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A D V O G A D O S, L D A.

Newsletter
Ano 2015 | N.º 81| Mensal Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita

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Áreas de Intervenção
Bancário e Cambial ComercialContencioso Direito AdministrativoLaboral Migração
Recursos Naturais SocietárioTributário

Nota do Editor
Índice Caro Leitor: ção do Contrato Individual
A Contratação de Cidadãos Estrangeiros 2 de Trabalho com Traba-
em Moçambique pelas ONGs Estrangei-
Nesta edição são aborda-
ras - A Questão dos Representantes das lhador Estrangeiro” e “A
ONGs Estrangeiras dos temas como “A Con-
Volatilidade do Direito de
A Obrigatoriedade e a Pertinência da 3 tratação de Cidadãos
Comunicação da Cessação do Contrato Imigração em Moçambi-
Individual de Trabalho com Trabalhador Estrangeiros em Moçambi-
Estrangeiro que”.
4
que pelas ONGs Estran-
A Volatilidade do Direito de Imigração
Pode ainda, como habitual-
em Moçambique geiras - A Questão dos
Novas Taxas a Pagar em Diversos 5 mente, consultar o nosso
Sectores e Serviços Representantes das ONGs
Calendário Fiscal e a Nova
Nova Legislação Publicada 6 Estrangeiras”,“A Obriga-
Legislação Publicada.
Obrigações Declarativas e Contributivas 6 toriedade e a Pertinência
- Calendário Fiscal 2015 - (Fevereiro) Tenha uma boa leitura !
da Comunicação da Cessa-

...diversas ONGs têm optado pelo desta- ...seja por qualquer motivo, é imposto ao ...Os documentos acima referidos são
camento de quadros seniores da ONG empregador o dever de comunicar o apenas alguns exemplos da quiçá
mãe para a posição de representante facto à entidade que superintende a excessiva autonomia que as autorida-
em outros países, por estes já conhece- área de trabalho e aos serviços de des laborais e não só têm tido sobre os
rem os seus procedimentos... Cont. Pág. 2 migração ...Cont. Pág. 3 processos que gerem...Cont. Pág. 4

Parceiros - Distinções

As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da Sal & Caldeira.

Ficha Técnica:
Edição, Grafismo e Montagem: Sónia Sultuane - Dispensa de Registo: Nº 125/GABINFO-DE/2005 - Colaboradores: Armandinho Munhemeze
Caula, Lina Sebastião Chongole, Miguel Sebastião Laice, Rute Nhatave, Sheila da Silva, Sérgio Ussene Arnaldo.
A SAL & Caldeira Advogados, Lda. é membro da DLA Piper Africa Group, uma aliança entre firmas de advocacia líderes independentes que trabalham em conjunto com a DLA Piper em toda África.

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A Contratação de Cidadãos Estrangeiros em Moçambique pelas ONGs Estrangeiras
- A Questão dos Representantes das ONGs Estrangeiras

I – Das espécies de ONGs em


Moçambique
Em Moçambique, as organizações
ção de trabalho para os representantes de ONGs estrangeiras,
com fundamento no n.º 1 do artigo 31 da Lei n.º 23/2007, de 1
de Agosto (Lei do Trabalho), segundo o qual: “o empregador
não governamentais (ONGs) agru- deve criar condições para a integração de trabalhadores
pam-se em duas espécies, nomea- moçambicanos qualificados nos postos de trabalho de maior
damente, nacionais e estrangeiras. complexidade técnica e em lugares de gestão e administração
Enquanto as ONGs nacionais são da empresa”.
reguladas pela Lei n.º 8/91, de 18 de
Julho de 1991 (Lei das Associa- Apesar de sermos completamente a favor do dispositivo legal
ções), as ONGs estrangeiras têm o acima citado e da empregabilidade de cidadãos nacionais,
seu quadro legal no Decreto n.º entendemos que a categoria de representante de uma ONG
55/98, de 13 de Outubro (D55/98), o estrangeira é de confiança e que requer um conhecimento
qual define os critérios da autoriza- profundo das regras e procedimentos que norteiam a referida
ção, objectivos a atingir e os meca- ONG no seu país de origem.
nismos da actuação das ONGs
estrangeiras. Defendemos, assim, que as organizações sejam lideradas pela
pessoa que melhor conhece os seus procedimentos e a sua
Armandinho Munhemeze II - Da autorização e objectivos visão global, sob pena de não conseguir cumprir com os objec-
Caula
Consultor Jurídico das ONGs Estrangeiras tivos que se propõe a desempenhar em conformidade com o
As ONGs estrangeiras carecem de projecto aprovado pelo Ministério de Negócios Estrangeiros e
acaula@salcaldeira.com autorização para que as mesmas Cooperação, que tem como fim último a prossecução dos
possam iniciar as suas actividades objectivos do próprio Governo listados acima. Não queremos,
no território nacional. A competência para autorizar o início das com isso, declarar que não hajam cidadãos nacionais com
actividades das ONGs estrangeiras foi delegada no Ministro capacidades para representar uma ONG estrangeira. A nossa
dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, nos termos do n.º 1, opinião vai no sentido de que a análise dos processos de auto-
do artigo 5, do D55/98. rização de trabalho para ONGs estrangeiras que é feita pelas
autoridades laborais, para consequente emissão da autoriza-
As ONGs estrangeiras desempenham um papel fundamental, ção de trabalho, seja bastante apurada tendo em conta os
pois à luz do D55/98, elas têm os seguintes objectivos, entre seguintes factores:
outros:
i)a sensibilidade do cargo;
i)complementar as iniciativas do Governo, no reforço da reabili- ii)o know-how e visão holística que o representante da ONG
tação e desenvolvimento do país; deve ter da sua instituição;
ii)envolvimento em programas de emergência, reabilitação ou iii)a confiança que a ONG mãe e os doadores depositam na
desenvolvimento social e económico; pessoa do representante para gerir fundos alocados;
iii)dedicar-se à assistência das populações, bem como partici- iv)os contactos que o representante deve fazer junto dos doa-
par na erradicação da pobreza, nomeadamente, através de dores para angariação de fundos para o funcionamento da
acções que aumentem o rendimento das famílias e criem ONG;
emprego. v)a capacidade que o representante deve ter para expandir a
ONG, no sentido de gerar postos de trabalho e cumprir, desta
Assim, e nos termos do Decreto que temos vindo a citar, só feita, os objectivos e compromissos assumidos em memoran-
podem ser autorizadas a desenvolver actividades no país as dos de entendimento com o Governo e outras instituições
ONGs que se enquadram no programa do Governo, funda- públicas; e
mentalmente no desenvolvimento rural e peri-urbano, no domí- vi)os conhecimentos e experiência que deve ter sobre os pro-
nio da educação, saúde, abastecimento de água e de transfe- jectos a serem desenvolvidos em Moçambique, entre outros
rência de conhecimentos e tecnologia, entre outras áreas. factores.

Por seu turno, para que o Ministro dos Negócios Estrangeiros A posição de representante de ONG não é uma posição técni-
e Cooperação autorize o início das actividades de uma ONG ca, pois ela é uma posição de gestão, liderança e de confian-
estrangeira é condição sine qua non a apresentação de um ça. Por isso, diversas ONGs têm optado pelo destacamento de
requerimento, acompanhado de diversos documentos, entre os quadros séniores da ONG mãe para a posição de representan-
quais, a descrição do quadro de pessoal que se propõe utilizar, te em outros países, por estes já conhecerem os seus procedi-
incluindo o nome daquele que será o representante da referida mentos, regras de actuação e desempenho dos projectos.
ONG e a informação pertinente sobre a descrição de capacida- Entendemos, desta feita, que o n.º 1 do artigo 17 do D55/2008,
des do mesmo, entre outras. Ora, embora o MINEC solicite aplica-se para o trabalho de assistência especializada, como
pareceres às entidades de tutela e Secretarias dos Governos estabelece a sua epígrafe e não para os representantes de
Provinciais, para a emissão do Despacho que autoriza o funci- ONGs, pois para estes poderia aplicar-se o n.º 4 do artigo 2 do
onamento de uma ONG estrangeira, nos termos do n.º 1 do D55/2008, segundo o qual, “à contratação de gerentes, man-
artigo 5 do D55/98, a lei não impõe que se consulte as autori- datários e representantes das entidades empregadoras aplica-
dades laborais, para a emissão do referido Despacho. se o regime de quotas e, subsidiariamente, o regime de autori-
zação de trabalho” (o sublinhado é nosso).
III – Da Contratação de Representantes de ONGs Estran-
geiras Pelo acima exposto, somos de opinião de que a contratação
O n.º 1 do artigo 17 do Decreto n.º 55/2008, de 30 de Dezem- de cidadãos estrangeiros, em organizações não governamen-
bro (D55/2008), que estabelece os Mecanismos e Procedimen- tais para a posição de representantes de ONGs, devia ser feita
tos para a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estran- por via de comunicação de trabalho (dentro da quota) ou, se
geira, impõe que a contratação de cidadãos estrangeiros em for feita pelo regime de autorização de trabalho, que o deferi-
organizações não governamentais seja feita por via de autori- mento do processo fosse “automático”, tendo em conta que o
zação de trabalho (contratação de estrangeiros fora da quota), representante irá desempenhar uma posição de direcção e
ou seja, por despacho do Ministro que superintende a área do confiança da ONG mãe e dos respectivos doadores, e irá criar
trabalho, ouvida a entidade que superintende o sector em cau- postos de trabalho, bem como cumprir com objectivos que se
sa. (O sublinhado é nosso). propõe a desempenhar num projecto já autorizado pelo Gover-
no, representado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros e
Da nossa experiência e estudos nesta matéria, constatámos Cooperação.
que têm sido vários os indeferimentos dos pedidos de autoriza-

SAL & Caldeira Newsletter Página 2/6 N.º 81


A Obrigatoriedade e a Pertinência da Comunicação da Cessação do Contrato Individual de
Trabalho com Trabalhador Estrangeiro

O crescente fluxo de entrada de


cidadãos de nacionalidade
estrangeira face à procura de mão-
excepto em algumas condições.

A obrigatoriedade da devolução do Documento de Identifica-


de-obra qualificada e experiente ção e Residência para Estrangeiros (DIRE) após a cessação
pelos diversos projectos em expan- da relação laboral, resulta também da aplicação do nº 2 artigo
são, impõe que haja melhor conhe- 32 da Lei de Trabalho supra mencionado.
cimento e domínio do regime jurídi-
co do trabalho estrangeiro em Há no entanto uma discussão pertinente, entre duas interpreta-
Moçambique. ções relacionadas com:

O presente artigo tem por objectivo i)a comunicação da cessação do contrato de trabalho quando
debruçar-se sobre a obrigatoriedade caduque pelo decurso do tempo da autorização de trabalho; e
e pertinência da comunicação da ii)outra sobre se deve a entidade empregadora devolver o
cessação do contrato de trabalho DIRE que ainda tenha validade.
com o trabalhador estrangeiro.
Em relação à primeira questão, somos da opinião de que,
Lina Sebastião Chongole Refira-se de antemão que o empre- embora a lei determine que a cessação do contrato de trabalho
Jurista gador, seja ele nacional ou estran- deva ser comunicada seja qual for o motivo da cessação, a
geiro, pode ter ao seu serviço, tra- comunicação às autoridades, por motivo de caducidade da
lchongole@salcaldeira.com
balhadores estrangeiros mediante comunicação/ autorização de trabalho (pelo decurso do tempo)
comunicação ou autorização do Ministro que superintende a não é necessária, por dever ser ex oficio. Isto é, de conheci-
área do trabalho ou das entidades a quem este delegar. Notar mento oficioso, uma vez terem sido as próprias autoridades a
que tanto o processo de comunicação de trabalho, quanto o da ditar a validade da comunicação/autorização de trabalho, pre-
autorização de trabalho, devem ser submetidos na província sume-se ser de seu conhecimento a data da sua validade.
em que o trabalhador estrangeiro irá prestar a sua actividade.
Assim, quando se trate deste motivo, acreditamos haver uma
O contrato individual de trabalho é um dos requisitos essenci- excepção e ser, de igual modo, este o entendimento das auto-
ais que instrui o processo de contratação de trabalhadores ridades laborais, embora não pese a tendência da implementa-
estrangeiros e, o seu conteúdo de carácter obrigatório, o qual ção de uma burocracia desnecessária por algumas autorida-
faz referência às condições de trabalho, é estabelecido por lei des no país.
– nº 1, artigo 18 do Decreto nº 55/08 de 30 de Dezembro, o
Regulamento Relativo aos Mecanismos e Procedimentos para Possivelmente, a exigência advém da implementação de
a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira mecanismos que facilitem o controlo em sede de inspecção
(daqui em diante Decreto nº 55/08). laboral, pois, sendo comunicadas às autoridades sobre a ces-
sação do contrato, podem determinar uma eventual inspecção
Deste modo, qualquer alteração das condições de trabalho laboral, por forma a averiguar se o trabalhador, cuja comunica-
que ocorra no decurso da relação laboral com o trabalhador ção/autorização já caducou, se encontra ainda ao serviço da
estrangeiro, deve ser comunicada à entidade que superintende entidade empregadora.
a área do trabalho na província onde o cidadão estrangeiro se
encontra a prestar a sua actividade - nº 2, artigo 18 do Decreto Em relação ao ponto ii), há que entender que durante muito
nº 55/08, incluindo, mas não limitando-se à alteração do local tempo, o entendimento das autoridades de migração era de
de trabalho, duração do contrato, tarefas acordadas, entre que uma vez terminado o contrato de trabalho, o cidadão
outras. estrangeiro poderia permanecer no país, desde que tivesse um
DIRE válido, isto é, não caducado.
No que toca à cessação da relação laboral, seja por qualquer
motivo, é imposto ao empregador, o dever de comunicar o Presentemente, este pensamento ainda existe entre as autori-
facto à entidade que superintende a área do trabalho, e aos dades de migração, na medida em que o artigo 20 do Decreto
serviços de migração da província onde o cidadão esteve a nº 55/08 apenas estabelece a obrigatoriedade de comunicação
exercer a actividade, no prazo não superior a 15 dias, a contar da cessação da relação laboral aos serviços provinciais e não
da data da cessação do contrato – artigo 20 do Decreto nº estabelece a obrigatoriedade da entrega do DIRE.
55/08. A falta de comunicação da cessação do contrato está
sujeita à aplicação de sanções estabelecidas na lei. Assim, muitas empresas enviam apenas uma carta a comuni-
car a cessação do contrato de trabalho ou da comunicação/
Refira-se que, a comunicação da cessação da relação laboral autorização de trabalho às autoridades de migração, sem ane-
assume ainda particular importância na contratação mediante xar o DIRE. Outras entidades, anexam, por vontade própria ou
o uso da quota, uma vez que, se não for comunicada a cessa- por exigência dos serviços de migração, movidas pela filosofia
ção da relação laboral às entidades acima citadas, a entidade que tende a predominar presentemente atinente ao controlo e
empregadora não poderá fazer o uso da quota do trabalhador fiscalização interna, baseados na interpretação da disposição
com quem cessou as suas actividades e, querendo fazer, corre legal que estabelece que findo o contrato de trabalho que ser-
o risco de ser sancionado pela falta da comunicação da cessa- viu de base para a aquisição da autorização de residência do
ção do contrato às autoridades laborais competentes. trabalhador estrangeiro, este já não deve permanecer no pais.

Notar ainda que, a exigência da comunicação da cessação do Atendendo ao acima exposto, alertamos e sensibilizamos as
contrato às entidades competentes está relacionada com as entidades empregadoras para que, verificada a cessação da
normas de controlo e fiscalização interna, uma vez que é veda- relação laboral com um trabalhador estrangeiro, comuniquem
do ao trabalhador estrangeiro, com residência precária ou tem- este facto à Direcção Provincial de Trabalho e aos Serviços de
porária, permanecer dentro do território nacional após o perío- Migração da província onde o trabalhador esteve a exercer a
do da vigência do contrato em virtude do qual entrou em sua actividade, por forma a cumprir com o estabelecido na lei e
Moçambique – nº 2, artigo 32 da Lei de Trabalho. Ao abrigo acautelar a aplicação de sanções legais.
desta disposição, o trabalhador estrangeiro é chamado a sair
do país finda a relação laboral que justificou a sua entrada,

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A Volatilidade do Direito de Imigração em Moçambique

O Direito de Imigração é um
ramo do Direito que estuda os
problemas jurídicos relativos a cida-
Trabalho Migratório, muitos dos processos de contratação de
mão-de-obra estrangeira que vinham a ser tramitados sob a
forma de Comunicações de Trabalho, passaram a ser tramita-
dãos de nacionalidade estrangeira. dos sob a forma de Autorizações de Trabalho, que por sua vez
É um ramo de Direito que engloba o consubstanciam processos mais complexos, morosos, onero-
Controlo Migratório, a Legislação, sos e incertos para os seus requerentes;
questões de Soberania Nacional, a
Discricionariedade, o Trânsito, Esta- A Circular Nº 001/MITRAB/DTM/GD/211/2013, de 15 de Abril
dia e Permanência, questões relati-– Esta Circular visa reforçar o cumprimento do nº 6 do artigo 3
vas a Nacionalidade, o Refúgio, a do Decreto Nº 63/2011 de 7 de Dezembro (Regulamento de
Extradição, a Transferência Interna-
Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira no
cional de Presos, Documentos de Sector de Petróleos e Minas), devendo e não só, nos termos
Viagem, Documentos de Trabalho, do mesmo, o regime de trabalho de curta duração ser aplicado
Aquisição Imobiliária, Equivalênciaapenas para cidadãos de nacionalidade estrangeira que reali-
de Diplomas, Remessa de Capitais, zem trabalhos eventuais, imprevisíveis e pontuais. Esta circular
Registros Civis e Comerciais, entreteve como efeito imediato uma maior escrutinação dos proces-
outros. sos de comunicação de trabalho de curta duração, não só no
Miguel Sebastião Laice
Jurista sector de Petróleos e Minas, o que culminou com a não atribui-
Como ser eminentemente social, ção de atestados de conformidade a diversos processos de
mlaice@salcaldeira.com desde sempre o Homem busca contratação de mão-de-obra estrangeira no regime de curta
estabelecer relações com outros da duração.
sua espécie ao seu redor, relações estas que através do Direi-
to são revestidas da necessária certeza, proporcionando às Sem entrar na apreciação do mérito do conteúdo das Circula-
respectivas partes a confiança e segurança para se relaciona- res e Aviso acima referidos, é possível depreender que meros
rem num e com um determinado ordenamento jurídico. actos administrativos emanados pelas autoridades Laborais,
foram bastantes para determinar aspectos “omissos” e para
Devido ao considerável incremento no volume do fluxo de interpretar disposições de Diplomas Legais, alterando quase
entradas em Moçambique de cidadãos de nacionalidade que por completo o modo como a lei era interpretada, aplicada
estrangeira com o intuito de cá trabalharem e residirem, o e os processos eram tramitados anteriormente.
Direito de Imigração passou a ter um papel incontornável no
ordenamento jurídico Moçambicano. Os documentos acima referidos são apenas alguns exemplos
da quiçá excessiva autonomia que as autoridades laborais e
Assim, este fluxo crescente de cidadãos de nacionalidade não só têm tido sobre os processos que gerem. Esta autono-
estrangeira que buscam trabalho e residência em Moçambique mia, característica da descentralização de poderes, nos termos
não deixou de chamar a atenção das autoridades competen- em que está a ser aplicada, é prejudicial, na medida em que a
tes, que imediatamente criaram e/ou melhoraram os mecanis- mesma consegue ser inversamente proporcional à segurança
mos de controlo de entrada e permanência de cidadãos de jurídica, pois quanto maior o grau de descentralização e auto-
nacionalidade estrangeira no País. nomia na “criação” de normas, quando não correctamente fei-
to, menor é a segurança jurídica que as mesmas podem ofere-
Por sua vez, esta criação e/ou aperfeiçoamento dos referidos cer.
mecanismos de controlo, por parte das entidades competentes,
conduziu à emanação de uma serie de instrumentos adminis- Outros exemplos flagrantes desta excessiva autonomia norma-
trativos (de entre Avisos e Circulares) e a tomada de decisões tiva, podem ser os da liberdade que as diferentes Direcções
em alguns casos não publicitadas, que pese embora não Provinciais de Trabalho, a Direcção Nacional e os Serviços de
tenham poder legislativo propriamente dito, tiveram um carác- Migração se auto-atribuem para acrescentar ou reduzir os
ter vinculativo e alteraram sobremaneira o modus operandi da requisitos legais nos processos quer de contratação de mão-de
entrada, permanência, trabalho e saída de cidadãos de nacio- -obra estrangeira, quer de pedidos de autorização de residên-
nalidade estrangeira em Moçambique. cia, tratando-os casuisticamente e/ou de acordo com a conjun-
tura do momento da submissão e tramitação destes processos,
A título de exemplo, podemos citar: práticas estas que por vezes são adoptadas sem a devida
comunicação ao público.
Da Direcção de Trabalho da Cidade de Maputo:
Aviso datado de Fevereiro de 2014 referente aos pedidos de 2ª Considerações Finais
via do atestado de conformidade de comunicação de trabalha- Não existe qualquer dúvida sobre a necessidade e importância
dores de nacionalidade estrangeira no âmbito do regime de de manter e garantir o controlo sobre o fluxo de imigração de
quotas – Aviso este que passou a exigir para a emissão de cidadãos de nacionalidade estrangeira para o nosso País, sal-
uma 2ª via do atestado de conformidade de comunicação de vaguardando deste modo, dentre outros aspectos, o mercado e
trabalho de cidadãos de nacionalidade estrangeira, quer por a mão-de-obra nacionais. Porém, como um Estado que não
extravio ou por qualquer outro motivo, que devessem ser reuni- deixa de se relacionar com outros Estados e com os seus res-
dos e apresentados novamente os mesmos requisitos exigidos pectivos cidadãos, é importante que o nosso País adopte posi-
por lei para a tramitação de um processo novo; ções sólidas no que diz respeito às relações que estabelece
com os cidadãos de outros Estados que pretendam trabalhar e
Da Direcção de Trabalho Migratório: fixar residência no nosso País.

Circular Nº 004/MITRAB/DTM/GD/2011/2013, de 26 de A plurissignificação das normas, em particular das do Direito


Setembro – que em meio a muita controvérsia, instruiu as de Imigração, é de difícil eliminação, contudo, na tentativa de
Direcções Provinciais de Trabalho em todo o País, no estrito manter o nosso País atraente para o investimento e para a
cumprimento do artigo 17 do Decreto Nº 55/2008 de 30 de captação de know how do estrangeiro, é importante que se
Dezembro (Regulamento Relativo aos Mecanismos e Procedi- reduza ao máximo a susceptibilidade de múltiplas interpreta-
mentos para a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade ções e aplicações às normas do nosso ordenamento jurídico e,
Estrangeira) a não mais tramitarem processos de contratação em particular, as do Direito de Imigração, transmitindo assim
de mão-de-obra estrangeira para trabalhos de investigação maior segurança e certeza jurídica, de forma a que as pessoas
científica, docência, assistência especializada e Organizações possam melhor se relacionar no e com o ordenamento Jurídico
Não-governamentais mediante o mecanismo de comunicação Moçambicano, visto ser esta a essência do Direito.
de trabalho. Com a emissão desta Circular pela Direcção de

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Novas Taxas a Pagar em Diversos Sectores e Serviços
Informação sobre as taxas do Imposto de Reconstrução Nacional para o ano de 2015
Diploma Ministerial nº 4/2015
De 2 de Janeiro

As taxas do Imposto de Reconstrução Nacional a vigorarem no ano de 2015 são as seguintes:


Nº Províncias Taxas em Vigor-2014 Taxas em vigor-2015

Normal Remisso Normal Remisso

1 Maputo Província 35,00 40,00 35,00 40,00


Todos Distritos e Localidades
2 Gaza
Guija 40,00 45,00 15,00 20,00

Mandhakazi 35,00 40,00 15,00 20,00

Chibuto 35,00 40,00 15,00 20,00

Chókwé 35,00 40,00 15,00 20,00

Restantes Distritos e Localidades 35,00 40,00 15,00 20,00

3 Inhambane
20,00 25,00 20,00 25,00
Todos Distritos e Localidades
4 Sofala
Dondo 20,00 30,00 20,00 30,00
Restantes Distritos 15,00 20,00 15,00 20,00
5 Manica

Gondola 15,00 20,00 15,00 20,00

Manica 20,00 25,00 20,00 25,00

Sussundenga 15,00 20,00 15,00 20,00

Machaze 15,00 18,00 15,00 18,00

Mussorize 20,00 25,00 20,00 25,00

Macossa 20,00 25,00 20,00 25,00

Guro 12,00 15,00 12,00 15,00

Tambara 10,00 15,00 10,00 15,00

Barué 20,00 25,00 20,00 25,00

Macate 15,00 20,00

Vanduzi 20,00 25,00

6 Tete 20,00 25,00 20,00 25,00


Todos Distritos e Localidades
7 Zambézia 15,00 20,00 15,00 20,00
Todos Distritos e Localidades
8 Nampula 20,00 25,00 20,00 25,00
Todos Distritos e Localidades
9 Cabo Delgado 10,00 15,00 10,00 15,00
Todos Distritos e Localidades
10 Niassa 20,00 25,00 25,00 30,00
Todos Distritos e Localidades
O produto das colectas do imposto terá a seguinte distribuição:
70% Constitui receita do Orçamento Provincial;
25% Constitui receita consignada aos Orçamentos Distritais;
5% Destina-se a remunerar os funcionários ou agentes que participam nas actividades de recenseamento dos contribuintes e do lança-
mento do imposto.
As disposições deste diploma não são aplicáveis nos territórios onde será cobrado o Imposto Pessoal Autárquico, nos termos da Lei nº
1/2008, de 16 de Janeiro.
Boletim da República nº 2, I Série, de 7 de Janeiro de 2015.

SAL & Caldeira Newsletter Página 4/6 N.º 81


Nova Legislação Publicada
Decreto nº 67/2014 de 5 de Novembro de 2014 - Altera os artigos 46, 160 e 167 do
Código das Custas Judiciais.

Diploma Ministerial nº 176/2014 de 22 de Outubro de 2014 – Aprova o Regula-


mento de Construção, Exploração e Segurança dos Postos de Abastecimento de
Combustíveis Líquidos.

Diploma Ministerial nº 184/2014 de 12 de Novembro de 2014 - Aprova o Código da


Rute Nhatave
Bibliotecária Rede Eléctrica Nacional

rnhatave@salcaldeira.com

Despacho de 16/2014 de 19 de Novembro de 2014 - Altera a Declaração de Ren-


dimentos M/10 e seus anexos 10V, 10V1.

Obrigações Declarativas e Contributivas - Calendário Fiscal 2015


Fevereiro
INSS 10 Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de Janeiro de
2015.

IRPS 20 Entrega do Imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2 ª , 3 ª, 4 ª e 5 ª catego-


ria durante o Mês de Janeiro 2015.

IRPC 20 Até 31 de Março entrega de declaração de rendimentos ( Modelo 10), com excep-
ção dos sujeitos passivos que tenham auferido rendimentos para além da primeira
categoria que deverão submeter até 30 de Abril.

Imposto 20 Entregar as importâncias devidas pela emissão de letras e livranças, pela utilização
Sérgio Ussene Arnaldo de Selo de créditos em operações financeiras referentes ao mês de Janeiro de 2015.
Assessor Fiscal e Financeiro

sussene@salcaldeira.com
IPP 31 Entrega do imposto referente a produção de petróleo relativo ao mês de Janeiro de
2015.

IPM 31 Entrega do imposto pela extracção mineira referente ao mês de Janeiro de 2015.

ICE 31 Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a bens produzidos
no País fora de armazém de regime aduaneiro, conjuntamente com a entrega do
imposto liquidado (nº 2 do artigo 4 do Regulamento do ICE).

IVA 31 Entrega da Declaração periódica referente ao mês de Janeiro acompanhada do


respectivo meio de pagamento (caso aplicável).

SAL & Caldeira Newsletter Página 6/6 N.º 81

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