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Ano 2018 | N.

º 113 | Mensal Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita


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As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da SAL & Caldeira Advogados, Lda.

ÍNDICE NOTA DO EDITOR


Caro Leitor:
Proibição da emissão de comunicações
de trabalho de curta duração para Nesta edição são abordados temas como “Proibição da emissão de comunicações de
ONGs trabalho de curta duração para ONGs”, “O regime de entrada, permanência e saída de
cidadãos estrangeiros em moçambique: a falta de emissão das novas modalidades de
O regime de entrada, permanência e saída de visto e a emissão incorrecta do visto de trabalho” e “Sociedades Unipessoais como
cidadãos estrangeiros em moçambique: a Alternativa para a Contratação de Trabalhadores Estrangeiros”.
falta de emissão das novas modalidades de Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova
visto e a emissão incorrecta do visto de Legislação Publicada.
trabalho
Tenha uma boa leitura!
Sociedades Unipessoais como Alternati-
va para a Contratação de Trabalhadores Conforme referido, há que O período de permanência Muitos cidadãos estrangeiros,
Estrangeiros notar que o regime de passa a coincidir com o especialmente os que já se
autorização de trabalho período de vigência do contra- encontram no país há alguns
Informação sobre o regulamento de aplica-se aos trabalhos de to de trabalho, significando que, anos e que foram surpreendi-
gestão das contas bancárias do Estado carácter permanente, como os em conformidade com o dos pela evolução legislativa
cargos de Direcção, por sistema jurídico moçambicano, relativamente aos mecanismos
exemplo. Então, a exigência do poderá a permanência ser até para a sua contratação, como
Legislação
MITESS da adopção pelas 2 anos, período máximo que forma de fazer face às
ONGs do regime de pode durar um contrato de dificuldades enfrentadas no
Obrigações Declarativas e Contributivas
autorização de trabalho como trabalho com cidadão acesso ao emprego em
- Calendário Fiscal 2018 - (Maio)
a única modalidade de estrangeiro, sem prejuízo da Moçambique, têm optado por
contratação...Cont. Pág. 2 renovação,...Cont. Pág. 3 constituir...Cont. Pág. 4

FICHA TÉCNICA
EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005
COLABORADORES: Gimina Mahumana Langa, Nárcia Taaluma Walle, Nyoni Matsolo, Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo, Sheila Tamyris da Silva.

SAL & Caldeira Advogados, Lda. é membro da DLA Piper Africa Group, uma aliança de firmas líderes de advocacia independentes que trabalham em conjunto com a DLA Piper em toda a África.

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PROIBIÇÃO DA EMISSÃO DE COMUNICAÇÕES DE TRABALHO
DE CURTA DURAÇÃO PARA ONGS

O crescimento do registo de Organizações Não Governamentais (“ONGs”) aos trabalhos de carácter permanente, como os cargos de Direcção, por exemplo.
estrangeiras em Moçambique resultou no aumento significativo na contratação de Então, a exigência do MITESS da adopção pelas ONGs do regime de autorização de
mão-de-obra estrangeira necessária para o desenvolvimento das suas actividades. trabalho como a única modalidade de contratação é problemática pois: a) impede os
Contudo, as limitações criadas por lei e a burocracia que caracteriza o processo de trabalhadores que pretendem realizar trabalhos de natureza eventual e imprevisível
contratação de mão-de-obra estrangeira tem contribuído para escassez de pessoal (aqueles com duração até 90 dias por ano); ou b) obriga trabalhadores que pretend-
capacitado para a implementação dos projectos das ONGs, prejudicando o seu em vir ministrar formações, realizar auditorias, prestar apoio técnico ou participar em
desempenho nos sectores cruciais do nosso país. reuniões, a requerer certificados de equivalência, cujo processo é moroso, podendo
levar até 105 dias, sem contar com o próprio processo de autorização de trabalho
Segundo o Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto, que aprova o Regulamento dos que também é moroso e complexo, podendo levar até 60 dias para sua conclusão e,
Mecanismos e Procedimentos para a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade tratando-se de um processo submetido na Província, este pode levar mais tempo
Estrangeira (“D37/16”), a contratação de cidadãos estrangeiros é feita sob três ainda, uma vez que o processo deve ser submetido na respectiva Direcção Provincial
regimes, nomeadamente (i) regime de curta duração; (ii) regime de quotas; e (iii) do Trabalho e posteriormente enviado para o Ministério do Trabalho.
regime de autorização de trabalho.
Esta morosidade tem um impacto negativo, pois desencoraja a realização das
Importa referir que na vigência do Regulamento anterior (Decreto n.º 55/2008, de 30 actividades pretendidas, em áreas essenciais para o país, como a da saúde (HIV)
de Dezembro), em 2013, a Direcção Nacional do Trabalho Migratório do Ministério educação e ambiente, resultando na: a) redução de transmissão de conhecimentos
do Trabalho, Emprego e Segurança Social (“MITESS”) aboliu o regime de contratação para o pessoal local das ONGs e demais entidades nacionais, assim como outras
no âmbito da quota para as ONGs, através da circular n.º 004/MITRAB/G- actividades que contribuem para os objectivos do Programa Quinquenal do Governo;
D/2011/2013, de 26 de Setembro. Nestes moldes, a contratação de trabalhadores b) impossibilidade de realização de actividades contempladas no projecto aprovado
estrangeiros pelas ONGs passou a ser feita mediante os regimes de autorização de pelo Ministério de Negócios Estrangeiros e Cooperação e/ou Memorandos com
trabalho e de curta duração, observando o artigo 17 do antigo Regulamento. A partir outros Ministérios que superintendem o sector de actividade da ONG; e c) cria um
de Fevereiro de 2017, sem nenhuma directiva escrita, a Direcção do Trabalho, Empre- ambiente de incertezas junto aos doadores sobre o modo como a lei é aplicada em
go e Segurança Social da Cidade de Maputo começou a rejeitar a submissão de Moçambique, colocando em causa o financiamento atribuído por estes que, por seu
pedidos de comunicações de trabalho de curta duração para as ONGs alegando que, turno, é indispensável para a prossecução das actividades das ONGs.
por orientações da Direcção Nacional do Trabalho Migratório, as ONGs deviam
contratar apenas através do regime de autorização de trabalho, por imposição do É de salientar que os projectos das ONGs são previamente aprovados pelo
artigo 19 do D37/2016, observado os procedimentos do artigo 18 para o qual Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (“MINEC”) e sujeitos a parecer
aquele remete. Contudo, é de notar que, da leitura do artigo 19 do D37/2016, prévio favorável do respectivo Ministério que superintende a área de actividades que
conclui-se que o mesmo se refere à contratação (referindo-se a trabalhos de carácter as mesmas desenvolvem, pelo que não faz sentido que tendo o Governo previamente
permanente), enquanto o regime de curta duração aplica-se a cidadãos estrangeiros autorizado a realização destes projectos, o mesmo depois crie barreiras para a
ainda que vinculados por contrato a outras entidades, ou seja, para trabalhos pontuais execução dos mesmos.
que não consubstanciam contratações propriamente ditas, de tal modo que a
submissão do contrato de trabalho não constitui um requisito para a emissão de Por fim, segundo o princípio da unidade do sistema jurídico previsto no artigo 9 do
comunicação de curta duração. Por esta razão, trabalhos pontuais e imprevisíveis não Código Civil Moçambicano, o artigo 19 do D37/2016 não deve ser olhado de forma
merecem o tratamento previsto no artigo 18 do D37/2016. Além disso, o nº 4 do art. isolada, mas sim dentro do sistema jurídico, integrando-se com as outras normas
5 do D37/16 refere que o trabalho de curta duração não se integra e nem é contíguas (do mesmo contexto), cujo conhecimento (e reconhecimento do regime
subsidiário dos regimes de quotas e de autorização de trabalho. de curtas durações) é necessário.

Conforme referido, há que notar que o regime de autorização de trabalho aplica-se Face ao acima exposto, afigura-se de extrema importância que o MITESS reconsidere

empresarial, Assembleia
Nárcia Taaluma Walle
a restrição imposta, pois a restauração do regime de trabalho de curta duração para
as ONGs é deveras importante para o desenvolvimento na plenitude das actividades
Consultora Júnior
Jurista das ONGs aprovadas pelo MINEC e homologadas por outros Ministérios superinten-
nwalle@salcaldeira.com
dentes das áreas das suas actividades, contribuindo para a prossecução os objectivos
do Programa Quinquenal do Governo, com vista ao desenvolvimento do nosso país.

02 | SAL & Caldeira Advogados, Lda.


O REGIME DE ENTRADA, PERMANÊNCIA E SAÍDA DE CIDADÃOS ESTRANGEIROS EM MOÇAMBIQUE:
A FALTA DE EMISSÃO DAS NOVAS MODALIDADES DE VISTO E A EMISSÃO INCORRECTA DO VISTO DE TRABALHO

O Decreto n.º 108/2014, de 31 de Dezembro, que aprova o Regulamento que em vigor do D108/14, período mais do que suficiente para que as démarches
estabelece o Regime Jurídico Aplicável aos Cidadãos Estrangeiros, Relativo à Entrada, necessárias a sua implementação efectiva fossem acauteladas, os novos vistos ainda
Permanência e Saída do País, adiante designado por “D108/14” ou simplesmente não estejam a ser emitidos.
“Regulamento”, introduziu novas modalidades de vistos e alterou as características do
visto de trabalho. No entanto, volvidos mais de 2 anos após a sua entrada em vigor, as 2. O VISTO DE TRABALHO
novas modalidades continuam a não serem emitidas e o visto de trabalho é emitido
de forma diversa da estabelecida pelo Regulamento. O D108/14 alterou as actuais características do visto de trabalho que antes era
isoladamente regulado pelo Decreto n.º 26/99, de 24 de Maio ab-rogado expressa-
O presente artigo tem como objectivo analisar e demonstrar que o D108/14 em mente pelo D108/14.
relação às matérias acima referidas, por um lado nem sequer está sendo implementa-
do e, por outro, a implementação não é cabal. À luz do D108/14, o visto de trabalho sofreu alteração parcial nas suas características
essenciais, isto é, passou de um visto simples para um visto múltiplo. Por conseguinte,
1. AS NOVAS MODALIDADES DE VISTOS passou a habilitar a entrada do seu titular no país por mais de uma vez, contraria-
mente ao anterior regime que estabelecia visto simples, habilitando o seu titular a uma
Através do D108/14 foram introduzidas quatro novas modalidades de vistos como única entrada no país.
sejam:
a) O visto de actividades desportivas e culturais – aquele que é concedido ao cidadão O período de permanência passa a coincidir com o período de vigência do contrato
estrangeiro devidamente credenciado para o efeito pelas autoridades competentes e de trabalho, significando que, em conformidade com o sistema jurídico moçambicano,
destina-se a permitir a entrado do seu titular no país para participar em competições poderá a permanência ser até 2 anos, período máximo que pode durar um contrato
ou treinamento desportivos ou ainda demonstrações e competições culturais; de trabalho com cidadão estrangeiro, sem prejuízo da renovação, conforme estabe-
b) O visto para actividades de investimento – aquele que é concedido ao cidadão lece o n.º 1 do art. 21 do Decreto nº 37/2016, de 31 de Agosto, que aprova o Regula-
estrangeiro investidor, representante, procurador ou titular de órgãos de direcção de mento dos Mecanismos e Procedimentos para a Contratação de Cidadãos de
uma empresa investidora, para permitir a sua entrada para fins de implementação de Nacionalidade Estrangeira.
projectos de investimentos aprovados pelo Conselho de Ministros; Em relação às entidades emissoras, refere o D108/14 que visto de trabalho é
c) O visto de permanência temporária – aquele que é concedido ao cônjuge concedido pelas Missões Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique.
estrangeiro e filhos menores ou incapazes (dependentes) do cidadão estrangeiro
titular de um visto de trabalho; Não obstante as novas características do visto de trabalho acima impostas por lei,
d) O visto de transbordo de tripulantes – aquele que é concedido ao cidadão bem como o estabelecimento das entidades competentes para a sua emissão, o visto
estrangeiro nos Postos de Travessia marítimo ou aéreo e permite a transferência do de trabalho continua a ser emitido pelo período de 30 dias, configurando-se como
tripulante de um navio para outro, de uma aeronave para outra ou de um navio para um visto simples, sendo depois prorrogado pelo período máximo de 1 ano com
uma aeronave e vice-versa. anotação de múltiplas entradas pelos Serviços Provinciais de Migração em Moçam-
bique.
Uma nota importante quanto às novas modalidades de vistos é que o visto previsto
na alínea a) acima referido tanto pode ser emitido nas Missões Diplomáticas e Consu- Consequentemente, verifica-se uma burocracia desnecessária que não se compadece
lares da República de Moçambique, como também nos Postos de Travessia. Os com a lei, na medida em que o visto de trabalho já deveria estar a ser emitido pelas
previstos nas alíneas b) e c) obedecem ao regime regra, isto é, são emitidos pelas Embaixadas e Consulados, com múltiplas entradas e com uma validade igual ao
Embaixadas e Consulados da República de Moçambique. Já o previsto na alínea d) é período do contrato de trabalho aprovado pelas autoridades laborais.
exclusivamente emitido pelos Postos de Travessia (marítima ou aérea).
Em relação à prorrogação, os Serviços Provinciais de Migração no mínimo poderiam
De referir que actualmente 44 Postos de Travessia (Terrestre, Marítima e Aérea) estão admitir que o visto de trabalho fosse prorrogado até ao limite máximo de 730 dias
formalmente habilitados para a emissão do visto de actividades desportivas e culturais conforme estipulado na parte III dos Anexos I e II do Diploma Ministerial n.º 57/2017,
conforme dispõe o Diploma Ministerial n.º 20/2017 de 2 de Março, mas o mesmo de 6 de Setembro.
ainda não está a ser emitido. De igual modo, o visto para actividade de investimento
e o visto de permanência temporária ainda não estão a ser emitidos pelas Missões 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique.
A falta de emissão das novas modalidades de vistos introduzidas pelo D108/14 revela
Relativamente ao visto de transbordo de tripulantes, de entre os 44 Postos de falta de aplicabilidade da lei, enquanto a emissão do visto de trabalho de modo
Travessia habilitados, somente os de travessia marítima e aérea podem emitir o visto diverso do estabelecido no D108/14 revela má aplicação da lei. Quer a falta de
de transbordo de tripulantes nos termos estabelecidos no nº1 ab initio do art. 22 do emissão dos novos vistos, bem como a emissão do visto de trabalho de forma diversa
D108/14, mas na prática nenhum dos Postos de Travessia os emite. da estabelecida por lei, por um lado, limitam os direitos ou vantagens que a mesma
Não é razoável que, volvidos mais de 2 anos após a aprovação, publicação e entrada oferece e, por outro, causam incerteza jurídica, isto é, divergência entre o resultado

empresarial, Assembleia
Nyoni Matsolo
normativo (previsto na norma) e o resultado alcançado. Esperava-se que as Missões
Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique, os Postos de Travessia
Consultor
(Terrestre, Marítimo e Aéreo) habilitados e os Serviços Provinciais de Migração
nmatsolo@salcaldeira.com
pautassem pela actuação em obediência à lei, ou seja, a lei devia ser o fundamento e
o limite da sua actuação conforme decorre do Princípio da legalidade, um dos
princípios basilares e enformadores dos actos da Administração Pública.

www.salcaldeira.com | 03
SOCIEDADES UNIPESSOAIS COMO ALTERNATIVA PARA A CONTRATAÇÃO
DE TRABALHADORES ESTRANGEIROS
O regime jurídico de contratação de mão-de-obra estrangeira em Moçambique tem seguro contra acidentes de trabalho, assistência médica, entre outros.
se mostrado cada vez mais rigoroso, tendo em atenção os requisitos legais para a
contratação de trabalhadores de nacionalidade estrangeira no âmbito dos regimes Por sua vez, os cidadãos estrangeiros em causa, ora empresários, têm maior facilidade
aplicáveis, nomeadamente, no âmbito da quota, autorização de trabalho (uma vez no acesso ao ‘’emprego’’ uma vez que já apresentam uma vantagem relativamente
esgotada a quota aplicável) e de curta duração, aos quais nos iremos referir de forma aos estrangeiros que tenham que ser contratados como trabalhadores e cuja
genérica como “permissões de trabalho”, mas também as exigências impostas pelas legalização da sua situação de emprego e permanência no país implica os encargos
autoridades responsáveis pela tramitação destes processos (requisitos extralegais). acima referidos para as entidades empregadoras.

Uma das as razões que ditam este cada vez mais estreito acesso às permissões de Importa chamar a atenção ao facto de que, embora em princípio não exista qualquer
trabalho aos cidadãos de nacionalidade estrangeira, tem a ver com a protecção da impedimento legal para a constituição de sociedades unipessoais ou registo como
mão-de-obra local e a garantia de emprego para os moçambicanos. Entretanto, não empresários em nome individual por estrangeiros, e nem à contratação destas
pretendemos neste artigo especular sobre as motivações por trás das decisões do empresas em regime de prestação de serviços pelas contratantes, o recurso a este
legislador. mecanismo com o único objectivo de contornar os requisitos legais aplicáveis à
contratação de trabalhadores estrangeiros constitui um desvio à norma, que pode
Perante os constrangimentos enfrentados na contratação de mão-de-obra estrangei- ser considerada uma irregularidade pelas autoridades competentes.
ra pela via da relação laboral, empregadores e cidadãos de nacionalidade estrangeira
têm explorado as mais diversas alternativas para assegurar a continuidade das Na verdade, os contratos de prestação de serviços celebrados com sociedades
actividades com recurso à mão-de-obra estrangeira. unipessoais ou empresários em nome individual para a execução de actividades que
possam ser entendidas como necessidades permanentes do empregador, nos termos
Importa referir que um dos mecanismos em voga para o estabelecimento da relação do artigo 40 da Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto (Lei do Trabalho), podem ser
é a constituição, pelos cidadãos de nacionalidade estrangeira, de sociedades equiparados ao contrato de trabalho, sempre que coloquem o prestador de serviços
unipessoais. Com isto, o presente artigo pretende debruçar-se sobre as vantagens e em situação de subordinação económica perante a contratante, nos termos do
riscos da utilização deste mecanismo para a contratação de mão-de-obra estrangeira. artigo 20º da Lei do Trabalho.

Muitos cidadãos estrangeiros, especialmente os que já se encontram no país há Nestas situações, particularmente se a sociedade unipessoal ou empresa em nome
alguns anos e que foram surpreendidos pela evolução legislativa relativamente aos individual tiver apenas um trabalhador, no caso estrangeiro, e se a mesma não tiver
mecanismos para a sua contratação, como forma de fazer face às dificuldades celebrado contratos de prestação de serviços com outros clientes e ainda tiver que
enfrentadas no acesso ao emprego em Moçambique, têm optado por constituir cumprir com o horário de trabalho e outras obrigações de natureza essencialmente
sociedades unipessoais ou registar-se como empresários em nome individual, para laboral, a empresa contratante expõe-se ao risco de que o contrato de prestação de
posteriormente celebrarem contratos de prestação de serviços com as empresas serviços seja equiparado ao contrato de trabalho, e, em consequência, ser considera-
beneficiárias das suas actividades. do em violação das normas relativas aos mecanismos de contratação de
mão-de-obra estrangeira, ficando sujeito às sanções aplicáveis. Este risco torna-se
Por esta via, a empresa beneficiária da prestação dos serviços dos estrangeiros, que ainda maior caso a empresa contratante tenha contratos de prestação de serviços
no caso passa a ser a cliente nesta relação e a quem daqui por diante iremos identific- desta natureza com várias sociedades unipessoais ou empresários em nome individu-
ar por “contratante”, poderá, em virtude da relação aparentemente meramente al.
comercial, ter ao seu serviço o cidadão estrangeiro sem, no entanto, precisar de
utilizar a sua quota nem ter que organizar um processo de permissão de trabalho, o Assim, é recomendável que as empresas evitem o recurso a estas formas de
qual para além de desgastante, pode ser extremamente moroso (considerando, contratação como um mecanismo de contornar as exigências legais relativas à
inclusive, o tempo necessário para a obtenção dos documentos aplicáveis, tais como contratação de mão-de-obra estrangeira. As empresas devem cumprir as normas
certificados de equivalência, bem como dos vistos aplicáveis, conforme o caso). relativas à contratação de mão-de-obra estrangeira e, em caso de dificuldades,
recorrer a assistência jurídica profissional para o efeito.
Ademais, as entidades empregadoras deixam de ter o encargo de cumprir com as
obrigações laborais associadas àqueles trabalhadores, tais como a inscrição e o Caso a intenção seja de facto a terceirização de alguma actividade, devem ser
pagamento de contribuições para a segurança social, impostos sobre o rendimento, considerados os factores de risco acima referidos, devendo os contratos de
empresarial, Assembleia
Gimina Mahumana Langa prestação de serviços a ser celebrados nas referidas situações, ser correctamente
Gestora elaborados em atenção aos requisitos legais aplicáveis, bem como no que se refere
Advogada
gmahumana@salcaldeira.com ao modo da sua execução, para que a relação comercial existente não seja equipara-
da a uma relação laboral, considerando a ténue separação entre a relação comercial
decorrente da prestação de serviços por indivíduos e a relação laboral.

04 | SAL & Caldeira Advogados, Lda.


INFORMAÇÃO SOBRE O REGULAMENTO DE GESTÃO
DAS CONTAS BANCÁRIAS DO ESTADO
O Diploma Ministerial nº 23/2018, de 2 de Fevereiro de 2018, aprova o regulamento que estabelece os
Sheila Tamyris da Silva    
Assistente procedimentos de gestão de contas bancárias do Estado, e determina o seguinte:
ssilva@salcaldeira.com
As contas bancárias do Estado devem estar identificadas, cabendo ao Banco de Moçambique (BM) estabe-
lecer codificações próprias que permitam o controlo das mesmas, pela Direcção Nacional do Tesouro
(DNT). A identificação das contas bancárias deve ser feita de acordo com os títulos, as categorias e as
descrições apresentadas em tabela no número 1 do artigo 3 do presente Regulamento.

O BM deve disponibilizar diariamente a DNT, informação individualizada e consolidada sobre os saldos de


todas as contas bancárias do Estado, excepto das autarquias e empresas públicas, cabendo a DNT realizar
a conciliação diária das informações constantes do cadastro das mesmas. As contas bancárias devem ser
co-tituladas e cadastradas pela DNT no e-SISTAFE, onde deve constar toda a informação referente a
identificação das contas, incluindo pelo menos 3 assinaturas de funcionários ou agentes do Estado, indicados
pela DNT, ou pela Direcção Provincial da Economia e Finanças (DPEF).

Os artigos 7,8 e 9 do presente regulamento, estabelecem as regras a serem aplicadas na abertura e


movimentação das contas bancárias do Estado, nomeadamente, a Conta Única do Tesouro (CUT) e as
contas de receitas e despesas.

A DNT é quem solicita o encerramento das contas bancárias de receita e de despesa do Estado, aquando
se verifiquem os seguintes motivos:
• Extinção da finalidade da conta;
• Extinção do órgão e instituições do Estado titular da conta;
• Falta de saldo, ou de movimento, a débito ou a crédito, por um período superior a 180 dias consecutivos;
e
• Descentralização dos órgãos e instituições do Estado (com prazo de 60 dias para a conclusão do encerra-
mento).

Os saldos das contas encerradas devem ser transferidos para contas a serem indicadas pela DNT.

Os bancos comerciais não podem conceder descobertos ou outra forma de credito às contas do Estado,
bem como, prestar garantias sobre obrigações assumidas pelo Estado, por contrapartida de activos financei-
ros existentes nas contas bancárias. O BM penalizará aos bancos comerciais nos casos de violação das regras
estabelecidas no presente regulamento, nos termos da legislação aplicável.

O presente Regulamento entrou em vigor no dia 2 de Fevereiro de 2018, data da sua publicação no Boletim
da República, e revoga: o Diploma Ministerial nº 1/2004, de 7 de Janeiro; o Diploma Ministerial nº 260/2004,
de 20 de Dezembro; o Diploma Ministerial nº 62/2008, de 16 de Julho; os artigos 108 a 123 do título II do
MAF, aprovado pelo Diploma Ministerial nº 181/2013, de 14 de Outubro; e as restantes disposições legais
que contrariem o presente Diploma Ministerial.

www.salcaldeira.com | 05
NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA

Decreto nº 64/2017 de 13 de Novembro de 2017 - Aprova o Regulamento de Atribuição do Subsídio ao


Rute Nhatave    funcionário ou Agente do Estado, em Prisão Preventiva.
Arquivista / Bibliotecaria
rnhatave@salcaldeira.com Decreto nº 9/2018 de 9 de Março de 2018 - Altera os artigos 2 e 3 do Decreto n.º 82/2009, de 29 de Dezembro
do Código das Custas Judiciais (CCJ).

Decreto nº 10/2018 de 9 de Março de 2018 - Altera os artigos 46, 160 n.º 3 e 167 n.º 2 do Código das Custas
Judiciais, aprovado pelo Decreto n.º 43 809, de 20 de Julho de 1961, na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2014,
de 5 de Novembro.

Decreto nº 13/2018 de 27 de Março de 2018 - Aprova a transferência extraordinária atinente ao desembolso de


subsídios para apoiar as vítimas do deslizamento do lixo na Lixeira de Hulene, do Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural para o Conselho Municipal da Cidade de Maputo.

Decreto nº 14/2018 de 28 de Março de 2018 - Aprova o Regulamento de Higiene e Segurança na Administração


Pública.

Diploma Ministerial nº 25/2018 de 19 de Fevereiro de 2018 - Aprova o Plano de Acção da Avaliação Ambiental
e Social Estratégica para os Sectores de Minas e de Gás Natural, incluindo prioridades, opções e medidas para sua
implementação.

Diploma Ministerial nº 26/2018 de 21 de Fevereiro de 2018 - Cria a Unidade Técnica de Implementação da


Estratégia de Desenvolvimento Económico do Corredor de Nacala, abreviadamente designada UTI-PEDEC.

Diploma Ministerial nº 30/2018 de 15 de Março de 2018 - Aprova o Regulamento que Fixa as Condições para a
Concessão das Autorizações Especiais de Trânsito de Veículos Automóveis e Reboques com Excesso de Peso ou
Dimensões.

Diploma Ministerial nº 31/2018 de 30 de Março de 2018 - Aprova a directiva para a construção, operação e
encerramento dos Aterros Controlados.

Aviso de 12 de Março de 2018 - Concernente a correcção do erro verificado na Lei n.º 17/2017, de 28 de Dezem-
bro, que introduz alterações ao Código do Imposto sobre Consumos Específicos.

Resolução nº 10/2018 de 28 de Março de 2018 - Concernente a necessidade de realizar investimentos para


aumentar a capacidade de manuseamento de carga no Porto da Beira, pela concessionária Cornelder de Moçam-
bique, SA.

Resolução nº 9/2018 de 19 de Março de 2018 - Aprova o Plano Estratégico do Ensino Técnico Profissional
2018-2024.

OBRIGAÇŌES DECLARATIVAS E CONTRIBUTIVAS


CALENDÁRIO FISCAL 2018 MAIO

INSS 10 Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de Abril de
Sérgio Ussene Arnaldo     2018.
Assessor Fiscal e Financeiro
sussene@salcaldeira.com 20 Entrega do imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2ª, 3ª, 4 ª e 5ª
IRPS categoria bem como as importâncias retidas por aplicação de taxas liberatóri-
as durante o mês de Abril 2018.

IVA 15 Entrega da declaração periódica quando o sujeito passivo tenha créditos do


imposto.

Imposto 20 Pagamento das importâncias devidas em documentos, contratos, livros e actos


de Selo designados na Tabela anexa ao Código de IS referente ao mês de Abril de
2018.

IRPC 20 Entrega do imposto retido durante o mês de Abril de 2018.

Até 31 de Maio, apresentação da Declaração Periódica de Rendimentos


(Modelo 22).

Até 30 de Junho, apresentação da Declaração Anual de Informação Conta-


bilística e Fiscal (Modelo 20 H e seus anexos).

IPP 31 Entrega do Imposto sobre a extracção mineira referente ao mês de Abril de


2018.

IPM 31 Entrega do Imposto sobre a produção de petróleo referente ao mês de Abril


de 2018.

ICE 31 Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a bens


produzidos no País fora de armazém de regime aduaneiro, conjuntamente
com a entrega do imposto liquidado (nº 2 do artigo 4 do Regulamento do
ICE).

IVA 31 Entrega da Declaração periódica referente ao mês de Abril acompanhada do


respectivo meio de pagamento (caso aplicável).

06 | SAL & Caldeira Advogados, Lda.


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