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andersongm94@hotmail.com
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados iniciais da pesquisa para o
mestrado em História pela UFRPE, em torno dos movimentos de libertação em Angola
durante o período salazarista no século XX. Esta pesquisa surgiu da percepção da
ausência de muitos conteúdos em sala de aula referentes a África Contemporânea e com
minhas experiências no ensino básico, pretendemos trabalhar alguns grupos sociais na
África a fim de fornecer, futuramente, mais subsídios sobre a História Contemporânea e
História da África. A meta é mostrar o surgimento e a organização dos movimentos de
independência em Angola, objetivando as influências externas e agrupamentos étnicos,
que confluíram nos grupos organizados, que buscavam a separação de Angola que
estava sob o controle de Portugal. Para isso, foi utilizada uma bibliografia específica
portuguesa e brasileira sobre o surgimento destes movimentos e seu comportamento e
das ações da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) contra estes grupos na
tentativa de manter a ordem e estabilidade do regime português, ainda na segunda
metade do século XX, além das experiências no ensino básico com temáticas afins.
Abstract
This article has the goal to present the inicial results research paper to the master's
degree in History by the UFRPE, around the freedom movements in Angola during the
period of Salazarism in twentieth century. This research has arose of the absence
perception of very content in classroom regarding Contemporary Africa e with my
experiences in the basic education, we intend work some socials groups in Africa in
order to provide, futurely, more informations about Contemporary History and Africa
History. The goal is to show the emergence and the organization of the independence
movements in Angola, objectifying the external influences and etnical groups, that
converged in organized groups, that they sought the separation of Angola who was
under control of Portugal. Thus, it was used a especific portuguese and brasilian
bibliography about the appearence of these movements and your behavior and your
actions of PIDE (Política Internacional de Defesa do Estado, in portuguese) against this
groups in an attempt to keep order and stability of portuguese regime, also in second
half of twentieth century, besides the experiences in the basic education with issues
related.
Introdução
1
HOBSBAWN, Eric. Globalização, Democracia e Terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras,
2007. 184p.
2
Principalmente a democracia liberal.
O projeto governamental da União Soviética, exportado para países do terceiro
mundo, pareceu ser uma forma de alcançar a independência de Angola. Naquela época,
o país socialista estava sobre o comando de Nikita Khrushchov que ainda conseguia
3
viver bem com o programa econômico e político iniciado por Josef Stalin. Esse
aparente “sucesso” do projeto socialista fez com que várias ditaduras ou países com
regimes de direita, especialmente os nacionais-estadistas, sentissem medo que houvesse
uma revolução socialista. No caso da África, esse medo também se atrelou a libertação e
a descolonização dos territórios africanos existentes no século XX.
No início do século XX, Portugal sofreu uma reforma política que instituiu um
governo de caráter republicano. A nova forma de organização do cenário político
português não foi capaz de resistir a todos os problemas sofridos no continente europeu
com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Quebra da Bolsa de Nova Iorque (crise
de 1929). A situação calamitosa da população trabalhadora acabou instaurando um
cenário politicamente instável aproveitado pelos militares, que realizaram um golpe de
Estado em 1926. Inspirado em ideais de Extrema-direita, como o nacionalismo alemão,
3
REIS FILHO, Daniel Aarão. As Revoluções Russas e o Socialismo Soviético. São Paulo: Editora
UNESP, 2003.
Portugal entrou em um regime ditatorial com franca oposição aos regimes comunistas
no mundo. 4
Durante seis anos, Antônio Oliveira Salazar, professor universitário, foi chefe do
conselho de ministros em Portugal após o golpe militar. Em 1932, Salazar foi conduzido
ao governo de Portugal como presidente do país e impôs uma nova constituição com
traços inspirados no fascismo italiano, onde permitia a censura de meios de
comunicação, a proibição de movimentos grevistas e a implantação de um sistema
político unipartidário.
O regime conhecido como Estado Novo Português governou até 1974, quando
aconteceu a revolução dos cravos, um movimento social que depôs um dos poucos
regimes de cunho fascista ainda existente no mundo. Durante os mais de quarenta anos
de governo português fascista, Salazar tentou manter suas colônias africanas sob seu
controle e criou um aparato repressivo e vigilante muito comum em outros regimes no
período dele. A Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE).
4
RIBEIRO, Maria da Conceição Nunes de Oliveira. A polícia política no Estado Novo: 1926-1945.
Lisboa: Estampa, 1995. p.172
5
Polícia de Vigilância e Defesa do Estado. Foi a polícia política criada logo após o golpe militar em
1926. Foi substituída pela PIDE em PVDE, incorporando ações da Polícia Internacional Portuguesa.
6
RIBEIRO, Maria da Conceição Nunes de Oliveira. OpCit. p.173
jovens e crianças, despertando, também, a vontade de lutar pela independência da
nação.
O trabalho era usado como forma de segregação e era colocado como única
forma de moralizar os africanos. Para as autoridades policiais, a “vadiagem” era um
estado de maior propensão para o crime e o trabalho honraria as ações do homem, como
também a escola e o exército. Essas ações visavam fazer com que as colônias
7
HALL, STUART. A identidade cultural na pós-modernidade. 10º ed. São Paulo: DP&A editora,
2005.
permanecessem como foram durante os séculos XV à XVIII. E por meio do trabalho
como forma análoga a escravidão, fazia-se uso para manter as diferenças sociais nas
colônias portuguesas:
Após a Segunda Guerra Mundial, surgiram líderes que eram contra o regime e
entraram para a resistência. Quando eles viajavam para a metrópole, os líderes levavam
e enviavam para a Colônia uma literatura que serviria para despertar o espírito
nacionalista e ao mesmo tempo chamava a atenção para a opressão dos colonizadores e
a violência da PIDE, destacando também sua ação repressiva na Metrópole. Desta
literatura, destacavam-se duas revistas onde militantes da causa nacionalista podiam se
expressar, apesar da censura: A Mensagem, em 1949 e A Cultura em 1957. Depois da
Segunda Guerra, o mundo passou a criticar mais ainda a exploração das colônias,
apontando Portugal como uma nação que explorava com trabalho forçado as suas
10
colônias ultramarinas , a exemplo de Angola e Moçambique. Neste contexto,
8
THOMAZ, Fernanda Nascimento. Disciplinar o “indígena” com pena de trabalho: políticas coloniais
portuguesas em Moçambique. Est. Hist. Rio de Janeiro, 2012. p. 313-330.
9
Centro de Estudos de Angolanos, 1965.
10
Na época, as colônias eram registradas em Portugal como províncias, como se fossem distritos do
território português.
começou-se a formar três movimentos com tendências políticas diferentes, com a meta
de encabeçar a luta pela independ ncia de ngola.
Sobre a UPA, ela foi um movimento cultural de defesa e de ajuda m tua para os
exilados congoleses de Angola. Fundada e a instalada no Congo- opoldville
ins asa , atual ep blica Democr tica do ongo, organizou-se politicamente na
ajuda ao e ílio da população da região do orte da olônia. A UPA foi liderada por
lvaro olden oberto, no e ílio, no território, na época, do Zaire. O PDA tinha como
maior liderança Emanuel Kunzika.
11
Movimento Pela Libertação de ngola, 2008.
12
Os ovimbundos são uma bantu de Angola. Eles constituem 37% da população do país. Os seus
subgrupos mais importantes são os Mbalundu, os Wambo, os Bieno, os Sele, os Ndulu, os Sambo e os
Kakonda. Eles ocupam hoje o planalto central de Angola e a faixa costeira adjacente, uma região que
compreende as províncias do Huambo, Bié e Benguela.
sua estrutura não era tão organizada como a do primeiro movimento. O movimento não
tinha uma orientação ideológica, mas apenas uma bandeira de luta para a independência
do país.
l m destes grupos, avia em ngola uma insatisfação por parte dos indivíduos
brancos nascidos no território (chamados de crioulos , frente ao crescimento da
imigração promovido pelo governo de Portugal. stes brancos, pertencentes a uma
burguesia decadente, somaram-se aos movimentos nacionalistas que surgiram na d cada
de 1950, melhorando a difusão desta ideia pelo território angolano. Desta forma, a
partir de começou a se falar, em ngola, de uma revolução armada,
principalmente em Luanda.
13
apalm um líquido inflam vel à base de gasolina gelificada, utilizado como armamento militar. ste
tipo de arma incendi ria avia sido de uso proibido contra civis, facto que as forças armadas portuguesas
não respeitaram e investiram contra os angolanos na sua luta pela libertação.
14
PÉLLISIER, René. História das Campanhas de Angola: resistência e revolta, 1845-1941. Lisboa:
Editorial Presença, Vol.1 – 1997 e Vol.2 – 2013.
verdadeiros nacionalistas e denunciavam suas ações. As perseguições eram sentidas por
toda a parte, em todos os locais.
A PIDE fazia recurso de vários métodos para atingir seus objetivos de reprimir a
contestação anticolonial. Vigiavam suspeitos, violavam correspondências, revistavam
pessoas, caluniavam e tomavam proveito de vulnerabilidades, provocações e rusgas. Por
causa destas perseguições à vítimas durante o regime salazarista, as pessoas deixavam
de falar à vontade em qualquer lugar. Para conseguir arrancar confissões dos
nacionalistas presos pelo regime, a PIDE usou a tortura como principal método.
Referências
2. HALL, Stuart. A identidade Cultural na Pós Modernidade. 10º ed. São Paulo:
DP&A editora.