do empate.
A estratégia montada por Hipó-
lito Dingana, aliada a atitude
das atletas, foi coroada com
auto-golo de Patrícia.
Após o empate a partida
ganhou maior dinâmica. As
duas formações procuravam
desfazer a igualdade e o jogo
passou a ser disputado com
maior intensidade.
Motivadas com o empate,
o 4 de Junho ampliou o mar-
cador para 2-1, resultado com
que terminou a primeira parte.
Em desvantagem a equipa
da Clínica Sagrada Esperança
acusou a responsabilidade e,
diga-se em abonoda verdade,
perdeu-se por completo na qua-
para visar a baliza contrária.
Na segunda parte, as coman-
dadas de Hipólito Dingana, mais
ousadas e concretizadoras, pas-
searam toda a sua classe com
excelentes jogadas e eficácia na
finalização. Ampliaram a vanta-
gem para 5-1com naturalidade.
No final, Hipólito Dingana,
treinador da equipa campeã
nacional, mostrou-se satisfeito,
pelo feito conquistado. Dedicou
a vitória à direcção do clube,
familiares e ao efectivo da Polícia
de Intervenção Rápida (PIR).
"Trabalhamos muito para
conquistar o título. Apenas na
etapa complementar consegui-
mos dilatar o resultado. Tenho
dito sempre que trabalhamos
no sol e descansamos na som-
bra. A sombra para nós é sermos
campeões nacionais ", destacou.

DOM24SET
Breves
MAVINGA
NOVO REI MUQUISSI FOI
ENTRONIZADO ONTEM
Pedro Mivanga Muquissi, o
novo Rei de Mavinga, na
província do Cuando Cubango,
foi ontem entronizado, com a
designação de “Mwangana
Tchiengo III”.
A entronização foi feita durante
uma reunião de consenso com
a população local, avançou a
Rádio Nacional de Angola.
Mwangana Tchiengo III tem
46 anos.
MALI
QUEDA DE AVIÃO MILITAR
E NÚMERO DE VÍTIMAS
É AINDA DESCONHECIDO
Um avião militar despenhou-
se ontem de manhã ao
aterrar em Gao, no Norte do
Mali, segundo várias fontes,
que só confirmaram tratar-se
de um Iliuchin 76 (IL-76), de
fabrico russo.
“As causas ainda não são
conhecidas”, disse uma fonte
aeroportuária local, que
afirmou desconhecer quantas
pessoas seguiam na aeronave
militar e a quem pertence o
avião. Como tal, desconhece-
se a existência de vítimas.
Um porta-voz do exército
alemão, ainda presente em
Gao, no âmbito da missão das
Nações Unidas no Mali
(Minusma), confirmou à AFP a
queda do avião durante a
manhã.
PERU
RECUPERADAS 73 PEÇAS
PRÉ-HISPÂNICAS E DO
PERÍODO COLONIAL
O Ministério da Cultura do
Peru recebeu 73 bens
culturais pré-hispânicos e três
do período colonial, como
cerâmicas e têxteis,
procedentes da Argentina,
Bélgica, Estados Unidos e
Suíça, graças a um programa
destinado a recuperar
património, noticiou,
ontem, a Lusa.
As peças arqueológicas
pertencentes aos estilos pré-
hispânicos Moche, Nasca,
Wari, Chimú, Chancay,
Lambayeque, Casma, Chimú-
Inca, Inca e da Costa Central
regressaram daqueles quatro
países, bem como três bens
culturais da época colonial
transportados da Argentina.
Durante a cerimónia de
entrega, que se realizou na
sexta-feira, no Centro Cultural
Inca Garcilaso, do Ministério
das Relações Exteriores, em
Lima, também foram expostas
14 réplicas modernas de bens
culturais que regressaram dos
Estados Unidos.
GUINÉ-BISSAU COMPLETA HOJE 50 ANOS DE INDEPENDÊNCIA
Embaixador em Angola destaca Atentado suicida faz
contributo de Amílcar Cabral 15 mortos e 40 feridos
Apolinário Mendes de Carvalho falou da “estratégia diplomática” desenvolvida por Cabral
O embaixador da Guiné-
Bissau em Angola, Apoli-
nário Mendes de Carvalho,
destaca, em entrevista a ser
publicada amanhã, neste
jornal, o contributo de Amíl-
car Cabral para a Indepen-
dência daquele país, a 24 de
Setembro de 1973, sendo o
primeiro, entre os lusófonos,
a conseguir o feito.
“De facto, fomos os pri-
meiros a proclamar a inde-
pendência, em 1973, depois
de uma das lutas armadas
mais bem-sucedidas em
África, que conseguiram
libertar mais de dois terços
do território nacional”, afir-
mou o diplomata, antes de
destacar o papel de Amílcar
Cabral, assassinado oito
meses antes do país se tor-
nar independente.
S e g u n d o Ap o l i n á r i o
Mendes de Carvalho, Amíl-
NOVO BALANÇO DIVULGADO ONTEM
Número de mortos nas cheias
da Líbia ultrapassa os 3.800
As inundações no Leste da
Líbia, que aconteceram devido
à passagem da tempestade
Daniel pelo país, provocaram
mais de 3.800 mortos, segundo
um novo balanço divulgado,
ontem, pelas autoridades locais.
A passagem da tempestade,
na noite do dia 10 para 11 deste
mês, provocou inundações e a
destruição de duas barragens,
criando uma tromba de água
parecida com um ‘tsunami’,
que inundou e destruiu a cidade
de Drena, no Leste da Líbia.
O novo balanço provisório,
divulgado ontem à tarde, aponta
para pelo menos 3.845 mortos,
anunciou o porta-voz de um
ca r C ab ra l l a n ç o u u m a
estratégia que preparara
desde 1965 para o reconhe-
cimento da Guiné-Bissau
como um Estado não colo-
nizado mas ocupado ile-
galmente por uma potência
colonial estrangeira (Por-
tugal). “Ele desenvolveu
esta estratégia diplomática
a nível das Nações Unidas,
da Organização da Unidade
Africana e com o apoio do
Movimento dos Não-Ali-
nhados”, lembrou.
A proclamação da Inde-
pendência da Guiné-Bissau
aconteceu depois de uma
missão das Nações Unidas
ter feito a certificação das
zonas libertadas. A Assem-
bleia Constituinte procedeu,
de forma unilateral, à pro-
clamação da independência
do país, nas Colinas de Boe,
a 24 de Setembro de 1973.
comité de supervisão da ajuda
humanitária, formado pelo
Governo do Leste, Mohamed
Eljarh, citado pela Agência
France Presse.
Este número, que inclui ape-
nas os corpos enterrados e regis-
tados pelo Ministério da Saúde,
“prevê-se que aumente diaria-
mente”. Mohamed Eljarh expli-
cou que os corpos enterrados
à pressa pelos habitantes, nos
primeiros dias após a catástrofe,
não foram contabilizados.
Ainda de acordo com o
porta-voz, as autoridades estão
a trabalhar para identificar as
vítimas enterradas sem iden-
tificação, bem como os desa-
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
O poder foi passado ao
Partido Africano para a
Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC), um
movimento independen-
tista fundado em 1956 e
liderado por Amílcar Cabral,
até ao seu assassinato, em
Janeiro de 1973.
Logo após a proclamação
da Independência, mais de
40 Estados de África, Europa
do Leste, Ásia e latino-ame-
ricanos reconheceram a
Guiné-Bissau como Estado
soberano. Portugal só o faria
no pós-25 de Abril de 1974.
Em Novembro de 1974,
aconteceu a cerimónia da
transmissão oficial de poderes
das forças portuguesas para
o novo Governo da Guiné-
Bissau, que passava a ter na
liderança Luís Cabral, irmão
de Amílcar Cabral, o líder da
revolução guineense.
parecidos, cujo número aumen- em Nice”, no qual morreram
t o u p a ra m a i s d e d e z m i l , 86 pessoas. “Recordemos em
segundo estimativas das auto- oração todos os que perderam
ridades e de organizações huma-
nitárias internacionais.
Mohamed Eljarh apelou aos
habitantes que comuniquem os
nomes dos desaparecidos em
dois gabinetes criados pelo pro-
curador-geral de Drena.
Entretanto, continuam as bus-
cas para encontrar corpos sob os
escombros e no mar. Pelo menos
nove equipas estrangeiras con-
tinuam a participar nas buscas.
Mais de 43 mil pessoas foram
deslocadas devido às inundações,
de acordo com os dados mais
recentes da Organização Inter-
nacional para as Migrações (OIM).
O Ministério Público líbio
abriu, há uma semana, uma
investigação sobre a ruptura
das duas barragens, construídas
na década de 1970, e sobre a
atribuição de verbas para a
sua manutenção.
CENTRO DA SOMÁLIA
A explosão de um camião
carregado de explosivos num
posto de controlo na cidade
de Beledweyne, no Centro
da Somália, matou 15 pes-
soas e feriu outras 40, indi-
cou a polícia somali, que
disse tratar-se de um aten-
tado suicida.
“Encontrámos os corpos
de 15 pessoas, a maioria
civis que se encontravam
nas proximidades”, disse à
agência noticiosa Associated
Press (AP) o director-geral
do Ministério da Gestão
Humanitária e das Catás-
trofes de Hirshabelle, Abdi-
fatah Mohamed Yusuf.
“Vinte dos feridos foram
internados em hospitais de
Beledweyne, enquanto outros
20 estão em estado crítico,
o que levou a um pedido de
transporte aéreo para Moga-
d í s c i o p a ra t rata m e n to
APÓS MISSA EM MARSELHA
Papa recorda vítimas
do terrorismo em França
O Papa Francisco recordou,
ontem, as vítimas de todos
os actos terroristas perpetrados
em França e em todas as partes
do mundo, após celebrar uma
missa em Marselha, onde
chegou na sexta-feira.
O Papa celebrou missa no
estádio Velódromo de Marse-
lha, no Sul de França, onde
estiveram mais de 50 mil pes-
soas, incluindo o Presidente
francês, Emmanuel Macron,
no último acto de uma visita
de pouco mais de 24 horas
para participar num encontro
sobre o Mediterrâneo. Após a
missa, o Papa agradeceu aos
organizadores e recordou a
presença de um grupo de
sobreviventes “do terrível aten-
tado de 14 de Julho de 2016,
PUBLICIDADE
médico avançado”, referiu.
Hirshabelle é um estado
que inclui Beledweyne, a
capital da região de Hiran,
e que tem sido o centro da
mais recente ofensiva militar
do Governo somali contra
os extremistas da al-Qaida,
filial da al-Shabab na África
Oriental. As imagens divul-
gadas nas redes sociais mos-
tram o fumo negro a
espalhar-se e uma cabina
de camião destruída a arder
no posto de controlo.
Suleyman Abdi Ali, direc-
tor do Hospital Geral de
Beledweyne, disse que os
corpos de 10 vítimas foram
levados para o seu hospital.
Até agora, o atentado não
foi reivindicado, sobretudo
da parte da al-Shabab, que
efectua frequentemente este
tipo de ataques e controla
partes da Somália.
a vida nessa tragédia e em
todos os actos terroristas per-
petrados em França e em todas
as partes do mundo”, afirmou.
O Papa lembrou depois as
regiões onde há guerra e “o
martirizado povo da Ucrânia”.
Durante a manhã, o Papa
encerrou com um longo dis-
curso os “Encontros Medi-
terrânicos”, um evento que
decorreu ao longo de vários
dias em Marselha, e insistiu
que os migrantes que arriscam
a vida no mar para chegar à
Europa “não são invasores”.
“Os que arriscam as suas
vidas no mar não estão a inva-
dir, procuram hospitalidade”,
disse o Chefe da Igreja Católica,
considerando que este pro-
cesso deve ser gerido “com
uma responsabilidade euro-
peia capaz de enfrentar as
dificuldades objectivas”.
DR