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PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM

ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO E ESTUDOS DE


CASOS

FERNANDA PERDIGÃO POZZOBON

ÁREA: ENGENHARIA CIVIL

ORIENTADOR (A): Profa. Fernanda de Andrade Salgado

Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rua Marquês de São Vicente, 225 –


Gávea –CEP 22.453-900 - Rio de Janeiro – Brasil.
Telefone: (21) 3114-1190 / 3114-1191 –Fax: 3114-1195.

Rio de Janeiro, 21 de Junho de 2018.


Agradecimentos

Muito obrigada aos meus pais, Vania e Eduardo, por me proporcionarem a

oportunidade de realizar minha graduação na PUC-Rio e por sempre apoiarem e

investirem nos meus estudos, em qualquer área de conhecimento. Agradeço a paciência,

compreensão e amor que sempre recebi de vocês.

Ao meu cachorro Popoto que, por querer passear exatamente nas mesmas horas que eu

decidia estudar, me ensinou que é sempre bom caminhar no bosque antes de iniciar uma

atividade. Agradeço também pelo companheirismo, amor, risadas e por aliviar qualquer

estresse só com o olhar. Por último, por ser o meu despertador todo dia de manhã. Por

mais que na hora não pareça bom, você me faz aproveitar mais os dias.

À Gabi, por me acompanhar em tantos momentos diferentes e torná-los sempre

especiais. Por sempre torcer por mim e me inspirar a melhorar a cada dia. Obrigada por

todo apoio, companheirismo, amor, carinho, paciência, compreensão e principalmente

pelas risadas.

À Fernanda Salgado, pela orientação neste trabalho e por tudo que me ensinou até

agora. Obrigada pela paciência, cuidado, disponibilidade, palavras de apoio e por ser

um exemplo de professora, simpatia e seriedade.

Aos meus amigos do Santo Inácio que também me acompanharam na graduação,

obrigada pelas horas de estudo em grupo sempre muito proveitosas, pelas risadas,

caronas, viagens e resumos.

Aos professores da PUC-Rio que tanto me acrescentaram nestes anos, especialmente

os do departamento de engenharia civil, por sempre se disponibilizarem a oferecer o

seu melhor aos alunos.

Fernanda P. Pozzobon

i
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1 Objetivo ..................................................................................................................... 3
2 REVISÃO TEÓRICA...................................................................................................... 4
2.1 Estruturas de concreto armado ................................................................................... 8
2.2 Uso do concreto armado na construção civil ........................................................... 13
3 PATOLOGIA NO CONTEXTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL.................................. 15
3.1 Vida útil e desempenho de uma edificação .............................................................. 15
3.2 Conceito de Sintoma ................................................................................................ 17
3.3 Origem das Patologias ............................................................................................. 17
3.4 Conceito de causas endógenas, exógenas e naturais ................................................ 18
4 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ................... 22
4.1 Fissuras e trincas ...................................................................................................... 22
4.2 Corrosão das armaduras ........................................................................................... 28
4.3 Carbonatação............................................................................................................ 32
4.4 Flechas excessivas ................................................................................................... 34
4.5 Esmagamento do Concreto ...................................................................................... 36
4.6 Nicho de Concretagem ............................................................................................. 37
5 ESTUDOS DE CASOS .................................................................................................. 40
5.1 Estudo de caso 1 – Deterioração estrutural em um estádio de futebol no Rio de
Janeiro........................................ .......................................................................................... 40
5.2 Estudo de caso 2 – Relato e Análise do Colapso total de um edifício em concreto
armado. ................................................................................................................................ 44
5.3 Estudo de caso 3 – Falta de Projeto e de Supervisão Técnica Causa Queda de um
Prédio em Volta Redonda, RJ. ............................................................................................. 47
6 CONCLUSAO ................................................................................................................ 51
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 52

ii
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Seção em escala da grande pirâmide de Quéops, Egito. (Fonte:

BENEVOLO, 2007, p.42). ........................................................................................... 5

Figura 2.2 - Tijolos de argila secando ao sol. (Fonte: BENEVOLO, 2007, p.30). .... 6

Figura 2.3 - Palácio de Cristal, em Londres. Fonte: (ibidem). ................................... 7

Figura 2.4 – Dois edifícios de aço: Leiter Building, em Chicago, de 1885, à esquerda e

o Woolworth Building de Nova Iorque, de 1910, à direita. (Fonte: BENEVOLO, 2007,

p.617). ............................................................................................................... 8

Figura 2.5 – Diversas ideias de Joseph Monier para o uso do concreto armado. (Fonte:

Site Provance Beyond. Acesso em 14 mar 2018). ..................................................... 9

Figura 2.6 – Diagrama tensão-deformação idealizado do concreto sujeito a esforços de

compressão.(Fonte: NBR 6118, p.24). ....................................................................... 11

Figura 2.7 – Diagrama tensão-deformação bilinear do concreto sujeito a esforços de

tração. (Fonte: NBR 6118, p.25). ............................................................................... 11

Figura 2.8 – Diferentes geometrias das barras de aço utilizadas. (Fonte: Notas de aula,

Daniel Cardoso, 2016, PUC-Rio). ............................................................................. 12

Figura 2.9 – Comportamento de uma viga de concreto, sujeita à flexão simples, com

armadura onde se concentram as tensões de tração. (Fonte: Notas de aula, Daniel

Cardoso, 2016, PUC-Rio). ......................................................................................... 13

Figura 3.1 – Vida útil de projeto mínima. (Fonte: MEREB, 1999, p.9). ................... 16

Figura 3.2 – Origem das manifestações patológicas. (Fonte: HELENE, 2003, p.22). 18

Figura 3.3 – Lei de Sitter. (Fonte: HELENE, 2003, p.23). ........................................ 20

Figura 4.1 – Algumas configurações de fissuras em função do tipo de esforço

predominante. (Fonte: SOUZA, 1998, p.58). ............................................................ 23

iii
Figura 4.2 – Fissuração em viga submetida a flexocompressão. (Fonte: SOUZA, 2003,

p.58). ................................................................................................................. 23

Figura 4.3 – Fissuração por torção (à esquerda) e por puncionamento da laje (à direita).

(Fonte: SOUZA, 2003, p.60). ....................................................................... 24

Figura 4.4 – Esquema de formação de fissuras por assentamento plástico do concreto.

(Fonte: SOUZA, 2003, p.62). ..................................................................................... 25

Figura 4.5 – Fissuras por assentamento plástico do concreto em pilares. (Fonte:

SOUZA, 2003, p.62). ................................................................................................. 26

Figura 4.6 – Fissuras por assentamento plástico do concreto em pilares. (Fonte:

SOUZA, 2003, p.64). ................................................................................................. 27

Figura 4.7 – Elemento estrutural com produtos da corrosão. (Fonte:

http://www.clubedoconcreto.com.br Acesso em 15 Jun 2018.). ................................ 30

Figura 4.8 – Carbonatação agravada por fissura pré-existente. (Fonte: SOUZA, 2003,

p.76). ........................................................................................................................... 32

Figura 4.9 – Carbonatação agravada por fissura pré-existente. (Fonte:

http://manifestacoespatologicas.blogspot.com Acesso em 15 jun 2018). .................. 33

Figura 4.10 – Esquema de ação da carbonatação. (Fonte:

http://manifestacoespatologicas.blogspot.com Acesso em 15 jun 2018). .................. 34

Figura 4.11 – Ensaio de fenoftaleína para avaliação da profundidade de carbonatação

do concreto. (Fonte: http://www.cimentoitambe.com.br Acesso em 15 jun 2018). .... 34

Figura 4.12 – Esquema de formação de fissuras devido a flechas excessivas em laje

central. (Fonte: ERCIO, 2001, p.8). ........................................................................... 35

Figura 4.13 – Esquema de fissuração por esmagamento do concreto em laje (Fonte:

SOUZA, 2003, p.59). ................................................................................................. 37

iv
Figura 4.14 – Exemplo de nicho de concretagem. (Fonte:

http://www.cimentoitambe.com.br Acesso em 15 jun 2018). .................................... 38

Figura 5.1 – Esquema estrutural da arquibancada e da marquise. (Fonte: CUNHA et al.,

1996, p.195). ........................................................................................................ 41

Figura 5.2 – Planta do esquema de recuperação dos tirantes. (Fonte: CUNHA et al,

1996, p.199). ............................................................................................................... 43

Figura 5.3 – Cargas permanentes sobre os blocos de fundação, calculadas

posteriormente. (Fonte: CUNHA et al, 1998, p.70). .................................................. 45

Figura 5.4 – Modelo para verificação da flambagem no conjunto pilar-estaca. (Fonte:

CUNHA et al, 1998, p.71). ........................................................................................ 46

Figura 5.5 – Dados relativos a maneira que o brasileiro contrata profissionais da

construção. (Fonte: http://www.caubr.gov.br Acesso em: 11 jun 2018). ................... 50

v
1 INTRODUÇÃO

Projetar uma estrutura significa resolver seu trinômio fundamental: segurança,

funcionalidade e durabilidade, onde todos os termos são igualmente prioritários

(CUNHA et al., 1996). Essas características também devem estar de acordo com as

condições financeiras e sociais do empreendimento. A negligência de algum desses

fatores, certamente prejudicará o desempenho final da construção.

Não é uma tarefa fácil atingir esses objetivos simultaneamente. Por isso, desde o

último século, engenheiros têm se dedicado a estudar e aperfeiçoar os métodos

construtivos, de forma que a estrutura seja segura, economicamente viável e atenda às

condições sociais, que incluem, muitas vezes, um prazo apertado.

De acordo com Cunha et al. (1996), a busca de agilidade na construção, encurtando

prazos e economizando materiais, trouxe como tendência natural o aumento dos vãos

das estruturas, deixando-as cada vez mais esbeltas (o que, na construção civil, significa

o quanto um elemento é suscetível a flambagem). Outros estudos, como o

dimensionamento no Estado Limite Último, também ajudaram a otimizar as dimensões,

reduzindo-as, em relação aos cálculos antigos baseados nas condições de serviço.

Como consequência, têm-se hoje estruturas menos robustas, mais econômicas (o

que às vezes significa a busca de materiais com menor qualidade), com prazos mais

curtos e com demandas estruturais cada vez maiores. Não é surpresa então que muitas

estruturas apresentem um desempenho insatisfatório em relação ao exigido nos projetos

e normas.

A melhor maneira de identificar se uma estrutura está ou não dentro dos padrões de

desempenho, é através do estudo das patologias que ela possa apresentar. Uma análise

cuidadosa dos sintomas e suas origens é essencial para manter a integridade de uma

estrutura com algum grau de deterioração. Por isso, conhecer os principais sintomas e

1
suas origens, é uma habilidade vantajosa para engenheiros, tanto para o reconhecimento

de problemas existentes quanto para a sua previsão, evitando-os na fase de projeto ou

execução. Nesse contexto, Souza et al. (1996), comenta:

Acidentes estruturais na construção civil vêm ocorrendo em todo o mundo -


em muitos casos com vítimas fatais - desde os primórdios da Engenharia.
No Brasil a situação não é e nem poderia ser diferente, mas, a não ser pelos
casos noticiados nos meios de comunicação, poucas pessoas, incluindo aí os
profissionais da área, têm conhecimento destas ocorrências.

Evitar a repetição de acidentes é o que torna a divulgação científica e técnica desse

tema extremamente importante. Do ponto de vista econômico, evitar acidentes (que

sujam a imagem da empresa) e obras de restauro, deveria ser um dos principais

objetivos das construtoras, dado que o custo para a resolução de um problema torna-se

maior a cada etapa construtiva avançada.

O foco nas principais patologias que afetam as estruturas de concreto armado, deve-

se ao fato de que o concreto é um dos materiais de construção mais utilizados no Brasil.

É um dos materiais convencionais da construção civil, juntamente com o aço e a

madeira, mas que não têm suas respectivas patologias descritas nesse trabalho, com

exceção do aço para armadura.

Com isso, o Capítulo 2 realiza uma breve revisão teórica sobre o concreto armado,

que inclui o histórico do surgimento das cidades, o início do estudo do concreto, a

formação da engenharia como é conhecida hoje e os principais mecanismos de

funcionamento do material compósito “concreto armado”.

O Capitulo 3 tem o objetivo de contextualizar o tema no cenário da construção civil

atual. Também define conceitos importantes que acercam as patologias das construções

e apresenta dados relativos às causas e origens mais comuns de patologias no concreto

armado.

2
O Capitulo 4 descreve as principais patologias do concreto armado encontradas na

bibliografia. São analisados seus mecanismos de funcionamento, principais causas e

origens de cada uma.

Por último, o Capitulo 5 reúne três estudos de caso que tem como objetivo ilustrar

algumas dessas manifestações patológicas descritas, bem como as causas, origens e

medidas de reparo tomadas para cada situação.

1.1 Objetivo

Este trabalho tem como objetivo apresentar e analisar as patologias mais comuns

em estruturas de concreto armado, ressaltando as suas possíveis causas e origens.

Também visa apresentar alguns conceitos importantes dentro do contexto das

patologias como vida útil, desempenho e o processo de exame patológico. Por fim,

serão apresentados estudos de casos bibliográficos que sintetizem e exemplifiquem uma

parte do conteúdo apresentado.

3
2 REVISÃO TEÓRICA

Para entender a história da construção civil, é preciso, primeiramente, analisar

brevemente a história do homem na terra e os fatores que desencadearam grandes

expansões demográficas e o consequente surgimento das cidades. Benevolo (2007, p.9)

aponta as principais mudanças na organização produtiva que transformaram o cotidiano

dos homens:

a) As primeiras espécies humanas surgem na terra há 500 mil anos (ibidem),

aproximadamente. Harari (2017, p.8), de maneira aproximada, estipula essa

data em 2,5 milhões de anos atrás. Porém, ambos os autores concordam que,

entre o surgimento da espécie Homo e até cerca de 10 mil anos atrás, os

humanos existentes viviam como caçadores-coletores, procurando abrigo

em ambientes naturais, sem realizar qualquer tipo de assentamento artificial

significativo.

b) A partir do ano 10 mil a.C., o Homo Sapiens (agora, a única espécie humana

a habitar a terra) dedica seu tempo e esforço manipulando a vida de algumas

espécies de plantas e animais. É a Revolução Agrícola, que permite a

transição dos caçadores-coletores para habitantes das primeiras aldeias.

c) A agricultura permitia a produção de um excedente, que seria destinado a

alimentar uma nova classe de especialistas: sacerdotes, artesãos,

mercadores, guerreiros e chefes políticos. Essas novas classes residem em

espaços mais complexos do que as aldeias: as cidades. Essa nova forma de

organização social requer o invento da escrita, do dinheiro e da religião que,

por sua vez, permitem a organização de organismos civis ainda mais

complexos.

4
Dessa maneira, com agricultores que mantinham uma população em crescimento

através de seu excedente e especialistas que modificavam e estudavam a natureza, foi

possível o surgimento de impérios cada vez maiores.

Assim, passa a ser importante destacar o papel das construções no contexto da

maioria desses impérios. Enquanto a maior parte da população residia em habitações

simples, de poucos andares, as construções mais complexas não faziam parte da cidade

comum; eram espaços separados e sagrados, destinados aos deuses ou com outras

finalidades espirituais (BENEVOLO, 2007, p.45). Logo, como os motivos religiosos

eram fortes, as construções eram grandiosas e imponentes e tão majestosas quanto o

império fosse capaz de sustentar. Outras construções de grande porte consistiam de

obras de infraestrutura, como estradas, pontes, aquedutos e muros fortificados

(BENEVOLO, 2007, p. 133).

Figura 2.1 – Seção em escala da grande pirâmide de Quéops, Egito.


(Fonte: BENEVOLO, 2007, p.42)

Como os materiais atuais de construção mais convencionais (aço e concreto) só

tiveram seu uso disseminado no séc. XIX, as obras, até então, empregavam os mesmos

5
materiais desde os antigos impérios: madeira, tijolos fabricados de pedra ou argila,

palha e argamassas.

A utilização de tijolos de argila, amassados com palha e cozidos ao sol, por

exemplo, é utilizada nas cidades do Oriente até os dias atuais. Essa técnica, chamada

de adobe, apesar de apresentar uma boa versatilidade na forma, é facilmente degradável

pelas intempéries, sendo necessária manutenção contínua (BENEVOLO, 2007, p. 30).

Figura 2.2 - Tijolos de argila secando ao sol.


(Fonte: BENEVOLO, 2007, p.30)

Com relação às ligas metálicas, apesar de já serem conhecidas desde a Idade do

Ferro, o seu uso inicial era basicamente limitado a fabricação de armas e utensílios

domésticos. Após a revolução industrial, no séc. XVIII, além dos materiais já citados

anteriormente, o ferro fundido também passou a ser utilizado como material de

construção (BENEVOLO, 2007, p.566). A partir desse momento, a produção artesanal

do material foi substituída pela industrial, o que aumentou sua escala de produção.

Como exemplo notável, o “Palácio de Cristal”, em Londres, foi construído por volta de

6
1850 e consistia num edifício de 33 m de altura e 92 mil m2, construído de ferro fundido

e vidro (Site Encyclopedia Britannica1)

Figura 2.3 - Palácio de Cristal, em Londres.


Fonte: (ibidem)

Como complemento, o progresso do pensamento e da pesquisa científica, herdados

da Renascença e do posterior Iluminismo, contribuíram para que as tecnologias

melhorassem rapidamente. No Ocidente, a disseminação do aço (que se difere do ferro

fundido basicamente pelo teor de carbono empregado na liga) permitiu a construção de

notáveis edifícios. Somando-se o patenteamento do concreto armado no séc. XIX,

começou a surgir a engenharia das construções como é conhecida hoje (Site do

Programa de Educação Tutorial2).

1
Fonte: Site Encyclopedia Britannica. 2018. Disponível em https://www.britannica.com/topic/Crystal-
Palace-building-London. Acesso em: 13 abril 2018.
2
Fonte: Site do Programa de Educação Tutorial. 2013. Disponível em
https://blogdopetcivil.com/2013/07/31/a-historia-do-concreto-armado/. Acesso em: 14 mar 2018.

7
Figura 2.4 – Dois edifícios de aço: Leiter Building, em Chicago, de 1885, à esquerda
e o Woolworth Building de Nova Iorque, de 1910, à direita.
(Fonte: BENEVOLO, 2007, p.617)

Embora a normatização no início do séc. XX tenha padronizado os processos da

construção civil relativos ao concreto armado, tornando-os cada vez mais seguros,

muitas estruturas ainda apresentam desempenho insatisfatório. Identificar as principais

patologias que comprometem a vida útil da edificação, bem como sua causa e origem,

é essencial para corrigir os erros já existentes e reavaliar processos construtivos que

possam originar falhas na estrutura.

2.1 Estruturas de concreto armado

A utilização de pedras e tijolos de argila já era conhecida por volta de 3000 a.C. Na

Grécia, em 800 a.C., o uso de argamassas já era bastante difundido. Já em 300 a.C., o

8
Império Romano começou a utilizar o concreto, que, à época, consistia em uma mistura

de areia, cal ou pozolana natural e água (Site O Mundo do Cimento3)

Embora seus primeiros indícios sejam muito antigos, o estudo e utilização do

concreto foram esquecidos nos séculos seguintes. Após o declínio do Império Romano,

no séc. IV, a Europa passou por um processo de ruralização. Na época da Idade Média

os principais materiais construtivos passaram a ser rocha, madeira ou argila.

Desse modo, a utilização e o estudo do concreto só foram retomados por volta do

séc. XIX, quando se atribuiu a primeira utilização do concreto armado ao agricultor

Joseph-Louis Lambot: um barco. Apesar de sua invenção não ter lhe atribuído muita

fama, quando apresentado na Feira Mundial de Paris, em 1855, a ideia chamou a

atenção de um jardineiro chamado Joseph Monier, que viu ali uma alternativa para seus

vasos quebradiços de cerâmica. Monier começou então a experimentar e a patentear

suas novas descobertas. Mesmo se baseando apenas no empirismo, sem o uso de

cálculos, ele chegou a construir reservatórios de água, pontes, passarelas e até vigas

com concreto armado.

Figura 2.5 – Diversas ideias de Joseph Monier para o uso do concreto armado.
(Fonte: Site Provance Beyond 4)

3
Fonte: Site O Mundo do Cimento. 2008. Disponível em <http://cimento.org/concreto/>. Acesso em:
08 mar 2018.
4
Fonte: Site Provence Beyond. 2014. Disponível em <http://www.beyond.fr/people/monier-joseph-
photo-gallery.html?p=3 - 14/03>. Acesso em 14 mar 2018.

9
Suas patentes foram então compradas pelo engenheiro alemão Gustav Adolf Wayss,

que começou a desenvolvê-las, realizando estudos e ensaios para determinar suas

propriedades, aprimorando os materiais empregados na mistura e desmistificando os

riscos do novo material (Site Programa de Educação Tutorial5).

Desde então, muito progresso foi realizado no estudo do concreto e do aço

individualmente e sobre o comportamento desses materiais quando em conjunto. A

norma ABNT NBR 6118 – “Projeto de estruturas de concreto – Procedimento” define

os elementos estruturais de concreto armado como: “aqueles cujo comportamento

estrutural depende da aderência entre concreto e armadura, e nos quais não se aplicam

alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização dessa aderência”.

Para entender o comportamento do concreto armado como elemento estrutural, é

importante conhecer as características particulares de cada material que forma o

compósito, conforme será mostrado a seguir.

 Propriedades do Concreto

O concreto é uma mistura homogênea de agregados, material aglomerante

(cimento) e água, sendo possível a eventual adição de outros materiais para alterar suas

características conforme a necessidade. Assim, as propriedades do concreto dependem

diretamente dos materiais utilizados nessa mistura, da proporção entre eles (que

depende das condições em que esse concreto será utilizado) e da maneira como esses

materiais reagem entre si (CARDOSO, 2016). Por exemplo, se parte do cimento

empregado na mistura não for hidratado por algum descuido, o concreto terá sua

resistência afetada.

5
Fonte: Site Programa de Educação Tutorial.2013. Disponível em
https://blogdopetcivil.com/2013/07/31/a-historia-do-concreto-armado/. Acesso em: 14 mar 2018.

10
Assim, seu peso específico, resistência à abrasão, permeabilidade, retração,

fluência, resistência e outras características, dependem da sua dosagem, da maneira

como a mistura foi feita e das condições de cura. Entretanto, uma característica em

comum entre todos os concretos (salvo exceções aditivadas) é sua baixa resistência a

tração e grande resistência a compressão (ibidem), como pode ser visto nas Figuras 2.7

e 2.8 abaixo.

Figura 2.6 – Diagrama tensão-deformação idealizado do concreto sujeito a esforços de


compressão.
(Fonte: NBR 6118, p.24)

Figura 2.7 – Diagrama tensão-deformação bilinear do concreto sujeito a esforços de


tração
(Fonte: NBR 6118, p.25)

11
 Propriedades do Aço

O aço é uma liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono, contendo

de 0,006% a 2% deste último elemento. É um material dúctil, com coeficiente de

dilatação equivalente ao do concreto (em torno de 10−5 °𝐶 −1) e que apresenta valores

de resistência a tração bem altos quando comparado ao concreto. As propriedades dos

aços específicos para armaduras devem obedecer à ABNT NBR 7480 (CARDOSO,

2016).

As barras (como são chamadas as ligas quando empregadas nas armaduras)

podem ser classificadas de acordo com sua geometria superficial (lisas, nervuradas ou

entalhadas – conforme Figura 2.9) e de acordo com sua resistência ao escoamento (𝑓𝑦𝑘 ).

Figura 2.8 – Diferentes geometrias das barras de aço utilizadas.


(Fonte: Notas de aula, Daniel Cardoso, 2016, PUC-Rio)

 Propriedades do Concreto Armado

O concreto armado é um compósito obtido a partir da inclusão de barras de aço

no interior de uma matriz de concreto. O aço tem a função de “suprir” a baixa resistência

à tração do concreto simples e de evitar rupturas bruscas nas estruturas de concreto. A

aderência entre ambos materiais está intimamente ligada a eficiência do concreto

armado (notas de aula Daniel): quanto mais eficiente for a aderência aço-concreto, mais

resistente é o elemento de concreto armado.

Dessa forma, é intuitivo posicionar as barras de aço nas regiões mais sujeitas a

esforços de tração, como exemplifica a Figura 2.10. Nesse cenário, o concreto resiste

12
bem na parte comprimida. Na parte tracionada, assim que a tensão de tração atuante

ultrapassa o valor suportado pelo concreto, o aço começa a atuar, impedindo que a viga

se rompa em um primeiro momento.

Figura 2.9 – Comportamento de uma viga de concreto, sujeita à flexão simples, com
armadura onde se concentram as tensões de tração.
(Fonte: Notas de aula, Daniel Cardoso, 2016, PUC-Rio)

2.2 Uso do concreto armado na construção civil

O concreto armado é um dos materiais de construção mais utilizados no mundo.

Estima-se o consumo anual de concreto em 11 bilhões de toneladas, o equivalente a 1,9

toneladas de concreto por habitante por ano (Revista Concreto, 2009). Se

considerarmos que a maioria dos elementos estruturais de concreto exigem uma

utilização mínima de armadura, podemos concluir que o consumo de aço para essas

finalidades é proporcionalmente grande.

A escolha entre um ou outro material de construção para uma edificação

depende de diversos fatores, dentre eles: disponibilidade de materiais, contexto

econômico da construção, finalidade do empreendimento, dificuldades das técnicas que

acompanham tal tecnologia, etc. Por isso, para entender porque o uso do concreto é tão

disseminado, é importante considerar as principais vantagens do concreto armado como

material de construção. De acordo com Giongo (2007, p.8), as principais vantagens do

uso de concreto armado no Brasil em relação a outros materiais são:

13
a) Resistência à maioria dos tipos de solicitações (quando realizada uma boa

análise de seu comportamento estrutural);

b) Materiais componentes abundantes e, consequentemente, de baixo custo;

c) Não requer mão de obra muito qualificada;

d) Material durável (quando submetido a manutenções periódicas necessárias);

e) Boa trabalhabilidade enquanto fresco, aumentando as possibilidades no

ponto de vista arquitetônico. Essa situação é também vantajosa sob o ponto

de vista estrutural pois pode-se considerar diversos formatos de elementos

estruturas;

f) Gastos com manutenção reduzidos, se for considerado um projeto bem feito

e uma inspeção periódica da edificação;

g) Mais resistente à água do que outros materiais convencionais, como o aço e

a madeira.

De acordo com dados Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC6), o

consumo no Brasil aumentou 260% de 1980 até 2013, passando de 26 milhões de

toneladas para 80 milhões de toneladas. Esse aumento significativo do uso de cimento,

e consequentemente do concreto armado, na construção civil no Brasil, tornando assim,

de extrema importância, o conhecimento das principais patologias que acometem essas

construções, assim como seus efeitos, causas, origens e medidas preventivas ou de

recuperação.

6
Fonte: Site Sindicato Nacional da Indústria do Cimento. 2013. Disponível em
http://snic.org.br/numeros-relatorio-anual.php. Acesso em 13 Abril 2018.

14
3 PATOLOGIA NO CONTEXTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Analogamente à especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que

estas provocam no organismo, o termo “Patologias”, na construção civil, é a área da

engenharia que estuda os sintomas, mecanismos, causas, origens e deficiências das

construções (SILVA, 2011).

No Brasil, o assunto começou a se popularizar nas escolas de engenharia na

década de 70, acompanhado de termos que também fazem um paralelo com a medicina

tradicional, como: diagnóstico, terapia e anamnese (GAIOFATTO, 2005).

É importante ressaltar que um fenômeno patológico em uma construção não

significa, necessariamente, o fim do ciclo de vida do empreendimento. Na maioria das

situações, identificar a(s) patologia(s) consiste em apenas uma das fases do conjunto de

ações que trata da recuperação de estruturas (ibidem).

Desta forma, é importante definir os requisitos gerais de qualidade e

desempenho de uma edificação, para que, caso ocorra a não conformidade dos mesmos,

ainda assim seja possível fazer o tratamento de uma manifestação patológica.

3.1 Vida útil e desempenho de uma edificação

De acordo com a ABNT 6118 –Projeto de estruturas de concreto – Procedimento,

as estruturas de concreto armado devem ser projetadas e construídas de modo que, sob

as condições ambientais esperadas, conservem sua segurança, estabilidade,

funcionalidade e requisitos de aparência durante o período de sua vida útil.

A norma define vida útil de uma edificação como o período de tempo durante o qual

as características das estruturas de concreto armado, previstas no projeto, se mantêm

15
funcionais, sem que seja necessária a realização de manutenção e reparos extras, não

previstos nas condições mínimas de utilização.

O conceito de vida útil pode ser usado para a estrutura como um todo ou apenas

para algumas de suas partes. Por exemplo, as instalações elétricas e sanitárias de uma

edificação podem (e geralmente têm) uma vida útil menor do que os elementos

estruturais da mesma. Alguns exemplos de vida útil de projeto mínimas para alguns

componentes estruturais são mostrados na Tabela 3.1.

Figura 3.1 – Vida útil de projeto mínima.


(Fonte: MEREB, 1999, p.9)

De acordo com a Norma ABNT NBR 15.576-1, o desempenho de uma estrutura

“consiste na capacidade de a estrutura manter-se em condições plenas de utilização, não

devendo apresentar danos que comprometam em parte ou totalmente o uso para o qual

foi projetada”.

Embora os conceitos tenham classificações semelhantes, já que ambos estão ligados

a requisitos de qualidade de uma estrutura, mais sucintamente, pode-se entender a vida

útil da estrutura como um requisito mínimo esperado e o desempenho da estrutura como

a capacidade da mesma de cumprir esse requisito mínimo.

16
3.2 Conceito de Sintoma

Um sintoma deve ser entendido como a manifestação externa da patologia. São os

defeitos, lesões e danos que podem ser visualizados na edificação. Podem ser descritos

e classificados, servindo como base para o início de um diagnóstico (HELENE, p.19,

2003).

Os sintomas mais comuns nas estruturas de concreto armado são: fissuras,

eflorescências, flechas excessivas, manchas aparentes no concreto, corrosão das

armaduras, nichos de concretagem e desplacamento do concreto (ibidem).

Um mesmo sintoma pode ter causas diferentes, assim como uma mesma causa pode

provocar mais de um tipo de manifestação patológica (sintoma). Por exemplo, a

ausência de controle tecnológico eficiente do concreto (causa) pode provocar

tantoflechas excessivas (primeiro sintoma) quanto o desplacamento do concreto

(segundo sintoma).

A facilidade com que esses termos se confundem é o que torna necessária sua

conceituação adequada. Diferenciar origem, causa e sintoma facilita a definição, para

fins judiciais, de um responsável pela falha de desempenho da estrutura (ibidem).

3.3 Origem das Patologias

De acordo com Helene (2003, p.20) o processo de construção e uso de uma

edificação pode ser dividido em cinco grandes etapas: planejamento, projeto, fabricação

de materiais e componentes, execução e uso, sendo essa última etapa a mais longa,

envolvendo a operação e a manutenção do empreendimento.

As manifestações patológicas só ocorrem a partir da quarta etapa (execução) e com

maior incidência na fase de uso, às vezes muitos anos depois da conclusão do projeto.

17
Por isso, um diagnóstico adequado deve indicar em que etapa do processo construtivo

o sintoma foi originado.

A Figura 3.2 a seguir quantifica a origem dos problemas patológicos com relação

as etapas de produção e uso das construções. Mesmo representando uma média de 5%

do custo total do empreendimento, a fase de projeto origina uma grande parcela desses

problemas, que são, em geral, mais graves e difíceis de corrigir do que as falhas devido

a má qualidade dos materiais ou má execução, por exemplo.

Figura 3.2 – Origem das manifestações patológicas.


(Fonte: HELENE, 2003, p.22)

3.4 Conceito de causas endógenas, exógenas e naturais

A definição correta do agente causador de uma patologia permite identificar sua

origem que, por sua vez, permite identificar um responsável pela falha. Por exemplo, a

sobrecarga (causa) pode gerar uma fissura em viga por ação do momento fletor

(sintoma), mas pode ter sua origem tanto no projeto (erro de cálculo) quanto no uso da

edificação (mudança no uso que gera uma sobrecarga inesperada). Entretanto, a

importância de diagnosticar a(s) causa(s) da patologia vão além de simplesmente

relacioná-la(s) a uma origem e apontar um responsável. Na maior parte dos casos,

18
pretende-se corrigir a falha encontrada. Assim, identificar os agentes causadores é o

que torna possível providenciar as medidas de correção corretas para aquele sintoma.

Como visto anteriormente, as origens das patologias podem ser subdivididas em

cinco grandes grupos. Por sua vez, as manifestações patológicas também são agrupadas

de acordo com suas características mais marcantes, facilitando a identificação visual

dos sintomas mais comuns na construção civil. É de se esperar que os agentes

causadores (causas) também sejam classificados em diferentes grupos, de forma a

facilitar o diagnóstico do problema.

Primeiramente, é possível classificar as causas de acordo com suas consequências:

as que afetam as condições de segurança da estrutura (associadas ao estado limite

último) e as que comprometem as condições de serviço (associada ao estado limite de

utilização). Essa classificação está relacionada ao fato de que os problemas patológicos

tendem a se agravar com o passar do tempo, ocasionando novos problemas relacionados

ao inicial. Assim, as correções realizadas em patologias que apenas comprometeram as

condições de serviço serão muito mais duráveis, efetivas, fáceis de se executar e mais

baratas. A demonstração dessa afirmação é chamada “lei de Sitter”, que mostra que os

custos de uma correção crescem seguindo uma progressão geométrica de razão 5 com

o passar do tempo (HELENE, 2003, p.22).

19
Figura 3.3 – Lei de Sitter.
(Fonte: HELENE, 2003, p.23)

Outra classificação consiste em agrupar as causas como endógenas, exógenas ou

naturais. De acordo com Grandiski (2011), as causas exógenas são aquelas com origem

fora da obra e/ou projeto ou provocadas por fatores produzidos por terceiros. Pode-se

citar alguns exemplos, como:

a) Vibrações provocadas por estaqueamento, percussão de máquinas

industriais ou tráfego externo;

b) Escavações de vizinhos;

c) Rebaixamento do lençol freático;

d) Influência do bulbo de pressão de fundações diretas de obra de grande porte

em construção ao lado;

e) Impacto de veículos com a edificação;

f) Explosões, incêndios e outros acidentes de origem externa

As causas endógenas são aquelas com origem em fatores inerentes a edificação,

como por exemplo:

a) Falhas de projeto;

20
b) Falhas de gerenciamento ou execução (desobediência as normas técnicas,

ausência ou precariedade de controle tecnológico, utilização de mão de obra

desqualificada)

c) Falhas de utilização (sobrecargas não previstas em projeto, mudança de uso

da edificação, negligência com a manutenção);

d) Deterioração natural de partes da edificação de acordo com sua vida útil.

Por fim, as causas naturais são aquelas com origem na natureza, muitas vezes

imprevisíveis e inevitáveis. São exemplos:

a) Deterioração por movimentos sísmicos;

b) Ação de ventos e chuvas anormais;

c) Inundações decorrentes de chuvas anormais;

d) Acomodações de camadas adjacentes do solo;

e) Variações anormais da temperatura ambiente.

21
4 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DAS ESTRUTURAS DE
CONCRETO

4.1 Fissuras e trincas

As fissuras e trincas são os sintomas mais comuns das estruturas de concreto

armado, e talvez os mais conhecidos, caracterizadas por aberturas superficiais no

material. Muitas pessoas se assustam ao se depararem com uma fissura ou trinca,

imaginando que algo de anormal está acontecendo na estrutura. É importante observar

que nem sempre isso é verdade (SOUZA, 2004, p.56).

Embora represente uma patologia, por mais branda que seja, nem sempre as fissuras

e trincas são caracterizadas como uma deficiência estrutural. Isso dependerá da sua

origem, intensidade e magnitude do quadro de fissuração. Os próprios nomes dos

sintomas representam diferentes graus de degradação: as fissuras têm uma abertura de

até 0,5 mm e, quando ultrapassam esse valor, passam a ser denominadas trincas. Essa

classificação se torna importante quando se toma reconhecimento do fato que o

concreto armado fissurará por natureza enquanto “trabalha”, sempre que o esforço de

tração for maior que a resistência a tração do concreto. Tal fato não representa um

perigo iminente, dado que em estruturas de concreto armado o aço tem a função de

suprir essa fraqueza do concreto (ibidem).

Assim, a maneira como o processo de fissuração se instala na estrutura fornece um

importante instrumento de análise das possíveis causas. Essa análise, pode ser feita

observando-se a configuração das fissuras, o tamanho da abertura e sua variação ao

longo do tempo, da sua extensão e profundidade. Logo, o primeiro passo desse processo

é realizar um mapeamento das fissuras e a classificação do desenvolvimento da sua

22
abertura no tempo: uma fissura ativa, ou viva, aumenta de tamanho, enquanto uma

inativa, ou estável, permanece estática (ibidem).

Assim, a seguir, serão analisadas as principais causas e efeitos por trás do fenômeno

de fissuração.

4.1.1. Fissuras decorrentes de esforços estruturais excessivos

As causas estruturais que tem influência direta na formação de fissuras podem ser

várias, cada uma com uma configuração própria de fissuração em função do tipo de

esforço em que os elementos estruturais estão submetidos, como exemplificado nas

Figuras 4.1, 4.2 e 4.3.

Figura 4.1 – Algumas configurações de fissuras em função do tipo de esforço


predominante.
(Fonte: SOUZA, 1998, p.58)

Figura 4.2 – Fissuração em viga submetida a flexocompressão.


(Fonte: SOUZA, 2003, p.58)

23
Figura 4.3 – Fissuração por torção (à esquerda) e por puncionamento da laje (à
direita).
(Fonte: SOUZA, 2003, p.60)

Esses quadros de deficiência da capacidade resistiva do concreto exemplificados

acima, não estão em conformidade com o desempenho em serviço exigido pela norma

NBR 6118 – “Projeto de estruturas de concreto– Procedimento”, relacionado a

durabilidade das estruturas, aparência, conforto do usuário e bom funcionamento da

edificação.

Existe a tendência de se relacionar falhas estruturais com falhas no projeto. Apesar

dessa causa ser muito comum, podem existir outras. Mudanças no uso da estrutura,

falhas de execução, mudança das condições de agressividade do ambiente, ineficiência

de controle tecnológico, entre outras, podem ser agentes causadores de fissuras devido

a esforços estruturais excessivos.

4.1.2. Fissuras decorrentes da retração plástica do concreto

A fase plástica do concreto corresponde ao tempo desde a mistura até o seu

endurecimento (cerca de 8 horas). Durante esse tempo, a mistura realiza todas as

reações químicas que irão originar o concreto endurecido. É exatamente durante esse

tempo que falhas irreversíveis podem ocorrer (GAIOFATTO, 2005).

24
A retração plástica ocorre quando a evaporação da água presente na superfície

da mistura evapora mais rápido do que a velocidade das reações químicas.

Consequentemente, a massa se contrai, formando fissuras que são normalmente

paralelas entre si e formam ângulos de 45° com os cantos (SOUZA, 1998, p. 61).

Concretos com alto fator água/cimento, expostos a ambientes secos, são os que

mais apresentam esse tipo de fissuração, sendo a velocidade do vento e a umidade

relativa do ar no momento da pega fatores relevantes para a ocorrência do fenômeno

(GAIOFATTO, 2005).

4.1.3. Fissuras decorrentes do assentamento do concreto

Também podem ser entendidas como decorrentes da perda de aderência das

barras da armadura com o concreto fresco. O assentamento do concreto é um fenômeno

natural da massa, resultante da ação da força da gravidade. Sempre que este movimento

é impedido pela presença de barras da armadura, ocorre a formação de fissuras, como

mostra a Figura 4.4.

Figura 4.4 – Esquema de formação de fissuras por assentamento plástico do concreto.


(Fonte: SOUZA, 2003, p.62)

25
Essas fissuras têm a características de se formarem na direção das armaduras,

seguindo-as longitudinalmente, ou ainda marcando os estribos na superfície lateral de

colunas (Figura 4.5).

Figura 4.5 – Fissuras por assentamento plástico do concreto em pilares.


(Fonte: SOUZA, 2003, p.62)

4.1.4. Fissuras decorrentes da retração do concreto

De acordo com Souza, a retração do concreto é um movimento natural da massa

(já endurecida) que é contrariado pela existência de restrições por obstáculos internos

(barras de armadura) e externos (apoios e vínculos com outras peças estruturais). Em

outras palavras, é a diminuição do volume do concreto devido à perda de água livre

quando o concreto se encontra em contato com o ar.

As fissuras se formam quando essa perda de volume é impedida por algum

elemento (GAIOFATTO, 2005). Esse comportamento deve ser considerado no projeto

ou na execução para evitar o surgimento de fissuras.

Os elementos estruturais que mais são afetados por esse fenômeno são os de

grande dimensão e/ou volume de concreto. Nesses casos, é importante cuidar para que

a mistura não tenha mais água do que o necessário e que o processo de cura seja

26
realizado adequadamente. Esse cuidado deve ser tomado principalmente quando as

peças estão sujeitas a altas temperaturas, baixos teores de umidade do ar, incidência

direta de ventos e radiação solar (SOUZA, 1998, p.64). A Figura 4.6 representa as

configurações típicas de fissuras geradas por retração do concreto.

Figura 4.6 – Fissuras por assentamento plástico do concreto em pilares.


(Fonte: SOUZA, 2003, p.64)

É importante reiterar a diferença entre o processo de retração plástica do concreto

(item 4.1.1.) do fenômeno de retração citado acima. Enquanto a retração plástica é a

perda de volume do concreto que ocorre durante a hidratação do cimento nos primeiros

momentos após a mistura (a pasta de cimento ainda se encontra no estado plástico), a

retração ocorre com o concreto já em estado endurecido (GAIOFATTO, 2005).

4.1.5. Outras causas importantes

Recalques diferenciais, por exemplo, merecem atenção especial pois eles são

responsáveis por gerar fissuras decorrentes de esforços não previstos na estrutura. Eles

ocorrem devido a deformações no solo que atingem a estrutura em diferentes

magnitudes e em pontos (apoios) diferentes. A prevenção deste tipo de causa ocorre

através de um estudo minucioso do solo, além das tensões e deformações a que ele pode

ser submetido (SOUZA, 1998, p.70).

Outro fenômeno que provoca diferentes estados de tensão em um mesmo

elemento estrutural é a variação de temperatura. Essas diferentes tensões ocorrem

27
devido a dilatação ou contração térmica sofrida pelo concreto e geram fissuras quando

ultrapassam a capacidade de resistência ou deformação das peças estruturais. De acordo

com Souza, a prevenção contra este tipo de fissuração deve ser feita através da

consideração da influência do meio ambiente na estrutura, pela atenção especial ao

detalhamento das armaduras de peças que possuam inércias muito diferentes, pela

correta disposição de juntas de dilatação e ainda pela consideração das cores das

pinturas que serão adotados posteriormente na estrutura.

Finalmente, diversas causas que provocam fissuras e trincas não se enquadram

em uma classificação específica, por serem aleatórias e às vezes impossíveis de prever,

como por exemplo: choques de pessoas, objetos ou veículos na estrutura; condições

ambientais anormais (abalos sísmicos, ventos acima da média); e mudança inadequada

no uso da estrutura (que, por sua vez, pode gerar fissuras decorrentes de cargas

excessivas na estrutura).

4.2 Corrosão das armaduras

As armaduras, idealmente, ficam protegias e aderidas a massa de concreto que as

envolve, atuando como uma peça única. Entretanto, sabe-se que o concreto é um

material poroso e sujeito a fissuração, que se traduzem como caminhos para os agentes

agressivos presentes na atmosfera, geralmente transportados pela água ou pelo ar.

Também é importante ressaltar que, além da proteção garantida pela massa de

concreto, uma proteção extra contra agentes externos é conferida às armaduras por

reações químicas que ocorrem durante a cura do concreto. Essa proteção surge na forma

de uma película protetora em torno das barras de aço e é denominada camada

passivante. Sua formação ocorre como resultado do impedimento da dissolução do ferro

28
pela elevada alcalinidade da solução aquosa existente no concreto (pH entre 12 e 14),

resultado do excesso da água de amassamento que reage com os sais minerais presentes

no cimento. Ou seja, as barras estarão protegidas por essa película se estiverem imersas

em ambiente alcalino (SOUZA, 2003, p.67).

Assim, a corrosão nas barras de aço é caracterizada pela deterioração da película

passivante existente ao redor de toda a superfície exterior das barras. De acordo com

Souza (1998, p.67), esse desgaste da camada protetora pode ocorrer através de alguns

mecanismos:

a) Corrosão por tensão fraturante; é o caso de aços submetidos a grandes esforços

(como os de protensão) e que, em meio agressivo, podem sofrer fratura frágil,

perdendo sua capacidade resistiva.

b) Corrosão pela presença de hidrogênio atômico, que fragiliza e fratura as

armaduras de aço;

c) Corrosão pela ação de íons agressivos (geralmente, cloretos) possibilitada pela

presença de água e oxigênio;

d) Corrosão em função da diminuição do pH do concreto, pela ação dissolvente do

CO2 (carbonatação).

Independente do mecanismo, o processo de corrosão das armaduras é

eletroquímico: ocorre pela geração de um potencial elétrico em contato com um

condutor metálico. A diferença de potencial ocorre quando átomos de ferro

provenientes da barra de aço migram para a solução aquosa existente no concreto, se

transformando em cátions ferro (𝐹𝑒 ++ ). O condutor metálico do processo é a própria

barra de aço. Desta forma, instala-se um efeito de pilha, onde a corrosão ocorre pela

29
geração de uma corrente elétrica com sentido do anodo para o catodo (através da água)

e no sentido inverso (através da diferença de potencial).

No concreto armado, os dois produtos principais da corrosão são o hidróxido ferroso

𝐹𝑒(𝑂𝐻)2, de cor amarelada, e o hidróxido férrico 𝐹𝑒(𝑂𝐻)3, de cor avermelhada,

ambos conhecidos simplesmente como ferrugem. Esses dois produtos constituem a

evidência mais clara da corrosão do aço.

Figura 4.7 – Elemento estrutural com produtos da corrosão.


(Fonte: Site do Clube do Concreto7)

A corrosão das armaduras é um processo que ocorre da superfície da barra em

direção ao seu interior, com constante troca de seção de aço resistente por ferrugem. A

diminuição da área de aço implica no primeiro problema: a diminuição da capacidade

resistente da armadura. Com o agravamento da corrosão, outros mecanismos de

degradação se instalam na estrutura, como por exemplo:

7
Fonte: Site do Clube do Concreto. 2015. Disponível em <
http://www.clubedoconcreto.com.br/2015/02/a-deterioracao-da-carbonatacao-do.html>. Acesso em
15 Jun 2018.

30
a) Perda de aderência entre o aço e o concreto, alterando a resposta da peça

estrutural aos esforços existentes;

b) Desagregação da camada de concreto envolvente, devido à expansão

volumétrica das barras de aço durante o processo de corrosão. Tal fato ocorre

devido a produção de óxido de ferro hidratado, um outro subproduto da

corrosão, que para ocupar o seu espaço, exerce uma força de até 15 Mpa sobre

o concreto;

c) Fissuração como resultado do agravamento do quadro descrito no item “b)”.

Nesse caso, o processo tende a se agravar cada vez mais, uma vez que as fissuras

significam um maior acesso dos agentes agressivos as barras, que aceleram a

corrosão, aumentando o processo de fissuração.

Analisado o processo de formação e agravação da corrosão, é possível avaliar

maneiras de evitá-lo. Uma delas é garantir que o pH do concreto se mantenha básico e

que agentes agressores não atinjam a armadura. Na prática, essas medidas equivalem a

obter um concreto compacto, com fissuração controlada e com o cobrimento das

armaduras dimensionados em função do estado de tensão do elemento estrutural e da

agressividade do meio ambiente.

Assim, de acordo com o que foi visto em relação ao processo de corrosão, conclui-

se que este está impossibilitado de ocorrer em concretos secos (a falta de água não

possibilita a criação dos cátions ferro) e nem em concretos saturados (pois nesse caso

falta oxigênio). As peças mais sujeitas a corrosão são aquelas que estão eventualmente

expostas a água.

31
4.3 Carbonatação

A carbonatação é um fenômeno químico que atua no concreto reduzindo o seu pH

para valores inferiores a 9 e formando uma camada de carbonato de cálcio (CaCO3 ) no

local da reação. Como o concreto é um material poroso, o dióxido de carbono (gás

carbônico ou CO2 ) presente na atmosfera penetra nos poros do concreto e reage com o

hidróxido de cálcio, como mostra a Equação 4.1 (GAIOFATTO, 2005).

𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 + 𝐶𝑂2 → 𝐶𝑎𝐶𝑂3 + 𝐻2 O Equação 4.1

O gás carbônico encontra-se presente no ambiente externo, assim a carbonatação

começa na superfície do concreto e penetra lentamente para o interior do mesmo

(ibidem). Quanto maior a concentração de CO2 , menor será o pH e mais espessa será a

camada de concreto carbonatada, que também pode ter seu desenvolvimento acelerado

pela presença de fissuras já existentes na superfície do concreto. Quando o processo se

aprofunda até atingir a armadura, é capaz de quebrar o filme óxido que a protege e

começa a corroê-la, como ilustra a Figura 4.8.

Figura 4.8 – Carbonatação agravada por fissura pré-existente.


(Fonte: SOUZA, 2003, p.76)

É importante ressaltar que o fenômeno de carbonatação é a reação de um gás

dissolvido em uma película úmida com o álcali em solução. O pH referido como “do

concreto” é o pH da fase líquida em equilíbrio com a massa sólida. Assim, para que

essas reações ocorram, é necessária a existência de um líquido onde o gás carbônico

32
possa se dissolver (Blog Manifestações Patológicas8). Na Figura 4.9, tem-se um

esquema simplificado das reações de carbonatação. Dessas, o produto preponderante

no final do processo é o carbonato de cálcio (𝐶𝑎𝐶𝑂3 ), como mostrado também na

equação 4.1.

Figura 4.9 – Carbonatação agravada por fissura pré-existente.


(Fonte: Site do Blog Manifestações Patológicas9)

Em resumo, com a ocorrência dessas reações, as partes mais próximas da superfície

do concreto adquirem um pH mais neutro, enquanto as mais profundas um pH básico,

como demonstra o esquema da Figura 4.10.

Para determinar se esse processo ocorreu ou não no concreto, utiliza-se um

indicador de pH, a fenolftaleína (𝐶20 𝐻14 𝑂4 ). Essa substância permanece incolor para

valores de pH abaixo de 8 e torna-se roxa para valores acima de 10, demonstrando

claramente as zonas do concreto que sofreram com o fenômeno da carbonatação.

8
Fonte: Blog Manifestações Patológicas. 2013. Disponível em
http://manifestacoespatologicas.blogspot.com/2013/05/carbonatacao-do-concreto.html. Acesso em
15 jun 2018.
9
Fonte: Blog Manifestações Patológicas. 2013. Disponível em
http://manifestacoespatologicas.blogspot.com/2013/05/carbonatacao-do-concreto.html. Acesso em
15 jun 2018

33
Figura 4.10 – Esquema de ação da carbonatação.
(Fonte: Site do Blog Manifestações Patológicas10)

Figura 4.11 – Ensaio de fenoftaleína para avaliação da profundidade de carbonatação


do concreto.
(Fonte: Site do Portal Itambé11)

4.4 Flechas excessivas

A norma NBR 6118 – “Projeto de estruturas de concreto– Procedimento” estabelece

limites de valores para deformações na estrutura, de modo que estas não sejam

excessivas. Esses limites são diferentes de acordo com o parâmetro de análise:

10
Fonte: Blog Manifestações Patológicas. 2013. Disponível em
http://manifestacoespatologicas.blogspot.com/2013/05/carbonatacao-do-concreto.html. Acesso em
15 jun 2018
11
Fonte: Site do Portal Itambé. 2009. Disponível em <
http://www.cimentoitambe.com.br/carbonatacao-do-concreto/>. Acesso em 15 jun 2018

34
aceitabilidade sensorial, efeitos em elementos não estruturais e efeitos em elementos

estruturais.

A aceitabilidade sensorial diz respeito à ocorrência de vibrações indesejáveis ou

efeito visual desagradável por quem utiliza a estrutura. Os efeitos em elementos não

estruturais estão relacionados ao mal funcionamento destes em decorrência de

deformações excessivas (como, por exemplo, fissuração da alvenaria). Já os efeitos em

elementos estruturais, consideram como os deslocamentos afetam o comportamento

dos elementos, que passam a atuar fora de suas hipóteses de cálculo.

Como visto anteriormente, o concreto armado pode fissurar enquanto resiste aos

esforços normais da estrutura. Contudo, a deformação excessiva certamente provocará

um quadro maior de fissuração, agravando todos os sintomas relacionados a ela.

A norma NBR 6118 oferece recursos para o cálculo das flechas imediatas e das

flechas diferidas no tempo, permitindo a análise desses efeitos no projeto da estrutura.

Entretanto, as deformações iniciais tendem a ser maiores quanto mais acelerado for o

ritmo de execução da obra: períodos menores de escoramento, início antecipado das

alvenarias e elevação da estrutura geram esforços muitas vezes excessivos para o

concreto armado de poucos dias.

Figura 4.12 – Esquema de formação de fissuras devido a flechas excessivas em laje


central.
(Fonte: ERCIO, 2001, p.8)

35
Esse sintoma do concreto armado afeta principalmente as alvenarias, ilustrado na

Figura 4.12, que se tornam um importante elemento de inspeção para a identificação da

patologia. De acordo De acordo com reportagem na Revista AEC Web12, a maior

esbeltez das estruturas tem contribuído com a formação de flechas excessivas e outras

patologias:

As estruturas de concreto foram se tornando cada vez mais esbeltas e,


consequentemente, mais flexíveis, o que exige análise cuidadosa de suas
deformações e respectivas consequências. Normalmente, não se têm
observado problemas graves decorrentes de deformações promovidas por
solicitações de compressão (pilares), cisalhamento ou torção. Entretanto, a
ocorrência de flechas em componentes fletidos tem causado repetidos e
graves transtornos aos edifícios, verificando-se frequentes problemas de
compressão de caixilhos, empoçamento de água em lajes de cobertura,
destacamento de pisos cerâmicos e ocorrência de fissuras em paredes – tudo
em função das flechas desenvolvidas em componentes estruturais.

4.5 Esmagamento do Concreto

O concreto simples, sem armadura, apresenta bastante resistência a esforços de

compressão, porém fragilidade sob tração. Quando em flexão, rompe por fissuração a

partir das zonas tracionadas. Quando se avalia o concreto armado sob as mesmas

condições, apesar de apresentar maior resistência aos esforços de tração, o elemento

fica sujeito a sofrer danos por esmagamento, ou seja, a ruptura em sua zona comprimida

(EVANGELHO, 2013, p.17).

Em muitos casos, a falha na estrutura deve-se unicamente ao escoamento do aço,

porém, se a taxa de armadura na peça for muito elevada, o concreto começa a sofrer

danos excessivos por compressão (ibidem). Em outras palavras: quanto mais elevada a

taxa de armadura, mais flexível e resistente à tração é o elemento. Como consequência,

12
Fonte: Site do Portal da Arquitetura, Engenharia e Construção. Disponível em
<https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/patologias-da-alvenaria-como-evitar_11988_10_0>.
Acesso em: 11 jun 2018.

36
mais esforços atingem as áreas comprimidas do elemento, às vezes ultrapassando a

capacidade resistiva do concreto e gerando rupturas. No caso do concreto simples

sujeito à flexão, o elemento se rompe por flexão antes que tenha “tempo” de sofrer

danos por compressão.

Apesar do esmagamento do concreto não ser um sintoma muito comum observado

em estruturas, os seus danos e efeitos são, no geral, irreversíveis.

Figura 4.13 – Esquema de fissuração por esmagamento do concreto em laje


(Fonte: SOUZA, 2003, p.59)

4.6 Nicho de Concretagem

Também conhecido popularmente como “bicheira” ou simplesmente vazios de

concretagem, é um sintoma caracterizado por vazios aparentes em um elemento de

concreto armado, representando claras descontinuidades e alterações nas sessões dos

elementos (Revista Téchne13).

Esta patologia também é caracterizada por ter sua origem facilmente identificável:

o processo de concretagem feito de forma incorreta ou ineficaz. Um dos processos mais

comuns associados a esse sintoma é o mal adensamento do concreto. Como

consequência da má retirada de ar da mistura e de seu assentamento incorreto na forma,

13
Fonte: Site da revista téchne. 2006. Disponível em http://techne17.pini.com.br/engenharia-
civil/109/artigo287074-1.aspx. Acesso em 15 jun 2018.

37
ocorre uma redução da área resistente (diferente da dimensionada) e vazios que

permitem a entrada de agentes agressivos ao concreto e ao aço.

Figura 4.14 – Exemplo de nicho de concretagem.


(Fonte: Site do Portal Itambé14)

Em alguns casos, porém mais raros, a patologia pode ser gerada pelo

dimensionamento incorreto das armaduras. Ou seja, quando não se considera

corretamente o tamanho dos agregados graúdos e o espaçamento entre as armaduras,

que retém os grãos maiores e possibilitam apenas a passagem de argamassa (Revista

Téchne15).

A vibração incorreta do concreto pode gerar vazios tanto quando ela é ineficiente

ou quando é exagerada. A vibração excessiva da massa de concreto pode gerar a

segregação dos componentes da mistura, também gerando vazios de concretagem.

Outra maneira de evitar essa patologia é efetuar corretamente o lançamento do

concreto nas formas. Se a altura de lançamento é muito alta, os agregados graúdos

14
Fonte: Site do Portal Itambé. 2009. Disponível em <
http://www.cimentoitambe.com.br/carbonatacao-do-concreto/>. Acesso em 15 jun 2018
15
Fonte: Site da revista téchne. 2006. Disponível em http://techne17.pini.com.br/engenharia-
civil/109/artigo287074-1.aspx. Acesso em 15 jun 2018.

38
tendem a chegar na base do elemento estrutural antes da argamassa (pela ação da

gravidade), gerando nichos de concretagem na parte inferior da peça.

Uma vez que essas patologias são identificadas, devem ser cuidadosamente

reparadas, com material que tenha propriedades, no mínimo, iguais a do concreto

original.

39
5 ESTUDOS DE CASOS

Tão importante quanto o conhecimento teórico das patologias existentes no

concreto armado, é o estudo detalhado de falhas e acidentes que ocorreram. De acordo

com Cunha et al. (1996), uma das formas de minimizar o número de acidentes na

construção civil é aprender, através da análise de insucessos do passado, as

circunstâncias que conduziram uma estrutura ao colapso ou funcionamento inadequado.

Neste capítulo, o primeiro caso procura demonstrar como a falta de manutenção e

cuidados podem gerar danos muito custosos às estruturas. O segundo tem como

objetivo ilustrar as graves consequências de um projeto de engenharia mal elaborado.

Por fim, o terceiro caso aborda como o processo errado de execução da estrutura e a

falta de cuidado com os materiais podem ocasionar diversas patologias.

Assim, cada exemplo pode ser atribuído a uma origem. Baseando-se na

classificação utilizada na Figura 3.2, tem-se três exemplos para três etapas distintas do

ciclo de vida de uma edificação: uso, execução e projeto. Essas três etapas, juntas,

somam 78% das origens das principais manifestações patológicas em estruturas de

concreto armado.

5.1 Estudo de caso 1 – Deterioração estrutural em um estádio de futebol no Rio


de Janeiro

A má utilização das estruturas, apontadas no início deste trabalho como a origem

de 10% das patologias em estruturas de concreto armado, está geralmente relacionada

a falta de conservação das mesmas. No Brasil, um programa adequado de manutenção

é inexistente para a maioria das obras públicas de grande porte como pontes, viadutos,

canais, galpões e edifícios. No setor privado, a situação não é muito diferente, pois o

40
setor carece de uma fiscalização efetiva por parte das autoridades municipais (CUNHA

et al., 1996, p.195).

O problema tratado neste caso, ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, no estádio de

futebol do Clube de Regatas do Flamengo, localizado na Gávea. Felizmente, nenhum

acidente aconteceu, mas, na época da intervenção, que tinha como objetivo recuperar a

estrutura, o risco de uma situação grave ocorrer era muito alto (ibidem).

A estrutura do estádio foi concluída na década de 40 e sua deterioração teve o seu

auge na década de 70. A Figura 5.1 mostra o esquema geral da estrutura:

Figura 5.1 – Esquema estrutural da arquibancada e da marquise.


(Fonte: CUNHA et al., 1996, p.195)

Uma vistoria efetuada no local indicou que as áreas mais deterioradas eram as lajes

da marquise e suas respectivas vigas de suporte. As faces externas das colunas e tirantes

também apresentavam um grau de deterioração avançado. Descreve-se que uma árvore,

de 2,5 metros de altura, crescia sobe a laje da marquise do estádio (ibidem).

41
Anteriormente, outras vistorias foram realizadas, todas apontando que a estrutura

corria o risco de colapsar. A deterioração do concreto já havia permitido uma corrosão

avançada em diversas barras de armaduras, algumas com perda total da seção

transversal, além de trincas na maior parte da estrutura municipais (CUNHA et al.,

1996, p.196).

Reconhecidos os principais sintomas da estrutura, iniciou-se o processo de

recuperação. A situação em balanço das marquises não permitia a substituição direta

das barras das vigas (o concreto não resistiria sozinho). A opção adotada então foi o

acréscimo de barras e a limpeza das existentes. Ainda segundo os autores, as vigas

principais receberam o seguinte tratamento:

a) Remoção do concreto deteriorado e limpeza das barras de aço por escovação;

b) Substituição das barras com perda de seção por novas, soldadas às barras

existentes antes que os trechos deteriorados fossem removidos;

c) Limpeza geral das superfícies de concreto e barras de aço através de jatos de

areia e água;

d) Injeção de resina epóxi em todas as trincas;

e) Aplicação de concreto projetado até que fosse estabelecido um cobrimento de

2,5 cm nas armaduras.

Nas lajes da marquise, que apresentavam corrosão das armaduras e eflorescência

na face inferior, os trabalhos de recuperação consistiram na remoção do concreto

deteriorado, limpeza das barras com jatos de areia e água, seguidos de aplicação de

concreto projetado.

O mesmo tratamento que as vigas principais da laje de marquise foram submetidas

foi aplicado nas colunas da estrutura. Em algumas a perda de seção resistente do aço

pela corrosão chegou a 50% da seção original (CUNHA et al, 1996, p.198).

42
Nos tirantes, por terem todas as suas barras de armadura submetidas a tensões de

tração, qualquer trabalho de recuperação que envolvesse a remoção dessas barras

poderia levar ao colapso da estrutura. Assim, optou-se por não substituir as barras

existentes, apenas limpá-las e reforçar os tirantes através do aumento de suas seções de

concreto e aço, como ilustra a Figura 5.2 (ibidem).

Figura 5.2 – Planta do esquema de recuperação dos tirantes.


(Fonte: CUNHA et al, 1996, p.199)

Esse caso, mostra que mesmo uma estrutura bem projetada e construída está sujeita

a forte deterioração se não passar por uma manutenção constante, chegando ao ponto

de necessitar de reforço estrutural para voltar a funcionar adequadamente. Também

demonstra os cuidados a serem tomados em cada ponto da estrutura, avaliando sua

função, comportamento e circunstâncias do momento, para que o processo de

recuperação não gere novos danos.

43
5.2 Estudo de caso 2 – Relato e Análise do Colapso total de um edifício em
concreto armado

O seguinte caso apresenta um relato resumido e uma análise das principais causas

que levaram ao colapso total da estrutura de um edifício residencial de 13 andares,

ocorrido no norte do Brasil em 1987. O colapso súbito da estrutura ocorreu em um dia

considerado comum, sem nenhuma adversidade climática. O edifício encontrava-se na

fase final de construção, o que levou 40 operários ao óbito (CUNHA et al, 1998, p.198).

Antes de a estrutura ruir subitamente, percebeu-se um estado progressivo de

formação de fissuras e trincas, que se estenderam por alguns poucos dias. Medições em

busca de recalques verticais foram realizadas sem sucesso e as causas das falhas

continuaram desconhecidas, o que não permitiu a realização de medidas corretivas

emergenciais. Posteriormente ao colapso, todos os documentos relativos ao projeto e

aos aspectos construtivos foram devidamente verificados e investigados. Os resultados

dessa investigação permitem conhecer os equívocos cometidos no projeto e na

execução da estrutura e das fundações do edifício (ibidem).

Como o colapso da estrutura ocorreu ainda na fase de acabamento (antes da

ocupação das unidades habitacionais), as cargas permanentes consideradas na análise

da estrutura foram: peso próprio da estrutura em concreto armado, revestimento de piso,

paredes de alvenaria finalizadas, caixa d’água vazia e casa de máquinas sem

equipamento. Essa análise foi realizada através de modelos numéricos, com o intuito

de obter os deslocamentos da estrutura e os esforços internos, resultantes do

carregamento apresentado (ibidem).

As cargas nos pilares no nível das cintas dos blocos de fundação estão ilustradas na

Figura 5.3. De acordo com os autores, para cada pilar, tem-se as cargas calculadas

através da análise pós-colapso e, entre parênteses, os valores considerados no projeto.

44
Percebe-se que alguns dos pilares tem seus valores de carga permanente superior às

consideradas, que deveriam corresponder as cargas permanentes mais as cargas

variáveis (o que torna a diferença entre os valores ainda mais preocupantes).

Figura 5.3 – Cargas permanentes sobre os blocos de fundação, calculadas


posteriormente.
(Fonte: CUNHA et al, 1998, p.70)

Na análise do subsolo do local e das fundações adotadas (estacas mistas, perfis

metálicos com ponteiras de concreto quadradas), notou-se que os fatores de segurança

adotados (1,3) para a capacidade de carga de ponta das estacas eram consideravelmente

menores que o valor igual a 2 recomendado pela NBR 6122 e que não houve

preocupação em posicionar as estacas de forma que os perfis tivessem sua maior inércia

na direção da menor dimensão dos pilares. Entretanto, apesar dessas constatações,

determinou-se que as fundações não entrariam em colapso por perda da capacidade de

carga devido as cargas atuantes no momento do colapso (CUNHA et al, 1998, p.69).

Na verificação da estabilidade estrutural também se notou a adoção de um fator de

segurança (1,12) inferior ao exigido pela norma (1,4), para o cálculo da resistência de

alguns pilares à carga axial centrada. A inexistência de cintamento na direção

longitudinal da obra, para os pilares mais carregados, tornou crítica a estabilidade do

conjunto estrutural composto pelo pilar de concreto, bloco de coroamento da fundação

45
e o grupo de cinco estacas metálicas (ibidem). Essa instabilidade levou ao mecanismo

de flambagem ilustrado na Figura 5.4. Esse mecanismo é agravado devido a qualquer

excentricidade construtiva (inevitáveis) e com o acréscimo de pavimentos.

Figura 5.4 – Modelo para verificação da flambagem no conjunto pilar-estaca.


(Fonte: CUNHA et al, 1998, p.71)

Como resumo das conclusões obtidas a partir dos estudos realizados na edificação, as

deficiências de projeto que contribuíram para o colapso do edifício foram:

a) Inexistência de cintamento na direção longitudinal da obra, principalmente no nível

térreo, para impedir deslocamentos horizontais dos pilares e dos blocos de fundação

sobre estacas esbeltas;

b) Adoção de fundações em estacas de grande esbeltez em camada espessa de argila muito

mole, coroadas por blocos não-travados, sujeitas, portanto, a um processo reológico de

46
flambagem para cargas de serviço inferiores à carga resistente exigida pela norma NBR

6122, com coeficiente de segurança igual a 2;

c) Falta de verificação rigorosa da estabilidade do conjunto pilar-estacas, tendo em vista

as características desses elementos estruturais e a inexistência de cintamento na direção

de menor rigidez, tanto do pilar quanto das estacas metálicas;

d) A concepção estrutural básica, que gerou momentos resultantes não balanceados nos

pilares de cada pavimento, os quais, sempre volvendo para o interior do edifício,

levaram a um colapso global semelhante ao de uma "implosão";

e) Distribuição incorreta de cargas nos pilares apresentada no projeto original. Os

resultados obtidos através de cálculo mais refinado indicaram que alguns pilares

suportavam cargas maiores que as previstas no projeto,

5.3 Estudo de caso 3 – Falta de Projeto e de Supervisão Técnica Causa Queda de um


Prédio em Volta Redonda, RJ.

Esse caso trata de um prédio residencial de quatro pavimentos, que desabou em

1991, na cidade de Volta Redonda. O acidente levou 8 pessoas ao óbito e 24 ficaram

feridas. Embora a obra ainda estivesse em andamento, alguns apartamentos concluídos

já estavam habitados no momento do desabamento (CUNHA et al, 1996, p.95).

Depois do ocorrido, uma comissão foi instituída para tentar analisar as causas do

acidente, sendo uma das ferramentas de análise o depoimento de pessoas envolvidas de

alguma forma com a construção, em menor ou maior grau. O autor constata que a

postura dos envolvidos seguia a rotina esperada para obras de pequeno porte,

47
geralmente menos preocupada em seguir normas, se ater ao projeto ou se preocupar

com uma fiscalização.

Constatou-se que o processo construtivo da edificação carecia de uma coordenação

geral, empenhada em delegar funções específicas a cada responsável. De acordo com o

autor, alguns depoimentos ilustram bem desorganização da situação:

a) Depoimento do profissional responsável pelo projeto: “Fui procurado pelo proprietário

para fazer o projeto de um prédio de dois pavimentos, tendo executado o projeto de

arquitetura e o cálculo estrutural”;

b) Depoimento do responsável pela construção: “Não sabia que a obra estava sendo

executada”;

c) Depoimento do encarregado pela construção: “Nunca recebi nenhum projeto de

estrutura para executar, nunca tive orientação técnica com relação ao concreto ou

ferragem, executava os serviços por experiência própria de acordo com a minha

vivência profissional, acho que a queda da obra pode ser atribuída ao mau

dimensionamento dos pilares centrais”;

Algumas pessoas que estavam no local no momento do desabamento afirmaram que

as primeiras peças a entrarem em ruptura foram os pilares centrais. Em escombros de

uma obra em que inexistiu algum acompanhamento técnico e projeto estrutural, é

extremamente difícil repassar os processos construtivos na esperança de encontrar uma

falha. Assim, considerou-se plausível que a ruptura realmente tenha iniciado nos pilares

centrais, já que estes são geralmente solicitados por cargas maiores que os pilares das

extremidades (CUNHA et al, 1996, p.96).

Outro fator que apontou a negligência durante o processo construtivo foi a grande

quantidade de falhas encontradas nos escombros do desabamento, tais como: vigas com

espaçamento entre os estribos exagerado, desagregação do concreto indicando sua

48
baixa resistência e falta de espaçadores para garantir o cobrimento da armadura.

Também não se tem conhecimento da realização de uma criteriosa análise do solo ou

dados sobre o traço do concreto. Logo, é plausível afirmar que a obra não atendeu a

nenhum critério de supervisão técnica que eliminasse da estrutura o seu risco de colapso

(ibidem).

Apesar desse caso representar uma situação extrema, em que nenhum critério de

segurança durante a execução foi seguido, essa é a realidade de uma enorme parte das

obras de pequeno e médio porte no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo Instituto

Datafolha para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR16), revela

que dentre os entrevistados que já fizeram reformas ou construções, menos de 15%

utilizaram os serviços de um arquiteto ou engenheiro na obra, como ilustra a Figura 5.5.

16
Fonte: Site do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.. 2015. Disponível em
http://www.caubr.gov.br/pesquisa2015/como-o-brasileiro-constroi/. Acesso em: 11 jun 2018.

49
Figura 5.5 – Dados relativos a maneira que o brasileiro contrata profissionais da
construção.
(Fonte: Site do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil17)

17
Fonte: Site do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.. 2015. Disponível em
http://www.caubr.gov.br/pesquisa2015/como-o-brasileiro-constroi/. Acesso em: 11 jun 2018.

50
6 CONCLUSAO
Este trabalho teve como objetivo apresentar e analisar as principais manifestações

patológicas que afetam as estruturas de concreto armado, assim como as suas principais

causas, origens e sintomas. Também foi realizada a definição de termos importantes

envolvendo o tema e a apresentação de estudos de caso da bibliografia, como exemplo

de alguns dos sintomas e suas consequências.

Através da descrição de como se manifestam as principais patologias no concreto

armado, nota-se que as explicações abrangem diferentes áreas do conhecimento da

engenharia civil: química dos materiais, interação física e química entre os diferentes

materiais que compõe a estrutura, conhecimentos de análise estrutural, conhecimento

das normas técnicas que regem os projetos de engenharia e conhecimento dos processos

construtivos.

Tais conhecimentos são os que dão condições ao profissional da engenharia para

realizar os corretos diagnósticos e, consequentemente, identificar suas causas, origens

e mecanismos de reparação. Conhecer os prováveis problemas também é uma ótima

maneira de evitá-los.

Os estudos de caso apresentados são exemplos de erros que não devem ser

repetidos e a consulta de demais casos disponíveis na bibliografia pode servir como um

catálogo de cuidados a serem tomados.

A Figura 3.2 demonstrou que a origem das manifestações patológicas pode estar

presente em qualquer uma das fases do ciclo de vida de uma edificação. Isso significa

que cada fase pode ser otimizada com o objetivo de minimizar a ocorrência de

patologias. Tal fato ilustra que diversas melhorias ainda podem ser realizadas nos

processos que englobam a construção civil. Isso só é possível através da disseminação

do conhecimento e da divulgação científica acerca do tema.

51
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2016

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em construção civil. UFMG, 2011.

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CUNHA, A.J.P.; SOUZA, V.C.M.; Lima, N.A.. Acidentes estruturais na construção


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modelo de trincas sobrepostas. UFRS, Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil. 2013.

ERCIO, T.; Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. 1𝑎 Edição São


Paulo: Pini, 2001.

52

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